Boletim de acompanhamento - 2014
1. Comportamento das Estações monitoradas
De acordo com a figura 01 e as tabelas I e II, em termos estatísticos, verificamos:
Bacia do Javari – estações seguem monitoradas em período de vazante.
Bacia do Purus – estações monitoradas em período de pico de vazante.
Bacia do Negro – no Porto de Manaus, o Rio Negro saiu da cota de emergência (28,94 m) e esteve por 71 dias com cota acima dos 29,00m. Com isso passou a ser a terceira maior cheia em tempo de duração acima dos 29,00m e a quinta em magnitude ao alcançar a cota máxima de 29,50 m.
Destacamos a situação da Bacia do Rio Branco em Roraima, onde os níveis registrados encontram-se abaixo da média para o período.
Bacia do Solimões – estações monitoradas em período de vazante. Em Manacapuru - AM, o Rio Solimões está com 1,15 m acima do registrado no mesmo período do ano passado.
Bacia do Amazonas – estações monitoradas em período de vazante com níveis ainda elevados em relação ao mesmo período do ano passado.
Bacia do Madeira – estações monitoradas em processo de vazante com níveis ainda altos comparados com a média para o período. Tendência de normalização.
Salientamos que os níveis d’água apresentados na coluna “informação mais recentes” da tabela podem eventualmente ser alterados em função de verificações “in loco” realizadas pelos Técnicos em Hidrologia que operam trimestralmente a rede hidrometeorológica, ocasião em que são executados os trabalhos de manutenção das estações, bem como o nivelamento das réguas.
Tabela I: Quadro das Cotas nas Estações de Monitoramento Hidrológico – Enchente
ESTAÇÃO RIO
Enchente Máxima Comparação com mesmo
período da maior enchente (cm) Informação mais
recente
Data da Máxima
Cota (cm)
atingida
Relação com a cota atual (cm)
Data Cota (cm)
Relação com a cota atual (cm)
Data Cota atual (cm)
Palmeiras do Javari Javari 17/03/1993 1692 -1002 06/08/1993 712 -22 06/08/2014 690
Eirunepé Montante Juruá 04/04/1986 1731 - n/disp - - n/disp -
Gavião Juruá 06/05/1986 1488 - n/disp - - n/disp -
Vila Bittencourt Japurá 29/06/1989 1526 - n/disp - - n/disp -
Rio Branco Acre 14/03/1997 1766 -1523 07/08/1997 388 -145 07/08/2014 243
Boca do Acre Purus 23/02/1971 2183 -1651 07/08/1971 616 -84 07/08/2014 532
São Gabriel da Cachoeira Negro 20/07/2002 1217 -137 05/08/2002 1143 -63 05/08/2014 1080
Tapuruquara (S.I.R. Negro)
Negro 02/06/1976 890 -140 08/08/1976 680 70 08/08/2014 750
Barcelos Negro 13/06/1976 1032 -108 06/08/1976 895 29 06/08/2014 924
Moura Negro 06/07/1989 1544 -65 31/07/1989 1475 4 31/07/2014 1479
Boa Vista Branco 08/06/2011 1028 -812 06/08/2011 528 -312 06/08/2014 216
Caracaraí Branco 09/06/2011 1114 -821 07/08/2011 730 -437 07/08/2014 293
Tabatinga Solimões 28/05/1999 1382 -804 07/08/1999 545 33 07/08/2014 578
Itapeuá Solimões 03/06/2012 1765 -159 06/08/2012 1460 146 06/08/2014 1606
Manacapuru Solimões 01/06/2012 2068 -121 07/08/2012 1832 115 07/08/2014 1947
Careiro Pr. do Careiro
30/05/2012 1743 -104 07/08/2012 1534 105 07/08/2014 1639
Manaus Negro 29/05/2012 2997 -126 08/08/2012 2760 111 08/08/2014 2871
Parintins Amazonas 17/06/2009 938 -98 07/08/2009 836 4 07/08/2014 840
Humaitá Madeira 17/04/1993 2458 -868 06/08/1993 1292 298 06/08/2014 1590
Tabela II: Quadro das Cotas nas Estações de Monitoramento Hidrológico – Vazante
ESTAÇÃO RIO
Vazante Máxima Comparação com mesmo
período da maior vazante (cm) Informação mais
recente
Data da Mínima
Cota (cm)
atingida
Relação com a cota atual (cm)
Data Cota (cm)
Relação com a cota atual (cm)
Data Cota atual (cm)
Palmeiras do Javari Javari 31/08/1991 365 325 06/08/1991 415 275 06/08/2014 690
Eirunepé Montante Juruá 10/09/1995 143 - n/disp - - n/disp -
Gavião Juruá 09/10/2005 -97 - n/disp - - n/disp -
Vila Bittencourt Japurá 04/02/1985 314 - n/disp - - n/disp -
Rio Branco Acre 11/04/2011 150 93 07/08/2011 181 62 07/08/2014 243
Boca do Acre Purus 07/10/1998 349 183 07/08/1998 398 134 07/08/2014 532
São Gabriel da Cachoeira Negro 07/02/1992 330 750 05/08/1992 985 95 05/08/2014 1080
Tapuruquara (S.I.R. Negro)
Negro 13/03/1980 28 722 08/08/1980 603 147 08/08/2014 750
Barcelos Negro 18/03/1980 58 866 06/08/1980 663 261 06/08/2014 924
Moura Negro 12/12/2009 235 1244 31/07/2009 1426 53 31/07/2014 1479
Boa Vista Branco 08/03/2003 10 206 06/08/2003 - - 06/08/2014 216
Caracaraí Branco 24/03/1998 -10 303 07/08/1998 588 -295 07/08/2014 293
Tabatinga Solimões 11/10/2010 -86 664 07/08/2010 403 175 07/08/2014 578
Itapeuá Solimões 10/04/2010 131 1475 06/08/2010 1220 386 06/08/2014 1606
Manacapuru Solimões 04/11/1997 495 1452 07/08/1997 1704 243 07/08/2014 1947
Careiro Pr. do Careiro
07/04/2010 125 1514 07/08/2010 1341 298 07/08/2014 1639
Manaus Negro 24/10/2010 1363 1508 08/08/2010 2567 304 08/08/2014 2871
Parintins Amazonas 29/10/2010 -188 1028 07/08/2010 610 230 07/08/2014 840
Humaitá Madeira 01/10/1969 833 757 06/08/1969 1055 535 06/08/2014 1590
2. Dados climatológicos (SIPAM)
Anomalia e Acumulado de Precipitação
Figura 02 (a, b, c) – Precipitação anomalia e acumulado para o mês de julho na
Amazônia Legal.
Fonte: http://www.cpc.ncep.noaa.gov (dados processados na DivMet –MN)
Durante o mês de julho os máximos da chuva deslocam-se para o noroeste
da região, caracterizando a estação chuvosa em Roraima, acompanhando o
movimento aparente do sol para o hemisfério Norte. Os mínimos de precipitação
(abaixo de 10 mm) concentram-se no sul da região, principalmente, em Rondônia,
Mato Grosso, Tocantins e sul dos estados do Pará e Maranhão, caracterizando a
estação seca nestas regiões, com precipitação mensal inferior a 20 mm e, por
vezes, sem registro de chuva.
A figura de anomalia de precipitação (à esquerda) mostra áreas com
padrões de chuvoso ou muito chuvoso no estado de Rondônia, sul e oeste do
Mato Grosso e áreas isoladas do Amazonas, com Alto Solimões e áreas do Médio
Purus e Rio Madeira. Entretanto a característica predominante forma as
anomalias nas categorias seco e muito seco em grande parte da Bacia Norte,
destaques para Roraima, norte do Amazonas, (bacia do Rio Negro) norte do Pará
e Estado do Amapá.
A figura acima (à direita) mostra precipitação acumulada durante o mês de
julho de 2014 indicando concentração de precipitação no alto Solimões e seus
afluentes (Rios Japurá, Juruá e Jutaí), no extremo noroeste do Amazonas
(Cabeça do Cachorro) com acumulados de até 300 mm e Ilha do Marajó com
valores acima de 200 mm. Por outro lado o predomínio de uma massa de ar seco,
com movimentos de ar subsidentes, inibiu a formação de nuvens e por
consequência a ocorrência de precipitação em toda a porção sul da região,
destacando-se o Estado do Tocantins, sul do Pará e nordeste do Mato Grosso
com registros inferiores a 10 mm no mês de julho.
Figura 03 - Anomalia semanal de TSM (°C) Julho de 2014.
Fonte: Dados do NWS/CPC processados pelo SIPAM.
A Figura 03 apresenta o padrão oceânico semanal observado em julho de
2014. O Oceano Pacífico equatorial mostra uma redução das áreas com aguas
anomalamente quentes nas primeiras semanas de julho em relação ao inicio de
agosto, com as aguas quentes concentrando-se apenas junto a costa da América
do Sul,
Na bacia do Atlântico Norte manteve-se o padrão de neutralidade
observado durante as ultimas semanas, enquanto que no hemisfério sul, observa-
se uma alternância entre um padrão de aquecimento no inicio do mês sendo
substituído por um padrão de resfriamento nas áreas de monitoramento do
gradiente inter-hemisférico nos primeiros dias de agosto.
Fonte: http://wxmaps.org/pix/clim.html
Figura 04 - Prognóstico climático para o período 06 a 14 de Agosto de 2014.
Segundo a figura 04 do Center for Ocean Land Atmosphere Studies -
COLA o prognóstico de precipitação, para o período 06 a 14 de Agosto de 2014,
indica a possível atuação do sistema de grande escala denominada “Zona de
Convergência Intertropical” (ZCIT) sobre o norte da Amazônia, podendo gerar
acumulados de precipitação sobre o estado de Roraima, extremo noroeste
(Cabeça do Cachorro) e norte do Amazonas. As possíveis chuvas no leste da
Colômbia e na Venezuela devem contribuir para a elevação do nível dos Rios
Negro e Branco em Território Nacional. Nos estados do Mato Grosso, Tocantins e
sul do Pará e Maranhão, o prognóstico indica a presença de uma extensa massa
de ar seco dificultando a formação de nuvens e ocorrência de precipitação.
No período de 14 a 22 de agosto, o prognóstico de precipitação sugere a
possibilidade da manutenção da Zona de Convergência Intertropical atuando
sobre o estado de Roraima e noroeste do Amazonas, no litoral dos estados do
Amapá, Pará e Maranhão. No Mato Grosso, Tocantins e sul do Amazonas, Pará e
Maranhão, permanece a atuação da massa de ar seco inibindo a precipitação.
3. Cotagramas
Rio Negro em Manaus – 14990000
Curvas envoltórias das cotas diárias observadas em Manaus – 14990000
Gráfico 01: Cotagrama do Rio Negro em Manaus. Cota em 08/08/2014: 28,71 m
Obs.: As cotas indicadas no gráfico acima são valores associados a uma
referência de nível local e arbitrária, válida para a régua linimétrica da estação.
Para referência ao nível do mar, devem ser subtraídos 7,00 m às cotas lidas na
régua.
Nº de ordem
Ano Cota máxima (cm)
Mês
01 2010 1363 Outubro
02 1963 1364 Outubro
03 1906 1420 Novembro
04 1997 1434 Novembro
05 1916 1442 Outubro
Tabela IV: Maiores vazantes no Porto de Manaus
Vazante máxima: 24 de outubro de 2010 Cota: 13,63 m
As curvas envoltórias representam os valores máximos, mínimos e de 10%
e 90% de permanência para os valores de cotas já ocorridos em cada dia do ano.
Os valores associados à permanência de 10% ou 90% são os valores acima dos
quais as cotas observadas estiveram em 10% ou 90% do tempo do histórico de
dados. A zona de atenção para o período de cheia corresponde à faixa entre 10%
de permanência e o valor máximo já ocorrido. Para o período de vazante, a zona
de atenção corresponde à faixa entre 90% de permanência no histórico e o valor
mínimo já ocorrido.
Características das cheias e vazantes em Manaus – 14990000
Gráfico 02: Distribuição histórica (%) de cotas máximas e mínimas (atualizado até 2013).
Na série histórica das cotas em Manaus, 74,77% tiveram o valor máximo
anual no mês de junho, 18,92% em julho e 6,31% em maio. Para os mínimos
anuais 42,86% foram no mês de outubro, 34,82% em novembro, 10,71% em
janeiro, 9,82% em dezembro e 0,89% nos meses de fevereiro e setembro.
Gráfico 03: Cotagrama com as cheias e vazantes observadas em Manaus no período 1903 - 2013.
Gráfico 04: Cotagrama das maiores vazantes observadas em Manaus no período 1903-2013 comparadas com o ano 2014.
4.1. Bacia do Rio Javari
Cota em 06/08/2014: 6,90 m
Atualização não disponível
4.2. Bacia do Rio Juruá 4.3. Bacia do Rio Japurá
Atualização não disponível
(obs: dados corrigidosde acordo com banco de dados da ANA)
Atualização não disponível
4.4. Bacia do Rio Purus 4.5. Bacia do Rio Negro
Cota em 07/08/2014: 2,43 m
Cota em 05/08/2014: 10,80 m
Cota em 07/08/2014: 5,32 m
Cota em 08/08/2014: 7,50 m
4.5. Bacia do Rio Negro (cont.)
Cota em 06/08/2014: 9,24 m
Cota em 06/08/2014: 2,16 m
Cota em 31/07/2014: 14,79 m
Cota em 07/08/2014: 2,93 m
4.5. Bacia do Rio Negro (cont.)
Cota em 08/08/2014: 28,71 m
Cota em 06/08/2014: 16,06 m
4.6. Bacia do Rio Solimões
Cota em 07/08/2014: 5,78 m
Cota em 07/08/2014: 19,47 m
4.7. Bacia do Rio Amazonas 4.8. Bacia do Rio Madeira
Cota em 07/08/2014: 8,40 m
Cota em 06/08/2014: 15,90 m
Cota em 07/08/2014: 16,39 m
Os dados hidrológicos utilizados neste boletim são provenientes da rede hidrometeorológica de responsabilidade da Agência Nacional de Águas, operada pelo Serviço Geológico do Brasil e os dados de climatologia foram fornecidos pelo SIPAM.
Manaus, 08 de agosto de 2014.
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Marco Antônio de Oliveira
Superintendente Regional da CPRM/Manaus
CPRM – Serviço Geológico do Brasil