MÓDULO I
Curso de Cálculos Trabalhistas
AULA 08
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Sumário
1. ANUÊNIO .................................................................................................................... 3
1.1. Classificação da Verba .............................................................................................. 3
1.2. Base de Cálculo ......................................................................................................... 3
1.3. Caso Prático – Exemplo de Condenação ................................................................... 4
2. COMISSÕES ................................................................................................................ 6
2.1. Comissionista Puro .................................................................................................... 6
2.2. Comissionista Misto .................................................................................................. 6
2.3. Base de Cálculo ......................................................................................................... 7
2.4. Classificação da Verba .............................................................................................. 7
2.5. Caso Prático – Exemplo de Condenação ................................................................... 7
3. COMISSÃO DE CARGO OU GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO ............................... 9
3.1. Classificação da Verba .............................................................................................. 9
3.2. Base de Cálculo ......................................................................................................... 9
3.3. Caso Prático – Exemplo de Condenação ................................................................. 10
4. DIFERENÇAS SALARIAIS ...................................................................................... 11
4.1. Diferenças Salariais – Piso da Categoria ................................................................. 11
4.2. Diferenças Salariais – Equiparação Salarial ............................................................ 13
4.3. Diferenças Salariais - Reajuste Convencional ......................................................... 14
4.4. Diferenças Salariais – Enquadramento Funcional ................................................... 17
5. DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS ............................................................................ 19
5.1. Caso Prático – Exemplo de Condenação ................................................................. 19
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1. ANUÊNIO
O Anuênio é uma verba de caráter salarial e exclusiva de algumas categorias
profissionais, ou seja, ela tem previsão convencional.
O Anuênio se confunde com o Adicional Por Tempo de Serviço (ATS), mas na sua
formulação em algumas CCT´s, são distintas uma da outra.
Enquanto o anuênio é definido por um plus salarial a cada ano de serviço prestado, o
adicional por tempo de serviço pode não estar relacionado ao período fixo de um ano, e
sim a um período determinado de trabalho (um, dois ou três anos).
É uma verba definida em uma convenção coletiva ou acordo coletivo do trabalho (CCT
ou ACT).
Seu pagamento está condicionado ao período temporal de trabalho na empresa. É
adicional pelo tempo de serviço prestado.
Pode estar fixado com base em percentual ou valor fixo, definido nas CCT´s anuais
firmadas entre os sindicados patronais e dos trabalhadores.
Geralmente a condenação é pela falta de pagamento da verba ou em razão da não
observação da clausula convencional que define a verba.
1.1. Classificação da Verba
O Anuênio pode ser classificado da seguinte maneira:
É uma verba de caráter salarial. Seguindo uma sequência lógica de cálculo das verbas, o
Anuênio vem após o salário mensal ou após o cálculo das diferenças salariais.
O Anuênio pode integrar a base de cálculo de outras parcelas, como por exemplo: horas
extras, adicional noturno, violações intervalares, domingos e feriados laborados, etc.
Por ser uma parcela de caráter salarial, sofre as incidências do INSS e do Imposto de
Renda.
1.2. Base de Cálculo
O valor do Anuênio geralmente é fixado pela convenção coletiva da categoria. Pode
ainda estar fixado com base em percentual a ser calculado sobre o salário base.
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Para os bancários o Anuênio está fixado nas CCT´s com base em valor fixo por ano de
trabalho, ou seja, para calcular o valor devido, basta multiplicar o valor indicado na
CCT pelo número de anos trabalhados pelo funcionário.
Exemplo I - Valor Fixo na CCT:
Valor do Anuênio = R$ 24,50
Período Trabalhado = 07 (sete) anos
Anuênio = R$ 24,50 x 07 anos = R$ 171,50
Exemplo II - Percentual Fixado na CCT:
Percentual fixado = 1% ao ano
Salário Base = R$ 2.450,00
Anuênio por ano = R$ 2.450,00 x 1% = R$ 24,50
Período Trabalhado = 07 (sete) anos
Anuênio = R$ 24,50 x 07 anos = R$ 171,50
1.3. Caso Prático – Exemplo de Condenação
Sentença: "As Convenções Coletivas trazidas aos autos pelas partes comprovam que a
cada ano de trabalho prestado, o funcionário tem direito de receber 1% a mais em sua
remuneração. Defere-se ao autor o adicional definido nas CCT´s, a contar do primeiro
ano de trabalho cumprido. Reflexos sobre aviso prévio, 13o salários, férias, terço
constitucional e FGTS 11,2%."
Admissão: 01/02/2011 Demissão: 31/08/2012 Salário Base: R$ 1.000,00
Cálculo
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2. COMISSÕES
A Comissão é uma verba de caráter salarial variável, paga ao trabalhador em função de
um determinado percentual previamente ajustado, aplicado sobre a venda de
determinado produto.
Os percentuais de comissão são variáveis, ou seja, dependem do produto, da margem do
valor de venda, do mercado, ou seja, são ajustados entre as partes com base em
percentual sobre o valor das vendas. Podem, portanto, ser ajustados percentuais
distintos para produtos distintos.
O percentual de comissão não é definido em uma convenção coletiva ou acordo coletivo
do trabalho (CCT ou ACT), mas é ajustado entre as partes através de contrato formal ou
informal.
O pagamento da comissão pode ser realizado pelo empregador de forma diária, semanal,
quinzenal, mensal ou quando o comprador fizer a quitação da compra realizada junto à
empresa.
A comissão é uma verba de natureza salarial “variável”, ou seja, ela é paga ao
funcionário de acordo com o montante das vendas realizadas em um determinado
período.
O regime de comissão pode ser dividido em “Puro” e “Misto”.
2.1. Comissionista Puro
No regime de “comissionista puro” o funcionário recebe sua remuneração somente por
comissões, ou seja, não há qualquer outro tipo de recebimento junto ao empregador.
Neste caso, o trabalhador receberá somente o que produzir em face de suas vendas.
2.2. Comissionista Misto
No regime de comissionista misto o funcionário recebe parte de sua remuneração de
forma fixa e parte de forma variável. Atualmente é o regime mais utilizado pelas
empresas, que pagam parte da remuneração a título de salário mensal fixo e a outra
parte a título de comissões. Em alguns casos o empregado recebe, ainda, outras
vantagens contratuais ou convencionais.
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2.3. Base de Cálculo
A base de cálculo das comissões será sempre o valor envolvendo o volume de negócios
realizados pelo empregado, aplicando-se o percentual ajustado sobre o resultado,
lembrando que cada produto poderá ter percentual diferenciado e, portanto, os cálculos
devem levar em consideração os parâmetros ajustados.
2.4. Classificação da Verba
A comissão é uma verba de caráter salarial, classificada como primária ou principal, que
gera reflexos sobre diversas parcelas salariais, como por exemplo: repousos semanais
remunerados (RSR), aviso prévio, 13º salário, férias, terço de férias, FGTS e multa
fundiária.
As comissões integram a base de cálculo de várias parcelas salariais, como por
exemplo: adicional noturno, violações intervalares, horas extras, adicional de
periculosidade, adicional de transferência, verbas rescisórias, gratificação semestral,
adicional de risco, entre outras.
Por ser uma parcela de caráter salarial, sofre as incidências do INSS e do Imposto de
Renda.
2.5. Caso Prático – Exemplo de Condenação
Sentença: "O autor comprovou nos autos, que no período de março a novembro de
2011, o percentual sobre as vendas realizadas foi reduzido unilateralmente pelo
empregador, ou seja, de 10% para 5%. Deste modo, resta devida em favor do autor a
diferença na ordem de 5% para o referido período."
Admissão: 01/02/2010 Demissão: 31/01/2012
Cálculo
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3. COMISSÃO DE CARGO OU GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO
A Comissão de Cargo, também denominada de Gratificação de Função, é uma verba
de caráter salarial, paga de forma exclusiva para algumas categorias profissionais,
somente com previsão convencional, ou seja, ela é paga ao funcionário somente quando
há previsão consignada na convenção coletiva da categoria.
Sendo uma verba definida através de convenção coletiva ou acordo coletivo do trabalho
(CCT ou ACT), o valor da gratificação poderá estar expresso em valor fixo ou em
percentual a ser aplicado sobre o salário do funcionário, com definição específica em
cláusula da CCT.
Geralmente a condenação é pela falta de pagamento da verba ou em razão da não
observação da clausula convencional que define a verba.
3.1. Classificação da Verba
A Comissão de Cargo pode ser classificada da seguinte maneira:
É uma verba de caráter salarial. Seguindo uma sequência lógica de cálculo das verbas, a
gratificação de cargo vem após o salário mensal ou após o cálculo das diferenças
salariais.
Geralmente integra a base de cálculo de outras parcelas, como por exemplo: horas
extras, adicional noturno, violações intervalares, domingos e feriados laborados, etc.
Por ser uma parcela de caráter salarial, sofre as incidências do INSS e do Imposto de
Renda.
3.2. Base de Cálculo
Pode ser calculada com base em percentual sobre o salário fixo do funcionário ou o seu
valor pode estar definido de forma expressa na Convenção Coletiva da Categoria.
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3.3. Caso Prático – Exemplo de Condenação
Sentença: "O autor cumpria função que demandava o pagamento de comissão de
cargo, conforme restou plenamente comprovado nos auto. A norma coletiva, na
cláusula 12ª, define o percentual de 40% sobre o salário base, a ser pago mensalmente
a partir da mudança de cargo que ocorreu no período de fevereiro de 2010 até março
de 2011. No período posterior os pagamentos foram realizados, como comprovam os
recibos de pagamentos colacionados aos autos. "
Admissão: 01/02/2009 Demissão: 31/01/2012
Cálculo
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4. DIFERENÇAS SALARIAIS
São diversas as possibilidades de diferenças salariais aventadas nas reclamatórias
trabalhistas, porém, sempre há que se manter o foco no que efetivamente é requerido na
petição inicial e o que resta deferido na sentença.
Vale lembrar, novamente, que as diferenças salariais na ordem da elaboração dos
cálculos trabalhistas, sempre devem ser calculadas antes das demais verbas, visto que o
salário mensal do reclamante serve de base de cálculo para várias outras parcelas, e,
deste modo, o salário deve estar acrescido das diferenças para efeito de cálculo das
demais parcelas (secundárias). O salário mensal bem como suas diferenças, para efeito
de classificação didática, é uma parcela salarial primária, ou seja, gera reflexos ou
integrações em diversas parcelas.
Vamos relacionar e estudar algumas hipóteses de diferenças salariais mais recorrentes
no âmbito trabalhista, senão vejamos:
Diferenças salariais em razão do piso da categoria;
Diferenças salariais em face de equiparação com paradigma;
Diferenças salariais em face a diferença de reajuste convencional;
Diferenças salariais em razão de enquadramento funcional;
Essas são algumas hipóteses de diferenças encontradas nas demandas trabalhistas as
quais passamos a análise nos itens seguintes.
4.1. Diferenças Salariais – Piso da Categoria
Neste caso, são diferenças devidas pelo empregador ao funcionário quando o valor pago
a título de salário é inferior ao piso salarial determinado na convenção coletiva da
categoria, ou seja, o empregador, ao pagar o salário, não respeitou o valor mínimo
estipulado para a categoria profissional vinculada ao sindicato que regula as relações
entre empregado e empregador daquele setor.
Vejamos um exemplo no caso concreto:
Sentença:
“O reclamante comprovou nos autos através das CCT´s juntadas, que o piso salarial
da categoria era superior aos salários pagos mensalmente em todo o período
contratual. Isto posto, deferem-se as diferenças salariais entre os salários pagos e os
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pisos salariais consignados nas convenções coletivas colacionadas aos autos. Reflexos
sobre: aviso prévio, 13º salários, férias, terço de férias e FGTS 11,2%.”
Resumo da Condenação e Dados do Caso:
1. Processo: 00001/2012 - 1ª VT de ....
2. Reclamante : ....
3. Reclamado : ---
4. Admissão : 01/03/2012
5. Demissão : 30/09/2012
Piso salarial da categoria = R$ 1.200,00
Salário pago no período = R$ 1.080,00
Reflexos Sobre: Aviso Prévio (30 dias); 13º Salário (07/12); Férias Indenizadas (07/12);
Terço de Férias (1/3) e FGTS 11,2%.
Cálculo:
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4.2. Diferenças Salariais – Equiparação Salarial
As diferenças salarias em função de equiparação salarial decorrem de diferenças em
relação ao salário pago a um paradigma, ou seja, o reclamante efetuava o mesmo tipo de
trabalho realizado por outra pessoa dentro da empresa e com a mesma qualidade
técnica. Neste caso, requer na petição inicial que sejam pagas as diferenças entre os
salários pagos.
O caso demanda que seja comprovado nos autos que o reclamante desempenhava ou
executava o mesmo tipo de trabalho, com a mesma qualificação técnica e com o período
contratual equivalente na função.
Vejamos um caso prático:
Sentença:
“O reclamante alegou na exordial (petição inicial) que realizava o mesmo trabalho
desempenhado pelo Sr. Pedro ... e com a mesma perfeição técnica. Ambos iniciaram
suas atividades quase no mesmo período, ou seja, com apenas um mês de diferença,
entretanto, sempre recebeu remuneração inferior àquela paga ao paradigma. As provas
testemunhais comprovam o relato autoral. Em razão do exposto, são devidas as
diferenças requeridas entre os salários pagos ao reclamante e paradigma, com
diferenças reflexas sobre: aviso prévio, 13º salário, férias, terço de férias e fgts
11,2%.”
Resumo da Condenação e Dado do Caso:
1. Processo: 00002/2013 - 1ª VT de ....
2. Reclamante : ....
3. Reclamado : ---
4. Admissão : 01/09/2012
5. Demissão : 30/03/2013
Salário Pago ao Reclamante = R$ 1.400,00
Salário Pago ao Paradigma = R$ 1.800,00
Reflexos Sobre: Aviso Prévio (30 dias); 13º Salário; Férias Indenizadas; Terço de Férias
(1/3) e FGTS 11,2%.
Cálculo:
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4.3. Diferenças Salariais - Reajuste Convencional
Outro tipo de diferença salarial comum nos autos diz respeito a reajuste convencional. É
quando o empregador deixa de aplicar sobre o salário do funcionário, o reajuste anual
concedido pelo sindicato da categoria. Por desconhecimento ou má fé do empregador,
aplica reajuste inferior ao indicado na convenção coletiva da categoria.
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Vejamos um exemplo prático:
Sentença:
“Verifica-se nos autos, conforme requerido e comprovado pela parte autora, que o
reajuste concedido pela empresa ao funcionário no mês de setembro de 2011 ficou
abaixo do reajuste convencional, remanescendo diferenças em favor do autor. Como
comprovado nos autos, a empresa concedeu reajuste de 5% quando deveria aplicar
9,5%, conforme o consignado na cláusula 3ª da CCT 2011/2012, colacionada aos
autos. Resultam, portanto, devidas as diferenças requeridas na prefacial (inicial).
Reflexos sobre: 13º salários, férias, terço de férias e fgts 8%.”
Resumo da Condenação e Dados do Caso:
1. Processo: 00003/2012 - 1ª VT de ....
2. Reclamante : ....
3. Reclamado : ---
4. Admissão : 01/09/2011
5. Demissão : 30/03/2012
Salário Pago ao Reclamante = R$ 1.400,00
Diferença de Reajuste = 4,5%
Reflexos Sobre: 13º Salário; Férias Indenizadas; Terço de Férias (1/3) e FGTS 8%.
Cálculo:
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4.4. Diferenças Salariais – Enquadramento Funcional
Neste caso, são devidas diferenças salariais em razão de alteração de cargo, ou seja, o
empregador promove o funcionário para uma função superior e continua a pagar o
mesmo salário da função anterior. Isso gera diferenças em favor do funcionário. Parte
das reclamatórias trabalhistas traz essa discussão, gerando diferenças em razão do não
pagamento dos salários devidos para a nova função.
Vejamos um caso concreto:
Sentença:
“No período compreendido entre janeiro de 2010 até a rescisão contratual, o réu
deixou de pagar ao reclamante os salários devidos para a nova função, exercida pelo
mesmo a partir de janeiro de 2010, restando devidas diferenças na ordem de R$ 600,00
(seiscentos reais) mensais. Devidos os reflexos decorrentes das diferenças sobre: aviso
prévio, 13º salário, férias, terço de férias e fgts 11,2%.”
Resumo da Condenação e Dado do Caso:
1. Processo: 00004/2010 - 1ª VT de ....
2. Reclamante : ....
3. Reclamado : ---
4. Admissão : 01/01/2010
5. Demissão : 31/07/2010
Salário Pago ao Reclamante = R$ 1.400,00
Salário da Nova Função = R$ 2.000,00
Diferença Mensal Deferida = R$ 600,00
Reflexos Sobre: Aviso Prévio (30 dias); 13º Salário; Férias Indenizadas; Terço de Férias
(1/3) e FGTS 11,2%.
Cálculo:
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5. DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS
A parcela deferida nos autos a título de “Devolução de Descontos” abrange aquelas
parcelas descontadas indevidamente pelo empregador no período contratual.
Não há uma parcela específica para compor tal título, visto que, várias são as
possibilidades de descontos indevidos praticados pelo empregador durante o vínculo
empregatício, como por exemplo: seguro de vida, seguro saúde, associação, devolução
de cheque, multas, prejuízo com acidente, ticket estacionamento, celular, telefone,
gasolina, etc..
5.1. Caso Prático – Exemplo de Condenação
Sentença: "No período contratual a empresa descontava mensalmente do reclamante
valores sob os seguintes títulos: seguro de vida e seguro saúde. O autor afirmou que
não autorizou tais descontos e nem ao menos firmou qualquer contrato pessoalmente
com a seguradora responsável pelos seguros. A empresa não trouxe aos autos qualquer
documento que comprovasse a autorização dada pelo reclamante. Em razão do
exposto, defere-se a devolução dos valores descontados a tais títulos no período
contratual. "
Admissão: 01/02/2011 Demissão: 31/01/2012
Cálculo