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Modulo 9 – história

Um começo de conversa Caro professor de História

A partir de agora você começa a participar do curso de formação continuada de professores de História para

o Ensino Fundamental e Ensino Médio. Pelas próximas 10 semanas, visando o desenvolvimento de

referenciais conceituais, de conhecimentos teórico-metodológicos e de conteúdos históricos, como

complemento de formação acadêmica e subsidio para o exercício da docência, cujo objetivo é torná-lo apto a

integrar saberes científicos da História à sua prática pedagógica, você estará desenvolvendo algumas

reflexões e atividades.

Nessa jornada, você vai usar os Cadernos do Professor e os Cadernos do Aluno elaborados pela SEE, nos

quais estão baseados os conteúdos que serão discutidos nos 10 módulos do curso, um a cada semana. Além

dos conteúdos digitais, você também encontrará em cada módulo atividades teórico-práticas com diferentes

enfoques relativas ao tema discutido, atividades avaliativas e um fórum de discussão.

Seja bem-vindo! Faça uma excelente viagem pelos caminhos da História.

Apresentação dos temas dos módulos Nas próximas 10 semanas, você vai estudar e discutir os seguintes temas:

Módulo 9: História e uso de documentos

Módulo 10: História & Cotidiano

Módulo 11: História & Memória

Módulo 12: História local, regional e nacional

Módulo 13: História, Identidade & Cultura

Módulo 14: História e movimentos políticos e sociais

Módulo 15: História e Meio Ambiente

Módulo 16: História & Cidadania

Módulo 17: História: Trabalho, Ciência e Tecnologia

Módulo 18: História & Interdisciplinaridade

Olá, cursista

Neste primeiro módulo, estudaremos e entenderemos a maneira que os historiadores utilizam os

documentos históricos e também como nós, professores, podemos utilizá-los em sala de aula.

Vídeos abrirão cada um dos dez módulos do curso, contando uma

historieta e trazendo, por vezes, reportagens que nos ajudarão a entrar no

clima dos temas que serão discutidos. Para começarmos, vá para a próxima

tela e acompanhe um papo de intervalo entre “os quatro da história”,

personagens que nos acompanharão até o final do curso.

Os quatro personagens da história

E por falar em documentos históricos Pensamos em algumas atividades para serem feitas depois de assistir ao vídeo. Textos para discutirmos

melhor uma ou outra conceituação; peças de historiografia para acompanharmos a produção acadêmica;

sequências didáticas para analisarmos; testes para que se autoavaliem e algumas tarefas por escrito que

os auxiliem a pensar e preparar seus próprios planos de aula.

Para começar a história A jornada por este módulo começa com esse vídeo. Gostou?

O importante aqui é pensar um pouco no cafezinho dos professores como um provocador

de sequências didáticas relacionadas ao uso de documentos em sala de aula.

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Se o cafezinho estava bom, também é boa a pergunta sobre a história dos cheiros. Causando ainda

algumas controvérsias, Peter Burke e outros autores têm proposto uma história cultural dos odores. Os

odores, assim como os sabores, têm ingredientes fisiológicos e culturais em sua determinação. Tentar

entender como as diferentes épocas e culturas classificam ou classificaram os cheiros parece um desafio

interessante para a história cultural.

Um outro personagem fixou o olhar no copinho de plástico e já se colocou uma questão: por que as xícaras

de porcelana foram substituídas pelos copos? Pensando assim, podemos colocar o simpático copinho de café

como um documento de nossa época que pode nos ajudar a entender muitas das atuais opções de consumo.

Falando em história cultural dos odores:

Quais seriam as fontes?

Além da ideia de usar o copinho para entender, em sala de aula, nosso atual

modelo de consumo, gostaríamos de propor a primeira questão do curso:

O uso de documentos por professores e alunos em sala de aula tem as

mesmas características do uso de documentos por historiadores em suas

pesquisas acadêmicas?

A hora do café

Para tentarmos encaminhar essa questão, teremos a ajuda de três

pesquisadores:

Circe Bittencourt.

Elias Thomé Saliba.

Flávia Tatschi e Leandro Karnal.

Lembre-se de que é importante ler todos os textos.

Em “Retomando aquela história”, você pode acessar sugestões sobre sequências didáticas.

Pensando sobre a História: o uso de documentos em sala de aula O uso de documentos em sala de aula é bastante valioso. O documento permite aproximar o aluno de vários

conteúdos, seja ilustrando um contexto e colorindo-o com os afetos envolvidos na sua produção, seja

humanizando os eventos distantes, seja convidando o aluno a procurar os vestígios escondidos nele para

enxergar como era determinada época.

Leia o capítulo II da obra Ensino de História: fundamentos e métodos, de Circe Bittencourt,

para compreender melhor a riqueza de utilizar várias fontes em suportes diferentes nas

atividades didáticas.

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Pensando sobre a História: a pesquisa histórica e o

uso de documentos Sabemos que a História se faz com documentos, fontes das muitas narrativas históricas.

Neste módulo, tentaremos pensar melhor sobre o que é exatamente um documento, uma fonte histórica.

Teremos o auxílio de três pesquisadores para nos enfronharmos nessa discussão importante.

O professor Leandro Karnal, que é especialista em História da América, e a historiadora

Flávia Tatsch, com estudos sobre imagem e História, escrevem sobre o uso de documentos

de diversas origens no texto “A memória evanescente”.

Outro pesquisador que nos presta auxílio é o professor Elias Thomé Saliba que, em um bom

e denso texto, conta como os historiadores se envolviam com suas fontes.

Vamos aos textos e boa leitura!

Acompanhe uma entrevista com o professor André Figueiredo Rodrigues, clicando aqui.

Ponto de Vista: um comentário sobre “a história dos usos de documentos na História” No "Ponto de vista", um convidado vem oferecer sua contribuição para um dos temas de cada módulo. Neste

módulo, o professor André fala sobre o uso de documento, principlamente de documentos escritos.

André Fiqueiredo Rodrigues, doutor em História pela USP, é professor universitário com trabalhos sobre

História do Brasil e metodologia de pesquisa.

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Retomando aquela história - menu Nós lemos um pouco sobre como os historiadores encaram suas fontes, desde um momento em que só as

fontes escritas contavam até a atualidade, em que o leque de possibilidades se ampliou enormemente. Vimos

também como professores e pesquisadores usam os documentos de maneiras diferentes.

Agora apresentamos algumas sequências didáticas que podem ser utilizadas em sala de aula.

É importante você analisar todas, mas, para começar, clique em uma que mais chamou sua atenção para

voltarmos a navegar:

Documento escrito - imprensa: Chegando.

Documento escrito - imprensa: Amor e jazz.

Documento oral: “Na África, cada velho que morre é uma biblioteca que se queima”.

Documento literário: 1984, de George Orwell.

Documento com imagens: capa de livro didático de História.

Documento imagético: cartão-postal de divulgação.

Documentos escritos I – imprensa negra Clique aqui e faça a leitura do documento.

O que você achou dele? Diferente?

O que será que ele nos informa?

Como podemos usá-lo em sala de aula?

Que tal utilizá-lo para começar uma atividade sobre a cidade de São Paulo no início do século XX?

Com as respostas, já temos um indicador do que particulariza o uso de documentos em

sala de aula. O objetivo é aproximar o aluno de um determinado contexto para recolher

indícios daquela época.

Clique em Avançar e siga as orientações de elaboração de um roteiro de aula com base

em um documento.

Documento - Chegando – sugestão de roteiro de análise Para começar a elaborar um roteiro de análise do documento Chegando, retome a leitura do texto da Circe

Bittencourt, principalmente nas páginas 335, 336 e 337, em que a autora se refere à imprensa escrita.

Lembrando essas preocupações, vamos propor um objetivo para a atividade, escolhendo uma das

possibilidades abaixo:

a. Perceber os diferentes grupos sociais e as diferentes culturas presentes na cidade de São Paulo no

começo do século XX.

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b. Perceber as disputas políticas e territoriais na cidade de São Paulo.

c. Elaborar conceitos de discriminação e preconceito pertinentes ao contexto.

d. Elaborar conceitos de identidade cultural e território pertinentes ao contexto.

Como exemplo, vejamos o item “a”. Para começarmos uma análise, elaboramos algumas perguntas.

Confira-as a seguir.

Documento - Chegando – roteiro de análise - perguntas Leia a pergunta abaixo, redija sua resposta no espaço indicado e clique em Ver resposta para visualizar

nossos comentários. Depois de conferir sua resposta, utilize as setas de navegação disponíveis na parte

inferior da caixa de atividade para avançar para a próxima pergunta.

A partir das respostas extraídas e de outras informações que podemos buscar além do documento, escreva

um pequeno texto sobre as diversas culturas e os diferentes grupos sociais da São Paulo do início do século

XX. Essa é a nossa sugestão de atividade com o uso de um documento escrito.

Clique no botão ao lado para trabalhar com outro documento da imprensa negra paulista.

Documentos escritos II – imprensa negra

Clique aqui e faça a leitura do documento Amor e jazz.

Após realizar a leitura do documento, responda:

Qual é o assunto central do texto?

Segundo o texto, quais mudanças aconteceram na cidade?

Essas mudanças foram consideradas positivas ou negativas? Por quê?

Documento oral “Na África, cada velho que morre é uma biblioteca que se queima”

Mais do que trabalhar diretamente com um relato oral, aqui se propõe uma pequena reflexão sobre a

importância da oralidade.

Clique aqui e faça a leitura do documento “Na África, cada velho que

morre é uma biblioteca que se queima”.

Para conhecer uma outra experiência com a oralidade, clique no botão

Avançar.

Amadou Hampaté Bâ (1900-1991)

Documento oral: Museu da Pessoa

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O link a seguir encaminha para um interessante projeto sobre a

história oral de vida, uma modalidade de preservação de

relatos orais que possibilita os estudo de histórias individuais

em seu contexto mais amplo.

http://www.museudapessoa.net/

Navegue pelo site e aprecie as memórias por lá registradas.

Aproveite e imagine como utilizar essas memórias em sala de

aula. Você pode até colher depoimentos para as suas aulas,

que tal?

Documento literário – 1984, de George Orwell Agora, vamos pensar em como utilizar textos literários como documentos em sala de aula. Um texto literário

ficcional não pode servir para provar diretamente que algo aconteceu – o que, aliás, não é a única função de

um documento histórico –, mas pode ser utilizado em um procedimento de representação histórica.

Discutiremos, agora, a elaboração de uma paisagem a partir de um conteúdo ficcional, envolvendo-a em um

contexto histórico relativo ao documento.

Clique aqui e leia um fragmento da obra 1984, de George Orwell.

Depois de ter lido o fragmento da obra, responda às questões empregando passagens do texto e observe que

imaginamos uma cidade e uma paisagem.

Quando e em qual cidade se passa a narrativa?

Como se caracteriza a paisagem da cidade?

Que tipo de sociedade e de regime político vigoram nela?

Quais seriam os sentimentos que dominavam as pessoas?

Procure responder as questões empregando passagens do texto e observe que imaginamos uma cidade e uma

paisagem.

Documento literário – 1984, de George Orwell

A capacidade de imaginar, interpretar, elaborar e construir cenários com os

dados disponíveis desenvolvem construtos mentais que auxiliarão na

compreensão da História. Feito isso, passamos para outra proposição, agora

mais ousada.

Poderia essa sociedade fictícia ser comparada com uma sociedade/cidade

real? Dê exemplos. Procure complementar as respostas ilustrando-as com

sociedades de perfil autoritário, como o nazismo alemão, o fascismo italiano,

o regime talibã do Afeganistão, a ditadura militar brasileira de 1964, o regime

político da Coreia do Norte, destacando semelhanças e diferenças.

Documento - 1984 – paisagens históricas – proposta 2 Esta atividade é interessante para trabalharmos com alunos dos últimos anos do Ensino Fundamental ou do

Ensino Médio, pois necessita de uma capacidade de abstração mais elaborada, além de uma utilização mais

consistente da marcação cronológica do tempo para que possam ser exploradas todas as suas

potencialidades.

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Começamos pedindo para os alunos pesquisarem em jornais, revistas,

fotos, entrevistas e outros registros como era, em 1984, a cidade onde eles

moram hoje:

As músicas mais ouvidas.

Roupas da moda.

Penteados.

Costumes.

Acontecimentos marcantes (casamentos, nascimentos de filhos, o

primeiro emprego, dados sobre a situação da vida política, a conjuntura econômica etc.).

A esperança ou a desesperança política.

O sentimento de segurança/insegurança.

O fervor religioso.

Documento - 1984 – paisagens históricas – proposta 2 Depois de montado o painel com o que conseguiram achar sobre sua cidade no ano de 1984, faça, com eles,

uma comparação com a cidade do livro 1984.

No livro 1984, escrito por George Orwell por volta de 1930, o autor retrata a vida em uma fictícia sociedade

londrina em 1984. Ao projetar um futuro (“1984”), o autor retrata parte da realidade e das angústias do

mundo dos anos de 1930, e intercala um conteúdo propriamente ficcional com avaliações sobre o mundo em

que vivia, que foi marcado pelo entreguerras, pela Revolução Russa, pela Guerra Civil Espanhola, pelo

nascimento dos regimes totalitários. Na atividade proposta, procuramos problematizar formas de olhar,

pretendendo que tanto vocês, cursistas, quantos nossos alunos de Ensino Fundamental e Médio, ao

descreverem paisagens, se habilitem a recriar contextos históricos com base no que sugere a leitura do

documento. Enquanto George Orwell projetou seu personagem (Winston) no futuro, na situação de ensino,

os alunos farão o caminho inverso: projetarão o olhar sobre o passado a partir do presente. Vejam que

interessante comparação entre a cidade projetada por Orwell com os acontecimentos históricos. Ficção e

contexto histórico, recriados, se encontrarão em 1984. Futuro do pretérito e pretérito mais-que-perfeito se

encontrando por aí.

Documento com imagens

Observe atentamente a capa reproduzida.

O que você achou dela? É parecida com os livros didáticos

atuais?

O que será que esta capa nos informa?

Podemos utilizá-la em sala de aula?

Que tal utilizá-la para aprender um pouco mais de História da

Educação?

Clique em Avançar e responda a um teste sobre a imagem.

Capa do livro Primeiras Lições

de História no Brasil

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Documento imagético - cartão-postal de divulgação Observe a imagem. Clique sobre ela para ver mais detalhes.

O que será que ela nos informa?

Podemos utilizá-la em sala de aula?

Que tal utilizá-la para sabermos como os alunos percebem as diferentes temporalidades?

Comece perguntando: por que achamos tão bonita essa imagem? Certamente, o contraste

brilhante/desgastado irá aparecer, assim como novo/velho; moderno/ultrapassado. Procure extrair deles a

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maior quantidade de associações possível. Depois, pergunte se

é possível existir uma cidade só com coisas velhas e outra só

com coisas novas.

Foto de Fernando Perelmutter para o convite de lançamento do

livro A leste do centro: territórios do urbanismo, de Regina

Meyer e Marta Grostein, da Imprensa Oficial.

Se quiser iniciar a atividade de outra forma, pergunte onde foi tirada essa fotografia. Aliás, será que você

mesmo sabe? É uma fotografia da zona Leste de São Paulo, área ocupada desde o começo do século passado

por galpões que passaram por uma alteração de uso: antes abrigavam os operários que labutavam entre as

máquinas de tecelagem e, hoje, servem de estacionamento para estudantes, professores universitários, para

clientes e funcionários das empresas de serviços.

Uma atividade lúdica e imaginativa como essa, que tenta entender a sucessão de usos das edificações e os

resquícios de tempos passados em nossas cidades atualmente, pode ser motivadora para o trabalho com os

alunos.

Memória virtual: locais de memória I Como o uso de documentos é o tema deste módulo, sugerimos uma atividade

que pode se valer do nosso trabalho em grupo para elaborar uma

documentação muito útil para ser empregada em sala de aula.

Que atividade é essa? A formação de um banco de dados com os locais de memória que vocês

conhecem.

Nesse banco de dados, faremos inserções de algumas informações de museus

e outras instituições que trabalham com a preservação de acervos para a

constituição da memória local, regional ou nacional.

Memória virtual: locais de memória II Os dados mais importantes serão o endereço e o CEP do local visitado. Inseridas essas informações,

identifiquem a instituição e façam uma pequena apresentação de até mil toques do espaço expositivo.

Obtenha, também, informações sobre a natureza da instituição (poder público, municipal, estadual ou

federal; organismo do terceiro setor; iniciativa privada) e sobre a cobrança ou não de ingressos.

É interessante que vocês façam uma visita especificamente para esse fim e, com a visita recente na memória

e a possibilidade de coleta de dados, é bem provável que a apresentação fique mais rica. Procurem

privilegiar as instituições mais próximas de vocês e ponham em circulação informações sobre os pequenos

acervos locais que só vocês conhecem para que, ao final do curso, tenhamos um belo panorama dos acervos

que podemos usar em sala de aula.

Faça o download do arquivo no rodapé da página. É uma sugestão de modelo de documento com o qual

você pode manter sua memória virtual.

Memória virtual: acervo pessoal O banco de dados virtual sobre locais de memória é um acervo público que estamos elaborando com a

finalidade de tornar disponíveis endereços de locais nos quais existam coleções de documentos possíveis de

serem usadas em sala de aula.

Pensamos também que cada professor poderia montar seu próprio acervo, garantindo para si uma série de

documentos que possa usar em sala de aula para tornar as sequências de aprendizagens mais estimulantes,

com um enfoque mais afetivo ou e com maior investimento intelectual.

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Montar um fichário (material ou virtual) com fotografias, outras imagens, textos jornalísticos e matérias de

revistas rende bons planos de aula.

Os arquivos virtuais permitem o acesso a documentos audiovisuais bastante interessantes sobre os últimos

cinquenta ou sessenta anos de história. Propagandas, seriados, temas musicais, canções e jornais televisivos

compõem uma preciosa matéria-prima para nossas aulas. Aliás, nossas memórias registradas também, como

veremos mais adiante em nosso curso.

Finalizando Neste módulo foram trabalhadas as diferentes linguagens das fontes

históricas: documentos escritos, imagens e entrevistas. Também refletimos

sobre a importância da ficção e não ficção para o uso de documentos na

História.

Com isto propusemos uma reflexão sobre a utilização de diferentes

linguagens e fontes documentais com a finalidade de aprimorar o

reconhecimento das diferenças entre as temporalidades: tempo do indivíduo

e o tempo social; tempo cronológico e tempo histórico, identificando características dos sistemas sociais e

culturais de notação e registro de tempo ao longo da história.

1. Segundo o historiador Elias Thomé Saliba: ―Quando não havia a possibilidade de registro escrito, os homens conformavam-se em conservar, ao máximo, as testemunhas vivas da existência. Conta-se que em tribos africanas dos suaíles, as pessoas mortas que permanecem vivas na memória dos outros são chamadas de ―mortos vivos‖, pois eles acreditam que elas só estarão completamente mortas quando a última pessoa que as conheceu morrer. Anciãos sobreviventes carregam o fardo de guardar em si o registro do que passou de mais importante e se tornam historiadores necromantes do passado.‖ A concepção de história e documento acima aproxima-se de:

Livro didático Primeiras lições de história do Brasil: perguntas e respostas: ―As nações são a herança de Jesus (...). A história de um povo será tanto mais bela quanto mais esse povo amar e servir a Jesus Cristo‖.

Langlois e Seignobos ao assinalarem que: ―A história dispõe de um estoque limitado de documentos (...). A quantidade de documentos que existem, senão de documentos conhecidos, está dada; o tempo, a despeito de todas as precauções que são tomadas atualmente, diminui, sem cessar, tal quantidade — que nunca aumentará... Os progressos da ciência histórica estão, por isso mesmo, limitados‖.

Amadou Hampaté Bâ. ―A fala é considerada como a materialização ou exteriorização das vibrações das forças... Lá onde não existe a escrita (...), o homem está ligado à palavra que profere. Está comprometido por ela. Ele é a palavra, e a palavra encerra um testamento daquilo que ele é. A própria coesão da sociedade repousa no valor e no respeito pela palavra‖.

Hegel, em Filosofia da História: ―Deixamos a África. Não vamos abordá-la (...), pois ela não faz parte da história mundial; não tem nenhum movimento ou desenvolvimento para mostrar, e o que porventura tenha acontecido nela (...) pertence ao mundo asiático e ao europeu. Cartago foi um momento importante e passageiro; mas colônia fenícia pertence à Ásia. O Egito será abordado como transição do espírito humano do Oriente para o Ocidente, mas ele não pertence ao espírito africano. Na verdade, o que entendemos por África é algo fechado sem história‖.

Oliveira Lima, em História das civilizações: ―História é o registro da vida do mundo civilizado. As gentes selvagens não têm história. Pré-história abrange o estado anterior à organização social e à documentação política‖.

2. O documento Amor e jazz explicita:

A condenação do caboclo como representante da cultura nacional.

O nacionalismo do início do século XX.

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A escravidão do período colonial.

A valorização das vanguardas artísticas europeias.

A valorização da cultura estadunidense.

3. No documento Amor e jazz, pode-se propor uma leitura que considere:

Que tanto os negros americanos quanto os brasileiros se opunham frontalmente à cultura europeia.

Não haver qualquer tipo de semelhança entre a cultura negra estadunidense e a cultura negra brasileira.

Os problemas enfrentados pela cultura negra estadunidense e pela cultura negra brasileira.

A valorização da cultura nacional, a exemplo do movimento modernista.

A condenação de estrangeirismos, a exemplo do movimento modernista.

4. Ao fazer uso dos documentos Chegando e Amor e jazz em sala de aula, o professor pode explorar:

O nacionalismo e as disputas territoriais na cidade.

A ausência de organizações de defesa da população negra.

A cidade como território apaziguador de diferenças.

A condenação, presente em ambos, da cultura caipira.

A discriminação do período que incidia exclusivamente sobre a população negra.

5. Entre as habilidades que podem ser trabalhadas junto aos alunos com o uso dos documentos Chegando e Amor

e jazz, pode-se mencionar:

A interpretação das fontes de natureza sonora, identificando os elementos que compõem o contexto histórico.

A identificação de materiais que permitam observar as características de diferentes grupos sociais.

A comparação de diferentes pontos de vista sobre situações ou fatos, extraindo seu sentido único.

A extração da autenticidade da paisagem geográfica e do cenário cultural tais como se apresentavam.

A verificação da natureza das fontes históricas, identificando os pressupostos de cada interpretação, sem, no entanto, poder analisar a validade dos argumentos utilizados.

6. Compare a reprodução da aquarela do pintor Adrien-Aimée Taunay com a fotografia de Fernando Perelmutter

para o cartão-postal/convite, publicado em 2010. Sobre o uso dessas imagens em uma atividade didática, não podemos afirmar:

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A aquarela de Taunay, em sua preocupação detalhista que realça cada detalhe de vegetação ou vestimenta, aponta uma preocupação técnico-científica característica das expedições aos trópicos do século XIX.

Como Fernando Perelmutter utilizou um aparato tecnologicamente mais moderno para a produção de sua imagem, normalmente atribui-se a ela uma carga maior de veracidade (por ser uma fotografia).

Tanto a aquarela quanto a fotografia são imagens que se valem da perspectiva. Aquela pelo domínio técnico de que se assenhoreou o artista, esta pela característica inerente das máquinas fotográficas que se valem de lentes e mecanismos para representar em duas dimensões o que possui três.

A fotografia de Fernando Perelmutter evidencia a convivência e o confronto de diferentes tempos em uma mesma paisagem.

As fotografias são imagens mais seguras, menos manipuláveis e capazes de carregar um número maior de informações, devido a suas características técnicas.

7. Em sua fala, o professor André Figueiredo Rodrigues ressalta a importância do uso de documentos em sala de

aula. Segundo suas propostas, não é adequado:

Buscarmos entender porque o evento narrado foi escolhido em detrimento de outros.

Atentarmos para os diversos tipos de fontes escritas, como textos legislativos, cartas, diários, textos jornalísticos, entre tantos outros.

Tratarmos a intencionalidade com que os documentos foram produzidos.

Privilegiarmos o uso de documentos escritos, pois, além de serem mais confiáveis, estão disponíveis e acessíveis na internet.

Analisarmos detidamente os documentos, sem, no entanto, exigir uma sofisticação de análise própria do pesquisador.

8. Clique na alternativa correta sobre a imagem abaixo.

Ao analisarmos um livro didático como documento histórico, é irrelevante relacioná-lo à esfera da circulação por ser uma mercadoria diferenciada.

O uso didático de documentos depende diretamente do conhecimento que o alunado tem de um determinado contexto.

Os documentos textuais mais longos são mais valiosos, pois podem conter quantidades maiores de informações a serem trabalhadas com os alunos.

O conteúdo escrito é mais importante do que o da capa do livro, pois possibilita uma análise mais rigorosa.

O uso didático de um documento depende dos objetivos de aprendizagem estabelecidos pelo professor, a partir de suas opções individuais e em contraste com as disposições normativas.

9. Segundo Elias Thomé Saliba, ―(...) o documento, escrito ou não, é um pequenino ponto de toda uma série de

estruturas humanas, mas que, por capricho, fruição, contingência – e, até mesmo, algumas excentricidades –, acabaram por sobrar e subsistir no presente‖. De acordo com o trecho citado, podemos afirmar que:

Os documentos que chegam até nós são espelhos de um passado verdadeiro que devemos recuperar.

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A preservação de documentos ocorre principalmente devido à ação intencional de historiadores e arquivistas.

São preservados apenas os documentos mais relevantes, seja por importância política, pressão social ou distinção estética.

Sobram e subsistem, no presente, os documentos que contêm todas as estruturas humanas desaparecidas.

A preservação de um documento tem algo de aleatório e é desenhada, às vezes, por caprichos e excentricidades.

10. O fragmento da obra 1984, de George Orwell:

Não pode ser tratado como fonte histórica por se tratar de obra de ficção.

Não traz elementos ligados à História, mas à Literatura.

Não pode ser usado como fonte histórica, pois distorce os acontecimentos do que foi, na verdade, o ano de 1984.

Pode remeter ao estudo do contexto de sua produção.

Não pode ser tratado como fonte histórica por ser obra literária.

Referências Bibliográficas BITTENCOURT, C. M. F. (Org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1998.

______________. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.

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