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Mapa da qualidade das guas do rio Acara, pelo emprego do IQA e 1
Geoprocessamento1 2
3
Map of Acara River water quality using WQI and GIS of Acara River, Brazil 4
5
Fernando Bezerra Lopes2*, Adunias dos Santos Teixeira3, Eunice Maia de Andrade3, 6
Deodato do Nascimento Aquino4 e Lcia de Ftima Pereira Arajo5 7
8
Resumo - O presente trabalho foi desenvolvido com o propsito de avaliar a variabilidade 9
espacial e temporal da qualidade das guas superficiais da bacia hidrogrfica do Acara, 10
localizada na regio Norte do Estado do Cear, usando um ndice de Qualidade de gua 11
IQA associado a um Sistema de Informaes Geogrficas SIG. Os dados empregados nesta 12
pesquisa foram coletados em fevereiro, julho e novembro de 2003 e maro de 2004, em 13 13
estaes amostrais distribudas ao longo da bacia. O estudo considerou as seguintes variveis: 14
percentagem de saturao de oxignio, demanda bioqumica de oxignio, pH, fsforo total, 15
nitrato, coliformes termotolerantes, turbidez e slidos em suspenso. Foram construdos 16
mapas que apresentam as reas de maior ou menor vulnerabilidade da qualidade das guas 17
superficiais da bacia do Acara. Os valores mais baixos do IQA foram registrados na regio 18
prxima cidade de Sobral e tambm logo aps a cidade de Groaras, onde os esgotos so 19
lanados ao rio. As guas da bacia do Acara enquadraram-se em classes que vo de regular a 20
* autor para correspondncia 1 Recebido para publicao em 18/01/2007; aprovado em 15/05/2008
Pesquisa financiada pelo PRODETAB-16 2 Programa de Ps-graduao em Engenharia Agrcola, CCA/UFC, Caixa Postal 12.168, 60 455 970, Fortaleza-
CE, Brasil, [email protected] 3 Departamento de Engenharia Agrcola, CCA/UFC, Fortaleza-CE, Brasil, [email protected], [email protected]
4 Programa de Ps-graduao em Engenharia Agrcola, CCA/UFC, Fortaleza-CE, Brasil, [email protected]
5 Instituto Federal do Cear Campus de Fortaleza, CE, Brasil, [email protected]
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boa, apresentando IQA mnimo de 60,79 e mximo de 80,28. No houve diferena 21
significativa ( = 0,01) nos IQA entre as estaes chuvosa e seca. 22
Palavras-chave - ndice de qualidade de gua. Sistema de informaes geogrficas. Bacia 23
hidrogrfica. 24
25
Abstract - This study was conducted to assess the spatial and temporal variability of water 26
quality from the Acara Basin, Cear, Brazil. We used a Water Quality Index (WQI) with 27
support of a Geographic Information System (GIS). Water quality parameters were sampled 28
in February, July, November/2003 and March/2004. Surface water were collected at 13 29
sampling points in the Acara basin and analyzed for dissolved oxygen, biochemical oxygen 30
demand, pH, phosphate, nitrate, fecal coliforms, turbidity and suspended solids. A 31
vulnerability map of the Acara basin water quality was produced. The lowest values of WQI 32
were obtained in the region near the Sobral city and downward the Groairas city. Sewage 33
from the later city are disposed in the Groairas River. The Acara basin water was classified 34
as regular to good. The lowest values of WQI was 60.79 and the highest was 80.28. There 35
was no significative difference ( = 0,01) in the temporal WQI values from rainy and dry 36
seasons. 37
Key words - Water quality index. Geographical information system. Watershed. 38
39
Introduo 40
A gua a substncia mais abundante no planeta, embora disponvel em diferentes 41
quantidades e em diferentes lugares. Possui papel fundamental no ambiente e na vida humana, 42
e nada pode substitu-la, pois, sem ela, a vida no pode existir. Segundo Tundisi (1999), 43
alteraes na quantidade, distribuio e qualidade dos recursos hdricos ameaam a 44
sobrevivncia humana e as demais espcies do planeta, estando o desenvolvimento 45
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econmico e social dos pases fundamentados na disponibilidade de gua de boa qualidade e 46
na capacidade de sua conservao e proteo. 47
A influncia da atividade antropognica e da geologia na qualidade das guas 48
superficiais e subterrneas vem sendo quantificada por diferentes pesquisadores (MELLOUT; 49
COLLIN, 1998; MENDIGUCHA et al., 2004). O impacto ambiental devido ao lanamento 50
de efluentes nos rios tem crescido a taxas preocupantes, principalmente em grandes centros 51
urbanos, expressando a carncia de redes de esgoto sanitrio e a baixa conscientizao da 52
populao em relao conservao dos corpos hdricos (CETESB, 2003; MOLINA et al., 53
2006). 54
A necessidade de um maior conhecimento e controle da variabilidade temporal e 55
espacial levou ao desenvolvimento de ndices de qualidade das guas (IQA). A idia bsica 56
dos ndices de qualidade agrupar uma srie de variveis numa escala comum, combinando-57
as em um nico nmero (ALMEIDA; SCHWARZBOLD, 2003). Vrias tcnicas vm sendo 58
aplicadas por pesquisadores no desenvolvimento de IQA (HORTON, 1965; PALACIO, 59
2004). O mais conhecido e aceito o proposto pela National Sanitation Foundation, o qual 60
vem sofrendo adaptaes nas mais diferentes regies do globo (JONNALAGADDA; 61
MHERE, 2001). O IQA vem sendo aplicado em por diversos pesquisadores e instituies 62
como ferramenta de avaliao da qualidade das guas (COMISTESINOS 1990; ALMEIDA; 63
SCHWARZBOLD, 2003; MELO JNIOR et al., 2003; ANDRADE et al., 2005; MOLINA et 64
al., 2006). 65
O IQA empregado nas mais diferentes formas como uma metodologia integradora, por 66
converter vrias informaes em um nico resultado numrico (ALMEIDA; 67
SCHWARZBOLD, 2003), ademais representa o nvel de qualidade de gua e elimina 68
tendncias individuais de pesquisadores. O uso de IQA uma tentativa que todo programa de 69
monitoramento de guas superficiais prev como forma de acompanhar, atravs de 70
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informaes resumidas, a possvel deteriorao dos recursos hdricos ao longo da bacia 71
hidrogrfica ou ao longo do tempo (TOLEDO; NICOLELLA, 2002). O IQA reflete a 72
interferncia de substncias orgnicas, nutrientes, slidos e microbiolgicos na qualidade das 73
guas para consumo humano. 74
A correlao de informaes sobre qualidade de gua pode ser realizada utilizando-se 75
Sistemas de Informaes Geogrficas (SIG) na implementao e interpretao de dados para 76
um diagnstico ambiental mais preciso, mais rpido e de menor custo (LEO et al., 2004; 77
ANDRADE et al., 2005). Segundo Rosa e Brito (1996), o objetivo geral do SIG servir de 78
instrumento eficiente para todas as reas do conhecimento que fazem uso de mapas, 79
possibilitando integrar em uma nica base, informaes representando vrios aspectos de uma 80
regio. O presente trabalho teve por objetivo determinar a variabilidade espacial e temporal da 81
qualidade da gua superficial da bacia hidrogrfica do rio Acara CE usando um IQA com 82
suporte de um SIG. 83
84
Material e mtodos 85
A bacia do Acara situa-se na regio norte do Estado do Cear, sendo ampla em seu alto 86
curso e estreita prximo costa (Figura 1). Drenada predominantemente pelo rio Acara, o 87
qual nasce na serra da Mata em cotas superiores a 800 m, a bacia do Acara desenvolve-se no 88
sentido sul-norte, com aproximadamente 315 km de extenso. A rea da bacia de 89
aproximadamente 14.200 km2, com uma capacidade total de acumulao de gua de 14.266 90
hm3 e contm 298 km de trechos de cursos dgua perenizados artificialmente pelos audes: 91
Paulo Sarasate (Araras Norte), Edson Queiroz, Ayres de Souza (Jaibaras), Forquilha e Acara 92
Mirim. 93
O clima da parte alta da bacia do Acara, segundo a classificao de Kppen, do tipo 94
BSwh, semi-rido quente com chuvas de vero-outono, temperaturas mdias mensais 95
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superiores a 18 C. J o da parte baixa da bacia em estudo Aw, tropical chuvoso com 96
chuvas mximas no outono. As mdias anuais da umidade relativa e da velocidade do vento 97
so de 70% e de 2 m s-1, respectivamente. A Tabela 1 apresenta a precipitao mdia mensal 98
para os trs postos pluviomtricos localizados na bacia do Acara. O posto Varjota representa 99
a parte alta da bacia, o posto de Sobral representativo do tero mdio da bacia e o de Marco 100
parte baixa da bacia. Os meses que no constam na Tabela 1 significam que no houve 101
registro da precipitao. 102
103 Figura 1 Bacia do Acara, com indicao dos pontos de coleta em campo 104
105 A geologia regional composta essencialmente por terrenos cristalinos (IPLANCE, 106
1997). De acordo com a classificao de solos, a regio caracteriza-se pela predominncia de 107
Luvissolos e algumas manchas de Neossolo (EMBRAPA, 2006). 108
As amostras de gua foram coletadas durante os meses de fevereiro, julho, novembro de 109
2003 e maro de 2004, em 13 postos. Os atributos fsicos, qumicos e biolgicos considerados 110
neste estudo foram: pH, nitrato, oxignio dissolvido (OD), demanda bioqumica de oxignio 111
-
(DBO5), fsforo total, coliformes termotolerantes, turbidez e slidos em suspenso. As 112
anlises das amostras de guas seguiram a metodologia apresentada por Apha (1998). 113
Tabela 1 Precipitao pluviomtrica (mm), para o perodo de janeiro de 2003 a maro de 114 2004 para posto de Varjota, Sobral e Marco 115
Postos jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 Varjota 146,0 309,5 292,0 175,5 61,0 42,0 90,0 400,0 277,0 265,0 Sobral 101,0 289,0 520,0 122,0 87,0 16,0 18,0 392,0 259,0 125,0 Marco 79,4 412,3 478,3 213,9 49,6 0,0 0,0 596,0 165,3 135,0
Fonte: FUNCEME (2007) 116
117
O IQA utilizado neste trabalho foi desenvolvido pela National Sanitation Foundation 118
(NSF) e adaptado pelo Comitesinos (1990). O Valor do IQA foi avaliado atravs da seguinte 119
equao: 120
wiqiIQA = (1) 121
onde, 122
IQA - ndice de qualidade de gua (adimensional), 123
- multiplicatrio, 124
qi - qualidade relativa da i-sima varivel, 125
wi - peso relativo da i-sima varivel, 126
i - nmero de ordem da varivel. 127
O ndice emprega os nove parmetros considerados mais representativos para a 128
caracterizao da qualidade das guas: percentagem de saturao de oxignio, coliformes 129
termotolerantes, pH, DBO5, nitrato, fosfato total, temperatura da gua, turbidez e slidos em 130
suspenso. Foram utilizadas as curvas de qualidade - qi (Figura 2) e pesos relativos - wi 131
(Tabela 2), que atribuem uma nota subjetiva de qualidade aos valores da varivel analisada. 132
Para a obteno da percentagem de saturao de oxignio, seguiu-se a metodologia 133
apresentada por Pivele e Kato (2005). 134
-
135 136
Figura 2 Curvas mdias de variao de qualidade das guas Comitesinos (1990) 137
-
A verso utiliza pelo Comitesinos (1990) e Almeida e Schwarzbold (2003) no faz uso 138
das medidas de temperatura para estimar o IQA. Testes preliminares feitos por esses autores, 139
com e sem o uso de dados de temperatura, indicaram variaes nos IQA de apenas 5%. Esta 140
varivel tambm no foi considerada uma vez que, na regio em estudo, a amplitude trmica 141
anual pequena. Neste trabalho, foi menor que 6 C. 142
Tabela 2 Variveis utilizadas e seus pesos relativos para clculo do IQA, segundo 143 Comitesimos (1990) 144
Variveis Peso relativos (wi) Oxignio Dissolvido 0,19 Coliformes Termotolerantes 0,17 pH 0,13 DBO 0,11 Fsforo Total 0,11 Nitrato 0,11 Turbidez 0,09 Slidos Totais em Suspenso 0,09
145
A partir do clculo efetuado, determinou-se a qualidade das guas brutas indicada pelo 146
IQA em uma escala de 0 a 100, segundo a parametrizao apresentada na Tabela 3. 147
148
Tabela 3 Faixas de qualidade da gua para IQA (COMITESINAS, 1990) e modificado por 149 Almeida e Schwarzbold (2003) 150
Faixa Classificao da qualidade 0 IQA 25 Muito Ruim 25 < IQA 50 Ruim 50 < IQA 70 Regular 70 < IQA 90 Bom
90 < IQA 100 Excelente 151
Fazendo uso da tcnica de geoprocessamento e com os valores de qi obtidos, para cada 152
varivel analisada, geraram-se as grades de qi atravs do mtodo de interpolao por 153
krigagem no software SURFER 7.0. De posse das matrizes de pontos, foram construdos 154
mapas relativos ao qi de cada varivel no software ArcGIS 9.1. Os mapas do IQA para a bacia 155
do rio Acara foram desenvolvidos a partir da Equao 1 em processo interativo com o 156
software ArcGIS 9.1 atravs da ferramenta ArcToolbox, Analyst Tools e Map Agebra. 157
-
Processo semelhante foi empregado por Andrade et al. (2006). Para avaliar a variabilidade 158
temporal, foi realizado o teste de mdias dos valores do IQA para a estao chuvosa em 159
relao estao seca. O programa estatstico utilizado foi o SPSS (Statistical Package for the 160
Social Sciences), verso 16.0. 161
162
Resultados e discusso 163
Os resultados obtidos em relao padronizao da qualidade das guas na bacia do 164
Acara permitiram identificar a potencialidade de uso da gua para irrigao e principalmente 165
para consumo humano. A qualidade da gua em forma de um ndice apresenta grande 166
vantagem de ser facilmente assimilvel pela comunidade, pois os resultados so expressos em 167
forma de nmeros adimensionais entre zero (qualidade muito ruim, ou seja, inadequada) e 168
100 (gua excelente, ou seja, gua sem e/ou com baixa restrio de uso). 169
As Figuras 3 e 4 apresentam os valores de qi calculados a partir dos resultados das 170
anlises laboratoriais e das curvas de qualidade das guas (Figura 2). Pela Figura 3A, observa-171
se que os valores de qi do pH variaram de 77 a 89, correspondendo a uma gua que no 172
apresenta limitao quanto a este parmetro. 173
O pH pode ser considerado como uma das variveis ambientais mais importantes, ao 174
mesmo tempo em que uma das mais difceis de serem interpretadas (ALMEIDA; 175
SCHWARZBOLD, 2003). Esta complexidade na interpretao dos valores de pH se deve ao 176
grande nmero de fatores que podem influenci-lo. Palcio (2004), aplicando IQA na parte 177
baixa da bacia hidrogrfica do rio Trussu, Cear, encontrou valores de qi para o pH que 178
variaram de 42,40 a 100. Os valores do qi mais baixos para o pH foram registrados no trecho 179
entre a cidade de Santana do Acara e a cidade de Marcos. 180
181 182
-
183 184 Figura 3 Mapas dos qis para a bacia do Acara, (A) pH, (B) turbidez, (C) percentagem de 185
saturao de oxignio e (D) slidos em suspenso 186
-
A variabilidade espacial da turbidez pode ser vista na Figura 3B. Esta varivel 187
representa o grau de interferncia com a passagem da luz atravs da gua, conferindo uma 188
aparncia turva mesma. A principal fonte os slidos em suspenso, os quais podem ser de 189
origem natural (partculas de rocha, areia e silte, alm de algas e outros minerais) ou 190
antropognica (despejos domsticos, industriais, microorganismos e eroso). A turbidez 191
mdia para a bacia em estudo variou de 69 a 86 (Figura 3B). Os valores de qi para a turbidez, 192
encontrados para a bacia do Acara, foram semelhantes aos observados por Almeida e 193
Schwarzbold (2003), para as guas do Arroio de Cria Montenegro, Rio Grande do Sul. 194
Os valores de qi para a percentagem de saturao de oxignio e para os slidos em 195
suspenso so apresentados nas Figuras 3C e 3D, respectivamente, com valores variando de 196
60 a 95 para a percentagem de saturao de oxignio, sendo que a grande parte da bacia 197
apresentou qi superior a 80, embora a quantidade de oxignio tenha sofrido um declnio, 198
prximo cidade de Forquilha, provavelmente em virtude de carga orgnica. J os slidos em 199
suspenso apresentaram variao muito pequena, entre 80 e 82. O oxignio na gua 200
importante para a sobrevivncia dos seres aquticos aerbicos e para a decomposio 201
biolgica da matria orgnica. 202
Para coliformes termotolerantes, os valores de qi variaram de 11 a 55 (Figura 4A). Os 203
menores valores do qi foram observados desde a cidade de Carir at a cidade Bela Cruz. Isto 204
pode ser explicado pela intensa explorao agropecuria, principalmente pecuria, e tambm 205
pela interferncia antrpica atravs do lanamento de efluentes urbanos sem tratamento nos 206
rios. Toledo e Nicolella (2002) obtiveram resultados semelhantes, estudando as guas em 207
microbacia sob uso agrcola e urbano na cidade de Guara (SP). 208
209 210
-
211 212 Figura 4 Mapas dos qis para a bacia do Acara, (A) coliformes termotolerantes, (B) 213
demanda bioqumica de oxignio, (C) fsforo total e (D) nitrato 214
-
Para demanda bioqumica de oxignio, observou-se que os valores de qi variaram de 61 215
a 82, correspondendo a valores de 0,4 a 9,5 mg L-1 (Figura 4B). Almeida e Schwarzbold 216
(2003) obtiveram valores que variaram de 0,49 a 13,20 mg L-1. 217
Todo o fsforo presente em guas naturais, tanto na forma inica como na forma 218
complexa, encontra-se sob a forma de fosfato, devendo-se utilizar esta denominao para se 219
referir s diferentes formas de fsforo em Limnologia (ESTEVES, 1988). 220
Na Figura 4C, verifica-se que os valores de qi variaram de 90 a 100, desta forma, este 221
parmetro no teve grande influncia na degradao dos corpos hdricos da bacia do Acara. 222
Resultados contrrios foram encontrados por Silva e Pruski (1997), onde ficou evidente a 223
influncia da concentrao de fsforo na deteriorao da qualidade da gua, sendo o uso 224
agrcola o principal causador. 225
Os valores de nitrato foram baixos para toda a bacia do Acara (Figura 4D): todos os 226
valores foram inferiores a 1 mg L-1. Resultados semelhantes foram observados por Almeida e 227
Schwarzbold (2003) em estudos das guas do Arroio de Cria Montenegro, Rio Grande do Sul. 228
O IQA na bacia do Acara variou de 60,79 a 80,28 (Figura 5A). Melo Jnior et al. 229
(2003), estudando a hidroqumica e a qualidade das guas de um trecho do rio Au, Rio 230
Grande do Norte, encontraram valores de IQA variando de 59 a 85. Valores mais baixos do 231
IQA foram observados nas proximidades da cidade de Sobral, comportamento justificado em 232
virtude de Sobral ter uma populao de 175.814 mil habitantes (IBGE, 2007). Alm de ser 233
bem desenvolvida com vrias indstrias, est inserida em regio onde se explora a pecuria, 234
fatores que contribuem para a degradao dos corpos hdricos. 235
O IQA baixo no rio Groaras, em torno de 65, decorrncia principalmente dos esgotos 236
domsticos da cidade lanados diretamente no rio sem nenhum tratamento. Este resultado est 237
de acordo com Cetesb (2003), que verificou que as piores condies de qualidade das guas 238
das UGRHIs foram as que apresentavam forte ocupao urbana e da intensa industrializao. 239
-
Molina et al. (2006), aplicando ndice de qualidade de gua na microbacia do crrego gua da 240
Bomba, municpio de Regente Feij SP, verificou que os piores valores de IQA foram nos 241
pontos onde ocorre lanamento de esgotos municipal sem tratamento nos corpos hdricos. 242
Na parte alta da bacia do Acara encontram-se os melhores valores de IQA. No entanto, 243
esses melhores ndices no esto nas nascentes da Bacia e sim logo aps os audes Araras 244
Norte, localizado prximo a cidade de Varjota, e Edson Queiroz, localizado na cidade de 245
Santa Quitria. Tal fato ocorreu em virtude da sedimentao nos reservatrios (Figura 5A). 246
247 248 Figura 5 ndice de Qualidade de gua IQA para a bacia do Acara, (A) apresentado em 249
cinco classes e (B) enquadrando na classificao da Tabela 3 250
251
A bacia do Acara, no geral, apresenta boa qualidade de gua para consumo humano, 252
em relao aos parmetros analisados neste trabalho. Merece ser destacado que uma avaliao 253
rigorosa da qualidade de corpos de guas no pode ficar restrita apenas aos resultados do 254
-
IQA, uma vez que esse ndice leva em considerao apenas os parmetros que podem afetar 255
as propriedades organolpticas, o equilbrio ecolgico (por exemplo, eutrofizao) e os riscos 256
sanitrios mais imediatos. Com efeito, outras substncias tais como hidrocarbonetos txicos, 257
metais pesados precisam ser igualmente consideradas, as quais podem ocorrer em 258
concentraes potencialmente danosas sade e bem-estar dos seres vivos, mesmo em guas 259
que apresentem IQA na faixa do timo. 260
Na Tabela 4, so apresentados os dados estatsticos da variao temporal das mdias do 261
IQA para a bacia hidrogrfica do Acara, Cear. 262
Tabela 4 Comparao de mdias do IQA entre a estao chuvosa e a seca para a bacia do 263 Acara, Cear 264
Estao n Mdia Desvio Padro t Sig (bilateral) Chuvosa 10 79,60 8,28
-0,260 0,797 Seca 10 78,70 7,13
Nvel de significncia a 1% 265
266
De acordo com a tabela supracitada, observa-se que no houve diferena significativa 267
entre as estaes. A mdia do IQA da estao chuvosa foi superior mdia da estao seca. 268
Nesta poca, os audes que perenizam a bacia estavam em seu nvel mais baixo, resultando 269
em uma maior concentrao dos sais em decorrncia do processo de evaporao. Resultados 270
semelhantes foram encontrados por Andrade et al. (2005) elaborando um ndice de qualidade 271
de gua, uma proposta para o vale do rio Trussu, Cear, que observaram o pior IQA na 272
estao seca. A variao temporal das guas da bacia hidrogrfica do Acara apresenta valor 273
do IQA de 79,60 e 78,70 para as estaes chuvosa e seca, respectivamente. Ambos os valores 274
do IQA so classificados como bons. Com relao ao desvio-padro (Tabela 4), ocorreu uma 275
maior variao em torno da mdia dos valores de IQA na estao chuvosa. Molina et al. 276
(2006) encontraram desvios - padro de 5,2 e 14,4 aplicando um ndice de qualidade de gua 277
na microbacia degradada do crrego gua da Bomba, municpio de Regente Feij SP. 278
-
De maneira geral, a variabilidade espacial foi superior variabilidade temporal. 279
Resultados semelhantes foram observados por Andrade et al. (2005). A variabilidade espacial 280
do IQA foi classificada de regular e boa (Figura 5b), enquanto que o IQA da variabilidade 281
temporal foi classificado como bom (Tabela 4). 282
283
Concluses 284
1. A aplicao do IQA mostrou que as guas da bacia do Acara enquadram-se em classes 285
que vo de regular a boa; 286
2. No houve diferena significativa na avaliao temporal da qualidade das guas da bacia 287
hidrogrfica do Acara; 288
3. A variabilidade espacial do valor do IQA das guas da bacia hidrogrfica do Acara foi 289
superior variabilidade temporal. 290
291
Agradecimentos 292
Os autores agradecem ao PRODETAB-16 pelo suporte financeiro dado a essa pesquisa 293
e ao CNPq pela bolsa de mestrado do primeiro autor. 294
295
Referncias 296
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