Download - Ministério da Saúde
Atenção Humanizada e com base em Evidências
durante o Parto e o Nascimento
Apresentado por: Dra Veronica Reis - Jhpiego
Maputo, 27 de Agosto, 2009
OBJECTIVOS DA SESSÃO
1.Informar sobre a “Iniciativa Maternidade Modelo”
2.Abordar a perspectiva da humanização no parto e nascimento
3.Rever recomendações baseadas em evidências científicas na assistência à mulher e ao recém-nascido durante o trabalho de parto, o parto e o pós-parto imediato
HUMANIZAÇÃO DOS HUMANIZAÇÃO DOS CUIDADOS DE SAÚDE EM CUIDADOS DE SAÚDE EM
MOÇAMBIQUEMOÇAMBIQUE
““INICIATIVA MATERNIDADE INICIATIVA MATERNIDADE MODELO”MODELO”
Plano Nacional para Humanização dos Cuidados de Saúde
ObjectivosGeral: Promover a Humanização dos
Cuidados de Saúde no Serviço Nacional de Saúde
Específicos: Promover uma gestão humanizada nas
Instituições de Saúde
Promover o atendimento humanizado aos utentes dos Serviços de Saúde
Promover a humanização das condições de trabalho nos Serviços de Saúde
ObjectivosGeral: Promover a Humanização dos
Cuidados de Saúde no Serviço Nacional de Saúde
Específicos: Promover uma gestão humanizada nas
Instituições de Saúde
Promover o atendimento humanizado aos utentes dos Serviços de Saúde
Promover a humanização das condições de trabalho nos Serviços de Saúde
Unidades Sanitárias Seleccionadas para a 1ª fase - 34
Província US Província US Provincia US
Maputo Cidade
HC de Maputo HG José MacamoHG de MavalaneHG de Chamanculo
Sofala HC de BeiraHR de BuziCS de Macurrungo
Nampula HC de NampulaHR de MonapoHR de Nacala Porto
Maputo Prov
CS de ManhiçaCS Matola IICS de Boane
Manica HP de ChimoioCS de 1º MaioHR de Catandica
Niassa HP de LichingaHR de CuambaCS de Chihualua
Gaza HP de Xai XaiHR de Manjacaze HR de Chicumbane
Tete HP de TeteHR de SongoCS Nº 2 (Matundo) Cabo
Delgado
HP de PembaHR de MontepuezCS de NatiteInhabane HP de Inhambane
HR de ChicuqueCS de Guiúa
Zambézia HP de QuelimaneHR de MocubaHR de Gurué
Parto – Mistério e Poder da Mulher
Intensa experiência corporal, sensorial e psicoemocional
Concepção teórico-prática da atenção humanizada ao parto e ao nascimento
Tendência de evolução das práticas Tendência de evolução das práticas em Saúde: Desenvolvimento em Saúde: Desenvolvimento
tecnológico!tecnológico!
Modelo predominante de assistência ao parto e ao
nascimento: “Modelo Tecnocrático”
O modelo Tecnocrático se caracteriza por:
• Separação de corpo e mente
O modelo Tecnocrático
• O corpo como máquina
O Modelo Tecnocrático do parto:
O corpo feminino como máquina defeituosa
O Modelo Tecnocrático na SMN Conhecimento,
Autoridade e responsabilidade centrados no profissional de saúde e não na mulher
Símbolos representativos deste Modelo:
Posição para o TP de parto e o parto: decúbito dorsal
Símbolos: práticas nem Símbolos: práticas nem sempre justificadas sempre justificadas
cientificamente :cientificamente :
Mulheres solitárias
Separação do pai – mãe - recém-nascido - família
Na medida que Na medida que conhecemos mais, conhecemos mais, compreendemos compreendemos
menos.menos.
DesagregamosDesagregamos
FragmentamosFragmentamos
Isolamos.Isolamos.
Perdemos a compreensão do Perdemos a compreensão do todo!todo!
Nova tendência
Parto
vertical?
Episiotomia?
Acom
panh
ant
e?
????????
Questionamento das práticas vigentes Busca de evidências científicas
Nova tendência: Mudança de PARADIGMANova tendência: Mudança de PARADIGMANovo Profissional
um sistema de ética novo, a ética que um sistema de ética novo, a ética que reconhece e respeita as idéias e valores dos reconhece e respeita as idéias e valores dos outrosoutros
Novo Profissional:Práticas com base em evidências
SACKETT DL, ROSENBERG WM, GRAY JA, HAYNES RB, RICHARDSON WS. Evidence-based medicine: what it is
and what it isn't. Br Med J. 1996; 312:71-72. Editorial
Medicina Baseada em Evidências
Uso consciencioso, explícito e judicioso das melhores evidências científicas
disponíveis para tomar decisões individualmente.
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Níveis de EvidênciaA 1a Avaliação sistemática de ensaios
aleatórios controlados
1b Ensaios aleatórios controlados individuais
B 2a Avaliação sistemática de estudos de casos de grupos
2b Estudos de casos de grupos individuais
3a Avaliação sistemática de estudos de caso-controlo
3b Estudos de caso-controlo individuais
C 4 Estudo de casos
D 5 Opinião de peritos sem avaliação crítica explícita
Neste novo paradigma
• O cuidado não se opõe à tecnologia mas lhe confere uma tonalidade diferente
• Relação deixa de ser sujeito-tecnologia e passa a ser sujeito-sujeito
Atenção humanizada em saúde Seminário Qualidade, Maputo Fevereiro 2007
• É a atenção prestada por profissional qualificado que considera o utente como sujeito da sua saúde, com direitos e valores que devem ser respeitados.
• É atender o outro como gostariamos de ser atendido.
• É organizar um serviço de modo que não tenhamos receio de ser atendido nele.
Cuidados humanizadas e baseados em evidências para a
mulher e o recém-nascido durante o parto e o nascimento
A atenção humanizada à mulher e ao recém-nascido durante o parto e o nascimentoDeve ser marcada pela presença das tecnologias necessárias e dos conteúdos afectivos das relações pessoais, culturais e regionais que fortalecem a identidade da mulher e da sua família.
Acolhimento
Respeito
Informação
ATENÇÃO HUMANIZADA NO PRÉ-NATAL
Ambiente agradável
Privacidade garantida
Decoração familiar
AMBIÊNCIA PARA O PARTOAMBIÊNCIA PARA O PARTO
HOSPITAL RURAL DE MANJACAZE GAZA
Recomendações Período de Dilatação
Recomendações: Primeiro Período(Trabalho de Parto)
• Uso do partograma (Avaliação contínua do risco obstétrico e manejo das intercorrências)
• Permitir a deambulação e assegurar o Suporte Emocional Contínuo (Evidência Categoria A - Labrecque et al, 1999)
• Elaborar e implementar Plano de parto de acordo com achados da história, exame clínico e as preferências da mulher
Organização Mundial de Saúde (OMS)
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Uso do Partograma da OMS: Resultados de Estudo
Todas as Mulheres
Antes da Implementaç
ão
Após a Implementaç
ão
p
Total de partos 18254 17230
Trabalho de parto> 18 horas
6,4% 3,4% 0,002
Trabalho de parto arrastado
20,7% 9,1% 0,023
Sepsia pós-parto 0,70% 0,21% 0,028
Mulheres normais
Modo de partoNaturais
Fórceps
8428 (83,9%)
341 (3,4%)
7869 (86,3%)
227 (2,5%)
< 0,001
0,005Fonte: OMS 1994.
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Apoio psico-afetivo para a Mulher
• Dar à mulher toda a informação que ela desejar
• Prestar apoio empático durante o TP e o parto
• Permitir a presença de acompanhante durante todos os períodos do parto (TP, parto e PP)
• O apoio empático e físico contínuo está associado a um TP mais curto, menos necessidade de medicação e menos partos operatórios
Fonte: OMS 1999.
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Presença de um Familiar do Sexo Feminino durante o Trabalho de
Parto: ResultadosEnsaio Aleatorizado Controlado em Botswana: 53 mulheres com familiar; 56 sem
Fonte: Madi et al 1999.
Resultado do trabalho de parto
Grupo Experiment
al (%)
Grupo de Controlo
(%)p
Parto vaginal espontâneo
91 71 0,03
Parto a vácuo 4 16 0,03
Cesariana 6 13 0,03
Analgesia 53 73 0,03
Amniotomia 30 54 0,01
Oxitocina 13 30 0,03
Elaborar e implementar Plano de parto de acordo com achados da história e exame clínico e as preferências da mulher e orientar a mulher e acompanhante sobre:•Deambulação
•Ingestão de líquidos e alimentos leves
•Esvaziar a bexiga om frequência
•Tomar banho quando desejar
•Frequência dos exames e evolução do TP
•Posição durante o parto
•Cuidados imediatos ao RN
•Possibilidade de contracepção no PP
Plano de parto
Outras práticas benéficas se o parto está evoluindo bem
• Massagens
Basile A, HGIS
Banho
Práticas Prejudiciais, Ineficazes ou não recomendadas no Primeiro Período
• Restrição hídrica ou alimentar• Tricotomia e enema de rotina• Infusão intravenosa de rotina• Toques vaginais muito frequentes• Mover de rotina a mulher para uma
outra sala no início do período expulsivo
Organização Mundial de Saúde (OMS)
Hospital Geral do Itaim Paulista (Santa Marcelina) São Paulo, Brasil
Assistência Durante o Período Expulsivo(Segundo Período: 10 cm de dilatação)
Recomendações para o Período ExpulsivoOrganização Mundial de Saúde (OMS)
• Evitar• Transferência de sala• Posição de decúbito dorsal de rotina• ‘’Puxos’’ dirigidos• Toques vaginais freqüentes• Manobra de kristeller (pressão sobre o abdómen)• Episiotomia de rotina
Permitir que o parto ocorra Permitir que o parto ocorra devagardevagar!!• Incentivar a mulher entre as contraçõesIncentivar a mulher entre as contrações• Manter a calmaManter a calma• Controlar o foco fetal!!!Controlar o foco fetal!!!• Implementar prácticas de prevenção de infecçãoImplementar prácticas de prevenção de infecção
Recomendável durante o Parto... Manter a vigilânciaManter a vigilância
Permitir a presença do acompanhantePermitir a presença do acompanhanteIncentivar outras posições!Incentivar outras posições!
– Cabeceira inclinada (sentada ou semi-sentada)Cabeceira inclinada (sentada ou semi-sentada)– De cócoras De cócoras – Apoio sobre os membrosApoio sobre os membros– De ladoDe lado– De joelhoDe joelho
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Posição no Trabalho de Parto e no Parto
O uso da posição vertical ou lateral comparada com a posição supina ou litotómica está associado a:
– Segunda fase de parto mais curta (5,4 minutos, 95% CI 3.9–6,9)
– Menos partos assistidos (OR 0,82, CI 0,69–0,98)
– Menos episiotomias (OR 0,73, CI 0,64–0,84)
– Menos relatórios de dores graves (OR 0,59, CI 0,41–0,83)
– Menos padrões de ritmo cardíaco anormal para o feto (OR 0,31, CI 0,11–0.91)
– Mais lacerações do períneo (OR 1,30, CI 1,09–1,54)
– Perda de sangue > 500 mL (OR 1,76, CI 1,34–3,32)
Fonte: Gupta and Nikodem 2000.
O Recém-nascido
Se o RN nasce bem colocá-lo em contato imediato pele a pele sobre o peito ou abdomen da mãe e
orientá-la para amamentação precoce
AMAMENTAÇÃO PRECOCE
Manejo do Terceiro Período (Do nascimento à dequitação)
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Manejo Activo do Terceiro Período do Parto
• Realizar o manejo activo do terceiro período para TODAS as mulheres :– Administração de oxitocina– Tracção controlada do cordão
umbilical com contratração uterina,
– Massagem uterina após a saída da placenta para manter o útero contraído
• Declaração Conjunta do FIGO/ICM:– Foi provado que o MATP reduz a
incidência da hemorragia pós-parto, reduz a quantidade de perda de sangue e reduz o uso da transfusão
– O MATP deve ser realizado em todas as mulheres após o parto
Fonte: WHO 1999.
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Hemorragia pós-parto500 ml
Perda de sangue1000 ml
hemoglobina materna 24 – 48 h pós-parto <9 g/l
Necessidade de transfusão
Terceira fase>40 min
Remoção manual da placenta
Curetagem pós-parto
Vómitos
Náusea
Apgar <7 a 5º min.
Admissão do recém-nascido na UTI
Ausência de lactação na alta
0,38 (0,32-0,46)
0,33 (0,21-0,51)
0,40 (0,29-0,55)
0,34 (0,22-0,53)
0,18 (0,14-0,24)
1,21 (0,82-1,78)
0,74 (0,43-1,28)
2,19 (1,68-2,86)
1,83 (1,51-2,23)
1,00 (0,38-2,66)
0,82 (0,60-1,11)
0,92 (0,82-1,04)
95% CI
MANEJO ACTIVO vs. EXPECTANTE DO TERCEIRO PERÍODO
.1 .2 1 5 10
6 estudos 4850 mulheres
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Melhores Práticas no Pós-parto
• Monitorização de perto e vigilância durante as primeiras 6 horas pós-parto da mãe e do RN
• Os bebés devem começar a mamar o mais cedo possível após o parto (de preferência dentro da primeira hora)
• Assegurar avaliação da mulher e do recém-nascido antes da alta
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Trabalho de Parto e Parto Normal: Síntese de aspectos relevantes
• Presença de um assistente capacitado• Respeito à autonomia da mulher e garantia da liberdade
de posição e movimentos durante o TP• Uso consistente do partograma• Apoio emocional contínuo para a mulher e permissão de
acompanhante da escolha da mulher durante o TP e o parto
• Restringir o uso de intervenções desnecessárias• Apoiar a opção da mulher para posição durante o
trabalho de parto e parto, incentivando as posições mais verticalizadas
• Promover o contacto imediato pele a pele do RN com a mãe e o aleitamento precoce (dentro da 1ª hora)
• Realizar o manejo activo do terceiro período do parto• Vigilância da mãe e do RN nas 1as horas após o parto
Postura justa dos profissionais em relação à mulher
Uma presença sensível, competente e respeitosa que
transfunde serenidade e confiança à mulher.
Estabelecimento de uma relação sujeito-sujeito
OBRIGADA!
FOTOS DE PARTO DE CÓCORAS
CURSO NAMPULA – 16 Abril 2008 2008
Iniciativa Maternidade Modelo Promove a atenção Humanizada ao
Parto• A Humanização dos cuidados durante o
parto e o nascimento contribui para salvar vidas. Estudos têm demonstrado que as mulheres resistem a serem cuidadas por profissionais que as tratam mal, mesmo que estes sejam profissionais capacitados para prevenir e manejar complicações.
• Acredita-se que a humanização dos cuidados irá contribuir para aumentar a utilização dos serviços de SMN pelas mulheres e familias
Iniciativa Maternidade Modelo: PRINCIPAIS ACTIVIDADES
Principais Actividades Responsáveis Prazo
Formação de Formadores em Práticas Humanizadas na SMN, em Maputo, para equipas de Nampula, Sofala e Maputo
MISAU/DPS/DSC/Parceiros
10-21 Agosto 2009
Finalizar, reproduzir e distribuir instrumento com os Padrões para a Maternidade Modelo
MISAU e Parceiros
Até 30 de Setembro
Realizar encontros de divulgação da Iniciativa Maternidade Modelo e instituir Comités de Humanização aos vários níveis
MISAU/DPS/DSC/DDS/US
Parceiros
Agosto a 30 Set
Realização das Linhas de Base, elaboração e implementação dos planos de acção específicos nas US - Maternidades alvo
DPS/ US
Apoio: MISAU e parceiros
Set - Dez de 2009 a Fev de 2010
Iniciativa Maternidade Modelo: PRINCIPAIS ACTIVIDADES
Principais Actividades Responsáveis Prazo
Preparar e realizar Cursos regionais de SMN e GRBP (Centro-Sofala: 02 a13 Nov;
Sul-Maputo Cidade: 16 a 27 Nov, e Norte -Nampula: 30 Nov a 11 Dez)
DPS/MISAU/Equipa de Facilitadores/ IF/Parceiros
Nov -Dez
Realizar medições internas iniciais e subsequentes nas US seleccionadas e continuar implementação dos Planos de Acção
US/IF/DPS/DDS
Apoio: MISAU e parceiros
Fevereiro, Junho , Setembro e Dez 2010
Realizar visitas de supervisão para apoio técnico às equipas
MISAU/DPS/ Parceiros
Fev, Maio, Agosto, Nov. de 2010
Realizar Encontro para partilha de resultados, troca de experiência e reforço de habilidades
MISAU/DPS/US/IF/Parceiros
2º Semestre 2010
VÍDEO: Centro de Parto Normal – Sofia Feldman/MG/BR
MUITO OBRIGADA