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Carlos Gomes

MEMORIZAO DINMICAA Arte de Valorizar a Tolice

Arte GrficaEDITORA

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SumrioPrefcio Introduo 1 6

PRIMEIRA PARTEO ABC da Memorizao CAPTULO 1VALORIZANDO A TOLICEPrimeiro Passo - No Perder Tempo Segundo Passo - Ter Interesse Terceiro Passo - Compreenso Quarto Passo - Solte a Imaginao Quinto Passo - Os Olhos da Mente Sexto Passo - A Concentrao Stimo Passo - As Associaes Oitavo Passo - Repeties Corretas

1113 13 15 16 19 20 21 24

CAPTULO 2

UM LEGADO MILENARSistema X- Y 1. Organizao do Arquivo X 2. Informaes Y 3. Associaes X - Y

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CAPTULO 3CRIANDO IMAGENSSimbolismo Compreender a Palavra-Chave

3636 41

CAPTULO 4NO MUNDO DAS IDIASComunicao Idias Principais

5253 54

CAPTULO 5ESTRATGIAS DO APRENDIZADOOS CINCO PASSOS 1. Anlise Preliminar 2. Leitura Global 3. Leitura Parcial 4. Recitao 5. Repetio (Reforo)

6263 64 64 64 66 67

SEGUNDA PARTEA Benfica Prtica da Memorizao CAPTULO 6DADOS E TEXTOSTributo a Dois Amigos Primeira Experincia - Ubiranice Segunda Experincia - Gilberto

7070 71 80

Direcionamento Especfico

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CAPTULO 7POEMAS E POESIASO que Poema? O que Poesia?

105106

CAPTULO 8DISCURSOS, PALESTRAS E CONFERNCIAS1. Discursos 2. Palestras e Conferncias

115116 122

CAPTULO 9NOME DE GENTEO Primeiro Contato Tabelas de Prenomes Y Reforo dos Procedimentos

125126 129 132

CAPTULO 10QUANTIDADES ENORMESTabelas dos Cdigos Numricos Treinamento Como Memorizar um Nmero de Muitos Algarismos Teste Clculos Aritmticos Mentais

135136 138 140 143 143

CAPTULO 11CDIGOS NUMRICOSGrupos de Cdigos Numricos O Poder da sua Memria Esculhambando os Cdigos Teste 150 151 152

145147

CAPTULO 12

FALANDO ENROLADOMeu Mtodo: 1. Verbos Fundamentais 2. Pronomes 3. Vocbulos 4. Dias da Semana 5. Partculas Bsicas das Oraes 6. Alfabeto Ingls 7. Outras Informaes Sons Importantes

154155 155 157 159 161 162 165 166 167

CAPTULO 13GEOGRAFIA E HISTRIAGeografia Histria

168168 175

CAPTULO 14QUMICA E BIOLOGIAQumica Negcio de Doido Memorizao das Camadas, por Famlia Biologia

179179 184 191 193

CAPTULO 15DE BEM COM A LEICdigo de Processo Penal Legislao Tributria

195195 198

TERCEIRA PARTEO Sbio Prazer do Memorizador CAPTULO 16CALENDRIO DO SCULOFundamentos Mtodo

201202 203

Truque do Calendrio Velho Macetes para a subtrao dos anos

209 210

CAPTULO 17BARALHO COMPLETOArrumando as cartas Demonstrao

211213 216

CAPTULO 18MUSICAL DE NMEROSOrientaes

217217 Tensos de todo o mundo, defendamo-nos: distendamo-nos! Dr. Tran Vu Chi

Aos meus filhos, Zanoni e sis, na esperana de que eles aprendam com as tolices deste mundo e sorriam com a paz daqueles que so tranqilamente srios!

INTRODUOO ttulo Memorizao Dinmica A Arte de Valorizar a Tolice no parece ser a melhor maneira de justificar os objetivos deste livro, porm no consegui encontrar uma expresso que pudesse melhor traduzir o que realmente penso sobre a cansativa e carrancuda estrutura educacional imposta aos nossos jovens, sejam eles estudantes, administradores, empresrios, educadores ou profissionais liberais. Portanto, acredito que a miopia proporcionada pelas orientaes repressivas dos velhos escolsticos, ainda atuando poderosamente nos meios educacionais, somente poder ser corrigida pelo sistema ptico sugerido por Carlitos: o da alegria atravs das imagens, proposio de aprendizado dos antigos mestres que eu pude comprovar como eficaz e que me esforo para transmitir nas prximas pginas, valorizando as coisas mais simples como instrumentos de realizao superior. Os conceitos dogmticos da seleo dos eleitos atravs do sofrimento, da dificuldade, fizeram com que o acesso cultura fosse coisa para os divinamente privilegiados e a aquisio relaxada de informaes fosse considerada vulgaridade satnica. Com o tempo, isto ficou inserido no inconsciente da humanidade que passou a achar normal receber conhecimentos e mais conhecimentos, a fim de, no futuro, classific-los profissionalmente, adotando apenas os que possam ser teis aos seus objetivos. Quanto tempo perdido! O condicionamento cultural do nosso povo to grande que qualquer palavra dita por algum intelectual de renome aceita como lei, transmitida por um ser onisci-

ente que no deve ser questionado. Tolice! Todos se enganam e isto natural! Como disse algum, s quem no muda de opinio so os tolos e os loucos! Um grande psiclogo americano afirmou que O ser humano mais desenvolvido no utiliza mais do que dez por cento de sua capacidade mental e a grande maioria das pessoas aceitou esta teoria como verdadeira, sem questionar sobre qual referencial ela foi fundamentada. Onde esto os cem por cento? Onde se encontra o ponto zero? Tenho opinio diferente, pois acredito que o ser humano utiliza os 100% do seu potencial quando ele realiza o mximo do que pode fazer no momento de sua realizao. Obviamente, amanh esses 100% atuais podem no valer 20%, porm o seu mximo naquele instante. Sempre foi assim durante toda a histria da humanidade e assim ser nos anos vindouros. O homem simples, como os nossos antigos ancestrais, tem momento de expresso que surpreende aos mais doutos e sbios estudiosos, e estes, em seus instantes de dvidas, solido e angstias humanas, tm irreconhecveis atitudes de mediocridade. Reconhecer que isto completamente natural no ser humano, independentemente de sua carga cultural, uma das condies mais importantes para o crescente despertar dos seus incomensurveis valores intrnsecos. O homem fantstico justamente por ser assim: perfeito quando em harmonia e incompleto quando angustiado. Saber administrar e direcionar seus impulsos instintivos e culturais a condio ideal para o ser humano. Nada de pecado! Nada de autoculpa! Nada de submisso! Tudo natural, humano, desde a poca do Brucutu! A compreenso de que somos capazes de constantes superaes, faz de ns pessoas mais saudveis, capazes, alegres e, conseqentemente, mais amadas. Os problemas existem, existiram e existiro sempre, mas a possibilidade de resoluo est evidente nos nossos prprios exemplos passados e nos exemplos de milhares de pessoas, em todo o mundo. com base neste argumento que escrevi este livro, acreditando que no necessrio ser considerado gnio para realizar feitos surpreendentes. No ser humano, tudo est ligado a estmulos e a memria sabe perfeitamente reconhecer cada um deles, mesmo atravs de pequenos indcios, desde que tenham sido conscientemente registrados. A no ser por causa de doena, qualquer pessoa capaz de memorizar informaes com facilidade e express-las sem dificuldades. Os privilegiados pela natureza so raros e no devem servir como referenciais de impossibilidade, que nos

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induzam a estados de humilhao e nos aprisionem s nossas prprias limitaes, mas devemos voltar a ateno para aqueles que, sendo pessoas comuns, conseguiram atingir nveis de elevadas realizaes, pois acreditaram em si mesmos e, a cada novo empreendimento, encontraram foras e motivaes nas simples realizaes passadas. Somos 100% capazes quando usamos toda nossa vontade em parceria com toda a nossa capacidade para atingir um objetivo. As tcnicas deste livro provam que a excepcionalidade possvel para todos, mesmo para os superdotados psiquicamente, aliengenas em sua prpria terra, que so capazes de lembrar de uma quantidade enorme de dados mas, estranhamente, esquecem at o nmero do prprio telefone. Atravs delas, podemos aprender o que desejamos aprender, sem fazer sacrifcios mentais desnecessrios nem esforos culturais olmpicos. Evidentemente, a mudana de conceitos exige dedicao, pois nenhuma mgica produz por ns o que nossa prpria responsabilidade. Mas a diferena enorme! necessrio pensar diferente, mesmo que para isto tenhamos de buscar nas origens das civilizaes as causas para os estupendos poderes dos homens que, partindo de quase nada, legaram aos nossos dias as bases da grandeza atual. Por exemplo, como os antigos puderam escrever suas obras-primas baseados somente na memria, sem ter registros escritos e muito menos o computador? Ser que perdemos essa qualidade? No, claro que no! Hoje sou capaz de memorizar 800 algarismos ou mais, porm sou to normal como qualquer outra pessoa, s me sinto especial pelo que realizo, e provo que outros so capazes de fazer o mesmo e at muito mais. Acredito nisto e tenho a alegria de saber que a maioria dos que participaram dos meus cursos e palestras passaram tambm a acreditar mais em si mesmos e em seus poderes latentes Neste livro, voc encontrar as orientaes que serviro para despertar suas valiosas idias, assim como o motivaro suas realizaes mais importantes. Tudo ser apresentado de maneira to simples que, a princpio, poder no parecer til, mas com uma pequena experimentao, a expresso verbal Parece mgica! saltar automaticamente, vinda dos recnditos entusiasmados da mente. Espero, finalmente, que os benefcios destas tcnicas sejam realmente vivenciados e que o valor deste livro no seja apenas o deixado na livraria. Carlos H. B. Gomes

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PRIMEIRA PARTEO ABC DA MEMORIZAO

Roteiro Bsico para o Sucesso

1 VALORIZANDO A TOLICEUm dos grandes males do aprendizado convencional tratar as coisas mais simples com excesso de seriedade, tornando-as complexas, intelectualmente distantes e praticamente inacessveis maioria dos pobres mortais. Na verdade, o mundo em que vivemos j por demais estafante para continuarmos complicando o que deve ser simplificado, no entanto, o que podemos fazer diante do imenso poder dos doutos pedagogos? Os escritores modernos tentam de vrias maneiras inventar mtodos de ensino que facilitem o aprendizado, porm falham por no levarem em considerao a linguagem primitiva, original, do ser humano: a comunicao psicolgica e natural das imagens mentais. Foi pensando nesta questo que decidi encontrar uma maneira para aliviar nossas pobres almas da escravido dos espectros tenebrosos das letras, chegando ao seguinte raciocnio: Se os nossos estudantes aprendessem a transmutar as chamadas informaes srias em condies divertidas, relacionando-as com fatos e aspectos conhecidos, o aprendizado far-se-ia de maneira mais agradvel. Descobri, algum tempo depois de ter chegado a esta concluso, que o grande filsofo Ren Descartes, em seu livro Regras para a Direo do Esprito, teve, nos idos de 1620, um pensamento semelhante: REGRA IX -- preciso dirigir toda a acuidade do esprito para as coisas menos importantes e mais fceis, e nelas nos determos tempo suficiente, at nos habituarmos a ver a verdade por intuio, de uma maneira distinta e clara.

Em seus comentrios, ele esclarece esta Regra da seguinte maneira: , pois, no que h de mais fcil que devemos exercitar-nos, mas com mtodo, a fim de que, por vias abertas e conhecidas, nos acostumemos, como quem brinca, a penetrar sempre at ntima verdade das coisas: por este meio, com efeito, ser em seguida, pouco a pouco, e num tempo mais curto do que ousaramos esperar, que tambm teremos conscincia de poder, com igual facilidade, deduzir de princpios evidentes vrias proposies que parecem muito difceis e complicadas. Com o aval de to eminente autoridade, encho-me de coragem para expressar categoricamente as afirmaes surgidas de minhas experincias, mesmo que elas no tenham relacionamento direto com o processo cartesiano, conforme as concluses dos entendidos em Descartes. Para ser sincero, acho que Descartes no foi to cartesiano como muitos desejam que acreditemos... Continuando com minha defesa da simplicidade, afirmo que se as instituies educacionais ensinassem aos alunos a valorizao de determinados aspectos do conhecimento e do relacionamento humano, considerados como tolices, o ensino perderia a sua condio insossa e chata e teramos um nmero bastante elevado de pessoas altamente capacitadas profissionalmente. Porm, infelizmente, a maioria de nossas escolas no ensinam como aprender, fundamentando o ensino na mera repetio conceitual e no acmulo de informaes, sem levar em conta a maneira de como registr-las na memria. Como professor rebelde, acredito ser minha obrigao ensinar aos interessados como brincar com as coisas srias sem, no entanto, faltar-lhes com o devido respeito. Somente assim, a aridez do aprendizado vai para o belelu e a capacidade de assimilao de quem ler este livro ficar nos anais da histria da humanidade sofredora, como uma brilhante ddiva da santificada memorizao dinmica. Agora, comece a dar o primeiro passo. Em seguida, d o segundo, depois o terceiro,... Mas, por So Cipriano da Capa Preta, no queira ir com muita avidez ao pote, mesmo que a sede seja muito grande. Tenha pacincia e assimile paulatinamente os conceitos que apresentarei a partir de agora.

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Vamos l, devagar e sempre!

PRIMEIRO PASSO - NO PERDER TEMPONo perca tempo tentando aprender rapidamente todas as tcnicas ensinadas neste livro. Decida-se antecipadamente em que vai utiliz-las e, aps aprender o b-a-b da memorizao (I Parte - Cap. 1 a 5), escolha as que sirvam ao seu objetivo e que possam ser inspiradoras para as suas idias. No aconselhvel, por exemplo, procurar aprender as demonstraes da terceira parte, quando voc necessita aprender como memorizar textos; aprender a memorizar nmeros quando o seu objetivo imediato memorizar idiomas. claro que voc pode fazer uma leitura relaxada de todo o livro, como simples curiosidade, para depois estudar as partes que sejam do seu real interesse. Bem, o tempo seu, cabe a voc administr-lo sabiamente ou desperdi-lo inconseqentemente. Entretanto, se voc desejar ser um profissional nesta rea, um artista memorizador ou meu concorrente como escritor, estude dedicadamente todas as tcnicas, inclusive as que esto na segunda e terceira partes desta monumental obra, e invente outras melhores. Acredito que isto ser possvel, especialmente se voc tiver tendncia meditao profunda e transcendental e conseguir entrar em contato espiritual com os antigos mestres vedantinos ou com seres aliengenas. Em todo o caso, e por no sabermos com certeza o que pode acontecer no futuro, candidato-me a ser um dos primeiros a receber as novas revelaes csmicas. Escreva-me, por favor!

SEGUNDO PASSO - TER INTERESSEO principal segredo para voc conseguir uma memria prodigiosa interessarse pelo que deseja memorizar. Este um segredo conhecido desde os tempos imemoriais, onde at o Brucutu j comentava sobre ele na roda da malandragem paleozica, especialmente quando fazia comentrios sobre os belos olhos azuis da garota que morava no Gruto, prximo caverna do Barney. Reconhecidamente, ele sabia como despertar o interesse em seus pr-histricos amigos! Ora, ento como que existem, nestes tempos modernos, pessoas que reclamam de ter uma pssima memria? Ser que no mais existem coisas interessantes? Ou ser que elas no atentaram para este segredo to bvio?

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Sem interesse, voc no aprende nem aqueles versinhos do jardim da infncia! Quer tentar? Leia-os! Os olhos servem para ver. A cabea para pensar. A boca para comer. O corao para amar. Eu s sirvo pr brincar, Minha maninha tambm, Papai para me agradar, Mame para me querer bem! No perguntarei se voc memorizou estas duas estrofes bobas, pois tenho medo de sua reao. Afinal, nunca se sabe... A conseqncia natural do interesse a concentrao da ateno no objeto observado, seja idia, pessoa, coisa ou smbolo. verdade que existem aqueles que, ao se interessarem por algo, ficam abobalhados, passivos, sem partir para explorar totalmente aquilo que lhes chamou a ateno. Talvez tenha sido isto o que aconteceu com o cara que concentrou-se apenas nos olhos azuis da garota prhistrica! Evidentemente, a ateno foi chamada, mas desmaiou em seguida! Voc tambm faz parte deste grupo? Portanto, o interesse deve ser global, inteiro. A vontade de aprender e a motivao para continuar aprendendo so fatores individuais que tambm esto relacionados com o interesse, por isto dependem exclusivamente de cada pessoa, de suas aspiraes.

TERCEIRO PASSO - A COMPREENSOQuem na vida no ficou voando ao ler um texto especializado ou ao ouvir um daqueles oradores enciclopdicos? Quantas vezes voc no pensou: No estou entendendo nada!. Voc est lembrado daquele seu colega de escola que os seus 14

amigos chamavam-no de burro, de tapado? Ser que ele merecia realmente esses adjetivos? Em minha humilde e sbia opinio, a falta de compreenso uma condio conseqente de diversos fatores, especialmente da carncia de uma preparao bsica que proporcione um conjunto de idias que sirvam para ser comparadas e associadas a outras, facilitando, assim, o aprendizado de novas informaes. verdade que uma pessoa cansada ou doente tambm tem dificuldade de compreender, porm, o problema mais comum, repito, a falta de conhecimento bsico sobre um assunto novo, muitas vezes por causa de nossa ignorncia quanto ao significado de algumas palavras da mensagem transmitida. Ento, o que devemos fazer para compreender melhor um conhecimento novo? Resposta inteligente: Compre um bom dicionrio (ou pea-o emprestado a algum amigo que deseje continuar medocre) e faa bom uso das palavrinhas estranhas que esto espremidas entre as suas pginas. Lembre-se de que as palavras so smbolos que representam idias. Portanto, ningum pode compreender bem a idia de outrem se no conhece os significados das palavras que a representam. Afinal, a cultura exige! Assim, este importantssimo passo quer dizer o seguinte: Memorizamos melhor o que compreendemos, pois as informaes com sentido claro e significado lgico para a gloriosa mente humana, so mais fortemente impressas em nossa memria. Em outras palavras, d significado ao que no tem sentido para a sua burilada educao, mesmo que esse significado tenha sentido somente para voc. (Leia isto de novo!) Conheci um cidado que, ao assistir a uma culta palestra sobre Paleontologia, disse que achou interessante existir um perodo do passado chamado p miando (permiano). Quem sabe se no foi por causa de uma pedra que caiu no p do Fred Flintstone! Bem, aquele cidado compreendeu a informao sua maneira.

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Podemos deduzir, ento, que a compreenso uma arte que deve ser sempre cultivada, pois ela representa a razo de qualquer sucesso na vida profissional ou familiar. Portanto, afirmo com convico que devemos compreender razoavelmente bem pelo menos os assuntos relacionados com a rea em que atuamos e da qual tiramos o nosso sustento dirio.

QUARTO PASSO - SOLTE A IMAGINAOA imaginao um dos instrumentos mais importantes para a criatividade e para o desenvolvimento. Sem a imaginao criadora, o que seria do ser humano? Ela a grande geradora das idias revolucionrias e construtivas (e tambm das medocres e das destrutivas). E, como sabemos, uma boa idia tem valor inestimvel! Graas imaginao, muito do que foi considerado fantasia, fico, hoje realidade. Homens que ousaram desafiar os paradigmas institucionalizados e que tiveram vises livres e futuristas, fizeram dos seus sonhos o alicerce de suas realizaes. Um bom exemplo foi Jlio Verne, escritor francs (1828-1905), que escreveu Cinco semanas em um balo (1862), Viagem ao centro da Terra (1864), Da Terra Lua (1865), Vinte mil lguas submarinas (1869), Os ingleses no plo norte (1870), A volta ao mundo em oitenta dias (1872), Miguel Strogof (1876), Um capito de 15 anos (1878). Sua capacidade imaginativa predisse muitas invenes do sculo XX, como a televiso (foto-telefoto) antes da inveno do rdio, o helicptero antes da inveno do avio, o dirigvel areo antes do Zeppelin, o cinema falado, a vitrola, o gravador, a iluminao a non, as calada rolantes, o diamante sinttico, o ar condicionado, os arranha-cus, os msseis teleguiados, os tanques de guerra, os submarinos com propulso eltrica, os telescpios gigantescos, os veculos anfbios, os grandes transatlnticos, o avio, a caa submarina, o aqualung, o aproveitamento da luz e da gua do mar para produzir energia, o uso dos gases como arma de guerra, o fuzil eltrico, silencioso, o explosivo definitivo, capaz de destruir o mundo. (Informaes baseadas na Enciclopdia Britnica, volume 15, pginas 372 e 373). A imaginao possibilita ao ser humano formar uma imagem mental indita, um smbolo visualizvel, a partir de algum elemento ou condio existente na memria. Isto funciona tanto para os grandes inventores como para algum que insiste em contar uma mentira.

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justamente por causa da imaginao que considero a memorizao a arte de valorizar a tolice. Os recentes estudos cientficos do crebro humano comprovaram que cada hemisfrio cerebral tem funes especficas. O esquerdo considerado como o que determina a comunicao lingstica, a racionalidade e a lgica (analtico), o direito considerado como intuitivo, artstico, musical (sinttico). Este parece ter mais habilidade em lidar com as formas, com as imagens, reconhecendo-as e reproduzindo-as. Porm, a nossa educao ocidental induz a valorizao do raciocnio lgico e do pensamento analtico, quando o ideal a harmonia entre as funes dos dois hemisfrios. Provavelmente, os orientais, chineses e japoneses, tenham o lado direito do crebro mais ativado do que a grande maioria dos ocidentais, exatamente por utilizarem as imagens como fatores de aprendizado e comunicao, como os caracteres kanji. exatamente essa condio de harmonia que espero sugerir nas pginas deste livro, a fim de que, neste sculo de grandes realizaes, possamos reaprender a linguagem dos nossos ancestrais genticos e espirituais, dentro de uma abordagem moderna de aprendizado. Um dos valiosos instrumentos que encontrei para realizar esse intento, foi a ttica de ludibriar o todo-poderoso lado esquerdo do crebro sempre analtico, crtico e dominador com imagens mentais efetivas, que representem as idias, de maneira clara, e que possam ser traduzidas logicamente, atravs da escrita e da expresso verbal. Numa situao paradoxal ou estranha, como uma vela acesa debaixo dgua, uma vassoura danando sozinha, sua caneta levitando, uma briga entre duas cadeiras, uma lamparina sem pavio, uma caixa que fala, um homem voando num monte de ferros, etc., a tolice pode ser extremamente valiosa se considerada como necessria para um objetivo definido, como numa associao de novas idias. O fato que o que tolo para alguns pode no ser para outros. Valorizar a tolice uma arte! Dar valor ao que genericamente considerado como valioso no exige nenhuma capacidade especial nem esforo concentrado, cmodo demais. Qualquer tolo capaz de fazer esse tipo de valorizao! As tcnicas de memorizao utilizam esse maravilhoso instrumento, que a imaginao consciente e dirigida, para realizar feitos surpreendentes. L adiante voc entender melhor o que estou afirmando.

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A imaginao possibilita encontrarmos realidades virtuais e naturais jamais esperadas. Ela promove o sucesso e a paz interior, assim como nos auxilia encontrar os meios para ampliarmos nossos momentos de felicidade. A imaginao , de fato, uma ddiva! Como disse Bernard Shaw: Voc v uma coisa que existe e pergunta: Por qu? Eu vejo uma coisa que no existe e pergunto: Por que no? Isto tambm faz com que eu pense nas palavras de J. Duane Freeman: Quer juntar-se a mim por alguns instantes de suave interldio, na terra viosa da imaginao? Nessa terra existe a libertao das inibies da vida diria. Ali podemos voar a alturas jamais atingidas. Podemos visualizar cenas que transcendem a descrio verbal. Podemos construir castelos sob os quais, em data posterior, lanaremos seus alicerces. Pense voc tambm!

EXERCCIO DE IMAGINAOPara exercitar a imaginao, dirigida para o nosso objetivo, invente alguns relacionamentos incomuns, ilgicos, tolos e at absurdos, com os pares de palavras da relao abaixo, vendo-os na tela da mente. Relaxe e d asas sua imaginao! No tema parecer ridculo, pois ningum precisar saber sobre o seu treinamento psquico. Lembre-se de que voc no est sozinho nisto, pois grandes vultos da histria fizeram exatamente o que voc pode estar temendo fazer neste momento. Retire a mscara da seriedade e brinque como criana! Cadeira Piolho Televiso Banheiro Polcia Caveira 18 gua Uma cadeira ficando viva e mergulhando na gua. Poeta Chuva rvore Lua Pensamento

Alegria Diabo Relva

Bola Amor Romance

Invente outros relacionamentos e divirta-se bastante com essas tolices! minha inteno obstinada chamar a sua ateno para a linguagem universal das imagens mentais, com a finalidade de afast-lo um pouco da escravido das palavras que, sem as imagens proporcionadas pelas idias, so apenas vulgares ditadoras. As imagens mentais so foras vivas em ns, mas as palavras so apenas instrumentos, rabiscos, iluses, zumbis das idias. Portanto, meu amigo, seja o senhor dessas danadas...

QUINTO PASSO - OS OLHOS DA MENTEAgora vamos falar sobre visualizao das imagens. Visualizar ver com a mente as imagens observadas pelos sentidos fsicos neste mundo de meu Deus e/ou as criadas pelo poder da imaginao. Pela observao atenciosa de um objeto ou pela anlise consciente de uma idia ou de um smbolo, podemos ver na tela de nossa mente, uma conseqente imagem vvida e marcante, criada por nossa imaginao. Na verdade, a imagem mental a nica linguagem universal, compreendida por qualquer pessoa em qualquer latitude da Terra. Para que aprendamos a visualizar adequadamente, necessitamos cultivar o hbito de prestar ateno ao que vemos, sentimos ou imaginamos. A visualizao deve ser uma condio ativa, consciente, a fim de que ela possa ser utilizada como instrumento para a memorizao, em qualquer lugar e em qualquer momento.

SEXTO PASSO - A CONCENTRAO19

A concentrao a capacidade de fixar sua ateno na imagem mental visualizada durante o tempo suficiente para torn-la importante para voc. O inverso verdadeiro: quanto mais importante uma coisa for para ns, mais fcil ser a nossa concentrao sobre ela. Eis o problema: como tornar importante uma coisa que no nos interessa? Soluo: ou manda a coisa para o inferno ou usa a imaginao para torn-la celestial! Concluso: o problema seu! Eu disse, ali atrs, que a concentrao a capacidade de fixar sua ateno na imagem mental visualizada durante o tempo suficiente para torn-la importante para voc. Isto verdade! Porm observe que o tempo de concentrao deve ser apenas o suficiente para visualizar e compreender a imagem mental, pois a nossa mente incrivelmente poderosa e, conseqentemente, capaz de registrar com a velocidade da luz uma idia completa. Isto , assim que a imagem passa a ter sentido para a mente, atravs da visualizao e concentrao instantnea, imediatamente o dispositivo de memorizao ligado e a imagem fica mais presa do que corao de velho apaixonado.

STIMO PASSO - AS ASSOCIAESVoc deve ter ouvido inmeras vezes a potica e verdadeira frase uma coisa puxa outra sem, no entanto, desconfiar que nessa expresso da sabedoria milenar encontra-se a chave secreta de todo o aprendizado. A este respeito, William James, o Pai da Psicologia americana, escreveu seriamente: Quanto mais um fato se associa a outros na mente, melhor a memria o retm. O segredo de uma boa memria , assim, fazer associaes diversas e mltiplas com todo o fato que desejamos reter... Como vemos, estas belas palavras simplesmente significam: Uma coisa puxa a outra!. Se estou com fome, penso em comida; se estou com frio, penso em agasalho; o rato lembra o gato; a dvida lembra o credor; uma coisa lembra outra e outra, e mais outra, que lembra outra ou outras. A outra pode lembrar aquela 20

anterior e esta pode lembrar uma outra. E assim por diante! Eu sempre puxo a mesma cadeira, no mesmo lugar, todos os dias, quando vou almoar. Portanto, uma coisa puxa outra! Na minha abalizada opinio, associao indica organizao. Dizendo diferente: no pode haver associao sem organizao e no pode haver organizao sem associao. As duas andam juntas, como o p e o tornozelo. Sempre existe alguma conexo, mesmo que ela no parea evidente. Observe a figura seguinte para entender o que estou afirmando:

Descobriu o que o cidado a em cima est fazendo? Muito bem! Agora, veja a relao abaixo e descubra quais as conexes existentes, com o que esto associadas, observando como foi organizada e como fcil de ser memorizada. Asa Bbado Cesta Deus Elefante Feira Jia Karat Leite Mesa Negro leo Sino Teia Uva Vespa WC Xixi

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Gelo Hotel Igreja Descobriu?

Peneira Queijo Rei

Yoga Zebra -------

Claro! Ela est organizada em ordem alfabtica. Ou melhor, cada palavra est associada a uma letra do alfabeto, na sua devida seqncia. Se necessrio, crie umas estorinhas com a seqncia dessas palavras. Mais ou menos assim: 1. Voc pe um par de asas num bbado e o esconde sob uma cesta para escond-lo de Deus, que est sobre um elefante no meio da feira. Ento, como se no tivesse feito nada, compra uma barra de gelo na feira e leva-a para um hotel, depois voc segue para a igreja para pedir perdo, e l voc encontra uma jia enorme que lhe ataca. Voc defende-se com golpes de karat. 2. Voc pega leite na mesa e entrega a um negro que est tomando leo. 3. Voc pega uma peneira, enche de queijos e entrega para o rei. Este, para comemorar a sua bondade, manda tocar um sino antigo, que est cheio de teias de aranha. 4. Voc oferece uma uva a uma vespa. Esta fica agoniada e entra no WC para fazer xixi. 5. Voc pratica yoga nas costas de uma zebra. Para treinar a concentrao, procure memorizar a relao acima, visualizando as imagens sugeridas pelas palavras. Depois, tente repetir todas elas na mesma ordem, de A a Z. Garanto que este passatempo servir para ajud-lo no futuro. Veja agora a outra tabela: 1 - Anum (pssaro preto) 3 - Pedrs (uma galinha) 5 - Brinco 22 2 - Arroz 4 - Prato 6 - Chins (bom em kung-fu)

7 - Canivete 9 - Automvel 11 - Bronze E agora? Fcil, no mesmo?

8 - Biscoito 10 - Pastis 12 - Pose

Esta organizao foi feita por semelhana sonora com os nmeros de 1 a 12: UmAnum, Dois-Arroz, etc. Para no perder a brincadeira, memorize tambm esta relao. No tenha medo de memorizar muitas coisas, pensando que vai encher a memria, pois a danada to poderosa, alm de misteriosa, que sabe como colecionar tudo direitinho, de forma microreduzida, sendo impossvel para voc ench-la durante os prximos seiscentos anos de aprendizado constante. Est comprovado que quanto mais voc us-la mais espao voc ter para novos registros. Eu no disse que ela mesmo misteriosa! Conhecendo a existncia dessa chave secreta, que a associao de idias, palavras, fatos e smbolos, podemos utiliz-la conscientemente para abrirmos a memria, a fim de guardarmos o que realmente desejarmos, conforme as nossas reais necessidades. Logo, logo, veremos isto! Neste sistema de memorizao, as associaes mentais das imagens visualizadas podem parecer tolas (e a maioria so realmente tolas), porm so muito eficientes para a recordao. Elas fazem com que a tolice seja maravilhosamente valorizada. Assim, sugiro no subestimar as besteiras que sero ditas neste fantstico livro. Voc pode no se revelar como um excelente memorizador, mas garanto que ficar menos tenso e, conseqentemente, mais alegre, o que j facilita o aprendizado.

OITAVO PASSO - REPETIES CORRETASDepois de fazermos as associaes mentais de forma consciente, devemos repetilas algumas vezes, de forma cientificamente espaadas, para que elas possam, 23

definitivamente, fazer parte do imenso depsito de informaes da nossa memria. Esse depsito que, por algum desgnio estranho, nunca enche, est, na maioria das vezes, completamente desorganizado, dificultando a recuperao do que foi guardado. As associaes mentais, devidamente repetidas, se estabelecem devidamente nos compartimentos da memria, de forma organizada e limpa, como referncias que facilitam a busca do que desejamos, no momento em que precisarmos. Com todo o respeito aos queridos papagaios, a repetio a que me refiro no como a conversa de comadres fofoqueiras, sem descanso, mas espaadas adequadamente, para que a mente tenha tempo de organizar as informaes e idias nos momentos silenciosos. Para concluir, j que voc deve estar cansado de dar tantos passos para a frente, volte ao primeiro, relendo tudo, enquanto eu irei esper-lo pacientemente no prximo captulo, dando umas boas gargalhadas por causa da sua agonia de principiante. At l!

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2 UM LEGADO MILENAROs ensinamentos dos antigos mestres hindus eram transmitidos verbalmente aos seus discpulos e suas obras monumentais foram escritas tendo a memria como nica fonte de informaes. Os grandes oradores romanos, como Ccero, no utilizavam papis para transmitirem as suas idias. As teses e conceitos filosficos dos sbios gregos eram discutidos oralmente e somente depois compilados. Plato escreveu os ensinamentos de Scrates com uma clareza impressionante, porm, este nunca escreveu uma linha sobre suas idias. O mesmo aconteceu com os evangelistas que escreveram, depois de muito tempo, sobre a vida e mensagens de Jesus, o Cristo. O que aconteceu com a memria dos homens e mulheres da atualidade? Ser que somos mentalmente menos evoludos? Ou ser que tivemos os padres naturais de aprendizado totalmente modificados, artificializados? Na verdade, perdemos a harmonia com os fatores que a Natureza organizou durante milhes de anos e aprendemos a privilegiar mais o lado analtico do crebro humano em detrimento do holstico, ao invs de continuarmos trabalhando com ambos, como faziam os nossos antepassados. possvel que tenha sido por causa dessa condio que eles construram a Grande Pirmide, os Jardins Suspensos da Babilnia, o Colosso de Rodes, etc. Obviamente, no somos menos evoludos do que os nossos irmos do passado, porm, simplesmente deixamos de agir com naturalidade, no que diz respeito s potencialidades humanas. Hoje, podemos fazer a mesma coisa que os antigos fizeram e muito mais (como temos feito), mas nos falta disciplina para superar nossas limitaes psicolgicas e mentais, impostas por pedagogos medievais que preconizavam o sofrimento como meio de purificao e seleo dos eleitos. O grande legado do passado, relacionado com o aprendizado, a orientao de que a sabedoria pode ser adquirida atravs da alegria, do relaxamento, que pro-

porcionam interesse e facilitam a harmonia associativa entre as imagens e a expresso verbal e escrita. justamente a base desse legado que passo a transmitir de maneira simples e aparentemente boba.

SISTEMA X - YCaro leitor, no se assombre com o que eu denomino de Sistema X - Y, pensando que ensinarei tcnicas baseadas em frmulas matemticas ou em equaes exponenciais. Neste captulo, o X e o Y servem apenas para simplificar o que j simples e, ao mesmo tempo, dar um ar de autoridade ao comum, para que o autor no seja considerado muito medocre pelos impiedosos e pouco criativos crticos literrios, excelentes em ver e parcos em realizar. O X indica o que voc j tem devidamente organizado na memria, como o arquivo de um bom computador, com os fichrios preparados para receberem novas informaes. O X representa as informaes que voc j conhece e sabe como localiz-las na memria. Por exemplo: a calada e a sala de sua casa; a cama e o guarda-roupas; o fogo e a pia, etc. o X que forma a base do aprendizado! O Y representa as informaes novas, que devero ser registradas nas fichas do seu arquivo mental, atravs daqueles passos que voc viu no primeiro captulo. O Y o que voc deseja aprender e memorizar, para que depois seja transformado em X e receber novos Y. Entendeu? tudo muito fcil! Portanto, no procure complicar! Para os fins da memorizao dinmica e consciente, inicialmente voc deve preparar um arquivo X especial, pela observao de algo que lhe seja bastante familiar, como o ambiente onde voc reside. um exerccio bastante interessante que, de certa forma, forar a sua mente a organizar, conscientemente, os dados existentes na memria, desenvolvendo a sua habilidade de concentrao. A nica condio que pode atrapalhar esse passeio agradvel ser a chuva, no lado de fora, ou a senhora preguia. Neste caso, voc seria um daqueles que compram um livro esperando que nele estejam escritas algumas palavras mgicas, para serem pronunciadas numa noite de lua cheia, com uma invocao aos poderes esotricos dos Mestres tibetanos, que transformaro completamente suas vidas num estalar 26

de dedos. Infelizmente, no sei o que fazer para ajudar os buscadores esotricos, pois fui reprovado no curso de magia oculta! Existem tambm os que lem sobre tudo para demonstrar cultura, mas que so pouco prticos. Eles tm teorias suficientes para resolver o problema mundial da fome, para transformar uma nao de terceiro mundo em um Shangri-l, em acabar definitivamente com o analfabetismo, etc., etc., etc., mas se enrolam at para trocar uma lmpada de lanterna ou um pneu furado. Porm, no acredito que este seja o seu caso, seno no estaria lendo este livro! E se for, chegou o momento de mudar completamente de atitude mental! Alm do valor que voc pagou por este livro, o que voc aprender aqui tem o seu preo, que representado por seu esforo e por sua dedicao pessoal. Mas este no um problema com o qual eu tenha que me preocupar, cabendo a voc optar pelo que lhe for mais conveniente. Agora, acompanhe o meu magnfico raciocnio e descubra a existncia de possibilidades inestimveis para o despertar harmonioso e natural do latente e excepcional poder de sua memria sofredora.

1. ORGANIZAO DO ARQUIVO XEste mtodo to antigo quanto a posio de ficar de ccoras, porm, de maneira sbia, eu estou atualizando a sua praticidade. Respeite-o, portanto! a) Faa um passeio por sua residncia, desde a calada at o quintal, e observe atentamente tudo o que nela existe, especialmente algumas localizaes que possam ser consideradas fixas, mesmo que possam ser movidas. b) Depois de observar todas as localizaes, ao vivo e a cores, sente-se confortavelmente, cante a sua cano favorita, relaxe, feche os olhos e faa um passeio mental por todos os lugares por onde passou fisicamente. Encontrando alguma dificuldade em lembrar-se de todas as partes observadas (isto normal na primeira vez), levante-se e repita o passeio, reforando a observao. Afinal, bom conhecer tudo o que lhe pertence, no mesmo? Estou considerando uma residncia e no o palcio da rainha da Inglaterra.

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c) Acreditando que voc j conhece toda a sua residncia, sugiro fazer o seguinte: comeando pela parte externa da casa, numere as localizaes de 01 a 09, seguindo sempre o sentido dos ponteiros do relgio. Por exemplo: a calada (01) o poste (02) a rvore da rua (03) o muro (04) o porto (05) o medidor de gua (06) a torneira do jardim (07) a roseira (08) e a porta de entrada (09). Escolha as localizaes mais importantes e conserve-as na mente, seguindo-as mentalmente na seqncia exata. Se desejar, considere a rua como o ponto zero (00). Estas localizaes sero, daqui para frente, as fichas do seu arquivo mental. Em seguida, entre em casa e, sempre obedecendo o sentido dos ponteiros do relgio, numere as localizaes do primeiro ambiente interno de 10 a 19. Por exemplo: o sof que est no lado esquerdo de quem entra (10) o belo quadro da parede (11) a janela (12) o outro sof (13) o retrato do seu av (14) a velha radiola (15) a poltrona (16) o tapete (17) a mesa de centro (18) e o lustre (19). Lembre-se de que estou apresentando apenas exemplos, pois no tenho o poder de adivinhar como so as casas dos leitores e o que nelas existem. d) Aps ter memorizado os dois ambientes anteriores, continue numerando os ambientes restantes, seguindo a seguinte ordem: de 20 a 29, de 30 a 39, de 40 a 49, de 50 a 59, de 60 a 69, de 70 a 79, de 80 a 89, e de 90 a 100. 28

e) Se a sua residncia for pequena para numerar as cem localizaes, complemente com o seu local de trabalho, a casa da mame ou a escola. Se voc j desenvolveu a sua capacidade de imaginar, pode acrescentar mentalmente, para completar as suas localizaes, os objetos que faltam sua residncia, como aquele tapete persa, aquele som incrementado, aquele Ferrari, etc., contanto que permaneam sempre, daqui para frente, nos mesmos lugares.

2. INFORMAES YAgora, apresentarei o Y, que, neste exemplo, uma relao de palavras soltas sem um significado lgico entre elas. 01. Pssaro 02. Escova 03. Crtex 04. Livro 05. Luz 06. Cosmos 07. Cadeira 08. Tempo 09. Navio 10. Voar 11. ngela 12. Relgio 13. Ternura 14. Piada 15. Guitarra

A primeira coisa que voc tem a fazer verificar se existe alguma palavra que no tenha significado para a sua mente, que voc no compreenda e, conseqentemente, no possa criar uma imagem mental para visualiz-la conscientemente. Vou analis-las para voc, fazendo de conta que a sua cultura seja inferior minha. (Desculpe a ousadia!) Crtex e Cosmos so palavras pouco conhecidas, difceis de serem visualizadas. Procurando no dicionrio, lemos as seguintes definies: Crtex - camada superficial de diversos rgos. Cosmos - o universo. Muito bem, agora j sabemos o significado de cada uma dessas palavras, mas como lembrar da palavra crtex quando pensarmos na camada superficial de um rgo? Neste caso, utilizaremos um artifcio associativo: procuraremos na memria uma palavra conhecida que, de alguma forma, lembre aquela palavra e a ligaremos definio. Por exemplo: a palavra corte lembra crtex, por semelhana sonora. Ento, visualizamos um grande corte sobre a superfcie de um 29

rgo. Assim, toda vez que voc pensar em crtex, ver mentalmente a cena do corte e saber que a definio est memorizada. No fique preocupado, com medo de confundir as palavras, pois a sua memria revelar o nome correto, especialmente se voc fez a associao mental intencional e conscientemente. s vezes, nem necessrio que as palavras sejam muito semelhantes, basta, repito, visualiz-las de forma consciente. Ser que voc confundiria Marcelo com martelo ou Ins com chins? L adiante voltarei a falar deste assunto. Mas, para memorizar a relao acima no necessrio conhecer o significado de cada uma das palavras difceis e sim encontrar palavras ou condies que as substituam, formando imagens mentais. Daqui a pouquinho ensinarei como fazer isso. Encontrar um significado para as palavras muito importante para a memorizao de definies, conceitos e vocbulos e isto eu ensinarei depois, porm, mesmo que no compreendamos devidamente o sentido real de cada uma, devemos criar significados que nos ajudem a memoriz-las e ret-las pelo tempo que acharmos necessrio. Vamos continuar analisando as palavras da relao! Tempo uma palavra abstrata. Para memoriz-la, necessrio encontrar um smbolo lgico e de fcil visualizao que a represente. Exemplo: um relgio ou uma ampulheta (tempo). Ternura uma abstrao relacionada ao ser humano. inevitvel a presena de uma pessoa na imagem mental. Exemplos: uma me amamentando. Voar um verbo. Representa ao. importante que voc participe da ao, que o ato de voar. A imaginao desperta a emoo e esta d vida visualizao. Piada indica o relacionamento humano ativo/receptivo. Imaginar algum contando uma piada (ativo), enquanto voc ri (receptivo).

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ngela pode ser lembrada quando voc a relaciona com algum que voc conhece com esse nome. Voc tambm pode utilizar o artifcio da semelhana sonora: Anja (um anjo mulher?!!). Em memorizao, at uma tolice absurda como esta vlida, contanto que haja a inteno direcionada para a formao da imagem mental. Assim no confundiremos Ternura com Carinho, Voar com Vo, etc.

3. ASSOCIAES X - YAgora, ensinarei o que voc deve fazer para memorizar a relao Y, de forma divertida e fcil, muito fcil mesmo. A imagem de Y dever ser unida de X para formarem uma s imagem mental, que ser observada na tela da mente, da forma mais ntida possvel, durante alguns poucos segundos. Depois que visualizar a primeira associao, passe para a segunda, em seguida para a terceira, e assim por diante, sem se preocupar, de jeito nenhum, com as associaes j feitas anteriormente. Voc ver a memria abrir-se, como um arquivo lubrificado, to logo voc pense na localizao relacionada com a palavra que voc deseja lembrar (e vice-versa). Como voc j deve ter percebido, tudo o que ter que fazer juntar cada imagem representativa de Y a uma das localizaes de X, comeando pelo comeo, isto , comeando pela calada. Portanto, no deixe de seguir todas as orientaes que irei transmitir, seno Mnemsine, a deusa da memria, pode ficar zangada, fechar as portas do depsito e confundir a sua cabea. Acompanhe-me neste exerccio de valorizao tolice. relaxante e diminui as tenses provenientes das chamadas coisas srias do cotidiano. Utilizarei as localizaes hipotticas relacionadas anteriormente. Vamos l! a) Calada (01) - Pssaro

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Imagine um enorme pssaro pulando na sua calada. (Pode exagerar nos pulos e no tamanho o pssaro). Esta apenas uma sugesto. Se desejar, voc pode inventar as suas prprias associaes. O nmero 01 est a apenas como referncia. No necessrio memoriz-lo! b) Poste (02) - Escova Imagine-se escovando o poste ou, se preferir, imagine um poste vivo, com braos e mos, passando uma escova em seus fios. Como j dissemos, aqui tudo vlido, at fazer o que no deve ser feito. c) rvore (03) - Crtex Imagine um corte na rvore. (Corte a palavra de substituio que inventei para formar uma imagem mental que lembre a palavra estranha Crtex.) No esquea: Procure visualizar a imagem mental da associao da maneira mais ntida possvel, conservando-a na mente apenas o tempo suficiente para ter certeza de que ela foi formada, isto , pouqussimos segundos. Lembre-se de que a memria poderosa, ns que atrapalhamos a sua livre expresso com a nossa insegurana e desorganizao. Mas, deixemos de lengalenga e continuemos com as associaes!

d) Muro (04) - Livro Imagine um enorme livro servindo de muro. Se voc preferir, veja um livro sobre o muro. O importante escolher uma, somente uma imagem mental e visualiz-la adequadamente. Normalmente, a primeira que vem mente a melhor. e) Porto (05) - Luz

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Imagine uma luz bem forte no porto de sua casa. d) Medidor de gua (06) - Cosmos Imagine o medidor explodindo com a presso da gua e subindo em direo ao Cosmos. Veja a ao na tela da mente. e) Torneira do jardim (07) - Cadeira Imagine-se sentando sobre a torneira, fazendo dela uma cadeira. Na imaginao, podemos substituir as funes de quaisquer objetos. O importante fazer isto conscientemente, com a inteno dirigida para a associao. f) Roseira (08) - Tempo Imagine uma roseira repleta de relgios. Relgio o smbolo do tempo. Voc tambm pode imaginar-se contemplando a roseira e sentindo que o tempo no passa. Esta minha favorita, pois est relacionada com a idia do tempo, condio que podemos sentir perfeitamente em nossa conscincia. Sobre idias falaremos l na frente. g) Porta de entrada (09) - Navio Imagine um enorme navio passando pela porta de entrada de sua casa. h) Sof do lado esquerdo (10) - Voar Imagine o sof tentando voar. Observe mentalmente a sua localizao para no confundir com o outro sof. i) Quadro da parede (11) - ngela Imagine que a paisagem do quadro contm uma bela anja ou veja a ngela (sua amiga) no quadro. (Admire-se!) j) Janela (12) - Relgio

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Imagine um enorme relgio na janela. Epa! Ser que vai haver confuso com aquele relgio da roseira, que representava o tempo? No haver confuso se voc fizer as associaes conscientemente direcionadas, isto , pensando em relgio e no em tempo! k) Sof (13) - Ternura Imagine-se tratando o sof com muita ternura. Se lhe convier, imagine uma me muito terna com o filhinho no sof. O importante usar a imaginao de forma consciente. l) Retrato do seu av (14) - Piada Imagine-se contando uma piada para o seu av e ele dando uma gostosa gargalhada. m) A velha radiola (15) - Guitarra Imagine-se quebrando a velha radiola com uma guitarra. Violento, no mesmo? O que importa, neste caso, a ao mental. Isto ajuda memorizao. Acabamos de memorizar as quinze palavras da relao proposta. Agora, olhando para as localizaes correspondentes, que repetiremos a seguir, escreva cada palavra associada. X Y Calada Pssaro Poste rvore Muro Porto Medidor de gua Torneira do jardim Roseira X Porta de entrada Sof esquerdo Quadro Janela O outro sof Retrato do av Velha radiola Y

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Se, por acaso, errou alguma associao foi porque ela no foi feita conscientemente, com imagem mental sem concentrao. Volte mentalmente localizao e reforce a visualizao. Depois, tente lembrar-se de todas elas.

Preste a devida ateno! Eu no admito que uma pessoa inteligente como voc (afinal, voc est lendo este livro) no memorize uma relao tola como esta.

Lembre-se de que as localizaes acima so hipotticas. Verifique e relacione as localizaes do seu prprio ambiente e experimente memorizar a lista de 40 palavras, que relaciono abaixo. Mantenha a tranqilidade enquanto faz as associaes, acreditando que a memria necessita apenas de pequenos indcios para fazer os registros em seus computadores internos. Cuidado, pois isto vicia!

Ado p touca anel mamo

ano taa tev anjo mar

me dado tuba nuca mala

rio tina ona navio magia

leo time ndio nabo maca

Joo terra ninho ma Mfia

co telha inhame mato mapa

Eva tocha Nero mina rosa

Sugiro no passar para o prximo captulo antes de aprender bem o que ensinei neste. Pegue papel e lpis e prepare o seu arquivo X, conforme ensinei, pois ele ser a sua referncia moderna do antigo legado dos mestres do conhecimento. Vamos, tire o traseiro da cadeira e faa o seu passeio topogrfico!

Eu sou paciente. Ficarei esperando todo o tempo que for necessrio. Evidentemente, no desejo ficar jogado s traas! Demore, mas no exagere!

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3 CRIANDO IMAGENSOs ensinamentos deste captulo so fundamentais para o aprendizado de novas informaes ou de conhecimentos tcnicos, difceis de serem assimilados, pois eles so pontos referenciais para grande parte das tcnicas deste livro. Por isto, recomendo que voc faa um estudo de reconhecimento cuidadoso de tudo o que ensinarei a partir deste momento sem, no entanto, a preocupao em gravar tudo na memria. Quando voc estudar uma tcnica que necessite de alguns destes artifcios, ento poder voltar a este captulo e retirar dele o que lhe convier na ocasio. A primeira coisa a lembrar que no importa se um artifcio possa parecer tolo, absurdo ou ridculo, mas se ele realmente funciona quando aplicado intencional e conscientemente em conjunto com as outras tcnicas. Procurar um significado para algo difcil de ser compreendido sinal de inteligncia e de coerncia com o aprendizado, mesmo que esse significado no tenha sentido para qualquer outra pessoa. Voc mesmo deve desenvolver a capacidade de encontrar significados para as informaes que paream obscuras ou ilgicas, de acordo com os exemplos dados neste captulo.

SIMBOLISMOSimbolismo um sistema que utiliza imagens e sinais destinados representao de idias, conceitos, palavras ou fatos complexos, com a finalidade de facilitar a compreenso e a memorizao. Logicamente, o Simbolismo utiliza smbolos e estes podem ser considerados como imagens faladas, escritas, desenhadas, fotografadas e/ou gesticuladas, que podem deixar clara a inteno de quem as emitam. Um palavro um smbolo. Um gesto obsceno um smbolo (alguns

preferem chamar de sem-vergonhice). Aqui eu generalizo e chamo tudo de smbolo. A este respeito, o Dicionrio da Lngua Portuguesa esclarece da seguinte forma: Simbolismo - Prtica do emprego de smbolos como expresso de idia ou de fatos; interpretao por meio de smbolos. Smbolo - 1. Objeto material que serve para representar qualquer coisa imaterial: O leo o smbolo da coragem. 2. Divisa, emblema, figura, marca, sinal que representa qualquer coisa. 3. Imagem que representa e encerra a significao de tendncias inconscientes. 4. Representao do elemento qumico. Signo - 1. Astr. Cada uma das doze partes em que se divide o zodaco e cada uma das constelaes respectivas. 2. Lingist. Tudo aquilo que, sob certos aspectos e em alguma medida, substitui alguma coisa, representando-a para algum. Sinal - 1. Tudo o que possibilita conhecer, reconhecer, adivinhar ou prever alguma coisa. 2. Indcio, marca, vestgio. 3. Cicatriz. 4. Qualquer marca trazida do ventre materno. 5. Mancha na pele. 6. Demonstrao exterior do que se pensa, do que se quer; aceno, gesto. Voc nota como importante ter um dicionrio em casa? Compre um tambm, ou use o que voc j tem (rimou), pois ele vai servir muito na busca de significados. Como voc j deve ter entendido, o simbolismo abrange todas as reas do conhecimento humano, desde as coisas profanas s espirituais. Atravs do simbolismo, voc pode facilitar o aprendizado e a memorizao de informaes abstratas ou pouco conhecidas, difceis de serem visualizadas na sua condio original. Estou sendo repetitivo propositadamente, para que voc sinta a importncia deste assunto e no deixe de apreend-lo cuidadosamente. Simbolismo a arte de pensar com imagens em vez de palavras. O smbolo um mecanismo da compreenso.

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Pensar inclui o uso da emoo, memria, intuio e imaginao, alm dos cinco sentidos. O ingrediente bsico em todos esses processos de pensar a incluso de imagens. Os pensadores usam imagens para lembrar, criar ou receber novos discernimentos, para analisar, raciocinar, avaliar e observar. As palavras acima esto escritas no livro O Homem - Alfa e mega da Criao, publicado pela Ordem Rosacruz (AMORC). Elas tambm so coerentes com o que eu estou transmitindo. Ralph M. Lewis escreveu o seguinte: As idias nascem das coisas. A mente do homem procura atribuir um significado ou dar uma identidade a cada coisa que experimenta. Por associao, o smbolo continuamente nos recorda as outras idias. Estas citaes apoiam o smbolo como um meio de facilitar a memorizao de idias, porm no informam como cri-los conscientemente. Vou suprir esta carncia e orient-lo para a utilizao prtica dos smbolos nos processos de memorizao. Leia atentamente. a) As idias podem ser visualizadas pelas imagens que elas despertam em nossa mente, seja atravs de smbolos ou atravs das cenas relacionadas com fatos que j conhecemos. b) Os smbolos, quando compreendidos, so mais importantes do que as palavras usadas para descrev-los, pois sintetizam as idias com eles associadas. A simples imagem de um smbolo pode representar uma longa mensagem ou idia. Veja alguns exemplos interessantes: Smbolo: A Cruz sobre a Rocha 38

Idia: Permanncia da verdade crist e do conhecimento infinito, que resistem ao tempo e que as vicissitudes humanas no so capazes de mudar. Assim, estando consciente do significado do smbolo, podemos us-lo como meio de memorizao e lembrana da idia que ele sugere. Continuemos com mais exemplos: Smbolo: Um relgio (ou uma ampulheta) com asas. Idia: O tempo voa! Smbolo mstico: A pomba que desce Idia: A Conscincia Divina que penetra a mente do homem, com toda a sua pureza, para elev-lo a Deus. c) Os smbolos ajudam a substituio de noes difceis e complexas por outras mais fceis, como na semelhana sonora entre palavras, na analogia e nas contradies. interessante lembrar que os antigos gregos personificavam os ideais com imagens de deuses e semideuses (esttuas e pinturas), para servirem de smbolos associativos, mais fceis de serem lembrados. Eis alguns dos mais famosos: Zeus - o soberano dos deuses e dos homens; protetor da justia, da hospitalidade e do governo. Hermes - deus mensageiro, protetor dos oradores e dos comerciantes. Atena - deusa das artes, das cincias, da razo e da sabedoria. Afrodite - deusa da beleza, do amor. Mnemsine - deusa da memria. Hades - deus do mundo subterrneo ou dos infernos. Dionsio - deus do vinho. Apolo - deus do sol 39

Ares - deus da guerra Demter - deusa da terra Hstia - deusa do fogo sagrado Possidon - deus dos mares Como podemos ver, possvel encontrarmos significados para conceitos abstratos, idias estranhas, palavras desconhecidas e para quase tudo considerado difcil de ser visualizado. Veja mais alguns exemplos: Um Mapa lembra Geografia O Grito da Independncia lembra Histria (para os brasileiros) A Queda da Bastilha lembra Histria (para os franceses) Crebro lembra Pensamento (se a inteno for esta) Uma Pea de Pano lembra Indstria Txtil (apesar de ser melhor visualizar a prpria indstria de tecidos) Uma Calculadora lembra Matemtica ( melhor imaginar-se fazendo clculos) Mscara pode lembrar Mascarenhas O acrnimo VAAVAAV pode lembrar as cores do Arco-ris: (Vermelho, Alaranjado, Amarelo, Verde, Azul, Anil e Violeta) Voc pode inventar um smbolo para dar significado a qualquer palavra ou conceito que no tenha sentido para a sua mente, a fim de criar uma imagem que possa ser visualizada, com a inteno de associ-la a algum conhecimento devidamente estruturado em sua memria. Porm, o ideal compreender bem o significado real de cada palavra ou conceito desconhecido, atravs da consulta a um bom dicionrio, a uma enciclopdia ou a um livro especializado.

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COMPREENDER A PALAVRA-CHAVE!Compreenso! Quantas vezes no ouvimos e pronunciamos esta bela palavra! Quantas vezes ela no foi utilizada na histria dos homens! Porm, quem a compreende realmente? (Eu hoje despertei a minha veia potica e filosfica!) Tenho afirmado, com muita veemncia, que visualizamos melhor e memorizamos com facilidade o que compreendemos. Isto lgico! No basta somente utilizarmos artifcios e tcnicas de memorizao, necessrio compreendermos o que vemos, ouvimos e estudamos. No sinal de sabedoria repetir informaes mecanicamente, afinal, os papagaios j fazem isto com perfeio! claro que existem coisas que no podem ser compreendidas facilmente ou no despertam uma imagem vvida em nossa mente, necessitando de artifcios para serem lembradas. As letras do alfabeto, os algarismos e os cdigos, alm de textos tcnicos e especializados, so apenas alguns desses exemplos. Por esta razo, muito importante utilizarmos artifcios para faz-los tangveis, visualizveis, como a palavra inglesa flour (significa farinha, em portugus), que pode ser substituda pela palavra flor, a fim de ser associada farinha numa s imagem mental. A palavra castelhana sombrero (que significa chapu) pode ser lembrada por uma sombra. E assim por diante. A seguir, apresentarei tabelas com alguns desses artifcios, para que sirvam de referncias no futuro. Esta voc j conhece: A - Asa B - Bbado C - Cesta D - Deus E - Elefante I - Jia K - Karat L - Leite M - Mesa N - Negro S - Sino T - Teia U - Uva V - Vespa W - WC

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F - Feira G - Gelo H - Hotel I - Igreja Esta voc tambm conhece:

O - leo P - Peneira Q - Queijo R - Rei

X - Xixi Y - Yoga Z - Zebra -------

1 - Anum (pssaro preto) 2 - Arroz 3 - Pedrs (uma galinha) 4 - Prato 5 - Brinco 6 - Chins (bom em kung-fu)

7 - Canivete 8 - Biscoito 9 - Automvel 10 - Pastis 11 - Bronze 12 - Pose

Agora, uma tabela famosa. Por enquanto, no se preocupe em memoriz-la, apenas observe-a atentamente. L na frente voltaremos a consider-la. Tabela dos Sons Consonantais para a memorizao de nmeros de muitos algarismos: 1 T-D 6 J (ji) - X - G brando (ji) - CH 2 N 7 K - C gutural - G gutural - Q 3 M 8 F-V 4 R - RR 9 P-B 5 L 0 Z - S - C brando (s) - As vogais e as letras H, Y e o W (quando este tiver som de U, como na palavra Wilson), no tm valores numricos. Apenas como exemplo da utilizao desta tabela, vamos transformar o nmero: 7851951400241217391146514274018 em palavras fceis de serem visualizadas. Porm, repetimos, no se preocupe ainda em aprender a usar esta tcnica, pois adiante transmitiremos tudo certinho para voc. Por enquanto, isto somente informao. 42

Por favor, no me desobedea! Apenas siga o meu raciocnio! O nmero: 7 8 5 1 9 5 1 4 0 0 2 4 1 2 1 7 3 9 1 1 4 6 5 1 4 2 7 4 0 1 8 , com 31 algarismos, pode ser transformado nas seguintes palavras tangveis: Cavalo de pau (78519) - Ladeira (514) - Sozinho (002) - Rodando (4121) - Computador (739114) - Geladeira (6514) - Engraada (27401) - Feia (8) Confira pela tabela. Para que, posteriormente, nos lembremos desse nmero, basta usarmos algum artifcio que lhe d significado, como em um dos seguintes exemplos : a) Utilizando as palavras para fazer uma histria maluca que possa ser visualizada. Assim: Imagine-se montado num cavalo de pau, subindo uma ladeira sozinho, depois voc desce rodando e bate em um computador que, por sua vez, vai bater numa geladeira engraada e feia. b) Ou fazendo uma corrente mental com duplas de palavras: Primeiro: Voc e o Cavalo de Pau (imagine-se pegando um cavalo de pau). Cavalo de pau - Ladeira (imagine-se com um cavalo de pau, subindo a ladeira) Ladeira - Sozinho (Imagine-se sozinho numa enorme ladeira) No se preocupe mais com o cavalo de pau. Sozinho - Rodando (Imagine-se sozinho, rodando) - importante conservar na mente as idias de estar sozinho e rodando) Rodando - Computador (Imagine-se rodando um computador) Computador - Geladeira (Imagine-se tirando um computador de uma geladeira) Geladeira - Engraada (Imagine uma geladeira bem engraada) - Talvez uma geladeira viva, com olhos nariz e boca, fazendo gaiatice)

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Engraada - Feia (Imagine uma pessoa engraada ficando feia) c) Ou ainda associando cada uma destas palavras com as localizaes X que voc tem memorizadas. Assim: - Um cavalo de pau na calada. - Um poste subindo uma ladeira (com pernas). - Imagine-se sozinho em cima da rvore. - Imagine-se rodando em cima do muro. - Imagine um computador no porto. - Imagine uma geladeira no lugar do medidor de gua. - Imagine a torneira do jardim bem engraada. - Imagine a roseira bem feia. Agora, basta ir lembrando das associaes seqenciadas e transformando as consoantes em nmeros. Lembre-se: no se preocupe com isto por enquanto, pois breve ensinaremos as tcnicas convenientes para cada caso. Tenha pacincia! Mas, como podemos entender melhor essa coisa da compreenso? Vou responder a esta questo atravs de um exemplo: O estudo da Fontica. Para quem vai comear a estudar Fontica, a primeira coisa a fazer procurar saber o que significa esta palavra. Procurando no dicionrio, encontramos a seguinte definio: Fontica o estudo dos fonemas, da sua produo, suas caractersticas e sua percepo pelo ouvido. timo! Mas que diabo fonema? Como raios vou saber o que Fontica se eu no sei o que significa fonema? Bem, se a sua gramtica no ensinar isto direitinho, procure outra vez no dicionrio!

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Fonema um som elementar, de vogais ou consoantes, que estabelece a diferena entre as palavras de uma lngua. Exemplo: nas palavras m, p e ch, o que as diferenciam so os fonemas /m/, /p/ e /ch/, pois o fonema /a/ comum s trs. Mas, o que elementar? Caramba! Agora quem pergunta sou eu: Por que cargas dgua voc est estudando Fontica? Estou tentando mostrar a necessidade de se compreender o que realmente desejamos aprender. Repito: no adianta repetir o que no se compreende, feito um papagaio! Lembre-se tambm de que os escritores tm o pssimo hbito de usarem palavras demais (a maioria catadas dentro do dicionrio) para falarem daquilo que poderia ser dito em poucas linhas. a velha mania que todos ns temos de complicar para parecermos especiais. Afinal, a nossa boa linhagem no recomenda que sejamos curtos e grossos, pois sabe que a maioria admira mais aos que falam e escrevem bonito. Assim... Vamos continuar com o nosso exemplo, imaginando que voc j sabe perfeitamente o que Fontica. Consideremos, como ilustrao, a classificao das consoantes. A Gramtica da Lngua Portuguesa, de Celso Ferreira da Cunha, publicada pelo MEC, diz que: O sistema consonntico da lngua portuguesa consta de 19 fonemas, que, de acordo com a Nomenclatura Gramatical Brasileira, devem ser classificados em funo de quatro critrios, de base essencialmente articulatria: a) quanto ao modo de articulao, em oclusivas e constritivas (fricativas, laterais e vibrantes) b) quanto ao ponto de articulao, em bilabiais

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labiodentais linguodentais alveolares palatais e velares c) quanto ao papel das cordas vocais, em surdas sonoras d) quanto ao papel das cavidades bucal e nasal, em orais e nasais No primeiro instante, todo estudante fica4 assombrado diante de tantos palavres, porm, com o tempo ele verifica que, de fato, os escritores tm mania de procurar as palavras mais difceis para dizerem o que pensam. Entretanto, ns podemos substituir essas palavras por sinnimos conhecidos, para facilitar a compreenso. Continuemos com o exemplo. No item a, para que as idias sejam compreendidas, necessrio conhecer o que significa articular (neste caso, significa pronunciar), oclusivas (ocluso o ato de fechar), constritivas (constritiva uma palavra derivada de constrito, que significa apertado e, conseqentemente, de constritor, que significa, em anatomia, qualquer msculo que aperta circularmente). e fricativas (que deriva de frico, atrito). A prpria Gramtica oferece, em suas descries, as informaes necessrias para que criemos as imagens mentais necessrias compreenso e memorizao, porm, se persistir alguma dvida, repito, consulte o dicionrio. Compreendido isto, podemos visualizar melhor, por exemplo, o que significa modo de articulao constritiva. Ento, qual a imagem mental que voc criaria com a seguinte idia: A articulao da consoante /v/ feita de forma constritiva fricativa. ?

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Pense um pouco! Verifique o que voc compreende da mensagem expressa na frase acima. Veja se possvel imaginar uma cena com a idia transmitida. Como sugesto, vou apresentar a imagem que surge agora na tela da minha mente: Eu imagino um V (poderia ser tambm uma Vespa, que representa a letra v) saindo de minha garganta, apertado pelos msculos e, por este motivo, atritandoos, friccionando-os. Para descrever a cena, demora mais do que para v-la mentalmente. Os mesmos princpios tambm servem para o restante das informaes gramaticais dadas anteriormente. Por exemplo: No item b, o ponto de articulao o lugar onde a pronncia iniciada. Bilabiais indica claramente os dois lbios (pronuncie b). Isto deve servir como imagem mental. Labiodentais mostra que a pronncia feita a partir do lbio (inferior) e dos dentes (incisivos superiores), como em f e v. Experimente, pronunciando em voz alta! O item c fala sobre o papel das cordas vocais para a classificao das consoantes. Se fssemos utilizar apenas um artifcio para memorizar esta informao, sem compreend-la, ento bastaria imaginar algum enrolando umas cordas falantes e entregando-as a algumas senhoras surdas (sonoras e surdas), entretanto, este meio muito mecnico e limitado, podendo ser utilizado apenas em casos extremos, como para a memorizao de termos tcnicos que no tenhamos nenhum interesse em compreend-los. Entendeu o que acabei de expor? timo! Vou dar outro exemplo para cristalizar definitivamente a idia sobre a compreenso. Para isto, parto do princpio da necessidade de conhecermos o significado dos vocbulos, a fim de entendermos toda e qualquer mensagem, seja escrita ou falada, Esta , tambm, umas das condies fundamentais para a comunicao. Imagine um professor dando aula de Fsica Quntica para uma turma de alunos do primeiro grau ou um analfabeto tentando entender os rabiscos de um livro!

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necessrio saber mais, para saber mais! Agora, enriquea o seu vocabulrio, usando os artifcios que irei ensinar. Dpode - Que tem dois ps. Dptero - Que tem duas asas. Estes dois vocbulos tm algo em comum, o radical Di , de origem grega, que, significa dois, assim como em disslabo e diptalo, o que pode ajudar na compreenso dos significados de palavras que tenham radicais semelhantes. Porm no podemos, em funo destas coincidncias, generalizarmos essa interpretao, aplicando-a a outros vocbulos que comecem com di, como direito, disenteria, diabo, dinamite, etc., que nada tm a ver com o radical considerado. Igualmente, teramos que saber o significado dos outros radicais que compem as palavras, como pode, que significa p (miripode - que tem grande nmero de pernas), ptero, que tem asas (helicptero), assim como os prefixos e sufixos das lnguas que formaram o nosso idioma. claro que isto facilitaria muito a compreenso dos significados das palavras, mas so poucos os que esto dispostos a encarar essa tarefa de gigantes! Portanto, o melhor assimilar os significados de forma direta, tal como eles so definidos nos dicionrio. Por exemplo: Dpode - ver na tela da mente Deus (D) com os dois ps sobre uma Igreja (I), dizendo que pode. A associao tola, porm se for feita e visualizada conscientemente, com a inteno de unir a palavra ao seu significado, a memria saber como classificla e compreend-la. A memria gosta de coisas extravagantes, estranhas, ridculas, absurdas e at pernsticas. No quero dizer que isto seja regra, apesar de ser eficiente, pois o mais importante, repito, compreender o significado e visualizar a idia na tela da mente. Experimente! Observao: Para este tipo de associao, necessrio est plenamente consciente dos cdigos do alfabeto, para quando ver Deus e Igreja, saber que a palavra comea com DI. O resto a memria revela.

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Se, por dificuldade de visualizao ou por razo religiosa, voc no quiser utilizar o cdigo alfabtico Deus, pode substitui-lo por outra palavra que comece pela letra D, como Doido ou Dedo. Dptero - Veja outra imagem boba, mas que funciona: Deus numa igreja, flutuando sobre uma peneira (P), perguntando ao padre se ele quer um par de asas e este respondendo nervoso: tero (DPtero). Veja que tudo uma questo de deixar a imaginao fluir livremente e divertir-se com as besteiras valiosas. to fcil que at eu fao! Voc pode argumentar que o uso destes artifcios pode levar mais tempo do que a simples observao e repetio do significado da palavra, porm, uma coisa certa, voc no poder negar que a possibilidade de permanncia da imagem na memria muito maior com um artifcio do que com a mera repetio. Mesmo assim, depois que voc se habituar s tcnicas, passar a achar estes mtodos muito mais fceis e mais rpido. Obviamente, encontrar no vocbulo a evidncia do seu significado produz um relacionamento imediato entre ambos, mas isto depende muito da cultura de cada um. Por exemplo, a palavra hibernar tem um significado claro para os que sabem que ela est relacionada com a palavra hibernal, que um termo relativo ao inverno, porm, quantos poderiam saber que hibernao o ato de dormir no inverno? Um bom vocabulrio sempre ajuda na memorizao de novos vocbulos. O que estou apresentando so apenas meios, estratgias, para aqueles que no so privilegiados pela Natureza nem por uma educao esmerada, mas que precisam ampliar a compreenso das novas informaes que bombardeiam sua mente no cotidiano, atravs da aquisio de um bom vocabulrio. Algumas palavras, para serem visualizadas, no necessitam do uso dos cdigos do alfabeto, pois despertam imediatamente uma imagem sugerida por outras palavras de sonoridade ou caractersticas semelhantes. Por exemplo: A palavra tenaz (constante, firme) pode ser visualizada atravs da imagem da famosa cola Tenaz. Compaixo pode ser lembrada por compra o cho. Marcelo por martelo. Donizete por Dona Ivete, Zanoni por Danoni. 49

A Ptria pela bandeira nacional. Justia pela balana. Rio de Janeiro pelo Cristo Redentor. Situao financeira ruim por uma forca ou por um mendigo. E assim por diante! Espero sinceramente que voc tenha compreendido bem o que dissemos at agora, pois, caso contrrio, de pouco adiantaria prosseguir com a leitura deste livro. Sem a devida assimilao destes princpios, sua leitura servir apenas como um curioso e diferente passatempo. Entrementes, se voc pretende utiliz-lo como instrumento para o desenvolvimento de sua capacidade de memorizar, ento no deixe de aprender o que estou transmitindo nestes primeiros captulos. Prezado leitor, apesar de proporcionar impresso diferente, este um livro tcnico, por isto deve ser estudado conforme a metodologia sugerida. No existem milagres especiais para os bondosos eleitos, todos tm que martelar na cabea as coisas estranhas que estou apresentando, especialmente se estiverem interessados em aprender. Estou insistindo numa nova maneira de pensar, numa linguagem fcil de ser compreendida at por nepals. Pensar as idias sem verbaliz-las, em forma de imagens e de smbolos, usando as palavras somente para explicar as mensagens, o meio de comunicao mais puro e natural da humanidade, desde quando o senhor Pedregulho Racho inventou a argamassa l no cafund do Judas. O conforto dos tempos modernos deveria ajudar o homem a aprimorar a sua capacidade de imaginao, no entanto, parece que ele prefere deixar as imagens com a tecnologia aprimorada da Televiso e apenas deleitar-se com elas j prontinhas. Isto faz com que as reas do crebro, que traduzem as idias em imagens, sejam continuamente inibidas, diminuindo o seu poder de comparao e favorecendo a aceitao indiscriminada das mais diversas informaes verdadeiras e falsas. Fazer o qu! Afinal, isto chamado de livre-arbtrio!

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4 NO MUNDO DAS IDIASAmigo, voc nem imagina o quanto este captulo importante! Para voc ter uma idia, este captulo cuida da compreenso das idias dos autores, da essncia, da alma, de todos os tipos de escritos. justamente aqui que devemos ter cuidado redobrado, pois somente conhecendo alguns macetes que estaremos aptos para enfrentar o famoso bicho-papo da grande maioria dos estudantes e estudiosos, que a memorizao de textos. Todos ns sabemos que entre as coisas mais valiosas do ser humano esto as idias, porm, poucos so os que realmente lhes do o devido valor ou procuram criar novos padres ideais. A maioria vive conforme as idias sugeridas ou impostas por grupos minoritrios. Na realidade, a liberdade de criar pode ser considerada perigosa para os paradigmas dominantes. Sempre foi assim durante toda a histria da humanidade. No entanto, a rebeldia cultural, que uma das condies mais gratificantes que o esprito humano pode sentir, produziu o que de melhor existe na sociedade. Logicamente, algumas boas criaes foram utilizadas erroneamente, porm isto no desvaloriza o que de grandioso foi produzido pelas boas idias. Sejamos rebeldes e saiamos da rotina estafante e aprisionadora. Inventemos coisas novas, mesmo que sejam simples. Procuremos sempre uma maneira de fazer diferente o que j existe considerado como perfeito e definitivo! Usemos a imaginao e procuremos extravasar nossos sentimentos de forma construtiva, sem, no entanto, impor aos outros as nossas idias, pois isto os nossos dominadores j fazem h milhares de anos.

As nossas idias so muito importantes quando expressas e comprovadas que so prticas, pelo menos para ns mesmos. Este livro, por exemplo, eu considero uma excelente idia! Estou certo de que no difcil compreendermos nossas prprias idias, mas o problema acentua-se quando tentamos compreender as idias dos outros. exatamente por esta razo que o aprendizado to massacrante, psicologicamente falando. Em outras palavras, a idia no-compreendida indica problema de comunicao, e esta condio fundamental para o entendimento entre um emissor e um receptor.

COMUNICAOA comunicao acontece nas seguintes vias: a) de l pr c -- quando a mensagem que transmite a idia bastante clara, de fcil compreenso. bvio que isto depende tanto de quem se expressa, seja atravs da fala, da escrita ou de sinais, como da preparao de quem ouve ou v. b) de c pr l -- quando procuramos ficar receptivos s idias transmitidas, demonstrando interesse, mesmo quando no as compreendemos integralmente. O receptor proporciona espao para que o emissor possa se manifestar livremente. Como no existem bloqueios mentais do receptor mensagem, a probabilidade de compreenso torna-se muito maior. c) de l pr c e de c pr l-- quando h um completo relacionamento entre o emissor e o receptor, tanto a nvel cultural quanto a nvel de disposio de entendimento mtuo. Esta a Via da Interao Ideal. Opa! Parece at com mensagem do budismo tibetano! Nesta Via da Interao Ideal, o Interesse desperta a Imaginao e a memria abre-se solcita, pronta para recepcionar as novas informaes. Pense nisto a partir de agora.

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IDIAS PRINCIPAISCaro leitor, nesta altura do campeonato, voc j deve estar munido de todo o equipamento necessrio para o que explicaremos a seguir. Por isto, solicito que dedique sua especial ateno a cada exemplo dado, procurando relacion-los aos textos que voc esteja lendo ou estudando. Como voc j deve saber, um texto formado a partir das idias do autor, expressas em palavras, muitas vezes envolvidas pelos enfeites bonitos de um bom vocabulrio, que tanto caracterizam as grandes obras literrias. Essas idias so expressas em pargrafos, conforme o estilo de cada emissor. Vamos ilustrar isto com um texto de Paulo Mendes Campos, retirado de um livro didtico:

OS DIFERENTES ESTILOSParodiando Raymond Queneau, que toma um livro inteiro para descrever de todos os modos possveis um episdio corriqueiro, acontecido em um nibus em Paris, narra-se aqui, em diversas modalidades de estilo, um fato comum na vida carioca, a saber: o corpo de um homem de quarenta anos, que encontrado de madrugada pelo vigia de uma construo, margem da Lagoa Rodrigo de Freitas, no existindo sinais de morte violenta. Estilo interjetivo -- Um cadver! Encontrado em plena madrugada! Em pleno bairro de Ipanema! Um homem desconhecido! Coitado! Menos de quarenta anos! Um que morreu quando a cidade acordava! Que pena! Estilo colorido -- Na hora cor de rosa da aurora, margem da cinzenta Lagoa Rodrigo de Freitas, um vigia de cor preta encontrou o cadver de um homem branco, cabelos louros, olhos azuis, trajando cala amarela, casaco pardo, sapato marrom, gravata branca com bolinhas azuis. Para este o destino foi negro. Estilo antimunicipalista -- Quando mais um dia de sofrimentos e desmandos nasceu para esta cidade to mal governada, nas margens imundas, esburacadas e ftidas da Lagoa Rodrigo de Freitas, e em cujo arredores falta gua h vrios meses, sem falar nas freqentes mortandades de peixes j famosas, o vigia de uma construo (j permitiram, por baixo do pano, a ignominiosa elevao de gabarito em Ipanema) encgntrou o cadver de um des54

graado morador desta cidade sem policiamento. Como no podia deixar de ser, o corpo ficou ali entregue s moscas que pululam naquele perigoso foco de epidemias. At quando? Estilo reacionrio -- Os moradores da Lagoa Rodrigo de Freitas, na manh de hoje, tiveram o profundo desagrado de deparar com o cadver de um vagabundo que foi logo escolher para morrer (de bbado) um dos bairros mais elegantes desta cidade, como se j no bastasse para enfear aquele local uma srdida favela, que nos envergonha aos olhos dos americanos que nos visitam ou nos do a honra de residir no Rio. Estilo ento -- Ento o vigia de uma construo em Ipanema, no tendo sono, saiu ento para dar um passeio de madrugada. Ento encontrou o cadver de um homem. Resolveu ento procurar um guarda. Ento o guarda veio e tomou todas as providncias necessrias. A ento eu resolvi te contar isto. Estilo preciosista -- No crepsculo matutino de hoje, quando fulgia solitria e longnqua a Estrela-dAlva, o atalaia de uma construo civil, que perambulava insone pela orla sinuosa e murmurante de uma lagoa serena, deparou com a atra e lrica viso de um ignoto e glido ser humano, j eternamente sem o hausto que vivifica. Estilo Nelson Rodrigues -- Usava gravata de bolinhas azuis e morreu! Estilo sem jeito -- Eu queria ter o dom da palavra, o gnio de um Rui ou o estro de um Castro Alves, para descrever o que se passou na manh de hoje. Mas no sei escrever, porque nem as pessoas que tm sentimento so capazes de expressar esse sentimento. Mas eu gostaria de deixar, ainda que sem brilho literrio, tudo aquilo que senti. No sei se cabe aqui a palavra sensibilidade. Talvez no caiba. Talvez seja uma tragdia. No sei escrever mas o leitor pode perfeitamente imaginar o que foi isso. Triste, muito triste. Ah, se eu soubesse escrever. Estilo feminino -- Imagine voc, Tutsi, que ontem fui ao Sachas, legalssimo, e dormi tarde. Pois logo hoje, minha filha, que eu estava exausta e tinha hora marcada no cabeleireiro, e estava tambm querendo dar uma passada na costureira, acho mesmo que vou fazer aquele plissadinho, como o da Teresa, o Roberto resolveu me telefonar quando eu estava no melhor do sono. Mas o 55

que era mesmo que eu queria te contar? Ah, menina, quando olhei pela janela, vi uma coisa horrvel, um homem morto l na beira da Lagoa. Estou to nervosa! Logo eu que tenho horror de gente morta! Estilo ldico ou infantil -- Na madrugada de hoje por cima, um corpo de um homem por baixo foi encontrado por cima por um vigia de uma construo por baixo. A vtima por baixo no trazia identificao por cima. Tinha aparentemente por cima a idade de quarenta anos por baixo. Estilo didtico -- Podemos encarar a morte do desconhecido, encontrado morto margem da Lagoa, em trs aspectos: a) policial; b) humano; c) teolgico. Policial: o homem em sociedade; humano: o homem em si mesmo; teolgico: o homem em Deus. Polcia e homem: fenmeno; alma e Deus: epifenmeno. Muito simples, os senhores vm. Voc observou de quantas maneiras algum pode narrar o mesmo fato? Mas, o que realmente importante no texto? evidente que a idia principal, com a qual o autor nos informa o que tambm considera mais importante. No texto apresentado, a idia principal : Um homem morto, encontrado por um vigia margem da Lagoa Rodrigo de Freitas. Veja mentalmente esta cena e voc compreender porque eu afirmo que a imagem mental uma linguagem universal, pois qualquer pessoa, de qualquer nao da Terra, a compreenderia da mesma maneira: um homem morto margem da lagoa, sendo encontrado por algum. Destacando as idias principais existentes nos pargrafos de um texto e eliminando as palavras explicativas que exibem idias secundrias, voc pode retransmitir essas idias principais com as suas palavras, sem diminuir o sentido da mensagem ou do fato ocorrido. s vezes, um pargrafo longo e muito tcnico pode conter mais de uma idia principal, portanto sempre bom estar atento. No que diz respeito extrao das idias principais, voc deve estar sempre consciente do seguinte: a) Ao destacar uma idia principal, procure compreender o seu significado real e visualize a cena mental que ela proporciona. Isto , se a idia considerar a ida do homem lua, mesmo que voc no acredite neste fato hist56

rico, imagine a cena acontecendo em sua mente. Se a idia referir-se ao sentimento devocional do homem pela divindade, invente uma maneira de ver a cena mentalmente, mesmo que voc queira personificar Deus atravs de uma imagem. O que importa que voc deve usar a imaginao para visualizar uma cena que, para voc, sirva de referncia associativa com a idia, de maneira que ao lembrar-se de uma, a outra aparea como numa exploso. Se isto no for possvel (o que raro), ento utilize artifcios para produzir um relacionaiento com a idia e formar a imagem mental. b) Com a cena mental da idia principal visualizada, muito prxima idia que o autor teve antes de escrever o texto, apresente com as suas palavras a mesma mensagem que ele desejou transmitir ao escrever sobre ela. c) A idia deve ser memorizada, associando a cena mental com a localizao X , conforme mostrado anteriormente. (No prximo captulo ensinarei como fazer isto.) Agora, vou apresentar outro texto, para destacarmos as idias principais nele contidas, a fim de servir de exemplo para a aplicao prtica do que voc deseja memorizar.

OS SISTEMAS SCIO-ECONMICOSCapitalismo e socialismo so dois sistemas scio-econmicos bastante diferentes um do outro. Simplificadamente, podemos dizer que o capitalismo se caracteriza por apresentar uma economia de mercado e uma sociedade de classes. O socialismo, por sua vez, tem como caractersticas bsicas uma economia planificada e uma sociedade sem classes. Por economia de mercado, devemos entender a situao em que o mercado desempenha o papel principal nas decises econmicas. Tais decises so tomadas pelos donos das empresas privadas (os capitalistas) ou por seus repre57

sentantes (diretores, administradores) e sempre tm por objetivo o lucro das empresas. A classe capitalista dividida basicamente em duas classes sociais: a burguesia, composta pelos capitalistas, donos dos meios de produo (fbricas, bancos, fazendas, etc.) e o proletariado, constitudo por aqueles que, no possuindo meios de produo, tm de trabalhar para os que possuem, em troca de um salrio. Na economia planificada, o elemento principal do funcionamento do sistema econmico (produo, consumo, investimento, etc.) o plano e no o mercado. Nesse sistema, os meios de produo so pblicos e coletivos, no existindo empresas privadas. Assim, as decises econmicas so estabelecidas atravs de uma planificao central, que determina antecipadamente o que ser produzido na agricultura, na indstria, nos servios, durante o perodo abrangido pelo plano. As decises so mais centralizadas que na economia de mercado (na qual cada empresa planeja sua atuao). (Extrado do livro Sociedade e Espao, de Jos W. Vesentini) Ento, leitor amigo, como extrair as idias principais deste texto, compreendendo integralmente o que o autor desejou transmitir? Vou orient-lo, passo a passo, nessa empreitada interessante. Acompanhe-me! 1. Leia todo o texto, de forma rpida, para entender a idia geral que o autor deseja transmitir. No se demore analisando as informaes secundrias. Passe apenas uma vista de olhos. Esta leitura serve para voc verificar sua familiaridade com o assunto e, ao mesmo tempo, despertar ou ampliar o seu interesse por ele. 2. Verifique se existem no texto algumas palavras cujos significados sejam desconhecidos ou dbios para os seus conhecimentos. Procure eliminar imediatamente essa deficincia cultural, pesquisando no dicionrio, em uma enciclopdia ou em livros adequados. No adianta forar a compreenso sem uma sustentao lgica. Neste caso, a interpretao das idi58

as ser duvidosa, trazendo problemas para a compreenso global e para as informaes que, no futuro, possam ser associadas com elas. como aquela histria de que o pau que nasce torto, no tem jeito, morre torto. 3. Em seguida, consciente de que entende os significados de todas as palavras do texto, analise cada pargrafo, observando as idias principais de cada um, sublinhando-as (se o livro for seu) e destacando-as no lado da pgina com nmeros que indiquem a seqncia. Acompanhe-me na anlise do texto acima. 1 Capitalismo e socialismo so dois sistemas scio-econmicos bastante diferentes um do outro. Simplificadamente, podemos dizer que o capitalismo se caracteriza por apresentar uma economia de mercado e uma sociedade de classes. 2 O socialismo, por sua vez, tem como caractersticas bsicas uma economia planificada e uma sociedade sem classes. a) O primeiro pargrafo apresenta a dualidade que se evidencia na idia geral do texto (Sistemas Econmicos). De um lado, o capitalismo e do outro o socialismo. Obviamente, voc j deve ter notado, no prprio texto, a diferena entre esses dois sistemas, conforme o que sublinhei. Da a importncia de ler o texto de forma global. Este pargrafo, portanto, apresenta praticamente toda a informao que o autor deseja transmitir, atravs das duas idias principais, que so esclarecidas nos demais pargrafos. b) Analisando o segundo pargrafo, voc ter condies de criar uma imagem mental para economia de mercado, contanto que tenha compreendido o que significa, tecnicamente, mercado e sua relao com operaes financeiras. claro que se voc deseja apenas memorizar o texto, sem a devida compreenso tcnica, pode fazer uso dos artifcios de criao de imagens mentais para representar essa economia de mercado, como, por exemplo, um dono de uma empresa situada no mercado pblico exigindo dos seus representantes que faam economia, para que o lucro aumente. boba, mas funciona numa real necessidade. O ideal, repito, visualizar a condio real da idia. Isto fica mais fcil para quem milita na 59

rea da Cincia Econmica ou para um pesquisador autodidata que se interesse pelo assunto. c) O terceiro pargrafo apresenta as duas classes sociais: a burguesia e o proletariado. Mais uma vez, caso voc no entenda os significados destes termos, consulte o dicionrio. Compreendido isto, no h necessidade de us-las como idias principais, pois so apenas informaes bvias. Por fora do sentido global, a idia principal 1 j tem inserida essas informaes. d) O quarto pargrafo contm a explicao da idia principal 2: O socialismo tem uma economia planificada e uma sociedade sem classes. A imagem mental dessa idia est evidente. Em resumo, os pargrafos do texto afirmam o seguinte: 1. O capitalismo apresenta uma economia de mercado, que visa o lucro atravs de empresas privadas, e que tem um papel importante nas decises econmicas da sociedade. Apresenta tambm uma sociedade dividida em duas classes: a burguesia (os patres) e o proletariado (os empregados). 2. O socialismo apresenta uma economia planificada, isto , baseada em um plano definido por um poder central, de ordem pblica, que decide o que deve ser produzido durante um determinado perodo. Este resumo mostra o quanto podemos modificar um texto, simplificando-o, sem, no entanto, faz-lo perder o valor de suas idias principais. Vou apresentar outro exemplo para que voc possa descobrir as idias principais do texto e resumi-lo, segundo a sua prpria compreenso.

OS CEGOS SONHAMA maioria dos sonhos so ideaes aleatrias, que consistem de associaes involuntrias de idias ou na evocao de impresses. O fato de que a maioria dos sonhos no tem coerncia e parece ilgico evidncia desse fluxo aleat60

rio de impresses mentais. Por analogia, essas impresses aleatrias so como a abertura de um depsito em que inmeros objetos estivessem guardados. Ao invs de escolher os objetos desejados, a pessoa apenas derruba as prateleiras fazendo com que os objetos caiam a esmo. Mas nem todos os sonhos carecem de uma ordem racional em sua inteireza, com base em nossas experincias pessoais. Alguns deles possuem uma irrefutabilidade surpreendentemente realista, que se deve atrao que certos componentes dos sonhos manifestam por outros componentes. Essa atrao resulta numa associao que segue ou aproxima-se da ordem em que as impresses originais foram captadas. (Extrado do artigo de Samuel Rittenhouse, publicado pela revista O Rosacruz, de maro/abril de 198


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