Download - Mecânica de Solos
UNIVERSIDADE DE AVEIRO
Departamento de Engenharia Civil
Mecânica dos Solos I Relatório
Grupo: 3 Realizado por:
Catarina Silvério | 59977 Catarina Silvério | 59977
Gonçalo Lopes | 60148 Gonçalo Lopes | 60148
Inês Cerqueira | 59936 Inês Cerqueira | 59936
Ricardo Dias | 64879 Ricardo Dias | 64879
Ano letivo 2012/2013
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 2/116
PRÓLOGO
O presente documento foi elaborado no âmbito da disciplina do plano curricular do curso de
Mestrado Integrado em Engenharia Civil, Mecânica dos Solos I, no primeiro semestre do
ano letivo 2012/2013, lecionada na Universidade de Aveiro pelo docente do Departamento
de Engenharia Civil, Eng.º Joaquim Macedo.
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 3/116
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo a análise de diferentes solos associados a perfis
geológicos distintos. Esta análise será dividida em quatro partes.
Primeiramente restringe-se à identificação, classificação e caracterização de dois solos.
De seguida estudar-se-á o estado de tensão de dois maciços, caracterizando os pontos
mais importantes dos mesmos, designadamente, os pontos fronteira do nível freático, da
altura de capilaridade e da mudança de solo, bem como os pontos médios de cada estrato.
Posteriormente analisar-se-á o comportamento de um solo para situações hidrostática (após
a construção de uma ensecadeira) e hidrodinâmica (após a subida do nível freático,
escavação e bombagem). Estes dois capítulos serão estudados quer manualmente, com
recurso a Excel, bem como com o auxílio de um software adequado.
Finalmente calcular-se-á o assentamento por consolidação e imediato de um estrato
argiloso após a construção de um aterro.
ABSTRACT
This study aims to analyze different soils associated to different geological profiles. This
analysis will be divided into four parts.
Firstly it will be restricted to the identification, classification and characterization of both soils.
Then it will be studied the stress state of two geological massifs, through the most important
points, particularly the boundary points of the phreatic level, the capillarity height and of the
soils's interface as well as the midpoints of each stratum.
Afterwards it will be analyzed the behavior of a soil for two situation: hydrostatic (after
construction of a cofferdam) and hydrodynamical (after the phreatic level rising, digging and
pumping). These two sections will be analyzed either manually, using Excel, either with the
assistance of a suitable software.
Finally It will be calculated both of the following settlements: settlement by consolidation and
immediate settlement of a clay stratum after the construction of an embankment.
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 4/116
ÍNDICE
PRÓLOGO ............................................................................................................................... 2
RESUMO .................................................................................................................................. 3
ABSTRACT .............................................................................................................................. 3
ÍNDICE ..................................................................................................................................... 4
ÍNDICE DE FIGURAS .............................................................................................................. 7
ÍNDICE DE QUADROS .......................................................................................................... 10
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ............................................................................................ 13
PARTE 1 – PROPRIEDADES FÍSICAS E DE IDENTIFICAÇÃO DOS SOLOS ................... 15 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 15 1.1.1. Breve introdução ..................................................................................................... 15 1.1.2. Enquadramento teórico ........................................................................................... 15 1.1.2.1. Solos ou maciços rochosos .................................................................................. 15 1.1.2.2. Caracterização do estado físico natural da amostra ............................................ 16 1.1.2.3. Teor em água ....................................................................................................... 17 1.1.2.4. Peso volúmico ...................................................................................................... 18 1.1.2.5. Composição Granulométrica ................................................................................ 18 1.1.2.6. Índice de compacidade ........................................................................................ 20 1.1.2.7. Limites de Atterberg ou consistência ................................................................... 20 1.2. METODOLOGIA DO TRABALHO E OBTENÇÃO DOS RESULTADOS ................. 22 1.2.1. Caracterização do estado físico natural da amostra ............................................... 22 1.2.1.1. Teor em água ....................................................................................................... 22 1.2.1.2. Peso volúmico do solo G ...................................................................................... 23 1.2.1.3. Composição Granulométrica ................................................................................ 23 1.2.1.4. Limites de Atterberg para o solo G ...................................................................... 28 1.2.1.4.1. Limite de liquidez ............................................................................................... 28 1.2.1.4.2. Limite de plasticidade ........................................................................................ 29 1.2.2. Classificação dos solos ........................................................................................... 30 1.2.2.1. Classificação ASTM (Anexo 1, Figura 49 e Figura 50) ........................................ 30 1.2.2.2. Classificação para fins rodoviários (Anexo 1, Figura 51 e Figura 52) ................. 31 1.2.2.3. Classificação LCPC SETRA (Anexo 1, Figura 53 e Figura 54) ........................... 32 1.2.3. Discussão de resultados ......................................................................................... 32 1.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 33
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 5/116
PARTE 2 – ESTADO DE TENSÃO NOS SOLOS. CAPILARIDADE .................................... 34 2.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 34 2.1.1. Breve Introdução ..................................................................................................... 34 2.1.2. Enquadramento teórico ........................................................................................... 34 2.1.2.1. Conceito de tensão .............................................................................................. 34 2.1.2.2. Princípio das tensões efetivas .............................................................................. 34 2.1.2.3. Estado de tensão de repouso .............................................................................. 35 2.1.2.4. Tensões induzidas por forças exteriores .............................................................. 36 2.1.2.5. Modelos de comportamento dos materiais .......................................................... 36 2.1.2.6. Soluções elásticas mais usadas em mecânica dos solos .................................... 39 2.1.2.7. Combinação dos estados de tensão de repouso e incremental .......................... 40 2.1.2.8. Assentamento à superfície ................................................................................... 41 2.2. METODOLOGIA DO TRABALHO E OBTENÇÃO DOS RESULTADOS ................. 42 2.2.1. Dados do problema: ................................................................................................ 42 2.2.2. Estado de tensão em repouso ................................................................................ 44 2.2.2.1. Determinação dos estados de tensão com recurso ao Excel .............................. 44 2.2.2.2. Obtenção de resultados com recurso ao SIGMA do GeoStudio 2012 – Student
Edition 47 2.2.3. Estado de tensão imediatamente após a construção do depósito circular ............. 49 2.2.3.1. Determinação dos estados de tensão com recurso ao Excel .............................. 49 2.2.3.2. Obtenção de resultados com recurso ao SIGMA do GeoStudio 2012 – Student
Edition. (ver anexo 2) .......................................................................................................... 55 2.2.4. DISCUSSÃO DE RESULTADOS ........................................................................... 63 2.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 64
PARTE 3 – ÁGUA NOS SOLOS. PERCOLAÇÃO .............................................................. 66 3.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 66 3.1.1. Breve introdução ..................................................................................................... 66 3.1.2. Enquadramento teórico ........................................................................................... 66 3.1.2.1. Permeabilidade - Lei de Darcy ............................................................................. 66 3.1.2.2. Força de percolação ............................................................................................. 67 3.1.2.3. Coeficiente de permeabilidade ............................................................................. 68 3.1.2.4. Anisotropia de permeabilidade nos maciços terrosos .......................................... 69 3.1.2.5. Gradiente hidráulico crítico. Quick Condition ....................................................... 69 3.1.2.6. Fenómenos de rotura hidráulica junto da fronteira de jusante ............................. 70 3.1.2.7. Erosão interna ...................................................................................................... 71
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3.2. METODOLOGIA DO TRABALHO E OBTENÇÃO DOS RESULTADOS ................. 72 3.2.1. Dados do problema ................................................................................................. 72 3.2.1.1. Situação hidrostática ............................................................................................ 72 3.2.1.2. Situação hidrodinâmica ........................................................................................ 74 3.2.2. Obtenção de resultados .......................................................................................... 75 3.2.2.1. Utilizando o Excel ................................................................................................. 75 3.2.2.2. Obtenção de resultados com recurso ao SEEP do GeoStudio 2012 – Student
Edition (ver anexo 3) .......................................................................................................... 79 3.2.3. Discussão de resultados ......................................................................................... 83 3.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 85
PARTE 4 COMPRESSIBILIDADE E CONSOLIDAÇÃO DE ESTRATOS ARGILOSOS ...... 86 4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 86 4.1.1. Breve introdução ..................................................................................................... 86 4.1.2. Enquadramento teórico ........................................................................................... 86 4.1.2.1. Relações Tensões-Deformações em solos carregados em condições de
confinamento lateral ........................................................................................................... 86 • Noção de estrato confinado. ......................................................................................... 86 4.1.2.2. A sobreconsoliação nos Maciços Argilosos ......................................................... 89 4.1.2.3. Estimativa do assentamento por consolidação .................................................... 91 4.1.2.4. Teoria da consolidação por Terzaghi ................................................................... 92 4.1.2.5. Cálculo das deformações num ponto. Assentamento à superfície ...................... 93 4.1.2.6. Carregamento de estratos não confinados de Argila ........................................... 93 • Cálculo do assentamento .............................................................................................. 93 4.1.2.7. Determinação do coeficiente de consolidação vertical, 𝒄𝒗 .................................. 94 4.2. METODOLOGIA DO TRABALHO E OBTENÇÃO DOS RESULTADOS ................. 94 4.2.1. Dados do problema ................................................................................................. 94 4.2.2. Discussão de resultados ......................................................................................... 99 4.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 100
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................... 103
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Grupo 3 7/116
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1 - ESQUEMA REPRESENTATIVO DE UMA AMOSTRA DE SOLO E DAS SUAS FASES DISTINTAS.
[2] .................................................................................................................................... 17
FIGURA 2 - DIAGRAMA DE PESOS E DIAGRAMA DE VOLUMES DAS FASES DE UM SOLO. [2] ............ 17
FIGURA 3 – EXEMPLO DE CURVAS GRANULOMÉTRICAS PARA DIFERENTES TIPOS DE SOLOS ........ 19
FIGURA 4 - REPRESENTA O GRÁFICO PARA A OBTENÇÃO DO LIMITE DE LIQUIDEZ ......................... 21
FIGURA 5 - CURVA DE DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DO SOLO C. ......................................... 26
FIGURA 6 - CURVA DE DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DO SOLO G. ......................................... 27
FIGURA 7 - LIMITE DE LIQUIDEZ DO SOLO G ............................................................................... 29
FIGURA 8 - ALGUNS MODELOS DE COMPORTAMENTO USADOS EM MECÂNICA DOS SOLOS: A)
ELÁSTICO LINEAR; B) ELÁSTICO NÃO LINEAR; C) ELASTOPLÁSTCIO; D) ELÁSTICO-
PERFEITAMENTE PLÁSTICO; E) ELÁSTICO NÃO LINEAR-PERFEITAMENTE PLÁSTICO; F) RÍGIDO-
PLÁSTICO .......................................................................................................................... 38
FIGURA 9 – PERFIL GEOLÓGICO ................................................................................................ 42
FIGURA 10 - TENSÕES DE REPOUSO EM FUNÇÃO DA PROFUNDIDADE ......................................... 44
FIGURA 11 - CIRCULO DE MOHR DO ESTADO DE TENSÃO DE REPOUSO NO PONTO P1 ............... 45
FIGURA 12 - CIRCULO DE MOHR DO ESTADO DE TENSÃO DE REPOUSO NO PONTO P1 ............... 45
FIGURA 13 - DIAGRAMA S,S',T DO PONTO P1 ............................................................................. 46
FIGURA 14 - DIAGRAMA S,S',T DO PONTO P1 ............................................................................. 46
FIGURA 15 - REPRESENTAÇÃO DOS SOLOS EM REPOUSO .......................................................... 47
FIGURA 16 - TENSÃO EFETIVA VERTICAL DOS SOLOS EM REPOUSO ............................................ 48
FIGURA 17 – TENSÃO VERTICAL TOTAL EM REPOUSO ................................................................. 48
FIGURA 18 - CÍRCULOS MOHR PARA O SOLO 1 (Z=16); A) TENSÃO TOTAL E B) TENSÃO EFETIVA 48
FIGURA 19 - CÍRCULOS MOHR PARA O SOLO 2 (Z=6); A) TENSÃO TOTAL E B) TENSÃO EFETIVA . 48
FIGURA 20 - TENSÕES APÓS O CARREGAMENTO SEGUNDO O PERFIL AA’ ................................... 49
FIGURA 21 - CIRCULO DE MOHR DO ESTADO DE TENSÃO NO PERFIL AA NO PONTO P1 .............. 50
FIGURA 22 - CIRCULO DE MOHR DO ESTADO DE TENSÃO NO PERFIL AA NO PONTO P2 .............. 50
FIGURA 23 - DIAGRAMA S,S',T DO PONTO P1 ............................................................................. 51
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FIGURA 24 - DIAGRAMA S,S',T DO PONTO P2 ............................................................................ 51
FIGURA 25 – TENSÕES APÓS O CARREGAMENTO SEGUNDO O PERFIL BB’ .................................. 52
FIGURA 26 - CIRCULO DE MOHR DO ESTADO DE TENSÃO NO PERFIL BB NO PONTO P1 .............. 53
FIGURA 27 - CIRCULO DE MOHR DO ESTADO DE TENSÃO NO PERFIL BB NO PONTO P2 .............. 53
FIGURA 28 - DIAGRAMA S,S',T DO PONTO P1 ............................................................................. 54
FIGURA 29 - DIAGRAMA S,S',T DO PONTO P2 ............................................................................. 54
FIGURA 30 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS SOLOS 1 E 2 SUJEITOS A UMA CARGA EXECUTADA
PELA CONSTRUÇÃO DE UM TANQUE ................................................................................... 55
FIGURA 31 - CRUZETAS DE TENSÕES SEM PESO VOLÚMICO ....................................................... 56
FIGURA 32 - BOLBOS DE TENSÃO SEM PESO VOLÚMICO ............................................................. 56
FIGURA 33 – ESQUEMA DA LOCALIZAÇÃO DOS NODOS NO PERFIL E RESPETIVAS COORDENADAS
(DEVIDO A TORNAR MAIS SIMPLES A COMPREENSÃO DO RESULTADOS OBTIDOS DOS CÍRCULOS
DE MOHR, COMPÔS-SE ESTE ESQUEMA PARA IR AO ENCONTRO COM A INFORMAÇÃO
FORNECIDA PELO SIGMA; PORTANTO ESTE ESQUEMA REVELA A ASSOCIAÇÃO DOS NÓS ONDE
ESTÃO CADA PONTO PERFIL COM AS SUAS COORDENADAS CONTEXTUALIZA-DAS) ................ 58
FIGURA 34 – EXPERIÊNCIA DE DARCY ....................................................................................... 67
FIGURA 35 - FORÇAS APLICADAS SOBRE UM METRO CÚBICO DE SOLO SUBMERSO ...................... 70
FIGURA 36 - CONSTITUIÇÃO DO MACIÇO EM SITUAÇÃO HIDROSTÁTICA ........................................ 72
FIGURA 37 - TRAÇADO DA REDE DE FLUXO PARA A SITUAÇÃO HIDRODINÂMICA COM O AUXILIO DO
PROGRAMA AUTOCAD. ..................................................................................................... 74
FIGURA 38 - REPRESENTAÇÃO DO MACIÇO CONSTITUÍDO PELOS DOIS SOLOS ............................. 79
FIGURA 39 - SITUAÇÃO HIDRODINÂMICA (3º CENÁRIO) COM A REPRESENTAÇÃO DOS DOIS SOLOS
(FASE 2) COM O PROGRAMA SEEP .................................................................................... 80
FIGURA 40 - VALORES SIGNIFICANTES NO PROGRAMA SEEP ..................................................... 80
FIGURA 41 - GRÁFICOS REPRESENTATIVOS DA VARIAÇÃO DA PRESSÃO INTERSTICIAL AO LONGO
DOS DIFERENTES PERFIS. .................................................................................................. 82
FIGURA 42 - EDÓMETRO ........................................................................................................... 86
FIGURA 43 - ANALOGIA DE TERZAGHI PARA OS FENÓMENOS DO CARREGAMENTO E DA
CONSOLIDAÇÃO DE ESTRATOS CONFINADOS DE ARGILA ...................................................... 88
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FIGURA 44 - CONSTRUÇÃO DE CASAGRANDE PARA A AVALIAÇÃO DA TENSÃO DE PRÉ-
CONSOLIDAÇÃO ................................................................................................................ 91
FIGURA 45 - REPRESENTAÇÃO DE SHMERTMANN E DETERMINAÇÃO DE CC ,CR E C(C IN SITU) .... 92
FIGURA 46 - ESQUEMA ILUSTRATIVO DA REGIÃO ESTUDADA ....................................................... 95
FIGURA 47 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA RELATIVA À AVALIAÇÃO DE Σ’P PELA CONSTRUÇÃO
EMPÍRICA DE CASAGRANDE COM O TRATAMENTO DAS CURVAS PELA CONSTRUÇÃO EMPÍRICA
DE SCHMERTMANN. ........................................................................................................... 96
FIGURA 48 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA DETERMINAÇÃO DO CV ATRAVÉS DO MÉTODO DE
TAYLOR ............................................................................................................................ 97
FIGURA 49 - CLASSIFICAÇÃO UNIFICADA (ASTM) (A) [2]. ......................................................... 105
FIGURA 50 - CLASSIFICAÇÃO UNIFICADA (ASTM) (B) [2]. ......................................................... 106
FIGURA 51 – CLASSIFICAÇÃO PARA FINS RODOVIÁRIOS (A) ...................................................... 107
FIGURA 52 – CLASSIFICAÇÃO PARA FINS RODOVIÁRIOS (B) ...................................................... 107
FIGURA 53 - CLASSIFICAÇÃO LCPC SETRA (A) ...................................................................... 108
FIGURA 54 - CLASSIFICAÇÃO LCPC SETRA (B) ...................................................................... 109
FIGURA 55 - VALORES PARA E E V PARA DIFERENTES TIPOS DE SOLO PROPOSTOS POR BARDET
(1997) [8]. ...................................................................................................................... 111
FIGURA 56 - BOLBOS DE TENSÕES PARA UM CARREGAMENTO CIRCULAR UNIFORME [8]. ........... 112
FIGURA 57 - DETERMINAÇÃO DOS ACRÉSCIMOS DE TENSÃO VERTICAL PARA UM CARREGAMENTO
CIRCULAR UNIFORME [8]. ................................................................................................. 113
FIGURA 58 - DETERMINAÇÃO DA CURVA DE COMPRESSIBILIDADE IN SITU ATRAVÉS DA
CONSTRUÇÃO EMPÍRICA DE SCHMERTMANN [2]. ............................................................... 115
FIGURA 59 – DETERMINAÇÃO DE Σ’P ATRAVÉS DA CONSTRUÇÃO EMPÍRICA CASAGRANDE [2]. .... 116
FIGURA 60 – DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE CONSOLIDAÇÃO VERTICAL ATRAVÉS DO MÉTODO
DE TAYLOR [2]. ............................................................................................................... 116
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ÍNDICE DE QUADROS
QUADRO 1 - DEFINIÇÃO DAS GRANDEZAS BÁSICAS DESCRITIVAS DO ESTADO FÍSICO DOS SOLOS.
[2] .................................................................................................................................... 17
QUADRO 2 – DADOS PARA A DETERMINAÇÃO DO TEOR EM ÁGUA DO SOLO C E RESPECTIVO
RESULTADO. ..................................................................................................................... 22
QUADRO 3 – DADOS PARA A DETERMINAÇÃO DO TEOR EM ÁGUA DO SOLO G E RESPECTIVO
RESULTADO. ..................................................................................................................... 22
QUADRO 4 - DADOS PARA A DETERMINAÇÃO DO PESO VOLÚMICO DO SOLO G E RESPECTIVO
RESULTADO. ..................................................................................................................... 23
QUADRO 5 – MASSA DE MATERIAL RETIDO NA PENEIRAÇÃO DOS SOLOS C E G ........................... 24
QUADRO 6 – PERCENTAGENS DE MATERIAL RETIDO E PASSADO DO SOLO C. .............................. 24
QUADRO 7 – PERCENTAGENS DE MATERIAL RETIDO E PASSADO DO SOLO G. .............................. 24
QUADRO 8 – GRANDEZAS CALCULADAS DOS SOLOS O E C ........................................................ 43
QUADRO 9 – PROPRIEDADES DOS SOLOS UTILIZADAS PARA EFEITOS DE CÁLCULO ...................... 44
QUADRO 10 – TENSÕES DE REPOUSO EM FUNÇÃO DA PROFUNDIDADE ....................................... 44
QUADRO 11 – TENSÕES PRINCIPAIS A MEIO DE CADA ESTRATO .................................................. 45
QUADRO 12 - VALORES DE S, S' E T ........................................................................................... 46
QUADRO 13 – TENSÕES NO PERFIL AA’ EM FUNÇÃO DA PROFUNDIDADE .................................... 49
QUADRO 14 – TENSÕES PRINCIPAIS A MEIO DE CADA ESTRATO .................................................. 50
QUADRO 15 - VALORES DE S, S' E T ........................................................................................... 51
QUADRO 16 – TENSÕES NO PERFIL BB’ EM FUNÇÃO DA PROFUNDIDADE .................................... 52
QUADRO 17 – TENSÕES PRINCIPAIS A MEIO DE CADA ESTRATO .................................................. 53
QUADRO 18 - VALORES DE S, S' E T ........................................................................................... 54
QUADRO 19 - VALORES TÍPICOS DE COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE DE SOLOS DE ORIGEM
SEDIMENTAR ..................................................................................................................... 68
QUADRO 20 - CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS QUANTO À PERMEABILIDADE (TERZAGHI & PECK, 1967)
........................................................................................................................................ 68
QUADRO 21 – DADOS RELEVANTES PARA OS SOLOS 1 E 2 ......................................................... 72
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QUADRO 22 - CARACTERÍSTICAS AO LONGO DA PROFUNDIDADE ................................................ 73
QUADRO 23 - TENÕES EM REPOUSO NO PERFIL AA'- BB’ NO MACIÇO CONSTITUÍDO UNICAMENTE
POR ARGILA ...................................................................................................................... 75
QUADRO 24 - TENSÕES EM REPOUSO NO PERFIL C-C' NO MACIÇO CONSTITUÍDO UNICAMENTE POR
ARGILA ............................................................................................................................. 75
QUADRO 25 - TENSÕES EM REPOUSO NO PERFIL D-D’NO MACIÇO CONSTITUÍDO UNICAMENTE POR
ARGILA ............................................................................................................................. 75
QUADRO 26 - TENÕES EM REPOUSO NO PERFIL AA'- BB’ NO MACIÇO CONSTITUÍDO UNICAMENTE
POR CASCALHO ARGILOSO COM A AREIA ............................................................................ 75
QUADRO 27 - TENSÕES EM REPOUSO NO PERFIL C-C' NO MACIÇO CONSTITUÍDO UNICAMENTE POR
CASCALHO MAL GRADUADO COM AREIA .............................................................................. 76
QUADRO 28 - TENSÕES EM REPOUSO NO PERFIL D-D’ NO MACIÇO CONSTITUÍDO UNICAMENTE POR
ARGILA ............................................................................................................................. 76
QUADRO 29 - CAUDAIS NO MACIÇO CONSTITUÍDO UNICAMENTE POR ARGILA ............................... 76
QUADRO 30 - CARGAS TOTAL, CARGA PIEZOMÉTRICA E TENSÕES NO MACIÇO CONSTITUÍDOS
UNICAMENTE POR ARGILA .................................................................................................. 76
• QUADRO 31 - CAUDAIS NO MACIÇO CONSTITUÍDO UNICAMENTE POR CASCALHO MAL
GRADUADO COM AREIA ...................................................................................................... 77
QUADRO 32 - CARGAS TOTAL, CARGA PIEZOMÉTRICA E TENSÕES NO MACIÇO CONSTITUÍDO
UNICAMENTE POR ARGILA .................................................................................................. 77
QUADRO 33 - FATOR DE SEGURANÇA EM RELAÇÃO À QUICK CONDITION DOS DOIS PRIMEIROS
CENÁRIOS ......................................................................................................................... 78
QUADRO 34 - FATOR DE SEGURANÇA EM RELAÇÃO AO LEVANTAMENTO HIDRÁULICO DOS DOIS
PRIMEIROS CENÁRIOS ....................................................................................................... 78
QUADRO 35 - CAUDAIS PERCOLADOS NOS DIFERENTES PERFIS NO MACIÇO CONSTITUÍDO POR DOIS
SOLOS .............................................................................................................................. 80
QUADRO 36 - TENSÕES NO MACIÇO CONSTITUÍDO POR DOIS SOLOS ........................................... 81
QUADRO 37 - FATOR DE SEGURANÇA EM RELAÇÃO À QUICK CONDITION DO TERCEIRO CENÁRIO . 82
QUADRO 38 – GRADIENTE HIDRÁULICO MÉDIO DO BPI, CALCULADO PELO SEEP ......................... 82
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QUADRO 39 - FATOR DE SEGURANÇA EM RELAÇÃO AO LEVANTAMENTO HIDRÁULICO DO TERCEIRO
CENÁRIO ........................................................................................................................... 83
QUADRO 40 - CORRESPONDÊNCIA ENTRE O MODELO ANÁLOGO DE TERZAGHI E O CARREGAMENTO
DE UM ESTRATO CONFINADO [2] ......................................................................................... 88
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ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
𝑖!"#$ - Gradiente hidráulico crítico
𝑖!á!!"# - Gradiente hidráulico máximo junto
da fronteira de jusante máximo
𝑖!é!!"# - Gradiente hidráulico médio do bloco
potencialmente instável
∆h - Perda de carga total
∆σ’h - Variação da tensão horizontal
efetiva
∆σ’v - Variação da tensão vertical efetiva
∆σh - Variação da tensão horizontal total
∆σr - Incremento de tensão horizontal
∆σv - Variação da tensão vertical total
∆σz - Incremento de tensão vertical
cc - Coeficiente de compressibilidade
Cc - Coeficiente de curvatura
cr - Coeficiente de recompressibilidade
Cu - Coeficiente de uniformidade
cv - Coeficiente de consolidação vertical
e - Índice de vazios
E - Módulo de Elasticidade
F - Factor de segurança
Gs - Densidade das partículas sólidas
ɣ - Peso volúmico
ɣs - Peso volúmico das partículas sólidas
ɣsat - Peso volúmico saturado (S=1)
ɣsub - Peso volúmico submerso
ɣw - Peso volúmico da água
Il - Indice de liquidez
Ip - Indice de plasticidade
K - Coeficiente de permeabilidade
k0 - Coeficiente de impulso
n - Porosidade
Ne - Número de quedas de potencial
Nf - Número linhas de fluxo
Q - Caudal hidrálico
𝑅oc - Grau de consolidação
S - Grau de saturação
Sc - Assentamento por consolidação
Si - Assentamento imediato
ʋ - Coeficiente de Poisson
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w - Teor em água
Wl - Limite de liquidez
Wp - Limite de plasticidade
µ - Tensão intersticial
µ0 - Tensão intersticial inicial
σ’h - Tensão horizontal efetiva
σ’h0 - Tensão horizontal efetiva inicial
σ’p - Tensão de pré-consolidação
σ’v - Tensão vertical efetiva
σ’v0 - Tensão vertical efetiva inicial
σh - Tensão horizontal total
σh0 - Tensão horizontal total inicial
σv - Tensão vertical total
σv0 - Tensão vertical total inicial
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PARTE 1 – PROPRIEDADES FÍSICAS E DE IDENTIFICAÇÃO DOS SOLOS 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1.1.1. Breve introdução
Esta primeira parte tem como objetivo a classificação de duas amostras de solo recorrendo
a diferentes tipos de ensaios. Designadamente, com vista a determinação da granulometria,
do teor em água, do peso volúmico e dos limites de Atterberg.
Após a obtenção dos resultados classificar-se-ão os solos através da Classificação
Unificada, da Classificação para fins rodoviários e da Classificação LCPC SETRA.
1.1.2. Enquadramento teórico
A mecânica dos solos é a aplicação das leis da mecânica, e da Hidráulica aos problemas de
engenharia relativos a sedimentos e outras acumulações não consolidadas de partículas
sólidas produzidas pela desagregação mecânica e química das rochas. [1]
1.1.2.1. Solos ou maciços rochosos
O estudo dos solos é indispensável em engenharia civil, pois nas áreas imersas a
espessura da camada de solos sobre o substrato rochoso é particularmente importante
nas zonas geologicamente mais recentes, como é exemplo do litoral e junto aos vales
formados pelos grandes rios onde há um aumento da concentração da população.
Assim grandes partes das construções estão situadas nestes locais onde os maciços
necessitam de especial atenção.
Estes solos são compostos por partículas minerais, que resultam da desintegração
física e da decomposição química das rochas, em algumas situações podem conter
matéria orgânica. Os espaços que não são ocupados pelas partículas são designados
por poros ou vazios. Estes podem conter água ou ar. Quando os poros estão
preenchidos por água diz-se que o solo está saturado.
Os maciços terrosos, quanto à formação ou origem na Natureza, classificam-se em
dois grupos:
Solos sedimentares: resultam da acumulação num certo local, de partículas minerais
resultantes de decomposição e desintegração de rochas existentes noutro local e por
ação do vento, gravidade, gelo e água se acumularam noutro local distinto.
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Solos residuais: solos que ocupam o lugar da rocha que lhes deu origem (rocha-mãe), não
foi portanto sujeito a transporte.
Existe ainda uma terceira categoria de maciços, os aterros, cuja a formação é artificial, isto
é, são construção humana. Neste caso o solo é removido do seu local natural de jazida
e é transportado para o local da obra.
Nos maciços terrosos há uma massa de água livre que devido a vários fatores, muitas
das vezes criados pelas construções humanas, experimenta um escoamento que
atravessa o meio porosos. Assim, o comportamento hidráulico tem a ver com as
próprias características do maciço.
1.1.2.2. Caracterização do estado físico natural da amostra
Os solos são constituídos por três fases, fase sólida, fase líquida e gasosa. Para
descrever o estado físico do solo são necessárias um determinado número de
grandezas.
Estão envolvidos os volumes das três fases, volume no estado sólido, Vs ,volume no
estado liquido, Vw, e volume no estado gasoso, Va e, também está envolvido o peso
das fases sólidas, Ws e liquidas, Ww. Considera-se o peso da fase gasosa, Wa,
desprezável. O volume de vazios será a soma dos volumes das fases liquidas e
gasosa.
As grandezas estão inter-relacionadas, por exemplo quanto maior for o índice de
vazios, maior será, maior a porosidade e vice-versa. Quanto maior for o índice de
vazios e a porosidade, menor será o peso volúmico, peso volúmico seco e peso
volúmico submerso. Quanto maior o teor em água, para um dado índice de vazios,
maiores serão o grau de saturação e o peso volúmico.
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Figura 1 - Esquema representativo de uma
amostra de solo e das suas fases distintas. [2]
Figura 2 - Diagrama de pesos e diagrama de
volumes das fases de um solo. [2]
Quadro 1 - Definição das grandezas básicas descritivas do estado físico dos solos. [2]
1.1.2.3. Teor em água
Teor em água (w) é caracterizado pelo peso da água contida na amostra de solo (Ww)
dividido pelo peso seco das partículas sólidas (Ws ) do solo, sendo expressa em
percentagem.
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Para a determinação do peso seco, o método utilizado é a secagem em estufa com
temperatura entre os 105°C e os 110 °C até que apresente peso constante. [3]
1.1.2.4. Peso volúmico
Para a determinação do peso volúmico das amostras foi usado o método de Bardet
recorrendo ao uso de uma camada de parafina que envolveu a amostra de solo em
estudo.
Com os valores de peso volúmico específico da água e da parafina , obtém-
se os pesos volúmicos das amostras no estado natural.
1.1.2.5. Composição Granulométrica
A composição granulométrica e os limites de Atterberg são as mais importantes para a
identificação do solo, são consideradas as propriedades mais básicas do solo e então
devem ser determinadas antes de quaisquer outras.
A composição granulométrica é definida como a distribuição em percentagem
ponderal, isto é, em percentagem de peso total das partículas do solo de acordo com
as suas dimensões.
O método mais convencional para a determinação da composição granulométrica para
partículas de maiores dimensões é a peneiração. Para as partículas de menores
dimensões usa-se o método de sedimentação.
De seguida apresenta-se um exemplo da curva granulométrica.
wγ parγ
γ = γWW
Wpar −WI −γWγpar
"
#$$
%
&'' Wpar −W( )
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Figura 3 – Exemplo de curvas granulométricas para diferentes tipos de solos
Neste gráfico as dimensões das partículas estão representadas em escala logarítmica.
Na parte inferior da figura pode-se classificar o solo de acordo com as dimensões das
partículas. Por ordem crescente de dimensão os solos classificam-se em argilas, siltes,
areias e cascalhos. Podem ainda dividir-se em finos, médios e grossos.
Numa outra escala, tendo as partículas dimensões superiores a 60mm os solos
classificam-se por calhaus se tiver entre 60mm e 200mm, enquanto que as de diâmetro
superior a 200mm são consideradas pedras.
A distinção entre areia e silte é feita por sedimentação.
Em alternativa ao processo de sedimentação pode-se recorrer aos granulómetros,
aparelhos que procedem à análise granulométrica através de varrimentos do solo com
raios laser. Nestes casos a fração mais grossa é ainda analisada através da
peneiração, sendo introduzida no granulómetro a parte do solo passada no peneiro
nº40.
Existem algumas grandezas que são extraídas da análise das curvas granulométricas
e fornecem informação sobre o solo, como por exemplo o diâmetro efetivo D10. Um
solo com determinado diâmetro efetivo terá 10% em peso de partículas com
dimensões inferiores a D10. Uma outra grandeza é o coeficiente de uniformidade Cu
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Onde D60 é também uma constante que representa o mesmo que a D10. O coeficiente
de uniformidade dá uma ideia da variedade de dimensões que as partículas de um
dado solo possuem. Assim quanto maior é o valor de Cu, maior será a variedade.
Admite-se que o solo é bem graduado quando o valor de Cu está compreendido entre 4
e 6. Se for igual a 1 ou próximo dele o solo diz-se uniforme.
Uma outra grandeza é o coeficiente de curvatura Cc, dado pela seguinte expressão.
Onde D30 tem o mesmo significado que D10 e D60 descritos anteriormente.
Este coeficiente relaciona-se com a forma da curva granulométrica entre D60 e D10. Se
existir um equilíbrio das representações dos diâmetros intermédios então Cc estará
compreendido entre valores de ordem 1 a 3, e o solo é considerado bem graduado.
1.1.2.6. Índice de compacidade
Permite comparar o respectivo índice de vazios de ocorrência (e) com os valores
máximos (emáx) e mínimo (emin) que a grandeza pode assumir.
Esta grandeza fornece informação sobre a maior ou menor susceptibilidade do solo em
sofrer deformações, isto é, informações sobre a sua compressibilidade.
O solo é tão mais compressível quanto maior o seu índice de compacidade.
1.1.2.7. Limites de Atterberg ou consistência
Para os solos argilosos pode-se compreender que o teor em água é o parâmetro
fundamental. Nos solos granulares ou areias (onde há um grande quantidade de
partículas grossas) o índice de vazios não depende do teor em água, num solo fino
saturado este índice é mera consequência do teor de água.
Quando o solo tem grande teor em água a mistura água-solo comporta-se como liquido
e toma a forma do recipiente onde se encontra. Se ocorrer uma diminuição do teor em
água o solo passa a ter um comportamento moldável e conserva a sua forma
concedida. Com uma nova diminuição de teor em água o comportamento do solo
passará a ser friável, ou seja, separa-se em fragmentos quando se tenta moldar. Se
10
60
DD
CU =
6010
230
DDD
CC ×=
ID =emax −eemax −emin
×100 %#$ %&
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diminuir novamente a água presente o solo deixa de diminuir de volume e a secagem
faz-se por volume constante.
Para cada um dos três valores de teor em água dos solos estão definidas quatro
zonas de comportamento distintas delimitadas por: Limite de liquidez (WL); Limite de
plasticidade (WP) e Limite de retração (WS)
A diferença do limite de liquidez (WL) e limite de plasticidade (Wp) corresponde o índice
de plasticidade (Ip).
À comparação do teor em água natural (W) de um solo argiloso, com os limites de
Atterberg, que fornece uma indicação aproximada da consistência do solo, denomina-
se índice de consistência (Ic).
O índice de consistência pode, ser superior à unidade, isto ocorre quando no seu
estado natural o solo ocorre um teor em água inferior ao limite de plasticidade, caso em
que o solo argiloso será já muito consistente.
O índice de liquidez ( ) é usado em alternativa
• Limite de liquidez
Para a obtenção do limite de liquidez do solo foi utilizado o Cone Penetrometer Method
normalizado pela British Standard (BS 1377:1975, Test 2 (A)), descrito por: Head
(1980). Em linhas gerais, o ensaio consiste em obter a penetração do cone
normalizado nas amostras do solo, nas quais varia o teor em água. Com estes valores
é possível obter um gráfico como o demonstrado na Figura A.2 que relaciona os dois
parâmetros. O limite de liquidez é igual ao teor em água, que no gráfico seguinte
corresponde a 20 mm de penetração.
Figura 4 - Representa o gráfico para a obtenção do limite de liquidez
P
L
PL
LC I
WWWWWWI −
=−−
=
LI
P
P
PL
PL I
WWWWWWI −
=−−
=
CL II −=1
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1.2. METODOLOGIA DO TRABALHO E OBTENÇÃO DOS RESULTADOS 1.2.1. Caracterização do estado físico natural da amostra
1.2.1.1. Teor em água
• Equipamento:
o Balança analítica;
o Cápsula;
o Estufa;
o Solos C e G.
• Procedimento experimental [1]:
1. Determinação da massa da cápsula;
2. Pesar o solo com as características que tinha in situ (W);
3. Secagem do solo na estufa durante um dia
4. Pesar o mesmo solo após secagem em estufa (Ws).
A diferença entre os dois pesos é igual ao peso da água (Ww). O teor de água, w, é
determinado a partir da Equação 1:
(1)
• Dados: Quadro 2 – Dados para a determinação do teor em água do solo C e respectivo resultado.
Amostra
m cápsula
(g)
m cápsula + Solo Húmido (g)
m cápsula + solo seco(média) (g)
teor em água W (%)
1 83,00 215,10 205,70 7,66 2 81,50 224,00 214,00 7,55 3 77,50 243,00 229,50 8,88 4 79,50 233,50 221,80 8,22
Quadro 3 – Dados para a determinação do teor em água do solo G e respectivo resultado.
Amostra
m cápsula
(g)
m cápsula + Solo Húmido (g)
m cápsula + solo seco (média) (g)
teor em água W (%)
1 70,70 192,40 161,60 33,88 2 89,40 186,50 164,80 28,78 3 82,50 178,80 152,00 38,56 4 76,60 185,60 156,80 35,91
W=Ww
Wseco
×100
Ww=(mcápsula+solo húmido )-(mcápsula+solo seco )
Wseco=(mcápsula+solo seco )-mcápsula
W=Ww
Wseco
×100
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Para o solo C, o teor em água médio é:
W=8,07 %
Para o solo G, o teor em água médio é:
W=34,28 %
1.2.1.2. Peso volúmico do solo G
• Equipamento:
o Balança analítica;
o Cápsula;
o Estufa;
o Solo G.
• Procedimento experimental [1]:
1. Escolher a amostra de solo natural e envolve-la com fio de massa desprezável;
2. Pesar a amostra (W);
3. Envolver a amostra em parafina derretida previamente e pesar ao ar (Wpar);
4. Pesar a amostra parafinada dentro de água (WI).
Com os pesos obtidos e através da Equação 2, obtém-se o peso volúmico da amostra
no estado natural ( w - peso volúmico da água igual a 9,81 kN/m3 e par - peso
volúmico da parafina igual a 9,81 kN/m3).
(2)
• Dados: Quadro 4 - Dados para a determinação do peso volúmico do solo G e respectivo resultado.
Amostra massa da amostra (s/ parafina) (g)
massa solo com parafina (g)
massa solo com parafina imerso (g)
Peso volúmico (kN/m3)
1 54,50 61,60 25,20 18,48 2 58,10 63,60 26,90 18,44 3 51,40 57,80 23,80 18,49
Peso volúmico médio: 18,47 kN/m3
1.2.1.3. Composição Granulométrica
• Equipamento:
o Série de peneiros;
o Mesa vibratória;
o Solos G e C;
o Espátula.
γ γ
γ = γWW
Wpar −WI −γWγpar
"
#$$
%
&'' Wpar −W( )
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• Procedimento experimental adequado para solos finos [1]:
1. Secar a amostra de solo em estufa;
2. Desflocular o solo seco;
3. Lavar o solo no peneiro de lavagem nº 200;
4. Secar as duas partes obtidas da lavagem;
5. Peneirar a massa de solo que não passa no peneiro nº 200;
6. Realizar o sedigraph à massa de solo que passa no peneiro nº 200.
• Dados Quadro 5 – Massa de material retido na peneiração dos solos C e G
Peneiro (mm) Material Retido (g) Solo C Solo G
9,5 0 0,0 4,75 24,1 0,0
2 191,6 2,5 0,85 118,1 5,6
0,425 64,8 14,1 0,25 42,2 22,2
0,106 55,4 16,0 0,075 23,4 13,0 fundo 22,1 486,69
Massa inicial usada para a peneiração 542,9g 562,4g
• Resultados obtidos
Quadro 6 – Percentagens de material retido e passado do solo C.
nº peneiro abertura (mm) %retidos %retidos acumulados %passados acumulados 3/8 9,500 0,00 0,00 100,00 4 4,750 4,45 4,45 95,55 10 2,000 35,37 39,82 60,18 20 0,850 21,80 61,62 38,38 40 0,425 11,96 73,58 26,42 60 0,250 7,79 81,37 18,63 140 0,106 10,23 91,60 8,40 200 0,075 4,32 95,92 4,08 <200 fundo 4,08 100,00 0,00
Quadro 7 – Percentagens de material retido e passado do solo G.
nº peneiro abertura (mm) %retidos %retidos acumulados %passados acumulados 3/8 9,500 0,00 0,00 100,00
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4 4,750 0,00 0,00 100,00 10 2,000 0,45 0,45 99,55 20 0,850 1,00 1,45 98,55 40 0,425 2,52 3,96 96,04 60 0,250 3,96 7,93 92,07 140 0,106 2,86 10,78 89,22 200 0,075 2,32 13,11 86,89 <200 0,010 86,89 100,00 0,00
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Figura 5 - Curva de distribuição granulométrica do solo C.
0,07
5
0,10
6
0,25
0,42
5
0,85
2
4,75
9,5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100 0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100 0,001 0,01 0,1 1 10 100
% c
umul
ativ
a re
tida
% a
cum
ulat
iva
pass
ada
Abertura de peneiro (mm) _escala log
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Figura 6 - Curva de distribuição granulométrica do solo G.
0,07
5
0,10
6
0,25
0,42
5
0,85
2
4,75
9,5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100 ,000
10,000
20,000
30,000
40,000
50,000
60,000
70,000
80,000
90,000
100,000 0,001 0,01 0,1 1 10 100
% c
umul
ativ
a re
tida
% a
cum
ulat
iva
pass
ada
Abertura de peneiro (mm) _escala log
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Pela análise da Figura 5, para o solo C, tem-se:
D10 = 0,13
D30 = 0,55
D60 = 1,99
Logo, para o mesmo solo, vem:
Coeficiente de uniformidade:
CU=D60D10
=15,49
Coeficiente de curvatura:
CC=𝐷60!
D10×D60=1,19
Relativamente às curvas granulométricas acima mostradas, observa-se que o solo C tem
apenas 4% de finos (siltes); 40% corresponde a cascalhos finos e médios e o restante (56%)
equivale a areias finas, médias e grossas.
Analogamente, o solo G tem cerca de 87% de finos, e o restante (13%) corresponde a
areias finas, médias e grossas.
1.2.1.4. Limites de Atterberg para o solo G
1.2.1.4.1. Limite de liquidez
O procedimento usado para a obtenção do limite de liquidez é o seguinte [1]:
1. Secar a amostra e passar no peneiro nº 4 para retirar as partículas de maiores
dimensões;
2. Adicionar água até obter liquidez que permita a penetração desejada;
3. Encher a forma com solo;
4. Realizar a penetração com o Cone Penetrómetro;
5. Colher uma amostra do solo para obtenção do teor em água;
6. Repetir os pontos anteriores para mais três teores em água superiores.
• Dados:
Amostras 1 2 3 4
m1 81,4 77,4 82,4 89,3 m2 93,7 87,3 93,7 105,2 m3 90,96 84,75 90,6 100,4 ms 9,56 7,35 8,2 11,1 mw 2,74 2,55 3,1 4,8
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Teor em água 28,66 34,69 37,80 43,24 Penetração
(mm) 8 13,2 21,6 25,9
m1= Massa cápsula (g) m2= Massa cápsula + solo fino húmido (g) m3= Massa cápsula + solo seco (g) ms=m3-m1 (massa do solo seco) (g) mw=m2-m3 (massa da água) (g) teor em água=(mw/ms)*100 (%)
Figura 7 - Limite de liquidez do solo G
• Resultados:
Limite de liquidez (calculado a partir do gráfico da
Figura 7) ......................................................................................................... WL = 38,176
1.2.1.4.2. Limite de plasticidade
Para a determinação do limite de plasticidade das várias amostras de solo foi utilizado
o procedimento descrito por Bardet (1997) que consiste em Figura A.4: [1]
1. Secar a amostra e passar no peneiro nº 40 para retirar as partículas de maiores
dimensões;
2. Adicionar água até obter a plasticidade desejada (tendo em conta que o solo
não se deve pegar aos dedos);
3. Realizar uma bola de solo de 1 a 2 cm de diâmetro;
38,17541325
y = 0,7344x + 23,488
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 10 20 30
Teor
em
águ
a
Penetração (mm)
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4. Realizar um rolo com 3 mm de diâmetro (caso os rolos apresentem fissuração
elevada ou não apresentem continuidade repetir o processo anterior com outro
teor em água);
5. Recolher amostras para obtenção do teor em água;
6. Repetir o processo para nova amostra e comparar valores (caso exista uma
variação maior que 5 % no limite de plasticidade realizar nova amostragem).
• Dados:
Amostras 1 2 3 4
m1 71,5 77 28,9 27,2 m2 85,04 92,04 38,27 34 m3 82,32 89,09 36,39 32,64 ms 10,82 12,09 7,49 5,44 mw 2,72 2,95 1,88 1,36
Teor em água 25,13863 24,40033 25,10013 25 m1= Massa cápsula (g) m2= Massa cápsula + solo fino húmido (g) m3= Massa cápsula + solo seco (g) ms=m3-m1 (massa do solo seco) (g) mw=m2-m3 (massa da água) (g) teor em água=(mw/ms)*100 (%)
• Resultados finais para os limites de Atterberg:
Teor em água ...................................................................................................... W=34,28
Limite de plasticidade (média dos teores em água) ......................................... Wp=24,91
Limite de liquidez ............................................................................................ WL=38,176
Índice de plasticidade (WL - WP) ......................................................................... IP=13,37
Índice de consistência ((WL-IL)/IP) ......................................................................... IC=0,30
Índice de liquidez ((W-WP)/IP) ................................................................................ IL=0,70
1.2.2. Classificação dos solos
Com base nos dados e resultados apresentados, é possível classificar os solos como se
mostra de seguida.
1.2.2.1. Classificação ASTM (Anexo 1, Figura 49 e Figura 50)
A classificação unificada (ASTM) inicia-se com a classificação segundo a natureza. Assim, o
primeiro nível de classificação diz respeito à dimensão das partículas.
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Para o solo C, a curva granulométrica
(Figura 5) diz-nos que a percentagem de
passados no peneiro de 80μm (na
prática, no peneiro n.º 200) é inferior a
50%.
Logo trata-se de um solo grosso.
Para o solo G, a curva granulométrica
(Figura 6) diz-nos que a percentagem de
passados no peneiro de 80μm (na
prática, no peneiro n.º 200) é igual ou
superior a 50%.
Logo trata-se de um solo fino.
Para o segundo nível de classificação
O solo C, tem:
• Mais de 50% da fracção grossa retida no peneiro nº4 ;
Logo a subclasse é Cascalho.
No solo G tem:
• 𝑾𝑳< 50 % (calculado anteriormente)
Logo a subclasse é Siltes e Argilas com
o 𝑊!< 50%.
Para o terceiro nível de classificação:
O solo C, tem:
• Menos de 5% de finos.
No solo G tem:
• Ip>7 (calculado anteriormente) e situa-se na linha A ou acima desta (j).
• 𝑾𝑳(𝒔𝒆𝒄𝒐 𝒆𝒎 𝒆𝒔𝒕𝒖𝒇𝒂)𝑾𝑳(𝒔𝒆𝒎 𝒔𝒆𝒄𝒂𝒈𝒆𝒎)
> 𝟎,𝟕𝟓
Logo é Inorgânico.
Para o quarto nível de classificação:
O solo C, tem:
• Cc = 1,16, logo (1>Cc>3) • ≥ 15 % de areia
Logo a subclasse resulta na classificação
GP Cascalho mal graduado com areia.
No solo G tem:
• Ip>7 (calculado anteriormente) e situa-se na linha A ou acima desta (j).
Logo a subclasse resulta na classificação
CL Argila magra.
Em resumo, tem-se:
Solo C ................................................................... GP Cascalho mal graduado com areia
Solo G ...................................................................................................... CL Argila magra
1.2.2.2. Classificação para fins rodoviários (Anexo 1, Figura 51 e Figura 52)
A classificação para fins rodoviários realiza-se da seguinte forma:
O solo C, tem menos de 50% de
passados no peneiro n.º 40 (0,425mm),
No solo G, como a percentagem de
passados no peneiro n.º 200 é superior a
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logo trata-se de um solo A-1-b. 36%, logo conclui-se que se trata de um
solo A-6.
Em resumo, tem-se:
Solo C ....................................................................................................................... A-1-b
Solo G .......................................................................................................................... A-6
1.2.2.3. Classificação LCPC SETRA (Anexo 1, Figura 53 e Figura 54)
A classificação LCPC SETRA inicia-se com a classificação segundo a natureza. Assim, o
primeiro nível de classificação diz respeito à dimensão das partículas. Neste caso amos os
solos têm Dmáx ≤ 50 mm.
Contudo,
Para o solo C, a curva de distribuição
granulométrica diz-nos que a
percentagem de passados no peneiro de
80μm (na prática, no peneiro n.º 200) é
inferior a 35%.
Logo é de classe B.
No solo G, a curva de distribuição
granulométrica diz-nos que os passados
no peneiro de 80μm (na prática, no
peneiro n.º 200) ultrapassa os 35%.
Logo é de Classe A.
Para o segundo nível de classificação
O solo C, tem:
• menos de 12% de passados no peneiro de 80μm;
• menos de 70% de passados no peneiro de 2mm, e;
• VBS
Logo a subclasse em função da natureza
é 4 (Granulometrias extensas [pouco]
argilosas).
No solo G,
• 12<Ip<25
Logo a subclasse em função da
natureza é 2 (Areias finas argilosas,
siltes, argilas e margas pouco plásticas,
areias).
Em resumo, tem-se:
Solo C ............................................................................................................................ B4
Solo G ............................................................................................................................ A2
1.2.3. Discussão de resultados
Os resultados apresentados advieram dos dados resultantes dos ensaios descritos,
fornecidos pelo docente.
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No caso do solo C, procedeu-se ao cálculo do teor em água e da analise granulométrica; No
caso do solo G, para além destes últimos cálculos, foram ainda analisados os limites de
Atterberg (limites de liquidez e de plasticidade). No caso do limite de liquidez traçou-se o
gráfico teor em água vs penetração, de onde se retirou o limite de liquidez do solo G, valor
correspondente à penetração igual a 20 mm.
Para o solo C, calculou-se o coeficiente de uniformidade e o coeficiente de curvatura e, com
base na curva de distribuição granulométrica, classificou-se o solo.
O solo G foi igualmente classificado. Da sua análise sabe-se que este é um solo recente,
pois apresenta um teor em água (34,3) muito próximo do limite de liquidez (38,9). Portanto,
a sua consistência será naturalmente muito baixa (Ic = 0,33) e, a sua compressibilidade será
elevada.
1.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Na realização deste capítulo do trabalho foram utilizados vários conceitos aprendidos
durante as aulas práticas e teóricas da disciplina de mecânica de solos.
Através da análise das curvas de distribuição granulométrica, e dos cálculos que dela
advêm, foi possível a classificação dos dois solos, à luz de três métodos distintos.
Conclui-se com este trabalho que estes métodos são complementares e de grande
importância no quotidiano da atividade de Geotecnia.
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PARTE 2 – ESTADO DE TENSÃO NOS SOLOS. CAPILARIDADE 2.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 2.1.1. Breve Introdução
A parte que se segue tem como objetivo a determinação do estado de tensão num
determinado maciço terroso, antes e depois da construção de um depósito circular. Para
resolver o problema serão utilizados dois programas de cálculo: Microsoft Excel e o
programa de cálculo automático do GeoStudio 2007 (SIGMA/W).
2.1.2. Enquadramento teórico
2.1.2.1. Conceito de tensão
Em engenharia, a tensão é o esforço resistente no interior de um corpo quando submetido a
um esforço solicitante. Os solos são constituídos por partículas e forças aplicadas a eles
atuam nos contactos interpartículas, além das que atuam no fluido intersticial. Por isso, o
conceito de tensão, em maciços terrosos, descreve-se como sendo mais complexo do que
nos meios contínuos, sejam estes sólidos ou fluidos. Nos solos, ocorrem tensões
dependentes do peso próprio do terreno e decorrentes da propagação de cargas externas
aplicadas ao terreno. No âmbito desta disciplina, Mecânica dos Solos, tensão é vista com
um conceito macroscópico, sendo que as tensões resultam da divisão das forças aplicadas
a uma dada secção pela área total desta, área que engloba os contactos entre partículas e
os poros. Esta área de contacto é muito pequena, as tensões estabelecidas entre as
partículas são muito elevadas.
Na engenharia, é necessário conhecer a distribuição de tensões nas várias profundidades
do terreno para a solução de problemas de recalques, empuxo de terra, capacidade de
carga no solo, etc.
2.1.2.2. Princípio das tensões efetivas
A tensão efetiva é a tensão suportada pelos grãos do solo, ou seja, é a tensão transmitida
pelos contatos entre partículas.
O Princípio das tensões efetivas diz que:
A tensão efetiva, para solos saturados, pode ser expressa por:
𝜎! = 𝜎 − 𝑢,
sendo σ a tensão total.
Todos os efeitos mensuráveis resultantes de variações de tensões nos solos, como
compressão, distorção e resistência ao cisalhamento são devidas a variações de tensões
efetivas.
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2.1.2.3. Estado de tensão de repouso
Nos maciços naturais podem ser impostos dois tipos de tensões distintas: tensões virgens,
existentes no maciço independente de qualquer ação humana, e tensões induzidas,
associadas às ações impostas pelas obras que sobre os maciços ou no interior destes são
construídas. Por sua vez, as tensões virgens podem dividir-se em tensões em repouso,
devidas ao peso próprio do solo sem intervenção de qualquer esforço externo, e tensões
tectónicas, originadas pelas forças tectónicas que se desenvolvem no interior da crosta
terrestre.
Os solos estão submetidos em profundidade a tensões de repouso verticais e horizontais
que vão variando com o peso volúmico e a massa de água existente. Num ponto P de um
maciço terroso homogéneo de superfície horizontal com peso volúmico, γ, constante em
profundidade, z, pode-se calcular as tensões principais de repouso.
A tensão total vertical em P é definida pela seguinte equação:
,
sendo que o índice “zero” simboliza que a tensão é exclusivamente devida ao peso próprio,
isto é, é uma tensão de repouso.
Se a água está em condições hidrostáticas e o nível freático à superfície do terreno, a
pressão na água dos poros em P, designada por tensão neutra, define-se como:
A tensão efetiva vertical de repouso define-se da seguinte forma:
,
em que γ’ é o peso volúmico submerso.
Ao contrário das tensões verticais, o cálculo das horizontais não resulta de considerações
puramente gravíticas e, por isso, é necessário introduzir um parâmetro, designado
coeficiente de impulso em repouso, K0, que é caracterizado pela razão da tensão efetiva
horizontal de repouso e pela tensão efetiva vertical de repouso no ponto P:
Este coeficiente depende essencialmente da evolução das tensões por este
experimentadas, ou seja da história de tensões do maciço. Em maciços de origem
sedimentar geologicamente muito recente (maciços normalmente consolidados) o valor de
K0 é bastante inferior a 1, muitas vezes não muito afastado de 0,5. Valores próximos ou
inferiores a este são característicos de solos residuais de granito. Com histórias de tensões
zv .0 γσ =
zu w .0 γ=
zzv w ')(' 0 γγγσ =−=
''
0
00 v
hk
σσ
=
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mais complexas, isto é, quando os maciços sedimentares são antigos (maciços
sobreconsolidados) o K0 pode ser superior a 1.
2.1.2.4. Tensões induzidas por forças exteriores
Quando se aplica uma sobrecarga na superfície de um terreno, ela produz modificações nas
tensões até então existentes. Teoricamente, tais modificações, que conduzem a um
aumento ou diminuição das tensões existentes, ocorrem em todos os pontos do maciço
solicitado, podendo levar a deformações. Embora as relações entre tensões induzidas e as
deformações resultantes sejam essencialmente não lineares, soluções baseadas na teoria
da elasticidade são comummente adotadas em aplicações práticas, respeitando-se um
sistema matematicamente complexo que envolve equações de equilíbrio, compatibilidade e
constitutivas. As equações de equilíbrio são aplicadas entre as tensões que atuam em
qualquer elemento do volume do interior do meio (forças exteriores volumétricas) ou na
respetiva fronteira (forças aplicadas à superfície do meio). As equações de compatibilidade
atribuem que elementos contíguos antes da deformação continuem a ser compatíveis após
a deformação. Quanto às equações constitutivas, estas relacionam as tensões e as
deformações do maciço terroso.
As tensões induzidas num maciço terroso, devido a um carregamento do solo, dependem
fundamentalmente da posição do ponto considerado no interior do terreno em relação à área
da carga.
As cargas transmitidas pelas estruturas se propagam para o interior dos maciços e se
distribuem de forma diferente. A magnitude das tensões aplicadas por um determinado
carregamento tende a diminuir tanto com a profundidade como lateralmente, à medida que
aumenta a distância vertical e horizontal do ponto à zona de carregamento, respetivamente.
Por isso, consideram-se as forças aplicadas à superfície do maciço, forças que representam
as ações das estruturas edificadas sobre a superfície natural do terreno ou da reduzida
profundidade, para se avaliar as tensões induzidas no maciço.
2.1.2.5. Modelos de comportamento dos materiais
As equações que relacionam para o material em causa, como os maciços terrosos, as
tensões e as deformações (leis constitutivas) traduzem, matematicamente, a resposta física
dos materiais. Quando sujeitos a tensões, esta resposta varia, podendo se comportar
segundo determinados modelos, designados de modelos de comportamento.
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Os materiais elásticos exibem reversibilidade de deformações. Neste caso, se houver
proporcionalidade entre tensões e deformações o material classifica-se como elástico linear,
por outro lado se não houver designa-se por elástico não linear.
Quando as ações exteriores são removidas e apenas parte das deformações são
recuperadas o material denomina-se por elastoplástico. Como próprio nome indica, este
sofre deformações plásticas e elásticas. Um material diz-se elastoplástico perfeito quando
apresenta um comportamento elástico até atingir a tensão de cedência, depois sofre
deformações puramente plásticas sob uma tensão constante igual à tensão de cedência.
Este tipo de material também tanto pode seguir um modelo elástico linear como não linear.
Em certos casos de materiais de comportamento elastoplástico, depois de atingida a tensão
de cedência, esta não se mantém constante, podendo aumentar, levando a que o material
descreva um comportamento elastoplástico com endurecimento, ou decrescer, sendo o
comportamento designado por elastoplástico com amolecimento.
Um material rígido-plástico é semelhante ao elastoplástico, no entanto as suas deformações
são nulas até ser atingida a tensão de cedência.
Seguidamente encontram-se representados modelos de comportamento dos materiais, que
apenas exprimem a relação entre uma tensão e uma componente de deformação.
No cálculo das tensões induzidas nos maciços por forças exteriores, é usual admitir que
estes adquirem um comportamento elástico linear. Na prática, para as tensões induzidas em
meios semi-indefinidos, contínuos e elásticos lineares são usadas soluções obtidas a partir
da Teoria da Elasticidade.
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Figura 8 - Alguns modelos de comportamento usados em Mecânica dos Solos: a) elástico linear; b)
elástico não linear; c) elastoplástcio; d) elástico-perfeitamente plástico; e) elástico não linear-
perfeitamente plástico; f) rígido-plástico
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2.1.2.6. Soluções elásticas mais usadas em mecânica dos solos
As primeiras soluções analíticas para a determinação do estado de tensão no interior de
maciços terrosos foram depreendidos por Boussinesq (1885) para o caso de um meio
elástico, isotrópico e semi-definido carregado à superfície por uma carga vertical
concentrada. Em 1892 Flamant obteve as tensões para o caso de um meio do mesmo tipo
carregado à superfície por uma carga vertical linear uniforme, situação correspondente a um
equilíbrio bidimensional.
Assim, sabe-se que para tensões num meio elástico, isotrópico, homogéneo e semi-
indefinido induzidas por uma carga vertical concentrada à superfície, o equilíbrio gerado por
um carregamento deste tipo corresponde a um estado plano de deformação. As expressões
analíticas que descrevem os problemas são as seguintes:
A solução utilizada para representar as tensões incrementais designa-se bolbos de tensões,
onde cada uma das curvas representa o lugar geométrico dos pontos em que a tensão
incremental vale uma determinada fração da pressão aplicada à superfície
Figura 2 – Exemplo de um bolbo de tensões (linhas de igual incremento da tensão vertical) para uma
faixa infinita uniformemente carregada.
( )[ ]δαααπσ 2cos +⋅+×Δ=Δ senqsz
( )[ ]δαααπσ 2cos +⋅−×Δ=Δ senqsx
αυπσ ⋅⋅Δ=Δ sqy 2
( )[ ]δααπτ 2+⋅×Δ=Δ sensenqsxz
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As profundidades até às quais as tensões incrementais representam uma fracção
significativa da pressão superficial dependem da geometria da área carregada, ou seja, da
dimensão transversal e longitudinal, crescendo com ambas.
2.1.2.7. Combinação dos estados de tensão de repouso e incremental
As tensões preexistentes no maciço são naturalmente modificadas pelas tensões induzidas.
Em Mecânica dos Solos, as soluções da teoria da elasticidade para as tensões induzidas no
maciço por cargas exteriores são tensões totais. Estas tensões resultam da combinação de
dois estados de tensão: repouso e incremental.
A representação de dois estados de tensão num determinado ponto é possível usando
circunferências de Mohr. Num sistema de eixos ( ; ) as coordenadas de qualquer ponto
da circunferência corresponde à componente da tensão numa dada faceta que passa pelo
ponto onde são conhecidas (corresponde ao centro da circunferência) e (corresponde
ao raio da circunferência), em que:
Uma alternativa à representação do estado de tensão consiste em representar para cada
estado de tensão (total e efetiva) um único ponto, cuja abcissa corresponde à tensão normal
média (s, s’) e cuja ordenada representa a tensão de corte máxima ( ). Para isso, surge um
sistema de eixos s, s’ e t em que:
Na prática, o uso deste sistema representa para cada estado de tensão o ponto da
circunferência de Mohr em que é máximo. A linha que une os diversos pontos
ασ ατ
1σ 3σ
ασσσσ
ασασσα 2cos22
cos 313123
21
−+
+=+= sen
ασσ
αασστα 22
cos)( 3131 sensen −
=×−=
2' 3101
σσσσ
+== v
2' 3103
σσσσ
−== h
τ
231 σσ +
=s2''' 31 σσ +
=s2
31 σστ
−±= uss hv −=
+=
2''' σσ
τ
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representativos dos estados de tensão associados a determinado carregamento designa-se
por trajetória de tensões.
2.1.2.8. Assentamento à superfície
Por forma a estimar os assentamentos das estruturas ou elementos estruturais responsáveis
pelo carregamento, é necessário conhecer os acréscimos de tensões, a espessura da
camada do maciço, as características elásticas (constantes em profundidade). Assim, pela
lei de Hooke e para cada caso de carregamento, tem-se:
Em 𝐼! que é um número real, função da geometria da área carregada e do ponto sob o qual
se pretende obter o assentamento.
Quando se age com este tipo de problemas geotécnicos é importante ter-se a noção de que
os solos exibem comportamento altamente não linear, a sua rigidez depende bastante do
nível de deformação. Os solos só se comportam como materiais realmente elásticos quando
as solicitações implicam deformações extremamente pequenas, da ordem de 10-6. Deste
modo a aproximação das estimativas dos assentamentos está condicionada principalmente
pela adequação dos módulos de elasticidade do maciço considerado nos cálculos.
ss IE
Bqs ×+
××Δ=21 υ
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2.2. METODOLOGIA DO TRABALHO E OBTENÇÃO DOS RESULTADOS Foram obtidos os seguintes resultados numa primeira análise para o estado de repouso, e
numa outra, quando o maciço está sujeito à aplicação de uma carga circular.
A análise foi feita com auxilio do EXCEL e do SIGMA.
2.2.1. Dados do problema:
Figura 9 – Perfil geológico
h1=8 m
h2=12 m
Solo 1 = Solo O
Solo 2 = Solo C
znf=10 m
hc=3,5 m
Para chegar aos respetivos estados de tensão foram facultados alguns dados relativos aos
dois solos que constituem o maciço.
Dados conhecidos do Solo 1:
dγ = 19 kN/m3
sG =2,7
0k =1,1
E =4000 kPa
υ =0,3
Dados conhecidos do Solo 2:
Análise Granulométrica w =8,08 %
• Determinação de grandezas do solo 1 Dado que sG =2,7 então
== wss G γγ . 26,487
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O peso volúmico saturado será:
=+
+=
eSe ws
sat 1.. γγ
γ 21,77kN/m3
• Determinação de grandezas do solo 2
E e 𝜗 são valores retirados da tabela ” Valores E e 𝜗 para diferentes tipos de solos
proposto por Bardet” no anexo 2 uma vez que se conhece a classificação de solo C
da parte 1.
Considera-se E= 150 MPa e 𝜗 =0,3
Através do 𝜗 é possível determinar o valor de k0.
𝑘! =!
!!!=0,43
Arbitrando o valor de Gs= 2,65 o peso volúmico das partículas, 𝛾! = 25,997 𝑘𝑁/𝑚!
Peso volúmico seco foi determinado recorrendo ao quadro 1.2 de [2] pois tratava-se de um
solo com 𝛾! ~26,00𝑘𝑁/𝑚!.
𝛾! = 18,5𝑘𝑁/𝑚!
Índice de vazios será dado por:
𝛾! =𝛾!
1 + 𝑒
𝑒 = 0,4052
Procedeu-se ao cálculo do peso volúmico saturado
𝛾!"# =𝛾! + 𝛾!𝑆𝑒1 + 𝑒
𝛾!"# = 21,33 𝑘𝑁/𝑚!
Deste modo já têm-se as grandezas necessárias calculadas resumidas na seguinte tabela:
Quadro 8 – Grandezas calculadas dos solos O e C
Solo O Solo C Peso Volúmico das Partículas Sólidas (kN/m3) γs = 26,487 25,997 Índice de Vazios e = 39,41% 40,52% Porosidade n = 28,27% 28,84% Teor em Água w = 8,08% 8,08% Grau de Saturação S = 55,36% 52,84% Peso Volúmico Seco (kN/m3) γd = 19,00 18,50 Peso Volúmico Saturado (kN/m3) γsat = 21,77 21,33
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Quadro 9 – Propriedades dos solos utilizadas para efeitos de cálculo
Solo γd γsat Gs E* v* k0 1 - O 19,00 21,77 2,7 4,00E+03 0,30 1,10 2 - C 18,50 21,33 2,65 1,50E+05 0,30 0,43
2.2.2. Estado de tensão em repouso
2.2.2.1. Determinação dos estados de tensão com recurso ao Excel Quadro 10 – Tensões de repouso em função da profundidade
z Ponto
σv0 u0 σv0' σh0' σh0 Notas
m kPa kPa kPa kPa kPa 0 SO_i 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Superfície 5 P1 95,00 0,00 95,00 104,50 104,50 Ponto médio solo O 6,5 CAP1 123,50 0,00 123,50 135,85 135,85 z=6,5 antes da capilaridade 6,5 CAP2 123,50 -‐34,34 157,84 173,62 139,28 z=6,5 depois da capilaridade 8 SO_f 156,16 -‐19,62 175,78 193,35 173,73 Fim do solo O 8 SC_i 156,16 -‐19,62 175,78 75,58 55,96 Início do solo C 10 NF2 198,81 0,00 198,81 85,49 85,49 Nível Freático 14 P2 284,13 39,24 244,89 105,30 144,54 Ponto médio solo C 20 SC_f 412,10 98,10 314,00 135,02 233,12 Fim do solo C
Figura 10 - Tensões de repouso em função da profundidade
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Quadro 11 – Tensões principais a meio de cada estrato
Ponto P1 P2 σ1 = σv0 95,00 284,13 σ3 = σh0 104,50 144,54 σ1' = σ’v0 95,00 244,89 σ3' = σ’h0 104,50 105,30
Figura 11 - Circulo de Mohr do Estado de Tensão de Repouso no Ponto P1
Figura 12 - Circulo de Mohr do Estado de Tensão de Repouso no Ponto P1
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Quadro 12 - Valores de S, S' e T Ponto P1 P2
s 99,75 214,34 s' 99,75 175,10 t -4,75 69,79
Figura 13 - Diagrama s,s',t do ponto P1
Figura 14 - Diagrama s,s',t do ponto P1
μ0=39,24
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2.2.2.2. Obtenção de resultados com recurso ao SIGMA do GeoStudio 2012 – Student
Edition
Figura 15 - Representação dos solos em Repouso
Visto que não está nenhuma carga aplicada, então as tensões verticais, à mesma
profundidade, vão ser vão iguais em cada um dos perfis. A deformada obtida pelo SIGMA
era quase nula, portanto não se vai apresentar qualquer imagem, pois ficava cada maciço
exactamente como está representado na figura acima. Os valores das tensões retirados do
SIGMA, são in situ.
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Figura 16 - Tensão efetiva vertical dos solos
em repouso
Figura 17 – Tensão vertical total em repouso
De igual modo, em cada perfil, os Círculos de Mohr em cada perfil vão ser iguais para a
mesma profundidade.
Figura 18 - Círculos Mohr para o Solo 1 (z=16); a) Tensão Total e b) Tensão Efetiva
Figura 19 - Círculos Mohr para o Solo 2 (z=6); a) Tensão Total e b) Tensão Efetiva
Tensão de Repouso
Y-Ef
fect
ive
Stre
ss (k
Pa)
Distance (m)
50
100
150
200
250
300
350
0 5 10 15 20
Tensão de Repouso
Y-To
tal S
tress
(kPa
)
Distance (m)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 5 10 15 20
Total Stress at Node 316
Total Normal Stress (kPa)
120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320
Tota
l She
ar S
tress
(kPa
)
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
sx sy
152,05
0
301,6
152,05
301,6
a) b) Effective Stress at Node 316
Effective Normal Stress (kPa)
80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280
Effe
ctiv
e Sh
ear S
tress
(kPa
)
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
sx sy
112,82
0
262,37
112,82
262,37
Total Stress at Node 317
Total Normal Stress (kPa)
35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95
Tota
l She
ar S
tress
(kPa
)
-30
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
sx sy
38,59
0
89,744
38,59
89,744
a) b) Effective Stress at Node 317
Effective Normal Stress (kPa)
85 90 95 100 105 110 115 120 125 130 135 140 145
Effe
ctiv
e Sh
ear S
tress
(kP
a)
-30
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
sx sy
87,625
0
138,78
87,625
138,78
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2.2.3. Estado de tensão imediatamente após a construção do depósito circular
2.2.3.1. Determinação dos estados de tensão com recurso ao Excel
• Perfil AA’ Quadro 13 – Tensões no perfil AA’ em função da profundidade
z Ponto σv1 u1 σv1' σh1' σh1
Notas m kPa kPa kPa kPa kPa 0 SO_i 25,00 0,00 25,00 20,00 20,00 Superfície 5 P1 115,08 0,00 115,08 108,09 108,09 Ponto médio solo O 6,5 CAP1 140,63 0,00 140,63 137,69 137,69 z=6,5 antes da capilaridade 6,5 CAP2 140,63 -‐34,34 174,97 175,46 141,13 z=6,5 depois da capilaridade 8 SO_f 170,54 -‐19,62 190,16 194,27 174,65 Fim do solo O 8 SC_i 170,54 -‐19,62 190,16 76,50 56,88 Início do solo C 10 NF2 210,07 0,00 210,07 85,75 85,75 Nível Freático 14 P2 291,23 39,24 251,99 105,30 144,54 Ponto médio solo C 20 SC_f 416,09 98,10 317,99 135,02 233,12 Fim do solo C
Figura 20 - Tensões após o carregamento segundo o perfil AA’
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Quadro 14 – Tensões principais a meio de cada estrato
Ponto P1 P2 σ1 = σv1 115,08 291,23 σ3 = σh1 108,09 144,54 σ1' = σ’v1 115,08 251,99 σ3' = σ’h1 108,09 105,30
Figura 21 - Circulo de Mohr do Estado de Tensão no perfil AA no Ponto P1
Figura 22 - Circulo de Mohr do Estado de Tensão no perfil AA no Ponto P2
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Quadro 15 - Valores de S, S' e T
Ponto P1 P2 s 111,58 217,89 s' 111,58 178,65 t 3,50 73,34
Figura 23 - Diagrama s,s',t do ponto P1
Figura 24 - Diagrama s,s',t do ponto P2
μ1=39,24
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• Perfil BB’ Quadro 16 – Tensões no perfil BB’ em função da profundidade
z Ponto σv2 u2 σv2' σh2' σh2
Notas m kPa kPa kPa kPa kPa 0 SO_i 12,50 0,00 12,50 0,00 0,00 Superfície 5 P1 104,51 0,00 104,51 104,50 104,50 Ponto médio solo O 6,5 CAP1 132,12 0,00 132,12 135,85 135,85 z=6,5 antes da capilaridade 6,5 CAP2 132,12 -‐34,34 166,45 173,62 139,28 z=6,5 depois da capilaridade 8 SO_f 163,89 -‐19,62 183,51 193,35 173,73 Fim do solo O 8 SC_i 163,89 -‐19,62 183,51 75,58 55,96 Início do solo C 10 NF2 205,47 0,00 205,47 85,49 85,49 Nível Freático 14 P2 289,03 39,24 249,79 105,30 144,54 Ponto médio solo C 20 SC_f 415,33 98,10 317,23 135,02 233,12 Fim do solo C
Figura 25 – Tensões após o carregamento segundo o perfil BB’
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 53/116
Quadro 17 – Tensões principais a meio de cada estrato
Ponto P1 P2 σ1 = σv2 104,51 289,03 σ3 = σh2 104,50 144,54 σ1' = σ’v2 104,51 249,79 σ3' = σ’h2 104,50 105,30
Figura 26 - Circulo de Mohr do Estado de Tensão no perfil BB no Ponto P1
Figura 27 - Circulo de Mohr do Estado de Tensão no perfil BB no Ponto P2
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 54/116
Quadro 18 - Valores de S, S' e T
Ponto P1 P2 s 104,51 216,79 s' 104,51 177,55 t 0,01 72,24
Figura 28 - Diagrama s,s',t do ponto P1
Figura 29 - Diagrama s,s',t do ponto P2
μ2=39,24
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 55/116
• Perfil CC’ Dado que a distância do perfil CC’ ao centro do depósito circular é significativamente elevada (r/a>3)
[7] http://www.infraestruturaurbana.com.br/solucoes-tecnicas/11/artigo245175-1.asp
[8], a contribuição dos incrementos de tensão impostos pelo depósito circular são
desprezáveis. Como tal, este perfil, bem como os seguintes, apenas está sujeito às tensões
de repouso, situação já analisada.
2.2.3.2. Obtenção de resultados com recurso ao SIGMA do GeoStudio 2012 – Student
Edition. (ver anexo 2)
Figura 30 - Representação gráfica dos Solos 1 e 2 sujeitos a uma carga executada pela construção
de um tanque
Além de ser possível obter os valores de tensões para cada um dos perfis (AA’;BB’;CC’ e
DD’) através do software SIGMA, pode-se ainda retirar, relativamente à carga derivada da
construção do tanque, as cruzetas de tensões e os bolbos de tensões que representam a
deformada dos solos.
Para obter a representação correta dos bolbos, não se pode considerar o peso volúmico do
solo, de forma a que o programa considere apenas os acréscimos e os consiga desenhar.
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 56/116
Figura 31 - Cruzetas de tensões sem peso volúmico
Figura 32 - bolbos de tensão sem peso volúmico
Naturalmente para a determinação das tensões, considerou-se os pesos volúmicos de cada
solo. E após a obtenção das representações das cruzetas e dos bolbos de tensões, voltou-
se a colocar no SIGMA os valores respectivos dos pesos volúmicos em cada solo.
Relativamente aos c e consequentemente verificou-se as seguintes tensões para os perfis:
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 57/116
Perfil AA’ Perfil BB’ Perfil CC’ Perfil DD’ Te
nsõe
s To
tais
Tens
ões
Efet
ivas
AA'Y-
Tota
l Stre
ss (k
Pa)
Distance (m)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 5 10 15 20
BB'
Y-To
tal S
tress
(kPa
)
Distance (m)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 5 10 15 20
CC'
Y-To
tal S
tress
(kPa
)
Distance (m)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 5 10 15 20
DD'
Y-To
tal S
tress
(kPa
)
Distance (m)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 5 10 15 20
AA'
Y-Ef
fect
ive
Stre
ss (k
Pa)
Distance (m)
50
100
150
200
250
300
350
0 5 10 15 20
BB'
Y-Ef
fect
ive
Stre
ss (k
Pa)
Distance (m)
50
100
150
200
250
300
350
0 5 10 15 20
CC'
Y-Ef
fect
ive
Stre
ss (k
Pa)
Distance (m)
50
100
150
200
250
300
350
0 5 10 15 20
DD'
Y-Ef
fect
ive
Stre
ss (k
Pa)
Distance (m)
50
100
150
200
250
300
350
0 5 10 15 20
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 58/116
Figura 33 – Esquema da localização dos nodos no perfil e respetivas coordenadas (devido a tornar
mais simples a compreensão do resultados obtidos dos Círculos de Mohr, compôs-se este esquema
para ir ao encontro com a informação fornecida pelo SIGMA; portanto este esquema revela a
associação dos nós onde estão cada ponto perfil com as suas coordenadas contextualiza-das)
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 59/116
Nodo 16 Nodo 6
Tens
ões
Tota
is
Tens
ões
Efet
ivas
Total Stress at Node 16
Total Normal Stress (kPa)
30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tota
l She
ar S
tress
(kPa
)
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
sx sy
37,948
-0,30005
100,61
37,947
100,61
Total Stress at Node 6
Total Normal Stress (kPa)
120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320
Tota
l She
ar S
tress
(kPa
)
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
sx sy
130,04
-0,14059
312,66
130,04
312,66
Effective Stress at Node 16
Effective Normal Stress (kPa)
80 90 100 110 120 130 140 150 160
Effe
ctiv
e Sh
ear S
tress
(kP
a)
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
sx sy
86,983
-0,30005
149,64
86,982
149,64
Effective Stress at Node 6
Effective Normal Stress (kPa)
80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280
Effe
ctiv
e Sh
ear S
tress
(kP
a)
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
sx sy
90,814
-0,14059
273,43
90,814
273,43
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 60/116
Nodo 237 Nodo 266 Te
nsõe
s To
tais
Tens
ões
Efet
ivas
Nodo 351 Nodo 334
Total Stress at Node 237
Total Normal Stress (kPa)
30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
Tota
l She
ar S
tress
(kPa
)
-30
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
sx
sy
37,159
-4,1085
87,583
36,827
87,915
Total Stress at Node 226
Total Normal Stress (kPa)
120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320
Tota
l She
ar S
tress
(kPa
)
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
sx sy
131,04
-2,2656
308,9
131,01
308,93
Effective Stress at Node 237
Effective Normal Stress (kPa)
80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 130 135 140
Effe
ctiv
e Sh
ear S
tress
(kP
a)
-30
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
sx
sy
86,194
-4,1085
136,62
85,862
136,95
Effective Stress at Node 226
Effective Normal Stress (kPa)
80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280
Effe
ctiv
e Sh
ear S
tress
(kP
a)
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
sx sy
91,812
-2,2656
269,67
91,784
269,7
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 61/116
Tens
ões
Tota
is
Tens
ões
Efet
ivas
Total Stress at Node 351
Total Normal Stress (kPa)
25 30 35 40 45 50 55 60 65
Tota
l She
ar S
tress
(kPa
)
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
sx sy
28,664
-0,14811
60,162
28,663
60,163
Total Stress at Node 334
Total Normal Stress (kPa)
120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320
Tota
l She
ar S
tress
(kPa
)
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
sx sy
132,53
-0,80816
309,06
132,53
309,06
Effective Stress at Node 351
Effective Normal Stress (kPa)
75 80 85 90 95 100 105 110 115
Effe
ctiv
e Sh
ear S
tress
(kP
a)
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
sx sy
77,699
-0,14811
109,2
77,698
109,2
Effective Stress at Node 334
Effective Normal Stress (kPa)
80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280
Effe
ctiv
e Sh
ear S
tress
(kP
a)
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
sx sy
93,305
-0,80816
269,83
93,302
269,83
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 62/116
Nodo 520 Nodo 514 Te
nsõe
s To
tais
Tens
ões
Efet
ivas
Total Stress at Node 520
Total Normal Stress (kPa)
35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
Tota
l She
ar S
tress
(kPa
)
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
sx sy
35,2
-0,059244
83,477
35,2
83,477
Total Stress at Node 514
Total Normal Stress (kPa)
120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320
Tota
l She
ar S
tress
(kPa
)
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
sx sy
127,99
0,031883
296,38
127,99
296,38
Effective Stress at Node 520
Effective Normal Stress (kPa)
80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 130 135 140
Effe
ctiv
e Sh
ear S
tress
(kP
a)
-30
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
sx sy
84,235
-0,059244
132,51
84,235
132,51
Effective Stress at Node 514
Effective Normal Stress (kPa)
80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280
Effe
ctiv
e Sh
ear S
tress
(kP
a)
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
sx sy
88,763
0,031883
257,15
88,763
257,15
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 63/116
2.2.4. DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Os dados necessários à realização da análise do estado de tensão foram calculados, no
caso do solo 2, a partir dos valores obtidos na primeira parte deste relatório fato que pode
implicar a propagação de erros. Para este solo foi calculado o peso volúmico das partículas
sólidas, o peso volúmico das partículas secas, e o peso volúmico saturado. Os valores de ν,
E K0 e de Gs foram arbitrados com base em intervalos aceitáveis para o tipo de solo em
questão que segundo a classificação ASTM tratar-se-á de um Cascalho mal graduado com
areia.
Para o solo 1 apenas foi necessário o cálculo do peso volúmico das partículas sólidas e o
peso volúmico saturado.
Em relação à análise do estado de tensão é de salientar que na disciplina de mecânica dos
solos considera-se que a pressão atmosférica é desprezável, razão pela qual a tensão
vertical à superfície é nula.
Pela análise do gráfico da Figura 10 é possível verificar-se que há uma variação brusca nos
valores de '0vσ , '0hσ , 0hσ à profundidade de 6,5 m, cota correspondente à altura de
capilaridade. O valor de pressão intersticial, 0u , antes de se verificar o fenómeno de
capilaridade é nulo e quando se verifica esse valor passa a negativo pois a água retida
acima do nível freático está submetida a uma pressão inferior à pressão atmosférica, pelo
que há um aumento nos valores, apontados anteriormente, da tensão.
Nesse mesmo gráfico é, ainda, clara uma outra variação brusca nos valores de '0hσ e 0hσ à
profundidade z=8m que se explica pelo fato de nesse ponto a fronteira que separa os dois
solos. Assim, sendo o valor do coeficiente de impulso 0k é diferente nos dois materiais, o
que implica que num ponto imediatamente antes da fronteira e imediatamente após tais
valores não sejam iguais.
Destaca-se ainda que o reta traçada para os valores de tensões totais verticais, 0vσ , ao
longo da profundidade é constituída por três declives diferentes correspondentes aos três
valores considerados de peso volúmico ( Od .γ , Osat.γ , csat.γ )relativos às condições em que se
encontram os diferente solos.
Em relação aos estados de tensão provocados pelo depósito circular evidencia-se que no
perfil A-A’ há um incremento de tensão comparado com o estado de repouso que vai
diminuindo à medida que se afasta da posição de aplicação da cargo pois zσΔ e rσΔ
diminuem à medida que a profundidade aumenta.
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 64/116
No perfil B-B’ apenas há incremento de tensão na direção vertical zσΔ sendo que na
direção horizontal a maciço está sujeito à tensão de repouso.
No perfil C-C’ não ocorre incremento de tensão, uma vez que se encontra afastado
suficientemente do centro de aplicação da carga para não sofrer qualquer alteração no seu
estado de tensão. Tal fato também ocorre para o perfil D-D’.
De modo a facilitar a interpretação dos estados de tensão em pontos estratégicos dos solos
procedeu-se à realização dos respetivos círculos de Mohr e diagramas s’, s e t. No ponto
P1, os diagrama s, t e s´,t, os círculos de Mohr, de tensão total e efetiva coincidem pois a
pressão nos poros é nula.
Com o auxílio do programa SIGMA/W analisou-se, de um modo mais inovador, o estado de
tensão do maciço em repouso e quando sujeito à carga aplicada pelo depósito.
Os gráficos retirados deste programa (círculos de Mohr e gráficos de variação da tensão
com a profundidade em cada perfil) contribuíram para a análise do estado de tensão
Os resultados alteram-se significativamente em relação aos resultados utilizando o Excel,
fato que poderá ser explicado pela inclusão, no programa, do peso volúmico saturado satγ
apenas e por isso não tem em conta o peso volúmico seco, dγ na profundidade onde não
há presença de água, e também por outro tipo de problemas, como a falta de informação
associada ao solo exposto no programa.
2.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Na realização deste capítulo do trabalho foram utilizados vários conceitos aprendidos
durante as aulas práticas e teóricas da disciplina de mecânica de solos.
Através da aplicação de duas ferramentas de cálculo distintas (Excel e SIGMA) foi possível
analisar o estado de tensão a que o maciço está sujeito.
Considera-se importante salientar o facto da pressão intersticial ser negativa ao longo de
toda a altura de capilaridade e, portanto, nesta situação há um aumento das tensões
efetivas.
A aplicação da carga circular sobre o solo apenas afeta o perfil A-A’ e B-B’ pelo que o perfil
C-C’ não está sujeito a tais incrementos devido à sua distancia em relação ao centro de
aplicação da carga.
Os incrementos diminuem ao longo da profundidade pois afastam-se do ponto de aplicação.
A Utilização do SIGMA revela-se uma mais-valia, uma vez que é possível visualizar as
deformações impostas pela carga a que os solos estão sujeitos, assim como determinar
todos os valores de tensão característicos ao longo dos quatro perfis.
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 65/116
Conclui-se que com este trabalho alarga-se o conhecimento para outras ferramentas de
cálculo que, de um modo geral, possibilitam uma interpretação mais rápida e verdadeira do
que acontece na realidade.
Em qualquer obra de engenharia civil deve-se conhecer as propriedades do solo quando
sujeito às diferentes cargas, de modo a prever o seu comportamento e assim impedir
patologias ou, em casos mais radicais, tragédias provocados por movimentos bruscos, que
põe em causa vidas humanas.
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 66/116
PARTE 3 – ÁGUA NOS SOLOS. PERCOLAÇÃO 3.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 3.1.1. Breve introdução
Nesta terceira parte, considerar-se-á o perfil geológico da Parte 2.
Como objetivo, tem-se a análise relativa à percolação das alterações sofridas pelo maciço
devidas à construção da ensecadeira, subida do nível freático, escavações e respectiva
bombagem no seu interior. Para realizar esta análise deverão ser tidos em conta os valores
dos coeficientes de permeabilidade dos solos propostos no livro recomendado.
Mais uma vez, utilizar-se-ão dois métodos: manual, com recurso um a folha de calculo de
Excel, e outro utilizando o programa de cálculo SEEP – GeoStudio.
Neste sentido analisar-se-ão redes de fluxo, caudas percolados, tensões verticais totais,
tensões efetivas e pressões intersticiais em pontos notáveis e o coeficiente de segurança
em relação a quick condition e ao levantamento hidráulico.
3.1.2. Enquadramento teórico
3.1.2.1. Permeabilidade - Lei de Darcy
Darcy, em 1856, verificou, experimentalmente, como os diversos fatores geométricos,
indicados na figuram influenciam o caudal da água, expressando a equação de Darcy:
𝑄 = 𝑘ℎ𝐿𝑆
Onde:
Q- caudal;
S- Área da secção transversal;
k- constante de proporcionalidade;
h- perda de carga;
L- comprimento da amostra
A relação !! é denominado por gradiente hidráulico (i).
Logo, 𝑄 = 𝑘 𝑖 𝑆
Os resultados indicaram que a velocidade de percolação: 𝑣 = !!
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 67/116
Figura 34 – Experiência de Darcy
3.1.2.2. Força de percolação
A percolação é o movimento subterrâneo da água presente nos maciços terrosos,
especialmente nos solos saturados ou perto da saturação. Quando a quantidade de água
infiltrada no solo se torna maior que a capacidade de absorção deste, podem ocorrer perdas
de água por percolação. A força de percolação, representada pela equação j, possui direção
e sentido de escoamento:
𝑗 = 𝑖𝛾!
A percolação aplica ao solo determinadas forças, fazendo com que as tensões no solo
sejam modificadas. Se a percolação ocorrer no sentido oposto ao da gravidade as tensões
efetivas são reduzidas, enquanto se esta ocorrer no sentido gravítico as tensões efetivas
são aumentadas.
A percolação ascendente, que favorece a diminuição da tensão efetiva no solo, num ponto x
do solo, é determinada por:
𝜎! = 𝛾!ℎ! + 𝛾!"#𝑧
𝑢 = 𝛾! ℎ! + 𝑧 + 𝛾!𝑖𝑧
𝜎! = 𝛾!"#𝑧 − 𝛾!𝑖𝑧
Quanto à percolação descendente, esta favorece o aumento da tensão efetiva no solo
(aumenta as características de resistência do solo) e para um ponto x do solo é
representada pelas seguintes expressões:
𝜎! = 𝛾!ℎ! + 𝛾!"#𝑧
𝑢 = 𝛾! ℎ! + 𝑧 + 𝛾!𝑖𝑧
𝜎! = 𝛾!"#𝑧 − 𝛾!𝑖𝑧
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 68/116
A diminuição do teor em água (descida do nível freático), faz aumentar a compacidade de
um solo, e a sua resistência. Com a descida do nível freático, aumentam as tensões efetivas
(tensões no esqueleto sólido do solo). A carga (tensão no solo) com a descida do nível
freático, deixou de ser suportada pela água (diminuiu a tensão neutra), e passou a ser
suportada pelo esqueleto sólido (aumento da tensão efetiva).
3.1.2.3. Coeficiente de permeabilidade
A permeabilidade de um solo é a propriedade do solo que indica a maior ou menor facilidade
que o mesmo oferece à passagem de água através dos seus vazios. Sendo assim, o
coeficiente de permeabilidade expressa a facilidade ou dificuldade da água se deslocar
(percolação) através de um solo com certa velocidade.
O factor que mais influência a permeabilidade é a granulometria, que por sua vez depende
de outros aspetos relacionados com o solo, como o índice de vazios, estrutura, a
composição mineralógica (em particular para os solos mais finos) e o grau de saturação.
O Quadro 19 e o Quadro 20, expõem as ordens de grandeza típicas do coeficiente de
permeabilidade para os solos de origem sedimentar e uma classificação dos solos quanto à
sua permeabilidade, respectivamente.
Quadro 19 - Valores típicos de coeficiente de permeabilidade de solos de origem sedimentar
Tipo de solo k (m/s) Cascalhos limpos > 10!!
Areia grossa 10!! a 10!! Areia média 10!! a 10!!
Areia fina 10!! a 10!! Areia siltosa 10!! a 10!!
Siltes 10!! a 10!! Argilas 10!! a 10!!
Quadro 20 - Classificação dos solos quanto à permeabilidade (Terzaghi & Peck, 1967)
Grau de Permeabilidade k (m/s) Alto > 10!!
Médio 10!! a 10!! Baixo 10!! a 10!!
Muito baixo 10!! a 10!! Praticamente impermeável < 10!!
Os ensaios in situ e de laboratório determinam diretamente o coeficiente de permeabilidade,
por sua vez, indiretamente, este pode ser calculado através de correlações empíricas ou
semiempíricas.
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 69/116
3.1.2.4. Anisotropia de permeabilidade nos maciços terrosos
Os maciços terrosos, geralmente, são considerados isotrópicos, no entanto na realidade
apresentam anisotropia de permeabilidade. Isto porque, em parte, cada extrato tem uma
orientação preferencial das partículas que sob o peso dos sedimentos sobrejacentes tendem
a dispor-se com a maior dimensão na direção horizontal, facilitando assim a circulação da
água nessa direção.
Nos maciços granulares não existe um elevado grau de anisotropia, no entanto nos solos
argilosos a anisotropia é mais elevada naqueles com estrutura orientada (mais antigos).
O fator preponderante para a anisotropia de permeabilidade é a própria estratificação dos
maciços.
3.1.2.5. Gradiente hidráulico crítico. Quick Condition
A força de percolação, tal como já foi referido anteriormente, existe devido ao movimento da
água, sendo proporcional ao gradiente hidráulico e a sua direção e o seu sentido os do
movimento da água.
Nas zonas do maciço em que o escoamento tem direção próxima ou coincidente com a
vertical e sentido ascendente, é necessário realizar uma análise específica.
Na Figura 4 encontra-se representado um metro cúbico de solo submerso para três
condições da água, uma hidrostática, (a), e duas hidrodinâmicas, (b) e (c), sendo nestas o
escoamento vertical de sentido ascendente e admitindo que o gradiente hidráulico é
constante. Para além da força gravítica, na situação hidrostática, o bloco recebe da parte da
água uma força dirigida para cima igual à impulsão. A resultante das duas forças representa
o peso volúmico submerso. No caso de uma condição hidrodinâmica às duas forças
gravítica e impulsão soma-se a força de percolação, de grandeza . Assim, a resultante
da força gravítica e das forças aplicadas pela água é agora menor do que na situação
hidrostática, ocorrendo pois uma redução da tensão efetiva vertical. Quando ocorre uma
situação em que o gradiente hidráulico é suficientemente elevado para que a resultante da
força de percolação e da impulsão iguale a força gravítica, esta designa-se por situação
critica.
Da igualdade
resulta que:
wiγ
γγγ =+ wwcri
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Grupo 3 70/116
Sendo assim, a situação hidrodinâmica crítica corresponde a uma condição em que a força
total aplicada pela água ao solo iguala as forças gravíticas, logo anula as tensões efetivas.
Figura 35 - Forças aplicadas sobre um metro cúbico de solo submerso
3.1.2.6. Fenómenos de rotura hidráulica junto da fronteira de jusante
Ao existirem escoamentos verticais ou subverticais com gradientes hidráulicos elevados, por
vezes ocorrem acidentes nas obras de engenharia, nas quais a percolação se verifica.
Associados a estes escoamentos existem dois tipos de instabilização, um deles é a
ocorrência do gradiente hidráulico crítico e o outro é o levantamento hidráulico.
O coeficiente de segurança em relação à ocorrência de uma condição crítica, quando junto
da fronteira da jusante de obras hidráulicas ocorre um escoamento vertical de sentido
ascendente, é definido por:
F.S.=icrimáxjus
Os limites (F.S.) devem ser 2 para as obras temporâneas e 5 para as definitivas.
O levantamento hidráulico ocorre quando os gradientes hidráulicos criam forças de
percolação que anulam as tensões efetivas do solo numa secção e manifesta-se através do
levantamento do solo acima da mesma secção.
As forças de percolação com o sentido oposto ao da gravidade são máximas a
profundidades próximas do pé da cortina, o que nos permite concluir que é aí que ocorrem
os maiores gradientes hidráulicos.
ww
wcri γ
γγγγ ´
=−
=
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Grupo 3 71/116
Nas ensecadeiras a zona mais crítica, no que respeita ao fenómeno em causa, é o bloco de
terras adjacente à cortina que tem a largura aproximadamente igual a metade da altura
enterrada da mesma.
Uma maneira de avaliar a segurança ao levantamento hidráulico é comparar o peso total do
bloco potencialmente instável, W, com a resultante das pressões que a água exerce sobre
ele, U. Estas são determinadas a partir da rede de escoamento. O coeficiente de segurança
em relação ao levantamento hidráulico é dado por:
3.1.2.7. Erosão interna
Os escoamentos que ocorrem próximos da jusante provocam uma erosão das partículas
nesse local, que vão conduzir ao desenvolvimento de grandes vazios ou de cavidades.
Estes tanto ocorrerão no interior do maciço, como na interface deste com a obra hidráulica,
progredindo, assim, a jusante para montante.
Este fenómeno é extremamente perigoso porque, ao desencadear-se provoca escoamentos
concentrados aumentando o potencial erosivo da água, pelo que na maior parte dos casos,
a erosão interna visará a acelerar e a amplificar.
Como na generalidade dos casos, os vazios criados pela erosão interna adoptam a forma de
furos ou galerias, designou-se um nome para este fenómeno que ficou conhecido por
piping.
bpiméd
cr
wbpiméd i
iVi
VJWSF ===
***..´´
γγ
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Grupo 3 72/116
3.2. METODOLOGIA DO TRABALHO E OBTENÇÃO DOS RESULTADOS Foram obtidos os seguintes resultados para a situação hidrostática, após a construção da
ensecadeira e para a situação hidrodinâmica, após a subida do nível freático e escavação e
bombagem.
Os cálculos para o primeiro cenário em que o maciço é constituído unicamente por o solo 1
e para o segundo cenário em que o maciço é constituído unicamente pelo solo 2, foram
executados com o auxilio do EXCEL.
No SEEP foi analisado o terceiro cenário em que o maciço é constituído pelos dois solos.
3.2.1. Dados do problema
Nas seguintes tabelas apresenta-se dados relevantes para os dois solos.
Quadro 21 – Dados relevantes para os solos 1 e 2
Solo1 -‐Argila Solo 2-‐ Cascalho com areia
γsat 21,77 KN/m3 21,33 KN/m3 k0 1,1 0,43 γw 9,81 KN/m3 9,81 KN/m3 k 1,00E-‐09 m/s 1,00E-‐03 m/s γd 19 KN/m3 18,50 KN/m3
Valores de k retirados de [2], tabela 3.1,p. 158
3.2.1.1. Situação hidrostática
A seguinte figura representa a constituição do maciço considerado e os diferentes
perfis analisados.
Figura 36 - Constituição do maciço em situação hidrostática
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 73/116
Na tabela seguinte apresenta-se as características ao longo da profundidade.
Através desta tabela selecionou-se os pontos relevantes para a realização dos
cálculos nos perfis indicados anteriormente. Quadro 22 - Características ao longo da profundidade
Profundidade (m) Ponto
Solo O γs
0 SO_i 5 P1
6,5 CAP1
γsat
6,5 CAP2 8 SO_f
Solo C
8 SC_i 10 NF2 14 P2 20 SC_f
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3.2.1.2. Situação hidrodinâmica
Figura 37 - Traçado da rede de fluxo para a situação hidrodinâmica com o auxilio do Programa
AutoCad.
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 75/116
3.2.2. Obtenção de resultados
3.2.2.1. Utilizando o Excel
Fase 1 - Após a construção da ensecadeira (situação hidrostática)
• Primeiro Cenário - Maciço constituído unicamente por argila
Reuniu-se os dois perfis pois neste caso o maciço é apenas constituído por argila e,
portanto não há alterações entre os dois perfis.
Quadro 23 - Tenões em repouso no perfil AA'- BB’ no maciço constituído unicamente por argila
Perfil AB-‐A’B’
Pontos Profundidade (m) σv0 (KPa) u0 (KPa) σ'v0 (KPa) σ'h0 (KPa) σh0 (KPa) SO_f/ SC_i 8 152,00 0,00 152,00 167,20 167,20
Quadro 24 - Tensões em repouso no perfil C-C' no maciço constituído unicamente por argila
Perfil C-‐C'
Pontos Profundidade (m) σv0 (KPa) u0 (KPa) σ'v0 (KPa) σ'h0 (KPa) σh0 (KPa) P2 14 304,78 39,24 265,54 292,09 331,33 A 16 348,32 58,86 289,46 318,41 377,27 B 18 391,86 78,48 313,38 344,72 423,20
SC_f 20 435,40 98,10 337,30 371,03 469,13
Quadro 25 - Tensões em repouso no perfil D-D’no maciço constituído unicamente por argila
• Segundo Cenário - Maciço constituído unicamente por cascalho mal graduado com areia
Reuniu-se os dois perfis pois neste caso o maciço é apenas constituído por argila e,
portanto não há alterações entre os dois perfis
Quadro 26 - Tenões em repouso no perfil AA'- BB’ no maciço constituído unicamente por cascalho
argiloso com a areia
Perfil AA´-‐ BB’
Pontos Profundidade Z (m) σv0 (KPa) u0 (KPa) σ'v0 (KPa) σ'h0 (KPa) σh0 (KPa) SO_f/ SC_i 8 148,00 0,00 148,00 63,64 63,64
Perfil D-‐D'
Pontos Profundidade (m) σv0 (KPa) u0 (KPa) σ'v0 (KPa) σ'h0 (KPa) σh0 (KPa) NF2 10 217,70 0,00 217,70 239,47 239,47
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Grupo 3 76/116
Quadro 27 - Tensões em repouso no perfil C-C' no maciço constituído unicamente por cascalho mal
graduado com areia
Perfil C-‐C'
Pontos Profundidade Z (m) σv0 (KPa) u0 (KPa) σ'v0 (KPa) σ'h0 (KPa) σh0 (KPa) P2 14 298,62 39,24 259,38 111,53 150,77 A 16 341,28 58,86 282,42 121,44 180,30 B 18 383,94 78,48 305,46 131,35 209,83
SC_f 20 426,60 98,10 328,50 141,26 239,36
Quadro 28 - Tensões em repouso no perfil D-D’ no maciço constituído unicamente por argila
Perfil D-‐D'
Pontos Profundidade Z (m) σv0 (KPa) u0 (KPa) σ'v0 (KPa) σ'h0 (KPa) σh0 (KPa) NF2 10 213,30 0,00 213,30 91,72 91,72
Fase 2 - Após a subida do nível freático e escavação e bombagem no interior da
ensecadeira (situação hidrodinâmica)
• Primeiro Cenário - Maciço constituído unicamente por argila
Resultados
Caudais percolados nos perfis indicados Quadro 29 - Caudais no maciço constituído unicamente por argila
Perfil Q (m3/s/m) AB-‐A'B' 6,50E-‐09 C-‐C' 6,50E-‐09 D-‐D' 6,50E-‐09
Estado de tensões totais, efetivas e pressões neutras nos perfis considerando como
Datum de referência o fundo da escavação
Quadro 30 - Cargas total, carga piezométrica e Tensões no maciço constituídos unicamente por
argila
Ne Pontos h z (m) Profund. (m) hw σv (KPa) u (KPa) σv' (KPa) σh' (KPa) σh (KPa) 2,3 A,B1 20,01 12 8,00 8,01 203,59 78,58 125,01 137,51 216,09 2,25 A,B2 20,08 12 8,00 8,08 203,59 79,22 124,37 136,81 216,03 2 A,B3 20,40 12 8,00 8,40 203,59 82,40 121,19 133,30 215,71 1,9 A,B4 20,53 12 8,00 8,53 203,59 83,68 119,91 131,90 215,58 1,35 A,B5 21,25 12 8,00 9,25 203,59 90,69 112,90 124,19 214,88
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 77/116
1 A,B6 21,70 12 8,00 9,70 203,59 95,16 108,43 119,28 214,43 0,75 A,B7 22,03 12 8,00 10,03 203,59 98,35 105,24 115,77 214,11 6 C1 15,20 7,00 13,00 8,20 312,44 80,44 232,00 255,20 335,64 6 C2 15,20 6,78 13,22 8,42 317,23 82,60 234,63 258,09 340,69 6 C3 15,20 5,75 14,25 9,45 339,65 92,70 246,95 271,64 364,35 6 C4 15,20 4,01 15,99 11,19 377,53 109,77 267,76 294,53 404,31 6 C5 15,20 1,87 18,13 13,33 424,12 130,77 293,35 322,69 453,46 6 C6 15,20 0,00 20,00 15,20 464,83 149,11 315,72 347,29 496,40 10 D1 10,00 10 10,00 0,00 247,13 0,00 247,13 271,84 271,84
• Segundo Cenário - Maciço constituído unicamente por cascalho mal graduado com areia
• Resultados
Caudais percolados nos perfis indicados
• Quadro 31 - Caudais no maciço constituído unicamente por cascalho mal graduado com areia
Perfil Q (m3/s/m) AB-‐A'B' 6,50E-‐03 C-‐C' 6,50E-‐03 D-‐D' 6,50E-‐03
Estado de tensões totais, efetivas e pressões neutras nos perfis considerando como
Datum de referência o fundo da escavação
Quadro 32 - Cargas total, carga piezométrica e Tensões no maciço constituído unicamente por argila
Ne Pontos h z (m) Profund. (m) hw σv (KPa) u (KPa) σv' (KPa) σh' (KPa) σh (KPa) 2,3 A,B1 20,01 12 8,00 8,01 200,07 78,58 121,49 52,24 130,82 2,25 A,B2 20,08 12 8,00 8,08 200,07 79,22 120,85 51,97 131,18 2 A,B3 20,40 12 8,00 8,40 200,07 82,40 117,67 50,60 133,00 1,9 A,B4 20,53 12 8,00 8,53 200,07 83,68 116,39 50,05 133,73 1,35 A,B5 21,25 12 8,00 9,25 200,07 90,69 109,38 47,03 137,73 1 A,B6 21,70 12 8,00 9,70 200,07 95,16 104,91 45,11 140,27
0,75 A,B7 22,03 12 8,00 10,03 200,07 98,35 101,72 43,74 142,09 6 C1 15,20 7 13,00 8,20 306,72 80,44 226,28 97,30 177,74 6 C2 15,20 6,78 13,22 8,42 311,41 82,60 228,81 98,39 180,99 6 C3 15,20 5,75 14,25 9,45 333,38 92,70 240,68 103,49 196,20 6 C4 15,20 4,01 15,99 11,19 370,50 109,77 260,72 112,11 221,88 6 C5 15,20 1,87 18,13 13,33 416,14 130,77 285,38 122,71 253,48 6 C6 15,20 0 20,00 15,20 456,03 149,11 306,92 131,97 281,09 10 D1 10,00 10 10,00 0,00 242,73 0,00 242,73 104,37 104,37
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 78/116
Coeficientes de Segurança
Os fatores de segurança foram calculados utilizado dois mecanismos; quick condition e
levantamento hidráulico. No Quadro 33 estão representados os valores do coefiente de
segurança relativamente a quick condition, para os dois primeiros cenários, e no Quadro 34,
os coeficientes de segurança calculados pelo levantamento hidráulico (utilizando os dois
métodos possíveis), para os dois primeiros cenários.
Quadro 33 - Fator de segurança em relação à Quick Condition dos dois primeiros cenários
Solo1 Sol2
Gradiente Hidráulico crítico 1,22 1,17
Gradiente Hidráulico máximo 1,182 1,182
Fator de segurança Quick condition
𝐹 =𝑖!"𝑖!á!!"#
1,03 0,99
Quadro 34 - Fator de segurança em relação ao levantamento hidráulico dos dois primeiros cenários
Fator de segurança do Levantamento hidráulico Solo1 Solo2
1º Método
𝐹 =0,5× 𝛾× 𝑓!
𝛾×ℎ! 𝑥 𝑑𝑥 !/!!
0,921 0,903
2º Método
𝐹 =𝑖!"𝑙!"#!"#
1,005 0,968
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 79/116
3.2.2.2. Obtenção de resultados com recurso ao SEEP do GeoStudio 2012 – Student
Edition (ver anexo 3)
• Terceiro Cenário - Maciço estratificado (solo 1 + solo 2)
Figura 38 - Representação do maciço constituído pelos dois solos
Com o programa SEEP foi possível traçar as linhas de fluxo, imagem seguinte:
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 80/116
Figura 39 - Situação hidrodinâmica (3º cenário) com a representação dos dois solos (fase 2) com o
programa SEEP
De seguida apresenta-se alguns valores significativos no mesmo programa.
Nf 5 Δh (total) 13
Ne 11 lmin 1,5
Subida do nível freático 13 h1 8 h2 12 AA' 7,5 BB' 8,5
Entre BB' e a separação 0,5 Figura 40 - Valores significantes no programa SEEP
Quadro 35 - caudais percolados nos diferentes perfis no maciço constituído por dois solos
Perfis K Q (m3/s) AA' 1,00E-‐09 5,47E-‐07 BB' 1,00E-‐03 5,47E-‐07 CC' 1,00E-‐03 5,47E-‐07 DD' 1,00E-‐03 5,47E-‐07
Estado de tensões totais, efetivas e pressões neutras nos perfis considerando como
Datum de referência o fundo da escavação.
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 81/116
Quadro 36 - Tensões no maciço constituído por dois solos
Perfil
X Altura σv u σ'v σ'h σh (m) (m) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa)
AA' 3,92 12,5 163,28 -‐10,42 173,70 191,06 180,64 6,11 12,5 163,28 -‐10,42 173,70 191,06 180,64 9,58 12,5 163,28 -‐10,42 173,70 191,06 180,64 12,31 12,5 163,28 -‐10,42 173,70 191,06 180,64 16,05 12,5 163,28 -‐10,42 173,70 191,06 180,64
BB' 3,92 11,5 181,31 -‐14,70 196,01 84,28 69,58 6,11 11,5 181,31 -‐14,70 196,01 84,28 69,58 9,58 11,5 181,31 -‐14,70 196,01 84,28 69,58 12,31 11,5 181,31 -‐14,70 196,01 84,28 69,58 16,06 11,5 181,31 -‐14,70 196,01 84,28 69,58
CC' 20 5,75 303,95 96,17 207,78 89,35 185,52 20 3,73 347,04 87,97 259,07 111,40 199,37 20 2,4 375,41 74,53 300,88 129,38 203,91 20 1,03 404,63 61,49 343,14 147,55 209,04 20 0,19 420,41 41,68 378,73 162,86 204,54
DD' 24,22 10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 27,75 10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 30,94 10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 35,81 10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 38,2 10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
AA'
Pore
-Wat
er P
ress
ure
(kPa
)
X (m)
-10,41936
-10,41938
-10,4194
-10,41942
-10,41944
-10,41946
-10,41948
-10,41934
2 4 6 8 10 12 14 16 18
BB'
Pore
-Wat
er P
ress
ure
(kPa
)
X (m)
-14,7099
-14,70992
-14,70994
-14,70996
-14,70998
-14,71
-14,71002
-14,70988
2 4 6 8 10 12 14 16 18
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 82/116
Figura 41 - Gráficos representativos da variação da pressão intersticial ao longo dos diferentes perfis.
Coeficientes de Segurança
Os fatores de segurança foram calculados utilizado dois mecanismos; quick condition e
levantamento hidráulico. No Quadro 37 estão representados os valores do coeficiente de
segurança relativamente a quick condition, para o cenário em que o maciço é constituído por
dois solos, e no Quadro 39, os coeficientes de segurança calculados pelo levantamento
hidráulico.
Quadro 37 - Fator de segurança em relação à Quick Condition do terceiro cenário
Solo1 + solo2
Gradiente Hidráulico crítico 1,1743
Gradiente Hidráulico máximo 0,7879
Fator de segurança Quick condition
𝐹 =𝑖!"𝑖!á!!"#
1,4904
De modo calcular o levantamento hidráulico foi necessário recolher alguns dados do
programa SEEP apresentados na tabela seguinte:
Quadro 38 – Gradiente hidráulico médio do bpi, calculado pelo SEEP
Cálculo do i médio do bloco potencialmente instável
Região de gauss XY-‐Gradient 721 3,45E-‐06 724 3,27E-‐06
CC'
Pore
-Wat
er P
ress
ure
(kPa
)
X (m)
40
50
60
70
80
90
100
19,6 19,8 20 20,2 20,419,7 19,9 20,1 20,3
DD'
Pore
-Wat
er P
ress
ure
(kPa
)
X (m)
-1
0
1
20 25 30 35 40
Mecânica dos Solos Relatório
Grupo 3 83/116
722 3,46E-‐06
723 3,28E-‐06
717 5,53E-‐06 720 3,70E-‐06 718 6,14E-‐06 719 4,57E-‐06
4,17753E-‐06
Para cálculo do levantamento hidráulico recorreu-se ao segundo método.
Quadro 39 - Fator de segurança em relação ao levantamento hidráulico do terceiro cenário
Fator de segurança do Levantamento hidráulico Solo 1 +solo 2
2º Método
𝐹 =𝑖!"𝑙!"#!"# 281101,7
3.2.3. Discussão de resultados
Na situação hidrostática salienta-se que a escolha dos pontos avaliados em cada perfil foi
realizada tendo em consideração a importância e a localização estratégica desses pontos.
Pode verificar-se que ao longo do perfil AA´- BB´ as tensões efetivas são constantes, uma
vez que, não há alteração das condições a que estão sujeitas. Como seria esperado a
tensões efetivas na situação em que a estrutura é composta por cascalho mal graduado
com areia tem tensões menores pois tem um peso volúmico seco menor.
No perfil C- C’ pode verificar-se que há um aumento de valor das tensões efetivas ao longo
da profundidade tanto na situação 1 como na situação 2, uma vez que, com o aumento da
profundidade há uma variação da pressão intersticial.
Ao longo do perfil D – D’ a tensão é constante pois não há mudanças de pressão intersticiais
ao longo do perfil.
Na situação hidrodinâmica é importante realçar que em ambos os cenários a pressão
intersticial ao longo do perfil A B-A’B’ vai aumentado pois há movimento de água e os poros
irão estar sujeito a uma maior pressão ao longo deste perfil, portanto as tensões efetivas
irão diminuir como é visível no Quadro 30 e no Quadro 32.
No perfil C-C’ há um aumento das tensões efetivas, sendo este perfil vertical há, portanto
um aumento de tensões com o aumento da profundidade, assim como também há um
aumento de pressão na água dos poros devido à percolação.
i bpi
méd
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Grupo 3 84/116
No perfil D-D’ verifica-se que as tensões efetivas (horizontais e verticais) são constante ao
longo do perfil pois encontra-se à superfície.
Quanto aos caudais calculados confere-se que o caudal do segundo cenário é superior ao
do primeiro, uma vez que o coeficiente de permeabilidade das argilas é muito menor ao
coeficiente de permeabilidade dos cascalhos de notar que a escolha do valor de k,
coeficiente de permeabilidade foi realizada a partir da tabela 3.1 [2], pág158) considera-se
um valor k=10-3 m/s sendo que este valor foi o selecionado por se tratar de um solo cascalho
mal graduado com areia.
Em relação à situação hidrodinâmica, no terceiro cenário que é analisado a partir do SEEP,
pode verificar-se que o caudal tem um valor intermédio em relação às duas situações já
analisadas, o que era esperado, a água terá de percorrer um caminho que atravessará os
dois solos.
Nesta situação verifica-se que ao longo dos quatro perfis considerados as tensões efetivas
variam, com valores pouco significativos, fato possível de verificar através dos gráficos
retirados a partir do SEEP.
O perfil A-A’ admite um menor estado de tensões vertical comparado com o perfil B-B’,
apesar de possuir um maior peso volúmico saturado e submerso, facto que se explica pelo a
aumento do valor absoluto de pressão nos poros. Ainda nestes perfis verifica-se que há uma
diminuição da tensão horizontal efetiva pois há um afastamento do local da ensecadeira.
No perfil C-C’, sendo vertical, há um aumento da profundidade consequentemente há um
aumento das tensões efetivas verticais e horizontais.
Por fim no perfil D-D’ está à superfície e portanto não estará sujeito a qualquer tensão.
Da análise das condições de segurança, verifica-se que o Gradiente Hidráulico do Solo 1
(argila) toma valores consideravelmente superiores aos do gradiente hidráulico do solo 2.
Isto acontece devido ao facto de o Solo 2 (Cascalho mal graduado com areia) ser bastante
permeável, o que facilita o fluxo de água através dos vazios. Por outro lado, o Solo 1 possui
uma permeabilidade baixa, ocorrendo o fenómeno inverso do verificado para o cascalho.
Quanto aos coeficientes de estabilidades, no caso calculados por ambos os métodos, não
conferem estabilidade, pois o resultado final diverge muito dos valores padrão
recomendados.
Os Fatores de Segurança relativamente à quick condition e ao levantamento hidráulico são
altamente desfavoráveis para todas as situações estudadas excepto para a situação
hidrodinâmica do maciço constituído por dois solos, caso estudado pelo SEEP, cujo valor de
levantamento hidráulico é bastante elevado.
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Grupo 3 85/116
Existe, portanto, o risco de se verificar o fenómeno de areias movediças (quick sand) e/ou o
levantamento da ensecadeira.
Qualquer um destes fenómenos é extremamente perigoso para a segurança da estrutura e,
numa obra temporária, é obrigatório que este risco seja drasticamente reduzido até um
Factor de Segurança de superior a 2 .
Para isso deve-se aumentar o caminho de percolação como forma de causar uma maior
dissipação de energia por parte da água antes de esta atingir a zona crítica e Instalar filtros
com o objetivo de reter as partículas de solo sujeitas a forças hidrodinâmicas.
3.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para, obtenção dos objetivos pretendidos houve um máximo empenhamento por parte do
grupo, onde aplicaram os conhecimentos adquiridos tanto nas aulas práticas como nas
aulas teóricas.
Na situação hidrostática verifica-se que as tensões totais e efetivas, e a pressão intersticial
nos perfis indicados, do solo 1 e do solo 2, têm valores semelhantes.
Na situação hidrodinâmica já existe percolação, ou seja, existe movimento de água, sendo
por isso possível desenhar redes de fluxo e calcular caudais. Verificou-se que o caudal para
cada um dos cenários depende do coeficiente de permeabilidade e portanto é maior no
segundo cenário pois o solo tem um maior coeficiente de permeabilidade.
Na análise dos diferentes perfis pode constatar-se que há uma aumento da pressão na água
dos poros ao longo perfil AA’-BB’ e uma diminuição da respetiva tensão efetiva pois está a
afastar-se do local da ensecadeira e portanto o solo irá estar sujeito a menores tensões
impostas pela estrutura. No perfil CC’ há um aumento das tensões efetivas pois situa-se a
maiores profundidades e sujeito a pressões elevadas nos poros.
No caso do maciço ser constituído pelos dois solos pode-se concluir que pressão nos poros
é determinante no cálculo das tensões pelo que possui valores bastante característicos.
Relativamente aos fatores de segurança pode concluir-se que esses valores ficam muito
abaixo dos valores padrão, logo não conferem segurança. Uma forma de aumentar este
fator de segurança é ampliar a profundidade da ensecadeira.
A ensecadeiras possuem um papel preponderante na construção quando se torna
necessário a contenção temporária de água. O seu dimensionamento depende de fatores
como a topografia, geologia e hidrologia, sendo, portanto essencial para qualquer
engenheiro civil fazer uma análise critica das condições geológicas do solo onde se
pretende implementar a ensecadeira. Portanto este trabalho revela-se uma mais-valia na
análise para a realização de tal análise de solos sujeitos à percolação. [7]
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PARTE 4 COMPRESSIBILIDADE E CONSOLIDAÇÃO DE ESTRATOS ARGILOSOS 4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 4.1.1. Breve introdução
O objectivo da parte 4 reside no cálculo de assentamentos. É dado um perfil com 3 tipos de
solos diferentes, sujeito a uma construção de um aterro com determinadas características
para a implantação de uma obra viária. A partir de um ensaio edométrico pode-se fazer uma
análise de curvas através de teoremas, (construção empírica Casagrande e construção
empírica Shmertmann) e logicamente calcular os assentamentos imediatos e por
consolidação. É dito ainda para calcular o coeficiente de consolidação vertical através do
Método de Taylor.
4.1.2. Enquadramento teórico
4.1.2.1. Relações Tensões-Deformações em solos carregados em condições de
confinamento lateral
• Noção de estrato confinado.
Um estrato confinado é aquele eu está impedido de se deformar lateralmente (maciço
carregado à superfície por uma carga uniformemente distribuída numa área infinita.)
• Ensaio edométrico
Para o estudo do comportamento dos estratos argilosos confinados é utilizado o ensaio
edométrico.
Figura 42 - Edómetro
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Grupo 3 87/116
O edómetro tem como objectivo analisar as deformações causadas no maciço através de
aplicação de sobrecargas na superfície do mesmo. Com esta determinação, permite-se
então obter os parâmetros caracterizadores da sua compressibilidade.
Compressibilidade é a propriedade do solo que caracteriza as deformações sofridas pelo
solo quando estas são exclusivamente volumétricas.
A constituição do edómetro é a seguinte:
1- Amostra indeformada e saturada;
2- Pedras porosas;
3- Carga (aplicada em várias fases);
4- Anel rígido (impede deformações laterais);
5- Transdutor (mede deslocamentos verticais);
6- Água;
7- Contentor.
A amostra de solo é colocada num cilindro metálico compacto para simular a ausência de
deformações horizontais, já que é o que acontece in situ.
A carga é originada através da colocação de pesos no edómetro, variando ao longo dos
ensaios medindo-se o valor das variações volumétricas através do transdutor. Através dos
resultados do ensaio edométrico pode-se obter uma relação entre o índice de vazios da
amostra com a tensão efetiva aplicada e a partir daí estimar o valor do assentamento total.
• Analogia de Terzaghi
O modelo de Terzaghi considera um estrato de solo confinado, carregado à superfície.
Neste modelo, Tergazhi assemelha o comportamento do solo ao de um conjunto de
elementos formados por um recipiente cheio de água, numa tampa perfurada e uma mola.
Considera-se um recipiente com água e uma mola no seu interior. O recipiente é tapado à
superfície da água por um disco com um orifício. O peso do disco vai ser equilibrado pela
mola.
No sistema que serve de base à analogia de Terzaghi e que está esquematicamente
representado na Figura 43, cada elemento do sistema corresponde a um elemento ou
propriedade do solo.
A carga aplicada ao solo pelo objecto vai inicialmente ser suportada pela água, uma vez que
o comprimento da moda permanece constante. Com o avançar do tempo e á medida que a
água percola, a carga vai passar de uma forma lenta a ser suportada pela mola. No final a
água deixa de percolar ou seja, a água deixa de escoar através do orifício e a carga é
totalmente suportada pela mola (parte sólida do solo); atingiu um equilíbrio de tensões.
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Figura 43 - Analogia de Terzaghi para os fenómenos do carregamento e da consolidação de estratos
confinados de argila
Na Figura 43 pode-se observar, de forma sucinta, o comportamento do solo em termos de
tensões, forças e deslocamentos durante a consolidação. Para uma melhor compreensão do
comportamento do solo expõe-se, de seguida, no Quadro 40, o paralelismo entre o modelo
de Terzaghi e o carregamento de um estrato confinado.
Quadro 40 - Correspondência entre o modelo análogo de Terzaghi e o carregamento de um estrato
confinado [2]
No momento do carregamento (t=0):
1) O peso do disco iguala a foça na mola.
2) O disco sofre um ligeiro assentamento. Ocorre no solo um assentamento denominado
por assentamento imediato. Esse assentamento deve-se às deformações volumétricas
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de camadas cujo valor de permeabilidade é, em muito, superior ao da argila (um estrato
de areia por exemplo).
Neste instante o estrato de argila não sofreu ainda deformações volumétricas.
A tensão efetiva da argila mantém-se, havendo um acréscimo de pressão neutra, 𝑢!.
Com o decorrer do tempo, t:
1) Inicia-se o escoamento da água pelo orifício presente no disco que se desenrola de
forma progressiva.
2) O peso do disco é contrabalançado pela água e pela mola (a parte do peso do disco que
é suportada pela mola (U) situa-se entre zero e a unidade).
3) O disco exibe assentamento por consolidação, 𝒔𝒄(𝒕) ,crescentes ao longo do tempo. Há
um aumento de tensão efetiva e uma redução no valor de tensão neutra.
No fim da consolidação:
1) O peso do disco é inteiramente suportado pela mola e deixa de existir percolação da
água.
2) O excesso de pressão neutra dissipou-se totalmente (atingiu o valor zero) e o solo
encontra-se consolidado.
3) A velocidade de consolidação do solo está ligada: à permeabilidade, à espessura e às
condições de drenagem do estrato de argila.
4.1.2.2. A sobreconsoliação nos Maciços Argilosos
O fenómeno de sobreconsolidação não é exclusivo dos solos argilosos poderá ocorrer
em todos os sedimentares e até mesmo em maciços de solos residuais.
Os maciços argilosos podem em geral assumir uma série muito ampla de teores em
água, logo índices de vazios conferindo-lhe uma elevada compressibilidade.
A contra partida desta compressibilidade é que os maciços argilosos experimentam
alterações no arranjo estrutural, quando carregadas.
Estas alterações traduzem-se numa melhoria geral das suas características
mecânicas (deformabilidade e resistência). Um solo sobreconsolidado tenderá a exibir,
quando carregado por tensões inferiores à respectiva tensão de pré-consolidação, uma
baixa compressibilidade, pois a sua estrutura particulada foi como que preparada pela
natureza para suportar essas tensões.
• Sobreconsolidação, Grau de sobreconsolidação e respectiva classificação
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Utilizando o conceito de tensão de pré-consolidação e comparando-o com a tensão
efetiva vertical de repouso (determinada no ensaio edométrico) pode-se obter uma
classificação do solo relativamente ao estado de consolidação
A classificação é:
1) Solos normalmente consolidados;
2) Solos sobreconsolidados;
3) Solos subconsolidados.
Quando o solo é normalmente consolidado, σ´p = σ´vo, isto é a tensão de pré-
consolidação é igual à tensão efetiva de repouso. Isto acontece pois num estrato geológico
quando o carregamento não sofre qualquer alteração (como ser retirado gradualmente ou
instantaneamente um peso de sedimentos).
Quando o solo é sobreconsolidado, σ´p > σ´vo, porque neste tipo de estratos, ocorre
um processo de descarga, modificando o tipo de descarga a que este está sujeito, criando
um ciclo de carga descarga.
Quando o solo é subconsolidado, σ´p < σ ´vo, pois quando se processa a
consolidação, a transferência de pressão neutra não foi completamente concluída, isto é, o
esqueleto sólido do estrato não resiste na totalidade ao carregamento havendo um excesso
de pressão neutra por transferir. Esta classificação pode ser feita utilizando outro conceito
relacionado com a temática da sobreconsolidação que é o grau de sobreconsolidação,
𝑅!" =!′!!′!!
Este conceito relaciona igualmente a tensão de pré-consolidação e a tensão vertical de
repouso através da sua razão, tendo como ojectivo de quantificar a sobreconsolidação do
solo.
Determinado o valor do grau de consolidação consegue-se determinar o tipo de solo que
é.
Classificação 𝑹𝑶𝑪
Normalmente consolidado =1
Ligeiramente consolidado 1 a 2
Medianamente consolidado 2 a 5
Fortemente consolidado >5
A bibliografia da especialidade inclui várias metodologias com tal objectivo. A mais
divulgada é a construção empírica proposta por casagrande, esta construção consiste no
seguinte tendo em conta a Figura 44:
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i) Localizar o ponto da curva log 𝐥𝐨𝐠𝝈′𝒗 − 𝒆 de menor raio de curvatura;
ii) Por este ponto traçar uma linha horizontal e uma outra tangente à curva;
iii) Traçar a bissectriz do ângulo formado pelas duas linhas anteriores;
iv) Prolongar a parte recta do ramo virgem da curva de consolidação até intersectar
a bissectriz;
v) A abcissa deste ponto de intersecção corresponde à tensão de pré-consolidação.
Figura 44 - construção de casagrande para a avaliação da tensão de pré-consolidação
4.1.2.3. Estimativa do assentamento por consolidação
Ao obter-se o diagrama de tensão vs indice de vazios dado pelo ensaio edométrico
pode-se estimar o valor do assentamento por consolidação nos estratos argilosos. Para
isso, através da proposta de Schmertmann, retiram-se parâmetros importantes para o
cálculo do assentamento. Os parâmetros que se retiram são:
a) Índice de compressibilidade, 𝑪𝒄
b) Índice de recompressibilidade, 𝑪𝑹
c) Índice de compressibilidade in situ, 𝑪𝒄 𝒊𝒏 𝒔𝒊𝒕𝒖
O índice a) corresponde ao declive (em módulo) do ramo virgem do diagrama e o índice b) é
o declive do ramo que corresponde à parte da descarga do ensaio.
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Figura 45 - Representação de Shmertmann e determinação de Cc ,Cr e C(c in situ)
Quantificando estes declives obtendo o valor dos índices determina-se:
1) Coeficiente de compressibilidade 𝒂𝒗 =∆𝒆∆𝝈´𝒗
2) Coeficiente de compressibilidade volumétrica 𝒎𝒗 =𝜺𝒗𝒐𝒍∆𝝈´𝒗
4.1.2.4. Teoria da consolidação por Terzaghi
O solo é formado por uma frase sólida (esqueleto sólido do solo), por uma parte liquida
(água existente nos poros do solo) e por uma parte gasosa (ar presente nos poros do solo).
Os solos argilosos em estudo estão, em geral, saturados pelo que os vazios do solo
encontram-se totalmente preenchidos em água.
O assentamento que o solo sofre ao longo do tempo devido ao fenómeno da
consolidação tem origem na percolação da água presente no solo.
Após a expulsão da água do solo, os assentamentos por consolidação não cessam. Os
assentamentos por consolidação secular (a consolidação secular ocorre devido à fluência do
esqueleto sólido do solo e do reajustamento da água absorvida) dão-se a uma velocidade
reduzida pelo que se prolongam ao longo do tempo e só são significativos em depósitos
recentes e/ou com um elevado teor de matéria orgânica.
Pra melhor se entender o comportamento do solo quando este está sujeito ao processo
de consolidação, pode-se recorrer à Teoria da consolidação de Terzaghi.
O modelo analógico de Terzaghi, só é válido para as seguintes hipóteses:
• o solo é homogéneo e encontra-se saturado;
• a compressibilidade da água e das partículas de solo é desprezável;
• as deformações que o solo sofre bem como o escoamento da água ocorrem apenas
na direção vertical;
• o escoamento da água do solo obedece à lei de Darcy: 𝒗 = 𝒌𝒊
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• o estado de tensão e o estado de deformação são uniformes, independentemente da
secção horizontal ou do instante de tempo que se está a considerar;
• não há fluência do esqueleto sólido do solo, pois o índice de vazios e a porosidade
num determinado ponto do maciço dependem apenas da tensão efetiva;
• o coeficiente de permeabilidade (k), o coeficiente de compressibilidade (𝒂𝒗) e o
coeficiente de compressibilidade( 𝒎𝒗) possuem um valor constante, para um
intervalo reduzido de tensões e de deformações;
• todos os efeitos e fenómenos, assim como o seu curso em elementos de dimensões
infinitas, podem ser extrapolados para elementos de dimensões semelhantes às de
um maciço verdadeiro.
4.1.2.5. Cálculo das deformações num ponto. Assentamento à superfície
O cálculo das tensões induzidas no maciço decorre da necessidade de estimar os
assentamentos das estruturas ou elementos estruturais responsáveis pelo carregamento. É
necessário saber os acréscimos de tensões, a espessura da camada do maciço, as
características elásticas (constantes em profundidade). Assim, pela lei de Hooke e para
cada caso de carregamento, tem-se:
Em 𝐼! que é um número real, função da geometria da área carregada e do ponto sob
o qual se pretende obter o assentamento.
Quando se trabalha com este tipo de problemas geotécnicos é importante ter-se a
noção de que os solos exibem comportamento não linear, a sua rigidez depende
consideravelmente do nível de deformação. Os solos só se comportam como materiais
elásticos quando as solicitações implicam deformações extremamente pequenas, da ordem
de 10-6. Deste modo a aproximação das estimativas dos assentamentos está condicionada
essencialmente pela adequação dos módulos de elasticidade do maciço.
4.1.2.6. Carregamento de estratos não confinados de Argila
Em numerosos problemas práticos a área carregada à superfície do terreno é da ordem de
grandeza da profundidade e da espessura do estrato de argila. O carregamento de estratos
não confinados envolve fenómenos relacionados com o estado de tensão, o estado de
deformações e com o tempo.
• Cálculo do assentamento
ss IE
Bqs ×+
××Δ=21 υ
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O cálculo do assentamento imediato, 𝑠!, é feito de acordo com a metodologia do cálculo das
deformações num ponto. Admitindo que o maciço se comporta como material elástico linear,
é possível, através da lei de Hooke, calcular a extensão vertical. Integradas as extensões
verticais para cada semirreta, partindo da superfície, obtém-se o assentamento imediato.
4.1.2.7. Determinação do coeficiente de consolidação vertical, 𝒄𝒗
Existem dois tipo de determinação do coeficiente de consolidação, 𝑐!, o método de Taylor e
o método de Casagrande.
O método de Taylor é determinado a partir do gráfico correspondente à teoria de Terzaghi.
Neste método os resultados são representados marcando em abcissas raiz quadrada do
tempo e em ordenadas os deslocamentos verticais registados no transdutor ligado ao topo
da amostra.
4.2. METODOLOGIA DO TRABALHO E OBTENÇÃO DOS RESULTADOS Os resultados obtidos foram mediantes o ensaio edométrico de um ponto de amostragem
para determinado solo, e consoante todas as características dos maciços referenciadas.
4.2.1. Dados do problema
Teor em água=72% Gs= 2.61 Ho=19,4mm
SOLO 1 SOLO 2 SOLO 3 Solo C Solo L Solo G
ɣd = 17 kN/m3 ɣsat = 15,5 kN/m3 ɣd = 17 17 kN/m3 E = 30 000 kPa E = 3 000 kPa E = 25 000 kPa
K0 = 0,45 KONC = 0,6 K0 = 0,4
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Figura 46 - Esquema ilustrativo da região estudada
𝑤 =𝑒!×𝑠𝐺!
Tomando em conta os dados iniciais, e equação acima, conclui-se que e0=1,88 tendo em
conta o grau de saturação S seja 1, pois o ponto de amostragem está abaixo do nível
freático, logo saturado.
Visto que o enunciado é referenciado que acima do nível freático o grau de saturação é
25%, vamos utilizar as seguintes expressões para calcular o ɣ do solo 1:
ɣ! = 𝐺! + ɣ!
Como Gs=2,61 e ɣw=9,81 KN/m3 conclui-se que ɣs= 25,66kN/m3.
ɣ = ɣ! + 𝑒 ∗ 𝑠 ∗ ɣ!
1 + 𝑒
Resultando em ɣ = 17,82kN/m3. Valor correspondente ao peso volúmico do Solo 1.
Tem-se agora as condições de proceder ao cálculo das tensões verticais. A necessidade de
encontrar a tensão vertical efetiva dá-se pela razão de calcular o grau de consolidação (ROC)
de maneira a conhecer o valor do assentamento por consolidação.
tensão total vertical, 𝜎v ............................................. 3 x 17,82 + 3 x 15,50 = 99,96 kPa
tensão intersticial, µ ....................................................................... 5 x 9,81 = 49,05 kPa
tensão efetiva vertical, 𝜎’v .................................................... 99,96 – 49,05 = 50,91 kPa
Para a determinação do 𝜎’p fez-se a construção empírica de Casagrande:
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Figura 47 - Representação gráfica relativa à avaliação de σ’p pela construção empírica de
Casagrande com o tratamento das curvas pela construção empírica de Schmertmann.
y = -‐0,009178*log(x)+0,16188526
y = -‐0,009178*log(x) + 1,9969
y = -‐0,130003*log(x) + 3,436
y = -‐0,202795*log(x) + 3,8798
0,7896
0,9896
1,1896
1,3896
1,5896
1,7896
1,9896
1 10 100 1000 10000
e
carga
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A situação descrita pelo edómetro reflete que os escalões de carregamento protagonizam
uma carga, uma descarga e por sucessivamente uma recarga. Pela análise do gráfico,
podemos chegar aos valores de coeficiente de compressibilidade (cc); coeficiente de
recompressibilidade (cr) e o σ’p, necessário para o cálculo do Roc.
cc = 0,130
cr = 0,001
σ’p = 80 kPa
O tratamento das curvas pela Construção empírica de Shmertmann permite identificar o
coeficiente de compressibilidade in situ.
cc (in situ) = 0,203
Através do método de Taylor, encontra-se o coeficiente de consolidação vertical (cv). Para a
elaboração deste método utilizou-se o escalão de carga de 100kPa – 200kPa. Visto ser o
mais adequado à tensão final após o aterro.
∆σ’v = 20,5 x 5 = 102,5 kPa
σ’vfinal = 50,91 + 102,5 = 153,41 kPa
Figura 48 - Representação gráfica da determinação do cv através do Método de Taylor
y = 0,1861x + 0,0107 y = 0,1618x + 0,0107
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
,000 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000 30,000 35,000 40,000 45,000
Δh (m
m)
√t (min)
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Aplicando a fórmula:
𝑐! = !!" !!
!!" = !,!"! !
!
!!"
Onde t90 é tirado a partir do gráfico e o seu valor é aproximadamente 36 min (pois a
ordenada é 6) e sabendo que H=6 (altura do solo), obtém-se um valor de cv correspondente
a:
cv = 0,848
A execução do aterro terá como consequência a deformação dos maciços envolvidos.
Determinou-se os assentamentos associados, imediatos e por consolidação.
Assentamento por consolidação:
Para saber se o solo está normalmente consolidado ou não, calcula-se o ROC.
𝑅oc = |σ′!||σ′!!|
Tendo em conta os valores já obtidos; σ’p = 80 kPa e σ’V0 = 50,91 kPa conclui-se que ROC =
1,57. Ou seja é um solo sobreconsolidado, e portanto aplica-se a seguinte expressão para o
cálculo do assentamento:
𝑆! =ℎ!
1 + 𝑒!𝑐!𝑙𝑜𝑔
𝜎′!𝜎′!!
+ 𝑐!𝑙𝑜𝑔𝜎′!! + ∆𝜎′!
𝜎′!
Sabendo:
ho = 6 m
e0 = 1,88
cr = 0,001
cc = 0,130
σ’v0 = 50,91 kPa
σ’p = 80 kPa
∆σ’v = 102,5 kPa
Temos que:
Sc = 0,15m
Assentamento imediato:
Visto que as características elásticas não são constantes em profundidade, usa-se a
expressão de assentamento:
S = !!![∆σ𝑧𝑗!
!!! − 𝜗! ∆ σ𝑥𝑗 + ∆ σ𝑦𝑗 ] ℎ𝑗
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Como o construção do aterro faz aplicar apenas uma tensão na vertical, ∆ σ!" e
∆ σ!"serão nulas.
∆σ!" = ∆𝑞!𝜋[𝛼 + 𝑠𝑒𝑛𝛼 cos 𝛼 + 2𝛿 ]
Através dos dados do enunciado, sabe-se que B = 50m, e considerando um ponto mostragem a meio
do solo, chega-se ao valor de b=25m.
∆qs = ∆σ’v = 102,5 kPa
A nossa altura do solo é 6, mas visto que o ponto está a meio do estrato, considera-se um
h=3. Isto permite chegar aos valores de 𝛿 = -1,45 e 𝛼 = 2,9 (2x𝛿) expressos em radianos.
Disto resulta: ∆σ!" = 102,4
Na determinação do assentamento imediato não vai entrar em conta o solo 3, pois esse
solo está abaixo do ponto de amostragem
Si = ∆!! !!. ℎ! +
∆!! !! . ℎ!
Solo 1 Solo 2 E = 30 000 kPa E = 3 000 kPa
h = 3m h = 6m
Si = 0,21m
4.2.2. Discussão de resultados
Através da análise dos resultados do ensaio edométrico pôde-se fazer um tratamento de
curvas relativas ao ponto de amostragem relacionando as tensões de carga com o seu
índice de vazios. Depois com o auxílio da construção empírica Casagrande e Shmertmann
determinou-se os coeficientes de compressão e recompressão laboratoriais e ainda o
coeficiente de compressão in situ. Tal como já foi referido, os valores são:
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cc = 0,130
cr = 0,001
cc (in situ) = 0,203
Pela análise das rectas constata-se que os declives são de valores negativos, mas para a
consideração dos coeficientes utilizou-se esses valores em módulo.
Chegou-se ainda ao valor da tensão de pré-consolidação (σ’p = 80 kPa). Este valor foi
essencial para a estimativa do tipo de solo. Relacionando isso com a tensão vertical efetiva
conclui-se que o tipo de solo onde estaria o ponto de amostragem era sobreconsolidado, e
como tal, iria sofrer um assentamento por consolidação calculado por uma expressão
característica.
Esse assentamento por consolidação foi determinado através dos coeficientes de
compressibilidade e de recompressibilidade e o valor foi de 0,15m.
Foi encontrado ainda o valor de assentamento imediato, causado devido à tensão
imediatamente após a colocação do aterro. Esse valor fixou-se em 0,21m.
Tal como era pedido no enunciado, através do método de Taylor chegou-se ainda ao
coeficiente de consolidação vertical (cv = 0,848).
4.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Inicialmente não se esperava que o assentamento imediato fosse superior ao assentamento
consolidado. O que acontece é que, devido às características dos solos, isso acontece. O
assentamento final, para o solo onde está o ponto de amostragem é dado pela soma do
assentamento imediato, obtido pela construção do aterro consoante os módulos de
Elasticidade dos maciços (diretamente acima da camada onde se encontra o ponto de
amostragem), com o assentamento por consolidação da camada subjacente ao ponto.
As dificuldades desta parte residiram no que toca à construção dos gráficos que permitiram
fazer o tratamento de curvas. Este cálculo não é 100% rigoroso pois os valores retirados em
Excel foram conjugados tendo a noção que essa obtenção não está totalmente livre de
qualquer margem de erro. Houve também alguma confusão inicial no que toca à
compreensão de assentamento imediato. Mais tarde tornou-se perceptível que a questão
tinha como componente fundamental a elasticidade da cada solo relativamente à reação de
peso próprio do aterro posto por cima desses mesmos estratos.
Pode-se concluir então que, a maior deformação do solo é causada imediatamente após a
colocação do aterro, sendo de 15cm a diferenciação na altura do perfil depois de
consolidado, o que nos permite dizer que, mesmo podendo ser um assentamento uniforme,
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poderá ainda assim causar algum tipo de patologia, pois ao final de algum tempo, 15cm
podem ser consideráveis dependendo do tipo de aplicação posterior a aplicar depois do
aterro, no âmbito da Engenharia Civil.
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CONCLUSÃO FINAL
O presente trabalho foi levado a cabo seguindo uma distribuição de tarefas unanimemente
aceite desde o início da sua elaboração. Com esta organização procurou-se conciliar a
disponibilidade com idoneidades e preferências laborais tangíveis de cada elemento.
Nesse sentido, o grupo reuniu-se periodicamente com o objetivo de combinar o trabalho
desenvolvido individualmente, e de articular aprendizagens.
Pretendeu-se dividir o trabalho [8] em 4 partes de modo a salientar em cada uma delas os
pontos mais relevantes.
Após a obtenção dos resultados concluiu-se que ambos os programas são uma boa forma
de obter resultados, tendo dado resultados com uma pequena diferença. Contudo o Excel é
mais trabalhoso e moroso.
Finalmente, é de salientar a importância da disciplina de Mecânica dos Solos na formação
em Engenharia Civil, para o conhecimento das propriedades, a previsão de transformações
e prevenção de acidentes relativos àquilo que suporta as estruturas construídas pelo
Homem – o solo.
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AGRADECIMENTOS
Os elementos do grupo que elaboraram este trabalho agradecem a amável e salutar
cooperação dos elementos do grupo 1, que veio a revelar-se numa profícua sinergia entre
estes grupos, ao partilharem o esforço que foi levar a cabo a execução do mesmo relatório
durante longos dias, transformando esta tarefa em algo menos penoso.
Agradece-se igualmente a disponibilidade e amabilidade mostrada incessantemente pelo
docente ao longo da elaboração do presente documento.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Carlos, D., Lopes, M. (2011/2012). Mecânica dos Solos I – Ensaios Laboratoriais –
Procedimentos. Aveiro.
[2] Fernandes, M. M. (2006). Mecânica dos Solos - Conceitos e Princípios Fundamentais. Porto,
Portugal: FEUP Edições.
[3] http://pt.wikipedia.org/wiki/Umidade_do_solo
[4] http://www.geo-slope.com/
[5] http://www.geo-slope.com/products/sigmaw.aspx
[6] http://www.geo-slope.com/products/seepw.aspx
[7] http://www.infraestruturaurbana.com.br/solucoes-tecnicas/11/artigo245175-1.asp
[8] Enunciado do trabalho de avaliação, disponibilizado pelo docente
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ANEXO 1
Figura 49 - Classificação unificada (ASTM) (a) [2].
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Figura 50 - Classificação unificada (ASTM) (b) [2].
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Figura 51 – Classificação para fins rodoviários (a)
Figura 52 – Classificação para fins rodoviários (b)
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Figura 53 - Classificação LCPC SETRA (a)
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Figura 54 - Classificação LCPC SETRA (b)
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ANEXO 2 SIGMA:
GeoStudio é útil para uma grande variedade de problemas geotécnicos:
Barragens e diques; paredes reforçadas e encostas; escavações e minas a céu aberto; estradas,
pontes e aterros; protecção ambiental; deformações de um terramoto entre outros.
SIGMA, é um subprograma do software GeoStudio que é utilizável para analisar tensões e
deformações em maciços. Este software consegue analisar quer simples problemas de deformação
elástica linear quer problemas de tensão efetiva em deformações elasto-plásticas não lineares.
Este programa permite portanto calcular valores de tensões verticais e tensões horizontais quando
determinado perfil está sujeito apenas ao seu peso próprio ou quando está sujeito a certas cargas.
Essa utilidade serve nomeadamente para o contexto do problema onde é construído um tanque em
determinada zona do perfil enunciado.
Além disso, pode-se retirar muitas mais informações relativas à compreensão da deformada desse
mesmo solo.
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Figura 55 - Valores para E e v para diferentes tipos de solo propostos por Bardet (1997) [8].
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Figura 56 - Bolbos de tensões para um carregamento circular uniforme [8].
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Figura 57 - Determinação dos acréscimos de tensão vertical para um carregamento circular uniforme
[8].
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ANEXO 3 SEEP:
Como já foi dito anteriormente (anexo 2), o GeoStudio serve para resolver diversos problemas
geotécnicos.
Tal como o SIGMA, o SEEP é um subprograma do GeoStudio. Este software permite analisar
infiltrações subterrâneas e excesso de pressão de água nos poros no solo e nas rochas. Este
software determina análises, desde problemas simples, saturados e estacionários, até problemas
mais abrangentes e sofisticados. Este programa pode ser aplicado ao desenho de projectos de
engenharia civil, mineiros, etc.
No contexto do problema, é dito que é construída uma ensecadeira. Outro exemplo de aplicação do
SEEP é na frequente construção de barragens. O estudo através do programa possibilita obter dados
referentes a tensões intersticiais, contornos de qualquer parâmetro gradiente, velocidade, pressão e
condutividade. Os vectores de velocidade mostram-nos a direção do fluxo. Permite ainda gerar as
linhas de fluxo bem como obter secções de fluxo e informações sobre as regiões de Gauss.
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ANEXO 4
Figura 58 - Determinação da curva de compressibilidade in situ através da construção empírica de
Schmertmann [2].
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Figura 59 – Determinação de σ’p através da construção empírica Casagrande [2].
Figura 60 – Determinação do coeficiente de consolidação vertical através do método de Taylor [2].