Módulo I BASE TEÓRICA
ABRIL 2018
Material desenvolvido por Claudia Vassão e Eliane Kuhn com colaboração de Katharine
Jansen e Tiago Litieri
Revisado em outubro 2020
www.omega-tac.com.br
SUMÁRIO
I. SUMÁRIO
II. Das Física Clássica ao Universo Quântico...................................................................... 1
A. CLÁSSICA ................................................................................................................... 1
B. QUÂNTICA ................................................................................................................. 1
C. TEORIA QUÂNTICA DE CAMPOS ................................................................................ 1
D. CAMPOS MORFOGENÉTICOS .................................................................................... 1
E. CAMPOS MÓRFICOS .................................................................................................. 2
F. PODEMOS MUDAR UM CAMPO MÓRFICO OU UM CAMPO MORFOGENÉTICO? ...... 3
III. A perspectiva sistêmica das Constelações Familiares ............................................... 4
A. Reflexão: o “Eu Quântico” e a cura ........................................................................... 4
IV. SERES MULTIDIMENSIONAIS ..................................................................................... 5
A. COMO ATUA A CONSCIÊNCIA? .................................................................................. 6
V. TEORIA DOS SISTEMAS VIVOS ....................................................................................... 7
A. PENSAMENTO SISTÊMICO ......................................................................................... 7
B. A TEIA DA VIDA ......................................................................................................... 8
C. CARACTERÍSTICA DAS REDES VIVAS .......................................................................... 8
VI. CONCEITOS BÁSICOS DA CONSTELAÇÃO FAMILIAR .................................................. 9
A. BERT HELLINGER ....................................................................................................... 9
B. INFLUÊNCIA DO PASSADO ......................................................................................... 9
C. IDEIAS DE HELLINGER QUE RESSOEM COM AS TRADIÇÕES ANCESTRAIS AFRICANAS
10
D. A TERAPIA SISTÊMICA ............................................................................................. 10
E. PRINCÍPIOS SISTÊMICOS .......................................................................................... 11
F. ORDENS DO AMOR ................................................................................................. 11
G. FAMÍLIA DE ORIGEM ............................................................................................... 11
VII. FENOMENOLOGIA ................................................................................................... 11
A. CONCEITOS ............................................................................................................. 12
VIII. Etologia Equina ....................................................................................................... 13
A. PREDADORES E A NECESSIDADE DE CONTATO SOCIAL ........................................... 13
B. A ORGANIZAÇÃO SOCIAL DOS CAVALOS ................................................................. 13
C. O GARANHÃO ......................................................................................................... 14
D. AS ÉGUAS ................................................................................................................ 14
E. OS JOVENS MACHOS ............................................................................................... 15
F. COMUNICAÇÃO DOS CAVALOS ............................................................................... 16
G. RELAÇÃO COM O HOMEM ...................................................................................... 17
IX. OS 5 SENTIDOS ........................................................................................................ 19
A. Visão ....................................................................................................................... 19
B. Audição ................................................................................................................... 20
C. Olfato ...................................................................................................................... 20
D. Paladar .................................................................................................................... 21
E. Sensibilidade Cutânea ............................................................................................. 21
X. OS 10 SEGREDOS ANCESTRAIS DA MENTE DO CAVALOS ............................................ 22
1. FUGA ................................................................................................................... 22
2. PERCEPÇÃO ......................................................................................................... 22
3. TEMPO DE RESPOSTA .......................................................................................... 22
4. AUTORREGULAÇÃO ............................................................................................. 22
5. APRENDIZAGEM .................................................................................................. 22
6. MEMÓRIA ............................................................................................................ 23
7. HIERARQUIA DOMINANTE ................................................................................... 23
8. CONTROLE DE MOVIMENTOS .............................................................................. 23
9. LINGUAGEM CORPORAL ...................................................................................... 23
10. PRECOCIDADE .................................................................................................. 23
XI. CARACTERÍSTICAS GERAIS IMPORTANTES ................................................................. 25
A. PRESA ...................................................................................................................... 25
B. PERCEPÇÃO AGUÇADA ............................................................................................ 25
C. CURIOSIDADE E ECONOMIA DE ENERGIA ............................................................... 25
D. MARCA MENTAL ..................................................................................................... 25
E. APRENDIZAGEM ...................................................................................................... 25
F. HERBÍVOROS E NÔMADES ...................................................................................... 26
G. GREGÁRIO ............................................................................................................... 26
H. ROTINEIRO, MAS ADAPTÁVEL ................................................................................. 26
I. DOMÍNIO VITAL ....................................................................................................... 27
J. LINGUAGEM ............................................................................................................ 27
K. SENSAÇÃO DE CLAUSTROFOBIA .............................................................................. 27
XII. Terapia e aprendizagem com cavalos ..................................................................... 28
A. OBSERVANDO ......................................................................................................... 28
B. SEGURANÇA ............................................................................................................ 28
C. PRATICAR E OBSERVAR ........................................................................................... 29
D. O PAPEL DO CAVALO ............................................................................................... 30
E. O FACILITADOR ....................................................................................................... 31
F. PAPEL DO FACILITADOR .......................................................................................... 31
G. RELACIONAMENTO ................................................................................................. 31
H. META ...................................................................................................................... 32
I. ACUIDADE SENSORIAL ............................................................................................ 32
J. FLEXIBILIDADE ......................................................................................................... 33
XIII. Trabalho em grupo .................................................................................................. 34
A. TEORIA DO ICEBERG ................................................................................................ 34
B. DICAS ...................................................................................................................... 34
XIV. TAREFAS PARA TERAPIA E APRENDIZAGEM EM GRUPO ......................................... 35
XV. Terapia e aprendizagem com cavalos ..................................................................... 37
A. PREPARAR-SE .......................................................................................................... 38
B. Filosofia de vida ...................................................................................................... 39
C. Participam de uma sessão ....................................................................................... 39
D. Preparação .............................................................................................................. 39
E. Conexão e permissão .............................................................................................. 39
F. Cheque interno ....................................................................................................... 39
G. O diálogo com o inconsciente ................................................................................. 40
H. O corpo como mediador ......................................................................................... 40
I. Prática ..................................................................................................................... 40
J. Estrutura de uma sessão ......................................................................................... 41
XVI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS – TEORIA CAMPO .................................................. 42
INTRODUÇÃO
Para compreender o que está presente em uma sessão de terapia e aprendizagem com
cavalos precisamos ir além do plano físico, material.
Vamos conhecer inicialmente alguns conceitos de áreas como física quântica, biologia,
bioquímica e da visão sistêmica da vida e de todos os seres para compreendermos o ser
humano como um ser multidimensional.
Passaremos então para o estudo da etologia equina para, finalmente, entrar no mundo
da terapia e aprendizagem com cavalos do método Omega-TAC.
Certamente, além deste material teórico, o mais rico aprendizado que podemos ter é o
prático, é a vivência com os cavalos, a observação de um incrível conteúdo que emerge
toda vez que seres humanos e cavalos interagem.
Nossa intenção com este treinamento é despertar em cada um dos participantes um novo
olhar para a relação humano-cavalo e abrir caminho para que cada aluno se torne um
facilitador de processos, um ajudante presente e ético.
Bem-vindos, bem-vindas!
Claudia Vassão
PARTE I OS HUMANOS
1
II. DAS FÍSICA CLÁSSICA AO UNIVERSO QUÂNTICO
A. CLÁSSICA
Campos Magnéticos e Elétricos
Campos Eletromagnéticos
As partículas podem ser observadas
A luz é uma manifestação de partículas
Elas se movem no presente e no futuro
B. QUÂNTICA
O campo são as ideias relativas ao esquema de um diagrama espaço-tempo
As partículas não podem ser diretamente observadas
Elas se movem no presente, no futuro e no passado
As partículas estão sempre em movimento
C. TEORIA QUÂNTICA DE CAMPOS
As partículas vivem os seus cotidianos envolvidas numa interminável dança de impactos e
colisões, onde elas surgem, desaparecem e surgem novamente na realidade.
A ciência desconhece as causas deste fenômeno, mas sabe-se, através da Teoria Quântica
de Campo, que nestes encontros acontecem conexões com o passado, o presente e o
futuro.
Neste mundo, além de nos deslocarmos no espaço, nos deslocamos no tempo e podemos
trazer de lá fatos e acontecimentos que aparecem no mundo da realidade presente como
se tivessem surgido do nada.
D. CAMPOS MORFOGENÉTICOS
Morfo vem do grego “morphe” e significa forma
Gene ou genética vem do grego “geno” e significa fazer nascer
A biologia reducionista transformou o DNA numa cartola de mágico da qual é possível
tirar qualquer coisa. Na vida real a atuação do DNA é bem mais modesta, os genes ditam
somente a estrutura primária.
2
A maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as células nos tecidos, os
tecidos nos órgãos e os órgãos no organismo não está programado no DNA.
O organismo, de alguma maneira, se monta automaticamente.
A morfogênese, ou seja, a modelagem formal de sistemas biológicos, seria ditado pelos
chamados Campos Morfogenéticos. Estes campos se transformam o tempo todo graças
ao processo de ressonância mórfica.
Cada tipo de molécula, cada proteína, tem seu próprio campo morfogenético. Por
exemplo, a hemoglobina tem um campo de insulina etc. Cada tipo de organismo, cristal,
instinto, padrão de comportamento tem seu campo morfogenético. São estes campos
que ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos pois há muitos padrões na natureza.
Os campos morfogenéticos vão variar sua estrutura dando causa, deste modo às
mudanças estruturais dos sistemas aos que estão associados.
São estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento
de todos os sistemas do mundo material, conectando todos os sistemas individuais que a
eles estão associados.
Os campos morfogenéticos e os campos mórficos são campos que levam informações,
não energia;
Eles são campos não físicos, portanto, não mensuráveis, que exercem influência sobre
sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente;
Há uma causa pela qual as coisas tomam suas formas e padrões;
Todo animal, planta ou ser humano está continuamente informado do seu passado
E. CAMPOS MÓRFICOS
Campos mórficos são campos de memória do coletivo e de tudo o que vai existindo –
emoção, comportamento etc.
São campos de ressonância de imitação e não tem a ver com a família;
Os campos mórficos são gigantes, eles abarcam, envolvem tudo o que tem propriedade
auto organizacional, tais como galáxias, átomos, células, sociedades;
São eles que fazem com que um sistema seja um sistema, uma totalidade articulada e não
um mero ajuntamento de partes, distribuindo-se pelo espaço-tempo, conectando todos
os sistemas individuais que a eles estão associados;
Por serem campos de informação e não de energia, sua intensidade não decai com o
quadrado da distância. Neles, o conhecimento adquirido por um conjunto de indivíduos
agrega-se ao patrimônio coletivo e passa a ser compartilhado por toda a espécie.
3
Se tenho comportamentos que não fazem sentido é porque estou fazendo parte,
pertenço a um campo mórfico. Vou procurar repetir este comportamento para continuar
fazendo parte deste campo mórfico.
Quando estou em ressonância com um campo mórfico é difícil sair dele pois o campo
mórfico é a consciência coletiva, é o campo da diferenciação entre o bem e o mal, o
campo da necessidade de compensação.
F. PODEMOS MUDAR UM CAMPO MÓRFICO OU
UM CAMPO MORFOGENÉTICO?
Como facilitador devo procurar ser menos terapêutico pois nas relações terapêuticas as
projeções, as ressonâncias, as transferências e contratransferências são mais presentes.
Meu trabalho interno, pessoal, será um trabalho de purificação, de libertação de minhas
crenças e condicionamentos pois as crenças são campos mórficos aos quais estou
conectado.
Rupert Sheldrake – teoria dos campos mórficos e morfogenéticos
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III. A PERSPECTIVA SISTÊMICA DAS CONSTELAÇÕES FAMILIARES
Este, definitivamente, não é um curso de Constelação com Cavalos, tampouco de
Constelação Familiar, porém a abordagem de Bert Hellinger nos ensinou a ver as relações
interpessoais e profissionais a partir de uma visão expandida na qual cada interagente (ou
cliente ou coachee ou paciente, dependendo do objetivo da sessão ou trabalho em
grupo) passa a ser visto como participante de um ou vários sistemas.
Sendo assim, este capítulo tem como objetivo trazer informações básicas, introdutórias,
da Constelação Sistêmica que serão muito úteis durante a aplicação do modelo Omega-
TAC.
“(...) o cavalo não reage apenas aos participantes como um indivíduo e
sim a todo sistema ao qual o indivíduo pertence. Podemos comparar o
participante com as células do corpo humano, onde todas as
propriedades do corpo já existem, de modo que todo o sistema está
presente.” (Knaapen, p.39)
A. Reflexão: o “Eu Quântico” e a cura
Segundo a consteladora espanhola Brigitte Champetier de
Ribes, o que Bert Hellinger chama “o amor do espírito” é a
visão quântica da vida.
O Eu Quântico é aquele observador neutro, que vê tudo
com amor, agradecimento e respeito e, ao mesmo tempo
que muda aquilo que vê, é transformado pelo que vê. A
cura se transforma em um circuito de ressonância sem fim, em uma espiral de cura.
Sabemos que somos energia e que tudo é, ao mesmo tempo, onda e partícula. O Eu
Quântico é onda, o Eu Manifestado é partícula, o salto da partícula para a onda de
probabilidades acontece quando a mente está vazia.
“O livre arbítrio existe: é o dizer sim ou não para a vida, como ela é”
BRIGITTE CHAMPETIER DE RIBES
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IV. SERES MULTIDIMENSIONAIS
Nesta abordagem o encontro é multidimensional, pois todos os atores são seres
multidimensionais: corpo, emoção, mente, espírito e contexto sistêmico.
Esta multidimensionalidade nos ajuda a observar os recursos que serão acessados nesta
caminhada:
FÍSICO Sentidos de percepção no corpo;
EMOÇÃO Reações emocionais;
MENTE Ideias e pensamentos;
ESPÍRITO Intuição, insights;
SOCIAL ou SISTÊMICO Seu lugar no todo.
ESPIRITUAL
Conexão
Intuição
FÍSICA
Cérebro Reptiliano Sentidos
MENTAL
Neo-cortex
Pensamentos
EMOCIONAL
Límbico
Sentimentos
SISTÊMICA
Social Família Cultura
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A. COMO ATUA A CONSCIÊNCIA?
“A boa consciência é a força propulsora que está por traz de quase todos
os grandes conflitos”
BERT HELLINGER
É com a consciência que sentimos se estamos agindo de acordo com os padrões de nosso
sistema, ao qual pertencemos ou não. Ela funciona como um instrutor interno, que pode
gerar tensão e conflito, quando as diferenças se manifestam.
Se em meus atos eu for contra o sistema do qual faço parte, vou me sentir incomodado
(culpa), ao passo que, se eu seguir as regras, moral, normas ou cultura do meu sistema,
me sinto bem, em casa (inocente).
Todas as consciências são campos espirituais.
Consciência pessoal – ela é sentida como boa consciência e má consciência.
Consciência coletiva – é como um instinto inconsciente para nós, vela pela
sobrevivência do grupo.
Consciência espiritual – responde ao movimento do espírito, que pensa e cria tudo
da maneira como é e onde tudo e todos podem ter o seu lugar. Tudo está
submetido a este movimento.
A consciência espiritual é sentida pela vibração, não pelo pensamento. E a única forma de
irmos para este nível é irmos para nosso centro, fazendo escolhas conscientes, em
sintonia com o AMOR DO ESPÍRITO. Este movimento une o que antes estava separado.
Quando SOMOS O MOVIMENTO DO ESPÍRITO ele se perde como conceito, como algo
externo, e simplesmente passa a SER.
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V. TEORIA DOS SISTEMAS VIVOS
Sistemas integrados cujas propriedades não podem ser reduzidas às suas partes menores.
Embora seja possível distinguir as partes de qualquer sistema vivo, a natureza do todo é
sempre diferente da simples soma de suas partes.
A. PENSAMENTO SISTÊMICO
Significa uma nova forma de ver o mundo e uma nova forma de pensar em termos de
relações, padrões e contexto.
Todo organismo – animal, planta, microrganismo ou ser humano – é um todo integrado,
um sistema vivo.
Partes de organismos, como folhas e células, também são sistemas vivos dentro de outros
sistemas vivos.
Em toda a natureza encontramos sistemas vivos dentro de outros sistemas vivos, ou
ecossistemas.
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B. A TEIA DA VIDA
O mais importante ensinamento da
abordagem sistêmica da vida é o
reconhecimento de que as redes constituem o
padrão básico de organização de todos os
seres vivos.
Os ecossistemas são compreendidos em
termos de teias alimentares, ou seja, de rede
de organismos; os organismos são redes de
células e as células são redes de moléculas.
A rede é um padrão comum a todas as formas de vida. Onde existe vida, existem redes.
Somos apenas um segmento dentro da Teia da Vida.
Tudo o que fazemos para a teia, fazemos para
nós mesmos.
Todas as coisas estão ligadas entre si. Todas as coisas interagem…
CHEFE SEATTLE
C. CARACTERÍSTICA DAS REDES VIVAS
A principal característica é que as redes vivas são autógenas: em uma célula, todas as
estruturas biológicas são continuamente produzidas, consertadas e regeneradas por uma
rede de reações químicas.
As redes vivas estão sempre criando ou recriando a si próprias através da transformação
ou substituição dos seus componentes.
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VI. CONCEITOS BÁSICOS DA CONSTELAÇÃO FAMILIAR
Uma abordagem terapêutica que olha para o indivíduo como parte integrante de um ou
mais sistemas.
Este indivíduo exerce e recebe influência do sistema, por exemplo, sua família de origem.
Observa-se que esta influência vai além das pessoas desta geração, podendo sentir a
influência de pessoas ou acontecimentos, em seu sistema familiar, de várias gerações
anteriores.
A. BERT HELLINGER
Criador das Constelações Familiares.
Nasceu em 1925, estudou filosofia, teologia e pedagogia.
Sua formação religiosa levou-o a ingressar em uma ordem religiosa católica.
B. INFLUÊNCIA DO PASSADO
Hellinger observou, por meio das constelações, que existe uma relação muito íntima
entre gerações passadas e gerações presentes.
Isso ressoa com várias tradições, como o culto aos antepassados realizados nas culturas
orientais ou rituais africanos de conexão com os ancestrais.
Esta conexão com gerações passadas pode tanto ser origem de força e fluidez como ser
responsável por vínculos simbióticos e emaranhados sistêmicos.
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C. IDEIAS DE HELLINGER QUE RESSOAM
COM AS TRADIÇÕES ANCESTRAIS AFRICANAS
O reconhecimento que os pais biológicos são importantes no sistema familiar, ainda que
eles não tenham tido nenhuma outra relação com os seus filhos.
A ideia de que muitas gerações de antepassados são sentidas como um recurso e fonte de
energia. Isto inclui o reconhecimento que os nossos antepassados e a nossa família estão
profundamente conectados tanto com o bem estar como com a doença.
O alinhamento em termos da ordem na família – quem chega primeiro, a linhagem
geracional e a continuidade da árvore familiar, incluindo quem ainda poderia estar
causando problemas, até ser reconhecido.
A importância da parte excluída que tem efeito nos assuntos da vida familiar ou pessoal,
seja consciente ou inconscientemente
Curando usando símbolos e rituais e conectando com os mortos.
Honrando os mais velhos e o lugar certo dos mortos.
D. A TERAPIA SISTÊMICA
O olhar sistêmico nos permite acessar algo que está presente no sistema e que muitas
vezes não é compreendido nem percebido sem se observar o todo.
É um trabalho que se ocupa de questões relacionadas a dinâmicas (enredamentos) que
começam quando os princípios sistêmicos são transgredidos.
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E. PRINCÍPIOS SISTÊMICOS
Bert Hellinger sintetizou sua experiência e o que aprendeu com as comunidades sul
africanas em três princípios chamados por ele de Ordens do amor. Sempre que um desses
princípios é transgredido há como efeito um desequilíbrio na esfera individual e, quase
sempre, na esfera sistêmica também. Quando o equilíbrio não é retomado as gerações
futuras passam a fazer parte do seu efeito. A isso chamamos emaranhados sistêmicos.
F. ORDENS DO AMOR
VÍNCULO – Todos têm o mesmo direito de pertencer ao seu sistema familiar.
ORDEM – Existe uma hierarquia temporal.
EQUILÍIBRIO – Dar e tomar traz experiências de culpa e inocência.
G. FAMÍLIA DE ORIGEM
Quem pertence:
Todos os filhos, incluindo os que nasceram mortos, filhos adotados, meio irmãos e
alguns filhos abortados ou perdidos.
Os pais e os seus irmãos.
Casamentos (ligações) anteriores dos pais.
Avós e os seus casamentos (ligações) anteriores.
Bisavós (às vezes).
Aqueles que, em relação ao sistema familiar, carregam uma perda ou obtiveram
um benefício que lhes mudou a vida, por exemplo, pessoas cujos bens foram
roubados por um antepassado.
VII. FENOMENOLOGIA
É um método que permite reconhecer “o que é” sem opiniões preconcebidas nem pré-
julgadas.
A Fenomenologia permitiu uma forma de perceber com maior profundidade as dinâmicas
sistêmicas, bem como o aparecimento de imagens interiores surpreendentes.
Revela a crise da ciência que se detém apenas aos fatos, gerando problemas no sentido
da existência humana: o ser no mundo.
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Tudo o que podemos saber do mundo resume-se a esses fenômenos, a esses objetos
ideais que existem na mente, cada um designado por uma palavra que representa a sua
essência, a sua SIGNIFICAÇÃO!
A. CONCEITOS
A imaginação apreende coisas em imagens e preenche segundo a realidade do
sujeito;
A percepção consiste na aquisição, interpretação, seleção e organização das
informações obtidas pelos sentidos, envolvendo a memória e outros aspectos que
podem influir na interpretação dos dados percebidos;
A significação é correlato de intenção;
O ideal do conhecimento é o preenchimento total.
A consciência é, portanto, doadora de sentido e fonte de significado. Conhecer é
um processo que não acaba nunca, é uma exploração exaustiva do mundo.
PARTE II OS EQUINOS
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VIII. ETOLOGIA EQUINA
Etologia é o estudo do comportamento animal. Quando falamos em Etologia Equina,
estamos então nos remetendo a tudo o que se destina à vida dos cavalos na sua forma
natural.
A. PREDADORES E A NECESSIDADE DE CONTATO SOCIAL
O cavalo era um animal pequeno, solitário que vivia há cerca de 65 milhões de anos na
selva (Eohippus). O primeiro cavalo tinha aproximadamente o tamanho de um cão.
Houve mudanças climáticas, a floresta desapareceu, o clima tornou-se mais quente e
seco. Diferentes espécies desapareceram e algumas que conseguiram se adaptar às áreas
de estepe sobreviveram.
A relação do homem e cavalo é algo que já se mostrava nas paredes das cavernas
primitivas há milhares de anos. Eles eram símbolos de admiração, mas também serviam
como refeição.
O seu ancestral mais antigo possuía 3 dedos nas patas de trás e 4 nas da frente. Com o
tempo, suas necessidades foram mudando, a disponibilidade de alimento e habitat
tornou-se abundante. Os três dedos não eram mais necessários, desaparecendo cada vez
mais, até o momento em que o futuro cavalo passou a andar somente sobre o dedo do
meio, dando agilidade e velocidade ao animal.
Atualmente é um animal grande, especializado em alimentação fibrosa de baixa caloria
que passa muito tempo se alimentando. Tem facilidade de compartilhar o estado de
vigília
B. A ORGANIZAÇÃO SOCIAL DOS CAVALOS
Os cavalos juntaram-se em grupos sociais, aumentando as chances de sobrevivência,
assim mantiveram uma vida consideravelmente regrada. Os cavalos selvagens se
organizam em grupos com um garanhão, uma fêmea alfa e a prole, ou em pequenos
grupos de jovens machos solteiros.
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O grupo é formado por mais ou menos 10 integrantes, e está longe da imagem que a
maioria das pessoas tem da imensa tropa de cavalos selvagens correndo livres na
montanha. O que ocorre é que, por vezes, vários grupos que convivem próximos se
deslocam em conjunto, dando a impressão do grupo familiar ser maior.
Os potros só deixam o grupo familiar aos dois ou três anos de idade, quando atingem a
sua maturidade sexual. Este comportamento é totalmente conveniente e adequado, pois
assim a probabilidade de cruzamentos consanguíneos diminui grandemente.
Uma vez que o grupo foi formado, ele permanece estável por muitos anos, apenas
havendo variação pela saída dos jovens. Com raras exceções, o garanhão e as éguas
permanecem juntos por toda vida.
A fêmea alfa sempre será a mais velha do grupo, ou seja, a que chegou primeiro. Ela
mantém uma posição hierárquica superior em relação às outras éguas. E esta hierarquia
se sustenta por anos.
C. O GARANHÃO
Os garanhões têm a função de proteger e coordenar o grupo.
Eles passam grande parte do tempo cercando as fêmeas e impedindo-as de deixar o
grupo ou serem levadas por outros machos. Eles são como pastores do rebanho,
encorajam o grupo a se manter unido.
Quando o harém muda o seu local de
pastagem, o garanhão sempre fica por
último, incentivando a caminhada e
cuidando para que nenhum indivíduo fique
para trás.
Normalmente, eles se organizam em um
harém estável onde cada garanhão passa a
vida com algumas poucas éguas, em geral,
duas.
Os garanhões sempre evitarão os conflitos e brigas pela posse do grupo de fêmeas. Uma
série de ameaças é a primeira escolha, o contato físico é feito somente quando é
absolutamente necessário. Ferimentos fatais são raros na natureza.
D. AS ÉGUAS
A égua pode ser considerada a líder do grupo. Isto é verdadeiro se observamos que
quando os cavalos se deslocam, sempre a égua mais velha que vai à frente.
As fêmeas geralmente demonstram o seu primeiro cio com um ano de idade, mas parece
não receber atenção do garanhão nesta faixa etária.
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Quando o cio surge na primavera, é uma vantagem, pois os potros nascerão em
condições ambientais mais favoráveis. A gestação da égua dura 11 meses.
As éguas possuem diferenças individuais e podem apresentar preferência por garanhões
específicos. Éguas mais velhas e
dominantes podem,
energicamente, interromper a
atenção de um garanhão, que está
voltada para uma fêmea (de um
posto mais baixo da escala social)
que esteja no estro.
Uma égua pode ser abandonada no
momento do parto e se juntar a
outro grupo, cujo garanhão,
diferente da crença popular, não
matará o potrinho por não ser seu
descendente.
E. OS JOVENS MACHOS
As fêmeas mais jovens só deixam o seu grupo familiar quando algum jovem macho de
outro grupo a "sequestra" para formar uma nova família.
Já os jovens machos, pelo contrário, passam um bom período de vida solteiros para
depois conseguirem formar o seu próprio bando.
Por volta dos 2 ou 3 anos, eles deixam o grupo onde nasceram (por vezes por iniciativa
própria, por vezes são expulsos pelo garanhão) e se juntam a um grupo de jovens
machos.
Neste novo grupo, os jovens machos irão aprender a medir as suas forças, simular
combates e respeitar a hierarquia estabelecida. A composição do grupo depende muito
das chegadas e saídas, mas geralmente é limitada entre 6 e 7 cavalos.
Com 5 ou 6 anos de idade, os cavalos já têm maturidade e força suficientes para
coordenar, defender e formar o seu próprio grupo familiar.
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F. COMUNICAÇÃO DOS CAVALOS
Segundo Aluísio Marins, médico veterinário, domador e treinador de cavalos e reitor da
Universidade do Cavalo, o equilíbrio da convivência, sincronismo das atitudes,
simplicidade das ideias, a segurança pelo conforto e confiança são características naturais
de vida dos cavalos. Na vida natural, os cavalos vivem em uma comunidade de respeito e
imitação aos mais experientes. Quando existe uma quebra na hierarquia, a situação é
resolvida entre os membros do bando através dos mais experientes. Tudo isto é resolvido
através da comunicação entre os indivíduos. Os cavalos comunicam-se através de voz e
de sinais corporais utilizando, por exemplo, as orelhas, os olhos, a cauda, as patas, a boca,
os andamentos e o pescoço.
O movimento de repressão, o empurrão e a apresentação da traseira são os sinais de
comunicação emitidos pelos cavalos, numa linguagem bastante peculiar.
Nos mais corajosos e dominadores prevalece o movimento de repressão, linguagem em
que o animal coloca o corpo na frente do outro, impedindo-o de avançar.
A forma de dominação é o empurrão com o ombro. Já a apresentação da traseira ocorre
quando o cavalo demonstra que vai escoicear.
Enquanto soltos, os cavalos demonstram grande alegria, exibindo um corpo flexível, cheio
de movimentos, que simplesmente explora todas as suas possibilidades.
São oito os sons principais com que os cavalos se comunicam. Relincho é o mais
conhecido. Trata-se de um som longo, alto e agudo, usado para chamar a atenção sobre
algo ou de alguém.
A saída bruta de ar pelas narinas, que trepidam, dá origem ao resfôlego. É, também, uma
forma de limpar as vias respiratórias, aumentando a oxigenação. Muitas vezes, é usado
para alertar outros animais, de algo novo e ameaçador.
Um som emitido com a boca fechada, o guincho é baixo e frequente, em encontros não
muito "românticos" entre éguas e garanhões. É do tipo "não estou gostando".
A ideia de namoro, ou de um cumprimento maternal, manifesta-se pelo ronco, um som
grave, curto e descontínuo. Quase sempre está ligado ao reconhecimento, a um sinal leve
de excitação, ou porque viu um cavalo amigo, uma pessoa querida.
O ronco de namoro é o mais excitante, pois é acompanhado do bater dos cascos e o
movimento da cabeça, pescoço e cauda. Muitos cavalos reagem dessa forma na
aproximação de seus donos.
Em estados emocionais intensos, ocorre o urgido, que é um som agudo, comum entre os
cavalos selvagens. O sopro é semelhante ao resfôlego, mas sem trepidação, sendo mais
suave e com uma mensagem menos tensa, significando apenas um "Hum! " O suspiro é
um som que demonstra certo tédio, mal-estar digestivo ou angústia, e constitui-se de
uma saída longa de ar pelas narinas.
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O sinal mais fácil de ser entendido é a posição das orelhas. É considerado o mais
importante na comunicação dos cavalos. As orelhas podem mostrar o ânimo ou a atenção
do animal. Por exemplo: inclinação aguda para frente indica tensão, curiosidade ou boa
intenção; caídas para o lado significam aborrecimento ou cansaço; abaixadas e voltadas
para trás indicam animosidade ou agressão. As orelhas em pé e voltadas para trás
denotam a presença de um dominador, o treinador ou cavaleiro. E significam, também,
submissão.
O lado brincalhão é demonstrado pelo ato de abocanhar, puxando o canto da boca. A
cordialidade entre eles é representada pela brincadeira de mordiscar os pelos ou a crina.
Sua estratégia de vida é baseada na formação de fortes laços sociais, que servem à
sobrevivência e à reprodução.
G. RELAÇÃO COM O HOMEM
Os primeiros cavalos (Equus caballus) foram domesticados há cerca de 6 mil anos onde o
povo botai, que habitava o norte do Cazaquistão, começou a caçá-los, atraído pela carne
como fonte de alimento e a pele para fazer couro. Mais tarde, os botai os domesticaram.
O povo botai e as sucessivas civilizações encontraram nos cavalos, animais fortes,
espertos e de boa índole, o melhor dos parceiros.
Ao longo dos séculos, os cavalos acompanharam a evolução dos seres humanos e foram
protagonistas, assim como eles, de importantes acontecimentos na história da
humanidade formando uma parceria para a realização de várias tarefas que envolveriam
a agricultura, o transporte, a guerra e até mesmo o esporte.
Na Grécia Antiga, temos o aparecimento do antigo mito do centauro, uma fantástica
criatura, meio homem e meio cavalo. Sob o ponto de vista filosófico, essa alegoria
atestava a junção da inteligência que o homem possuiu ao vigor físico que os equinos
dominam tão bem. De acordo com alguns estudiosos, esse personagem da mitologia
grega teria origem nas antigas tribos nômades da Ásia, que organizavam seus ataques
com o uso destes animais.
No período medieval, os hunos compunham uma poderosa comunidade nômade que
passava boa parte de seu tempo montada no lombo deste animal. Segundo alguns
relatos, os hunos guerreavam e, em alguns casos, dormiam no próprio animal. Com o
tempo, esse animal também viria a integrar a rotina das comunidades sedentárias. Nesse
caso, a finalidade do animal se deslocava para a realização de tarefas diárias e,
principalmente, na produção agrícola.
Prosseguindo pela Idade Média, vemos que os europeus incorporaram o animal ao seu
mundo e chegaram ao ponto de inventarem academias responsáveis pelo adestramento
dos animais e o ensinamento da montaria. E não pensem que foram apenas os cavalos
que se subordinaram aos seus donos. As calças, tão comuns no vestuário da moda
18
contemporânea, foram inicialmente inventadas para dar mais conforto na hora da
montaria.
Na Idade Moderna, mais precisamente durante o período da colonização, os cavalos
aterrorizaram as populações nativas americanas. Observando a situação, os
conquistadores espanhóis espalharam boatos dizendo que os cavalos eram bestas de
origem demoníaca. Segundo o próprio Hernán Cortéz, responsável pela dominação do
México, a importância do cavalo na conquista do continente americano só perdia para a
intervenção divina.
Nas primeiras décadas da Revolução Industrial, o crescimento dos centros urbanos esteve
seguido de um estrondoso número de cavalos empregados nas mais variadas funções.
Durante a queda do Antigo Regime e em outras situações de guerra, vemos que as
cavalarias eram insubstituíveis na organização das táticas de guerra.
Apesar de estarem mais presentes no mundo rural e esportivo, observamos novos
campos de atuação onde os cavalos mostram seu valor. Ele é o parceiro importante e
agente cinesioterapêutico dentro de atividades montadas, pelo seu movimento
tridimensional, que se assemelha ao movimento humano, possibilitando restaurações
motoras, cognitivas e de sociabilização dentro da equoterapia.
Nos processos terapêuticos e de aprendizagem, nos quais os cavalos não são montados, é
possível observar grandes transformações emocionais, mudanças de padrões e
comportamentos seja individualmente, em grupo ou nas organizações, desenvolvendo
lideranças, comunicação eficaz e produtividade.
19
IX. OS 5 SENTIDOS
A. Visão
A importância deste sentido para os cavalos pode
ser evidenciada pelo tamanho dos seus olhos que
estão estre os maiores dentre os mamíferos
terrestres.
O cristalino dos cavalos possui o recurso de
acomodação dinâmica mais limitado se
comparado à nós humanos, que consiste na
capacidade de ajustar a visão de um objeto
próximo e de outro mais distante de forma
alternada, cruzando ou diminuindo a
convergência.
No entanto, o formato ovoide do globo ocular dos
cavalos resulta em distâncias diferentes entre o
cristalino e a retina (onde formam-se as imagens),
a depender de que região dos olhos estamos falando. Assim sendo, na parte inferior do
campo de visão o cavalo tem nitidez para os objetos próximos e na parte superior para os
objetos mais distantes. Dessa forma, é possível ter um campo de visão amplo mesmo
quando se está com a cabeça baixa pastando. O seu campo de visão é de quase 360O no
plano horizontal, tendo somente como pontos cegos logo atrás da garupa e bem à frente
da cabeça, onde sua visão se torna binocular (aproximadamente entre 65o e 80o à
frente), conforme podemos ver na imagem a seguir.
Cavalos são dicromatas, o que significa que possuem células receptoras de duas das cores
fundamentais, diferentemente de nós humanos que somos tricromatas. Na prática isso
significa que os cavalos não conseguem distinguir todas as cores tal como nós
conseguimos.
Embora possuam uma boa visão noturna, os equinos possuem uma adaptação lenta às
mudanças de luminosidade. É por isso que por vezes temos animais que se assustam ou
reagem com certa cautela quando estão sendo conduzidos de um local ao ar livre para
entrarem em suas cocheiras ou embarcarem em um trailer. Somando isso ao ponto cego
frontal temos então uma limitação acerca da acuidade visual no que diz respeito à
percepção de profundidade. Para lidar com tal limitação os cavalos possuem pelos abaixo
do focinho que conferem uma contribuição de percepção tátil para, por exemplo,
encontrarem a ração dentro do cocho.
Figura 1(cf. Larousse dos Cavalos, 2006, p. 20-21; GEMEC, 15/abr/2019)
20
B. Audição
Os equinos possuem uma audição bastante desenvolvida e sensível. São capazes de
reconhecer a voz do tratador e sons familiares, bem como responder a comandos por
voz. Possuem uma extensão da audição maior do que a nossa no que diz respeito aos
agudos e um pouco menor no que diz respeito aos graves.
As orelhas são côncavas e possuem um formato afunilado, o que contribui para o
direcionamento das ondas sonoras aos tímpanos. A mobilidade das orelhas em até 180o
permite com que o cavalo direcione o pavilhão auditivo para onde está vindo o som para
melhor identificá-lo. Essa mobilidade acontece de forma independente para cada orelha,
permitindo que o animal se dedique a perceber dois focos de sons distintos ao mesmo
tempo.
O cavalo é dotado de um sistema de alerta coordenado envolvendo a visão e a audição, o
qual pode ser notado quando o animal ouve um ruído inesperado e imediatamente
direciona os olhos, movimentando a cabeça, e as orelhas na direção do som.
C. Olfato
O olfato é também um sentido muito mais desenvolvido nos cavalos do que em nós. O
chanfro comprido da anatomia do cavalo proporciona uma grande superfície para a
mucosa olfativa. É a partir do olfato que a égua identifica o seu potro, bem como uns aos
outros. Em situações de apreensão, o cavalo inspira de forma mais vigorosa, expandindo
as narinas, para melhor perceber os odores presentes, no intuito de identificar se há um
perigo iminente ou não.
Existe ainda uma percepção olfativa especializada na detecção dos feromônios. Ela está
relacionada à atuação do órgão vomeronasal, situado abaixo da cavidade nasal, capaz de
detectar essas substâncias químicas voláteis emitidas pelos animais e que influenciam,
sobretudo, no que diz respeito aos comportamentos sexuais.
Uma mímica característica evidencia a atuação desta percepção. Ela é intitulada “Reflexo
de Flehmen” e consiste no posicionamento da cabeça para o alto, com o pescoço
estendido, e o lábio superior retorcido (ver imagem abaixo). Quando nesta posição, o
cavalo costuma inspirar de forma vigorosa e parece prender a respiração antes de
expirar, como se buscasse uma percepção mais profunda acerca dos odores presentes. As
circunstâncias mais recorrentes em que podemos observar esta atitude são a presença de
um potro recém-nascido ou a proximidade de éguas no cio.
21
D. Paladar
Cavalos são capazes de perceber diferentes níveis de salgado, doce, ácido e amargo.
Apesar de tolerarem melhor os sabores amargos se comparados ao nosso paladar,
costumam sentirem-se mais atraídos por sabores doces.
O paladar está relacionado a importantes aspectos relativos à saúde de um cavalo,
influenciando na distinção e seleção dos alimentos, na quantidade de sal a ser ingerida,
no equilíbrio nutricional e relativo a manutenção da homeostase corporal, bem como na
fisiologia gastrointestinal.
(cf. Larousse dos Cavalos, 2006, p. 20-21; KOGIMA, 13/abr/2019)
E. Sensibilidade Cutânea
Podemos atestar a grande sensibilidade cutânea que os cavalos possuem quando
observamos uma mosca pousar em seu dorso e a mesma, após ser detectada, ser
espantada através de uma sutil e precisa contração da pele. A sensibilidade cutânea é a
terminologia correta para nos referirmos ao tato nos animais.
Os níveis de refinamento e precisão de comandos presentes em um conjunto (cavalo e
cavaleiro) com alto nível de equitação também comprovam como a sensibilidade cutânea
dos cavalos é elevada, permitindo a percepção de movimentos extremamente sutis, na
maioria das vezes imperceptíveis visualmente.
Outro aspecto muito presente na vida dos cavalos, relativo a este sentido, diz respeito à
vida social. Trata-se da “toalete social”, momento em que os indivíduos de um grupo
Figura 2 (cf. Larousse dos Cavalos, 2006, p. 20-21; KOGIMA, 11/abr/2019) Reflexo de Flehmen
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mordiscam-se mutuamente na região do pescoço, cernelha e dorso. Ao mesmo tempo
em que cumpre uma função relacionada à higiene, promove também um
aprofundamento dos vínculos sociais dentro da manada.
(cf. Larousse dos Cavalos, 2006, p. 19-21)
X. OS 10 SEGREDOS ANCESTRAIS DA MENTE DO CAVALOS
1. FUGA Seu principal método de defesa é a fuga.
Por seu habitat natural em pastos, estepes e pradarias e por sua anatomia e fisiologia,
têm grande habilidade para a fuga.
Os cavalos são animais de presas de felinos e caninos e também dos homens.
Sendo assim, é fundamental que por sua história os cavalos vão sempre fugir ante
qualquer perigo real ou imaginário.
2. PERCEPÇÃO Por serem presas, estão constantemente com a ideia de que há um perigo iminente e que
podem ser comidos por seus predadores.
Assim, estão programados para estarem sempre alertas e preparados para disparar a
qualquer instante.
Tem habilidade inata de detectar estímulos sensoriais absolutamente imperceptíveis para
os seres humanos.
3. TEMPO DE RESPOSTA O cavalo possui o tempo de resposta mais veloz que qualquer outro animal doméstico.
Chamado tempo de reação. É a habilidade de perceber estímulos e reagir a eles.
Esse tempo de resposta é essencial para a fuga, pois sair em disparada imediatamente ao
estímulo é o que pode garantir que a fuga seja bem-sucedida.
4. AUTORREGULAÇÃO O cavalo é o animal que mais rapidamente se autorregula, caso contrário, estaria sempre
em fuga uma vez que qualquer estímulo pode ser interpretado como perseguição e
desencadear uma fuga.
5. APRENDIZAGEM Da mesma maneira que rapidamente se autorregulam, os cavalos também tem a
habilidade de rapidamente aprenderem coisas novas.
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6. MEMÓRIA A memória do cavalo é infalível, eles não esquecem absolutamente nada.
Os cavalos classificam as experiências vividas como algo a temer e consequentemente
fugir. O que eles experimentam, principalmente quando jovens, criam comportamentos e
reações duradouras.
7. HIERARQUIA DOMINANTE De todos os animais domésticos, o cavalo é o mais fácil de ser dominado.
Por ser um animal de manada sujeito a uma hierarquia dominante e por ter a fuga como
método de defesa, necessita ter um líder para saber quando e onde deve ir.
Em manadas os cavalos aceitam as lideranças.
8. CONTROLE DE MOVIMENTOS É o único animal doméstico que determina a dominância e hierarquia no seu grupo
controlando os movimentos dos demais integrantes.
É compreensível em uma espécie que para a qual a habilidade de fugir significa vida ou
morte, o controle de posições na manada estabelece a liderança.
Os cavalos dominantes realizam movimentos que ameaçam os demais cavalos e os
membros submissos precisam ceder espaço para o líder dominante.
9. LINGUAGEM CORPORAL Cada espécie mostra subordinação e submissão por meio de uma linguagem corporal que
é instintivamente compreendida pelos demais membros da sua espécie.
Os sinais de medo, submissão, ameaça, atenção e desconforto são transmitidos
visualmente, através da linguagem corporal do cavalo.
10. PRECOCIDADE O cavalo pertence a uma espécie precoce, o que significa que é neurologicamente
maduro ao nascer. Isto se deve a sua natureza de animal de presa.
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25
XI. CARACTERÍSTICAS GERAIS IMPORTANTES
A. PRESA
Cavalos são animais predados. Seu principal recurso de sobrevivência, o qual é acionado
toda vez que o seu instinto de defesa (autopreservação) entra em ação, é a fuga. Quando
o instinto de defesa está acionado não existe aprendizado e qualquer sensação negativa
aciona o gatilho da preservação.
B. PERCEPÇÃO AGUÇADA
Por se tratar de animais predados cuja principal defesa é a fuga, possuem uma habilidade
inata de detectar estímulos sensoriais, por vezes, imperceptíveis para nós seres humanos.
O cavalo possui o tempo de resposta mais veloz que qualquer outro animal doméstico,
chamado de tempo de reação. Trata-se da habilidade de perceber estímulos e reagir a
eles. Esse tempo de resposta é essencial para a fuga, pois sair em disparada
imediatamente ao estímulo é o que pode garantir que a fuga seja bem-sucedida.
C. CURIOSIDADE E ECONOMIA DE ENERGIA
A curiosidade dos cavalos é o que permite a eles que não fujam de tudo e de todos a todo
momento. Através da curiosidade o cavalo confirma se aquela eventual suspeita de um
perigo iminente é verdadeiramente um perigo. Desta forma, o cavalo pode então
economizar energia para quando realmente for necessário fugir.
D. MARCA MENTAL
O cavalo que temos hoje é resultado do acúmulo de experiências que ele teve ao longo
de toda a sua vida. Tudo aquilo que o cavalo vive se torna uma marca mental. Segundo o
domador e treinador Aluísio Marins “O cavalo não julga certo ou errado, julga o que ele
está vivendo e se tudo está ok com relação a sua preservação como indivíduo...” e conclui
dizendo que “assim, um cavalo é hoje o que ele aprendeu a ser”. (MARINS, p. 6).
E. APRENDIZAGEM
Os cavalos possuem uma capacidade de aprendizagem incrível. Com algumas poucas
repetições eles já são capazes de aprender algo novo. É importante conhecer e respeitar
os comportamentos naturais da espécie, bem como o tempo e as especificidades de cada
animal. Dessa forma, geraremos somente marcas mentais positivas.
26
F. HERBÍVOROS E NÔMADES
Cavalos são animais herbívoros e nômades. Pastam cerca de 13 a 20 horas por dia e
fazem isso caminhando ao longo do dia. Ou seja, quanto mais conseguirmos nos
aproximar destas condições melhor será para os cavalos.
G. GREGÁRIO
Cavalos são animais gregários, vivem em grupos e respeitam hierarquias. Relacionar-se
com outros animais, ainda que não sejam da mesma espécie, é muito importante para
eles. Eles buscam confiança e laços duradouros pois isso é parte da estratégia de
sobrevivência da espécie.
H. ROTINEIRO, MAS ADAPTÁVEL
Cavalos são animais afeitos à rotina, mas conseguem se adaptar bem à um novo local e
uma nova rotina, sobretudo, se o processo de adaptação respeitar aspectos inerentes à
sua natureza e propor mudanças gradativas. Portanto, é importante levar em
consideração os horários de manejo, principalmente, o horário em que os animais vão
comer o concentrado (ração) na hora de organizar a agenda com atividades Omega-TAC.
Obs.: é recomendável aguardar no mínimo uma hora após o animal ter comido a ração
para que possam trabalhar.
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I. DOMÍNIO VITAL
Se houver recursos de alimento suficientes e espaço condizente à quantidade de animais,
manadas de cavalos poderão conviver em um mesmo domínio vital e, se as condições
forem favoráveis, poderão passar toda a sua vida dentro deste perímetro. Isso porque os
cavalos não são animais territorialistas. Os asininos (jumentos e jumentas) e os muares
(burros e mulas), bem como as zebras, tendem a um comportamento territorialista.
J. LINGUAGEM
Cavalos são animais que se comunicam através da linguagem corporal e de vocalizações.
É importante que o facilitador Omega exercite a sua acuidade em perceber as mudanças
de estado dos cavalos, bem como cuide do seu estado interno quando for interagir com
eles.
K. SENSAÇÃO DE CLAUSTROFOBIA
Por serem animais de fuga, cavalos tendem a evitar locais estreitos e apertados. Mas a
medida em que construímos uma relação de confiança através de marcas mentais
positivas, é possível lidar com essa tendência natural de forma bastante tranquila.
Felizmente eles são muito adaptáveis.
PARTE III TERAPIA E APRENDIZAGEM
COM CAVALOS
28
XII. TERAPIA E APRENDIZAGEM COM CAVALOS
100% no solo (sem montaria).
Direcionada para solução.
Tarefas específicas, adaptadas para as necessidades dos clientes (grupo).
Estrutura sugerida: sensibilização (boas-vindas), introdução (atividade divertida
focada no tema), tarefa com cavalos (uma ou duas), fechamento.
A. OBSERVANDO
Mudanças.
Padrões.
Discrepâncias entre comunicação verbal e não verbal.
Eventos únicos.
Os nossos próprios sentimentos.
B. SEGURANÇA
A segurança durante sessões Omega-TAC ou Workshops é fator primordial, porém para
algumas pessoas que já estão no mundo dos cavalos, a maneira de abordar a questão de
segurança será totalmente nova.
O que irá aumentar quantitativamente e qualitativamente a segurança durante o trabalho
que reúne pessoas em solo e cavalos é, em primeiro lugar, o conhecimento dos
facilitadores sobre etologia e manejo de equinos.
Quanto mais souber sobre o comportamento dos cavalos, mais poderá prever situações
de risco.
Em segundo lugar, desenvolver a percepção sutil, mantendo-se centrado durante o
trabalho, totalmente presente, acompanhando passo a passo o que está acontecendo na
interação entre humanos e equinos.
Como abordar, na prática, questões de segurança?
Tendo em mente que esta é uma “abordagem experimental”, ou seja, os participantes
aprendem por meio das experiências que irão vivenciar, iniciar o processo dizendo o que
é seguro e o que é perigoso poderá diminuir em muito a naturalidade e a experiência
propriamente dita poderá ficar comprometida caso os participantes passem a focar mais
na sua segurança por sentirem medo após o facilitador elencar quais movimentos são
perigosos, quais posições criam vulnerabilidade.
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Quando vemos um cliente se colocar em risco não chamamos sua atenção com frases
como “cuidado, você pode se machucar” ou “saia de trás do cavalo”, pois isto pode
provocar tensão e reações que não desejamos. Por isso é tão importante estudar mais
profundamente o comportamento dos cavalos e ter mais horas de vivências, observando
ação e reação.
A intervenção mais assertiva é, ao prever o risco, aproximar-se da pessoa e com
tranquilidade retirá-lo do local. Podemos utilizar frases simples como “Vamos nos
posicionar um pouco mais à direita.” ou “Vamos caminhar para outra direção.” ou
“Vamos experimentar um novo ponto de vista.” Para que a pessoa saia do local de
vulnerabilidade sem se sentir amedrontada em continuar a tarefa.
Quando a tarefa terminar, podemos então perguntar se ela percebeu o seu
posicionamento, verificar se ela tinha consciência de que corria risco com determinados
movimentos ou se posicionando de maneira imprudente. Muitas vezes esse
comportamento é um reflexo de como a pessoa cuida efetivamente da sua vida. Podemos
aproveitar essa informação e perguntar a ela: “Como é isso na sua vida? Você costuma se
colocar em risco? Você não percebe o perigo?” Comumente o cliente reconhece e diz “é
assim mesmo, eu sempre me coloco em risco”. Isso nos dá chance de conduzir para
reflexões profundas.
C. PRATICAR E OBSERVAR
Reaprendendo sobre segurança.
Tentativa e erro: aprender fazendo.
Refletir sobre a interação entre clientes e cavalos.
Facilitadores presentes e focados.
Clientes ativos.
Questionamento.
Investigando.
Experimentando.
Resolvendo problemas.
Sendo criativo.
Construindo significado.
Identificando crenças e atitudes atuais.
Praticando novas estratégias para atingir os objetivos.
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D. O PAPEL DO CAVALO
Ler e reagir à comunicação não-verbal.
Enfrentar comportamentos e atitudes.
Atuar como metáfora de relacionamentos (representação de alguém).
Imediato, imparcial.
Sempre fornece feedback.
Espelhamento.
sem PRESENÇA: Pessoas dispersas, sem foco, distraídas... Cavalos dispersos, sem foco, distraídos...
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E. O FACILITADOR
Equipe de trabalho constituída por cavalos e pessoas física e emocionalmente saudáveis
são essenciais para oferecer um ótimo processo de terapia e aprendizagem.
Primeiro, cuidar bem de si próprio para então cuidar de outros.
Só podemos levar nossos clientes até onde já chegamos!
Ideal: trabalhar em dupla, uma pessoa focada nas pessoas e outra focada nos cavalos.
F. PAPEL DO FACILITADOR
Criando um espaço para clientes e cavalos interagirem.
Acompanhar o processo do cliente.
Estar sempre disponível.
Estar conectado às cinco dimensões.
Foco na comunicação não-verbal.
Observações objetivas, neutras
NÃO interpretações (subjetivas).
Consciência dos nossos próprios sentimentos e emoções.
Transferência e contratransferência.
G. RELACIONAMENTO
Relacionamento é especificamente
aquela qualidade de confiança
mútua e sensibilidade no
relacionamento conhecida como
rapport.
Qualquer coisa que você faz ou
qualquer coisa que você queira, ser
bem-sucedido irá envolver se
relacionar ou influenciar outras
pessoas.
Assim, o primeiro passo é estabelecer rapport com você mesmo e depois com os outros.
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H. META
Fixar a sua meta - saber o que você quer. A chave para o sucesso é
ser preciso.
Quanto mais preciso você for sabendo o que é que você quer e o
porquê, é mais provável que você consiga exatamente o que quer.
E o mais provável é que você saberá quando você atingiu a sua
meta.
É toda uma maneira de pensar - pergunte consistentemente a si
mesmo e aos outros envolvidos (clientes e/ou parceiros) o que
você e eles querem.
I. ACUIDADE SENSORIAL
Use os seus sentidos: vendo, olhando, ouvindo e sentindo o que está acontecendo, na
verdade, com você em primeiro lugar!
Expanda esta acuidade para todos os outros que fazem parte: pessoas, cavalos, recursos,
ambiente.
Somente então você irá saber se estão todos no caminho da meta estabelecida. Você
pode usar esse feedback para ajustar o que está sendo feito se for necessário.
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J. FLEXIBILIDADE
Flexibilidade comportamental é permitir-se ter muitas opções de ação.
Quanto mais escolhas estiverem disponíveis, mais chances de sucesso
existirão.
Se fizermos sempre a mesma coisa, vamos obter sempre o mesmo
resultado?
Resiliência, adaptabilidade e contingência devem estar em mente.
Observação:
As fotos deste capítulo são todas dos treinamentos Omega-TAC. Por meio dessas imagens
é possível perceber que trabalhamos todas as habilidades necessárias para desenvolver a
percepção da multimensionalidade.
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XIII. TRABALHO EM GRUPO
A. TEORIA DO ICEBERG
Na psicoterapia, no “ponto alto” paramos para que o cliente fique com suas percepções e
siga seus processos. Na aprendizagem aproveitamos o “ponto alto” para fazer perguntas
e conduzir para o objetivo.
B. DICAS
No trabalho em grupo com muitas pessoas, necessário manter distância para ter várias observações.
Buscar uma metáfora geral para todo grupo, as vezes 3 perguntas sobre cavalo são suficientes para uma sessão.
Filtrar as respostas dos participantes a partir da pergunta geral.
Anotar metáforas potenciais.
Usar as palavras do cliente criando um rapport.
Grupo – Sessão aprendizagem.
Decidem o que precisam trabalhar como grupo e eles mesmos montam a tarefa para eles realizarem.
É possível verificar o comportamento dos cavalos, enquanto as pessoas decidem o quê e de que forma irão trabalhar.
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XIV. TAREFAS PARA TERAPIA E APRENDIZAGEM EM GRUPO
Dupla – Liderança
Cercado no chão com cones e um caminho de aros que leva até o cercado.
Levar cavalos sem tocar até o cercado.
Pode-se observar o quanto a dupla está alinhada entre si e se as pessoas estão
disponíveis e confiam neles.
Dupla (continuidade do exercício 1)
Com as observações do exercício 1 é possível dar continuidade pedindo que a dupla agora
construa algo com suas regras e execute a tarefa que criaram.
Grupo – Observações e Mudanças
Observação dos cavalos ainda fora da pista.
Listar as percepções
Após dentro do cercado integrando a manada listar as percepções.
Atividade grupo
Unidos pelas fitas, pessoas e cavalos percorrem um caminho.
Observações:
conexão, objetivo, liderança etc.
Grupo – dividir em grupos 3
Grupo 1: levar cavalo branco para lado esquerdo pista. Permanecer lá;
Grupo 2: escolher um cavalo e dar uma volta na pista;
Grupo 3: Escovar o cavalo branco
Atividade Grupo – comunicação e empoderamento
Escolher um cavalo e passar pelo obstáculo, em equipe e em silêncio.
(deixar recursos como cabresto, corda, fita sem mencionar)
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Dupla – Comunicação e confiança
Pista montada com um percurso e obstáculo;
Uma pessoa vendada e não pode falar. Outra guia somente com a voz para que o
percurso seja realizado.
Grupo, casal, dupla ou individual – Perceber como as emoções influenciam os
resultados
Definir uma situação alegre, confortável, ou de vitória e levar o cavalo até o local
definido;
Em seguida dar a instrução de pensar em algo angustiante, que gere incerteza, ansiedade
e levar o cavalo a outro local;
Por último, pensar em algo que gere raiva, irá e levar o cavalo para outro local.
Grupo ou Individual – Identificando fragilidade
Escolher um cavalo e percorrer o caminho definido com um ovo sobre o cavalo. Deixar
objetos na volta da pista, sem mencioná-los.
Grupo ou individual – Construindo Pontes
Deixar disponível na pista várias matérias.
O grupo deve construir uma ponte com o que quiserem na pista.
Após escolher um cavalo para passar pela ponte sem falar, com ou sem cabresto.
O que a ponte representa na vida? O simboliza a entrada e saída? O que é o cavalo?
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XV. TERAPIA E APRENDIZAGEM COM CAVALOS
Aqueles que mantem um relacionamento próximo com cavalos reconhecem a sua
enorme capacidade de influência.
O desenvolvimento de relações, treino, instrução e cuidado pelo cavalo afetam
positivamente as pessoas envolvidas, por isso o uso de cavalos para fins terapêuticos tem
crescido e ganhado popularidade com o surgimento de novas abordagens, como a
equoterapia, o método Eagala e, recentemente com o Coaching Sistêmico com Cavalos e
com o método Omega-TAC.
O grande porte do cavalo cria uma oportunidade natural para ultrapassar o medo e
desenvolver a confiança, uma vez que oferece, muitas vezes, intimidação pelo seu porte.
Em algumas técnicas, concretizar uma tarefa que envolva o cavalo, significa superar tais
medos enquanto desenvolve a confiança e descobre habilidades que até então não eram
utilizadas. A aprendizagem pode ser reforçada utilizando-se do recurso “Metáforas”, que
permite redesenhar situações que, antes eram desafiadoras ou intimidantes, com uma
roupagem totalmente nova, com os recursos próprios do interagente, reais e testados
durante a tarefa com os cavalos, que possam levá-lo a uma solução ou, ao menos, a uma
nova perspectiva da sua questão.
Tal como o ser humano, o cavalo é um animal bastante social. Em grupo, os cavalos
desenvolvem papeis bastantes definidos entre si, com personalidades distintas, atitudes e
disposições.
Na interação com humanos, dentro de um trabalho de terapia e aprendizagem individual
ou em grupo, é possível identificar movimentos que não são característicos dos cavalos
quando em seu grupo social ou diferente da sua personalidade. Por exemplo, observa-se
dois animais que não convivem amigavelmente quando estão no bando, porém, ao
estarem juntos durante um trabalho assumem uma postura de afeto, chegando a fazer o
conhecido ato de se acarinharem e se limparem, grooming. Outro animal que
normalmente é agitado, brincalhão, fica totalmente impassível, às vezes ficando numa
mesma posição por horas, enquanto outro que não permite ser tocado por humanos, se
deixa abraçar pelo interagente.
Como são seres extremamente sensíveis e, certamente, pela perspectiva presa-predador,
os cavalos sentem o estado emocional e têm uma capacidade única de compreender,
através da linguagem corporal e das mudanças mais sutis do mundo interno do
interagente, quais são os limites. Eles atuam em consonância com o estado de espírito do
cliente. É por esta razão que o comportamento do cavalo se modifica de uma pessoa para
outra.
Sendo o cavalo um animal honesto, ele transmite mensagens bastante fortes e seus
feedbacks conduzem ao ponto alto da sessão.
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A. PREPARAR-SE
O resultado de uma sessão de terapia com cavalos não depende “dos cavalos”.
Depende de uma ação conjunto do terapeuta e do cliente.
Os cavalos são o caminho para uma boa solução.
No trabalho sistêmico, Hellinger afirma que “O resultado de uma Constelação depende
principalmente do constelador. Somente quando ele já integrou em sua própria vida as
leis da vida e as ordens do amor é que poderá efetivamente fazer uma Constelação.”
Trazendo esta orientação para a prática do método Omega-TAC, é recomendado que o
facilitador permaneça em processo contínuo de autoconhecimento. Os cavalos são muito
sensíveis ao campo humano, desta forma, se o facilitador tem muito conteúdo seu para
desenvolver, em alguns casos ficará a dúvida: isso que os cavalos estão acessando e
mostrando vem do campo do cliente ou do campo do facilitador?
O que diferencia um facilitador de outro, o quanto um facilitador é capaz de aprofundar
em um trabalho com seu cliente, está ligado diretamente ao nível de consciência,
novamente estamos falando no quanto este facilitador já se trabalhou e liberou seus
traumas, crenças e limitações.
“Confia no guia que segue em sintonia e que ajuda a você mesmo estar
em sintonia.
Segue em sintonia até mesmo quando esta mesma sintonia te diz que
deixes de seguir o guia.
Um mestre nunca foi um discípulo e um discípulo nunca se tornará um
mestre. Sabe por quê? O mestre olha, por isso não necessita estudar. O
discípulo aprende, por isso não olha.”
BERT HELLINGER
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B. Filosofia de vida
Não é possível ser um terapeuta sistêmico se não adotou ainda a postura sistêmico-
fenomenológica como filosofia de vida.
Todos os dias, em todas as relações, o terapeuta precisa colocar em prática o deixar ir e o
tomar.
C. Participam de uma sessão
Terapeuta – pode ser um terapeuta apenas ou uma dupla de terapeutas. O
trabalho em parceria enriquece a sessão.
Cliente – pode ser uma pessoa, um casal ou uma família. Sócios de uma empresa
ou parceiros em um projeto, desde que o tema seja o mesmo para todos.
Cavalos – 2 a 4 para uma sessão individual.
D. Preparação
Chegar no local da sessão com antecedência.
Entrar em contato com os cavalos que irão trabalhar.
Buscar uma conexão com o ambiente e com os animais.
Verificar se há alguém responsável pelos cavalos que permaneça próximo durante
a sessão.
E. Conexão e permissão
Buscar um momento consigo mesmo para encontrar o seu centro e a partir deste lugar,
pedir permissão e orientação.
F. Cheque interno
No trabalho com cavalos estamos em contato com informações dos campos
morfogenéticos do cliente, porém não temos como confirmar através de sensações de
representantes, como acontece em uma Constelação Familiar.
Uma maneira de verificarmos se a informação é verdadeira e se nos mostra um caminho
a seguir é através do cheque interno (vamos praticar no módulo presencial).
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G. O diálogo com o inconsciente
São sensações imperceptíveis àqueles que ainda não tomaram consciência da existência
delas.
Quando nosso inconsciente quer nos dizer sim, na altura do diafragma e dos pulmões,
algo se expande, se alegra.
E quando nos quer dizer não, algo se fecha e nos oprime ligeiramente.
Nosso inconsciente sempre está nos acompanhando e falando e ele o faz
fundamentalmente através do nosso corpo.
H. O corpo como mediador
Sempre que nosso guia interno ou nosso inconsciente quer fazer-se presente, ou nos quer
avisar de algo, fará através de uma sensação corporal que nos chame e atenção.
Se nos quer encorajar, aprovando o que estamos pensando ou fazendo, nosso corpo se
expande, tomamos uma inspiração profunda e nos sentimos fortes, grandes e ágeis.
Se a mensagem é de que devemos mudar nossa direção, a sensação irá de um pouco
desagradável a nitidamente desagradável, segundo a importância do que que nos dizer.
Assim temos que parar o que estamos fazendo e rever o rumo.
I. Prática
Descobrindo o diálogo com o guia interno ou inconsciente.
Testando SIM e NÃO.
Praticando com outros seres
Caminhar e orientar-se quanto ao ambiente externo.
Conectar-se e sentir seu próprio corpo, sua respiração, seu centro cardíaco.
Observar padrões e pensamentos e informações que possam surgir. Se você
puder, pratique fazendo isso com:
✓ Uma árvore.
✓ Um cavalo (ou seu pet).
✓ Uma pessoa.
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J. Estrutura de uma sessão
Antes do cliente chegar, conectar-se com o lugar (natureza), com os cavalos,
reconhecer todos que fazem parte deste lugar, do proprietário ao tratador.
Recepção do cliente.
Ambientação do cliente no espaço e com os animais (principalmente quando
percebemos que o cliente não está acostumado com cavalos ou sente medo).
Pergunta principal: “Qual o seu tema?” ... Outras perguntas para explorar o tema.
Sempre observando os cavalos!
Pedir que o cliente faça alguma tarefa com os cavalos. Tomar nota de
acontecimentos relevantes, de interferências de outros animais ou pessoas, de
percepções.
Se necessário, pontuar suas percepções para o cliente e se afastar para que ele
tenha tempo de sentir o efeito desta informação.
Perguntar como ele se sente, quais suas sensações, como foi a experiência para
ele. Pontuar as descobertas que direcionam para uma solução.
Finalizar com um fechamento. Pode ser uma tarefa de casa ou que o cliente faça
um acordo consigo mesmo de algo que ele vai fazer e em um prazo determinado.
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XVI. REFERÊNCIAS
Rupert Sheldrake – Uma Nova Ciência da Vida - Editora Cultrix
Rupert Sheldrake – Ciência sem Dogmas – Editora Cultrix
Bert Hellinger – A Cura – Editora Atman
Bert Hellinger – Conflito e Paz, Uma Resposta – Editora Cultrix
Brigitte Champetier de Ribes – Empezar a Constelar – Gaia Ediciones
Osny Ramos – A Física Quântica em Nossa Vida - Editora Odorizzi
Ruud Knaapen – Coaching com cavalos – Arte Editora
[vários autores/colaboradores] – Larousse dos Cavalos – Tradução por Adriana de Oliveira
GEMEC – Grupo de Estudos em Medicina Equina da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) –
Sede Dois Irmãos. A visão dos equinos: como eles veem o mundo. Disponível em:
<https://www.comprerural.com/visao-dos-equinos-como-eles-veem-o-mundo/>. Acesso em: 15/abr/2019.
MARINS, ALUÍSIO. Etologia e comportamento natural dos cavalos. In: Apostila de Casqueamento e
Ferrageamento. Sorocaba: Universidade do Cavalo.
KOGIMA, Paula de Andrade. O sentido da audição do cavalo. Outubro de 2014. Disponível em:
<https://www.etologiaclinicaequina.com/a-audicao>. Acesso em: 10/abr/2019.
KOGIMA, Paula de Andrade. O olfato do cavalo. 08 de junho de 2016. Disponível em: <
https://www.etologiaclinicaequina.com/o-olfato>. Acesso em: 11/abr/2019.
KOGIMA, Paula de Andrade. O paladar do cavalo. 26 de junho de 2016. Disponível em: <
https://www.etologiaclinicaequina.com/o-olfato>. Acesso em: 13/abr/2019.