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Page 1: Matéria café conilon a tribuna

Ci d a d e s

12 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 26 DE JUNHO DE 2015

PESQUISA NO ESTADO

Proteína do café contra infecçõesPesquisador da Ufesdescobriu substânciada semente do café quepoderá ser usada emmedicamentos quecombatem bactérias

THIAGO COUTINHO/AT

UMBERTO ZOTTICH PEREIRA mostra sementes do café robusta tropical, produzido com melhoramento genético pelo Incaper e objeto da pesquisa na Ufes

Nathália Barreto

Um grupo de proteínas do ca-fé com propriedades quepodem ajudar a combater

as infecções hospitalares foi des-coberto pelo biólogo, doutor emBiociências e Biotecnologia e pes-quisador da Universidade Federaldo Espírito Santo (Ufes), UmbertoZottich Pereira.

Além do potencial para o com-bate das infecções, ele já descobriuque as proteínas ainda podem aju-dar a combater fungos, acelerar aprodução de etanol e ser usada naação de medicamentos contra fun-gos e defensivos agrícolas.

“As proteínas podem ser usadasem medicamentos para inibir aação de bactérias e fungos e paralevar os remédios que precisamatuar no núcleo das células, em de-fensivos agrícolas e também paraacelerar a produção do etanol, jáque mostrou que aumenta a pro-dução da levedura e, por conse-quência, do álcool”, explicou.

Segundo Pereira, a pesquisa ain-da está em fase inicial, e por issoainda precisa passar por outras fa-ses antes de ser aplicada.

“O que descobrimos foi que asproteínas desse café têm ação deinibir ou estimular certos organis-mos, como bactérias e fungos quecausam doenças em humanos eplantas”, afirmou.

O objeto da pesquisa é o café ro-busta tropical, produzido em 2000pelo Instituto Capixaba de Pesqui-sa, Assistência Técnica e ExtensãoRural (Incaper), que fez um me-lhoramento genético e doou se-mentes para o estudo.

Pereira começou a pesquisar aspropriedades desse café na Uni-versidade Estadual do Norte Flu-minense (Uenf ), no Rio de Janei-ro, e a trouxe para o Estado por fi-nanciamento da Fundação de Am-paro à Pesquisa do Espírito Santo(Fapes) na Universidade de VilaVelha (UVV). Hoje, ele continua otrabalho na Ufes.

As ideias de aplicação para apesquisa são muitas, mas o cientis-ta conta que ainda precisa de in-centivo e financiamento.

“Já conseguimos encontrar asproteínas entre milhares, que é aparte mais difícil do trabalho. Ago-ra, estamos tentando encontrarparceiros que possam investir napesquisa para que ela possa cami-nhar mais rápido”, disse Pereira.

“Descobrimos queas proteínas desse

café têm ação de inibirou estimular certosorganismos ”Umberto Zottich Pereira, pesquisador

SAIBA MAIS

Estudo premiado no exteriorPe s q u i s a> PESQUISANDO SEMENTES do café

robusta tropical, produzida pelo In-caper em 2000, o cientista UmbertoZottich Pereira descobriu proteínasque podem combater as bactériasque causam infecções hospitalares.

> ALÉM DISSO, as proteínas tambémmostraram potencial para seremusadas em defensivos agrícolas e pa-ra acelerar a produção do etanol.

> ISSO PORQUE elas mostraram pro-priedades que pode inibir ou acelerarcertos organismos.

> NO CASO DO ETANOL, as proteínas es-timulam o crescimento das leveduras,processo onde é produzido o álcool.

Medicamentos> JÁ AS PROPRIEDADES bactericidas e

fungicidas podem ser aplicadas emmedicamentos e defensivos agríco-las no combate de micro-organismosque causam doenças no homem enas plantas.

> OUTRA FUNÇÃO descoberta foi a deque essas proteínas, quando entramem um organismo, interagem com onúcleo das células.

> COM ISSO, ela também poderá seraplicada em medicamentos que pre-cisam agir especificamente nessesnúcleos, servindo como transportepara os remédios.

Publicação> APESAR de ainda estar em fase ini-

cial, a pesquisa já foi publicada emrevistas científicas internacionais,como a Protein Journal e a Biomem-branes (BBA), onde ganhou umapremiação como um dos artigosmais lidos da publicação.

> SEGUNDO o pesquisador, a fase maisdifícil do estudo já foi feita, que foiconseguir encontrar proteínas comesses tipos de propriedades entremilhares.

Fonte: Umberto Zottich Pereira.

S EC O M

PÉ DE CAFÉ:p ro t e í n a sm o s t ra ra mpotencial paraserem usadasem defensivosagrícolas epara acelerara produçãodo etanol

Infecção hospitalar mata100 mil por ano no País

A mortalidade por infecção hos-pitalar no Brasil, de acordo com da-dos de 2012 da Organização Mun-dial de Saúde (OMS), chega a 100mil por ano, 14% dos pacientes in-ternados nos hospitais brasileiros.

Segundo o infectologista e pro-fessor da Universidade Federal doEspírito Santo (Ufes) Crispim Ce-rutti Junior, o nível aceitável de in-fecção hospitalar é de 5%.

“É impossível zerar o índice deinfecção, porque as bactérias estãoem todo lugar. Os riscos maioressão em pessoas que passam porprocedimentos invasivos, que setornam portas de entrada para os

micro - organismos”, explicou.Segundo o infectologista Paulo

Mendes Peçanha, o risco tambémé influenciado pelas condições desaúde e imunológicas do paciente.“Pacientes com diabetes, câncer eAids, por exemplo, têm mais chan-ces de desenvolver uma infecção.”

A Secretaria de Saúde do Estadoinformou, em nota, que “cada hos-pital possui uma Comissão deControle de Infecção Hospitalar(CCIH), cuja função é realizar ins-peções rotineiramente no ambien-te hospitalar e adotar medidas pa-ra garantir a segurança de pacien-tes e profissionais”.

O QUE ELES DIZEM

“Toda instituiçãotem uma comissão

de controle de infecçãoque segue as normas”Crispim Cerutti Junior, infectologista eprofessor da Ufes

“Novas armas epossibilidades

para controlar ecombater infecção sãosempre bem-vindas”Paulo Mendes Peçanha, infectologista

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