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TRANSFORMAÇÃO URBANA DE CIDADES DE ANGOLA.
PROPOSTA PARA MELHORAMENTO DE BAIRROS PERIFÉRICOS DEGRADADOS.
(CASO DE ESTUDO, CIDADE DO HUAMBO, BAIRRO SÃO PEDRO)
MASTER EN DESAROLLO URBANO Y TERRITORIAL – GESTION Y TRANSFORMACION DE
CIUDADES DE PAISES EN DESAROLLO – EDIÇÃO 2014.
AUTOR: FLÁVIO ARMANDO ANTÓNIO
TUTOR: Dr. Josep Antequera.
CO-TUTOR: Arqtº. Josep Maria Llop Tournée.
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ÍNDICE
1- INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 7
1.1- Objectivo Geral e Especifico .............................................................................................................. 7
1.2 - METODOLOGIAS ............................................................................................................................... 10
1.3– METODOLOGIA PLANO BASE ...................................................................................................... 10
1.4 - METODOLOGIA PLANO BAIRRO ................................................................................................. 11
2 - DIAGNÓSTICO .......................................................................................................... 13
2.1- Problemática e os Impactos ........................................................................................................... 13
2.2- A participação cidadã como parte integrada dos planos intervenção no bairro ...... 19
2.3- Divisão Politica Administrativa .................................................................................................... 19
2.3.1- Estrutura Orgânica do Município ............................................................................................. 20
2.3.2- Organizações Politicas, Sindicatos, e Outras Organizações da Sociedade Civil ...... 20
3- Enquadramento legal ................................................................................................ 22
3.1- A Nível Nacional ................................................................................................................................. 24
3.1.1- Enquadramento no território .................................................................................................... 26
3.1.2- Proposta - Enquadramento Metropolitano .......................................................................... 27
3.2- A Nível Provincial .............................................................................................................................. 28
3.3- A Nível Municipal ............................................................................................................................... 28
3.4- A Nível de Bairro ................................................................................................................................ 29
3.5- Processos Participativos ................................................................................................................. 35
3.6- Planeamento participativo ............................................................................................................. 37
4- PLANO DE ACÇÃO ..................................................................................................... 51
4.1- A política de mobilidade urbana .................................................................................................. 56
4.2- A produção social do habitat em Angola, via de resolução do problema da vivenda.
............................................................................................................................................................................ 64
4.3- Situação Social ..................................................................................................................................... 66
4.3.1- Sistema Nacional de Saúde ......................................................................................................... 69
4.4- Governança........................................................................................................................................... 70
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4.4.1- Situação energética em Angola, e sector industrial .......................................................... 72
4.4.2- Exploração Florestal e Ambiente ............................................................................................. 74
4.5- Evolução da estrutura urbana da Cidade do Huambo ......................................................... 78
4.6- Tipologias de Espaços Urbanos (Cidade do Huambo) ......................................................... 88
4.7- Densidades de Ocupação (Cidade do Huambo) ..................................................................... 97
4.7.1- Valor declarado da habitação .................................................................................................... 98
4.7.2- A problemática da ocupação (ilegal) de terrenos em Angola ....................................... 99
4.7.3- Caracterização geral da ocupação ilegal de terrenos. ...................................................... 99
5-CONCLUSÕES .......................................................................................................... 100
6-BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 103
7- ANEXO ................................................................................................................... 104
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1- Tecido da zona periférica proposta para intervenção (interior do bairro) ............. 7
Figura 2- Tecido urbano, com distribuição de serviços. ...................................................................... 8
Figura 3- Representação gráfica da situação do Bairro proposto para intervenção............. 12
Figura 4- Rede metropolitana em fibra óptica da cidade do Huambo ........................................ 22
Figura 5- Contexto periférico ...................................................................................................................... 25
Figura 6- Contexto urbano. .......................................................................................................................... 25
Figura 7- Mancha da zona de intervenção, Plano Director - Luanda ........................................... 26
Figura 8- Caracterização do estado das infra-estruturas................................................................. 27
Figura 9- Análise do plano viário .............................................................................................................. 27
Figura 10- - Tecido periférico – Huambo ............................................................................................... 30
Figura 11- Estrutura densa - São Pedro .................................................................................................. 30
Figura 12- Franja do sector, proposta para melhoramento ao nível de acessibilidade
pedonal, incluíndo as demais infra-estruturas no interior do bairro, que é um dado
condicionante da vida social do local em estudo. ............................................................................... 32
Figura 13- Característica do tecido urbano predominante no interior dos bairros, incluem
habitações, ruas, forma e dimensões dos lotes, o que normalmente dificulta a colocação
dos serviços básicos gerando outros problemas urbanos e ambientais .................................... 33
Figura 14- ........................................................................................................................................................... 33
Figura 15- Captação rudimentar de água/ Central de tratamento e distribuição de água. 34
Figura 16- Debate com a comunidade/ Debate técnico ................................................................... 36
Figura 17- Auscutação a comunidada ..................................................................................................... 38
Figura 18- Mapa da situação do município e sectores que o compõem. .................................... 51
Figura 19- Aterro sanitária/ Ecocentro .................................................................................................. 53
Figura 20- Plataforma de triagem/ Plataforma de compostagem. ............................................... 53
Figura 21- Sistema para abastecimento de água zona rural ........................................................... 55
Figura 22- Eixos de conexão rodoviária interprovincial - Bié/ Huambo. .................................. 57
Figura 23- Contrastes rodáviário / Contrastes viário ...................................................................... 58
Figura 24- Circuito de conexão modal .................................................................................................... 60
Figura 25- Proposta de terminal. .............................................................................................................. 60
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Figura 26- Faixa de uso prioritário de Bus/ Eixos de circulação rápida. ................................... 62
Figura 27- Produção de materiais para habitação/ Construção sobre linhas de água. ....... 64
Figura 28- Esquema geral da estrutura urbana do município do Huambo. ............................. 78
Figura 29- Planta da cidade do Huambo: Anteprojecto do Engº Carlos Roma Machado
(1911). ................................................................................................................................................................. 79
Figura 30- Plano geral de urbanização de Nova Lisboa - Ministério das Colonias/ Gabinete
de Urbanização Colonial; Arq. João António de Aguiar (1947). .................................................... 82
Figura 31- Planta da cidade de Nova Lisboa - Roteiro da Cidade de Nova Lisboa, Serviços
Coloniais do Município (c. 1957). .............................................................................................................. 83
Figura 32- Planta da Situação Existente, 1972 (Equipamentos de Administração, Justiça e
Segurança); Análise e diagnóstico do Plano Director de Urbanização de Nova Lisboa (2.ª
versão, 1972); Profabril. ............................................................................................................................... 86
Figura 33- Carta Militar, Fonte: Instituto de Geodesia e Cartografia de Angola/Ministério
da Defesa (1983).............................................................................................................................................. 87
Figura 34- Ortofotomapa, Fonte: Google Earth (2011) .................................................................... 87
Figura 35-Praça de Lisboa ........................................................................................................................... 91
Figura 36-Praça 11 de Novembro ............................................................................................................. 91
Figura 37-Praça do Mercado ....................................................................................................................... 92
Figura 38-Jardim da Cultura (antiga Praça Salazar) .......................................................................... 92
Figura 39- Avenida 5 de Outubro .............................................................................................................. 93
Figura 40-Avenida 5 de Outubro ............................................................................................................... 93
Figura 41- Avenida Salvador Correia ....................................................................................................... 94
Figura 42-Avenida Ferreira Viana ............................................................................................................ 94
Figura 43-Rua Vicente Ferreira. ................................................................................................................ 95
Figura 44-Rua Dr.Lacerda ............................................................................................................................ 95
Figura 45-Rua Dr. Ferreira .......................................................................................................................... 96
Figura 46-Rua Heróis da Ocupação do Huambo ................................................................................. 96
Figura 47-Parque da Estufa / Av. Paiva Couceiro ............................................................................... 97
Figura 48-Parque da Estufa / Av. Paiva Couceiro ............................................................................... 97
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1- INTRODUÇÃ O
1.1- OBJECTIVO GERAL E ESPECIFICO
O objectivo geral deste trabalho é essencialmente o de traçar linhas gerais que possam
servir de ferramentas que se propõem como sendo apropriadas para intervir e solucionar
a problemática, partindo do princípio de que a problemática é conhecida.
Em seguida tentar buscar formas de chegar aos resultados, de acordo com a constatação
da realidade local em que se pretende trabalhar, obedecendo uma ordem lógica ou seja
pensar na implementação por níveis regionais, Província, Município, Bairro., enfocando
sempre sobre as zonas Urbana, suburbana, rural e periférica. Nesta caso o que terá mais
realce seria o bairro escolhido (São pedro) por meio da análise de caso.
Muito rapidamente se indicam abaixo duas imagens (figura 1 e Figura 2) sobre as quais se
podem fazer pequenas comparações, sobre o estado urbano do local:
Figura 1- Tecido da zona periférica proposta para intervenção (interior do bairro)
Figura 1: Visão comparativa em que nos apresenta um cenário mais complexo sobre o
local em análise e numa situação que sugere uma intervenção.
Figura 2: Nos apresenta um cenário em que se notam serviços distribuídos em volta do
local em análise e que sugere, concretização dos objectivos definidos para este projecto.
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Significa dizer que na prática pretende-se mudar, transformar o cenário complexo e
aproxima-lo de um cenário mais funcional, sustentável e melhorado.
Figura 2- Tecido urbano, com distribuição de serviços.
Figura 2: porque neste caso a preocupação é normalmente a busca de formas de
manutenção e gestão do grau de edificabilidade de toda a sua infra-estrutura existente. No
caso indicado na figura 1 requererá um nível de intervenção mais alargado e abrangente,
as preocupações com o ambiente, com a estética arquitectónica e morfologias serão
permanentes devido ao processo de transformação que o local sugere, e também porque
se pretende garantir melhor qualidade de vida às pessoas e tornar o espaço habitável
num lugar mais agradável e com o conforme necessário ao homem. Ao partir para acção
ou campo pratico, há que se ter sempre em conta os aspectos culturais e tradicionais do
lugar, os hábitos e costumes, bem como a realidade do local como primeiro passo para
implementação das metodologias e perceber que durante o processo identificação e
estudos da problemática a participação da população é fundamental devido a fase de
recolha de opiniões e de dados para formar as propostas de solução.
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E também manter a cooperação com todas as forças vivas a todos os níveis, que tenham
interesse e exerçam influência na realização do objectivo do projecto.
Objectivos específicos
Sobre este ponto a ideia central é desenhar, os passos que nos levam aos resultados de
acordo a uma serie de análises detalhadas cujos itens sejam muito directos e podem ser
descritos ou representados em tabelas, diagramas ou ainda em pontos analíticos da
cidade sobre:
1-A população e suas características.
2-Autoridades Locais.
3-Aspectos ambientais.
4-Ambito Territorial.
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1.2 - METODOLOGIAS
As metodologias (ferramentas) que se quer levar a cabo ou usar, para exercitar as
soluções da problemática buscando sempre atingir resultados positivos por meio
intervenção escalonada atendendo a dimensão da problemática seriam:
Plano Base.
Plano Bairro.
Em primeiro lugar, importa explicar o conceito de PLANO BASE e PLANO BAIRRO.
Ambos são ferramentas técnicas simples e rápidas para solucionar problemas pontuais na
vertente do Ordenamento do Território, não é propriamente a solução mecanizada para
este tipo de problemas ou para os demais que se enfocam na questão do ordenamento
territorial. Existem outras mais complexas sob vários pontos de vista, mas as duas
metodologias em questão são aquelas que se podem considerar adequadas para
intervenção inicial.
Mais abaixa se apresentam com mas detalhes as formas de uso das referidas metodologias
na problemática em estudo.
1.3– METODOLOGIA PLANO BASE
No Plano Base Começar-se-á por analisar genericamente o processo histórico do país, da
cidade e incluindo todas as transformações que aconteceram ao longo do tempo e que
provocou a situação vigente, procurar de modo paralelo efectuar uma outra análise
comparativa as outras realidades locais e mundiais ou seja fazendo previamente um
trabalho de enquadramento nacional, demonstrado em planos desenhados além dos
conteúdos escritos. O caso concreto em que se pretende actuar é referente a uma
realidade de elevada complexidade, assim deve-se dizer que o bairro em questão tem
característica essencialmente residencial, mas que com o tempo e com a força de
circunstâncias esta característica foi mudando, ou seja se transformou, deixando de ser
somente bairro residencial para também ser zona de serviços de distribuição e vendas
atendendo a dois factores que são.
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- Primeiro o surgimento ou a existência de um mercado informal (Mercado informal da
Quissala ou Mercado informal da Alemanha), que gerou outros serviços de distribuição e
venda nas proximidades do referido mercado em formato de estabelecimento de vendas a
retalho, seguido de um outro factor de mudança da característica do bairro que é a
existência de um eixo viário de grande importância para a província, que liga a Huambo a
Província de Benguela que independente de outros aspectos este eixo viário que alias já
existe desde a era colonial, ultimamente e dada a sua importância estimulou o surgimento
ao longo da via de novas construções de edifícios também de vendas que contribuem para
descaracterização do local.
- Segundo, os impactes negativos já mencionados nesta introspecção pensa-se que explica
os factores que nos levam a compreender a situação presente e encontrar mecanismos de
mudança para garantir futuro melhor e sustentável para bairros e cidades. Nestes
elementos descritos como forma de análise e percepção da realidade em que se actua,
existem outros elementos de natureza ambiental e infra-estrutural, quer dizer que há
também a necessidade de se melhorar e recuperar vias, edifícios, espaços públicos, rede
hidráulica e serviços e fazer coexistir com os serviços de venda que ultimamente vêm
existindo, ao atingir este objectivo passaríamos a então a outra fase do processo
metodológico.
1.4 - METODOLOGIA PLANO BAIRRO
Esse exercício metodológico ou ferramenta de aplicação pratica, será o instrumento
último na implementação das soluções sobre a problemática já analisada. Por ser um
elemento mais simples do ponto vista de aplicação em comparação ao plano base.
Ele deverá servir de exemplo funcional para resolução de iguais problemas noutros
bairros que tenham o mesmo grau de degradação e procurar transformar o local
devolvendo-lhe a identidade de sempre sem portanto desarticular as estruturas já
concebidas desde o seu surgimento. E como parte da conclusão quanto a aplicação das
duas ferramentas metodológicas (plano Base Plano Bairro) aproveitaria fazer uma
espécie de crítica aos métodos institucionais de intervenção social que se pensa serem os
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mais correctos mas nem sempre são funcionais. Sabendo desta situação em que nem
sempre se conseguem resultados bons por esta via de solução aproveita-se relatar e
mencionar uma via supostamente mais funcional, que seria.
Na imagem abaixo se apresenta um resumo gráfico, daquilo que na prática deve ser feito
atendendo o objectivo que se tem para com o bairro periférico degradado em estudo, e
deixa-se também como exemplo de como se pode intervir em outros lugares bairros a
partir desta metodologia.
Figura 3- Representação gráfica da situação do Bairro proposto para intervenção.
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2 - DIÃGNO STICO
2.1- PROBLEMÁTICA E OS IMPACTOS
Sobre a problemática e seus impactos propõem-se que se tome em atenção a diversidade
de dados que estão ligados ao caso em estudo:
Começando pela análise do crescimento desordenado da cidade, e na parte da análise do
fenómeno ou da problemática convirá começar pela situação geral no país, depois a nível
da província e por fim do bairro que constitui uma franja delicada da cidade ou do centro
urbano. Sem deixar de mencionar os males que o mesmo acarreta, e diagnosticar a
produção social do habita em Angola, estudar as estratégias de resolução deste fenómeno
urbano e enfocar com profundidade os aspectos que passam pela não conservação de
espaços verdes, rios, lagos e outros elementos de grande importância urbana e ambiental,
referir as políticas de educação cívica com vista a criar melhorias na produção,
transformação e redução de resíduos sólidos e líquidos por níveis segundo a estrutura de
diversos sectores. O processo político (guerra civil) que o país viveu desde 1975 até 2002,
influenciou negativamente nos vários extractos da vida social e urbana de Angola e
particularmente da cidade do Huambo por ter sido uma das mais atingidas pelo processo
de destruição durante a guerra civil e que resultou em grande parte na situação que
vivemos hoje, e por outro lado outros elementos não menos importantes que se seguiram,
após essa fase como seja o auto emprego. Desde o momento que o país conheceu o
advento da paz definitiva através da assinatura dos acordos aos 4 Abril de 2002, iniciou o
processo de reconstrução nacional que perdura até aos dias de hoje, processo esse que
visa a recuperação da maior parte das infra-estruturas essências destruídas durante a
guerra, (estradas, pontes industrias e edifícios) dizer que este processo de reconstrução
estimulou outras tendências construtivas, arquitectónicas e urbanísticas não previstas.
O crescimento demográfico como resultado da paz alcançada gerou o regresso das
populações as suas zonas de origem e a consequente ocupação de solos de modo
intensamente informal, acelerou a movimentação de pessoas e bens alterando os padrões
urbanos anteriormente definidos e o rápido crescimento urbano e desordenado da
cidade. Porém, todos estes fenómenos têm contribuído nas alterações que o Bairro em
análise vem conhecendo.
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Ainda na vertente do diagnóstico importa realçar a questão da legislação Angolana de
Terra e do Ambiente e não só que serve de peça reguladora da aplicação dos planos que
visam o melhoramento e o ordenamento do território propriamente dito, descrevendo as
competências e as atribuições de cada organismo publico ligado a Administração Local e
do território. Assim temos algumas destas legislações, seus objectivos, competências e
âmbitos de aplicação. Huambo, população e suas características: A província do Huambo
tem um total 1.335,000 milhões de habitantes, a Superfície Urbana ocupa uma área de
21.342 Hectares, e a superfície Rural 30,891Hectares. A maioria da população dedica-se a
culturas de exploração de sobrevivência mas tem a agricultura como actividade principal.
A agricultura e a pecuária desempenham um papel crucial na actividade económica da
província do Huambo, que na época colonial chegou a ser o segundo parque industrial do
país, com predominância para a indústria agro-alimentar. A fonte principal de recursos da
província é a agricultura, a qual produz principalmente milho, feijão, batata rena, batata-
doce, hortícolas, café arábico, frutos (bananas, cítricos, ananases e maracujás), trigo, soja,
eucaliptos e pinheiros. A pecuária é caracterizada pela cultura de bovinos e caprinos
(sobretudo para venda de carne). Com uma população estimada de 2.454.716 habitantes
a província do Huambo tem cerca de 75% da sua população dependente da agricultura
como actividade económica principal. A província do Huambo, cuja capital\sede é o
município com o mesmo nome Huambo, está localizada na parte centro do país (Angola) e
da província, ela tem 11 municípios, e cobre uma superfície de 34.270Km2. O clima é
tropical de altitude com uma estação seca, fria e uma estação chuvosa, onde o calor quase
não se faz sentir, com precipitações frequentes. As temperaturas médias anuais nunca
chegam a ser inferiores a 19ºc. O grupo étnico maioritário é o OVIMBUNDO, a língua
nacional (DIALETO) falado é o umbundo. A cidade foi fundada aos 8 de Agosto de 1912, a
partir 1926 passou a chamar-se Nova Lisboa, com a independência do País em 1975
voltou ao seu antigo nome (Huambo). Autoridades Locais: A estrutura e funcionamento
da Administração local do Estado na Província do Huambo obedece a uma estrutura que
abaixo se indica por tabela que nos ajuda a perceber como se poderá trabalhar com elas
nos casos de consultas e avaliação para solucionar a problemática em análise. Realça-se
porém que, para além da Divisão Administrativa supra referenciada existe também a
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divisão Administrativa de Bairros ou Povoações, que dada a sua importância no sistema
de gestão comunitária prática. Estas estruturas ainda continuam face à sua necessidade
real. O Governo da província e as autoridades municipais articulam-se com instituições do
poder tradicional pertencentes aos antigos reinos do Bailundo, do Huambo, do Chingolo,
da Chiaca e do Sambo. Constata-se a existência de uma rede de autoridades tradicionais
com um certo nível de hierarquização a nível municipal. A sua importância e capacidade
de ligação com as comunidades rurais estão relacionadas com a sua capacidade de
articulação institucional com as autoridades modernas, bem como como a sua
legitimidade junto das populações. As autoridades tradicionais também existem na cidade
de Huambo, como é o caso do Soba Kavinganje, residente no bairro Benfica há bastantes
anos. O relatório da situação sociopolítica, económica e social do município do Huambo,
publicado em Janeiro de 2009, apresenta uma estrutura orgânica do poder tradicional que
também surge fixada no Programa Municipal Integrado para o Desenvolvimento Rural e
Combate à Pobreza de 2010. Porém nos mapas dá-se alguns dados que podem servir de
auxílio na implementação de metodologia de intervenção Urbano-Periférica. Sobre os
aspectos ambientais, deve-se realçar as potencialidades ambientais da cidade
concretamente sobre os recursos minerais, tratar da sua conservação para a manutenção
do equilíbrio climático. Porque entende-se que o fenómeno do crescimento desordenado
provoca mudanças no ecossistema e que se não se tomar consciência sobre a sua
conservação e protecção acaba por prejudicar o próprio homem. Assim pode-se
mencionar alguns recursos abundantes nos solos que favorecem de protecção e cuidado
no seu uso e exploração, como sendo uma das medidas e preocupação ambiental. Segundo
o governo de Angola, estão identificados os seguintes recursos minerais: Manganês - Nos
Municípios do Longonjo, Bailundo e Caála; Bário, Ferro e Fosfatos - nos Municípios do
Bailundo e Caála; Volfrâmio - No Município do Huambo; Caulino – nos Municípios do
Huambo, Ucuma e Londuimbali; Grafite - No Município da Caála; Ouro e Cobre - Nos
Municípios da Caála e e Ucuma respectivamente. Estudos ainda em curso revelam
existência de diamantes e minerais radioactivos nem algumas regiões da Província.
Segundo a lei angolana, o Estado tem acesso e controlo sobre todos os recursos
encontrados no subsolo. Recursos hidrográficos a Província do Huambo, é conhecida
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como uma das maiores bacias hidrográficas do País. Os rios: Queve (Huambo), Cunene
(Boas Águas/Huambo), Cubango (Vila Nova/Huambo) e Cuando (Alto Cuíto), são os
principais rios com maior caudal que podem ser utilizados para a rega e instalação de
centrais hídricas para o fornecimento de energia eléctrica.
No entanto, em muitas das Comunas o acesso
a água própria para consumo ainda é um
problema. Recursos florestais neste particular,
destacam-se sobretudo as plantas exóticas,
como os eucaliptos e pinheiros, e plantas
aromáticas. De acordo com o Programa
Integrado Municipal de Desenvolvimento
Rural e Combate À Pobreza, elaborado em
2010, o Município do Huambo com uma
superfície de 2.609 km², está localizado no
centro da Província que tem o mesmo nome,
sendo o Município mais populoso da
Província, a sua população dedica-se maioritariamente à actividade comercial, agro-
pecuária e à pequena indústria. Enquadramento Geográfico município do Huambo, situa-
se na região centro-o este do planalto central de Angola, é limitado a Norte pelo muno
icípio do Bailundo, a Este pelo município de Chicala-Cholohanga, a Sul pelo município do
Chipindo e a Oeste pelos municípios de Caála e Ecunha. É constituído pelas comunas da
Chipipa, Huambo e Calima. (PMIDRCP 2010). Sobre os aspectos biofísicos do município do
Huambo situa-se numa zona de prevalência de um clima tropical de altitude, com duas
estações: o período chuvoso (de Setembro a Maio) e o “cacimbo” (período do frio, seco,
que se estende entre Maio e Setembro). Os valores médios de precipitação rondam os
1400 mm, sendo geralmente Dezembro o mês mais pluvioso, e a temperatura média anual
oscila entre os 19˚ e os 20˚ C. Ãs formações de rocha eruptivas caracterizam os solos do
município, com predominância dos solos ferra líticos. São solos espessos, com baixo
conteúdo em nutrientes minerais e baixo teor de matéria orgânica e que, em condições de
relevo suavizado e estabilizado, permitem um fácil escoamento das águas. Apesar da
Mapa 1 - Divisão administrativa da Província
do Huambo
Fonte: AIP/Ministério do Plano, 2003
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baixa fertilidade intrínseca, tais condições possibilitam condições propícias à prática
agrícola durante todo o ano. Também estão presentes no município solos idiomórficos,
mais férteis e geralmente situados nos vales. Em termos de vegetação, destacam-se as
zonas de savana e as formações de “Congote” nos vales. E, em consonância com o tipo
ferra lítico dos solos, destaca-se a presença de floresta exótica, principalmente
representada pelos eucaliptos e pelos pinheiros. No Âmbito Territorial sabe-se que a
população Angolana no período da independência era maioritariamente rural, e apenas
uma parte incipiente vivia nas cidades ou centros urbanos. Os fenómenos de urbanização
ou de concentração populacional em meios urbanos acentuaram-se no país nos últimos
20 anos, cuja franja da população é maioritariamente pobre, o que pressupõe
necessariamente, perceber este fenómeno, mormente aos seus efeitos, ao mesmo tempo,
entender a problemática da ausência da cultura urbana no que concerne a nova relação
entre a população e o espaço.
O planeamento urbano não deve ser apenas entendido como uma componente tão-
somente técnica, mas considerado também como um poderoso instrumento de combate
as assimetrias sociais, e como uma actividade institucionalizada que promove decisões
que afectam a organização das actividades públicas e privadas no espaço, dirigidas a
modificar os desajustes que a realidade apresenta - problemas - e fortalecer os seus
aspectos positivos - potencialidades. Para o caso da Cidade e da província do Huambo o
tema sobre ordenamento territorial (uso, e ocupação de solo) tem sido um assunto que na
minha opinião ainda não tem merecido o devido tratamento como forma de poder educar,
informar e sensibilizar a população e as pessoas em geral sobre as ferramentas existentes
e as atitudes prudentes a serem consideradas sempre que se estiver em presença deste
assunto, e também deve-se dizer que a questão da terra em Angola e particularmente na
cidade do Huambo vem se tornando um produto especulativo levando a que as vezes as
pessoas a tomarem atitudes pouco sustentáveis sobre o seu uso, chegando ao ponto de as
vezes fazerem do espaço comum um objecto para comércio. Talvez por falta de muita
divulgação e conhecimento sobre os documentos existentes que regulam ou que deviam
regular estes actos e melhor gerir e usar a terra e também por falta um acompanhamento
e tratamento jurídico apropriado a tudo que tenha a ver com o tema desde os direitos de
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uso, ocupação e exploração, até os caso de incumprimentos por parte de pessoas
colectivas ou individuais prevaricam ou causam danos sobre este grande património
(terra) que em Angola é legalmente propriedade originária do estado.
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2.2- A PARTICIPAÇÃO CIDADÃ COMO PARTE INTEGRADA DOS PLANOS INTERVENÇÃO NO BAIRRO
Esse processo participativo e atendendo as várias experiencia usadas na América do sul e
Europa visa solucionar os problemas das comunidades, semelhantes a problemática
mencionada neste trabalho. Acredita-se que possa ser um caminho de solução da
problemática em estudo. Para o caso concreto de Angola esse exercício é poucas vezes
praticado razão pela qual os resultados nem sempre são satisfatórios se entendermos que
o público-alvo é a população, logo os métodos participativos independentemente de cada
realidade pode ser uma via para conhecer melhor cada realidade e através da discussão
dos problemas com a população chegar-se as melhores soluções. Em realidade o mosaico
cultural Angolano é rico neste tipo de exercícios mas, o modernismo tende a apagar esse
valor, mas se se estimular a recuperação deste grande valor cultural e social pode-se
considerar este elemento como ferramenta fundamental e de uso frequente para os
momentos que se quiser debater e intervir na solução de temas de caris social, urbano e
ambiental tal como é o caso presente. Além de se efectuar analises e criticas as
metodologias institucionais de intervenção social, faz-se também um apelo sobre a
necessidade aperfeiçoar esta dinâmica sobre processos participativos que traz muitos
ganhos a nível socio cultural, porque envolve as pessoas na busca de solução dos seus
problemas e preocupações.
2.3- DIVISÃO POLITICA ADMINISTRATIVA Nos termos do Despacho 04 e 05/99, de 18 de Fevereiro, de Sua Excelência Senhor
Governador Provincial do Huambo, o Município divide-se em três Comunas: Comuna
Sede, Comuna da Chipipa e Comuna da Calima. De realçar que para além da divisão
administrativa supra citada, subsiste também, a divisão administrativa por Bairros e
Povoações, que tem sido um instrumento do sistema de gestão comunitária prático e que
ainda continua a vigorar face ao desenvolvimento populacional e económico do
Município, mas que não apresenta qualquer sustentabilidade do ponto de vista jurídico-
legal.
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2.3.1- ESTRUTURA ORGÂNICA DO MUNICÍPIO
Actualmente a Administração Municipal é dirigida por um Administrador Municipal,
coadjuvado por dois Administradores Municipais Adjuntos respectivamente, a nível de
Bairros existem Administrações de Bairro, que são: Administração do Bairro Comandante
Bandeira, Administração do Bairro Comandante Nzaji, Administração de Bairro – Vilinga,
Administração d eBairros das -Cacilhas, Administração de Bairro – Xavier Samacau e
Administração de Bairro – Kapango. Para melhor desempenho no cumprimento das
actividades programadas, a Administração Municipal conta com um Chefe de Secretária-
geral, um Chefe de Gabinete do Administrador Municipal, um Chefe de Gabinete dos dois
Administradores Municipais Adjuntos, catorze Chefes de Repartição, vinte e oito Chefes
de Secção Municipal, dois Administradores Comunais Adjuntos (Calima e Chipipa), dois
Chefes de Secretaria Comunais (Calima e Chipipa), dois Chefes de Gabinete dos
Administradores Comunais (Calima e Chipipa), dois Chefes de Gabinete dos
Administradores Comunais Adjuntos (Calima e Chipipa) e quatro Chefes de Secção, dois
para a Calima e dois para a Chipipa.
2.3.2- ORGANIZAÇÕES POLITICAS, SINDICATOS, E OUTRAS ORGANIZAÇÕES DA
SOCIEDADE CIVIL
No Município são controlados seis (6) partidos políticos, uma (1) organização sindical que
funciona no Município que engloba os sindicatos da Educação, Desportos e da Saúde. No
Município observa-se a presença de 81 instituições religiosas, das quais 45 são
reconhecidas e 36 não reconhecidas, sendo os católicos e protestantes as que apresentam
maior número de fiéis. De um modo geral encontram-se operantes as igrejas Católica,
IECA, Baptista, Metodista Unida, Adventista do 7.º Dia, Testemunhas de Jeová, Jozafat, Fé
Apostólica, Universal do Reino de Deus, Profética Vencedora do Mundo, Tocoista,
Assembleia de Deus Pentecostal, Igreja Congregacional Evangélica Independente em
Angola (ICEIA) e Igreja Mundial. A sociedade civil destaca-se pelo dinamismo relativo do
Fórum dos Empresários do Huambo, que congrega as várias associações por ramos de
actividade para além das Igrejas, Organizações Não Governamentais, Organizações
Governamentais e Agências das Nações Unidas sediadas no Município do Huambo.
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Também é de destacar a Associação das Secretárias do Huambo e a Associação da Mulher
Polícia de Angola (AMPA). No Município do Huambo, existem a trabalhar ONGs Nacionais
como: INAC, FAS, ABC Esanju Liomalã, Okutiuka, LARDEF, OHAT (Organização
Humanitária Adriano Teuns), FAE (Fórum dos Agentes Eleitorais) e ONGs Internacionais:
HANDICAP, WORLD VISION, DW, Child Fund Angola (Ex-CCF), ADPP, THE HALO TRUST,
CNFA e Mentor Initiative.
A topografia da cidade (Município Sede) é de acidentes planáltico, permitindo a evacuação
das águas pluviométricas directamente para a rede de drenagem da cidade, e para outros
canais naturais fazendo com que não haja possibilidade de inundações.
Para a implantação das infra-estruturas dos projectos dentro das normas urbanísticas e
aproveitando as vantagens que o terreno oferece, foi necessária a execução de trabalhos
de construção civil, nomeadamente abertura e fecho de valas e a colocação de viadutos ao
longo das estradas e ruas.
De modo a causar o menor impacte possível nas vias do Huambo, o projecto foi
acompanhado pelas entidades públicas locais que tutelam a rede de esgotos, água e
electricidade. Além da ligação entre as cidades próximas (Sumbe – Huambo – Lubango), o
projecto contempla a construção de uma rede metropolitana em fibra óptica para a cidade
do Huambo. Essa infra-estrutura vai permitir oferecer serviços de banda larga de alto
débito, nomeadamente para acesso a Internet, bem como a melhoria significativa da
qualidade de telefónica. Evolução da estrutura urbana da Cidade do Huambo.
A fundação da Cidade do Huambo correspondeu a um acto administrativo de instalação
de novos centros de população que acompanhassem, por um lado, o avanço da construção
do Caminho de Ferro de Benguela (CFB) para Leste e, por outro, dessem resposta à
necessidade de tornar mais eficientes quer o comércio, quer o armazenamento e
transporte de mercadorias entre o interior e a costa angolana.
Neste sentido, tanto a sua localização como o seu desenho urbanístico, desenvolvido a
partir de Julho de 1910 por encomenda do General Roçadas, resultaram de um acto
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planeado de fundação de uma nova Cidade, cuja inauguração em 21 de Setembro de 1912,
sob Governo de Norton de Matos, confirmou definitivamente a importância estratégica,
comercial e política.
Figura 4- Rede metropolitana em fibra óptica da cidade do Huambo
3- ENQUÃDRÃMENTO LEGÃL
Artigo 5.º (Ordenamento do território)
1. O território da República de Angola é o historicamente definido pelos limites
geográficos de Angola tais como existentes a 11 de Novembro de 1975, data da
Independência Nacional.
2. O disposto no número anterior não prejudica as adições que tenham sido ou que
venham a ser estabelecidas por tratados internacionais.
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3. A República de Angola organiza-se territorialmente, para fins político administrativo,
em Províncias e estas em Municípios, podendo ainda estruturar-se em Comunas e em
entes territoriais equivalentes, nos termos da Constituição e da lei.
4. A definição dos limites e das características dos escalões territoriais, a sua criação,
modificação ou extinção, no âmbito da organização político administrativo, bem como a
organização territorial para fins especiais, tais como económicos, militares, estatísticos,
ecológicos ou similares, são fixadas por lei.
5. A lei fixa a estruturação, a designação e a progressão das unidades urbanas e dos
aglomerados populacionais.
6. O território angolano é indivisível, inviolável e inalienável, sendo energicamente
combatida qualquer acção de desmembramento ou de separação de suas parcelas, não
podendo ser alienada parte alguma do território nacional ou dos direitos de soberania
que sobre ele o Estado exerce.
Lei de Terras - Capitulo I
(Disposições e Princípios Gerais)
Artigo 5 (Propriedade originária)
A terra constitui propriedade originária do Estado, integrada no seu domínio privado ou
no seu domínio público.
Lei do Ordenamento do Território e do Urbanismo
Artigo 1 (Objecto e âmbito de aplicação)
1. A presente lei tem por objecto o estabelecimento do sistema de ordenamento do
território e do urbanismo e da sua acção política.
2. A política de ordenamento do território e do urbanismo tem por objecto o espaço
biofísico, constituído pelo conjunto dos solos urbanos e rurais, do subsolo, da plataforma
continental e das águas interiores, com vista a acautelar as acções que se traduzem na
ocupação, uso e na utilização dos espaços supra mencionados, através da implementação
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dos instrumentos de ordenamento do Território e do Urbanismo previstos na presente
lei.
Lei de Bases do Ambiente – Capitulo I
Disposições Gerais
Artigo 1º (Âmbito)
A presente lei define os conceitos e os princípios básicos da protecção, Preservação e
conservação do ambiente, promoção da qualidade de vida e do uso racional dos recursos
naturais, de acordo com os nºs 1, 2 e 3 do artigo 24.º e n.º 2 do artigo 12.º da Lei
Constitucional da República de Angola.
Ainda sobre a estratificação dos vários elementos territoriais de aplicação da lei bem
como os organismos aos quais estas competências tocam, acontece também com a
implementação dos vários planos sobre o ordenamento territorial que obedece uma
lógica a vários níveis desde o ponto de vista geral e específico. Desde o ponto de vista
geral esta lógica em tremo de elaboração uso e aplicação de planos começa no âmbito
geral e vai seguindo os níveis subsequentes conforme a sequência que se indica abaixo.
3.1- A NÍVEL NACIONAL - Principais Opções do Ordenamento do Território Nacional;
- Planos Territoriais Sectoriais Nacionais;
- Planos Territoriais Especiais Nacionais.
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Figura 5- Contexto periférico
Figura 6- Contexto urbano.
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Figura 7- Mancha da zona de intervenção, Plano Director - Luanda
A nível de Luanda cidade Capital de Angola, que para esse caso responde pelo gabarito
nacional quanto a implementação do planos no seu âmbito, criou-se um Gabinete que
definiu como tarefa prioritária, promover a elaboração do Plano Director com coerência,
estratégia, inteligência e responsabilidade para os próximos 20 anos (2013 – 2033-Para
Cidade de Luanda). O Plano Director é o instrumento regulador e de gestão urbana que
serve para definir, planear, programar e gerir a dinâmica de desenvolvimento urbano
para construir o futuro da cidade.
3.1.1- ENQUADRAMENTO NO TERRITÓRIO
- Estudos.
Morfolo gico, Hidrolo gico, Geolo gico, Ecolo gico.
- Levantamentos.
Município do
Cacuaco
Município
de Viana
Casco
Urbano
Município
de Luanda
Oceano Atlântico
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Infra-estrutura existente, Redes de drenagem, Ãbastecimento de a gua, Estrutura via ria,
Ocupaça o actual do solo.
Caracterização das Infra-estruturas
Figura 8- Caracterização do estado das infra-estruturas
3.1.2- PROPOSTA - ENQUADRAMENTO METROPOLITANO
Adopta-se o modelo que se enquadra na estratégia da cidade metropolitana considerando
a estrutura viária estruturante com as radiais que constituem as saídas para Norte e para
sul da localidade. Todas estas fases estão previstas para a sua implementação, para o caso
de Luanda que responde a um exemplo de ambito Nacional.
Figura 9- Análise do plano viário
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3.2- A NÍVEL PROVINCIAL
Planos Provinciais de Ordenamento do Território;
Planos Interprovinciais de Ordenamento do Território.
Planos Sectoriais;
Planos Especiais.
Paradigma: Termos de Referência para a elaboração de PPOT.
A nível provincial, deve – se dizer que em Angola nos últimos anos tem-se vindo a
desenvolver vários projectos que visam a ordenar o território, é assim que das 18
(Dezoito) províncias de Angola, existem planos de Urbanização elaborados e aprovados e
em muitas delas aguarda-se pela fase seguinte que a sua implementação prática, que
atendendo outros pressuposto acaba por não se aplicar no tempo e prazos previstos. Mas
tudo caminha segundo o conceito de que o Ordenamento do Território é um processo
integrado da organizaça o do espaço biofí sico (classes de uso do solo) de acordo com as
suas potencialidades, capacidades e aptida o. E o seu objectivo é: O uso e a transformação
do território, e com a garantia da permanência dos valores de equilíbrio entre a produção
e a protecção biológico e da estabilidade geológica, numa perspectiva de aumento da sua
capacidade de suporte de vida; cria Instrumentos de desenvolvimento e de gestão
territorial (Planos) Estabelecem bases para as estratégias de desenvolvimento e de gestão
territorial tendo em vista economias de espaço. Neste processo tem-se os critérios de
povoamento e de localização preferencial das actividades a nível regional e municipal
(consolidação dos assentamentos populacionais e das actividades) assegura o correcto
dimensionamento das infra-estruturas e dos equipamentos; define/determina funções
para os diferentes espaços territoriais e estabelece uma hierarquia e interdependência
dos diversos espaços territoriais.
3.3- A NÍVEL MUNICIPAL
Nos municípios de Angola os planos e ferramentas existem mas a sua implementação é
além de complexa pouco funcional e portanto ainda deficiente devido ao deficit de pessoal
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técnico qualificado em quantidade e em qualidade incluindo os meios técnicos disponíveis
e necessários para que este leque de documentos possam ser melhor implementados e
resultar na melhoria dos problemas urbanos e consequentemente num padrão de vida
mais sustentável nos grandes centros urbanos, assim menciona-se alguns dos elementos
existentes e necessários e que carecem de boa aplicação que são:
Plano Intermunicipal de Ordenamento do Território.
Plano Director Geral.
Plano Director Municipal.
Plano de Ordenamento Rural.
Plano de urbanização;
Plano de Pormenor;
Plano Sectorial;
Plano Especial; Instrumentos Supletivos dos Planos.
Sempre que se precisar de usar e actualizar estes Planos propõem-se alguns
procedimentos mais coerentes e práticos do ponto de vista técnico e de actuação sem
deixar de considerar outras contribuições muito importantes e muito usuais em outras
partes do país e não só mas que para o caso em estudo e em função das análises feitas
convêm partir do princípio de análises a nível de bairro.
3.4- A NÍVEL DE BAIRRO
Nos bairros de modo geral os planos e ferramentas necessários para funcionalidade de
planos maiores anteriormente citados é o Plano Base; Plano Bairro. Ãtrave s de
mecanismos de implementaça o fí sica da reconversa o urbana, criar um modelo de
reconversa o de bairro, desenvolver um esquema de Planeamento Urbano, tratar da
Implementaça o de infra-estruturas e equipamentos sociais, criar espaços pu blicos e
reservas espa cias, ver a questa o da promoça o imobilia ria atrave s do desenvolvimento de
habitaça o social por via do monitoramento e gesta o das actividades administrativas,
financeiras e te cnicas, garantindo a permane ncia de equipas te cnicas especializadas nos
momentos de execuça o das obras (fiscalizaça o e gesta o Urbana e de obras pu blicas)
dando apoio aos agentes e demais entidades responsa veis pelas tarefas necessa rias a
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viabilizaça o da reconversa o. Supervisionando todo o processo de implementaça o. Visto
isso interessa analisar os casos de alguns sectores urbanos no interior do bairro, desde a
morfologia ao tecido, e que nos levara a concretizaça o de uma proposta urbana mais
progressiva e de cumprimento em perí odo anual mais largo.
Figura 10- - Tecido periférico – Huambo
Figura 11- Estrutura densa - São Pedro
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à morfologia actual do bairro em estudo, e de certa forma complexa, atendendo que ainda
um legado colonial urbano que se conserva e um tecido novo mais denso e degradado. E a
relaça o periferia & centro urbano para o caso presente e muita directa a ponto de o
feno meno de crescimento desordenado ser algo que insufla e se desenvolve um pouco
pelo interior da zona classificada como zona urbana.
A - Av. 5 de Outubro (Poente) B – Av. 5 de Outubro (Nascente)
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C – Av. 28 de Maio D – Av.Governador Silva Carvalho
E – Bairro do Caminho de Ferro F – R. G.Gomes Fernandes (Alameda do Aeroporto)
Figura 12- Franja do sector, proposta para melhoramento ao nível de acessibilidade pedonal, incluíndo as demais infra-estruturas no interior do bairro, que é um dado condicionante da vida social do local em estudo.
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Figura 13- Característica do tecido urbano predominante no interior dos bairros, incluem habitações, ruas, forma e dimensões dos lotes, o que normalmente dificulta a colocação dos serviços básicos gerando outros problemas urbanos e ambientais
Figura 14- Florestas devastadas, para construções precárias, por ausência de politica habitacional eficaz.
Sobre os impactos gerais resultantes da realidade social descrita, e que muitas delas se
centram nos serviços de distribuiça o e acesso aos meios ambientais, sociais, econo mico e
participativo. Ã escassez e o difí cil acesso ao espaço para viver, leva a que o homem
busque soluço es que muitas vezes poem em risco o meio ambiente, no tambe m e
importante para o seu bem-estar e equilí brio enquanto espe cie.
Ãinda sobre os impactos Ãmbientais importa realçar a questa o da a gua pota vel que e um
bem ba sico e necessa rio, mas que devido aos problemas de natureza estruturais e
urbanos acaba por na o chegar e servir as populaço es em todos os pontos em que estejam
aglomeradas em maior ou menor nu mero.
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Figura 15- Captação rudimentar de água/ Central de tratamento e distribuição de água.
Nas a reas rurais de Ãngola apresentavam (e apresentam ainda) a maior ause ncia de
condiço es ba sicas para assegurar o abastecimento adequado da populaça o, em termos de
a gua pota vel, levando a que as pessoas busquem alternativas que acham mais pra ticas
para que tenham cada vez mais pro ximo de si este bem precioso, embora neste processo
de busca do recurso provoca outros danos ao ambiente e principalmente a vida humana
com o surgimento de enfermidades que reduzem a esperança de vida em primeira
instancia e a proliferaça o de doenças.
No aspecto social ainda sobre os impactos se realça a questa o da produça o habitacional.
Há uma relação da indústria produtora de materiais de construção com o sistema de
produção, rentabilização e acesso a vivenda, que é uma política governamental assumida
há cerca de dez anos, mas os resultados ainda demoram a chegar porque há muitos
factores de desvantagens no desenvolvimento deste processo. No aspecto econo mico, o
planeamento urbano não deve ser apenas entendido como uma componente tão-somente
técnica, mas considerado também como um poderoso instrumento de combate as
assimetrias sociais, e de gestão e como uma actividade institucionalizada que promove
decisões que afectam a organização das actividades públicas e privadas no espaço,
dirigidas a modificar os desajustes que a realidade apresenta e fortalecer os seus aspectos
positivos, o Planeamento Urbano e Inclusão social á a justo titulo um instrumento de
apoio à decisão.
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3.5- PROCESSOS PARTICIPATIVOS É um elemento também importante na problemática do ordenamento do território e do
ambiente, e no contexto Angolano pode-se dizer que ainda a participação da comunidade
local ainda não é um acto cívico regular sempre que trate de assuntos vários que envolve
a comunidade. É um facto dizer que muitas destas comunidades em todo território
Angolano existem, e estão muitas vezes organizadas, mas ainda assim nota-se uma fraca
participação na resolução de problemas, e pensa-se que isso deriva de uma certa falta de
estímulo ou de cultura democrática e participativa que as instituições devem
proporcionar do ponto de vista legal, para que o cidadão possa contribuir com o mínimo
que poder, no sentido de se encontrar soluções satisfatórias para os seus problemas.
Existem muitas Comissões dos Moradores e que em certa medida, representam um
exercício de participação e dentro das dinâmicas de cada uma delas conseguem
solucionar vários problemas, e em geral elas estruturam-se em:
Assembleia de Moradores.
Presidente da Comissão\Coordenador.
Secretário\a.
Tesoureiro\a.
Fiscal.
Isto no caso das comunidades localizadas nos centros Urbanos do País, e mais para o
interior do existem e funcionam outras organizações comunitárias que é mais abrangente
na sua actuação porque envolve as comunidades rurais e urbanas de Angola.
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Figura 16- Debate com a comunidade/ Debate técnico
A organização C.A.C.S – Comissão de Auscultação e Concertação Social, é um dos
organismos comunitários que tende a dar mais vida e voz, nas questões de resolução de
problemas comunitários por meio da participação do cidadão. Este órgão promove nas
comunidades rurais de Angola, Sobas, Regedores, e população em geral, e nos centros
urbanos ela actua junto dos organismos públicos. A C.A.C.S é um organismo autónomo e
parceiro do Governo Angolano, e tem um campo de acção muito abrangente, partindo
desde a cooperação das organizações públicas, órgãos privados, instituições religiosas,
organizações politica e sociedade civil. E neste processo, e atendendo a realidade
Ãngolana, se obedece a seguinte estrutura:
Auscultação dos agentes decisores e dos técnicos.
Acções expositivas (da metodologia e resultados).
Sessões de debate e troca de experiências.
Contacto directo com os serviços técnicos.
Análise Compreensiva - Trabalho de campo - Interacção social.
É Importante tratar-se do cadastro nos processos participativos urbanos, por ser um meio
que nos fornece informação do ocupante de cada parcela de terra, contribui para o
controlo da expansão urbana, melhora a eficácia e a eficiência da gestão urbana ccontribui
para as receitas /financiamento do município, contribui para o aceleramento do
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licenciamento dos terrenos, contribui para os processos de fiscalizações das edificações
urbanas, contribui para o senso populacional e segurança dos residentes.
O cadastro é um sistema de informação territorial normalmente baseado em ocupações
de parcelas, que regista interesses sobre a terra, como direitos, restrições e
responsabilidades. O cadastro pode ser estabelecido para arrecadação, fins legais e/ou de
apoio ao planeamento, buscando sempre o desenvolvimento social e económico,
destacando, porem, que não existe a necessidade de pensar em um Cadastro uniforme
para todos os países ou jurisdições.” (Lincoln Institute of Land Policy), em outras
palavras, um cadastro urbano fornece informações sobre a situação actual de uma cidade,
em termos de ocupação do solo e direitos de ocupação.
3.6- PLANEAMENTO PARTICIPATIVO
Os principais passos técnicos a seguir param a elaboração e implementação de um plano,
principalmente para intervenção em bairros já consolidados, ou criação de novos
assentamentos:
1. Delimitação da área
2. Identificação de estradas de acesso
3. Identificação de zonas não habitáveis
4. Desenho do plano desejado
5. Elaboração do plano físico
6. Aprovação do plano
7. Loteamento.
O processo participativo nos processos de planeamento promove, participação
institucional e participação individual (cidadão), aproveitam-se os conhecimentos locais
para elaborar planos mais apropriados (Contexto), gera-se a aceitação do plano durante o
processo de planificação, facilitando assim a sua implementação. A orientação para a
participação dos planos de urbanização, estão plasmados na lei sobre do Ordenamento do
Território e Desenvolvimento Urbano (Lei 3/04 de 25 de Junho) nos artigos 21 e 53. Os
particulares têm direito à informação tanto do conteúdo, como das alterações dos planos
territoriais e tanto na fase de elaboração, com garantia à divulgação previa dos projectos
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respectivos destinadas a aprovação como após a sua publicação, podendo consultar o
respectivo processo e obter copias e certidões de peças documentais dos planos.
Um Plano de Urbanização integra:
Estudos de Caracterização e Análises Sectoriais
Proposta Técnica
Planta de Zonamento
Planta de Condicionantes
Regulamento urbanístico
Programa de Execução e Plano de Financiamento
Figura 17- Auscutação a comunidada
Dado os grandes desafios em termos de desenvolvimento e planificação urbana, é
importante continuar a fortalecer parcerias entre as instituições governamentais, o sector
privado, sociedade civil, autoridades locais e residentes. Será mais difícil à implementação
de projetos de requalificação urbana, falta de espaço para alargar estradas, construir
escolas, postos de saúde, rede eléctrica e canalização. Demolições não são uma boa opção,
sendo extremamente caro para o governo e a população.
Os desafios para a planificação urbana, atendendo a realidade em estudo, tem a ver com a
rápida expansão das áreas Peri-urbanas. Pela experiência local, pensa-se que enquanto
não se aumentar a oferta de parcelas minimamente urbanizadas, as áreas Peri-urbanas
irão continuar a crescer de forma desordenada. De acordo com as experiências ganhas ao
dos trabalhos sobre ordenamento do território e transformação de bairros degradados,
calcula-se que aproximadamente 1500 parcelas por ano seriam suficientes para começar
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controlar a expansão Peri-urbana, e crescimento desordenado, bem como transformar e
tratar os bairros degradados.
O crescimento da cidade do Huambo é extremamente rápido quer fisicamente como
demograficamente. Mais de 80% da população da cidade do Huambo vive em áreas Peri-
urbanas não urbanizadas, as áreas Peri-urbanas estão submetidas a um processo de
densificação e expansão. O controle destes processos é prioritário para o
desenvolvimento socioeconômico da cidade do Huambo, contudo apresentam-se duas
ferramentas para facilitar a gestão urbana:
Planeamento participativo e loteamentos.
Implementação de cadastro urbano.
A Instalação de um sistema de cadastramento iria permitir:
- Registar os terrenos ou residências já documentados, terrenos recentemente loteados e
até aqueles terrenos supostamente sem nenhuma ocupação e/ou uso. Este sistema
permitiria a impressão de croquis de localização de forma automática e controlada.
- Registar a ocupação de todos os lotes cadastrados, reduzindo significativamente a
demora na sua tramitação com a simplificação do processo.
- Inserção de todos os Planos Urbanísticos existentes a nível da província, incluindo:
imagens aéreas, imagens de satélites, informações topográficas e cartográficas, sendo
deste modo possível fazer o monitoramento da implementação dos planos aprovados.
Gestão do Cadastro.
O passado recente do País (e o conflito armado que aqui teve uma incidência particular)
dificultaram a progressiva normalização dos procedimentos administrativos no domínio
do registo fundiário sendo que, por isso mesmo, se torna especialmente necessário
desenvolver um esforço acrescido na identificação da propriedade e do seu estatuto
jurídico (áreas já cedidas, áreas do domínio público, etc.).
A identificação dos terrenos e da propriedade (cadastro) e a sua gestão constituem uma
das componentes centrais de um Estado de Direito e, talvez, o mecanismo principal para a
eficácia das decisões públicas e dos Planos Urbanísticos e Territoriais.
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No caso da área coberta pelo Plano, a questão cadastral constitui uma questão central que
deverá ser abordada com prudência e adequado acompanhamento técnico e jurídico –
tendo presente que embora atravesse o Plano e a sua Regulamentação, esta questão se
inscreve num quadro mais alargado de regulação (designadamente ao nível da Lei de
Terras) e respectivo registo (registo predial).
Por outro lado, é importante sublinhar que o registo dos terrenos constitui um factor que
ultrapassa o PDM e o seu horizonte, tendo repercussões a médio e longo prazo – desde
logo porque constitui uma condição essencial para o exercício claro do interesse público
(por exemplo, para efeitos de expropriação) e para o financiamento do próprio Estado
(através de taxas, só cobráveis num contexto de pleno conhecimento da propriedade).
Não ignorando as dificuldades postas em tão vasto processo, entende-se que o seu
desenvolvimento não poderá deixar de ser orientado para a progressiva cobertura do
território, não podendo no entanto deixar de ser prioritário nas áreas urbanizadas e suas
periferias actualmente ocupadas onde – naturalmente – as necessidades de intervenção
pública se fazem sentir como prioritárias.
Ao nível da execução e gestão do Plano (e dos licenciamentos que decorrem das suas
regras) esta questão levanta ainda: a necessidade de uma maior proximidade às
administrações provincial e municipal, às quais deverão ser disponibilizados os
adequados recursos técnicos e humanos para o completamento e integração da
informação existente numa base de dados, ao terreno; e a necessidade de um esforço
acrescido por parte dos promotores no sentido de fornecerem a informação necessária
(desenhos descritivos de enquadramento das propriedades, preferencialmente com
coordenadas geo - referenciadas) ao completamento da base de dados municipal referida
atrás.
Estudos e diagnósticos sobre os problemas mais urgentes das cidades no contexto
Angolano tem vindo a ser feitos, dai que surge a necessidades de se conhecer várias
ferramentas de actuação sobre esta realidade. Poderiam ser os Planos
Urbanísticos/Planos de Urbanização. O que é e para que serve?
É um instrumento que define o modelo de estruturação fundiária dos solos municipais
classificados e qualificados como solos urbanos e da evolução da ocupação humana e
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sistemas urbanos integrados no perímetro urbano, através da programação das redes
viárias, de transportes, de infra-estruturas e equipamentos colectivos urbanos, bem como
da fixação, na escala adequada, dos parâmetros, índices e critérios do aproveitamento do
solo urbano que asseguram uma melhor qualidade de vida urbana. A caracterização
demográfica estudo da população tem em vista dois objectivos:
- Compreender a estrutura e dinâmica da população residente, com vista à identificação
das grandes tendências de evolução e à determinação de estimativas de crescimento
populacional para um horizonte de 10 anos.
- Caracterizar a população residente quanto à composição do agregado familiar, idade,
sexo, habilitações literárias, ocupação principal, enraizamento e mobilidade na cidade,
condições de habitabilidade e aspirações futuras. Ã ana lise dos feno menos naturais e
outro valor a ser avaliado neste processo de ana lise da situaça o e do ní vel de degradaça o
do territo rio, provocados cheias (subida do ní vel da a gua e respectivo transbordo em
territo rio na o urbano) e das inundaço es (subida do ní vel da a gua e respectivo transbordo
territo rio urbano) permitem acautelar a protecça o de bens e pessoas e evitar o
agravamento deste risco. Ãs cheias (subida do ní vel da a gua e respectivo transbordo em
territo rio na o urbano) sa o mais frequentes devido a s seguintes questo es:
Impermeabilizaça o da bacia.
Destruiça o do coberto vegetal.
Ocupaça o de a reas inunda veis e a obstruça o dos leitos.
Ãs inundaço es (subida do ní vel da a gua e respectivo transbordo territo rio urbano)
ocorrem devido a :
Impermeabilizaça o do solo.
Deficie ncia do sistema de drenagem de a guas pluviais.
Entupimento dos sumidouros por lixo e entulho.
Caracterí sticas da rede de drenagem.
Vantagens da Elaboraça o de Um plano de Urbanizaça o na gesta o e conservaça o de bairros
e cidades:
- Um Plano de Urbanização eficaz permite acompanhar o crescimento urbano e controlar
o tipo de ocupação pretendida, ou seja, e eficiente no controlo de construção precária e
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espontânea. Um plano de urbanização permite aferir as necessidades habitacionais face às
prospectivas demográficas aferidas para os vários cenários de actuação. Um Plano de
Urbanização possibilita igualmente estruturar as necessidades no que se refere ao
abastecimento de água bem como indicar os traçados gerais das redes de drenagem de
águas residuais e pluviais.
- Um Plano de Urbanização aponta esquematicamente soluções para a Recolha e destino
de Resíduos Sólidos Urbanos, define as condicionantes biofísicas bem como das zonas de
risco possibilita definir uma política de expansão habitacional, segura e consciente,
evitando incidentes associados a fenómenos naturais como os verificados por exemplo
pela ocupação indevida de áreas inundáveis, zonas de ravinas, zonas declivosas entre
outras inapropriadas para construção.
- Um Plano de Urbanização define também o Programa de Execução e Financiamento,
compreende uma estimativa global sobre o valor a despender com a infra-estruturação e
com os equipamentos colectivos de utilização comum (escolas, centros de saúde, jardins
públicos, praças, entre outros).
Nos problemas mais urgentes das cidades no contexto Angolano, verifica-se a necessidade
de:
Criar áreas para habitação de baixa, média e alta renda, diversificar o tecido económico e
empresarial, criando infra-estruturas vocacionadas como as áreas Industriais e para
logística, programar centralidades multifuncionais que reunião comércio, serviços, e
equipamentos de utilização comum, definir as áreas de expansão destinadas ao
crescimento da Urbe.
As assimetrias territoriais, conduzem à fixação da população nos centros urbanos que se
encontram sem capacidade de recepção, crescimento urbano espontâneo sem que haja
um planeamento efectivo.
Nos problemas mais urgentes das cidades no contexto Angolano, verifica-se também a
necessidade de:
- Criar sistemas de abastecimento e tratamento de águas permanentes.
- Criar sistemas de recolha e tratamento de águas residuais (rede de esgotos).
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- Criar sistemas de rede de recolha das águas pluviais, essenciais no controlo das cheias
urbanas.
- Desenvolver e implementar um sistema de recolha, tratamento e armazenamento de
Resíduos Sólidos Urbanos.
- Definir uma rede viária devidamente hierarquizada e estruturadora de funções.
A salvaguarda do património construído, natural, étnico, cultural e arqueológico, a
construção de escolas, centros de saúde, hospitais, centros de acção social, lar para idosos,
centros desportivos, centros culturais. A construção de espaços verdes para o recreio e
lazer, praças, largos, zonas arborizadas constituindo áreas de descompressão urbana e
conforto bioclimático. A salvaguarda dos valores naturais presentes nas cidades, como
rios, linhas de água, vegetação representativa.
A elaboração de instrumentos de Planeamento e Ordenamento do Território
materializam-se através de Plantas e Regulamentos a Estratégia de Desenvolvimento que
se pretende implementar num determinado território. São o apoio à tomada de decisão
consciente das políticas que contribuem para o desenvolvimento sustentável e para o
incremento da qualidade de vida das populações.
Vantagens da Elaboraça o de Um plano Base, como linha orientadora na transformaça o de
bairros e cidades:
O Plano Base deve dar respostas e/ou proposta aos temas básicos, espaciais ou
urbanísticos e de programa ou estratégico, para o desenvolvimento sustentável da cidade
e seu território. Porém, sua característica essencial é a sua simplicidade, para que assim
seja facilmente legível de modo que o modelo de urbanização sustentável (Plano Base)
possa ser entendido pela grande maioria da população, tanto da cidade (urbano) como do
território a ela vinculado. Esta forma simples e legível deve facilitar tanto a governança
como a gestão do próprio Plano Base. Consideramos que um primeiro modelo de “Plano
Base”, primeira proposta de plano em base a uma descrição das características da
morfologia urbana, geográfica e física do lugar, deve dar respostas aos seguintes temas
básicos urbanísticos:
- Delimitação da área urbana consolidada e das áreas de extensão e de reserva.
1bis Neste caso: plano da relação cidade-território e descrição física das redes.
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- Eixos viários e de transporte básico (pontes), equipamentos ou serviços básicos.
- Sistema de espaços livres (zonas verdes e espaços naturais) e sua relação com o
ambiente.
- Morfologia: Raio e linha da forma urbana, suas implicações no Plano Base.
- As áreas urbanas de regulamentação (normas) e de transformação ou renovação
(planos).
- Lista de projectos base realizados nos 10 anos anteriores.
- Lista de projectos base que se realizarão nos próximos 10 anos.
- Possíveis riscos (inundações, terremotos, contaminações ou outras).
O Plano Base deve limitar-se a sintetizar, em dois planos e alguns quadros ou listas, os
dados e projectos chaves existentes e a serem desenvolvidos para que se entenda quais
são as chaves do planeamento sustentável dessa cidade e desse território. A força e o
valor deste Plano se devem à sua qualidade sintética e a sua clareza expositiva sendo para
isso fundamental ter as opiniões sistematizadas dos habitantes com respeito à sua cidade
e ao Plano Base. As linhas de trabalho que se expõem a continuação devem ser tomadas
como pautas e não como linhas concretas. Oferecem um caminho simples de avance no
processo de redacção do Plano Base. Nesta simplicidade do caminho se baseia parte da
sua força e dos seus valores, com o objectivo de que seja um instrumento básico para que
a urbanização, como processo local, gere desenvolvimento sustentável.
O Plano Base é uma das peças que poderá ser combinada com outras linhas de
planeamento específicas, como o planeamento estratégico, que deve ser entendida como
complementário ao Plano Base, ou o planeamento ambiental, como por exemplo, as
Agendas 21, ou outros tipos de planeamentos inclusive a Agenda Local 21 da Cultura.
Nada menos coerente que pensar que o Plano base exclui tudo isso, ao contrário, deve
incluir os itens de outros níveis, mas deve assegurar que contenha neste processo a
dimensão espacial, física ou urbanística, através de uma forma bastante legível de Plano.
As etapas a seguir do processo seriam os passos indicativos seguintes:
Estudos Base:
O trabalho deveria começar com a elaboração de estudos que permitam a formulação da
pesquisa sobre as “cidades intermédias”, posto que supõe um método directo de análise
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das condições de forma e de composição dessa cidade, especialmente no espaço urbano.
Esses dados da pesquisa deverão acompanhar a lista.
Informações de base disponíveis:
Igualmente devem ser recompilados dados e informação geográfica, topográfica, cultural,
social e económica, estatísticas e disponíveis ou próximas. Devemos lembrar que nem
sempre temos muitas e boas informações da CIMES. Especialmente devem estar cientes
de que os estudos anteriores podem ser mais custosos que o trabalho de relacionar toda
esta informação para a redacção do Plano Base, aqui está um dos seus passos
metodológicos más arriscados.
Mas devemos ser conscientes de que vamos dar, digamos, um passo adiante, relacionar a
documentação existente e a proveniente das entrevistas ou das conversas com atores,
organizações sociais e habitantes e/ou usuários dessa cidade. Essa fase pode chamar
“Programa de Cidade ou de bairro”.
Terminada esta fase, que chamamos de pré-diagnóstico é possível passar à fase de
elaboração do Plano Base, como antecâmara para o plano Bairro. A Redacção do plano
base inicial, deve ser apresentado em poucos e claros documentos, para que a sua
visibilidade e legitimidade, antes já comentado, seja o mais claro possível.
Especificamente propõem-se que o esquema deve ser formalizado em poucos itens, um ou
dois (máximo três) planos e quadros (ver o ponto 5 ao final da entrega). Todos eles
devem ser apresentados em um formato de papel DINA3, para ser mais legível e sintético.
Apresentação + Debates = Ajustes, Devemos estar ciente de que o plano é e deve ser para
e da cidadania. Não deve ser propriedade nem dos técnicos, nem dos políticos dessa
cidade ou comunidade. Para isso a fase de explicação e apresentação é fundamental.
Assim como a de debate ou consulta e/ou acordo.
Ao mesmo tempo e de acordo com as várias formas de apresentação, é necessário garantir
que os vizinhos individuais e colectivamente possam expressar suas opiniões. Tanto seus
interesses como seus desejos são importantes.
É necessário ter muita atenção às opiniões e/ou à informação que surjam. Em uma cidade
e/ou em um território, no que diz respeito aos temas de detalhe, os experto são as
pessoas mais próximas. Sendo necessário relacionar essa “visão experta local” com “o
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enfoque mais global”, sendo possível contribuir desde uma formação técnica, profissional
e/ou política. Esta dialéctica ou esta mediação é ou deve ser a chave para a qualidade do
Plano Base. É necessário dar e receber.
Delimitação da área urbana consolidada e das áreas da extensão e da reserva: O plano
deve indicar qual área é considerada zona urbana consolidada, com certa percentagem
(elevada ou média) de serviços públicos e/ou comunitários, de água potável, do sistema
de iluminação público, acesso pavimentados de veículos (sim ou não), e outros (de acordo
com cada caso e cada cidade). Finalmente desenha e medição (m2 ou hectare) desse
perímetro ou área de urbanizada. Assim é possível obter a dimensão urbana desse núcleo
e relacioná-la aos dados da percentagem de áreas servidas, que nós teremos a partir da
pesquisa CIMES.
Após a obtenção deste primeiro perímetro ou área, passa-se a delimitação de duas áreas
e/ou perímetros mais fechados ou descontínuos que são as zonas da extensão e de
reserva. Propomos o uso de siglas ou símbolos ZU, ZE, ZR, respectivamente para cada um
e suas superfícies em m2 ou em hectares. Além do mais são zonas de extensão urbana que
são consideradas prováveis e/ou necessárias para projectos de urbanização a curto ou a
médio prazo. Em ambos igualmente é necessário medir suas superfícies parciais e/ou
totais em m2 ou hectare.
- Eixos viários e de transporte básico (pontes). Equipamentos ou serviços básicos.
Neste apartado serão desenhados os eixos viários, com principal interesse pelos pontos
nodais, intercambio e cruze ou passo (sejam pontes ou outras tipologias) da rede de
circulação básica. Não se trata de um plano com todo o detalhe se não de um plano base.
Para ver os pontos nodais da rede que devem ser postos no plano dessa cidade. Teremos
outra urbana, nesse caso, com nódulos chaves. Além disso, trata-se de desenhar, no plano
base, os grandes equipamentos, serviços públicos ou comunitários existentes e desenhar
as zonas onde deveriam ser localizados outros. Uma vez que esteja clara sua localização
específica, se desenhará o lugar ou senão um círculo, em função do raio do serviço e de
onde deverá estar. Este círculo terá seu raio em função do raio de acesso ou de serviço de
cada equipamento. Por exemplo, uma escola primária deve ter um raio menor de 500 m e
um centro de saúde de bairro um raio de aproximadamente 1000 m. Porém, por outro
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lado, existem outros equipamentos como universidades ou hospitais gerais de uma cidade
ou de territórios que terão raios maiores, se o acesso é feito por pedestres (a pé) será de
aproximadamente 4 km e se for feito por ambulâncias 60 km. Aqui o tema não é tanto o
raio do círculo, mas principalmente, a localização do seu “centro” e que não existam
barreiras para alcança-lo, com a finalidade de que esse equipamento tenha um raio
adequado ao seu uso e principalmente facilidades de acesso. Esta seção pode ser mais
detalhada e ampliada que as anteriores, isso dependerão da quantidade de informação
disponível.
- Sistema de espaços abertos (praças, vias fluviais, corredores ecológicos, áreas naturais e
outros) e sua relação com o meio ambiente. Esta seção é mais complexa que a anterior.
Uma vez que a questão a ser tratada será a de desenhar o sistema de espaços abertos
(livres), que não se limitariam somente aos espaços verdes.
É importante dar especial atenção ao saber e tornar visíveis quais são as relações e
dimensões desses espaços e também suas relações ou as redes de espaços abertos
(livres), com a dimensão natural e/ou ambiental dessa cidade e seu território. Um
exemplo: um rio, os rios ou os canais em uma cidade são as partes mais delicadas das
relações do sistema hídrico com o urbano. Nesta seção serão desenhadas as zonas de
possíveis riscos (inundações, terremotos, contaminações e outras).
Seu desenho completo e conectado, pode facilitar a leitura de suas potencialidades como
espaços urbanos livres além de seu valor como espaços ambientais. Esta seção necessita
tanto das informações geográficas, como os dos conhecimentos e explicações das pessoas
expertas locais. Deixamos este item sem pauta detalhada de redacção embora
consideremos que seja uma das chaves do Plano Base.
- Morfologia. Raio e Linha da forma urbana - Implicações sobre o Plano Base: Esta é uma
das formas de medir a compacidade, a densidade e em especial a forma física urbana da
cidade usada na 1ª Pesquisa base de CIMES. Recordemos que o Raio ® mede um círculo
com, aproximadamente, o 70% da população urbana em seu interior. E que a Linha (L)
mede a distancia máxima entre extremos da área urbana consolidada (segundo a
delimitação do ponto 4.1 dessa seção. Usa-se este Raio para definir um trabalho de
melhora da cidade que não se apoie somente no tema dos padrões urbanísticos.
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Em segundo lugar existe outro subproduto. Poderemos também medir as distâncias que
existe com relação a este círculo ou, ainda melhor, aos serviços públicos básicos (Hospital,
Mercado, Prefeitura, um lugar de culto central, Praça Maior e Estádio de Desportes), os
bairros mais marginais, para assim ver o grau de segregação espacial. Através de suas
distâncias ao “círculo” e aos próprios equipamentos ou serviços públicos básicos antes
citados. Trata-se de ter 6, e só estes 6 pontos básicos na trama urbana, vendo além do
mais se estão dentro ou fora do círculo.
- Ter este círculo e estes pontos e ver a que distancias ficam os bairros mais
desfavorecidos dessa cidade é outra das pautas de trabalho para melhorar a cidade que
chamamos Plano Base. Mais que uma aplicação de padrões urbanísticos, teremos um
mapa que nos permitirá operar na melhoria do espaço urbano, com a função de desenhar
para a posterior localização através de lugares ou de círculos (ver o apartado anterior).
- Áreas urbanas de regulação (normas) e transformação ou renovação (planos): Nem tudo
pode ser tratado com o mesmo detalhe urbanístico, já que o urbanismo não é um processo
fechado, e sim uma evolução. A cidade é um sistema aberto, para isso o Plano Base deve
operar segundo as condições de cada quadro urbano e de cada morfologia, portanto é
necessário diferenciar em pelo menos duas entradas.
Os quadros devem ser regulamentados em condições de desenvolvimento de médio e
longo prazo, já que estão consolidadas, ou tem condições estáveis de uso urbano (através
das normas urbanísticas ou regulamentações similares). Alguns quadros necessitam uma
transformação, renovação, revitalização, regeneração, ou outras acções similares, não
somente com normas, se não com planos mais específicos de segunda escala. Trata-se de
desenhar somente essas áreas, diferenciando duas tipologias:
Regulamentação ou Transformação. Usaremos AR ou AT respectivamente para cada uma
delas. Nessa simples e clara definição está a visibilidade que dá seu diferencial.
Posteriormente será possível, ou melhor, necessário, ampliar este apartado em outras
fases, que já não se corresponderão com o Plano Base.
- Lista de projectos Base realizados e a realizarem-se nos próximos 10 anos ou nos 10
anos anterior, trata-se de introduzir o esquema de planeamento estratégico de um modo
ágil e bastante directo. É baseado em alguns dos apartados da Pesquisa CIMES, em
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especial quando necessita a determinação e o listado dos projectos urbanos chaves ou
estratégicos (em principio os de maior escala ou âmbito geral na cidade, os pequenos
projectos de bairro de pequena escala, a menos que sejam estratégicos).
Trata-se de listar quais projectos chaves foram realizados nessa cidade nos últimos dez
anos, e quais projectos devem ser realizados nos próximos dez. Ao levar estes projectos a
cabo, é necessário pensar estrategicamente, e é necessário ter informações sobre quais os
projectos estão “maduros” (muitos dos quais provenientes das outras escalas superiores
de governo ou de inversões externas e/ou internas). Esta lista deve ser acompanhada de
um quadro de dados mas nesses projectos também podem estar desenhados os planos do
Plano Base. Em esse quadro é possível incluir os dados provenientes das Pesquisas
CIMES, embora possam ser mais detalhados se estão disponíveis as seguintes
informações:
- Dados sobre a economia representados no território: tipo de empresa, tipos de
trabalhos: percentagem das principais actividades, tamanho, número de vagas de
trabalho, se existe.
- Dados sobre o estado humano, social, educativo e sanitário do território: especialmente
em favelas ou residências com falta de condições básicas de habitabilidade, o número de
pessoas que não tem emprego, e acesso aos serviços básicos de saúde e educação.
- Dados sobre questões culturais: instituições, clubes, associações, ONG´s, etc.
Opcionalmente e em caso de que exista informação, seria importante ter plano de relação
entre cidade e território, assim como a descrição física das redes de conexão desta escala
territorial da cidade. Seria desenhar um plano, para tornar bastante visíveis as conexões
de algumas das redes e/ou sistemas de transporte e serviços, para ver as dimensões mais
cotidianas das relações de intermediação dessa cidade e seu território. Optamos por pedir
o traçado das redes de transporte territoriais e o sistema hídrico dessa cidade e desse
território.
A rede de transporte: basicamente as linhas de ônibus ou similar que unam essa cidade nó
com os núcleos ou os territórios mais próximos. Optamos por medir e desenhar os
itinerários e, se existem dados, o volume de passageiros e/ou transporte de mercadorias.
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O resultado será um esquema de “vínculos” e itinerários em forma de linhas, adaptadas às
formas dos eixos viários, rodovias e estradas. Para facilitar a compreensão vamos chama-
la malha. Se for possível, além de desenhar a malha é necessário medir a longitude de
cada linha da malha. Com esta informação e/ou proposta (seria interessante adicionar em
cores diferentes os trechos que não estão servidos e que deveriam sim estar servidos).
Com sua forma física é possível descrever esse território. Ver incluso se é planície ou
montanha, pois os traçados das linhas de “vínculos” são bastante descritivos.
O sistema hídrico desta cidade. Uma forma de tornar visível o impacto ambiental e/ou
superar o “vestígio ecológico” é medir e desenhar a bacia hídrica da cidade. Chamaremos
bacia hídrica à superfície de território delimitada pela bacia hidrográfica, desde a parte
mais elevada dos vales fluviais, que alimentam o fluxo de agua, que por sua vez alimentam
a cidade. Será desenhado esse “vestígio ecológico”, por assim dizer, por que terá um lado
superior mais amplo (de onde vem a agua) e um lado menor (onde a agua desemboca).
Esta figura complementaria à anterior, será feita para obter a delimitação física
aproximada tanto funcional, como ambiental do espaço territorial ligado a ima “cidade
intermédia”. Para pensar em acções governamentais mais além do urbano.
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4- PLÃNO DE ÃCÇÃ O
Para o plano de acção o passo inicial seria a implementação do plano bairro, considerando
que a ideia não é produzir somente um trabalho para Universidade senão também fazer
deste um manual acessível a todos para além da utilização e compreensão dos seus
conteúdos, sirva de guia orientador aos profissionais interessados em desenvolver ideias
e conhecimentos sobre a matéria do sector urbano e do ordenamento territorial, e de
igual modo as pessoas comuns.
- O Plano Bairro como metodologia de intervenção escolhida para solução pontual da
problemática tendo em conta todos os fenómenos existentes no local, tem por finalidade
atingir resultados práticos.
Figura 18- Mapa da situação do município e sectores que o compõem.
No desenvolvimento dos trabalhos de aplicação do Plano Bairro ele deverá obedecer em
primeiro lugar um estudo detalhado da realidade local na vertente ambiental sobre a
produção de resíduos urbanos, em seguida se iniciar um trabalho metódico, e desenvolver
as fases do plano, baseadas num inquérito simples, que aliás é um passo importante para
se determinar outros aspectos que tenham a ver também com a análise do grau de
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conservação das infra-estruturas gerais existentes para se efectuar a caracterização dos
resíduos.
- Depois de um levantamento nacional e local, sobre resíduos hospitalares, regulamento
para construção aterros, resíduos de óleos, resíduos electro electrónicos, resíduos dos
pneus, recolha de resí duos domiciliar, comercial e pu blico, meios e equipamentos que
permitem a gesta o destes resí duos so lidos dentro e fora do perí metro urbano.
E dando sequencia a ordem da implementaça o do presente plano de acça o traria de
avaliar os seguintes elementos:
Finalidades.
A política de mobilidade urbana.
A produção social do habitat em Angola, via de resolução do problema da vivenda.
Sistema Nacional de Saúde.
Governança.
Situação energética em Angola, e sector industrial.
Ao descrever estes pontos principais estaria a definir como om plano de acção estari se
desenvolver, os pontos a seguir a estes consideraria de pontos complementares, por que
tratam de temas a considerar mas que não são grande realce em comparação com os já
citados, assim passe-se a descrição dos mesmos.
Finalidades:
- Redução, Reutilização, Reciclagem e Valorização dos resíduos.
- Criação de um sector – gestão de resíduos que garante benefícios económicos, sociais e
ambientais. Trabalhar num vasto programa de sensibilização sobre educação ambiental,
nas escolas do ensino primário e secundário com o propósito de atingir todos os alunos
em fase escolar sobre a matéria que se destina a desenvolver conhecimentos, hábitos e
habilidades voltadas a preservação do ambiente e do meio.
- Definir eixos estratégicos com metas específicas para responderem ao desenvolvimento
do país, com vista a garantir uma recolha indiferenciada eficiente, Implementação de
modelo de tratamento, valorização e deposição de RU (Resíduos Urbanos) recolha e
deposição do passivo existente, lançamento da recolha selectiva e estruturação dos fluxos
específicos, formação e sensibilização, modelo Institucional, modelo de financiamento. O
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Incremento da taxa de recolha de RU, Garantir o nível de serviço (ex.: cobertura,
frequência, qualidade dos meios) elaborar regulamentos provinciais/ Municipais e de
bairros e ajustar os contractos com as operadoras e assegurar a eficiência do serviço
implementando estratégia de adequação do tipo de meios às características de cada zona,
para a promoção da melhoria das infra-estruturas de base.
Figura 19- Aterro sanitária/ Ecocentro
Figura 20- Plataforma de triagem/ Plataforma de compostagem.
Recolher passivo disperso e assegurar solução de deposição para o mesmo, meta que Uma
vez atingida, leva-nos a concluir com o primeiro passo, e logo passar a fase subsequente
ainda na vertente ambiental, que seria o asseguramento do abastecimento de água
potável. Ãs Ãdministraço es Municipais e de Bairros, com as verbas disponí veis, devera o
privilegiar a execuça o de obras simples, e de fa cil operaça o:
- Furos com electrobombas alimentadas por paine is solarem.
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- Ãproveitamento de nascentes.
- Reabilitaça o de infra-estruturas de abastecimento existentes no meio rural.
- Ãs obras a executar sa o essencialmente, uma responsabilidade dos Governos Provinciais,
ou do Ministe rio de Energia e à guas.
-Garantir o abastecimento de água de modo regular e previsível, em qualidade,
quantidades e adequada, suficiente para as necessidades de cada agregado populacional.
- Assegurar a contínua sustentabilidade dos sistemas construídos/Reabilitados,
promovendo acções de mobilização social.
- Motivar o interesse de entidades privadas na operação e manutenção dos sistemas mais
complexos, criando condições para o retorno dos seus investimento.
- Criar condições para que a desconcentração e migração de competências seja
assegurada.
- Garantir ao nível das Administrações Municipais e de Bairros, recursos anuais para a
componente do saneamento.
- Criar contexto legal e contratual que permita contrataça o de serviços de operaça o &
manutença o dos sistemas mais complexos.
- Ãdopça o de modelos de Gesta o Comunita ria para assegurar a sustentabilidade dos
sistemas simples.
- Sensibilizar progressivamente as populaço es para a tema tica da
comparticipaça o/pagamento nos custos de exploraça o dos sistemas, reforçando
Institucionalmente a capacidade de gesta o das Ãdministraço es Municipais.
- Definiça o de um modelo institucional encarregue da prestaça o, dos serviços de
abastecimento de a gua e saneamento.
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Figura 21- Sistema para abastecimento de água zona rural
O saneamento e ambiente para estas iniciativas ou de planos de bairro, contempla cinco
grandes aspectos, considerados ba sicos:
Ãbastecimento de à gua.
Tratamento de Esgotos.
Controle de Vectores de doenças;
Recolha e Deposiça o final de Resí duos So lidos Urbanos.
Drenagem Urbana.
A par do que ocorre um pouco por todas as partes, as actividades destinadas à promoção
do saneamento incluem a protecção à qualidade do ar e das águas, repercutindo-se
favoravelmente na saúde humana. Uma vez ultrapassadas estas fases, pode-se tratar de
discutir e avaliar a questão da mobilidade urbana, que na generalidade refere-se ao uso
do espaço público, com a finalidade de gerar nas pessoas a menor dependência de
veículos automóveis para se deslocar em distâncias admissíveis de serem vencidas a pé e
também, desenvolver o sentido de pertença e partilha do espaço, fazendo com que os
habitantes do local conheçam e protejam o espaço em que habitam.
A mobilidade urbana é um atributo e uma condição das cidades, associado às pessoas e
actores económicos no meio urbano, que procuram efectivamente atender e suprir as
suas necessidades de deslocação. No entanto, ela resulta da interacção entre a deslocação
de pessoas e bens com o meio urbano.
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4.1- A POLÍTICA DE MOBILIDADE URBANA - Permite a promoção do desenvolvimento urbano inclusivo e sustentável.
- Melhora significativamente a qualidade de vida urbana.
- Representa o conforto de serviços e meios de deslocamento de pessoas e bens,
sobretudo a segurança dos cidadãos.
A questão do ordenamento território na mobilidade Urbana, deve ser entendido como
sendo a aplicação no território das políticas económico-sociais, urbanísticas e ambientais,
visando a localização, organização e gestão correcta das actividades humanas. Pressupõe
dentre outros, a organização de sistemas de infra-estruturas viárias e de transportes
eficazes, somente através da articulação entre os factores económicos, sociais e de usos e
ocupação do solo (ordenamento do território) é possível pensar e estabelecer as
directrizes e os princípios fundamentais para que nossas cidades construam uma
mobilidade urbana ambiental e socialmente sustentável e inclusiva. Porém toma-se este
conceito para intervir de modo auto-suficiente a nível de bairro, para assim termos uma
fluidez na circulação e conexão de bairro aos centros urbano, e deste para os pontos de
maior assentamento urbano e concentração do serviço. Através de um levantamento,
tomam-se as ideias gerais de como intervir na solução da mobilidade com ajuda de um
estudo de diagnóstico integrado de circulação rodoviária, e serviços.
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Figura 22- Eixos de conexão rodoviária interprovincial - Bié/ Huambo.
Uma solução eficiente para a circulação automóvel e pedonal, passa por um planeamento
territorial integrado entre os vários actores que intervêm no território. Quando não existe
um planeamento do território adequado, geram-se conflitos de natureza distinta, que
mesmo com investimentos consideráveis, na maior parte das vezes não são resolvidos.
Assim, o ordenamento do território constitui a justo título, a base fundamental para a
gestão sustentável do território, mediante a implementação dos instrumentos de gestão,
os planos territoriais e urbanísticos nomeadamente (PDM, PU e PP). Porque se deve
estimular a circulação pedonal nos bairros e no centro urbanos? Esta questão pode ser
respondida começando por dizer que hoje, a exploração urbana está provocando
problemas sociais e económicos graves, a saúde das pessoas está mais ameaçada, a
violência urbana torna-se cada vez mais incontrolável, a economia é prejudicada, dai a
necessidade de criar outras formas de mobilidade sustentável.
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Figura 23- Contrastes rodoviário / Contrastes viário
Quando uma cidade proporciona mobilidade à população, oferece as condições
necessárias para o deslocamento das pessoas, ter mobilidade é conseguir locomover-se
com facilidade de casa para o trabalho, do trabalho para o lazer e ou para qualquer outro
lugar onde uma pessoa tenha vontade ou necessidade de estar ter mobilidade urbana é
utilizar um transporte público com a garantia de que se chegará ao local e no horário
desejado é ter alternativas para deixar o carro em casa e ir para o trabalho a pé ou no
transporte colectivo.
Entende-se por mobilidade, o trânsito de pessoas e por sustentável a busca de equilíbrio
entre desenvolvimento económico, protecção ambiental e justiça social. Pensar numa
forma de mobilidade sustentável é pensar num desenvolvimento urbano capaz de
proporcionar um serviço de transporte público urbano integrado, eficiente e de
qualidade, garantido entretanto um meio ambiente que resulte na melhoria e no uso do
espaço urbano e qualidade do ar e sustentabilidade energética e por conseguinte a
Inclusão social Acessibilidade para peões e ciclistas. Ao promover e criar este nível de
serviço às pessoas consegue-se imensas vantagens, que resultam no equilíbrio social,
económico e humano como:
Redução significativa dos gases poluentes em meio urbano.
Adopção de medidas que desestimulem o uso do automóvel.
Redução do ruído nas cidades.
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Mobilidade suave (andar a pé ou de bicicleta) favorecendo a diminuição da
poluição sonora.
Desocupação do espaço público.
A mobilidade sustentável liberta o espaço público, que pode ser ocupado por
jardins, escolas, ou mesmo espaços comerciais como esplanadas.
A qualidade da mobilidade proporcionada por uma cidade pode medir-se segundo dois
eixos:
- O primeiro é a sua Multimodalidade, ou diversidade modal (isto é, idealmente, todos
os modos de transportes devem ter lugar na cidade, dos mais lentos aos mais rápidos, dos
individuais aos colectivos, dos motorizados aos não motorizados)
- O segundo é o da Inter - modalidade, que se pode descrever como a facilidade com
que os utilizadores do sistema de transporte passam de um modo a outro.
Ao se desenvolver um sistema de transporte integrado, ou integração intermodal, que é a
integração de dois ou mais modos de transporte, tende a potencializar a prestação dos
serviços, além de beneficiar os utilizadores com a geração de novas rotas de transporte e
opções:
Integração ferroviária/Auto passeio.
Integração ferroviária/rodoviária.
Integração rodoviária/Auto passeio.
Integração rodoviária/rodoviária.
Integração rodoviária/marítima.
Integração rodoviária/ferroviário/aéreo.
Integração rodoviária/marítima/ferroviário.
Integrar os sistemas de transporte de passageiros de forma a garantir a ampliação das
possibilidades de acesso ao ambiente urbano, deve buscar:
- Ampliação das infra-estruturas viárias, dos Sistemas de Transporte Rodoviário
(transporte urbano e interprovincial), bem como no transporte ferroviário.
- A Estação intermodal, deverá integrar o Transporte Aéreo, o Serviço de Transporte
Urbano Regular de Passageiros, o Serviço de Transporte Interprovincial de Passageiros e
o Transporte Ferroviário com o Caminho-de-ferro. Ao por em funcionamento todos estes
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serviços, deve ser pensado um procedimento de comparticipação ou serviço que seria a
bilhética que é um conceito usado nos transportes públicos que consiste basicamente no
pagamento do valor das passagens de forma electrónica, utilizando dispositivos especiais,
como os Smart Cards ou similares.
Figura 24- Circuito de conexão modal
Figura 25- Proposta de terminal.
A integração tarifária entre os diversos modais de transportes promove justiça social,
elimina as discriminações geográficas, pois qualquer que seja o local onde o utente mora,
ele pode ir ao local de trabalho, estudo, lazer, etc., pagando uma única passagem, ou pouco
mais do que isso, democratiza o espaço urbano, permite deslocações entre quaisquer
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pontos da cidade com o pagamento do valor correspondente a uma única passagem, ou
pouco mais do que esse valor.
Os serviços agregados ao sistema de bilhética, permite a criação de redes de integração
possibilitando ao utente fazer várias viagens pela rede de transportes (ou mesmo entre
redes distintas), pagando um valor mais reduzido que o valor de cada uma das passagens
(bilhete integrado ou Passe Social), melhor gestão da rede de transporte possibilita
ajustes, como o incremento do número de veículos circulando numa linha, integração com
outros sistemas rastreamento por GPS, controlo rigoroso das subvenções acordadas entre
o estado e os operadores.
A integração entre as entidades gestoras da mobilidade urbana, deve estar baseada em
três áreas integradas e complementares:
- Engenharia de tráfego; gestão do ambiente urbano visando o uso equilibrado entre os
diferentes modais de transportes.
- Educação; com acções integradas entre informação ao utente e hábitos de utilização dos
serviços públicos.
- Fiscalização; tanto da legislação de gestão do trânsito quanto dos Sistemas de
Transportes.
Estas três áreas devem buscar formas de que suas acções sejam elementos para garantir a
qualidade do ambiente urbano e a melhoria gradual dos serviços ligados à mobilidade
fazendo com que cada integrante actue segundo as suas competências e atribuições
técnicas, assim, as acções de engenharia de trafego lhe competirá planeamento, operação
e controle do trânsito, estudo das características de tráfego, colecta e análise de dados
pertencentes ao tráfego, operação de tráfego, medidas às quais se deve recorrer para que
as operações de tráfego sejam eficientes e seguras, planeamento de tráfego e transportes,
planos de tráfego e transportes de modo a assegurar um sistema seguro, bem ordenado e
plenamente integrado e sustentável, realçando a vertente económica.
Deve- se ainda pensar nas medidas integradas para melhoria da circulação, gestão do
espaço público de estacionamento, medidas integradas para a melhoria da circulação a
fiscalização, autuação e remoção dos veículos que se encontram em contravenção com o
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código da estrada, restrição a circulação de veículos pesados no casco urbano, criando
restrições no horário, fazendo com que os veículos só poderão circular em determinadas
ruas e em horários determinados, restrição efectiva, os veículos pesados estarão
impedidos de trafegar em ruas específicas do casco urbano, licenciamento das actividades
comercias, os licenciamentos de obras ou abertura e adequações de imóveis para
actividades comerciais, junto às infra-estruturas viárias devem considerar a afectação de
espaços mínimos para estacionamento.
As Infra-estruturas Urbanas devem ser suficientemente capazes de gerar melhoria na
mobilidade, as referidas infra-estruturas podem ser variáveis de acordo com a
padronização e necessidade do seu uso, ou seja implantação de vias exclusivas (faixa Bus)
com prioridade de uso do espaço viário para os veículos colectivos de transporte em
sistema integrado.
A implantação de faixas bus ou faixa amarela de uso prioritário ao transporte público visa
a melhoria dos tempos de viagem para os seus usuários, a reserva de espaço possibilita:
Ampliação da frequência e no aumento da velocidade comercial dos autocarros
Maior controlo operacional, aumentando a eficácia do sistema de transportes
Transporte público colectivo como prioridade nas deslocações quotidianas,
Sejam elas de carácter profissional ou lazer.
Melhor pontualidade e regularidade.
Figura 26- Faixa de uso prioritário de Bus/ Eixos de circulação rápida.
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Veículos articulados e biarticulados que circulam em vias exclusivas, como modelo de
transporte colectivo de média capacidade, e composições com capacidade para 1200
passageiros.
Cidades como Curitiba, Goiânia, Bogotá, Joanesburgo, Rio de Janeiro, já adoptaram o BRT
(Bus Rapid Transit) como um meio de transporte público mais barato de construir do que
um sistema de metropolitano, com capacidade de transporte de passageiros similares à
de um sistema ferroviário ligeiro em substituição de comboios convencionais por
comboios compostos que têm como vantagem:
Redução do consumo energético.
Redução dos impactes ambientais.
Aumento do conforto e da segurança no transporte.
Modo de transporte estruturante para as actividades económicas.
Modo de transporte que contribui para o ordenamento do território.
Estruturante no contexto da oferta de transporte e nas ligações intermodais.
Modo de transporte com elevada mobilidade.
Manobra da material circulante mais facilitada.
Implantação de uma rede ferroviária para o transporte de passageiros visa dar uma
resposta de capacidade e de qualidade no domínio das acessibilidades e da mobilidade a
longo prazo.
Esta proposta é direccionada para a ‘cidade do futuro’ e não se propõe a ser a solução dos
problemas de congestionamento na actualidade, a rede proposta busca atender à
expansão urbana e dimensão demográfica futura, mas serve de linha orientadora para
minimizar os complexos problemas da actualidade a nível dos bairros e das cidades, com
tendência de rápido crescimento do seu índice demográfico. Para que atinjam os
resultados dos processos de mobilidade, ate aqui descritos e analisados, como proposta
de solução para as questões em análise e parta o estudo de caso, definem-se alguns
elementos que chamaria de princípios norteadores na concretização dos processos
integrado no Plano base\bairro que no caso seriam:
Prioridade ao transporte público colectivo de passageiros.
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Implementação de um sistema de transportes urbano, suburbano e regional eficaz.
Uso equitativo do espaço urbano.
Implantação do estacionamento pago.
Melhoria contínua da capacidade do Sistema de Transportes.
Implantação de um sistema sustentável e autónomo.
Restrição ao uso indiscriminado do transporte individual.
Melhoria nas condições infra-estruturais, normativas e administrativas para
operacionalizar e melhorar a quantidade e a qualidade do Transporte Público.
4.2- A PRODUÇÃO SOCIAL DO HABITAT EM ANGOLA, VIA DE RESOLUÇÃO DO PROBLEMA DA VIVENDA.
Figura 27- Produção de materiais para habitação/ Construção sobre linhas de água.
Desde o fim da guerra em 2002, e com a chegada da paz, Angola tem avançado muito
rapidamente em todos sectores e a situação a nível político e económico têm melhorado
consideravelmente. O país está em plena reconstrução depois da destruição de
importantes infra-estruturas económicas e sociais provocadas pelo longo conflito. Tendo
em conta esta situação, os indicadores sociais melhoraram, e deverão mostrar resultados
positivos nos próximos anos e permitir uma importante redução da pobreza em todo o
país. Os avanços no sector económico são impressionantes, com a taxa de crescimento do
PIB das, mais elevadas de África em 2006 (aproximadamente 20%) e o controle da
inflação (12.2% em2006).
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Os rendimentos petrolíferos representam um motor para a economia e para o aumento
das despesas públicas, contribuindo para o ritmo elevado de reconstrução do país. Mas
estão igualmente a ter um efeito positivo no desenvolvimento dos sectores não
petrolífero. A dívida pública foi reduzida consideravelmente e as reservas monetárias são
significativas. Contudo, o Governo está consciente da necessidade de promoção da
diversificação da economia, particularmente no sector agrícola, no qual Angola dispõe de
um potencial importante, e em outros sectores que podem gerar empregos.
No domínio social, muitos progressos deverão ser, atingidos, tendo em conta o número
importante de grupos vulneráveis (deslocados e refugiados em processo de reinserção
social, população vivendo em condições muito difíceis se crianças). Os indicadores sociais
são fracos, sobretudo no sector da saúde (taxa de mortalidade infantil de crianças com
menos de 5 anos é de 25%, e a taxa de mortalidade materna é de 14 por mil). A situação
epidemiológica é preocupante, particularmente devido à epidemia de cólera. Neste
contexto, o acesso à água potável surge como uma prioridade imprescindível. No domínio
da educação, apesar dos esforços realizados pelas autoridades em termos de construção
de infra-estruturas escolares, de formação e contratação de professores, a qualidade da
oferta pedagógica continua a ser um desafio.
A problemática do reforço de capacidades e de recursos humanos são os principais
constrangimentos para o desenvolvimento sustentável do país, afectando directamente o
sector público. Contudo, o estado continua a encontrar dificuldades na planificação e na
gestão dos assuntos públicos tendo em conta o número insuficiente de quadros
qualificados necessários para desempenhar cabalmente as suas prerrogativas.
Este diagnóstico é partilhado tanto pelas autoridades nacionais como por todos os
parceiros internacionais de desenvolvimento. Em 2004, o Governo adoptou a Estratégia
de Combate à Pobreza (ECP) que identifica os sectores prioritários de intervenção tais
como:
Reconstrução e reabilitação de infra-estruturas.
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4.3- SITUAÇÃO SOCIAL Antes da realização do ultimo censo (Maio de 2014), estimava-se que Angola tinha uma
população de cerca de 15 milhões de pessoas em 2005. A falta de conhecimento da
distribuição geográfica da população é um constrangimento significativo para se
elaborarem planos baseados nas necessidades das populações e na determinação de
indicadores sociais precisos.
A população está a crescer a um ritmo importante (3% anualmente) impulsionada por
uma alta taxa de fertilidade (7 crianças por mulher, em média). Como consequência,
quase metade da população total tem menos de 15 anos, o que provocará uma forte
procura de serviços básicos de saúde e educação nos próximos anos. Apesar do rápido
aumento da população e das modestas melhorias nos indicadores da saúde desde o fim do
conflito, as taxas de mortalidade são ainda altas.
A guerra provocou uma grande concentração de população nas áreas urbanas e
importantes movimentos de deslocados internos em direcção às zonas costeiras mais
seguras. O processo de regresso dos deslocados internos e refugiados terminou no fim de
2005. Uma pesquisa levada a cabo pelo PAM em 2005 mostrou que 67% de agregados
familiares em áreas rurais e periurbanas do Planalto estiveram deslocadas por um
período médio de 6 anos, durante a duração do conflito. A reinstalação dos deslocados
internos foi feita através da distribuição de alguns meios que tiveram um impacto directo
na pobreza rural e vulnerabilidade.
Não obstante o regresso de uma grande parte de deslocados internos para as suas áreas
de origem, cerca de 50% da população deslocada permanece nas áreas urbanas. O nível
de saúde continua a ser motivo de preocupação, e os rácios de mortalidade em menores
de cinco anos (250 por 1.000 nados vivos) e de mortalidade materna (1.400 por 100.000
nados vivos) continuam a estar entre os mais altos do mundo. Além disso o contexto
epidemiológico é muito frágil como se pôde ver com a eclosão do surto de Marburgo e
reaparecimento do vírus da poliomielite selvagem em 2005.
O progresso lento – não obstante um aumento significativo da afectação de recursos em
saúde per capita (USD 71 per capita comparados com USD 42 na África sub-sahariana) – é
em parte devido, à ausência de pessoal suficientemente qualificado, mecanismos de
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coordenação ineficientes entre os diferentes sectores do governo e com os doadores, e
também à insuficiência administrativa. O Ministério da Saúde ainda não aprovou a política
nacional e a estratégia a médio prazo que poderão trazer orientações para a integração
dos programas verticais. Embora as taxas de prevalência do vírus do HIV/SIDA estejam
entre as mais baixas da região (2,8% em 2004), existe o risco de que elas aumentem
rapidamente na medida em que a movimentação de pessoas também se intensifique.
A este respeito, uma Comissão Nacional e um Instituto Nacional de luta contra o
HIV/SIDA foram criados em 2004, embora estas instituições tenham ainda fraqueza s
institucionais, em especial na implementação efectiva das actividades nas províncias e
nos mecanismos de coordenação. Para enfrentar esta situação o Governo implementou
desde 2005 um programa de reabilitação ou reconstrução permitindo que a cobertura
sanitária actual seja de 295 centros de saúde e 1600 postos de saúde, e com a 20
construção de novos hospitais (9 hospitais centrais e 50 hospitais gerais.
O número de médicos e enfermeiros aumentou (total actual de 1400 médicos e 35.500
enfermeiros), mas mesmo assim é considerado insuficiente. A evolução do sector da
saúde permitiu constatar resultados mais positivos na cobertura de vacinação e melhor
controlo da lepra embora ainda se registem taxas elevadas de mortalidade infantil
(menores de 5 anos). Não obstante, a situação sobre a malária e as doenças respiratórias
não melhorou. A população com acesso a serviços de saúde manteve-se em 30-40% em
2005 e a população com acesso a medicamentos aumentou de 25% para 30%.
A situação no sector de educação está a mudar positivamente: segundo informações
disponíveis, a taxa bruta de inscrição no ensino primeiro em Angola foi de 92% em 1990,
62% em 1995 e 64% em 2000. As percentagens de matrículas aumentaram
substancialmente desde 2003 com a contratação por parte do Governo de 71.000
professores e foram feitos esforços na construção de escolas primárias. Actualmente as
percentagens de matrículas estão acima dos 100% o que reflecte o enorme número de
crianças que foram excluídas anteriormente do sistema escolar. Porém, ainda existem
sérias preocupações relativamente à qualidade do ensino, uma vez que uma parte dos
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professores não possui qualificações suficientes, estão irregularmente distribuídos, e
livros e outro material pedagógico não existem em quantidades suficientes nas escolas.
Como resultado, as taxas de reprovações continuam muito altas (apenas um terço das
crianças completa a instrução primária e só 8% o fazem sem reprovação). Com base no
Programa de Desenvolvimento dos serviços de educação, as autoridades conseguiram
aumentar a partir de 2005 a oferta da educação, através de um número mais elevado de
salas de ensino (mais de 190 escolas foram reabilitadas) e de mais pessoal pedagógico
(incluindo professores). Esta situação permitiu aumentar a taxa de inscrição primária
acima mencionada, passando o total a ser de 3,1 milhões de alunos.
Em 2008, a projecção para o sector primário é de 3,8 milhões de alunos. Está previsto o
aumento do número total de alunos do ensino primário, secundário e superior de 4,8
milhões (em 2005) para 6 milhões (em 2008). O aumento importante das despesas
públicas levou a um incremento das despesas dos sectores sociais (em termos absolutos),
mas a afectação de recursos para a saúde (4,4% em 2006) e educação (3,8% em 2006)
diminuíram relativamente, em termos de percentagem em 2004-06. Por sectores, os
níveis de execução orçamental têm sido baixos – em parte devido à falta de capacidade de
absorção – e tem havido um significativo desajuste na distribuição intra-sectorial de
recursos em detrimento da saúde e educação primária. A alocação global a estes sectores
aumentou moderadamente em 2007 (3,68% e 5,61% respectivamente).
Embora Angola seja signatária de vários acordos internacionais que promovem a
igualdade do género existe fraca capacidade de implementação e há necessidade de
instalar instrumentos efectivos de avaliação. Como resultado, será necessário ter em
consideração uma certa falta de equidade relativa ao género, especialmente na educação
secundária e universitária, ausência de mulheres entre os governadores das províncias, e
o facto de que apenas 16% dos assentos parlamentares são ocupados por mulheres.
O sistema nacional de saúde, tem-se inserido no processo de normalização da vida
Socioeconómica e institucional, decorrente da assinatura do Acordo de Entendimento de
Paz de Luena (Abril de 2002). Contudo, apesar de quase estabilizado o processo de
reinserção de quase 4 milhões de pessoas deslocadas da sua área de origem, da
reactivação da actividade agrícola, da evolução positiva do processo de desminagem, da
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expansão progressiva da rede escolar e sanitária, da reabilitação das infra estruturas
rodoviárias, água e energia em curso, persistem ainda elevados níveis de pobreza e uma
elevada vulnerabilidade da população traduzida nos elevados níveis de morbilidade e
mortalidade, em especial das crianças e das grávidas e na eclosão de surtos epidémicos
recentes (Marburgo, cólera e reintroduzirão do poliovírus selvagem).
As condicionantes mais próximas desta situação situam-se na deterioração profunda das,
condições ambientais, em especial das áreas de concentração urbana, por níveis de
saneamento, aprovisionamento de água potável e habitação adequado muito baixo, nível
educacional da população muito baixo e fraca capacidade do sistema de saúde de detectar
e de reagir oportunamente e com o vigor exigido pela magnitude e gravidade dos
problemas.
A actual livre circulação de pessoas quer no interior do País quer para o exterior do País,
embora ainda condicionadas ao mau estado da maioria das vias rodoviárias e
inacessibilidade de algumas áreas mais remotas e o rápido e descontrolado processo de
urbanização, colocam desafios particulares a nível da saúde pública, em especial na
necessidade aproveitar o oportunidade de manter a níveis controláveis a infecção por HIV
(estimada em 2,8%) e de limitar a escalada da violência, reflectida no aumento da
sinistralidade rodoviária, violência doméstica e da delinquência infanto-juvenil urbana.
Apesar da baixa densidade populacional média do País, os altos níveis de mortalidade,
materna, de gravidezes precoces e de fecundidade implicam uma atenção especial à saúde
reprodutiva e sexual, no quadro de uma política de população mais global.
4.3.1- SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE
A resposta às necessidades em saúde da população é assegurada por um sistema
multiforme de complexidade crescente onde se identificam componentes:
- Públicos, o principal – Serviço Nacional de Saúde - tutelado directamente pelo Ministério
da Saúde a nível central e pelos Governos Provinciais a nível provincial, embora sejam
importantes também os sub-sistemas de saúde das Forças Armadas, Polícia e empresas
públicas - Sonangol e Endiama.
- Privado lucrativo, florescente e com baixo controlo, em especial nas áreas urbanas.
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-Privado não lucrativo em especial assegurado através de Igrejas e outros actores não
estatais, sector tradicional, em especial nas áreas rurais, onde contribuem para melhoria
do acesso e equidade.
As Parcerias Públicas/privado não lucrativo têm vindo assumir um papel crescente, em
especial a nível dos municípios.
4.4- GOVERNANÇA
O do sistema nacional de saúde, está concentrada no nível executivo, a nível central no
Ministério de Saúde e Ministério das Finanças (atribuição de recursos financeiros) e nas
províncias e municípios nos Governos Provinciais. Apesar do processo de
desconcentração em curso, predominam ainda as orientações de “cima para baixo”. Ã
Liderança do Ministério da Saúde é frágil e difusa, sendo a capacidade de regulamentação
e os mecanismos de acompanhamento e controlo limitados. O processo de elaboração de
política nacional e definição estratégia de saúde a médio prazo não estão concluídos e não
tem feito progressos sensíveis.
A capacidade de implementação é fraca e o processo de atribuição de recursos são muitas
vezes inconsistentes com os planos e prioridades estabelecidas. As limitadas
competências em gestão aos diferentes níveis de serviços e da administração contribuem
para situação. Aos diferentes níveis, são ainda incipientes os mecanismos de planificação,
orçamentação e de prestação de contas. A monitoria do sistema, está comprometida pela
ausência de censo populacional actualizado (último 1970) e pela debilidade ainda
persistente do sistema de informação, com fluxos paralelos, cobertura limitada e
integrando dados (nem sempre os mais relevantes) e de qualidade desconhecida e por
isso de uso limitado pelos diferentes níveis decisórios.
O Financiamento público, embora reflectindo progressos, a nível de execução de despesas,
per capita de 15 USD em 2002 para 28,8 USD em 2005, só reflecte uma média de 4,4% das
despesas públicas de 2002-2005 (manifestamente inferior à média-7,5%- da SADC e
longe do compromisso de Arusha- 15%). Este nível de financiamento é inadequado
principalmente a nível da rede primária, que deveria ser a politicamente priorizada, com
uma concentração hospitalar A tendência decrescente a nível da categoria de bens e
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serviços, tem contribuído para dificuldades de funcionamento da unidades sanitárias
periféricas, em especial no fornecimento regular de medicamentos essenciais. Não há
elementos consistentes sobre a contribuição dos doadores no sistema, que poderiam
estar entre 7% a 17% (em 2005).
Os custos directos das famílias, na comparticipação dos custos nas unidades sanitárias,
poderão variar entre 19% a 57% (área rural) da receita familiar (PASS 2005-Estudo da
comparticipação), constituindo para além de um fardo social enorme, uma barreira ao
acesso de cuidados essenciais, sobretudo em relação grupos sociais mais pobres. A
disponibilidade e cobertura da Rede Sanitária na Região de intervenção do PASS, (18 %
da área do País, mas 70 % da população total de Angola) traduz as dificuldades de acesso
e de desigualdade entre as diferentes províncias, traduzindo que importantes
assentamentos humanos não terão acesso físico às unidades existentes. Estas assimetrias
são reflectidas também no interior de cada uma das províncias.
A disponibilidade e cobertura de serviços em especial os referentes á saúde da mulher,
criança e na luta HIV/SIDA, reflectem baixas coberturas no atendimento à mulher grávida
– consultas pré-natais e partos, e crianças – cobertura vacinal de rotina e no atendimento
curativo – hospitalizações e consultas. Os serviços essenciais previstos no Regulamento
Geral das Unidades Sanitárias da atenção não têm ainda uma integração aceitável a nível
das unidades sanitárias em funcionamento.
A Disponibilidade e Eficiência de Recursos os recursos humanos dos serviços dependem
significativamente dos enfermeiros (maioritariamente de nível básico), com os médicos
concentrados sobretudo em Luanda e nas sedes provinciais. Em termos gerais, verifica-se
um baixo volume de serviços, em média cerca de 1600 unidades de atendimento por 1000
habitantes e uma baixa produtividade. Ganhos adicionais substantivos podem ser
alcançados, sem mobilização adicional de recursos humanos, desde que melhore a
capacidade organizativa dos serviços, apetrechamento com equipamentos essenciais e
mecanismos de supervisão e apoio logístico adequados.
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4.4.1- SITUAÇÃO ENERGÉTICA EM ANGOLA, E SECTOR INDUSTRIAL
A análise da situação energética de Angola apresenta especificidades que decorrem
sobretudo do longo período de guerra que o país sofreu, do seu posicionamento
geoestratégico e da conjuntura internacional. Tanto nos anos de guerra civil como nos
últimos 5 anos de paz, a economia do país alicerçou-se nas exportações petrolíferas, das
quais continuam a depender mais de 80% das receitas do Estado. O aumento importante
dos preços internacionais do petróleo veio trazer um maior, dinamismo económico ao
país, num momento em que se faz sentir a necessidade de recursos financeiros adicionais
para a recuperação das infra-estruturais sociais.
Contudo, esta abundância, do petróleo bruto disponível contrasta com graves carências
internas ao nível dos produtos energéticos de consumo tanto industrial como doméstico.
Angola importa grande parte da gasolina que consome e produz somente uma pequena
parte da electricidade que necessita. Apesar dos elevados recursos hídricos de que dispõe
e da vasta rede fluvial, com diversos rios de grande caudal aptos para a exploração de
energia hidroeléctrica, a deficiente laboração das barragens, bem como a ineficiência da
rede de redistribuição conduzem a um aproveitamento muito aquém do seu potencial. A
produção de gás natural só agora prevê o seu início e, à semelhança do petróleo, constitui
um sector de capital intensivo, portanto sem efeitos imediatos na criação de emprego.
O carvão mineral ainda não está em exploração e os seus efeitos sobre o ambiente são
conhecidamente nocivos. Por outro lado, Angola não dispõe ainda de dados estatísticos
qualificados que permitam aferir quanto os sectores da indústria e dos transportes
consomem anualmente em termos de energia. Sabe-se, no entanto, que as necessidades
são enormes e que a oferta está muito aquém da procura.
Em termos de energias renováveis, o projecto do etanol está concebido para os próximos
anos, mas levantam-se dúvidas em relação à protecção ambiental e à distribuição de
terras.
Petróleo: Angola possui reservas petrolíferas estimadas em cerca de 20 mil milhões de
barris. A costa angolana divide-se em 74 blocos de exploração em águas rasas, profundas
e ultra-profundas, dos quais apenas cerca de 30 estão operacionais. Angola é actualmente
o 2º maior produtor da África subsaariana, a seguir à Nigéria. O petróleo foi responsável
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por cerca de 90% das exportações nacionais e cerca de metade do Produto Interno Bruto
do país, representando perto de 80% das receitas fiscais, de acordo com dados oficiais. O
crescimento do sector petrolífero foi de 13,1% em 2006. A produção actual de petróleo é
estimada em 1,8 milhões de barris/dia, prevendo-se que venha a alcançar os 2
milhões/dia em 2008.É previsível a curto prazo, um aumento considerável das receitas
petrolíferas, impulsionado pelo constante aumento dos preços internacionais (próximo
dos USD 100) e pela entrada em funcionamento das novas jazidas recentemente
descobertas.
OPEP (Organização de Países Exploradores e Produtores de Petróleo) -. Angola tem
vantagens na adesão ao cartel, pois, na qualidade de membro de pleno direito terá um
papel a jogar nas políticas de protecção do sector e na definição de preços. Por outro lado,
o país passará a pertencer a um grupo mundial importante, podendo partilhar decisões,
na defesa dos seus interessas estratégicos, salvaguardando-se do isolamento dentro do
sector.
A Comissão do Golfo da Guiné - Vocacionada para a cooperação e prevenção de conflitos
no domínio dos recursos naturais e energéticos, integra Angola, Nigéria, Camarões, São
Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial, Gabão, Congo-Brazzaville e a RDC. A Comissão do
Golfo da Guiné surgiu da necessidade de se promover a estabilidade numa zona rica em
recursos naturais: o petróleo. O golfo da Guiné, deverá tornar-se, a médio prazo, o
principal pólo mundial de produção em offshore muito profundo.
Gás Natural: Encontra-se em preparação o início da produção de gás natural em Angola,
tendo sido firmado o Memorando de Entendimento, assinado em Abril passado entre a
Sonangol e as multinacionais, Eni Angola Exploration B.V., Chevron Angola e BP Angola.
Cotas de participação no consórcio Angolano isto é, a LNG Limited: Sonangol (22,8%),
Chevron (36,4%), Eni (13,6%) e BP 75 (13,6%). Este consórcio, actualmente está
empenhado na construção de uma central de liquefacção de gás com um capacidade de
produção de 5 milhões de toneladas/ano no município do Soyo província do Zaire a cerca
de 300 Kms de Luanda. O investimento está avaliado em cerca de USD 4 bilhão. As
instalações vão processar, em 28 anos, cerca de 220 biliões de metros cúbicos de gás,
produzindo assim 128 milhões de toneladas de gás natural líquido, 104 milhões de barris
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de condensados e 257 milhões de barris de gás GPL. O gás natural líquido é destinado ao
mercado Norte-americano e será regasificado nas centrais de tratamento de
hidrocarbonetos de Pascagoula, no Golfo do México.
Carvão mineral: O carvão constitui uma das alternativas ao petróleo na produção de
energia, contudo, é necessária a elaboração de um plano nacional de geologia, que
permitirá conhecer o potencial existente e as condições das reservas de carvão.
As áreas identificadas, quer em Cabo Ledo quer no Moxico, requerem estudos
complementares para se determinarem as quantidades existentes, tendo em conta o
carvão como um dos combustíveis fosseis mais abundantes e os actuais métodos de
aproveitamento para a produção de energia, esse recurso pode ser concebido como uma
reserva estratégica do país. O intercâmbio de experiências com outros países, tendo por
base a utilização de tecnologias que reduzem o seu impacto ambiental, deve ser
impulsionado.
4.4.2- EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AMBIENTE
A exploração ilegal e o abate indiscriminado e desordenado de árvores com vista à venda
de carvão vegetal persistem, sobretudo nas zonas rurais. Esta prática revelasse
comprometedora para a preservação das florestas e do ecossistema e decorre das
deficiências na distribuição doméstica de energia.
- Angola é um país rico em recursos energéticos e um exportador líquido de energia.
Precisa de investir e modernizar este sector, de modo a facilitar a electrificação das zonas
rurais e proporcionar maiores benefícios às suas populações.
- Angola deve aumentar a sua produção e o consequente acesso das populações a fontes
de energia por ser um factor de desenvolvimento e estimulador da actividade económica.
Só desta forma se poderá reduzir a pobreza e aumentar a qualidade de vida dos cidadãos.
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- Igualmente deverá ser efectuada a reabilitação dos sistemas existentes de energia, bem
como estimulada a entrada de novos operadores nas áreas de produção e distribuição,
visando fazer chegar o produto ao consumidor final a um preço acessível.
- É importante desenvolver um sistema de produção de dados estatísticos qualificados de
modo a aferir quanto os diversos sectores (indústria, transportes, habitações) consomem
anualmente em termos de energia.
É necessário definir uma política clara de preços nos diferentes vectores energéticos e
respectivas infra-estruturas de abastecimento. Uma política de preços livres no sector
eléctrico poderá ser utilizada como indicador de utilização de recursos e vector de
promoção da participação do sector privado. O país deverá investir agora em alternativas
energéticas, de preferência energias renováveis, dado o carácter finito do petróleo e do
gás.
Electricidade: A energia hidroeléctrica predomina como a principal fonte de electricidade.
Integrada no sector da Energia e Águas teve uma participação quase nula no PIB. Em
2005, essa participação era de 0,2 % do PIB, enquanto actualmente essa contribuição está
avaliada em 2%. Este crescimento deve-se aos investimentos em curso no sector, com
realce para a recuperação e edificação de barragens, linhas de transporte de energia,
subestações e redes de distribuição.
Estudos de viabilidade económica estão em curso para a construção de 3 novas barragens
ao longo do rio Kwanza cuja conclusão se prevê para os anos 2013 e 2014. Esse facto vai
contribuir para o aumento da produção de energia e a consequente melhoria no consumo.
Com base nos estudos preliminares, as três barragens terão cada uma capacidade de
gerar energia superior à do complexo hidroeléctrico de, capanda que tem uma capacidade
instalada de 520 megawatts. A região do Médio Kwanza tem potencial estimado em 6.700
megawatts. No rio estão já implantadas as barragens de Cambambe e Capanda, de
destacar que Luanda consome cera de 65% da electricidade produzida.
Sistema Urbano, e os projectos da habitação social.
Distinguem-se no âmbito territorial do Plano Director Municipal do Huambo dois núcleos
urbanos de maior relevância:
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A Cidade do Huambo, numa posição central, e o núcleo urbano da Chipipa, a Norte. No que
se refere ao núcleo de Calima, a Sul, prevê-se para o horizonte temporal do Plano a sua
deslocalização e transferência dos seus serviços administrativos e principais
equipamentos para Ngandavila (a Sul), que deverá, assim, ver acrescida a sua importância
e capacidade de polarização.
Do ponto de vista da estruturação funcional, toda a Província é polarizada em torno da
Comuna-Sede do Huambo, cuja Cidade congrega quer as actividades económicas mais
relevantes, quer os serviços e equipamentos mais especializados, com uma expressão
demográfica muito expressiva (cerca de 55% de toda a Província e 92% do Município, de
acordo com dados de 2006).
Fora da área do Plano, a Poente, importa ainda destacar o núcleo urbano da Caála, cujo
ordenamento e gestão, não obstante estar excluída do âmbito dos trabalhos do PDM,
deverá ser considerado em termos de estruturação do sistema urbano e ao nível das
opções urbanísticas a assumir.
Neste sentido, ao nível do sistema urbano provincial – com expressão no âmbito do Plano,
é possível desde já determinar a existência de um eixo fundamental, Nascente-Poente,
estruturado, em termos urbanos, em torno dos pólos correspondentes aos centros do
Huambo e Caála, cuja população será a segunda maior a nível provincial, de acordo com os
dados já citados para os Municípios da Província do Huambo, com cerca de 370 000
habitantes.
A um nível territorial mais abrangente, é em torno deste eixo que se dá a principal ligação
terrestre entre Benguela (a cerca de 300 km) e o Kuito (a cerca de 150 km), razão pela
qual também neste sentido, a Nascente, é possível identificar o prolongamento deste eixo,
ainda que com menor expressão (traduzindo uma menor capacidade de polarização deste
Município, com uma população, em 2006, de cerca de 470 000 habitantes, ligeiramente
superior à da Caála, sai prejudicado pela distância ao Huambo).
Este eixo tem ainda correspondência com o Caminho de Ferro de Benguela (CFB) que,
permitindo a ligação entre o Porto do Lobito, Benguela e a República Democrática do
Congo, constitui um dos principais canais de distribuição logística e de passageiros de
Angola.
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Um terceiro pólo urbano com importância para o sistema urbano do Plano é o núcleo
urbano da Ekunha, cujas ligações directas à Caála e ao núcleo urbano do Huambo, a cerca
de 30 km, permitem reconhecer uma triangulação importante entre estes três pólos que,
juntos, compreendiam, já em 2006, cerca de 76% da população total da Província do
Huambo. Quase equidistante da Cidade do Huambo, o núcleo urbano da Chipipa, a cerca
de 25 km para Norte, permite reconhecer um segundo eixo territorial, menos importante,
mas com possibilidades ao nível da estruturação territorial – permitindo o acolhimento
de actividades com maiores exigências de espaço (designadamente ao nível da
distribuição e da indústria mais pesada), constituindo assim uma alternativa e um
complemento, tirando partido da situação existente ao nível de serviços e equipamentos
já instalados e da menor pressão urbana, ao eixo Huambo-Caála.
A importância deste eixo é, de resto, confirmada por se estruturar em torno da principal
ligação rodoviária a Luanda, constituindo ao mesmo tempo uma alternativa de acesso ao
Porto do Lobito (via Hama).
No que diz respeito à zona Sul, a inexistência de ligações rodoviárias e de grandes núcleos
urbanos impede a definição de eixos tendenciais de estruturação urbana significativos,
sendo que a deslocalização de Calima (que dista cerca de 20 km da cidade do Huambo
mas que, relativamente à ligação a Chipipa, se encontra a um tempo de distância bastante
superior devido à má qualidade dos acessos actualmente existentes) deverá agravar esta
situação (não obstante a localização a Sul do Aeroporto, integrado ainda, no entanto, na
estrutura já urbanizada da Cidade do Huambo).
Por outro lado, considerando que a deslocalização das funções deste núcleo se dará para
Sul, para Ngandavila, a cerca de 50 km (agravando-se a distância à Cidade do Huambo), é
previsível que a nova sede da Comuna venha a estabelecer relações de outro tipo, mais
fracas e circunscritas, designadamente no âmbito de uma rede mais dispersa de pequenos
núcleos, e com outro tipo de apetência, mais orientada para actividades mais autónomas
e/ou subsidiárias da exploração da Barragem do Gove (designadamente turísticas).
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Figura 28- Esquema geral da estrutura urbana do município do Huambo.
4.5- EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA URBANA DA CIDADE DO HUAMBO
A fundação da Cidade do Huambo correspondeu a um acto administrativo de instalação
de novos centros de população que acompanhassem, por um lado, o avanço da construção
do Caminho de Ferro de Benguela (CFB) para Leste e, por outro, dessem resposta à
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necessidade de tornar mais eficientes quer o comércio, quer o armazenamento e
transporte de mercadorias entre o interior e a costa angolana.
Neste sentido, tanto a sua localização como o seu desenho urbanístico, desenvolvido a
partir de Julho de 1910 por encomenda do General Roçadas, resultaram de um acto
planeado de fundação de uma nova Cidade, cuja inauguração em 21 de Setembro de 1912,
sob Governo de Norton de Matos, confirmou definitivamente a importância estratégica,
comercial e política, desta nova centralidade.
Figura 29- Planta da cidade do Huambo: Anteprojecto do Engº Carlos Roma Machado (1911).
O Plano, de acordo com o seu autor, o Coronel de Engenharia da Reserva Carlos Roma
Machado, sujeitava-se a cinco condições principais:
Poder constituir-se como “um futuro sanatório de europeus, tanto da Província como do
Congo Belga, onde não há clima que se possa comparar com o do Huambo” e “ser um
centro de população onde as famílias brancas pudessem ir residir, com permanência, o
que até 1912 não tinha havido na província de Angola.
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Poder constituir-se como “um futuro centro de permuta comercial, exportação e
importação, pelo C.F.B., dos géneros e produtos de e para o Bailundo, Sabo e NW da Huila,
que com o Sambo e o Huambo está ligada por estrada de camiões”;
Poder constituir-se como “um futuro centro agrícola dos produtos da colonização de toda
a zona que rodeia o planalto.
Poder constituir-se como “um ponto de concentração das autoridades distritais e
empregados das repartições, inerentes a uma cidade capital do interior de Angola, e de
uma região tão vasta e salubre, como o planalto de Benguela”;
e finalmente, poder ser um centro ferroviário e industrial, onde se instalariam as oficinas
de caminho de ferro, oficinas de construção e reparação de carros e automóveis,
aparelhos de elevação das águas para as furnas, serralharias, marcenarias, moagens, etc.
Sintetizando, a estrutura urbana deveria constituir o suporte para a instalação de uma
centralidade com um carácter simultaneamente comercial, industrial, logístico,
administrativo e, naturalmente, habitacional, tirando partido das excepcionais condições
naturais do local escolhido.
Tendo em conta estes princípios, as condicionantes impostas pelo traçado do caminho-de-
ferro, a regulamentação aplicável e as precárias estradas então existentes, o Plano seguia
uma estrutura essencialmente radial, cujo centro correspondia à Praça 11 de Novembro.
Quanto à linha de caminho-de-ferro propunha-se que esta se constituísse como charneira
de todo o núcleo urbano, servindo de separação entre as áreas reservadas às instalações
afectas a actividades com maior risco para a saúde pública, a Norte, e as áreas afectas a
usos urbanos e à sua expansão futura que, de acordo com o Autor, deveria ser sempre
feita para Sul.
“O projecto tem a configuração geral de um círculo do qual irradiam nove faixas (tais são
as avenidas principais) que, saindo de uma rotunda, correspondem ao cruzamento das
estradas, a qual, directamente ligada com o C.F.B. por três avenidas, se adapta o melhor
possível ao terreno, ficando a linha férrea do lado do norte, isto é, do lado das encostas do
rio Cussavi, para o qual a cidade, a meu ver, não se deve prolongar, e em cujas encostas, e
na zona externa, se projectaram dependências sanitárias, que devem estar afastadas do
centro da população e zona interior, como são, lavandaria, matadouro, abegoaria
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municipal, forno crematório do lixo, depósito dos dejectos das fossas assépticas, para que
o vento dominante não leve as respectivas emanações para a cidade. De acordo com esta
grande opção urbanística, o Plano propunha uma distribuição funcional agregada de
acordo com o seguinte perfil:
Comércio Local e Serviços: “Os talhões para cartórios, bancos, teatros, casino e tribunal,
correio e repartições públicas, devem quási todos ficar na Rotunda, e a frente do edifício
da Câmara Municipal deve dar para o largo da estação de passageiros do C.F.B., ficando
perto da mesma”;
Habitação: Os talhões das concessões para moradias, obedecendo ao sistema inglês,
devem ter uma frente para as ruas largas ou avenidas, e outra para as ruas traseiras, mais
estreitas.
Mercados: No centro dos grupos de ruas e talhões vêem-se locais para três grandes
mercados.
Administração Pública: “Na parte onde, em 1912, ficavam as casas da missão, o Projecto
reservava local para o palácio e parque do Governador; em torno ficavam talhões
destinados à administração do concelho, repartição de fazenda, repartição agrícola,
escolas, e, fronteiro ao palácio, o espaço destinado a quartel da guarnição.”
Hospital, Igreja e Cemitério: “Do lado oposto oposto ao hospital para doenças contagiosas,
ficaria o cemitério e o seu crematório, e o espaço reservado para igreja de todos os
cultos.”
Comércio com o exterior e Logística: “Entre as duas avenidas que ligam a cidade com a
estação de mercadorias, ficavam os talhões destinados à permuta e comércio local com o
indígena, e recepção e exportação de mercadorias pelo C.F.B. (Caminhos de Ferro de
Benguela) Ficava assim o bairro de permuta e comércio com o indígena e o tráfego com o
C.F.B. isolado da parte central.
O plano – tendo presente a importância do caminho-de-ferro não só para o
desenvolvimento comercial da nova cidade, através do transporte de mercadorias, mas
também para a circulação dos seus habitantes - previa ainda, a localização de uma estação
de passageiros, entre a Avenida paralela à linha de comboios e o eixo da rotunda
proposta, dando assim uma resposta mais adequada à deslocação da população que
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evitava assim a estação de mercadorias, localizada a uma distância de cerca de 1700 m a
leste, mais afastada, portanto, do centro urbano.
Esta estação de passageiros, contudo, não se viria nunca a concretizar – conforme se
depreende da leitura dos sucessivos planos e plantas da cidade e da análise da situação
actual.
No entanto, a qualidade urbanística e adequação à realidade do Plano de 1912,
garantiram, não obstante pequenas alterações, a estabilidade e permanência até aos dias
de hoje da matriz urbana fundadora da cidade.
Neste sentido, o Plano desenvolvido já nos anos 40, pelo Arquitecto João António de
Aguiar, correspondeu sobretudo à necessidade de dar uma resposta à expansão da cidade
entretanto consolidada e não tanto à reformulação das principais opções – funcionais e de
desenho urbano – do Plano de Castro Roma.
Assim, conforme decorre da leitura do Plano, apresentado abaixo, as principais alterações
prendem-se com o prolongamento dos eixos anteriormente definidos e com a definição
do tecido edificado (desenvolvendo assim, de forma mais controlada, a ocupação dos
talhões apenas apontados anteriormente).
Figura 30- Plano geral de urbanização de Nova Lisboa - Ministério das Colonias/ Gabinete de Urbanização Colonial; Arq. João António de Aguiar (1947).
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Esta expansão privilegiou sobretudo os eixos da actual Avenida General Norton de Matos,
bem como o seu eixo simétrico, a Avenida 28 de Maio, para Poente. Contudo, a sua
execução teve resultados bastante distintos, conforme se depreende da comparação com
a situação actual. No que refere ao eixo da Avenida General Norton de Matos, a ocupação
posterior acabou por seguir as orientações do plano, preservando na generalidade os seus
principais momentos - Jardim da Cultura (designado no Plano como Praça Salazar) e
cruzamento perpendicular com a Avenida Salvador Correia, pontuada nos seus extremos
pela Igreja de Nossa Senhora de Fátima, a Sul, e Hospital Regional do Huambo, a Norte -
prolongando-o cerca de quatro vezes em relação ao Plano de 1912.Já no que refere ao
eixo da Avenida 28 de Maio, a ocupação posterior acabou por não corresponder ao
desenho do plano, verificando-se hoje uma ocupação e desenho de malha sem
correspondência com o Plano de 1947.
Figura 31- Planta da cidade de Nova Lisboa - Roteiro da Cidade de Nova Lisboa, Serviços Coloniais do Município (c. 1957).
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Outra importante alteração trazida pelo Plano de 1947 foi a abertura de uma nova
avenida, ligando de forma transversal ao novo eixo da Avenida Norton de Matos, o actual
Jardim da Cultura (já assinalado como talhão autónomo no Plano de 1912) ao arruamento
paralelo à Avenida do Caminho de Ferro (ligando portanto a Cidade Baixa à Cidade Alta), e
com esta a definição a Poente de um Parque urbano.
O Plano de 1947 permite ainda verificar a divisão deste parque em duas áreas de
características distintas: uma área de utilização mais intensiva a Sul, correspondente a
uma área verde de utilização mais intensiva, associada à instalação de um equipamento
público (marginando a Avenida General Norton de Matos), e por isso paisagisticamente
mais trabalhada, e uma segunda área, de desenho mais livre, a Norte, associada sobretudo
ao enquadramento do vale e da linha de água já referenciada no Plano de 1912, com uma
utilização menos marcada.
No entanto, de acordo com os grafismos da Planta de 1957, e por comparação quer com o
Plano de João Aguiar, quer com a situação existente, a manutenção desta área verde de
protecção do vale foi rapidamente desvirtuada após a entrada em vigor do Plano.
De facto, em menos de uma década, todo o limite Poente deste parque foi ocupado,
incluindo o seu extremo a Norte, onde a construção de um edifício em altura, procurou –
com alguma qualidade arquitectónica – pontuar de forma diferenciada todo o vale,
servindo ao mesmo tempo de peça de remate, recuada, da Praça do Mercado
(cuja escala, mais modesta, não deixa de revelar também uma diferença qualitativa
relativamente ao Plano de João de Aguiar).
O início da Guerra Colonial, em 1961, marca uma nova etapa no desenvolvimento urbano
do Huambo, acompanhando de resto a situação noutras cidades angolanas - “a
deterioração económica e a falta de confiança no futuro paralisaram o investimento,
encerraram alguns sectores (o da construção, por exemplo) e restringiram o comércio” 1.
Este cenário, contudo, não deteve a transformação da paisagem urbana angolana que
duplica entre 1960 e 1978.
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De facto, pelo contrário, a este primeiro momento de imobilidade, acabaria por suceder
um conjunto importantíssimo de alterações administrativas (entre as quais, a abolição do
Estatuto dos Indígenas e as resultantes da introdução de um novo Código do Trabalho
Rural, em 1962 ) cujas consequências sociais se fizeram lentamente sentir.
Não obstante o vigoroso desenvolvimento económico e o volume de investimento público
conhecido entre a década de 60 e 702; nas cidades e, em particular no Huambo, a situação
caracterizou-se mais como um compasso de espera, condicionado por um lado pela
expectativa dos conflitos armados que se desenvolviam fora das cidades e, por outro, pela
canalização dos fundos públicos na infra-estruturação territorial (estradas, aeroportos,
ferrovia, etc.) em detrimento do desenvolvimento urbanístico das cidades já consolidadas.
Assim, a comparação entre a situação descrita na Planta de 1957 e a do Plano Director de
Urbanização de Nova Lisboa, de 1972, cuja planta da situação existente se apresenta
abaixo, permite concluir que nesta década e meia a estrutura urbana da cidade pouco se
alterou.
As diferenças mais significativas correspondem sobretudo à compactação da estrutura
anteriormente definida, sendo que no essencial, não se verificam nem alterações à matriz
anterior, nem, por outro lado, se destacam novas áreas de expansão estruturada.
De qualquer forma, não obstante toda a ocupação urbana se continuar a fazer para Sul do
caminho-de-ferro, é já possível registar uma primeira bolsa de ocupação informal,
descontínua em relação ao centro urbano, ao longo da estrada para Chipipa, a Norte, bem
como a proliferação desregulada de novas construções para lá da malha definida
anteriormente para Nascente, no prolongamento da Avenida Teixeira Sousa, com direcção
ao Kuito.
Estas alterações configuravam já, de alguma forma, por um lado a pressão demográfica
resultante do conflito colonial (1961-1974) bem como, não menos importante, alguma
incapacidade e indecisão da administração para manter regulada a ocupação da cidade,
revelada pela ausência, ao longo de toda a década de 60, de um instrumento urbanístico
eficaz. Este fenómeno, de expansão descontrolada da cidade, continuou de resto – em
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etapas mais ou menos descontínuas – a marcar de forma decisiva, a partir da década de
60, toda a ocupação em torno da cidade do Huambo.
Figura 32- Planta da Situação Existente, 1972 (Equipamentos de Administração, Justiça e Segurança); Análise e diagnóstico do Plano Director de Urbanização de Nova Lisboa (2.ª versão, 1972); Profabril.
A carta militar à escala 1:100 000, da qual se apresenta a baixo extracto referente à cidade
do Huambo, executada sobre fotografia aérea de 1978, e actualizada em 1983, permite
verificar com enorme clareza o crescimento desmesurado das áreas ocupadas entre 1972
e o início desta década.
Não obstante a indistinção gráfica entre áreas planeadas e as áreas de ocupação mais ou
menos desregulada na periferia, a comparação com o orto-foto mapa apresentado de
seguida, de 2011, permite verificar com enorme clareza a diferença no terreno entre uma
e outra situação – assim como confirmar a continuidade desta dinâmica de ocupação
territorial, de grande precariedade, ao longo dos últimos 30 anos, quer através da
densificação, quer através da sua extensão.
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Figura 33- Carta Militar, Fonte: Instituto de Geodesia e Cartografia de Angola/Ministério da Defesa (1983)
Figura 34- Ortofotomapa, Fonte: Google Earth (2011)
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A sobreposição, apresentada na figura abaixo, entre as áreas urbanas consolidadas
assinaladas no diagnóstico do Plano Director de Urbanização de 1972 e as áreas contíguas
a estas ocupadas na actualidade permite-nos obter uma imagem bastante nítida da
relação entre umas e outras e perceber a real dimensão territorial deste fenómeno.
Esta relação de escala entre um e outro tipo de ocupações – em que as áreas de expansão
informal correspondem a cerca de onze vezes a área formalmente urbanizada –
demonstra bem, por um lado, como esta oposição constitui um traço fundamental dos
processos de concentração urbana em curso e, por outro, a necessidade de uma
perspectiva urbanística realista no sentido da orientação e regulação de um fenómeno
desta dimensão.
Para percebermos todas as implicações da desregulação urbanística que dominou o
desenvolvimento urbano da cidade do Huambo nas últimas décadas, poderemos dizer
que, aprovado o Plano de 1947, a cidade não mais voltou a conhecer outro instrumento de
planeamento e gestão urbanística plenamente eficaz.
De facto, mesmo considerando o Plano Director de Urbanização – cuja análise e
diagnóstico decorria ainda em 1972 – a verdade é que, entrado em vigor, as
circunstâncias não voltaram a permitir a sua eficácia, já que logo a partir de 1975,
deflagraria uma nova vaga de conflitos e instabilidade cujo fim só ocorreria já em 2002.
4.6- TIPOLOGIAS DE ESPAÇOS URBANOS (CIDADE DO HUAMBO)
Embora na sua evolução até à década de 70, a Cidade do Huambo corresponda a um
produto do urbanismo português – marcado ainda no início do século XX pelo
pragmatismo próprio de uma formação essencialmente militar e de engenharia e por uma
longa e contínua experiência de colonização de novos territórios através da fundação de
novas cidades 3 – distingue-se no entanto aqui um traço, comum a toda a colonização
angolana, específico que marca ainda hoje a sua imagem: a escala das soluções formais.
No caso da cidade do Huambo, um aglomerado que como vimos resulta de um acto de
planeamento territorial e urbanístico estreitamente articulado com o desenvolvimento da
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estrutura ferroviária, este traço evidencia-se desde o início, com o Plano de 1912, sendo
confirmado e desenvolvido pelo Plano de 1947, do Gabinete de Urbanização Colonial.
Como refere Maria Manuela da Fonte, “os Planos elaborados pelo GUC viriam a marcar
uma viragem determinante no panorama urbanístico de Angola, seguindo, na sua
generalidade o modelo da “Cidade-Jardim” ou o urbanismo formal da Escola Francesa.
Muito embora se reconheça nas cidades angolanas o modelo, a sua apropriação e
implementação era apenas parcial, traduzindo-se, essencialmente, na proposta de
habitação unifamiliar com jardim, alusão ideológica ao modelo burguês da casa com
jardim, nas áreas de expansão urbanas consideradas para habitação”. Ã mesma autora
acrescenta ainda que, “os planos deste período acabariam por ser o resultado firme e
pragmático da sujeição ao modelo por um lado e, por outro, do seu transporte e adaptação
a uma nova realidade, nomeadamente à escala e à forma específica de estar em Angola.
Apesar das semelhanças formais entre Portugal e Angola, são dignas de registo as
adaptações ao território angolano, em matéria de escala e do léxico utilizado.
A escolha de João António Aguiar, o mais activo e solicitado urbanista português entre as
décadas de 40 e 60, confirma por um lado a importância da cidade do Huambo para o
Governo Colonial, constituindo-se, por outro, como um caso paradigmático da adaptação
da sua extensa experiência na produção de planos a cada caso.
Numa permanente dialéctica entre a consolidação e reestruturação do tecido existente,
fechando ou redesenhando quarteirões, rectificando alinhamentos e rasgando eixos
viários principais, e a proposta de uma cidade alternativa, de baixa densidade, onde
predomine a habitação unifamiliar e os espaços verdes, com uma rede viária bem
hierarquizada que garanta a tranquilidade e privacidade das novas áreas residenciais, o
urbanista tenta a conciliação entre o urbanismo formal e uma imagem fortemente
influenciada pelo desenho da cidade-jardim.
Tendo em consideração que a última etapa do processo de formação planeada da cidade
decorre deste Plano, é possível verificar como toda a sua imagem participa de alguma
forma desta contradição entre, por um lado, a escala do espaço público (as grandes
avenidas, a grande rótula, os grandes parques) e a escala das soluções adoptadas para o
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preenchimento dos espaços privados (a generalização da moradia enquanto tipologia
privilegiada de habitação, a construção de baixa altura com 2/3 pisos, o enquadramento
dos equipamentos em grandes áreas verdes).
A introdução, depois da década de 60, da construção em altura nas suas muito diversas
variantes e implicações, corresponde a uma segunda etapa do desenvolvimento urbano
da cidade que não comprometeu, no essencial, a estrutura urbana existente – antes tendo
correspondido ao preenchimento, mais ou menos casuístico, de áreas ainda expectantes
ou a um sobre aproveitamento de alguns lotes. Neste sentido, tanto os princípios de
fluidez de circulação, como os princípios de zonamento e qualificação funcional básica,
como ainda a oposição de novas tipologias de construção em altura, todos elas
paradigmáticos de um novo entendimento da cidade nascido e desenvolvido ao longo dos
Congressos Internacionais de Arquitectura Moderna (1928-1956), não chegaram a ter um
impacto significativo quer em relação à malha existente, quer em relação às áreas de
expansão, não obstante terem marcado pontualmente, e de forma por vezes evidente, a
imagem da cidade. Por outro lado, constituindo-se sobretudo como uma reacção ao “caos”
e ao “congestionamento” das cidades europeias e à falência dos seus centros históricos
(com origens e processos de desenvolvimento bastante diferenciados dos da cidade do
Huambo), a sua aplicação perderia grande parte do seu sentido perante uma malha
existente com a generosidade da já existente.
Este aspecto não deixa de ser natural se tivermos em conta quer os princípios ideológicos
subjacentes ao Estado Novo e à encomenda pública até ao governo de Marcelo Caetano,
quer a formação técnica dos agentes de planeamento, quer o atraso com que a Carta de
Atenas, de 1933, se torna objecto de reflexão e crítica em Portugal.
Por outro lado, a irrupção da Guerra Colonial primeiro e, depois, da Guerra Civil,
impediram de alguma forma que a Administração pudesse pôr em marcha novos planos,
com impactos evidentes na expansão urbana posterior a 1960, sujeitos aos paradigmas
próprios dos CIAM.
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Ãssim, como nota Manuela Fonte, embora “o processo de construção de Nova Lisboa, no
início da década de 1920, [constituísse] uma etapa marcante na tradução para Angola dos
modelos nacionais da casa portuguesa. É de notar, todavia, uma diferença na escala
urbana, observável na dimensão das ruas, largos, praças e em todo o vocabulário urbano.
Apresentam-se, seguidamente, alguns exemplos das tipologias de espaço público mais
representativas da cidade formalmente planeada.
Praças
Figura 35-Praça de Lisboa
Figura 36-Praça 11 de Novembro
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Figura 37-Praça do Mercado
Figura 38-Jardim da Cultura (antiga Praça Salazar)
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Avenidas
Figura 39- Avenida 5 de Outubro
Figura 40-Avenida 5 de Outubro
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Figura 41- Avenida Salvador Correia
Figura 42-Avenida Ferreira Viana
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Ruas
Figura 43-Rua Vicente Ferreira.
Figura 44-Rua Dr.Lacerda
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Figura 45-Rua Dr. Ferreira
Figura 46-Rua Heróis da Ocupação do Huambo
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Parques/Espaços Verdes
Figura 47-Parque da Estufa / Av. Paiva Couceiro
Figura 48-Parque da Estufa / Av. Paiva Couceiro
4.7- DENSIDADES DE OCUPAÇÃO (CIDADE DO HUAMBO) Para efeitos de caracterização do tecido urbano do Huambo, seleccionámos seis situações
representativas dos diversos tipos de tecidos/malhas urbanas existentes, sobre as quais
se desenhou uma área 100 x 100 m, correspondente a um hectare-tipo. Procedeu-se então
à medição das áreas edificadas e das áreas de utilização privada, e do número de pisos
dominante em cada tipo de situação (estimado a partir dos levantamentos fotográficos),
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partindo-se daí para a definição dos actuais índices de ocupação e utilização referidos
quer em termos da totalidade da área (neste caso um hectare), estimando assim os
respectivos índices brutos, quer em termos das áreas de utilização privada, estimando
assim os respectivos índices líquidos.
Os resultados gerais exprimem, de forma geral, a leitura mais compreensiva efectuada
anteriormente. Assim:
- Verifica-se que as maiores densidades de ocupação ocorrem a Sul da linha férrea, ao
longo do eixo de via, exprimindo por um lado uma maior compactação dos quarteirões
definidos inicialmente, com o Plano de 1911, sujeitos a uma, maior procura pela
proximidade e acessibilidade à Estação Ferroviária, e a uma utilização mais intensiva pelo
tipo de usos (designadamente armazéns, com maior ocupação da área de lote e/ou
edifícios pontuais com desenvolvimentos verticais mais pronunciados);
- Por outro lado, verifica-se que a Nascente da Estação de caminho-de-ferro, este eixo se
apresenta mais estruturado e, também por isso, com uma ocupação mais densa,
designadamente na relação entre espaço edificado e espaço livre de utilização
privada/lote;
- No que refere às áreas residenciais, em tecidos urbanos estruturados – dominados pela
tipologia de moradia isolada em lote próprio - não se verificam, em termos gerais, grandes
contrastes entre estas áreas ao nível dos parâmetros urbanísticos, sendo que as principais
distinções se fazem por via da qualidade arquitectónica e tipologias dos edifícios em cada
situação.
Ao nível das áreas de ocupação informal, não estruturadas, foram analisadas diversas
situações na periferia da cidade consolidada, registando-se a inexistência de variações
significativas.
4.7.1- VALOR DECLARADO DA HABITAÇÃO
Os mesmos 400 inquéritos familiares efectuados no município do Huambo, em Abril de
2011, permitiram estimar a estrutura espacial do valor das residências (Figura 56), cuja
análise conduz, uma vez mais, à confirmação da centralidade da cidade do Huambo no
conjunto do município e, com base no que foi dito anteriormente, da província, do país e
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de África. Tal como aconteceu relativamente à densidade populacional, verifica-se o peso
da via-férrea, do aeroporto e, ainda, da estrutura orográfica que impele o crescimento da
cidade do Huambo para as linhas de cumeada. Também, como acontece nas cidades
mononucleadas e com centros relativamente jovens, a distância ao centro apresenta um
peso enorme no perfil do valor das habitações.
4.7.2- A PROBLEMÁTICA DA OCUPAÇÃO (ILEGAL) DE TERRENOS EM ANGOLA
A terra, como recurso natural é, por excelência o, meio universalmente aceite de geração
de, riqueza e do bem-estar social como qualquer recurso, e face a crescentes
necessidades, a terra enquadra-se na teoria económica da escassez.
O Estado procura então a melhorar a forma de gerir, este recurso escasso com recurso a
soluções, integradas, globais e coordenadas por via da regulamentação jurídica sobre o
diagnóstico da situação actual da ocupação de terrenos e balanço dos Dez anos de
vigência da Lei de Terras e do ordenamento do território fraquezas legislativas,
administrativas e Institucionais e a necessidade de revisão actualização da legislação
sobre terras e a respectiva regulamentação.
4.7.3- CARACTERIZAÇÃO GERAL DA OCUPAÇÃO ILEGAL DE TERRENOS.
A ocupação ilegal toma contornos alarmantes. Em muitos casos verifica-se uma ocupação
massiva e organizada, feita não para fins de habitação própria mas de rendimentos fruto
da especulação com vista à obtenção de realojamento social do Estado, negócio repetido
várias vezes. Estão envolvidas nas ocupações diversas entidades, como:
- Antigos quadros seniores das administrações
- Cidadãos oriundos de diversas, províncias do interior, atraídos pelo negócio devido aos
preços elevados e a facilidade de sua realização.
- Grupos de camponeses e outros cidadãos que reclamam ter-lhes sido cedidos terrenos.
- Grupos de camponeses que prosseguem com as ocupações, protegidos tanto pela SOS
Habitat, quanto por advogados.
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- Cidadãos sob “protecção” e “asseguramento” de Fiscais das Ãdministrações Municipais.
- Cidadãos sob protecção de técnicos das Repartições
- Cidadãos motivados por entidades políticas que os protegem, nalguns casos ligados ao
Partido no Poder, procurando legitimarem as ocupações com a instalação de supostos
Comités de Acção do Partido e Comissões de Moradores em terrenos baldios.
Situação também aproveitada por pessoas que, não se identificando com o Partido no
Poder, usam dos mesmos meios Coordenadores na Comunas; Oficiais Superiores das
Forças Armadas e da Polícia Nacional.
5-CONCLUSO ES
Este trabalho, é seguramente um exercício inicial, sobre estudos e analises sobre
problemática urbana. Nota-se sim a falta de algum, rigor na sua elaboração e outros
elementos para a dimensão do projecto. Atendendo aquilo que seriam os seus objectivos
considero que ainda falta mais madureza e tratamento pormenorizado. Havia a intenção
de fazer um trabalho estruturante, que em termos gerais poderia servir de aplicação em
outros locais do país com a mesma complexidade ou situação urbana em fase de
melhorias. Existe a vontade de participar na melhoria da vida das pessoas em termos
socias, ambientais por meio de trabalho aturado, acompanhado de pesquisas que
permitam a descoberta da dimensão dos assuntos de âmbito geral a ser tratado e
resolvido. Não obstante ser um trabalho ainda incompleto que se apresenta como uma
das saídas para intervir pontualmente em problemáticas de natureza urbana, embora
houvesse uma certa exaustão na apresentação dos objectivos, metodologias e planos de
acção. Os conteúdos de caris técnico, também parecem algo exaustivo, mas a ideia era dar
aos demais consumidores ou leitores deste trabalho a informação necessárias para
perceber a complexidade do assunto e a importância de ser dito ao detalhe como e o que
se deve fazer para o seu melhoramento.
A estrutura de elaboração do presente trabalho, sai um pouco que esquema convencional
das cátedras, porque o mosaico cultural Africano em geral e Angolano em particular se
compõem de temas, cuja compreensão a meu ver não acontece por meio do uso de
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métodos demasiados convencionais, é importante considera outra variante de
intervenção para alcançar a solução daquilo que se considerar mal resolvido e que ser ver
resolvido. O tema aqui apresentado é complexo tanto do ponto de vista de resolução,
como do ponto de vista de compreensão profunda e real, assim aproveito por meio deste
trabalho transmitir aos leitores um pouco daquilo que parece ser conhecido
genericamente, mas em certa medida é relativamente novo (urbanidade social e modus
de habitar), dai que as formas de intervenção nos deixa algo interrogado sobre como
solucionar porque juntamento ao problema em estudos se adicionam outros de caris
económico, tradicional que condicionam em grande medida o alcance dos resultados,
conforme os métodos formais sugerem.
Agradeço aos professores em geral pela oportunidade que me foi concedida de elaborar
este trabalho e partilhar com várias pessoas independentemente da sua condição social e
domínio técnico profissional. Agradecer ainda o apoio dado pelos meus familiares e
amigos em geral e os mais directos (esposa e filho), porque pensando neles e no apoio que
recebi deles, me motivei a realizar e alcançar este desafio.
Deixo também uma questão no ar. Será o tema da urbanidade em Africa francamente
compreendido pelo mundo e pelos Africanos a ponto de se solucionar por meio dos
métodos formais e convencionais que se conhece? Seja qual for a resposta à questão deixo
também para análise e reflexão Livre.
Neste trabalho busca-se também uma proposta de solução aos problemas urbano e
territorial vivido noutros países de Africa que se debatem com essa situação, fazendo
deste exercício uma ferramenta capaz de servir não em cidades Angolanas e não, dado
que vários os países de Africa têm um passado histórico comum, que está na base das
realidades de hoje como os factos culturais e sociológicos, os movimentos migratórios
resultantes das instabilidades politica e militar como resultado da descolonização. São
estes alguns factores que levaram a que muitas das cidades vivam condições urbanísticas
pouco aceitável.
Quase tudo que temos em certa mediada é legado dos processos de colonização, e há
necessidade de se estabelecer novos modelos urbanos que vão de encontro as realidades
dos povos, sem portanto olvidar os eixes catedráticos urbanos universalmente conhecidos
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como armas de estruturação dos assentamentos e espaços urbanos capazes de servir o
homem de modo sustentável.
…Muito Obrigado.
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6-BIBLIOGRÃFIÃ
- Diapositivos, II Fórum de Cidades e Municípios de Angola.
- Sistema de indicadores y condicionantes para, ciudades grandes y medianas.
- Plan Especial de indicadores de Sostenibilidad ambiental de la Actividad Urbanística de
Sevilla – AVANCE – Enero 2007.
- Plano Urbano do Lossambo, 30 Março de 2011.
- Plano Director Municipal Do Huambo, Comunas De Chipipa e Calima
Vol.1 - Caracterização e Diagnostico.
Tomo 1.2 - Diagnóstico participativo e técnico - Outubro, 2011.
- Workshop cidades intermedias_documentacion, Março de 2012.
- Relatorio_Linhas de Base Município Huambo, Programa de Desenvolvimento Social
Janeiro de 2013.
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7- ÃNEXO
6.1 - Carta Africana sobre os Valores e Princípios da Descentralização, Governação Local e
Desenvolvimento Local (CADDEL).
Processos urbanos em África.
África tem sido o continente com menor taxa de urbanização, apesar da rica, variada e
longa história de algumas cidades africanas (Zimbabué, M’Banza Congo, Luanda,
Moçambique, Mombaça, Benin, Bamaco, Tombuctu, entre outras). No entanto, esta
situação está a mudar e, depois de ultrapassadas as restrições à concentração urbana por
parte das antigas potências coloniais, as principais cidades de África estão a experimentar
um crescimento acelerado, cujos problemas ficarão bastante atenuados se, a par do
crescimento das maiores cidades, outros centros urbanos também se desenvolverem
(Hardoy & Satterthwaite,1986). No entanto, em muitos locais do Terceiro Mundo,
problemas graves como a pobreza, a doença, o desemprego e a degradação surgem e vão-
se mantendo (Drakakis-Smith, 1995). A resposta dos governos tende a ser através de
infra-estruturas e construções e o resultado é muitas vezes limitado, por não ser
incremental e não permitir a adaptação do sistema económico, ambiental e institucional
(Turner, 1992).
Modelos de Planeamento Urbano.
A ideia que convém reter é que o planeador deve abordar o funcionamento da cidade, em
vez de buscar os objectivos que teoricamente a norteiam, para que o planeamento não
seja uma projecção determinística dos modelos (Harris, 1960). Adicionalmente, a mostra
de modelos complexos acarreta problemas, dado que reduz a capacidade de diálogo com
os interessados. No entanto, os modelos são úteis para perceber melhor o funcionamento
dos sistemas urbanos que integram a economia, os transportes, a estrutura urbana e os
sistemas sociais (Wilson, 1968). De acordo com Batey & Breheney (1978), os principais
ensinamentos retirados por várias décadas de planeamento territorial são os seguintes:
- Os métodos devem ser seleccionados e moldados de acordo com a natureza dos
problemas.
- Os métodos devem ser usados em função dos objectivos e não em si mesmos.
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- Os resultados da aplicação dos métodos devem ser fáceis de explicar; e deve ser feito um
esforço para disseminar os resultados da aplicação dos métodos.
O que é Carta Africana sobre os Valores e Princípios da Descentralização, Governação
Local e Desenvolvimento Local (CADDEL)?
- É um instrumento criado pela CADDEL/AMCOD para promover um entendimento e uma
visão comum dos Estados membros sobre as questões relativas à Decentralização,
Governação Local e Desenvolvimento do Local dos países africanos.
- É a Conferência Africana de Descentralização e do Desenvolvimento Local, constituída
pelos Ministros Africanos responsáveis pela Descentralização e do Desenvolvimento
Local, criada com objectivo de promover a Descentralização a nível Pan-Africano e
composto por, Ministros responsa veis pela Descentralizaça o e Desenvolvimento Local.
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Antecedentes da CADDEL.
Data Local Resoluço es
Maio de 2000 Windhoek,
Namí bia
Criada a CÃDDEL/ÃMCOD pelos Ministros
responsa veis pela descentralizaça o a margem da
II Cimeira Ãfricites, com o objectivo de criar um
instrumento de promoça o da descentralizaça o em
Ãfrica.
Dezembro de 2003 Yaounde ,
Camaro es
Constituí da a Ãssembleia; Repu blica de Camaro es
e mandatada para presidir o o rga o.
Outubro de 2005 Yaounde ,
Camaro es
Ãssinada a Declaraça o de Yaounde ; os Ministros
africanos responsa veis pela descentralizaça o
formalizam o seu comprometimento na promoça o
da descentralizaça o nos respectivos paí ses.
Janeiro de 2007 Ãdis – Ãbeba,
Etio pia
Ãlinhamento Oficial da CÃDDEL nas estruturas da
Unia o Ãfricana, saí da da Decisa o 158 (VIII) da
Ãssembleia dos Chefes de Estado e de Governo.
Maio de 2008 Yaounde
Camaro es
Realizada a 1ª Sessa o Ordina ria; Proposta de
revisa o dos Estatutos e elaboraça o de um
relato rio sobre a descentralizaça o em à frica.
Setembro de 2010 Yaounde ,
Camaro es
Realizada a 1ª sessa o Extraordina ria; Ãprovados
os Estatutos.
Ãgosto de 2011 Moçambique Realizada a 2ª Sessa o Ordina ria; Eleiça o de
Moçambique para a Preside ncia da Mesa.
Objectivo da CADDEL.
- Promover a descentralização, governação local e participação dos cidadãos na definição
e implementação das políticas de desenvolvimento local.
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- Inscrever a descentralização e o desenvolvimento local nas prioridades dos Governos
africanos.
- Sensibilizar a sociedade civil sobre a importância da descentralização no
desenvolvimento económico e social. Realizar pesquisas e estudos na área da
descentralização, mobilização de recursos financeiros para a execução de programas de
descentralização.
- Formular propostas aos Governos na implementação da descentralização nos Estados –
Membros.
Etapas de Elaboração da Carta:
- Constituição da mesa da CADDEL.
- II Sessão Ordinária da Conferência dos Ministros (2011) é mandata a Presidente para
consultar e trabalhar o documento conjuntamente com a UA (União Africana)
- Criação da Comissão técnica - CADDEL/AMCOD e União Africana.
- Elaboração do Draft da Carta.
- Reuniões de discussão do documento
- Aprovação da VIII Assembleia dos Chefes de Estado da União Africana realizada em
Malabo – Guiné – Equatorial - Junho de 2014.
Documentos de Base Para Criação da Carta:
- Declaração Yaoundé - 29 de Outubro de 2005.
- Decisão do Conselho Executivo da UA EX.CL./Dez. 677 (XX), adoptada em Adis Abeba,
Etiópia, a 28 de Janeiro de 2012.
- Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (1981).
- Convenção da União Africana sobre a Prevenção e Combate à Corrupção (2003).
- Carta Africana sobre Democracia, Eleições e Governação (2007).
- Carta Africana sobre os Valores e os Princípios dos Serviços e da Administração Pública
(2011)
Pressupostos:
- Promover a Democracia participativa.
- Promover a responsabilização e a transparência das instituições públicas.
- Promover e proteger a diversidade cultural.
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- Promover a Equidade de Género e transgeracional.
- Garantir os serviços básicos a todas a pessoas do continente.
A carta está estruturada em 4 Capítulos:
- Capítulo I - Definições, Objectivos e Valores.
- Capítulo II - Princípios.
- Capítulo III - Mecanismos para Aplicação.
- Capítulo IV - Cláusulas Finais.
Âmbito da Carta:
- Desenvolvimento Local – Descentralização - Governação Local.
Objectivos do Âmbito:
Reiterar a necessidade de promover, proteger, agir e defender a governação e a
democracia local como um dos pilares da descentralização em África, bem como a
necessidade de promover a mobilização de recursos e desenvolvimento económico local,
com vista a erradicar a pobreza em África. Para isso há que prevalecer um entendimento e
uma visão comum dos Estados Membros na formulação implementação, monotorização e
avaliação de políticas sobre as questões relativas à descentralização, governação local e
desenvolvimento local.
Valores Essenciais:
- Comunidade - baseada na participação e inclusão
- Solidariedade.
- Respeito pelas pessoas e pelos direitos humanos
- Diversidade e tolerância.
- Justiça, igualdade e equidade.
- Integridade.
- Responsabilidade cívica e cidadania.
- Transparência e responsabilidade.
Princípios:
Destaca a legislação dos países membros no sentido de se adaptarem aos desafios da
Carta, promovendo maior autonomia na gestão dos territórios locais, quer na mobilização
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e utilização dos recursos, quer no desenvolvimento económico local, através de
mecanismos reguladores bem definidos.
Os Governos centrais devem adoptar legislação confiando às autoridades locais a
responsabilidade de estes gerirem os seus recursos financeiros e garantirem a sua
sustentabilidade financeira a nível local.
Implementar governos locais – autarquias locais para uma gestão local mais centrada na
resolução dos problemas locais e melhoria da vida das populações, envolver a sociedade
civil, o sector privado, as comunidades locais e outras entidades na implementação de
projectos, programas, decisões e políticas de gestão local, bem como o desenvolvimento
de medidas que visem aumentar as receitas financeiras dos governos locais.
Mecanismos Para Aplicação:
Os compromissos contidos na Carta devem ser implementados nos seguintes níveis:
- Nível Estatal Individual: Central e Local.
- Nível da Comissão: Continental e Regional.
Recomendações:
- Adopção e implementação por parte dos Estados – membros de medidas legislativas,
executivas e administrativas consagradas na Carta, e divulgação.
- Os Governos Locais devem ser responsáveis perante as suas populações pela
implementação dos objectivos da Carta, e adesão.
- A Comissão da UA deve mobilizar os recursos necessários para apoiar os Estados -
membros na da sua capacidade para implementar a Carta.
- As Comunidades Económicas Regionais deverão incentivar os Estados Membros a
ratificar, aderir, implementar e monitorizar a presente Carta, e integrar os objectivos,
princípios e valores na elaboração e adopção das suas políticas regionais.
Cláusulas Finais:
- A Carta não é soberana em relação às leis dos Estados – membros.
- Os Estados podem adoptar medidas legislativas, executivas e administrativas adequadas
para alinhar as suas leis e regulamentos nacionais com os objectivos da presente Carta.
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- Incentiva os Estados a tomar as medidas necessárias para desenvolver a cooperação e a
troca de experiências nas áreas da descentralização, governação local desenvolvimento
local, de acordo com os objectivos, valores e princípios da Carta.
- Os Estados – membros devem tomar todas as medidas necessárias para assegurar a mais
ampla divulgação da presente Carta;
- Os Estados podem integrar compromissos, objectivos, valores e princípios desta Carta
nas políticas e estratégias nacionais;
- As questões relativas à interpretação ou aplicação da presente Carta, em caso de
divergências devem ser submetidos ao Tribunal Africano de Justiça e Direitos Humanos.
Considerações Finais:
-A carta está aberta à assinatura, ratificação e adesão de todos os Estados membros.
- A entrada em vigor será 30 (trinta) dias após assinatura e depósito dos instrumentos de
ratificação por parte dos Estados membros.
- A Conferência Ministerial da CADDEL/AMCOD realizada no dia 10 de Agosto de 2011,
em Maputo, República de Moçambique, institucionalizou a data como o dia Africano da
Descentralização e Desenvolvimento Local.
- Para este Ãno o tema proposto para a celebração do 10 de Ãgosto: “Ã Carta Ãfricana
sobre os valores e princípios de descentralização, Governo local e desenvolvimento Local:
impulsionar o desenvolvimento local sustentável em África”.
- Divulgar a Carta Africana recentemente adoptada sobre a Descentralização, Governo
Local e Desenvolvimento Local e promover a sua implementação pelos Estados-Membros
nos próximos anos;
- O tema cria um vínculo conceptual entre a Carta e desenvolvimento local e contribui
para o progresso da agenda da União Africana até 2063;
- Incluí e consolida o trabalho realizado pela presidência do AMCOD e sua a Mesa entre o
período de 2011-2014;
- Inclui o Pós - Agenda 2015, que terá um foco universal sobre metas de desenvolvimento
sustentável, com ênfase especial na descentralização e governação local.
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