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MARINA GOMES MURTA

AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAIS NO TRABALHO EMUMA EMPRESA DO SETOR DE MINERAÇÃO NO ESTADO DE MINAS GERAIS

Trabalho apresentado ao Departamento deEngenharia Elétrica e de Produção daUniversidade Federal de Viçosa como parte dasexigências para a conclusão do curso deEngenharia de Produção.

Orientador

Prof. Luciano José Minette

VIÇOSAMINAS GERAIS - BRASIL

2006

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Ao meu Tio Beto, grande motivo de inspiração para a realizaçãodesta pesquisa. A ele dedico todo o meu esforço pela busca deinformações que contribuíssem para a melhoria da saúde esegurança na mineração.“Dai-nos forças, Senhor, para aceitar com serenidade tudo o quenão possa ser mudado... e dai-nos coragem para mudar o quepode e deve ser mudado.”(Almirante Hart)

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Minette, pela orientação e incentivo no período de desenvolvimento

desta pesquisa.

Ao Departamento de Engenharia e Segurança do Trabalho da SAMARCO, pelo

acolhimento no período de coleta de dados, em especial à Welligton, Alexandre, Patrícia,

André e João Bernardes.

Ao Senhor Custódio, pela disposição e preciosa ajuda, imprescindíveis para a

realização desta pesquisa.

À Minha Família pelo apoio, em especial ao Meu Pai, pela influência e gosto pela

Mineração, e aos Meus Irmãos, pela ajuda.

A Thiago, pelo carinho.

A Todos, muito obrigada!

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS............................................................................................... vii

RESUMO.................................................................................................................... viii

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1

1.1 Importância e Caracterização do Problema........................................................... 1

1.2 Objetivos............................................................................................................... 1

1.2.1 Objetivo geral.................................................................................................... 1

1.2.2 Objetivos específicos......................................................................................... 2

1.3. Justificativa........................................................................................................... 2

2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 3

2.1 Minério de Ferro.................................................................................................... 3

2.2 Trabalho e Operação de Mina............................................................................... 3

2.3 Segurança, Saúde e Acidentes do Trabalho.......................................................... 4

2.4 Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança................................................ 6

3. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................... 7

3.1. Caracterização do Local de Estudo...................................................................... 8

3.2 Atividades Desenvolvidas..................................................................................... 8

3.2.1 Extração de minério............................................................................................ 8

3.1.2 Britagem e concentração.................................................................................... 8

3.2 População.............................................................................................................. 9

3.3 Coleta de Dados..................................................................................................... 10

3.3.1 Avaliação das estatísticas de acidentes e dos procedimentos relacionados àsegurança e saúde ocupacionais.................................................................................. 103.3.2 Avaliação das condições de trabalho na extração de minério............................ 10

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3.3.2.1 Coleta de dados do perfil................................................................................. 10

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 11

4.1 Caracterização da Empresa................................................................................... 11

4.2 Histórico de Acidentes.......................................................................................... 11

4.2.1 Gestão da segurança e saúde ocupacionais........................................................ 13

4.3 Procedimentos Adotados em Relação a Segurança e Saúde no Departamento deMineração.................................................................................................................... 144.4 Segurança e Condições de Trabalho no Setor de Mineração................................ 15

4.4.1 Segurança e saúde ............................................................................................. 15

4.4.2 Organização dos locais de trabalho.................................................................... 16

4.4.3 Exigências de produção...................................................................................... 16

4.4.4 Equipamentos utilizados..................................................................................... 17

4.4.5 Jornada de trabalho............................................................................................. 17

4.4.6 Exposição a agentes ambientais......................................................................... 18

5. CONCLUSÕES....................................................................................................... 18

6. RECOMENDAÇÕES............................................................................................. 20

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 21

ANEXOS..................................................................................................................... 23

APÊNDICES............................................................................................................... 26

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação de acidentes......................................................................... 4

Quadro 2 - Número de acidentes típicos, de trajeto e doenças do trabalho no setor

de mineração (CNAE 1310), registrados nos anos de 2001 a 2003............................ 5

Quadro 3 - Equipamentos utilizados na extração de minério...................................... 8

Quadro 4 - Descrição dos programas de saúde e segurança (ano 2004)..................... 13

Quadro 5 - Gestão da segurança e saúde no departamento de mineração................... 14

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MURTA, Marina Gomes. Avaliação da Segurança e Saúde Ocupacionais no Trabalho em

uma Empresa do Setor de Mineração no Estado de Minas Gerais. 2006, 20f.. Trabalho de

Graduação (Curso de Engenharia de Produção) - Universidade federal de Viçosa.

RESUMO

O presente trabalho foi realizado numa mineradora situada no Estado de Minas Gerais, paraestudar os procedimentos de saúde e segurança, visando à melhoria da saúde, do bem-estar, dasegurança e do conforto do trabalhador. Os objetivos específicos foram conhecer asestatísticas de acidentes e os procedimentos adotados relacionados à segurança e à saúdeocupacional, enfocando o trabalho primário de extração de minério de ferro, assim comocaracterizar as condições de trabalho deste. O levantamento histórico dos acidentes e olevantamento dos procedimentos adotados foram realizados por intermédio de consultas adocumentos e entrevistas com os membros do departamento de engenharia e segurança dotrabalho. A caracterização das condições de trabalho e dos procedimentos adotados nodepartamento de mineração foram realizados através de observações devidamente anotadas econfrontadas com as normas regulamentadoras e da aplicação de questionário aos operadoresde mina. Constatou-se que os programas de saúde e segurança adotados pela empresamostraram-se eficientes, interferindo positivamente na redução de acidentes ao longo dosanos e que a grande maioria dos procedimentos estava em conformidade com as normasregulamentadoras. Em relação à ocorrência de acidentes na ocasião, verificou-se que o maiornúmero era proveniente de atividades realizadas por empresas contratadas. Na atividade deextração de minério, a umidificação e o patrolamento das vias dos locais de lavra foramconsiderados ineficientes por alguns trabalhadores. Entre os problemas da saúde apresentadospelos trabalhadores questionados, o problema de coluna foi o mais freqüente, sendoconsiderados como causadores os esforços repetitivos e folgas nos assentos dos equipamentosde operação.

Palavras-chave: Segurança, Saúde e Mineração.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Importância e Caracterização do Problema

O setor de mineração desempenha um papel importante na transformação produtiva

dos recursos naturais gerando oportunidades de emprego, criando novos potenciais nas áreas

de fabricação e serviços e contribuindo significativamente para o desenvolvimento econômico

e industrial. No entanto, apresenta características bastante específicas quanto à presença de

riscos relacionados à saúde e segurança, particularmente riscos físicos (ruído, poeira e

vibrações), irritações produzidas pelo calor e problemas ergonômicos (WALLE, 2003).

Sendo a segurança e a saúde no trabalho direito inerente a todo ser humano, acrescido

de amparo estabelecido nos instrumentos legais, deve-se buscar meios para a redução da

probabilidade da ocorrência de eventos que provoquem danos ou perdas decorrentes da

execução de atividades incorretas e inseguras.

Além disso, deve-se considerar que o reconhecimento crescente dado às adequações do

local de trabalho a padrões mínimos de conforto, tornando-se aliadas em relação ao

rendimento e a qualidade das operações, vem enfatizando a abordagem de assuntos como a

ergonomia, a segurança e a saúde ocupacionais. Todavia, a não observância dessas

adequações cria condições para a ocorrência de eventos inoportunos, tais como o surgimento

de acidentes de trabalho.

Araújo (2002) relata serem ainda elevados os índices de acidentes de trabalho no

Brasil, o que leva ao questionamento sobre a real eficiência dos programas para a gestão da

saúde e segurança aplicados nas empresas e/ou carência de adequações para a correta

abordagem dos temas mencionados.

Dada a importância da atividade de extração de minério na promoção do

desenvolvimento do País, é preciso ressaltar a necessidade da execução de atividades seguras

e que não representem riscos à saúde do indivíduo, o que torna a avaliação dos programas e

técnicas de segurança e saúde ocupacional, ação fundamental para se alcançar melhorias das

condições de trabalho e vida dos trabalhadores do referido setor.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Avaliar as condições de segurança e saúde ocupacionais no trabalho de extração de

minério numa empresa do setor de mineração situada no Estado de Minas Gerais.

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1.2.2 Objetivos específicos

Especificamente pretendeu-se:

a) interpretar as estatísticas de acidentes de trabalho na empresa de extração de minério;

b) analisar os procedimentos adotados para a prevenção de acidentes e saúde ocupacional na

empresa de extração de minério;

c) analisar os principais procedimentos adotados em relação à segurança e à saúde no

trabalho primário de extração de minério de ferro da empresa;

d) caracterizar as condições de trabalho no trabalho primário de extração de minério da

empresa.

1.3 Justificativa

A segurança e a saúde ocupacionais são temas cada vez mais presentes nas discussões

sobre os sistemas produtivos, já que a execução de atividades seguras não somente previne

acidentes, como também elimina riscos e atividades dispendiosas, contribuindo assim para a

otimização das operações.

Além dos aspectos intrínsecos relativos ao tema, uma vez inerentes a todo ser humano,

a Constituição Federal de 1988, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), as Normas

Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho e Emprego e demais instrumentos legais

reforçam a importância da eficaz gestão da saúde e segurança como forma da execução

correta das operações.

A importância da atividade de extração de minério de ferro no cenário brasileiro, em

especial ao Estado de Minas Gerais, e a quase inexistência de estudos sobre a abordagem das

condições de segurança e saúde no setor, demonstram a necessidade da busca por mudanças

relativas ao tema, uma vez se tratando de uma atividade de alto risco (risco 4, de acordo com

Classificação Nacional de Atividades Econômicas), com conseqüências diretas no elevado

índice de acidentes de trabalho ainda característicos do País.

Em relação à erradicação de eventos decorrentes da execução incorreta no ambiente de

trabalho de mineração, esta pode tornar-se possível com a adoção e implementação das

regulamentações constantes nas legislações anteriormente descritas, assim como pela

utilização de ferramentas que auxiliem na manutenção de condições seguras de trabalho, tais

como a criação de programas para a gestão da saúde e segurança, a criação de comitês de

segurança e ergonomia, entre outras.

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O intuito do presente trabalho foi averiguar a importância da gestão da saúde e

segurança como fator decisivo para o combate de acidentes de trabalho e os possíveis

benefícios trazidos aos trabalhadores do setor de extração de minério, atentando também aos

aspectos de melhoria da saúde, do bem-estar e das condições de conforto no trabalho.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Minério de Ferro

Os metais aparecem na natureza em estado livre ou como compostos, normalmente

concentrados em jazidas (massa de substâncias minerais ou fósseis existentes na superfície ou

no interior da terra). A mina é a jazida mineral em fase da lavra, devendo ter extensão

conhecida pelo governo e exploração controlada pelo código de minas, sob supervisão da

divisão de fomento da produção mineral, do Ministério de Minas e Energia. O minério é uma

mistura de compostos de metal e impurezas, sendo o minério de ferro apresentado sob a forma

de carbonatos (siderita), óxidos (hematita, magnetita, limonita) e sulfetos (pirita) (BAUER,

1982).

As reservas mundiais de minério de ferro são da ordem de 300 bilhões de toneladas,

com produção mundial significativa: em 2000 foi de cerca de 1,0 bilhão de toneladas,

ocupando o Brasil o 2º lugar entre os maiores produtores. Devido ao tipo de formação

geológica, com significativa concentração no Estado de Minas Gerais, o Brasil possui 6,5%

dessas reservas (19,2 bilhões de toneladas) e está em 6º lugar entre os países detentores dos

maiores volumes de minério (QUARESMA, 2004).

2.2 Trabalho e Operação de Mina

De acordo com definições de Ferreira (1997), o trabalho está relacionado à aplicação

de forças e faculdades humanas que, coordenadamente, culminam no alcance de determinado

objetivo.

A palavra trabalho é utilizada conforme o caso para designar as condições de trabalho,

o resultado do trabalho, ou a própria atividade de trabalho (GUERIN et al., 2001). Entende-se

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por trabalho de operador de mina aquele cujas atividades são realizadas nas áreas pertencentes

à mina: exploração, extração ou testes de minerais (WALLE, 2003).

As condições de trabalho incluem todos os fatores que possam influenciar na

performance e satisfação dos trabalhadores na organização. Num ambiente de trabalho de uma

mina de superfície, poluentes da atmosfera como pó de rocha e fumaça, barulho excessivo,

vibrações, irritações produzidas pelo calor e problemas ergonômicos podem apresentar-se

como fatores de riscos para a saúde dos operadores, sujeitos a freqüentes e prolongadas

exposições a esses agentes (WALLE, 2003).

O trabalho como forma de organização para a busca de resultados, quando deixa de ter

como objetivo a produtividade e lucratividade e começa a visar a satisfação, passa a interagir

com a ergonomia (MORE E SILVA, 1997). Dentro de seus conceitos e princípios, a

ergonomia muito tem a colaborar com as melhorias das condições de trabalho nas indústrias

do setor mineral, estas apresentando características bastante específicas quanto aos riscos

presentes nos diversos setores de trabalho.

Uma vez abordada a necessidade da execução de uma atividade segura e saudável, já

que esta ação está diretamente relacionada à qualidade e condições de trabalho requeridos e

necessários ao trabalhador, importância deve ser dada a alguns fatores condicionantes do

trabalho tais como riscos biológicos, químicos, físicos e ergonômicos no ambiente de

trabalho, trabalho específico desempenhado, postura e freqüência de movimentos, bem como

equipamentos utilizados, organização do trabalho, alimentação e outros.

A avaliação do trabalho e das condições em que é realizado têm embasamento legal na

Constituição Federal de 1988, na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), nas Normas

Regulamentadoras (NRs) constantes na portaria 3.214 do Ministério do Trabalho e Emprego e

demais instrumentos legais: leis, decretos, portarias, etc.

2.3 Segurança, Saúde e Acidentes do Trabalho

Considerando ser a segurança estado ou condição de seguro FERREIRA (1997), esta

deve ser buscada nas pessoas e nos meios ou elementos de um processo produtivo. Estar

seguro, é estar isento de riscos, ou seja, com poucas possibilidades de se acidentar.

As preocupações com o trabalhador, além de envolverem questões relacionadas à sua

segurança, têm também como focos seu bem-estar e saúde, esta última definida, segundo a

Organização Mundial da Saúde (OMS), citado por Batista (1974), como um estado completo

de bem-estar físico, mental e social.

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Segurança e saúde ocupacionais são pois um conjunto de ciências e tecnologias que

buscam a proteção do trabalhador em seu local de trabalho, com os objetivos básicos de

prevenção de riscos, de acidentes e incidentes nas atividades de trabalho e a manutenção da

saúde visando a defesa da integridade da pessoa humana (ARAÚJO, 2002).

Quando determinado trabalhador, na execução de sua tarefa, não conta com condições

necessárias de segurança, pode ser remetido a acontecimentos imprevistos, estes definidos

como acidentes de trabalho. Considera-se como Acidente de Trabalho a doença profissional

decorrente da exposição a agentes físicos, químicos e biológicos e a doença do trabalho

resultante de condições especiais de trabalho (MENDES, 1995).

Quadro 1 - Classificação de acidentes

Tipo de Acidente Características

RegistradoCorresponde ao número de acidentes cuja Comunicação de Acidentes doTrabalho - CAT foi cadastrada no Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.

TípicoDecorrentes da característica da atividade profissional desempenhada peloacidentado

De TrajetoOcorridos no trajeto entre a residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa

Devido a Doença do trabalhoOcasionados por qualquer tipo de doença profissional peculiar a determinadoramo de atividade constante em tabela da Previdência Social.

LiquidadosCorresponde ao número de acidentes cujos processos foram encerradosadministrativamente pelo INSS.

Assistência MédicaCorresponde aos segurados que receberam apenas atendimentos médicos para suarecuperação para o exercício da atividade laborativa.

Incapacidade TemporáriaCompreende os segurados que ficaram temporariamente incapacitados para oexercício de sua atividade laborativa incapacitados para o exercício de suaatividade laborativa.

Incapacidade PermanenteRefere-se aos segurados que ficaram permanentemente incapacitados para oexercício laboral. A incapacidade permanente pode ser de dois tipos: parcial etotal.

ÓbitoCorresponde a quantidade de segurados que faleceram em função do acidente detrabalho.

Fonte: DATAPREV (adaptado por Marina Murta)

Entende-se por acidente em mina todo dano sofrido por alguém em decorrência de

trabalho de mineração na área da atividade mineradora que tenha requerido tratamento

médico ou resulte em perda de consciência ou morte (WALLE, 2003).

A causa dos acidentes, na maioria das vezes, é atribuída à falta de informação e

conscientização dos trabalhadores a respeito dos riscos a que estão expostos e, também, à falta

do uso de equipamentos de proteção individual, de treinamento adequado e orientação quanto

a técnicas de segurança em relação às atividades (SILVA, 1999).

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Para amparar a população por motivo de doença e/ou acidente de trabalho, entre outros

motivos, existe o órgão da Previdência Social, administrado pelo Instituto Nacional do Seguro

Social (INSS), e pelo Ministério da Previdência e Assistência Social.

As ocorrências de acidentes de trabalho são comunicadas ao INSS pelo documento de

registro oficial dos acidentes de trabalho no Brasil, denominado Comunicação de Acidentes

de Trabalho (CAT). Através deste registro é montada a estatística de acidentes do país,

importantes ferramentas na apresentação do diagnóstico nacional sobre os acidentes de

trabalho, buscando minimizar os riscos e as condições inadequadas e incorporar a melhoria

contínua das condições de trabalho. De acordo com o Ministério da Previdência Social, a OIT

utiliza três indicadores para medir e comparar a periculosidade entre os diferentes setores de

atividade econômica: o índice de freqüência, o índice de gravidade e a taxa de incidência.

As estatísticas nacionais revelam números assustadores em relação aos acidentes de

trabalho, mesmo considerando-se as deficiências das estatísticas oficiais, que incluem apenas

os trabalhadores registrados em carteira: de 1970 a 2000 a quantidade de óbitos registrados

pela Previdência Social (INSS), chegou a 124.804. Foram 4.026 mortes por ano, em média,

ou 11 mortes todos os dias. Uma limitação desses acidentes está na quantidade de auditores

que fiscalizam o local de trabalho: só 800, em todo o país (ARAÚJO, 2002).

Em relação aos acidentes de trabalho no setor de mineração, as estatísticas de 2003

revelaram o registro de 380.180 acidentes, sendo os acidentes típicos os mais freqüentes,

totalizando 319.903 acidentes (DATAPREV, 2005).

Quadro 2 - Número de acidentes típicos, de trajeto e doenças do trabalho no setor de mineração (CNAE 1310), registrados nos anos de 2001 a 2003

Motivo Ano2001 2002 2003

Típico 282.965 323.879 319.903Trajeto 38.799 46.881 49.089

Doença do Trabalho 18.487 22.311 21.208Total 340.251 383.071 380.180

Fonte: DATAPREV (adaptado por Marina Murta)

Um acidente de trabalho traz transtornos à família, prejuízos à empresa e ônus

incalculável ao Estado. Preveni-lo, evita-lo e eliminar a possibilidade de sua ocorrência

devem ser prioridades a serem seguidas por toda empresa.

2.4 Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança

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Normalização é definida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),

como a atividade que estabelece prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com

vista à obtenção do grau ótimo em um dado momento (COLENGHI, 2003). No Brasil, as

Normas Regulamentadoras - NRs, constituem a espinha dorsal da legislação de segurança do

trabalho e saúde ocupacional. Para gerir as atividades relacionadas à mineração, existe a

NR22, que dita os principais procedimentos para assegurar condições mínimas de segurança e

saúde ao trabalhador setor de mineração.

O Ministério da Previdência e Assistência Social, através do Decreto n.º 3.048/99,

responsabiliza ainda mais os Empregadores, Engenheiros de Segurança e Médicos do

Trabalho, quando se trata do acidente do trabalho e doença ocupacional. A importância do

cumprimento, no que couber a cada empresa e/ou atividade, das 30 (trinta) Normas

Regulamentadoras aprovadas pela Portaria n.º 3.214/78 e legislações complementares são

imprescindíveis para a melhoria nas condições e ambiente do trabalho, melhoria na qualidade

de vida, motivação do pessoal envolvido no processo, melhoria na produtividade, redução de

custos, redução ou eliminação de processos trabalhistas e/ou cíveis, etc (ARAÚJO, 2002).

A atividade de extração de minério de ferro, classificada com o código nacional de

atividades econômicas CNAE 1310-2 é considerada uma atividade de alto risco (risco 4, de

acordo com a Norma Regulamentadora NR4). Com isso, observa-se a grande importância da

busca por mudanças neste setor relativas às condições de saúde e segurança do trabalhador.

3. MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa realizada pelo presente trabalho foi, segundo classificação de Andrade

(2005), do tipo descritiva, buscando-se o conhecimento e interpretação dos fenômenos

relacionados à saúde e segurança no setor de mineração.

Descreveu-se, inicialmente, o impacto nas estatísticas de acidentes da empresa de

mineração ao longo dos anos em função da implantação de programas de segurança e saúde

através da análise de documentos. Posteriormente, através de observações e inquirições, ou

seja, busca metódica de informações ativa e passivamente, foram constatados os principais

procedimentos atuais relacionados à segurança e à saúde no trabalho, com enfoque no

trabalho de extração de minério.

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Utilizou-se também como forma de coleta de dados a entrevista, a participação em

reuniões e o levantamento de dados primários pela aplicação de questionários, sendo que esta,

segundo Kotler e Armstrong (2003) melhor se adequa à coleta de informações descritivas.

3.1 Caracterização do Local de Estudo

Os dados foram coletados em uma empresa de extração de minério de ferro no

Complexo de Alegria, localizada no Quadrilátero Ferrífero a 20o23’28’’S e 43o30’20’’W,

Estado de Minas Gerais.

3.2 Atividades Desenvolvidas

As atividades desenvolvidas pela empresa envolviam a mineração, o beneficiamento, o

transporte por mineroduto, a pelotização, o embarque de finos e pelotas de minério de ferro,

as operações portuárias e a geração de energia elétrica.

A unidade avaliada compreendeu as atividades de mineração e beneficiamento, sendo

desconsideradas as atividades terceirizadas.

3.2.1 Extração de minério

A extração de minério dava-se a céu aberto num conjunto de minas denominado

Unidade de Germano. O minério, extraído por carregadeiras, era transportado por caminhões

fora de estrada para as correias transportadoras, estas correspondendo à cerca de 70% da

movimentação total de minério.

Quadro 3 - Equipamentos utilizados na extração de minério

Equipamento Função

Trator Tipo EsteiraUtilizado na remoção de material rochoso e/ou muito consistente, permitindo àcarregadeira alimentar o caminhão fora de estrada ou correias transportadoras.

CarregadeiraPá mecânica a alimentar caminhões, sendo utilizadas também na limpeza decorreias e na movimentação de componentes do sistema de correiastransportadoras.

Caminhão Fora de Estrada Utilizado para o transporte de cargas de minério e /ou estéril.Patrol Equipamento móvel utilizado para o nivelamento de estradas de rodagem

Correias TransportadorasTransportadores utilizados para transportar o minério, podendo ser fixos oumóveis. O conjunto dessas correias forma o sistema de correias.

Fonte: Marina Murta

3.1.2 Britagem e concentração

O minério, conduzido às usinas de beneficiamento (britagem a concentração) por

correias transportadoras, tinha a granulometria e composição química ajustadas para a

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constituição do concentrado final. Esse concentrado era bombeado através de um mineroduto

para a Unidade de Pelotização, no Estado do Espírito Santo.

Figura 1 – Processo produtivo / unidade de Germano

3.2 População

A população para a qual foi aplicado o questionário constituiu-se de 111 trabalhadores

que exerciam a função de operadores de mina, compondo quatro turnos de trabalho. Cada

turno alternava o trabalho e contava com um chefe de equipe responsável por supervisionar as

atividades, com jornada de 6 horas por turno. Os trabalhadores tinham direito à folga de um

dia após 4 dias trabalhados. Não foram incluídos operadores em férias ou que estavam

afastados.

Concentração

Espessamento

Britagem

Remoagem

Estocagem

Flotação emConvencional

Flotação em

Coluna

Bombeamento

Extração

TransporteCorreias

TransporteCaminhões

Lavra

Moagem

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3.3 Coleta de Dados

3.3.1 Avaliação das estatísticas de acidentes e dos procedimentos relacionados à

segurança e saúde ocupacionais

Para a coleta de dados úteis e confiáveis foram realizadas consultas a documentos

técnicos e legais relacionados às atividades de saúde e segurança e troca de informações com

o Departamento de Engenharia de Segurança do Trabalho por intermédio de entrevistas.

As estatísticas de acidentes foram apresentadas utilizando-se o índice de freqüência de

acidentes registrados:

I = HHT

NTx 1.000.000

Onde: I = Índice de freqüência de acidentes

NT = Número total de acidentes

HHT = Horas Trabalhadas

Os acidentes na empresa eram registrados como Primeiros Socorros, Acidente Sem

Perda de Tempo (SPT) com atividade restrita ou com tratamento médico, Acidente com Perda

de Tempo (CPT), Acidente de Trajeto com e /ou sem danos materiais e Incidentes. Entravam

no índice de freqüência de acidentes os acidentes do tipo CPT. A partir de 2003, os acidentes

SPT de atividade restrita passaram também a ser medidos.

3.3.2 Avaliação das condições de trabalho na extração de minério

Para a coleta dos dados sobre as condições de trabalho da mina foram levados em

consideração os seguintes fatores: organização dos locais de trabalho, equipamentos utilizados

na execução das atividades, exigências de produção, jornada de trabalho, segurança e

exposição a agentes ambientais, definidos de acordo com as especificidades e riscos

apresentados pela atividade, para posterior avaliação e confronto com a NR22. A avaliação se

deu de forma passiva, através do acompanhamento das atividades desenvolvidas no

Departamento de Mineração, com observações diretas e devidamente anotadas.

3.3.2.1 Coleta de dados do perfil

Para a complementação de informações sobre as condições de trabalho na extração de

minério, foi realizada a aplicação de questionário, levantando-se informações sobre horários

de trabalho, satisfação no trabalho, treinamento, acidentes e saúde. Os questionários foram

enviados por correio e aplicados pela empresa.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização da Empresa

A unidade da empresa avaliada contava com 1.286 empregados, estando incluído nesse

número os empregados de empresas contratadas. As operações de extração de minério

iniciaram-se em 1977, com o comércio de produtos e pelotas no mercado siderúrgico mundial,

chegando à produção de 15,4 milhões de toneladas métricas secas de concentrado de minério

de ferro em 2004. Pertence à empresa brasileira Companhia Vale do Rio do Doce (50%) e à

empresa australiana BHP (50%), valendo mencionar ser esta última considerada a primeira do

mundo em relação às questões de segurança.

Desde o início de suas atividades a empresa buscou desenvolver ações em rigor com

as legislações, obtendo como certificações a ISO 9001 (1994-1995), a ISO 14000 (1998) e a

OHSAS 18001 (2001)

4.2 Histórico de Acidentes

a) 1977 - Início das operações: riscos desconhecidos, métodos de trabalho inseguros e

empregados em fase de capacitação levaram a números elevados de acidentes CPTs,

ocasionando taxa de freqüência de acidentes acima de 70,00 em 1977.

b) 1982 a 1984 - Crise no Mercado de Minério de Ferro: demissões e moral instável devido à

crise no mercado de minério de ferro tornaram as operações ainda mais inseguras. A taxa

de freqüência de acidentes começou a aumentar novamente alcançando o valor de 11,59.

11.59

0.21 0.40 0.37

1.420.711.09

1.39

2.672.46

3.81

6.457.23

10.7610.89

8.8910.00

10.78

5.19

20.14

16.10

27.51

29.24

70.05

0.810.711.20

2.62 2.24

0

5

10

15

20

25

30

35

40

77 79 81 83 85 87 89 91 93 95 97 99 2001 2003

Figura 2 - Índice de freqüência de acidentes

Fon

te: w

ww

.sam

arco

.com

.br

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c) 1984 a 1991 - Treinamentos: com a exibição de slides de segurança no trabalho e com o

Programa Zero Acidente, a empresa buscou uma administração estratégica voltada à

obtenção de melhores resultados em relação à segurança na empresa. A taxa de freqüência

de acidentes começou a declinar significantemente.

d) 1991 a 1994 - Ações mais sistematizadas: primeira política de segurança participativa

feita com empregados e início da participação dos empregados na melhoria da segurança

da empresa, levando a empresa a alcançar o baixo índice de freqüência de acidentes de

1,39.

e) 1994 a 1995 - Controle de condições inseguras, com participação dos empregados:

introdução de padrões gerais tais como Programa Anual de Treinamento de Segurança e

Reuniões de Segurança. Em 1995, com a certificação ISO 9001, a moral da empresa em

alta levou à taxa de freqüência mais baixa até então: 1,09. Nesse período, a empresa

lançou como meta o alcance de taxa de freqüência de acidentes de 0,5 para o ano de 2000.

Outras ações implementadas foram os treinamentos anuais de segurança.

f) 1996 a 1998 - Inclusão de contratadas nas estatísticas: empregados de contratadas

começaram a compartilhar o mesmo programa de segurança e treinamentos de segurança

elevando a taxa de freqüência de 0,70 para 2,62. O maior número de acidentes ainda

ocorriam em empresas contratadas: no ano de 2004, entre 9 acidentes classificados

registrados, 8 foram de contratadas. Outras atividades implantadas foram à análise da

segurança no trabalho, inspeções de segurança e formação de grupos de segurança.

g) 1998 a 2000 - Criação do Manual de Saúde, Segurança e Higiene e Inspeções Internas de

Segurança: na fase de treinamento para a obtenção da certificação de saúde e segurança

OSHAS 18001, a dificuldade para a consulta às normas regulamentadoras levou a

empresa a criar o Manual de Saúde, Segurança e Higiene contendo instruções técnicas

voltadas às boas práticas de saúde e segurança e demais procedimentos constantes na

norma regulamentadora NR22. Ainda no mesmo período, a empresa iniciou o

planejamento da Análise de Riscos para a elaboração do Programa de Gerenciamento de

Riscos (PGR), requisito importante a ser cumprido de acordo com NR9 e NR22 (diz

respeito ao levantamento e avaliação dos aspectos ambientais e riscos de saúde e

segurança), com o armazenamento de dados em sistema informatizado. Outras ações

implementadas foram as inspeções de segurança nas áreas, medidas estas adotadas a partir

de 2000, realizadas mensalmente.

h) 2001 a 2002 - Implantação das Observações de Trabalho Seguro – OTS e criação dos

Comitês de Segurança e Ergonomia: em 2002, a OTS passou a ser adotada pela empresa

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visando trabalhar o comportamento dos empregados na execução das atividades de forma

a reduzir a probabilidade da ocorrência de acidentes. Neste mesmo período, cada setor

passou a ter um Comitê de Segurança para coordenar a segurança do trabalho. O Comitê

de Ergonomia, com implantação em 2001, englobaria a ação de um gerente higienista e

outros componentes do Serviço Especializado em Saúde e Medicina do Trabalho

(SESMT) e com o objetivo de adequar o ambiente de trabalho às condições

psicofisiológicas dos empregados, ou seja, identificar formas de melhorar os postos de

trabalho, aumentando as condições de saúde, de conforto e de segurança. Entretanto suas

ações não observadas.

Em relação à média brasileira de acidentes, os números podem ser considerados bem

baixos. De acordo com o Relatório Anual de 2001 da empresa brasileira Companhia Vale do

Rio Doce - CVRD, maior empresa de exportadora de minério de ferro do mundo, os números

de acidentes chegaram, em 2001, a 21 acidentes CPTs, e ainda, com 3 acidentes fatais (estes

números equivalem a um índice de freqüência de acidentes superior a 3,5).

4.2.1 Gestão da segurança e saúde ocupacionais

Quadro 4 - Descrição dos programas de saúde e segurança

Programas Ações

PrincipalLegislaçãocumprida

SESMT

Serviços Especializados em Saúde e em Medicina do trabalho:Consultoria técnica e Treinamentos: Treinamento Introdutóriode Segurança e Meio Ambiente (2 horas), Treinamento deSegurança e Meio Ambiente (20 horas), Treinamento no MHST,Programa Anual de Treinamento, Treinamento conformedemanda.

NR4

CIPAMIN

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração:Relato de incidentes; campanha de trânsito; campanha contraAIDS; guardião da segurança; ações de segurança junto àsempresas fornecedoras de serviço e demais ações constantes naNR5.

NR5/NR22

ManualManual de Saúde, Segurança e Higiene:Manual de Instruções Técnicas consideradas as melhorespráticas para a realização das atividades com segurança.

NR4

Plano de EmergênciaAções para situações de emergência priorizadas pela análise dasignificância de riscos das atividades

NR9/R22

Gerenciamento decontratadas

Mesmos critérios de gerenciamento da empresa, de acordo comitem 22.3.5 da NR22

NR22

Inspeções de SegurançaMensais: realizadas pela própria área ou empresa fornecedora deserviço.Trimestral/Semestral: realizada pela Engenharia de Segurança eCIPAMIN.Anual: realizada pela Presidência/Diretoria da empresa mais umGrupo Técnico.

NR5/NR22

PCSMO Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional NR7

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PGR

Programa de Gerenciamento de Riscos: Avaliação dos fatores derisco; estabelecimento de prioridades, metas e cronograma eoutros requisitos descritos em NR22.

NR9/NR22

PPR Programa de Proteção Respiratória NR15/NR22

PPAPrograma de Conservação Auditiva NR6/NR22

NR15

PCRQPrograma de Comunicação de Riscos Químicos NR9/NR15

NR22

PRLPrograma de Rendimento de Lucro: Resultados de Saúde eSegurança compõem metas de todos os empregados

-

DDS Diálogo Diário de Segurança -

Campo de IdéiasPrograma para o incentivo de criação de idéias pelosempregados

NR4

Comitês Comitê de Segurança, Comitê de Ergonomia NR4

OTS Observação do Trabalho Seguro NR4

Programas Informatizados SSS, SiA4 NR4

Programa Bem Viver

Programa de Ginástica Laboral, Programa de Apoio aoDependente Químico, Programa de Apoio ao Tabagista,Assistência médica suplementar, Medicina Preventiva, Políticapreventiva de uso indevido do álcool e droga.

NR7

Fonte: Marina Murta

Em relação ao cumprimento desses programas, pôde-se observar que o Programa

Anual de Treinamento e o Programa de Ginástica Laboral não eram realizados uniformemente

pelos departamentos da empresa.

Constatou-se também que, em relação ao PRL, apesar dos resultados de saúde e

segurança contribuírem para a participação dos lucros na empresa, e ainda, as estatísticas

serem realizadas considerando-se as atividades desenvolvidas também por trabalhadores de

empresas contratadas, estes não tinham direito à participação nos lucros da empresa.

Em relação aos Programas Informatizados, constatou-se restrição quanto à adição de

informações e/ou modificações (somente os cargos mais elevados tinham acesso), o que podia

contribuir para o atraso da atualização de dados sobre os acidentes.

4.3 Procedimentos Adotados em Relação a Segurança e Saúde no Departamento de

Mineração

Através de entrevistas com o gerente de operação constatou-se que o controle da saúde

e segurança do Departamento de Mineração teve início em 1982. Entre os procedimentos de

medidas pró-ativas, de combate a acidentes, havia o Monitoramento de Saúde e Segurança,

com enfoque em quatro fatores de risco: poeira, ruído, vibração e ergonomia, e era realizado,

segundo gerência, nos equipamentos móveis e correias transportadoras, por empresas

especializadas. Outra medida pró-ativa, o Manual de Segurança, Operação e Meio Ambiente,

Quadro 4 - Descrição dos programas de saúde e segurança (Continuação)

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descrevia os principais procedimentos necessários para a execução das atividades de operação

de mina de forma segura e saudável.

As medidas reativas envolviam o trabalho de brigadistas, a confecção de Relatório

Preliminar e a Análise de Falha, esta reunindo membros da CIPAMIN, gerentes da mineração

e chefes de equipe.

Quadro 5 - Gestão da saúde e segurança no departamento de mineração

Ações Pró-Ativas Ações Reativas

1. Inspeções2. Auditorias3. Monitoramento de Poeira, Ruído, Vibração e

Ergonômico4. OTS, desde 20055. Registro e Tratamento de Condições Inseguras6. Treinamentos de Segurança7. Reuniões Mensais de Segurança8. DDS9. Análise Preliminar de Riscos10. Permissão para Trabalho Perigoso11. Manual de Segurança, Operação e Meio

Ambiente

1. Informações de Acidentes comunicada via rádio2. Presença de operadores intitulados socorristas e

brigadistas em cada turno, para agirem em caso deacidente

3. Para cada acidente: Relato Preliminar eAnálise de Falha (utilização de espinha de peixe ouICAN)

Fonte: Marina Murta

4.4 Segurança e Condições de Trabalho no Setor de Mineração

4.4.1 Segurança e saúde

Através da interpretação dos questionários constatou-se que apesar de 57,7% dos

operadores terem considerado a atividade de operação de mina cansativa, 92,8% mostraram-

se satisfeitos com a função desempenhada. 13,5% consideraram o tempo de sono insuficiente

para o descanso e, ainda, 31,5% responderam sentir muito cansaço físico após jornada de

trabalho.

Uma porcentagem de 19,8% dos operadores respondeu apresentar problemas de saúde

na ocasião, estando entre os mais freqüentes, problemas de coluna, num total de 36,5%. Em

pergunta a respeito do surgimento de problemas na coluna nos últimos 12 meses, 36,9% dos

operadores responderam ter apresentado este tipo de problema. 23,5% atribuíram o problema

à folga no assento, outros 23,5% atribuíram aos esforços repetitivos e 11,8% à atividade física

em função do trabalho. Uma porcentagem de 5,9% considerou como possíveis origens deste,

a exposição prolongada do operador em uma única posição e, apesar da alternação na

utilização dos equipamentos móveis ser estratégia adotada pela empresa para a redução de

esforços físicos, outros 5,9% consideraram a escala de revesamento de trabalho mal definida

como culpada.

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A respeito dos problemas de esforços físicos, comuns entre os operadores da mina,

para solucionar estes problemas, a empresa também vinha adotando medidas tais como a

implantação de câmeras de vídeo, facilitando a visibilidade dos operadores e diminuindo os

esforços repetitivos.

A atividade de extração de minério foi considerada por 82,0% dos operadores como

uma atividade perigosa. Em relação à ocorrência de acidentes, 13,5% dos operadores

responderam já terem sofrido algum tipo de acidente na empresa.

98,2% dos operadores responderam ter recebido treinamento para exercer a atividade

de operador de mina e, quanto aos procedimentos de segurança, 100% dos operadores

responderam receber treinamento periódico de segurança. Em relação às ferramentas

utilizadas pela empresa para o combate a acidentes, 85,6% responderam realizar os diálogos

de segurança (DDS).

Em relação às outras ferramentas de segurança utilizadas pelos operadores, pôde-se

constatar ainda a realização de Observações de Trabalho Seguro - OTS, Permissão para o

Trabalho Seguro e Registros de Condições Inseguras, procedimentos esses não exigidos pela

NR22.

4.4.2 Organização dos locais de trabalho

Foi possível constatar o cumprimento dos seguintes requisitos estabelecidos pela

NR22: áreas em atividades operacionais com entradas identificadas, estradas sinalizadas,

largura mínima das estradas respeitada, veículos de pequeno porte que transitavam nas áreas

de mineração mantinham farol e giroflex ligados, as frentes de lavra eram representadas em

mapas e atualizadas, existência de sistema de comunicação por rádio, o transporte de

trabalhadores em áreas das minas era realizado em veículo adequado para transporte de

pessoas, a largura mínima das vias de trânsito era respeitada, as instalações sanitárias eram

adequadas.

4.4.3 Exigências de produção

Através de visitas aos locais de trabalho, acompanhamento do SESMT e contatos com

a Gerência do Departamento de Mineração, pôde-se observar uma maior pressão temporal da

produção em relação aos demais setores, uma vez ser a extração de minério atividade a ditar o

ritmo da produção da empresa.

Através do acompanhamento de reuniões e palestras de segurança, constatou-se

competição entre alguns turnos no que diz respeito à produção. 0,9% dos operadores

consideraram a formação de grupos competitivos riscos à segurança pois acabava levando

alguns dos operadores a não interromperem suas atividades em evidências de riscos graves e

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iminentes para a sua segurança e saúde, ação essa que deve ser cumprida de acordo com

NR22.

4.4.4 Equipamentos utilizados

O trabalho de extração de minério, trabalho este realizado pela operação de

equipamentos de grande porte, requer operadores bem treinados e equipamentos em bom

estado. 65,8% dos operadores questionados responderam estarem os veículos em bom estado

de limpeza e 70,3% responderam estarem os veículos em bom estado de conservação. Em

relação ao acesso aos veículos, 77,5% responderam conseguir descer dos veículos sem risco

de escorregar e 87,4% responderam conseguirem sair facilmente em caso de emergência. Em

relação à dimensão das cabines e assentos, os resultados positivos abrangeram 94,6% e 87,4%

das respostas, respectivamente. Entretanto, 23,5% dos operadores que responderam sobre as

origens dos problemas de coluna consideraram que os bancos deveriam ser melhor projetados

para diminuir folgas no assento.

Em relação à proteção dos veículos, observou-se existência de sistema de bloqueio,

emissão de sinal sonoro, indicação de capacidade máxima em local visível e inspeção

periódica, conforme especificações da NR22. Para este item, em pergunta relativa à inspeção

de veículos todas as vezes de sua utilização, 96,4% dos operadores responderam assim

agirem.

As correias transportadoras possuíam dispositivo para interrupção de seu

funcionamento, e os trabalhos de limpeza e manutenção eram realizados através de jato

d’água. 99,1% consideraram o manual de operação, ferramenta eficaz para a realização segura

das atividades e 100% dos operadores responderam utiliza-lo.

4.4.5 Jornada de trabalho

Através da analisa dos questionários, 5,4% dos operadores responderam não estarem

satisfeitos com os horários e carga horária de trabalho. Em participação de reunião com

operadores da mina, alguns consideraram que a jornada de trabalho com duração de 6 horas,

durante quatro dias, tornava o trabalho bastante cansativo, além das reclamações a respeito da

alimentação, já que eram oferecidos lanches com duração de apenas quinze minutos.

Antigamente eram estabelecidas jornadas de 12 horas de quatro e cinco dias, com direito à

folga de 72 e 96 horas, respectivamente.

Ainda em relação à jornada de trabalho, por serem contínuas as atividades

desenvolvidas na mina, estas acabavam privando seus trabalhadores da participarem de alguns

eventos internos da empresa, realidade esta também questionada pelos operadores de mina.

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4.4.6 Exposição a agentes ambientais

Para combater os riscos ambientais - clima, poeira, e outras intempéries, o setor de

mineração adotava veículos com cabines climatizadas, permitindo temperatura ideal ao

operador do veículo e proteção contra exposição ao sol e chuva. As operações eram realizadas

por processos umidificados para evitar a dispersão da poeira. Entre os operadores

questionados, 1,8% relataram ineficiência da umidificação das vias de circulação e 2,7%

indicaram necessidade de melhoramentos do patrolamento na atividade de extração de

minério.

De acordo com a NR22, as atividades que expusessem os trabalhadores a condições de

risco grave e iminente deveriam ser interrompidas. Apesar de certa resistência de alguns

operadores, fatos estes devido às exigências de produção e competição entre turnos, 97,3%

dos operadores responderam em questionário, interromperem as atividades em situação de

risco grave e iminente.

5. CONCLUSÕES

O estudo realizado buscou a descrição dos principais procedimentos de saúde e

segurança de forma a contribuir para a melhoria do trabalho no setor de mineração. Limitou-

se por caracterizar as condições de trabalho da atividade de extração de minério, sendo

excluídas atividades tais como explosão de rochas, eliminação de rejeitos, e outros fatores

identificados em NR22 relacionados ao processo de lavra de minério, desconsiderando

também estudos detalhados sobre os procedimentos de segurança e condições de trabalho das

atividades nos demais departamentos da empresa, tais como os de britagem e concentração, o

que abre oportunidades para a realização de novos trabalhos que abordem as questões acima

mencionadas.

A complementação de informações sobre as condições de trabalho de extração de

minério foi realizada pela aplicação de questionário enviado por correio, possibilitando a não

influência do pesquisador nas respostas do entrevistado.

Através dos resultados obtidos, pôde-se concluir que os programas de saúde e

segurança adotados pela empresa mostraram-se eficientes, interferindo positivamente na

redução de acidentes e que a grande maioria dos procedimentos estava em conformidade com

as normas regulamentadoras do Ministério de Trabalho e Emprego, e ainda, pode-se constatar

baixo índice de freqüência de acidentes em relação ao setor de mineração. Entre os fatores

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contribuintes para o bom desempenho da empresa na área de segurança quando comparada ao

cenário brasileiro, pode-se mencionar a influência de sua acionista BHP, primeira

mundialmente em conceitos de segurança. Algumas conclusões mais específicas encontram-

se a seguir:

a) através da descrição do histórico de acidentes constatou-se que à medida que foram sendo

implantados ações e programas voltados à segurança e saúde ocupacionais, a taxa de

freqüência de acidentes foi-se reduzindo. Com a introdução de novas ferramentas e,

principalmente com o envolvimento dos empregados na gerência de segurança, a redução

da taxa foi ainda mais discriminadora, mudando de 70,0 em 1977, para 1,39 em 1994;

b) ainda em relação ao histórico de acidentes, constatou-se a elevação na taxa de acidentes

em 1996, com a entrada das empresas contratadas nas estatísticas de acidentes, o que se

justificou pelo aumento de atividades envolvidas, e que a grande maioria dos acidentes

registrados na ocasião (2004), ainda eram provenientes das atividades das empresas

contratadas;

c) em relação ao cumprimento dos programas de saúde e segurança, verificou-se a não

atuação do Comitê de Ergonomia e ainda que o Programa de Treinamento Anual de

Segurança e o Programa de Ginástica Laboral não eram realizados uniformemente em

toda a empresa;

d) a atividade de extração de minério foi considerada pela maioria dos operadores (82%)

como uma atividade perigosa, o que demonstra a grande importância da adoção de

ferramentas para o combate de acidentes;

e) apesar do trabalho de operador de mina ter sido considerado cansativo por 57,7% dos

entrevistados, a maioria o considerou satisfatório;

f) dos 19,8% operadores que afirmaram apresentar problemas de saúde na ocasião, a maioria

apresentava como principal doença o problema de coluna;

g) em relação ao aparecimento de problemas de coluna nos últimos 12 meses, 36,9% dos

operadores responderam apresentar o sintoma, apontando como principais causas assentos

com folga nos equipamentos móveis e esforços repetitivos, demonstrando a necessidade

de melhor atuação do Comitê de Ergonomia;

h) em relação a abordagem dos aspectos ergonômicos presentes na NR 22, pode-se observar

carência de informações quanto a procedimentos específicos a serem adotados, o que pode

estar contribuindo negativamente para o surgimento de problemas ergonômicos;

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i) em geral, os operadores consideraram os programas de saúde e segurança importantes

ferramentas para a realização correta e segura das atividades, afirmando receber

treinamentos sobre o assunto;

j) em relação às condições de trabalho na extração de minério, a maioria dos procedimentos

mostrou-se conforme com a NR22, apesar do relato por parte de alguns operadores de

mina sobre a ineficiência de umidificação das vias, falta de patrolamento e folga no

assento de alguns equipamentos móveis;

k) a jornada de trabalho foi considerada satisfatória pela maioria dos operadores, mas por

envolver atividades contínuas, acabava privando seus trabalhadores da participarem de

alguns eventos internos da empresa;

l) A maioria dos operadores afirmou interromper as atividades em situação de risco grave e

iminente à sua saúde e segurança, conforme prescrito na NR22.

6. RECOMENDAÇÕES

Com base nos dados levantados, são feitas as devidas recomendações:

a) tornar o Treinamento Anual de Segurança e realização da Ginástica Laboral ações

uniformes em toda a empresa, inclusive tornar a ginástica laboral obrigatória a todos os

operadores de mina;

b) propor aos órgãos regulamentadores possíveis modificações na Norma Regulamentadora

NR22, de forma que os aspectos ergonômicos sejam corretamente abordados;

c) realizar Análise Ergonômica do posto de trabalho do operador de mina, de forma a

diagnosticar as possíveis causas do surgimento dos problemas de coluna apresentados por

parte significativa dos operadores de mina;

d) efetivar a atuação do Comitê de Ergonomia;

e) melhorar o acompanhamento dos procedimentos de segurança nas empresas contratadas;

f) melhorar o processo de umidificação e patrolamento;

g) estudar sobre a possibilidade de mudanças de horário na jornada de trabalho e

alimentação.

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22

SANTANA, A. M. C.. A abordagem Ergonômica como Proposta para Melhoria doTrabalho e Produtividade em Serviços de Alimentação. Florianópolis, SC. UFSC. p. 370.Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de SantaCatarina.

WALLE, Manfred e Jennings. Manual de Segurança e Saúde em Minas de Superfície dePequeno Porte. Brasília: Copyright Organização Internacional do Trabalho, 2003.

Sítios:

DATAPREV/TABELA.Disponível em:<http://www.previdenciasocial.gov.br/docs/2Act01_01.xls>. Acesso em: 8 de junho de 2005.

ÍNDICE DE FREQÜÊNCIA DE ACIDENTES. Disponível em:<http://www.federativo.bndes.gov.br>. Acesso em: 18 de agosto de 2006.

QUARESMA, LUIZ FELIPE - DNPM/MG. Disponível em: <http://planeta.terra.com.br/educacao/br_recursosminerais/1808_1889.html>. Acesso em: 9de abril de 2005.

RELATÓRIO ANUAL DA CVRD. Disponível em:<htpp://www.cvrd.com.Br/crvd/hotsites/br>. Acesso em 10 de agosto de 2006.

SAMARCO MINERA ÇÃO S/A. Disponível em:<http://www.samarco.com/port/operação/mineração.asp>. Acesso em: 2 de julho de 2004.

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ANEXOS

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ANEXO A

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS OPERADORES DE MINA

1 - DADOS DO OPERADORNome:

1.1Carteira Nacional de Habilitação: Categoria:

1.2-Trabalhou em outras empresas? ( ) Sim ( ) Não

1.3-Você gosta de exercer a atividade de operador? ( ) Sim ( ) Não

1.4-Você acha a atividade difícil? ( ) Sim ( ) Não

1.5-Você acha a atividade perigosa? ( ) Sim ( ) Não

1.6-Você acha a atividade cansativa? ( ) Sim ( ) Não1.7-Na sua opinião o período de sono é suficiente para o descanso? ( ) Sim ( ) Não1.8-Você sente muito cansaço físico após o dia de trabalho? ( ) Sim ( ) Não

1.9-Você está satisfeito com os horários e carga horária dos turnos de trabalho? ( ) Sim ( ) Não

1.10-Como é o seu relacionamento com o chefe imediato? ( )Excelente ( ) Bom ( )Regular

2- TREINAMENTO

2.1-Você recebeu algum treinamento para exercer esta função? ( ) Sim ( ) Não

2.2-Você recebe periodicamente treinamentos da empresa? ( ) Sim ( ) Não

2.3-Você acha o treinamento importante para realizar seu trabalho? ( ) Sim ( ) Não

2.4-Você participa dos treinamentos sobre segurança no trabalho? ( ) Sim ( ) Não

2.5-O seu turno realiza DDS- Diálogos Diários de Segurança? ( ) Sim ( ) Não

3- SAÚDE, HIGIENE E ERGONOMIA

3.1-Você tem algum problema de saúde atualmente? ( ) Sim ( ) Não

Se sim, quais?

3.1.1- SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO

Perguntas para todos Perguntas para aqueles que tiveram algum problema

Nos últimos 12 meses, você teve Impediu a realização

normal do E nos últimos 7 dias?

qualquer problema como dor outrabalho, nos últimos 12

meses?

desconforto na:

Coluna Coluna Coluna

( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não

3.1.2.Na sua opinião, quais as causas deste problema? Espaço para responder:

3.2.-A cabine é sempre mantida limpa? ( ) Sim ( ) Não

3.3-O veículo se encontra em bom estado de conservação? ( ) Sim ( ) Não

3.4-O veículo possui cabine climatizada? ( ) Sim ( ) Não

3.5-Você inspeciona o veículo toda vez que vai utiliza-lo? ( ) Sim ( ) Não

3.6-Você já sofreu acidentes trabalhando nesta empresa? ( ) Sim ( ) Não

3.7 – ACESSO AO VEÍCULO

3.7.1-Você pode com segurança subir e descer sem riscos de escorregar?

( ) Sim ( ) Não

3.7.2-Você pode sair rapidamente numa emergência?

( ) Sim ( ) Não

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3.8 – POSIÇÃO DE TRABALHO

3.8.1.-A posição de trabalho é confortável?

( ) Sim ( ) Não

3.8.2-A cabine é de tamanho confortável?

( ) Sim ( ) Não

3.9 – ASSENTO

3.9.1-O assento é confortável e tem regulagem?

( ) Sim ( ) Não

3.10 EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES

3.10.1. Você sempre pára as atividades numa situação de risco grave e iminente?

( ) Sim ( ) Não

3.10.2. Você cosidera o Manual de Operação uma boa ferramenta para realizar com segurança as atividades?

( ) Sim ( ) Não

3.10.3. Você utiliza o Manual de Operação?

( ) Sim ( ) Não

Você gostaria de fazer algum comentário complementar sobre a segurança na MINA?

\

ANEXO B

GRÁFICO DE ACIDENTE DE TRABALHO CVRD

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

INTERPRETAÇÃO ESTATÍSTICA DE ALGUMAS PERGUNTAS DO QUESTIONÁRIOAPLICADO

Você gosta de exercer a atividade de operador?

naosim

Pe

rce

nt

100

80

60

40

20

0

Você acha a atividade cansativa?

naosim

Pe

rce

nt

60

50

40

30

20

10

0

Como é o seu relacionamento com o chefe imediato?

regularbomexcelente

Pe

rce

nt

60

50

40

30

20

10

0

o período de sono é suficiente para o descanso?

naosim

Pe

rce

nt

100

80

60

40

20

0

Pe

rce

nt

70

60

50

40

30

20

10

0

63

37

naosim

Pe

rce

nt

100

80

60

40

20

0

naosim

Pe

rce

nt

120

100

80

60

40

20

0

naosim

Co

un

t

120

100

80

60

40

20

0

naosim

Pe

rce

nt

80

60

40

20

0

30

70

naosim

Pe

rce

nt

100

80

60

40

20

0

Você acha a atividade perigosa?

naosim

Pe

rce

nt

100

80

60

40

20

0

Você recebeu algum treinamento para exercer esta função?

naosim

Pe

rce

nt

120

100

80

60

40

20

0

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. Você sempre pára as atividades numa situação de risco?

naosim

Pe

rce

nt

120

100

80

60

40

20

0

Você pode subir e descer sem riscos de escorregar?

naosim

Pe

rce

nt

100

80

60

40

20

0

Você cosidera o Manual de Operação uma boa ferramenta para realizar com

naosim

Pe

rce

nt

120

100

80

60

40

20

0

A posição de trabalho é confortável

naosim

Pe

rce

nt

100

80

60

40

20

0

Você pode sair rapidamente numa emergência?

naosim

Pe

rce

nt

100

80

60

40

20

0

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APÊNDICE B

INTERPRETAÇÃO DETALHADA SOBRE DOENÇAS DOS OPERADORES DE MINA

Operadores de Mina com problemas de saúde e respectivas doenças

9,1%

4,5%

4,5%

4,5%

4,5%

4,5%

18,3%

13,6%

36,5%

Coluna

Lombalgias

Dores no Joelho

Dores Musculares

Dores de Cabeça

Sinozite

Presssão Alta

Reposição deHormôniosNão responderam

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APÊNDICE C

INTERPRETAÇÃO DETALHADA SOBRE OPINIÃO DOS OPERADORES DE MINA

SOBRE POSSÍVEIS CAUSAS DO SURGIMENTO DOS PROBLEMAS DE COLUNA

NOS ÚLTIMOS 12 MESES

Opinião dos Operadores quanto às causas do surgimento de Problemas de Coluna nos últimos

12 meses

5,9%

5,9%

5,9%

23,5%

5,9%

5,9%

5,9%5,9%

11,7%

23,5%

Bancos com folga

Atividade Física

Esforços Repetitivos

Exposição Prolongadaem única posição

Mau descanso

Função Exercida

Trando do Trator

Escala de Trabalho maldefinida

Segurança

Chuva excessiva

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APÊNDICE D

OPINIÕES FINAIS DOS OPERADORES DE MINA

Opiniões Finais Total de operadores que responderam

12

Patrol deveria funcionar mais tempo 3

Muita poeira na Mina 2

Revisão em equipamentos Móveis 1

Continuidade de Treinamentos 1

Organizar equipe específica para realizarsobre os equipamentos móveis 1

Realizar revisão nos equipamentos 1

Melhorar o acompanhamento do SESMT naMina 1

Sobre a posição de trabalho, deve-se avaliaros diferentes equipamentos 1

Desacato à Normas de Segurança leva áocorrência de acidentes 1


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