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MAPEAMENTO DAS OCORRÊNCIAS COM ABELHAS ATENDIDAS PELO BATALHÃO DE BUSCA E SALVAMENTO – BBS/CBMPB EM
JOÃO PESSOA
Rodolfo Barros de Sá1
Flaubert Wesley Barbosa de Almeida2
RESUMO
As abelhas estão presentes na história da humanidade, estabelecendo diversas relações e possuindo grande importância social, econômica e para meio ambiente. Quando a interação ocorre negativamente com a população ou animais, o Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba é solicitado para devida intervenção. De janeiro de 2015 até agosto de 2017 foram atendidas 1.629 solicitações em João Pessoa e, através desses dados, este estudo desenvolveu mapas, de zoneamento e de calor, referentes aos locais com o auxílio do Sistema de Informações Geográficas (SIG). Os mapas foram gerados com base nas ocorrências citadas, que são atendidas pelo Batalhão de Busca e Salvamento, integradas com dados georreferenciados através do software QGIS 2.18. Com eles, foi possível verificar que a maior incidência, no período em João Pessoa, ocorreu na Zona Sul e no bairro de Mangabeira. As demais regiões seguiram, em ordem crescente, Norte, Oeste e Leste e os bairros de Manaíra, Cristo Redentor e Centro com maior número de ocorrências da sua região. Quanto ao período, em 2015 e 2016 o mês de setembro teve maior incidência, seguido por janeiro. Além disso, a maior parte dos chamados ocorreram entre às 8 e 17 horas do dia. Portanto, este estudo possui grande importância para o planejamento de ações com essas ocorrências, facilitando o trabalho dos bombeiros, a satisfação da população e a melhoria do meio ambiente.
Palavras-chave: Ocorrências; Abelhas; Bombeiros; Mapeamento de ocorrências.
1 Aluno a oficial do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba. 2 Maj. QOCBM do CBMPB – Especialista em Gerenciamento em Segurança Pública.
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BEE’S OCCURRENCE MAPPING ATTENDING BY BATALHÃO DE BUSCA E SALVAMENTO – BBS/CBMPB IN JOÃO PESSOA-PB
Abstract
The bees are present in the history of mankind, establishing diverse relationships and having great social, economic and environmental importance. When the interaction occurs negatively with the population or animals, the Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba is requested for a proper intervention. From January 2015 to August 2017 1,629 requests were answered in João Pessoa, and through this data, this study developed maps, zoning and with the aid of the Geographic Information System (SIG). The maps were generated based on the occurrences mentioned, which are server by the Batalhão de Busca e Salvamento, integrated with georeferenced data using the QGIS 2.18 software. With them, it was possible to verify that the highest incidence of the period in João Pessoa occurred in the South Zone and the Mangabeira neighbourhood had the highest records. Followed, in ascending order, the North, West and East Zones and the neighbourhoods of Manaíra, Cristo Redentor and Centro with the most number of occurrences within its region. As for the period, in 2015 and 2016, September had higher incidence followed by january. In addition, the most part of the calls occurred between 8:00 and 17:00. Therefore, this study has great importance for the action planning with these occurrences, facilitating the firefighters work, the satisfaction of the population and the improvement of the environment.
Key words: Occurrences; Bees; Firefighters; Occurrence mapping.
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INTRODUÇÃO
As abelhas são animais que surgiram no período Cretáceo com o
aparecimento das plantas que produziam flores (Freitas, 1993). Deste modo se
fizeram presentes na história da humanidade e assim, posteriormente, estabelecendo
relações entre si.
O Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba é responsável por atuar em diversas
frentes de trabalho com a finalidade de prestar assistência à sociedade. Dentre as
atividades realizadas é comum a interação com abelhas, sendo este tipo de ocorrência
presente em todo o estado paraibano. Na capital, João Pessoa, este serviço de
manejo de abelhas é realizado pelo Batalhão de Busca e Salvamento – BBS.
Estes animais possuem grande importância social e econômica, e
principalmente para o meio ambiente. Para tanto é comum que utilizem um processo
natural de migração e/ou multiplicação, enxameação, onde as abelhas podem ficar
em diversos locais, tanto nas áreas urbanas quanto na zona rural (Nogueira-Couto e
Couto, 2002). A partir de então a interação entre homem e animal se torna mais
próxima, podendo causar ainda, danos as pessoas e até mesmo animais.
A partir do momento que as abelhas se tornam agressivas e estão atacando,
tenham atacado ou apresentando risco iminente a integridade física da população
local ou a animais, será realizada a devida intervenção do CBMPB (PARAÍBA, 2014).
Poderão os militares realizar apenas o manejo através da captura ou deixar as abelhas
seguirem sua rota migratória, ou até mesmo exterminar, de acordo com as
necessidades.
Portanto estudar as ocorrências que envolvem abelhas e assim criar um
mapa de zoneamento justifica-se pelo grande número dessas ocorrências atendidas
pelo CBMPB e dada a importância das abelhas. De acordo com a 3ª Seção do Estado
Maior do BBS – BM/3, no ano de 2016 foram realizadas 734 intervenções com esses
animais. Isso representa a maior parte das ocorrências atendidas por este batalhão.
Além disso, como já citado, uma demonstração da importância das abelhas
é citada por ROUBIK (1995) onde elas exercem papel ecológico fundamental na
manutenção da diversidade de espécies vegetais, sendo responsável indiretamente
pela produção dos alimentos.
Em contraponto a isso o CBMPB em suas atuações podem, decorrente da
necessidade já regulamentada, realizar o extermínio dessas abelhas que migrarem
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para locais que ofereçam riscos as pessoas e animais. E nem sempre a legislação
poderá favorecer atitudes realizadas pelos militares, necessitando compreender este
universo jurídico.
Assim o mapeamento das ocorrências com abelhas teve o interesse em
visualizar dados georreferenciados através de mapas temáticos e localizar
espacialmente determinados eventos ou situações, como relações em áreas
especificas do município de João Pessoa. Essa estratégia buscou facilitar o
entendimento sobre esses insetos na cidade e balizar ações estratégicas em geral.
O mapeamento possibilitará planejar e preparar melhor os militares e
unidades para atuação mais efetiva nas ocorrências com abelhas, bem como
possíveis ações públicas para a população. Permitirá ainda analisar a migração
dessas abelhas buscando meios para evitar que tragam danos a estes insetos e
também às pessoas e/ou materiais, servindo ainda para comparar e analisar as
atitudes do CBMPB, priorizando sempre a captura de abelha em relação ao
extermínio.
Por fim, este estudo teve o objetivo de desenvolver um mapa sobre as
intervenções com abelhas realizadas pelo Batalhão de Busca e Salvamento e, assim
produziu levantamento e mapeamento da incidência de ocorrências realizadas em
João Pessoa.
REFERENCIAL TEÓRICO
Abelhas e suas características
Na evolução da existência, de acordo com Freitas (1993), as abelhas
surgiram há mais de cem milhões de anos junto com o desenvolvimento das plantas
que produziam flores, no período Cretáceo. Desta maneira estiveram presentes em
toda a história da humanidade.
As abelhas são insetos sociais que vivem em colônias extremamente
organizadas pertencente ao gênero Apis. São elas essenciais para a polinização,
produção de mel, geleia real, cera, própolis, pólen e apitoxina (JUNIOR, [s.d]). É ainda
uma espécie organizada e nas colmeias existem cerca de 40 a 60 mil abelhas
compostas com apenas uma rainha, dezenas de zangões e milhares de operárias
(FREIRE, 2012).
O aparecimento das abelhas em diversos locais justifica-se pela migração ou
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enxameação. São seres que se utilizam de constantes migrações de acordo com sua
necessidade e quando a colônia cresce ela se divide para formação de nova colmeia
em outro local (AMARAL e RESENDE, 1999). A diferença entre colônia e enxame é
que a primeira é composta pelas abelhas adultas, favos, mel, pupas de operarias e de
machos, estoque de pólen, estando em espaço interno limitado. Já a segunda é
formada por abelhas adultas, geralmente com rainha com ou sem machos (Toledo et
al, 2006).
Então nessa divisão ou enxameação as abelhas podem procurar locais para
se desenvolver, nidificar, de características diversas, tanto na zona rural como na zona
urbana, como cita Nogueira-Couto e Couto (2002), os enxames podem ser
encontrados em diferentes localidades e altura do terreno.
As abelhas possuem grande responsabilidade como polinizadoras,
contribuindo diretamente para a vida no planeta. A polinização é o transporte de pólen
de uma flor para a outra sendo desta maneira que ocorre a fecundação, iniciando o
desenvolvimento de frutos e sementes. Além disso, com a polinização cruzada gera
importante adaptação evolutiva das plantas aumentando assim a produção dos frutos
e sementes (Nogueira-Couto e Couto, 2002). Desta maneira as abelhas são
reconhecidas por essa alta capacidade de transporte de pólen auxiliando ainda no
reflorestamento e manejo de florestas, pois, como citado, sem este mecanismo a
manutenção e conservação de comunidades vegetais são impactadas negativamente.
A importância econômica e social também faz das abelhas grande
representante. Atualmente o Brasil é um grande produtor e exportador de mel,
figurando entre os dez maiores exportadores do mundo (ABEMEL, 2015). Isto denota
sua importância no cenário mundial e interno sendo essa uma atividade que gera
diversas oportunidades. Além do mel outras atividades possuem interesse comercial
como a produção de geleia real, cera, própolis e utilização da apitoxina (ROSA, 2013).
Assim, as abelhas com sua notória organização são importantes não apenas
para o meio ambiente, mas também para a economia e sociedade.
O manejo e atendimento de ocorrências com abelhas pelo CBMPB
O Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba atua nas ocorrências envolvendo
abelhas em todo seu território. Para isso, através da portaria do CBMPB foram
padronizadas e reguladas as atuações dos bombeiros militares neste tipo de
ocorrências (PARAÍBA, 2014).
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Na capital paraibana, em João Pessoa, o serviço de captura e controle de
abelhas é realizado pelo Batalhão de Busca e Salvamento – BBS. Para o CIOP estas
ocorrências são registradas como “Iminente ataque de insetos (captura, extermínio) ”
e podem envolver outros insetos como vespas. Porém nestas situações o serviço
deverá ser realizado por empresas responsáveis por controles de pragas urbanas.
Esses atendimentos geram grandes números todos os anos, mostrando
assim a representatividade e necessidade da atuação dos bombeiros com esses
animais. Nos últimos dois anos foram realizadas quase duas solicitações desta
natureza por dia, em média, no Centro Integrado de Operações da Paraíba.
Tabela 1 – Total de ocorrências com abelhas por ano.
Ano Total de ocorrências com insetos
2015 621
2016 645
Fonte: do autor
De acordo com a portaria poderá ser realizado pelos bombeiros que irão atuar
nas ocorrências com abelhas tanto a captura ou extermínio, desde que realizada de
maneira adequada e de modo a preservar o meio ambiente. A norma porém prevê
que a prioridade é de realização da captura (PARAÍBA, 2014).
As equipes de bombeiros do CBMPB deverão ainda seguir Procedimento
Operacional Padrão – POP em uso na corporação, de acordo com a portaria do
CBMPB. Mas o CBMPB ainda não publicou nenhum Procedimento Operacional
Padrão sobre o tema, que seria bastante útil para estas ocorrências. O POP descreve
os passos a serem seguidos para atingir um resultado ou determinada tarefa,
relacionando com a técnica utilizada por todos (NOGUEIRA, 2003).
Pode-se concluir portanto que o CBMPB, e assim o BBS, possuem legislação
específica sobre as ocorrências com abelhas por meio da portaria, mas ainda
necessita de especificação sobre a atividade através da organização por meio de
Procedimento Operacional Padrão.
As principais legislações relacionadas com as intervenções envolvendo
abelhas
O atendimento a ocorrências de enxames de abelhas realizados pelo CBMPB
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se relaciona com outras legislações. Isso através do ordenamento jurídico brasileiro
que utiliza de diversos mecanismos para regular e proteger os interesses
juridicamente relevantes, sendo a Constituição Federal a lei maior.
Há tempos já se falava sobre a proteção dos animais, como Decreto 24.645
de 1934, revogado, que proibiu os maus tratos aos animais (BRASIL, 1934). Assim
nossa carta magna vigente, posterior ao citado decreto, também buscou proteção a
tais. Desta maneira a Constituição Federal, de 1988, em seu artigo 225, traz o direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado incumbindo ao Poder Público e a todos
o dever de defesa e preservação (BRASIL, 1988). Observa-se então a importância da
atuação principalmente dos entes públicos, como o CBMPB, na manutenção e
desenvolvimento da fauna e flora.
A legislação busca defender o meio ambiente e expressa situações objetivas
sobre os animais. A lei 9.605/98, que também cita as condutas lesivas ao meio
ambiente, em seu artigo 29 considera o crime contra a fauna matar, perseguir, caçar,
apanhar os animais, incorrendo na mesma pena quem destrói ninho, abrigo ou
criadouro natural. Já o artigo 32 traz o crime a pratica de atos abusivos, maus-tratos,
ferir ou mutilar animais sejam eles silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou
exóticos. Acentua-se ainda aumento de pena em casos que resultem em morte do
animal (BRASIL, 1998). É possível assim relacionar esta lei com a portaria do CBMPB,
citada anteriormente, verificando as atitudes em ocorrências com abelhas,
principalmente quando está em seu habitat natural.
Outras legislações são direcionadas para a defesa destes animais. O Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, criou
normativo para o controle e manejo ambiental da fauna sinantrópica nociva. A norma
define fauna sinantrópica como populações de animais que se utilizam de áreas
antrópicas como meio transitório, de passagem ou até mesmo como área de vida. Já
a fauna sinantrópica nociva trata-se de tais animais que interagem de forma negativa
com o homem e que podem causar-lhes danos ou transtornos (IBAMA, 2006). Assim
são definições que podemos relacionar com os insetos e consequentemente com as
abelhas e ações realizadas pelo CBMPB.
Porém, de acordo com a norma do IBAMA em seu artigo oitavo, é facultado
aos órgãos de segurança pública o manejo e controle da fauna sinantrópica nociva,
como abelhas, sempre que representem riscos iminentes para a população (IBAMA,
2006). Cita expressamente o Corpo de Bombeiros neste artigo, estando assim
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coerente tais informações trazidas pelo CBMPB em sua Portaria de 2014. É notório
então a proteção das abelhas em condições especificas.
Vistos os mecanismos legais que cercam as abelhas protegendo-as em
diversas situações, observamos ainda os casos onde a interação negativa com a
população faz com que as autoridades tomem atitudes diferentes do processo natural
desses animais.
O Sistema de Informações Geográficas - SIG
A utilização de dados relacionados com mapas, representações e
informações georreferenciadas tem constituído uma grade ferramenta na busca do
conhecimento.
De acordo com Alves (1990) o Sistema de Informações Geográficas é
composto por sistemas para tratamento de dados georreferenciados. Assim, é
formado de diversos modos e sistemas para execução dos objetivos, resultando em
uma grande ferramenta informacional.
Através do SIG é possível processar informações de determinada área
geográfica para o armazenamento, manipulações, análises, cruzamento de
informações e outras variáveis para assim explicar fenômenos, simular eventos e os
mais diversos tipos de análises sobre os dados (CALDAS,2006).
Figura 1 – Exemplo de funcionamento do SIG
Fonte: GAO (2012).
Portanto, de acordo com os autores, as tecnologias do SIG podem ser
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utilizadas em estudos referentes ao meio ambiente e recursos naturais, na pesquisa
da previsão de determinados fenômenos, com a finalidade de gerar informações e
apresentar resultados. De tal modo também aplicar para os eventos e ocorrências
atendidas pelo CBMPB, auxiliando no planejamento e execução das atividades de
forma mais eficiente e efetiva.
MÉTODO
O presente estudo consistiu em pesquisa aplicada, tendo como cunho
caracterizador a pesquisa exploratória, procurando acumular e sistematizar os
conhecimentos. “A pesquisa exploratória é uma abordagem adotada para a busca de
maiores informações sobre determinado assunto. ” (MARTINS, 1994, p.30). Ainda de
forma descritiva objetivando a definição de algum assunto, as ocorrências atendidas
envolvendo abelhas. “O processo descritivo visa à identificação, registro e análise das
características, fatores ou variáveis que se relacionam com o fenômeno ou processo”,
(NETTO, 2006, p 10).
Assim, os resultados foram apresentados de forma quantitativa e qualitativa
por meio da pesquisa documental e, que foi realizada através do uso de imagens e
dados reais, processados por meio de programa computacional, para criar um mapa
de zoneamento. “A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de
dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de
fontes primárias. ” (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 62).
O roteiro para a obtenção dos dados e aplicação nos softwares utilizado,
sequenciado, neste artigo foi o seguinte:
1. Acesso ao site da Diretoria de Geoprocessamento e Cadastro, através do site
“http://geo.joaopessoa.pb.gov.br/digeoc/htmls/donwloads.html”;
2. Baixar o arquivo “Bairros” em João Pessoa, extraindo o shapefile (formato do
arquivo);
3. Acessar as informações do Centro Integrado de Operações através do Núcleo
Seccional de Informática (NSI) do CBMPB, criando uma planilha no Microsoft
Excel com os dados através dos seguintes parâmetros:
• Cidade Unidade Território: João Pessoa;
• Grupo: Busca e Salvamento;
• Natureza do Chamado: Iminente ataque de insetos (captura, extermínio);
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• Ano: 2015 até agosto de 2017;
• Solução: todos, exceto “Nada Constatado (trote) ”.
4. De posse da “planilha de ocorrências” e arquivo shapefile dos “bairros”,
adicionar no QGIS;
5. Realizar a integração da planilha e shapefile através da função “união”, tendo
como base o “código do bairro” no QGIS;
6. Ainda no QGIS, utilizar o estilo “graduado” com base nas informações do
“número de ocorrências”. Gerando 9 classes com valores graduados de
ocorrências, de 1 até 178, e 1 classe para número nulo ou zero;
7. Em outra camada utilizando a função “Raster>Mapa de calor” foi gerado um
segundo mapa, desta vez térmico, também de acordo com a quantidade de
ocorrências por bairro.
Realizando tal procedimento será possível obter os resultados históricos,
2015 até agosto de 2017, dos atendimentos realizados com abelhas em determinada
região, verificando assim relações de possíveis ocorrências desta natureza em João
Pessoa – PB.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base nos chamados de ocorrências que envolveram abelhas foi
produzido um mapa de zoneamento e de calor das ocorrências atendidas pelo
Batalhão de Busca e Salvamento, registradas no Centro Integrado de Operações –
CIOP, em João Pessoa. As figuras abaixo demonstram a distribuição das
intervenções:
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Figura 2 – Mapa de zoneamento das ocorrências de 2015 até agosto de 2017
Fonte: do autor.
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Figura 3 – Mapa de calor das ocorrências, em percentuais, de 2015 até agosto de 2017.
Fonte: do autor.
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Analisando os mapas produzidos para este estudo, pode-se verificar na figura
2 que foram utilizadas nove classes de grupos dos números de ocorrências, usando
intervalos de 20 ocorrências. No total foram 1.629 chamados para este tipo de
atendimento, sendo Mussuré o bairro com menor incidência, nenhuma solicitação,
enquanto Mangabeira como maior índice – 178 solicitações.
Em relação a figura 3 foram divididas em uma escala de cor que demonstra:
baixo, médio e alto percentual de chamados por bairro. Com este método é possível
verificar com clareza as zonas de maior incidência através das zonas “quentes” e
menores com zonas “frias”. Como citado anteriormente Mussuré obteve 0% enquanto
que Mangabeira correspondeu a 10,93% do total.
Os mapas tiveram como Sistema de Referência de Coordenadas – SRC o
“EPSG:4760, WGS 66” e as devidas escalas projetadas no canto inferior esquerdo de
cada mapa.
Com os dados usados na confecção do mapa foi possível gerar a análise
através do Gráfico 1, abaixo, onde as áreas de maior incidência estão localizadas, em
ordem crescente, ao: Norte, com 13 bairros, teve o Centro com maior número de
chamados que correspondeu a 62; Oeste, com 9 bairros, teve o Cristo Redentor com
maior número igual a 76 chamados; Leste, com 16 municípios, com Manaíra como
maior número de solicitações, igual a 62; e o Sul, tendo 26 bairros, teve o bairro de
Mangabeira como maior solicitante – 178 chamados.
Figura 4 – Nº de chamados por região do município de João Pessoa entre 2015 e agosto de 2017.
Fonte: do autor.
Norte26316%
Sul68942%
Leste39625%
Oeste28117%
Ocorrências por região
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Ainda com base nas informações utilizadas para atingir o objetivo deste
estudo foi possível fazer inferências e desenvolvimento de outros gráficos.
Figura 5 – Bairros com incidências acima da média geral (2015 até agosto de 2017)
Fonte: do autor.
Analisando o gráfico 2 verifica-se que 21 dos 64 bairros, 32,81%, estão acima
da média nos números de chamados. Estes bairros foram responsáveis por 1091
solicitações, que correspondem a 66,97% do total.
O Bairro de Mangabeira surgiu no maior quantitativo durante os 3 anos
seguidos, o que demonstra o grande número no geral. Além dele, os bairros de
Manaíra, Cristo Redentor e Ernesto Geisel nos anos de 2015, 2016 e até agosto de
2017 apareceram entre os 10 bairros com maiores incidências.
178
76
65
62
62
54
52
52
48
47
43
43
42
41
36
34
34
34
33
29
26
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Mangabeira
Cristo Redentor
Ernesto Geisel
Centro
Manaira
Jardim Oceania
Gramame
Valentina
Cabo Branco
Jaguaribe
Bairro dos Estados
Torre
Cruz das Armas
Jardim Cidade Universitaria
Bessa
Bancarios
Distrito Industrial
Oitizeiro
Tambau
Miramar
Pedro Gondim
Incidência por Bairros acima da média geral
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Figura 6 – Nº de chamados de acordo com o mês/ano entre 2015 e agosto de 2017.
Fonte: do autor.
Em 2015 o mês de setembro foi o responsável pelo maior número de
solicitações, sendo seguido pelo mês de janeiro, no ano posterior essas informações
se repetiram. Aparentemente, os meses seguem uma tendência de números de
solicitações, como pode ser verificado no gráfico 3 acima, onde apenas em março de
2016 não seguiu a tendência e ouve um acréscimo.
Figura 7 – Relação entre a quantidade de chamadas e o horário do dia, entre 2015 e agosto de 2017.
Fonte: do autor.
71
4440
49
40
22
40 42
95
5962
57
76
52
66
53
29 3128
46
85
60 5861
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Chamados em números por mês/ano
2015 2016 2017
0 1 0 0 211
62
131
166
184
132
98
115
156150
159
131
66
37
13 111 3 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 0
Nº de chamadas por horário (h)
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Como mostrado no gráfico 4, o horário de maior aparecimento desses insetos
e solicitação pelo cidadão correspondeu ao período entre 8 às 17 horas do dia, tendo
o maior índice às 10 horas do dia. Podendo assim, em outro momento, relacionar tais
informações com temperatura ou outras variáveis climáticas.
CONCLUSÃO
O mapeamento da incidência de ocorrências com abelhas consistiu em uma
ferramenta eficaz para se compreender como estes eventos foram atendidos, onde e
em quais períodos, pois, com o uso do SIG, tornou-se possível visualizar estas
informações através de mapas, conhecendo assim, onde se encontram o maior
número de chamados realizados em João Pessoa. Possibilitou também reconhecer
que existe uma demanda por estes serviços, sendo corroborado pelo elevado número
de atendimentos realizados entre janeiro de 2015 até agosto de 2017.
O principal objetivo deste artigo, elaboração de um mapa de zoneamento das
ocorrências que foram atendidas envolvendo abelhas pelo Batalhão de Busca e
Salvamento na cidade de João Pessoa – PB, foi obtido. Desta maneira possibilitou
reconhecer as áreas de maior ou menor incidência nos últimos anos, tendências de
períodos como meses e até mesmo horários das solicitações, permitindo assim
alterar, manter ou criar novas rotinas referentes ao assunto. Nos dois últimos anos os
meses que tiveram maior incidência de ocorrências, setembro e janeiro,
respectivamente, poderão ter atenção especial como ampliação de efetivo e materiais
aumentando significativamente as chances de sucesso. Portanto, será de grande
importância para o planejamento de ações com essas ocorrências, facilitando o
trabalho dos bombeiros, a satisfação da população e a melhoria do meio ambiente.
No entanto, se faz necessário a continuidade de pesquisas voltadas para
esta, haja vista que é extremamente importante investigar os motivos pelos quais as
abelhas migram mais para determinados bairros, como no caso, Mangabeira, ou ainda
relacionar outras informações pertinentes para o reconhecimento de comportamentos
destes animais. Bem como, possíveis estudos sobre a adequação das bases de dados
de ocorrências do CBMPB, fazendo com que estejam interligadas através de
geotecnologias e permitindo a integração constante das informações, principalmente
por não ter sido encontrado estudo anterior.
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REFERÊNCIAS
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