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MANUAL DE GESTÃO EFICIENTE

DA MERENDA ESCOLAR

3ª Edição

JULHO 2007

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3ª edição revisadajulho de 2007

O Manual de Gestão Eficiente da Merenda Escolar é uma publicação distribuída gratuitamente pelos realizadores.

RealizaçãoAção Fome Zero Rua Matias Aires, 402, 1º andarCEP 01309-020 — São Paulo — SPTel.: (11) 6877-6677Fax: (11) 3256-3928www.acaofomezero.org.br

Apoio InstitucionalAgropecuária JBCBMM — Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração Trevisan Escola de Negócios

AutoriaBruno Weis, Nuria Abrahão Chaim, Walter Belik

Revisão TécnicaFátima Menezes, Nuria Abrahão Chaim

Colaboração IOB Thompson

Revisão Ana Maria Barbosa

Ilustrações Ziraldo

FotografiasCarol Quintanilha

Projeto e produção gráfica Planeta Terra Design

ImpressãoMargraf Editora e Indústria Gráfica Ltda.

AgradecimentosAlbaneide Peixinho Campos, Alessandra Maximiano Dias, Alfredo Luiz Brienza Coli, Andrea Galante, Andréia Petz Parrode, Beatriz Tenuta Martins, Daniele Pereira da Silva, Denize Martinelli Bordignon, Fernanda Lanna Verillo, Fernanda Serralha, Gilma Lucazechi Sturion, Jeanice Aguiar, Jobi Luís Marcondes Magalhães, José Eduardo de Moraes Bourroul, Luiz Fernando de O. Paulillo, Márcia Molina Rodrigues, Maria Eliane Menezes Farias, Maria Lúcia Freneau, Marina Vieira Silva, Raquel Mello, Waldemar Zaidler.

Agradecimento especialSemíramis Martins Álvares Domene

Tiragem: 7 mil exemplaresSão Paulo, julho de 2007

Permitida a reprodução desta publicação, desde que citada a fonte.

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Apresentação

Merenda escolar: segurança alimentar e educação dequalidade para milhões de crianças.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é o maiorprograma de alimentação em atividade no Brasil. Diariamente cerca de37 milhões de refeições são servidas nas escolas públicas do País. Elassão financiadas em parte pelo Governo Federal e complementadas comrecursos das prefeituras e dos governos de estado. Apenas o orçamentoda União para o PNAE soma aproximadamente R$ 1,5 bilhão (dado de2006). Esta quantidade polpuda de recursos, porém, não significa queos alunos das redes públicas de ensino tenham garantido o direito auma alimentação escolar de qualidade. Pelo contrário. Nos últimosanos não faltam casos que comprovam a existência de uma situaçãofrágil do Programa da merenda, seja por meio das recorrentesdenúncias de desvio do dinheiro destinado à compra de alimentos, seja pela simples constatação da falta de comida nas escolas ao longode meses ou, ainda, pelo fornecimento de uma merenda escassa epobre em nutrientes.

A importância da merenda escolar está comprovada em inúmerosestudos e pesquisas. Um trabalho da Universidade Estadual deCampinas (Unicamp), publicado em 2003, revela que, para 50% dosalunos da região Nordeste, a merenda escolar é considerada a principalrefeição do dia. Na região Norte, esse índice sobe para 56%. A máqualidade da alimentação nas escolas, portanto, é um dos principaisfatores que comprometem a segurança alimentar da população jovembrasileira. Os mais recentes dados do Fundo das Nações Unidas para aInfância e Adolescência (Unicef) revelam que 45% das crianças de atécinco anos no País apresentam quadros de desnutrição. Outroslevantamentos apontam uma crescente incidência de casos deobesidade infantil, decorrente, em grande parte, da mudança doshábitos alimentares dos jovens em direção ao consumo diário daschamadas fast-foods e dos produtos vendidos nas cantinas escolares,tais como refrigerantes, salgadinhos e frituras.

Muitos nutricionistas afirmamque a expressão “merendaescolar” é incorreta, poistraduziria para o senso comumo sentido de alimentaçãoreduzida, equivalente aochamado “lanche”. Elesdefendem a adoção daexpressão “alimentaçãoescolar”, que permite umentendimento mais próximoda refeição completa a qual osalunos têm direito. Estemanual adota as duasexpressões, pois entende queo importante neste momento éexplicar — e se fazer entender—, para o maior número depessoas possível, o que deveser servido à mesa dascrianças nas escolas.

O Programa da merenda escolar é omaior programa dealimentação do Brasil.

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A Ação Fome Zero — considera que uma alimentação escolar dequalidade é, diante dessa realidade, um instrumento fundamental paraa recuperação de hábitos alimentares saudáveis e, sobretudo, para a promoção da segurança alimentar das crianças e jovens do Brasil. A Ação Fome Zero acredita, principalmente, que promover umaalimentação escolar de qualidade é trabalhar por uma melhoreducação pública no País. Porque bons níveis educacionais também sãoresultados de alunos bem alimentados e aptos a desenvolver todo oseu potencial de aprendizagem. Uma merenda saudável e nutritiva é,nesse sentido, base para o crescimento das gerações que construirão o futuro deste País.

Este Manual de Gestão Eficiente da Merenda Escolar é umacontribuição da Ação Fome Zero a esse importante tema. Destina-seprimeiramente a todos os profissionais envolvidos de alguma formacom a gestão da alimentação escolar: prefeitos, administradorespúblicos, educadores, nutricionistas, membros dos Conselhos deAlimentação Escolar (CAEs). Mas a Ação Fome Zero acredita que leituradeste Manual, longe de esgotar o assunto, também será útil para paisde alunos e demais interessados na saúde e no bem-estar dos alunosdas escolas públicas do Brasil.

O Manual é parte integrante do projeto Gestão Eficiente da MerendaEscolar, definido como a ação prioritária da entidade. O projetotambém é constituído pela publicação da cartilha Vamos Cuidar daMerenda Escolar, do livro Histórias Gostosas de Ler e Boas de Copiar,pela veiculação de campanhas informativas e de mobilização nosmeios de comunicação, pelo lançamento do Prêmio Gestor Eficiente daMerenda Escolar aos prefeitos que realizam as melhores práticas nagestão da merenda. Para a implementação de cada uma dessas ações,a Ação Fome Zero conta com parcerias importantes de empresas,Entidades de classe, servidores públicos e membros do Governo Federal,além de voluntários e líderes comunitários. Todas elas demonstram quea sociedade brasileira está comprometida a trabalhar junta paracombater a fome e suas causas.

Os CAEs são os principaisresponsáveis pela fiscalizaçãodo Programa da merenda.A atuação eficiente dessesconselhos, porém, permaneceum desafio a ser superadopara que haja um controlesocial efetivo sobre os recursospúblicos destinados àalimentação dos estudantes.

Ação Fome Zero é umaorganização não-governamentalformada por empresas unidaspara apoiar projetos desegurança alimentar desenvolvidospela sociedade civil.

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Índice

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3Glossário de siglas e abreviações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Capítulo 1 O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) 9

Mapa da alimentação no Brasil — Região Norte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

O que é? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11Como começou? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11Qual o objetivo do Programa Nacional de Alimentação Escolar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11Qual é o público-alvo deste Programa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12Quantas pessoas são atendidas? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12Quem participa da execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar? . . . . . . . . . . 12Quais são as formas de gestão do Programa Nacional de Alimentação Escolar? . . . . . . . . . 14Quem financia o Programa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15Qual é o valor que o Governo Federal repassa por aluno? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16E para quantos dias letivos esse valor é repassado? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Como é calculado o valor de repasse do recurso federal? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Como o recurso é repassado? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17Como verificar se o recurso do Governo Federal chegou? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17Como o recurso pode ser utilizado? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18E o que são produtos básicos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18O que fazer com os recursos enquanto não são utilizados? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19Como é feita a prestação de contas dos recursos federais? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19E se o CAE verificar alguma irregularidade? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20E se a prestação de contas não for entregue no prazo estipulado? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21E se no final do ano houver saldo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21Qual é o processo de fiscalização da prestação de contas? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Capítulo 2 O sistema de compra de alimentos para a merenda escolar 27

Mapa da alimentação no Brasil — Região Nordeste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Como funciona a compra dos alimentos para a merenda? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29Como deve ser feita a especificação do alimento a ser comprado? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29Se o alimento foi bem especificado está garantida a qualidade? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30Quem são os responsáveis pela compra da merenda? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33Quais são as formas de compra da merenda? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

Capítulo 3 Os Conselhos de Alimentação Escolar (CAEs) 39

Mapa da alimentação no Brasil — Região Centro-Oeste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

O que é o Conselho de Alimentação Escolar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41O que deve fazer um Conselho de Alimentação Escolar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41Todo município deve ter um CAE? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42E quem participa do CAE? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

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Como são escolhidos os membros do CAE? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43Qual é o tempo de mandato dos membros do CAE? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43Os conselheiros são remunerados? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43Os CAEs devem ter o apoio da Entidade Executora? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44Como o CAE dá o parecer conclusivo sobre a prestação

de contas da Entidade Executora? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44O CAE pode ser responsabilizado caso seja constatada

irregularidade na execução do PNAE? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44Dicas do Tribunal de Contas da União (TCU) aos Conselhos de Alimentação Escolar . . . . . . 45Endereços e telefones dos órgãos que devem ser comunicados

quando houver irregularidade no programa da merenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Capítulo 4 Aspectos nutricionais da merenda escolar 55

Mapa da alimentação no Brasil — Região Sudeste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

O que deve oferecer o cardápio da alimentação escolar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57E se a Entidade Executora não tiver nutricionista? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57Como deve ser a composição do cardápio? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57Como deve ser feito o planejamento dos cardápios? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58O que deve ser levado em conta na hora de se preparar

um cardápio para uma escola? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58Como deve ser feito o controle de qualidade da alimentação escolar? . . . . . . . . . . . . . . . . . 60Mapa da alimentação no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

Capítulo 5 Merenda escolar e desenvolvimento local.As boas práticas na gestão do Programa Nacional de Alimentação Escolar 65

Mapa da alimentação no Brasil — Região Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

É possível oferecer uma boa merenda e estimular a economia local? . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Compra de alimentos de produtores locais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67Capacitação de produtores agrícolas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71Criação do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72Criação da Central Municipal de Compras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72Implantação de hortas escolares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72Capacitação de merendeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73Cursos de educação alimentar aos alunos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

Conheça também a experiência de outros municípios que fizeram gestões criativas e utilizam a merenda escolar como ferramenta para o desenvolvimento local . . . . . . . . 76

Referências Bibliográficas 79

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Glossário de siglas e abreviações

PNAE: Programa Nacional de Alimentação Escolar. É o nome oficial do Programada merenda escolar do Governo Federal.

CAE: Conselho de Alimentação Escolar. O conselho tem muitas responsabilidades,sendo a maior delas fiscalizar a entidade executora na administração e gestão damerenda escolar.

Entidades Executoras: São os responsáveis pela administração do dinheiro damerenda e pela gestão do Programa em suas escolas. As Entidades Executoras sãoas prefeituras, Secretarias de Educação dos estados e Distrito Federal, e tambémas creches e escolas federais quando recebem recursos diretamente do FNDE.

FNDE: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. É o órgão do Ministérioda Educação que cuida do Programa da merenda. Repassa o dinheiro para estados,municípios e Distrito Federal, que estabelece as regras para os gastos e prestaçãode contas e ainda coordena a atuação dos Conselhos de Alimentação Escolar.

Outras siglas e abreviações

Aprocohn . . . . . Associação dos Produtores Coloniais de Hulha NegraCME . . . . . . . . . . Campanha da Merenda Escolar DOU . . . . . . . . . . Diário Oficial da UniãoFundef . . . . . . . . Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

Fundamental e de Valorização do MagistérioIBGE . . . . . . . . . . Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaIDH . . . . . . . . . . . Índice de Desenvolvimento HumanoIEA . . . . . . . . . . . Instituto de Economia AgrícolaInep . . . . . . . . . . Instituto Nacional de Pesquisas EducacionaisINSS . . . . . . . . . Instituto Nacional de Seguro SocialLDB . . . . . . . . . . Lei de Diretrizes e Bases da Educação NacionalMapa . . . . . . . . . Ministério da Agricultura e PecuáriaMDA . . . . . . . . . Ministério do Desenvolvimento AgrárioMEC . . . . . . . . . Ministério da EducaçãoPAA . . . . . . . . . . Programa de Aquisição de Alimentos QESE . . . . . . . . . Quota Estadual do Salário-EducaçãoSeducs . . . . . . . Secretarias Estaduais de EducaçãoSIM . . . . . . . . . . Serviço de Inspeção MunicipalTCU . . . . . . . . . . Tribunal de Contas da UniãoUEx . . . . . . . . . . Unidade Executora

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CCAAPPÍÍTTUULLOO 11OO PPRROOGGRRAAMMAANNAACCIIOONNAALL DDEEAALLIIMMEENNTTAAÇÇÃÃOO

EESSCCOOLLAARR((PPNNAAEE))

9

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10O SISTEMA DE COMPRA DE ALIMENTOS PARA A MERENDA ESCOLAR

Mapa da alimentação no Brasil

Região NorteAlimentação com grande influência da cultura indígena, tem como alimento básico a farinha de mandioca,consumida com peixes de água doce (tambaqui, traíra, piranha, pescada, sardinha de rio, tucunaré, pacu epirarucu) e sob a forma de mingaus e beijus. Fazem parte da culinária da região o milho, arroz, feijão, assimcomo as diversas frutas, como açaí, bacuri, cupuaçu, buriti e pupunha. É a terra da castanha-do-pará e doguaraná.

Muitas delícias compõem a culinária desta região, como o tucupi, caldo feito de mandioca brava, e que éusado para preparar o tacacá e o pato no tucupi, famosa iguaria do Pará. A farinha de Piracuí, à base depeixe, é usada para o preparo de bolinhos, tortas e sopas. Tem também a maniçoba, uma panelada de folhastenras de mandioca e carnes. Enfim, existe uma variedade de alimentos e pratos típicos que podem fazerparte do cardápio da alimentação escolar. Veja, por exemplo, o prato testado em algumas escolas deRondônia: mojica (caldo de carne de peixe moída com legumes, macaxeira e verdura) acompanhada depalito de peixe, arroz e salada.

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11O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

O que é?

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) ou o Programa da merenda escolar, como é conhecido, é responsável pela alimentaçãodos alunos das escolas de educação infantil (creche e pré-escola) eensino fundamental (1ª a 8ª séries) da rede pública durante o anoletivo. Em situações especiais, atende também a alunos de Entidadesfilantrópicas. As diretrizes do PNAE, que serviram de base para aelaboração deste Manual, estão descritas na Resolução nº 32 de 2006do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

O Programa Nacional de Alimentação Escolar também contempla osalunos das escolas indígenas e quilombolas, entretanto esse conteúdonão será discutido neste Manual.

Como começou?

O Programa Nacional de Alimentação Escolar é um dos mais antigos noque se refere a suplementação alimentar do País e o mais antigoprograma social do Governo Federal na área de educação. Desenvolvidoa partir de 1954 com o estabelecimento da Campanha da MerendaEscolar (CME), atendia algumas escolas de estados do Nordeste. Estapolítica foi ganhando abrangência nacional, e sua operacionalização,durante todos esses anos, se deu sob diferentes denominações. Em1988, a alimentação escolar passou a ser direito constitucional.

Desde 1994 a gestão da merenda funciona de forma descentralizada.Nesse modelo, os estados e municípios são os responsáveis pelo usodos recursos e pela qualidade nutricional da refeição. A partir de 1997o PNAE vem sendo gerenciado pelo FNDE, autarquia vinculada aoMinistério da Educação.

Qual o objetivo do Programa Nacional de Alimentação Escolar?

Suprir no mínimo 15% das necessidades nutricionais diárias dosalunos, contribuir para uma melhor aprendizagem, favorecer aformação de bons hábitos alimentares em crianças e adolescentes do País.

Autarquia é uma entidadeautônoma que auxilia aadministração pública.

Para os alunos de escolasindígenas e quilombolas, arecomendação é de, nomínimo, 30% das necessida-des nutricionais diárias.

Os valores recomendadosestão nos anexos daResolução nº 32 de 2006 doFNDE.

Os objetivo do PNAE são:

suprir no mínimo 15% das necessidades nutricionais diárias dos alunos;

contribuir para umamelhor aprendizagem;

favorecer a formaçãode bons hábitos alimentares em crianças e adolescentes.

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12O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

Qual é o público-alvo deste Programa?

Alunos matriculados na educação infantil (creches e pré-escolas) e noensino fundamental (1ª a 8ª série) da rede pública e das escolasmantidas por Entidades filantrópicas, desde que estas Entidadesestejam cadastradas no Censo Escolar e registradas no ConselhoNacional de Assistência Social.

Quantas pessoas são atendidas?

Em 2006 foram atendidas 36,3 milhões de crianças e adolescentes darede pública e de escolas filantrópicas, ou seja, cerca de 20% dapopulação brasileira.

Quem participa da execução do Programa Nacional deAlimentação Escolar?

A execução do Programa envolve diferentes órgãos e as três esferas dogoverno: União, estados e municípios. Veja quais são os participantes esuas funções na execução do Programa:

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) — é oórgão vinculado ao Ministério da Educação responsável pelo repassedos recursos federais para a alimentação escolar aos estados,municípios e Distrito Federal. É também responsável pela coordenação,acompanhamento, fiscalização, cooperação técnica e avaliação daefetividade da aplicação dos recursos.

Entidades Executoras — é o nome que se dá para as Entidadesresponsáveis pelo recebimento e complementação dos recursosfinanceiros transferidos pelo FNDE e pela execução do ProgramaNacional de Alimentação Escolar. As Entidades Executoras sãoresponsáveis pela utilização e prestação de contas dos recursos do Programa.

Cerca de 37 milhões de crianças são atendidas pelo Programa da merenda. Isto representaaproximadamente 20% da populaçãobrasileira!

O Programa damerenda é coordenado peloFNDE e executadopelas Entidades Executoras (basicamenteprefeituras e Secretarias deEducação dos estados)

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13O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

São Entidades Executoras:

• As prefeituras: responsáveis pelas escolas públicas da rede municipal, pelas escolas mantidas por Entidades filantrópicas epelas escolas da rede estadual (quando for delegado pelas Secretarias de Educação dos estados).

• As Secretarias de Educação dos estados e do Distrito Federal:responsáveis pelas escolas públicas da rede estadual e do DistritoFederal.

• As creches e escolas federais: quando recebem os recursos diretamente do FNDE.

Conselho de Alimentação Escolar (CAE) — tem como funçãofiscalizar a aplicação dos recursos federais ao Programa Nacional deAlimentação Escolar, zelar pela qualidade dos produtos da alimentaçãoescolar, entre outras atribuições. O CAE é um canal de comunicaçãoentre a sociedade e as Entidades que executam, coordenam efiscalizam o Programa.

Tribunal de Contas da União (TCU), Controladoria-Geral da União(CGU) e Ministério Público Federal (MPF) — atuam como órgãosfiscalizadores e responsáveis pela apuração de denúncias.

Secretarias de Saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios ou órgãos similares — responsáveis pela inspeçãosanitária dos alimentos.

Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) — responsável pelafiscalização do exercício da profissão na área da alimentação escolar.

Quais são as formas de gestão do Programa Nacional de

O CAE é o principal responsável pela fiscalização do Programa da merenda, mas outros órgãos e Entidades (TCU,CGU, MPF, CFN)também trabalhampara garantir que o dinheiro do Programa seja bem gasto.

O Programa damerenda deve seracompanhado e fiscalizado pelasociedade, por meiodos CAEs!

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14O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

Alimentação Escolar?

Existem duas modalidades de operacionalização do Programa: acentralizada e a escolarizada.

A centralização ocorre quando as Secretarias Estaduais de Educação ouprefeituras executam o Programa em todas as suas fases, ou seja,recebem, administram e prestam contas do recurso federal; sãoresponsáveis pela aquisição e distribuição dos alimentos e tambémpela elaboração dos cardápios.

Ainda na forma centralizada, a prefeitura ou a Secretaria Estadual de Edu-cação pode também optar por contratar o serviço de uma empresa parafornecimento da alimentação escolar —exceto para escolas indígenas equilombolas—, sendo que os recursos do FNDE só poderão ser utilizadospara o pagamento dos gêneros alimentícios, ficando as demais despesasnecessárias a cargo da Entidade Executora. A este tipo de operaciona-lização denominamos terceirização. A terceirização do serviço de alimen-tação escolar é o processo que delega a empresas especializadas acompra, o preparo (com mão-de-obra própria ou da Entidade Executora)e a distribuição da alimentação escolar aos alunos. Cabe à EntidadeExecutora a definição do cardápio assim como o controle e a fiscalizaçãodo serviço prestado.

Na modalidade chamada de escolarização, as Secretarias Estaduais deEducação ou as prefeituras transferem os recursos diretamente para ascreches e escolas pertencentes à sua rede, que passam a serresponsáveis pela execução do Programa.

A transferência de recursos diretamente às creches e escolas(escolarização) somente poderá ser efetuada mediante a transformaçãodas escolas públicas em Entidades vinculadas e autônomas (como asautarquias ou fundações públicas), tornando-as unidades gestoras.

Algumas prefeituras e Secretarias Estaduais de Educação adotam omodelo misto, no qual determinados alimentos (geralmente perecíveis,tais como ovos, frutas, legumes e verduras) são comprados pelas escolase outros (em geral não-perecíveis, como arroz, feijão, macarrão) sãocomprados pela prefeitura ou Secretaria Estadual de Educação.

Dica do TCUQuando a prefeitura ou aSecretaria Estadual de Educaçãoterceiriza a execução doPrograma e contrata uma firmapara fornecer a merenda pronta,é importante verificar se:

• as porções a serem servidasforam definidas no contratoe se estão sendo obedecidas;

• o valor pago está de acordocom os preços dos alimentose com o tamanho da porção.Diminuir a porção servidadepois que o preço foicombinado é uma forma decobrar mais caro pelosalimentos, o que está errado;

• o preço pago para cadaalimento foi o de mercado,considerando a mesmaquantidade, a mesmaqualidade e a época da compra.

Dica do TCUNo modelo escolarizado, são asescolas que compram osalimentos para a merenda, e otrabalho de fiscalização aumentaum pouco, pois, como cadaescola compra os alimentos paraseus alunos, o número decompras torna-se maior.

A decisão de repassar odinheiro da merenda às escolasé das prefeituras e SecretariasEstaduais de Educação. Masesse modelo só funciona se asescolas tiverem condições defazer todas as tarefasnecessárias para o bomdesempenho do Programa. Porisso é muito importante verificarse as escolas têm como:

• controlar os recursos;• realizar as compras;• armazenar os alimentos;• elaborar a prestação de

contas.

Se for observado que algumasescolas não têm como seresponsabilizar pelas açõesnecessárias, o CAE deveinformar a prefeitura ou aSecretaria Estadual deEducação, que, por sua vez,deve auxiliar essas escolas.

Se muitas escolas não tiveremcondições de comprar osalimentos, o CAE deve colocaressa informação no parecer aoFNDE. Pode ser necessáriorediscutir a decisão deescolarizar. O modeloescolarizado pode ser omelhor ou não — depende dasituação das escolas e de cadamunicípio.

Os estados e municípios administram a merenda de duasmaneiras:centralizada ou escolarizada.

Na administraçãocentralizada, existeuma forma de operacionalizaçãochamada terceirização.

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15O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

Quem financia o Programa?

O Programa Nacional de Alimentação Escolar é financiado peloGoverno Federal, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento daEducação (FNDE).

Além do repasse federal, estados e municípios devem fazer acomplementação financeira dos recursos para a alimentação escolar,caso os recursos federais não sejam suficientes para a implementaçãodo Programa.

Conheça outras fontes de recurso do MEC para a educação

Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)

O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), também sob a responsabilidade do FNDE, consiste no repasse anual de recursosàs escolas públicas do ensino fundamental estaduais, municipais e do Distrito Federal, assim como escolas do ensino especialmantidas por organizações não-governamentais registradas no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).

Esses recursos são destinados à aquisição de material permanente e de consumo da escola; à manutenção, conservação epequenos reparos da unidade escolar; à capacitação e ao aperfeiçoamento de profissionais da educação; à avaliação deaprendizagem; à implementação de projeto pedagógico; e ao desenvolvimento de atividades educacionais.

Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate)

Este Programa tem o objetivo de garantir o acesso dos alunos do ensino fundamental público, residentes em área rural, àsescolas. O Pnate consiste na transferência de recursos financeiros para custear despesas com a manutenção de veículosescolares pertencentes às esferas municipal ou estadual e para a contratação de serviços terceirizados de transporte,tendo como base o número de alunos transportados e informados no censo escolar realizado pelo Inep/MEC, relativo aoano anterior ao do atendimento.

Quota Estadual e Municipal do Salário-Educação (QESE)

A verba QESE é redistribuída mensalmente pelo FNDE aos estados e municípios, proporcionalmente ao número de alunos.Esta verba é destinada a gastos municipais e estaduais com o ensino fundamental (1ª a 8ª série). Excetuando a únicaobrigatoriedade de aplicação da verba QESE com o transporte de alunos, o restante pode ser aplicado na melhoria do ensino fundamental, como: aperfeiçoamento dos profissionais da educação, compra de material pedagógico,equipamentos de ensino, entre outros.

Para mais detalhes, consulte www.fnde.gov.br ou ligue 0800-616161.

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16O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

O Censo Escolar é umapesquisa anual feita em todasas escolas do País que servecomo base para o GovernoFederal calcular o valor dorepasse para cada estado emunicípio.

Qual é o valor que o Governo Federal repassa por aluno?

O valor por aluno/dia (chamado valor per capita) é, atualmente, de R$ 0,22 para alunos matriculados em creches, na pré-escola e noensino fundamental, e de R$ 0,44 para alunos de creches e escolasindígenas e de área remanescentes de quilombos (valores referentes àResolução nº 32 de 2006).

E para quantos dias esse valor é repassado?

Os valores são repassados para 200 dias de atendimento, quecorrespondem aos 200 dias letivos anuais.

Como é calculado o valor de repasse do recurso federal?

O cálculo dos valores financeiros destinados anualmente a cadaEntidade Executora é feito com base no número de alunos que constano Censo Escolar do ano anterior ao do atendimento, com base novalor per capita e no número de dias de atendimento. Isto significa queos recursos da merenda de 2007, por exemplo, foram calculados deacordo com o número de alunos matriculados em 2006. Este númerofoi multiplicado pelos 200 de dias de atendimento e pelo valor percapita da alimentação escolar.

O cálculo é o seguinte:

VALOR DEREPASSE

O Governo repassa R$ 0,22 pordia para cada alunomatriculado emcreche, pré-escola e no ensino fundamental.

Número dealunos

Número de diasde atendimento

Valor per capita= X X

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17O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

Como o recurso é repassado?

Os recursos financeiros são transferidos às Entidades Executoras semque haja necessidade de convênio, acordo ou contrato. A transferênciaé feita em contas correntes específicas abertas pelo próprio FNDE, umapara o atendimento dos alunos da pré-escola e ensino fundamental,uma para o atendimento dos alunos das creches, outra para alunos decreches e escolas indígenas e outra para alunos de creches e escolasquilombolas. As contas são abertas no Banco do Brasil, na CaixaEconômica Federal ou outros bancos oficiais dos estados.

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) transfereos recursos financeiros para as Entidades Executoras em dez parcelasmensais a partir de fevereiro, cada parcela mensal correspondendo àcobertura de vinte dias letivos, perfazendo o total de duzentos diasletivos, no caso da pré-escola e do ensino fundamental.

Como verificar se o recurso do Governo Federal chegou?

Você pode acompanhar a transferência dos recursos financeiros doGoverno Federal pelo portal do FNDE: www.fnde.gov.br.

Acesse Consulta a Liberações de Recursos (canto direito da tela).Na tabela Liberações, selecione o ano,

o Programa Nacional Alimentação Escolar (PNAE)e o estado e município que deseja consultar.

Além da internet, o FNDE envia correspondência divulgando atransferência dos recursos para:

• os CAEs — Conselhos de Alimentação Escolar;• Assembléias legislativas;• Câmaras municipais;• Ministérios públicos federais nos estados.

Os CAEs, por sua vez, também devem divulgar em locais públicos (comomurais das escolas, murais das igrejas, postos de saúde, jornais locais,entre outros) o montante de recursos financeiros do Programa Nacionalde Alimentação Escolar transferidos para a Entidade Executora.

O Governo Federal envia os recursos para estados e municípios em dez parcelas mensais. Essesrepasses são feitosem uma contaespecífica abertapelo próprio FNDE.

Qualquer pessoapode acompanhar a transferência dodinheiro aos estados e municípios.

Basta acessar o endereçowww.fnde.gov.br ou entrar em contato com o CAE,com a CâmaraMunicipal de suacidade, ou com aAssembléiaLegislativa do seu estado.

A divulgação da chegada dos recursos deve serfeita pelo CAE emmurais de escolas,igrejas, postos desaúde, prefeitura,entre outros locaispúblicos.

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18O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

açaí carne suína fresca leite em pó pescado resfriado açúcar carne suína resfriada leite fluido polpa de frutas amido de milho charque ou carne-seca lentilha polpa de tomate arroz creme de milho macarrão polvilho banha farinha de mandioca mandioca queijo de coalho batata-doce farinha de milho manteiga queijo-de-minas batata-inglesa farinha de rosca margarina rapadura biscoito de polvilho farinha de tapioca mel de abelha sagu bolacha doce ( tipo maisena) farinha de trigo melado de cana sal bolacha salgada (tipo cracker) fécula de batata milho para canjica (mungunzá) sardinha em conserva (óleo)café feijão milho para pipoca sêmola de milho canjiquinha/xerém frango abatido congelado miúdos congelados soja em grão cará frango abatido fresco miúdos resfriados suco de laranja concentrado carne bovina congelada frango abatido resfriado óleo de soja suco naturalcarne bovina fresca frutas ovos temperoscarne bovina resfriada fubá pão toucinho defumadocarne salgada grão-de-bico pescado congelado trigo para quibecarne suína congelada inhame pescado fresco verduras/hortaliças

legumes vinagre

Como o recurso pode ser utilizado?

Os recursos federais para o Programa Nacional de Alimentação Escolardevem ser utilizados exclusivamente para a compra de alimentos,seguindo as disposições da Lei de Licitações (ver Capítulo 2). Não sãopermitidos: a compra de gás de cozinha, talheres, pratos, utensílios emgeral com este recurso e o pagamento de trabalhadores.

E a compra de alimentos também deve obedecer ao que está previstoem lei, ou seja, as Entidades Executoras devem utilizar, no mínimo,70% destes recursos na aquisição de produtos básicos, respeitando ohábito alimentar local.

E o que são produtos básicos?

Até 2002, o FNDE estabelecia como produtos básicos a lista abaixo,que está sendo reformulada, e que não foi publicada até a conclusãoda presente edição. Mantenha-se informado. Consulte o sitewww.fnde.gov.br e verifique eventuais atualizações.

Importante: o recurso federal sópode ser gasto coma compra de alimentos!!

Muito importante: estados e municípios devemgastar no mínimo70% do dinheiro da merenda na compra de alimentos básicos.

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19O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

O que fazer com os recursos enquanto não são utilizados?

Os recursos transferidos só podem ser retirados da conta paraaquisição de gêneros alimentícios para merenda escolar. Os saquesdevem ser realizados com cheque nominal ao credor ou ordembancária. Enquanto esses recursos não são empregados para a comprade alimentos, deverão ser aplicados em caderneta de poupança (se aprevisão do uso for igual ou superior a um mês) ou em fundo deaplicação financeira de curto prazo ou operação de mercado abertogarantida por título de dívida pública federal (se a previsão do seu usofor inferior a um mês). E os rendimentos destas aplicações tambémdeverão ser utilizados apenas para a compra de gêneros alimentíciospara a merenda escolar.

Como é feita a prestação de contas dos recursos federais?

A responsabilidade de fazer a prestação de contas dos recursosrecebidos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar é daEntidade Executora. Ela deve comprovar os gastos com notas fiscaisdos produtos adquiridos, as quais devem conter os nomes da EntidadeExecutora e do Programa Nacional de Alimentação Escolar.

A Entidade Executora deve fazer a prestação de contas do PNAE eencaminhar ao Conselho de Alimentação Escolar (CAE), com todadocumentação que o CAE necessitar, até 15 de janeiro do ano posteriorà execução do Programa.

O CAE analisa a prestação de contas e emite um parecer conclusivosobre a regularidade da aplicação dos recursos, ou seja, deverá marcarno campo específico se a prestação foi “Regular” ou “Não Regular”. Seo CAE entender que a execução do PNAE não está de acordo com oque estabelece a legislação, deverá reprovar as contas da EntidadeExecutora, relatando os motivos que levaram a essa conclusão.

O CAE envia este parecer com o Demonstrativo Sintético Anual daExecução Físico-Financeira, acompanhado do extrato bancário da(s)conta(s) do Programa ao Fundo Nacional de Desenvolvimento daEducação (FNDE) até o dia 28 de fevereiro do ano posterior à execuçãodo Programa. Se for verificada alguma irregularidade na prestação decontas, o CAE deve comunicar o fato ao FNDE.

O CAE deve enviar ao FNDE o parecer conclusivo sobre aprestação de contas até dia 28 de fevereiro.

O parecer do CAEdeve indicar se aprestação de contasfoi “Regular” ou “NãoRegular”.

A prestação de contas dos estados e municípios aoGoverno Federal éanual. Mas o CAEdeve acompanhar,mensalmente, a administração do Programa.

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20O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

No caso das escolas federais que recebem o recurso diretamente, elasmesmas devem apresentar ao FNDE o Demonstrativo Sintético Anualda Execução Físico-Financeira até dia 28 de fevereiro.

Toda a documentação da prestação de contas deve ficar guardada naEntidade Executora por pelo menos cinco anos (a partir da data daaprovação da prestação de contas pelo FNDE).

E se o CAE verificar alguma irregularidade?

Se o CAE verificar alguma irregularidade grave , ele deve comunicar ofato ao FNDE e aos órgãos fiscalizadores (Tribunal de Contas da União,Controladoria-Geral da União e Ministério Público Federal).

Falhas graves e irregularidades que devem ser descritas noparecer do CAE

Segundo o Tribunal de Contas da União, para saber se uma falha égrave ou não, é importante avaliar se está havendo prejuízo para amerenda dos alunos ou desperdício de dinheiro do PNAE. São graves asocorrências que comprometem a execução do Programa, assim como adesorganização e a falta de documentos. Veja alguns exemplos deirregularidades graves:

• Não utilização de conta específica para o PNAE.• Saques da conta bancária do PNAE que não correspondam à compra

de alimentos para a merenda.• Compra, com o dinheiro do Programa, de alimentos que não fazem

parte do cardápio da merenda.• Alimentos comprados e que não foram entregues nas escolas.• Alimentos comprados com preço acima do preço de mercado.• Falta de licitação para compras acima de R$ 8.000,00.• Alimentos comprados para a merenda, mas não são utilizados na

merenda escolar.• Prejuízo no fornecimento da merenda pela compra de produtos

vencidos ou estragados.

Dica do TCU Além de apontar as falhas eirregularidades no parecer, oCAE deve avaliar o prejuízopara o PNAE como um todo,para poder classificar como“Regular” ou “Não Regular”.

O CAE tem o direito de requererao município ouestado todos os documentosnecessários paraanalisar a prestaçãode contas, comonotas fiscais eextratos bancários.

Se o CAE constatar falhasgraves, ele deverelatar ao FNDE!

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21O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

E se a prestação de contas não for entregue no prazoestipulado?

Caso este prazo não seja cumprido, a prefeitura ou o governo doestado ficará inadimplente com o Programa e poderá ser instaurada aTomada de Contas Especial.

E se no final do ano houver saldo?

Se no final do ano (31 de dezembro) houver saldo na conta do PNAE,este recurso deverá ser reprogramado para o ano do exercício seguinte(desde que a Entidade Executora tenha oferecido alimentação escolardurante todos os dias letivos e para um saldo de até 30% do valor aser repassado). Isto não vale para as escolas federais que recebemrecurso diretamente.

Qual é o processo de fiscalização da prestação de contas?

A cada ano o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)programa ações de fiscalização por amostragem ou em locaisdeterminados, no caso de denúncia.

O Tribunal de Contas da União realiza auditorias no conjunto doPrograma, abordando o processo de prestação de contas. A seleção dasEntidades Executoras que são auditadas também é feita poramostragem.

O Ministério Público Federal atua, por sua vez, quando há denúnciasencaminhadas ao próprio Ministério Público ou ao FNDE.

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22O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

Saiba mais:

A alimentação escolar para oensino médio é obrigatória por

parte dos estados, municípiosou Governo Federal?

Ainda não. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)enfoca o fornecimento da alimentação escolar para o ensino infantil efundamental. No entanto, o Governo Federal manifestou a intenção deinculir o ensino médio no Programa. Matenha-se informado pelo site doFNDE. Contudo, cada município ou estado poderá, utilizando recursosprórpios, fornecer alimentação para o ensino médio.

De onde vem o dinheiro para a merenda?

A alimentação escolar é financiada pelo Governo Federal. Cada prefeitura,governo de estado e do Distrito Federal decide sobre o repasse dos recursospróprios para complementar esse dinheiro. O complemento das prefeituras,governos de estado e Distrito Federal varia de acordo com o poder dearrecadação local, a lei orçamentária aprovada e,sobretudo, a vontade política dos governantes.

Vale lembrar que a Constituição de 1988 vincula25% das receitas dos estados e municípios àeducação, mais precisamente à manutenção edesenvolvimento do ensino. Isto significa que estesrecursos não envolvem o dinheiro utilizado para acompra de alimentos para merenda.

O salário do nutricionista e opagamento das merendeiras

podem ser feitos com a verbadestinada à merenda?

Não. A transferência de recursos para a merenda escolar realizada pelo FNDEnão inclui os gastos com pessoal, nutricionista, merendeira, cozinheira etc. Estesgastos deverão ser computados nas despesas gerais com pessoal pelosmunicípios, estado, União e Distrito Federal.

O Fundef (Fundo de Manutenção eDesenvolvimento do Ensino Fundamental e deValorização do Magistério) estipula que 60%desses recursos (o que representa 15% daarrecadação global de estados e municípios) ficamreservados ao ensino fundamental. Os recursos doFundef devem ser aplicados na remuneração dosprofessores e demais profissionais de educação,além de cobrir despesas com manutenção edesenvolvimento do ensino.

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23O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

No caso dos estados emunicípios que complementam

o recurso federal para merenda,este recurso pode ser utilizado

para comprar utensílios ou gás de cozinha?

Sim. Uma vez que se trata de verba complementar, o dinheiro das prefeituras egovernos de estado pode ser destinado para a compra de produtos essenciaispara o preparo da merenda, tais como gás de cozinha, panelas e demaisutensílios. O referido recurso deverá seguir as diretrizes orçamentárias de cadamunicípio ou estado.

Quem administra os recursos da merenda escolar?

A administração dos recursos federais é gerenciada pelo FNDE, vinculado aoMinistério da Educação, cabendo à Entidade Executora o emprego adequadodestes recursos. Contudo, os recursos dos estados, municípios e Distrito Federalserão administrados pelos próprios governos e prefeituras.

O Censo Escolar reflete a realidade?

Não. Como o Censo Escolar informa o número de alunos do ano anterior aoperíodo de utilização dos recursos do Programa Nacional de AlimentaçãoEscolar, o cálculo feito se apresenta defasado.

No caso de creches e pré-escolas, em que se observa a cada ano umcrescimento do número alunos matriculados, o descompasso entre o número dealunos registrado no Censo, que gera o cálculo para o repasse do dinheiro damerenda, e a quantidade de alunos efetivamente matriculados podecomprometer uma execução satisfatória do Programa da merenda.

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24O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

Como é feito o Censo Escolar

O planejamento do Censo Escolar começa a ser feito no segundo trimestre do ano anterior. O Instituto Nacional dePesquisas Educacionais (Inep) do Ministério da Educação (MEC) promove um seminário técnico nacional, reunindoas equipes das Secretarias de Educação dos estados e as Secretarias Municipais das capitais, com o objetivo dediscutir e aprovar o instrumento de coleta e os procedimentos, a partir de um balanço do último censo. O Inepconsolida o Questionário Único de coleta do Censo Escolar, que é disponibilizado e encaminhado para as SecretariasEstaduais de Educação.

As Secretarias, por sua vez, se encarregam de enviar os questionários para as escolas da sua rede e para osmunicípios, que fazem a distribuição para as suas escolas. O preenchimento do questionário deve ser feito pelodiretor ou responsável de cada escola. Depois de preenchidos, os questionários são devolvidos às SecretariasEstaduais de Educação. A digitação e a consistência dos dados são feitas de forma descentralizada, pelas própriasSecretarias.

Todo o processo é monitorado e supervisionado pelo Inep, por intermédio da rede on-line que mantém com asSecretarias dos 26 estados e do Distrito Federal. Após o recebimento dos dados de todas as unidades da Federação,o Inep consolida o banco de dados nacional, divulgando os resultados preliminares em agosto.

A partir da publicação dos resultados preliminares no Diário Oficial, os estados e municípios têm prazo de trintadias para apresentar recursos para a retificação dos dados.

Os resultados finais do Censo Escolar são divulgados normalmente no mês de dezembro.

A prestação de contas anual é amelhor forma de controle?

A exigência de que ao final de cada ano seja feita, analisada e encaminhada aprestação de contas não significa que o acompanhamento dos gastos daEntidade Executora tenha que ser feito apenas uma vez ao ano. Na verdade,para que o CAE possa analisar a prestação de contas, ele deverá acompanhartoda a execução da aplicação dos recursos desde o recebimento do primeirorepasse; acompanhar as compras efetuadas e verificar se estão de acordo com ocardápio planejado (em quantidade e qualidade necessárias). O CAE podetambém solicitar à Entidade Executora extratos bancários, notas fiscais,documentos de controle de entrada e saída de alimentos, de refeições servidas,para que seja feito um controle durante a execução do Programa, e não apenasapós seu término.

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25O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

O que fazer quando faltamerenda nas escolas?

Segundo o FNDE, qualquer pessoa poderá fazer reclamações e denúncias sobreirregularidades na execução do PNAE, devendo levar ao conhecimento doConselho de Alimentação Escolar — CAE; do Fundo Nacional deDesenvolvimento da Educação — FNDE; do Ministério Público Federal; dosórgãos de controle interno do Poder Executivo Federal; e do Tribunal de Contasda União. Veja os telefones e sites destes órgãos nas páginas 48, 49 e 50.

A participação do cidadão é essencial para melhorar a qualidade da merendaque é servida aos alunos. Os pais de alunos e os próprios alunos devem semanifestar e cobrar do poder público quando perceberem alguma irregularidade,quando a merenda escolar não for servida todos os dias, quando a qualidade doalimento servido estiver ruim, quando a merenda tiver muito produto“formulado” ou pronto, em vez de produtos naturais. A participação dasociedade pode ajudar a melhorar a qualidade da alimentação escolar econtribuir para uma melhor aplicação dos recursos públicos.

Page 26: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

26O SISTEMA DE COMPRA DE ALIMENTOS PARA A MERENDA ESCOLAR

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Mapa da alimentação no Brasil

Região NordesteRegião marcada pela influência indígena, portuguesa e africana, que resultou em uma culinária rica evariada. Na região mais litorânea, os alimentos mais usados são a mandioca, o aipim (mandioca mansa oumacaxeira), a batata-doce, o milho, feijão, carne-seca e rapadura, sendo que a contribuição da cozinhaafricana se evidencia principalmente na Bahia, com o uso do azeite-de-dendê e pimenta. No sertão, oalimento básico é o milho, usado das mais variadas formas, como angu, canjica e cuscuz, e consumido comleite. Além do milho, outros alimentos são consumidos pelo sertanejo, como feijão, mandioca, batata-doce,abóbora, maxixe, mel e rapadura, além de produtos da criação de gado caprino e bovino (carne, leite ederivados — queijo, manteiga e requeijão). Alguns pratos típicos são angu, cuscuz, a paçoca de carne (carne-de-sol pilada e misturada com farinha de mandioca torrada), carne com abóbora, umbuzada (doce de leitecom umbu), arroz de cuxá (arroz com refogado de camarão e quiabo), a galinha cabidela, além dos famososacarajés, vatapás e carurus da cozinha baiana.

Muitas frutas saborosas e nutritivas enriquecem a cozinha regional, como caju, umbu, cajá, mangaba,cirigüela, graviola, pitomba, entre tantas outras.

Veja alguns pratos usados na merenda escolar da região: cuscuz com carne-seca e salada ou ainda baião-de-dois com carne e salada.

Page 29: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

29O SISTEMA DE COMPRA DE ALIMENTOS PARA A MERENDA ESCOLAR

Como funciona a compra dos alimentos para a merenda?

A compra dos alimentos deverá observar os critérios e modalidadesprevistas na Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993 — que institui normaspara licitações e contratos da administração pública. Na abertura doprocesso de licitação, os responsáveis pela compra da merenda deverãofazer uma descrição detalhada dos alimentos que querem comprar eainda observar:

1. A especificação completa do bem a ser adquirido não deverá terindicação de marca ou qualquer outra forma de identificação comprodutos encontrados no mercado. Por exemplo: extrato de tomate,macarrão, sem mencionar a respectiva marca.

2. A definição das unidades e das quantidades dos alimentos a seremcomprados, que deve ser feita em função do consumo e utilizaçãopor parte dos alunos. Geralmente os municípios encarregam aspróprias escolas de fornecer estes dados de consumo.

3. As condições de armazenamento que não permitam a deterioraçãodos produtos.

Como deve ser feita a especificação do alimento a sercomprado?

Para garantir que o produto a ser comprado tenha as característicasdesejadas, é necessário descrevê-lo detalhadamente. Deve-se indicar ascaracterísticas gerais desse alimento, as características sensoriais(aspecto, cor, odor, sabor), características físico-químicas (teor deproteína, de gordura, acidez etc.), características microbiológicas,microscópicas e toxicológicas, entre outros. Também é necessárioespecificar a embalagem (o tamanho e o material), o local de entregado produto, as condições de transporte (temperatura, por exemplo), oprazo de validade e solicitar informações sobre forma de preparo,condições de armazenamento, rendimento, composição, aspectosnutricionais e o que mais for necessário.

Enfim, a Entidade Executora deve ter a certeza de que está comprandoo produto adequado para a alimentação escolar.

Nas licitações para a compra de alimentos é proibidoespecificar a marcados produtos.A especificação deve ser genérica e apontar apenas o tipo de alimento(por exemplo: macarrão, molho de tomate, peito de frango).

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30O SISTEMA DE COMPRA DE ALIMENTOS PARA A MERENDA ESCOLAR

Além disso, existem também diversos documentos que a empresa deveapresentar referentes à regularidade fiscal, aspectos jurídicos e outros,bem como documentos que comprovem a inspeção sanitária do local edos seus produtos. Produtos de origem animal, por exemplo, devem tero Certificado do Serviço de Inspeção Federal (SIF) ou Estadual (SIE) oude uma autoridade sanitária municipal.

Lembre-se: todos os produtos adquiridos devem estar de acordo com a legislação de alimentos estabelecida pela Anvisa (AgênciaNacional de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde) e peloMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Se o alimento foi bem especificado está garantida aqualidade?

Não. Apesar de uma especificação bem-feita ser essencial para garantira qualidade do produto, não é suficiente. É necessário assegurar que oalimento que será entregue nos próximos meses seja o mesmoapresentado durante o processo de compra. Ou seja, devem ser feitasinspeções com o objetivo de monitorar a qualidade do produto. E essas inspeções devem ser feitas tanto pelos técnicos responsáveisquanto pelas próprias merendeiras, que são profissionais quetrabalham diariamente com os alimentos. Por isso é importante treiná-las e alertá-las para que não aceitem produtos com qualidadeinferior à especificada no ato da compra.

Para mais informações,consulte www.anvisa.gov.br ewww.agricultura.gov.br

A qualidade da alimentação queserá servida aoaluno depende, em grande parte, de uma boa especificação do produto noprocesso de compra.

Mas não descuide! É preciso acompanhar e monitorar a qualidade dos alimentos entreguesdurante todo o ano.

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31O SISTEMA DE COMPRA DE ALIMENTOS PARA A MERENDA ESCOLAR

Item CARNE BOVINA EM CUBOS CONGELADA (Carne de 1ª categoria — patinho/coxão mole).

Proveniente de machos da espécie bovina, sadios, abatidos sob inspeção veterinária. Durante oprocessamento, deve ser realizada a aparagem (eliminação dos excessos de gordura, cartilagem eaponevroses).

A carne bovina em cubos congelada, no corte patinho e coxão mole, deve apresentar-se livre deparasitas e de qualquer substância contaminante que possa alterá-la ou encobrir alguma alteração.

A carne bovina picada deverá conter no máximo 5% de gordura, ser isenta de cartilagens, deossos, e conter no máximo 3% de aponevroses.

A) Embalagem: O produto deverá ser embalado a vácuo em embalagem plástica flexível, atóxica,resistente, transparente, em pacotes com peso de 1 kg, sendo que os cubos deverão terdimensões aproximadas de 3x3x3 cm.

B) Rotulagem: O produto deverá ser rotulado de acordo com a legislação vigente. No rótulo daembalagem deverão estar impressas de forma clara e indelével as seguintes informações:

1 — nome e endereço do abatedouro, constando obrigatoriamente registro no SIF;2 — identificação completa do produto, constando inclusive os dizeres: CARNE BOVINA DE

PRIMEIRA CATEGORIA (patinho/coxão mole)3 — data de fabricação, prazo de validade e prazo máximo de consumo;4 — temperatura de estocagem, armazenamento e conservação;5 — peso líquido;6 — condições de armazenamento.

C) Características Gerais: O produto não deverá apresentar superfície úmida, pegajosa, exudatoou partes flácidas ou de consistência anormal, com indícios de fermentação pútrida. Observaras especificações da NTA 3 do Decreto Estadual nº 12.436 de 20/10/78, que aprovou normastécnicas especiais para alimentos e bebidas.

D) Amostras: Apresentar duas amostras na menor embalagem original, devidamente identifi-cadas, com rótulo contendo todas as informações.

E) O produto a ser entregue não poderá ter validade inferior a 6 meses. Na entrega do produto,deverá ter data de fabricação mínima de 30 dias.

F) Produto estimado para consumo em 6 meses.

G) Transporte: Veículo de transporte em carroceria fechada, isotérmico e Certificado de Vistoriaconcedido pela autoridade sanitária (Artigo 453, Parágrafo 4 do Decreto Estadual nº12.342/78 e Portaria 15 do Centro de Vigilância Sanitária) e CVS 6 de 17/11/99 com data deexpedição não anterior a 1996. O ajudante de transporte deve estar devidamente uniformiza-do para as entregas.

H) Entregas: As entregas deverão ser de acordo com pedido feito pelo Setor de Nutrição Escolarna cozinha-piloto.

Veja alguns exemplos resumidos de editais de licitação*:

Page 32: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

32O SISTEMA DE COMPRA DE ALIMENTOS PARA A MERENDA ESCOLAR

Item ARROZ LONGO FINO, beneficiado, agulhinha tipo I, de procedência nacional e ser de safracorrente. Isento de mofo, de odores estranhos e de substâncias nocivas. Embalado em pacotescom 5 kg, em plástico atóxico. Selecionados eletronicamente grão a grão, não sendo necessáriolavar para sua preparação. Produto natural sem adição de elementos químicos.

Prazo mínimo de validade de 6 meses.

A) Declarar marca, nome e endereço do empacotador, prazo de validade, número de registro doproduto no órgão competente e procedência.

B) Amostra: Apresentar uma amostra, em embalagem mínima de 500 gr (original), devidamenteidentificada, com rótulo contendo todas as informações do produto de acordo com a legis-lação vigente. A amostra deverá ser correspondente ao produto entregue.

C) Embalagem primária transparente incolor, termossoldada. A embalagem secundária deve serfardo termossoldado, resistente, suportando o transporte sem perder sua integridade, comcapacidade para 6 embalagens primárias, totalizando peso líquido de 30 kg.

D) O arroz deverá estar acompanhado do certificado de classificação, do lote a ser entregue, noalmoxarifado, emitido pelo órgão oficial, de acordo com a Lei nº 6.305 de 15/12/1975 eDecreto-Lei nº 82.110 de 14/8/1978.

Item FEIJÃO TIPO 1, pacote de 1 kg, carioquinha in natura, constando no mínimo 90% de grãosna cor característica, variedade correspondente de tamanho e formato naturais, maduros, limpose secos. Será permitido o limite de 2% de impurezas e materiais estranhos, obedecendo à Portaria161 de 24/7/87 — M.A.

Prazo mínimo de validade de 6 meses.

A) Declarar marca.

B) Amostra: Apresentar uma amostra, na menor embalagem original, devidamente identificada,com rótulo contendo todas as informações do produto de acordo com a legislação vigente. A amostra deverá ser correspondente ao produto entregue.

C) Embalagem primária: Embalado em pacote plástico, atóxico, transparente, termossoldado,resistente, com peso líquido de 1 kg.

Embalagem secundária deve ser em fardo termossoldado, resistente, suportando o transportesem perder sua integridade, com capacidade para 10 ou 5 embalagens primárias, respectiva-mente, totalizando peso líquido de 10 kg.

D) O feijão deverá estar acompanhado do certificado de classificação do lote a ser entregue noalmoxarifado, emitido pelo órgão oficial, de acordo com a Lei nº 6.305 de 15/12/75 eDecreto-Lei nº 82.110 de 14/8/78.

* Estes exemplos são parte do edital de licitação utilizado pela prefeitura de Santa Rosa de Viterbo, São Paulo.

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33O SISTEMA DE COMPRA DE ALIMENTOS PARA A MERENDA ESCOLAR

Atenção! Para cada forma decompra da merendaexiste uma faixaespecífica de recursos que podemser gastos.

Quem são os responsáveis pela compra da merenda?

As Entidades Executoras (prefeituras e Secretarias Estaduais deEducação) são as responsáveis pela compra dos alimentos para amerenda. Existem equipes encarregadas de realizar todas as comprassolicitadas por estas administrações públicas para atender àsnecessidades de municípios e estados. Os prefeitos e governadorespodem, entretanto, nomear uma Comissão Especial de Licitação paraAlimentos, Equipamentos, Utensílios de Cozinha e Serviços, com aatribuição exclusiva de cuidar das licitações para as escolas municipaise estaduais. Os servidores alocados nessa comissão terão comoresponsabilidade cuidar das Atas de Registros de Preços licitadas,cadastrando fornecedores, acompanhando a evolução dos preços emontando os objetos de licitação. No caso de gestão escolarizada aspróprias escolas são responsáveis pela compra dos alimentos.

Quais são as formas de compra da merenda?

Existem seis formas de comprar alimentos para a merenda. São as seguintes:

1. COMPRA DIRETA (dispensa licitação)Valores de até R$ 8.000,00

• Consulta mínima a três fornecedores. O fornecedor deverá serescolhido segundo menor orçamento.

• A regularidade fiscal e a documentação exigida da empresa escolhida deverão ser estritamente observadas.

Veja alguns limites para utilizar a compra direta:1) A compra direta não pode ser utilizada quando o gasto com determinado

alimento for maior do R$ 8.000,00 ao ano, ou seja, uma prefeitura que compraR$ 16.000,00 por ano de arroz não pode fazer duas compras diretas de arroz novalor de R$ 8.000,00. O que significa que não é permitido o parcelamento dacompra de um mesmo alimento em quantias de até R$ 8.000,00 a fim de obterdispensa de licitação.

2) Na Lei nº 8.666/93 não há uma definição clara se o limite de dispensa de licitações é por produto, por fornecedor ou por ano. Entretanto, especialistasentendem que o limite de R$ 8.000,00 para a aquisição de bens ou contrataçãode serviços deverá ser contabilizada por ano e por gênero (alimentos, autopeças,material de construção etc.). Logo, o limite de R$ 8.000,00 não é por tipo de alimento, mas para o grupo Gêneros Alimentícios, ou seja, para grupo total dealimentos comprados.

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2. CARTA CONVITEValores de R$ 8.000,00 até R$ 80.000,00

• Nessa modalidade serão convidados no mínimo três fornecedorespelo responsável pela compra da merenda. O convite será fixadoem local público, tal como praças, clubes e igrejas. Os interessadostêm prazo de cinco dias para entregar as propostas. O fornecedorserá escolhido segundo o menor orçamento.

• A regularidade fiscal e a documentação exigida da empresa escolhida deverão ser atentamente observadas.

34O SISTEMA DE COMPRA DE ALIMENTOS PARA A MERENDA ESCOLAR

O fornecedor que tiver o menorpreço deve ser oselecionado. Porisso é fundamental que o comprador da merenda deixeclaro que tipo deproduto ele quer.

3. TOMADA DE PREÇOSValores de R$ 80.000,00 até R$ 650.000,00

• Nessa modalidade, os interessados devem estar cadastrados ouatender a todas as condições exigidas para cadastramento até oterceiro dia anterior à data do recebimento das propostas. O anúncio de Abertura de Edital de Licitação, no Diário Oficial domunicípio ou estado e em um jornal de grande circulação, deve serfeito com no mínimo quinze dias de antecedência. O fornecedorserá escolhido entre os que apresentarem orçamento de menorvalor, observada a regularidade fiscal.

Existindo na praça mais de três possíveis interessados, a cada novo convite realizadopara produto idêntico ou assemelhado é obrigatório o convite a, no mínimo, mais uminteressado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.

Para essa modalidade é obrigatório fazer a tomada de preços para compras cujovalor esteja entre R$ 80 mil e R$ 650 mil, porém é opcional ao administradorpúblico fazer tomada de preços para valores abaixo de R$ 80 mil.

4. CONCORRÊNCIA PÚBLICAValores acima de R$ 650.000,00

• É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que compro-vem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no Editalde Licitação. O anúncio de Abertura da Concorrência deverá ser feitocom no mínimo trinta dias de antecedência, no respectivo DiárioOficial e em um jornal de grande circulação. O fornecedor escolhidoserá o que apresentar a proposta de menor valor e que atender a todasas especificações contidas no Edital, observada a regularidade fiscal.

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5. SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOValores estipulados com base na previsão de compras

• Esta forma de compra segue os procedimentos da modalidade“Concorrência”. O Registro de Preço possibilita à Entidade Executorauma série de vantagens: permite que a programação se torne maisflexível, evitando os demorados processos licitatórios mensais epossibilita ainda que a compra e o fornecimento dos produtos sejamfeitos na medida em que houver necessidade, reduzindo assim ocusto de armazenamento e imobilização de capital.

35O SISTEMA DE COMPRA DE ALIMENTOS PARA A MERENDA ESCOLAR

Registro de Preçoé a forma de compraque evita a demora dosprocessos licitatórios epermite maior poder de negociação para se obtersempre os menores preços.

Para essa modalidade, é obrigatório fazer a concorrência pública para compras cujovalor esteja acima de R$ 650 mil, porém é opcional ao administrador públicorealizar concorrência pública para valores abaixo de R$ 650 mil.

Entenda melhor o Sistema de Registro de Preço

O Sistema de Registro de Preço é feito a partir de uma grande licitação envolvendotodos os produtos utilizados na merenda. Nessa licitação são selecionados todos osalimentos necessários e também é definida a quantidade a ser adquirida (mensal ouanualmente), com base na previsão de consumo.

Os interessados informam seus preços para cada produto. O fornecedor declaradovencedor tem o seu preço registrado no Sistema de Registro de Preço e secompromete a vender por aquele valor durante um período determinado, de atédoze meses (prorrogável por mais doze meses).

Nesse caso, durante este período determinado, a Entidade Executora não precisafazer novas licitações antes de cada compra e não está obrigada a comprar osprodutos que têm seu preço registrado. Porém, quando for necessário efetuar acompra, deve antes consultar os preços de mercado para comparar com o preçoregistrado. Se os preços registrados estiverem mais caros, a Entidade Executora nãodeve comprar desse fornecedor. Isso ocorre, por exemplo, na época de safra dosprodutos, em que os preços de mercado tendem a baixar, e assim a EntidadeExecutora deve aproveitar as ofertas.

Em caso de realização da compra, basta solicitar os alimentos desejados aofornecedor que apresentou o menor preço. E a quantidade máxima a ser comprada éa que foi estabelecida na abertura da licitação.

A licitação no Sistema de Registro de Preços deve especificar também as condiçõesde entrega dos produtos a serem adquiridos.

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36O SISTEMA DE COMPRA DE ALIMENTOS PARA A MERENDA ESCOLAR

6. PREGÃOExiste ainda um sistema de compras chamado Pregão, que pode seradotado para os mesmos tipos de compras realizados por meio deregistro de preço, concorrência, tomada de preços e convite. Aprefeitura ou governo de estado deverá estabelecer, de forma clara eprecisa, o objeto a ser adquirido, contemplando todas as suascaracterísticas, além de determinar a quantidade exata. Para participardo pregão, os interessados apresentam propostas e lances, em sessãopública, e as propostas de menor preço e as ofertas até 10% superioressão selecionadas. As regras do pregão inovam com a inversão das fasesde habilitação e classificação dos licitantes. Esta inversão permite queseja examinada somente a documentação do participante queapresentou a melhor proposta, evitando o exame prévio dadocumentação de todos os participantes.

Além disso, algumas administrações públicas têm investido nainformatização dos processos de aquisição, gerando redução de custos,tanto pelo aumento da concorrência (já que um número maior deempresas toma conhecimento das oportunidades de negócios) quantopela diminuição do fluxo de papéis em circulação na administraçãopública. A informatização permite também o acompanhamento dosgastos pela população, por meio da internet, o que torna o processomais transparente e possibilita maior controle social.

7. PREGÃO ELETRÔNICOO Pregão Eletrônico, por exemplo, caracteriza-se por ser inteiramenterealizado utilizando-se de recursos da informática. Por meio dainternet são registrados os editais para a aquisição de bens e serviços.Os fornecedores poderão oferecer suas propostas iniciais de acordocom hora e data prevista no edital. No horário especificado aspropostas são abertas e o pregoeiro e os representantes dosfornecedores entram numa sala virtual de disputa. Em seguida,partindo-se do menor preço cotado nas propostas iniciais, osfornecedores oferecerão lances sucessivos e de valor decrescente, emtempo real, até que seja proclamado o vencedor (aquele que tiverapresentado o menor lance), sendo o aviso de fechamento emitido pelosistema.

Pregão e PregãoEletrônico são sistemas de leilãonos quais as ofertasde menor valor sãoselecionadas.

Importante: não basta o alimento ser barato. Ele tem que ser bom.

Page 37: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

37O SISTEMA DE COMPRA DE ALIMENTOS PARA A MERENDA ESCOLAR

Saiba mais

Na seleção dos fornecedores damerenda, o menor preço

oferecido sempre é o melhor?

A princípio, sim. O processo licitatório tem como objetivo garantir ofornecimento do produto desejado pelo menor preço. Uma vez que a qualidadedo produto é definida no processo, o que vai diferenciar um fornecedor de outroé o preço. E é este parâmetro que vai ser utilizado para decidir qual a empresavencedora. Alguns problemas, no entanto, podem atrapalhar esse processo:

• Definição não adequada do objeto de licitação. Por exemplo, se não forestipulado o tipo de arroz que se deseja comprar, ou o teor de gordura nacarne, o fornecedor de menor preço pode estar se referindo a um produto dequalidade inferior. Por isso é tão importante caracterizar o produto quedesejamos, assim como as condições de armazenamento e entrega.

• Distorções de mercado. É possível que os fornecedores apresentem preçossuperiores aos praticados no mercado e, neste caso, mesmo o preço vencedorpode ainda assim ser superior ao que se encontra normalmente no mercado.Por isso o sistema de Registro de Preço é interessante, porque antes de acompra ser efetuada, a Entidade Executora deve comparar os preçosregistrados com os de mercado.

Sempre que possível, a Entidade Executora deve informar que o preço a serregistrado corresponderá a um acréscimo ou desconto em cima das cotaçõespublicadas por instituições que comercializam ou analisam produtos agrícolas,as chamadas commodities, tais como a Bolsa de Mercadorias de São Paulo, aBolsa Mercantil e de Futuros, o Instituto de Economia Agrícola — IEA etc. Estaprovidência elimina o risco de se registrar um preço num patamar muitoelevado, devido à existência de entressafra.

O processo de licitação damerenda é aberto? Todo mundo

pode participar?

Sim. O processo de licitação é aberto a qualquer empresa, a qualquer produtor,desde que todas as exigências legais sejam atendidas.

Pode-se fazer uma licitação paracompra de todos os alimentos

de uma só vez?

Sim. Uma vez respeitados todos os critérios do processo de licitação, é possívelfazer a aquisição de alimentos para a merenda escolar em uma única licitação,desde que seja possível a correta utilização e armazenamento dos produtos.

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CCAAPPÍÍTTUULLOO 33OOSS CCOONNSSEELLHHOOSS

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((CCAAEESS))

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40O SISTEMA DE COMPRA DE ALIMENTOS PARA A MERENDA ESCOLAR

Mapa da alimentação no Brasil

Região Centro-OesteA região, banhada pelas bacias hidrográficas da Amazônia e do Prata, é muito rica em peixes como pacu,piranha, dourado, pintado e, também, é fortemente marcada pela criação bovina. A culinária, que tevegrande influência indígena, portuguesa e africana, tem como alimentos básicos o peixe, a carne de boi, amandioca (que acompanha tudo o que se come, seja cozida ou como farinha), arroz, feijão, milho, abóbora,quiabo, entre outros. Entre os sabores do cerrado, o pequi (fruta bastante aromática), a guariroba (tipo depalmito) e a banana são muito aproveitados na culinária. E frutas como araçá, baru, jatobá, marolo,jenipapo, cagaita e a gabiroba, são também presentes na região.

Dos peixes, frutas e carnes da região, surgem pratos típicos como o peixe na telha, peixe com banana, carnecom banana, o arroz com pequi, arroz com carne-seca (também chamado maria-isabel), a galinhada, asfarofas de banana e de carne, a pamonha e o curau.

Na merenda escolar certos pratos típicos fazem parte do cardápio de algumas escolas, como a galinhadacom salada ou ainda a farofa de carne, arroz, feijão e salada.

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41OS CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (CAEs)

O que é o Conselho de Alimentação Escolar?

É um órgão deliberativo, fiscalizador e de assessoramento, instituído noâmbito dos estados, Distrito Federal e municípios. O CAE foi criadopara acompanhar e monitorar a utilização dos recursos financeirostransferidos pelo FNDE às Entidades Executoras, bem como zelar pelaqualidade da alimentação escolar.

Esses conselhos foram criados no processo de descentralização do PNAE,iniciado em 1994, para funcionar como um órgão consultivo, com afunção de assessorar as Entidades Executoras na implementação doPrograma. Foram consolidados na sua forma atual em dezembro de1998, quando foi estabelecido que os repasses dos recursos financeirosfederais aos estados, municípios e Distrito Federal seriam feitos sem anecessidade de convênios, contratos ou instrumentos equivalentes, tendocomo única condição a criação do Conselho de Alimentação Escolar.

A partir de 2000, os conselhos passaram a ter uma nova composição esuas atribuições foram ampliadas e passaram a incluir a fiscalização dagestão dos recursos federais do PNAE pelas Entidades Executoras. Hojeé o Conselho de Alimentação Escolar que deve analisar as prestaçõesde contas, checar notas fiscais e demais documentos relativos aosgastos dos recursos transferidos pelo FNDE, e verificar a regularidadede abastecimento, qualidade e aceitação da merenda escolar.

O que deve fazer um Conselho de Alimentação Escolar?

As competências do CAE, previstas em lei, são:

• acompanhar a aplicação dos recursos federais transferidos para aconta do PNAE, zelando pela boa execução do Programa;

• zelar pela qualidade dos produtos, desde a compra até a distribuiçãoaos alunos, observando sempre as boas práticas higiênicas e sanitárias;

• receber e analisar a prestação de contas do PNAE (enviada pelaEntidade Executora) e remeter ao FNDE o Demonstrativo SintéticoAnual da Execução Físico-Financeira com parecer conclusivo sobre aregularidade da prestação de contas acompanhado do extrato bancárioda(s) conta(s) do Programa;

• orientar sobre o armazenamento dos gêneros alimentícios nosdepósitos da Entidade Executora ou nas unidades escolares;

O CAE tem muitasresponsabilidades. Por isso estados emunicípios devemfornecer toda a infra-estrutura de equipamentos, transporte e informaçõesnecessárias para que os conselheirospossam dar conta de suas atribuições.

O CAE é o órgãomais importante para o Programa da merenda escolar.Ele deve existir e ser atuante em cadamunicípio e estadobrasileiro. O CAE éforma de a sociedadezelar para que o direito das crianças receberemalimentação escolarseja respeitado.

Órgão deliberativo é aqueleque pode propôr mudanças naforma de administração doPrograma.

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42OS CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (CAEs)

• comunicar à Entidade Executora a ocorrência de irregularidades emrelação aos gêneros alimentícios, como, por exemplo: vencimento doprazo de validade, deterioração, desvios e furtos etc.

• divulgar em locais públicos o montante dos recursos financeiros doPNAE transferidos para a Entidade Executora;

• e ainda, o CAE deve comunicar qualquer irregularidade identificada naexecução do PNAE ao FNDE e ao Ministério Público. Veja os telefones esites desses órgãos nas páginas 48, 49 e 50.

Todo município deve ter um CAE?

Sim. Uma das condições para que o Governo Federal repasse os recursospara o Programa Nacional de Alimentação Escolar é a constituição doCAE. O mesmo se aplica aos estados (vale lembrar que os conselhos foraminstituídos para estados, Distrito Federal e municípios). Portanto, o conse-lho deve existir em cada um dos 5.564 municípios e 27 estados do Brasil.

E quem participa do CAE?

O CAE é constituído por 7 membros, que são:• 1 representante do Poder Executivo;• 1 representante do Poder Legislativo;• 2 representantes dos professores;• 2 representantes de pais de alunos;• 1 representante da sociedade civil,

sendo que todo representante titular tem o seu respectivo suplente.

O CAE, depois de formado, elege um presidente e um vice-presidente(mas eles não podem ser os representantes do Poder Executivo e doPoder Legislativo).

É importante lembrar que fica vedada a indicação do ordenador dedespesas da Entidade Executora (quem realiza os gastos do governo ouprefeitura com a merenda) para compor o Conselho de AlimentaçãoEscolar, ou seja, as autoridades responsáveis pelas compras não podemcompor o CAE. Isto porque não se pode misturar as funções de quemgasta com quem fiscaliza o gasto.

Caso a Entidade Executora tenha mais de 100 escolas do ensinofundamental, o CAE poderá ter até três vezes o número de membrosestipulado, mas sempre seguindo esta proporção.

O CAE pode participar da elaboração docardápio da merenda, que deveser feito por umnutricionista habilitado.

Atenção! Os representantes do Poder Executivo e do Legislativo não podem ser presidente ou vice-presidente do CAE.

Page 43: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

Como são escolhidos os membros do CAE?

• O representante do Poder Executivo é indicado pelo prefeito ougovernador.

• O representante do Poder Legislativo deve ser indicado pela MesaDiretora.

• Os representantes dos professores devem ser indicados pelos respec-tivos órgãos de classe. A escolha dos representantes deve ser feita pormeio de assembléia específica para este fim e registrada em ata.

• Os representantes dos pais de alunos devem ser indicados pelosconselhos escolares, Associações de Pais e Mestres ou entidadessimilares. A escolha dos representantes deve ser feita por meio deassembléia específica para este fim e registrada em ata.

• O representante da sociedade civil deverá ser indicado pelo segmentorepresentado. A escolha do representante deve ser feita por meio deassembléia específica para este fim e registrada em ata. Exemplos deenidades que poderiam participar da escolha do representante: igrejas,sindicatos, ONGs, associações comunitárias etc.

Desta forma, fica claro que os órgãos que elegem seus representantespara compor o Conselho de Alimentação Escolar têm um papelfundamental e são também responsáveis pela forma de atuação doConselho.

Qual é o tempo de mandato dos membros do CAE?

O mandato é de 2 anos, sendo que os membros podem serreconduzidos apenas uma vez. O mesmo vale para o presidente e ovice-presidente.

Os conselheiros são remunerados?

Não. Este trabalho é considerado serviço público relevante e não podeser remunerado.

43OS CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (CAEs)

É sempre bom lembrar: você podefazer parte do CAEde sua cidade e ajudar a fiscalizar a merenda servidaàs crianças.

O Conselho participade todas as fases do Programa da merenda, acompanhando, assessorando e fiscalizando estados e municípios.

Por isso, o CAE deveexistir e atuar emcada município e estado do Brasil.

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44OS CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (CAEs)

Os CAEs devem ter o apoio da Entidade Executora?

Sim. É obrigação dos estados, Distrito Federal e municípios garantir aoCAE a infra-estrutura necessária à execução de suas atividades, talcomo: local apropriado para reuniões, disponibilidade de equipamentode informática, transporte para o deslocamento dos seus membros aolocal de exercício de suas atividades como conselheiro e para asreuniões do CAE e disponibilizar recursos humanos necessários paraatividades de apoio

A Entidade Executora deverá também fornecer ao CAE, sempre quesolicitado, os documentos e informações referentes à execução do PNAEem todas as suas etapas, tais como: editais de licitação, extratos bancários,cardápios, notas fiscais e demais documentos que sejam necessários.

Como o CAE dá o parecer conclusivo sobre a prestação decontas da Entidade Executora?

Depois da análise da prestação de contas da Entidade Executora, oCAE, em reunião convocada exclusivamente para esse fim, elaborará oparecer conclusivo sobre as contas da merenda, marcando no campoespecífico o parecer “Regular” ou “Não Regular”.

Mas para afirmar que a execução do Programa foi regular, é precisoanalisar os principais aspectos do PNAE. Para isso o Tribunal de Contasda União propôs um roteiro para o CAE. São quatro perguntas que osconselheiros devem responder para afirmar que a execução foi regular:

1. O dinheiro foi gasto apenas em alimentos para a merenda?2. Os preços pagos pelos alimentos estão de acordo com os de mercado?3. Os produtos comprados foram mesmo usados para oferecer merenda

aos alunos?4. Os alimentos oferecidos são saudáveis e de boa qualidade?

A população de cada município devesaber que o CAEexiste e quem fazparte dele parapoder realizar observações, reclamações edenúncias sobrealgum problema na merenda servida às crianças da cidade.

O FNDE aprova agestão da merendaem cada cidadebaseado no parecer do CAE.

Se o CAE não fiscaliza direito, fica muito fácildesviar o dinheiro da merenda.

Este conteúdo faz parte daCartilha para Conselheirosdo Programa Nacional deAlimentação Escolar –PNAE, elaborado pelo TCU.Consulte www.tcu.gov.br.

Page 45: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

45OS CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (CAEs)

Veja a seguir algumas dicas do TCU para que os CAEstabalhem cada vez melhor

Para confirmar se os produtos comprados com o dinheiro damerenda foram entregues nas escolas nas quantidades certasé importante que:

• existam documentos, tanto na prefeitura como nas escolas, com-provando as entregas. Para facilitar a verificação, recomenda-seescolher os alimentos mais caros e os que são comprados em maiorquantidade.

Para verificar a qualidade da merenda, é necessário conferir se:

• os produtos adquiridos estão dentro do prazo de validade. A verifi-cação dos prazos de validade pode ser feita nos estoques daprefeitura ou das escolas. Produtos com validade vencida nãopodem ser utilizados no preparo da merenda;

• a oferta de cardápios com produtos in natura é freqüente. É impor-tante que a merenda tenha produtos naturais, frescos, como frutas,verduras e legumes.

• Bananas, laranjas e frutas da época são alimentos saudáveis e nãoexigem preparo. Para verificar se esses produtos estão sendo ofere-cidos na merenda, basta conferir as notas fiscais de compra e oscardápios adotados.

É muito importante que as escolas sejam visitadas. Só assim épossível saber se os alimentos comprados estão sendoutilizados no preparo da merenda e se a merenda está sendoservida em boas condições. Nas visitas, é preciso verificar se:

• a merenda está sendo oferecida regularmente;• os alimentos servidos são de boa qualidade;• os produtos estão dentro do prazo de validade;• as refeições servidas constam do cardápio;• a merenda contém os produtos adquiridos pelo Programa;• a escola possui controle de estoque dos produtos que recebe.

Se a merenda nasescolas do seu município não é deboa qualidade, nãocontém alimentos naturais ou não éservida todos os dias de aula, é possível que:

• o CAE não exista ouseja inoperante;

• o CAE não tenhaautonomia oucondições para trabalhar;

• os membros do CAE não estejampreparados paraatuar e não saibamcomo fiscalizar agestão do Programada merenda.

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46OS CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (CAEs)

Ao conversar com pais, professores e alunos, é possível saber se:

• a merenda está sendo distribuída regularmente; • há falta de alimentos;• os alunos estão satisfeitos com a qualidade da merenda;• existem outras falhas ou irregularidades que possam estar prejudi-

cando o bom andamento do Programa.

Se a merenda não estiver sendo oferecida todos os dias, é precisoidentificar as causas do problema e avisar a prefeitura imediatamentepara que o serviço seja regularizado.

Na maioria dos casos, a falta de merenda pode ocorrer por:

• atraso na compra dos alimentos;• falta de alguns produtos; • falta de merendeiras.

Se a merenda estiver faltando em várias escolas e porperíodos de muitos dias ou até meses, é preciso ficar alerta eaprofundar a análise para saber qual é o problema. Pode estarhavendo:

• desvio de dinheiro; • desvio de alimentos; • desperdício com a perda de alimentos ou com a compra de produ-

tos por preços muito acima dos de mercado.

Essas irregularidades são graves e devem ser descritas no parecerenviado ao FNDE, pois causam prejuízo ao Programa no município. Verde perto o funcionamento do Programa é fundamental!

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47OS CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (CAEs)

No parecer do CAE enviado ao FNDE devem constar asseguintes irregularidades:

• saques da conta bancária única específica que não correspondem acompras de alimentos para a merenda;

• não-utilização de conta específica, exclusiva para o dinheiro doPrograma;

• resultado de aplicação em poupança utilizado para gastos fora doPrograma;

• compra com dinheiro do Programa de alimentos que não fazemparte do cardápio da merenda;

• alimentos comprados por preços acima dos praticados no mercado;• falta de licitação, sem justificativa com base em lei, para compras

acima de R$ 8.000,00;• alimentos comprados não entregues nas escolas;• alimentos não utilizados na merenda escolar;• prejuízo causado por produtos que não puderam ser utilizados

(vencidos ou estragados);• pagamento de serviços em contratos para fornecimento de meren-

da pronta ou contratos que não separam o custo dos alimentos docusto dos serviços.

O mais importante é que, por meio do parecer, o FNDE fique sabendocomo está a execução do Programa da merenda no seu município.

Page 48: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

48OS CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (CAEs)

Veja abaixo os endereços e telefones dos órgãos que devemser comunicados quando houver irregularidade no programada merenda:

FNDESBS, Quadra 2, Bloco F Edifício Áurea – sala 401Brasília — DF — CEP: 70.070-929Central de Atendimento ao CidadãoTels.: 0800-616161Endereço na internet:http://www.fnde.gov.bre-mail: [email protected]

Controladoria Geral da UniãoSAS Quadra 1, Bloco A, 8º andarEdifício Darcy RibeiroBrasília — DF — CEP: 70.070-905Endereço na internet: http://www.cgu.gov.br

Ministério Público FederalSAF Sul, Quadra 4, Cj. CBrasília — DF — CEP: 70.050-900Tel.: (61) 3031-5100Endereço na internet: http://www.pgr.mpf.gov.br —opção: “Direitos do Cidadão”

Tribunal de Contas da UniãoSAFS, Quadra 4, Lote 1, Edifício Sede, 2º andar, sala 221Brasília — DF — CEP: 70.042-900Tel.: 0800-6441500Endereço na internet: http://www.tcu.gov.bropção: “Controle Social/Como fazer denúncia ao TCU”

Órgãos Federais

Page 49: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

49OS CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (CAEs)

6ª SECEX — no Distrito FederalSAFS, Quadra 4, Lote 1Brasília — DF — CEP: 70.042-900Tels.: (61) 3226-3935Fax: (61) [email protected]

SECEX-AC — Secretaria de Controle Externo — ACRua Coronel José Galdino, nº 495 —Salas 201 a 206Rio Branco — ACCEP: 69.909-710Tels.: (68) 3224-1052/1053Fax: (68) [email protected]

SECEX-AL — Secretaria de Controle Externo — ALAvenida Assis Chateaubriand, nº 4118Maceió — AL - CEP: 57.010-070Tels.: (82) 3221-5686/3336-4788Fax: (82) [email protected]

SECEX-AM — Secretaria de Controle Externo — AMAvenida Joaquim Nabuco, nº 1193Manaus — AMCEP: 69.020-030Tels.: (92) 3622-2692/1576Fax: (92) [email protected]

SECEX-AP — Secretaria de Controle Externo — APRua Cândido Mendes, nº 501Macapá — APCEP: 68.906-260Tels.: (96) 3223-7731/7733Fax: (96) [email protected]

SECEX-BA — Secretaria de Controle Externo — BAAvenida Tancredo Neves, nº 2242Salvador — BA — CEP: 41.820-900Tels.: (71) 3341-1966Fax: (71) [email protected]

SECEX-CE — Secretaria de Controle Externo — CEAv. Valmir Pontes, nº 900Bairro Edson Queiroz Fortaleza — CE — CEP: 60.811-760Tel.: (85) 4008-8388Fax: (85) [email protected]

SECEX-ES — Secretaria de Controle Externo — ESRua Luiz Gonzalez Alvarado, s/nºVitória — ES — CEP: 29.050-380Tel.: (27) 3324-3955Fax: (27) [email protected]

SECEX-GO — Secretaria de Controle Externo — GOAv. Couto Magalhães, nº 277Goiânia — GO — CEP: 74.823-410Tels.: (62) 3255-9233Fax: (62) [email protected]

SECEX-MA — Secretaria de Controle Externo — MAAv. Senador Vitorino Freire, nº 48São Luís — MA — CEP: 65.010-650Telefax: (98) [email protected]

SECEX-MG — Secretaria de Controle Externo — MGRua Campina Verde, nº 593Belo Horizonte — MG — CEP: 30.550-340Tels.: (31) 3374-7277/7239Fax: (31) [email protected]

SECEX-MS — Secretaria de Controle Externo — MSRua Paraíba, nº 930Campo Grande — MS — CEP: 79.020-050Tels.: (67) 3382-7552/3716Fax: (67) [email protected]

SECEX-MT — Secretaria de Controle Externo — MTRua 2, esquina com Rua C Setor A, Quadra 4, Lote 4Cuiabá — MT — CEP: 78.050-970Tel.: (65) 3644-2772Fax: (65) [email protected]

SECEX-PA — Secretaria de Controle Externo — PARua Gaspar Viana, nº 125Belém — PA — CEP: 66.010-060Tels.: (91) 3226-7499/7758Fax: (91) [email protected]

SECEX-PB — Secretaria de Controle Externo — PBPraça Barão do Rio Branco, nº 33João Pessoa — PB — CEP: 58.010-760Tels.: (83) 3208-2000/2030Fax: (83) [email protected]

Secretarias de Controle Externo do TCU encarregadas da fiscalização do PNAE nos estados

Page 50: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

50OS CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (CAEs)

SECEX-PE — Secretaria de Controle Externo — PERua Major Codeceira, nº 121Recife — PE — CEP: 50.100-070Tels.: (81) 3424-8100 Fax: (81) [email protected]

SECEX-PI — Secretaria de Controle Externo — PIAvenida Pedro Freitas, nº 1904Teresina — PI — CEP: 64.018-000Tels.: (86) 3218-1800/2399Fax: (86) [email protected]

SECEX-PR — Secretaria de Controle Externo — PRRua Dr. Faivre, nº 105Curitiba — PR — CEP: 80.060-140Tel.: (41) 3362-8282Fax: (41) [email protected]

SECEX-RJ — Secretaria de Controle Externo — RJAv. Presidente Antonio Carlos, nº 375 — Ed. do Min. da Fazenda,12º andar, sala 1204Rio de Janeiro — RJ — CEP: 20.030-010Tels.: (21) 3805-4200/4201Fax: (21) [email protected]

SECEX-RN — Secretaria de Controle Externo — RNAvenida Rui Barbosa, nº 909Natal — RN — CEP: 59.075-300Tels.: (84) 3211-2743/8754 Fax: (84) [email protected]

SECEX-RO — Secretaria de Controle Externo — RORua Afonso Pena, nº 345Porto Velho — RO — CEP: 78.900-020Tels.: (69) 3223-8101/1649Fax: (69) [email protected]

SECEX-RR — Secretaria de Controle Externo — RRAvenida Ville Roy, nº 5297Boa Vista — RR — CEP: 69.306-000Tels.: (95) 3623-9411/9412 Fax: (95) [email protected]

SECEX-RS — Secretaria de Controle Externo — RSRua Caldas Júnior, nº 120, 20º andar — Ed. BanrisulPorto Alegre — RS — CEP: 90.018-900Telefax: (51) [email protected]

SECEX-SC — Secretaria de Controle Externo — SCRua São Francisco, nº 234Florianópolis — SC — CEP: 88.015-140Tel.: (48) 3222-4622/4094Fax: (48) [email protected]

SECEX-SE — Secretaria de Controle Externo — SEAv. Dr. Carlos Rodrigues da Cruz, nº1340 — CentroAdministrativo Augusto FrancoAracaju — SE — CEP: 49.080-903Tels.: (79) 3259-2767/2773 Fax: (79) [email protected]

SECEX-SP — Secretaria de Controle Externo — SPAvenida Prestes Maia, nº 733, 21ºandar, Ala Prestes Maia — Ed. do Min. da Fazenda — São Paulo — SP — CEP: 01031-001Tels.: (11) 2113-2399/2805Fax: (11) [email protected]

SECEX-TO — Secretaria de Controle Externo — TO103 Norte — Rua NO-05, Lote 13 — Ed. RanziPalmas — TO — CEP: 77.001-020Tel.: (63) 3224-7772Fax: (63) [email protected]

Page 51: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

51OS CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (CAEs)

Saiba mais:

Os Conselhos de AlimentaçãoEscolar são atuantes?

Em geral, os CAEs enfrentam dificuldades para atuar com eficiência. Ainoperância dos Conselhos de Alimentação Escolar é um dos principaisproblemas identificados no atual modelo do PNAE e é um dos maiores buracospor onde fraudes e desvios de recursos públicos encontram vazão. Isto aconteceporque a existência do Conselho de Alimentação Escolar é fundamental para aexecução eficaz do Programa Nacional de Alimentação Escolar. O CAE participade todas as fases do PNAE, fiscalizando, acompanhando e assessorando asEntidades Executoras na utilização dos recursos financeiros.

O Ministério Público Federal realizou, entre 2002 e 2003, 24 audiências públicasjunto às populações de municípios da região sul do estado do Pará (19) e dointerior de Alagoas (5) para averiguar o cumprimento dos programas sociaisnaquelas regiões. Em nenhum destes municípios a população local conhecia osmembros dos Conselhos de Alimentação Escolar ou sequer sabia da existênciado Conselho. É o Conselho que deve enviar ao Fundo Nacional deDesenvolvimento da Educação (FNDE) um parecer conclusivo sobre a gestão dosrecursos do PNAE. O FNDE aprova a gestão em cada município baseado nesseparecer. O Tribunal de Contas da União verificou que, via de regra, a aprovaçãodas contas pelo FNDE acompanha o parecer do CAE, pois em 16.492 processos,referentes aos exercícios de 1999 a 2001, apenas dois não foram aprovados.

Para exercer todas essas funções de controle social da alimentação escolar, osConselhos deveriam contar com o apoio da prefeitura local para dispor de infra-estrutura e condições apropriadas de trabalho, de informações detalhadas sobreos recursos do PNAE, de capacitação técnica em temas pertinentes à atuaçãodo órgão, em especial sobre a legislação que regulamenta o Programa Nacionalde Alimentação Escolar, contabilidade e nutrição.

Infelizmente, os municípios que propiciam essas condições para os CAEs sãoexceções no País. As auditorias feitas pelo TCU, Ministério Público Federal eCorregedoria-Geral da União apontam a inoperância dos CAEs, a falta decapacitação dos conselheiros e a manipulação do órgão pelas prefeituras comoas principais causas da falta de controle sobre os recursos do Programa damerenda.

Page 52: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

52OS CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (CAEs)

Em quais municípios os CAEsenfrentam mais problemas?

Em geral, quanto mais pobre e dependente dos recursos federais é a cidade,menos atuantes são os organismos fiscalizadores da aplicação destes recursosno próprio município. Há cidades nas quais os Conselhos sequer foramconstituídos. Há outros casos em que a formação do CAE é manipulada pelopoder local para que seus integrantes não exerçam de fato o papel fiscalizador.

Veja a avaliação feita pelo Ministério Público Federal em 2003 em ummunicípio localizado no sul do Pará:

Quanto à atuação do Conselho Municipal de Alimentação Escolar nas escolas,pudemos constatar que não há qualquer tipo de comprometimento desteConselho, uma vez que os dirigentes/responsáveis das escolas desconhecemsuas atribuições e até mesmo seus respectivos componentes. Não foicomputado visita do CAE às escolas e, por conseguinte, não houve qualquertipo de orientação ou resolução de problemas relativos ao Programa daMerenda Escolar, comprometendo sua boa execução.

Esse caso pode ser considerado um exemplo de como o poder público local, semsofrer nenhum controle social externo, se apropria de um programa federal derepasse de recursos públicos, o que favorece a ocorrência de fraudes e desviosde verbas sociais.

Nos estados do Norte, Centro-Oeste e Nordeste estão localizados os municípioscom os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Sãonessas cidades, infelizmente, onde a falta de compromisso com a lei nacomposição, capacitação, estruturação e atuação dos conselhos é maisidentificada pelo poder público.

Denúncias feitas pelo número 0800 616161 do FNDE pela população demunicípios alagoanos mostram o nível crítico da alimentação escolar no interiordo País: “Por que falta merenda nas escolas? Se tem três dias, falta três meses!”.

“Muitas escolas não têm água para fazer a merenda, por falta de pagamento.”

“Não tem merenda todo dia, quando tem é arroz branco com mortadela, ou bolacha com suco artificial.”

“A merenda escolar é coisa rara, principalmente nas escolas da zona rural e as vezes que chega, quase sempre está com prazo de validade vencido e em quantidade insuficiente.”

“A merenda não tem regularidade, normalmente tem apenas alguns dias na semana, chegando a passar semanas sem; a merenda é bolacha com leite e arroz com soja, quando tem; não existenutricionista para tratar da merenda, se existir é só nadocumentação, porque, na prática, não funciona.”

Page 53: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

53OS CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (CAEs)

Os membros dos CAEs estão preparados

para fiscalizar a merenda?

Em muitos casos, não. Um dos principais problemas enfrentados pelos CAEs éque, mesmo quando o município constitui o conselho, seus integrantes nãoestão preparados para atuar diante das responsabilidades que lhes sãoatribuídas. O Tribunal de Contas da União, em relatório de 2003 sobre aaplicação do PNAE em 67 cidades brasileiras, afirma:

A atuação do CAE é fragilizada pela falta de conhecimento técnico dosconselheiros, repercutindo no parecer enviado ao FNDE, que, invariavelmente,conclui pela aprovação das contas. O FNDE, por sua vez, não dispõe deinstrumentos próprios suficientes para acompanhar a execução do programade forma autônoma. O resultado é que a atual sistemática de controle é formale inefetiva, sendo incapaz de assegurar a correta execução do programa,especialmente quanto aos aspectos de economicidade e legalidade.

O relatório do TCU ainda traz as seguintes afirmações quanto à atuação dos CAEs:

• A análise das prestações de contas pelo CAE foi considerada insatisfatória em48% das auditorias que apuraram essa informação.

• 57% dos CAEs auditados não verificam aspectos de licitações e contratos.• Em doze entidades, o representante do Poder Executivo atua com supremacia

no conselho ou é o próprio secretário de Educação, o que viola o princípio dasegregação de funções.

• A verificação realizada com base no Demonstrativo Sintético de ExecuçãoFinanceira, encaminhado pelo CAE como parte da prestação de contas, nãopermite detectar irregularidades na execução do PNAE.

• O parecer do CAE não contém elementos necessários à avaliação sobre aexecução do Programa.

Observação final

O papel do Conselho de Alimentação Escolar é de extrema importância, pois, por meio dele,

toda a sociedade assume a sua parcela de responsabilidade na construção de uma escola

básica digna para o Brasil. E é preciso que os CAEs fiquem atentos às competências que lhes

são atribuídas para que o Programa de Alimentação Escolar funcione plenamente.

Page 54: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

O SISTEMA DE COMPRA DE ALIMENTOS PARA A MERENDA ESCOLAR

Page 55: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

CCAAPPÍÍTTUULLOO 44AASSPPEECCTTOOSS

NNUUTTRRIICCIIOONNAAIISS DDAAMMEERREENNDDAAEESSCCOOLLAARR

55

Page 56: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

Mapa da alimentação no Brasil

Região SudesteA culinária da região Sudeste recebeu influência da cultura indígena, portuguesa e também de imigrantes,como os italianos. Os alimentos básicos são o milho, mandioca, feijão, arroz, carne de porco e de boi. Dacombinação destes alimentos surgem alguns pratos típicos da cozinha mineira, como o tutu de feijão, acanjiquinha (refogado de milho grossamente triturado com carne de porco ou frango) e o angu, além dostradicionais quitutes à base de milho, como curau, pamonha e broa. O mineiro também tem por hábito oconsumo de vegetais refogados, como couve, taioba, mostarda, serralha, jiló e quiabo, entre outros.

Já a culinária tradicional de São Paulo tem como representantes o cuscuz e o virado à paulista, o afogado eo picadinho de carne, e doces como canjica, o curau e a pamonha. Em virtude da grande influência daalimentação italiana, houve introdução do trigo sob a forma de massas, como o macarrão, hoje amplamentedifundido em vários estados do País.No Espírito Santo, a moqueca de peixe e a torta capixaba (à base de peixes e crustáceos) e no Rio de Janeiroa feijoada de feijão preto, são os pratos típicos. Nesta região encontramos também frutas como o abacate, amora, jaca, goiaba, mamão, laranja, pitanga,banana e jabuticaba. Alguns cardápios para a merenda escolar buscam resgatar o hábito alimentar regional,como a canjiquinha com carne suína e legumes e também o angu com molho de frango e salada.

Page 57: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

57ASPECTOS NUTRICIONAIS DA MERENDA ESCOLAR

O que deve oferecer o cardápio da alimentação escolar?

Como visto anteriormente, o cardápio da merenda deve ser programadode modo a suprir no mínimo 15% das necessidades nutricionais diáriasdos alunos beneficiados (não apenas medidas em calorias e proteínas,mas também em nutrientes, como vitaminas e minerais), e essecardápio deve ser elaborado por nutricionista habilitado e com oacompanhamento do Conselho de Alimentação Escolar. No caso doscardápios de creches e escolas indígenas e quilombolas, a recomen-dação é de, no mínimo, 30% das necessidades nutricionais diárias (veja os valores recomendados nos anexos da Resolução nº 32 de 2006do FNDE).

E se a Entidade Executora não tiver nutricionista?

Se a Entidade Executora não tiver nutricionista, ela deve recorrer aoestado ou a um município próximo que tenha um profissional comoeste, para que ele ofereça a assistência necessária. Além disso, aEntidade Executora pode também buscar assessoria em algumauniversidade próxima que ofereça curso de nutrição. No entanto, éimportante lembrar que esse apoio deve ser emergencial, já que opapel do nutricionista é essencial para a boa execução do Programa.

Como deve ser a composição do cardápio?

Para a composição deste cardápio deve-se dar preferência a alimentosbásicos (veja página 18). No mínimo 70% dos recursos financeiros doPNAE devem ser utilizados para a compra dos alimentos básicos queserão definidos pelo FNDE, respeitando os hábitos alimentares de cadalocalidade e sua vocação agrícola.

E antes da introdução de um novo produto no cardápio, ou sempre quese fizer necessário, a Entidade Executora deve testar os produtos parasaber se eles têm aceitação entre os alunos. A metodologia do teste édefinida pela Entidade, mas o índice de aceitação deste alimento entreos alunos não pode ser inferior a 85%.

O cardápio damerenda deve suprir 15% dasnecessidades nutricionais diáriasde cada aluno.Apenas para se teruma idéia do queisso significa,listamos abaixoalguns exemplos:

• 1 escumadeiracheia de macarrãocom molho detomate, 1 coxa defrango

• 1 escumadeiracheia de arroz, 1/2 concha de feijão, 1 colhercheia de carnemoída

• 1 concha cheia deangu (polenta) commolho de carne

• 1 caneca de leiteintegral, 1 pão francês commanteiga

Não se esqueça queuma merenda saudáveldeve incluir verduras,legumes e frutas.

E vale a pena lembrar: para muitascrianças, a merenda éa principal refeiçãodo dia!

Page 58: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

58ASPECTOS NUTRICIONAIS DA MERENDA ESCOLAR

Como deve ser feito o planejamento dos cardápios?

Toda a preocupação com a qualidade da merenda envolve e depende deuma atividade fundamental: o planejamento adequado do cardápioescolar. Para isso, um nutricionista deve estar envolvido. Ele saberá comocombinar os alimentos a fim de suprir as necessidades nutricionais dosalunos, respeitar os hábitos alimentares e também avaliar o custo dosprodutos, as dificuldades no transporte, no armazenamento, no preparodas refeições e mesmo na hora de consumi-las.

Este profissional vai considerar, no planejamento do cardápio, aspectostécnicos, como a composição química dos alimentos, a compatibilidadeentre ingredientes, procurando atender às exigências nutricionais eapresentando refeições saborosas e agradáveis ao paladar dos alunos.O aspecto do prato, a combinação de cores, a consistência dosalimentos, tudo isso tem influência na aceitação.

O que deve ser levado em conta na hora de se preparar umcardápio para uma escola?

Um aspecto fundamental é que cada refeição deve ter, pelo menos, umalimento de cada grupo alimentar: construtores, energéticos ereguladores. Veja a tabela com alguns exemplos de cada grupo:

GRUPO ALIMENTAR FUNÇÃO BASE PRINCIPAL EXEMPLOS

Construtores Constroem e reconstroemtodo o organismo. Formamas unhas, cabelos, pele,sangue, ossos, músculos.

Proteínas Ovo, carne, leite, queijo,soja, frango, peixe etc.

Energéticos Fornecem energia para ofuncionamento doorganismo.

Carboidratos e gorduras Arroz, feijão, macarrão,batata, pão, biscoito,farinhas, açúcar, fubá, óleo, manteiga.

Reguladores Controlam ofuncionamento doorganismo, regulam asfunções dos órgãos esistemas do corpo humano.

Vitaminas e minerais Verduras, frutas e legumes.

O cardápio deve serelaborado por umnutricionista. Esteprofissional sabeequilibrar e aproveitarmelhor os alimentospara oferecer umarefeição de qualidade.

Page 59: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

59ASPECTOS NUTRICIONAIS DA MERENDA ESCOLAR

E os alimentos que vão compor o cardápio devem seguir umaproporção. O cardápio deve conter carboidratos, proteínas e gordurasem uma proporção de: 45 a 65% de carboidratos, 10 a 30% deproteína e 25 a 35% de gordura.

Deve-se considerar também a interação entre os nutrientes, para que a biodisponibilidade seja respeitada (por exemplo, servir produtos quesão fonte de ferro, como carnes e feijão, com produtos que são fontede cálcio, como leite e derivados, prejudica a absorção do ferro peloorganismo; já combinar alimentos que são fonte de ferro comalimentos que são fonte de vitamina C, como frutas, ajuda a absorçãodo ferro).

Outros aspectos que também devem ser observados no planejamentodo cardápio:

• A idade dos alunos. O alimento que será servido deve estar adequadoà idade dos alunos, respeitando os aspectos de dentição e asnecessidades nutricionais (que variam de acordo com a faixa etária).Por exemplo, servir crianças de até cinco anos com alimentos de sabormuito forte e em quantidade acima de 350 gramas aumenta a chancede desperdício.

• O horário em que a merenda é servida. De acordo com o horário emque será servida a refeição, há alimentos que não se enquadram,podendo conduzir ao desperdício. Por exemplo, servir arroz, feijão ecarne muito cedo não é o ideal, pois são alimentos que as criançascomem no almoço.

• O clima da região e a época do ano devem ser considerados ao seplanejar os cardápios. No calor, dar preferência a refeições frias oumornas e frutas. No inverno, são mais adequadas as refeições quentes,como sopas ou bebidas quentes. Por exemplo, servir sopas e caldosem lugares muito quentes dificulta o consumo.

• Variedade. A monotonia do cardápio pode prejudicar a aceitação daalimentação escolar. Deve-se variar as receitas, a maneira de combinaros alimentos, tentando sempre buscar novas formas de preparar oalimento. Servir macarrão todos os dias, por exemplo, aumenta apossibilidade de rejeição do alimento. Se não houver opção, éimportante variar a forma de preparo, os molhos e osacompanhamentos.

Atenção! Evite a gordurahidrogenada, presente emmuitos alimentosindustrializados, que faz mal àsaúde. Prefira os alimentosnaturais, que contêm gordurasde origem animal e vegetal.

Biodisponibilidade é umapalavra difícil para explicar que oconsumo de certos alimentos namesma refeição faz com que osnutrientes não sejam totalmenteaproveitados.

A merenda nutritivatem sempre três tiposde alimentos noprato. Por exemplo:

1. Algum tipo decarne, pode serpeixe e frango também, ou ovo.

2. Arroz ou feijão, ou os dois juntos(muito melhor!),polenta, ou macarrão.

3. Alface, tomate,cenoura, beterrabaou outras verdurase legumes ou aindafrutas, qualquer queseja, pois todasfazem bem à saúde.

Page 60: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

Como deve ser feito o controle de qualidade da alimentaçãoescolar?

Os produtos adquiridos para a alimentação escolar deverão serpreviamente submetidos ao controle de qualidade, sendo que aEntidade Executora deverá prever no edital de licitação aobrigatoriedade de o fornecedor apresentar a ficha técnica com laudobromatológico e microbiológico de laboratório qualificado e/ou laudode inspeção sanitária dos produtos.

A qualidade dos alimentos não se encerra na avaliação do produtodurante a aquisição, mas prevê também a garantia de condiçõeshigiênico-sanitárias adequadas durante o transporte, estocagem,preparo e manuseio, até o seu consumo pelas crianças e adolescentes.Mas para armazenar e preparar a merenda de forma apropriada, asescolas devem ter uma boa infra-estrutura: geladeiras, congeladores,fogões e utensílios de cozinha em boas condições!

E tudo isso cabe às Entidades Executoras, que deverão adotar asmedidas necessárias. A Entidade Executora deve prever nos editais econtratos a responsabilidade dos fornecedores pela qualidade e higienedo produto, bem como exigir nos editais a comprovação, junto àsautoridades sanitárias locais, de instalações compatíveis com oproduto. Vale lembrar também que o Conselho de Alimentação Escolartem, entre suas atribuições, que zelar pela qualidade dos produtosdesde a aquisição até a distribuição, observando sempre as boaspráticas higiênicas e sanitárias.

60ASPECTOS NUTRICIONAIS DA MERENDA ESCOLAR

Para concluir: uma merenda dequalidade é o resultado de alimentos frescos bem armazenados,bem preparados, e que façam parte do dia-a-dia das crianças.

No Brasil de hoje, a má alimentação não é problema exclusivo de pobres nem de ricos: gente

de todas as classes sociais se alimenta mal.

É por isso que a merenda escolar deve ser vista como um recurso para educar as crianças e

os jovens a comer corretamente.

O hábito de se alimentar bem é algo que se aprende desde cedo.

Page 61: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

61ASPECTOS NUTRICIONAIS DA MERENDA ESCOLAR

Região Nordestemandioca, aipim, batata-doce, milho, feijão, carne-seca, mel e rapaduraazeite-de-dendê e pimentafrutas como caju, umbu, cajá,mangaba, cirigüela, graviola epitombaVeja alguns pratos usados namerenda escolar da região:cuscuz com carne-seca esalada ou ainda baião-de-dois com carne e salada.

Veja mais na página 28

Região Sudeste

milho, mandioca, feijão, arrozcarne de porco e de boi,couve, taioba, mostarda,serralha, jiló e quiabofrutas como abacate, jaca,goiaba, pitanga, jabuticaba,banana Na merenda escolar:canjiquinha com carne suínae legumes e também o angucom molho de frango esalada.

Veja mais na página 56

Região Sulaveia, lentilhas, pães, queijos,repolho, arroz e pinhãocarne de porco, carnes defumadas,salsichas, lingüiças e charquefrutas como maçã, uva, pera,pêssego e ameixaAlguns exemplos de cardápio paraa merenda escolar: lentilha cozidacom carne e legumesacompanhada de polenta ou aindaarroz de carreteiro, feijão e salada.

Veja mais na página 66

Região Centro-Oestepeixes como pacu, piranha,dourado, pintadocriação bovina mandioca, arroz, feijão, milho,abóbora, quiabo, guarirobafrutas como banana, pequi,araçá, baru, jatobá, marolo,jenipapo, cagaita e gabiroba,estão também presentes naregiãoNa merenda escolar:galinhada com salada ouainda a farofa de carne,arroz, feijão e salada.

Veja mais na página 40

Região Nortefarinha de mandiocapeixes de água docemilho, arroz, feijãofrutas como açaí, bacuri,cupuaçu, buriti e pupunha castanha-do-pará e guaraná Veja, por exemplo, o pratotestado em algumas escolasde Rondônia: mujica (caldode carne de peixe moídacom legumes, macaxeira everdura) acompanhada depalito de peixe, arroz esalada.

Veja mais na página 10

Mapa da Alimentação no Brasil

Uma alimentação escolar de qualidade deve respeitar o hábito alimentar regional.

Page 62: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

62ASPECTOS NUTRICIONAIS DA MERENDA ESCOLAR

Saiba mais:

O que significa umaalimentação escolar de

qualidade?

A qualidade da alimentação escolar é o resultado de vários aspectos: garantiahigiênico-sanitária dos alimentos, adequações nutricionais, sensoriais (sabor,aspecto, textura dos alimentos), respeito ao hábito alimentar e um ambienteadequado na hora de comer a merenda.

Vários estudos têm apontado algumas inadequações em relação ao aspectonutricional do cardápio oferecido aos alunos, como a baixa densidadeenergética, quantidade de proteínas acima do necessário e quantidade demicronutrientes minerais e vitaminas muito pequena.

Além da questão nutricional, a qualidade da alimentação escolar tambémdepende da infra-estrutura oferecida pela escola para preparar os alimentos(como a existência de utensílios adequados) e para servir aos alunos. As escolasnormalmente não dispõem de um refeitório, o que obriga os alunos a sealimentarem em pé ou sentados em qualquer espaço disponível. Mas os piorescasos ocorrem quando a escola não dispõe nem mesmo de talheres, obrigandoos alunos a comer com as mãos.

A qualidade da mão-de-obra também deve ser alvo de atenção, para evitar orisco de contaminação dos alimentos e garantir que seja preparada umarefeição de boa qualidade. E para isso a orientação de um nutricionista éfundamental.

Por que é tão importantegarantir uma alimentação

escolar de qualidade?

A alimentação escolar não pode ser vista apenas como um programa desuplementação alimentar, mas também como um importante instrumento deeducação. A possibilidade de que o programa da merenda seja um meio paradifundir programas de educação nutricional é extremamente relevante, tendoem vista o público atingido (crianças e adolescentes, em fase de intensodesenvolvimento físico e emocional) e a característica socioeconômica destepúblico, que geralmente não tem acesso a esse tipo de informação. A merendadeve ser um canal para resgatar hábitos alimentares saudáveis, e a escola, umambiente para orientar os alunos sobre a arte de se alimentar bem.

É importante dizer também que as mudanças de hábito alimentar têm sidoverificadas na população brasileira de um modo geral. São resultantes do ritmode vida de grandes cidades, da crescente presença da mulher no mercado detrabalho, do crescimento da oferta de alimentos industrializados e da influência

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63ASPECTOS NUTRICIONAIS DA MERENDA ESCOLAR

da propaganda. Muitos estudos registram nas últimas décadas um aumento doconsumo de óleos e gorduras, de açúcar refinado e de refrigerantes. Por outrolado, verifica-se uma redução do consumo de legumes, verduras, frutas e sucosnaturais. Uma das conseqüências desta mudança de hábito é o aumento daporcentagem de obesos entre a população.

Além de instrumento de educação alimentar, a merenda escolar também éimportante porque, para muitas crianças, trata-se da principal refeição do dia.Isto é verificado principalmente nas regiões mais pobres (segundo pesquisapublicada pela Unicamp em 2003, a merenda foi a principal refeição diária para56% dos alunos da região Norte e para 50% dos estudantes do Nordeste). Estarealidade é ainda mais grave quando consideramos a situação nutricional dapopulação infanto-juvenil brasileira: em estudo realizado em 2001 em dezcapitais do País, foi observado um percentual de até 49% de anemia entrecrianças menores de cinco anos.

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Mapa da alimentação no Brasil

Região SulRegião que recebeu grande influência dos imigrantes alemães, italianos e poloneses, que se adaptaram aoclima temperado, mais parecido com o europeu. Assim, a culinária foi fortemente marcada por essainfluência, com a introdução de alimentos como repolho, vinho, pães e massas feitos de trigo, batatas, queijose salames. Nas zonas de maior influência alemã, encontramos o consumo mais freqüente de aveia, lentilhas,assim como da carne de porco, carnes defumadas, salsichas e lingüiças, além de pães de centeio e chucrute(repolho fermentado).

Dos carreteiros dos pampas gaúchos, nasceu o churrasco e o famoso arroz de carreteiro, que reúne doiselementos muito apreciados: o arroz e o charque.

Em Santa Catarina, têm destaque diferentes tipos de camarões e peixes, em especial a tainha. Já no Paraná, obarreado, um cozido de carne e temperos feito em panela de barro, é o prato típico, símbolo de fartura e alegria.

Também incrementam o cardápio regional o pinhão, o almeirão-roxo e o cará-do-ar e frutas como maçã, uva,pera, framboesa, amora, pêssego, ameixa, entre outros.

Alguns exemplos de cardápio para a merenda escolar mostram que é possível utilizar a cultura da região, como:lentilha cozida com carne e legumes acompanhada de polenta ou ainda arroz de carreteiro, feijão e salada.

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67MERENDA ESCOLAR E DESENVOLVIMENTO LOCAL

É possível oferecer uma boa merenda e estimular a economialocal?

Sim. As compras para o Programa Nacional de Alimentação Escolar podemcontribuir muito para o desenvolvimento da pequena produção agrícola,pecuária, comércio e indústria locais, ao mesmo tempo em que permitemfornecer refeições mais bem adaptadas aos hábitos de consumo locais.

É importante lembrar que todo o sistema de compras da administraçãopública é regido pela Lei nº 8666/93 (veja o Capítulo 2). Esta leiprocurou moralizar a forma como o poder público se relaciona com osseus fornecedores de bens e serviços, o que levou a um extremo rigorno tratamento dos processos de licitação. A lei trata de forma igual acontratação de obras e serviços, assim como a compra de alimentospara a merenda escolar, o que pode dificultar bastante a compra dealimentos junto a produtores agrícolas e ao comércio local.

Mas existem algumas possibilidades de seguir rigorosamente a lei efomentar o desenvolvimento local por meio da compra de alimentospara a merenda.

Veja a seguir alguns exemplos que permitem melhorar a qualidadeda alimentação, desenvolver a economia local e, ao mesmo tempo,reduzir os custos.

COMPRA DE ALIMENTOS DE PRODUTORES LOCAIS

A compra de alimentos para a merenda de produtores locais trazbenefícios tanto para as crianças quanto para a economia da região.Os alimentos que vêm da produção local chegam mais frescos àsescolas, e as crianças comem na merenda aquilo que estãoacostumadas a consumir em casa.

Além disso, ao comprar de produtores e comerciantes locais, os recursosda merenda escolar ficam na própria região e acabam movimentando aeconomia local, impulsionando o desenvolvimento do município.

Muitas vezes, a compra de frutas, verduras e legumes de produtoreslocais é dificultada pelas exigências previstas em lei, mas existemmaneiras de incentivar a produção local e atender aos requisitos legais:

A compra de produtoslocais faz com que osalimentos cheguemmais frescos às escolas, que as crianças comam namerenda o que estãoacostumadas a consumir também em suas casas e que os produtores ecomerciantes locaistenham um mercadogarantido para suaprodução, favorecendoo desenvolvimentoeconômico local.

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68MERENDA ESCOLAR E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Forma de especificação do produto

Alguns municípios encontraram soluções criativas para incluir apequena produção local no processo de compras municipais.Uma forma de promover essa inclusão é mencionar, no objeto dalicitação, características típicas dos produtos oriundos da região e dapequena produção. Um exemplo é especificar a compra de verduras,legumes e frutas sem agrotóxicos, ou ainda especificar o nível decarotenóides dos ovos (pois a partir de determinado nível, apenas osovos de galinhas caipiras podem cumprir essa especificação).

Veja abaixo exemplos criativos de municípios ganhadores doPrêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar — 2004.

Governador Valadares, ganhador do Prêmio na categoria Nacional, éum exemplo bastante interessante. A prefeitura comprava vários itensde associações e cooperativas para merenda escolar, como doce debanana, biscoito doce, leite pasteurizado, leite longa-vida e iogurte. AAssociação que fornecia biscoito para a merenda participou dalicitação, na modalidade Concorrência Pública, e venceu. A criatividadeda prefeitura na elaboração da licitação foi o que permitiu a entradadesta associação de produtores locais, já que na descrição do produtoo biscoito licitado foi especificado como “sem conservantes”.

Em Uberlândia (vencedora na categoria Participação Social), a comprade leite para merenda escolar era feita da cooperativa de laticínios dacidade. Nessa licitação (modalidade pregão), a prefeitura especificouque o leite deveria ser entregue em cada escola da zona urbana. Essefoi o fator que permitiu que a cooperativa local tivesse vantagem emrelação a grandes empresas de outros estados, uma vez que ela jádispunha de uma estrutura de distribuição na cidade.

Na cidade de Maracás — BA (vencedora na categoria região Nordeste),verduras, frutas, leite, carnes, farinha de mandioca, amendoim e milhoforam comprados de produtores rurais por meio de carta-convite. E emQuissamã — RJ (vencedora na categoria Desenvolvimento Local) aprefeitura comprava água de coco de produtores locais e beneficiavacerca de 230 cooperativas e 80 produtores de coco. O pão paramerenda também era comprado de uma cooperativa que funcionacomo padaria-escola (forma aprendizes de padeiro).

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Utilização do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)

Uma outra forma de promover o desenvolvimento da região a partir doprograma da merenda escolar é buscar apoio de políticas e programaspúblicos. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do GovernoFederal, por exemplo, possui vários instrumentos que procuramincentivar a agricultura familiar e viabilizar a utilização dos seusprodutos em escolas, creches, hospitais e outros projetos das prefeituras.

O PAA possibilita a compra de alimentos, com isenção de licitação, atéo limite de R$ 3.500,00 por ano, por agricultor familiar.

Dentro desse Programa existem várias modalidades de compra. Abaixovamos explicar as mais interessantes para o tema que estamos tratando.

Programa Compra Direta Local da Agricultura Familiar

Neste Programa, a aquisição de produtores locais permite a compra,sem licitação, de produtos da agricultura familiar até o limite de R$ 3.500 por agricultor/ano. A aquisição dispensa a licitação, desdeque os preços não sejam superiores aos praticados nos mercadosregionais.

É necessário que a prefeitura ou o governo do estado que queira aderira esse Programa participe dos editais e apresente a proposta ao Minis-tério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que fará a libera-ção dos recursos necessários mediante o estabelecimento de convênio.

Na elaboração da proposta, deve-se identificar os agricultores familia-res da região, a produção estimada e determinar como pretende desti-nar os produtos agropecuários comprados. Estes alimentos podem serenviados para creches, escolas, assim como asilos, hospitais, restauran-tes populares e até entidades beneficentes.

Isto significa que os municípios podem contar com outros recursos,além do que é repassado pelo FNDE, para complementar e reforçar ocardápio da alimentação escolar.

69MERENDA ESCOLAR E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Consulte www.mds.gov.bropção — “PAA” , ouwww.mda.gov.br ouwww.conab.gov.br ou ligue0800-707-2003

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70MERENDA ESCOLAR E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Programa Compra Antecipada Especial com Doação Simultânea

Este Programa permite a compra antecipada de produtos da agriculturafamiliar, também em um limite de até R$ 3.500,00 por agricultor/ano.Neste caso, os próprios agricultores, organizados em associações oucooperativas, devem entrar em contato com as SuperintendênciasRegionais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) eestabelecer um convênio.

A Doação Simultânea significa que a associação ou cooperativa quereceberá da Conab os recursos referentes à compra dos seus produtos(dentro do limite mencionado acima) se compromete a entregar essaprodução a órgãos ou entidades que desenvolvam trabalho social, eisso inclui escolas e creches públicas e filantrópicas do município.

Esta é uma forma de garantir a venda dos produtos da agriculturafamiliar e ao mesmo tempo beneficiar as escolas e creches da redepública, o que significa mais uma possibilidade de enriquecer ocardápio da merenda escolar com outros recursos além dos que sãorepassados pelo FNDE.

Veja um exemplo de utilização do PAA

A partir de deste projeto do Governo Federal de incentivo aos pequenosprodutores rurais, a Secretaria Municipal de Educação de Chapecó — SC(município vencedor do Prêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar nacategoria Região Sul) passou a realizar a compra para a merenda devários produtores locais organizados em Cooperativas — CooperFamiliar e Cooperativa Central da Reforma Agrária.

A compra do leite tipo C, longa-vida e bebida láctea, por exemplo, foifeita diretamente dos produtores rurais da Cooperativa da ReformaAgrária, que dispõe de todos os equipamentos necessários aoprocessamento e embalagem dos produtos.

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CAPACITAÇÃO DE PRODUTORES AGRÍCOLAS

É importante esclarecer e capacitar produtores rurais locais para queestes se organizem e passem a fornecer gêneros alimentícios para aprefeitura de forma individual ou organizados em associações oucooperativas. No primeiro caso, torna-se necessário que o produtorinscreva seu estabelecimento na repartição fiscal do município em queesteja localizado e obtenha a permissão para a confecção das NotasFiscais de Produtor. No caso da organização em associações oucooperativas, o passo inicial é obter o registro junto aos órgãos deFazenda municipais, estaduais e federais.

Veja o exemplo de Governador Valadares

O caso de Governador Valadares (vencedor do Prêmio Gestor Eficiente daMerenda Escolar na Categoria Nacional) ilustra bem como isto pode serfeito. A prefeitura realizou uma parceria com a Emater — MG, queidentificou como oportunidade de geração de renda a produçãoartesanal comunitária de biscoitos e de doce de banana em duascomunidades rurais. Para viabilizá-la, promoveu o relacionamento demulheres dessas comunidades com a Associação de Produtores Rurais deCassimiro (que era freqüentada apenas por seus maridos) e com o setorde merenda da prefeitura, que poderia adquirir o produto e, assim,garantir a comercialização inicial da produção.

A nutricionista da prefeitura auxiliou na padronização da receita e dasporções, dos formatos e da embalagem para entrega, assim como naelaboração da composição nutricional para constar da etiqueta dos doisprodutos. A Vigilância Sanitária orientou quanto aos padrões exigidos.

O grupo participou e venceu a concorrência pública da prefeitura paraa merenda escolar, produziu e distribuiu o produto com regularidade equalidade a todas as escolas predefinidas.

As mulheres entrevistadas relataram que a vida de suas famíliasmelhorou muito e que elas se transformaram. Antes caminhavam atéduas horas para trabalhar na roça de quem as contratava e hojetrabalham perto de seus filhos. Algumas sequer conheciam a cidade deGovernador Valadares e hoje são capazes de visitar, por si, cidades deoutros estados. Perceberam que são capazes de vencer desafios e hojebuscam alcançar novos mercados e aumentar a produção. Estãoinvestindo os recursos obtidos da divisão igualitária dos lucros nareforma ou construção de suas casas, em tratamento odontológico, nacompra de bens de consumo durável e até na compra de vacas leiteiras.

71MERENDA ESCOLAR E DESENVOLVIMENTO LOCAL

O produtor rural deve solicitarà Secretaria da Fazendaestadual, junto a suascoletorias ou postosmunicipais, a autorização paraemitir a Nota Fiscal deProdutor, documento fiscalobrigatório para a venda deprodutos agropecuários. Eneste caso ele pode mandarimprimir o talonário ou retiraruma nota avulsa. Valeressaltar que na maioria dasvezes o produtor estádispensado do pagamento doICMS, desde que tenha a NotaFiscal de Produtor.

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72MERENDA ESCOLAR E DESENVOLVIMENTO LOCAL

CRIAÇÃO DO SERVIÇO DE INSPEÇÃO MUNICIPAL (SIM)

A própria prefeitura pode certificar a qualidade dos alimentosincentivando a criação de um Serviço de Inspeção Municipal (SIM), que passará a zelar pelas condições sanitárias para o fornecimento dasrefeições. Por exemplo, algumas prefeituras ainda possuem matadourosmunicipais em boas condições e nesses equipamentos a inspeçãomunicipal pode atuar certificando a produção local. O mesmo podeacontecer no caso de hortifrutis junto a equipamentos atacadistasadministrados pelo poder público, como mercados municipais, centraisde abastecimento ou centrais de distribuição.

CRIAÇÃO DA CENTRAL MUNICIPAL DE COMPRAS

O poder público pode também criar uma Central Municipal de Comprasde produtos da agricultura familiar, que terá como função aproximarprodutores de distribuidores, facilitando a compra e a venda deprodutos agrícolas para os programas municipais de alimentação, aomesmo tempo em que leva à dinamização da agricultura local.

Aproveitando a estrutura proporcionada pelas Centrais de Compras épossível lançar um programa de hortas urbanas individuais oucomunitárias, aproveitando espaços ociosos, terrenos municipais eoutras áreas de pouco uso dentro do perímetro urbano para aprodução.

IMPLANTAÇÃO DE HORTAS ESCOLARES

A implantação de hortas escolares ou comunitárias é uma iniciativa defácil implementação e de custo acessível. Os benefícios vão dofornecimento de uma alimentação mais nutritiva às crianças até autilização das hortas como objetos de estudo para a educaçãoalimentar dos estudantes, professores e funcionários.

A implantação de hortas escolares,para o cultivo dealimentos orgânicos,é positiva para aoferta de umamerenda livre deagrotóxicos e para o contato direto dascrianças com os alimentos, fortalecendo a educação alimentar.

A prefeitura devecolaborar parafornecer na merendaalimentos produzidosna região. Pode criaro SIM para assegurara qualidade destesalimentos e a CentralMunicipal deCompras para aproximar produtorese distribuidores. É importante que os

produtores locais estejam organizadosem associações ou cooperativas registradas parafornecer produtospara a merenda deforma regular. Istofacilita a emissão denotas e a fiscalizaçãodo serviço prestado.

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73MERENDA ESCOLAR E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Veja o caso de alguns dos municípios ganhadores do Prêmio GestorEficiente da Merenda Escolar:

Em Lucas do Rio Verde — MT (vencedor na categoria Região Centro-Oeste), o programa de hortas escolares é amplamente difundido e estápresente em todas as escolas municipais. As hortas fornecem alimentospara enriquecer a merenda e também são utilizadas para odesenvolvimento de atividades educacionais para os alunos e acomunidade. Este projeto foi feito em parceria com a empresa Cargill,que auxiliou fornecendo o material para o plantio e a assessoria técnica.

Em Uberlândia — MG (vencedora na categoria Participação Social),além da parceria com a empresa Cargill para a implantação de hortas,algumas escolas buscam o apoio de faculdades e escolas técnicas quetêm curso de agronomia.

Estes dois municípios são exemplos de que é possível investir em umprograma de hortas escolares em parceira com empresas e institutosde ensino e pesquisa do município.

Já em Paragominas — PA, município que venceu o Prêmio na categoriaRegião Norte, o programa de hortas nas escolas é incentivado por meiodo projeto “Merenda Escolar Saudável”. Neste projeto, as escolas sãoavaliadas quanto à merenda escolar e à criação e manutenção dashortas escolares. Ao final do ano letivo, as unidades que conseguem amaior pontuação são premiadas. Esta é uma forma de buscar a adesãodas escolas e incentivar a criação de hortas.

CAPACITAÇÃO DE MERENDEIRAS

Uma política de capacitação e valorização das merendeiras éfundamental, seja qual for o tamanho do município. A oferta de cursosde capacitação e atualização dessas profissionais, orientações quanto àmanipulação e preparo dos alimentos, assim como controle dequalidade e higiene são muito importantes, pois elas são asresponsáveis pelo preparo das refeições na escola. Desta forma, elasdevem saber trabalhar adequadamente os alimentos, aproveitando todoo potencial desses produtos, melhorando a qualidade nutricional damerenda e evitando desperdícios.

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74MERENDA ESCOLAR E DESENVOLVIMENTO LOCAL

As merendeiras têm um importante papel e merecem uma atençãoespecial. Um modo de valorizá-las é oferecer oficinas para prevenir quesurjam problemas crônicos, como as LER (Lesões por EsforçoRepetitivo) e problemas de saúde, como a obesidade.Outra boa idéia é criar na escola o Dia da Merendeira, como umaforma de homenagear essas profissionais.

Veja abaixo como alguns municípios vencedores do Prêmio GestorEficiente da Merenda Escolar trabalharam com este profissional.

No município de Suzano — SP (ganhador do Prêmio na categoriaRegião Sudeste), foi feita uma parceria com a Vigilância SanitáriaMunicipal para a realização de cursos de boas práticas para asmerendeiras, que ocorrem mensalmente. Um dos resultados é o maiorenvolvimento destes profissionais e conseqüentemente uma melhoratuação em relação ao cumprimento dos cardápios, à rotina dearmazenamento e ao preparo dos alimentos.

Campinas — SP (vencedora na categoria Capitais e Grandes Cidades)também investe no aperfeiçoamento profissional de suas merendeiras.São oferecidos cursos não apenas com o objetivo de ensinar técnicascorretas de manipulação de alimentos, mas também para elevar aauto-estima deste profissional e mostrar a importância do trabalhodele dentro do programa de alimentação escolar. Além disso, existetambém a preocupação de atuar em questões de saúde, como olevantamento da incidência de Lesão por Esforço Repetitivo entre asmerendeiras.

Em Uberlândia — MG, (ganhadora na categoria Participação daSociedade), são oferecidos às merendeiras cursos teóricos de boaspráticas na manipulação de alimentos, armazenamento e recebimentode mercadorias e também aulas práticas sobre aproveitamento dealimentos e elaboração de cardápios.

É muito importantetambém que asmerendeiras estejam capacitadas para trabalhar com os alimentos e assimpossam aproveitartodo o potencial dosprodutos.

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75MERENDA ESCOLAR E DESENVOLVIMENTO LOCAL

CURSOS DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR AOS ALUNOS

Os problemas decorrentes da má alimentação, como desnutrição eobesidade, afetam tanto crianças quanto jovens e adultos. Por isso, aeducação alimentar é fundamental para estimular a formação dehábitos saudáveis, e a escola é o local adequado para trabalhar essetema com os alunos.

Na sala de aula é possível informar o valor nutritivo dos alimentos,explicar como deve ser uma refeição saudável e os produtos quedevemos evitar. E esse aprendizado pode ser enriquecido com visitas àcozinha da escola. Além de ser uma visita instrutiva, valoriza osalimentos que o aluno vai consumir na merenda. Outro recurso muitoimportante que deve ser utilizado nos cursos de educação alimentar éa horta escolar.

Tudo isso auxilia na formação de bons hábitos alimentares e ajuda aresgatar a cultura alimentar de cada região do Brasil.

Veja algumas iniciativas implementadas por municípios ganhadoresdo Prêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar

Em Esteio — RS, que venceu o Prêmio na categoria EficiênciaNutricional, foram desenvolvidas atividades de educação alimentarcom os alunos para que eles tenham consciência de como deve seruma alimentação saudável e adequada. O município também sepreocupou em desenvolver um trabalho de valorização da alimentaçãono ambiente escolar e dos alimentos servidos, buscando inclusivereduzir o desperdício de alimentos. Os cursos são feitossemestralmente e durante o horário de aula.

Em Chapecó — SC e Governador Valadares — MG, por exemplo, a hortatambém é utilizada para as atividades pedagógicas.

Conheça também a experiência de outros municípios vencedores doPrêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar. Ligue para a Ação FomeZero — (11) 6877-6677— e solicite um exemplar da publicaçãoHistórias Gostosas de Ler e Boas de Copiar.

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76MERENDA ESCOLAR E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Conheça também a experiência de outros municípios quefizeram gestões criativas e utilizaram a merenda escolar comoferramenta para o desenvolvimento local:

Aracy (BA)

O município baiano constituiu no final dos anos 90 o Conselho deDesenvolvimento Rural. Um dos principais resultados dessa mobilizaçãofoi a criação de um centro de comercialização, que congregava asEntidades de produtores para viabilizar a emissão de notas fiscais,eliminando, assim, um dos entraves para que os agricultores forneçamseus produtos para a alimentação escolar.

Bebedouro (SP)

Partindo da necessidade de barrar o processo de exclusão social depequenos produtores de laranja dessa região do interior de São Paulo(conhecida como principal pólo produtivo de suco de laranja do Brasil),Bebedouro encampou no final dos anos 90 um projeto para introduzirsuco natural de laranja na merenda das escolas e creches públicas dacidade. A prefeitura de Bebedouro foi assessorada por um grupo depesquisadores universitários que constatou que o poder público daregião não utilizava o potencial produtivo da agricultura local, e que ascompras municipais estavam enredadas em uma série deprocedimentos administrativos burocráticos.

A prefeitura foi instruída a utilizar a verba QESE, um recurso estadualpara a educação, na organização e orientação de pequenos produtorespara a formação de uma associação que fornecesse suco pasteurizadoàs escolas. Esse trabalho fez com que cerca de 8 mil crianças fossemdiariamente atendidas pela produção de 22 pequenos citricultores, quepuderam criar uma pequena instalação industrial no próprio município.Desta forma, o projeto promoveu o acesso da população de baixarenda a um alimento saudável e natural, bem como garantiu aprodução dos pequenos agricultores do município e o desenvolvimentosustentável da atividade, já que toda a renda originada do negócio ficaconcentrada na própria região.

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77MERENDA ESCOLAR E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Canindé do São Francisco (SE)

Algumas escolas deste município sergipano substituíram o leite em póoferecido na merenda pelo leite de cabra. Neste caso, os criadores decabra fornecem o leite para uma indústria beneficiadora, que por suavez abastece as escolas do município. É um exemplo de que asubstituição de produtos do cardápio por itens de consumo local geraimpactos positivos na economia. A inclusão de leite de cabra significouum incremento de renda aos criadores e uma diversificação docardápio, valorizando os hábitos locais.

Hulha Negra (RS)

No município gaúcho de Hulha Negra, a administração que assumiu aprefeitura em 1997 estabeleceu um projeto de desenvolvimento einclusão social, e um dos programas criados foi o ProgramaOportunidades de Mercado (POM) que tinha como principal objetivocriar mecanismos de incremento da renda aos pequenos agricultores.Uma das ações deste programa era justamente implementar a merendaescolar regionalizada, ou seja, incluir a produção familiar local nomercado institucional. Para viabilizar a participação da produçãofamiliar local nesse mercado foi criada a Associação dos ProdutoresColoniais de Hulha Negra (Aprocohn), uma associação com carátercomercial na qual estão representadas as comunidades rurais domunicípio. A Aprocohn adquiria os produtos dos agricultores e vendiapara a prefeitura, mediante emissão de nota fiscal.Paralelamente, a administração municipal passou a valorizar osprodutos locais ou que preservassem características típicas dos hábitosda população no cardápio da merenda escolar. Até mesmo asespecificações dos produtos a serem adquiridos, como valor nutricionalou menções à produção colonial, eram explicitadas nos procedimentosde compra do Programa, como por exemplo a especificação do nível decarotenóides exigido nos ovos: a partir de determinado nível, apenas osovos de galinhas caipiras podem cumprir esta especificação. De fato,criaram-se meios para que os agricultores pudessem não apenasparticipar da licitação, mas ter oportunidades de vencer aconcorrência. A Aprocohn conseguiu vencer a concorrência durante ostrês anos consecutivos de vigência do programa (R$ 16 mil em 1998;R$ 18 mil em 1999 e R$ 21 mil em 2000), beneficiando 32 famílias deprodutores.

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78MERENDA ESCOLAR E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Pelotas (RS)

Em Pelotas, outra cidade do Rio Grande do Sul, a prefeitura localdesenvolve desde 2001 um projeto de merenda ecológica pelo qualcompra alimentos orgânicos produzidos por cooperativas da regiãopara o abastecimento de vinte escolas municipais, nas quais estudamoitocentos alunos. Além dos benefícios nutricionais que os alimentoslivres de agrotóxicos propiciam aos alunos, o projeto possibilitou odesenvolvimento da economia local. Quando foi implantado, uma dascooperativas organizou-se com cerca de cem pequenos agricultores.Com o aumento da demanda e a garantia de um mercado regular, ascooperativas cresceram e hoje aproximadamente 240 famílias deprodutores trabalham na produção de feijão, batata, cenoura,beterraba, couve e outros alimentos. O acordo com a prefeitura deuorigem também ao nascimento de uma pequena agroindústria nascooperativas, para a produção de sucos de fruta. Os agricultoresafirmam que 30% do que produzem é para o abastecimento dasescolas e que, com a garantia da compra por parte da prefeitura, émais fácil planejar investimentos para otimizar a produção.

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Programa Nacional de Alimentação Escolar — PNAE. Brasília, 2003.

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Page 80: Manual de Gestao Eficiente Da Merenda Escolar (1)

EMPRESAS E ENTIDADES ASSOCIADAS

A Ação Fome Zero é uma organização formada por um grupo de empresas e Entidades decidido a fortalecer omovimento da sociedade civil brasileira de combate à fome. Dela fazem parte empresas de grande porte dos maisdiversos setores da economia e muitas delas líderes de mercado. São elas:

• Abia

• ABBC

• Abit

• ABN Amro Real

• Abraec

• Accor

• Adag

• Agropecuária JB

• Alcoa

• Alfabetização Solidária

• Instituto Alpargatas

• AMF Empreendimentos eParticipações

• Apeop

• Aracruz

• Apimec

• Bank Boston

• Blue Tree Hotels

• BM&F

• Boucinhas e Campos Soteconti

• Bovespa

• Braskem

• Camargo Corrêa

• Cargill

• CBMM

• CFC

• CIEE

• Citigroup

• Coca-Cola

• Construtora Beter

• Consea

• Coteminas

• CRC — SP

• Fundação Vale do Rio Doce

• Demarest & Almeida Advogados

• Dixie Toga

• DPZ

• Duke Energy

• Emerenciano & Baggio Advs.

• Estapar

• Estrela

• Febraban

• Fersol

• Fiesp

• Fischer América

• Ford

• Francal Feiras

• Grupo Full Jazz

• Fundação Itaú Social

• Gerdau

• Instituto Ayrton Senna

• Instituto Ethos

• Lew, Lara

• Magnesita

• Mangels

• Natura

• Nestlé

• Novadata

• Grupo Pão de Açúcar

• Pizza Hut

• Grupo Planinvesti

• Rio Bravo

• Rubens Naves — Santos Jr. —Hesketh

• Banco Safra

• Santander Banespa

• Serasa

• Schering do Brasil

• Sul América

• Tetra Pak

• Telefônica

• Trevisan Escola de Negócios

• Unibanco

• Unidas

• Unilever

• Usiminas

• VR Vales


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