Mancha de Pseudocercospora abelmoschi no quiabo: controle químico e
danos.
Celiomar Pereira de Souza¹; Tales Pinho Silveira²; Anselmo Grossi Fernandez¹;
Alessandro Nicoli¹; Carlos Roberto Costa³; Alexandre Sylvio Vieira da Costa³; Marcelo
Barreto da Silva³.
¹Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) – Faculdade de Ciências Agrárias – Bolsista Bic Fapemig; Campus
António Rodrigues Coelho, nº. 2000, Bairro Universitário, Governador Valadares, Minas Gerais, 35020-220; 2
UNIVALE – Estagiário; 3UNIVALE.
RESUMO
O quiabo é uma hortaliça sempre presente em mercados do Brasil. Além dessas
características, a mesma destaca-se na culinária brasileira e no campo medicinal. A hortaliça
é fonte de renda de pequenos agricultores da região do leste de Minas Gerais,
principalmente entre Caratinga e Governador Valadares. Nos últimos anos, tem-se notado o
surgimento de uma doença na folha do quiabo que não era considerada de importância
econômica. Assim foi conduzido na Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) um estudo
onde se objetivou conhecer o comportamento da doença causada pela Pseudocercospora
abelmoschi no quiabo. As plantas foram pulverizadas quinzenalmente com: água
(testemunha), trifloxystrobin + cyproconazole (Sphere®), enxofre (Kumulus®), alternância de
enxofre com trifloxystrobin + cyproconazole. Onde foi aplicado o fungicida Sphere, observou-
se melhores resultados no controle. O produto protetor a base de enxofre (Kumulus) não
obteve resultados desejáveis, já o mesmo alternado com o sphere apresentou controle
intermediário.
Palavras-chave: Abelmoschus esculentus, cercospora, produção.
ABSTRACT - Spot of Pseudocercospora abelmoschi in the okra: chemical control
and yield loss.
The okra is always present vegetable in different markets of Brazil. Beyond these
characteristics the same one is distinguished in the Brazilian culinary and the medicinal use.
The vegetable is source of income of small farmer of the region of the east of Minas Gerais,
mainly between Caratinga and Governador Valadares. In recent years, the sprouting of an
new disease in the leaf of the okra fields has been noticed that was not considered as a
economic problem. Thus, in the University of Vale do Rio Doce (UNIVALE) was conduced a
study about Pseudocercospora abelmoschi on okra, with the objective to know its behavior.
The plants were in each fifteen days pulverized with: water (control), trifloxystrobin +
cyproconazole (Sphere®), sulphur (Kumulus®), anternance of sulphur with trifloxystrobin +
cyproconazole. Where sphere was applied the fungicide, it was observed better resulted in
the control. The protective product with sulphur (Kumulus) did not get resulted desirable, and
alternated pulverization from sulphur with trifloxystrobin + cyproconazole gave a intermediary
results.
Keywords: Abelmoschus esculentus, cercospora, yield.
INTRODUÇÃO
O quiabo é uma hortaliça sempre presente nas feiras e mercados do Brasil. Esta cultura
destaca-se na culinária brasileira e no campo medicinal (Van Den Broek et al. 2007). Nos
últimos anos, na região entre Caratinga e Governador Valadares, tem-se notado o
surgimento de uma doença na folha do quiabo, que até então não era considerada relevante.
Pensando em conhecer e quantificar a importância desta doença para a região, foi conduzido
na Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE), um estudo para conhecer o comportamento
da Pseudocercospora abelmoschi no quiabo e danos causados. Os resultados subsidiarão
um programa de manejo da cultura na região.
Pseudocercospora abelmoschi pertence à classe Hyphomycetes, ordem Moniliales e família
Dematiaceae. É um fungo que causa manchas de formato irregular, de aspecto fuliginoso,
formado pelas frutificações do fungo (conidióforos e conídios). Essa espécie pode causar
desfolha prematura das plantas (Zambolim et al., 2000). Na fase inicial, o fungo se apresenta
de cor verde-oliva na parte superior, e preta na parte inferior da folha, de acordo com o seu
amadurecimento o mesmo vai passando a obter uma massa de coloração cinza escura
formando tufos de conidióforos na face adaxial e abaxial da folha, com estroma basal,
conídios levemente pigmentados e com dois a três septos. Esta doença é favorecida
principalmente por condições de alta temperatura (acima de 25ºC) e alta umidade relativa
(acima de 90%), portanto a maior severidade é observada em plantios de verão. Os conídios
do fungo são disseminados pelo vento e por respingos de água de chuva e irrigação (quando
utilizada). O fungo sobrevive de uma estação a outra em restos de cultura (Zambolim et al.,
2000).
MATERIAL E METODOS
Os ensaios foram conduzidos na área experimental da Faculdade de Ciências Agrárias no
Campus II da Universidade Vale do Rio Doce, leste de Minas Gerais. Utilizou-se a variedade
comercial do quiabo Santa Cruz 47. O experimento foi montado em blocos ao acaso com
quatro repetições. Cada bloco obteve quatro tratamentos de acordo com os produtos
aplicados com freqüência quinzenal: 1) parcela controle (pulverização de água), 2)
pulverização de produto protetor à base de enxofre (kumulus®), 3) pulverização
trifloxystrobin + cyproconazole (Sphere®), 4) pulverização de produto protetor à base de
enxofre (kumulus) alternado com Sphere. A parcela experimental foi de 5x3 metros. Cada
parcela obteve uma linha central útil e duas linhas paralelas. Na linha central foi avaliada
duas vezes por semana toda a produção. Quinzenalmente foi feita a avaliação da
intensidade da doença com o auxílio de escala diagramática onde de cada tratamento
escolheram-se, ao acaso, cinco plantas e das mesmas 10 ultimas folhas, de cima para baixo.
O plantio foi realizado após quebra da dormência das sementes, utilizando-se 10 sementes
por metro linear. As adubações de plantio e cobertura foram realizadas de acordo com a
analise de solo e com a necessidade da cultura assim como a capina e a irrigação. Os dados
coletados foram tabulados, transferidos para o computador e analisados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da severidade da doença em folhas avaliadas mostram que, os tratamentos
que receberam aplicação do fungicida Sphere, produziram os melhores resultados no
controle. O enxofre (Kumulus) não produziu resultados desejáveis. O Kumulus alternado com
o Sphere apresentou controle em relação à testemunha, porém produzindo um nível de
controle menor que a aplicação de Sphere, como mostra a Tabela 1. A pulverização com
enxofre levou a uma redução da produção das parcelas em 23.88% em relação à
testemunha. A produção obtida nas parcelas que recebeu a pulverização alternada de
enxofre com Sphere não diferiu estatisticamente da testemunha. O melhor desempenho no
controle e no ganho de produtividade foi obtido com aplicação quinzenal de Sphere, que
controlou a doença em 68% e gerou uma produção de 40% maior em relação à testemunha.
Na Tabela 1 e na Figura 1 é possível perceber a diferença dos dados de produção dos
tratamentos.
Sobretudo, pode-se concluir que o fungicida Sphere gerou melhores resultados, por controlar
a doença e manter a produtividade da parcela. Já o enxofre não se mostrou como produto
adequado para o controle da cerscosporiose, nas condições estudadas.
Tabela1. Comparação entre as médias da severidade e produção observadas em cada tratamento. As médias que estão com mesma letra, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Turkey (p=0,05).
Tratamentos
Severidade (%)
Produção (kg)
Testemunha 20,85 A 1,93 B
Kumulus 25,96 A 1,56 B Sphere 6,80 B 3,20 A K + S 25,96 A 2,28 AB
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
Testemunha Kumulus Sphere K+S
Tratamentos
Pro
du
ção
(kg
)
Figura 1. Média das produções em kg de todos os tratamentos. Governador Valadares 2007.
AGRADECIMENTOS
À fundação de amparo à pesquisa do Estado de Minas Gerais, FAPEMIG, e a BAYER CROP
SCIENC pelo apoio financeiro para a realização da pesquisa.
LITERATURA CITADA
ZAMBOLIM, L; DO VALE, F. X. R; COSTA, H. Controle de doenças de plantas - hortaliças.
Viçosa 2000 2 v: il cap. 20 p. 683-684.
VAN DEN BROEK, R; IACOVINO, G. D; PARADELA, A. L; GALLI, M. A. Controle alternativo
de oidio (erysiphe cichoracearum) em quiabeiro (hibiscus esculntum). Disponível em: <
www.unipinhal.edu.br/ojs/ecossistema/include/getdoc.php?id=175&article=54&mode=p f - >
Acesso: 21 mar.2007.