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Fevereiro de 2020
- Uma abordagem Introdutória -
Macroeconomia & Mercados
II Semestre de 2019
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I. Nota Editorial
De acordo às últimas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), no World
Economic Outlook – WEO de Outubro, ao longo do primeiro semestre de 2019 a
economia mundial viveu momentos de fortes tensões, tais como: os Estados Unidos
da América (EUA) aumentaram as tarifas sobre as importações chinesas que por sua
vez “contra-atacou” com a adopção de medidas semelhantes, gerando ameaças nas
cadeias globais de fornecimento de tecnologia. Por outro lado, as incertezas em torno
do Brexit, e o aumento das tensões geopolíticas em vários países produtores de
petróleo, agitou os preços da energia.
Diante deste cenário e segundo o WEO de Janeiro, o crescimento global foi revisto
em 2,9% e 3,3% para 2019 e 2020, respectivamente. As previsões do PIB sofreram
uma revisão em baixa para a actividade global de 0,1 p.p em 2019 e 0,2 p.p em 2020.
Esta previsão, para além do cenário acima, reflecte também a actividade económica
negativa em alguns mercados emergentes, bem como o impacto do aumento da
agitação social em várias partes do mundo.
Em Angola, os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)
demonstram que a economia nacional voltou a contrair no terceiro trimestre de 2019,
cerca de 0,8%. Esta variação é atribuída fundamentalmente ao sector das Pescas (-
19,9%), Petróleo (-8,7%), Indústria Transformadora (-1,5%) e Telecomunicações (-
0,5%).
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II. Enquadramento Macroeconómico
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2.1 Estados Unidos da América (EUA)
O Produto Interno Bruto (PIB) da economia americana acelerou ligeiramente no
terceiro trimestre de 2019, registando uma taxa anualizada de 2,1%, representando
0,1 p.p acima da taxa registada no segundo trimestre (2%), de acordo com os dados
divulgados pelo Departamento de Comércio (Bureau of Economic Analysis, US
Department of Commerce).
A aceleração verificada, apesar de estar abaixo da meta estabelecida pelo presidente
Donald Trump (3%), reflecte as contribuições positivas dos gastos privados e do
governo (estaduais e locais), bem como das exportações. Por outro lado, a persistente
tensão comercial com a China e as perspectivas de abrandamento económico global,
tem contribuído negativamente para o alcance da meta estabelecida pelo presidente
norte-americano.
No que tange ao mercado de trabalho, a economia dos EUA apresentou uma
evolução positiva. A taxa de desemprego tem observado uma tendência decrescente
ao longo dos dois semestres do ano em análise. Nos meses de Setembro a Dezembro,
a taxa de desemprego atingiu o nível mais baixo dos últimos 50 anos, tendo-se
situado em 3,5%. De acordo com o Gabinete de Estatísticas do Trabalho, a criação
de novos empregos foi sobretudo suportada pelo sector do comércio (a retalho) e
assistência médica.
Em relação à inflação, esta apresentou um aumento durante o quarto trimestre,
tendo-se situado em 2,3% em Dezembro, um aumento de 0,4 p.p relativamente ao
observado no do período homólogo.
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Gráfico 1. Crescimento do PIB, Desemprego e Inflação
Fonte: Bureau of Economic Analysis, US Department of Commerce
-
2
4
6
8
10
12
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
jan/15 jul/15 jan/16 jul/16 jan/17 jul/17 jan/18 jul/18 jan/19 jul/19
Taxa de Crescimento do PIB EUA
Taxa de Desemprego
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
dez/14 jun/15 dez/15 jun/16 dez/16 jun/17 dez/17 jun/18 dez/18 jun/19 dez/19
Taxa de inflação
EUA
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2.2 Zona Euro
Segundo dados preliminares divulgados pelo Eurostat, a economia da Zona Euro
apresentou uma taxa de crescimento de 0,1%, inferior em 0.1 p.p a verificada no
terceiro trimestre do período em análise. A contribuir para esta taxa de crescimento
estiveram o consumo das famílias com 0,5 p.p e a formação bruta de capital fixo com
0,2 p.p. Segundo ainda o Eurostat, este ritmo de crescimento deveu-se aos impactos
negativos do comércio, tendo as vendas a retalho sofrido a maior diminuição (0,6%)
em 2019, reflexo das ameaças e incertezas na Europa, bem como pela tensão
comercial entre os EUA e China.
No que diz respeito à taxa de desemprego, dados preliminares mostram que a mesma
fixou-se em 7,4% no final de Dezembro, inferior em 0,2 p.p em relação ao segundo
trimestre do período em análise, tendo em termos homólogo registado uma
diminuição de 0,4 p.p. De acordo com o Eurostat, esta é a menor taxa registada na
Zona Euro desde 2008. Esta diminuição foi impulsionada pela Republica Tcheca,
Holanda e Alemanha, países que registaram as menores taxas da Zona Euro, 2,0%,
3,2% e 3,2% respectivamente.
A taxa de inflação no quarto trimestre situou-se em 1,3%, representando um aumento
de 0,5 p.p. face aos 0,8% observado no final do terceiro trimestre. A contribuir para
o comportamento da inflação estiveram o sector de energia, de serviços, alimentos,
álcool e tabaco, bem como bens industriais não energéticos. Todavia, apesar do
aumento da taxa verificada no quarto trimestre do período em análise, em termos
homólogos situou-se 0,2 p.p abaixo do observado no período homólogo, ou seja,
inferior a meta estabelecida pelo Banco Central Europeu (BCE) de 2%.
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Gráfico 2. Crescimento do PIB, Desemprego e Inflação
Fonte: Eurostat e Bloomberg
6
7
8
9
10
11
12
13
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
dez/14 jun/15 dez/15 jun/16 dez/16 jun/17 dez/17 jun/18 dez/18 jun/19 dez/19
Taxa de Desemprego
Taxa de Cres. do PIB
Zona Euro
-1
0
1
2
3
4
dez/14 jun/15 dez/15 jun/16 dez/16 jun/17 dez/17 jun/18 dez/18 jun/19 dez/19
Taxa de Inflação Zona Euro
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2.3 Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS)
Ao longo do segundo semestre de 2019, as economias emergentes tiveram
comportamentos díspares.
2.3.1 Brasil
No terceiro trimestre de 2019, a economia brasileira cresceu 0,6% face ao segundo
trimestre do ano, após um ligeiro recuo de 0,1 p.p. Segundo o Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), o referido crescimento foi
influenciado principalmente pelo sector industrial, que apresentou um crescimento
no período de 0,8%. Sob a óptica da procura, o consumo das famílias cresceu 0,8%,
enquanto a formação bruta de capital fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB)
expandiu 3%.
No que tange à inflação, registou-se um comportamento maioritariamente
descendente ao longo do semestre em análise, fixando-se em cerca de 4,31% em
Dezembro, contrariamente aos 4,58% observados no final do semestre anterior,
porém situando-se dentro da taxa oficial estabelecida (2,75% e 5,75%) pelo Conselho
Monetário Nacional. O comportamento inflação foi impulsionada principalmente pelo
preço dos grupos "Alimentação e bebidas (6,37%)", “Saúde e cuidados pessoais
(5,41%)” e "Transportes (3,57)".
Gráfico 3. Taxa de Crescimento do PIB e Inflação
Fonte: Bloomberg
0
2
4
6
8
10
12
-3
-2
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0
1
2
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5
6
dez/14 jun/15 dez/15 jun/16 dez/16 jun/17 dez/17 jun/18 dez/18 jun/19 dez/19
Taxa de Crescimento PIB Brasil (eixo esquerdo) Taxa de Inflação Brasil (eixo direito)
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2.3.2 Rússia
De acordo com o Instituto Estatístico Russo (Rosstat), a economia Russa cresceu 1,7%
no terceiro trimestre de 2019, superior em 0,9 p.p em relação ao segundo trimestre.
Segundo este instituto, o aumento do PIB foi influenciado pelo crescimento do sector
da indústria de recursos minerais, de produção de gás (10%), bem como pelo sector
financeiro (10%).
Em relação à inflação, registou-se um comportamento decrescente durante o quarto
trimestre, fixando-se em 3,05% em Dezembro, abaixo da meta (4%) estabelecido pelo
governo. A principal razão para a queda da inflação está relacionada com a dinâmica
dos preços dos alimentos, declínio sazonal dos preços dos alimentos que ocorre
desde Julho de 2019, impactando significativamente o índice de preços no final de
2019.
Gráfico 4. Taxa de Crescimento do PIB e Inflação
Fonte: Bloomberg
-
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
-3
-2
-1
0
1
2
3
dez/14 jun/15 dez/15 jun/16 dez/16 jun/17 dez/17 jun/18 dez/18 jun/19 dez/19
Taxa de Crescimento PIB Russia (eixo esquerdo)
Taxa de Inflação Russia (eixo direito)
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2.3.3 Índia
De acordo com dados divulgados pelo governo indiano, no terceiro trimestre de
2019, a economia do país cresceu em cerca de 4,5%. Esta foi a taxa mais baixa
verificada nos últimos 2 anos. A motivar esta desaceleração estiveram a deterioração
do crédito bancário a economia, facto que tem reduzido a procura domestica deste
país.
Quanto à inflação, a trajectória foi ascendente. No final do semestre em análise, a
mesma fixou-se em 7,35%. Tal comportamento, em grande medida, foi explicado
pelo crescimento acentuado verificado nos preços do sector de alimentação a
contribuir com um peso de 50,19%.
Gráfico 5. Taxa de Crescimento do PIB e Inflação
Fonte: Bloomberg
0
2
4
6
8
10
12
14
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
dez/14 jun/15 dez/15 jun/16 dez/16 jun/17 dez/17 jun/18 dez/18 jun/19 dez/19
Taxa de Crescimento PIB India (eixo esquerdo) Taxa de Inflação India (eixo direito)
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2.3.4 China
No quarto trimestre de 2019, o PIB chinês cresceu cerca de 6,0%, inferior em 0.3 p.p
em relação ao período homólogo, menor ritmo desde 1992. Apesar de representar
uma desaceleração frente ao terceiro trimestre (6,1%), o resultado ainda está dentro
da margem estabelecida pelo governo para 2019 (6% e 6,5%).
De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas do país, esta redução deveu-se
a longa guerra comercial com os EUA, bem como a redução da procura doméstica.
A inflação registou uma tendência crescente, situando-se nos cerca de 4,5%,
representado 1,5 p.p. acima da meta estabelecida pelo governo (3%). O aumento da
taxa de inflação foi influenciada pelo surto de peste suína que afectou severamente
o país.
Gráfico 6. Taxa de Crescimento do PIB e Inflação
Fonte: Bloomberg
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
dez/14 jun/15 dez/15 jun/16 dez/16 jun/17 dez/17 jun/18 dez/18 jun/19 dez/19
Taxa de Crescimento PIB China (eixo esquerdo) Taxa de Inflação China (eixo direito)
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2.3.5 África do Sul
No terceiro trimestre de 2019, segundo dados divulgados pela Stats, SA, a economia
sul-africana registou uma desaceleração de 0,6%, depois de ter experimentado um
crescimento de 3,2% no segundo trimestre. De acordo com o departamento de
estatística sul-africana, contribuíram principalmente para esta desaceleração os
sectores de mineração, indústria transformadora, transporte e comunicação, -6,1%, -
3,9% e -5,4%, respectivamente.
Em relação à inflação, a taxa situou-se nos 4,0%, inferior em 0,1 p.p face ao período
homólogo. Durante o quarto trimestre esta foi a taxa mais alta, depois de ter
registado uma taxa em Outubro e Novembro de 3,7% e 3,6%, respectivamente. A
contribuir para este nível de inflação em Dezembro estiveram o sector de alimentação
e bebidas não alcoólicas, habitação e serviços públicos e bens e serviços diversos.
Gráfico 7. Taxa de Crescimento do PIB e Inflação
Fonte: Bloomberg
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
dez/14 jun/15 dez/15 jun/16 dez/16 jun/17 dez/17 jun/18 dez/18 jun/19 dez/19
Taxa de Crescimento PIB África do Sul (eixo esquerdo)
Taxa de Inflação África do Sul (eixo direito)
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2.4 Angola
Desempenho do Produto e da Inflação
No que diz respeito ao PIB, de acordo com as últimas projecções do INE, a economia
nacional voltou a contrair no terceiro trimestre de 2019, em cerca de 0,8%. Esta
variação é atribuída fundamentalmente ao sector das Pescas (-19,9%), Petróleo (-
8,7%), Indústria Transformadora (-1,5%) e Telecomunicações (-0,5%).
Quanto ao nível geral de preços, de modo geral tem apresentado uma tendência
decrescente ao longo do ano, fixando-se em Dezembro em cerca de 16,90% em
termos homólogos, porém acima da meta (15%) estabelecida pelo Executivo para
2019.
A contribuir para este nível de inflação estiveram os sectores de bebidas alcoólicas e
tabaco (2,61%), hotéis, cafés e restaurantes (2,40%), vestuário e calçados (2,30) e
transportes (2,25%).
Gráfico 8. Comportamento da Taxa de Inflação Homóloga
Fonte: INE
18,06
16,90
14,50
15,00
15,50
16,00
16,50
17,00
17,50
18,00
18,50
dez/18 fev/19 abr/19 jun/19 ago/19 out/19 dez/19
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Política Monetária
O período em análise ficou fundamentalmente marcado pela continuidade da política
restritiva, com a decisão do Comité de Política Monetária (CPM) do BNA em manter
a taxa básica de juros, Taxa BNA em 15,5%, a taxa de Juro da Facilidade Permanente
de Absorção de Liquidez (overnight) em 0%. Tais medidas foram sustentadas,
essencialmente, pelo facto da inflação homóloga continuar com a sua trajectória
decrescente, bem como pela evolução da Base Monetária em moeda nacional,
variável operacional da política monetária, em 22,2% nos últimos doze meses.
No que diz respeito às Reservas Internacionais Líquidas (RIL), de acordo com
informação divulgada pelo BNA, apresentaram uma trajectória relativamente estável
ao longo do segundo semestre, situando-se em USD 11,8 mil milhões no final de
Dezembro, o que representa uma variação negativa de cerca de 4,8% face ao valor
observado no final de Novembro (USD 12,4 mil milhões) e de cerca de 11,32%
relativamente ao período homólogo (USD 10,6 mil milhões).
Gráfico 9. Reservas Internacionais Líquidas, mM USD
Fonte: BNA
10,611,1
10,5 10,310,8
10,3 10,2 10,4 10,810,1 10,2
12,411,8
dez/18 fev/19 abr/19 jun/19 ago/19 out/19 dez/19
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III. Desempenho dos Mercados
Mercado Accionista
No segundo semestre de 2019, os principais índices bolsistas mundiais apresentaram
uma trajectória positiva. Nos EUA, o índice accionista S&P 500 registou, no final do
período (Dezembro), uma variação acumulada positiva de 7,76%, mantendo a
tendência de alta registada no primeiro semestre do mesmo ano. A variação positiva
deste índice foi influenciada principalmente pelo corte das taxas de juro de referência
norte americana e pela expectativa da assinatura do acordo comercial parcial entre
os EUA e China marcado para o dia 15 de Janeiro de 2020.
Gráfico 10. Evolução do S&P 500
Fonte: Bloomberg
No mesmo período, o índice europeu Eurostoxx 50, registou uma variação acumulada
positiva em torno dos 8,01%. Esta variação foi influenciada pelo optimismo em torno
da resolução das tensões geopolíticas no velho continente e pelo bom desempenho
das companhias que compõem o índice dentre elas a Bayer, Deutshe Telekom,
Schneider Electric, Banco Santander e a LVMH.
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
100,00
700,00
1 300,00
1 900,00
2 500,00
3 100,00
3 700,00
dez/18 fev/19 abr/19 jun/19 ago/19 out/19 dez/19
S&P500 (Eixo à Dir.) VIX (Eixo à Esq.)
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Fonte: Bloomberg
Por fim, o índice MSCI dos mercados emergentes registou uma variação acumulada
positiva de 5,84%, estimulado pelo sucesso em torno dos esforços de um possível
acordo para o término da guerra comercial entre os EUA e a China.
Fonte: Bloomberg
200
500
800
1100
1400
jun/19 ago/19 out/19 dez/19
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
100,00
700,00
1 300,00
1 900,00
2 500,00
3 100,00
3 700,00
4 300,00
dez/18 fev/19 abr/19 jun/19 ago/19 out/19 dez/19
Eurostoxx 50 (Eixo à Dir.) vstoxx 50 (Eixo à Esq.)
Gráfico 11. Evolução do Eurostoxx 50
Gráfico 122. Evolução do MSCI Emergentes
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Mercado Cambial
No segundo semestre de 2019, a moeda nacional depreciou-se face ao Dólar
americano em cerca de 30,70%. Sendo que a taxa de câmbio de referência para a
venda da moeda norte-americana nas operações do mercado primário fixou-se em
USD/AOA 492,10.
Por outro lado, no mercado internacional, verificou-se uma apreciação do Euro face
à moeda americana em cerca de 1,41%. Este comportamento foi influenciado pela
continuidade da política expansionista por parte da Reserva Federal americana ao
longo do período em análise.
Gráfico 133. Evolução do Kwanza, Dólar e do Euro
Fonte: Bloomberg
130,00
180,00
230,00
280,00
330,00
380,00
430,00
480,00
1,04
1,06
1,08
1,10
1,12
1,14
1,16
dez/18 fev/19 abr/19 jun/19 ago/19 out/19 dez/19
EUR/USD (Eixo à Esq.) USD/AOA (Eixo à Dir.)
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Mercado Interbancário
No mercado interbancário angolano, no segundo semestre de 2019, a taxa de juro a
1 dia (Luibor overnight) fixou-se em 22,48%. Em comparação com a taxa de Junho
do mesmo ano, a mesma fixou-se em 14,91%, representando uma variação positiva
na ordem dos 7,57 p.p.
A Luibor para a maturidade de 180 dias fixou-se em 19,19%, o que corresponde 3,33
p.p a menos do que a taxa observada no final do período anterior.
No mercado internacional, a taxa Libor 6M registou uma variação negativa de 0,17
p.p no período em análise, fixando-se em 1,90%. Por outro lado, a Euribor 6M
apresentou uma variação positiva na ordem dos 0,21 p.p, fixando-se em -0,33%. A
redução dos níveis da Euribor, deveu-se a continuidade do programa Quantitative
Easing pelo BCE.
Gráfico 144. Evolução das Taxas de Juro
Fonte: Bloomberg
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
dez/18 fev/19 abr/19 jun/19 ago/19 out/19 dez/19
Euribor 6M (Eixo à Esq.) Luibor 6M (Eixo à Dir.) Libor 6M (Eixo à Esq.)
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Mercado de Dívida Pública
No mercado angolano, verificou-se uma diminuição na emissão de dívida pública no
segundo semestre de 2019 em torno dos 56,8% face ao verificado no primeiro
semestre do mesmo ano. De acordo com os dados divulgados pela Unidade de
Gestão da Divida Pública (UGD), no período em análise, o valor da emissão de Títulos
do Tesouro situou-se em torno de AOA 217,47 mil milhões. Deste valor AOA 37,22
mil milhões correspondem a Bilhetes do Tesouro (BT) e AOA 180,25 mil milhões a
Obrigações de Tesouro (OT).
Relativamente ao mercado secundário, sob gestão da BODIVA, registou-se um
aumento no volume de transacções de cerca de 4,68%, fixando-se no final do período
em análise em AOA 447,06 mil milhões.
Gráfico 15. Evolução do volume de negócios transaccionados na BODIVA
(AOA, mil milhões)
Fonte: BNA e BODIVA
No mercado internacional, de modo geral as economias analisadas apresentaram
uma diminuição da yield a 10 anos ao longo do segundo semestre de 2019, com
excessão da economia espanhola. Na Zona Euro, a yield das obrigações alemãs a 10
anos fixou-se em -0,18%, representando uma diminuição de 0,434 p.p face ao
0,0%
0,5%
1,0%
1,5%
2,0%
2,5%
3,0%
dez/18 fev/19 abr/19 jun/19 ago/19 out/19 dez/19
0
20
40
60
80
100
120
Volume de Negociação (MM AOA) Índice de Rotatividade
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primeiro semestre do mesmo ano. Para Itália, Portugal e Espanha as yields a 10 anos
fixaram-se em 1,41%, 0,44% e 0,46% respectivamente, representando uma diminuição
de 0,32 e 0,07 p.p, no caso da Itália e Portugal, enquanto para a Espanha registou
um aumento na ordem dos 0,18 p.p face ao primeiro semestre. Nos EUA, a
rentabilidade das obrigações a 10 anos registou uma diminuição de 0,04 p.p, fixando-
se no segundo semestre em 1,91%.
Gráfico 156. Dívida Pública core – yields a 10 anos
Fonte: Bloomberg
-0,800
-0,600
-0,400
-0,200
0,000
0,200
0,400
0,000
0,500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
3,500
dez/18 fev/19 abr/19 jun/19 ago/19 out/19 dez/19
EUA Alemanha (Eixo à Dir.)
0,000
0,800
1,600
2,400
3,200
4,000
0,000
0,500
1,000
1,500
2,000
dez/18 fev/19 abr/19 jun/19 ago/19 out/19 dez/19
Portugal Espanha Itália (Eixo a Dir.)
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Mercado de Commodities
Durante o segundo semestre de 2019, as commodities analisadas apresentaram um
desempenho positivo, com excessão do Brent. O Brent, referência das exportações
angolanas, registou uma variação negativa de 0,83%, fixando-se em 66,00 USD/barril
no final do período em análise. A ligeira diminuição que se observou no preço desta
commodity foi influenciada, por um lado, pelo aumento do stock de petróleo dos
EUA, e por outro lado, pelo incumprimento da estratégia de corte da produção por
parte da Rússia.
No que concerne aos metais preciosos, o Ouro registou uma variação positiva na
ordem dos 7,64%, fixando-se em 1517,27 Ouro/onça no final do primeiro semestre
de 2019. O aumento do preço deste metal precioso deveu-se principalmente à
depreciação do dólar norte-americano ao longo do período em análise.
Relativamente às commodities agrícolas, o trigo registou uma variação positiva na
ordem dos 5,82%, fixando-se em 558,75 USD/Bushel no período em análise. Este
desempenho foi influenciado pela diminuição da oferta desta commodity por parte
dos produtores, em resultado tanto das más condições das colheitas quanto
climáticas.
Gráfico 17. Evolução das Commodities
Fonte: Bloomberg
0,00
300,00
600,00
900,00
1200,00
1500,00
1800,00
0
20
40
60
80
dez/18 fev/19 abr/19 jun/19 ago/19 out/19 dez/19
Brent/barril (Eixo à Dir.) Trigo/bushel(Eixo à Esq.) Ouro/onça(Eixo à Esq.)
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VISTO DE PERTO
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A abertura da conta financeira produz ou não impacto sobre o
mercado de capitais?
Por:
Johny Soki
Airosa da Silva
No final da década de 80 e início de 90, vários países em desenvolvimento adoptaram
alguma forma de liberalização da sua conta financeira, com particular destaque para
a África do Sul, Brasil e Turquia. Sendo que nos dias de hoje, o impacto desta
liberalização económica tem sido bastante debatido.
Alguns autores defendem que a abertura da conta financeira e consequentemente a
livre circulação do capital é um passo inevitável para o desenvolvimento económico
e financeiro dos países. Não obstante reconhecerem que o mesmo deve ser feito de
forma gradual e/ou a partir da existência de algumas precondições, como um sistema
financeiro suficientemente desenvolvido e regulado, associado a políticas
macroeconómicas consistentes.
Por outro lado, outros autores acreditam que o processo de abertura da conta
financeira apenas produz efeitos desestabilizadores sobre as economias em
desenvolvimento, tornando os países mais propensos a reversões cíclicas, resultando
em efeitos contestáveis sobre os mercados financeiros e a economia como um todo.
Visando responder a questão colocada, a presente análise procurará avaliar o impacto
da abertura da conta financeira sobre o mercado de capitais da África do Sul entre
1995 e 2018.
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Argumentos a favor e contra da abertura da conta financeira
Após as crises cambiais e financeiras que se alastraram pelos chamados "mercados
emergentes", no final da década de 1990, a abertura financeira destas economias ao
resto do mundo marcou presença constante nas discussões políticas e académicas
sobre a economia internacional e não só.
Em sede destas discussões, vários países em desenvolvimento foram induzidos a abrir
os seus mercados de acções para os investidores estrangeiros pela primeira vez
(CLAESSENS; RHEE, 1994), como parte de suas políticas de abertura da conta
financeira.
Os defensores da abertura da conta financeira, encaram-na como sendo um passo
inevitável para o desenvolvimento económico e financeiro dos países e que a sua
adopção permitiria a economia destes países beneficiarem da livre circulação dos
fluxos de capital. Não obstante reconhecerem que tal processo deva ocorrer
gradualmente e/ou terem em consideração a existência de algumas premissas
fundamentais, nomeadamente, sistema financeiro com suficiente grau de
desenvolvimento e regulação associada às políticas macroeconómicas consistentes.
PRASAD et. al (2006) fazem um bom reso dos potenciais benefícios da abertura da
conta financeira para os países em desenvolvimento, sendo que os mesmos estão
relacionados a:
o Maior acesso aos mercados financeiros externos – geralmente a custos de
capital mais baixo, devido a melhor alocação dos riscos inerentes ao processo.
O aumento da eficiência na alocação de poupanças a nível global, proporciona
melhores oportunidades para os países dividirem o risco macroeconómico e
assim suavizarem o consumo;
o Maior acesso ao know-how tecnológico e ao conhecimento de outros países
através do investimento directo estrangeiro;
o Desenvolvimento do sector financeiro como resultado dos efeitos da entrada
de bancos estrangeiros sobre a oferta de crédito, estimulando melhores
práticas bancárias, e também aos fluxos de investimento em carteira que
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aumentam a liquidez nos mercados de capitais domésticos, permitindo o
desenvolvimento destes; e
o Reforço da disciplina do mercado, o que pode estimular políticas
macroeconómicas consistentes, visto que a actuação dos investidores
internacionais funciona como uma força de mercado penalizadora das más
políticas em detrimento das boas.
Por outro lado, as críticas ao processo de abertura da conta financeira são feitas
principalmente por economistas de uma vertente mais keynesiana, sejam os neo-
keynesianos (RODRIK, 1998; STIGLITZ, 2000), como os pós-keynesianos (DAVIDSON,
2002; KREGEL, 2008; PRIEWE, 2008).
De modo geral, tais críticos acreditam que o processo de abertura da conta financeira
apenas produz efeitos desestabilizadores sobre as economias em desenvolvimento,
tornando os países mais propensos a reversões cíclicas, resultando em efeitos
contestáveis sobre os mercados financeiros e a economia como um todo.
Na escola keynesiana, o destaque recaí para STIGLITZ (2000) segundo o qual os
economistas favoráveis à abertura da conta financeira sustentam que os ganhos desta
medida seriam semelhantes aos ganhos obtidos no comércio de bens e serviços.
Neste sentido, BHAGWATI (1998) argumenta que os mercados financeiros são
diferentes dos mercados de bens e serviços, por conta da existência de informação
imperfeita. O autor critica também o argumento segundo o qual abertura financeira
promove maior estabilidade macroeconómica, já que a mesma está associada a maior
instabilidade. Assim, STIGLITZ (2000) sustenta que a abertura financeira das
economias desestimula o investimento e crescimento económico, uma vez que este
processo, por um lado, facilita a fuga de capitais do país, com efeitos adversos sobre
o crescimento económico, e, por outro, resulta na presença do risco de instabilidade
que concorre para desencorajar as decisões de investimento.
Os pós-keynesianos rejeitam a hipótese dos mercados eficientes e das expectativas
racionais para explicar o comportamento dos mercados financeiros (GLICKMAN, 1994;
EATWELL e TAYLOR, 2000; DAVIDSON, 2002, cap.11). De acordo com esta escola,
num mundo caracterizado pela incerteza e atendendo ao facto de que a base de
informação de apoio aos investidores é incompleta, as avaliações futuras dos
mercados são sempre sujeitas a decepções. Nesse contexto, a abertura financeira por
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parte das economias tem sido a maior fonte de instabilidade no que se refere à
ocorrência de crises cambiais e ataques especulativos, com efeitos profundos sobre
as variáveis reais da economia (produto e emprego).
Em condições de mobilidade de capitais, a taxa de câmbio passa cada vez mais a ser
determinada pelas decisões dos investidores internacionais. Assim, os fluxos de
capitais têm influência significativa sobre os mercados cambiais, tornando as taxas
de câmbio mais voláteis do que seriam se os seus movimentos fossem explicados
pelo comportamento dos fluxos de bens e serviços (HARVEY, 2003).
Metodologia
Para a produção da estimativa de capitalização do mercado, foi utilizado o Modelo
de Regressão Linear Múltipla (MRLM) para estimar uma equação que reflicta o grau
de correlação verificado entre as variáveis seleccionadas tendo como base (Nyaga
Lewis 2017), que elaborou um trabalho de pesquisa com o objectivo de estudar o
investimento estrangeiro em carteira e como este impactou na capitalização de
mercado no Quénia.
No referido artigo foram utilizados dados mensais de séries temporais de 2007 a
2015. Com base no modelo estacionário ordinário de mínimos quadrados (OLS), foi
utilizado um modelo de regressão linear múltiplo para analisar como o investimento
estrangeiro em carteira, taxas de juros, taxa de câmbio e retornos no mercado interno
e externo influenciam e afectam a capitalização de mercado no Quénia.
Modelo usado: MC= F (FPI, ROID, ROIF, TBILL, E,)
Ou seja, ΔMC=β0+β1ΔFPI+β2ΔROID+β3ΔROIF + β4ΔTBILL + β5ΔE+εt
Onde:
ΔMC é a variação percentual da capitalização de mercado no mercado de
capitais queniano;
ΔFPI é a variação percentual do investimento em carteira estrangeira;
ΔROID é a variação percentual no retorno do investimento no mercado
doméstico;
ΔROIF é a variação percentual no retorno do investimento no mercado externo
que é capturado pelo retorno das acções internacionais medido com base nos
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retornos das acções nos EUA;
ΔTBILL é a variação percentual dos Bilhetes do Tesouro de 91 dias;
ΔE é a variação percentual da taxa de câmbio; e
ε(t) é o termo do erro.
Especificação do Modelo
Com base na referência de (Nyaga Lewis 2017), no qual o artigo tenta explicar a
relação entre fluxos de investimento estrangeiro em carteira, a variação percentual
no retorno do investimento no mercado doméstico, a variação percentual no retorno
do investimento no mercado externo, a variação percentual dos Bilhetes do Tesouro
de 91 dias e a variação percentual da taxa de câmbio, o artigo passa a especificar o
modelo a ser estimado para produzir uma estimativa da capitalização de mercado a
partir da informação conhecida.
O modelo geral teórico a considerar é o seguinte:
𝑪𝒂𝒑𝑩 = 𝜷𝟏 + 𝜷𝟐𝑰𝑬𝑪 + 𝜷𝟑𝑻𝒙𝑪 + 𝜷𝟒𝑻𝒙𝑰𝑵𝑭𝑳 + 𝜷𝟓𝑺&𝑷𝟓𝟎𝟎_𝑹𝑬 + 𝝐𝒌
Para estimar os parâmetros 𝜷𝟏 a 𝜷𝟓, serão utilizadas informações sobre as variáveis
a explicar detalhadamente abaixo. As seis variáveis usadas no modelo são explicadas
em seguida:
o A capitalização bolsista em USD é a variável explicada no modelo (CapB)
- A capitalização de mercado é a variável dependente que é usada para
mostrar como o investimento estrangeiro em carteira e outros factores
afectam o mercado de capitais sul-africano. A capitalização de mercado é
usada para medir o tamanho do mercado de capitais. Quanto maior a
capitalização, maior a dimensão do mercado de capitais. Maior capitalização
reflecte como os investidores se sentem em relação ao mercado, ou seja, uma
alta capitalização de mercado mostra que o número de investidores no
mercado é alto e os retornos são atractivos;
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o Investimento estrangeiro em carteira em USD (IEC) – esta variável espelha
as entradas de investimento em instrumentos do mercado de capitais na Africa
do Sul. A entrada ou o aumento das entradas de investimento em carteira
gera uma expectativa de maior dinamização do mercado interno, por via do
aumento da base de investidores, impactando positivamente sobre o mercado
de capitais. Isso significa que é esperado uma relação positiva entre as
entradas e a capitalização no mercado, ou seja, 𝜷𝟐 ˃ 0
o Taxa de Câmbio do Rand/USD (TxC) – é uma variável independente, medida
do Rand em relação ao dólar dos EUA. As constantes mudanças na taxa de
câmbio aumentam o grau de incerteza no mercado. A incerteza reduz a
confiança dos investidores estrangeiros no mercado sul-africano, afectando
negativamente os preços, seja devido à saída de investidores ou a retornos
incertos no futuro, espera-se que haja uma relação negativa com a
capitalização bolsista, ou seja, 𝜷𝟑 ˂ 0.
o Taxa de Inflação (TxINFL) - A taxa de inflação é uma variável que poderá ter
um impacto negativo na capitalização bolsista. A literatura aborda que, a alta
taxa de inflação aumenta o custo de vida e a transferência de recursos de
investimentos para consumo. Isso leva a uma queda na demanda por
instrumentos de mercado e subsequentemente leva a uma redução no volume
de acções negociadas e nos retornos do mercado de acções. Espera-se que
𝜷𝟒 ˂ 0.
o Retorno do Índice S&P500 (S&P500_RE) – Os retornos totais do índice S&P
500 correspondem a uma taxa e são registados por ano. O retorno total inclui
dois componentes: o retorno gerado pelos dividendos e o retorno gerado
pelas mudanças de preço no índice. Esta variável é importante pelo facto de
espelhar que maiores retornos aumentam a apetência dos investidores
estrangeiros face a mercados dos EUA. Isso, leva a uma diminuição na entrada
de estrangeiros para o mercado sul-africano e a um aumento nas saídas. Este
acontecimento causa uma diminuição dos preços no mercado interno, levando
a retornos mais baixos e, consequentemente, à capitalização de mercado mais
baixa, espera-se que 𝜷𝟓 ˂ 0.
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Apresentação e discussão dos resultados
A análise utilizou dados obtidos da base de dados do Banco Mundial, Bloomberg
além de outras fontes. Embora o objectivo da análise seja avaliar os efeitos dos fluxos
de carteira estrangeira no mercado de capitais (medido pela capitalização bolsista)
sul-africano, também relacionou as taxas de câmbio e inflação, os retornos do
S&P500 com a capitalização bolsista. Foi usado o software de análise de dados Eviews
para estimação.
Para testar a estacionariedade de cada série de variáveis, foi realizado o teste
Augmented-Dickey Fuller (ADF). É necessário tornar os dados de séries temporais não
estacionárias em estacionários para obter resultados significativos antes que a
regressão seja feita. O teste de raiz unitária (tabela 1) mostra que, excepto o IEC e
TxINFL, todas a variáveis não são estacionárias em média.
Foi realizado também o teste de Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test para
garantir que não haja autocorrelação no modelo e que os estimadores do OLS não
fossem enviesados.
Tabela 1 - Augmented Dickey Fuller Unit Root Test
Variável Teste Estatística
ADF
Valor Crítico
5%
Valor Crítico
10%
Estado
CapB -1,002788 -3,004861 -2,642242 Não Estacionário
IEC -4,847895 -2,998064 -2,638752 Estacionário
TxINFL -3,824599 -3,004861 -2,642242 Estacionário
S&P500_RE -0,55545 -2,998064 -2,638752 Não Estacionário
TxC -1,264229 -2,998064 -2,638752 Não Estacionário
Fonte: Cálculos próprios (dados extraídos do Eviews 9.0)
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Tabela 2 - Augmented Dickey Fuller Unit Root Test (1ª Diferença)
Variável Teste
Estatística ADF
Valor Crítico
5%
Valor Crítico
10%
Estado
DCapB -9,127533 -3,004861 -2,642242 Estacionário
IEC -4,847895 -2,998064 -2,638752 Estacionário
TxINFL -3,824599 -3,004861 -2,642242 Estacionário
DS&P500_RE -4,155839 -3,004861 -2,638742 Estacionário
DTxC -4,918075 -3,004861 -2,638742 Estacionário
Fonte: Cálculos próprios (dados extraídos do Eviews 9.0)
Os dados da tabela 3 ilustram que a CapB é a variável dependente, 2,56 é o termo
constante, 0,27 é o coeficiente de IEC, -1,97E+12 é o coeficiente da TxINFL, -2,62e+08
é o coeficiente do S&P500 e -2,62e+10 é o coeficiente de TxC.
O sinal carregado pela estimativa do coeficiente de IEC tem uma relação positiva com
o CapB, enquanto a estimativa do coeficiente de S&P500, TxINFL e TxC possui uma
relação negativa.
A CapB é explicada em 65,67% pelas seguintes variáveis: Investimento estrangeiro
em carteira (IEC), taxa de câmbio (TxC), Taxa de Inflação (TxINFL) e Retorno do Índice
S&P500 (S&P500_RE), enquanto 34,33% das variações na CapB são atribuídas à
influência de outros factores não incluídos na equação de regressão.
Foi realizado sobre o mesmo o teste de homocedasticidade de White e constatou-
se que o modelo inicialmente padecia de heterodasticidade, ou seja, Obs* R² =23,20
˃5,99 o que nos permite rejeitar em 94,3% a hipótese nula. Posteriormente, efectuou-
se a correcção do modelo tornando-o homocedástico.
Tabela 3 – Modelo estimado corrigido de Heterocedasticidade
Fonte: Cálculos próprios (dados extraídos do Eviews 9.0)
Variável Coeficiente Desvio Padrão Probabilidade
C 2,56E+11 3,83E+11 0,511
IEC 0,276094 0,102486 0,0144
TxINFL -1,97E+12 3,23E+12 0,5481
S&P500_RE -2,62E+08 2,62E+08 0,3301
TxC -2,62E+10 2,62E+10 0,2787
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Tabela 4 – Matriz de Correlação
Matriz de
Correlação
IEC TxINFL S&P500_RE TxC
CapB 0,1659 -0,0199 -0,2792 -0,1010
Fonte: Cálculos próprios a partir do Excel
O resultado, conforme indicado pelas estatísticas da tabela 3, e confirmadas pela
matriz de correlação, mostra que existe uma relação de equilíbrio positiva entre o
investimento estrangeiro de carteira e o crescimento do mercado de acções na África
do Sul no período em análise.
A relação ilustra que um acréscimo de 1 USD de IEC no país, em média, proporcionará
um aumento de 0,27 USD na CapB, ou seja, a entrada de capital para investimento
em carteira contribui positivamente para o aumento da CapB.
Verificou-se também que, uma queda no valor do Rand em relação ao dólar trará
uma queda significativa no crescimento do mercado de acções. Isso é confirmado
pela estatística t para TxC.
Assim, estima-se que um aumento de 1% na taxa de câmbio do Rand em relação ao
dólar norte-americano, que implica depreciação na moeda nacional em relação à
moeda estrangeira, traga, em média, uma queda de 2,5 USD na CapB, o mesmo
ocorre, tal como era esperado, com a Taxa de Inflação, um aumento de 1% na taxa,
em média proporcionaria uma redução no CapB em 1,97 USD na CapB.
O resultado também mostra que o aumento no retorno do índice S&P500 contribui
negativamente na capitalização bolsista, isso estimado a partir do resultado, com um
aumento de 1% no retorno do Índice, em média, proporcionará uma diminuição de
2,7 de USD na CpB.
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Considerações finais
A presente análise procurou avaliar o impacto da entrada de investimento estrangeiro
em carteira sobre o mercado de capitais na Africa do Sul usando como proxy a
variável capitalização bolsista.
Os resultados alcançados na análise dão algum suporte aos defensores da abertura
da conta financeira, que afirmam que os efeitos positivos da entrada do investimento
em carteira predominam sobre os potenciais efeitos instabilizadores, embora tais
efeitos positivos não se mostraram muito consistentes – pelo menos é isso que
entendemos revelar o caso da economia sul-africana no período analisado (1995 –
2018), porém, é essencial garantir que o mercado interno esteja estável e que haja
maior confiança do investidor no mercado. Reduzir as ineficiências do mercado, bem
como reduzir as incertezas, pode contribuir bastante para tornar o mercado de
capitais na Africa do Sul muito mais eficiente, lucrativo e um destino mais preferido
para investidores internacionais e locais.
A partir dos resultados da análise, concluímos que os investimentos estrangeiros em
carteira estão altamente ligados aos retornos do mercado. Os impactos dos fluxos
nos retornos são estatisticamente diferentes de zero.
No geral, os resultados desta análise mostram que os investimentos estrangeiros em
carteira estão associados a aumentos, e não a reduções nos retornos do mercado.
Isso leva a um aumento da capitalização bolsista. As variáveis estatisticamente
diferentes de zero mostram que o investimento estrangeiro em carteira é afectado
por outras variáveis, como taxa de câmbio, retorno do S&P500 e taxa de inflação.