Download - Livro Didatico NLP2 Parte I
Pró-Reitoria Acadêmica
Diretoria Acadêmica
Assessoria de Educação a Distância
Nivelamento em Língua Portuguesa Tópicos gramaticais na produção textual
Plano de Ensino
Nivelamento em Língua Portuguesa: tópicos gramaticais na produção textual
Ementa
Língua, linguagem, sociedade, ideologia e identidade. Leitura e produção
textual: funcionalidades de gêneros e tipos textuais.
Objetivo do Curso
Ampliar a competência linguística do aluno universitário para desempenhar
atividades sociais de leitura, escrita e oralidade.
Objetivos Específicos
Compreender a organização dos elementos lingüísticos necessários à produção
de textos diversificados.
Produzir textos orais e escritos diversificados de forma a demonstrar
conhecimentos linguísticos necessários à construção da argumentação, da
narração, da exposição, da descrição e da injunção.
Produzir textos demonstrando posicionamento crítico a respeito dos temas
relacionados ao exercício da profissão.
Produzir textos coesos e coerentes de maneira que selecione, relacione, organize
fatos e opiniões de forma a defender um ponto de vista.
Conteúdo Programático
i. Coesão: sequenciação e referenciação.
ii. O valor das escolhas vocabulares.
iii. Mudança e variação linguística.
iv. Constituição do parágrafo.
v. Reflexões linguísticas sobre regência e concordância na construção do texto.
vi. Pontuação.
vii. Análise linguística com base em gêneros textuais de tipologia predominantemente
expositiva e argumentativa
viii. Inter-relação entre gêneros e tipos textuais.
ix. Produção textual.
Bibliografia
Básica
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo:
Publifolha, 2008;
COSTA, Sergio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica
editora, 2008.
GOLDSTEIN, Norma, LOUZADA, Maria Silvia, IVAMOTO, Regina. O texto sem
mistério: leitura e escrita na universidade. São Paulo: Ática, 2009.
Complementar
ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola,
2005.
COSTA, Sergio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica,
2008.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley F. Nova gramática do português contemporâneo.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.
GARCEZ, Lucília H. C. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever.
São Paulo: Martins Fontes, 2004.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001.
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto.
São Paulo: Contexto, 2009.
MACHADO, Anna Rachel (coord.). Resumo. São Paulo: Parábola, 2004.
___. Resenha. São Paulo: Parábola, 2004.
___. Trabalho de pesquisa: diários de leitura para a revisão bibliográfica. São Paulo:
Parábola, 2007.
___. Leitura e produção de textos técnicos e acadêmicos. São Paulo: Parábola, 2005.
NEVES, M. H. M. Gramática de Usos do Português. 3. ed. São Paulo: Editora UNESP,
2011.
PERINI, Mario A. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial,
2010.
VILELA, M.; KOCH, I. V. Gramática da Língua Portuguesa: Gramática da Palavra –
Gramática da Frase – Gramática do Texto/Discurso. Livraria Almedina, Coimbra, 2009.
Olá, estudante!
Seja bem-vindo ao curso de Nivelamento em Língua Portuguesa: tópicos
gramaticais na produção textual. Cada módulo do nosso curso possui duas unidades
compostas por sequências didáticas com o objetivo de fazê-lo refletir sobre
determinados temas da atualidade e, também, de ampliar o seu conhecimento acerca
de textos diversificados, tanto na estrutura quanto na funcionalidade de cada texto.
Na primeira unidade, por meio de um percurso pelos gêneros textuais tira,
crônica, receita, e-mail, torpedo, carta de leitor e reportagem, exploraremos o tema
“Linguagem e profissão”.
Na segunda unidade, o tema “Linguagem e ideologia” será discutido por meio
da leitura e análise dos gêneros textuais cartum, letra de música, verbete, artigo de
opinião e resenha.
Nas duas unidades, abordaremos alguns tópicos gramaticais importantes para
produção textual:
Coesão: sequenciação e referenciação.
O valor das escolhas vocabulares.
Mudança e variação linguística.
Constituição do parágrafo.
Reflexões linguísticas sobre regência e concordância na construção do texto.
Pontuação: uso da vírgula
Análise linguística com base em gêneros textuais de tipologia
predominantemente expositiva e argumentativa
Inter-relação entre gêneros e tipos textuais.
A seleção desses tópicos foi guiada pelo papel que eles exercem na produção
textual ou pelas dificuldades que eles oferecem no processo da escrita de textos.
Durante nosso curso serão utilizados alguns recursos, tais como vídeo-aulas
exercícios de compreensão textual e gramatical, fórum de discussão e tarefas de
produção textual.
Bons estudos!
Sequências Didáticas
(SD): é estratégia de
seleção e organização
de diversos textos,
segundo a temática e
os gêneros textuais
pertinentes ao
objetivo do curso,
para desenvolver as
práticas de oralidade,
leitura, análise
linguística e produção
de textos.
UNIDADE 1: LINGUAGEM E PROFISSÃO
Tema: As relações entre linguagem e sociedade; linguagem e ambiente de trabalho.
Assuntos: Variação linguística; mudança linguística; competência linguística, seleção
lexical.
Gêneros textuais: Tira, crônica, receita, e-mail, torpedo ou sms, carta de leitor e
reportagem.
Objetivo geral: Ler e compreender textos em diversos gêneros, reconhecendo
recursos textuais de conexão e construção de sentidos, para produções textuais
que foquem o registro de informações para o ambiente de trabalho e acadêmico.
Objetivos específicos:
- Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
- Inferir uma informação implícita em um texto.
- Refletir sobre a diversidade linguística e combater o preconceito linguístico .
- Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros
- Localizar informações explícitas em um texto
- Identificar o papel da vírgula na construção de sentidos do texto
- Reconhecer e aplicar as regras de concordância verbal e nominal nas produções textuais
- Compreender a estrutura do parágrafo para a organização das ideias no texto.
- Identificar o tema de um texto
- Produzir textos coesos e coerentes de maneira que selecione, relacione, organize fatos e opiniões de forma a defender um ponto de vista
- Elaborar carta de leitor
Análise linguística:
I. O valor das escolhas vocabulares.
II. Mudança e variação linguística.
III. Constituição do parágrafo.
IV. Reflexões linguísticas sobre concordância na construção do texto.
V. Pontuação: uso da vírgula.
VI. Coesão sequencial.
Produção textual final: Carta de leitor
UNIDADE 1- Linguagem e Profissão
Prezado estudante,
O tema desta nossa unidade 1 é linguagem e profissão. Vamos refletir um
pouco sobre a relação entre linguagem e sociedade, o fenômeno da variação
linguística e as diversas possibilidades de uso da língua, sobretudo no ambiente
profissional.Nosso percurso será guiado a partir de um conjunto de gêneros textuais:
tira, crônica, carta de leitor e reportagem.
Como nosso foco de trabalho é a linguagem, convém que definamos o que é
linguagem. Segundo Koch (2007:7-8), a linguagem, é o “lugar da interação que
possibilita, aos membros de uma sociedade, a prática dos mais diversos tipos de atos,
que vão exigir, dos semelhantes, reações e/ou comportamentos”. Sendo assim, a
linguagem humana é um fenômeno social, um bem coletivo, e a interação social é sua
razão de existir. Assim, as línguas naturais são sistemas abertos e dinâmicos de
constituição da realidade. Nesse sentido, as línguas variam e mudam.
Um fato incontestável em relação às línguas vivas é o de que elas estão
sempre mudando. A mudança linguística consiste no fenômeno de alteração das
línguas ao longo do tempo. Novas palavras, expressões, pronúncias, formas ou
estruturas gramaticais e significações são criadas, ao mesmo tempo em que outras
palavras, expressões, estruturas e significações caem em desuso (Trask, 2008).
Observe os exemplos a seguir (extraídos de Ilari & Basso, 2009: 27). No
primeiro quadro, tem-se uma carta escrita na segunda metade do século XIII (fase que
caracteriza o período da língua portuguesa conhecido como português arcaico),
destinada à chancelaria do rei de Portugal Afonso III, comunicando a intenção do
distrito (concelho) de Abrantes de reconstruir e inaugurar de um muro. Leia o texto até
o final sem deter-se nas dificuldades. Os parênteses marcam abreviações no texto
original.
Leia agora a tradução do texto para o português moderno.
Você pode verificar pelos textos que há muitas diferenças entre essas duas
fases do português. Tais diferenças ilustram algumas das mudanças ocorridas na
língua portuguesa no espaço de tempo entre o português arcaico e o português
moderno. As alterações registram mudanças, tais como, o desaparecimento das
formas “ata” (até) e “hu” (onde); a alteração do sentido do verbo “adubar”, ora com
sentido de inaugurar; mudanças de registro gráfico, em que o ‘u’, por exemplo,
representava a vogal ‘u’ e a consoante ‘v’; além de alterações em algumas estruturas,
tais como “entendemos a fazer” e “devemos a seer aparelhados”, dentre outros.
A variação linguística refere-se às diferenças observadas no modo como uma
língua é usada numa determinada comunidade de fala. A variação pode ocorrer por
Comunidade de
fala: é um grupo
de pessoas que
interagem
regularmente por
meio da fala. Uma
comunidade pode
ser grande,
pequena,
fortemente
homogênea ou
decididamente
heterogênea. Não
é preciso que
todos falem a
mesma variedade
linguística ou
mesma língua,
(Trask, 2008)
diversas razões. As línguas podem variar, por exemplo, entre regiões geográficas,
constituindo os regionalismos ou dialetos.
Observe o exemplo a seguir:
(Retirado de: http://profealedocespalavras.blogspot.com.br/2011_10_01_archive.html. Acesso em 20 de maio de 2012.)
Nesse exemplo, vemos um tipo de variação, a regional, que por meio de
elementos lingüísticos identifica a região de onde provém o falante: região rural de
minas gerais. Além disso, esse é um exemplo de fala, pois podemos detectar pistas
lingüísticas características dessa modalidade, como “ái”, “repói” e “cuié”, onde vemos
um fenômeno da transformação do som do lh em i. As expressões “den di ái”, “cabess
de repôi” exemplificam a perda de segmentos átonos em final de palavras, a sílaba “te”
em “dente” e o “a” em “cabeça”. Há também a perda de segmentos átonos em início
de palavras, como a perda do “dês” em “casca” e o “es” em “quenta”.
Além disso, fatores sociais também são fundamentais no processo de variação,
tais como, idade, sexo, escolaridade dos falantes, assim como o contexto
comunicativo.
Dependendo do contexto de interação, do espaço em que circulam os textos e
dos leitores a que se destinam, a linguagem se comporta de forma diferente. Cabe ao
O capítulo “Português do Brasil: a variação que vemos e a variação que deixamos ver”, do livro O Português da Gente, de Rodolfo Ilari e Renato Basso é uma boa sugestão de leitura para aumentar seu conhecimento sobre as dimensões da variação linguística. Acesse o livro no site da nossa biblioteca virtual: http://www.uniceub.br/Biblioteca
produtor do texto adequar a linguagem às situações de forma apropriada para que
suas intenções textuais sejam alcançadas.
Texto 01
Aí, Galera
Jogadores de futebol podem ser vítimas de
estereotipação.
Por exemplo, você pode imaginar um jogador de
futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que
não?
-Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
-Minha saudação aos aficionados do clube e aos
demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares.
-Como é?
-Aí, galera.
-Quais são as instruções do técnico?
-Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com
energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de,
recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de
Sugestão de leitura
meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do
sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
-Ahn?
-É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
-Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
-Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo
previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
-Pode.
-Uma saudação para a minha genitora.
-Como é?
-Alô, mamãe!
-Estou vendo que você é um, um...
-Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa
de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim
sabota a estereotipação?
-Estereoquê?
-Um chato?
-Isso.
Publicado no Correio Brasiliense, em 13 de maio 1998
Retirado de: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=9821
Acesso em 23/01/2012
O gênero do texto 1 é a crônica. E como costuma ser comum nesse gênero
textual, sua leitura é leve e agradável. A crônica “Aí, galera” aborda de forma bem
humorada um fato cotidiano, uma entrevista a um jogador de futebol. O texto permite-
nos refletir sobre as expectativas sociais. Ao produzirmos um texto, há uma
expectativa dos interlocutores quanto ao nosso comportamento linguístico, que por
sua vez também é social. Tais expectativas podem estar pautadas em fatores, como
contexto de interação e papel social dos interlocutores. Quando essas expectativas
são frustradas, podemos sofrer algumas conseqüências, entre elas, constrangimento,
incompreensão ou até mesmo preconceito.
Gênero textual: Produções textuais que se modelam em formas padrões relativamente estáveis.
(Koch & Elias, 2009: 55).
Crônica: Texto curto, breve, simples, de interlocução direta com o leitor, com marcas típicas de oralidade, geralmente narrativa. Trata-se de gênero literário vinculado à imprensa.
(Costa, 2009: 71-72)
Quando uma pessoa sofre preconceito por conta de seu modo de falar, há um
episódio de preconceito linguístico. O preconceito linguístico está associado, na
realidade, ao preconceito social. Isso se dá porque, quando falamos, comunicamos
muito mais do que dizemos, pois a linguagem também é identidade. O modo de falar
de uma pessoa pode dizer muito sobre sua origem, sua escolaridade ou profissão.
Observe que o humor do texto 1 está relacionado à quebra de expectativas em
relação à fala do jogador entrevistado. A crônica registra um estranhamento por parte
do entrevistador que conclui que o jogador é, na realidade, um chato. Para
compreendermos melhor o estranhamento causado pela fala do entrevistado, vamos
tratar de variação de registro ou estilo de fala.
Conforme já comentamos, o contexto da interação social também determina
variação linguística. A opção de uma forma de falar mais formal ou informal, em
função do contexto comunicativo, configura o processo de variação de registro ou
estilo de linguagem.
Na crônica “Aí galera”, a fala do jogador apresenta dois estilos de linguagem,
que podem ser observados na tabela abaixo:
Excessivamente formal Informal
- Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares
- Aí, galera.
- Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
- É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
- Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
- Uma saudação para a minha genitora.
- Alô, mamãe!
- Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
-Um chato?
Quadro 01: Excesso de formalidade e informalidade.
O livro Preconceito Linguístico, de
Marcos Bagno, é uma boa leitura para
aqueles que desejam saber mais sobre
o preconceito lingüístico e variação
linguística.
Como podemos ver o estilo informal caracteriza-se pela presença de algumas marcas: 1. Uso da partícula “Aí” sem significação espacial, mas como interjeição com sentido de “oi” ou “olá”. 2. Uso de “pra”, forma reduzida da preposição “para”. 3. Queda do -r em final de verbos no infinitivo (pegar pegá). 4. Uso de expressões típicas da oralidade, como gírias (“galera” com sentido de pessoal ou turma). 5. Emprego de pronome do caso reto como objeto direto (“pegá eles”).
Dentre as diversas possibilidades de uso da língua, algumas variedades
linguísticas possuem mais prestígio social que outras. Geralmente tais variedades são
as utilizadas um grupo de pessoas que também possuem destaque na sociedade.
Chama-se variedade padrão da língua, aquela forma de se falar que é ensinada nas
gramáticas tradicionais e comumente tida como a variante de prestígio na nossa
sociedade.
É importante, no entanto, compreendermos que a língua é um fenômeno
heterogêneo e dinâmico, que oferece diversas possibilidades aos falantes. O fato de
uma variedade ser mais aceita socialmente não significa que seja melhor que outras
variedades linguísticas. Um falante competente no idioma não é aquele que utiliza
somente a variedade padrão, mas sim aquele que sabe se expressar nas diversas
situações comunicativas, utilizando-se das diversas possibilidades de seu idioma.
Em outras palavras, é importante que o falante desenvolva sua competência
comunicativa, que é a capacidade de adequação de sua fala aos diversos contextos
de interação. Conforme destaca Bortoni-Ricardo (2004: 74), “as pessoas vão
Sugestão de leitura
adquirindo recursos comunicativos à medida que vão ampliando suas experiências na
comunidade onde vivem e passam a assumir diferentes papéis sociais”.
Assim, utilizamos, no nosso dia a dia, diversas variedades linguísticas. Em
contextos informais, como em casa ou num bar com amigos, utilizamos uma
linguagem mais coloquial, informal, com expressões típicas da oralidade. Assim como
em contextos mais formais, usamos uma linguagem igualmente formal, como em
ambientes de trabalho ou numa entrevista de emprego.
Para continuarmos nossa reflexão sobre linguagem e variação, observe o texto
2 a seguir:
Observe que o gênero do
texto 01 é a tira e o tipo textual
predominante é o expositivo.
A tira é um tipo de história em
quadrinhos, só que mais curta ou
sintética. Trata-se de um texto
multimodal, com interface visual e
verbal. A tira em questão foi retirada
de uma sequência maior que
apresenta, conforme assinala o título,
36 formas de se interpretar um
episódio, no caso, um mosquito
esmagado na parede. O humor da
tira consiste no fato de que cada
ponto de vista reflete, de forma
Texto 02
Imagem retirada de: http://screamyell.com.br/blog/wp-content/uploads/2011/08/mosquito3.jpg
Sítio acessado em 02/01/2012.
Tira: Segmento ou fragmentos de HQs, geralmente com três ou quatro quadrinhos, apresenta um texto sincrético que alia o verbal e o visual no mesmo enunciado e sob a mesma enunciação. Circula em jornais ou revistas.
(Costa, 2008)
Tipo textual: ou sequências textuais são esquemas linguísticos básicos que entram na constituição de diversos gêneros. São geralmente classificadas em: descritiva, narrativa, injuntiva, explicativa e argumentativa.
(Koch & Elias, 2009: 62-63)
Multimodalidade: Refere-se à junção de mais de um modo semiótico, ou seja de código para produção de sentidos, em um texto. São geralmente multimodais os gêneros: música, a tira, charge, propagandas.
Léxico: Repertório de palavras existentes numa determinada língua.
(Dicionário eletrônico Houaiss) Jean-Luc Godard: cineasta francês nascido na década de 30.
Para saber mais sobre gêneros textuais e tipologia textual (sequência textual), leia o capítulo 3 do livro Ler e escrever, de Ingedore Koch e Vanda Elias. Acesse o livro no site da nossa biblioteca virtual: http://www.uniceub.br/Biblioteca
.
estereotipada, um contexto específico. Contribui para manutenção da coerência ou
logicidade do texto a seleção lexical.
A seleção lexical pode ser vista como um tipo de variação condicionada pela
profissão ou contexto a que pertencem os personagens da tira. No primeiro quadrinho,
temos a palavra “conceito” e a expressão “composição orgânica” como pistas
lingüísticas que nos remetem ao discurso característico de artistas plásticos. No
segundo quadrinho, o universo dos cineastas é revelado pelas escolhas lexicais
“imagem” e “filme do Godard”. Por fim, no terceiro quadrinho, a palavra “sujeira” está
relacionada ao contexto social doméstico da dona de casa e suas demandas, como a
da limpeza.
Corra já para nosso Fórum!
Fórum de discussão 1
Que tal refletirmos um pouco acerca da variação linguística?
Nossa música brasileira é muito rica. É comum identificarmos nas canções a riqueza
de nossa cultura, geralmente marcada pela diversidade de ritmos, temas e variedades
linguísticas.
Localize uma canção em que seja possível identificar uma variedade regional, fala
característica de uma região do nosso país. Em seguida, identifique na música traços
característicos dessa variedade linguística.
Não se esqueça de colocar a fonte de onde retirou a letra da canção.
Boa pesquisa!
Sugestão de leitura
Exercícios de compreensão textual e gramatical
1. Releia a crônica “Aí, galera” e, em seguida, responda às questões.
I. Considerando o gênero textual crônica e suas funcionalidades. Assinale, a seguir, a
alternativa correta:
a) O texto tem a finalidade de registrar fato desportivo, com registro de diálogos.
b) A crônica aborda, de forma divertida, fatos do cotidiano, sendo texto literário
também veiculado à imprensa.
c) O gênero textual crônica tem como função principal a crítica social, geralmente
marcada pela ironia.
d) O diálogo no texto exemplifica o uso de tipologia descritiva, comum em crônicas.
II. Em relação aos sentidos produzidos no texto, assinale a alternativa correta:
a) A crônica permite compreender que jogadores de futebol geralmente são chatos em
entrevistas.
b) O humor da crônica consiste no fato de que o jogador de futebol entrevistado
utiliza-se de muitas gírias em sua fala.
c) O texto tem o objetivo de reforçar o preconceito linguístico, através da divulgação
de comportamentos linguísticos estereotipados.
d) O humor, característico das crônicas, é obtido por meio da quebra de expectativas
em relação à fala do jogador de futebol, que se utilizada, em primeiro momento de
uma fala muito rebuscada, incomum em seu contexto de fala.
2. Como vimos, em nossas leituras, a seleção lexical é um elemento importante para a
organização lógica dos textos. As escolhas que fazemos das palavras e expressões
em nosso dia a dia contribuem para a configuração das variedades linguísticas que
utilizamos. Na tira de 36 jeitos de ver um mosquito esmagado na parede, o cartunista
Caco Galhardo explora a seleção lexical para construir os sentidos do contexto
profissional dos personagens. Indique abaixo palavras ou expressões que remetem ao
discurso característico de cada profissional representado. É possível que haja mais de
uma alternativa correta.
Retirado de: http://screamyell.com.br/blog/wp-content/uploads/2011/08/mosquito3.jpg
I – Designer gráfico
a) usar
b) este mosquito
c) elemento gráfico
d) layout
II - Ecologista
a) desrespeito
b) forma de vida
c) Processar
d) ato desumano
III - Decorador
a) olha, proposta
b) super válido
c) precisamos ver
d) combina, cortina
III - Videomaker
a) trilha minimalista
b) isto
c) ótimo trabalho
d) vídeo-arte
3. O texto abaixo foi retirado do livro Educação em Língua Materna, de Stella Maris
Bortoni-Ricardo, e ilustra uma situação em que podemos verificar como a linguagem
reflete e constrói as relações sociais. Observe como, na conversa telefônica abaixo, o
estilo de linguagem é alterado a partir do instante em que os interlocutores se
reconhecem como amigos.
Gerente: - Gerência do Banco XXX. Em que eu posso ajudá-lo?
Cliente: - Estou interessado em financiamento para compra de
veículo. Gostaria de saber quais as modalidades de crédito que o
banco oferece.
Gerente: - Nós dispomos de várias modalidades. O Senhor é nosso
cliente? Com quem eu estou falando, por favor?
Cliente: - Eu sou o Júlio César Fontoura, também sou funcionário do
banco.
Gerente: - Julinho, é você, cara? Aqui é Helena! Cê tá em Brasília?
Pensei que você ainda estivesse na agência de Uberlândia! Passa
aqui pra gente conversá com calma. E vamu vê seu financiamento
Texto retirado de Bortoni-Ricardo (2004: 73-74)
Considerando os estilos presentes no diálogo, julgue as alternativas abaixo,
assinalando V para as verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) A oração “Em que posso ajudá-lo” é típica de falas formais em que o produtor do
texto coloca-se, de forma polida, à disposição para oferecer auxílio a um cliente,
comportamento típico de prestadores de serviço.
b) ( ) Na oração “Gostaria de saber quais as modalidades de crédito que o banco
oferece”, o termo destacado caracteriza uma fala informal, em que o falante expõe, de
forma coloquial, um desejo pessoal.
c) ( ) Em “- Nós dispomos de várias modalidades” a concordância entre os elementos
é típica de situações informais.
d) ( ) A oração “Com quem eu estou falando, por favor?” constitui uma maneira formal
de se solicitar identificação de interlocutor em contexto comunicativo que exige certo
distanciamento entre os participantes da interação.
e) ( ) Em “Julinho, é você, cara?”, o termo destacado é uma expressão típica da
oralidade, sendo uma gíria em que “cara” tem o sentido de “amigo”, “rapaz”, “homem”.
f) ( ) O uso de “pra”, forma reduzida da preposição “para” é uma marca de estilo
formal, típico das interações institucionais que exigem agilidade e polidez.
g) ( ) São marcas de oralidade os termos destacados em “passa aqui pra gente
conversá com calma. E vamu vê seu financiamento
No ambiente de trabalho, somos requisitados a produzir textos diversos. Boa
parte desses textos exige uma linguagem mais formal, sobretudo por conta da
natureza dos documentos que circulam no ambiente institucional. Dessa forma, uma
demanda do mercado de trabalho é o domínio da variedade padrão da língua,
caracterizada pela correção gramatical exigida pela gramática tradicional. Um dos
textos mais produzidos nas empresas e que possui espaço privilegiado na
comunicação corporativa é o e-mail ou correio eletrônico. Vamos falar sobre esse
gênero? Leia o texto a seguir:
Texto 3 – Email
Exemplo retirado de Gold, 2005: 101 (com adaptações)
O correio eletrônico ou e-mail, como já foi comentado é um dos gêneros
textuais mais utilizados na redação empresarial. Por seu caráter breve, agiliza os
processos sem muita burocracia, ao mesmo tempo em que possibilita a documentação
das correspondências.
Observe a estrutura do e-mail: campo formulário “Para” em que são inseridos
os endereços eletrônicos dos destinatários, com possibilidade de envio com cópia
(CC); campo formulário “Assunto” em que deve ser expresso o teor da
correspondência, cuja objetividade aumenta as chances de agilização da leitura; e o
campo de texto, em que é inserida a mensagem: com vocativo (chamamento), corpo
do texto, desfecho e nome do produtor da mensagem.
Por ser uma correspondência rápida, é comum que os e-mails apresentem uma
linguagem mais informal. No entanto, devemos nos atentar para adequação da
linguagem, em e-mails, ao ambiente de trabalho. Isso porque o correio eletrônico, por
ser um instrumento eficiente de comunicação na empresa, deve ser adaptado ao estilo
do contexto institucional, que demanda uma comunicação objetiva, concisa, clara e
formal (Gold 2005).
Correio eletrônico ou e-mail: o termo e-
mail (eletronic mail) pode ser usado para o sistema de transmissão, para o endereço eletrônico dos usuários, por metonímia, para o próprio texto (mensagem eletrônica). (Costa, 2009: 70-71)
A característica da objetividade de um texto está relacionada às idéias que
são expressas. Refere-se à habilidade de se definir quais são as informações
relevantes que desejamos transmitir e priorizar em determinado texto. Dessa forma, é
imprescindível, antes da produção de correspondências em ambiente de trabalho, que
se defina quais informações devem ser contempladas, atentando-se para a eliminação
de ideias acessórias que pouco ou nada contribuem para a compreensão das ideias
principais.
Assim, um texto objetivo é um texto sem subterfúgios, redundâncias ou
excesso de palavras ou ideias. A produção de um esquema que antecipe a elaboração
do texto pode ser muito eficiente para se assegurar sua objetividade.
Para definição das ideias a serem contempladas no texto, tente responder:
a) O que eu quero dizer ao meu leitor?
b) Que outras ideias podem ajudar o leitor na compreensão da mensagem?
c) Quais informações podem ser suprimidas do texto sem prejuízos às ideias
principais?
Observe o esquema inicial do texto 3, a seguir, e analise as escolhas feitas:
Quadro 2: Objetividade na seleção de ideias de um texto.
Seleção de ideias
Perguntas Informações
Ideias principais
a) O que eu quero dizer ao meu leitor?
- Confirmar e convocar para reunião de quinta, às 14h.
- Indicar que vários assuntos serão tratados.
- Solicitar que tragam os assuntos tratados anteriormente.
Ideias secundárias
b) Que outras ideias podem ajudar
o leitor na boa assimilação da mensagem?
- Ressaltar a pontualidade.
- Informar que as conclusões serão repassadas à diretoria na próxima
segunda-feira.
Ideias acessórias
c) Quais informações podem ser suprimidas do
texto sem prejuízos às ideias principais?
- Especificar os assuntos: novos projetos, problemas na operacionalidade de sistema, proposta de definição de plano de trabalho específico para o setor técnico da empresa.
A concisão é uma qualidade que determina a transmissão de informações em
poucas palavras, evitando-se excessos que podem enfadar o leitor com a falsa
sabedoria expressa pelo vocabulário prolixo. A prolixidade é, por sua vez, o oposto da
concisão e consiste na utilização de vocabulário excessivamente rebuscado e de
períodos muito extensos que deixam o texto confuso e entediante.
A seleção lexical é de suma importância para se conferir concisão ao texto.
Deve-se observar, assim, o emprego de palavras exatas e necessárias ao contexto. É
importante também evitar a utilização de vocabulário muito rebuscado,
excessivamente formal e orações muito extensas (Veja exemplos no quadro 01).
Dessa forma, é fundamental maximizar a informação com um número mínimo
de palavras. Observe o exemplo:
Venho por meio deste e-mail confirmar Confirmo
Outra forma de se conferir concisão ao texto é eliminar o excesso de “que”,
evento conhecido como queísmo. Verique no quadro abaixo as possibilidades de
substituição do pronome “que”, nas orações:
Forma reduzida Escolha gramatical
que me respondas resposta substantivo
que se esclareçam esclarecer verbo
que dizem respeito sobre/ a respeito preposição e locuções
prepositivas
que foi discutido discutido particípio passado
Quadro 3: Redução do excesso de “que” (adaptado de Gold, 2005: 48)
Verifique o exemplo:
Escrevi o e-mail que foi enviado à equipe para tratar da reunião que
será realizada na quinta com aqueles que participaram da análise
anterior de assuntos pertinentes à repartição.
Escrevi o e-mail enviado à equipe para tratar da reunião a ser realizada
na quinta com os participantes da análise anterior de assuntos pertinentes
à repartição.
Evitar formas como gerundismo também é uma maneira de se colaborar para
manutenção da concisão no texto. O gerundismo é o uso de uma locução verbal,
apresenta-se na forma: verbo auxiliar + verbo no infinitivo + verbo no gerúndio.
Observe o exemplo:
Vou estar enviando o e-mail sobre a reunião de quinta-feira.
Embora o gerundismo possa agregar sentidos diferentes ao texto, sendo
produtivo em algumas situações, não é bem aceito em textos que exigem objetividade
e concisão, como os que circulam no ambiente de trabalho. Sendo assim, é melhor
evitar esse tipo de construção. Verifique abaixo uma possibilidade de substituição da
oração anterior:
Enviarei o e-mail sobre a reunião de quinta-feira.
A clareza está relacionada à compreensão do texto, é a qualidade que permite
o entendimento das ideias no texto. Um texto claro é aquele que se faz compreender
facilmente, que apresenta um vocabulário simples e não dá margens a ambigüidades.
Contribuem para manter a clareza de um texto: o uso de vocabulário simples,
embora formal; uso de parágrafos menores, com divisão explícita de ideias principais e
secundárias e orações curtas, geralmente em ordem direta: sujeito + verbo+
complementos. Observe a ordem direta na oração abaixo:
Sujeito + Verbo + complementos
Estou confirmando nossa reunião de quinta-feira, às 14h.
Sujeito oculto: Eu
Verbo (locução verbal): estou confirmando
Complementos: nossa reunião de quinta-feira, às 14h.
.
Vocabulário simples não significa vocabulário pobre. É importante salientar que
a escolha de palavras facilmente compreendidas tende a enriquecer o texto, ao invés
de obscurecê-lo, efeito geralmente produzido pelo uso de palavras difíceis ou pouco
conhecidas.
Por fim, vale ressaltar a importância da revisão do texto para a constatação
de eventuais problemas, tais como a ambigüidade. Verifique o exemplo abaixo:
Havia um funcionário na reunião que não trouxe resultados
produtivos.
Observe a ambiguidade gerada pelo pronome relativo que, possibilitando dois
entendimentos do texto:
1. Um funcionário não trouxe resultados produtivos.
2. A reunião não trouxe resultados positivos.
Constatado o problema, deve-se efetuar alterações na oração, tais como
deslocamento de termos ou substituição do pronome:
Havia um funcionário que não trouxe resultados produtivos na
reunião.
Havia, na reunião que não trouxe resultados positivos, um
funcionário.
Havia um funcionário na reunião, o qual não trouxe resultados
positivos.
Havia um funcionário na reunião, a qual não trouxe resultados
positivos.
Como já dissemos, o e-mail geralmente é escrito em estilo mais informal. No
entanto, no ambiente de trabalho, é fundamental que esse gênero textual esteja de
acordo com as regras da escrita, atendendo ao estilo formal da empresa, uma vez que
esse tipo de texto também possui caráter documental.
Dessa forma, é imprescindível que o e-mail institucional e demais documentos
da empresa estejam de acordo com as regras da escrita, com a norma padrão. Para
manter a correção gramatical, é essencial que se observe, dentre outros aspectos, a
concordância nominal e verbal e o uso adequado da pontuação.
A concordância pode ser nominal ou verbal. A concordância nominal se
verifica em gênero e número entre palavras determinantes (adjetivo, pronome
adjetivo, artigos, numeral ou particípio) e as palavras determinadas (substantivo ou
pronome) a que se referem. As palavras determinantes concordam em gênero e
número com as palavras determinadas.
Ex.: - A empresária solitária pediu atenção aos funcionários.
- Os nossos gerente e diretor chegaram.
- Sobressaltados, os funcionários receberam a notícia do evento.
Observe no quadro a seguir orientações sobre concordância verbal:
Concordância verbal
Regra geral
O verbo flexiona em concordância com o número e a pessoa do sujeito (1ª, 2ª e 3ª pessoas do singular ou plural).
Ex.: [...] as conclusões serão apresentadas à diretoria na próxima segunda-feira.
Verifique que o verbo “ser” está flexionado na 3ª pessoa do plural em concordância com o sujeito “as conclusões”, que está na 3ª pessoa plural.
Casos especiais
Sujeitos ligados por nem e ou:
O verbo vai para o plural.
O verbo vai para o singular, quando há semelhança entre os núcleos dos sujeitos ou noção de exclusão.
Ex.: Nem você nem Joana foram convocadas para a reunião.
Ex.: Trabalhar até tarde ou chegar mais cedo ao trabalho são atitudes que dos mais esforçados da repartição.
Ex.: A funcionária mais antiga ou a primeira contratada da repartição será homenageada durante evento do dia do trabalhador.
Ex.: A funcionária mais antiga ou a mais competente será homenageada durante evento do dia do trabalhador.
Sujeitos formados por expressão partitiva:
O verbo pode concordar com o núcleo do sujeito ou com o adjunto.
Ex.: Metade dos funcionários saiu mais cedo ontem.
Ex.: Um terço dos empregados chegaram atrasados à reunião.
Sujeito posposto:
O verbo concorda com o sujeito mesmo posposto.
Ex.: Chegaram atrasados os processos enviados pela diretoria.
Ex.: Analisou os processos o jovem estagiário.
Ex.: Foram entregues todos os documentos.
Verbos impessoais – o verbo assume a 3ª pessoa do singular.
Verbos haver, fazer e ir indicando tempo
Verbo tratar-se
Verbo haver no sentido de existir.
Verbos que expressão fenômenos da natureza.
Ex.: Havia três dias que a reunião foi marcada.
Ex.: A reunião acabou não faz cinco minutos.
Ex.: Já vai para vinte dias que a empresa fechou as portas.
Ex.: Tratava-se de um assunto de máxima urgência
Ex. Havia cinco estagiárias na reunião.
Ex. Choveu o dia todo, enquanto trabalhávamos.
Quadro 4: Concordância verbal.
Outro aspecto da língua escrita que merece atenção do produtor do texto é a
pontuação. A pontuação consiste em um conjunto de sinais gráficos que contribuem
para a articulação dos sentidos no texto escrito. Compõem esse conjunto: o ponto final
[ . ], a vírgula [ , ], os dois pontos[ : ], o ponto e vírgula [ ; ], o travessão[ - ], o
travessão duplo [- -]as aspas [“”], os parênteses [( )], dentre outros.
Um sinal gráfico que gera muitas dúvidas entre os produtores de texto é a
vírgula, cuja função costuma ser equivocadamente atribuída à marcação de pausas
típicas da fala. Na realidade, a vírgula possui um valor sintático, colaborando para
articulação de elementos na oração. Observe, no diagrama a seguir, os principais usos
da vírgula.
Imagem extraída (adaptada) de www.gettyimages.com. Acesso em 25/05/12
O texto 4 foi retirado de uma edição da revista Veja, edição 2178 de agosto de
2010, e refere-se à edição anterior. Trata-se da carta de uma leitora sobre uma
matéria publicada anteriormente. Abaixo, você pode visualizar a página da revista, que
apresenta a sessão de cartas do leitor, intitulada “Leitor”.
Carta de leitor: gênero opinativo da mídia impressa ou digital. Trata-se do lugar em que se trava um lugar de diálogo dos leitores com a publicação. Caracteriza-se pelo distanciamento físico entre os interlocutores e pela defasagem entre o surgimento do acontecimento e o momento em que o leitor, escreve para expressar sua opinião. Costuma ser assinada com identificação de quem a fez.
(Costa, 2009: 50)
Torpedo ou SMS: Do inglês short message service, o SMS ou torpedo é serviço disponível na maioria dos telefone celulares (e em outros dipositivos móveis como PCs de bolso ou até computadores de mesa) que permite o envio de mensagens curtas (também conhecidas como mensagens de texto) entre telefones celulares e outros dispositivos portáteis.
(Costa, 2009: 173)
[U1] Comentário: Exerícicio de compreensão textual e gramatical Explorar o texto do SMS ou torpedo.
Selecionamos abaixo uma das cartas de leitor da edição que faz referência à
matéria de capa da edição anterior da revista, que trazia uma reportagem sobre língua
portuguesa na campanha eleitoral de 2010.
Texto 4
Retirado de Veja, edição 2178 de 18 de agosto de 2010, seção “Leitor”.
Observe que a carta da leitora expressa sua opinião a respeito da matéria
especial de linguagem em apenas um parágrafo.
Parágrafo
“é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia centra, ou nuclear; a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela” (Garcia, 2006: 219).
O parágrafo facilita o trabalho do escritor, uma vez que lhe permite o isolamento, a organização e o ajustamento das ideias principais na composição textual, o que possibilita ao leitor melhor compreensão da articulação das informações no texto.
Garcia (2006) destaca que o parágrafo-padrão, que apresenta uma estrutura mais comum e eficaz, apresenta a estrutura: introdução, representada por períodos curtos que expressa a ideia-núcleo ou tópico frasal; o desenvolvimento, com explanação do da ideia-núcleo; e a conclusão, rara em parágrafos curtos, com desfecho do bloco textual.
O tópico-frasal é geralmente composto pelos períodos inicias do parágrafo, apesar de que pode ocorrer em outros momentos da composição. Ele apresenta a ideia-núcleo, em torno da qual o parágrafo se desenvolverá.
Vale ressaltar que os parágrafos geralmente são identificados por um recuo junto à margem esquerda dos textos. Além do mais, sua extensão pode variar, embora haja uma tendência de se utilizar parágrafos curtos e de se manter certa proporção de tamanho entre eles.
Verifique que na carta de leitor que estamos analisando, podemos verificar uma
organização interna das ideias no parágrafo. Observe:
Introdução com tópico frasal
Comecei bem a semana ao
deparar com a capa de VEJA: “Falar e escrever bem: rumo à
vitória” (11 de agosto).
A leitora expõe sua satisfação diante da
matéria da capa da edição da revista.
Desenvolvimento
Senti-me motivada para dar
continuidade ao meu trabalho. Sou professora de português e
“luto” diariamente para “provar” a importância de dominar a nossa
língua. O enfoque dado à reportagem e a contextualização,
usando o debate dos presidenciáveis, foram pontos-chave para torná-la uma leitura
agradável.
A autora apresenta argumentos para o
embasamento de sua opinião:
- é professora de português e identificou-se com o
tema. - elogia o enfoque e a contextualização do
assunto.
Conclusão ou desfecho
Com certeza usarei o texto em minhas aulas.
A leitora finaliza o
parágrafo, reforçando sua satisfação, ao demonstrar a
utilidade da reportagem comentada.
Observe que a carta de leitor é um texto argumentativo. A leitora em questão
expõe-se de forma favorável à reportagem e apresenta argumentos que sustentam a
tese (ideia principal) em torno de sua satisfação com a matéria comentada. Em textos
argumentativos, geralmente, tem-se a apresentação de três posições possíveis em
relação a uma tese. De acordo com Goldstein (2009: 92-93), são elas:
Já que estamos falando sobre matérias e reportagens jornalística e sobre
língua portuguesa, leia o texto 5, uma reportagem da revista Língua Portuguesa sobre
a importância da língua no mercado de trabalho.
O quadro abaixo apresenta as características do gênero textual reportagem,
observe-o:
Posturas argumentativas
Sustentação: defesa ou embasamento de uma
tese.
Negociação: enfraquecimento de uma tese.
Concorda-se em parte com determinada ideia.
Refutação: oposição ou posicionamento
contrário à determinada ideia.
Reportagem: texto
jornalístico que
apresenta detalhes e
diversos pontos de vista
sobre determinado
assunto. De certa forma,
pode-se dizer que a
reportagem
complementa o relato
dos fatos com um
convite indireto à
reflexão sobre os vários
modos de ver o assunto. Geralmente aprofunda-se mais em um tema que é atual. (Goldstein, Louzada &
Ivamoto, 2009: 59)
Texto 5
A carreira nas alturas
Dificuldades com o idioma passam a incomodar cada vez mais os profissionais do mercado, que lotam cursos de reciclagem em português e comunicação
Adriana Natali
A água está no joelho dos profissionais do mercado. As debilidades na formação em língua portuguesa têm alimentado um campo de reciclagem em português nas escolas de idiomas e nos cursos de graduação para pessoas oriundas do mundo dos negócios. A disciplina de Português Instrumental emerge na graduação de cursos da área de negócios. Várias escolas de idiomas têm ampliado o número de cursos de língua portuguesa para brasileiros que percebem a necessidade de atualização.
O que antes era restrito a profissionais de educação e comunicação, agora já faz parte da rotina de profissionais de várias áreas. Para eles, a língua portuguesa começa a ser assimilada como uma ferramenta para o desempenho estável. Sem ela, o conhecimento técnico fica restrito à própria pessoa, que não sabe comunicá-lo. - Embora algumas atuações exijam uma produção oral ou escrita mais frequente, como docência e advocacia, muitos profissionais precisam escrever relatório, carta, comunicado, circular. Na linguagem oral, todos têm de expressar-se de forma convincente nas reuniões, para ganhar respeito e credibilidade. Isso vale para todos os cargos da hierarquia profissional - explica Maria Helena Nóbrega, professora de língua portuguesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da USP.
Indicadores A crescente valorização do domínio do idioma no mercado de trabalho vem sendo apontada por diferentes indicadores. Em 2007, uma pesquisa realizada pela Johnson O' Connor Research Foundation em conjunto com um doutor em linguística, Paul Nation, professor da Victoria University of Wellington, na Nova Zelândia, comprovou que o uso eficiente da língua influi na carreira profissional. Segundo o estudo, feito em 39 empresas americanas, a chance de ascensão profissional está diretamente ligada ao vocabulário que a pessoa domina. Quanto maior seu repertório, mais competência e segurança ela terá para absorver ideias e falar em público.
- Ou seja, hoje em dia, saber um segundo ou terceiro idioma é pré-requisito para se conseguir bom emprego ou promoção, mas muita gente se esquece de que o domínio da língua materna pode ser o diferencial para a sua valorização - diz a coordenadora pedagógica do Centro de Ensino Fisk, Vera Laurenti Bianchini.
A competência comunicativa garantiria potencial para ampliar a "empregabilidade" de
um profissional. Desde o processo de seleção, as empresas buscam pessoas que saibam comunicar-se com clareza e poder persuasivo. Nas dinâmicas de grupo, além de habilidades de relacionamento e liderança, os selecionadores verificam a capacidade comunicativa do candidato. - Pequenos deslizes (evitar contato visual com os ouvintes, gesticular em excesso, apresentar problemas de dicção ou vocabulário limitado) podem ser fatais e pretexto para a pessoa não ser contratada. Algumas empresas solicitam redação e, pelo texto, avaliam a argumentação daqueles que pretendem representá-las no mercado - diz a professora da USP.
Procura O fraco domínio da língua pode ser uma barreira, ao manter contato com clientes por telefone ou e-mail; ao escrever relatórios e fazer apresentações no trabalho; na preparação para concursos e vestibulares. Mas pode ser resultado direto da mera vontade de retomar os estudos, compreender melhor o que lê e escrever com mais clareza.
A percepção de que a deficiência do idioma é crescente parte do próprio mercado, que enche as salas de aula de português para brasileiros. A escola de idiomas Fisk oferece o curso "Português sem Tropeços" desde o segundo semestre de 2008 e hoje atende a mais de 5 mil alunos em todo o país. Foi a valorização da língua materna por empregadores o que levou a escola a identificar a necessidade da criação desse curso.
- Embora os empresários busquem quem fala idiomas estrangeiros, o profissional não pode descuidar da própria língua. Quem não tem o domínio dela não vai dominar outros idiomas e será malvisto nas entrevistas de trabalho - explica a professora Vera Bianchini.
O foco do curso de Vera é o esclarecimento de dúvidas comuns aos falantes brasileiros e, consequentemente, o aprimoramento das habilidades de escrita e de expressão oral. De acordo com a coordenadora pedagógica do Centro de Ensino Fisk, o curso não se restringe nem à redação nem à gramática. A gramática é explicada de modo contextualizado dentro do panorama profissional para que os alunos pratiquem a língua culta oralmente e, desse modo, tornem-se mais confiantes ao se expressarem. Além disso, exercícios de leitura e de vocabulário possibilitam a expansão do conhecimento lexical dos alunos, contribuindo para o desenvolvimento da habilidade de escrita deles.
Dúvidas Outra escola, a Companhia de Idiomas, oferece, há dez anos, cursos em empresas, atendendo a demandas detectadas pelos departamentos de Recursos Humanos (RH) ou solicitações de profissionais. O antigo curso de reciclagem hoje é chamado oficina de comunicação. - Quando a solicitação vem da direção ou do RH da empresa, muitos alunos não querem dispor do tempo que têm para estudar português. Se dermos o nome de curso de português, eles não enxergam como algo importante para a carreira. Lembram-se das aulas de português da escola, da gramática complexa do idioma. Há muitos alunos que não gostam de estudar gramática. Por isso, é importante explicar tudo com clareza e envolver a equipe que precisa desse tipo de treinamento para que comprem a ideia, e vejam as vantagens que conquistarão - afirma Lígia Velozo Crispino, professora da Companhia de Idiomas, que atende a cerca de 150 alunos no curso.
O público de Lígia é formado, principalmente, por profissionais da área de vendas,
compras, marketing e gestores em geral, em que a interação com pessoas é maior. Língua pediu a ela que listasse os problemas com o idioma típicos de profissionais do mercado (as indicações, detalhadas pelo colunista e consultor de Língua Josué Machado, compõem os quadros desta página).
Aprimoramento As aulas são focadas nas necessidades do aluno. Se o aluno quiser melhorar sua comunicação oral, o foco maior das aulas será para esta habilidade. Caso o desafio seja a comunicação escrita, ele deverá fazer exercícios extraclasse. As apostilas são exclusivas, com base nas informações coletadas em reunião para mapeamento de necessidades e expectativas do cliente, aliado ao resultado detectado no teste inicial para diagnóstico das áreas de atenção. Em casos em que a comunicação oral é crucial, são desenvolvidos vídeos para que o aluno possa observar o próprio desempenho.
Erros de grafia e concordância, vícios de linguagem e uso inadequado de vocabulário são comuns. Mas isso não é justificativa que desfaça a má impressão causada por falha cometida num atendimento a cliente, em uma entrevista de emprego ou em quaisquer outras situações.
- No geral, notamos grande dificuldade em concatenar ideias e construir um texto coerente e coeso. Alguns alunos tendem a repetir palavras e expressões, demonstrando falta de vocabulário; outros constroem parágrafos muito curtos ou muito longos (sem que isso seja questão de estilo, mas falta de conhecimento da estrutura do texto). Em termos gramaticais, são comuns dúvidas sobre crase, pontuação, concordância verbal e nominal. É grande também a confusão causada pelas novas regras do Acordo Ortográfico - explica Vanessa Prata, professora da Companhia de Idiomas.
Dificuldades Já Vera Bianchini, da Fisk, afirma que, na escola, há pessoas que se antecipam e decidem fazer o curso espontaneamente. Há outras que só tomam consciência de suas dificuldades quando passam por uma experiência negativa e comprometem sua imagem ao não conseguir se expressar adequadamente.
Para Maria Helena da Nóbrega, da USP, embora a divulgação de questões idiomáticas ainda esteja restrita à gramática normativa, analisada só como manual de etiqueta para situações formais de uso da língua, as maiores dificuldades situam-se na organização textual: falta de clareza, coesão e coerência, impossibilidade de defender a posição com argumentação convincente.
- Tropeços redacionais revelam pouca familiaridade com a estrutura do texto escrito e no geral decorrem de pouca leitura. Afinal, como se aprende a escrever? Tudo indica que a leitura é uma fonte que não pode ser desprezada: ler, ler, ler. Além disso, praticar a escrita é importante. Finalmente, exercitar o que escritores experientes nos ensinam: escrever é reescrever. Sem releitura atenta há grande chance de insucesso na produção textual - conclui.
Erro 1 - Falta de clareza
Clareza é a qualidade essencial do texto, principalmente o informativo, seja comunicado, relatório, carta, e-mail. Claro é o texto cuja mensagem pode ser apreendida sem dificuldade pelo leitor comum. Sempre se deve levar em conta o destinatário da mensagem e o nível de informação dele: diretor, acionista, subordinado. Obtém-se em geral a clareza por meio da disposição das orações em ordem direta, sempre que possível: sujeito, verbo e complementos, nessa ordem. Devem-se evitar orações intercaladas, mais ainda se longas, e palavras técnicas, a não ser as essenciais, cujo significado deve ser esclarecido se necessário. Nem por isso o texto deve deslizar para o primarismo.
Erro 2 - Prolixidade
No texto empresarial, a linguagem não pode ser obstáculo para a fluência da mensagem; tem de ser veículo. Mas não pode ser encaroçada, dura, cheia de orações intercaladas e ordens inversas. Deve ser correta, clara, fluente, precisa, objetiva, concisa, sem repetição de palavras e, se possível, elegante, harmoniosa, sem ecos, cacófatos e asperezas.
Erro 3 - Queísmo
"Que" tem muitas funções morfológicas e sintáticas, mas mesmo autores cuidadosos evitam usá-lo na mesma frase, pois o excesso de "quês" tende a tornar o texto duro e desarmonioso. Quando se atravessa um texto com muitos "quês" tem-se a impressão de rodar numa carroça em paralelepípedos desalinhados.
Erro 4 - Gerundismo
É um estranho encadeamento de verbos: "Vamos estar mandando isso na semana que vem" é algo que deveria ser traduzido como "mandaremos ou vamos mandar...". Em geral a gerundite se compõe de um verbo qualquer no presente do indicativo, c om frequência "ir" (vou ou vamos), seguido de "estar" no infinitivo - e do gerúndio. Há quem diga que, pela imprecisão da fórmula, representa um modo talvez inconsciente do falante de não se comprometer. Por enquanto, concentra-se na fala. Mas já se notam sinais da praga em escritos de toda espécie. Nestes exemplos, a forma conveniente aparece entre parênteses: "Vou estar transferindo o senhor para o vendedor." (Vou transferir.) "Ninguém sabe quando ele vai estar voltando." (Vai voltar, voltará.) "Vamos estar marcando aquela reunião..." (Vamos marcar.) "Vou poder estar passando..." (Vou passar, posso passar.)
Erro 5 - Tropeços ao usar a crase
O "à" acentuado consiste na fusão ou contração de um "a" com outro. O primeiro "a" é uma preposição, palavra que serve para relacionar duas outras. O segundo "a" pode ser o artigo definido feminino "a" ou o pronome feminino "a" ou o "a" inicial dos demonstrativos aquele, aquela, aquilo. Exemplos de palavras que exigem a preposição "a": Obedecer a: obedece à mulher. Dedicação a: dedicação à mulher. Útil a: útil à mulher. Ele foi a redação. ou Ele foi à redação? Na dúvida, troca-se a palavra feminina diante do "a" por equivalente masculino. Ele foi ao escritório. Portanto: Ele foi à redação. Com horas determinadas: Morreu às duas horas. À moda de: Gosta de buchada à FHC. Em locuções adverbiais, conjuntivas e prepositivas com palavras femininas: às vezes, à moda de, à espera, à medida que, à custa de, à prova de etc.
Acento jamais: Antes de palavras masculinas: Vai a São Paulo. Em "a" seguido de plural: Ela não vai a missas. Antes de verbos: A partir de hoje, irei ao clube. Antes de pronomes de tratamento: Disse a Vossa Senhoria. Recorri a ela.
Erro 6 - Falta de concordância de verbo antes do sujeito
A forma adequada está entre parênteses: "Chama-me a atenção os desdobramentos..." (Chamam-me ... os) "Falta dez minutos para terminar a sessão."(Faltam dez) "Basta alguns votos para concluir a contagem." (Bastam alguns votos) "Existe, que se saiba, bons motivos..." (Existem ... bons motivos) O verbo concorda com o sujeito, mesmo posposto.
Erro7 - Problemas de regência
Não: O Senador entrou e saiu do Congresso rapidamente. Entrar em, sair de. Sim: O senador entrou no Congresso e saiu rapidamente. Não: Olhei e simpatizei com Raimunda. "Olhar" é verbo transitivo direto, rejeita preposição. "Simpatizar" é transitivo indireto, exige preposição. Sim: Olhei Raimunda e simpatizei com ela. Não: Assisti e gostei do jogo. Assistir ao jogo. Gostar do jogo. Sim: Assisti ao jogo e gostei dele. Melhor: Gostei do jogo. (Se gostou é porque viu.) Há quem defenda a mistura de regências porque o resultado é sintético. Mas o texto informativo deve evitar usos polêmicos.
Erro 8 - Dificuldade com "haver"
Costuma-se confundir a concordância de "existir" com a de "haver". "Haver" é impessoal e fica na 3ª pessoa quando significa "existir": há seguros, há bons motivos. "Haver" impessoal: Com sentido de existir, ocorrer, decorrer, fazer (tempo), haver é usado como impessoal e na 3ª pessoa do singular. Também fica na 3ª pessoa do singular o auxiliar do haver impessoal. Há bons redatores na editora. Com a queda das bolsas, houve pessoas que se mataram.É preciso que haja roupas para todos.
Se o ponto de referência é uma data passada, e não hoje, deve-se usar o pretérito imperfeito (havia) e não o presente (há). A troca por "fazer" torna clara a necessidade de correspondência de tempos passados: Lenise estava naquela escola fazia (não "faz") dez meses.
Erro 9 - Mau uso do "fazer" para indicar tempo
"Fazer" é pessoal em seu sentido próprio, com sujeito e complementos. Ela fez tudo.Eles fazem anos no mesmo dia. É impessoal quando: a) expressa tempo decorrido (forma correta entre parênteses): "Fazem dez anos que a conheci." (Faz dez anos) "Vão fazer três anos que o governo ..." (Vai fazer) Quando se expressa tempo decorrido, usa-se "fazer", sem sujeito, na 3ª pessoa do singular. O auxiliar de "fazer" também fica no singular. b) expressa fenômeno climático: Faz calor. Fazia muito frio.
Erro 10 - Dúvidas de ortografia
Quando se fala em norma culta a que o texto deve ser subordinado, fala-se em concordância, regência, colocação pronominal e ortografia. Estará desqualificado um texto em que aparecerem coisas como "Homem que é homem gostam de mulher", "Eles vão ir a Brasília amanhã", "Chamarei-a de musa", "O Brasil é nós", "caxorro", "trânzito", "gazolina", "obceção" e outras barbaridades.
Erro 11 - Escrever como fala
Comunicação escrita e oral são muito diferentes. A linguagem escrita tem de ser mais elaborada, mais clara, mais definida, mais contida do que a oral. Ela não conta com os
recursos do gesto, do tom, da mímica, das pausas, das repetições comuns à linguagem oral, é claro. Claro também que quem fala tem o ouvinte à frente e se dirige a um público definido num contexto determinado. Por tudo isso não se deve escrever como se fala, com as repetições e as ênfases naturais à expressão oral. Pelo menos do ponto de vista da norma culta. O fato é que escrever e falar bem e agradar ao público ou destinatário certo constituem quase sempre um trabalho difícil, que exige empenho permanente.
Erro 12 - Má colocação de pronomes
Uma das falhas mais comuns no texto é a má colocação dos pronomes oblíquos. Nos exemplos seguintes, a boa colocação aparece entre parênteses. "Não ficarão órfãs porque deixei-as já adultas..." (porque as deixei) "... quando transferiu-se para..." ( quando se transferiu) "... havia formado-se..." (havia-se formado ou havia se formado) "... há os que acham que deve-se implantar..". (que se deve) "... chamarei-a de a descoberta da..." (chamá-la-ei [evitar] ou a chamarei) "... como manda-o..." (como o manda) "... assim é que nós colocamos-lhe..." (que nós lhe colocamos) Nesses casos, os pronomes oblíquos átonos são atraídos na oração para antes do verbo por palavras negativas e advérbios (não, nem, ainda, bastante, talvez, tanto...); conjunções (quando, enquanto, se...); pronomes relativos (que, quem, cujo...); pronomes pessoais (eu, tu...) em muitos casos. Nada muito rígido. O bom ouvido pode resolver.
Jamais o pronome vem depois de verbos no particípio passado (formado,partido), no futuro do indicativo (caberá) ou do futuro do pretérito, o velho condicional (caberia). Nos casos em que não houver atração, será "havia-se formado", "caber-lhe-ia".
Erro 13 - Infinitivo flexionado?
Convém limitar a flexão do infinitivo aos casos em que for importante identificar o sujeito a que se refere. Mas não se flexiona o infinitivo quando:
1 forma locução verbal (dois verbos funcionando como um; o verbo auxiliar - grifado - já indica o plural): Estavam impedidos de estender a ajuda a todos. (Não: "estenderem".)
2 o sujeito é o mesmo da oração principal: Alguns políticos acham que têm direito de enganar. (Não: "enganarem").
3 a oração infinitiva completa o sentido de substantivo e adjetivo - grifados - (o sujeito também é o mesmo): Não tiveram tempo de terminar a prova. (Não: "terminarem.")
4 o infinitivo depender dos verbos deixar, fazer, mandar, ouvir, sentir e ver - e tiver por sujeito um pronome oblíquo (o, a, os, as): Deixei-os esperar. Sentiu-as puxar-lhe a perna.
Flexiona-se o infinitivo quando ele tiver sujeito próprio, diferente do sujeito da oração principal, ou quando for preciso deixar claro tal sujeito: Era comum deitarem-se na mesma cama três pessoas. Lula disse existirem grandes problemas no país.
Erro 14 - Problemas de pontuação, principalmente da vírgula
É comum encontrar o sujeito separado do verbo, ou o verbo separado do complemento, pelo uso de vírgula. Duas normas são essenciais:
1 Jamais se separa o sujeito da predicado (verbo), mesmo que ambos estejam distantes. "Todos os empregados que precisem viajar para fora do país, devem comparecer ao serviço de medicina..." A vírgula depois de "país" separa o sujeito (empregados) de seu verbo (devem comparecer). 2 Jamais se separa o verbo de seus complementos. Mesmo que o verbo esteja longe deles. "A Bolsa do Rio garantia, a bancos e corretoras, o pagamento da compra de
ações feita..." "A bancos e corretoras" é objeto indireto; não pode aparecer entre vírgulas. Separam-se por vírgulas orações intercaladas ou adjuntos adverbiais deslocados, no começo da frase (deslocados porque a ordem natural dos adjuntos é no fim da frase). O presidente, enquanto viajou, foi informado de tudo. Enquanto viajou, o presidente foi informado de tudo.
Erro 15 - Falta de revisão do que escreve
A leitura e a releitura do texto são fundamentais para evitar a divulgação de impropriedades, incoerências e repetições. A revisão contribui para obter a concisão, essencial no texto preciso e enxuto, expurgado de palavras desnecessárias, principalmente adjetivos e advérbios. A revisão é sobretudo um recurso para adequar o texto à norma culta, sempre com cuidado para preservar as informações fundamentais. Se as pessoas fizessem uma rápida leitura do que escrevem, eliminariam vários dos problemas detectados. Muitas pessoas têm bom português, mas fazem tudo com um senso de urgência que nem sempre se justifica. Acabam enviando mensagens com erros de digitação e de gramática.
Texto adaptado de: http://revistalingua.uol.com.br/textos/63/artigo249013-1.asp. Acessado em 01/11/2011
Se atentarmos para o texto 5, veremos que ele progride tematicamente. O
autor o faz por meio da organização das informações em encadeamentos que podem
ser marcados pelo uso de palavras ou expressões conectivas. Vejamos alguns
exemplos:
Exemplo Comentário
- Embora algumas atuações exijam uma produção oral ou escrita mais frequente, como docência e advocacia, muitos profissionais precisam escrever relatório, carta, comunicado, circular.
O conectivo embora introduz a ideia 1 que será questionada pela ideia 2, estabelecendo o sentido de oposição.
Ideia 1: Embora algumas atuações exijam uma produção oral ou escrita mais frequente, como docência e advocacia,
Ideia 2: (que contrasta à ideia 1): muitos profissionais precisam escrever relatório, carta, comunicado, circular.
Outros conectivos que estabelecem oposição de ideias ou contrajunção: mas, apesar de, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto, posto que.
- A gramática é explicada de modo contextualizado dentro do panorama profissional para que os alunos pratiquem a língua culta oralmente e, desse modo, tornem-se mais confiantes ao se
O conectivo além disso agrega uma informação ao conjunto das informações já apresentadas.
Informação apresentada 1: A gramática
expressarem. Além disso, exercícios de leitura e de vocabulário possibilitam a expansão do conhecimento lexical dos alunos, contribuindo para o desenvolvimento da habilidade de escrita deles.
é explicada de modo contextualizado dentro do panorama profissional para que os alunos pratiquem a língua culta oralmente e, desse modo, tornem-se mais confiantes ao se expressarem
Informação agregada 2: Além disso, exercícios de leitura e de vocabulário possibilitam a expansão do conhecimento lexical dos alunos, contribuindo para o desenvolvimento da habilidade de escrita deles
Outros conectivos que tem o papel de adicionar informações ao fluxo do texto: não só, como também, e.
Quando a solicitação vem da direção ou do RH da empresa, muitos alunos não querem dispor do tempo que têm para estudar português.
Muitos conectivos têm o papel de organizar as informações do ponto de vista temporal. O conectivo quando estabelece o sentido de “no momento em que”.
Outros conectivos com função de temporalidade: Assim que, antes de, logo que, durante, no momento em que, enquanto, à proporção que.
Há muitos alunos que não gostam de estudar gramática. Por isso, é importante explicar tudo com clareza e envolver a equipe que precisa desse tipo de treinamento para que comprem a ideia [...]
O conectivo por isso tem o papel de concluir uma argumentação.
Argumento 1: Há muitos alunos que não gostam de estudar gramática.
Conclusão: Por isso, é importante explicar tudo com clareza e envolver a equipe que precisa desse tipo de treinamento para que comprem a ideia.
Outros conectivos que apresentam função de estabelecer conclusão: logo, portanto, destarte, assim sendo, assim, dessa forma, sendo assim, desse modo.
As aulas são focadas nas necessidades do aluno. Se o aluno quiser melhorar sua comunicação oral, o foco maior das aulas será para esta habilidade. Caso o desafio seja a comunicação escrita, ele deverá fazer exercícios extraclasse.
Os conectivos se e caso expressam a ideia de condicionalidade.
Outros conectivos que expressam condição: desde que, contanto que, a menos que.
Os conectivos vistos e muitos outros colaboram para o encadeamento das
ideias no texto, a esse encadeamento denominamos coesão sequencial. A coesão
sequencial relaciona as partes do texto, utilizando um conjunto de termos, conhecidos
como organizadores textuais ou conectivos. Alguns deles dão indicação de espaço,
de tempo, de oposição entre orações, explicação, causa, entre outros.
Para saber mais sobre os variados papéis que os organizadores textuais/conectivos assumem na composição do texto, leia o capítulo 8 do livro Ler e compreender, de Ingedore Koch e Vanda Elias. Acesse o livro no site da nossa biblioteca virtual: http://www.uniceub.br/Biblioteca
Produção textual
Vimos que a carta de leitor é um instrumento utilizado para o leitor expressar
sua opinião acerca de alguma matéria ou do tratamento dado a algum tema no meio
jornalístico. Ela serve como um índice de avaliação da receptividade das matérias
publicadas.
Sua tarefa agora é elaborar uma carta de leitor em dois parágrafos, tomando
como base a publicação da reportagem “Carreira nas alturas” publicada na revista
Língua Portuguesa. Lembre-se de endereçar sua carta ao editor da revista.
Sugestão de leitura