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LIVRO
DE LEIS
Salvador, 3 de abril de 2017.
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ÍNDICE
A) LEGISLAÇÃO FEDERAL
I – DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS ATÉ A EC N° 1/1969. ........................................ 5
II - LEI Nº 4.504/1964 (Estatuto da Terra) ............................................................................. 19
III – LEI Nº 6.383/1976 (Discriminatória de Terras Devolutas da
União) 54
IV – CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988 ............................................................................... 60
V - LEI 11.326/2006 (Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos
Familiares Rurais) ..................................................................................................................... 64
VI - LEI Nº 11.446/2007 (Altera a Lei no 4.504/1964) ............................................................. 67
VII - LEI Nº 11.952/2009 (Reg. fundiária. União. Amazônia Legal ..................................... 68
VIII - LEI 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial) ......................................................... 80
B) LEGISLAÇÃO ESTADUAL
I – LEI Nº 3.038/1972 (Lei de Terras Públicas)....................................................................... 94
II – LEI Nº 3.442/1975 (Altera a Lei nº 3.038/1972) ............................................................. 101
III – LEI Nº 3.635/1978 (Transforma o Instituto de Terras da Bahia em Autarquia e dá
outras providências) ................................................................................................................ 103
IV – LEI Nº 3.804/1980 (Altera a Lei 3.635/1978)................................................................. 105
V - LEI Nº 3.855/1980 (Altera a Lei n° 3.442/1975) .............................................................. 106
VI – CONSTITUIÇÃO ESTADUAL, 1989 (Arts. 171 a 195) ............................................. 107
VII – LEI Nº 12.212/2011 (Modifica a estrutura organizacional e de cargos em comissão
da Administração Pública do Poder Executivo
Estadual) .................................................................................................................................. 111
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VIII - LEI Nº 12.910/2013 (Regularização fundiária de terras públicas estaduais, rurais e
devolutas, ocupadas tradicionalmente por Comunidades Remanescentes de Quilombos e
por Fundos de Pastos ou Fechos de Pastos e dá outras
providências) ............................................................................................................................ 151
C) DECRETO FEDERAL
I - Nº 4.887/2003 (Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento,
delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das
comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do
ADCT) ...................................................................................................................................... 154
II - N° 6.040/2007 (Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais. .................................................................................................... 159
III – Nº 6.992/2009. Regulamenta a Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009, para dispor
sobre a regularização fundiária das áreas rurais situadas em terras da União, no âmbito
da Amazônia Legal, definida pela Lei Complementar nº 124, de 3 de janeiro de 2007, e dá
outras providências. ................................................................................................................ 164
D) DECRETO ESTADUAL
I – Nº 11.850/2009 (Institui a Política Estadual para Comunidades Remanescentes de
Quilombos e dispõe sobre a identificação, delimitação e titulação das terras devolutas do
Estado da Bahia por essas comunidades, de que tratam o art. 51 do ADCT da Constituição
do Estado da Bahia de 1989) ...................................................................................................174
II – Nº 13.247/2011 (Comissão Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades
Tradicionais – CESPCT) ........................................................................................................ 179
III – Nº 13.914/2012. Altera o Regulamento de Terras Públicas do Estado da Bahia,
aprovado pelo Decreto no 23.401, de 13 de abril de 1973, e dá outras providências. 187
E) PORTARIA
I - PORTARIA Nº 98/ 2007. FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES ............................. 189
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II - PORTARIA Nº 007/ 2014. SEPROMI ............................................................................ 191
F) INSTRUÇÃO NORMATIVA
I – IN Nº 001/2012 - SEAGRI/PGE ........................................................................................ 195
II – IN Nº 71/2012 – INCRA ................................................................................................... 204
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CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRASIL, DE 25 DE MARÇO DE 1824.
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis e Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que tem por
base a liberdade, a segurança individual e a propriedade, é garantida pela Constituição do
Império, pela maneira seguinte.
XXII – É garantido o Direito de Propriedade em toda a sua plenitude. Se o bem público
legalmente verificado exigir o uso e emprego da Propriedade do Cidadão, será ele previamente
indenizado do valor dela. A Lei marcará os casos em que terá que lograr esta única exceção, e
dará as regras para se determinar a indenização.
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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, DE 24 DE
FEVEREIRO DE 1891.
Art. 64. Pertencem aos Estados as minas e terras devolutas situadas nos seus respectivos
territórios, cabendo à União somente a porção do território que for indispensável para a defesa
das fronteiras, fortificações, construções militares e estradas de ferro federais.
Parágrafo único. Os próprios nacionais, que não forem necessários para o serviço da União,
passarão ao domínio dos Estados, em cujo território estiverem situados.
Art. 72. A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade,
nos termos seguintes:
§ 17. O direito de propriedade mantém-se em toda a sua plenitude, salva a desapropriação por
necessidade ou utilidade pública, mediante indenização prévia. As minas pertencem aos
proprietários do solo, salvas as limitações que forem estabelecidas por lei a bem da exploração
deste ramo de indústria.
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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, DE 16 DE
JULHO DE 1934.
Art. 20. São do domínio da União:
I – os bens que a esta pertencem, nos termos das leis atualmente em vigor;
II – os lagos e quaisquer correntes em terrenos do seu domínio ou que banhem mais de um
Estado, sirvam de limites com outros países ou se estendam a território estrangeiro;
III – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas fronteiriças.
Art. 21. São do domínio dos Estados:
I – os bens da propriedade destes pela legislação atualmente em vigor, com as restrições do
artigo antecedente;
II – as margens dos rios e lagos navegáveis, destinadas ao uso público, se por algum título não
forem do domínio federal, municipal ou particular.
Art. 113. A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à subsistência, à segurança individual e à
propriedade, nos termos seguintes:
3) A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
17) É garantido o direito de propriedade, que não poderá ser exercido contra o interesse social
ou coletivo, na forma que a lei determinar. A desapropriação por necessidade ou utilidade
pública far-se-á nos termos da lei, mediante prévia e justa indenização. Em caso de perigo
iminente, como guerra ou comoção intestina, poderão as autoridades competentes usar da
propriedade particular até onde o bem público o exija, ressalvado o direito à indenização
ulterior.
Art. 125. Todo brasileiro que, não sendo proprietário rural ou urbano, ocupar, por dez anos
contínuos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, um trecho de terra até dez
hectares, tornando-o produtivo por seu trabalho e tendo nele a sua morada, adquirirá o domínio
do solo, mediante sentença declaratória devidamente transcrita.
Art. 126. Serão reduzidos de cinqüenta por cento os impostos que recaiam sobre imóvel rural,
de área não superior a cinqüenta hectares e de valor até dez contos de réis, instituído em bem de
família.
Art. 129. Será respeitada a posse de terras de silvícolas que nelas se achem permanentemente
localizados, sendo-lhes, no entanto, vedado aliená-las.
Art. 130. Nenhuma concessão de terras de superfície, superior a dez mil hectares, poderá ser
feita sem que, para cada caso, preceda autorização do Senado Federal.
Art. 166. Dentro de uma faixa de cem quilômetros ao longo das fronteiras, nenhuma concessão
de terras ou de vias de comunicação e a abertura destas se efetuarão sem audiência do Conselho
Superior da Segurança Nacional, estabelecendo este o predomínio de capitais e trabalhadores
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nacionais e determinando as ligações interiores necessárias à defesa das zonas servidas pelas
estradas de penetração.
§ 3º O Poder Executivo, tendo em vista as necessidades de ordem sanitária, aduaneira e da
defesa nacional, regulamentará a utilização das terras públicas, em região de fronteira, pela
União e pelos Estados, ficando subordinada à aprovação do Poder Legislativo a sua alienação.
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CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, DE 10 DE NOVEMBRO DE
1937.
Art. 36. São do domínio federal:
a) os bens que pertencerem à União nos termos das leis atualmente em vigor;
b) os lagos e quaisquer correntes em terrenos do seu domínio ou que banhem mais de um
Estado, sirvam de limites com outros países ou se estendam a territórios estrangeiros;
c) as ilhas fluviais e lacustres nas zonas fronteiriças.
Art. 37. São do domínio dos Estados:
a) os bens de propriedade destes, nos termos da legislação em vigor, com as restrições do artigo
antecedente;
b) as margens dos rios e lagos navegáveis destinadas ao uso público, se por algum título não
forem do domínio federal, municipal ou particular.
Art. 122. A Constituição assegura aos brasileiros e estrangeiros residentes no País o direito à
liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes:
14) O direito de propriedade, salvo a desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
mediante indenização prévia. O seu conteúdo e os seus limites serão os definidos nas leis que
lhe regularem o exercício.
Art. 148. Todo brasileiro que, não sendo proprietário rural ou urbano, ocupar, por dez anos
contínuos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, um trecho de terra até dez
hectares, tornando-o produtivo com o seu trabalho e tendo nele a sua morada, adquirirá o
domínio, mediante sentença declaratória devidamente transcrita.
Art. 155. Nenhuma concessão de terras, de área superior a dez mil hectares, poderá ser feita
sem que, em cada caso, preceda autorização do Conselho Federal.
Art. 165. Dentro de uma faixa de cento e cinqüenta quilômetros ao longo das fronteiras,
nenhuma concessão de terras ou de vias de comunicação poderá efetivar-se sem audiência do
Conselho Superior de Segurança Nacional, e a lei providenciará para que nas indústrias situadas
no interior da referida faixa predominem os capitais e trabalhadores de origem nacional.
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CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, DE 18 DE SETEMBRO DE
1946.
Art. 34. Incluem-se entre os bens da União:
I – os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos do seu domínio ou que banhem mais de
um Estado, sirvam de limite com outros países ou se estendam a território estrangeiro, e bem
assim as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países;
II – a porção de terras devolutas indispensável à defesa das fronteiras, às fortificações,
construções militares e estradas de ferro.
Art. 35. Incluem-se entre os bens do Estado os lagos e rios em terrenos do seu domínio e os que
têm nascente e foz no território estadual.
Art. 141. A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, a segurança individual e à
propriedade, nos termos seguintes:
§ 3º A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
§ 16. É garantido o direito de propriedade, salvo o caso de desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro. Em
caso de perigo iminente, como guerra ou comoção intestina, as autoridades competentes
poderão usar da propriedade particular, se assim o exigir o bem público, ficando, todavia,
assegurado o direito à indenização ulterior.
Art. 147. O uso da propriedade será condicionado ao bem-estar social. A lei poderá, com
observância do disposto no art. 141, § 16, promover a justa distribuição da propriedade, com
igual oportunidade para todos.
Art. 156. A lei facilitará a fixação do homem no campo, estabelecendo planos de colonização e
de aproveitamento das terras públicas. Para esse fim, serão preferidos os nacionais e, dentre
eles, os habitantes das zonas empobrecidas e os desempregados.
§ 1º Os Estados assegurarão aos posseiros de terras devolutas, que nelas tenham morada
habitual, preferência para aquisição até vinte e cinco hectares.
§ 2º Sem prévia autorização do Senado Federal, não se fará qualquer alienação ou concessão de
terras públicas com área superior a dez mil hectares.
§ 3º Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, ocupar, por dez anos
ininterruptos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, trecho de terra não superior
a vinte e cinco hectares, tornando-o produtivo por seu trabalho e tendo nele sua morada,
adquirir-lhe-á a propriedade, mediante sentença declaratória devidamente transcrita.
Art. 180. Nas zonas indispensáveis à defesa do País, não se permitirá, sem prévio assentimento
do Conselho de Segurança Nacional:
I – qualquer ato referente à concessão de terras, a abertura de vias de comunicação e a instalação
de meios de transmissão;
§ 1º A lei especificará as zonas indispensáveis à defesa nacional, regulará a sua utilização e
assegurará, nas indústrias nelas situadas, predominância de capitais e trabalhadores brasileiros.
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EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 10, DE 9 DE NOVEMBRO DE 1964. EMENDA À
CONSTITUIÇÃO DE 1946
Art. 1º A letra a do nº XV do art. 5º da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte
redação:
“Art. 5º Compete à União: XV – Legislar sobre: a) Direito Civil, Comercial, Penal, Processual,
Eleitoral, Aeronáutico, do Trabalho e Agrário”;
Art. 2º O art. 15 é acrescido do item e parágrafo seguintes: “Art. 15. Compete à União decretar
impostos sobre: VII – Propriedade territorial rural.
§ 9º O produto da arrecadação do imposto territorial rural será entregue, na forma da lei, pela
União aos Municípios onde estejam localizados os imóveis sobre os quais incida a tributação”.
Art. 3º O art. 29 da Constituição e o seu inciso I passam a ter a seguinte redação:
“Art. 29. Além da renda que lhes é atribuída por força dos §§ 2º, 4º, 5º e 9º do art. 15, e dos
impostos que, no todo ou em parte, lhes forem transferidos pelo Estado, pertencem aos
Municípios os impostos: I – Sobre propriedade territorial urbana”;
Art. 4º O § 16 do art. 141 da Constituição Federal passa a ter a seguinte redação: “§ 16. É
garantido o direito de propriedade salvo o caso de desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro, com a exceção
prevista no § 1º do art. 147. Em caso de perigo iminente, como guerra ou comoção intestina, as
autoridades competentes poderão usar da propriedade particular, se assim o exigir o bem
público, ficando, todavia, assegurado o direito a indenização ulterior”.
Art. 5º Ao art. 147 da Constituição Federal são acrescidos os parágrafos seguintes:
“§ 1º Para os fins previstos neste artigo, a União poderá promover desapropriação da
propriedade territorial rural, mediante pagamento da prévia e justa indenização em títulos
especiais da dívida pública, com cláusula de exata correção monetária, segundo índices fixados
pelo Conselho Nacional de Economia, resgatáveis no prazo máximo de vinte anos, em parcelas
anuais sucessivas, assegurada a sua aceitação a qualquer tempo, como meio de pagamento de
até cinqüenta por cento do Imposto Territorial Rural e como pagamento do preço de terras
públicas.
§ 2º A lei disporá sobre o volume anual ou periódico das emissões, bem como sobre as
características dos títulos, a taxa dos juros, o prazo e as condições de resgate.
§ 3º A desapropriação de que trata o § 1º é da competência exclusiva da União e limitar-se-á às
áreas incluídas nas zonas prioritárias, fixadas em decreto do Poder Executivo, só recaindo sobre
propriedades rurais cuja forma de exploração contrarie o disposto neste artigo, conforme for
definido em lei.
§ 4º A indenização em títulos somente se fará quando se tratar de latifúndio, como tal
conceituado em lei, excetuadas as benfeitorias necessárias e úteis, que serão sempre pagas em
dinheiro.
§ 5º Os planos que envolvem desapropriação para fins de reforma agrária serão aprovados por
decreto do Poder Executivo, e sua execução será da competência de órgãos colegiados,
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constituídos por brasileiros de notável saber e idoneidade, nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal.
§ 6º Nos casos de desapropriação, na forma do § 1º do presente artigo, os proprietários ficarão
isentos dos impostos federais, estaduais e municipais que incidam sobre a transferência da
propriedade desapropriada”.
Art. 6º Os §§ 1º, 2º e 3º do art. 156 da Constituição Federal passam a ter a seguinte redação:
“§ 1º Os Estados assegurarão aos posseiros de terras devolutas, que nelas tenham morada
habitual, preferência para aquisição até cem hectares.
§ 2º Sem prévia autorização do Senado Federal, não se fará qualquer alienação ou concessão de
terras públicas, com área superior a três mil hectares, salvo quando se tratar de execução de
planos de colonização aprovados pelo Governo Federal.
§ 3º Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, ocupar, por dez anos
ininterruptos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, trecho de terra que haja
tornado produtivo por seu trabalho e de sua família, adquirir-lhe-á a propriedade, mediante
sentença declaratória devidamente transcrita. A área, nunca excedente de cem hectares, deverá
ser caracterizada como suficiente para assegurar, ao lavrador e sua família, condições de
subsistência e progresso social e econômico, nas dimensões fixadas pela lei, segundo os
sistemas agrícolas regionais”.
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CONSTITUIÇÃO DO BRASIL, DE 24 DE JANEIRO DE 1967.
Art. 4º Incluem-se entre os bens da União:
I – a porção de terras devolutas indispensável à defesa nacional ou essencial ao seu
desenvolvimento econômico;
II – os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de
um Estado, que sirvam de limites com outros países ou se estendam a território estrangeiro, as
ilhas oceânicas, assim como as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países;
III – a plataforma submarina;
IV – as terras ocupadas pelos silvícolas;
V – os que atualmente lhe pertencem.
Art. 5º Incluem-se entre os bens dos Estados os lagos e rios em terrenos de seu domínio e os
que têm nascente e foz no território estadual, as ilhas fluviais e lacustres e as terras devolutas
não compreendidas no artigo anterior.
Art. 22. Compete à União decretar impostos sobre:
III – propriedade territorial, rural;
§ 1º O imposto territorial, de que trata o item III, não incidirá sobre glebas rurais de área não
excedente a vinte e cinco hectares, quando as cultive, só ou com sua família, o proprietário que
não possua outro imóvel.
Art. 91. Compete ao Conselho de Segurança Nacional:
II – nas áreas indispensáveis à segurança nacional, dar assentimento prévio para:
a) concessão de terras, abertura de vias de transporte e instalação de meios de comunicação;
III – modificar ou cassar as concessões ou autorizações referidas no item anterior.
Parágrafo único. A lei especificará as áreas indispensáveis à segurança nacional, regulará sua
utilização e assegurará, nas indústrias nelas situadas, predominância de capitais e trabalhadores
brasileiros.
Art. 150. A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
§ 3º A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
§ 22. É garantido o direito de propriedade, salvo o caso de desapropriação por necessidade ou
utilidade pública ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro,
ressalvado o disposto no art. 157, § 1º. Em caso de perigo público iminente, as autoridades
competentes poderão usar da propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização
ulterior.
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Art. 157. A ordem econômica tem por fim realizar a justiça social, com base nos seguintes
princípios:
III – função social da propriedade;
§ 1º Para os fins previstos neste artigo, a União poderá promover a desapropriação da
propriedade territorial rural, mediante pagamento de prévia e justa indenização em títulos
especiais da dívida pública, com cláusula de exata correção monetária, resgatáveis no prazo
máximo de vinte anos, em parcelas anuais sucessivas, assegurada a sua aceitação, a qualquer
tempo, como meio de pagamento de até cinqüenta por cento do imposto territorial rural e como
pagamento do preço de terras públicas.
§ 2º A lei disporá sobre o volume anual ou periódico das emissões, sobre as características dos
títulos, a taxa dos juros, o prazo e as condições de resgate.
§ 3º A desapropriação de que trata o § 1º é da competência exclusiva da União e limitar-se-á às
áreas incluídas nas zonas prioritárias, fixadas em decreto do Poder Executivo, só recaindo sobre
propriedades rurais cuja forma de exploração contrarie o disposto neste artigo, conforme for
definido em lei.
§ 4º A indenização em títulos somente se fará quando se tratar de latifúndio, como tal
conceituado em lei, excetuadas as benfeitorias necessárias e úteis, que serão sempre pagas em
dinheiro.
§ 5º Os planos que envolvem desapropriação para fins de reforma agrária serão aprovados por
decreto do Poder Executivo, e sua execução será da competência de órgãos colegiados,
constituídos por brasileiros, de notável saber e idoneidade, nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal.
§ 6º Nos casos de desapropriação, na forma do § 1º do presente artigo, os proprietários ficarão
isentos dos impostos federais, estaduais e municipais que incidam sobre a transferência da
propriedade desapropriada.
Art. 164. A lei federal disporá sobre as condições de legitimação da posse e de preferência à
aquisição de até cem hectares de terras públicas por aqueles que as tornarem produtivas com o
seu trabalho e de sua família.
Parágrafo único. Salvo para execução de planos de reforma agrária, não se fará, sem prévia
aprovação do Senado Federal, alienação ou concessão de terras públicas com área superior a
três mil hectares.
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ATO INSTITUCIONAL Nº 9, DE 25 DE ABRIL DE 1969, Deu nova redação ao art. 157 da
Constituição do Brasil de 1967, referente à desapropriação de terras para fins de reforma
agrária.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
CONSIDERANDO a motivação contida nos Preâmbulos dos Atos Institucionais nºs 5 e 6,
respectivamente, de 13 de dezembro de 1968 e 1º de fevereiro, de 1969;
CONSIDERANDO, ainda, que a Reforma Agrária, para a sua execução, reclama instrumentos
hábeis que implicam alterações de ordem constitucional, resolve editar o seguinte Ato
Institucional:
Art. 1º O § 1º do art. 157 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 157. § 1º Para os fins previstos neste artigo a União poderá promover a desapropriação da
propriedade territorial rural, mediante pagamento de justa indenização, fixada segundo os
critérios que a lei estabelecer, em títulos especiais da dívida pública, com cláusula de exata
correção monetária, resgatáveis no prazo máximo de vinte anos, em parcelas anuais sucessivas,
assegurada a sua aceitação, a qualquer tempo, como meio de pagamento de até cinqüenta por
cento do imposto territorial rural e como pagamento do preço de terras públicas.”
Art. 2º É substituído o § 5º do art. 157 da Constituição Federal pelo seguinte:
“§ 5º O Presidente da República poderá delegar as atribuições para desapropriação de imóveis
rurais, por interesse social, sendo-lhe privativa a declaração de zonas prioritárias.”
Art. 3º Revoga-se o § 11 do art. 157 da Constituição Federal.
Art. 4º Este Ato Institucional entra em vigor nesta data, revogadas as disposições em contrário.
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EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 1, DE 17 DE OUTUBRO DE 1969, Deu nova redação
à Constituição da República Federativa do Brasil de 1967.
Art. 4º Incluem-se entre os bens da União:
I – a porção de terras devolutas indispensável à segurança e ao desenvolvimento nacionais;
II – os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de
um Estado, constituam limite com outros países ou se estendam a território estrangeiro; as ilhas
oceânicas, assim como as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países;
III – a plataforma continental;
IV – as terras ocupadas pelos silvícolas;
V – os que atualmente lhe pertencem; e
VI – o mar territorial.
Art. 5º Incluem-se entre os bens dos Estados os lagos em terrenos de seu domínio, bem como os
rios que neles têm nascente e foz, as ilhas fluviais e lacustres e as terras devolutas não
compreendidas no artigo anterior.
Art. 89. Ao Conselho de Segurança Nacional compete:
III – indicar as áreas indispensáveis à segurança nacional e os municípios considerados de seu
interesse;
IV – dar, em relação às áreas indispensáveis à segurança nacional, assentimento prévio para:
a) concessão de terras, abertura de vias de transporte e instalação de meios de comunicação;
V – modificar ou cassar as concessões ou autorizações mencionadas no item anterior;
Art. 153. A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
§ 3º A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
§ 22. É assegurado o direito de propriedade, salvo o caso de desapropriação por necessidade ou
utilidade pública ou interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro,
ressalvado o disposto no artigo 161, facultando-se ao expropriado aceitar o pagamento em título
de dívida pública, com cláusula de exata correção monetária. Em caso de perigo público
iminente, as autoridades competentes poderão usar da propriedade particular, assegurada ao
proprietário indenização ulterior.
§ 34. A lei disporá sobre a aquisição da propriedade rural por brasileiro e estrangeiro residente
no país, assim como por pessoa natural ou jurídica, estabelecendo condições, restrições,
limitações e demais exigências, para a defesa da integridade do território, a segurança do Estado
e justa distribuição da propriedade.
Art. 160. A ordem econômica e social tem por fim realizar o desenvolvimento nacional e a
justiça social, com base nos seguintes princípios:
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I – liberdade de iniciativa;
II – valorização do trabalho como condição da dignidade humana;
III – função social da propriedade;
IV – harmonia e solidariedade entre as categorias sociais de produção;
V – repressão ao abuso do poder econômico, caracterizado pelo domínio dos mercados, a
eliminação da concorrência e o aumento arbitrário dos lucros; e
VI – expansão das oportunidades de emprego produtivo.
Art. 161. A União poderá promover a desapropriação da propriedade territorial rural, mediante
pagamento de justa indenização, fixada segundo os critérios que a lei estabelecer, em títulos
especiais da dívida pública, com cláusula de exata correção monetária, resgatáveis no prazo de
vinte anos, em parcelas anuais sucessivas, assegurada a sua aceitação, a qualquer tempo, como
meio de pagamento até cinqüenta por cento do imposto territorial rural e como pagamento do
preço de terras públicas.
§ 1º A lei disporá sobre volume anual ou periódico das emissões dos títulos, suas características,
taxas dos juros, prazo e condições do resgate.
§ 2º A desapropriação de que trata este artigo é da competência exclusiva da União e limitar-se-
á às áreas incluídas nas zonas prioritárias, fixadas em decreto do Poder Executivo, só recaindo
sobre propriedades rurais cuja forma de exploração contrarie o acima disposto, conforme for
estabelecido em lei.
§ 3º A indenização em títulos somente será feita quando se tratar de latifúndio, como tal
conceituado em lei, excetuadas as benfeitorias necessárias e úteis, que serão sempre pagas em
dinheiro.
§ 4º O PRESIDENTE DA REPÚBLICA poderá delegar as atribuições para a desapropriação
de imóveis rurais por interesse social, sendo-lhe privativa a declaração de zonas prioritárias.
§ 5º Os proprietários ficarão isentos dos impostos federais, estaduais e municipais que incidam
sobre a transferência da propriedade sujeita a desapropriação na forma deste artigo.
Art. 171. A lei federal disporá sobre as condições de legitimação da posse e de preferência para
aquisição, até cem hectares, de terras públicas por aqueles que as tornarem produtivas com o seu
trabalho e o de sua família.
Parágrafo único. Salvo para execução de planos de reforma agrária, não se fará, sem prévia
aprovação do Senado Federal, alienação ou concessão de terras públicas com área superior a
três mil hectares.
Art. 172. A lei regulará, mediante prévio levantamento ecológico, o aproveitamento agrícola de
terras sujeitas a intempéries e calamidades. O mau uso da terra impedirá o proprietário de
receber incentivos e auxílios do Governo.
Art. 198. As terras habitadas pelos silvícolas são inalienáveis nos termos que a lei federal
determinar, a eles cabendo a sua posse permanente e ficando reconhecido o seu direito ao
usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades nelas existentes.
18
§ 1º Ficam declaradas a nulidade e a extinção dos efeitos jurídicos de qualquer natureza que
tenham por objeto o domínio, a posse ou a ocupação de terras habitadas pelos silvícolas.
§ 2º A nulidade e extinção de que trata o parágrafo anterior não dão aos ocupantes direito a
qualquer ação ou indenização contra a União e a Fundação Nacional do Índio.
19
LEI Nº 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá
outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO I
PRINCÍPIOS E DEFINIÇÕES
Art. 1º Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.
§ 1º Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor
distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos
princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.
§ 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à propriedade da
terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias,
seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo de
industrialização do País.
Art. 2º É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.
§ 1º A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando,
simultaneamente:
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de
suas famílias;
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; c) assegura a conservação dos recursos naturais;
d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a
possuem e a cultivam.
§ 2º É dever do Poder Público: a) promover e criar as condições de acesso do trabalhador rural à propriedade da terra
economicamente útil, de preferência nas regiões onde habita, ou, quando as circunstâncias
regionais o aconselhem em zonas previamente ajustadas na forma do disposto na
regulamentação desta Lei;
b) zelar para que a propriedade da terra desempenhe sua função social, estimulando planos para
a sua racional utilização, promovendo a justa remuneração e o acesso do trabalhador aos
benefícios do aumento da produtividade e ao bem-estar coletivo.
§ 3º A todo agricultor assiste o direito de permanecer na terra que cultive, dentro dos termos e
limitações desta Lei, observadas sempre que for o caso, as normas dos contratos de trabalho.
§ 4º É assegurado às populações indígenas o direito à posse das terras que ocupam ou que lhes
sejam atribuídas de acordo com a legislação especial que disciplina o regime tutelar a que estão
sujeitas.
Art. 3º O Poder Público reconhece às entidades privadas, nacionais ou estrangeiras, o direito à
propriedade da terra em condomínio, quer sob a forma de cooperativas, quer como sociedades
abertas constituídas na forma da legislação em vigor.
Parágrafo único. Os estatutos das cooperativas e demais sociedades, que se organizarem na
forma prevista neste artigo, deverão ser aprovados pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária
(IBRA) que estabelecerá condições mínimas para a democratização dessas sociedades.
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se:
20
I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se
destine à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de planos
públicos de valorização, quer através de iniciativa privada;
II - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor
e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso
social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e
eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;
III - "Módulo Rural", a área fixada nos termos do inciso anterior; IV - "Minifúndio", o imóvel rural de área e possibilidade inferiores às da propriedade familiar;
V - "Latifúndio", o imóvel rural que:
a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b, desta Lei, tendo-se
em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine;
b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão
do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas,
econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente
explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;
VI - "Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico
...VETADO... da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel
segundo padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim,
equiparam-se às áreas cultivadas as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas
com benfeitorias;
VII - "Parceleiro", aquele que venha a adquirir lotes ou parcelas em área destinada à Reforma
Agrária ou à colonização pública ou privada;
VIII - "Cooperativa Integral de Reforma Agrária (CIRA)", toda sociedade cooperativista mista,
de natureza civil, ...VETADO... criada nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, contando
temporariamente com a contribuição financeira e técnica do Poder Público, através do Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária, com a finalidade de industrializar, beneficiar, preparar e
padronizar a produção agropecuária, bem como realizar os demais objetivos previstos na
legislação vigente;
IX - "Colonização", toda a atividade oficial ou particular, que se destine a promover o
aproveitamento econômico da terra, pela sua divisão em propriedade familiar ou através de
Cooperativas ...VETADO...
Parágrafo único. Não se considera latifúndio:
a) o imóvel rural, qualquer que seja a sua dimensão, cujas características recomendem, sob o
ponto de vista técnico e econômico, a exploração florestal racionalmente realizada, mediante
planejamento adequado;
b) o imóvel rural, ainda que de domínio particular, cujo objetivo de preservação florestal ou de
outros recursos naturais haja sido reconhecido para fins de tombamento, pelo órgão competente
da administração pública.
Art. 5º A dimensão da área dos módulos de propriedade rural será fixada para cada zona de
características econômicas e ecológicas homogêneas, distintamente, por tipos de exploração
rural que nela possam ocorrer.
Parágrafo único. No caso de exploração mista, o módulo será fixado pela média ponderada das
partes do imóvel destinadas a cada um dos tipos de exploração considerados.
CAPÍTULO II
DOS ACORDOS E CONVÊNIOS
Art. 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão unir seus esforços e
recursos, mediante acordos, convênios ou contratos para a solução de problemas de interesse
rural, principalmente os relacionados com a aplicação da presente Lei, visando a implantação da
Reforma Agrária e à unidade de critérios na execução desta.
§ 1º Para os efeitos da Reforma Agrária, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA representará a União nos acordos, convênios ou contratos multilaterais referidos neste
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artigo. (Parágrafo único transformado em § 1º com nova redação dada pela Medida Provisória
nº 2.183-56, de 24/8/2001)
§ 2º A União, mediante convênio, poderá delegar aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios o cadastramento, as vistorias e avaliações de propriedades rurais situadas no seu
território, bem como outras atribuições relativas à execução do Programa Nacional de Reforma
Agrária, observados os parâmetros e critérios estabelecidos nas leis e nos atos normativos
federais. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 24/8/2001)
§ 3º O convênio de que trata o caput será celebrado com os Estados, com o Distrito Federal e
com os Municípios que tenham instituído órgão colegiado, com a participação das organizações
dos agricultores familiares e trabalhadores rurais sem terra, mantida a paridade de representação
entre o poder público e a sociedade civil organizada, com a finalidade de formular propostas
para a adequada implementação da política agrária. (Parágrafo acrescido pela Medida
Provisória nº 2.183-56, de 24/8/2001)
§ 4º Para a realização da vistoria e avaliação do imóvel rural para fins de reforma agrária,
poderá o Estado utilizar-se de força policial. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº
2.183-56, de 24/8/2001)
§ 5º O convênio de que trata o caput deverá prever que a União poderá utilizar servidores
integrantes dos quadros de pessoal dos órgãos e das entidades da Administração Pública dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, para a execução das atividades referidas neste
artigo. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 24/8/2001)
Art. 7º Mediante acordo com a União, os Estados poderão encarregar funcionários federais da
execução de Leis e serviços estaduais ou de atos e decisões das suas autoridades, pertinentes aos
problemas rurais, e, recìprocamente, a União poderá, em matéria de sua competência, cometer a
funcionários estaduais encargos análogos, provendo às necessárias despesas de conformidade
com o disposto no parágrafo terceiro do artigo 18 da Constituição Federal.
Art. 8º Os acordos, convênios ou contratos poderão conter cláusula que permita expressamente
a adesão de outras pessoas de direito público, interno ou externo, bem como de pessoas físicas
nacionais, ou estrangeiras, não participantes direta dos atos jurídicos celebrados.
Parágrafo único. A adesão efetivar-se-á com a só notificação oficial às partes contratantes, independentemente de condição ou termo.
CAPÍTULO III DAS TERRAS PÚBLICAS E PARTICULARES
Seção I
Das Terras Públicas
Art. 9º Dentre as terras públicas, terão prioridade, subordinando-se aos fins previstos nesta Lei,
as seguintes:
I - as de propriedade da União, que não tenham outra destinação específica;
II - as reservadas pelo Poder Público para serviços ou obras de qualquer natureza, ressalvadas as
pertinentes à segurança nacional, desde que o órgão competente considere sua utilização
econômica compatível com a atividade principal, sob a forma de exploração agrícola;
III - as devolutas da União, dos Estados e dos Municípios.
Art. 10. O Poder Público poderá explorar direta ou indiretamente, qualquer imóvel rural de sua
propriedade, unicamente para fins de pesquisa, experimentação, demonstração e fomento,
visando ao desenvolvimento da agricultura, a programas de colonização ou fins educativos de
assistência técnica e de readaptação.
§ 1º Somente se admitirá a existência de imóveis rurais de propriedade pública, com objetivos
diversos dos previstos neste artigo, em caráter transitório, desde que não haja viabilidade de
transferi-los para a propriedade privada.
§ 2º Executados os projetos de colonização nos imóveis rurais de propriedade pública, as
frações de terra restantes serão obrigatoriamente vendidas.
22
§ 3º Os imóveis rurais pertencentes à União, cuja utilização não se enquadre nos termos deste
artigo, poderão ser transferidos ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, ou com ele
permutados por ato do Poder Executivo.
Art. 11. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária fica investido de poderes de representação da
União, para promover à discriminação das terras devolutas federais, restabelecida a instância
administrativa disciplinada pelo Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946 e com
autoridade para reconhecer as posses legítimas manifestadas através de cultura efetiva e morada
habitual, bem como para incorporar ao patrimônio público as terras devolutas federais
ilegalmente ocupadas e as que se encontrarem desocupadas.
§ 1º Através de convênios, celebrados com os Estados e Municípios, iguais poderes poderão ser
atribuídos ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, quanto às terras devolutas estaduais e
municipais, respeitada a legislação local, o regime jurídico próprio das terras situadas na faixa
da fronteira nacional bem como a atividade dos órgãos de valorização regional.
§ 2º Tanto quanto possível o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária imprimirá ao instituto das
terras devolutas orientação tendente a harmonizar as peculiaridades regionais com os altos
interesses do desbravamento através da colonização racional visando a erradicar os males do
minifúndio e do latifúndio.
Seção II
Das Terras Particulares
Art. 12. À propriedade privada da terra cabe intrinsecamente uma função social e seu uso é
condicionado ao bem-estar coletivo previsto na Constituição Federal e caracterizado nesta Lei.
Art. 13. O Poder Público promoverá a gradativa extinção das formas de ocupação e de
exploração da terra que contrariem sua função social.
Art. 14. O Poder Público facilitará e prestigiará a criação e a expansão de associações de
pessoas físicas e jurídicas que tenham por finalidade o racional desenvolvimento extrativo
agrícola, pecuário ou agroindustrial, e promoverá a ampliação do sistema cooperativo, bem
como de outras modalidades associativas e societárias que objetivem a democratização do
capital. ("Caput" do artigo com redação dada pela Medida Provisória nº 2.183-56, de
24/8/2001)
§ 1º Para a implementação dos objetivos referidos neste artigo, os agricultores e trabalhadores
rurais poderão constituir entidades societárias por cotas, em forma consorcial ou condominial,
com a denominação de consórcio ou condomínio, nos termos dos arts. 3º e 6º desta Lei.
(Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 24/8/2001)
§ 2º Os atos constitutivos dessas sociedades deverão ser arquivados na Junta Comercial, quando
elas praticarem atos de comércio, e no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas, quando não
envolver essa atividade. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 2.183-56, de
24/8/2001)
Art. 15. A implantação da Reforma Agrária em terras particulares será feita em caráter
prioritário, quando se tratar de zonas críticas ou de tensão social.
TÍTULO II
DA REFORMA AGRÁRIA
CAPÍTULO I
DOS OBJETIVOS E DOS MEIOS DE ACESSO À PROPRIEDADE RURAL
Art. 16. A Reforma Agrária visa a estabelecer um sistema de relações entre o homem, a
propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça social, o progresso e o bem-estar
do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do País, com a gradual extinção do
minifúndio e do latifúndio.
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Parágrafo único. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será o órgão competente para
promover e coordenar a execução dessa reforma, observadas as normas gerais da presente Lei e
do seu regulamento.
Art. 17. O acesso à propriedade rural será promovido mediante a distribuição ou a redistribuição
de terras, pela execução de qualquer das seguintes medidas:
a) desapropriação por interesse social; b) doação;
c) compra e venda;
d) arrecadação dos bens vagos; e) reversão à posse (VETADO) do Poder Público de terras de sua propriedade, indevidamente
ocupadas e exploradas, a qualquer título, por terceiros;
f) herança ou legado.
Art. 18. A desapropriação por interesse social tem por fim:
a) condicionar o uso da terra à sua função social;
b) promover a justa e adequada distribuição da propriedade;
c) obrigar a exploração racional da terra;
d) permitir a recuperação social e econômica de regiões;
e) estimular pesquisas pioneiras, experimentação, demonstração e assistência técnica;
f) efetuar obras de renovação, melhoria e valorização dos recursos naturais; g) incrementar a eletrificação e a industrialização no meio rural; h) facultar a criação de áreas de proteção à fauna, à flora ou a outros recursos naturais, a fim de
preservá-los de atividades predatórias.
Art. 19. A desapropriação far-se-á na forma prevista na Constituição Federal, obedecidas às
normas constantes da presente Lei.
§ 1º Se for intentada desapropriação parcial, o proprietário poderá optar pela desapropriação de
todo o imóvel que lhe pertence, quando a área agricultável remanescente, inferior a cinqüenta
por cento da área original, ficar:
a) reduzida a superfície inferior a três vezes a dimensão do módulo de propriedade; ou b) prejudicada substancialmente em suas condições de exploração econômica, caso seja o seu
valor inferior ao da parte desapropriada.
§ 2º Para efeito de desapropriação observar-se-ão os seguintes princípios: a) para a fixação da justa indenização, na forma do artigo 147, § 1°, da Constituição Federal,
levar-se-ão em conta o valor declarado do imóvel para efeito do Imposto Territorial Rural, o
valor constante do cadastro acrescido das benfeitorias com a correção monetária porventura
cabível, apurada na forma da legislação específica, e o valor venal do mesmo;
b) o poder expropriante não será obrigado a consignar, para fins de imissão de posse dos bens,
quantia superior à que lhes tiver sido atribuída pelo proprietário na sua última declaração,
exigida pela Lei do Imposto de Renda, a partir de 1965, se se tratar de pessoa física ou o valor
constante do ativo, se se tratar de pessoa jurídica, num e noutro casos, com a correção monetária
cabível;
c) efetuada a imissão de posse, fica assegurado ao expropriado o levantamento de oitenta por cento da quantia depositada para obtenção da medida possessória.
§ 3º Salvo por motivo de necessidade ou utilidade pública, estão isentos da desapropriação: a) os imóveis rurais que, em cada zona, não excederem de três vezes o módulo de propriedade,
fixado nos termos do artigo 4º, inciso III;
b) os imóveis que satisfizerem os requisitos pertinentes à empresa rural, enunciados no artigo 4º,
inciso VI;
c) os imóveis que, embora não classificados como empresas rurais situados fora da área
prioritária de Reforma Agrária, tiverem aprovados pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária,
e em execução, projetos que em prazo determinado, os elevem àquela categoria.
§ 4° O foro competente para desapropriação é o da situação do imóvel. § 5º De toda decisão que fixar o preço em quantia superior à oferta formulada pelo órgão
expropriante, haverá, obrigatoriamente, recurso de ofício para o Tribunal Federal de Recursos.
Verificado, em ação expropriatória, ter o imóvel valor superior ao declarado pelo expropriado, e
24
apurada a má-fé ou o dolo deste, poderá a sentença condená-lo à penalidade prevista no artigo
49, § 3º, desta Lei, deduzindo-se do valor da indenização o montante da penalidade.
Art. 20. As desapropriações a serem realizadas pelo Poder Público nas áreas prioritárias,
recairão sobre:
I - os minifúndios e latifúndios; II - as áreas já beneficiadas ou a serem por obras públicas de vulto;
III - as áreas cujos proprietários desenvolverem atividades predatórias, recusando-se a por em
prática normas de conservação dos recursos naturais;
IV - as áreas destinadas a empreendimentos de colonização, quando estes não tiverem logrado atingir seus objetivos;
V - as áreas que apresentem elevada incidência de arrendatários, parceiros e posseiros; VI - as terras cujo uso atual estudos levados a efeito pelo Instituto Brasileiro de Reforma
Agrária comprovem não ser o adequado à sua vocação de uso econômico.
Art. 21. Em áreas de minifúndio, o Poder Público tomará as medidas necessárias à organização
de unidades econômicas adequadas, desapropriando, aglutinando e redistribuindo as áreas.
Art. 22. É o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária autorizado, para todos os efeitos legais, a
promover as desapropriações necessárias ao cumprimento da presente Lei.
Parágrafo único. A União poderá desapropriar, por interesse social, bens do domínio dos
Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios, precedido o ato, em qualquer caso, de
autorização legislativa.
Art. 23. Os bens desapropriados por sentença definitiva, uma vez incorporados ao patrimônio
público, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de
desapropriação. Qualquer ação julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.
Parágrafo único. A regra deste artigo aplica-se aos imóveis rurais incorporados ao domínio da
União, em consequência de ações por motivo de enriquecimento ilícito em prejuízo do
Patrimônio Federal, os quais transferidos ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, serão
aplicados aos objetivos desta Lei.
CAPÍTULO II
DA DISTRIBUIÇÃO DE TERRAS
Art. 24. As terras desapropriadas para os fins da Reforma Agrária que, a qualquer título, vierem
a ser incorporadas ao patrimônio do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, respeitada a
ocupação de terras devolutas federais manifestada em cultura efetiva e moradia habitual, só
poderão ser distribuídas:
I - sob a forma de propriedade familiar, nos termos das normas aprovadas pelo Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária;
II - a agricultores cujos imóveis rurais sejam comprovadamente insuficientes para o sustento
próprio e o de sua família;
III - para a formação de glebas destinadas à exploração extrativa, agrícola, pecuária ou agroindustrial, por associações de agricultores organizadas sob regime cooperativo;
IV - para fins de realização, a cargo do Poder Público, de atividades de demonstração educativa,
de pesquisa, experimentação, assistência técnica e de organização de colônias-escolas;
V - para fins de reflorestamento ou de conservação de reservas florestais a cargo da União, dos Estados ou dos Municípios.
Art. 25. As terras adquiridas pelo Poder Público, nos termos desta Lei, deverão ser vendidas,
atendidas as condições de maioridade, sanidade e de bons antecedentes, ou de reabilitação, de
acordo com a seguinte ordem de preferência:
I - ao proprietário do imóvel desapropriado, desde que venha a explorar a parcela, diretamente
ou por intermédio de sua família;
II - aos que trabalhem no imóvel desapropriado como posseiros, assalariados, parceiros ou
arrendatários;
25
III - aos agricultores cujas propriedades não alcancem a dimensão da propriedade familiar da
região;
IV - aos agricultores cujas propriedades sejam comprovadamente insuficientes para o sustento
próprio e o de sua família;
V - aos tecnicamente habilitados na forma da legislação em vigor, ou que tenham comprovada
competência para a prática das atividades agrícolas.
§ 1º Na ordem de preferência de que trata este artigo, terão prioridade os chefes de família numerosa cujos membros se proponham a exercer atividade agrícola na área a ser distribuída.
§ 2º Só poderão adquirir lotes os trabalhadores sem terra, salvo as exceções previstas nesta Lei. § 3º Não poderá ser beneficiário da distribuição de terras a que se refere este artigo o
proprietário rural, salvo nos casos dos incisos I, III e IV, nem quem exerça função pública,
autárquica ou em órgão paraestatal, ou se ache investido de atribuições parafiscais.
§ 4º Sob pena de nulidade, qualquer alienação ou concessão de terras públicas, nas regiões
prioritárias, definidas na forma do art. 43, será precedida de consulta ao Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária, que se pronunciará obrigatoriamente no prazo de sessenta dias.
Art. 26. Na distribuição de terras regulada por este Capítulo, ressalvar-se-á sempre a
propriedade pública dos terrenos de marinha e seus acrescidos na orla oceânica e na faixa
marginal dos rios federais, até onde se faça sentir a influência das marés, bem como a reserva à
margem dos rios navegáveis e dos que formam os navegáveis.
CAPÍTULO III
DO FINANCIAMENTO DA REFORMA AGRÁRIA
Seção I
Do Fundo Nacional de Reforma Agrária
Art. 27. É criado o Fundo Nacional da Reforma e do Desenvolvimento Agrário - FUNMIRAD,
destinado a fornecer os meios necessários para o financiamento da Reforma Agrária e dos
órgãos incumbidos da sua execução.
Parágrafo único. O FUNMIRAD é fundo especial de natureza contábil, regido pelas normas de
execução orçamentária e financeira aplicáveis à Administração Direta. (Artigo com redação
dada pelo Decreto-Lei nº 2.431, de 12/5/1988)
Art. 28. São recursos do FUNMIRAD:
I - dotações consignadas no Orçamento Geral da União e em créditos adicionais;
II - recursos do Fundo de Investimento Social - FINSOCIAL, nos termos do § 5º do art. 1º do
Decreto-Lei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, com a redação dada pelo art. 22 do Decreto-Lei nº
2.397, de 21 de dezembro de 1987;
III - doações realizadas por entidades nacionais ou internacionais, públicas ou privadas;
IV - recursos oriundos de acordos, ajustes, contratos e convênios celebrados com órgãos e entidades da Administração Pública Federal, Estadual ou Municipal;
V - empréstimos de instituições financeiras, nacionais ou internacionais; e VI - quaisquer outros recursos atribuídos ao Ministério da Reforma e do Desenvolvimento
Agrário, desde que não vinculados a projetos ou atividades específicos. (Artigo com redação
dada pelo Decreto-Lei nº 2.431, de 12/5/1988)
§ 1º (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.431, de 12/5/1988)
§ 2º (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.431, de 12/5/1988)
§ 3º (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.431, de 12/5/1988)
§ 4º (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.431, de 12/5/1988)
Art. 29. Além dos recursos do Fundo Nacional de Reforma Agrária, a execução dos projetos
regionais contará com as contribuições financeiras dos órgãos e entidades vinculados por
convênios ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, notadamente os de valorização regional,
como a Superintendência do Desenvolvimento Econômico do Nordeste (SUDENE), a
Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA) a Comissão do
Vale do São Francisco (CVSF) e a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da
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Região da Fronteira Sudoeste do País (SUDOESTE), os quais deverão destinar, para este fim,
vinte por cento, no mínimo de suas dotações globais.
Parágrafo único. Os recursos referidos neste artigo, depois de aprovados os planos para as
respectivas regiões, serão entregues ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, que, para a
execução destes, contribuirá com igual quantia.
Art. 30. Para fins da presente Lei, é o Poder Executivo autorizado a receber doações, bem como a contrair empréstimos no País e no exterior, até o limite fixado no art. 105.
Art. 31. É o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária autorizado a: I - firmar convênios com os Estados, Municípios, entidades públicas e privadas, para
financiamento, execução ou administração dos planos regionais de Reforma Agrária;
II - colocar os títulos da Dívida Agrária Nacional para os fins desta Lei;
III - realizar operações financeiras ou de compra e venda para os objetivos desta Lei; IV - praticar atos, tanto no contencioso como no administrativo, inclusive os relativos à
desapropriação por interesse social ou por utilidade ou necessidade públicas.
Seção II
Do Patrimônio do Órgão de Reforma Agrária
Art. 32. O Patrimônio do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será constituído:
I - do Fundo Nacional de Reforma Agrária;
II - dos bens das entidades públicas incorporadas ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária;
III - das terras e demais bens adquiridos a qualquer título.
CAPÍTULO IV
DA EXECUÇÃO E DA ADMINISTRAÇÃO DA REFORMA AGRÁRIA
Seção I
Dos Planos Nacional e Regionais de Reforma Agrária
Art. 33. A Reforma Agrária será realizada por meio de planos periódicos, nacionais e regionais,
com prazos e objetivos determinados, de acordo com projetos específicos.
Art. 34. O Plano Nacional de Reforma Agrária, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Reforma
Agrária e aprovado pelo Presidente da República, consignará necessariamente:
I - a delimitação de áreas regionais prioritárias;
II - a especificação dos órgãos regionais, zonais e locais, que vierem a ser criados para a execução e a administração da Reforma Agrária;
III - a determinação dos objetivos que deverão condicionar a elaboração dos Planos Regionais;
IV - a hierarquização das medidas a serem programadas pelos órgãos públicos, nas áreas
prioritárias, nos setores de obras de saneamento, educação e assistência técnica;
V - a fixação dos limites das dotações destinadas à execução do Plano Nacional e de cada um
dos planos regionais.
§ 1º Uma vez aprovados, os Planos terão prioridade absoluta para atuação dos órgãos e serviços
federais já existentes nas áreas escolhidas.
§ 2º As entidades públicas e privadas que firmarem acordos, convênios ou tratados com o
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, nos termos desta Lei, assumirão, igualmente
compromisso expresso, quanto à prioridade aludida no parágrafo anterior, relativamente aos
assuntos e serviços de sua alçada nas respectivas áreas.
Art. 35. Os Planos Regionais de Reforma Agrária antecederão, sempre, qualquer desapropriação
por interesse social, e serão elaborados pelas Delegacias Regionais do Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária (IBRAR), obedecidos os seguintes requisitos mínimos:
I - delimitação da área de ação; II - determinação dos objetivos específicos da Reforma Agrária na região respectiva;
III - fixação das prioridades regionais;
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IV - extensão e localização das áreas desapropriáveis;
V - previsão das obras de melhoria;
VI - estimativa das inversões necessárias e dos custos.
Art. 36. Os projetos elaborados para regiões geo-econômicas ou grupos de imóveis rurais, que
possam ser tratados em comum, deverão consignar:
I - o levantamento sócio-econômico da área; II - os tipos e as unidades de exploração econômica perfeitamente determinados e
caracterizados;
III - as obras de infra-estrutura e os órgãos de defesa econômica dos parceleiros necessários à implementação do projeto;
IV - o custo dos investimentos e o seu esquema de aplicação;
V - os serviços essenciais a serem instalados no centro da comunidade;
VI - a renda familiar que se pretende alcançar;
VII - a colaboração a ser recebida dos órgãos públicos ou privados que celebrarem convênios ou
acordos para a execução do projeto.
Seção II
Dos Órgãos Específicos
Art. 37. São órgãos específicos para a execução da Reforma Agrária: I - O Grupo Executivo da Reforma Agrária (GERA);
II - O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), diretamente, ou através de suas
Delegacias Regionais;
III - as Comissões Agrárias. (Artigo com redação dada pelo Decreto-Lei nº 582, de 15/5/1969)
Art. 38. O IBRA será dirigido por um Presidente nomeado pelo Presidente da República.
§ 1º O Presidente do IBRA terá a remuneração correspondente a 75% (setenta e cinco por cento)
do que percebem os Ministros de Estado.
§ 2º Integrarão, ainda, a Administração Superior do IBRA Diretores, até o máximo de seis, de
nomeação do Presidente do IBRA, mediante aprovação do GERA. (Artigo com redação dada
pelo Decreto-Lei nº 582, de 15/5/1969)
Art. 39. Ao Conselho Técnico competirá discutir e propor as diretrizes dos planos nacional e
regionais de Reforma Agrária, estudar e sugerir medidas de caráter legislativo e administrativo,
necessárias à boa execução da Reforma.
Art. 40. À Secretaria Executiva competirá elaborar e promover a execução do plano nacional de
Reforma Agrária, assessorar as Delegacias Regionais, analisar os projetos regionais e dirigir a
vida administrativa do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária.
Art. 41. As Delegacias Regionais do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRAR), cada
qual dirigida por um Delegado Regional, nomeado pelo Presidente do Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária dentre técnicos de comprovada experiência em problemas agrários e
reconhecida idoneidade, são órgãos executores da Reforma nas regiões do País, com áreas de
jurisdição, competência e funções que serão fixadas na regulamentação da presente Lei,
compreendendo a elaboração do cadastro, classificação das terras, formas e condições de uso
atual e potencial da propriedade, preparo das propostas de desapropriação e seleção dos
candidatos à aquisição das parcelas.
Parágrafo único. Dentro de cento e oitenta dias, após a publicação do decreto que a criar, a
Delegacia Regional apresentará ao Presidente do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária o
plano regional de Reforma Agrária, na forma prevista nesta Lei.
Art. 42. A Comissão Agrária, constituída de um representante do Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária, que a presidirá, de três representantes dos trabalhadores rurais, eleitos ou
indicados pelos órgãos de classe respectivos, de três representantes dos proprietários rurais
eleitos ou indicados pelos órgãos de classe respectivos, um representante categorizado de
28
entidade pública vinculada à agricultura e um representante dos estabelecimentos de ensino
agrícola, é o órgão competente para:
I - instruir e encaminhar os pedidos de aquisição e de desapropriação de terras;
II - manifestar-se sobre a lista de candidatos selecionados para a adjudicação de lotes; III - oferecer sugestões à Delegacia Regional na elaboração e execução dos programas regionais
de Reforma Agrária;
IV - acompanhar, até sua implantação, os programas de reforma nas áreas escolhidas, mantendo a Delegacia Regional informada sobre o andamento dos trabalhos.
§ 1º A Comissão Agrária será constituída quando estiver definida a área prioritária regional de
reforma agrária e terá vigência até a implantação dos respectivos projetos.
§ 2º VETADO.
Seção III
Do Zoneamento e dos Cadastros
Art. 43. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá a realização de estudos para o
zoneamento do País em regiões homogêneas do ponto de vista sócio-econômico e das
características da estrutura agrária, visando a definir:
I - as regiões críticas que estão exigindo reforma agrária com progressiva eliminação dos
minifúndios e dos latifúndios;
II - as regiões em estágio mais avançado de desenvolvimento social e econômico, em que não
ocorram tenções nas estruturas demográficas e agrárias;
III - as regiões já economicamente ocupadas em que predomine economia de subsistência e
cujos lavradores e pecuaristas careçam de assistência adequada;
IV - as regiões ainda em fase de ocupação econômica, carentes de programa de desbravamento,
povoamento e colonização de áreas pioneiras.
§ 1º Para a elaboração do zoneamento e caracterização das áreas prioritárias, serão levados em conta, essencialmente, os seguintes elementos:
a) a posição geográfica das áreas, em relação aos centros econômicos de várias ordens,
existentes no País;
b) o grau de intensidade de ocorrência de áreas em imóveis rurais acima de mil hectares e abaixo de cinquenta hectares;
c) o número médio de hectares por pessoa ocupada; d) as populações rurais, seu incremento anual e a densidade específica da população agrícola; e) a relação entre o número de proprietários e o número de rendeiros, parceiros e assalariados
em cada área.
§ 2º A declaração de áreas prioritárias será feita por decreto do Presidente da República,
mencionando:
a) a criação da Delegacia Regional do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária com a exata
delimitação de sua área de jurisdição;
b) a duração do período de intervenção governamental na área; c) os objetivos a alcançar, principalmente o número de unidades familiares e cooperativas a
serem criadas;
d) outras medidas destinadas a atender a peculiaridades regionais.
Art. 44. São objetivos dos zoneamentos definidos no artigo anterior:
I - estabelecer as diretrizes da política agrária a ser adotada em cada tipo de região;
II - programar a ação dos órgãos governamentais, para desenvolvimento do setor rural, nas
regiões delimitadas como de maior significação econômica e social.
Art. 45. A fim de completar os trabalhos de zoneamento serão elaborados pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária levantamentos e análises para:
I - orientar as disponibilidades agropecuárias nas áreas sob o controle do Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária quanto à melhor destinação econômica das terras, adoção de práticas
adequadas segundo as condições ecológicas, capacidade potencial de uso e mercados interno e
externo;
29
II - recuperar, diretamente, mediante projetos especiais, as áreas degradadas em virtude de uso
predatório e ausência de medidas de proteção dos recursos naturais renováveis e que se situem
em regiões de elevado valor econômico.
Art. 46. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá levantamentos, com utilização,
nos casos indicados, dos meios previstos no Capítulo II do Título I, para a elaboração do
cadastro dos imóveis rurais em todo o País, mencionando:
I - dados para caracterização dos imóveis rurais com indicação: a) do proprietário e de sua família;
b) dos títulos de domínio, da natureza da posse e da forma de administração;
c) da localização geográfica; d) da área com descrição das linhas de divisas e nome dos respectivos confrontantes;
e) das dimensões das testadas para vias públicas;
f) do valor das terras, das benfeitorias, dos equipamentos e das instalações existentes discriminadamente;
II - natureza e condições das vias de acesso e respectivas distâncias dos centros demográficos
mais próximos com população:
a) até 5.000 habitantes;
b) de mais de 5.000 a 10.000 habitantes; c) de mais de 10.000 a 20.000 habitantes;
d) de mais de 20.000 a 50.000 habitantes; e) de mais de 50.000 a 100.000 habitantes; f) de mais de 100.000 habitantes;
III - condições da exploração e do uso da terra, indicando: a) as percentagens da superfície total em cerrados, matas, pastagens, glebas de cultivo
(especificadamente em exploração e inexplorados) e em áreas inaproveitáveis;
b) os tipos de cultivo e de criação as formas de proteção e comercialização dos produtos; c) os sistemas de contrato de trabalho, com discriminação de arrendatários, parceiros e
trabalhadores rurais;
d) as práticas conservacionistas empregadas e o grau de mecanização;
e) os volumes e os índices médios relativos à produção obtida; f) as condições para o beneficiamento dos produtos agropecuários. § 1º Nas áreas prioritárias de reforma agrária serão complementadas as fichas cadastrais
elaboradas para atender às finalidades fiscais, com dados relativos ao relevo, às pendentes, à
drenagem, aos solos e a outras características ecológicas que permitam avaliar a capacidade do
uso atual e potencial, e fixar uma classificação das terras para os fins de realização de estudos
micro-econômicos, visando, essencialmente, à determinação por amostragem para cada zona e
forma de exploração:
a) das áreas mínimas ou módulos de propriedade rural determinados de acordo com elementos
enumerados neste parágrafo e, mais, a força de trabalho do conjunto familiar médio, o nível
tecnológico predominante e a renda familiar a ser obtida;
b) dos limites máximos permitidos de áreas dos imóveis rurais, os quais não excederão a
seiscentas vezes o módulo médio da propriedade rural nem a seiscentas vezes a área média dos
imóveis rurais, na respectiva zona;
c) das dimensões ótimas do imóvel rural do ponto de vista do rendimento econômico;
d) do valor das terras em função das características do imóvel rural, da classificação da
capacidade potencial de uso e da vocação agrícola das terras;
e) dos limites mínimos de produtividade agrícola para confronto com os mesmos índices obtidos
em cada imóvel nas áreas prioritárias de reforma agrária.
§ 2º Os cadastros serão organizados de acordo com normas e fichas aprovadas pelo Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária na forma indicada no regulamento, e poderão ser executados
centralizadamente pelos órgãos de valorização regional, pelos Estados ou pelos Municípios,
caso em que o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária lhes prestará assistência técnica e
financeira com o objetivo de acelerar sua realização em áreas prioritárias de Reforma Agrária.
§ 3º Os cadastros terão em vista a possibilidade de garantir a classificação, a identificação e o
grupamento dos vários imóveis rurais que pertençam a um único proprietário, ainda que
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situados em municípios distintos, sendo fornecido ao proprietário o certificado de cadastro na
forma indicada na regulamentação desta Lei.
§ 4º Os cadastros serão continuamente atualizados para inclusão das novas propriedades que
forem sendo constituídas e, no mínimo, de cinco em cinco anos serão feitas revisões gerais para
atualização das fichas já levantadas.
§ 5º Poderão os proprietários requerer a atualização de suas fichas, dentro de um ano da data das
modificações substanciais relativas aos respectivos imóveis rurais, desde que comprovadas as
alterações, a critério do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária.
§ 6º No caso de imóvel rural em comum por força de herança, as partes ideais, para os fins desta
Lei, serão consideradas como se divisão houvesse, devendo ser cadastrada a área que, na
partilha, tocaria a cada herdeiro e admitidos os demais dados médios verificados na área total do
imóvel rural.
§ 7º O cadastro inscreverá o valor de cada imóvel de acordo com os elementos enumerados
neste artigo, com base na declaração do proprietário relativa ao valor da terra nua, quando não
impugnado pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, ou o valor que resultar da avaliação
cadastral.
TÍTULO III
DA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO RURAL
CAPÍTULO I
DA TRIBUTAÇÃO DA TERRA
Seção I
Critérios Básicos
Art. 47. Para incentivar a política de desenvolvimento rural, o Poder Público se utilizará da
tributação progressiva da terra, do Imposto de Renda, da colonização pública e particular, da
assistência e proteção à economia rural e ao cooperativismo e, finalmente, da regulamentação
do uso e posse temporários da terra, objetivando:
I - desestimular os que exercem o direito de propriedade sem observância da função social e
econômica da terra;
II - estimular a racionalização da atividade agropecuária dentro dos princípios de conservação
dos recursos naturais renováveis;
III - proporcionar recursos à União, aos Estados e Municípios para financiar os projetos de
Reforma Agrária;
IV - aperfeiçoar os sistemas de controle da arrecadação dos impostos.
Seção II
Do Imposto Territorial Rural
Art. 48. Observar-se-ão, quanto ao Imposto Territorial Rural, os seguintes princípios:
I - a União poderá atribuir, por convênio, aos Estados e Municípios, o lançamento, tendo por
base os levantamentos cadastrais executados e periodicamente atualizados;
II - a União também poderá atribuir, por convênio, aos Municípios, a arrecadação, ficando a eles
garantida a utilização da importância arrecadada;
III - quando a arrecadação for atribuída, por convênio, ao Município, à União caberá o controle
da cobrança;
IV - as épocas de cobrança deverão ser fixadas em regulamento, de tal forma que, em cada
região, se ajustem, o mais possível, aos períodos normais de comercialização daprodução;
V - o imposto arrecadado será contabilizado diariamente como depósito à ordem,
exclusivamente, do Município, a que pertencer e a ele entregue diretamente pelas repartições
arrecadadoras, no último dia útil de cada mês;
VI - o imposto não incidirá sobre sítios de área não excedente a vinte hectares, quando os
cultive só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel (artigo 29, parágrafo
único, da Constituição Federal).
31
Art. 49. As normas gerais para a fixação do imposto sobre a propriedade territorial rural
obedecerão a critérios de progressividade e regressividade, levando-se em conta os seguintes
fatores:
I - o valor da terra nua;
II - a área do imóvel rural; III - o grau de utilização da terra na exploração agrícola, pecuária e florestal;
IV - o grau de eficiência obtido nas diferentes explorações;
V - a área total, no País, do conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário. § 1º Os fatores mencionados neste artigo serão estabelecidos com base nas informações
apresentadas pelos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a qualquer título, de
imóveis rurais, obrigados a prestar declaração para cadastro, nos prazos e segundo normas
fixadas na regulamentação desta Lei.
§ 2º O órgão responsável pelo lançamento do imposto poderá efetuar o levantamento e a revisão
das declarações prestadas pelos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a
qualquer título, de imóveis rurais, procedendo-se a verificações in loco se necessário.
§ 3º As declarações previstas no parágrafo primeiro serão apresentadas sob inteira
responsabilidade dos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a qualquer título, de
imóvel rural, e, no caso de dolo ou má-fé, os obrigará ao pagamento em dobro dos tributos
devidos, além das multas decorrentes e das despesas com as verificações necessárias.
§ 4º Fica facultado ao órgão responsável pelo lançamento, quando houver omissão dos
proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a qualquer título, de imóvel rural, na
prestação da declaração para cadastro, proceder ao lançamento do imposto com a utilização de
dados indiciários, além da cobrança de multas e despesas necessárias à apuração dos referidos
dados. (Artigo com redação dada pela Lei nº 6.746, de 10/12/1979, em vigor a partir de
1/1/1980)
Art. 50. Para cálculo do imposto, aplicar-se-á sobre o valor da terra nua, constante da declaração
para cadastro, e não impugnado pelo órgão competente, ou resultante de avaliação, a alíquota
correspondente ao número de módulos fiscais do imóvel, de acordo com a tabela adiante:
NÚMERO DE MÓDULOS FISCAIS
ALÍQUOTA
Até 2 ............................................................................................................... 0,2%
Acima de 2 até 3 ............................................................................................. 0,3%
Acima de 3 até 4 ............................................................................................. 0,4%
Acima de 4 até 5 ............................................................................................. 0,5%
Acima de 5 até 6 ............................................................................................. 0,6%
Acima de 6 até 7 ............................................................................................. 0,7%
Acima de 7 até 8 ............................................................................................. 0,8%
Acima de 8 até 9 ............................................................................................. 0,9%
Acima de 9 até 10 ........................................................................................... 1,0%
Acima de 10 até 15 ......................................................................................... 1,2%
Acima de 15 até 20 ......................................................................................... 1,4%
Acima de 20 até 25 ......................................................................................... 1,6%
Acima de 25 até 30 ......................................................................................... 1,8%
Acima de 30 até 35 ......................................................................................... 2,0%
Acima de 35 até 40 ......................................................................................... 2,2%
Acima de 40 até 50 ......................................................................................... 2,4%
Acima de 50 até 60 ......................................................................................... 2,6%
Acima de 60 até 70 ......................................................................................... 2,8%
Acima de 70 até 80 ......................................................................................... 3,0%
Acima de 80 até 90 ......................................................................................... 3,2%
32
Acima de 90 até 100 ....................................................................................... 3,4%
Acima de 100 .................................................................................................. 3,5%
§ 1º O imposto não incidirá sobre o imóvel rural, ou conjunto de imóveis rurais, de área igual ou
inferior a um módulo fiscal, desde que seu proprietário, titular do domínio útil ou possuidor, a
qualquer título, o cultive só ou com sua família, admitida a ajuda eventual de terceiros.
§ 2º O módulo fiscal de cada Município, expresso em hectares, será determinado levando-se em
conta os seguintes fatores:
a) o tipo de exploração predominante no Município: I - hortifrutigranjeira;
II - cultura permanente;
III - cultura temporária;
IV - pecuária;
V - florestal;
b) a renda obtida no tipo de exploração predominante; c) outras explorações existentes no Município que, embora não predominantes, sejam
expressivas em função da renda ou da área utilizada;
d) o conceito de "propriedade familiar", definido no item II do artigo 4º desta Lei.
§ 3º O número de módulos fiscais de um imóvel rural será obtido dividindo-se sua área
aproveitável total pelo módulo fiscal do Município.
§ 4º Para os efeitos desta Lei, constitui área aproveitável do imóvel rural a que for passível de
exploração agrícola, pecuária ou florestal. Não se considera aproveitável:
a) a área ocupada por benfeitoria; b) a área ocupada por floresta ou mata de efetiva preservação permanente, ou reflorestada com
essências nativas;
c) a área comprovadamente imprestável para qualquer exploração agrícola, pecuária ou florestal.
§ 5º O imposto calculado na forma do caput deste artigo poderá ser objeto de redução de até
90% (noventa por cento) a título de estímulo fiscal, segundo o grau de utilização econômica do
imóvel rural, da forma seguinte:
a) redução de até 45% (quarenta e cinco por cento), pelo grau de utilização da terra, medido pela
relação entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel rural;
b) redução de até 45% (quarenta e cinco por cento), pelo grau de eficiência na exploração,
medido pela relação entre o rendimento obtido por hectare para cada produto explorado e os
correspondentes índices regionais fixados pelo Poder Executivo e multiplicado pelo grau de
utilização da terra, referido na alínea a deste parágrafo.
§ 6º A redução do imposto de que trata o § 5º deste artigo não se aplicará para o imóvel que, na
data do lançamento, não esteja com o imposto de exercícios anteriores devidamente quitado,
ressalvadas as hipóteses previstas no artigo 151 do Código Tributário Nacional.
§ 7º O Poder Executivo poderá, mantido o limite máximo de 90% (noventa por cento), alterar a
distribuição percentual prevista nas alíneas a e b do § 5º deste artigo, ajustando-a à política
agrícola adotada para as diversas regiões do País.
§ 8º Nos casos de intempérie ou calamidade de que resulte frustração de safras ou mesmo
destruição de pastos, para o cálculo da redução prevista nas alíneas a e b do § 5º deste artigo,
poderão ser utilizados os dados do período anterior ao da ocorrência, podendo ainda o Ministro
da Agricultura fixar as percentagens de redução do imposto que serão utilizadas.
§ 9º Para os imóveis rurais que apresentarem grau de utilização da terra, calculado na forma da
alínea a do § 5º deste artigo, inferior aos limites fixados no § 11, a alíquota a ser aplicada será
multiplicada pelos seguintes coeficientes:
a) no primeiro ano: 2,0 (dois); b) no segundo ano: 3,0 (três); c) no terceiro ano e seguintes: 4,0 (quatro).
§ 10. Em qualquer hipótese, a aplicação do disposto no § 9º não resultará em alíquotas inferiores
a:
a) no primeiro ano: 2% (dois por cento); b) no segundo ano: 3% (três por cento);
33
c) no terceiro ano e seguintes: 4% (quatro por cento).
§ 11. Os limites referidos no § 9º são fixados segundo o tamanho do módulo fiscal do Município
de localização do imóvel rural, da seguinte forma:
ÁREA DO MÓDULO FISCAL GRAU DE UTILIZAÇÃO DA TERRA
Até25 hectares ............................................................................... 30%
Acima de 25 hectares até 50 hectares ............................................. 25%
Acima de 50 hectares até 80 hectares ............................................. 18%
Acima de 80 hectares ...................................................................... 10%
§ 12. Nos casos de projetos agropecuários, a suspensão da aplicação do disposto nos §§ 9º 10 e
11 deste artigo, poderá ser requerida por um período de até 3 (três) anos. (Artigo com redação
dada pela Lei nº 6.746, de 10/12/1979, em vigor a partir de 1/1/1980)
Art. 51. VETADO.
Parágrafo único. VETADO.
Art. 52. (Revogado pela Lei nº 6.746, de 10/12/1979, em vigor a partir de 1/1/1980)
Seção III
Do Rendimento da Exploração Agrícola
e Pastoril e das Indústrias Extrativas,
Vegetal e Animal
Art. 53. Na determinação, para efeitos do Imposto de Renda, do rendimento líquido da
exploração agrícola ou pastoril, das indústrias extrativas, vegetal e animal, e da transformação
de produtos agrícolas e pecuários feita pelo próprio agricultor ou criador, com matéria-prima da
propriedade explorada, aplicar-se-á o coeficiente de três por cento sobre o valor referido no
inciso I do art. 49 desta Lei, constante da declaração de bens ou do balanço patrimonial. (Vide
§2º do art. 1º da Lei nº 5.106, de 2/9/1966)
§ 1º As construções e benfeitorias serão deduzidas do valor do imóvel, sobre elas não recaindo a tributação de que trata este artigo.
§ 2º No caso de não ser possível apurar o valor exato das construções e benfeitorias existentes,
será ele arbitrado em trinta por cento do valor da terra nua, conforme declaração para efeito do
pagamento do imposto territorial.
§ 3º Igualmente será deduzido o valor do gado, das máquinas agrícolas e das culturas
permanentes, sobre ele aplicando-se o coeficiente da um por cento para a determinação da renda
tributável.
§ 4º No caso de imóvel rural explorado por arrendatário, o valor anual do arrendamento poderá
ser deduzido da importância tributável, calculado nos termos deste artigo e §§ 1°, 2° e 3º.
Admitir-se-á essa dedução dentro do limite de cinquenta por cento do respectivo valor, desde
que se comuniquem à repartição arrecadadora o nome e enderêço do proprietário, e o valor do
pagamento que lhe houver sido feito.
§ 5º Poderá também ser deduzida do valor tributável, referido no parágrafo anterior, a
importância paga pelo contribuinte no último exercício, a título de Imposto Territorial Rural.
§ 6º Não serão permitidas quaisquer outras deduções do rendimento líquido calculado na forma
deste artigo, ressalvado o disposto nos §§ 4° e 5°.
§ 7º Ao proprietário do imóvel rural, total ou parcialmente arrendado, conceder-se-á o direito de
excluir o valor dos bens arrendados, desde que declarado e comprovado o valor do
arrendamento e identificado o arrendatário.
§ 8º Às pessoas físicas é facultado reajustar o valor dos imóveis rurais em suas declarações de
renda e de bens, a partir do exercício financeiro de 1965, independentemente de qualquer
comprovação, sem que seja tributável o aumento de patrimônio resultante desse reajustamento.
34
Às empresas rurais, organizadas sob a forma de sociedade civil, serão outorgados idênticos
benefícios quanto ao registro contábil e ao aumento do ativo líquido.
§ 9º A falta de integralização do capital das empresas rurais, referidas no parágrafo anterior, não
impede a correção do ativo, prevista neste artigo. O aumento do ativo líquido e do capital
resultante dessa correção não poderá ser aplicado na integralização de ações ou quotas.
§ 10. Os aumentos de capital das pessoas jurídicas resultantes da incorporação, a seu ativo, de
ações distribuídas em virtude da correção monetária realizada por empresas rurais, de que sejam
acionistas ou sócias nos termos deste artigo, não sofrerão qualquer tributação. Idêntica isenção
vigorará relativamente às ações resultantes daquele aumento de capital.
§ 11. Os valores de que tratam os §§ 8º e 10, deste artigo, não poderão ser inferiores ao preço de
aquisição do imóvel e das inversões em benfeitorias, atualizadas de acordo com os coeficientes
de correção monetária, fixados pelo Conselho Nacional de Economia.
Art. 54. VETADO.
§ 1º VETADO.
§ 2º VETADO.
§ 3º VETADO.
§ 4º VETADO.
§ 5º VETADO.
CAPÍTULO II
DA COLONIZAÇÃO
Seção I
Da Colonização Oficial
Art. 55. Na colonização oficial, o Poder Público tomará a iniciativa de recrutar e selecionar
pessoas ou famílias, dentro ou fora do território nacional, reunindo-as em núcleos agrícolas ou
agroindustriais, podendo encarregar-se de seu transporte, recepção, hospedagem e
encaminhamento, até a sua colocação e integração nos respectivos núcleos.
Art. 56. A colonização oficial deverá ser realizada em terras já incorporadas ao Patrimônio
Público ou que venham a sê-lo. Ela será efetuada, preferencialmente, nas áreas:
I - Ociosas ou de aproveitamento inadequado;
II - Próximas a grandes centros urbanos e de mercados de fácil acesso, tendo em vista os
problemas de abastecimento;
III - de êxodo, em locais de fácil acesso e comunicação, de acordo com os planos nacionais e
regionais de vias de transporte;
IV - de colonização predominantemente estrangeira, tendo em mira facilitar o processo de
interculturação;
V - de desbravamento ao longo dos eixos viários, para ampliar a fronteira econômica do País.
Art. 57. Os programas de colonização têm em vista, além dos objetivos especificados no artigo
56:
I - a integração e o progresso social e econômico do parceleiro;
II - o levantamento do nível de vida do trabalhador rural;
III - a conservação dos recursos naturais e a recuperação social e econômica de determinadas
áreas;
IV - o aumento da produção e da produtividade no setor primário.
Art. 58. Nas regiões prioritárias definidas pelo zoneamento e na fixação de suas populações em outras regiões, caberão ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária as atividades colonizadoras.
§ 1º Nas demais regiões, a colonização oficial obedecerá à metodologia observada nos projetos
realizados nas áreas prioritárias, e será coordenada pelo órgão do Ministério da Agricultura
referido no artigo 74, e executada por este, pelos Governos Estaduais ou por entidades de
valorização regional, mediante convênios.
35
§ 2º As atribuições referentes à seleção de imigrantes são da competência do Ministério das
Relações Exteriores, conforme diretrizes fixadas pelo Ministério da Agricultura, em articulação
com o Ministério do Trabalho e Previdência Social, cabendo ao órgão referido no art. 74 a
recepção e o encaminhamento dos imigrantes.
Art. 59. O órgão competente do Ministério da Agricultura referido no artigo 74, poderá criar
núcleos de colonização, visando a fins especiais, e deverá igualmente entrar em entendimentos
com o Ministério da Guerra para o estabelecimento de colônias, com assistência militar, na
fronteira continental.
Seção II
Da Colonização Particular
Art. 60. Para os efeitos desta Lei, consideram-se empresas particulares de colonização as
pessoas físicas, nacionais ou estrangeiras, residentes ou domiciliadas no Brasil, ou jurídicas,
constituídas e sediadas no País, que tiverem por finalidade executar programa de valorização da
área ou distribuição de terras. (Artigo com redação dada pela Lei nº 5.709, de 7/10/1971)
Art. 61. Os projetos de colonização particular, quanto à metodologia, deverão ser previamente
examinados pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, que inscreverá a entidade e o
respectivo projeto em registro próprio. Tais projetos serão aprovados pelo Ministério da
Agricultura, cujo órgão próprio coordenará a respectiva execução.
§ 1º Sem prévio registro da entidade colonizadora e do projeto e sem a aprovação deste,
nenhuma parcela poderá ser vendida em programas particulares de colonização.
§ 2º O proprietário de terras próprias para a lavoura ou pecuária, interessado em loteá-las para
fins de urbanização ou formação de sítios de recreio, deverá submeter o respectivo projeto à
prévia aprovação e fiscalização do órgão competente do Ministério da Agricultura ou do
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, conforme o caso.
§ 3º A fim de possibilitar o cadastro, o controle e a fiscalização dos loteamentos rurais, os
Cartórios de Registro de Imóveis são obrigados a comunicar aos órgãos competentes, referidos
no parágrafo anterior, os registros efetuados nas respectivas circunscrições, nos termos da
legislação em vigor, informando o nome do proprietário, a denominação do imóvel e sua
localização, bem como a área, o número de lotes, e a data do registro nos citados órgãos.
§ 4º Nenhum projeto de colonização particular será aprovado para gozar das vantagens desta
Lei, se não consignar para a empresa colonizadora as seguintes obrigações mínimas:
a) abertura de estradas de acesso e de penetração à área a ser colonizada; b) divisão dos lotes e respectivo piqueteamento, obedecendo a divisão, tanto quanto possível, ao
critério de acompanhar as vertentes, partindo a sua orientação no sentido do espigão para as
águas, de modo a todos os lotes possuírem água própria ou comum;
c) manutenção de uma reserva florestal nos vértices dos espigões e nas nascentes;
d) prestação de assistência médica e técnica aos adquirentes de lotes e aos membros de suas famílias;
e) fomento da produção de uma determinada cultura agrícola já predominante na região ou
ecologicamente aconselhada pelos técnicos do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária ou do
Ministério da Agricultura;
f) entrega de documentação legalizada e em ordem aos adquirentes de lotes.
§ 5° VETADO
§ 6º VETADO
§ 7º VETADO
§ 8º VETADO.
Art. 62. Os interessados em projetos de colonização destinados à ocupação e valorização
econômica da terra, em que predominem o trabalho assalariado ou contratos de arrendamento e
parceria, não gozarão dos benefícios previstos nesta Lei.
Seção III
Da Organização da Colonização
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Art. 63. Para atender aos objetivos da presente Lei e garantir as melhores condições de fixação
do homem à terra e seu progresso social e econômico, os programas de colonização serão
elaborados prevendo-se os grupamentos de lotes em núcleos de colonização, e destes em
distritos, e associação dos parceleiros em cooperativas.
Art. 64. Os lotes de colonização podem ser: I - parcelas, quando se destinem ao trabalho agrícola do parceleiro e de sua família cuja
moradia, quando não for no próprio local, há de ser no centro da comunidade a que elas
correspondam;
II - urbanos, quando se destinem a constituir o centro da comunidade, incluindo as residências
dos trabalhadores dos vários serviços implantados no núcleo ou distritos, eventualmente às dos
próprios parceleiros, e as instalações necessárias à localização dos serviços administrativos
assistenciais, bem como das atividades cooperativas, comerciais, artesanais e industriais.
§ 1º Sempre que o órgão competente do Ministério da Agricultura ou o Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária não manifestar em, dentro de noventa dias da consulta, a preferência a que
terão direito, os lotes de colonização poderão ser alienados:
a) a pessoas que se enquadrem nas condições e ordem de preferência, previstas no art. 25; ou
b) livremente, após cinco anos, contados da data de sua transcrição. § 2º No caso em que o adquirente ou seu sucessor venha a desistir da exploração direta, os
imóveis rurais, vendidos nos termos desta Lei, reverterão ao patrimônio do alienante, podendo o
regulamento prever as condições em que se dará essa reversão, resguardada a restituição da
quantia já paga pelo adquirente, com a correção monetária de acordo com os índices do
Conselho Nacional de Economia, apurados entre a data do pagamento e da restituição, se tal
cláusula constar do contrato de venda respectivo.
§ 3º Se os adquirentes mantiverem inexploradas áreas suscetíveis de aproveitamento, desde que
à sua disposição existam condições objetivas para explorá-las, perderão o direito a essas áreas,
que reverterão ao patrimônio do alienante, com a simples devolução das despesas feitas.
§ 4º Na regulamentação das matérias de que trata este capítulo, com a observância das primazias
já codificadas, se estipularão:
a) as exigências quanto aos títulos de domínio e à demarcação de divisas; b) os critérios para fixação das áreas-limites de parcelas, lotes urbanos e glebas de uso comum,
bem como dos preços, condições de financiamento e pagamento;
c) o sistema de seleção dos parceleiros e artesãos; d) as limitações para distribuição, desmembramentos, alienação e transmissão dos lotes;
e) as sanções pelo inadimplemento das cláusulas contratuais; f) os serviços que devam ser assegurados aos promitentes compradores, bem como os encargos
e isenções tributárias que, nos termos da lei, lhes sejam conferidos.
Art. 65. O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva do módulo
de propriedade rural. (Vide art. 11 do Decreto-Lei nº 57, de 18/11/1966)
§ 1º Em caso de sucessão causa mortis e nas partilhas judiciais ou amigáveis, não se poderão dividir imóveis em áreas inferiores às da dimensão do módulo de propriedade rural.
§ 2º Os herdeiros ou os legatários, que adquirirem por sucessão o domínio de imóveis rurais,
não poderão dividi-los em outros de dimensão inferior ao módulo de propriedade rural.
§ 3º No caso de um ou mais herdeiros ou legatários desejar explorar as terras assim havidas, o
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária poderá prover no sentido de o requerente ou requerentes
obterem financiamentos que lhes facultem o numerário para indenizar os demais condôminos.
§ 4º O financiamento referido no parágrafo anterior só poderá ser concedido mediante prova de
que o requerente não possui recursos para adquirir o respectivo lote.
§ 5º Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos parcelamentos de imóveis rurais em
dimensão inferior à do módulo, fixada pelo órgão fundiário federal, quando promovidos pelo
Poder Público, em programas oficiais de apoio à atividade agrícola familiar, cujos beneficiários
sejam agricultores que não possuam outro imóvel rural ou urbano. (Parágrafo acrescido pela
Lei nº 11.446, de 5/1/2007)
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§ 6º Nenhum imóvel rural adquirido na forma do § 5º deste artigo poderá ser desmembrado ou
dividido. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 11.446, de 5/1/2007)
Art. 66. Os compradores e promitentes compradores de parcelas resultantes de colonização
oficial ou particular, ficam isentos do pagamento dos tributos federais que incidam diretamente
sobre o imóvel durante o período de cinco anos, a contar da data da compra ou compromisso.
(Vide art. 6º do Decreto-Lei nº 57, de 18/11/1966)
Parágrafo único. O órgão competente firmará convênios com o fim de obter, para os compradores e promitentes compradores, idênticas isenções de tributos estaduais e municipais.
Art. 67. O Núcleo de Colonização, como unidade básica, caracteriza-se por um conjunto de parcelas integradas por uma sede administrativa e serviços comunitários.
Parágrafo único. O número de parcelas de um núcleo será condicionado essencialmente pela
possibilidade de conhecimento mútuo entre os parceleiros e de sua identificação pelo
administrador, em função das dimensões adequadas a cada região.
Art. 68. A emancipação do núcleo ocorrerá quando este tiver condições de vida autônoma, e
será declarada por ato do órgão competente, observados os preceitos legais e regulamentares.
Art. 69. O custo operacional do núcleo de colonização será progressivamente transferido aos
proprietários das parcelas, através de cooperativas ou outras entidades que os congreguem. O
prazo para essa transferência, nunca superior a cinco anos, contar-se-á:
a) a partir de sua emancipação; b) desde quando a maioria dos parceleiros já tenha recebido os títulos definitivos, embora o
núcleo não tenha adquirido condições de vida autônoma.
Art. 70. O Distrito de Colonização caracteriza-se como unidade constituída por três ou mais
núcleos interligados, subordinados a uma única chefia, integrado por serviços gerais
administrativos e comunitários.
Art. 71. Nos casos de regiões muito afastadas dos centros urbanos e dos mercados
consumidores, só se permitirá a organização de Distrito de Colonização.
Art. 72. A regulamentação deste capítulo estabelecerá, para os projetos de colonização que
venham a gozar dos benefícios desta Lei:
a) a forma de administração, a composição, a área de jurisdição e os critérios de vinculação,
desmembramento e incorporação dos núcleos aos Distritos de Colonização;
b) os serviços gerais administrativos e comunitários indispensáveis para a implantação de núcleos e Distrito de Colonizações;
c) os serviços complementares de assistência educacional, sanitária, social, técnica e creditícia; d) os serviços de produção, de beneficiamento e de industrialização e de eletrificação rural, de
comercialização e transportes;
e) os serviços de planejamento e execução de obras que, em cada caso, sejam aconselháveis e
devam ser considerados para a eficácia dos programas.
CAPÍTULO III
DA ASSISTÊNCIA E PROTEÇÃO À ECONOMIA RURAL
Art. 73. Dentro das diretrizes fixadas para a política de desenvolvimento rural, com o fim de
prestar assistência social, técnica e fomentista e de estimular a produção agropecuária, de forma
a que ela atenda não só ao consumo nacional, mas também à possibilidade de obtenção de
excedentes exportáveis, serão mobilizados, entre outros, os seguintes meios:
I - assistência técnica; II - produção e distribuição de sementes e mudas;
III - criação, venda e distribuição de reprodutores e uso da inseminação artificial;
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IV - mecanização agrícola;
V - cooperativismo;
VI - assistência financeira e creditícia;
VII - assistência à comercialização;
VIII - industrialização e beneficiamento dos produtos;
IX - eletrificação rural e obras de infra-estrutura;
X - seguro agrícola; XI - educação, através de estabelecimentos agrícolas de orientação profissional;
XII - garantia de preços mínimos à produção agrícola.
§ 1º Todos os meios enumerados neste artigo serão utilizados para dar plena capacitação ao
agricultor e sua família e visam, especialmente, ao preparo educacional, à formação empresarial
e técnico-profissional:
a) garantindo sua integração social e ativa participação no processo de desenvolvimento rural;
b) estabelecendo, no meio rural, clima de cooperação entre o homem e o Estado, no
aproveitamento da terra.
§ 2º No que tange aos campos de ação dos órgãos incumbidos de orientar, normalizar ou
executar a política de desenvolvimento rural, através dos meios enumerados neste artigo,
observar-se-á o seguinte:
a) nas áreas abrangidas pelas regiões prioritárias e incluídas nos planos nacional e regionais de
Reforma Agrária, a atuação competirá sempre ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária;
b) nas demais áreas do País, esses meios de assistência e proteção serão utilizados sob
coordenação do Ministério da Agricultura; no âmbito de atuação dos órgãos federais, pelas
repartições e entidades subordinadas ou vinculadas àquele Ministério; nas áreas de jurisdição
dos Estados, pelas respectivas Secretarias de Agricultura e entidades de economia mista, criadas
e adequadamente organizadas com a finalidade de promover o desenvolvimento rural; (Vide
art. 1º do Decreto nº 56.891, de 22/9/1965)
c) nas regiões em que atuem órgãos de valorização econômica, tais como a Superintendência do
Desenvolvimento Econômico do Nordeste (SUDENE), a Superintendência do Plano de
Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), a Comissão do Vale do São Francisco (CVSF),
a Fundação Brasil Central (FBC), a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da
Região Fronteira Sudoeste do País (SUDOESTE), a utilização desses meios poderá ser, no todo
ou em parte, exercida por esses órgãos.
§ 3º Os projetos de Reforma Agrária receberão assistência integral, assim compreendido o
emprego de todos os meios enumerados neste artigo, ficando a cargo dos organismos criados
pela presente Lei e daqueles já existentes, sob coordenação do Instituto Brasileiro de Reforma
Agrária.
§ 4º Nas regiões prioritárias de Reforma Agrária, será essa assistência prestada, também, pelo
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, em colaboração com os órgãos estaduais pertinentes,
aos proprietários rurais aí existentes, desde que se constituam em cooperativas, requeiram os
benefícios aqui mencionados e se comprometam a observar as normas estabelecidas.
Art. 74. É criado, para atender às atividades atribuídas por esta Lei ao Ministério da Agricultura,
o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário (INDA), entidade autárquica vinculada ao
mesmo Ministério, com personalidade jurídica e autonomia financeira, de acordo com o
prescrito nos dispositivos seguintes:
I - o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário tem por finalidade promover o
desenvolvimento rural nos setores da colonização, da extensão rural e do cooperativismo;
II - o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário terá os recursos e o patrimônio definidos na presente Lei;
III - o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário será dirigido por um Presidente e um
Conselho Diretor, composto de três membros, de nomeação do Presidente da República,
mediante indicação do Ministro da Agricultura;
IV - o Presidente do Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário integrará a Comissão de
Planejamento da Política Agrícola;
V - além das atribuições que esta Lei lhe confere, cabe ao Instituto Nacional do
Desenvolvimento Agrário:
a) VETADO;
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b) planejar, programar, orientar, promover e fiscalizar as atividades relativas ao cooperativismo
e associativismo rural;
c) colaborar em programas de colonização e de recolonização;
d) planejar, programar, promover e controlar as atividades relativas à extensão rural e cooperar
com outros órgãos ou entidades que a executem;
e) planejar, programar e promover medidas visando à implantação e desenvolvimento da
eletrificação rural;
f) proceder à avaliação do desenvolvimento das atividades de extensão rural ...VETADO;
g) realizar estudos e pesquisas sobre a organização rural e propor as medidas deles decorrentes; h) VETADO;
i) atuar, em colaboração com os órgãos do Ministério do Trabalho incumbidos da sindicalização
rural visando a harmonizar as atribuições legais com os propósitos sociais, econômicos e
técnicos da agricultura;
j) estabelecer normas, proceder ao registro e promover a fiscalização do funcionamento das cooperativas e de outras entidades de associativismo rural;
k) planejar e promover a aquisição e revenda de materiais agropecuários, reprodutores, sementes
e mudas;
l) controlar os estoques e as operações financeiras de revenda; m) centralizar a movimentação de recursos financeiros destinados à aquisição e revenda de
materiais agropecuários, de acordo com o plano geral aprovado pela Comissão de Planejamento
da Política Agrícola;
n) exercer as atribuições de que trata o art. 88, desta Lei, no âmbito federal; o) desempenhar as atribuições constantes do art. 162 da Constituição Federal, observado o
disposto no § 2º do art. 58, desta Lei, coordenadas as suas atividades com as do Banco Nacional
de Crédito Cooperativo;
p) firmar convênios com os Estados, Municípios e entidades privadas para execução dos
programas de desenvolvimento rural nos setores da colonização, extensão rural, cooperativismo
e demais atividades de sua atribuição;
VI - a organização do Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário e de seus sistemas de
funcionamento será estabelecida em regulamento, com competência idêntica à fixada para o
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, no art. 104 e seus parágrafos.
Seção I
Da Assistência Técnica
Art. 75. A assistência técnica, nas modalidades e com os objetivos definidos nos parágrafos
seguintes, será prestada por todos os órgãos referidos no artigo 73, § 2º, alíneas a, b e c.
§ 1º Nas áreas dos projetos de reforma agrária, a prestação de assistência técnica será feita
através do Administrador do Projeto, dos agentes de extensão rural e das equipes de
especialistas. O Administrador residirá obrigatoriamente, na área do projeto. Os agentes de
extensão rural e as equipes de especialistas atuarão ao nível da Delegacia Regional do Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária e deverão residir na sua área de jurisdição, e durante a fase da
implantação, se necessário, na própria área do projeto.
§ 2º Nas demais áreas, fora das regiões prioritárias, este tipo de assistência técnica será prestado na forma indicada no art. 73, parágrafo 2º, alínea b.
§ 3º Os estabelecimentos rurais isolados continuarão a ser atendidos pelos órgãos de assistência
técnica do Ministério da Agricultura e das Secretarias Estaduais, na forma atual ou através de
técnicas e sistemas que vierem a ser adotados por aqueles organismos.
§ 4º As atividades de assistência técnica tanto nas áreas prioritárias de Reforma Agrária como
nas previstas no § 3º deste artigo, terão, entre outros, os seguintes objetivos:
a) a planificação de empreendimentos e atividades agrícolas; b) a elevação do nível sanitário, através de serviços próprios de saúde e saneamento rural,
melhoria de habitação e de capacitação de lavradores e criadores, bem como de suas famílias;
c) a criação do espírito empresarial e a formação adequada em economia doméstica,
indispensável à gerência dos pequenos estabelecimentos rurais e à administração da própria vida
familiar;
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d) a transmissão de conhecimentos e acesso a meios técnicos concernentes a métodos e práticas
agropecuárias e extrativas, visando a escolha econômica das culturas e criações, a racional
implantação e desenvolvimento, e ao emprego de medidas de defesa sanitária vegetal e animal;
e) o auxílio e a assistência para o uso racional do solo, a execução de planos de reflorestamento, a obtenção de crédito e financiamento, a defesa e preservação dos recursos naturais;
f) a promoção, entre os agricultores, do espírito de liderança e de associativismo.
Seção II
Da Produção e Distribuição de
Sementes e Mudas
Art. 76. Os órgãos referidos no artigo 73, § 2º, alínea b, deverão expandir suas atividades no
setor de produção e distribuição e de material de plantio, inclusive o básico, de modo a atender
tanto aos parceleiros como aos agricultores em geral.
Parágrafo único. A produção e distribuição de sementes e mudas, inclusive de novas variedades,
poderão também ser feitas por organizações particulares, dentro do sistema de certificação de
material de plantio, sob a fiscalização, controle e amparo do Poder Público.
Seção III
Da Criação, Venda, Distribuição de
Reprodutores e Uso da Inseminação Artificial
Art. 77. A melhoria dos rebanhos e plantéis será feita através de criação, venda de reprodutores
e uso da inseminação artificial, devendo os órgãos referidos no artigo 73, § 2º, alínea b , ampliar
para esse fim, a sua rede de postos especializados.
Parágrafo único. A criação de reprodutores e o emprego da inseminação artificial poderão ser
feitos por entidades privadas, sob fiscalização, controle e amparo do Poder Público.
Seção IV
Da Mecanização Agrícola
Art. 78. Os planos de mecanização agrícola, elaborados pelos órgãos referidos no artigo 73, §
2°, alínea b, levarão em conta o mercado de mão-de-obra regional, as necessidades de
preparação e capacitação de pessoal, para utilização e manutenção de maquinaria.
§ 1º Esses planos serão dimensionados em função do grau de produtividade que se pretende
alcançar em cada uma das áreas geoeconômicas do País, e deverão ser condicionados ao nível
tecnológico já existente e à composição da força de trabalho ocorrente.
§ 2º Nos mesmos planos poderão ser incluídos serviços adequados de manutenção e de
orientação técnica para o uso econômico das máquinas e implementos, os quais, sempre que
possível deverão ser realizados por entidades privadas especializadas.
Seção V
Do Cooperativismo
Art. 79. A Cooperativa Integral de Reforma Agrária (CIRA) contará com a contribuição
financeira do Poder Público, através do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, durante o
período de implantação dos respectivos projetos.
§ 1º A contribuição financeira referida neste artigo será feita de acordo com o vulto do
empreendimento, a possibilidade de obtenção de crédito, empréstimo ou financiamento externo
e outras facilidades.
§ 2º A Cooperativa Integral de Reforma Agrária terá um Delegado indicado pelo Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária, integrante do Conselho de Administração, sem direito a voto,
com a função de prestar assistência técnico-administrativa à Diretoria e de orientar e fiscalizar a
aplicação de recursos que o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária tiver destinado à entidade
cooperativa.
§ 3º Às cooperativas assim constituídas será permitida a contratação de gerentes não-cooperados
na forma de lei.
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§ 4º A participação direta do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária na constituição, instalação
e desenvolvimento da Cooperativa Integral de Reforma Agrária, quando constituir contribuição
financeira, será feita com recursos do Fundo Nacional de Reforma Agrária, na forma de
investimentos sem recuperação direta, considerada a finalidade social e econômica desses
investimentos. Quando se tratar de assistência creditícia, tal participação será feita por
intermédio do Banco Nacional de Crédito Cooperativo, de acordo com normas traçadas pela
entidade coordenadora do crédito rural.
§ 5º A Contribuição do Estado será feita pela Cooperativa Integral de Reforma Agrária, levada à
conta de um Fundo de Implantação da própria cooperativa.
§ 6º Quando o empreendimento resultante do projeto de Reforma Agrária tiver condições de
vida autônoma, sua emancipação será declarada pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária,
cessando as funções do Delegado de que trata o § 2° deste artigo e incorporando-se ao
patrimônio da cooperativa o Fundo requerido no parágrafo anterior.
§ 7º O Estatuto da Cooperativa integral de Reforma Agrária deverá determinar a incorporação
ao Banco Nacional de Crédito Cooperativo do remanescente patrimonial no caso de dissolução
da sociedade.
§ 8º Além da sua designação qualitativa, a Cooperativa Integral de Reforma Agrária adotará a denominação que o respectivo Estatuto estabelecer.
§ 9º As cooperativas já existentes nas áreas prioritárias poderão transformar-se em Cooperativas
Integrais de Reforma Agrária, a critério do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária.
§ 10. O disposto nesta seção aplica-se, no que couber, às demais cooperativas, inclusive às
destinadas a atividades extrativas.
Art. 80. O órgão referido no artigo 74 deverá promover a expansão do sistema cooperativista,
prestando, quando necessário, assistência técnica, financeira e comercial às cooperativas
visando à capacidade e ao treinamento dos cooperados para garantir a implantação dos serviços
administrativos, técnicos, comerciais e industriais.
Seção VI
Da Assistência Financeira e Creditícia
Art. 81. Para aquisição de terra destinada a seu trabalho e de sua família, o trabalhador rural terá
direito a um empréstimo correspondente ao valor do salário-mínimo anual da região, pelo
Fundo Nacional de Reforma Agrária, prazo de vinte anos, ao juro deseis por cento ao ano.
Parágrafo único. Poderão acumular o empréstimo de que trata este artigo, dois ou mais
trabalhadores rurais que se entenderem para aquisição de propriedade de área superior à que
estabelece o número 2 do artigo 4°, desta Lei, sob a administração comum ou em forma de
cooperativa.
Art. 82. Nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, a assistência creditícia aos parceleiros e
demais cooperados será prestada, preferencialmente, através das cooperativas.
Parágrafo único. Nas demais regiões, sempre que possível, far-se-á o mesmo com referência aos
pequenos e médios proprietários.
Art. 83. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, em colaboração com o Ministério da
Agricultura, a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) e a Coordenação Nacional do
Crédito Rural, promoverá as medidas legais necessárias para a institucionalização do crédito
rural, tecnificado.
§ 1º A Coordenação Nacional do Crédito Rural fixará as normas do contrato padrão de
financiamento que permita assegurar proteção ao agricultor, desde a fase do preparo da terra, até
a venda de suas safras, ou entrega das mesmas à cooperativa para comercialização ou
industrialização.
§ 2º O mesmo organismo deverá prover à forma de desconto de títulos oriundos de operações de
financiamento a agricultores ou de venda de produtos, máquinas, implementos e utilidades
agrícolas necessários ao custeio de safras, construção de benfeitorias e melhoramentos
fundiários.
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§ 3º A Superintendência da Moeda e do Crédito poderá determinar que dos depósitos
compulsórios dos Bancos particulares, à sua ordem, sejam deduzidas as quantias a serem
utilizadas em operações de crédito rural, na forma por ela regulamentada.
Seção VII
Da Assistência à Comercialização
Art. 84. Os planos de armazenamento e proteção dos produtos agropecuários levarão em conta o
zoneamento de que trata o artigo 43, a fim de condicionar, aos objetivos desta Lei, as atividades
da Superintendência Nacional de Abastecimento (SUNAB) e de outros órgãos federais e
estaduais com atividades que objetivem o desenvolvimento rural.
§ 1º Os órgãos referidos neste artigo, se necessário, deverão instalar em convênio com o
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, armazéns, silos, frigoríficos, postos ou agências de
compra, visando a dar segurança à produção agrícola.
§ 2º Os planos deverão também levar em conta a classificação dos produtos e o adequado e
oportuno escoamento das safras.
Art. 85. A fixação dos preços mínimos, de acordo com a essencialidade dos produtos
agropecuários, visando aos mercados interno e externo, deverá ser feita, no mínimo, sessenta
dias antes da época do plantio em cada região e reajustados, na época da venda, de acordo com
os índices de correção fixados pelo Conselho Nacional de Economia.
§ 1º Para fixação do preço mínimo se tomará por base o custo efetivo da produção, acrescido
das despesas de transporte para o mercado mais próximo e da margem de lucro do produtor, que
não poderá ser inferior a trinta por cento.
§ 2º As despesas do armazenamento, expurgo, conservação e embalagem dos produtos agrícolas
correrão por conta do órgão executor da política de garantia de preços mínimos, não sendo
dedutíveis do total a ser pago ao produtor.
Art. 86. Os órgãos referidos no artigo 73, § 2º, alínea b, deverão, se necessário e quando a rede
comercial se mostrar insuficiente, promover a expansão desta ou expandir seus postos de
revenda para atender aos interesses de lavradores e de criadores na obtenção de mercadorias e
utilidades necessárias às suas atividades rurais, de forma oportuna e econômica, visando à
melhoria da produção e ao aumento da produtividade, através, entre outros, de serviços locais,
para distribuição de produção própria ou revenda de:
I - tratores, implementos agrícolas, conjuntos de irrigação e perfuração de poços, aparelhos e
utensílios para pequenas indústrias de beneficiamento da produção;
II - arames, herbicidas, inseticidas, fungicidas, rações, misturas, soros, vacinas e medicamentos
para animais;
III - corretivo de solo fertilizantes e adubos, sementes e mudas.
Seção VIII
Da Industrialização e Beneficiamento
dos Produtos Agrícolas
Art. 87. Nas áreas prioritárias da Reforma Agrária, a industrialização e o beneficiamento dos
produtos agrícolas serão promovidos pelas Cooperativas Integrais de Reforma Agrária.
Art. 88. O Poder Público, através dos órgãos referidos no art. 73, § 2º, alínea b, exercerá
atividades de orientação, planificação, execução e controle, com o objetivo de promover o
incentivo da industrialização, do beneficiamento dos produtos agropecuários e dos meios
indispensáveis ao aumento da produção e da produtividade agrícola, especialmente os referidos
no art. 86.
Parágrafo único. VETADO.
Seção IX
Da Eletrificação Rural e Obras de
Infra-estrutura
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Art. 89. Os planos nacional e regional de Reforma Agrária incluirão, obrigatoriamente, as
providências de valorização relativas a eletrificação rural e outras obras de melhoria de infra-
estrutura, tais como reflorestamento, regularização dos deflúvios dos cursos d'água, açudagem,
barragens submersas, drenagem, irrigação, abertura de poços, saneamento, obras de conservação
do solo, além do sistema viário indispensável à realização do projeto.
Art. 90. Os órgãos públicos federais ou estaduais referidos no art. 73, § 2º, alíneas a, b e c, bem
como o Banco Nacional de Crédito Cooperativo, na medida de suas disponibilidades técnicas e
financeiras, promoverão a difusão das atividades de reflorestamento e de eletrificação rural,
estas essencialmente através de cooperativas de eletrificação e industrialização rural,
organizadas pelos lavradores e pecuaristas da região.
§ 1º Os mesmos órgãos, especialmente as entidades de economia mista destinadas a promover o
desenvolvimento rural, deverão manter serviços para atender à orientação, planificação,
execução e fiscalização das obras de melhoria e outras de infra-estrutura, referidas neste artigo.
§ 2º Os consumidores rurais de energia elétrica distribuída através de cooperativa de
eletrificação e industrialização rural ficarão isentos do respectivo empréstimo compulsório.
§ 3º Os projetos de eletrificação rural feitos pelas cooperativas rurais terão prioridade nos
financiamentos e poderão receber auxílio do Governo federal, estadual e municipal.
Seção X
Do Seguro Agrícola
Art. 91. A Companhia Nacional de Seguro Agrícola (CNSA), em convênio com o Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária, atuará nas áreas do projeto de Reforma Agrária, garantindo
culturas, safras, colheitas, rebanhos e plantéis.
§ 1º O estabelecimento das tabelas dos prêmios de seguro para os vários tipos de atividade
agropecuária nas diversas regiões do País será feito tendo-se em vista a necessidade de sua
aplicação, não somente nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, como também nas outras
regiões selecionadas pela Companhia Nacional de Seguro Agrícola, nas quais a produção
agropecuária represente fator essencial de desenvolvimento.
§ 2º Os contratos de financiamento e empréstimo e os contratos agropecuários de qualquer
natureza, realizados através dos órgãos oficiais de crédito, deverão ser segurados na Companhia
Nacional de Seguro Agrícola.
CAPÍTULO IV
DO USO OU DA POSSE TEMPORÁRIA DA TERRA
Seção I
Das Normas Gerais
Art. 92. A posse ou uso temporário da terra serão exercidos em virtude de contrato expresso ou
tácito, estabelecido entre o proprietário e os que nela exercem atividade agrícola ou pecuária,
sob forma de arrendamento rural, de parceria agrícola, pecuária, ragroindustrial e extrativa, nos
termos desta Lei.
§ 1º O proprietário garantirá ao arrendatário ou parceiro o uso e gozo do imóvel arrendado ou
cedido em parceria.
§ 2º Os preços de arrendamento e de parceria fixados em contrato ...VETADO... serão
reajustados periodicamente, de acordo com os índices aprovados pelo Conselho Nacional de
Economia. Nos casos em que ocorra exploração de produtos com preço oficialmente fixado, a
relação entre os preços reajustados e os iniciais não pode ultrapassar a relação entre o novo
preço fixado para os produtos e o respectivo preço na época do contrato, obedecidas as normas
do Regulamento desta Lei.
§ 3º No caso de alienação do imóvel arrendado, o arrendatário terá preferência para adquiri-lo
em igualdade de condições devendo o proprietário dar-lhe conhecimento da venda, a fim de que
possa exercitar o direito de preempção dentro de trinta dias, a contar da notificação judicial ou
comprovadamente efetuada, mediante recibo.
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§ 4º O arrendatário a quem não se notificar a venda poderá, depositando o preço, haver para si o
imóvel arrendado, se o requerer no prazo de seis meses, a contar da transcrição do ato de
alienação no Registro de Imóveis.
§ 5º A alienação ou a imposição de ônus real ao imóvel não interrompe a vigência dos contratos
de arrendamento ou de parceria ficando o adquirente sub-rogado nos direitos e obrigações do
alienante.
§ 6º O inadimplemento das obrigações assumidas por qualquer das partes dará lugar,
facultativamente, à rescisão do contrato de arrendamento ou de parceria. observado o disposto
em lei.
§ 7º Qualquer simulação ou fraude do proprietário nos contratos de arrendamento ou de
parceria, em que o preço seja satisfeito em produtos agrícolas, dará ao arrendatário ou ao
parceiro o direito de pagar pelas taxas mínimas vigorantes na região para cada tipo de contrato.
§ 8º Para prova dos contratos previstos neste artigo, será permitida a produção de testemunhas.
A ausência de contrato não poderá elidir a aplicação dos princípios estabelecidos neste Capítulo
e nas normas regulamentares.
§ 9º Para solução dos casos omissos na presente Lei, prevalecerá o disposto no Código Civil.
Art. 93. Ao proprietário é vedado exigir do arrendatário ou do parceiro:
I - prestação de serviço gratuito;
II - exclusividade da venda da colheita;
III - obrigatoriedade do beneficiamento da produção em seu estabelecimento;
IV - obrigatoriedade da aquisição de gêneros e utilidades em seus armazéns ou barracões; V - aceitação de pagamento em "ordens", "vales", "borós" ou outras formas regionais
substitutivas da moeda.
Parágrafo único. Ao proprietário que houver financiado o arrendatário ou parceiro, por
inexistência de financiamento direto, será facultado exigir a venda da colheita até o limite do
financiamento concedido, observados os níveis de preços do mercado local.
Art. 94. É vedado contrato de arrendamento ou parceria na exploração de terras de propriedade
pública, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. Excepcionalmente, poderão ser arrendadas ou dadas em parceria terras de propriedade púbica, quando:
a) razões de segurança nacional o determinarem;
b) áreas de núcleos de colonização pioneira, na sua fase de implantação, forem organizadas para
fins de demonstração;
c) forem motivo de posse pacífica e a justo título, reconhecida pelo Poder Público, antes da
vigência desta Lei.
Seção II
Do Arrendamento Rural
Art. 95. Quanto ao arrendamento rural, observar-se-ão os seguintes princípios:
I - os prazos de arrendamento terminarão sempre depois de ultimada a colheita, inclusive a de
plantas forrageiras temporárias cultiváveis. No caso de retardamento da colheita por motivo de
força maior, considerar-se-ão esses prazos prorrogados nas mesmas condições, até sua
ultimação;
II - presume-se feito, no prazo mínimo de três anos, o arrendamento por tempo indeterminado,
observada a regra do item anterior;
III - o arrendatário, para iniciar qualquer cultura cujos frutos não possam ser recolhidos antes de
terminado o prazo de arrendamento, deverá ajustar, previamente, com o arrendador a forma de
pagamento do uso da terra por esse prazo excedente; (Inciso com redação dada pela Lei nº
11.443, de 5/1/2007)
IV - em igualdade de condições com estranhos, o arrendatário terá preferência à renovação do
arrendamento, devendo o proprietário, até 6 (seis) meses antes do vencimento do contrato, fazer-
lhe a competente notificação extrajudicial das propostas existentes. Não se verificando a
notificação extrajudicial, o contrato considera-se automaticamente renovado, desde que o
arrendador, nos 30 (trinta) dias seguintes, não manifeste sua desistência ou formule nova
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proposta, tudo mediante simples registro de suas declarações no competente Registro de Títulos
e Documentos; (Inciso com redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
V - os direitos assegurados no inciso IV do caput deste artigo não prevalecerão se, no prazo de 6
(seis) meses antes do vencimento do contrato, o proprietário, por via de notificação
extrajudicial, declarar sua intenção de retomar o imóvel para explorá-lo diretamente ou por
intermédio de descendente seu; (Inciso com redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
VI - sem expresso consentimento do proprietário é vedado o subarrendamento;
VII - poderá ser acertada, entre o proprietário e arrendatário, cláusula que permita a substituição
de área arrendada por outra equivalente no mesmo imóvel rural, desde que respeitadas as
condições de arrendamento e os direitos do arrendatário;
VIII - o arrendatário, ao termo do contrato, tem direito à indenização das benfeitorias
necessárias e úteis; será indenizado das benfeitorias voluptuárias quando autorizadas pelo
proprietário do solo; e, enquanto o arrendatário não for indenizado das benfeitorias necessárias e
úteis, poderá permanecer no imóvel, no uso e gozo das vantagens por ele oferecidas, nos termos
do contrato de arrendamento e das disposições do inciso I deste artigo; (Inciso com redação
dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
IX - constando do contrato de arrendamento animais de cria, de corte ou de trabalho, cuja forma
de restituição não tenha sido expressamente regulada, o arrendatário é obrigado, findo ou
rescindido o contrato, a restituí-los em igual número, espécie e valor;
X - o arrendatário não responderá por qualquer deterioração ou prejuízo a que não tiver dado
causa;
XI - na regulamentação desta Lei, serão complementadas as seguintes condições que,
obrigatoriamente, constarão dos contratos de arrendamento:
a) limites da remuneração e formas de pagamento em dinheiro ou no seu equivalente em
produtos; (Alínea com redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
b) prazos mínimos de arrendamento e limites de vigência para os vários tipos de atividades
agrícolas; (Alínea com redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
c) bases para as renovações convencionadas;
d) formas de extinção ou rescisão;
e) direito e formas de indenização ajustadas quanto às benfeitorias realizadas; XII - a remuneração do arrendamento, sob qualquer forma de pagamento, não poderá ser
superior a 15% (quinze por cento) do valor cadastral do imóvel, incluídas as benfeitorias que
entrarem na composição do contrato, salvo se o arrendamento for parcial e recair apenas em
glebas selecionadas para fins de exploração intensiva de alta rentabilidade, caso em que a
remuneração poderá ir até o limite de 30% (trinta por cento); (Inciso com redação dada pela Lei
nº 11.443, de 5/1/2007)
XIII - a todo aquele que ocupar, sob qualquer forma de arrendamento, por mais de cinco anos,
um imóvel rural desapropriado, em área prioritária de Reforma Agrária, é assegurado o direito
preferencial de acesso à terra ..VETADO.
Art. 95-A. Fica instituído o Programa de Arrendamento Rural, destinado ao atendimento
complementar de acesso à terra por parte dos trabalhadores rurais qualificados para participar do
Programa Nacional de Reforma Agrária, na forma estabelecida em regulamento.
Parágrafo único. Os imóveis que integrarem o Programa de Arrendamento Rural não serão
objeto de desapropriação para fins de reforma agrária enquanto se mantiverem arrendados,
desde que atendam aos requisitos estabelecidos em regulamento. (Artigo acrescido pela Medida
Provisória nº 2.183-56, de 24/8/2001)
Seção III
Da Parceria Agrícola, Pecuária,
Agro-Industrial e Extrativa
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Art. 96. Na parceria agrícola, pecuária, ragroindustrial e extrativa, observar-se-ão os seguintes
princípios:
I - o prazo dos contratos de parceria, desde que não convencionados pelas partes, será no
mínimo de três anos, assegurado ao parceiro o direito à conclusão da colheita, pendente,
observada a norma constante do inciso I, do artigo 95;
II - expirado o prazo, se o proprietário não quiser explorar diretamente a terra por conta própria,
o parceiro em igualdade de condições com estranhos, terá preferência para firmar novo contrato
de parceria;
III - as despesas com o tratamento e criação dos animais, não havendo acordo em contrário,
correrão por conta do parceiro tratador e criador;
IV - o proprietário assegurará ao parceiro que residir no imóvel rural, e para atender ao uso
exclusivo da família deste, casa de moradia higiênica e área suficiente para horta e criação de
animais de pequeno porte;
V - no Regulamento desta Lei, serão complementadas, conforme o caso, as seguintes condições,
que constarão, obrigatoriamente, dos contratos de parceria agrícola, pecuária, ragroindustrial ou
extrativa:
a) quota-limite do proprietário na participação dos frutos, segundo a natureza de atividade
agropecuária e facilidades oferecidas ao parceiro;
b) prazos mínimos de duração e os limites de vigência segundo os vários tipos de atividade
agrícola;
c) bases para as renovações convencionadas;
d) formas de extinção ou rescisão; e) direitos e obrigações quanto às indenizações por benfeitorias levantadas com consentimento
do proprietário e aos danos substanciais causados pelo parceiro, por práticas predatórias na área
de exploração ou nas benfeitorias, nos equipamentos, ferramentas e implementos agrícolas a ele
cedidos;
f) direito e oportunidade de dispor sobre os frutos repartidos;
VI - na participação dos frutos da parceria, a quota do proprietário não poderá ser superior a: a) 20% (vinte por cento), quando concorrer apenas com a terra nua; (Alínea com redação dada
pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
b) 25% (vinte e cinco por cento), quando concorrer com a terra preparada; (Alínea com redação
dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
c) 30% (trinta por cento), quando concorrer com a terra preparada e moradia; (Alínea com
redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
d) 40% (quarenta por cento), caso concorra com o conjunto básico de benfeitorias, constituído
especialmente de casa de moradia, galpões, banheiro para gado, cercas, valas ou currais,
conforme o caso; (Alínea com redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
e) 50% (cinquenta por cento), caso concorra com a terra preparada e o conjunto básico de
benfeitorias enumeradas na alínea d deste inciso e mais o fornecimento de máquinas e
implementos agrícolas, para atender aos tratos culturais, bem como as sementes e animais de
tração, e, no caso de parceria pecuária, com animais de cria em proporção superior a 50%
(cinquenta por cento) do número total de cabeças objeto de parceria; (Alínea com redação dada
pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
f) 75% (setenta e cinco por cento), nas zonas de pecuária ultra-extensiva em que forem os
animais de cria em proporção superior a 25% (vinte e cinco por cento) do rebanho e onde se
adotarem a meação do leite e a comissão mínima de 5% (cinco por cento) por animal vendido;
(Alínea com redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
g) nos casos não previstos nas alíneas anteriores, a quota adicional do proprietário será fixada
com base em percentagem máxima de dez por cento do valor das benfeitorias ou dos bens
postos à disposição do parceiro;
VII - aplicam-se à parceria agrícola, pecuária, agropecuária, ragroindustrial ou extrativa as
normas pertinentes ao arrendamento rural, no que couber, bem como as regras do contrato de
sociedade, no que não estiver regulado pela presente Lei.
VIII - o proprietário poderá sempre cobrar do parceiro, pelo seu preço de custo, o valor de
fertilizantes e inseticidas fornecidos no percentual que corresponder à participação deste, em
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qualquer das modalidades previstas nas alíneas do inciso VI do caput deste artigo; (Inciso
acrescido pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
IX - nos casos não previstos nas alíneas do inciso VI do caput deste artigo, a quota adicional do
proprietário será fixada com base em percentagem máxima de 10% (dez por cento) do valor das
benfeitorias ou dos bens postos à disposição do parceiro. (Inciso acrescido pela Lei nº 11.443,
de 5/1/2007)
§ 1º Parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por
tempo determinado ou não, o uso específico de imóvel rural, de parte ou partes dele, incluindo,
ou não, benfeitorias, outros bens e/ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade
de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista; e/ou lhe entrega
animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias-primas de origem
animal, mediante partilha, isolada ou cumulativamente, dos seguintes riscos:
I - caso fortuito e de força maior do empreendimento rural;
II - dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites percentuais estabelecidos no inciso VI do caput deste artigo;
III - variações de preço dos frutos obtidos na exploração do empreendimento rural. (Parágrafo
acrescido pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
§ 2º As partes contratantes poderão estabelecer a prefixação, em quantidade ou volume, do
montante da participação do proprietário, desde que, ao final do contrato, seja realizado o
ajustamento do percentual pertencente ao proprietário, de acordo com a produção. (Parágrafo
acrescido pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
§ 3º Eventual adiantamento do montante prefixado não descaracteriza o contrato de parceria. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007) § 4º Os contratos que prevejam o pagamento do trabalhador, parte em dinheiro e parte em
percentual na lavoura cultivada ou em gado tratado, são considerados simples locação de
serviço, regulada pela legislação trabalhista, sempre que a direção dos trabalhos seja de inteira e
exclusiva responsabilidade do proprietário, locatário do serviço a quem cabe todo o risco,
assegurando-se ao locador, pelo menos, a percepção do salário mínimo no cômputo das 2 (duas)
parcelas. (Parágrafo único transformado em § 4º pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)
§ 5º O disposto neste artigo não se aplica aos contratos de parceria agroindustrial, de aves e
suínos, que serão regulados por lei específica. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 11.443, de
5/1/2007)
Seção IV
Dos Ocupantes de Terras Públicas
Federais
Art. 97. Quanto aos legítimos possuidores de terras devolutas federais, observar-se-á o seguinte:
I - o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá a discriminação das áreas ocupadas por
posseiros, para a progressiva regularização de suas condições de uso e posse da terra,
providenciando, nos casos e condições previstos nesta Lei, a emissão dos títulos de domínio;
II - todo o trabalhador agrícola que, à data da presente Lei, tiver ocupado, por um ano, terras
devolutas, terá preferência para adquirir um lote da dimensão do módulo de propriedade rural,
que for estabelecido para a região, obedecidas as prescrições da lei.
Art. 98. Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, ocupar por dez anos
ininterruptos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, tornando-o produtivo por
seu trabalho, e tendo nele sua morada, trecho de terra com área caracterizada como suficiente
para, por seu cultivo direto pelo lavrador e sua família, garantir-lhes a subsistência, o progresso
social e econômico, nas dimensões fixadas por esta Lei, para o módulo de propriedade, adquirir-
lhe-á o domínio, mediante sentença declaratória devidamente transcrita.
Art. 99. A transferência do domínio ao posseiro de terras devolutas federais efetivar-se-á no
competente processo administrativo de legitimação de posse, cujos atos e termos obedecerão às
normas do Regulamento da presente Lei.
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Art. 100. O título de domínio expedido pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será, dentro
do prazo que o Regulamento estabelecer, transcrito no competente Registro Geral de Imóveis.
Art. 101. As taxas devidas pelo legitimante de posse em terras devolutas federais, constarão de
tabela a ser periodicamente expedida pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, atendendo-se
à ancianidade da posse, bem como às diversificações das regiões em que se verificar a
respectiva discriminação.
Art. 102. Os direitos dos legítimos possuídores de terras devolutas federais estão condicionados
ao implemento dos requisitos absolutamente indispensáveis da cultura efetiva e da morada
habitual.
TÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 103. A aplicação da presente Lei deverá objetivar, antes e acima de tudo, a perfeita
ordenação do sistema agrário do País, de acordo com os princípios da justiça social, conciliando
a liberdade de iniciativa com a valorização do trabalho humano.
§ 1º Para a plena execução do disposto neste artigo, o Poder Executivo, através dos órgãos da
sua administração centralizada e descentralizada, deverá prover no sentido de facultar e garantir
todas as atividades extrativas, agrícolas, pecuárias e agroindustriais, de modo a não prejudicar,
direta ou indiretamente, o harmônico desenvolvimento da vida rural.
§ 2º Dentro dessa orientação, a implantação dos serviços e trabalhos previstos nesta Lei
processar-se-á progressivamente, seguindo-se os critérios, as condições técnicas e as prioridades
fixadas pelas mesmas, a fim de que a política de desenvolvimento rural de nenhum modo tenha
solução de continuidade.
§ 3º De acordo com os princípios normativos deste artigo e dos parágrafos anteriores, será dada
prioridade à elaboração do zoneamento e do cadastro, previstos no Título II, Capítulo IV, Seção
III, desta Lei.
Art. 104. O Quadro de servidores do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será constituído de
pessoal dos órgãos e repartições a ele incorporados, ou para ele transferidos, e de pessoal
admitido na forma da lei.
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica aos cargos ou funções cujos ocupantes estejam em
exercício como requisitados, nos mencionados órgãos incorporados ou transferidos, bem como
aos funcionários públicos civis ou militares, assim definidos pela legislação especial.
§ 2º O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária poderá admitir, mediante portaria ou contrato,
em regime especial de trabalho e salário, dentro das dotações orçamentárias próprias,
especialistas necessários ao desempenho de atividades técnicas e científicas para cuja execução
não dispuser de servidores habilitados.
§ 3º O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária poderá requisitar servidores da administração centralizada ou descentralizada, sem prejuízo dos seus vencimentos, direitos e vantagens.
§ 4º Nenhuma admissão de pessoal, com exceção do parágrafo segundo, poderá ser feita senão
mediante prestação de concurso de provas ou de títulos e provas.
§ 5º Os servidores da Superintendência da Política Agrária (SUPRA), pertencentes aos quadros
do extinto Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC), e do Serviço Social Rural
(SSR) poderão optar pela sua lotação em qualquer órgão onde existirem cargos ou funções por
eles ocupados.
Art. 105. Fica o Poder Executivo autorizado a emitir títulos, denominados Títulos da Dívida
Agrária, distribuídos em séries autônomas, respeitado o limite máximo de circulação
equivalente a 500.000.000 de OTN (quinhentos milhões de Obrigações do Tesouro Nacional).
("Caput" do artigo com redação dada pela Lei nº 7.647, de 19/1/1988)
§ 1º Os títulos de que trata este artigo vencerão juros de seis por cento a doze por cento ao ano,
terão cláusula de garantia contra eventual desvalorização da moeda, em função dos índices
fixados pelo Conselho Nacional de Economia, e poderão ser utilizados:
a) em pagamento de até cinquenta por cento do Imposto Territorial Rural;
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b) em pagamento de preço de terras públicas;
c) em caução para garantia de quaisquer contratos, obras e serviços celebrados coma União;
d) como fiança em geral;
e) em caução como garantia de empréstimos ou financiamentos em estabelecimentos da União,
autarquias federais e sociedades de economia mista, em entidades ou fundos de aplicação às
atividades rurais criadas para este fim;
f) em depósito, para assegurar a execução em ações judiciais ou administrativas.
§ 2º Esses títulos serão nominativos ou ao portador e de valor nominal de referência equivalente
ao de 5 (cinco), 10 (dez), 20 (vinte), 50 (cinquenta) e 100 (cem) Obrigações do Tesouro
Nacional, ou outra unidade de correção monetária plena que venha a substituí-las, de acordo
com o que estabelecer a regulamentação desta Lei. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº
7.647, de 19/1/1988)
§ 3º Os títulos de cada série autônoma serão resgatados a partir do segundo ano de sua efetiva
colocação em prazos variáveis de cinco, dez quinze e vinte anos, de conformidade com o que
estabelecer a regulamentação desta Lei. Dentro de uma mesma série não se poderá fazer
diferenciação de juros e de prazo.
§ 4º Os orçamentos da União, a partir do relativo ao exercício de 1966, consignarão verbas
específicas destinadas ao serviço de juros e amortização decorrentes desta Lei, inclusive as
dotações necessárias para cumprimento da cláusula de correção monetária, as quais serão
distribuídas automaticamente ao Tesouro Nacional.
§ 5º O Poder Executivo, de acordo com autorização e as normas constantes deste artigo e dos
parágrafos anteriores, regulamentará a expedição, condições e colocação dos Títulos da Dívida
Agrária.
Art. 106. A lei que for baixada para institucionalização do crédito rural tecnificado nos termos
do artigo 83 fixará as normas gerais a que devem satisfazer os fundos de garantia e as formas
permitidas para aplicação dos recursos provenientes da colocação, relativamente aos Títulos da
Dívida Agrária ou de Bônus Rurais, emitidos pelos Governos Estaduais, para que estes possam
ter direito à coobrigação da União Federal.
Art. 107. Os litígios judiciais entre proprietários e arrendatários rurais obedecerão ao rito processual previsto pelo artigo 685, do Código do Processo Civil.
§ 1º Não terão efeito suspensivo os recursos interpostos contra as decisões proferidas nos
processos de que trata o presente artigo.
§ 2º Os litígios relativos às relações de trabalho rural em geral, inclusive as reclamações de
trabalhadores agrícolas, pecuários, agroindustriais ou extrativos, são de competência da Justiça
do Trabalho, regendo-se o seu processo pelo rito processual trabalhista.
Art. 108. Para fins de enquadramento serão revistos, a partir da data da publicação desta Lei, os
regulamentos, portarias, instruções, circulares e outras disposições administrativas ou técnicas
expedidas pelos Ministérios e Repartições.
Art. 109. Observado o disposto nesta Lei, será permitido o reajustamento das prestações
mensais de amortizações e juros e dos saldos devedores nos contratos de venda a prazo de:
I - lotes de terra com ou sem benfeitorias, em projetos de Reforma Agrária e em núcleos de
colonização;
II - máquinas, equipamentos e implementos agrícolas, a cooperativas agrícolas ou entidades
especializadas em prestação de serviços e assistência à mecanização;
III - instalação de indústrias de beneficiamento, para cooperativas agrícolas ou empresas rurais. § 1º O reajustamento de que trata este artigo será feito em intervalos não inferiores a um ano,
proporcionalmente aos índices gerais de preços, fixados pelo Conselho Nacional de Economia.
§ 2º Os contratos relativos às operações referidas no inciso I, serão limitados ao prazo máximo
de vinte anos; os relativos às do inciso II ao prazo máximo de cinco anos; e os referentes às do
inciso III ao prazo máximo de quinze anos.
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§ 3º A correção monetária ...VETADO... não constituirá rendimento tributável dos seus
beneficiários.
Art. 110. Será permitida a negociação nas Bolsas de Valôres do País, de warrants fornecidos
pelos armazéns-gerais, silos e frigoríficos.
Art. 111. Os oficiais do Registro de Imóveis inscreverão obrigatoriamente os contratos de
promessa de venda ou de hipoteca celebrados de acordo com a presente Lei, declarando
expressamente que os valores deles constantes são meramente estimativos, estando sujeitos,
como as prestações mensais, às correções de valor determinadas nesta Lei.
§ 1º Mediante simples requerimento, firmado por qualquer das partes contratantes,
acompanhado da publicação oficial do índice de correção aplicado, os oficiais do Registro de
Imóveis averbarão, à margem das respectivas instruções, as correções de valor determinadas por
esta Lei, com indicação do novo valor do preço ou da dívida e do saldo respectivo, bem como
da nova prestação contratual.
§ 2º Se o promitente comprador ou mutuário se recusar a assinar o requerimento de averbação
das correções verificadas, ficará, não obstante, obrigado ao pagamento da nova prestação,
podendo a entidade financiadora, se lhe convier, rescindir o contrato com notificação prévia no
prazo de noventa dias.
Art. 112. Passa a ter a seguinte redação o artigo 38, alínea b, do Decreto nº 22.239, de 19 de dezembro de 1932, revigorado pelo Decreto-Lei nº 8.401, de 19 de dezembro de 1945:
"b) do beneficiamento, industrialização e venda em comum de produtos de origem extrativa, agrícola ou de criação de animais."
Art. 113. O Estabelecimento Rural do Tapajós, incorporado à Superintendência de Política
Agrária pela Lei Delegada nº 11, de 11 de outubro de 1962, fica, para todos os efeitos legais e
patrimoniais, transferido para o Ministério da Agricultura.
Art. 114. Para fins de regularização, os núcleos coloniais e as terras pertencentes ao antigo
Instituto Nacional de Imigração e Colonização, incorporados à Superintendência de Política
Agrária pela Lei Delegada referida no artigo anterior, serão transferidos:
a) ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, os localizados nas áreas prioritárias de reforma
agrária;
b) ao patrimônio do Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário, os situados nas demais
áreas do País.
Art. 115. As atribuições conferidas à Superintendência de Política Agrária pela Lei Delegada nº
11, de 11 de outubro de 1962, e que não são transferidas para o Instituto Brasileiro de Reforma
Agrária, ficam distribuídas pelos órgãos federais, na forma dos seguintes dispositivos:
I - para os órgãos próprios do Ministério da Agricultura transferem-se as atribuições de: a) planejar e executar, direta ou indiretamente, programas de colonização visando à fixação e ao
acesso à terra própria de agricultores e trabalhadores sem terra, nacionais ou estrangeiros,
radicados no País, mediante a formação de unidades familiares reunidas em cooperativas nas
áreas de ocupação pioneira e nos vazios demográficos e econômicos;
b) promover, supletivamente, a entrada de imigrantes necessários ao aperfeiçoamento e à
difusão de métodos agrícolas mais avançados;
c) fixar diretrizes para o serviço de imigração e seleção de imigrantes, exercido pelo Ministério
das Relações Exteriores, através de seus órgãos próprios de representação;
d) administrar, direta ou indiretamente, os núcleos de colonização fora das áreas prioritárias de Reforma Agrária;
II - para os órgãos próprios de representação do Ministério das Relações Exteriores, as
atividades concernentes à seleção de imigrantes;
III - para os órgãos próprios do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, os assuntos
pertinentes à legalização de permanência, prorrogação e retificação de nacionalidade de
estrangeiros, no território nacional;
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IV - para a Divisão de Turismo e Certames, do Departamento Nacional de Comércio, do
Ministério da Indústria e do Comércio, o registro e a fiscalização de empresas de turismo e
venda de passagens;
V - para os órgãos próprios do Ministério do Trabalho e Previdência Social:
a) a assistência e o encaminhamento dos trabalhadores rurais migrantes de uma para outra
região, à vista das necessidades do desenvolvimento harmônico do País;
b) a recepção dos imigrantes selecionados pelo Ministério das Relações Exteriores,
encaminhando-os para áreas predeterminadas de acordo com as normas gerais convencionadas
com o Ministério da Agricultura.
Art. 116. Fica revogada a Lei Delegada nº 11, de 11 de outubro de 1962, extinta a
Superintendência de Política Agrária (SUPRA) e incorporados ao Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária, ao Ministério da Agricultura, ao Instituto Nacional do Desenvolvimento
Agrário e aos demais Ministérios, na forma do art. 115, para todos os efeitos legais, jurídicos e
patrimoniais, os serviços, atribuições e bens patrimoniais, na forma do disposto nesta Lei.
Parágrafo único. São transferidos para o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária e para o
Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário, quando for o caso, os saldos das dotações
orçamentárias e dos créditos especiais destinados à Superintendência de Política Agrária,
inclusive os recursos financeiros arrecadados e os que forem a ela devidos até a data da
promulgação da presente Lei.
Art. 117. As atividades do Serviço Social Rural, incorporado à Superintendência de Política
Agrária pela Lei Delegada nº 11, de 11 de outubro de 1962, bem como o produto da arrecadação
das contribuições criadas pela Lei nº 2.613, de 23 de setembro de 1955, serão transferidas, de
acordo com o disposto nos seguintes incisos:
I - ao Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário caberão as atribuições relativas à extensão
rural e cinquenta por cento da arrecadação;
II - ao órgão do Serviço Social da Previdência que atenderá aos trabalhos rurais, ... VETADO ...
caberão as demais atribuições e cinquenta por cento da arrecadação. Enquanto não for criado
esse órgão, suas atribuições e arrecadações serão da competência da autarquia referida no inciso
I;
III - VETADO.
Art. 118. São extensivos ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária os privilégios da Fazenda
Pública no tocante à cobrança dos seus créditos e processos em geral, custas, prazos de
prescrição, imunidades tributárias e isenções fiscais.
Art. 119. Não poderão gozar dos benefícios desta Lei, inclusive a obtenção de financiamentos,
empréstimos e outras facilidades financeiras, os proprietários de imóveis rurais, cujos
certificados de cadastro os classifiquem na forma prevista no artigo 4°, inciso V.
§ 1º Os órgãos competentes do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária e do Ministério da
Agricultura, poderão acordar com o proprietário, a forma e o prazo de enquadramento do imóvel
nos objetivos desta Lei, dando deste fato ciência aos estabelecimentos de crédito de economia
mista.
§ 2º VETADO.
Art. 120. É instituído o Fundo Agro-Industrial de Reconversão, com a finalidade de financiar
projetos apresentados por proprietários cujos imóveis rurais tiverem sido desapropriados contra
pagamento por meio de Títulos da Dívida Agrária.
§ 1º O Fundo, administrado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE),
terá as seguintes fontes:
I - dez por cento do Fundo Nacional de Reforma Agrária;
II - recursos provenientes de empréstimos contraídos no País e no exterior;
III - resultado de suas operações;
IV - recursos próprios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico ou de outras
entidades governamentais que venham a ser atribuídos ao Fundo.
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§ 2º O Fundo somente financiará projetos de desenvolvimento agropecuário ou industrial, que
satisfaçam as condições técnicas e econômicas estabelecidas pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e que se enquadrem dentro dos critérios de propriedade fixados
pelo Ministério Extraordinário para o Planejamento e Coordenação Econômica.
§ 3º Os encargos resultantes do financiamento, inclusive amortização e juros, serão liquidados
em Títulos da Dívida Agrária.
§ 4º Dentro dos recursos do Fundo, o financiamento será concedido em total nunca superior a
cinquenta por cento do montante dos Títulos da Dívida Agrária que tiverem entrado na
composição do preço da desapropriação.
Art. 121. É o Poder Executivo autorizado a abrir, pelo Ministério da Agricultura, o crédito
especial de Cr$ 100.000.000,00 (cem milhões de cruzeiros) para atender às despesas de
qualquer natureza com a instalação, organização e funcionamento do Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária, bem como as relativas ao cumprimento do disposto nesta Lei.
Art. 122. O Poder Executivo, dentro do prazo de cento e oitenta dias, a partir da publicação da
presente Lei, deverá baixar a regulamentação necessária à sua execução.
Art. 123. O critério da tributação constante do Título III, Capítulo I, passará a vigorar a partir de
1° de janeiro de 1965.
Parágrafo único. Do Imposto Territorial Rural, calculado na forma do disposto no art. 50 e seus parágrafos serão feitas, nos três primeiros anos de aplicação desta Lei, as seguintes deduções:
a) no primeiro ano, setenta e cinco por cento do acréscimo verificado entre o valor apurado e o
imposto pago no último exercício anterior à aplicação da Lei;
b) no segundo ano, cinquenta por cento do acréscimo verificado entre o valor apurado naquele
ano e o imposto pago no último exercício anterior à aplicação da Lei, com a correção monetária
pelos índices do Conselho Nacional de Economia;
c) no terceiro ano, vinte e cinco por cento do acréscimo verificado para o respectivo ano, na
forma do disposto na alínea anterior.
Art. 124. A aplicação do disposto no art. 19, § 2°, a e b, só terá a vigência respectivamente a
partir das datas de encerramento da inscrição do cadastro das propriedades agrícolas e da de
declaração do Imposto de Renda relativa ao ano-base de 1964.
Art. 125. Dentro de dez anos contados da publicação da presente Lei ficam isentas do
pagamento do imposto sobre lucro imobiliário as transmissões de imóveis rurais realizadas com
o objetivo imediato de eliminar latifúndio ou efetuar reagrupamentos de glebas, no propósito de
corrigir minifúndios, desde que tais objetivos sejam verificados pelo Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária.
Art. 126. A Carteira de Colonização do Banco do Brasil, sem prejuízo de suas atribuições legais, atuará como entidade financiadora nas operações de venda de lotes rurais ...VETADO.
§ 1º As Letras Hipotecárias que o Banco do Brasil está autorizado a emitir, em provimento de
recursos e em empréstimos da sua Carteira de Colonização, poderão conter cláusula de garantia
contra eventual desvalorização de moeda, de acordo com índices que forem sugeridos pelo
Conselho Nacional de Economia, assegurando ao mesmo Banco o ressarcimento de prejuízos já
previstos no artigo 4º da Lei nº 2.237, de 19 de junho de 1954.
§ 2º Caberá à Diretoria do Banco do Brasil fixar o limite do valor dos empréstimos que o Banco
fica autorizado a realizar no País ou no estrangeiro para aplicação, pela sua Carteira de
Colonização, revogado, portanto o limite estabelecido no parágrafo único do art. 8º da Lei
número 2.237, de 19 de junho de 1964, e as disposições em contrário.
Art. 127. VETADO.
Art. 128. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
53
Brasília, 30 de novembro de 1964, 143º da Independência e 76º da República.
H. CASTELLO BRANCO
Milton Soares Campos
Ernesto de Mello Baptista
Arthur da Costa e Silva
Vasco da Cunha
Octavio Gouveia de Bulhões
Juarez Tavora
Hugo de Almeida Leme
Flávio Suplicy de Lacerda
Arnaldo Sussekind
Nelson Lavenère Wanderley Raymundo de Brito
Daniel Faraco
Mauro Thibau
Roberto Campos
Osvaldo Cordeiro de Farias
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LEI N° 6.383/1976. Dispõe sobre o Processo Discriminatório de Terras Devolutas da União, e
dá outras Providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I - Das Disposições Preliminares
Art. 1º - O processo discriminatório das terras devolutas da União será regulado por esta Lei.
Parágrafo único. O processo discriminatório será administrativo ou judicial.
CAPÍTULO II - Do Processo Administrativo
Art. 2º - O processo discriminatório administrativo será instaurado por Comissões Especiais
constituídas de três membros, a saber: um bacharel em direito do Serviço Jurídico do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, que a presidirá; um engenheiro
agrônomo e um outro funcionário que exercerá as funções de secretário.
§ 1º - As Comissões Especiais serão criadas por ato do presidente do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária
- INCRA, e terão jurisdição e sede estabelecidas no respectivo ato de criação, ficando os seus
presidentes investidos de poderes de representação da União, para promover o processo
discriminatório administrativo previsto nesta Lei.
§ 2º - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, no prazo de 30 (trinta)
dias após a vigência desta Lei, baixará Instruções Normativas, dispondo, inclusive, sobre o
apoio administrativo às Comissões Especiais.
Art. 3º - A Comissão Especial instruirá inicialmente o processo com memorial descritivo da
área, no qual constará:
I - o perímetro com suas características e confinância, certa ou aproximada, aproveitando, em
princípio, os acidentes naturais;
II - a indicação de registro da transcrição das propriedades;
III - o rol das ocupações conhecidas;
IV - o esboço circunstanciado da gleba a ser discriminada ou seu levantamento
aerofotogramétrico;
V - outras informações de interesse.
Art. 4º - O presidente da Comissão Especial convocará os interessados para apresentarem, no
prazo de 60 (sessenta) dias e em local a ser fixado no edital de convocação, seus títulos,
documentos, informações de interesse e, se for o caso, testemunhas.
§ 1º - Consideram-se de interesse as informações relativas à origem e seqüência dos títulos,
localização, valor estimado e área certa ou aproximada das terras de quem se julgar legítimo
proprietário ou ocupante; suas confrontações e nome dos confrontantes; natureza, qualidade e
valor das benfeitorias; culturas e criações nelas existentes; financiamento e ônus incidentes
sobre o imóvel e comprovantes de impostos pagos, se houver.
55
§ 2º - O edital de convocação conterá a delimitação perimétrica da área a ser discriminada com
suas características e será dirigido, nominalmente, a todos os interessados, proprietários,
ocupantes, confinantes certos e respectivos cônjuges, bem como aos demais interessados
incertos ou desconhecidos.
§ 3º - O edital deverá ter a maior divulgação possível, observado o seguinte procedimento:
a) afixação em lugar público na sede dos municípios e distritos, onde se situar a área nele
indicada;
b) publicação simultânea, por duas vezes, no Diário Oficial da União, nos órgãos oficiais do
Estado ou Território Federal e na imprensa local, onde houver, com intervalo mínimo de 8 (oito)
e máximo de 15 (quinze) dias entre a primeira e a segunda.
§ 4º - O prazo de apresentação dos interessados será contado a partir da segunda publicação no
Diário Oficial da União.
Art. 5º - A Comissão Especial autuará e processará a documentação recebida de cada
interessado, em separado, de modo a ficar bem caracterizado o domínio ou a ocupação com suas
respectivas confrontações.
§ 1º - Quando se apresentarem dois ou mais interessados no mesmo imóvel, ou parte dele, a
Comissão Especial procederá à apensação dos processos.
§ 2º - Serão tomadas por termo as declarações dos interessados e, se for o caso, os depoimentos
de testemunhas previamente arroladas.
Art. 6º - Constituído o processo, deverá ser realizada, desde logo, obrigatoriamente, a vistoria
para identificação dos imóveis e, se forem necessárias, outras diligências.
Art. 7º - Encerrado o prazo estabelecido no edital de convocação, o presidente da Comissão
Especial, dentro de 30 (trinta) dias improrrogáveis, deverá pronunciar-se sobre as alegações,
títulos de domínio, documentos dos interessados e boa-fé das ocupações, mandando lavrar os
respectivos termos.
Art. 8º - Reconhecida a existência de dúvida sobre a legitimidade do título, o presidente da
Comissão Especial reduzirá a termo as irregularidades encontradas, encaminhando-o à
Procuradoria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, para
propositura da ação competente.
Art. 9º - Encontradas ocupações, legitimáveis ou não, serão lavrados os respectivos termos de
identificação, que serão encaminhados ao órgão competente do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária - INCRA, para as providências cabíveis.
Art. 10 - Serão notificados, por ofício, os interessados e seus cônjuges para, no prazo não
inferior a 8 (oito) nem superior a 30 (trinta) dias, a contar da juntada ao processo do recibo de
notificação, celebrarem com a União os termos cabíveis.
Art. 11 - Celebrado, em cada caso, o termo que couber, o presidente da Comissão Especial
designará agrimensor para, em dia e hora avençados com os interessados, iniciar o levantamento
geodésico e topográfico das terras objeto de discriminação, ao fim da qual determinará a
demarcação das terras devolutas, bem como, se for o caso, das retificações objeto de acordo.
§ 1º - Aos interessados será permitido indicar um perito para colaborar com o agrimensor
designado.
56
§ 2º - A designação do perito, a que se refere o parágrafo anterior, deverá ser feita até a véspera
do dia fixado para início do levantamento geodésico e topográfico.
Art. 12 - Concluídos os trabalhos demarcatórios, o presidente da Comissão Especial mandará
lavrar o termo de encerramento da discriminação administrativa, do qual constarão,
obrigatoriamente:
I - o mapa detalhado da área discriminada;
II - o rol de terras devolutas apuradas, com suas respectivas confrontações;
III - a descrição dos acordos realizados;
IV - a relação das áreas com titulação transcrita no Registro de Imóveis, cujos presumidos
proprietários ou ocupantes não atenderam ao edital de convocação ou à notificação (artigos 4º e
10 desta Lei);
V - o rol das ocupações legitimáveis;
VI - o rol das propriedades reconhecidas; e
VII - a relação dos imóveis cujos títulos suscitaram dúvidas.
Art. 13 - Encerrado o processo discriminatório, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária - INCRA providenciará o registro, em nome da União, das terras devolutas
discriminadas, definidas em lei, como bens da União.
Parágrafo único. Caberá ao oficial do Registro de Imóveis proceder à matrícula e ao registro da
área devoluta discriminada em nome da União.
Art. 14 - O não-atendimento ao edital de convocação ou à notificação (artigos 4º e 10 da
presente Lei) estabelece a presunção de discordância e acarretará imediata propositura da ação
judicial prevista no art. 19, II.
Parágrafo único. Os presumíveis proprietários e ocupantes, nas condições do presente artigo,
não terão acesso ao crédito oficial ou aos benefícios de incentivos fiscais, bem como terão
cancelados os respectivos cadastros rurais junto ao órgão competente.
Art. 15 - O presidente da Comissão Especial comunicará a instauração do processo
discriminatório administrativo a todos os oficiais de Registro de Imóveis da jurisdição.
Art. 16 - Uma vez instaurado o processo discriminatório administrativo, o oficial do Registro de
Imóveis não efetuará matrícula, registro, inscrição ou averbação estranhas à discriminação,
relativamente aos imóveis situados, total ou parcialmente, dentro da área discriminada, sem que
desses atos tome prévio conhecimento o presidente da Comissão Especial.
Parágrafo único. Contra os atos praticados com infração do disposto no presente artigo, o
presidente da Comissão Especial solicitará que a Procuradoria do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária - INCRA utilize os instrumentos previstos no Código de
Processo Civil, incorrendo o oficial do Registro de Imóveis infrator nas penas do crime de
prevaricação.
Art. 17 - Os particulares não pagam custas no processo administrativo, salvo para serviços de
demarcação e diligências a seu exclusivo interesse.
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CAPÍTULO III - Do Processo Judicial
Art. 18 - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA fica investido de
poderes de representação da União, para promover a discriminação judicial das terras devolutas
da União.
Art. 19 - O processo discriminatório judicial será promovido:
I - quando o processo discriminatório administrativo for dispensado ou interrompido por
presumida ineficácia;
II - contra aqueles que não atenderem ao edital de convocação ou à notificação (artigos 4º e 10
da presente Lei); e
III - quando configurada a hipótese do art. 25 desta Lei.
Parágrafo único. Compete à Justiça Federal processar e julgar o processo discriminatório
judicial regulado nesta Lei.
Art. 20 - No processo discriminatório judicial será observado o procedimento sumaríssimo de
que trata o Código de Processo Civil.
§ 1º - A petição inicial será instruída com o memorial descritivo da área, de que trata o art. 3º
desta Lei.
§ 2º - A citação será feita por edital, observados os prazos e condições estabelecidos no art. 4º
desta Lei.
Art. 21 - Da sentença proferida caberá apelação somente no efeito devolutivo, facultada a
execução provisória.
Art. 22 - A demarcação da área será procedida, ainda que em execução provisória da sentença,
valendo esta, para efeitos de registro, como título de propriedade.
Parágrafo único. Na demarcação observar-se-á, no que couber, o procedimento prescrito
nos artigos 959 a 966 do Código de Processo Civil.
Art. 23 - O processo discriminatório judicial tem caráter preferencial e prejudicial em relação às
ações em andamento, referentes a domínio ou posse de imóveis situados, no todo ou em parte,
na área discriminada, determinando o imediato deslocamento da competência para a Justiça
Federal.
Parágrafo único. Nas ações em que a União não for parte, dar-se-á, para os efeitos previstos
neste artigo, a sua intervenção.
CAPÍTULO IV - Das Disposições Gerais e Finais
Art. 24 - Iniciado o processo discriminatório, não poderão alterar-se quaisquer divisas na área
discriminada, sendo defesa a derrubada da cobertura vegetal, a construção de cercas e
transferências de benfeitorias a qualquer título, sem assentimento do representante da União.
Art. 25 - A infração ao disposto no artigo anterior constituirá atentado, cabendo a aplicação das
medidas cautelares previstas no Código de Processo Civil.
58
Art. 26 - No processo discriminatório judicial os vencidos pagarão as custas a que houverem
dado causa e participarão pro rata das despesas da demarcação, considerada a extensão da linha
ou linhas de confrontação com as áreas públicas.
Art. 27 - O processo discriminatório previsto nesta Lei aplicar-se-á, no que couber, às terras
devolutas estaduais, observado o seguinte:
I - na instância administrativa, por intermédio de órgão estadual específico, ou através do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, mediante convênio;
II - na instância judicial, na conformidade do que dispuser a Lei de Organização Judiciária local.
Art. 28 - Sempre que se apurar, através de pesquisa nos registros públicos, a inexistência de
domínio particular em áreas rurais declaradas indispensáveis à segurança e ao desenvolvimento
nacionais, a União, desde logo, as arrecadará mediante ato do presidente do Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, do qual constará:
I - a circunscrição judiciária ou administrativa em que está situado o imóvel, conforme o critério
adotado pela legislação local;
II - a eventual denominação, as características e confrontações doimóvel.
§ 1º - A autoridade que promover a pesquisa, para fins deste artigo, instruirá o processo de
arrecadação com certidão negativa comprobatória da inexistência de domínio particular,
expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis, certidões do Serviço do Patrimônio da União e
do órgão estadual competente que comprovem não haver contestação ou reclamação
administrativa promovida por terceiros, quanto ao domínio e posse do imóvel.
§ 2º - As certidões negativas mencionadas neste artigo consignarão expressamente a sua
finalidade.
Art. 29 - O ocupante de terras públicas, que as tenha tornado produtivas com o seu trabalho e o
de sua família, fará jus à legitimação da posse de área contínua até 100 (cem) hectares, desde
que preencha os seguintes requisitos:
I - não seja proprietário de imóvel rural;
II - comprove a morada permanente e cultura efetiva, pelo prazo mínimo de 1 (um) ano.
§ 1º - A legitimação da posse de que trata o presente artigo consistirá no fornecimento de uma
Licença de Ocupação, pelo prazo mínimo de mais 4 (quatro) anos, findo o qual o ocupante terá
a preferência para aquisição do lote, pelo valor histórico da terra nua, satisfeitos os requisitos de
morada permanente e cultura efetiva e comprovada a sua capacidade para desenvolver a área
ocupada.
§ 2º - Aos portadores de Licenças de Ocupação, concedidas na forma da legislação anterior, será
assegurada a preferência para aquisição de área até 100 (cem) hectares, nas condições do
parágrafo anterior, e, o que exceder esse limite, pelo valor atual da terra nua.
§ 3º - A Licença de Ocupação será intransferível inter vivos e inegociável, não podendo ser
objeto de penhora e arresto.
Art. 30 - A Licença de Ocupação dará acesso aos financiamentos concedidos pelas instituições
financeiras integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural.
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§ 1º - As obrigações assumidas pelo detentor de Licença de Ocupação serão garantidas pelo
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA.
§ 2º - Ocorrendo inadimplência do favorecido, o Instituto Nacional de colonização e Reforma
Agrária - INCRA cancelará a Licença de Ocupação e providenciará a alienação do imóvel, na
forma da lei, a fim de ressarcir-se do que houver assegurado.
Art. 31 - A União poderá, por necessidade ou utilidade pública, em qualquer tempo que
necessitar do imóvel, cancelar a Licença de Ocupação e imitir-se na posse do mesmo,
promovendo, sumariamente, a sua desocupação no prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
§ 1º - As benfeitorias existentes serão indenizadas pela importância fixada através de avaliação
pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, considerados os valores
declarados para fins de cadastro.
§ 2º - Caso o interessado se recuse a receber o valor estipulado, o mesmo será depositado em
juízo.
§ 3º - O portador da Licença de Ocupação, na hipótese prevista no presente artigo, fará jus, se o
desejar, à instalação em outra gleba da União, assegurada a indenização, de que trata o § 1º
deste artigo, e computados os prazos de morada habitual e cultura efetiva da antiga ocupação.
Art. 32 - Não se aplica aos imóveis rurais o disposto nos artigos
19 a 31, 127 a 133, 139, 140 e 159 a 174 do Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946.
Art. 33 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, aplicando-se, desde logo, aos
processos pendentes.
Art. 34 - Revogam-se a Lei nº 3.081, de 22 de dezembro de 1956, e as demais disposições em
contrário.
Brasília, 7 de dezembro de 1976; 155º da Independência e 88º da República.
ERNESTO GEISEL
Armando Falcão Alysson Paulinelli
Hugo de Andrade Abreu
60
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
CAPÍTULO III
DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização
em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de
até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
§ 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária,
autoriza a União a propor a ação de desapropriação.
§ 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário,
para o processo judicial de desapropriação.
§ 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.
§ 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de
imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não
possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas
para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação
efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos
setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em conta,
especialmente:
I - os instrumentos creditícios e fiscais;
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização;
61
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
IV - a assistência técnica e extensão rural;
V - o seguro agrícola;
VI - o cooperativismo;
VII - a eletrificação rural e irrigação;
VIII - a habitação para o trabalhador rural.
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agro-industriais, agropecuárias,
pesqueiras e florestais.
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária.
Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política
agrícola e com o plano nacional de reforma agrária.
§ 1º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois
mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá
de prévia aprovação do Congresso Nacional.
§ 2º Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de terras
públicas para fins de reforma agrária.
Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão
títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos.
Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à
mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e condições previstos em
lei.
Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por
pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do
Congresso Nacional.
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por
cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
SEÇÃO II
DA CULTURA
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes
da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações
culturais.
62
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e
das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes
segmentos étnicos nacionais.
§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao
desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem
à: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 48, de 2005)
II produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48,
de 2005)
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas
dimensões; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
IV democratização do acesso aos bens de cultura; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48,
de 2005)
V valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de
2005)
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações
artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio
cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação,
e de outras formas de acautelamento e preservação.
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental
e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. (Vide Lei nº
12.527, de 2011)
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas
dos antigos quilombos.
63
§ 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à
cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de
programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações
apoiados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
TÍTULO X
ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
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LEI 11.326/2006. Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da
Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1
o Esta Lei estabelece os conceitos, princípios e instrumentos destinados à formulação das
políticas públicas direcionadas à Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.
Art. 2
o A formulação, gestão e execução da Política Nacional da Agricultura Familiar e
Empreendimentos Familiares Rurais serão articuladas, em todas as fases de sua formulação e
implementação, com a política agrícola, na forma da lei, e com as políticas voltadas para a
reforma agrária.
Art. 3
o Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural
aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes
requisitos:
I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;
II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu
estabelecimento ou empreendimento;
III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu
estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; (Redação dada
pela Lei nº 12.512, de 2011)
IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.
§ 1
o O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se tratar de condomínio
rural ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a fração ideal por proprietário não
ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais.
§ 2
o São também beneficiários desta Lei:
I - silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste
artigo, cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo sustentável daqueles
ambientes;
II - aqüicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste
artigo e explorem reservatórios hídricos com superfície total de até 2ha (dois hectares) ou
ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água, quando a exploração se efetivar em
tanques-rede;
III - extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e IV
do caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente no meio rural, excluídos os
garimpeiros e faiscadores;
IV - pescadores que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos I, II, III e IV
do caput deste artigo e exerçam a atividade pesqueira artesanalmente.
V - povos indígenas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e
IV do caput do art. 3º; (Incluído pela Lei nº 12.512, de 2011)
65
VI - integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais e demais povos e
comunidades tradicionais que atendam simultaneamente aos incisos II, III e IV do caput do art.
3º. (Incluído pela Lei nº 12.512, de 2011)
§ 3
o O Conselho Monetário Nacional - CMN pode estabelecer critérios e condições adicionais
de enquadramento para fins de acesso às linhas de crédito destinadas aos agricultores familiares,
de forma a contemplar as especificidades dos seus diferentes segmentos. (Incluído pela Lei nº
12.058, de 2009)
§ 4
o Podem ser criadas linhas de crédito destinadas às cooperativas e associações que atendam a
percentuais mínimos de agricultores familiares em seu quadro de cooperados ou associados e de
matéria-prima beneficiada, processada ou comercializada oriunda desses agricultores, conforme
disposto pelo CMN. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)
Art. 4
o A Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais
observará, dentre outros, os seguintes princípios:
I - descentralização;
II - sustentabilidade ambiental, social e econômica;
III - eqüidade na aplicação das políticas, respeitando os aspectos de gênero, geração e etnia;
IV - participação dos agricultores familiares na formulação e implementação da política
nacional da agricultura familiar e empreendimentos familiares rurais.
Art. 5
o Para atingir seus objetivos, a Política Nacional da Agricultura Familiar e
Empreendimentos Familiares Rurais promoverá o planejamento e a execução das ações, de
forma a compatibilizar as seguintes áreas:
I - crédito e fundo de aval;
II - infra-estrutura e serviços;
III - assistência técnica e extensão rural;
IV - pesquisa;
V - comercialização;
VI - seguro;
VII - habitação;
VIII - legislação sanitária, previdenciária, comercial e tributária;
IX - cooperativismo e associativismo;
X - educação, capacitação e profissionalização;
XI - negócios e serviços rurais não agrícolas;
XII - agroindustrialização.
Art. 6o O Poder Executivo regulamentará esta Lei, no que for necessário à sua aplicação.
66
Art. 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de julho de 2006; 185
o da Independência e 118
o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Guilherme Cassel
67
LEI Nº 11.446/2007. Altera a Lei nº 4.504/19464, dispondo sobre parcelamentos de imóveis
rurais, destinados à agricultura familiar, promovidos pelo Poder Público.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1
o O art. 65 da Lei n
o 4.504, de 30 de novembro de 1964, passa a vigorar acrescido dos
seguintes §§ 5o e 6
o:
Art. 65.
§ 5
o Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos parcelamentos de imóveis rurais em
dimensão inferior à do módulo, fixada pelo órgão fundiário federal, quando promovidos pelo
Poder Público, em programas oficiais de apoio à atividade agrícola familiar, cujos beneficiários
sejam agricultores que não possuam outro imóvel rural ou urbano.
§ 6
o Nenhum imóvel rural adquirido na forma do § 5
o deste artigo poderá ser desmembrado ou
dividido.” (NR)
Art. 2
o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 5 de janeiro de 2007; 186
o da Independência e 119
o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Guilherme Cassel
68
LEI Nº 11.952/2009. Dispõe sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras
situadas em áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal; altera as Leis 8.666/1993, e
6.015/1973, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1
o Esta Lei dispõe sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras
situadas em áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal, definida no art. 2º da Lei
Complementar nº 124, de 3 de janeiro de 2007, mediante alienação e concessão de direito real
de uso de imóveis.
Parágrafo único. Fica vedado beneficiar, nos termos desta Lei, pessoa natural ou jurídica com a
regularização de mais de uma área ocupada.
Art. 2
o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
I - ocupação direta: aquela exercida pelo ocupante e sua família;
II - ocupação indireta: aquela exercida somente por interposta pessoa;
III - exploração direta: atividade econômica exercida em imóvel rural, praticada diretamente
pelo ocupante com o auxílio de seus familiares, ou com a ajuda de terceiros, ainda que
assalariados;
IV - exploração indireta: atividade econômica exercida em imóvel rural por meio de preposto ou
assalariado;
V - cultura efetiva: exploração agropecuária, agroindustrial, extrativa, florestal, pesqueira ou
outra atividade similar, mantida no imóvel rural e com o objetivo de prover subsistência dos
ocupantes, por meio da produção e da geração de renda;
VI - ocupação mansa e pacífica: aquela exercida sem oposição e de forma contínua;
VII - ordenamento territorial urbano: planejamento da área urbana, de expansão urbana ou de
urbanização específica, que considere os princípios e diretrizes da Lei no 10.257, de 10 de julho
de 2001, e inclua, no mínimo, os seguintes elementos:
a) delimitação de zonas especiais de interesse social em quantidade compatível com a demanda
de habitação de interesse social do Município;
b) diretrizes e parâmetros urbanísticos de parcelamento, uso e ocupação do solo urbano;
c) diretrizes para infraestrutura e equipamentos urbanos e comunitários; e
d) diretrizes para proteção do meio ambiente e do patrimônio cultural;
VIII - concessão de direito real de uso: cessão de direito real de uso, onerosa ou gratuita, por
tempo certo ou indeterminado, para fins específicos de regularização fundiária; e
69
IX - alienação: doação ou venda, direta ou mediante licitação, nos termos da Lei no 8.666, de 21
de junho de 1993, do domínio pleno das terras previstas no art. 1o.
Art. 3
o São passíveis de regularização fundiária nos termos desta Lei as ocupações incidentes
em terras:
I - discriminadas, arrecadadas e registradas em nome da União com base no art. 1
o do Decreto-
Lei no 1.164, de 1
o de abril de 1971;
II - abrangidas pelas exceções dispostas no parágrafo único do art. 1o do Decreto-Lei n
o 2.375,
de 24 de novembro de 1987;
III - remanescentes de núcleos de colonização ou de projetos de reforma agrária que tiverem
perdido a vocação agrícola e se destinem à utilização urbana;
IV - devolutas localizadas em faixa de fronteira; ou
V - registradas em nome do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra, ou
por ele administradas.
Parágrafo único. Esta Lei aplica-se subsidiariamente a outras áreas sob domínio da União, na
Amazônia Legal, sem prejuízo da utilização dos instrumentos previstos na legislação
patrimonial.
Art. 4
o Não serão passíveis de alienação ou concessão de direito real de uso, nos termos desta
Lei, as ocupações que recaiam sobre áreas:
I - reservadas à administração militar federal e a outras finalidades de utilidade pública ou de
interesse social a cargo da União;
II - tradicionalmente ocupadas por população indígena;
III - de florestas públicas, nos termos da Lei n
o 11.284, de 2 de março de 2006, de unidades de
conservação ou que sejam objeto de processo administrativo voltado à criação de unidades de
conservação, conforme regulamento; ou
IV - que contenham acessões ou benfeitorias federais.
§ 1
o As áreas ocupadas que abranjam parte ou a totalidade de terrenos de marinha, terrenos
marginais ou reservados, seus acrescidos ou outras áreas insuscetíveis de alienação nos termos
do art. 20 da Constituição Federal, poderão ser regularizadas mediante outorga de título de
concessão de direito real de uso.
§ 2
o As terras ocupadas por comunidades quilombolas ou tradicionais que façam uso coletivo
da área serão regularizadas de acordo com as normas específicas, aplicando-se-lhes, no que
couber, os dispositivos desta Lei.
CAPÍTULO II
DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ÁREAS RURAIS
Art. 5
o Para regularização da ocupação, nos termos desta Lei, o ocupante e seu cônjuge ou
companheiro deverão atender os seguintes requisitos:
I - ser brasileiro nato ou naturalizado;
70
II - não ser proprietário de imóvel rural em qualquer parte do território nacional;
III - praticar cultura efetiva;
IV - comprovar o exercício de ocupação e exploração direta, mansa e pacífica, por si ou por
seus antecessores, anterior a 1o de dezembro de 2004; e
V - não ter sido beneficiado por programa de reforma agrária ou de regularização fundiária de
área rural, ressalvadas as situações admitidas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.
§ 1
o Fica vedada a regularização de ocupações em que o ocupante, seu cônjuge ou companheiro
exerçam cargo ou emprego público no Incra, no Ministério do Desenvolvimento Agrário, na
Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão ou nos
órgãos estaduais de terras.
§ 2
o Nos casos em que o ocupante, seu cônjuge ou companheiro exerçam cargo ou emprego
público não referido no § 1o, deverão ser observados para a regularização os requisitos previstos
nos incisos II, III e IV do art. 3o da Lei n
o 11.326, de 24 de julho de 2006.
Art. 6o Preenchidos os requisitos previstos no art. 5
o, o Ministério do Desenvolvimento Agrário
ou, se for o caso, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão regularizará as áreas
ocupadas mediante alienação.
§ 1
o Serão regularizadas as ocupações de áreas de até 15 (quinze) módulos fiscais e não
superiores a 1.500ha (mil e quinhentos hectares), respeitada a fração mínima de parcelamento.
§ 2
o Serão passíveis de alienação as áreas ocupadas, demarcadas e que não abranjam as áreas
previstas no art. 4o desta Lei.
§ 3
o Não serão regularizadas ocupações que incidam sobre áreas objeto de demanda judicial em
que seja parte a União ou seus entes da administração indireta, até o trânsito em julgado da
respectiva decisão.
§ 4
o A concessão de direito real de uso nas hipóteses previstas no § 1
o do art. 4
o desta Lei será
outorgada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, após a identificação da área,
nos termos de regulamento.
§ 5
o Os ocupantes de áreas inferiores à fração mínima de parcelamento terão preferência como
beneficiários na implantação de novos projetos de reforma agrária na Amazônia Legal.
Art. 7
o (VETADO)
Art. 8
o Em caso de conflito nas regularizações de que trata este Capítulo, a União priorizará:
I - a regularização em benefício das comunidades locais, definidas no inciso X do art. 3
o da Lei
no 11.284, de 2 de março de 2006, se o conflito for entre essas comunidades e particular, pessoa
natural ou jurídica;
II – (VETADO)
Art. 9
o A identificação do título de domínio destacado originariamente do patrimônio público
será obtida a partir de memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida
Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, contendo as coordenadas dos vértices
definidores dos limites do imóvel rural, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro.
71
Parágrafo único. O memorial descritivo de que trata o caput será elaborado nos termos do
regulamento.
Art. 10. A certificação do memorial descritivo não será exigida no ato da abertura de matrícula
baseada em título de domínio de imóvel destacado do patrimônio público, nos termos desta Lei.
Parágrafo único. Os atos registrais subsequentes deverão ser feitos em observância ao art. 176
da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973.
Art. 11. Na ocupação de área contínua de até 1 (um) módulo fiscal, a alienação e, no caso
previsto no § 4o do art. 6
o desta Lei, a concessão de direito real de uso dar-se-ão de forma
gratuita, dispensada a licitação, ressalvado o disposto no art. 7o desta Lei.
Parágrafo único. O registro decorrente da alienação ou concessão de direito real de uso de que
trata este artigo será realizado de ofício pelo Registro de Imóveis competente,
independentemente de custas e emolumentos.
Art. 12. Na ocupação de área contínua acima de 1 (um) módulo fiscal e até 15 (quinze)
módulos fiscais, desde que inferior a 1.500ha (mil e quinhentos hectares), a alienação e, no caso
previsto no § 4o do art. 6
o desta Lei, a concessão de direito real de uso dar-se-ão de forma
onerosa, dispensada a licitação, ressalvado o disposto no art. 7o.
§ 1
o A avaliação do imóvel terá como base o valor mínimo estabelecido em planilha referencial
de preços, sobre o qual incidirão índices que considerem os critérios de ancianidade da
ocupação, especificidades de cada região em que se situar a respectiva ocupação e dimensão da
área, conforme regulamento.
§ 2
o Ao valor do imóvel para alienação previsto no § 1
o serão acrescidos os custos relativos à
execução dos serviços topográficos, se executados pelo poder público, salvo em áreas onde as
ocupações não excedam a 4 (quatro) módulos fiscais.
§ 3
o Poderão ser aplicados índices diferenciados, quanto aos critérios mencionados no § 1
o, para
a alienação ou concessão de direito real de uso das áreas onde as ocupações não excedam a 4
(quatro) módulos fiscais.
§ 4
o O ocupante de área de até 4 (quatro) módulos fiscais terá direito aos benefícios do
Programa Nossa Terra - Nossa Escola.
Art. 13. Os requisitos para a regularização fundiária dos imóveis de até 4 (quatro) módulos
fiscais serão averiguados por meio de declaração do ocupante, sujeita a responsabilização nas
esferas penal, administrativa e civil, dispensada a vistoria prévia.
Parágrafo único. É facultado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário ou, se for o caso, ao
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão determinar a realização de vistoria de
fiscalização do imóvel rural na hipótese prevista no caput deste artigo.
Art. 14. As áreas ocupadas insuscetíveis de regularização por excederem os limites previstos no
§ 1o do art. 6
o poderão ser objeto de titulação parcial, nos moldes desta Lei, de área de até 15
(quinze) módulos fiscais, observado o limite máximo de 1.500ha (mil e quinhentos hectares).
§ 1
o A opção pela titulação, nos termos do caput, será condicionada à desocupação da área
excedente.
§ 2
o Ao valor do imóvel serão acrescidos os custos relativos à execução dos serviços
topográficos, se executados pelo poder público.
72
Art. 15. O título de domínio ou, no caso previsto no § 4o do art. 6
o, o termo de concessão de
direito real de uso deverão conter, entre outras, cláusulas sob condição resolutiva pelo prazo de
10 (dez) anos, que determinem:
I - o aproveitamento racional e adequado da área;
II - a averbação da reserva legal, incluída a possibilidade de compensação na forma de
legislação ambiental;
III - a identificação das áreas de preservação permanente e, quando couber, o compromisso para
sua recuperação na forma da legislação vigente;
IV - a observância das disposições que regulam as relações de trabalho; e
V - as condições e forma de pagamento.
§ 1o Na hipótese de pagamento por prazo superior a 10 (dez) anos, a eficácia da cláusula
resolutiva prevista no inciso V do caput deste artigo estender-se-á até a integral quitação.
§ 2o O desmatamento que vier a ser considerado irregular em áreas de preservação permanente
ou de reserva legal durante a vigência das cláusulas resolutivas, após processo administrativo,
em que tiver sido assegurada a ampla defesa e o contraditório, implica rescisão do título de
domínio ou termo de concessão com a conseqüente reversão da área em favor da União.
§ 3
o Os títulos referentes às áreas de até 4 (quatro) módulos fiscais serão intransferíveis e
inegociáveis por ato inter vivos pelo prazo previsto no caput.
§ 4
o Desde que o beneficiário originário esteja cumprindo as cláusulas resolutivas, decorridos 3
(três) anos da titulação, poderão ser transferidos títulos referentes a áreas superiores a 4 (quatro)
módulos fiscais, se a transferência for a terceiro que preencha os requisitos previstos em
regulamento.
§ 5
o A transferência dos títulos prevista no § 4
o somente será efetivada mediante anuência dos
órgãos expedidores.
§ 6
o O beneficiário que transferir ou negociar por qualquer meio o título obtido nos termos
desta Lei não poderá ser beneficiado novamente em programas de reforma agrária ou de
regularização fundiária.
Art. 16. As condições resolutivas do título de domínio e do termo de concessão de uso somente
serão liberadas após vistoria.
Art. 17. O valor do imóvel fixado na forma do art. 12 será pago pelo beneficiário da
regularização fundiária em prestações amortizáveis em até 20 (vinte) anos, com carência de até
3 (três) anos.
§ 1
o Sobre o valor fixado incidirão os mesmos encargos financeiros adotados para o crédito
rural oficial, na forma do regulamento, respeitadas as diferenças referentes ao enquadramento
dos beneficiários nas linhas de crédito disponíveis por ocasião da fixação do valor do imóvel.
§ 2
o Poderá ser concedido desconto ao beneficiário da regularização fundiária, de até 20%
(vinte por cento), no pagamento à vista.
§ 3
o Os títulos emitidos pelo Incra entre 1
o de maio de 2008 e 10 de fevereiro de 2009 para
ocupantes em terras públicas federais na Amazônia Legal terão seus valores passíveis de
73
enquadramento ao previsto nesta Lei, desde que requerido pelo interessado e nos termos do
regulamento.
Art. 18. O descumprimento das condições resolutivas pelo titulado ou, na hipótese prevista no §
4o do art. 15, pelo terceiro adquirente implica rescisão do título de domínio ou do termo de
concessão, com a consequente reversão da área em favor da União, declarada no processo
administrativo que apurar o descumprimento das cláusulas resolutivas, assegurada a ampla
defesa e o contraditório.
Parágrafo único. Rescindido o título de domínio ou o termo de concessão na forma do caput, as
benfeitorias úteis e necessárias, desde que realizadas com observância da lei, serão indenizadas.
Art. 19. No caso de inadimplemento de contrato firmado com o Incra até 10 de fevereiro de
2009, ou de não observância de requisito imposto em termo de concessão de uso ou de licença
de ocupação, o ocupante terá prazo de 3 (três) anos, contados a partir de 11 de fevereiro de
2009, para adimplir o contrato no que foi descumprido ou renegociá-lo, sob pena de ser
retomada a área ocupada, conforme regulamento.
Art. 20. Todas as cessões de direitos a terceiros que envolvam títulos precários expedidos pelo
Incra em nome do ocupante original, antes de 11 de fevereiro de 2009, servirão somente para
fins de comprovação da ocupação do imóvel pelo cessionário ou por seus antecessores.
§ 1
o O terceiro cessionário mencionado no caput deste artigo somente poderá regularizar a área
por ele ocupada.
§ 2
o Os imóveis que não puderem ser regularizados na forma desta Lei serão revertidos, total ou
parcialmente, ao patrimônio da União.
CAPÍTULO III
DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ÁREAS URBANAS
Art. 21. São passíveis de regularização fundiária as ocupações incidentes em terras públicas da
União, previstas no art. 3o desta Lei, situadas em áreas urbanas, de expansão urbana ou de
urbanização específica.
§ 1
o A regularização prevista no caput deste artigo será efetivada mediante doação aos
Municípios interessados, para a qual fica o Poder Executivo autorizado, sob a condição de que
sejam realizados pelas administrações locais os atos necessários à regularização das áreas
ocupadas, nos termos desta Lei.
§ 2
o Nas hipóteses previstas no § 1
o do art. 4
o desta Lei, será aplicada concessão de direito real
de uso das terras.
Art. 22. Constitui requisito para que o Município seja beneficiário da doação ou da concessão
de direito real de uso previstas no art. 21 desta Lei ordenamento territorial urbano que abranja a
área a ser regularizada, observados os elementos exigidos no inciso VII do art. 2o desta Lei.
§ 1
o Os elementos do ordenamento territorial das áreas urbanas, de expansão urbana ou de
urbanização específica constarão no plano diretor, em lei municipal específica para a área ou
áreas objeto de regularização ou em outra lei municipal.
§ 2
o Em áreas com ocupações para fins urbanos já consolidadas, nos termos do regulamento, a
transferência da União para o Município poderá ser feita independentemente da existência da lei
municipal referida no § 1o deste artigo.
74
§ 3o Para transferência de áreas de expansão urbana, os municípios deverão apresentar
justificativa que demonstre a necessidade da área solicitada, considerando a capacidade de
atendimento dos serviços públicos em função do crescimento populacional previsto, o déficit
habitacional, a aptidão física para a urbanização e outros aspectos definidos em regulamento.
Art. 23. O pedido de doação ou de concessão de direito real de uso de terras para regularização
fundiária de área urbana ou de expansão urbana será dirigido:
I - ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, em terras arrecadadas ou administradas pelo
Incra; ou
II - ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em outras áreas sob domínio da União.
§ 1
o Os procedimentos de doação ou de concessão de direito real de uso deverão ser instruídos
pelo Município com as seguintes peças, além de outros documentos que poderão ser exigidos
em regulamento:
I - pedido de doação devidamente fundamentado e assinado pelo seu representante;
II - comprovação das condições de ocupação;
III - planta e memorial descritivo do perímetro da área pretendida, cuja precisão posicional será
fixada em regulamento;
IV - cópia do plano diretor ou da lei municipal que contemple os elementos do ordenamento
territorial urbano, observado o previsto no § 2o do art. 22 desta Lei;
V - relação de acessões e benfeitorias federais existentes na área pretendida, contendo
identificação e localização.
§ 2
o Caberá ao Incra ou, se for o caso, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
analisar se a planta e o memorial descritivo apresentados atendem as exigências técnicas
fixadas.
§ 3
o O Ministério das Cidades participará da análise do pedido de doação ou concessão e
emitirá parecer sobre sua adequação aos termos da Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001.
Art. 24. Quando necessária a prévia arrecadação ou a discriminação da área, o Incra ou, se for o
caso, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão procederá à sua demarcação, com a
cooperação do Município interessado e de outros órgãos públicos federais e estaduais,
promovendo, em seguida, o registro imobiliário em nome da União.
Art. 25. No caso previsto no § 2
o do art. 21 desta Lei, o Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão lavrará o auto de demarcação.
Parágrafo único. Nas áreas de várzeas, leitos de rios e outros corpos d’água federais, o auto de
demarcação será instruído apenas pela planta e memorial descritivo da área a ser regularizada,
fornecidos pelo Município, observado o disposto no inciso I do § 2º do art. 18-A do Decreto-Lei
nº 9.760, de 5 de setembro de 1946.
Art. 26. O Ministério do Desenvolvimento Agrário ou, se for o caso, o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão formalizará a doação em favor do Município, com a
expedição de título que será levado a registro, nos termos do art. 167, inciso I, da Lei no 6.015,
de 1973.
75
§ 1o A formalização da concessão de direito real de uso no caso previsto no § 2
o do art. 21 desta
Lei será efetivada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
§ 2
o Na hipótese de estarem abrangidas as áreas referidas nos incisos I a IV do caput do art.
4o desta Lei, o registro do título será condicionado à sua exclusão, bem como à abertura de nova
matrícula para as áreas destacadas objeto de doação ou concessão no registro imobiliário
competente, nos termos do inciso I do art. 167 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973.
§ 3
o A delimitação das áreas de acessões, benfeitorias, terrenos de marinha e terrenos marginais
será atribuição dos órgãos federais competentes, facultada a realização de parceria com Estados
e Municípios.
§ 4
o A doação ou a concessão de direito real de uso serão precedidas de avaliação da terra nua
elaborada pelo Incra ou outro órgão federal competente com base em planilha referencial de
preços, sendo dispensada a vistoria da área.
§ 5
o A abertura de matrícula referente à área independerá do georreferenciamento do
remanescente da gleba, nos termos do § 3º do art. 176 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de
1973, desde que a doação ou a concessão de direito real de uso sejam precedidas do
reconhecimento dos limites da gleba pelo Incra ou, se for o caso, pelo Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, garantindo que a área esteja nela localizada.
Art. 27. A doação e a concessão de direito real de uso a um mesmo Município de terras que
venham a perfazer quantitativo superior a 2.500ha (dois mil e quinhentos hectares) em 1 (uma)
ou mais parcelas deverão previamente ser submetidas à aprovação do Congresso Nacional.
Art. 28. A doação e a concessão de direito real de uso implicarão o automático cancelamento,
total ou parcial, das autorizações e licenças de ocupação e quaisquer outros títulos não
definitivos outorgados pelo Incra ou, se for o caso, pelo Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão, que incidam na área.
§ 1
o As novas pretensões de justificação ou legitimação de posse existentes sobre as áreas
alcançadas pelo cancelamento deverão ser submetidas ao Município.
§ 2
o Para o cumprimento do disposto no caput, o Ministério do Desenvolvimento Agrário ou, se
for o caso, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão fará publicar extrato dos títulos
expedidos em nome do Município, com indicação do número do processo administrativo e dos
locais para consulta ou obtenção de cópias das peças técnicas necessárias à identificação da área
doada ou concedida.
§ 3
o Garantir-se-ão às pessoas atingidas pelos efeitos do cancelamento a que se refere o caput:
I - a opção de aquisição de lote urbano incidente na área do título cancelado, desde que
preencham os requisitos fixados para qualquer das hipóteses do art. 30; e
II - o direito de receber do Município indenização pelas acessões e benfeitorias que houver
erigido em boa-fé nas áreas de que tiver que se retirar.
§ 4
o A União não responderá pelas acessões e benfeitorias erigidas de boa-fé nas áreas doadas
ou concedidas.
Art. 29. Incumbe ao Município dispensar às terras recebidas a destinação prevista nesta Lei,
observadas as condições nela previstas e aquelas fixadas no título, cabendo-lhe, em qualquer
caso:
76
I - regularizar as ocupações nas áreas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização
específica; e
II - indenizar as benfeitorias de boa-fé erigidas nas áreas insuscetíveis de regularização.
Art. 30. O Município deverá realizar a regularização fundiária dos lotes ocupados, observados
os seguintes requisitos:
I - alienação gratuita a pessoa natural que tenha ingressado na área antes de 11 de fevereiro de
2009, atendidas pelo beneficiário as seguintes condições:
a) possua renda familiar mensal inferior a 5 (cinco) salários mínimos;
b) ocupe a área de até 1.000m² (mil metros quadrados) sem oposição, pelo prazo ininterrupto de,
no mínimo, 1 (um) ano, observadas, se houver, as dimensões de lotes fixadas na legislação
municipal;
c) utilize o imóvel como única moradia ou como meio lícito de subsistência, exceto locação ou
assemelhado; e
d) não seja proprietário ou possuidor de outro imóvel urbano, condição atestada mediante
declaração pessoal sujeita a responsabilização nas esferas penal, administrativa e civil;
II - alienação gratuita para órgãos e entidades da administração pública estadual, instalados até
11 de fevereiro de 2009;
III - alienação onerosa, precedida de licitação, com direito de preferência àquele que comprove
a ocupação, por 1 (um) ano ininterrupto, sem oposição, até 10 de fevereiro de 2009, de área
superior a 1.000m² (mil metros quadrados) e inferior a 5.000m² (cinco mil metros quadrados); e
IV - nas situações não abrangidas pelos incisos I a III, sejam observados na alienação a
alínea f do inciso I do art. 17 e as demais disposições da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 1
o No caso previsto no § 2
o do art. 21, o Município deverá regularizar a área recebida
mediante a transferência da concessão de direito real de uso.
§ 2
o O registro decorrente da alienação de que trata o inciso I do caput e da concessão de direito
real de uso a beneficiário que preencha os requisitos estabelecidos nas alíneas a a d do mesmo
inciso será realizado de ofício pelo Registro de Imóveis competente, independentemente de
custas e emolumentos.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 31. Os agentes públicos que cometerem desvios na aplicação desta Lei incorrerão nas
sanções previstas na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, sem prejuízo de outras penalidades
cabíveis.
Parágrafo único. Não haverá reversão do imóvel ao patrimônio da União em caso de
descumprimento das disposições dos arts. 29 e 30 pelo Município.
Art. 32. Com a finalidade de efetivar as atividades previstas nesta Lei, a União firmará acordos
de cooperação técnica, convênios ou outros instrumentos congêneres com Estados e Municípios.
77
Art. 33. Ficam transferidas do Incra para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, pelo prazo
de 5 (cinco) anos renovável por igual período, nos termos de regulamento, em caráter
extraordinário, as competências para coordenar, normatizar e supervisionar o processo de
regularização fundiária de áreas rurais na Amazônia Legal, expedir os títulos de domínio
correspondentes e efetivar a doação prevista no § 1o do art. 21, mantendo-se as atribuições do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão previstas por esta Lei. (Regulamento)
Art. 34. O Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão criarão sistema informatizado a ser disponibilizado na rede mundial de computadores -
internet, visando a assegurar a transparência sobre o processo de regularização fundiária de que
trata esta Lei.
Art. 35. A implementação das disposições desta Lei será avaliada de forma sistemática por
comitê instituído especificamente para esse fim, assegurada a participação de representantes da
sociedade civil organizada que atue na região amazônica, segundo composição e normas de
funcionamento definidas em regulamento.
Art. 36. Os Estados da Amazônia Legal que não aprovarem, mediante lei estadual, o respectivo
Zoneamento Ecológico-Econômico - ZEE no prazo máximo de 3 (três) anos, a contar da entrada
em vigor desta Lei, ficarão proibidos de celebrar novos convênios com a União, até que tal
obrigação seja adimplida.
Art. 37. Ficam transformadas, sem aumento de despesa, no âmbito do Poder Executivo, para
fins de atendimento do disposto nesta Lei, 216 (duzentas e dezesseis) Funções Comissionadas
Técnicas, criadas pelo art. 58 da Medida Provisória no 2.229-43, de 6 de setembro de 2001,
sendo 3 (três) FCT-1, 7 (sete) FCT-2, 10 (dez) FCT-3, 8 (oito) FCT-4, 14 (quatorze) FCT-9, 75
(setenta e cinco) FCT-10, 34 (trinta e quatro) FCT-11, 24 (vinte e quatro) FCT-12, 30 (trinta)
FCT-13 e 11 (onze) FCT-15, em 71 (setenta e um) cargos do Grupo-Direção e Assessoramento
Superiores - DAS, sendo 1 (um) DAS-6, 1 (um) DAS-5, 11 (onze) DAS-4, 29 (vinte e nove)
DAS-3 e 29 (vinte e nove) DAS-2.
§ 1
o Os cargos referidos no caput serão destinados ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e
à Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
§ 2
o O Poder Executivo disporá sobre a alocação dos cargos em comissão transformados por
esta Lei na estrutura regimental dos órgãos referidos no § 1o.
§ 3o Fica o Poder Executivo autorizado a transformar, no âmbito do Incra, 10 (dez) DAS-1 e 1
(um) DAS-3 em 3 (três) DAS-4 e 2 (dois) DAS-2.
Art. 38. A União e suas entidades da administração indireta ficam autorizadas a proceder a
venda direta de imóveis residenciais de sua propriedade situados na Amazônia Legal aos
respectivos ocupantes que possam comprovar o período de ocupação efetiva e regular por
período igual ou superior a 5 (cinco) anos, excluídos:
I - os imóveis residenciais administrados pelas Forças Armadas, destinados à ocupação por
militares;
II - os imóveis considerados indispensáveis ao serviço público.
Art. 39. A Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 17. ........................................................................
I - ....................................................................................
78
...............................................................................................
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública, de
qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i;
.............................................................................................
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da
União na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais
ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos os
requisitos legais;
.............................................................................................
§ 2
o ..................................................................................
.............................................................................................
II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento ou ato normativo do órgão competente,
haja implementado os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e exploração
direta sobre área rural situada na Amazônia Legal, superior a 1 (um) módulo fiscal e limitada a
15 (quinze) módulos fiscais, desde que não exceda 1.500ha (mil e quinhentos hectares);
.............................................................................................
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2
o ficam dispensadas de autorização legislativa, porém
submetem-se aos seguintes condicionamentos:
...................................................................................” (NR)
Art. 40. A Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
“Art. 167. .....................................................................
.............................................................................................
II - ...................................................................................
.............................................................................................
24. do destaque de imóvel de gleba pública originária.” (NR)
“Art. 176. ......................................................................
.............................................................................................
§ 5º Nas hipóteses do § 3
o, caberá ao Incra certificar que a poligonal objeto do memorial
descritivo não se sobrepõe a nenhuma outra constante de seu cadastro georreferenciado e que o
memorial atende às exigências técnicas, conforme ato normativo próprio.
§ 6
o A certificação do memorial descritivo de glebas públicas será referente apenas ao seu
perímetro originário.
79
§ 7o Não se exigirá, por ocasião da efetivação do registro do imóvel destacado de glebas
públicas, a retificação do memorial descritivo da área remanescente, que somente ocorrerá a
cada 3 (três) anos, contados a partir do primeiro destaque, englobando todos os destaques
realizados no período.” (NR)
“Art. 250. .....................................................................
.............................................................................................
IV - a requerimento da Fazenda Pública, instruído com certidão de conclusão de processo
administrativo que declarou, na forma da lei, a rescisão do título de domínio ou de concessão de
direito real de uso de imóvel rural, expedido para fins de regularização fundiária, e a reversão do
imóvel ao patrimônio público.” (NR)
Art. 41. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 25 de junho de 2009; 188o da Independência e 121
o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro
Guido Mantega
Paulo Bernardo Silva
Carlos Minc
Guilherme Cassel
Márcio Fortes de Almeida
80
LEI N° 12.288/2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis 7.716/1989,
9.029/1995, 7.347/1985, e 10.778/2003.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1
o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a
efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e
difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência
baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou
restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos
e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer
outro campo da vida pública ou privada;
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens,
serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica;
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a
distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais;
IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o
quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
ou que adotam autodefinição análoga;
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cumprimento
de suas atribuições institucionais;
VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa
privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de
oportunidades.
Art. 2
o É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo a
todo cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação
na comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômicas, empresariais, educacionais,
culturais e esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.
Art. 3
o Além das normas constitucionais relativas aos princípios fundamentais, aos direitos e
garantias fundamentais e aos direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da Igualdade
Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas de desigualdade étnico-racial,
a valorização da igualdade étnica e o fortalecimento da identidade nacional brasileira.
Art. 4
o A participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida
econômica, social, política e cultural do País será promovida, prioritariamente, por meio de:
81
I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social;
II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afirmativa;
III - modificação das estruturas institucionais do Estado para o adequado enfrentamento e a
superação das desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da discriminação étnica;
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação étnica e às
desigualdades étnicas em todas as suas manifestações individuais, institucionais e estruturais;
V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem a
representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada;
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil direcionadas à
promoção da igualdade de oportunidades e ao combate às desigualdades étnicas, inclusive
mediante a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e prioridade no acesso
aos recursos públicos;
VII - implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfrentamento das
desigualdades étnicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho,
moradia, meios de comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à terra, à Justiça, e
outros.
Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-se-ão em políticas públicas
destinadas a reparar as distorções e desigualdades sociais e demais práticas discriminatórias
adotadas, nas esferas pública e privada, durante o processo de formação social do País.
Art. 5
o Para a consecução dos objetivos desta Lei, é instituído o Sistema Nacional de Promoção
da Igualdade Racial (Sinapir), conforme estabelecido no Título III.
TÍTULO II
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
DO DIREITO À SAÚDE
Art. 6
o O direito à saúde da população negra será garantido pelo poder público mediante
políticas universais, sociais e econômicas destinadas à redução do risco de doenças e de outros
agravos.
§ 1
o O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde (SUS) para promoção,
proteção e recuperação da saúde da população negra será de responsabilidade dos órgãos e
instituições públicas federais, estaduais, distritais e municipais, da administração direta e
indireta.
§ 2
o O poder público garantirá que o segmento da população negra vinculado aos seguros
privados de saúde seja tratado sem discriminação.
Art. 7
o O conjunto de ações de saúde voltadas à população negra constitui a Política Nacional
de Saúde Integral da População Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo
especificadas:
82
I - ampliação e fortalecimento da participação de lideranças dos movimentos sociais em defesa
da saúde da população negra nas instâncias de participação e controle social do SUS;
II - produção de conhecimento científico e tecnológico em saúde da população negra;
III - desenvolvimento de processos de informação, comunicação e educação para contribuir com
a redução das vulnerabilidades da população negra.
Art. 8
o Constituem objetivos da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra:
I - a promoção da saúde integral da população negra, priorizando a redução das desigualdades
étnicas e o combate à discriminação nas instituições e serviços do SUS;
II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS no que tange à coleta, ao
processamento e à análise dos dados desagregados por cor, etnia e gênero;
III - o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racismo e saúde da população negra;
IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos processos de formação e educação
permanente dos trabalhadores da saúde;
V - a inclusão da temática saúde da população negra nos processos de formação política das
lideranças de movimentos sociais para o exercício da participação e controle social no SUS.
Parágrafo único. Os moradores das comunidades de remanescentes de quilombos serão
beneficiários de incentivos específicos para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias
nas condições ambientais, no saneamento básico, na segurança alimentar e nutricional e na
atenção integral à saúde.
CAPÍTULO II
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER
Seção I
Disposições Gerais
Art. 9o A população negra tem direito a participar de atividades educacionais, culturais,
esportivas e de lazer adequadas a seus interesses e condições, de modo a contribuir para o
patrimônio cultural de sua comunidade e da sociedade brasileira.
Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9
o, os governos federal, estaduais, distrital e
municipais adotarão as seguintes providências:
I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da população negra ao ensino gratuito e
às atividades esportivas e de lazer;
II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço para promoção social e cultural da
população negra;
III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive nas escolas, para que a solidariedade
aos membros da população negra faça parte da cultura de toda a sociedade;
IV - implementação de políticas públicas para o fortalecimento da juventude negra brasileira.
83
Seção II
Da Educação
Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, é
obrigatório o estudo da história geral da África e da história da população negra no Brasil,
observado o disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
§ 1
o Os conteúdos referentes à história da população negra no Brasil serão ministrados no
âmbito de todo o currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva para o
desenvolvimento social, econômico, político e cultural do País.
§ 2
o O órgão competente do Poder Executivo fomentará a formação inicial e continuada de
professores e a elaboração de material didático específico para o cumprimento do disposto
no caput deste artigo.
§ 3
o Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos responsáveis pela educação
incentivarão a participação de intelectuais e representantes do movimento negro para debater
com os estudantes suas vivências relativas ao tema em comemoração.
Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de fomento à pesquisa e à pós-graduação
poderão criar incentivos a pesquisas e a programas de estudo voltados para temas referentes às
relações étnicas, aos quilombos e às questões pertinentes à população negra.
Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos competentes, incentivará as
instituições de ensino superior públicas e privadas, sem prejuízo da legislação em vigor, a:
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa,
nos diversos programas de pós-graduação que desenvolvam temáticas de interesse da população
negra;
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de formação de professores temas que
incluam valores concernentes à pluralidade étnica e cultural da sociedade brasileira;
III - desenvolver programas de extensão universitária destinados a aproximar jovens negros de
tecnologias avançadas, assegurado o princípio da proporcionalidade de gênero entre os
beneficiários;
IV - estabelecer programas de cooperação técnica, nos estabelecimentos de ensino públicos,
privados e comunitários, com as escolas de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio
e ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios de equidade, de tolerância e de
respeito às diferenças étnicas.
Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações socioeducacionais realizadas por entidades
do movimento negro que desenvolvam atividades voltadas para a inclusão social, mediante
cooperação técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros mecanismos.
Art. 15. O poder público adotará programas de ação afirmativa.
Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos responsáveis pelas políticas de
promoção da igualdade e de educação, acompanhará e avaliará os programas de que trata esta
Seção.
Seção III
84
Da Cultura
Art. 17. O poder público garantirá o reconhecimento das sociedades negras, clubes e outras
formas de manifestação coletiva da população negra, com trajetória histórica comprovada, como
patrimônio histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da Constituição Federal.
Art. 18. É assegurado aos remanescentes das comunidades dos quilombos o direito à
preservação de seus usos, costumes, tradições e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado.
Parágrafo único. A preservação dos documentos e dos sítios detentores de reminiscências
históricas dos antigos quilombos, tombados nos termos do § 5o do art. 216 da Constituição
Federal, receberá especial atenção do poder público.
Art. 19. O poder público incentivará a celebração das personalidades e das datas
comemorativas relacionadas à trajetória do samba e de outras manifestações culturais de matriz
africana, bem como sua comemoração nas instituições de ensino públicas e privadas.
Art. 20. O poder público garantirá o registro e a proteção da capoeira, em todas as suas
modalidades, como bem de natureza imaterial e de formação da identidade cultural brasileira,
nos termos do art. 216 da Constituição Federal.
Parágrafo único. O poder público buscará garantir, por meio dos atos normativos necessários, a
preservação dos elementos formadores tradicionais da capoeira nas suas relações internacionais.
Seção IV
Do Esporte e Lazer
Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso da população negra às práticas desportivas,
consolidando o esporte e o lazer como direitos sociais.
Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto de criação nacional, nos termos do art. 217 da
Constituição Federal.
§ 1
o A atividade de capoeirista será reconhecida em todas as modalidades em que a capoeira se
manifesta, seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo o território
nacional.
§ 2
o É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas e privadas pelos capoeiristas e
mestres tradicionais, pública e formalmente reconhecidos.
CAPÍTULO III
DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO LIVRE
EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS
Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias.
Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos
religiosos de matriz africana compreende:
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à religiosidade e a fundação e
manutenção, por iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins;
85
II - a celebração de festividades e cerimônias de acordo com preceitos dasrespectivas religiões;
III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de instituições beneficentes ligadas às
respectivas convicções religiosas;
IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de artigos e materiais religiosos
adequados aos costumes e às práticas fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas as
condutas vedadas por legislação específica;
V - a produção e a divulgação de publicações relacionadas ao exercício e à difusão das religiões
de matriz africana;
VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais e jurídicas de natureza privada
para a manutenção das atividades religiosas e sociais das respectivas religiões;
VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para divulgação das respectivas religiões;
VIII - a comunicação ao Ministério Público para abertura de ação penal em face de atitudes e
práticas de intolerância religiosa nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais.
Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de religiões de matrizes africanas
internados em hospitais ou em outras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles
submetidos a pena privativa de liberdade.
Art. 26. O poder público adotará as medidas necessárias para o combate à intolerância com as
religiões de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores, especialmente com o
objetivo de:
I - coibir a utilização dos meios de comunicação social para a difusão de proposições, imagens
ou abordagens que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na
religiosidade de matrizes africanas;
II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras e outros bens de valor artístico e
cultural, os monumentos, mananciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de
matrizes africanas;
III - assegurar a participação proporcional de representantes das religiões de matrizes africanas,
ao lado da representação das demais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras
instâncias de deliberação vinculadas ao poder público.
CAPÍTULO IV
DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA
Seção I
Do Acesso à Terra
Art. 27. O poder público elaborará e implementará políticas públicas capazes de promover o
acesso da população negra à terra e às atividades produtivas no campo.
Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das atividades produtivas da população negra no
campo, o poder público promoverá ações para viabilizar e ampliar o seu acesso ao
financiamento agrícola.
86
Art. 29. Serão assegurados à população negra a assistência técnica rural, a simplificação do
acesso ao crédito agrícola e o fortalecimento da infraestrutura de logística para a
comercialização da produção.
Art. 30. O poder público promoverá a educação e a orientação profissional agrícola para os
trabalhadores negros e as comunidades negras rurais.
Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras
é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá políticas públicas especiais
voltadas para o desenvolvimento sustentável dos remanescentes das comunidades dos
quilombos, respeitando as tradições de proteção ambiental das comunidades.
Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescentes das comunidades dos quilombos
receberão dos órgãos competentes tratamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas
especiais de financiamento público, destinados à realização de suas atividades produtivas e de
infraestrutura.
Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se beneficiarão de todas as
iniciativas previstas nesta e em outras leis para a promoção da igualdade étnica.
Seção II
Da Moradia
Art. 35. O poder público garantirá a implementação de políticas públicas para assegurar o
direito à moradia adequada da população negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas
subutilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica
urbana e promover melhorias no ambiente e na qualidade de vida.
Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para os efeitos desta Lei, inclui não apenas o
provimento habitacional, mas também a garantia da infraestrutura urbana e dos equipamentos
comunitários associados à função habitacional, bem como a assistência técnica e jurídica para a
construção, a reforma ou a regularização fundiária da habitação em área urbana.
Art. 36. Os programas, projetos e outras ações governamentais realizadas no âmbito do Sistema
Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de junho
de 2005, devem considerar as peculiaridades sociais, econômicas e culturais da população
negra.
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estimularão e facilitarão a
participação de organizações e movimentos representativos da população negra na composição
dos conselhos constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habitação de Interesse
Social (FNHIS).
Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados, promoverão ações para viabilizar o
acesso da população negra aos financiamentos habitacionais.
CAPÍTULO V
DO TRABALHO
Art. 38. A implementação de políticas voltadas para a inclusão da população negra no mercado
de trabalho será de responsabilidade do poder público, observando-se:
87
I - o instituído neste Estatuto;
II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção Internacional sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1965;
III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção n
o 111, de 1958, da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação no emprego e na
profissão;
IV - os demais compromissos formalmente assumidos pelo Brasil perante a comunidade
internacional.
Art. 39. O poder público promoverá ações que assegurem a igualdade de oportunidades no
mercado de trabalho para a população negra, inclusive mediante a implementação de medidas
visando à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o incentivo à adoção de
medidas similares nas empresas e organizações privadas.
§ 1
o A igualdade de oportunidades será lograda mediante a adoção de políticas e programas de
formação profissional, de emprego e de geração de renda voltados para a população negra.
§ 2
o As ações visando a promover a igualdade de oportunidades na esfera da administração
pública far-se-ão por meio de normas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação
específica e em seus regulamentos.
§ 3
o O poder público estimulará, por meio de incentivos, a adoção de iguais medidas pelo setor
privado.
§ 4
o As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão o princípio da proporcionalidade de
gênero entre os beneficiários.
§ 5
o Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena produção, nos meios rural e urbano,
com ações afirmativas para mulheres negras.
§ 6
o O poder público promoverá campanhas de sensibilização contra a marginalização da
mulher negra no trabalho artístico e cultural.
§ 7
o O poder público promoverá ações com o objetivo de elevar a escolaridade e a qualificação
profissional nos setores da economia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores
negros de baixa escolarização.
Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) formulará
políticas, programas e projetos voltados para a inclusão da população negra no mercado de
trabalho e orientará a destinação de recursos para seu financiamento.
Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas por meio de financiamento para constituição
e ampliação de pequenas e médias empresas e de programas de geração de renda, contemplarão
o estímulo à promoção de empresários negros.
Parágrafo único. O poder público estimulará as atividades voltadas ao turismo étnico com
enfoque nos locais, monumentos e cidades que retratem a cultura, os usos e os costumes da
população negra.
Art. 42. O Poder Executivo federal poderá implementar critérios para provimento de cargos em comissão e funções de confiança destinados a ampliar a participação de negros, buscando
88
reproduzir a estrutura da distribuição étnica nacional ou, quando for o caso, estadual,
observados os dados demográficos oficiais.
CAPÍTULO VI
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação valorizará a herança cultural e a
participação da população negra na história do País.
Art. 44. Na produção de filmes e programas destinados à veiculação pelas emissoras de
televisão e em salas cinematográficas, deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de
emprego para atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e qualquer discriminação
de natureza política, ideológica, étnica ou artística.
Parágrafo único. A exigência disposta no caput não se aplica aos filmes e programas que
abordem especificidades de grupos étnicos determinados.
Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitárias destinadas à veiculação pelas emissoras de
televisão e em salas cinematográficas o disposto no art. 44.
Art. 46. Os órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica ou
fundacional, as empresas públicas e as sociedades de economia mista federais deverão incluir
cláusulas de participação de artistas negros nos contratos de realização de filmes, programas ou
quaisquer outras peças de caráter publicitário.
§ 1
o Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão, nas especificações para contratação
de serviços de consultoria, conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças
publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades de emprego para as pessoas
relacionadas com o projeto ou serviço contratado.
§ 2
o Entende-se por prática de iguais oportunidades de emprego o conjunto de medidas
sistemáticas executadas com a finalidade de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na
equipe vinculada ao projeto ou serviço contratado.
§ 3
o A autoridade contratante poderá, se considerar necessário para garantir a prática de iguais
oportunidades de emprego, requerer auditoria por órgão do poder público federal.
§ 4
o A exigência disposta no caput não se aplica às produções publicitárias quando abordarem
especificidades de grupos étnicos determinados.
TÍTULO III
DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
(SINAPIR)
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) como
forma de organização e de articulação voltadas à implementação do conjunto de políticas e
serviços destinados a superar as desigualdades étnicas existentes no País, prestados pelo poder
público federal.
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§ 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão participar do Sinapir mediante
adesão.
§ 2
o O poder público federal incentivará a sociedade e a iniciativa privada a participar do
Sinapir.
CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS
Art. 48. São objetivos do Sinapir:
I - promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades sociais resultantes do racismo,
inclusive mediante adoção de ações afirmativas;
II - formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover a
integração social da população negra;
III - descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais, distrital e
municipais;
IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica;
V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação das ações
afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
CAPÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA
Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará plano nacional de promoção da igualdade racial
contendo as metas, princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional de
Promoção da Igualdade Racial (PNPIR).
§ 1
o A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e acompanhamento da PNPIR, bem
como a organização, articulação e coordenação do Sinapir, serão efetivados pelo órgão
responsável pela política de promoção da igualdade étnica em âmbito nacional.
§ 2
o É o Poder Executivo federal autorizado a instituir fórum intergovernamental de promoção
da igualdade étnica, a ser coordenado pelo órgão responsável pelas políticas de promoção da
igualdade étnica, com o objetivo de implementar estratégias que visem à incorporação da
política nacional de promoção da igualdade étnica nas ações governamentais de Estados e
Municípios.
§ 3
o As diretrizes das políticas nacional e regional de promoção da igualdade étnica serão
elaboradas por órgão colegiado que assegure a participação da sociedade civil.
Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distrital e municipais, no âmbito das respectivas
esferas de competência, poderão instituir conselhos de promoção da igualdade étnica, de caráter
permanente e consultivo, compostos por igual número de representantes de órgãos e entidades
públicas e de organizações da sociedade civil representativas da população negra.
Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará o repasse dos recursos referentes aos programas
e atividades previstos nesta Lei aos Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham criado
conselhos de promoção da igualdade étnica.
90
CAPÍTULO IV
DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACESSO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA
Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo
e Executivo, Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, para receber e
encaminhar denúncias de preconceito e discriminação com base em etnia ou cor e acompanhar a
implementação de medidas para a promoção da igualdade.
Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria
Permanente, à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas
instâncias, para a garantia do cumprimento de seus direitos.
Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mulheres negras em situação de violência,
garantida a assistência física, psíquica, social e jurídica.
Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coibir a violência policial incidente sobre a
população negra.
Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressocialização e proteção da juventude
negra em conflito com a lei e exposta a experiências de exclusão social.
Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de discriminação e preconceito praticados
por servidores públicos em detrimento da população negra, observado, no que couber, o
disposto na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989.
Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de lesão aos interesses da
população negra decorrentes de situações de desigualdade étnica, recorrer-se-á, entre outros
instrumentos, à ação civil pública, disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.
CAPÍTULO V
DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
Art. 56. Na implementação dos programas e das ações constantes dos planos plurianuais e dos
orçamentos anuais da União, deverão ser observadas as políticas de ação afirmativa a que se
refere o inciso VII do art. 4o desta Lei e outras políticas públicas que tenham como objetivo
promover a igualdade de oportunidades e a inclusão social da população negra, especialmente
no que tange a:
I - promoção da igualdade de oportunidades em educação, emprego e moradia;
II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, saúde e emprego, voltadas para a
melhoria da qualidade de vida da população negra;
III - incentivo à criação de programas e veículos de comunicação destinados à divulgação de
matérias relacionadas aos interesses da população negra;
IV - incentivo à criação e à manutenção de microempresas administradas por pessoas
autodeclaradas negras;
V - iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das pessoas negras na educação
fundamental, média, técnica e superior;
91
VI - apoio a programas e projetos dos governos estaduais, distrital e municipais e de entidades
da sociedade civil voltados para a promoção da igualdade de oportunidades para a população
negra;
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e das tradições africanas e brasileiras.
§ 1
o O Poder Executivo federal é autorizado a adotar medidas que garantam, em cada exercício,
a transparência na alocação e na execução dos recursos necessários ao financiamento das ações
previstas neste Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos recursos orçamentários
destinados aos programas de promoção da igualdade, especialmente nas áreas de educação,
saúde, emprego e renda, desenvolvimento agrário, habitação popular, desenvolvimento regional,
cultura, esporte e lazer.
§ 2
o Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar do exercício subsequente à publicação deste
Estatuto, os órgãos do Poder Executivo federal que desenvolvem políticas e programas nas
áreas referidas no § 1o deste artigo discriminarão em seus orçamentos anuais a participação nos
programas de ação afirmativa referidos no inciso VII do art. 4o desta Lei.
§ 3
o O Poder Executivo é autorizado a adotar as medidas necessárias para a adequada
implementação do disposto neste artigo, podendo estabelecer patamares de participação
crescente dos programas de ação afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o § 2o deste
artigo.
§ 4
o O órgão colegiado do Poder Executivo federal responsável pela promoção da igualdade
racial acompanhará e avaliará a programação das ações referidas neste artigo nas propostas
orçamentárias da União.
Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, poderão ser consignados nos
orçamentos fiscal e da seguridade social para financiamento das ações de que trata o art. 56:
I - transferências voluntárias dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II - doações voluntárias de particulares;
III - doações de empresas privadas e organizações não governamentais, nacionais ou
internacionais;
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou internacionais;
V - doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios, tratados e acordos internacionais.
TÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não excluem outras em prol da população negra que
tenham sido ou venham a ser adotadas no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios.
Art. 59. O Poder Executivo federal criará instrumentos para aferir a eficácia social das medidas
previstas nesta Lei e efetuará seu monitoramento constante, com a emissão e a divulgação de
relatórios periódicos, inclusive pela rede mundial de computadores.
Art. 60. Os arts. 3
o e 4
o da Lei nº 7.716, de 1989, passam a vigorar com a seguinte redação:
92
“Art. 3o ........................................................................
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional, obstar a promoção funcional.” (NR)
“Art. 4
o ........................................................................
§ 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça ou de cor ou práticas
resultantes do preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica:
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de condições
com os demais trabalhadores;
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional;
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho,
especialmente quanto ao salário.
§ 2
o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade, incluindo
atividades de promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de
recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para
emprego cujas atividades não justifiquem essas exigências.” (NR)
Art. 61. Os arts. 3
o e 4
o da Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, passam a vigorar com a
seguinte redação:
“Art. 3
o Sem prejuízo do prescrito no art. 2
o e nos dispositivos legais que tipificam os crimes
resultantes de preconceito de etnia, raça ou cor, as infrações do disposto nesta Lei são passíveis
das seguintes cominações:
...................................................................................” (NR)
“Art. 4
o O rompimento da relação de trabalho por ato discriminatório, nos moldes desta Lei,
além do direito à reparação pelo dano moral, faculta ao empregado optar entre:
...................................................................................” (NR)
Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa a vigorar acrescido do seguinte § 2
o,
renumerando-se o atual parágrafo único como § 1o:
“Art. 13. ........................................................................
§ 1
o ...............................................................................
§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de
discriminação étnica nos termos do disposto no art. 1odesta Lei, a prestação em dinheiro
reverterá diretamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações de promoção da
igualdade étnica, conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial,
na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais
ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou local, respectivamente.” (NR)
Art. 63. O § 1
o do art. 1
o da Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003, passa a vigorar com a
seguinte redação:
“Art. 1
o .......................................................................
93
§ 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por violência contra a mulher qualquer ação ou
conduta, baseada no gênero, inclusive decorrente de discriminação ou desigualdade étnica, que
cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público
quanto no privado.
...................................................................................” (NR)
Art. 64. O § 3
o do art. 20 da Lei nº 7.716, de 1989, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso
III:
“Art. 20. ......................................................................
.............................................................................................
§ 3
o ...............................................................................
.............................................................................................
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de
computadores.
...................................................................................” (NR)
Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data de sua publicação.
Brasília, 20 de julho de 2010; 189o da Independência e 122
o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Eloi Ferreira de Araújo
94
B) LEGISLAÇÃO ESTADUAL
LEI Nº 3.038 DE 10 DE OUTUBRO DE 1972. Dispõe sobre terras públicas e dá outras
providências. O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições, faço
saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - São do domínio do Estado da Bahia as terras:
a) Transferidas ao seu patrimônio pela Constituição Federal de 24 de fevereiro de 1891;
b) do domínio particular abandonadas pelos seus proprietários e as arrecadadas como herança
jacente;
c) que não estejam por título legítimo, sob domínio de terceiros;
d) adquiridas por qualquer outro meio legal.
Art. 2º - O Estado reconhecerá aos municípios o domínio sobre suas áreas urbana e suburbana,
cuja discriminação será promovida pelo município interessado, ou ex-ofício pelo órgão executor
da política agrária; não podendo ultrapassar três mil hectares.
§ 1º - Para as vilas e povoados de mais de duzentas habitações cuja área seja descontínua da
área suburbana da sede municipal, fica reduzido para quinhentos hectares o limite acima
previsto.
§ 2º - Não se aplica o disposto neste artigo ao município que já tenha discriminado as terras de
seu domínio nos termos da legislação anterior.
§ 3º - As medições terão como ponto de partida o Centro da Praça ou rua principal da sede
municipal, vila ou povoado.
§ 4º - As despesas com a discriminação correrão à conta do município interessado ainda que
feita ex-ofício pelo órgão executor da política agrária.
Art. 3 º - Além dos locais notabilizados por fatos históricos relevantes, serão reservados e
receberão adequada conservação as áreas necessárias:
a) à preservação de recursos hídricos,
b) à proteção da flora e fauna nativas;
c) à construção e conservação de estradas de rodagem, ferrovias, portos e campos de aviação;
d) ao estabelecimento de núcleos coloniais, bem como à fundação e incremento de povoações;
e) à proteção de monumentos históricos ou acidentes geográficos de excepcional valor sócio-
econômico ou estético;
f) a qualquer outro fim público.
Parágrafo único - A reserva será declarada mediante decreto que mencionará a localização,
natureza, extensão, confrontações e demais características da área respectiva.
CAPÍTULO I -
DAS TERRAS PÚBLICAS E DAS RESERVADAS
95
Art. 4º - A transferência do domínio de terras reservadas somente poderá ser feita quando
indispensável a fim público relevante.
Art. 5º - É ocupante quem se apossa de terras públicas alienáveis, valorizando-as com seu
trabalho.
§ 1º - Considera-se invasor quem se apossa de terras públicas reservadas ou quando se tratar de
terras alienáveis não as valorizar ou explorá-las da maneira predatória.
§ 2º - Considera-se exploração predatória a derrubada de matas além do limite e sem as cautelas
legais determinadas na legislação específica assim como qualquer outra prática capaz de
modificar o equilíbrio ecológico.
Art. 6º - São do domínio particular as terras:
a) adquiridas na forma da lei;
b) assim declaradas por sentença judicial passada em julgado.
Art. 7º- A pedido de titular de domínio definido no artigo anterior, poderá o órgão competente,
após o levantamento topográfico e reconhecimento da validade jurídica dos documentos
apresentados, expedir-lhe título confirmatório.
Art. 8º - Todo proprietário de terras é obrigado a exibir o título respectivo, sempre que
solicitado pelo órgão executor da política agrária.
Art. 9º - O órgão executor da política agrária promoverá a discriminação das terras públicas,
medindo-as; descrevendo-as e extremando-as das do domínio particular; sem ônus para os
interessados segundo esquema de prioridade por zonas nos têrmos de regulamento desta Lei.
§ 1º - Os ocupantes serão notificado para que ... vetado ... legalizem a posse da gleba, ou a
desocupem após prévia e justa indenização das benfeitorias;
§ 2º - No caso de resistência a discriminação far-se-á judicialmente, cobrando-se do vencido o
custo do serviço e os encargos da sucumbência.
Art. 10 - Será promovido o desapossamento de quem ilegalmente detenha terras públicas
apurando-se a responsabilidade civil e penal.
Parágrafo único - As terras desapossadas poderão ser vendidas em hasta pública, concorrência
ou aproveitadas para fim compatível com a presente lei.
Art. 11 - Salvo prévia e expressa aquiescência do órgão executor da política agrária, será vedado
o acesso às terras públicas discriminadas como desocupadas que serão utilizadas em planos
racionais de ocupação do território na conformidade no disposto no Capítulo V desta lei .
CAPÍTULO I -
DO DOMÍNIO TERRITORIAL PARTICULAR
CAPÍTULO III -
DA DISCRIMINAÇÃO DAS TERRAS PÚBLICAS.
CAPÍTULO IV -
DA ALIENAÇÃO DAS TERRAS PÚBLICAS
96
Art. 12 - A disposição de terras públicas atenderá ao interesse público e objetivará o
desenvolvimento econômico e social do Estado.
Parágrafo único - A concessão gratuita de terras públicas dependerá de Lei Especial e somente
será admitida com a cláusula de reversão em benefício de pessoa jurídica de fins não lucrativos,
empenhada em iniciativa de interesse social.
Art. 13 - O Estado poderá ceder à União áreas necessárias a obras de interesse nacional.
Art. 14 - Somente nos termos desta lei poderá ser feita alienação de terras públicas e, quanto a
estrangeiros, na forma determinada pela legislação federal.
Parágrafo único - O instrumento de alienação conterá cláusula, expressa determinante de que,
em caso de desapropriação, a atualização do valor da terra nua, seja feita, com base no preço de
aquisição avaliando-se as benfeitorias a preço corrente no mercado.
Art. 15 - É vedada a alienação à mesma pessoa, natural ou jurídica, de terras públicas de área
superior a quinhentos hectares, exceto em caso de empreendimento considerado de interesse
para o desenvolvimento econômico do Estado.
§ 1º - Considera-se interesse para o desenvolvimento econômico do Estado o empreendimento
destinado a reflorestamento, colonização particular, ou exploração agro-pecuária racional e
intensiva com projeto aprovado pelo órgão executor da política agrária, ouvida a Secretaria do
Planejamento.
§ 2º - Exceto prévia autorização do órgão executor da política agrária, o
adquirente de terras públicas somente poderá aliená-las quando decorridos mais de cinco anos
de sua aquisição, ressalvadas as hipóteses de execução das garantias necessárias à concessão de
crédito rural por instituições financeiras e órgãos oficiais de crédito, ou transmissão causa-
mortis.
§ 2º do art. 15 supresso pelo art. 1º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 .
§ 3º - Com o valor de terras públicas, estimado na forma do artigo 24 , o Estado poderá ter
participação não majoritária em empreendimentos de interesse para seu desenvolvimento.
Art. 16 - VETADO ...
Art. 17 - É vedada a aquisição de terras públicas por pessoa absoluta ou relativamente incapaz,
exceto no caso de sucessão causa-mortis.
Art. 18 - A transferência total ou parcial de domínio adquirido sobre terras públicas a ninguém
renova o direito à sua aquisição.
Art. 19 - Na regularização da ocupação observar-se-á, tanto quanto possível, o módulo fixado na
legislação federal.
Parágrafo único - Em área de extensão modular somente será admitida a exploração direta feita
por ocupante e sua família.
Art. 20 - Assegurar-se-á ao que tiver efetiva ocupação e beneficiamento de terras públicas o
direito de adquiri-las.
97
§ 1º - A área vendida nos têrmos deste artigo não poderá exceder o dobro da efetivamente
beneficiada.
§ 2º - No caso de matas e pastagens, adotar-se-á para a fixação do limite de área alienável um
critério de proporcionalidade a ser estabelecido em regulamento.
Redação do § 2º do art. 20 de acordo com o art. 2º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de
1975 .
Redação original: "§ 2º - Para os efeitos desta lei, não se considera beneficiamento da terra
as matas e pastagens naturais."
§ 3º - No caso de exploração pecuária adotar-se-á para fixação do limite
alienável um critério de proporcionalidade a ser fixado em regulamento.
§ 3º do art. 20 supresso pelo art. 1º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 .
§ 4º - É documento hábil para o reconhecimento de domínio particular, bem como para a
alienação de terras públicas, o título expedido pelo órgão ao executor da política agrária, que o
poderá clausular, quando fromalizar translação do domínio.
Art. 21 - A justificação administrativa de ocupação, para os efeitos do artigo anterior, será feita
através requerimento ao órgão competente, indicando o interessado:
a) seu nome, nacionalidade, profissão, estado civil, filiação e residência, também, a identidade
de seu preposto, na área ocupada, se for o caso;
b) a origem, natureza e data da ocupação, comprovadas, se possível, através documentos;
c) prova de cadastramento no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA);
d) nome, situação e área, tanto quanto possível, exata da gleba ocupada, bem como os
confrontantes e suas residências;
e) culturas permanentes e temporárias, as espécies de criações e seu número.
Art. 22 - O processo de compra de terras públicas e o de reconhecimento do domínio particular
serão disciplinados em regulamento, assegurado o conhecimento de terceiros, especialmente dos
confinantes, e admitida a impugnação em qualquer fase do procedimento até a expedição do
título.
Redação do art. 22 de acordo com o art. 2º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 .
Redação original: "Art. 22 - Para conhecimento de terceiros a justificação administrativa
será resumidamente publicada em Edital, no Diário Oficial, pelo prazo de trinta dias, e fixado
em quadro próprio, na sede do estabelecimento regional do órgão de execução da política
agrária."
Parágrafo único - A medição, para efeito de compra de terras públicas ou de reconhecimento do
domínio particular, poderá ser feita pelo órgão executor da política agrária ou por profissional
de nível técnico ou superior devidamente habilitado e inscrito no órgão competente da
Secretaria da Agricultura que examinará o curriculum vitae e condições de idoneidade técnica e
moral do candidato para os efeitos de habilitá-lo a qualquer futuras medições.
Redação do Parágrafo único do art. 22 de acordo com o art. 2º da Lei nº 3.442, de 12 de
dezembro de 1975 . Redação original: "Parágrafo único - Se houver oposição que não possa
98
ser decidida, de plano, após parecer dos setores técnicos e jurídicos do órgão competente, por
envolver questão de alta indagação, será suspenso o julgamento da justificação, devendo as
partes intentar o processo judicial."
Art. 23 - As alienações previstas no art. 15 ficarão sujeitas ao cumprimento do projeto alí
previsto . Redação do art. 23 de acordo com o art. 2º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de
1975 . Redação original: "Art. 23 - Serão feitas com a cláusula de retrovenda, pelo prazo de
três anos, as alienações prevista no artigo 15, parágrafo único, assim como as relativas a
todas as ocupações posteriores à vigência desta Lei."
Parágrafo único - Resolver-se-á a venda, se durante a execução do projeto, ocorrer o
descumprimento deste.
Redação do § 1º do art. 23, renomeado como Parágrafo único, de acordo com o art. 2º da Lei
nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 . Redação original: "§ 1º - Verificar-se-á a retrovenda se
o órgão executor da política agrária, dentro de trinta meses, a contar da alienação,
comprovar o descumprimento do projeto previsto no § 1º do artigo 15 , ou no caso de
exploração predatória."
§ 2º - No caso de projeto com período de implantação superior a três anos, será
estipulada, no contrato, cláusula de anulabilidade vinculada à inexecução total ou parcial do
projeto, sem prejuízo da apuração da responsabilidade civil e penal do inadimplente. § 2º do art.
23 supresso pelo art. 1º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 .
§ 3º - Realizada a retrovenda, ou anulado o contrato, perderá o adquirinte, em
favor do Estado, as benfeitorias suntuárias e as feitas em desacordo com o projeto. § 3º do art.
23 supresso pelo art. 1º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 .
Art. 24 - O preço das terras públicas será calculado pelo somatório dos valores.
I - De mercado da terra nua;
II - De índice atribuído, no regulamento desta Lei, ao acervo dos recursos naturais disponíveis
na gleba ocupada;
III - Do custo do levantamento topográfico, planimétrico e altimétrico.
§ 1º - Far-se-á, bienalmente, por ato executivo e com base no valor médio da terra nua, como
apurado para efeito de cobrança do imposto territorial rural, a estimativa do valor de mercado da
terra nua, nas diversas regiões do Estado.
§ 2º - Incidirá sobre o valor da terra nua um coeficiente de redução diretamente proporcional ao
índice de racionalização e produtividade da exploração agro-pecuária, e inversamente
proporcional à proximidade de centro urbano, não podendo tal redução ultrapassar o limite de
cinqüenta por cento.
Art. 25 - A requerimento do interessado e sem exclusão do depósito prévio de vinte por cento, o
preço da gleba poderá ser parcelado até sessenta meses pagas anualmente as prestações, no caso
de exploração pecuária. Quando se tratar de exploração agrícola, serão relacionadas as
prestações com a época de comercialização da melhor colheita da região.
§ 1º - Nenhuma medição será realizada sem prévia verificação da existência de posseiros, cuja
preferência será assegurada.
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§ 2º - Sobrevindo após requerimento e caução o óbito de pessoa reconhecidamente pobre
pretendente a aquisição de área não superior a vinte e cinco hectares assegurar-se-á à esposa ou
companheira e filhos, dedicados efetivamente à gleba, à concessão do domínio
independentemente da integralização do preço.
Art. 26 - O custo dos serviços topográfico será bienalmente revisto por ato executivo.
Art. 27 - Serão inscritos na dívida ativa e cobrados executivamente os débitos relativos ao preço
de terras e custo de serviços previstos nesta Lei.
Art. 28 - Deverão ser aplicadas em planos racionais de ocupação do território as terras públicas
discriminadas como desocupadas que ficarão sob controle do órgão executor da política agrária
especialmente para fins de reflorestamento, colonização particular e exploração agro-pecuária
intensiva.
Parágrafo único - Os planos racionais de ocupação do território serão elaborados pelo órgão
executor da política agrária com audiência obrigatória da Secretaria de Planejamento e do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
Art. 29 - A colonização oficial ou particular, visará a ocupação racional do território e a
expansão da fronteira agrícola, bem como a promover, através do uso adequado da terra, a
valorização do homem do campo, com preferência do elemento nacional, dado alienígena de
tratamento prescrito pela legislação federal específica.
Art. 30 - Considera-se empresa particular de colonização a pessoa física ou jurídica que tiver
como objetivo a valorização de áreas e a fixação do homem à terra, nos termos do artigo 29.
Parágrafo único - Será sempre facultada ao parceleiro, individualmente ou através de sua
cooperativa, a participação no capital da empresa de colonização.
Art. 31 - A colonização particular em terras públicas dependerá de prévia aprovação do projeto
específico, conforme previsto no artigo 15, § 1º bem como do registo no órgão executor da
política agrária, que terá poder de fiscalização.
Art. 32 - São obrigações mínimas das empresas colonizadoras:
a) abertura de estradas de penetração à área e de acesso aos lotes;
b) divisão e piqueteamento dos lotes, de modo a assegurar a todos água própria, ou comum;
c) manutenção de reserva florestal nos espigões e nascentes;
d) assistência técnica e médica aos adquirentes dos lotes e às suas famílias;
e) ensino primário;
f) fomento da produção de determinada cultura já predominante na região, ou ecologicamente
aconselhável, a critério do executor da política agrária;
g) organização de cooperativa de consumo e comercialização, de que sejam associados
obrigatórios os adquirentes de lotes.
CAPÍTULO V -
DA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO
100
Art. 33 - Não será admitida, tanto na colonização oficial como na particular, a execução de
projetos em que predominem contratos de arrendamento e parceria, ou trabalho assalariado.
Art. 34 - Sob pena de responsabilidade funcional, ficam os oficiais de Registro
Imobiliário proibidos de fazer transcrição de escrituras ou formais relativos a meras transações
de posse, que poderão ser registradas nos cartórios de títulos e documentos.
Parágrafo único - Os Oficiais de Registro Imobiliário fornecerão ao órgão executor a política
agrária relação completa e circunstanciada dos títulos de terras transcritos em seus cartórios,
quando solicitados. Art. 34 e Parágrafo único revogados pelo art. 7º da Lei nº 3.442, de 12 de
dezembro de 1975 .
Art. 35 - Na comarca onde não existir representante legal do órgão executor da política agrária,
investido de legitimação postulatória, caberá ao Promotor de Justiça a representação desse
órgão, devendo ser-lhe paga pelo efetivo exercício dessa atividade, a gratificação prevista
no artigo 176 .
Parágrafo único - Serão fornecidos, prioritariamente, aos Promotores de Justiça os elementos de
informação necessários ao desempenho da representação prevista neste artigo, bem como para
sua intervenção nas ações de usucapião.
Art. 36 - O órgão executor da política agrária fornecerá, anualmente, ao Tribunal de Justiça e à
Procuradoria Geral da Justiça, em número suficiente para distribuição aos Juízes do Cível e da
Fazenda Pública, assim como aos Promotores de Justiça cartelas de atualização da
jurisprudência e legislação estadual e federal pertinentes às terras públicas.
Art. 37 - O Estado poderá celebrar convênios e acordos com a União para a aplicação da
legislação florestal e discriminação de terras públicas.
Art. 38 - É autorizada a Constituição de penhor rural sobre colheitas de searas estabelecidas em
terras públicas, subordinadas à prova de requerimento para legalização da ocupação as
operações bancárias subsequentes.
Art. 39 - Nos termos do artigo 3º , é erigida a monumento estadual a Cidade de Porto Seguro,
autorizado o Poder Executivo a adotar as providências necessárias a objetivação deste
dispositivo.
Art. 40 - No prazo de noventa dias de sua publicação, o Poder Executivo expedirá regulamento
para execução desta Lei, que entrará em vigor a 1º de janeiro de l973, ficando revogadas a Lei
nº 198 de 21 de agosto de l897, Lei nº 1.729 , de 23 de agosto de l924, o Decreto Lei nº 633, de
05 de novembro de l945 e, quaisquer outras disposições em contrário.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 10 de outubro de l972.
ANTONIO CARLOS MAGALHÃES
Governador
Raymundo Fonseca Souza
CAPÍTULO VI -
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
101
LEI Nº 3.442 DE 12 DE DEZEMBRO DE 1975
Altera dispositivos da Lei nº 3.038, de 10 de outubro de 1972 e dá outras providências.
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições, faço saber que a
Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - Ficam supressos os parágrafos 2º, do art. 15 , 3º, do art. 20 e 2º e 3º do art. 23, da Lei nº
3.038, de 10 de outubro de 1972 .
Art. 2º - O parágrafo 2º do art. 20 , o art. 22 e seu parágrafo único , e o art. 23 e seu parágrafo
1º, da referida Lei, passam a ter a seguinte redação :
"Art. 20 - ......................................................................
§ 2º - No caso de matas e pastagens, adotar-se-á para a fixação do limite de área alienável um
critério de proporcionalidade a ser estabelecido em regulamento".
"Art. 22 - O processo de compra de terras públicas e o de reconhecimento do domínio particular
serão disciplinados em regulamento, assegurado o conhecimento de terceiros, especialmente dos
confinantes, e admitida a impugnação em qualquer fase do procedimento até a expedição do
título".
Parágrafo único - A medição, para efeito de compra de terras públicas ou de reconhecimento do
domínio particular, poderá ser feita pelo órgão executor da política agrária ou por profissional
de nível técnico ou superior devidamente habilitado e inscrito no órgão competente da
Secretaria da Agricultura que examinará o curriculum vitae e condições de idoneidade técnica e
moral do candidato para os efeitos de habilitá-lo a qualquer futuras medições.
"Art. 23 - As alienações previstas no art. 15 ficarão sujeitas ao cumprimento do projeto alí
previsto .
Parágrafo único - Resolver-se-á a venda, se durante a execução do projeto, ocorrer o
descumprimento deste."
Art. 3º - Respeitado o limite estabelecido no artigo 108 de sua Constituição , o Estado
assegurará, gratuitamente, o domínio, outorgando o respectivo título de propriedade, salvo
impedimento legal à aquisição:
I - de área contínua não superior a cem hectares, ao ocupante de terras devolutas, que não seja
proprietário de outro imóvel rural e que as tenha tornado produtivas com seu trabalho e o de seu
conjunto familiar, desde que comprove posse mansa e pacífica, morada e cultura efetivas, por
mais de cinco anos, e capacidade para desenvolver a área ocupada;
II- de área contínua compreendida nas condições e limites fixados em projeto do INTERBA ou
de que este participe ao ocupante pequeno produtor, de baixa renda, ou relocado em virtude de
planos formulados ou aprovados pelo INTERBA.
Redação do art. 3º de acordo com a Lei nº 3.855, de 24 de outubro de 1980 . Redação original:
"Art. 3º - Ao possuidor de terra devoluta de área não superior à do limite fixado na Constituição
Estadual, assim considerado o ocupante que a beneficiou e continua a explorá-la, tornando-a
produtiva pelo seu trabalho, o Estado assegurará gratuitamente o domínio, outorgando o
respectivo título de propriedade, desde que o interessado prove:
102
a) posse mansa, pacífica e continuada há mais de 15 (quinze) anos permitida, para esse fim, a
soma do tempo dos antecessores;
b) cultura e beneficiamento da terra;
c) inexistência de impedimento ou proibição à sua aquisição."
Art. 4º - O Estado reconhecerá, para todos os efeitos, como do domínio privado, as terras objeto
de transcrição no registro imobiliário, como particulares, provando o interessado:
a) por uma cadeia sucessória filiada, a transcrição de títulos legítimos, há mais de 15 (quinze)
anos da data desta Lei no Registro de Imóveis;
b) cultura e beneficiamento efetivos da terra;
c) medição e demarcação da área.
Art. 5º - O Poder Executivo expedirá o regulamento no prazo de sessenta (60) dias disciplinando
as condições em que se tornarão efetivas as medidas previstas nesta Lei.
Art. 6º - É dispensada a exigência de cadeia sucessória quando, feitas as demais provas do artigo
3º desta lei , a área se vincule efetivamente a projetos agro-pecuários ou agro-industriais
financiados por bancos oficiais, ou órgãos da administração pública, facultando o Estado o
direito de o possuidor oferecê-la em garantia do financiamento, mesmo antes da expedição do
título.
Art. 7º - Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em
contrário e, expressamente, o artigo 34 e seu parágrafo único da Lei nº 3.038, de 10 de outubro
de 1972 .
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 12 de dezembro de 1975.
ROBERTO FIGUEIRA SANTOS
Governador
José Guilherme da Motta
Secretário da Agricultura
103
LEI Nº 3.635 DE 04 DE JANEIRO DE 1978. Transforma o Instituto de Terras da Bahia
em Autarquia e dá outras providências.
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - O Instituto de Terras da Bahia, INTERBA, órgão em regime especial da administração
centralizada, fica transformado em autarquia, com personalidade jurídica de direito público,
autonomia administrativo - financeira e patrimônio próprio, vinculada à Secretária da
Agricultura.
Art. 2º - O INTERBA, com sede e foro na Cidade do Salvador e jurisdição em todo o território
do Estado da Bahia, tem por finalidade executar a política agrária estadual, competindo-lhe
executar e promover a disposição de terras públicas, compreendendo reestruturação agrária,
cadastramento rural e regularização fundiária; a fiscalização e preservação de recursos naturais,
a viabilização de Distritos Florestais e a definição de áreas de desenvolvimento agro-industrial.
Parágrafo único - É da exclusiva competência do INTERBA processar e julgar os pedidos de
regularização fundiária previstos na legislação sobre terras.
Art. 3º - O INTERBA terá a seguinte estrutura básica a ser desdobrada em regulamento:
I - Conselho Administrativo, do qual será presidente o Secretário da Agricultura;
II - Diretoria Executiva, cujo titular será nomeado, em comissão, pelo Governador do Estado.
Art. 4º - Constituem patrimônio do INTERBA:
I - as terras devolutas que lhe forem doadas pelo Estado, na forma da lei;
II - os bens que lhe venham a ser doados por qualquer pessoa de direito;
III - os bens móveis e imóveis pertencentes ao Estado, atualmente utilizados pelo INTERBA;
IV - o que vier a constituir na forma da lei.
Art. 5º - Constituem receita da Autarquia:
I - rendas patrimoniais;
II - recursos provenientes de dotações orçamentárias que lhe sejam transferidas pelo Estado;
III - quarenta por cento do valor arrecadado pelo Estado com alienações de terras devolutas de
sua propriedade;
IV - doações, contribuições, auxílios e subvenções que lhe sejam destinados;
V - produto da remuneração de serviços prestados;
VI - outras rendas, eventuais ou extraordinárias, de qualquer natureza.
Art. 6º - O pessoal do INTERBA será submetido à legislação trabalhista, assegurado aos
funcionários efetivos que nele atualmente servem o direito de opção.
Parágrafo único - Os funcionários que optarem pelo regime estatutário serão relotados em outras
repartições ou postos à disposição do INTERBA, sem prejuízo de vencimentos e vantagens.
Art. 7º - Caberá à Diretoria Executiva representar a Autarquia em juízo ou fora dele.
Parágrafo único - O exame jurídico dos processos administrativos de regularização fundiária
será procedido pela Procuradoria Jurídica do INTERBA e a representação em Juízo, quando
envolva interesses patrimoniais do Estado, far-se-á, na Comarca de Salvador, por intermédio da
104
Procuradoria Geral do Estado e, por delegação desta, nas demais Comarcas, pelo representante
do Ministério Público, em ambos os casos com assistência do INTERBA.
Redação de acordo com a Lei nº 3.804, de 17 de junho de 1980.
Redação original: "Parágrafo único - A representação em juízo e o exame jurídico dos processos
administrativos de regularização fundiária serão realizados através da Procuradoria Jurídica da
Autarquia."
Art. 8º - Fica o Poder Executivo autorizado a:
I - efetuar, mediante decreto, as modificações orçamentárias decorrentes do disposto na presente
lei;
II - praticar os atos regulamentares, regimentais ou estatutários que decorram, explícita ou
implicitamente, das disposições desta lei, inclusive os que se relacionem com redistribuição de
pessoal, material e patrimônio.
Art. 9º - O INTERBA intervirá, como assistente do Estado, em todas as ações discriminatórias
de terras devolutas, de usucapião e de retificação de registros imobiliários.
Redação de acordo com a Lei nº 3.804, de 17 de junho de 1980.
Redação original: "Art. 9º - A Autarquia terá participação efetiva em todos os processos de
usucapião e retificação de registro imobiliário, bem como poderes para promover ações
discriminatórias de terras devolutas do Estado."
Art. 10 - Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 04 de janeiro de 1978.
ROBERTO FIGUEIRA SANTOS
Governador
José Guilherme da Motta
105
LEI Nº 3.804 DE 17 DE JUNHO DE 1980
Modifica a redação dos artigos 7º, parágrafo único , e 9º da Lei nº 3.635, de 04 de janeiro
de 1978 .
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a Assembléia Legislativa
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - Os artigos 7º, parágrafo único , e 9º da Lei nº 3.635, de 04 de janeiro de 1978 passam a
vigorar com a seguinte redação:
"Art. 7º - .....................................................................
"Parágrafo único - O exame jurídico dos processos administrativos de regularização fundiária
será procedido pela Procuradoria Jurídica do INTERBA e a representação em Juízo, quando
envolva interesses patrimoniais do Estado, far-se-á, na Comarca de Salvador, por intermédio da
Procuradoria Geral do Estado e, por delegação desta, nas demais Comarcas, pelo representante
do Ministério Público, em ambos os casos com assistência do INTERBA".
"Art. 9º - O INTERBA intervirá, como assistente do Estado, em todas as ações discriminatórias
de terras devolutas, de usucapião e de retificação de registros imobiliários".
Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 17 de junho de 1980.
ANTONIO CARLOS MAGALHÃES
Governador
Renan Rodrigues Baleeiro
Plinio Mariani Guerreiro
106
LEI Nº 3.855 DE 24 DE OUTUBRO DE 1980
Altera a redação do artigo 3º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 .
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições, faço saber que a
Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - O artigo 3º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 , fica assim redigido:
"Art. 3º - Respeitado o limite estabelecido no artigo 108 de sua Constituição , o Estado
assegurará, gratuitamente, o domínio, outorgando o respectivo título de propriedade, salvo
impedimento legal à aquisição:
I - de área contínua não superior a cem hectares, ao ocupante de terras devolutas, que não seja
proprietário de outro imóvel rural e que as tenha tornado produtivas com seu trabalho e o de seu
conjunto familiar, desde que comprove posse mansa e pacífica, morada e cultura efetivas, por
mais de cinco anos, e capacidade para desenvolver a área ocupada;
II- de área contínua compreendida nas condições e limites fixados em projeto do INTERBA ou
de que este participe ao ocupante pequeno produtor, de baixa renda, ou relocado em virtude de
planos formulados ou aprovados pelo INTERBA".
Art. 2º - Esta Lei entrará em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 24 de outubro de 1980.
ANTONIO CARLOS MAGALHÃES
Governador
Renan Rodrigues Baleeiro
107
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL, 1989. CAPÍTULO III – DA POLÍTICA AGRÍCOLA,
FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA.
Art. 171 - São princípios e objetivos fundamentais da política agrícola e fundiária:
I - a dignidade da pessoa humana;
II - a valorização e proteção do trabalho, manifestadas pelo cultivo e pela exploração econômica e racional da terra, reconhecendo-se ao trabalhador e à sua família os frutos de seu trabalho;
III - a garantia do acesso à propriedade da terra a trabalhadores que dela dependem para a sua
existência ou subsistência e de suas famílias, como exigência da realização da ordem social;
IV - a modernização da estrutura fundiária, em busca da solução pacífica dos conflitos, do
equilíbrio econômico-social e da estabilidade do regime democrático, com a erradicação das
desigualdades;
V - a função social da propriedade.
Art. 172 - É dever do Estado e dos Municípios colaborar na execução da reforma agrária,
visando à realização do desenvolvimento econômico e à promoção da justiça social.
Art. 173 - A ação do Estado será desenvolvida em harmonia com a conservação da natureza, em
defesa do solo, do clima, da vegetação e dos recursos hídricos.
Art. 174 - Decreto fixará para as diversas regiões do Estado, até o limite de quinhentos hectares,
a área máxima de terras devolutas que os particulares podem ocupar, visando torná-las
produtivas, sem pedir permissão ou autorização do Estado.
§ 1º - É ocupante de terra devoluta aquele que a explora efetivamente, obedecidas as disposições
legais.
§ 2º - Ao ocupante cabe a preferência na aquisição das terras que ocupa; se o Estado não
respeitar o seu direito de preferência por motivo de interesse público ou social, indenizará as
benfeitorias e acessões feitas.
Art. 175 - Quem se instalou ou venha a se instalar em área superior à estabelecida na forma do
Art. 174 é mero detentor da área excedente.
Parágrafo único - O Estado poderá conceder aos detentores permissão em caráter precário para a utilização da área, desde que efetivamente explorada.
Art. 176 - Ao ocupante é autorizado realizar as operações de garantia de crédito agrícola.
Art. 177 - As glebas devolutas acima dos limites estabelecidos na forma do Art. 174, respeitado
o disposto na Constituição Federal quanto à aquisição de terras acima de dois mil e quinhentos
hectares, só poderão ser adquiridas mediante prévia aprovação, pelo órgão competente, de
projeto de exploração das referidas áreas.
§ 1º - Nessas alienações, o título de domínio concedido pelo Estado conterá cláusula contratual
resolutiva pelo não-cumprimento do projeto aprovado.
§ 2º - A condição contratual resolutiva estabelecerá o prazo dentro do qual o projeto deva ser
executado; se, dentro de tal prazo, ocorrer a inexecução total ou parcial, reverterá ao Estado a
terra não explorada, sem devolução do preço conforme cláusula contratual.
Art. 178 - Sempre que o Estado considerar conveniente, poderá utilizar-se do direito real de
concessão de uso, dispondo sobre a destinação da gleba, o prazo de concessão e outras
condições.
108
Parágrafo único - No caso de uso e cultivo da terra sob forma comunitária, o Estado, se
considerar conveniente, poderá conceder o direito real da concessão de uso, gravado de cláusula
de inalienabilidade, à associação legitimamente constituída e integrada por todos os seus reais
ocupantes, especialmente nas áreas denominadas de Fundos de Pastos ou Fechos e nas ilhas de
propriedade do Estado, vedada a este transferência do domínio.
Art. 179 - As terras públicas e devolutas destinadas à irrigação serão sempre objeto de concessão de direito real de uso.
Art. 180 - Os órgãos de classe dos produtores e dos trabalhadores rurais serão cientificados de quaisquer requerimentos relativos a doação, venda ou concessão de terras do Estado.
Art. 181 - A lei disporá no sentido de preservar, nas alienações de áreas superior a três módulos
rurais, de três a dez por cento do imóvel para cultura de subsistência dos trabalhadores nele
residentes.
Art. 182 - O Estado protegerá o pequeno e o médio produtor, com o objetivo de aumentar a
produção e a produtividade, bem como apoiará e estimulará as formas associativas de
organização e o cooperativismo no meio rural.
Art. 183 - No planejamento de suas ações de política agrícola, fundiária e de reforma agrária, o
Estado garantirá a participação dos produtores e trabalhadores rurais.
Parágrafo único - O orçamento do Estado fixará anualmente o montante de recursos para
atender, no exercício, aos programas de política agrícola, fundiária e de reforma agrária.
Art. 184 - O Estado, em prazo determinado, promoverá a regularização fundiária e concederá o
direito real de uso, em áreas devolutas de até cem hectares, aos produtores que as tenham
tornado produtivas, residam e cultivem sob regime familiar.
Art. 185 - Na distribuição de terras devolutas a ser estabelecida, serão excluídas as áreas até
cinqüenta hectares, que já estejam ocupadas ou utilizadas, individualmente, por pequenos
produtores rurais ou aquelas utilizadas coletivamente por estes.
Art. 186 - Caberá ao Estado, de forma integrada com o Plano Nacional de Reforma Agrária e
em benefício dos projetos de assentamento, elaborar um plano estadual específico,
regulamentado em lei, fixando as prioridades regionais e ações a serem desenvolvidas, visando:
I - estabelecer e executar programas especiais de créditos, assistência técnica e extensão rural;
II - executar obras de infra-estrutura física e social;
III - estabelecer programa de fornecimento de insumos básicos de serviços de mecanização
agrícola;
IV - criar mecanismos de apoio à comercialização da produção;
V - estabelecer programas de pesquisas que subsidiem o diagnóstico e acompanhamento sócio-
econômico dos assentamentos, bem como seus levantamentos físicos.
Parágrafo único - As ações de apoio econômico e social dos organismos estaduais voltar-se-ão,
preferencialmente, para os benefícios dos projetos de assentamentos.
Art. 187 - O Estado, através de organismo competente, desenvolverá ação discriminatória
visando a identificação e a arrecadação das terras públicas como elemento indispensável à
regularização fundiária, que se destinarão, preferencialmente, ao assentamento de trabalhadores
rurais sem terra ou reservas ecológicas.
109
Art. 188 - Fica criado o Cadastro Estadual de Propriedade, Terras Públicas e Devolutas, que
deverá unificar as informações já existentes nos diversos órgãos estaduais, estabelecida a
obrigatoriedade do registro no cadastro.
Art. 189 - Em todos os projetos de construção de obras públicas que importem desalojamento de
pequenos agricultores será incluída, obrigatoriamente, a prévia desapropriação de terras para
reassentamento dos atingidos, cabendo somente a estes a opção por reassentamento ou
indenização em dinheiro.
Art. 190 - Revogado
Art. 191 - A política agrícola será formulada, observada as peculiaridades locais, visando a
desenvolver e consolidar a diversificação e especialização regionais, voltada prioritariamente
para os pequenos produtores e para o abastecimento alimentar, assegurando-se:
I - a criação e manutenção de núcleos de demonstração e experimentação de tecnologia
apropriada à pequena produção;
II - a manutenção, pelo Poder Público, da pesquisa agropecuária voltada para o
desenvolvimento de tecnologias adaptadas às condições microrregionais e à pequena produção,
contemplando, inclusive, a identificação e difusão de alternativa ao uso de agrotóxicos;
III - a criação, pelo Poder Público, de programas de controle de erosão, manutenção da
fertilidade e da recuperação de solos degradados;
IV - a oferta, pelo Poder Público, de assistência técnica e extensão rural gratuita, com
exclusividade de atendimento a pequenos produtores rurais e suas diversas formas associativas,
bem como aos beneficiários de projetos de reforma agrária;
V - o seguro agrícola;
VI - a eletrificação e telefonia rurais;
VII - a ação sistemática e permanente de convivência com a seca;
VIII - a estruturação do setor público, sistematizando as ações do Estado, para que os diversos
segmentos intervenientes na agricultura possam planejar suas ações e investimentos com
perspectiva de médio e longo prazos.
Art. 192 - O setor público agrícola será estruturado com base nas seguintes funções específicas:
I - planejamento agrícola;
II - geração e difusão de tecnologia agropecuária;
III - defesa sanitária animal e vegetal;
IV - informação rural;
V - comercialização, abastecimento e armazenamento;
VI - cooperativismo e associativismo;
VII - crédito rural;
VIII - seguro agrícola;
IX - formação profissional e educação rural;
X - irrigação e drenagem;
XI - habitação e eletrificação rural;
110
XII - agroindústria;
XIII - assistência técnica e extensão rural.
Art. 193 - A política de irrigação e drenagem será executada em todo o território estadual, com
prioridade para as regiões semi-áridas, áreas de reforma agrária ou colonização e projetos de
irrigação pública, compatibilizada com os planos de agricultura, abastecimento e meio
ambiente.
Art. 194 - O Estado garantirá ao pequeno produtor participação majoritária na elaboração e
gestão de programas e serviços de assistência técnica, armazenamento, irrigação, eletrificação
rural, produção e distribuição de insumos, sementes e habitações rurais a ele referentes.
Art. 195 - Os créditos oferecidos aos pequenos produtores rurais pelos programas e órgãos sob
controle do Estado terão taxa de juros diferenciada em relação à aplicada a grandes e médios
produtores, podendo ser ressarcidos com entrega de parte pré-fixada da produção.
111
LEI Nº 12.212 DE 04 DE MAIO DE 2011. Modifica a estrutura organizacional e de cargos
em comissão da Administração Pública do Poder Executivo Estadual, e dá outras
providências.
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a Assembleia Legislativa
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - A estrutura da Administração Pública do Poder Executivo Estadual fica modificada, na
forma da presente Lei.
Art. 2º - Fica criada a Secretaria de Políticas para as Mulheres - SPM, com a finalidade de
planejar, coordenar e articular a execução de políticas públicas para as mulheres, tendo a
seguinte estrutura organizacional básica:
I - Órgão Colegiado:
a) Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher - CDDM;
II - Órgãos da Administração Direta:
a) Gabinete da Secretária;
b) Diretoria de Administração e Finanças;
c) Coordenação de Articulação Institucional e Ações Temáticas;
d) Coordenação de Planejamento e Gestão de Políticas para as Mulheres.
Art. 3º - O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher - CDDM, órgão consultivo,
tem por finalidade estabelecer diretrizes e normas relativas às políticas e medidas que visem
eliminar a discriminação e garantir condições de liberdade e equidade de direitos para a mulher,
assegurando sua plena participação nas atividades políticas, sociais, econômicas e culturais do
Estado.
Parágrafo único - As normas de funcionamento do CDDM serão estabelecidas em Regimento
próprio.
Art. 4º - O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher - CDDM tem a seguinte
composição:
I - a Secretária de Políticas para as Mulheres, que o presidirá;
II - 06 (seis) servidoras estaduais, representantes das Secretarias de Promoção da Igualdade
Racial, da Educação, da Saúde, da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, do Trabalho,
Emprego, Renda e Esporte e da Segurança Pública;
III - 12 (doze) representantes da sociedade civil, sendo:
a) 05 (cinco) membros de organizações de mulheres, legalmente constituídas;
b) 02 (duas) de notória atuação na luta pela defesa dos direitos da mulher;
c) 01 (uma) da comunidade acadêmica vinculada ao estudo da condição feminina;
d) 01 (uma) das trabalhadoras rurais;
112
e) 01 (uma) das trabalhadoras urbanas;
f) 01 (uma) das mulheres negras;
g) 01 (uma) indígena.
§ 1º - As titulares do Conselho e suas suplentes serão nomeadas pelo Governador do Estado,
sendo que as referidas nos incisos II e III, deste artigo, serão indicadas pelos respectivos órgãos
e entidades.
§ 2º - O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher manterá a atual composição até a
definitiva indicação e nomeação dos representantes dos órgãos e entidades que o compõem,
conforme estabelecido nos incisos II e III deste artigo.
Art. 5º - O Gabinete da Secretária tem por finalidade prestar assistência ao Titular da Pasta, em
suas tarefas técnicas e administrativas.
Art. 6º - A Diretoria de Administração e Finanças tem por finalidade o planejamento e
coordenação das atividades de programação, orçamentação, acompanhamento, avaliação,
estudos e análises, administração financeira e de contabilidade, material, patrimônio, serviços,
recursos humanos, modernização administrativa e informática.
Art. 7º - A Coordenação de Articulação Institucional e Ações Temáticas tem por finalidade
integrar as políticas para as mulheres nas áreas de educação, saúde, trabalho e participação
política, visando o combate à violência contra a mulher e a redução das desigualdades de gênero
e a eliminação de todas as formas de discriminação identificadas.
Art. 8º - A Coordenação de Planejamento e Gestão de Políticas para as Mulheres tem por
finalidade apoiar a formulação e a implementação de políticas públicas de gênero, de forma
transversal.
Art. 9º - Fica alterada a denominação da Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI para
Secretaria de Promoção da Igualdade Racial - SEPROMI, que passa a ter por finalidade planejar
e executar políticas de promoção da igualdade racial e de proteção dos direitos de indivíduos e
grupos étnicos atingidos pela discriminação e demais formas de intolerância.
Art. 10 - Ficam excluídas da finalidade e competências da SEPROMI as atividades pertinentes
ao planejamento e execução das políticas públicas de caráter transversal para as mulheres.
Parágrafo único - Fica transferido da SEPROMI para a Secretaria de Políticas para as Mulheres
- SPM o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher - CDDM.
Art. 11 - A Secretaria de Promoção da Igualdade Racial passa a ter a seguinte estrutura
organizacional básica:
I - Órgão Colegiado:
a) Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra - CDCN;
II - Órgãos da Administração Direta:
a) Gabinete do Secretário;
b) Diretoria de Administração e Finanças;
113
c) Coordenação de Promoção da Igualdade Racial;
d) Coordenação de Políticas para as Comunidades Tradicionais.
Art. 12 - O Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra - CDCN, órgão colegiado,
tem por finalidade estudar, propor e acompanhar medidas de relacionamento dos órgãos
governamentais com a comunidade negra, visando resgatar o direito à sua plena cidadania e
participação na sociedade.
Art. 13 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar assistência ao Titular da Pasta, em
suas tarefas técnicas e administrativas.
Art. 14 - A Diretoria de Administração e Finanças tem por finalidade o planejamento e
coordenação das atividades de programação, orçamentação, acompanhamento, avaliação,
estudos e análises, administração financeira e de contabilidade, material, patrimônio, serviços,
recursos humanos, modernização administrativa e informática.
Art. 15 - A Coordenação de Promoção da Igualdade Racial tem por finalidade orientar, apoiar,
coordenar, acompanhar, controlar e executar programas e atividades voltadas à implementação
de políticas e diretrizes para a promoção da igualdade e da proteção dos direitos de indivíduos e
grupos raciais e étnicos, afetados por discriminação racial e demais formas de intolerância.
Art. 16 - A Coordenação de Políticas para as Comunidades Tradicionais tem por finalidade
formular políticas de promoção da defesa dos direitos e interesses das comunidades tradicionais,
inclusive quilombolas, no Estado da Bahia, reduzindo as desigualdades e eliminando todas as
formas de discriminação identificadas.
Art. 17 - A estrutura de cargos em comissão da SEPROMI fica alterada, na forma a seguir
indicada:
I - ficam extintos 02 (dois) cargos de Superintendente, símbolo DAS-2A;
II - ficam criados 02 (dois) cargos de Coordenador Executivo, símbolo DAS-2B;
III - ficam remanejados, da extinta Superintendência de Políticas para as Mulheres para a
Coordenação de Políticas para as Comunidades Tradicionais, ora criada, 01 (um) cargo de
Coordenador I, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3, 01 (um)
cargo de Coordenador III, símbolo DAI-4 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I,
símbolo DAI-5.
Art. 18 - Fica criado, na estrutura de cargos em comissão da SEPROMI, alocado na Diretoria de
Administração e Finanças, 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3.
Art. 19 - Fica criada a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização - SEAP, com
a finalidade de formular políticas de ações penais e de ressocialização de sentenciados, bem
como de planejar, coordenar e executar, em harmonia com o Poder Judiciário, os serviços
penais do Estado, tendo a seguinte estrutura organizacional básica:
I - Órgãos Colegiados:
a) Conselho Penitenciário - CP;
b) Conselho de Operações do Sistema Prisional;
114
II - Órgãos da Administração Direta:
a) Gabinete do Secretário;
b) Ouvidoria;
c) Corregedoria do Sistema Penitenciário;
d) Coordenação de Monitoramento e Avaliação do Sistema Prisional;
e) Diretoria Geral;
f) Superintendência de Ressocialização Sustentável;
g) Superintendência de Gestão Prisional:
1. Sistema Prisional;
h) Central de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas da Bahia - CEAPA:
1. Núcleos de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas.
Art. 20 - O Conselho Penitenciário - CP, órgão consultivo e fiscalizador da execução penal, tem
por finalidade estabelecer diretrizes e normas relativas à política criminal e penitenciária no
Estado.
Parágrafo único - As normas de funcionamento do CP serão estabelecidas em Regimento
próprio.
Art. 21 - O Conselho Penitenciário - CP tem a seguinte composição:
I - o Secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização;
II - 01 (um) representante da Defensoria Pública da União;
III - 01 (um) representante da Defensoria Pública do Estado da Bahia;
IV - 01 (um) representante do Ministério Público Federal;
V - 01 (um) representante do Ministério Público do Estado da Bahia;
VI - 01 (um) representante da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, Secção Bahia, indicado
pelo seu Conselho Estadual;
VII - 02 (dois) professores ou profissionais notoriamente especializados em Direito Penal,
Processual Penal ou Penitenciário;
VIII - 02 (dois) professores ou profissionais notoriamente especializados em Medicina Legal ou
Psiquiatria;
IX - 02 (dois) representantes da comunidade, de livre escolha do Governador.
§ 1º - O Presidente do Conselho será um de seus membros, nomeado pelo Governador do
Estado, mediante indicação do Colegiado, em lista tríplice, através de votação secreta.
115
§ 2º - Os membros do Conselho e seus suplentes serão nomeados pelo Governador do Estado,
sendo que os referidos nos incisos II a VI deste artigo, serão indicados pelos respectivos órgãos
e entidades.
§ 3º - Os membros indicados nos incisos VII, VIII e IX deste artigo, serão escolhidos pelo
Governador do Estado.
Art. 22 - O Conselho de Operações do Sistema Prisional, órgão de integração e avaliação das
ações operacionais, é composto pelo Secretário de Administração Penitenciária e
Ressocialização, que o presidirá e pelos Dirigentes da Superintendência de Gestão Prisional, da
Corregedoria do Sistema Penitenciário e da Coordenação de Monitoramento e Avaliação do
Sistema Prisional, bem como das Unidades Prisionais.
Art. 23 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar assistência ao Titular da Pasta, em
suas tarefas técnicas e administrativas.
Art. 24 - A Ouvidoria tem por finalidade receber e examinar denúncias, reclamações e sugestões
dos cidadãos, relacionadas à atuação da Secretaria.
Art. 25 - A Corregedoria do Sistema Penitenciário tem por finalidade acompanhar, controlar e
avaliar a regularidade da atuação funcional e da conduta dos servidores da Secretaria de
Administração Penitenciária e Ressocialização - SEAP, em estreita articulação com o Sistema
de Correição Estadual.
Art. 26 - A Coordenação de Monitoramento e Avaliação do Sistema Prisional tem por finalidade
coordenar e acompanhar o fluxo de dados e informações, visando ao aprimoramento das
práticas das Unidades Prisionais.
Art. 27 - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação dos órgãos setoriais e seccionais,
dos sistemas formalmente instituídos, responsáveis pela execução das atividades de
programação, orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, material,
patrimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa e informática, e
administração financeira e de contabilidade.
Art. 28 - A Superintendência de Ressocialização Sustentável tem por finalidade implantar
atividades que possibilitem a ressocialização e reabilitação do indivíduo sob custódia, através do
desenvolvimento de programas de educação, cultura e trabalho produtivo.
Art. 29 - A Superintendência de Gestão Prisional tem por finalidade administrar e supervisionar
o cumprimento das atividades alusivas à execução penal, em conformidade com ações de
humanização, bem como administrar e supervisionar o Sistema Prisional.
Parágrafo único - O Sistema Prisional é composto pelos Presídios, Penitenciárias, Colônias
Penais, Conjuntos Penais, Cadeias Públicas, Hospital de Custódia e Tratamento, Casa do
Albergado e Egressos, Centro de Observação Penal, Central Médica Penitenciária e Unidade
Especial Disciplinar.
Art. 30 - A Central de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas da Bahia -
CEAPA tem por finalidade acompanhar a execução de medidas e penas alternativas aplicadas
pelos órgãos do Poder Judiciário do Estado da Bahia.
116
Parágrafo único - Os Núcleos de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas de
que trata o art. 1º da Lei nº 11.042, de 09 de maio de 2008, ficam vinculados à Central de Apoio
e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas da Bahia - CEAPA.
Art. 31 - Ficam excluídas da finalidade e competências da Secretaria da Justiça, Cidadania e
Direitos Humanos - SJCDH, as atividades pertinentes à execução da política e da administração
do Sistema Penitenciário do Estado.
Art. 32 - Fica extinta, na SJCDH, a Superintendência de Assuntos Penais - SAP, ficando os seus
bens patrimoniais e acervo transferidos para a Secretaria de Administração Penitenciária e
Ressocialização - SEAP.
Parágrafo único - Para atender ao disposto no caput deste artigo, fica extinto o Quadro de
Cargos em Comissão da Superintendência de Assuntos Penais - SAP, da Secretaria da Justiça,
Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH.
Art. 33 - Fica transferida da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH para
a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização - SEAP, a vinculação do
Conselho Penitenciário - CP, ficando extintos, da estrutura de cargos em comissão da SJCDH,
01 (um) cargo de Presidente de Conselho, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador II,
símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de Coordenador IV, símbolo DAI-5.
Art. 34 - Ficam criadas, na estrutura organizacional e de cargos em comissão da Secretaria da
Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH, as seguintes Unidades, na forma a seguir
indicada:
I - a Superintendência dos Direitos das Pessoas com Deficiência, com a finalidade de planejar,
coordenar, supervisionar, avaliar e fiscalizar a execução das políticas públicas estaduais
voltadas para a promoção e proteção dos direitos das pessoas com deficiência;
II - a Superintendência de Prevenção e Acolhimento aos Usuários de Drogas e Apoio Familiar,
com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar, avaliar e fiscalizar a execução das
políticas públicas preventivas às drogas e de atendimento aos dependentes e suas famílias,
promovendo a reinserção social de usuários de drogas.
§ 1º - Para atender ao disposto no inciso I deste artigo, ficam criados 01 (um) cargo de
Superintendente, símbolo DAS-2A, 02 (dois) cargos de Diretor, símbolo DAS-2C, 01 (um)
cargo de Assessor Técnico, símbolo DAS-3, 02 (dois) cargos de Assessor Administrativo,
símbolo DAI-4 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5.
§ 2º - Para atender ao disposto no inciso II deste artigo, ficam criados 01 (um) cargo de
Superintendente, símbolo DAS-2A, 02 (dois) cargos de Diretor, símbolo DAS-2C, 01 (um)
cargo de Assessor Técnico, símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I,
símbolo DAI-5.
§ 3º - Fica extinta, da estrutura organizacional e de cargos em comissão da Secretaria da Justiça,
Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH, a Coordenação Executiva de Defesa dos Direitos da
Pessoa com Deficiência, bem como 01 (um) cargo de Coordenador Executivo, símbolo DAS-
2B.
Art. 35 - Fica extinta, da estrutura organizacional e de cargos em comissão da SJCDH, a
Corregedoria, bem como 01 (um) cargo de Coordenador I, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos
117
de Coordenador II, símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I, símbolo
DAI-5.
Art. 36 - Ficam extintos, da estrutura de cargos em comissão da SJCDH, 01 (um) cargo de
Coordenador Técnico, símbolo DAS-2D, 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3 e
01 (um) cargo de Coordenador III, símbolo DAI-4, alocados na Diretoria Geral.
Art. 37 - Fica alterada a denominação do Centro de Educação em Direitos Humanos e Assuntos
Penais - CEDHAP, criado pela Lei nº 10.955 , de 21 de dezembro de 2007, para Centro de
Educação em Direitos Humanos, com a finalidade de executar programas, projetos e atividades
de formação e educação em Direitos Humanos.
Art. 38 - Fica criada a Secretaria de Comunicação Social - SECOM, com a finalidade de propor,
coordenar e executar a política de comunicação social do Governo, bem como de promover a
radiodifusão pública, tendo a seguinte estrutura organizacional básica:
I - Órgão Colegiado:
a) Conselho Estadual de Comunicação Social;
II - Órgãos da Administração Direta:
a) Gabinete do Secretário;
b) Assessoria de Imprensa do Governador;
c) Diretoria Geral;
d) Coordenação de Comunicação Integrada;
e) Coordenação de Jornalismo;
III - Entidade de Administração Indireta:
a) Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB.
Art. 39 - O Conselho Estadual de Comunicação Social, órgão consultivo e deliberativo, tem por
finalidade formular a Política de Comunicação Social do Estado, observada a competência que
lhe confere o art. 277 da Constituição do Estado da Bahia e o disposto na Constituição Federal.
Parágrafo único - O Regimento do Conselho, por ele aprovado e homologado por ato do
Governador do Estado, fixará suas normas de funcionamento.
Art. 40 - O Conselho Estadual de Comunicação Social tem as seguintes competências, dentre
outras conferidas em Lei:
I - formular e acompanhar a execução da Política de Comunicação Social do Estado e
desenvolver canais institucionais e democráticos de comunicação permanente com a sociedade
baiana;
II - formular propostas que contemplem o cumprimento do disposto nos capítulos referentes à
comunicação social das Constituições Federal e Estadual;
118
III - propor medidas que visem o aperfeiçoamento de uma política estadual de comunicação
social, com base nos princípios democráticos e na comunicação como direito fundamental,
estimulando o acesso, a produção e a difusão da informação de interesse coletivo;
IV - participar da elaboração do Plano Estadual de Políticas Públicas de Comunicação Social,
bem como acompanhar a sua execução;
V - orientar e acompanhar as atividades dos órgãos públicos de radiodifusão sonora e
radiodifusão de sons e imagem do Estado;
VI - atuar na defesa dos direitos difusos e coletivos da sociedade baiana no que tange a
comunicação social;
VII - receber e reencaminhar denúncias sobre abusos e violações de direitos humanos nos
veículos de comunicação no Estado da Bahia, aos órgãos competentes, para adoção de
providências nos seus respectivos âmbitos de atuação;
VIII - fomentar a produção e difusão de conteúdos de iniciativa estadual, observadas as
diversidades artísticas, culturais, regionais e sociais da Bahia;
IX - estimular o fortalecimento da rede pública de comunicação, de modo que ela tenha uma
participação ativa na execução das políticas de comunicação do Estado da Bahia;
X - articular ações para que a distribuição das verbas publicitárias do Estado seja baseada em
critérios técnicos de audiência e que garantam a diversidade e pluralidade;
XI - estimular a implementação e promover o fortalecimento dos veículos de comunicação
comunitária, para facilitar o acesso à produção e à comunicação social em todo o território
estadual;
XII - estimular a adoção dos recursos tecnológicos proporcionados pela digitalização da
radiodifusão privada, pública e comunitária, no incentivo à regionalização da produção cultural,
artística e jornalística, e democratização dos meios de comunicação;
XIII - recomendar a convocação e participar da execução da Conferência Estadual de
Comunicação e suas etapas preparatórias;
XIV - elaborar e aprovar o seu Regimento Interno, para posterior homologação por ato do Chefe
do Poder Executivo;
XV - convocar audiências e consultas públicas sobre comunicação e políticas públicas do setor;
XVI - acompanhar a criação e o funcionamento de conselhos municipais de comunicação;
XVII - fomentar a inclusão digital e o acesso às redes digitais em todo o território baiano, como
forma de democratizar a comunicação;
XVIII - fomentar a adoção de programas de capacitação e formação, assegurando a apropriação
social de novas tecnologias da comunicação.
Art. 41 - O Conselho Estadual de Comunicação Social tem a seguinte composição:
I - o Secretário de Comunicação Social, que o presidirá;
119
II - 06 (seis) representantes do Poder Público Estadual, indicados pelo Titular da respectiva
Pasta, sendo:
a) 01 (um) representante da Secretaria de Comunicação Social - SECOM;
b) 01 (um) representante da Secretaria de Cultura - SECULT;
c) 01 (um) representante da Secretaria da Educação - SEC;
d) 01 (um) representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação - SECTI;
e) 01 (um) representante da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH;
f) 01 (um) representante do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB;
III - 20 (vinte) representantes da sociedade civil, sendo:
a) 01 (um) representante da entidade profissional de classe;
b) 01 (um) representante das universidades públicas, com atuação no Estado da Bahia;
c) 01 (um) representante do segmento de televisão aberta e por assinatura comercial;
d) 01 (um) representante do segmento de rádio comercial;
e) 01 (um) representante das empresas de jornais e revistas;
f) 01 (um) representante das agências de publicidade;
g) 01 (um) representante das empresas de telecomunicações;
h) 01 (um) representante das empresas de mídia exterior;
i) 01 (um) representante das produtoras de audiovisual ou serviços de comunicação;
j) 01 (um) representante do movimento de radiodifusão comunitária;
k) 01 (um) representante das entidades de classe dos trabalhadores do segmento de comunicação
social;
l) 01 (um) representante dos veículos comunitários ou alternativos;
m) 03 (três) representantes das Organizações Não-Governamentais - ONGS ou entidades sociais
vinculadas à comunicação;
n) 01 (um) representante dos movimentos sociais de comunicação;
o) 03 (três) representantes de entidades de movimentos sociais organizados;
p) 01 (um) representante de entidades de jornalismo digital.
§ 1º - A SECOM convocará, por meio de edital, publicado no Diário Oficial do Estado, reunião
para eleição dos representantes, citados no inciso III deste artigo, cabendo-lhe, ao final,
encaminhar o resultado das indicações para deliberação do Governador do Estado.
120
§ 2º - Os membros do Conselho e seus suplentes serão nomeados pelo Governador do Estado e
tomarão posse na 1ª (primeira) reunião do Colegiado, e serão substituídos, em suas ausências e
impedimentos, pelos respectivos suplentes, previamente indicados.
§ 3º - O mandato dos Conselheiros e de seus respectivos suplentes será de 02 (dois) anos,
permitida uma recondução por igual período.
Art. 42 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar assistência ao Titular da Pasta, em
suas tarefas técnicas e administrativas.
Art. 43 - A Assessoria de Imprensa do Governador tem por finalidade divulgar os atos e
expressar a opinião do Governador do Estado em comunicações à sociedade e à imprensa, em
articulação com as demais Unidades da Secretaria.
Art. 44 - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação dos órgãos setoriais, dos sistemas
formalmente instituídos, responsáveis pela execução das atividades de programação,
orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, material, patrimônio, serviços,
recursos humanos, modernização administrativa e informática, e administração financeira e de
contabilidade.
Art. 45 - A Coordenação de Comunicação Integrada tem por finalidade coordenar e acompanhar
o desenvolvimento de campanhas publicitárias institucionais do Governo, bem como avaliar a
sua publicidade.
Art. 46 - A Coordenação de Jornalismo tem por finalidade divulgar os atos do Governo para a
sociedade e a imprensa, bem como articular-se com os órgãos e entidades governamentais, para
fins de comunicação social.
Art. 47 - As Secretarias de Estado e demais órgãos e entidades da Administração Pública
Estadual prestarão o apoio e os recursos técnicos, quando solicitados pelo Secretário de
Comunicação Social, necessários à implementação do Plano Estadual de Comunicação Social, a
ser estabelecido pelo Conselho Estadual de Comunicação Social.
Art. 48 - Fica transferida a vinculação estrutural do Instituto de Radiodifusão Educativa da
Bahia - IRDEB, da Secretaria de Cultura - SECULT para a Secretaria de Comunicação Social -
SECOM, mantendo a mesma natureza jurídica.
Parágrafo único - Ficam excluídas da finalidade e competências da SECULT as
atividades/funções de radiodifusão cultural e educativa.
Art. 49 - Ficam criadas, na estrutura organizacional do Instituto de Radiodifusão Educativa da
Bahia - IRDEB, as seguintes Unidades:
I - Diretoria de Programação e Conteúdos, com a finalidade de planejar, coordenar, acompanhar
e avaliar a programação da Rádio Educadora, TV Educativa, do Portal e da produção
jornalística do IRDEB, bem como promover e apoiar as ações relacionadas à produção e
conteúdo radiofônico e audiovisual para compor a programação do Instituto;
II - Coordenação de Planejamento e Relacionamento Institucional, com a finalidade de
coordenar, promover, desenvolver, acompanhar e avaliar as ações do IRDEB, visando
incentivar e aprimorar a interlocução e a interatividade com a sociedade.
121
Art. 50 - A Diretoria de Operações passa a ter por finalidade promover, coordenar e
supervisionar a execução das atividades de radiodifusão, TV e engenharia de operação do
Instituto.
Art. 51 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão do Instituto de Radiodifusão
Educativa da Bahia - IRDEB, 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2B, 01 (um) cargo de
Chefe de Gabinete, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordenador I, símbolo DAS-2C, e
01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social I, símbolo DAS-3.
Art. 52 - Ficam extintos, na estrutura de cargos em comissão do Instituto de Radiodifusão
Educativa da Bahia - IRDEB, 01 (um) cargo de Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 05 (cinco)
cargos de Gerente, símbolo DAS-3, 05 (cinco) cargos de Assistente III, símbolo DAI-4, e 04
(quatro) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4.
Art. 53 - O Quadro de Cargos em comissão do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia -
IRDEB passa a ser o constante do Anexo I desta Lei.
Art. 54 - Fica extinta, da estrutura organizacional da Casa Civil, a Assessoria Geral de
Comunicação Social - AGECOM.
Parágrafo único - Para atender ao disposto no caput deste artigo, ficam extintos, do quadro de
cargos em comissão da Casa Civil, 01 (um) cargo de Assessor Geral, símbolo DAS-1, 01 (um)
cargo de Assessor Especial, símbolo DAS-2B, 06 (seis) cargos de Coordenador I, símbolo DAS-
2C, 01 (um) cargo de Gerente, símbolo DAS-3, 15 (quinze) cargos de Assessor de Comunicação
Social I, símbolo DAS-3, 08 (oito) cargos de Assessor de Comunicação Social II, símbolo DAI-
4, 02 (dois) cargos de Assessor Administrativo, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Assistente
Orçamentário, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social III, símbolo
DAI-5, 13 (treze) cargos de Assistente IV, símbolo DAI-5, 04 (quatro) cargos de Coordenador
IV, símbolo DAI-5, 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5,
04 (quatro) cargos de Assistente V, símbolo DAI-6 e 05 (cinco) cargos de Secretário
Administrativo II, símbolo DAI-6.
Art. 55 - Ficam excluídas da finalidade da Casa Civil as atividades de comunicação social.
Art. 56 - A estrutura organizacional da Casa Civil fica alterada, na forma a seguir indicada:
I - fica extinta a Coordenação de Acompanhamento de Políticas Governamentais;
II - fica criada a Coordenação de Acompanhamento de Políticas de Infraestrutura, com a
finalidade de fornecer subsídios ao Governador, na análise das políticas relativas à
infraestrutura, promovendo a sua coordenação e integração, em articulação com os órgãos e
entidades executoras;
III - fica criada a Coordenação de Acompanhamento de Políticas Sociais, com a finalidade de
fornecer subsídios ao Governador, na análise das políticas sociais, promovendo a sua
coordenação e integração, em articulação com os órgãos e entidades executoras.
Art. 57 - A estrutura de cargos em comissão da Casa Civil fica alterada, na forma a seguir
indicada:
I - ficam criados 02 (dois) cargos de Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de
Coordenador I, símbolo DAS-2C e 03 (três) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3;
122
II - fica extinto 01 (um) cargo de Assessor Técnico, símbolo DAS-3, alocado no Gabinete do
Secretário.
Art. 58 - Ficam extintos, do Quadro Especial de Cargos em Comissão da Casa Civil, 02 (dois)
cargos de Assistente I, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Assistente III, símbolo DAI-4 e 04
(quatro) cargos de Assistente IV, símbolo DAI-5.
Parágrafo único - O Quadro Especial de Cargos em Comissão da Casa Civil é o constante do
Anexo II, que integra esta Lei.
Art. 59 - Fica criada a Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da FIFA Brasil
2014 - SECOPA, com a finalidade de coordenar, articular, promover, acompanhar e integrar as
ações e projetos prioritários da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014.
Parágrafo único - Para cumprimento de sua finalidade, a SECOPA atuará diretamente e em
apoio a programas, projetos e ações executados por outros órgãos ou entidades da
Administração Pública de quaisquer esferas governamentais.
Art. 60 - A Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 -
SECOPA tem a seguinte estrutura organizacional básica:
I - Órgão Colegiado:
a) Comitê Gestor da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014;
II - Órgãos da Administração Direta:
a) Gabinete do Secretário;
b) Diretoria de Administração e Finanças;
c) Coordenação de Projetos para Assuntos da Copa;
d) Coordenação de Marketing para Assuntos da Copa.
Art. 61 - O Comitê Gestor da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, presidido pelo Secretário da
SECOPA, tem por finalidade monitorar as ações necessárias ao cumprimento do calendário
definido pela Federation Internationale de Football Association - FIFA e pelo Comitê
Organizador Local - COL para a realização da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 na Cidade
de Salvador.
Parágrafo único - O Comitê Gestor da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 tem sua
composição e funcionamento estabelecidos em Regimento próprio.
Art. 62 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar assistência ao Titular da Pasta, em
suas tarefas técnicas e administrativas.
Art. 63 - A Diretoria de Administração e Finanças tem por finalidade o planejamento e
coordenação das atividades de programação, orçamentação, acompanhamento, avaliação,
estudos e análises, administração financeira e de contabilidade, material, patrimônio, serviços,
recursos humanos, modernização administrativa e informática.
Art. 64 - A Coordenação de Projetos para Assuntos da Copa tem por finalidade acompanhar e
monitorar a implementação dos projetos e ações relacionadas ao evento esportivo, bem como a
coordenação dos Grupos Executivos de Trabalho da Copa 2014.
123
Art. 65 - A Coordenação de Marketing para Assuntos da Copa tem por finalidade planejar e
viabilizar a estratégia de marketing relacionada aos projetos e ações da Copa e ao fomento das
relações públicas da Secretaria.
Art. 66 - A SECOPA funcionará, a partir da data de publicação desta Lei, até 31 de dezembro de
2014, ficando extinta em 01 de janeiro de 2015.
Art. 67 - Para atender à implantação da Secretaria de Políticas para as Mulheres - SPM, da
Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização - SEAP, da Secretaria de
Comunicação Social - SECOM e da Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da
FIFA Brasil 2014 - SECOPA, ficam criados 04 (quatro) cargos de Secretário de Estado, sendo
que os Quadros de Cargos em Comissão das Secretarias de Estado, ora criadas, são os
constantes dos Anexos III, IV, V e VI, respectivamente, que integram esta Lei.
Art. 68 - Com a extinção da SECOPA, conforme data prevista no art. 66 desta Lei, serão
extintos os cargos em comissão constantes do Anexo VI desta Lei, bem como transferidos para
os órgãos da Administração Pública do Poder Executivo Estadual os bens adquiridos para o
desenvolvimento das ações e projetos a critério do Poder Executivo Estadual.
Art. 69 - A Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração - SICM passa a ter por finalidade
formular e executar a política de desenvolvimento e apoio à indústria, ao comércio, aos serviços
e à mineração do Estado.
Art. 70 - O Conselho de Desenvolvimento Industrial - CDI passa a denominar-se Conselho de
Desenvolvimento da Indústria e do Comércio - CDIC, órgão de natureza consultiva, com a
finalidade de opinar sobre a formulação da política de desenvolvimento industrial e comercial
do Estado.
Art. 71 - Fica criada, na estrutura organizacional da Secretaria da Indústria, Comércio e
Mineração, a Superintendência de Desenvolvimento Econômico, com a finalidade de viabilizar
a implementação das políticas de desenvolvimento produtivo, competitividade e comércio
exterior, acompanhando e avaliando os seus projetos estratégicos, relacionados às atividades
finalísticas da Secretaria.
Art. 72 - A Superintendência de Comércio e Serviços passa a ter por finalidade propor políticas
relativas ao desenvolvimento comercial e de serviços, e das micro, pequenas e médias empresas,
bem como planejar e elaborar estudos e projetos.
Art. 73 - A estrutura de cargos em comissão da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração
fica alterada, na forma a seguir indicada:
I - ficam criados 01 (um) cargo de Superintendente, símbolo DAS-2A, 06 (seis) cargos de
Diretor, símbolo DAS-2B, 03 (três) cargos de Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 01 (um)
cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3 e 06 (seis) cargos de Assessor Administrativo,
símbolo DAI-4;
II - ficam extintos 02 (dois) cargos de Assistente III, símbolo DAI-4, 02 (dois) cargos de
Coordenador III, símbolo DAI-4, 04 (quatro) cargos de Coordenador IV, símbolo DAI-5, 01
(um) cargo de Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5 e 06 (seis) cargos de Secretário
Administrativo II, símbolo DAI-6.
Art. 74 - O Quadro de Cargos em Comissão da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração é
o constante do Anexo VII, que integra esta Lei.
124
Art. 75 - Fica criada, na estrutura organizacional da Secretaria de Relações Institucionais -
SERIN, a Coordenação de Políticas de Juventude, com a finalidade de coordenar, articular e
integrar os programas e ações do Governo do Estado, voltados à população jovem.
Parágrafo único - Para atender ao disposto no caput deste artigo, ficam criados, na estrutura de
cargos em comissão da SERIN, 01 (um) cargo de Coordenador Executivo, símbolo DAS-2B, 01
(um) cargo de Coordenador I, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordenador II, símbolo
DAS-3 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5.
Art. 76 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da SERIN, 02 (dois) cargos de
Coordenador I, símbolo DAS-2C, alocados na Coordenação de Assuntos Federativos e na
Coordenação de Articulação Social, respectivamente.
Art. 77 - A estrutura de cargos em comissão do Gabinete do Governador do Estado fica alterada,
na forma a seguir indicada:
I - ficam criados 01 (um) cargo de Chefe de Gabinete, símbolo DAS-2A, 01 (um) cargo de
Coordenador de Escritório, símbolo DAS-2A, 01 (um) cargo de Chefe de Cerimonial, símbolo
DAS-2A, 07 (sete) cargos de Assessor Especial, símbolo DAS-2B, 01 (um) cargo de
Coordenador Executivo, símbolo DAS-2B, 04 (quatro) cargos de Assessor Especial, símbolo
DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador I, símbolo DAS-2C, 13 (treze) cargos de Coordenador
Técnico, símbolo DAS-2D, 03 (três) cargos de Assessor Técnico, símbolo DAS-3, 02 (dois)
cargos de Secretário de Gabinete, símbolo DAS-3, 01 (um) cargo de Assessor Administrativo,
símbolo DAI-4, 02 (dois) cargos de Assistente III, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Assistente
Orçamentário, símbolo DAI-4 e 04 (quatro) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4.
II - ficam extintos 01 (um) cargo de Assessor Especial do Governador, símbolo DAS-2A, 01
(um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2A e 01 (um) cargo de Coordenador de Escritório,
símbolo DAS-2B.
Art. 78 - Os cargos em comissão de Secretário Particular do Governador, símbolo DAS-2A e de
Chefe de Cerimonial, símbolo DAS-2A, alocadas no Gabinete do Governador, serão ocupados,
preferencialmente, por portadores de diploma de nível superior.
Art. 79 - O Quadro de Cargos em Comissão do Gabinete do Governador - GABGOV é o
constante do Anexo VIII que integra esta Lei.
Art. 80 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da Secretaria da Agricultura,
Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2C, 08 (oito)
cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, 03 (três) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4
e 02 (dois) cargos de Assessor Administrativo, símbolo DAI-4, alocados na Superintendência de
Agricultura Familiar - SUAF.
Art. 81 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da Secretaria da Segurança Pública
- SSP, 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social, símbolo DAS-2C, na Polícia Militar
da Bahia - PM/BA, 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social, símbolo DAS-2C e 01
(um) cargo de Assessor de Comunicação Social I, símbolo DAS-3 e, na Polícia Civil do Estado
da Bahia - PC/BA, 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social I, símbolo DAS-3.
Art. 82 - A estrutura de cargos em comissão da Secretaria da Saúde - SESAB fica modificada,
na forma a seguir indicada:
125
I - ficam criados 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2C e 01 (um) cargo de Diretor,
símbolo DAS-2D;
II - ficam extintos 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3 e 03 (três) cargos de
Coordenador III, símbolo DAI-4.
Art. 83 - Fica alterada a estrutura organizacional e de cargos em comissão da Secretaria de
Cultura - SECULT, da Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da
Bahia - FPC, do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC e da Fundação
Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB.
Art. 84 - A Superintendência de Cultura da SECULT passa a denominar-se Superintendência de
Desenvolvimento Territorial da Cultura, com a finalidade de propor políticas e programas para o
desenvolvimento da cultura territorializada, bem como coordenar, desenvolver e acompanhar
estudos, pesquisas e ações de apoio à criação, produção, difusão e ao consumo dos bens
culturais no Estado da Bahia.
Art. 85 - Fica criada, na estrutura organizacional da SECULT, o Centro de Culturas Populares e
Identitárias, com a finalidade de planejar, coordenar, fomentar e difundir informações sobre
culturas populares indígenas e afro-descendentes e sedimentar o processo de desenvolvimento
da cultura regional do Estado, bem como promover a dinamização e gestão cultural do Centro
Histórico de Salvador.
Art. 86 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da Secretaria de Cultura, 02 (dois)
cargos de Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador I, símbolo DAS-
2C, 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Assessor Técnico, símbolo
DAS-3, 17 (dezessete) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, 02 (dois) cargos de Assessor
Administrativo, símbolo DAI-4, 17 (dezessete) cargos de Coordenador de Centro de Cultura,
símbolo DAI-4, 07 (sete) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4, 02 (dois) cargos de
Coordenador IV, símbolo DAI-5, 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5
e 18 (dezoito) cargos de Secretário Administrativo II, símbolo DAI-6.
Art. 87 - Fica extinto, na estrutura de cargos em comissão da Secretaria de Cultura, 01 (um)
cargo de Assistente de Execução Orçamentária, símbolo DAI-5.
Art. 88 - Ficam criadas, na estrutura organizacional da Fundação Pedro Calmon - Centro de
Memória e Arquivo Público da Bahia - FPC, as seguintes Unidades:
I - Centro de Memória da Bahia, com a finalidade de exercer a coordenação e supervisão geral
dos acervos documentais para subsidiar a realização de pesquisas e estudos na área da história
política e administrativa da Bahia;
II - Diretoria do Livro e da Leitura, com a finalidade de planejar, coordenar, avaliar e apoiar
programas e ações relacionadas ao desenvolvimento da leitura, da produção literária e da cadeia
produtiva do livro, no âmbito do Estado da Bahia, bem como incentivar estas ações;
III - Diretoria do Arquivo Público do Estado da Bahia, com a finalidade de planejar, coordenar,
promover, acompanhar, avaliar e apoiar as ações pertinentes ao processo de preservação de
documentos de valor histórico e cultural do Estado da Bahia.
Art. 89 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da Fundação Pedro Calmon -
Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia - FPC, 02 (dois) cargos de Coordenador II,
126
símbolo DAS-3, 01 (um) cargo de Coordenador III, símbolo DAI-4, e 02 (dois) cargos de
Secretário Administrativo II, símbolo DAI-6.
Art. 90 - Fica extinto, na estrutura de cargos em comissão da Fundação Pedro Calmon - Centro
de Memória e Arquivo Público da Bahia - FPC, 01 (um) cargo de Assistente III, símbolo DAI-4.
Art. 91 - Ficam criadas, na estrutura organizacional do Instituto do Patrimônio Artístico e
Cultural da Bahia - IPAC, as seguintes Unidades:
I - Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural, com a finalidade de planejar, coordenar e
promover ações para o resgate e preservação da memória cultural baiana em todas as suas
manifestações;
II - Diretoria de Projetos, Obras e Restauro, com a finalidade de planejar, coordenar, executar e
avaliar as atividades pertinentes a projetos, obras, conservação e restauração dos bens móveis e
imóveis culturais do Estado da Bahia.
Art. 92 - Ficam extintas, na estrutura organizacional do Instituto do Patrimônio Artístico e
Cultural da Bahia - IPAC, as seguintes Unidades:
I - Diretoria de Preservação do Patrimônio Artístico e Cultural;
II - Diretoria de Ações Culturais.
Art. 93 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão do Instituto do Patrimônio Artístico
e Cultural da Bahia - IPAC, 04 (quatro) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, 02 (dois)
cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Coordenador IV, símbolo DAI-5,
e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo II, símbolo DAI-6.
Art. 94 - Ficam extintos, na estrutura de cargos em comissão do Instituto do Patrimônio
Artístico e Cultural da Bahia - IPAC, 02 (dois) cargos de Gerente, símbolo DAS-3, e 01 (um)
cargo de Supervisor, símbolo DAI-5.
Art. 95 - Ficam extintas, na estrutura organizacional da Fundação Cultural do Estado da Bahia -
FUNCEB, as seguintes Unidades:
I - Diretoria de Literatura;
II - Diretoria de Música e Artes Cênicas.
Art. 96 - Ficam criadas, na estrutura organizacional da Fundação Cultural do Estado da Bahia -
FUNCEB, as seguintes Unidades:
I - Diretoria das Artes, com a finalidade de propor e estimular políticas públicas de fomento às
artes visuais, à música, ao teatro, à dança e à literatura;
II - Centro de Formação em Artes, com a finalidade de planejar, coordenar, executar e avaliar
ações e projetos artístico-educativos, promovendo a democratização do acesso aos cursos, o
funcionamento regular e a dinamização das diversas linguagens artísticas.
Art. 97 - A Diretoria de Administração, Orçamento e Finanças passa a denominar-se Diretoria
de Administração e Finanças, com a finalidade de executar as atividades de administração geral,
modernização e informática, administração financeira e contabilidade da Fundação Cultural do
127
Estado da Bahia - FUNCEB, em articulação com a Diretoria Geral da Secretaria de Cultura e os
respectivos Sistemas formalmente instituídos.
Art. 98 - A Assessoria Técnica passa a ter por finalidade desempenhar as atividades de
planejamento, programação e orçamentação, em articulação com o respectivo Sistema Estadual
de Planejamento.
Art. 99 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da Fundação Cultural do Estado da
Bahia - FUNCEB, 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2B, 06 (seis) cargos de Coordenador
I, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, e 11 (onze) cargos de
Coordenador III, símbolo DAI-4.
Art. 100 - Ficam extintos, na estrutura de cargos em comissão da Fundação Cultural do Estado
da Bahia - FUNCEB, 02 (dois) cargos de Diretor, símbolo DAS-2C, 04 (quatro) cargos de
Coordenador Técnico, símbolo DAS-2D, 01 (um) cargo de Assessor Técnico, símbolo DAS-3,
02 (dois) cargos de Gerente, símbolo DAS-3, 06 (seis) cargos de Administrador de Espaço
Cultural, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Assistente III, símbolo DAI-4, 15 (quinze) cargos de
Coordenador de Centro de Cultura, símbolo DAI-4, 03 (três) cargos de Diretor, símbolo DAI-4,
05 (cinco) cargos de Subgerente, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Assistente Administrativo-
Financeiro, símbolo DAI-5, 02 (dois) cargos de Assistente de Apoio Técnico, símbolo DAI-5,
05 (cinco) cargos de Coordenador IV, símbolo DAI-5, 02 (dois) cargos de Supervisor, símbolo
DAI-5, e 15 (quinze) cargos de Secretário Administrativo II, símbolo DAI-6.
Art. 101 - O Quadro de Cargos em Comissão da Secretaria de Cultura - SECULT, da Fundação
Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia - FPC, do Instituto do
Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC e da Fundação Cultural do Estado da Bahia -
FUNCEB passam a ser os constantes dos Anexos IX, X, XI e XII, respectivamente, desta Lei.
Art. 102 - Ficam extintos, na estrutura da Administração Pública do Poder Executivo Estadual:
I - o Instituto do Meio Ambiente - IMA, previsto no art. 5 da , de 06 de junho de 2008,
anteriormente denominado Centro de Recursos Ambientais, autarquia estadual criada pela Lei
Delegada nº 31 , de 03 de março de 1983;
II - o Instituto de Gestão das Águas e Clima - INGÁ, previsto no art. 10da , de 06 de junho de
2008, anteriormente denominado Superintendência de Recursos Hídricos - SRH, autarquia
estadual criada pela Lei nº 6.812 , de 18 de janeiro de 1995.
Art. 103 - Fica criado o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - INEMA, como
autarquia vinculada à Secretaria do Meio Ambiente - SEMA, dotada de personalidade jurídica
de direito público, autonomia administrativa e financeira e patrimônio próprio, o qual reger-se-á
por esta Lei e demais normas legais aplicáveis.
§ 1º - O INEMA terá sede e foro na cidade de Salvador, Estado da Bahia e prazo de duração
indeterminado.
§ 2º - O INEMA gozará, no que couber, de todas as franquias e privilégios concedidos aos
órgãos da Administração Direta do Estado.
Art. 104 - Os recursos orçamentários e financeiros, bem como os acervos e obrigações do IMA
e do INGÁ passam a ser transferidos para o INEMA, que os sucederá ainda nos direitos,
créditos e obrigações decorrentes de lei, ato administrativo ou contrato, inclusive nas respectivas
receitas.
128
Art. 105 - O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - INEMA tem por finalidade
executar a Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade, a Política
Estadual de Recursos Hídricos, a Política Estadual sobre Mudança do Clima e a Política
Estadual de Educação Ambiental.
Art. 106 - O INEMA tem as seguintes competências:
I - executar as ações e programas relacionados à Política Estadual de Meio Ambiente e de
Proteção à Biodiversidade, da Política Estadual de Recursos Hídricos, da Política Estadual sobre
Mudança do Clima e da Política Estadual de Educação Ambiental;
II - participar da elaboração e da implementação do Plano Estadual de Meio Ambiente, do Plano
Estadual de Recursos Hídricos e do Plano Estadual sobre Mudança do Clima;
III - realizar ações de Educação Ambiental, considerando as práticas de desenvolvimento
sustentável;
IV - promover a gestão florestal e do patrimônio genético, bem como a restauração de
ecossistemas, com vistas à proteção e preservação da flora e da fauna;
V - promover as ações relacionadas com a criação, a implantação e a gestão das Unidades de
Conservação, em consonância com o Sistema Estadual de Unidades de Conservação - SEUC,
bem como elaborar e implementar os Planos de Manejo;
VI - promover a gestão das águas superficiais e subterrâneas de domínio do Estado;
VII - fomentar a criação e organização de Comitês de Bacia Hidrográfica, visando garantir o seu
funcionamento, bem como acompanhar a implementação dos seus respectivos planos;
VIII - executar programas, projetos e ações voltadas à proteção e melhoria do meio ambiente, da
biodiversidade e dos recursos hídricos;
IX - propor ao Conselho Estadual de Meio Ambiente - CEPRAM e ao Conselho Estadual de
Recursos Hídricos - CONERH normas para a proteção, conservação, defesa e melhoria do meio
ambiente e dos recursos hídricos;
X - expedir licenças ambientais, emitir anuência prévia para implantação de empreendimentos e
atividades em unidades de conservação estaduais, autorizar a supressão de vegetação, conceder
outorga de direito de uso de recursos hídricos e praticar outros atos autorizativos, na forma da
lei;
XI - efetuar a cobrança pelo uso de recursos hídricos, de bens da biodiversidade e de outras
receitas previstas na legislação ambiental e de recursos hídricos;
XII - elaborar e gerenciar os cadastros ambientais e de recursos hídricos;
XIII - coordenar, executar, acompanhar, monitorar e avaliar a qualidade ambiental e de recursos
hídricos;
XIV - pesquisar e monitorar o tempo, o clima e as mudanças climáticas, bem como a ocorrência
da desertificação;
XV - efetuar a previsão meteorológica e os monitoramentos hidrológicos, hidrogeológicos,
climáticos e hidrometeorológicos;
129
XVI - realizar estudos e pesquisas destinados à elaboração e execução de programas, projetos e
ações voltadas à melhoria da qualidade ambiental e de recursos hídricos;
XVII - celebrar convênios, contratos, ajustes e protocolos com instituições públicas e privadas,
nacionais, estrangeiras e internacionais, bem como termos de compromisso, observada a
legislação pertinente;
XVIII - exercer o poder de polícia administrativa, preventiva ou repressiva, fiscalizando o
cumprimento da legislação ambiental e de recursos hídricos.
Art. 107 - O INEMA atuará em articulação com os órgãos e entidades da Administração Pública
Estadual e com a sociedade civil organizada, para consecução de seus objetivos, em
consonância com as diretrizes das Políticas Nacionais do Meio Ambiente, de Recursos Hídricos,
sobre Mudança do Clima e de Educação Ambiental.
Art. 108 - O INEMA tem a seguinte estrutura organizacional básica:
I - Conselho de Administração;
II - Diretoria Geral.
Art. 109 - O Conselho de Administração, órgão consultivo, deliberativo, de orientação e
supervisão superior, tem por finalidade o acompanhamento, controle e avaliação das ações
executadas pelo INEMA, sendo integrado pelos seguintes membros:
I - o Secretário do Meio Ambiente, que o presidirá;
II - o Diretor Geral do INEMA;
III - 01 (um) representante da Casa Civil;
IV - 01 (um) representante da Secretaria da Administração;
V - 01 (um) representante da Procuradoria Geral do Estado;
VI - 01 (um) representante dos servidores do INEMA.
§ 1º - Os membros do Conselho de Administração e seus suplentes serão nomeados pelo
Governador do Estado, para um mandato de 02 (dois) anos, permitida uma recondução, sendo
que os referidos nos incisos III a V serão indicados pelos respectivos órgãos.
§ 2º - O representante dos servidores do INEMA e seu respectivo suplente serão escolhidos por
votação, mediante escrutínio secreto, realizada por entidade dos servidores ou, na sua falta, por
comissão de servidores especialmente constituída para este fim.
§ 3º - O Diretor Geral do INEMA participará das reuniões do Conselho, porém, sem direito a
voto, quando forem deliberadas matérias referentes a relatórios e prestações de contas da
Autarquia ou assuntos do seu interesse próprio.
§ 4º - Os membros do Conselho serão substituídos, em suas ausências e impedimentos, pelos
respectivos suplentes.
§ 5º - O Regimento do Conselho de Administração, por ele aprovado e homologado por ato do
Governador do Estado, fixará as normas de seu funcionamento.
130
Art. 110 - A Diretoria Geral do INEMA, composta pelo conjunto de órgãos de planejamento,
assessoramento, execução, avaliação e controle, tem a seguinte organização:
I - Gabinete do Diretor Geral;
II - Procuradoria Jurídica;
III - Coordenação de Ações Estratégicas;
IV - Coordenação de Atendimento Ambiental;
V - Coordenação de Interação Social;
VI - Coordenação de Gestão Descentralizada:
a) Unidades Regionais;
VII - Diretoria de Regulação;
VIII - Diretoria de Fiscalização e Monitoramento Ambiental;
IX - Diretoria de Águas;
X - Diretoria de Biodiversidade;
XI - Diretoria de Unidades de Conservação;
XII - Diretoria Administrativa e Financeira.
Art. 111 - O Gabinete do Diretor Geral tem por finalidade prestar assistência ao Diretor Geral
em suas tarefas técnicas e administrativas.
Art. 112 - A Procuradoria Jurídica tem por finalidade exercer a representação judicial e
extrajudicial, a consultoria e o assessoramento jurídico ao INEMA, mediante a vinculação
técnica à Procuradoria Geral do Estado e, de acordo com a legislação das Procuradorias
Jurídicas das Autarquias e Fundações do Estado da Bahia.
Art. 113 - A Coordenação de Ações Estratégicas tem por finalidade coordenar ações que
promovam a melhoria da gestão e do aperfeiçoamento do Sistema Estadual de Informações
Ambientais e de Recursos Hídricos - SEIA, de acordo com as diretrizes e prioridades
estabelecidas pela SEMA, voltadas à otimização do desempenho organizacional e
fortalecimento dos resultados institucionais, em articulação com as unidades do INEMA.
Art. 114 - A Coordenação de Atendimento Ambiental tem por finalidade executar a triagem
técnica e administrativa de documentos, formar, exercer o acompanhamento, controle e guarda
de processos, bem como realizar o controle e a expedição de correspondências destinadas ao
Instituto ou geradas por este.
Art. 115 - A Coordenação de Interação Social tem por finalidade coordenar, gerir e executar, de
forma descentralizada e participativa, as ações relativas à implementação e funcionamento dos
Conselhos Gestores das Unidades de Conservação, dos Comitês de Bacia Hidrográfica e das
Audiências Públicas.
131
Art. 116 - A Coordenação de Gestão Descentralizada tem por finalidade promover a articulação,
a gestão e a integração das Unidades Regionais, bem como apoiar a desconcentração e
descentralização da gestão ambiental do Estado.
Parágrafo único - As Unidades Regionais são unidades de desconcentração da gestão das
atividades da Autarquia, que têm por finalidade executar a Política Estadual do Meio Ambiente
e de Proteção à Biodiversidade e a Política Estadual de Recursos Hídricos, nas suas respectivas
regiões, através do licenciamento, monitoramento e fiscalização ambiental, além de prestar
apoio aos municípios no desenvolvimento da gestão ambiental local, em articulação com a
SEMA.
Art. 117 - A Diretoria de Regulação tem por finalidade planejar, organizar e coordenar as ações
necessárias para emissão das licenças ambientais e dos atos autorizativos de meio ambiente e de
recursos hídricos, na forma da lei.
Art. 118 - A Diretoria de Fiscalização e Monitoramento Ambiental tem por finalidade fiscalizar
o cumprimento da legislação ambiental e de recursos hídricos, bem como coordenar, executar,
acompanhar, monitorar e avaliar a qualidade ambiental e de recursos hídricos.
Art. 119 - A Diretoria de Águas tem por finalidade implementar os planos de recursos hídricos,
bem como promover estudos, implementar e avaliar medidas, ações, programas e projetos,
visando assegurar o gerenciamento do uso, a qualidade e conservação dos recursos hídricos e o
atendimento da demanda e da oferta hídrica estadual.
Art. 120 - A Diretoria de Biodiversidade tem por finalidade coordenar a gestão florestal e do
patrimônio genético, bem como a execução de programas e projetos de proteção e restauração
de ecossistemas.
Art. 121 - A Diretoria de Unidades de Conservação tem por finalidade coordenar as ações
relacionadas com a criação, a implantação e a gestão das Unidades de Conservação, em
consonância com o SEUC, bem como elaborar e implementar os Planos de Manejo.
Art. 122 - A Diretoria Administrativa e Financeira tem por finalidade executar as atividades de
programação, orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, material,
patrimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa e informática,
administração financeira e de contabilidade, e de arrecadação.
Art. 123 - Ato do Chefe do Poder Executivo estabelecerá as Unidades Regionais, definindo as
suas áreas de abrangência.
Art. 124 - O Diretor Geral será nomeado pelo Governador do Estado.
Art. 125 - Aos Diretores e demais dirigentes do INEMA incumbe planejar, dirigir, avaliar o
desempenho, coordenar, controlar e orientar a execução das atividades de sua área de
competência e exercer outras atribuições que lhes forem cometidas pelo Diretor Geral da
entidade.
Art. 126 - Constituem patrimônio do INEMA, os bens móveis e imóveis, valores, rendas e
direitos atualmente pertencentes ao IMA e ao INGÁ ou que lhe venham a ser adjudicados ou
transferidos.
132
§ 1º - Os bens, diretos e valores do INEMA serão utilizados, exclusivamente, no cumprimento
dos seus objetivos, permitida, a critério da Diretoria Geral, a utilização de uns e outros para
obtenção de rendas destinadas ao atendimento de suas finalidades.
§ 2º - Em caso de extinção do INEMA, seus bens e direitos reverterão ao patrimônio do Estado
da Bahia, salvo disposição em contrário expressa em lei.
Art. 127 - Constituem receitas do INEMA:
I - os créditos orçamentários que lhe forem consignados pelo Orçamento Geral do Estado;
II - os recursos correspondentes a 95% (noventa e cinco por cento) dos valores das multas
administrativas por atos lesivos ao meio ambiente, a serem repassados pelo Fundo de Recursos
para o Meio Ambiente - FERFA;
III - os valores correspondentes às multas administrativas por descumprimento da legislação
estadual de recursos hídricos;
IV - os valores da arrecadação da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, incidente sobre as
atividades utilizadoras de recursos naturais e atividades potencialmente poluidoras do meio
ambiente, prevista no art. 3º da Lei Estadual nº 11.631, de 30 de dezembro de 2009;
V - os recursos correspondentes a até 25% (vinte e cinco por cento) dos previstos no inciso III
do art. 1º da Lei Estadual nº 9.281, de 07 de outubro de 2004, referentes às compensações
financeiras previstas no § 1º do art. 20 da Constituição Federal, a serem repassados pelo
FERFA;
VI - os recursos correspondentes a 20% (vinte por cento) da cobrança pelo fornecimento de
água bruta dos reservatórios;
VII - os valores provenientes da remuneração pela análise dos processos de licenciamento
ambiental e pela prestação de serviços;
VIII - os valores provenientes da cobrança de emolumentos administrativos para expedição das
outorgas de direito de uso dos recursos hídricos;
IX - os valores correspondentes às multas aplicadas pelo descumprimento de Termo de
Compromisso celebrado pela Entidade;
X - os valores provenientes da venda de publicações ou outros materiais educativos e técnicos
produzidos pela Entidade;
XI - os recursos oriundos de convênios, acordos ou contratos celebrados com entidades públicas
ou privadas, organismos ou empresas nacionais, estrangeiras ou internacionais;
XII - as doações, legados, subvenções e quaisquer outras fontes ou atividades.
§ 1º - Será destinado a projetos de melhoria ambiental o percentual de 80% (oitenta por cento)
do valor resultante do recurso previsto no inciso II do caput deste artigo.
§ 2º - Fica mantida a destinação de 80% (oitenta por cento) dos recursos previstos no inciso VI
do caput deste artigo para o órgão responsável pela administração, operação e manutenção do
reservatório.
133
Art. 128 - A prestação de contas do INEMA, relativa à administração dos bens e recursos
obtidos, no exercício ou na gestão, será elaborada em conformidade com as disposições
constitucionais sobre a matéria, com o disposto em lei, no Regimento e demais normas legais
aplicáveis, devendo ser encaminhadas ao Tribunal de Contas do Estado.
Art. 129 - O exercício financeiro do INEMA coincidirá com o ano civil.
Art. 130 - O regime jurídico do pessoal do INEMA é o estabelecido para o serviço público
estadual.
§ 1º - A admissão de servidores do INEMA dar-se-á mediante concurso público e com
observância ao plano de cargos e salários e benefícios previstos em lei.
§ 2º - Os cargos efetivos do INGÁ e do IMA passam a integrar o quadro do INEMA, onde
desempenharão as suas respectivas atribuições legais.
§ 3º - Ficam transferidos da estrutura de cargos efetivos do IMA e do INGÁ para o INEMA os
cargos de Procurador Jurídico e suas respectivas classes, previstos no Anexo II da Lei nº 8.208,
de 04 de fevereiro de 2002.
§ 4º - O Poder Executivo poderá colocar à disposição do INEMA servidores públicos do seu
quadro para auxiliar no desempenho de programas ou projetos específicos.
Art. 131 - Fica criado o Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos Hídricos -
SEIA, que absorverá o Sistema Estadual de Informações Ambientais - SEIA e o Sistema
Estadual de Informações de Recursos Hídricos - SEIRH.
Art. 132 - A Secretaria do Meio Ambiente - SEMA, criada pela Lei n° 8.538, de 20 de
dezembro de 2002, alterada pelas Leis nº 9.525, de 21 de junho de 2005, nº 10.431, de 20 de
dezembro de 2006 e nº 11.050, de 06 de junho de 2008, tem por finalidade planejar, coordenar,
supervisionar e controlar a política estadual e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente, a biodiversidade e os recursos hídricos.
Art. 133 - A SEMA passa a ter as seguintes competências:
I - planejar, coordenar, supervisionar e controlar a Política Estadual de Meio Ambiente e de
Proteção à Biodiversidade, da Política Estadual de Recursos Hídricos, da Política Estadual sobre
Mudança do Clima e da Política Estadual de Educação Ambiental;
II - planejar, coordenar, orientar e integrar as ações relativas ao Sistema Estadual do Meio
Ambiente - SISEMA e ao Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos -
SEGREH;
III - promover a integração das políticas ambientais do Estado entre si e com as políticas
públicas setoriais, bem como a articulação de sua atuação com o Sistema Nacional do Meio
Ambiente - SISNAMA e com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos -
SINGREH;
IV - elaborar o Plano Estadual de Meio Ambiente, o Plano Estadual de Recursos Hídricos e o
Plano Estadual sobre Mudança do Clima, supervisionando a sua implementação;
V - gerir o Fundo de Recursos para o Meio Ambiente - FERFA, o Fundo Estadual de Recursos
Hídricos - FERHBA e a Câmara de Compensação Ambiental, exercendo o controle
orçamentário, financeiro e patrimonial dos mesmos;
134
VI - exercer a Secretaria Executiva do CEPRAM e do CONERH;
VII - gerir e operacionalizar o SEIA, promovendo a integração com os demais sistemas
relacionados com a sua área de atuação;
VIII - planejar, coordenar e executar ações para a promoção de estudos e pesquisas voltados ao
desenvolvimento tecnológico e científico para o uso sustentável e racional dos recursos
ambientais e hídricos;
IX - apoiar o fortalecimento da gestão ambiental municipal, podendo delegar competência;
X - promover e estimular a celebração de convênios e acordos entre entidades públicas, privadas
e organizações não-governamentais, nacionais, estrangeiras e internacionais, com vistas à
otimização da gestão ambiental e de recursos hídricos no Estado.
Art. 134 - A SEMA tem a seguinte estrutura organizacional básica:
I - Órgãos Colegiados:
a) Conselho Estadual do Meio Ambiente - CEPRAM;
b) Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH;
II - Órgãos da Administração Direta:
a) Gabinete do Secretário;
b) Coordenação de Ações Estratégicas;
c) Coordenação de Gestão dos Fundos;
d) Diretoria Geral;
e) Superintendência de Estudos e Pesquisas Ambientais;
f) Superintendência de Políticas e Planejamento Ambiental;
III - Entidades da Administração Indireta:
a) Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - INEMA;
b) Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia - CERB.
Art. 135 - O CEPRAM, órgão superior do Sistema Estadual do Meio Ambiente, com funções de
natureza consultiva, normativa, deliberativa e recursal, tem por finalidade o planejamento e
acompanhamento da política e das diretrizes governamentais voltadas para o meio ambiente, a
biodiversidade e a definição de normas e padrões relacionados à preservação e conservação dos
recursos naturais.
Art. 136 - O CONERH, órgão superior do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, com caráter consultivo, normativo, deliberativo, recursal e de representação, tem por
finalidade o planejamento e acompanhamento da política e das diretrizes governamentais
voltadas para a gestão dos recursos hídricos.
Art. 137 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar assistência ao Titular da Pasta em
suas tarefas técnicas e administrativas.
135
Art. 138 - A Coordenação de Ações Estratégicas tem por finalidade coordenar ações que
promovam a melhoria da gestão e do aperfeiçoamento do SEIA, de acordo com as diretrizes e
prioridades estabelecidas nas políticas governamentais voltadas para a otimização do
desempenho organizacional e fortalecimento dos resultados institucionais, em articulação com a
Diretoria Geral.
Art. 139 - A Coordenação de Gestão dos Fundos tem por finalidade exercer a gestão
orçamentária, financeira e patrimonial do FERFA, do FERHBA e da Câmara de Compensação
Ambiental.
Art. 140 - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação dos órgãos setoriais e seccionais
dos sistemas formalmente instituídos, responsáveis pela execução das atividades de
programação, orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, material,
patrimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa e informática, e de
administração financeira e de contabilidade.
Art. 141 - A Superintendência de Estudos e Pesquisas Ambientais tem por finalidade planejar,
coordenar e executar ações para a promoção do conhecimento, informação e inovação,
direcionadas ao desenvolvimento tecnológico e científico em gestão ambiental, bem como
aprimorar seus instrumentos de gestão ambiental na busca do desenvolvimento sustentável e da
qualidade ambiental.
Art. 142 - A Superintendência de Políticas e Planejamento Ambientais tem por finalidade
planejar as políticas de meio ambiente e de recursos hídricos, bem como coordenar e
supervisionar a execução de seus programas e projetos de gestão, promovendo a articulação
institucional e a educação ambiental.
Art. 143 - A Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia - CERB, criada pela Lei nº 2.929,
de 11 de maio de 1971, alterada pelas Leis nº 6.074, de 22 de maio de 1991, nº 8.538, de 20 de
dezembro de 2002 e nº 11.050, de 06 de junho de 2008, passa a denominar-se Companhia de
Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia - CERB.
Art. 144 - A Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia - CERB,
sociedade de economia mista de capital autorizado, vinculada à Secretaria do Meio Ambiente,
tem a finalidade de executar programas, projetos e ações de engenharia ambiental e
aproveitamento dos recursos hídricos, perenização de rios, perfuração de poços, construção,
operação e manutenção de barragens e obras para mitigação dos efeitos da seca e convivência
com o semi-árido, bem como a execução de outros programas, projetos e ações relativas a obras
de infraestrutura que lhe venham a ser atribuídas dentro da política de Governo do Estado para o
setor.
Parágrafo único - A estrutura organizacional e funcional da CERB, bem como a definição de
suas competências, inclusive das unidades organizacionais que a compõem, serão definidas em
seu Estatuto Social e Regimento Interno.
Art. 145 - O Quadro de Cargos em Comissão do INEMA é o constante do Anexo XIII desta Lei.
Art. 146 - Ficam extintos os cargos em comissão previstos nos Quadros de Cargos em Comissão
do IMA e do INGÁ, constantes dos Anexos II e III da Lei nº 11.050, 06 de junho de 2008.
Art. 147 - Fica alterado o Quadro de Cargos em Comissão da SEMA, que passa a ser o
constante do Anexo XIV desta Lei.
136
Art. 148 - Fica o Poder Executivo autorizado a promover, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias,
os atos necessários:
I - à elaboração dos atos regulamentares e regimentais que decorram, implícita ou
explicitamente, das disposições desta Lei, inclusive os que se relacionam com pessoal, material
e patrimônio, bem como as alterações organizacionais e de cargos em comissão decorrentes
desta Lei;
II - à utilização, para o funcionamento das Secretarias de Estado, ora criadas, mediante processo
formal de cessão, de servidores das demais Secretarias, Autarquias e Fundações do Estado da
Bahia, bem como de servidores de outras esferas governamentais, por meio de instrumento
próprio adequado;
III - à abertura de créditos adicionais, necessários ao funcionamento das Secretarias e demais
órgãos e entidades da Administração Pública Indireta do Poder Executivo Estadual;
IV - à continuidade dos serviços, até a definitiva estruturação das Secretarias e demais órgãos e
entidades da Administração Pública Indireta do Poder Executivo Estadual, em especial os
processos licitatórios;
V - à transferência dos contratos, convênios, protocolos e demais instrumentos vigentes,
necessária à implementação das alterações das competências definidas nesta Lei, procedendo-se
às devidas adequações orçamentárias;
VI - à elaboração de estudos sobre o quadro de cargos efetivos para atendimento às atividades
inerentes às competências da SEMA e do INEMA, a ser definido em lei;
VII - às modificações orçamentárias que se fizerem necessárias ao cumprimento do disposto
nesta Lei, respeitados os valores globais constantes do orçamento vigente e no Plano Plurianual.
Art. 149 - Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Lei nº 11.050 , de 06 de junho
de 2008, os artigos 49, 51 e 52 da Lei nº 11.612 , de 08 de outubro de 2009, e o artigo 171,
caput e parágrafo único da Lei nº 10.431 , de 20 de dezembro de 2006.
Art. 150 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 04 de maio de 2011.
JAQUES WAGNER
Governador
Eva Maria Cella Dal Chiavon
Secretária da Casa Civil Manoel Vitório da Silva Filho
Secretário da Administração
Eduardo Seixas de Salles
Secretário da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária
Carlos Martins Marques de Santana
Secretário da Fazenda
137
Zezéu Ribeiro
Secretário do Planejamento
Osvaldo Barreto Filho
Secretário da Educação
Otto Alencar
Secretário de Infra-Estrutura
Almiro Sena Soares Filho
Secretário da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos
Jorge José Santos Pereira Solla
Secretário da Saúde
James Silva Santos Correia
Secretário da Indústria, Comércio e Mineração
Nilton Vasconcelos Júnior
Secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte
Maurício Teles Barbosa
Secretário da Segurança Pública
Antônio Albino Canelas Rubim
Secretário de Cultura
Eugênio Spengler
Secretário do Meio Ambiente
Cícero de Carvalho Monteiro
Secretário de Desenvolvimento Urbano
Paulo Francisco de Carvalho Câmera
Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação
Wilson Alves de Brito Filho
Secretário de Desenvolvimento e Integração Regional
Domingos Leonelli Neto
Secretário de Turismo
Vanda Sampaio de Sá Barreto
138
Secretária de Promoção da Igualdade, em exercício
Paulo Cézar Lisboa Cerqueira
Secretário de Relações Institucionais
Carlos Alberto Lopes Brasileiro
Secretário de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza
ANEXO I
QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DO INSTITUTO DE RADIODIFUSÃO
EDUCATIVA DA BAHIA - IRDEB
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
Diretor Geral DAS-2A 01
Diretor DAS-2B 03
Assessor Especial DAS-2C 01
Chefe de Gabinete DAS-2C 01
Coordenador I DAS-2C 09
Procurador Chefe DAS-2C 01
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Assessor Técnico DAS-3 05
Coordenador II DAS-3 05
Gerente DAS-3 14
Assessor Administrativo DAI-4 05
Assistente III DAI-4 03
Coordenador III DAI-4 23
Secretário Administrativo II DAI-6 09
Assistente RA e TV I FC-3 10
Assistente RA e TV II FC-2 10
Assistente RA e TV III FC-1 10
ANEXO II
QUADRO ESPECIAL DE CARGOS EM COMISSÃO DA CASA CIVIL
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
Assistente II DAS-3 08
Assistente III DAI-4 13
139
Assistente IV DAI-5 21
ANEXO III
QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS
MULHERES - SPM
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Coordenador Executivo DAS-2B 02
Assessor Especial DAS-2C 02
Diretor DAS-2C 01
Coordenador I DAS-2C 02
Assessor Técnico DAS-3 02
Secretário de Gabinete DAS-3 01
Assistente II DAS-3 01
Coordenador II DAS-3 05
Coordenador III DAI-4 03
Assistente Orçamentário DAI-4 01
Oficial de Gabinete DAI-5 01
Secretário Administrativo I DAI-5 03
ANEXO IV
QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO
PENITENCIÁRIA E RESSOCIALIZAÇÃO - SEAP
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Superintendente DAS-2A 02
Diretor Geral DAS-2B 01
Assessor Especial DAS-2C 03
Diretor DAS-2C 28
Coordenador I DAS-2C 06
Coordenador Técnico DAS-2D 10
Diretor DAS-2D 09
Diretor Adjunto DAS-2D 01
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Diretor Adjunto DAS-3 28
Assistente de Conselho I DAS-3 01
140
Assessor Técnico DAS-3 35
Secretário de Gabinete DAS-3 01
Coordenador II DAS-3 20
Assessor Administrativo DAI-4 12
Coordenador III DAI-4 28
Assistente Orçamentário DAI-4 02
Coordenador IV DAI-5 112
Oficial de Gabinete DAI-5 02
Secretário Administrativo I DAI-5 10
Coordenador V DAI-6 131
Secretário Administrativo II DAI-6 22
ANEXO V
QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO
SOCIAL - SECOM
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Assessor de Imprensa do Governador DAS-2A 01
Diretor Geral DAS-2B 01
Coordenador Executivo DAS-2B 02
Assessor Especial DAS-2C 04
Diretor DAS-2C 03
Coordenador I DAS-2C 09
Assessor Técnico DAS-3 01
Coordenador II DAS-3 04
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 17
Secretário de Gabinete DAS-3 01
Assessor de Comunicação Social II DAI-4 19
Assessor Administrativo DAI-4 06
Coordenador III DAI-4 07
Assistente Orçamentário DAI-4 02
Assessor de Comunicação Social III DAI-5 07
Oficial de Gabinete DAI-5 02
Secretário Administrativo I DAI-5 08
ANEXO VI
141
QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA ESTADUAL PARA
ASSUNTOS DA COPA DO MUNDO DA FIFA BRASIL 2014 - SECOPA
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Coordenador Executivo DAS-2B 02
Assessor Especial DAS-2C 02
Diretor DAS-2C 01
Coordenador Técnico DAS-2D 04
Secretário de Gabinete DAS-3 01
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Assessor Técnico DAS-3 01
Coordenador II DAS-3 03
Coordenador III DAI-4 01
Assistente Orçamentário DAI-4 01
Oficial de Gabinete DAI-5 01
Secretário Administrativo I DAI-5 04
ANEXO VII
QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA DA INDÚSTRIA COMÉRCIO
E MINERAÇÃO - SICM
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
142
Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Superintendente DAS-2A 03
Diretor Geral DAS-2B 01
Diretor DAS-2B 06
Assessor Especial DAS-2C 06
Coordenador I DAS-2C 14
Diretor DAS-2C 03
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Assessor Técnico DAS-3 08
Coordenador II DAS-3 33
Secretário de Gabinete DAS-3 01
Assessor Administrativo DAI-4 06
Assistente Orçamentário DAI-4 02
Coordenador III DAI-4 14
Coordenador IV DAI-5 03
Oficial de Gabinete DAI-5 02
Secretário Administrativo I DAI-5 03
ANEXO VIII
QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DO GABINETE DO GOVERNADOR - GABGOV
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
143
Assessor Chefe DAS-2A 01
Assessor Especial do Governador DAS-2A 03
Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Coordenador de Escritório DAS-2A 01
Chefe de Cerimonial DAS-2A 01
Ouvidor Geral do Estado DAS-2A 01
Secretário Particular do Governador DAS-2A 01
Assessor Especial DAS-2B 09
Coordenador Executivo DAS-2B 01
Assessor Especial DAS-2C 09
Coordenador I DAS-2C 08
Diretor DAS-2C 01
Secretário de Gabinete do Governador DAS-2C 02
Coordenador Técnico DAS-2D 14
Assessor Técnico DAS-3 11
Assistente II DAS-3 04
Coordenação II DAS-3 05
Oficial de Gabinete do Governador DAS-3 04
Secretário de Gabinete DAS-3 04
Assessor Administrativo DAI-4 03
144
Assistente III DAI-4 10
Assistente Orçamentário DAI-4 02
Coordenador III DAI-4 08
Assistente IV DAI-5 22
Secretário Administrativo I DAI-5 14
Assistente V DAI-6 02
Secretário Administrativo II DAI-6 01
ANEXO IX
QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA DE CULTURA - SECULT
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Superintendente DAS-2A 02
Diretor Geral DAS-2B 01
Assessor Especial DAS-2C 03
Coordenador I DAS-2C 03
Diretor DAS-2C 09
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Assessor Técnico DAS-3 05
Assistente de Conselho I DAS-3 01
Coordenador II DAS-3 35
145
Secretário de Gabinete DAS-3 01
Assessor Administrativo DAI-4 05
Assistente Orçamentário DAI-4 04
Secretário de Câmara DAI-4 04
Coordenador de Centro de Cultura DAI-4 17
Coordenador III DAI-4 11
Assistente IV DAI-5 01
Coordenador IV DAI-5 08
Oficial de Gabinete DAI-5 02
Secretário Administrativo I DAI-5 04
Secretário de Câmara DAI-5 04
Secretário de Comissão DAI-5 01
Secretário Administrativo II DAI-6 28
ANEXO X
QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA FUNDAÇÃO PEDRO CALMON - CENTRO
DE MEMÓRIA E ARQUIVO PÚBLICO DA BAHIA - FPC
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
Diretor Geral DAS-2A 01
Diretor DAS-2B 02
Assessor Chefe DAS-2C 01
146
Chefe de Gabinete DAS-2C 01
Diretor DAS-2C 04
Procurador Chefe DAS-2C 01
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Assessor Técnico DAS-3 02
Coordenador II DAS-3 13
Diretor de Biblioteca I DAS-3 08
Gerente DAS-3 05
Assessor Administrativo DAI-4 08
Assistente III DAI-4 01
Coordenador III DAI-4 04
Subgerente DAI-4 18
Assistente de Apoio Técnico DAI-5 04
Assistente IV DAI-5 02
Coordenador IV DAI-5 18
Secretário Administrativo I DAI-5 03
Supervisor DAI-5 11
Assistente V DAI-6 12
Secretário Administrativo II DAI-6 22
ANEXO XI
QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO ARTÍSTICO
E CULTURAL DA BAHIA - IPAC
147
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
Diretor Geral DAS-2A 01
Assessor Chefe DAS-2C 01
Chefe de Gabinete DAS-2C 01
Diretor DAS-2C 07
Procurador Chefe DAS-2C 01
Coordenador Técnico DAS-2D 01
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Assessor Técnico DAS-3 04
Coordenador II DAS-3 07
Gerente DAS-3 06
Assessor Administrativo DAI-4 06
Coordenador III DAI-4 05
Diretor de Museu DAI-4 06
Subgerente DAI-4 21
Assistente Administrativo e Financeiro DAI-5 04
Coordenador IV DAI-5 04
Coordenador Municipal DAI-5 02
Secretário Administrativo I DAI-5 02
148
Supervisor DAI-5 20
Secretário Administrativo II DAI-6 18
ANEXO XII
QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA FUNDAÇÃO CULTURAL DO ESTADO DA
BAHIA - FUNCEB
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
Diretor Geral DAS-2A 01
Diretor DAS-2B 02
Assessor Chefe DAS-2C 01
Chefe de Gabinete DAS-2C 01
Coordenador I DAS-2C 06
Diretor DAS-2C 04
Procurador Chefe DAS-2C 01
Coordenador Técnico DAS-2D 01
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Assessor Técnico DAS-3 05
Coordenador II DAS-3 07
Gerente DAS-3 04
Administrador de Espaço Cultural DAI-4 04
Assessor Administrativo DAI-4 01
Assessor de Comunicação Social II DAI-4 01
Assistente III DAI-4 09
Coordenador III DAI-4 21
Subgerente DAI-4 12
Assistente de Execução Orçamentária DAI-5 01
Assistente Administrativo-Financeiro DAI-5 01
Assistente de Apoio Técnico DAI-5 01
Coordenador IV DAI-5 15
Secretário Administrativo I DAI-5 01
Supervisor DAI-5 19
Coordenador V DAI-6 02
Secretário Administrativo II DAI-6 22
149
ANEXO XIII
QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DOINSTITUTO DO MEIO AMBIENTE E
RECURSOS HÍDRICOS ? INEMA
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
Diretor Geral DAS-2A 01
Chefe de Gabinete DAS-2B 01
Diretor DAS-2B 06
Procurador Chefe DAS-2C 01
Assessor Especial DAS-2C 02
Coordenador I DAS-2C 28
Coordenador Técnico DAS-2D 25
Coordenador II DAS-3 57
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Assessor Técnico DAS-3 07
Coordenador III DAI-4 27
Assessor Administrativo DAI-4 06
Coordenador IV DAI-5 10
Secretário Administrativo I DAI-5 18
ANEXO XIV
QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE ?
SEMA
CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE
Chefe de Gabinete DAS-2A 01
150
Superintendente DAS-2A 02
Diretor Geral DAS-2B 01
Diretor DAS-2B 05
Coordenador Executivo DAS-2B 01
Assessor Especial DAS-2C 05
Diretor DAS-2C 03
Coordenador I DAS-2C 11
Coordenador Técnico DAS-2D 05
Coordenador II DAS-3 23
Assessor Técnico DAS-3 09
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Secretário de Gabinete DAS-3 01
Coordenador III DAI-4 07
Assessor Administrativo DAI-4 06
Assistente Orçamentário DAI-4 02
Oficial Gabinete DAI-5 02
Secretário Administrativo I DAI-5 10
Assistente IV DAI-5 01
151
LEI Nº 12.910 DE 11 DE OUTUBRO DE 2013. Dispõe sobre a regularização fundiária de
terras públicas estaduais, rurais e devolutas, ocupadas tradicionalmente por Comunidades
Remanescentes de Quilombos e por Fundos de Pastos ou Fechos de Pastos e dá outras
providências.
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a Assembleia Legislativa
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - Fica reconhecida a propriedade definitiva das terras públicas estaduais, rurais e
devolutas, ocupadas pelas Comunidades Remanescentes de Quilombos.
§ 1º - Para os fins desta Lei, são consideradas Comunidades Remanescentes de Quilombos os
grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria,
dotados de relações territoriais específicas e com presunção de ancestralidade negra relacionada
com a resistência à opressão histórica sofrida, e reconhecimento obtido pela Fundação Cultural
Palmares, do Ministério da Cultura, nos termos da Lei Federal nº 7.668, de 22 de agosto de
1988.
§ 2º - O título de domínio coletivo e pró-indiviso será expedido em nome da associação
comunitária legalmente constituída, que represente a coletividade dos remanescentes da
comunidade quilombola, e gravado com cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade e
imprescritibilidade.
Art. 2º - Fica autorizada a concessão de direito real de uso das terras públicas estaduais, rurais e
devolutas, ocupadas tradicionalmente, de forma coletiva, pelas comunidades de Fundos de
Pastos ou Fechos de Pastos, com vistas à manutenção de sua reprodução física, social e cultural,
segundo critérios de autodefinição, e em que sejam observadas, simultaneamente, as seguintes
características:
I - uso comunitário da terra, podendo estar aliado ao uso individual para subsistência;
II - produção animal, produção agrícola de base familiar, policultura alimentar de subsistência,
para consumo ou comercialização, ou extrativismo de baixo impacto;
III - cultura própria, parentesco, compadrio ou solidariedade comunitária associada à
preservação de tradições e práticas sociais;
IV - uso adequado dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, segundo
práticas tradicionais;
V - localização nos biomas caatinga e cerrado, bem como nas transições caatinga/cerrado.
§ 1º - Compete ao Estado da Bahia, por intermédio da Secretaria de Promoção da Igualdade
Racial - SEPROMI, declarar a existência da Comunidade de Fundos de Pastos ou Fechos de
Pastos, mediante certificação de reconhecimento expedida após regular processo administrativo,
dela cientificando a Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais.
§ 2º - Para os fins desta Lei, são consideradas Comunidades de Fundos de Pastos ou Fechos de
Pastos aquelas certificadas pela SEPROMI, mediante autodefinição da comunidade, a qual
caberá indicar a área ocupada, observando-se os critérios previstos neste artigo.
§ 3º - A SEPROMI, por ato de seu Secretário, expedirá as normas necessárias à certificação prevista no § 1º deste artigo.
Art. 3º - O contrato de concessão de direito real de uso da área será celebrado por instrumento
público com associação comunitária, integrada por todos os seus reais ocupantes, e gravado com
cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade e imprescritibilidade.
152
§ 1º - O contrato terá duração de 90 (noventa) anos, prorrogável por iguais e sucessivos
períodos.
§ 2º - Os contratos de concessão de direito real de uso de que trata esta Lei serão celebrados
com as associações que protocolizem os pedidos de certificação de reconhecimento e de
regularização fundiária, nos órgãos competentes, até 31 de dezembro de 2018.
§ 3º - Nos casos de comprovação de desvio de finalidade na utilização da área concedida, nos
termos dos incisos I, II e IV do art. 2º desta Lei, por meio de regular processo administrativo,
operar-se-á a resolução do contrato, com retorno do bem à posse do Estado da Bahia, com
acessões e benfeitorias existentes e sem necessidade de nova notificação.
§ 4º - Na hipótese descrita no parágrafo anterior, será devida indenização pelas acessões e
benfeitorias, necessárias e úteis, erigidas exclusivamente durante o tempo de real duração, sem,
porém, reconhecimento do direito de retenção à concessionária ou a seus associados.
Art. 4º - Compete ao Estado da Bahia, por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária,
Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura - SEAGRI, a identificação, demarcação e
regularização das terras públicas estaduais, rurais e devolutas, ocupadas pelas comunidades de
que cuida esta Lei.
§ 1º - Nas questões surgidas em decorrência dos processos de regularização, a Defensoria
Pública do Estado apoiará, nos limites de suas competências legais, a defesa dos interesses das
Comunidades Remanescentes de Quilombos e as de Fundos de Pastos ou Fechos de Pastos.
§ 2º - Na hipótese de litígios acerca da dominialidade da área, a regularização fundiária que
envolva terras públicas estaduais será precedida da sua resolução, mediante processo
administrativo ou judicial, cabendo à Procuradoria Geral do Estado a defesa do patrimônio
público.
§ 3º - O Estado da Bahia priorizará a regularização fundiária das terras públicas estaduais, rurais
e devolutas, ocupadas pelas comunidades de que trata esta Lei envolvidas em conflitos coletivos
pela posse da terra.
Art. 5º - Fica assegurada às comunidades interessadas a participação em todas as fases do
processo administrativo de regularização, diretamente ou por meio de representantes por elas
constituídos, mediante instrumento público de mandato.
Parágrafo único - A representação jurídica, entendida aquela exercida por advogado
regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, será aceita por instrumento
particular.
Art. 6º - Quando as terras ocupadas estiverem sobrepostas às unidades de conservação
estaduais, os órgãos competentes adotarão as medidas cabíveis, visando garantir a
sustentabilidade e/ou a permanência destas comunidades, conciliando-se, sempre que possível,
os aspectos de interesse público em exame, com observância da legislação estadual e federal
pertinente, em especial da Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000.
Parágrafo único - Compete ao Estado da Bahia, por intermédio da Secretaria do Meio Ambiente
- SEMA em conjunto com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária,
Pesca e Aquicultura - SEAGRI e a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial - SEPROMI, a
adoção de todas as medidas necessárias ao cumprimento da legislação, na hipótese prevista no
caput deste artigo.
Art. 7º - A transmissão e o registro imobiliário do título de domínio ou contrato de concessão de
direito real de uso de que trata esta Lei nos Ofícios Imobiliários competentes serão procedidos
pelo Estado da Bahia, por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma
Agrária, Pesca e Aquicultura - SEAGRI, com o apoio da Secretaria da Administração - SAEB,
153
sem ônus às comunidades beneficiadas, independentemente da dimensão da área, segundo o
previsto pela Lei nº 4.380, de 5 de dezembro de 1984.
Art. 8º - Não serão objeto de emissão de título de domínio nem de celebração de contrato de
concessão de direito real de uso, previstos nesta Lei, as terras de domínio particular, cujos
titulares apresentem títulos de propriedade em conformidade com o disposto nas legislações
estadual e federal.
Art. 9º - O Estado da Bahia, por intermédio da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial -
SEPROMI, procederá:
I - ao encaminhamento ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural - IPAC, à Fundação
Cultural Palmares - FCP e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN
das informações relativas ao patrimônio cultural, material e imaterial relativos às comunidades
de que trata esta Lei, para as providências legais pertinentes;
II - à identificação e ao mapeamento das comunidades de que trata esta Lei no território do
Estado da Bahia, devendo desenvolver e manter sistema intersetorial e integrado de
informações, envolvendo os órgãos e as entidades da Administração Direta e Indireta do Estado.
Art. 10 - Poderão ser firmados, para a execução das ações previstas nesta Lei, convênios,
acordos de cooperação, ajustes ou outros instrumentos congêneres com órgãos e entidades da
Administração Pública Federal ou Municipal e entidades privadas, na forma da legislação
vigente.
Art. 11 - O Estado da Bahia, por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação,
Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura - SEAGRI e da Secretaria de Promoção da Igualdade
Racial - SEPROMI, fica autorizado a promover, no orçamento vigente, as alterações necessárias
ao cumprimento desta Lei.
Art. 12 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 11 de outubro de 2013.
JAQUES WAGNER
Governador
Rui Costa
Secretário da Casa Civil Eduardo Seixas de Salles
Secretário da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura
Elias de Oliveira Sampaio
Secretário de Promoção da Igualdade Racial
Eugênio Spengler
Secretário do Meio Ambiente
Antônio Albino Canelas Rubim
Secretário de Cultura
Edelvino da Silva Góes Filho
Secretário da Administração em exercício
154
C) DECRETO FEDERAL
Nº 4.887/2003 (Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento,
delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das
comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do ADCT)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, incisos IV e
VI, alínea "a", da Constituição e de acordo com o disposto no art. 68 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, DECRETA:
Art. 1
o Os procedimentos administrativos para a identificação, o reconhecimento, a delimitação,
a demarcação e a titulação da propriedade definitiva das terras ocupadas por remanescentes das
comunidades dos quilombos, de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, serão procedidos de acordo com o estabelecido neste Decreto.
Art. 2
o Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste
Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica
própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra
relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.
§ 1
o Para os fins deste Decreto, a caracterização dos remanescentes das comunidades dos
quilombos será atestada mediante autodefinição da própria comunidade.
§ 2
o São terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos as utilizadas para
a garantia de sua reprodução física, social, econômica e cultural.
§ 3
o Para a medição e demarcação das terras, serão levados em consideração critérios de
territorialidade indicados pelos remanescentes das comunidades dos quilombos, sendo facultado
à comunidade interessada apresentar as peças técnicas para a instrução procedimental.
Art. 3
o Compete ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária - INCRA, a identificação, reconhecimento, delimitação,
demarcação e titulação das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos
quilombos, sem prejuízo da competência concorrente dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
§ 1
o O INCRA deverá regulamentar os procedimentos administrativos para identificação,
reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas pelos remanescentes
das comunidades dos quilombos, dentro de sessenta dias da publicação deste Decreto.
§ 2
o Para os fins deste Decreto, o INCRA poderá estabelecer convênios, contratos, acordos e
instrumentos similares com órgãos da administração pública federal, estadual, municipal, do
Distrito Federal, organizações não-governamentais e entidades privadas, observada a legislação
pertinente.
§ 3
o O procedimento administrativo será iniciado de ofício pelo INCRA ou por requerimento de
qualquer interessado.
§ 4
o A autodefinição de que trata o § 1
o do art. 2
o deste Decreto será inscrita no Cadastro Geral
junto à Fundação Cultural Palmares, que expedirá certidão respectiva na forma do regulamento.
Art. 4
o Compete à Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da
Presidência da República, assistir e acompanhar o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o
155
INCRA nas ações de regularização fundiária, para garantir os direitos étnicos e territoriais dos
remanescentes das comunidades dos quilombos, nos termos de sua competência legalmente
fixada.
Art. 5
o Compete ao Ministério da Cultura, por meio da Fundação Cultural Palmares, assistir e
acompanhar o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o INCRA nas ações de regularização
fundiária, para garantir a preservação da identidade cultural dos remanescentes das comunidades
dos quilombos, bem como para subsidiar os trabalhos técnicos quando houver contestação ao
procedimento de identificação e reconhecimento previsto neste Decreto.
Art. 6
o Fica assegurada aos remanescentes das comunidades dos quilombos a participação em
todas as fases do procedimento administrativo, diretamente ou por meio de representantes por
eles indicados.
Art. 7
o O INCRA, após concluir os trabalhos de campo de identificação, delimitação e
levantamento ocupacional e cartorial, publicará edital por duas vezes consecutivas no Diário
Oficial da União e no Diário Oficial da unidade federada onde se localiza a área sob estudo,
contendo as seguintes informações:
I - denominação do imóvel ocupado pelos remanescentes das comunidades dos quilombos;
II - circunscrição judiciária ou administrativa em que está situado o imóvel;
III - limites, confrontações e dimensão constantes do memorial descritivo das terras a serem
tituladas; e
IV - títulos, registros e matrículas eventualmente incidentes sobre as terras consideradas
suscetíveis de reconhecimento e demarcação.
§ 1
o A publicação do edital será afixada na sede da prefeitura municipal onde está situado o
imóvel.
§ 2
o O INCRA notificará os ocupantes e os confinantes da área delimitada.
Art. 8
o Após os trabalhos de identificação e delimitação, o INCRA remeterá o relatório técnico
aos órgãos e entidades abaixo relacionados, para, no prazo comum de trinta dias, opinar sobre as
matérias de suas respectivas competências:
I - Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional - IPHAN;
II - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;
III - Secretaria do Patrimônio da União, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
IV - Fundação Nacional do Índio - FUNAI;
V - Secretaria Executiva do Conselho de Defesa Nacional;
VI - Fundação Cultural Palmares.
Parágrafo único. Expirado o prazo e não havendo manifestação dos órgãos e entidades, dar-se-á
como tácita a concordância com o conteúdo do relatório técnico.
Art. 9
o Todos os interessados terão o prazo de noventa dias, após a publicação e notificações a
que se refere o art. 7o, para oferecer contestações ao relatório, juntando as provas pertinentes.
156
Parágrafo único. Não havendo impugnações ou sendo elas rejeitadas, o INCRA concluirá o
trabalho de titulação da terra ocupada pelos remanescentes das comunidades dos quilombos.
Art. 10. Quando as terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos
incidirem em terrenos de marinha, marginais de rios, ilhas e lagos, o INCRA e a Secretaria do
Patrimônio da União tomarão as medidas cabíveis para a expedição do título.
Art. 11. Quando as terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos
estiverem sobrepostas às unidades de conservação constituídas, às áreas de segurança nacional,
à faixa de fronteira e às terras indígenas, o INCRA, o IBAMA, a Secretaria-Executiva do
Conselho de Defesa Nacional, a FUNAI e a Fundação Cultural Palmares tomarão as medidas
cabíveis visando garantir a sustentabilidade destas comunidades, conciliando o interesse do
Estado.
Art. 12. Em sendo constatado que as terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos
quilombos incidem sobre terras de propriedade dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios, o INCRA encaminhará os autos para os entes responsáveis pela titulação.
Art. 13. Incidindo nos territórios ocupados por remanescentes das comunidades dos quilombos
título de domínio particular não invalidado por nulidade, prescrição ou comisso, e nem tornado
ineficaz por outros fundamentos, será realizada vistoria e avaliação do imóvel, objetivando a
adoção dos atos necessários à sua desapropriação, quando couber.
§ 1
o Para os fins deste Decreto, o INCRA estará autorizado a ingressar no imóvel de
propriedade particular, operando as publicações editalícias do art. 7o efeitos de comunicação
prévia.
§ 2
o O INCRA regulamentará as hipóteses suscetíveis de desapropriação, com obrigatória
disposição de prévio estudo sobre a autenticidade e legitimidade do título de propriedade,
mediante levantamento da cadeia dominial do imóvel até a sua origem.
Art. 14. Verificada a presença de ocupantes nas terras dos remanescentes das comunidades dos
quilombos, o INCRA acionará os dispositivos administrativos e legais para o reassentamento
das famílias de agricultores pertencentes à clientela da reforma agrária ou a indenização das
benfeitorias de boa-fé, quando couber.
Art. 15. Durante o processo de titulação, o INCRA garantirá a defesa dos interesses dos
remanescentes das comunidades dos quilombos nas questões surgidas em decorrência da
titulação das suas terras.
Art. 16. Após a expedição do título de reconhecimento de domínio, a Fundação Cultural
Palmares garantirá assistência jurídica, em todos os graus, aos remanescentes das comunidades
dos quilombos para defesa da posse contra esbulhos e turbações, para a proteção da integridade
territorial da área delimitada e sua utilização por terceiros, podendo firmar convênios com
outras entidades ou órgãos que prestem esta assistência.
Parágrafo único. A Fundação Cultural Palmares prestará assessoramento aos órgãos da
Defensoria Pública quando estes órgãos representarem em juízo os interesses dos remanescentes
das comunidades dos quilombos, nos termos do art. 134 da Constituição.
Art. 17. A titulação prevista neste Decreto será reconhecida e registrada mediante outorga de
título coletivo e pró-indiviso às comunidades a que se refere o art. 2o,caput, com obrigatória
inserção de cláusula de inalienabilidade, imprescritibilidade e de impenhorabilidade.
157
Parágrafo único. As comunidades serão representadas por suas associações legalmente
constituídas.
Art. 18. Os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos
quilombos, encontrados por ocasião do procedimento de identificação, devem ser comunicados
ao IPHAN.
Parágrafo único. A Fundação Cultural Palmares deverá instruir o processo para fins de registro
ou tombamento e zelar pelo acautelamento e preservação do patrimônio cultural brasileiro.
Art. 19. Fica instituído o Comitê Gestor para elaborar, no prazo de noventa dias, plano de
etnodesenvolvimento, destinado aos remanescentes das comunidades dos quilombos, integrado
por um representante de cada órgão a seguir indicado:
I - Casa Civil da Presidência da República;
II - Ministérios:
a) da Justiça;
b) da Educação;
c) do Trabalho e Emprego;
d) da Saúde;
e) do Planejamento, Orçamento e Gestão;
f) das Comunicações;
g) da Defesa;
h) da Integração Nacional;
i) da Cultura;
j) do Meio Ambiente;
k) do Desenvolvimento Agrário;
l) da Assistência Social;
m) do Esporte;
n) da Previdência Social;
o) do Turismo;
p) das Cidades;
III - do Gabinete do Ministro de Estado Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à
Fome;
IV - Secretarias Especiais da Presidência da República:
158
a) de Políticas de Promoção da Igualdade Racial;
b) de Aqüicultura e Pesca; e
c) dos Direitos Humanos.
§ 1
o O Comitê Gestor será coordenado pelo representante da Secretaria Especial de Políticas de
§ 2
o Os representantes do Comitê Gestor serão indicados pelos titulares dos órgãos referidos
nos incisos I a IV e designados pelo Secretário Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial.
§ 3
o A participação no Comitê Gestor será considerada prestação de serviço público relevante,
não remunerada.
Art. 20. Para os fins de política agrícola e agrária, os remanescentes das comunidades dos
quilombos receberão dos órgãos competentes tratamento preferencial, assistência técnica e
linhas especiais de financiamento, destinados à realização de suas atividades produtivas e de
infra-estrutura.
Art. 21. As disposições contidas neste Decreto incidem sobre os procedimentos administrativos
de reconhecimento em andamento, em qualquer fase em que se encontrem.
Parágrafo único. A Fundação Cultural Palmares e o INCRA estabelecerão regras de transição
para a transferência dos processos administrativos e judiciais anteriores à publicação deste
Decreto.
Art. 22. A expedição do título e o registro cadastral a ser procedido pelo INCRA far-se-ão sem
ônus de qualquer espécie, independentemente do tamanho da área.
Parágrafo único. O INCRA realizará o registro cadastral dos imóveis titulados em favor dos
remanescentes das comunidades dos quilombos em formulários específicos que respeitem suas
características econômicas e culturais.
Art. 23. As despesas decorrentes da aplicação das disposições contidas neste Decreto correrão à
conta das dotações orçamentárias consignadas na lei orçamentária anual para tal finalidade,
observados os limites de movimentação e empenho e de pagamento.
Art. 24. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 25. Revoga-se o Decreto no 3.912, de 10 de setembro de 2001.
Brasília, 20 de novembro de 2003; 182o da Independência e 115
o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Gilberto Gil
Miguel Soldatelli Rossetto
José Dirceu de Oliveira e Silva
159
N° 6.040/2007 (Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI,
alínea “a”, da Constituição,
DECRETA:
Art. 1
o Fica instituída a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais - PNPCT, na forma do Anexo a este Decreto.
Art. 2
o Compete à Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais - CNPCT, criada pelo Decreto de 13 de julho de 2006, coordenar a
implementação da Política Nacional para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais.
Art. 3
o Para os fins deste Decreto e do seu Anexo compreende-se por:
I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem
como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e
recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e
econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pelatradição;
II - Territórios Tradicionais: os espaços necessários a reprodução cultural, social e econômica
dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma permanente ou
temporária, observado, no que diz respeito aos povos indígenas e quilombolas, respectivamente,
o que dispõem os arts. 231 da Constituição e 68 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias e demais regulamentações; e
III - Desenvolvimento Sustentável: o uso equilibrado dos recursos naturais, voltado para a
melhoria da qualidade de vida da presente geração, garantindo as mesmas possibilidades para as
gerações futuras.
Art. 4
o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 7 de fevereiro de 2007; 186
o da Independência e 119
o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Patrus Ananias
Marina Silva
160
ANEXO
POLÍTICA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS
PRINCÍPIOS
Art. 1º As ações e atividades voltadas para o alcance dos objetivos da Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais deverão ocorrer de forma
intersetorial, integrada, coordenada, sistemática e observar os seguintes princípios:
I - o reconhecimento, a valorização e o respeito à diversidade socioambiental e cultural dos
povos e comunidades tradicionais, levando-se em conta, dentre outros aspectos, os recortes
etnia, raça, gênero, idade, religiosidade, ancestralidade, orientação sexual e atividades laborais,
entre outros, bem como a relação desses em cada comunidade ou povo, de modo a não
desrespeitar, subsumir ou negligenciar as diferenças dos mesmos grupos, comunidades ou povos
ou, ainda, instaurar ou reforçar qualquer relação de desigualdade;
II - a visibilidade dos povos e comunidades tradicionais deve se expressar por meio do pleno e
efetivo exercício da cidadania;
III - a segurança alimentar e nutricional como direito dos povos e comunidades tradicionais ao
acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem
comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares
promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural,
econômica e socialmente sustentáveis;
IV - o acesso em linguagem acessível à informação e ao conhecimento dos documentos
produzidos e utilizados no âmbito da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
Povos e Comunidades Tradicionais;
V - o desenvolvimento sustentável como promoção da melhoria da qualidade de vida dos povos
e comunidades tradicionais nas gerações atuais, garantindo as mesmas possibilidades para as
gerações futuras e respeitando os seus modos de vida e as suas tradições;
VI - a pluralidade socioambiental, econômica e cultural das comunidades e dos povos
tradicionais que interagem nos diferentes biomas e ecossistemas, sejam em áreas rurais ou
urbanas;
VII - a promoção da descentralização e transversalidade das ações e da ampla participação da
sociedade civil na elaboração, monitoramento e execução desta Política a ser implementada
pelas instâncias governamentais;
VIII - o reconhecimento e a consolidação dos direitos dos povos e comunidades tradicionais;
IX - a articulação com as demais políticas públicas relacionadas aos direitos dos Povos e
Comunidades Tradicionais nas diferentes esferas de governo;
X - a promoção dos meios necessários para a efetiva participação dos Povos e Comunidades
Tradicionais nas instâncias de controle social e nos processos decisórios relacionados aos seus
direitos e interesses;
XI - a articulação e integração com o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional;
161
XII - a contribuição para a formação de uma sensibilização coletiva por parte dos órgãos
públicos sobre a importância dos direitos humanos, econômicos, sociais, culturais, ambientais e
do controle social para a garantia dos direitos dos povos e comunidades tradicionais;
XIII - a erradicação de todas as formas de discriminação, incluindo o combate à intolerância
religiosa; e
XIV - a preservação dos direitos culturais, o exercício de práticas comunitárias, a memória
cultural e a identidade racial e étnica.
OBJETIVO GERAL
Art. 2
o A PNPCT tem como principal objetivo promover o desenvolvimento sustentável dos
Povos e Comunidades Tradicionais, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia
dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e
valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas instituições.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Art. 3
o São objetivos específicos da PNPCT:
I - garantir aos povos e comunidades tradicionais seus territórios, e o acesso aos recursos
naturais que tradicionalmente utilizam para sua reprodução física, cultural e econômica;
II - solucionar e/ou minimizar os conflitos gerados pela implantação de Unidades de
Conservação de Proteção Integral em territórios tradicionais e estimular a criação de Unidades
de Conservação de Uso Sustentável;
III - implantar infra-estrutura adequada às realidades sócio-culturais e demandas dos povos e
comunidades tradicionais;
IV - garantir os direitos dos povos e das comunidades tradicionais afetados direta ou
indiretamente por projetos, obras e empreendimentos;
V - garantir e valorizar as formas tradicionais de educação e fortalecer processos dialógicos
como contribuição ao desenvolvimento próprio de cada povo e comunidade, garantindo a
participação e controle social tanto nos processos de formação educativos formais quanto nos
não-formais;
VI - reconhecer, com celeridade, a auto-identificação dos povos e comunidades tradicionais, de
modo que possam ter acesso pleno aos seus direitos civis individuais e coletivos;
VII - garantir aos povos e comunidades tradicionais o acesso aos serviços de saúde de qualidade
e adequados às suas características sócio-culturais, suas necessidades e demandas, com ênfase
nas concepções e práticas da medicina tradicional;
VIII - garantir no sistema público previdenciário a adequação às especificidades dos povos e
comunidades tradicionais, no que diz respeito às suas atividades ocupacionais e religiosas e às
doenças decorrentes destas atividades;
162
IX - criar e implementar, urgentemente, uma política pública de saúde voltada aos povos e
comunidades tradicionais;
X - garantir o acesso às políticas públicas sociais e a participação de representantes dos povos e
comunidades tradicionais nas instâncias de controle social;
XI - garantir nos programas e ações de inclusão social recortes diferenciados voltados
especificamente para os povos e comunidades tradicionais;
XII - implementar e fortalecer programas e ações voltados às relações de gênero nos povos e
comunidades tradicionais, assegurando a visão e a participação feminina nas ações
governamentais, valorizando a importância histórica das mulheres e sua liderança ética e social;
XIII - garantir aos povos e comunidades tradicionais o acesso e a gestão facilitados aos recursos
financeiros provenientes dos diferentes órgãos de governo;
XIV - assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e coletivos concernentes aos povos e
comunidades tradicionais, sobretudo nas situações de conflito ou ameaça à sua integridade;
XV - reconhecer, proteger e promover os direitos dos povos e comunidades tradicionais sobre
os seus conhecimentos, práticas e usos tradicionais;
XVI - apoiar e garantir o processo de formalização institucional, quando necessário,
considerando as formas tradicionais de organização e representação locais; e
XVII - apoiar e garantir a inclusão produtiva com a promoção de tecnologias sustentáveis,
respeitando o sistema de organização social dos povos e comunidades tradicionais, valorizando
os recursos naturais locais e práticas, saberes e tecnologias tradicionais.
DOS INSTRUMENTOS DE IMPLEMENTAÇÃO
Art. 4
o São instrumentos de implementação da Política Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais:
I - os Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais;
II - a Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais, instituída pelo Decreto de 13 de julho de 2006;
III - os fóruns regionais e locais; e
IV - o Plano Plurianual.
DOS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS
Art. 5
o Os Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais têm
por objetivo fundamentar e orientar a implementação da PNPCT e consistem no conjunto das
ações de curto, médio e longo prazo, elaboradas com o fim de implementar, nas diferentes
esferas de governo, os princípios e os objetivos estabelecidos por esta Política:
I - os Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais poderão
ser estabelecidos com base em parâmetros ambientais, regionais, temáticos, étnico-socio-
163
culturais e deverão ser elaborados com a participação eqüitativa dos representantes de órgãos
governamentais e dos povos e comunidades tradicionais envolvidos;
II - a elaboração e implementação dos Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais poderá se dar por meio de fóruns especialmente criados para esta
finalidade ou de outros cuja composição, área de abrangência e finalidade sejam compatíveis
com o alcance dos objetivos desta Política; e
III - o estabelecimento de Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais não é limitado, desde que respeitada a atenção equiparada aos diversos segmentos
dos povos e comunidades tradicionais, de modo a não convergirem exclusivamente para um
tema, região, povo ou comunidade.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 6
o A Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais deverá, no âmbito de suas competências e no prazo máximo de noventa dias:
I - dar publicidade aos resultados das Oficinas Regionais que subsidiaram a construção da
PNPCT, realizadas no período de 13 a 23 de setembro de 2006;
II - estabelecer um Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável para os Povos e
Comunidades Tradicionais, o qual deverá ter como base os resultados das Oficinas Regionais
mencionados no inciso I; e
III - propor um Programa Multi-setorial destinado à implementação do Plano Nacional
mencionado no inciso II no âmbito do Plano Plurianual.
164
Nº 6.992/2009. Regulamenta a Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009, para dispor sobre a
regularização fundiária das áreas rurais situadas em terras da União, no âmbito da
Amazônia Legal, definida pela Lei Complementar nº 124, de 3 de janeiro de 2007, e dá
outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV,
da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009,
DECRETA:
Art. 1
o Este Decreto regulamenta a Lei n
o 11.952, de 25 de junho de 2009, para dispor sobre a
regularização fundiária das áreas rurais situadas em terras da União, no âmbito da Amazônia
Legal, definida pela Lei Complementar no 124, de 3 de janeiro de 2007.
Parágrafo único. Este Decreto aplica-se subsidiariamente a outras áreas não descritas no art. 3º
da Lei nº 11.952, de 2009, sob domínio da União na Amazônia Legal, que serão regularizadas
por meio dos instrumentos previstos na legislação patrimonial.
Art. 2
o Para ser beneficiário da regularização fundiária prevista no art. 1
o, o ocupante e seu
cônjuge ou companheiro deverão atender aos requisitos do art. 5º da Lei nº 11.952, de 2009.
Art. 3o A regularização fundiária de ocupações incidentes em terras públicas rurais da União
ocorrerá de acordo com o seguinte procedimento:
I - cadastramento das ocupações e identificação ocupacional por Município ou por gleba,
conforme procedimento a ser definido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário;
II - elaboração de memorial descritivo dos perímetros das ocupações, com a devida Anotação de
Responsabilidade Técnica - ART, por profissional habilitado e credenciado no Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, contendo as coordenadas dos vértices
definidores dos limites do imóvel rural, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro; e
III - formalização de processo administrativo previamente à titulação, instruído com os documentos
e peças técnicas descritos nos incisos I e II e aprovado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário,
a partir dos critérios previstos na Lei nº 11.952, de 2009, e nas demais normas aplicáveis a cada
caso.
§ 1
o O cadastramento será feito por meio de formulário de declaração preenchido e assinado pelo
requerente, acompanhado de fotocópia de sua Carteira de Identidade e do Cadastro de Pessoas
Físicas, além de outros documentos a serem definidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.
§ 2
o O formulário de declaração deverá conter informações sobre os dados pessoais do
ocupante e do cônjuge ou companheiro, área e localização do imóvel, tempo de ocupação direta
ou de seus antecessores, atividade econômica desenvolvida no imóvel e complementar,
existência de conflito agrário ou fundiário e outras informações a serem definidas pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário.
§ 3
o O cadastramento das ocupações não implicará reconhecimento de qualquer direito real
sobre a área.
165
§ 4o As peças técnicas apresentadas pelo ocupante serão recepcionadas, analisadas e, caso
atendam aos requisitos normativos, validadas.
§ 5
o O profissional habilitado a elaborar o memorial descritivo, nos termos do art. 9º da Lei nº
11.952, de 2009, é aquele credenciado junto ao INCRA para a execução de serviços de
agrimensura necessários à implementação do CNIR - Cadastro Nacional de Imóveis Rurais, e
demais serviços que objetivem a elaboração de memoriais descritivos destinados à composição
da malha fundiária nacional com finalidade de registro imobiliário, conforme ato normativo
específico.
§ 6
o O memorial descritivo elaborado pelo profissional habilitado de que trata o § 5
o será
submetido ao INCRA para validação.
§ 7
o Os serviços técnicos e os atos administrativos previstos neste artigo poderão ser praticados
em parceria com os Estados e Municípios.
Art. 4
o Identificada a existência de disputas em relação aos limites das ocupações, o órgão
executor buscará acordo entre os ocupantes, observado o disposto noart. 8º da Lei nº 11.952, de
2009.
§ 1o Alcançado o acordo, os ocupantes assinarão declaração escrita concordando com os limites
a serem demarcados.
§ 2
o Não havendo acordo entre os ocupantes em disputa, a regularização das ocupações em
conflito será suspensa para decisão administrativa do órgão executor da regularização fundiária,
nos termos de procedimento a ser definido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Art. 5
o Não será obrigatória a vistoria prévia à regularização dos imóveis de até quatro módulos
fiscais, nos termos do art. 13 da Lei nº 11.952, de 2009, salvo nos casos em que:
I - o ocupante tenha sido autuado:
a) por infrações ambientais junto ao órgão ambiental competente;
b) por manter em sua propriedade trabalhadores em condições análogas às de escravo;
II - o cadastramento previsto no art. 3o tenha sido realizado por meio de procuração;
III - houver conflito declarado no ato de cadastramento previsto no art. 3o ou registrado junto a
Ouvidoria Agrária do Ministério do Desenvolvimento Agrário;
IV - outras razões estabelecidas em ato do Ministério do Desenvolvimento Agrário, ouvido o
comitê referido no art. 35 da Lei nº 11.952, de 2009.
Art. 6o Para áreas de até quatro módulos fiscais, os requisitos previstos no art. 5º da Lei nº
11.952, de 2009, serão verificados por meio das seguintes declarações do requerente e de seu
cônjuge ou companheiro, sob as penas da lei:
I - de que não são proprietários de outro imóvel rural em qualquer parte do território nacional e
não foram beneficiários de programa de reforma agrária ou de regularização fundiária rural;
166
II - de que exercem ocupação e exploração direta, mansa e pacífica, por si ou por seus
antecessores, anterior a 1o de dezembro de 2004;
III - de que praticam cultura efetiva;
IV - de que não exercem cargo ou emprego público no INCRA, no Ministério do
Desenvolvimento Agrário, na Secretaria de Patrimônio da União do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, ou nos órgãos estaduais de terras.
Art. 7
o A regularização fundiária de ocupações incidentes em terras públicas rurais da União
com área superior a quatro e até o limite de quinze módulos fiscais, não superior a mil e
quinhentos hectares, obedecerá aos seguintes requisitos:
I - declaração firmada pelo requerente e seu cônjuge ou companheiro, sob as penas da lei, de
que preenchem os requisitos previstos nos incisos I e IV do art. 6o;
II - elaboração de laudo de vistoria da ocupação, subscrita por profissional regularmente
habilitado do Poder Executivo Federal ou por outro profissional habilitado em razão de
convênio, acordo ou instrumento similar firmado com órgão ou entidade da administração
pública da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios; e
III - apresentação de documentos, a serem definidos pelo Ministério do Desenvolvimento
Agrário, que comprovem o exercício de ocupação e exploração direta, mansa e pacífica, por si
ou por seus antecessores, anterior a 1o de dezembro de 2004.
Parágrafo único. Na impossibilidade de apresentação dos documentos a que se refere o inciso
III, a verificação poderá ocorrer por meio de laudo de vistoria.
Art. 8
o As áreas ocupadas insuscetíveis de regularização por excederem os limites previstos
no § 1o do art. 6
o da Lei n
o 11.952, de 2009, poderão ser objeto de titulação parcial, de área de
até quinze módulos fiscais, observado o limite máximo de mil e quinhentos hectares.
§ 1
o A opção pela titulação, nos termos do caput, será condicionada à desocupação da área
excedente.
§ 2
o Ao valor do imóvel serão acrescidos os custos relativos à execução dos serviços
topográficos, se executados pelo poder público.
Art. 9
o Caso o requerente exerça cargo ou emprego público não referido no art. 5
o, § 1
o, da Lei
no 11.952, de 2009, deverá apresentar declaração de que atende aos requisitos previstos
nos incisos II, III e IV do art. 3o da Lei n
o 11.326, de 24 de julho de 2006.
Art. 10. O Ministério do Desenvolvimento Agrário definirá as glebas a serem regularizadas
após consulta à Secretaria do Patrimônio da União, à Fundação Nacional do Índio - FUNAI, ao
Serviço Florestal Brasileiro, ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade -
Instituto Chico Mendes e aos órgãos ambientais estaduais.
§ 1
o O Ministério do Desenvolvimento Agrário notificará os órgãos mencionados no caput,
encaminhando arquivo eletrônico contendo a identificação do perímetro da gleba, apurado nos
termos do art. 3o, inciso II, deste Decreto.
167
§ 2o Os órgãos consultados poderão se manifestar sobre eventual interesse na área, no prazo
máximo de trinta dias, importando o silêncio na ausência de oposição à regularização.
§ 3
o A manifestação dos órgãos deverá demonstrar a existência de interesse ou vínculo da área
a ser regularizada com o desenvolvimento de suas atribuições, observadas suas respectivas
competências.
§ 4
o Havendo oposição dos órgãos previstos no caput e persistindo o interesse do Ministério do
Desenvolvimento Agrário na regularização fundiária da gleba, caberá ao Grupo Executivo
Intergovernamental, previsto no Decreto de 27 de abril de 2009, dirimir o conflito em torno da
regularização.
§ 5
o O Conselho de Defesa Nacional deverá ser consultado quando a regularização versar sobre
áreas localizadas em faixa de fronteira, podendo fixar critérios e condições de utilização e
opinar sobre o seu efetivo uso, no prazo de trinta dias.
Art. 11. Caso a gleba a ser regularizada abranja terrenos de marinha, marginais ou reservados,
seus acrescidos ou outras áreas insuscetíveis de alienação não demarcadas, caberá à Secretaria
do Patrimônio da União delimitar a faixa da gleba que não será suscetível à alienação.
Art. 12. Para delimitação da faixa prevista no art. 11, a Secretaria do Patrimônio da União
instituirá comissão composta por servidores dela integrantes.
§ 1
o Poderão ser convidados para participar da comissão prevista no caput, representantes do
Ministério do Desenvolvimento Agrário e de outros órgãos públicos envolvidos no processo de
regularização fundiária.
§ 2
o A faixa prevista no art. 11 será definida em cada uma das glebas e se estenderá até o limite
de quinze metros, para as áreas localizadas em terrenos marginais, e trinta e três metros, para as
áreas localizadas em terrenos de marinha, a partir da linha das cheias dos rios federais ou da
linha de preamar máxima, conforme o caso.
§ 3
o Para definição da faixa prevista no § 2
o, deverão ser desconsiderados os aterros e
acrescidos.
§ 4
o A delimitação prevista no caput será elaborada a partir da planta e memorial descritivo
georreferenciado da gleba a ser regularizada, que serão encaminhados à comissão de que trata
o caput pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Art. 13. A regularização das ocupações inseridas, total ou parcialmente, na faixa prevista no art.
11 será efetivada pela Secretaria do Patrimônio da União, por meio da outorga de título de
concessão de direito real de uso, nos termos da legislação específica.
§ 1
o O Ministério do Desenvolvimento Agrário disponibilizará à Secretaria do Patrimônio da
União os dados cadastrais dos ocupantes e geoespaciais das ocupações, visando subsidiar a
expedição dos contratos de concessão de direito real de uso.
§ 2
o Fica a Secretaria do Patrimônio da União autorizada a outorgar a concessão de direito real
de uso de que trata o art. 4o, § 1
o, da Lei n
o 11.952, de 2009.
168
§ 3o A Secretaria de Patrimônio da União deverá estabelecer normas complementares sobre os
requisitos e condições para a outorga da concessão de direito real de uso, de que trata o art. 4º, §
1º, da Lei nº 11.952, de 2009.
Art. 14. Os títulos de domínio e de concessão de direito real de uso serão expedidos:
I - em nome da mulher e do homem, obrigatoriamente, quando casados ou convivendo em
regime de união estável;
II - em nome dos conviventes, havendo união homoafetiva; e
III - preferencialmente em nome da mulher, nos demais casos.
Art. 15. O título de domínio ou o termo de concessão de direito real de uso deverão conter
cláusulas sob condição resolutiva pelo prazo de dez anos, que determinem:
I - o aproveitamento racional e adequado da área;
II - a averbação da reserva legal, incluída a possibilidade de compensação na forma da
legislação ambiental;
III - a identificação das áreas de preservação permanente e, quando couber, o compromisso para
sua recuperação na forma da legislação vigente;
IV - a observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
V - as condições e forma de pagamento; e
VI - a recuperação ambiental de áreas degradadas, localizadas na reserva legal e nas áreas de
preservação permanente, observadas as normas técnicas definidas pelo Ministério do Meio
Ambiente.
§ 1
o O aproveitamento racional e adequado da área será aferido em conformidade com o art. 9
o,
§ 1o, da Lei n
o 8.629, de 25 de fevereiro de 1993.
§ 2
o Quando se tratar da hipótese prevista no § 6
o do art. 16 da Lei n
o 4.771, de 15 de setembro
de 1965, a averbação de reserva legal deverá informar o percentual relativo ao cômputo de áreas
de preservação permanente no cálculo da reserva legal.
§ 3
o As áreas de preservação permanente e de reserva legal deverão ser indicadas pelo
beneficiário junto a sistema eletrônico de identificação georreferenciada da propriedade rural,
para fins de controle e monitoramento.
§ 4
o Na hipótese de pagamento por prazo superior a dez anos, a eficácia da cláusula resolutiva
prevista no inciso V do caput estender-se-á até a integral quitação.
§ 5
o Verificado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário ou, se for o caso, pela Secretaria
do Patrimônio da União, durante o prazo estabelecido no caput, o não cumprimento dos incisos
I a VII, o ocupante será notificado para adequação junto ao órgão competente, quando cabível.
169
§ 6o Quando a violação de cláusula resolutiva for identificada por outro órgão ou entidade, o
Ministério do Desenvolvimento Agrário ou a Secretaria do Patrimônio da União, quando for o
caso, deverão ser informados para que seja instaurado procedimento administrativo destinado à
declaração de reversão do imóvel ao patrimônio da União.
§ 7
o O descumprimento das condições resolutivas pelo titulado ou, na hipótese prevista pelo §
4o do art. 15 da lei n
o 11.952, de 2009, pelo terceiro adquirente implicará rescisão do título de
domínio ou do termo de concessão de direito real de uso, com a conseqüente reversão da área
em favor da União, declarada em processo administrativo, assegurada a ampla defesa e o
contraditório.
§ 8
o Na hipótese de reversão da área ocupada, o Ministério do Desenvolvimento Agrário
notificará a Secretaria do Patrimônio da União e o INCRA para sua incorporação.
Art. 16. O desmatamento que vier a ser considerado irregular em áreas de preservação
permanente ou de reserva legal durante a vigência das cláusulas resolutivas, após processo
administrativo, em que tiver sido assegurada a ampla defesa e o contraditório, implica rescisão
do título de domínio ou termo de concessão com a conseqüente reversão da área em favor da
União.
§ 1
o O processo administrativo para apuração de desmatamento irregular em áreas de
preservação permanente ou de reserva legal tramitará no órgão ambiental competente, que, após
conclusão, comunicará o fato ao Ministério do Meio Ambiente e este representará ao Ministério
do Desenvolvimento Agrário para adotar as medidas de que trata o § 7o do art. 15, que não terá
por objeto a existência da infração ambiental.
§ 2
o A regularidade ambiental do imóvel, para fins de cumprimento das cláusulas resolutivas,
será atestada por meio de certidão expedida pelos órgãos ambientais competentes.
§ 3
o O Ministério do Desenvolvimento Agrário poderá celebrar acordos de cooperação com os
órgãos de meio ambiente, visando estabelecer mecanismos de comunicação de infrações
ambientais.
Art. 17. Os títulos concedidos nos termos deste Decreto serão inalienáveis pelo prazo de dez
anos, decorridos da titulação, ressalvado o caso das áreas superiores a quatro módulos fiscais,
que poderão ser transferidos a terceiros, decorridos três anos da titulação, desde que o
beneficiário originário esteja cumprindo as cláusulas resolutivas, a transferência seja aprovada
pelo órgão expedidor do título e o terceiro interessado preencha os seguintes requisitos:
I - ser brasileiro nato ou naturalizado;
II - sendo proprietário rural, a soma das áreas de sua titularidade com a área a ser adquirida não
poderá ultrapassar o limite de quinze módulos fiscais, observado, ainda, o limite máximo de mil
e quinhentos hectares;
III - não estar inadimplente com programa de reforma agrária ou de regularização fundiária de
área rural; e
IV - não exercer cargo ou emprego público no INCRA, no Ministério do Desenvolvimento
Agrário, na Secretaria de Patrimônio da União ou nos órgãos estaduais de terras.
170
§ 1o O terceiro que preencha os requisitos previstos no caput terá direito à aquisição, desde que
observadas as seguintes condições:
I - quitação total do valor do imóvel;
II - apresentação, pelo beneficiário, de laudo formulado por profissional habilitado, com a
devida ART, conclusivo quanto à adimplência das demais cláusulas resolutivas, válido por um ano;
III - averbação da reserva legal; e
IV - vistoria administrativa, a critério do Ministério do Desenvolvimento Agrário ou da
Secretaria de Patrimônio da União.
§ 2
o As transferências dos títulos ocorridas antes da liberação das condições resolutivas serão
precedidas de anuência dos órgãos expedidores, na forma no § 1o.
§ 3
o Durante o período em que os títulos forem intransferíveis, os imóveis não poderão ser
objeto de nenhum direito real de garantia, salvo nas operações de crédito rural.
§ 4
o O terceiro adquirente sucede o titulado em todas as obrigações contidas no título pelo
restante do prazo previsto para a liberação das cláusulas resolutivas contidas no art. 15.
§ 5
o O beneficiário que transferir ou negociar por qualquer meio o título obtido nos termos
da Lei no 11.952, de 2009, não poderá ser beneficiado novamente em programas de reforma
agrária ou de regularização fundiária.
Art. 18. Serão gratuitas a alienação e a concessão de direito real de uso de áreas de até um
módulo fiscal, desde que observados os demais requisitos previstos neste Decreto.
Art. 19. A fixação do valor a ser cobrado pela alienação ou concessão de direito real de uso terá
como referência o valor mínimo da terra nua, estabelecido na planilha referencial de preços
editada pelo INCRA.
§ 1
o Para fins deste artigo, serão aplicados índices de adequação de preço sobre o valor de
referência, a serem definidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário ou pela Secretaria de
Patrimônio da União, no exercício da respectiva competência, segundo os seguintes critérios:
I - para ancianidade, será considerada a data da ocupação originária;
II - para especificidades regionais, serão considerados a localização e acesso de cada imóvel em
relação à sede do Município ou Distrito mais próximo; e
III - para dimensão da área, será considerada a sua quantificação em número de módulos
fiscais.
§ 2
o Os índices a que se refere o § 1
o poderão ser diferenciados para os imóveis acima de um e
até quatro módulos fiscais.
171
§ 3o A concessão de direito real de uso onerosa terá seu preço fixado em, no máximo, sessenta
por cento e, no mínimo, quarenta por cento do valor da terra nua estabelecido na planilha
prevista no caput.
Art. 20. O valor do imóvel será pago pelo beneficiário da regularização fundiária em prestações
anuais, amortizáveis em até vinte anos, com carência de até três anos.
§ 1
o O pagamento deverá ser feito mediante guia de recolhimento da União ou outro instrumento
decorrente de convênio ou contrato firmado com instituições financeiras.
§ 2
o Sobre o valor fixado incidirão os mesmos encargos financeiros adotados para o crédito
rural oficial, bem como os respectivos bônus de adimplência, na forma definida pelo Ministério
do Desenvolvimento Agrário e pela Secretaria de Patrimônio da União, no exercício de suas
competências, respeitadas as diferenças referentes ao enquadramento dos beneficiários nas
linhas de crédito disponíveis por ocasião da fixação do valor do imóvel.
Art. 21. No caso de pagamento à vista, o beneficiário da regularização receberá desconto de
vinte por cento sobre o valor do imóvel, nos termos do art. 17, § 2o, da Lei n
o 11.952, de 2009.
Art. 22. No caso de inadimplemento de contrato, termo de concessão de uso ou de licença de
ocupação, firmados com o INCRA até 10 de fevereiro de 2009, o ocupante, desde que seja o
titular do imóvel, terá prazo de três anos, contados a partir de 11 de fevereiro de 2009, para
adimplir o contrato no que foi descumprido ou renegociá-lo, sob pena de ser retomada a área
ocupada.
§ 1
o O ocupante que figurar como titular do contrato referido no caput, que tenha cumprido as
cláusulas contratuais e cujo contrato originário tenha sido expedido há mais de dez anos, será
liberado das condições resolutivas ou, se for o caso, receberá o título de domínio sem condição
resolutiva.
§ 2
o No caso de inadimplemento por falta de pagamento, o ocupante originário deverá pagar o
valor devido, observados os seguintes critérios:
I - no caso de ter sido efetuado o pagamento de uma ou mais parcelas, sem quitação das demais,
será calculada a porcentagem da área paga em relação à área total alienada, a fim de se calcular
a área remanescente a ser paga conforme previsto no art. 19;
II - no caso de não ter sido paga nenhuma parcela, considerar-se-á o débito de cem por cento em
relação à área total concedida, calculado conforme previsto no art. 19.
§ 3
o Quando não houver valor estipulado nos contratos firmados com o INCRA, a fixação do
atual valor de mercado do imóvel se dará conforme dispõem os arts. 19 e 20.
§ 4
o O saldo devedor poderá ser pago de forma parcelada, observado o prazo de três anos
contados a partir de 11 de fevereiro de 2009, de maneira que a última parcela não seja posterior
a 11 de fevereiro de 2012.
Art. 23. Na ocorrência de ação judicial, que verse sobre os contratos referidos no art. 22, caput,
a regularização estará condicionada à prévia transação judicial entre as partes, desde que não
172
contrarie o interesse público, devendo cada parte arcar com seus honorários e custas
processuais.
Art. 24. No caso de títulos emitidos pelo INCRA, entre maio de 2008 e fevereiro de 2009, seus
valores serão passíveis de enquadramento ao previsto nos arts. 19 e 20, desde que requerido
pelo interessado no prazo de um ano a partir da data de publicação deste Decreto.
§ 1
o Nos casos de títulos emitidos em áreas de até um módulo fiscal, o beneficiário poderá
requerer a gratuidade no prazo de um ano a partir da data de publicação deste Decreto.
§ 2
o Até que seja deferido o enquadramento, o requerente deverá continuar efetuando o
pagamento na forma estipulada originariamente no contrato.
Art. 25. Os acordos de cooperação técnica, convênios e outros instrumentos congêneres a serem
firmados entre a União, Estados e Municípios poderão ter como objeto as atividades de
geomensura, cadastramento, titulação, entre outras ações necessárias à implementação da
regularização fundiária na Amazônia Legal.
Art. 26. Os direitos decorrentes de título de domínio ou termo de concessão de direito real de
uso expedido após 11 de fevereiro de 2009 somente poderão ser cedidos após expirado o prazo
de dez anos previsto no art. 15 da Lei no 11.952, de 2009, ressalvada a hipótese do § 4
o do
mesmo artigo.
Art. 27. São nulas todas as cessões de direitos a terceiros que envolvam contratos firmados
entre o INCRA e o ocupante, efetivadas em desacordo com os prazos e restrições previstos nos
respectivos instrumentos.
§ 1
o A cessão de direitos mencionada no caput servirá somente para fins de comprovação da
ocupação atual do imóvel pelo terceiro cessionário.
§ 2
o O terceiro cessionário mencionado no § 1
o somente poderá regularizar a área ocupada nos
termos da Lei no 11.952, de 2009.
§ 3
o Os imóveis que não puderem ser regularizados na forma da Lei n
o 11.952, de 2009, serão
revertidos total ou parcialmente ao patrimônio da União.
Art. 28. O disposto neste Decreto não se aplica às alienações ou concessões de direito real de
uso precedidas de processo licitatório ocorrido após a edição da Lei no 11.952, de 2009.
Art. 29. O sistema informatizado de que trata o art. 34 da Lei n
o 11.952, de 2009, que permitirá
o acompanhamento das ações de regularização fundiária, da lista dos posseiros cadastrados, dos
dados geoespaciais dos imóveis a serem regularizados e de outras informações relevantes ao
programa, estará disponível na rede mundial de computadores, no endereço
portal.mda.gov.br/terralegal.
Parágrafo único. A regulamentação acerca do conjunto de informações constantes do sistema
informatizado será feita pelo comitê referido no art. 35 da Lei no11.952, de 2009.
Art. 30. A regularização de áreas ocupadas por comunidades de remanescentes de quilombos
será efetuada com base em norma específica.
173
Art. 31. O título “SERVIÇOS COMUNS” do Anexo II do Decreto no 3.555, de 8 de agosto de
2000, passa a vigorar acrescido do seguinte item:
“38. Serviços topográficos” (NR)
Art. 32. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 28 de outubro de 2009; 188o da Independência e 121
o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Paulo Bernardo Silva
Guilherme Cassel
174
D) DECRETO ESTADUAL
DECRETO Nº 11.850 DE 23 DE NOVEMBRO DE 2009
Institui a Política Estadual para Comunidades Remanescentes de Quilombos e dispõe
sobre a identificação, delimitação e titulação das terras devolutas do Estado da Bahia por
essas comunidades, de que tratam o art. 51 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias da Constituição do Estado da Bahia de 1989.
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 105,
V, da Constituição do Estado da Bahia, e de acordo com o art. 51 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição do Estado da Bahia e art. 68 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição da República Federativa do Brasil,
considerando que o Estado da Bahia possui o maior contingente de comunidades certificadas
pela Fundação Cultural Palmares ? FCP, para as quais se faz necessária a instituição de políticas
públicas que se constituam em um processo de reparação pela dívida histórica do Estado para
com essas comunidades negras na diáspora;
considerando que o aludido art. 51 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição do
Estado da Bahia é norma constitucional que atribui direito e garantia fundamental, portanto
dotado de natureza auto-aplicável;
considerando que cabe ao Estado garantir a melhoria das condições de vida dessas
comunidades, através do diálogo baseado no respeito aos seus processos organizativos e às suas
práticas comunitárias, ou seja, às suas identidades e diversidades;
considerando que as ações a serem viabilizadas devam se pautar pela interação entre os
conhecimentos técnico-científicos e os conhecimentos tradicionais e comunitários, de modo a
garantir o empoderamento e a sustentabilidade das comunidades de forma coletiva e solidária,
D E C R E T A
Art. 1º - Fica instituída, nos termos deste Decreto, a Política Estadual para Comunidades
Remanescentes de Quilombos no Estado da Bahia, desenvolvida a partir de um conjunto de
ações e atividades intersetoriais sistemáticas, articuladas entre os órgãos da Administração
Direta e Indireta.
Art. 2º - A Política Estadual para Comunidades Remanescentes de Quilombos tem por objetivo
geral reconhecer, promover e proteger os direitos das comunidades, respeitando suas
identidades, formas de organização e instituições.
Art. 3º - São objetivos específicos da Política Estadual para Comunidades Remanescentes de Quilombos:
I -promover, com fundamento no Decreto Federal nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, o
acesso às políticas públicas sociais e de infra-estrutura, tendo em vista a sustentabilidade social,
econômica, cultural e ambiental das comunidades;
II -apoiar os processos de fortalecimento institucional, valorizando as formas de organização,
conhecimentos e práticas historicamente construídas nas comunidades;
III realizar a discriminação administrativa para identificação, delimitação e titulação das terras
devolutas estaduais ocupadas por Comunidades Remanescentes de Quilombos, que estejam
sendo por eles requeridas.
Art. 4º - Consideram-se Comunidades Remanescentes de Quilombos, para os fins deste Decreto,
os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto atribuição, com trajetória histórica própria,
dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada
175
com a resistência à opressão histórica sofrida, nos termos do Decreto Federal nº 4.887, de 20 de
novembro de 2003.
Parágrafo único - Serão objeto da Política Estadual para Comunidades Remanescentes de
Quilombos, aquelas reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares do Ministério da Cultura,
nos termos do Decreto Federal nº 4.887, de 20 de novembro de 2003.
Art. 5º - A Política Estadual para Comunidades Remanescentes de Quilombos será
implementada com base nos seguintes instrumentos:
I - os Planos de Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental Sustentáveis, consideradas as
especificidades das Comunidades Remanescentes de Quilombos;
II -o procedimento de discriminatória administrativa rural;
III - o Plano Plurianual - PPA.
Art. 6º - São terras devolutas ocupadas por Comunidades Remanescentes de Quilombos as
terras estaduais não destacadas do patrimônio público, desde que utilizadas para a garantia de
sua reprodução física, social, econômica e cultural, sobre as quais incidirá procedimento com
vistas à transferência da propriedade definitiva, a título gratuito.
Art. 7º - A transferência da propriedade definitiva será feita às Comunidades Remanescentes de
Quilombos que as ocupam, após o procedimento de discriminatória administrativa rural para
identificação, delimitação e titulação das terras devolutas do Estado da Bahia, na forma que a
Lei dispuser.
§ 1º - O procedimento de discriminatória administrativa rural, conforme a Lei Federal nº
6.383/76 e a Lei Estadual nº 3.038, de 10 de outubro de 1972, caberá à Secretaria da
Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, através da Coordenação de
Desenvolvimento Agrário - CDA.
§ 2º - O procedimento de discriminatória administrativa rural será iniciado de ofício pela CDA
ou por requerimento de associação interessada dirigido à Secretaria de Promoção da Igualdade -
SEPROMI.
§ 3º - Para o cumprimento da atribuição a que se refere o caput deste artigo, a SEAGRI poderá
estabelecer convênios, contratos, acordos e instrumentos similares com órgãos da administração
pública federal, estadual, municipal, do Distrito Federal, organizações não-governamentais e
entidades privadas, observada a legislação pertinente.
§ 4º - Será garantido às Comunidades Remanescentes de Quilombos o acompanhamento do procedimento de discriminatória administrativa rural.
§ 5º - As Comunidades Remanescentes de Quilombos serão representadas por suas associações
legalmente constituídas.
Art. 8º - A transferência da propriedade será reconhecida e registrada no Cartório de Imóveis
competente, em favor da associação representativa da comunidade respectiva a que se refere o
art. 4º, caput, deste Decreto, com obrigatória inserção das cláusulas de indivisibilidade,
intransferibilidade e inalienabilidade, na forma que a Lei dispuser.
CAPÍTULO I
DA IDENTIFICAÇÃO E DELIMITAÇÃO DAS TERRAS ESTADUAIS DEVOLUTAS
OCUPADAS POR COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS
CAPÍTULO II
DOS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL, ECONÔMICO E AMBIENTAL
SUSTENTÁVEIS DAS COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS
176
Art. 9º - Os Planos de Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental Sustentáveis para
Comunidades Remanescentes de Quilombos têm por objetivo nortear a implementação da
Política Estadual de que trata este Decreto, devendo contemplar programas, projetos e ações,
com definição de metas, recursos e responsabilidades dos órgãos públicos envolvidos na sua
execução.
Art. 10 - A dimensão da cultura imaterial, conforme definida pela política cultural do Estado,
deverá ser um dos pilares da construção dos Planos que levarão em conta os seguintes eixos,
transversalizados pelas dimensões racial, de gênero e geração:
I - qualidade de vida: educação, meio ambiente e educação ambiental, saúde, saneamento
básico, segurança alimentar, esporte e lazer, energia elétrica, infra-estrutura de estradas e meios
de transporte e habitação;
II - geração de renda com sustentabilidade ambiental: utilização da terra, infra-estrutura
produtiva, trabalho e geração de renda, assistência técnica, qualificação profissional e gerencial;
III - equidade de gênero, racial e geracional: ações voltadas para as mulheres, juventude e
idosos e enfrentamento à violência contra as mulheres;
IV - fortalecimento e empoderamento das comunidades: história, memória e cultura,
documentação e assistência social, acesso às tecnologias adaptadas, com enfoque em produção,
informação e comunicação;
V - participação e controle social: acompanhamento e monitoramento dos Planos.
Art. 11 - Os Planos poderão ser referidos a uma comunidade remanescente de quilombos ou a
um conjunto de comunidades no mesmo território, entendido este enquanto espaço necessário
para a garantia de áreas de moradia, da reprodução econômica, social e cultural, bem como dos
recursos ambientais necessários à preservação dos costumes, tradições, cultura e lazer.
Parágrafo único - Os Programas e ações específicos de cada comunidade remanescente de
quilombo serão definidos em reuniões públicas, estando garantida a sua participação em todas
as etapas de implementação.
Art. 12 - Os Planos de que trata a Política Estadual para Comunidades Remanescentes de Quilombos serão desenvolvidos e executados por um Grupo Intersetorial composto por:
I -01 (um) representante da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial;
Redação de acordo com o Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.
Redação original: "I - 01 (um) representante da Secretaria de Promoção da Igualdade;"
II -01 (um) representante da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura;
Redação de acordo com o Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.
Redação original: "II - 03 (três) representantes da Secretaria da Agricultura, Irrigação e
Reforma Agrária;"
III -01 (um) representante da Secretaria do Meio Ambiente;
IV -01 (um) representante da Secretaria da Saúde;
V -02 (dois) representantes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano;
Redação de acordo com o Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.
Redação original: "V - 03 (três) representantes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano;"
VI -01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Rural;
177
Redação de acordo com o Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.
Redação original: "V I - 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento e
Integração Regional;"
VII -01 (um) representante da Secretaria da Educação;
VIII -01 (um) representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação;
IX -01 (um) representante da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte;
X -01 (um) representante da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social;
Redação de acordo com o Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.
Redação original: "X - 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Social e
Combate à Pobreza; e"
XI -02 (dois) representantes da Secretaria de Cultura;
Redação de acordo com o Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.
Redação original: "XI - 01 (um) representante da Secretaria de Cultura."
XII -01 (um) representante da Secretaria de Relações Institucionais;
XIII -01 (um) representante da Secretaria de Infraestrutura;
XIV -01 (um) representante da Secretaria de Planejamento;
XV -01 (um) representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres;
XVI -01 (um) representante da Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento;
XVII -01 (um ) representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico;
XVIII -01 (um) representante da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão
Rural - BAHIATER;
XIX -01 (um) representante da Coordenação de Desenvolvimento Agrário - CDA;
XX -01 (um) representante da Companhia de Desenvolvimento a Ação Regional - CAR.
Incisos XII a XX acrescidos ao art. 12 pelo Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.
Parágrafo único - Os membros do Grupo Intersetorial de que trata o caput deste artigo serão
indicados, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, a partir da publicação deste Decreto, pelos
respectivos Secretários e nomeados pelo Governador do Estado.
Art. 13 - Caberá à SEPROMI:
I - a coordenação do Grupo Intersetorial responsável pela elaboração dos Planos de
Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental Sustentáveis; e
II - o monitoramento da execução de programas federais para Comunidades Remanescentes de Quilombos, no âmbito do Governo do Estado.
Art. 14 - O Grupo Intersetorial previsto no art. 12 deste Decreto apresentará, à Secretaria de
Promoção da Igualdade, as ações contempladas no Plano Plurianual - PPA para os Territórios de
Identidade onde se localizem Comunidades Remanescentes de Quilombos, com indicativo dos
recursos comprometidos ou que possam vir a ser assegurados por fontes externas.
CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS
178
Parágrafo único - A apresentação das ações de que trata o caput deste artigo será feita num
prazo de até 90 (noventa) dias, contados a partir da nomeação dos representantes que compõem
o Grupo Intersetorial previsto no art. 12 deste Decreto.
Art. 15 - A Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, através da
Coordenação de Desenvolvimento Agrário ? CDA, apresentará ao Chefe do Poder Executivo
instrumentos legais que se fizerem necessários ao aperfeiçoamento da legislação estadual no que
se refere às Comunidades Remanescentes de Quilombos.
Art. 16 - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação.
Art. 17 - Revogam-se as disposições em contrário.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 23 de novembro de 2009.
JAQUES WAGNER
Governador
Eva Maria Cella Dal Chiavon
Secretária da Casa Civil
Luíza Helena de Bairros
Secretária de Promoção da Igualdade
Roberto de Oliveira Muniz
Secretário da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária
Edmon Lopes Lucas
Secretário de Desenvolvimento e Integração Regional
Jorge José Santos Pereira Solla
Secretário da Saúde
Osvaldo Barreto Filho
Secretário da Educação
Nilton Vasconcelos Júnior
Secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte Juliano Sousa Matos
Secretário do Meio Ambiente
Afonso Bandeira Florence
Secretário de Desenvolvimento Urbano Valmir Carlos da Assunção
Secretário de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza
Eduardo Lacerda Ramos
Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação
179
DECRETO Nº 13.247 DE 30 DE AGOSTO DE 2011. Dispõe sobre a Comissão Estadual
para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais - CESPCT.
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 105,
inciso V, da Constituição Estadual, e à vista do disposto no Decreto Federal nº 6.040, de 07 de
fevereiro de 2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais,
D E C R E T A
Art. 1º - A Comissão Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais -
CESPCT é instância deliberativa, com a finalidade de coordenar a elaboração e implementação
da Política e do Plano Estadual de Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais no
Estado da Bahia.
Parágrafo único - Para fins deste Decreto, compreende-se por:
I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados, tais como povos
indígenas, povos ciganos, povos de terreiro, comunidades quilombolas, geraizeiros,
marisqueiras, comunidades de fundos e fechos de pasto, pescadores artesanais, extrativistas que
ocupam ou reivindicam seus territórios tradicionais, de forma permanente ou temporária, tendo
como referência sua ancestralidade e reconhecendo-se a partir de seu pertencimento baseado na
identidade étnica e na autodefinição, que conservam suas próprias instituições sociais,
econômicas, culturais e políticas, línguas específicas e relação coletiva com o meio ambiente,
que são determinantes na preservação e manutenção de seu patrimônio material e imaterial,
através da sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando práticas,
inovações e conhecimentos gerados e transmitidos pela tradição;
Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
Redação original: " I - Povos e Comunidades Tradicionais: aqueles que ocupam ou reivindicam
seus Territórios Tradicionais, de forma permanente ou temporária, tendo como referência sua
ancestralidade e reconhecendo-se a partir de seu pertencimento baseado na identidade étnica e
na auto-definição, e que conservam suas próprias instituições sociais, econômicas, culturais e
políticas, línguas específicas e relação coletiva com o meio ambiente que são determinantes na
preservação e manutenção de seu patrimônio material e imaterial, através da sua reprodução
cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando práticas, inovações e conhecimentos
gerados e transmitidos pela tradição;"
II - territórios tradicionalmente ocupados: os espaços necessários à vivência de práticas
comunitárias e ancestrais e à reprodução cultural, social e econômica dos Povos e Comunidades
Tradicionais, sejam eles utilizados de forma permanente ou temporária, que estejam ou tenham
estado na posse desses Povos e Comunidades.
Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
Redação original: " II - Territórios Tradicionais: os espaços necessários á reprodução cultural,
social e economia dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma
permanente ou temporária, observando, no que diz respeito aos Povos Indígenas e Quilombolas,
respectivamente, o que dispõem os arts. 231 da Constituição Federal e 68 do seu Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias e demis regulamentações."
Art. 2º - A CESPCT deverá, no exercício das competências previstas no art. 3º deste Decreto:
180
I - considerar as especificidades sociais, econômicas, culturais e ambientais, nas quais se
encontram inseridos os povos e comunidades tradicionais, a que se destinam a Política e o Plano
Estadual de que trata o art. 1º deste Decreto;
II - apoiar a elaboração de políticas específicas para os povos e comunidades tradicionais;
III - privilegiar a participação da sociedade civil.
Art. 3º - À CESPCT compete:
I - propor princípios e diretrizes para elaboração de políticas estaduais relevantes, bem como de
políticas específicas para a sustentabilidade dos povos e comunidades tradicionais, observadas
as competências dos órgãos e entidades envolvidos;
II - propor plano para a articulação, execução e consolidação de políticas relevantes para a
sustentabilidade de povos e comunidades tradicionais, estimulando a descentralização da
execução destas ações e a participação da sociedade civil, com especial atenção ao atendimento
das situações que exijam providências especiais ou de caráter emergencial;
III - construir, de forma articulada, todas as etapas dos Planos (diagnóstico, planejamento e
execução), mediante diálogo permanente com as comunidades, respeitando os seus processos e
práticas, suas identidades e diversidade, mantendo interação entre conhecimentos e priorizando
práticas coletivas e solidárias;
IV - identificar a necessidade e propor a criação ou modificação de instrumentos necessários à
implementação e monitoramento de políticas relevantes para a sustentabilidade dos povos e
comunidades tradicionais;
V - identificar, propor e estimular ações de capacitação de recursos humanos, fortalecimento
institucional e sensibilização, voltados tanto para o Poder Público quanto para a sociedade civil,
visando à sustentabilidade dos povos e comunidades tradicionais;
VI - promover, em articulação com órgãos, entidades e colegiados envolvidos, debates públicos
sobre os temas relacionados à formulação e execução de políticas voltadas para a
sustentabilidade dos povos e comunidades tradicionais.
VII - coordenar a implementação da Política Estadual para o Desenvolvimento Sustentável de
Povos e Comunidades Tradicionais;
Inciso VII acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
VIII - articular, junto as demais Secretarias e órgãos afins, a publicização dos resultados das
oficinas e fóruns locais e regionais que apresentarem propostas que devam integrar o Plano;
Inciso VIII acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
IX - articular, junto as demais Secretarias e órgãos afins, a elaboração das propostas para os
Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, que
consolidarão as propostas locais e regionais, conforme regulamento;
Inciso IX acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
X - articular, junto as Secretarias e órgãos afins, a proposição de programas multissetoriais,
destinados à implementação da Política Estadual para o Desenvolvimento Sustentável dos
181
Povos e Comunidades Tradicionais - PEDSPCT e dos Planos de Desenvolvimento Sustentável
dos Povos e Comunidades Tradicionais, no âmbito do Plano Plurianual, em conformidade com
as necessidades dos Povos e Comunidades Tradicionais.
Inciso X acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
Parágrafo único - O resultado do exercício das competências de que trata este artigo deverá ser
encaminhado ao Chefe do Poder Executivo, no prazo máximo de 12 (doze) meses, a partir da
data de publicação deste Decreto.
Art. 4º - A CESPCT possui a seguinte organização:
I - Pleno;
II - Presidência;
III - Secretaria Executiva;
IV- Câmaras Técnicas;
V - Grupos de Trabalhos.
§ 1º - As Câmaras Técnicas serão compostas por representantes, na forma indicada no inciso III
do art. 9º deste Decreto, que serão designados por Portaria do Secretário de Promoção da
Igualdade Racial, observadas as competências do Grupo Intersetorial para Comunidades
Remanescentes de Quilombos, previstas no Decreto Estadual nº 11.850, de 23 de novembro de
2009, e do Conselho Estadual dos Direitos dos Povos Indígenas do Estado da Bahia, previstas
na Lei Estadual nº 11.897, de 16 de março de 2010.
§ 2º - Os Grupos de Trabalho serão constituídos para atender demandas emergenciais e
específicas, terão duração pré-determinada, cronograma de trabalho específico e composição
definida pela Presidência.
Art. 5º - O Pleno terá a seguinte formação:
I - Poder Executivo, sendo:
a) o Secretário de Promoção da Igualdade Racial, que o presidirá;
b) 01 (um) representante da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social;
Redação de acordo com o Decreto nº 16.305 , de 28 de agosto de 2015.
Redação original: "b) 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Social e
Combate à Pobreza;"
c) 01 (um) representante da Secretaria de Relações Institucionais;
d) 01 (um) representante da Secretaria do Meio Ambiente;
e) 01 (um) representante da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária;
f) 01 (um) representante da Secretaria de Cultura;
g) 01 (um) representante da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte;
h) 01 (um) representante da Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento;
182
Redação de acordo com o Decreto nº 16.305, de 28 de agosto de 2015.
Redação original: "h) 01 (um) representante da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos
Humanos;"
i) 01 (um) representante da Secretaria da Saúde;
j) 01 (um) representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação;
k) 01 (um) representante da Secretaria da Educação;
l) 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Urbano;
m) 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Rural;
Redação de acordo com o Decreto nº 16.305, de 28 de agosto de 2015.
Redação original: "m) 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento e Integração
Regional;"
n) 01 (uma) representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres;
o) 01 (um) representante do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
p) 01 (um) representante da Secretaria do Planejamento;
Alinea "p" acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
q) 01 (um) representante da Secretaria de Infra-Estrutura;
Alinea "q" acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
r) 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico;
Redação de acordo com o Decreto nº 16.305, de 28 de agosto de 2015.
Redação anterior de acordo com o art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014
que acresceu esta alínea ao inciso I do art. 5º: "r) 01 (um) representante da Secretaria da
Indústria, Comércio e Mineração."
II -18 (dezoito) representantes da sociedade civil, oriundos de entidades representativas de
Povos e Comunidades Tradicionais no Estado da Bahia.
Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
Redação original: " II - 15 (quinze) representantes da sociedade civil, oriundos de entidades
representativas de Povos e Comunidades Tradicionais no Estado da Bahia."
Parágrafo único - Os representantes do Poder Executivo, constantes neste artigo, serão indicados
ao Presidente da CESPCT pelos Titulares dos respectivos órgãos e nomeados pelo Governador
do Estado.
Art. 6º - Os 18 (dezoito) representantes da sociedade civil comporão o Pleno da Comissão
Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais, com base na seguinte
proporção:
Redação de acordo com o art. 1 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
Redação original: " Art. 6º - Os 15 (quinze) representantes da sociedade civil comporão o Pleno
183
da Comissão Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais, com base
na seguinte proporção:"
I -03 (três) representantes dos Povos Indígenas;
Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro
Redação original: " I - 03 (três) representantes das Comunidades Indígenas;"
de 2014.
II - 03 (três) representantes dos Povos de Terreiros;
Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
Redação original: " II - 03 (três) representantes de Comunidades de Terreiros de Matriz
Africana;"
III - 01 (um) representante dos Povos Ciganos;
Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro
Redação original: " III - 01 (um) representante de Comunidades de Povos Ciganos;"
de 2014.
IV - 03 (três) representantes de Comunidades Remanescentes de Quilombos;
V - 02 (dois) representantes de Comunidades de Fundos de Pasto;
Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
Redação original: " V - 02 (dois) representantes de Comunidades de Fundos e Fechos de Pasto;"
VI - 02 (dois) representantes de Comunidades de Pescadores e Marisqueiras;
Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
Redação original: " VI - 01 (um) representante de Comunidades de Pescadores e Marisqueiras;"
VII - 01 (um) representante de Comunidades Extrativistas;
VIII - 01 (um) representante de Comunidades de Gerazeiros.
IX - 02 (dois) representantes de Comunidades de Fechos de Pasto.
Inciso IX acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.
§ 1º - Independentemente da proporção estabelecida no artigo anterior, a primeira CESPCT será
formada por todos os representantes dos Povos e Comunidades Tradicionais escolhidos no
Seminário Estadual de Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais da Bahia,
realizado no período de 09 a 11 de dezembro de 2009.
§ 2º - Os representantes da sociedade civil, constantes neste artigo, serão eleitos em seminário
estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais no Estado da Bahia, com base na proporção
estabelecida no caput deste artigo, e nomeados pelo Governador do Estado.
§ 3º - Até o quinto dia após a publicação deste Decreto, serão publicados os atos de nomeação
dos titulares e seus suplentes, representantes da Administração Pública e representantes e
suplentes dos Povos e Comunidades Tradicionais.
§ 4º - As regras sobre processo de escolha, mandato, reeleição e recondução dos representantes
da sociedade civil serão definidas em Regimento Interno da CESPCT e publicadas mediante ato
da Presidência.
184
Art. 7º - Caberá à Secretaria de Promoção da Igualdade Racial as funções de Secretaria
Executiva da CESPCT.
Art. 8º - Os membros poderão sugerir ao Presidente da CESPCT a convocação de representantes
de órgãos governamentais de outras esferas, não governamentais e pessoas de notório saber,
para participarem das reuniões, sem direito a voto.
Art. 9º - Compete ao Pleno:
I - elaborar e aprovar o Regimento Interno da CESPCT;
II - deliberar sobre o resultado dos trabalhos das Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho;
III - indicar os representantes das Secretarias e das entidades da sociedade civil para a
composição das Câmaras Técnicas referidas no inciso IV do art. 4º desteDecreto.
IV - aprovar, na primeira reunião que realize, o calendário anual dos encontros mensais da
Comissão, bem assim controlar a frequência dos seus membros para a substituição dos ausentes
por seus suplentes, conforme definição prevista no Regimento Interno da CESPCT.
§ 1º - O Regimento Interno da CESPCT será aprovado por maioria absoluta de seus membros,
no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data de publicação deste Decreto, e deverá ser
publicado mediante Portaria do Secretário de Promoção da Igualdade Racial.
§ 2º - As deliberações do Pleno dar-se-ão, preferencialmente, por consenso ou por maioria
simples de votos.
Art. 10 - Compete à Presidência:
I - encaminhar ao Chefe do Poder Executivo os documentos de que trata o parágrafo único do
art. 3º deste Decreto;
II - constituir, caso necessário, Grupos de Trabalhos temáticos auxiliares para o desempenho das
competências de que trata o art. 3º deste Decreto, designando seus membros por Portaria.
Art. 11 - Compete à Secretaria Executiva:
I - assessorar o Pleno no exercício das competências de que trata o art. 3º deste Decreto,
executando as suas deliberações;
II - assessorar o Pleno e a Presidência na organização dos processos administrativos para o seu
amplo funcionamento;
III - executar outras atividades delegadas pelo Pleno e pela Presidência;
IV- adotar as providências necessárias para a concretização das reuniões da Comissão, em
especial os procedimentos administrativos para o custeio das despesas de alimentação e
hospedagem dos representantes da sociedade civil, para o local dos encontros e atividades da
Comissão.
Parágrafo único - A competência da Secretaria Executiva dar-se-á sem prejuízo da titularidade
de acompanhamento e execução das políticas e programas em andamento, referentes às ações
específicas dos demais órgãos e entidades estaduais.
Art. 12 - Compete às Câmaras Técnicas e aos Grupos de Trabalho:
185
I - assessorar o Pleno no exercício das competências de que trata o art. 3º deste Decreto,
observadas as especificidades das demandas dos povos e comunidades tradicionais;
II - propor estudos, reuniões e seminários referentes às áreas temáticas e especificidades dos
povos e comunidades por elas abrangidos;
III - propor ao Pleno sugestões para a elaboração de políticas estaduais relevantes, bem como de
políticas específicas para a sustentabilidade dos povos e comunidades tradicionais;
IV - propor ao Pleno sugestões para a elaboração do plano para a articulação, execução e
consolidação de políticas relevantes para a sustentabilidade de povos e comunidades
tradicionais.
Art. 13 - A participação na CESPCT é considerada de relevante interesse público no exercício
de cargo honorífico e não enseja qualquer tipo de remuneração, exceto a indenização por
despesas realizadas e comprovadas para o comparecimento às reuniões e atividades previamente
aprovadas pelo Pleno dos representantes da sociedade civil.
Parágrafo único - A CESPCT preservará plenamente a autonomia e a identidade dos órgãos
integrantes e não estabelecerá qualquer relação de hierarquia entre eles.
Art. 14 - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 15 - Fica revogado o Decreto nº 12.433 , de 22 de outubro de 2010.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 30 de agosto de 2011.
JAQUES WAGNER
Governador
Eva Maria Cella Dal Chiavon
Secretária da Casa Civil
Elias de Oliveira Sampaio
Secretário de Promoção da Igualdade Racial
Eugênio Spengler
Secretário do Meio Ambiente
Nilton Vasconcelos Júnior
Secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte
Eduardo Seixas de Salles
Secretário da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária
Antônio Albino Canelas Rubim
Secretário de Cultura
Paulo Cézar Lisboa Cerqueira
186
Secretário de Relações Institucionais
Osvaldo Barreto Filho
Secretário da Educação
Cícero de Carvalho Monteiro
Secretário de Desenvolvimento Urbano
Almiro Sena Soares Filho
Secretário da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos
Paulo Francisco de Carvalho Câmera
Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação
Vera Lúcia da Cruz Barbosa
Secretária de Políticas para as Mulheres
Jorge José Santos Pereira Solla
Secretário da Saúde
Wilson Alves de Brito Filho
Secretário de Desenvolvimento e Integração Regional
Carlos Alberto Lopes Brasileiro
Secretário de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza
187
DECRETO Nº 13.914 DE 12 DE ABRIL DE 2012
Altera o Regulamento de Terras Públicas do Estado da Bahia, aprovado pelo Decreto no
23.401, de 13 de abril de 1973, e dá outras providências.
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso da atribuição que lhe confere o inciso V
do art. 105 da Constituição Estadual e com fundamento na Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de
1975,
D E C R E T A
Art. 1º - O Regulamento de Terras Públicas do Estado da Bahia, aprovado pelo Decreto nº
23.401, de 13 de abril de 1973, e alterado pelo Decreto nº 25.109, de 24 de janeiro de 1976,
passa a vigorar acrescido do seguinte dispositivo:
"Art. 22-A - Na doação de terras devolutas, será admitida a declaração do requerente e de seu
cônjuge ou companheiro, se houver, sob as penas da lei, de que não são proprietários de outro
imóvel rural em qualquer parte do território nacional, a fim de atender ao requisito do art. 3º, I,
da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975."
Art. 2º - Na regularização fundiária por doação de áreas de até 50 (cinquenta) hectares cujos
processos tenham sido concluídos pela Coordenação de Desenvolvimento Agrário da Secretaria
da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura - CDA/SEAGRI até
30 de novembro de 2011, os demais requisitos previstos no art. 3º da Lei nº 3.442, de 12 de
dezembro de 1975, serão verificados por meio das seguintes declarações do requerente, sob as
penas da lei:
Redação de acordo com o Decreto nº 14.708 , de 12 de agosto de 2013.
Redação original: "Art. 2º - Para áreas de até 50 (cinquenta) hectares, não localizadas em
zonas costeiras, nem no Território de Identidade do Extremo Sul do Estado, cujos processos
de doação tenham sido concluídos pela Coordenação de Desenvolvimento Agrário da
Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - CDA/SEAGRI até 30 de novembro
de 2011, os demais requisitos previstos no art. 3º da Lei no 3.442, de 12 de dezembro de 1975,
serão verificados por meio das seguintes declarações do requerente, sob as penas da lei: "
I - de que exerce ocupação, com moradia, e exploração direta, mansa e pacífica, por mais de 05
(cinco) anos;
II - de que pratica cultura efetiva, relacionando aquelas permanentes ou temporárias, bem como
as espécies e quantidades de criações.
Parágrafo único - Excluem-se da regra prevista no caput deste artigo as áreas localizadas em
faixa litorânea de 10 (dez) km demarcados na direção do continente, a partir da linha preamar
média 2002, e as áreas com metragem superior a 20 (vinte) hectares localizadas no Território de
Identidade do Extremo Sul do Estado.
Parágrafo único acrescido ao art. 2º pelo Decreto nº 14.708 , de 12 de agosto de 2013.
Art. 2-A - A Coordenação de Desenvolvimento Agrário da SEAGRI e a Procuradoria Geral do
Estado estabelecerão procedimentos com a finalidade de otimizar a regularização fundiária, pela
modalidade de doação, de áreas de até 50 (cinquenta) hectares, não localizadas na faixa
litorânea a que se refere o parágrafo único do artigo 2º deste Decreto, podendo ser proferido
188
parecer com caráter sistêmico, a fim de subsidiar a dispensa de manifestação do órgão jurídico,
nos termos do art. 88, IV, alíneas "r" e "s", do Decreto no 11.738 de 30 de setembro de 2009.
Art. 2º-A pelo Decreto nº 14.708 , de 12 de agosto de 2013.
Art. 3º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 12 de abril de 2012.
JAQUES WAGNER
Governador
Rui Costa
Secretário da Casa Civil
Eduardo Seixas de Salles
Secretário da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária
189
E) PORTARIA
PORTARIA Nº 98, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2007.
O Presidente da Fundação Cultural Palmares, no uso das atribuições que lhe confere o
art. 1º da Lei nº 7.688, de 22 de agosto de 1988, e considerando as atribuições conferidas à
Fundação pelo Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, que regulamenta o procedimento
para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por
remanescentes das comunidades de quilombo de que trata o art. 68/ADCT, e o disposto nos arts.
215 e 216 da Constituição Federal, resolve:
Art. 1° - Instituir o Cadastro Geral de Remanescentes das Comunidades dos Quilombos da
Fundação Cultural Palmares, também autodenominadas Terras de Preto, Comunidades Negras,
Mocambos, Quilombos, dentre outras denominações congêneres, para efeito do regulamento
que dispõe o Decreto nº 4.887/03. `
PAR` 1º O Cadastro Geral de que trata o caput deste artigo é o registro em livro próprio, de
folhas numeradas, da declaração de autodefinição de identidade étnica, segundo uma origem
comum presumida, conforme previsto no art. 2º do Decreto nº 4.887/03.
`PAR` 2º O Cadastro Geral é único e pertencerá ao patrimônio da Fundação Cultural Palmares.
`PAR` 3º As informações correspondentes às comunidades deverão ser igualmente registradas
em banco de dados informatizados, para efeito de informação e estudo.
Art. 2° Para fins desta Portaria, consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos
os grupos étnicos raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria,
dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada
com formas de resistência à opressão histórica sofrida.
Art. 3° Para a emissão da certidão de autodefinição como remanescente dos quilombos deverão
ser adotados os seguintes procedimentos:
I - A comunidade que não possui associação legalmente constituída deverá apresentar ata de
reunião convocada para específica finalidade de deliberação a respeito da autodefinição,
aprovada pela maioria de seus moradores, acompanhada de lista de presença devidamente
assinada;
II - A comunidade que possui associação legalmente constituída deverá apresentar ata da
assembléia convocada para específica finalidade de deliberação a respeito da autodefinição,
190
aprovada pela maioria absoluta de seus membros, acompanhada de lista de presença
devidamente assinada;
III- Remessa à FCP, caso a comunidade os possua, de dados, documentos ou informações, tais
como fotos, reportagens, estudos realizados, entre outros, que atestem a história comum do
grupo ou suas manifestações culturais;
IV - Em qualquer caso, apresentação de relato sintético da trajetória comum do grupo (história
da comunidade); V - Solicitação ao Presidente da FCP de emissão da certidão de autodefinição.
`PAR` 1º. Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, havendo impossibilidade de
assinatura de próprio punho, esta será feita a rogo ao lado da respectiva impressão digital.
`PAR` 2º A Fundação Cultural Palmares poderá, dependendo do caso concreto, realizar visita
técnica à comunidade no intuito de obter informações e esclarecer possíveis dúvidas. Art. 4º As
comunidades quilombolas poderão auxiliar a Fundação Cultural Palmares na obtenção de
documentos e informações para instruir o procedimento administrativo de emissão de certidão
de autodefinição.
Art. 5º A Certidão de autodefinição será impressa em modelo próprio e deverá conter o número
do termo de registro no livro de Cadastro Geral de que trata o Art. 1º desta Portaria. Parágrafo
Único - A Fundação Cultural Palmares encaminhará à comunidade, sem qualquer ônus, os
originais da Certidão de autodefinição.
Art. 6º As certidões de autodefinição emitidas anteriormente a esta portaria continuarão com sua
plena eficácia sem prejuízo de a Fundação Cultural Palmares revisar seus atos.
Art. 7º Fica revogada a Portaria n.º 06, de 1º de março de 2004.
Art. 8º Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se a todos os processos
administrativos ainda não concluídos.
Edvaldo Mendes Araújo.
191
PORTARIA SEPROMI Nº 007, DE 31 DE MARÇO DE 2014.
Institui o Cadastro das Comunidades de Fundos de Pasto e Fechos de Pasto do Estado da Bahia.
O SECRETÁRIO DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL DO ESTADO DA BAHIA,
no uso de suas atribuições legais e atendendo ao disposto no art. 2°, § 3°, da Lei n°. 12.910, de
11 de outubro de 2013, que “Dispõe sobre a regularização fundiária de terras públicas estaduais,
rurais e devolutas, ocupadas tradicionalmente por Comunidades Remanescentes de Quilombos e
por Fundos de Pasto ou Fechos de Pasto e dá outras providências”, RESOLVE:
Art. 1º. Para os fins da Lei n° 12.910/13, fica instituído o Cadastro das Comunidades de Fundos
de Pasto e Fechos de Pasto do Estado da Bahia composto pelos registros relativos à certificação
de reconhecimento dessas comunidades, nos termos da referida lei e da presente Portaria.
Parágrafo único. No âmbito da SEPROMI, compete à Coordenação de Políticas para as
Comunidades Tradicionais - CPCT a execução dos procedimentos de que trata esta Portaria.
Art. 2°. São consideradas comunidades tradicionais de Fundos de Pastos e Fechos de Pastos os
grupos que ocupam suas terras tradicionalmente, de forma coletiva, com vistas à manutenção de
sua reprodução física, social e cultural, segundo critérios de autodefinição, e em que sejam
observadas, simultaneamente, as seguintes características:
I - uso comunitário da terra, podendo estar aliado ao uso individual para subsistência;
II - produção animal, produção agrícola de base familiar, policultura alimentar de subsistência,
para consumo ou comercialização, ou extrativismo de baixo impacto;
III - cultura própria, parentesco, compadrio ou solidariedade comunitária associada à
preservação de tradições e práticas sociais;
IV - uso adequado dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, segundo
práticas tradicionais;
V - localização nos biomas caatinga e cerrado, bem como nas transições caatinga/cerrado.
Art. 3º. O Cadastro das Comunidades de Fundos de Pasto e Fechos de Pasto do Estado da Bahia,
de que trata a presente Portaria, é o registro numerado, em livro próprio, em folhas também
numeradas, das declarações de autodefinição das comunidades de fundos e fechos de pasto do
Estado da Bahia.
Art. 4º. A certidão de reconhecimento das Comunidades de Fundos de Pasto e Fechos de Pasto,
que é condição para celebração do contrato de Concessão de Direito Real de Uso (CDRU)
192
destas comunidades em terras públicas estaduais, rurais e devolutas, será requerida à SEPROMI,
segundo critérios de autodefinição, mediante apresentação dos seguintes documentos:
I - Ata de fundação e Ata de eleição e posse da atual diretoria da associação comunitária
legalmente constituída;
II - Ata de reunião específica, convocada pela associação comunitária, com a finalidade de
deliberação a respeito da autodefinição da comunidade, aprovada pela maioria de seus
moradores;
III - Lista de presença à reunião referida no inciso anterior, devidamente assinada pelos
presentes, contendo os números das carteiras de identidade;
IV - Relato sintético da história da comunidade;
V - Formulário de caracterização da comunidade, indicação da área ocupada e, quando couber,
relato de situações de conflito fundiário;
VI - Declaração de autodefinição da comunidade enquanto Fundos de Pasto ou Fecho de Pasto;
VII - Outros documentos, caso a comunidade os possua, tais como fotografias, reportagens, e
estudos realizados, que atestem a história comum do grupo ou suas manifestações culturais.
VIII - Requerimento de emissão de certidão de reconhecimento dirigido ao Secretário de
Promoção da Igualdade Racial.
§1º. A comunidade que não possuir associação legalmente constituída deverá apresentar Ata de
reunião convocada com a específica finalidade de deliberação a respeito da autodefinição,
aprovada pela maioria de seus moradores, acompanhada de lista de presença devidamente
assinada. §2º. A abertura de processo poderá ser solicitada por Correio ou mediante a entrega da
documentação no Setor de Protocolo da SEPROMI, dentro do prazo a que se refere o artigo 3º,
§2º, da Lei nº 12.910/13.
Art. 5°. Para a emissão da certidão de reconhecimento de que trata o artigo 4°, no que se refere
às Comunidades de Fundos de Pasto e Fechos de Pasto com processo de regularização fundiária
em curso na Coordenação de Desenvolvimento Agrário da Secretaria da Agricultura, Pecuária,
Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura (SEAGRI/CDA), em área cujo perímetro esteja
georreferenciado e vistoriado, bastará declaração assinada pelo Coordenador Executivo do
Órgão, a ser encaminhada à SEPROMI, na qual se informará o nome da associação interessada,
o número do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ perante a Receita Federal do Brasil,
193
o Município, a área coletiva objeto de regularização, e cópia do respectivo requerimento de
regularização fundiária.
Art. 6º. O Secretário de Promoção da Igualdade Racial, em face do processo administrativo
regularmente instruído com a documentação de que trata o art. 4° da presente Portaria
acompanhada de parecer técnico conclusivo, emitirá a certidão de reconhecimento de
comunidade de Fundos de Pasto ou Fechos de Pasto, e a fará publicar no Diário Oficial do
Estado, no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da data de protocolo do requerimento.
§1º. Da certidão de reconhecimento constará o nome da comunidade, o município, o número do
termo de registro no livro de Cadastro Geral e a data de expedição.
§ 2º. A SEPROMI encaminhará à comunidade, sem qualquer ônus, os originais da certidão de
reconhecimento.
§ 3º. Das certidões de reconhecimento das comunidades de Fundos de Pasto e Fechos de Pasto
emitidas será dada ciência à SEAGRI/CDA, à Comissão Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais e à Comissão Estadual para a
Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais do Estado da Bahia.
§4º. A SEPROMI poderá, dependendo do caso, realizar visita técnica à comunidade no intuito
de obter informações e esclarecer possíveis dúvidas.
Art. 7º. As informações dos processos administrativos de certificação das Comunidades de
Fundos de Pasto e Fechos de Pasto serão organizadas em sistema informatizado intersetorial e
integrado, desenvolvido e mantido pela SEPROMI, a que se refere o artigo 9°, inciso II, da Lei
n° 12.910/2013, e serão consideradas para efeito de informação, regularização fundiária e
atendimento por políticas públicas. Parágrafo único. No sistema serão inseridas informações
relacionadas à regularização fundiária, CDRU, aspectos ambientais e conflitos fundiários.
Art. 8º. A SEPROMI publicará mapeamento das comunidades de Fundos de Pasto e Fechos de
Pasto. §1º. Para o cumprimento do disposto no caput, a SEPROMI poderá firmar convênios,
acordos de cooperação, ajustes ou outros instrumentos congêneres com órgãos e entidades da
Administração Pública Federal, Estadual ou Municipal e entidades privadas, na forma da
legislação vigente.
Art. 9º. A SEPROMI encaminhará ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural - IPAC, à
Fundação Cultural Palmares - FCP e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –
IPHAN as informações relativas ao patrimônio cultural, material e imaterial das comunidades
de Fundos de Pasto e Fechos de Pasto, para as providências legais pertinentes, conforme o caso.
194
Art. 10. Para compor o processo de requerimento da certidão de reconhecimento de que trata o
artigo 4°, a SEPROMI disponibilizará, de forma impressa e em meio eletrônico, os seguintes
documentos:
I - Formulário de caracterização de comunidade de Fundo de Pasto ou Fecho de Pasto, indicação
da área ocupada e, quando couber, relato de situações de conflito fundiário;
II - Modelo de Declaração de autodefinição da comunidade que possui associação regularmente
constituída, enquanto Fundo de Pasto ou Fecho de Pasto;
III - Modelo de Declaração de autodefinição da comunidade que não possui associação
regularmente constituída, enquanto Fundo de Pasto ou Fecho de Pasto;
IV – Formulário de requisição de certificação de comunidade de Fundo de Pasto ou Fecho de
Pasto que possui associação regularmente constituída, dirigido ao Secretário de Promoção da
Igualdade Racial do Estado da Bahia;
V – Formulário de requisição de certificação de comunidade de Fundo de Pasto ou Fecho de
Pasto que não possui associação regularmente constituída, dirigido ao Secretário de Promoção
da Igualdade Racial do Estado da Bahia.
Art. 11. A SEPROMI suprirá as omissões supervenientes, após ouvir os órgãos pertinentes.
Art. 12. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
ELIAS DE OLIVEIRA SAMPAIO
Secretário de Promoção da Igualdade Racial
195
Instrução Normativa Conjunta SEAGRI/PGE Nº 1 DE 18/07/2012
Dispõe sobre os procedimentos para a regularização fundiária de terras devolutas do Estado
da Bahia e dá outras providências.
O Secretário de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária e o Procurador Geral do Estado, no
uso da atribuição que lhes confere o art. 109, inciso III, da Constituição Estadual e tendo em
vista o disposto na legislação de terras do Estado da Bahia,
Resolvem
1. A presente Instrução estabelece as normas e condições que regem a transferência e a
utilização de áreas localizadas em terras devolutas do Estado da Bahia, administradas pela
Coordenação de Desenvolvimento Agrário - CDA, órgão vinculado à Secretaria Estadual de
Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, e destinadas ao benefício de pequenos
produtores rurais ou de empreendimentos agropastoris ou florestais a serem implantados ou
ampliados.
2. O regime estabelecido para a aquisição de lotes de que trata o item 1 desta Instrução
Normativa rege-se pelos seguintes princípios gerais:
a) fomentar a ocupação territorial do Estado;
b) estimular o desenvolvimento e ordenamento agrícola;
c) estimular o desenvolvimento local de forma sustentada e ordenada;
d) reconhecer a função social da posse, valorizando o trabalho do ocupante;
e) apoiar iniciativas rurais e florestais, capazes de gerar emprego e renda.
3. Os interessados na aquisição de áreas localizadas em terras devolutas devem dirigir
requerimento a CDA, utilizando formulário-modelo constante do Anexo I desta Instrução.
A CDA poderá promover encontros nas comunidades rurais, inclusive com participação das
respectivas Prefeituras dos Municípios, entidades legais representativas de trabalhadores e/ou
empresários rurais, e outros órgãos federais, estaduais e/ou municipais envolvidos com a
titulação de terras para divulgar os diversos programas de regularização fundiária e elaborar
atividades para sua execução.
196
4. O requerimento de que trata o item 3 desta Instrução deverá estar acompanhado dos seguintes
documentos:
Na hipótese de doação:
a) cópia da cédula de identidade e do Cadastro de Pessoas Física (CPF) do Interessado e do seu
cônjuge ou companheiro, se for o caso;
b) cópia da certidão de casamento e, se viúvo, da certidão de óbito do cônjuge;
c) quaisquer documentos que sirvam à prova indireta de posse, tais como escrituras ou recibos
de compra e venda, contas de consumo, declarações de Imposto Territorial Rural, cartão de
vacinação de animais emitidos por órgãos públicos, testemunhos assinados por vizinhos etc.;
d) declaração do interessado e de seu cônjuge ou companheiro, se houver, sob as penas da lei,
de que não são proprietários de outro imóvel rural em qualquer parte do território nacional;
e) Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) perante o Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária - INCRA ou Comprovante de Entrega de Declaração para Cadastro de
Imóveis Rurais - CE;
f) certidão negativa de débitos perante a Fazenda Estadual.
Na hipótese de alienação simples, todos aqueles documentos arrolados no item 4.1. desta
Instrução, excetuando-se a declaração indicada na alínea "d"; e, se o Interessado for pessoa
jurídica, mais estes outros:
a) certidão de atividade da empresa emitida pela Junta Comercial do Estado de origem, ato
constitutivo e alterações posteriores;
b) cópia da cédula de identidade e do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) dos sócios, e, se for o
caso, também do procurador, acompanhada de procuração;
c) declaração firmada de ausência de impedimento dos sócios para o exercício de atividade
mercantil;
d) comprovação do registro do investidor estrangeiro junto ao Banco Central, no caso de
empresa com sócio no exterior;
e) balanços analíticos com respectivos Demonstrativos de Resultados dos três últimos exercícios
e último balancete, também com Demonstrativo de Resultados, que tenham servido de base à
elaboração de projeto, devidamente assinados pelo representante legal da empresa e por
contador com selo (DHP) do Conselho Regional de Contabilidade;
f) certidões de regularidade fiscal das Fazendas Públicas Federal, Municipal e Estadual;
197
g) certidões de regularidade fiscal perante o INSS e o FGTS;
h) atestado de idoneidade da empresa ou do sócio majoritário emitida por instituição bancária,
no caso de empresas recém-criadas.
Na hipótese de alienação excepcional, todos aqueles documentos arrolados no item 4.2. desta
Instrução, acrescendo-se:
a) projeto completo do Empreendimento, contendo o Plano de Negócios, descritivo da
viabilidade econômico-financeira e resultados sócio-econômicos esperados, com juntada de
respectivas memórias de cálculo; e cronograma físico-financeiro das etapas de
implantação/ampliação, observando-se especialmente os incisos V a IX do art. 40 do Decreto
Estadual 23.401, de 13 de abril de 1973;
b) memorial descritivo e respectiva planta da área pretendida;
c) descrição das áreas verdes de proteção ambiental e respectiva reserva;
d) certidão de inexistência de processo falimentar, de dissolução de sociedade patrimonial ou de
ações de natureza patrimonial;
e) histórico das atividades econômicas desenvolvidas pelo Interessado.
Não será recebido requerimento quando constatada a falta de preenchimento ou rasura de
algum campo ou se o mesmo não estiver devidamente instruído.
Caberá ao Núcleo de Documentação e Informação - NDI receber o requerimento e esclarecer
ao interessado qual a informação ou o documento faltante, procedendo à devolução de todos os
documentos.
Na habilitação, serão entregues ao interessado as intimações pessoais dos confrontantes acerca
da medição, cabendo a ele devolvê-las devidamente recebidas no momento em que for realizada
a medição, conforme previsto no item 12.5.3. desta Instrução.
Na hipótese de requerimento firmado por estrangeiro, o NDI deverá verificar já em caráter
preliminar a possibilidade de transferência da área pretendida, seguindo-se a legislação vigente
e orientação prévia sistêmica da Procuradoria Geral do Estado.
198
Se vedada por lei a aquisição da área pretendida pelo estrangeiro, deverá ser ele intimado, com
possibilidade de apresentar manifestação, em observância à Lei Estadual no 12.209, de 20 de
abril de 2011, e encaminhados os autos para a Coordenação Executiva da CDA para exame
final.
5. Na hipótese de alienação simples, o NDI deverá emitir guia de recolhimento de 40%
(quarenta por cento) do valor da área pelo Interessado e juntar o comprovante de pagamento aos
respectivos autos.
6. Em se tratando de alienação excepcional, o NDI deverá, primeiro, encaminhar os autos ao
Coordenador Executivo da CDA, que o enviará à Companhia de Desenvolvimento e Ação
Regional - CAR, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Regional - SEDIR, para análise
fundamentada do projeto de empreendimento apresentado.
Após a manifestação do projeto pela CAR, o processo retornará à CDA para avaliação do
Coordenador Executivo.
Se favoráveis os opinativos técnicos da CAR e da CDA, o processo será submetido ao
Governador do Estado, por meio da SEAGRI, para decisão sobre a viabilidade do requerimento.
Se houver a reprovação do projeto, pela CAR ou pela CDA, ocorrerá o indeferimento liminar
do pleito, intimando-se o Interessado.
Poderá a CDA converter os autos em diligência à CAR para maiores e/ou novos
esclarecimentos sobre o projeto.
6.2. Obtido o deferimento de continuidade do pleito, os autos retornarão ao NDI para expedição
da guia de pagamento do valor de 40% (quarenta por cento) do preço estimado do imóvel,
devendo o Interessado juntar o comprovante da guia paga para prosseguimento regular do
processo.
7. Verificada a regularidade no preenchimento do requerimento e de sua instrução, com
atribuição de número ao processo formado, o NDI lançará no Sistema de Cadastro Fundiário -
SFC todos os dados ali contidos.
9. O NDI emitirá Certidão de Área descritiva da situação da gleba pretendida, bem como da
existência ou não de outros processos de titulação em nome do próprio Interessado e/ou de seus
199
familiares, considerados estes parentes consanguíneos até o 3º grau, colaterais ou afins -
derivados estes últimos do casamento ou união estável-, até o 2º (segundo) grau; ou de empresas
diversas, mas com identidade entre sócios, consoante modelo constante no Anexo II desta
Instrução.
10. Não havendo registro de outros processos sobre a mesma área ou em nome do próprio
Interessado e/ou de seus familiares, ou de empresas, o NDI enviará o processo ao Setor de
Triagem que deverá promover a respectiva triagem, rati ou retificando as informações no
Sistema da Coordenação de Ação Fundiária - CAF, e iniciará o procedimento de vistoria e
medição das áreas com a elaboração do respectivo edital, seguindo o modelo do Anexo III desta
Instrução.
No edital deverão ser previstas as datas da medição e da vistoria, bem como as datas
substitutivas para a hipótese de impedimento à execução das referidas atividades.
Os editais deverão ser assinados pelo Coordenador de Ação Fundiária e posteriormente
remetidos à Coordenação do Grupo Móvel de Ações Especiais - GMAE.
11. Na hipótese contrária, existindo registro de outros processos sobre a mesma área
(sobreposição total ou parcial) ou em nome do próprio Interessado e/ou de seus familiares, ou
de empresa em que sejam sócios, o NDI reunirá todos os processos conexos, encaminhando-os
para análise do Coordenador de Ação Fundiária e, em seguida, à Procuradoria Geral do Estado
para pronunciamento jurídico.
Havendo a necessidade de levantamento técnico da situação fundiária da(s) área(s)
envolvida(s), os processos serão previamente remetidos ao GMAE para feitura de memorial
descritivo e plantas de localização.
12. Recebidos os processos para vistoria e medição, a Coordenação do GMAE adotará as
medidas cabíveis para sua execução, e, ao final, deverá analisar os novos dados obtidos com os
resultados de processos antigos, para retificação, anulação ou novas vistorias de áreas, quando
necessário.
O edital deverá ser afixado em local público, preferencialmente em mais de um local, pelo
prazo de 15 (quinze) dias antes da vistoria, bem como noticiado seu conteúdo através dos meios
de comunicação existentes no município, especialmente jornal e rádio locais, para garantir a sua
perfeita divulgação ao Interessado, confrontantes e terceiros.
200
O técnico responsável pela execução dos trabalhos certificará nos autos do processo de
regularização fundiária a data e os locais de afixação do edital e os meios de divulgação
utilizados.
A vistoria compreende a descrição detalhada da situação da área, quanto a reais ocupação e
aproveitamento, devendo ser complementada por fotografias, no caso de alienação onerosa, e
observada o questionário previsto no Anexo IV desta Instrução.
O Relatório de Vistoria do Imóvel deverá ser assinada pelo responsável pela equipe técnica e
pelo interessado.
A medição compreenderá a elaboração de memorial descritivo e planta de localização da área,
com a indicação dos confrontantes.
As despesas correspondentes às etapas de vistoria e medição serão pagas pelos interessados, de
acordo com os critérios estabelecidos na legislação competente.
A ata de medição deverá ser assinada pelo responsável pela equipe técnica, pelo Interessado e
pelos confrontantes, estes últimos após sua devida qualificação, conforme modelo identificado
como Anexo V desta Instrução.
Se os confrontantes não puderem ou não souberem assinar, mas estiverem presentes, tomar-se-
á a sua assinatura a rogo, após aposição de sua digital. Entende-se por assinatura a rogo a
assinatura de terceiro do próprio nome pelo confrontante, testemunhada por duas outras pessoas.
Se ausentes os confrontantes ou se recusarem a assinar a ata de medição, deverá o responsável
pela equipe técnica certificar o fato.
O técnico responsável pela medição também deverá certificar a devolução pelo interessado das
intimações dos confrontantes ou a justificativa de sua não efetivação, conforme previsto no item
4.6 desta Instrução.
13. Realizadas a vistoria e medição, encaminham-se os dados técnicos para o Setor de
Computação Gráfica do GMAE para a elaboração das peças técnicas, consistentes nas plantas,
memoriais descritivos e planilhas em sistema gráfico, e as remete ao Setor de Triagem para
juntada aos respectivos processos.
201
Na hipótese de área situada em zona costeira, deverá ser plotada a sua exata localização no
mapa do Município.
Deve o setor de Computação Gráfica salvar todas as peças técnicas no arquivo digital do
órgão, bem como promover a atualização e/ou correção de peças técnicas anteriores que
apresentavam alguma incorreção, utilizando-se as novas coordenadas geográficas obtidas,
através do sistema de georreferenciamento.
14. O Setor de Triagem promoverá a juntada do edital, da certificação de sua publicidade, do
relatório de vistoria, da ata de medição, das cartas de intimação dos confrontantes e das peças
técnicas ao processo, tramitando-o pelo sistema SCF, e os remeterá ao Setor de Análise Técnica
do GMAE para final manifestação técnica, competindo-lhe a análise do processo e a atualização
cadastral no sistema SCF.
15. Após análise técnica final, o processo é dirigido ao Coordenador Executivo da CDA que, se
verificar a correção da instrução processual, encaminhá-lo-á à Procuradoria Geral do Estado
para manifestação jurídica.
16. Retornando o processo da Procuradoria Geral do Estado com opinativo favorável, o NDI
emite o extrato da decisão administrativa para publicação no Diário Oficial do Estado- DOE.
17. Inexistindo impugnação ou afastada essa, o processo é dirigido ao Núcleo de Processamento
de Dados - NPD para emissão do Título de Terras, modelo identificado como Anexo VI desta
Instrução, atribuindo-lhe numeração sequencial, e os encaminha para a assinatura do
Coordenador Executivo da CDA e posterior chancela do Secretário Estadual de Agricultura,
Irrigação e Reforma Agrária e do Governador do Estado.
Na hipótese de alienação simples ou excepcional, antes da entrega do título ao Interessado, o
processo deverá ser encaminhado ao NDI para cálculo do valor da área e emissão da respectiva
guia de pagamento do valor remanescente.
Após, será o Interessado intimado para pagar o valor devido, devolvendo a guia respectiva,
com a posterior juntada desse comprovante de pagamento ao processo.
18. Assinado o título, o processo é direcionado ao setor de Arquivo para sua entrega ao
Interessado, mediante protocolo, e guarda do processo em arquivo permanente.
19. Os processos deverão ser corretamente organizados e numerados, não se admitindo rasuras.
202
20. A avaliação do valor das áreas deverá ser realizada bienalmente, considerando o somatório
dos valores de mercado da terra nua, do índice atribuído, no Decreto Estadual nº 23.041,13 de
abril de 1973, ao acervo dos recursos naturais disponíveis na gleba ocupada, e do custo do
levantamento topográfico, planimétrico e altimétrico, publicando-se tabelas atualizadas por
portaria a cargo do Secretário Estadual da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, observado
o art. 24, §§ 1º e 2º da Lei Estadual no 3.038, de 10 de outubro de 1972.
21. Qualquer um que se julgue prejudicado por qualquer decisão administrativa ou pela vistoria
existente no processo poderá impugná-la, oferecendo suas razões por escrito e acompanhado das
provas que dispuser, em 15 (quinze) dias de sua publicação pelo meio oficial.
Se a impugnação for manifestada em até 24 (vinte e quatro) horas antes da vistoria, dever- se-á
suspendê-la até decisão administrativa.
Se a impugnação ocorrer durante a vistoria, deverá ser reduzida a termo e assinada pelo
Impugnante, não impedindo, porém, a conclusão dos trabalhos.
Deverá ser intimado o Interessado para se pronunciar sobre a impugnação em igual prazo de
15 (quinze) dias.
Após, os autos serão encaminhados sucessivamente ao setor técnico competente, identificado
segundo o objeto da impugnação, e à Procuradoria Geral do Estado, para opinar.
Competirá à Coordenação Executiva da CDA a decisão administrativa sobre a impugnação,
exceto naquelas hipóteses em que o ato impugnado for da lavra de autoridade superior, a quem
serão dirigidos os autos para novo pronunciamento.
Caberão recurso hierárquico, pedido de revisão e pedido de reconsideração, na forma da Lei
Estadual no 12.209, de 20 de abril de 2011, e do Decreto Estadual no 23.401, de 13 de abril de
1973.
22. Deverá ser efetivada a fiscalização da área concedida de maneira periódica, antes de 5
(cinco) anos de inalienabilidade do imóvel, intimando-se o Interessado, novel proprietário, para
acompanhá-la, com certificação posterior sobre sua presença ou não.
Na hipótese de alienação excepcional, a fiscalização também será realizada logo em seguida
ao termo final previsto para a concretização do projeto do empreendimento.
203
Na hipótese de doação para áreas de até 50 (cinquenta) hectares, não localizadas em zonas
costeiras, nem no Território de Identidade do Extremo Sul do Estado, a fiscalização será
realizada por amostragem, com percentual a ser definido pelo setor técnico da CDA, a fim de
garantir a representatividade real dos dados colhidos.
Se constatada a inadequação na utilização da área, especialmente a não implantação do projeto
do empreendimento na hipótese de alienação excepcional, será o proprietário intimado para se
manifestar sobre a vistoria realizada, podendo, inclusive, oferecer opinativos técnicos,
consoante lei de processo administrativo em vigor.
Os autos devem ser encaminhados para a Procuradoria Geral do Estado para manifestação e,
após, para a Coordenação Executiva da CDA para decisão.
Se a decisão for pela desconstituição do título, deverá ser oficiado diretamente o Ofício de
Registro Imobiliário competente para a sua promoção, consoante Lei de Registros Públicos, e
adotadas as medidas necessárias para a reintegração na posse da área pelo Poder Público.
23. Para as doações disciplinadas pelo art. 2º do Decreto Estadual no 13.914, de 12 de abril de
2012, a CDA observará a listagem atualizada dos Municípios abrangidos pela faixa terrestre da
zona costeira, publicada anualmente pelo Ministério do Meio Ambiente - MMA no Diário
Oficial da União, conforme estabelece o art. 4º, § 1º, do Decreto Federal no 5.300, de 07 de
dezembro de 2004.
24. Os casos omissos serão resolvidos no âmbito da CDA, ouvida a PGE na hipótese de
questões de natureza jurídica.
25. Os Anexos mencionados nesta Instrução Normativa estão disponibilizados no sítio
eletrônico da Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI,
http://www.seagri.ba.gov.br.
26. Esta Instrução Normativa passará a vigorar na data de sua publicação, aplicando-se
imediatamente aos processos de regularização fundiária.
EDUARDO SEIXAS DE SALLES
Secretário de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária
RUI MORAES CRUZ
Procurador Geral do Estado
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