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LITERATURA INFANTIL

POLÍTICAS E CONCEPÇÕES

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Aparecida Paiva

Magda Soares

(Orgs.)

LITERATURA INFANTIL

POLÍTICAS E CONCEPÇÕES

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Copyright © 2008 by Centro de Alfabetização,Leitura e Escrita (Ceale/FaE/UFMG)

PROJETO GRÁFICO DA CAPA

Diogo Droschi 

CONSELHO EDITORIAL DA COLEÇÃO LITERATURA & EDUCAÇÃO

Aparecida Paiva, Graça Paulino, Magda Soares,Regina Zilberman, Anne Marie-Chartier 

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Tales Leon de Marco

REVISÃO

 Ana Carolina Lins Brandão

AUTÊNTICA EDITORA LTDA.

Rua Aimorés, 981, 8º andar. Funcionários30140-071. Belo Horizonte. MGTel: (55 31) 3222 68 19TELEVENDAS: 0800 283 13 22www.autenticaeditora.com.br

Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora. Nenhumaparte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meiosmecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem aautorização prévia da editora.

Literatura infantil : políticas e concepções /Aparecida Paiva, Magda Soares,(organizadoras). – Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2008. –

136 p. (Coleção Literatura e Educação)

Bibliografia.

ISBN 978-85-7526-355-6

1. Literatura infanto-juvenil - História e crítica 2. Literatura infanto-juvenil

brasileira - História e crítica 3. Livros e leitura para crianças I. Paiva, Aparecida.II. Soares, Magda. III. Série.

08-08629 CDD-809.89282

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

1. Literatura infantil : História e crítica 809.89282

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SUMÁRIO

Capítulo 1O PNBE e o Ceale: de como semear leituras

Francisca Isabel Pereira Maciel

Capítulo 2Livros para a educação infantil: a perspectiva editorial 

Magda Soares

Capítulo 3 A produção literária para crianças: onipresença e ausência

das temáticas

Aparecida Paiva

Capítulo 4Representação e identidade: política e estética étnico-racial 

na literatura infantil e juvenil 

Aracy Martins e Rildo Cosson

Capítulo 5Para não aborrecer Alice: a ilustração no livro infantil 

Ligia Cademartori

Capítulo 6Qualidade estética em obras para crianças

Hércules Tolêdo Corrêa

Capítulo 7Versos diversos da poesia para criançasMaria Zélia Versiani Machado

Os autores

7

21

35

53

79

91

111

131

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7O PNBE e o Ceale: de como semear leituras

Capítulo 1

O PNBE E O CEALE:

DE COMO SEMEAR LEITURAS1

Francisca Izabel Pereira Maciel

Leituras! Leituras! 

Como quem diz: Navios... sair pelo mundo vo- 

ando na capa vermelha de Júlio Verne.

Mas por que me deram para livro escolar A Cultura dos Campos de Assis Brasil? 

O mundo é só fosfatos – lotes de 25 hectares 

 – soja – fumo – alfafa – batata-doce – mandioca 

 – pastos de cria – pastos de engorda.

Se algum dia eu for rei, baixarei um decreto 

condenando este Assis a ler a sua obra 

Carlos Drummond de Andrade, “Iniciação literária”

É ponto indiscutível que os livros de literatura, no espa-ço escolar, conferem à criança uma multifacetada forma deacesso ao saber. E todos sabemos, como o poeta de Itabira,como um livro mal indicado pode causar estragos numa

criança em fase de partir para a encantadora aventura daspáginas impressas.

1 Para a produção deste texto, utilizamos como referência Literatura na infân- 

cia: imagens e palavras , de Aparecida Paiva et al . (2008).

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8 Literatura infantil: políticas e concepções

Para que a formação do pequeno leitor seja a mais demo-crática possível, as instituições devem contar com umaconfiável estratégia de avaliação, compra e distribuição doslivros. A legitimidade dos critérios de escolha propicia umaforma mais segura da socialização e produção do conheci-mento. E é nessa seara que entra o Ceale, selecionando osacervos para a Educação Infantil, em prosa, em verso, em imagens ou quadrinhos, permitindo que chegue às criançasuma coleção de obras cuidadosamente analisadas e avalia-das por uma equipe de professores especialistas na área dealfabetização e letramento literário.

Com este livro, concretiza-se a proposta de se descrever eanalisar, sob diferentes pontos de vista de alguns pesquisa-dores, os múltiplos olhares sobre o acervo que compõe oPNBE/2008. A abordagem proposta para este texto é a defalar do lugar do Ceale e de seus pesquisadores, do trabalho

que tem sido desenvolvido na análise e avaliação dos livrosinfanto-juvenis, em especial, sobre o Plano Nacional da Bi-blioteca Escolar – 2008.

O Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) é um órgão complementar da Faculdade de Educação da UFMGcriado, em 1990, com o objetivo de integrar grupos interins-titucionais de pesquisa, ação educacional e documentação

na área da alfabetização e do ensino de Português. Para issoconta com a participação de professores de diferentes facul-dades da UFMG, de outras instituições de ensino superior ede diferentes redes de ensino.

Análise dos livros e as políticas

públicas de formação do leitor 

No cenário das políticas públicas educacionais, as avalia-ções sempre foram objeto de preocupação por parte dos go-vernantes. Sabe-se que, desde os meados do século XIX, oslivros de uso escolar distribuídos nas escolas provinciais eram 

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9O PNBE e o Ceale: de como semear leituras

analisados, avaliados, e somente os aprovados eram adqui-ridos pelo Governo.

As relações entre avaliação e livros de literatura destina-dos ao espaço escolar possuem uma longa história. Ainda antesmesmo da criação, no Brasil, dos grupos escolares – o ensinoseriado – no final do século XIX, os livros literários já eram avaliados pelos membros do Conselho da Instrução Pública,órgão responsável pela análise dos livros e materiais didáti-cos, nas províncias-Estados. Caberia aos membros do Conse-

lho indicar os livros que cada governo iria adquirir e distribuirpara os alunos pobres das escolas públicas brasileiras.

Com a expansão das escolas primárias, o crescimentoeditorial em torno dos livros de destinação escolar aumen-tou consideravelmente a partir de 1930, tanto nos títulos demanuais escolares como nos títulos de literatura infantil. Issotornou mais expressivo o incentivo para a formação do leitor

e a constituição de bibliotecas infantis no espaço escolar.Para que se tenha uma breve visão da inquietação com a

leitura infantil entre as décadas de 20 a 40 do século XX,arrolamos aqui alguns títulos: O que as crianças preferem ler;

Como se desenvolve, na criança, o gosto pela leitura; Como 

devem ser feitos os livros para crianças; Interesses infantis re- 

velados por catálogos de livros; Biblioteca infantil, alma da 

escola primária . Esses são apenas alguns títulos de artigos,publicados na Revista do Ensino de Minas Gerais , no perío-do de 1925-46. Nessa época, os Estados ainda mantinham autonomia na escolha e análise dos livros de destinação es-colar. E as atribuições dos membros do Conselho ao indicarou recusar os livros eram norteadas por critérios de avalia-ção que se pautavam basicamente no uso do vocabulárioadequado, ilustrações e qualidade do papel. Uma vez apro-vados, esses livros eram indicados para uso nas escolas pú-blicas e privadas.

Ressalta-se que a lista dos livros aprovados era descrita noprograma oficial como livros para serem usados para leitura,

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10 Literatura infantil: políticas e concepções

por conseguinte, não eram considerados como livros didáti-cos. Esses livros eram indicados para compor a biblioteca da 

classe , como indica o Programa de Ensino de Minas Gerais(1954-1961), deveriam ser usados nos  períodos de leitura in- 

dependente e tinham como objetivos: enriquecimento de ex- 

 periências e formação do interesse e permanente pela leitura .

A lista com os títulos dos livros sugeridos para a biblioteca 

da classe era elaborada levando-se em consideração as qua-tro primeiras séries, isto é, os livros eram listados e indica-

dos seguindo o critério de seriação. Os textos escolhidosfiguravam entre os clássicos da literatura infantil, que com-punham a coleção Historietas, as edições Melhoramentos e acoleção Biblioteca Infantil, de Arnaldo Barreto, devidamenteadaptados e traduzidos, como os contos de Perrault e Ander-sen, assim como as traduções realizadas por Monteiro Lobatoe, depois, os próprios textos de Lobato, como O Saci, História 

da Tia Anastácia e livros de Lúcia Machado de Almeida.

A ação desses livros no imaginário da criança e sua po-tencialidade na formação de novos leitores nos levam a re-fletir sobre os lugares que a literatura vai ganhando dentrodo espaço escolar. E uma preocupação se impõe: o que dis-tingue as atuais avaliações das avaliações anteriores? Con-textualizando-as, podemos dizer que todas foram importantes,

e também é possível acompanhar o caráter evolutivo e de-mocrático com que as concepções dessas avaliações vêm seprocessando.

Na década de 1980, houve um procedimento que merecedestaque: precisamente a partir de 1984, no que tange àsavaliações e indicações estaduais, é criado o ProgramaNacional Sala de Leitura, que tinha como objetivo não ape-

nas distribuir livros de literatura para os alunos, mas aindadistribuir também periódicos para alunos e professores. Noperíodo de vigência, até 1987, esse Programa foi realizadoem parceria com as Secretarias Estaduais de Educação e com universidades.

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11O PNBE e o Ceale: de como semear leituras

Em 1997, num verdadeiro salto para um horizonte maiorde escolhas, foi instituído o Programa Nacional Bibliotecada Escola (PNBE), com o objetivo principal de democratizaro acesso a obras de literatura infanto-juvenis, nacionais eestrangeiras, bem como o acesso a materiais de pesquisa ede referência a professores e alunos das escolas públicasbrasileiras. Dessa forma, hoje possuímos não somente a ava-liação, mas também a aquisição e distribuição dos títulosavaliados para todas as escolas do Brasil. O Programa é exe-cutado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa-ção (FNDE) em parceria com a Secretaria de Educação Básicado Ministério da Educação (SEB/MEC).

Ao longo da história do Programa, a distribuição dos li-vros de literatura tem sido realizada por meio de diferentesações: em 1998, 1999 e 2000, os acervos foram enviados paraas bibliotecas escolares; em 2001, 2002 e 2003, o objetivo eraque os alunos tivessem acesso direto a coleções para usopessoal e também levassem obras representativas da litera-tura para seus familiares – por isso essas edições do Progra-ma ficaram conhecidas como Literatura em Minha Casa.

A partir de 2005, após inúmeras discussões coordenadaspela SEB/MEC, o PNBE retomou a distribuição de livros deliteratura para as bibliotecas escolares, nesse ano, com foconas bibliotecas de escolas públicas de 1ª a 4ª séries do Ensi-no Fundamental. Tal ação significou a retomada da valoriza-ção da biblioteca, como espaço promotor da universalizaçãodo conhecimento e, também, da universalização do acesso aacervos pelo coletivo da escola. Em 2007, dando prossegui-mento a essa ação, foram distribuídos livros de literatura paraas escolas públicas de 5ª a 8ª séries. Em 2008, as escolas dasséries/anos iniciais do Ensino Fundamental e instituições deEducação Infantil serão contempladas.

Para que se tenha uma idéia da magnitude desse Progra-ma, apresentamos a seguir um quadro com os principaisdados estatísticos do PNBE. Nele é possível observar a quan-

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tidade de acervos, obras e coleções que foram distribuídos noperíodo de 1998 a 2006. É possível observar, também, o vo-lume de recursos que foram investidos.

Como foi citado, desde que o PNBE foi instituído, coubeà Secretaria de Educação Básica (SEB), do Ministério da Edu-

cação, a coordenação do processo de avaliação das obras ecomposição dos acervos de todas as suas edições, num tra-balho conjunto com o Fundo Nacional de Desenvolvimentoda Educação (FNDE). No ano de 2005, a SEB/MEC passou arealizar esse trabalho em parceria com universidades públicas

PNBE/98 (Acervos)

PNBE/99 (Acervos)

PNBE/2000 (Obras)

PNBE/2001 (Coleções)

PNBE/2002 (Coleções)

PNBE/2003 (Coleções)

PNBE/2003 (Acervos

– Casa de Leitura)

PNBE/2003 (Acervos– Biblioteca Escolar)

PNBE/2003 (Obras

– Para professores)

PNBE/2005 (Acervos)

PNBE/2006 (Acervos)

TOTAL DO PERÍODO

1999

2000

2001

2002

2003

2003

2004

2004

2004

2005/2006

2007

20.000

36.000

577.400

12.184.787

4.216.576

8.169.082

41.608

22.219

1.448.475

306.078

96.440 acervos/ 

7.233.075 livros

17.447.760,00

23.422.678,99

15.179.101,00

50.302.864,88

19.523.388,68

36.208.019,30

6.246.212,00

44.619.529,00

13.769.873,00

47.273.736,61

46.300.000,00

319.993.163,46

QUANTIDADE(ACERVOS, OBRAS

E COLEÇÕES)PROGRAMA / ANO DISTRIBUIÇÃO VALORES

Dados estatísticos do PNBE no período de 1998 a 2006

Fonte: FNDE <http://www.fnde.gov.br/home/index.jsp?arquivo=/

biblioteca_escola/biblioteca.html>

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federais e, para tanto, desde o PNBE/2005 vem selecionan-do instituições que, sob sua coordenação, executam a avalia-ção. As instituições interessadas, de posse de edital públicodivulgado na página do FNDE – que estabelece as normas eprocedimentos a serem seguidos – candidatam-se a institui-ção parceira na execução desse Programa por meio do enca-minhamento de suas propostas, nas quais é exposto de modominucioso o processo de avaliação a ser utilizado.

Além disso, podemos dizer que, em nossos dias, a incor-

poração de um seleto e diversificado repertório cultural émais do que nunca precioso fundamento para formação decrianças e jovens em um mundo globalizado. Mais do queconhecer as obras valorizadas do passado, é essencial que oestudante saiba como se localizar em um universo letrado,com fluxos de informações cada vez mais acessíveis e velo-zes. A leitura do texto literário, em seus diferentes gêneros,proporciona ao aluno essa localização cultural, contribuin-do de maneira única para a formação de um leitor crítico ecapaz de articular o mundo das palavras com o seu eu maisprofundo e a comunidade onde ele se insere. É o reconheci-mento dessa singularidade da literatura na formação de qual-quer leitor que tem levado os professores, a escola e ogoverno a se preocuparem com a constituição de bibliotecasescolares. No escopo dessa preocupação, uma das contri-buições mais relevantes tem sido a aquisição de obras literá-rias pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) doGoverno Federal.

Para a consolidação de uma política de ampliação e im-plementação de bibliotecas escolares, o PNBE foi criado em 1997 com o objetivo de auxiliar as escolas públicas na com-

posição de um acervo de obras de qualidade tanto literáriasquanto de referência. Nessa década de funcionamento, oPrograma já distribuiu para professores, alunos e escolas maisde 150 milhões de livros. Em 2007, o PNBE dispôs de um orçamento de mais de 35 milhões de reais para comprar livros

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que serão enviados em 2008 para cerca de 200 escolas, deven-do atingir mais de 20 milhões de alunos em todo o País.

Especificamente, foram constituídos dois grupos de acer-vos para serem distribuídos às instituições de Educação In-fantil e escolas das séries iniciais do Ensino Fundamental,respectivamente, com obras que vão de histórias em quadri-nhos a adaptações de clássicos universais, passando por li-vros de imagens, parlendas, poemas e pequenas histórias. Oprimeiro grupo foi composto de três acervos, com 20 obras

cada um, devendo receber um acervo instituições com 150alunos, dois acervos aquelas que tenham de 151 a 300 alu-nos e três acervos aquelas com mais de 301 alunos matricu-lados. O segundo grupo foi constituído por cinco acervos,com igualmente 20 títulos cada um, sendo encaminhado um acervo para as escolas com até 250 alunos, dois acervos paraescolas com 251 a 500 matrículas, três para aquelas com 501

a 750 estudantes, quatro para aquelas com 751 a mil alunose cinco acervos para as escolas que possuírem mais 1.001alunos matriculados.

O Ceale e a avaliação do PNBE

O Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Faculdadede Educação da UFMG (Ceale/FaE/UFMG) foi instituído em 1990 com o objetivo de promover pesquisas e ações educacio-nais na área da alfabetização e do ensino de Português. Aolongo de sua história, o Ceale tem desenvolvido uma série deprojetos integrados de pesquisa, relacionados à análise do es-tado do conhecimento sobre a alfabetização e o letramento,assim como das práticas de leitura e escrita e dos problemasrelacionados à sua difusão, apropriação e avaliação. O Centrotem elaborado, junto às redes públicas, projetos de formaçãode professores, de desenvolvimento curricular e de avaliaçãodo ensino e de materiais didáticos, a exemplo da participaçãona Rede Nacional de Centros de Formação Continuada e

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15O PNBE e o Ceale: de como semear leituras

Desenvolvimento da Educação, criada pelo MEC, para apri-morar a formação continuada de professores no Brasil.

O Centro vem desenvolvendo, desde a sua criação, proje-tos que buscam integrar a pesquisa, a extensão e a publica-ção. E assume, ao participar de projetos governamentais, oseu compromisso, como instituição pública, de colaborar naspolíticas públicas que venham a subsidiar o trabalho de pro-fessores e alunos das escolas brasileiras. Esses trabalhos nãoterminam com o projeto inicial, pois ele se estende para ou-

tras frentes de pesquisa, produção e extensão.A integração dos alunos de graduação e pós-graduação

também tem se revelado um aspecto importante na definiçãodas temáticas dos projetos de pesquisas de monografias degraduação, mestrado e doutorado. Pesquisar sobre os im-pactos e usos dos livros de literatura distribuídos pelo go-verno e a formação de leitores são temas de pesquisas de

mestrandos e doutorandos da linha Educação e Linguagem.Dentre as atividades educacionais realizadas pelo Ceale,

destaca-se a participação, desde 1997, no Programa Nacio-nal do Livro Didático (PNLD). Foi com base na experiênciaacumulada, tanto no campo da avaliação de livros didáticospara aquisição governamental quanto na produção de co-nhecimento na área da alfabetização, leitura e escrita, mais

especificamente, da educação literária, que o Ceale candida-tou-se, em 2006, para realizar o processo de seleção das obrasde literatura que iriam compor o acervo do PNBE/2007. Osresultados exitosos dessa primeira empreitada levaram oCentro a renovar sua candidatura, em 2007, quando do lan-çamento do PNBE/2008. Novamente selecionado pelo MEC,o Ceale propôs-se, dessa vez, não só a realizar a análise dasobras, como também a aliar a assessoria técnica com pesqui-sas e socialização das produções.

A preocupação recorrente do Ceale é com os critérios deanálise, que estão sendo apurados a cada avaliação e com 

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maior rigor na qualidade textual, temática e gráfica, não des-cuidando de propiciar às crianças o acesso a diferentes gêne-ros textuais. Foi ainda critério para constituição dos acervos aseleção, entre as obras consideradas de qualidade, nas trêscategorias (prosa, verso e imagem) daquelas que representas-sem diferentes níveis de dificuldade, de modo a atender acrianças em diferentes estágios de compreensão dos usos efunções da escrita e de aprendizagem da língua escrita, possi-bilitando formas diferentes de interação com o livro: a leituraautônoma pela criança (de livros só de imagens, de livros em que a imagem predomina sobre o texto verbal, quando este éreduzido a poucas palavras) e a leitura mediada pelo professor.

 Todo esse esforço governamental envolve centenas de pes-soas e diversas instituições, entre elas o Ceale, que se respon-sabiliza pela avaliação e seleção das obras. O Ceale, naconstituição do grupo de avaliação e demais projetos em quevem atuando, tem promovido não só a participação de profes-sores pesquisadores da Faculdade de Educação e de outrasunidades da UFMG, como conta com a participação efetiva deprofessores das redes públicas, alunos integrantes da linhaeducação e linguagem, do programa de Pós-Graduação da FaE/UFMG e professores pesquisadores de diversas instituiçõespúblicas e privadas do país. O Ceale, atualmente, integra pes-quisadores de 22 instituições brasileiras2.

É com esse espírito corporativo que foi desenvolvido oprojeto de avaliação do PNBE 2008, contando com a partici-pação de integrantes de 17 instituições de sete estados brasi-leiros. O esforço do Ceale em integrar pesquisadores deoutras instituições tem se revelado profícuo não só no de-senvolvimento dos projetos, mas também nas publicaçõesque objetivam socializar a produção do conhecimento ad-vindo desses projetos e intercâmbios interinstitucionais. Umadas características fundamentais do Ceale é a busca, sempre

2 Veja portal do Ceale: http://www.ceale.fae.ufmg.br/.

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que possível, de um trabalho descentralizado, envolvendo omaior número de pesquisadores de diferentes pontos do País,especialmente em trabalhos de avaliação como esse do PNBE,que resulta em aquisição, por parte do governo, de livrosque serão utilizados em todas as escolas públicas brasileiras.Razão pela qual o Centro, ao definir a equipe de avaliadoresque trabalhariam no PNBE/2008, envolveu pesquisadores dediferentes estados brasileiros: Espírito Santo, Mato Grosso,Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul eDistrito Federal.

Acreditamos que é compromisso das universidades públi-cas não somente produzir, mas também socializar e avaliar assuas produções acadêmicas. Os encontros de discussão du-rante a execução dos projetos e os seminários de avaliaçãosão momentos de reflexão e análise do processo, o que éimprescindível para o crescimento e fortalecimento do grupode pesquisadores envolvidos nesses trabalhos. Um dessesespaços privilegiados tem sido o evento bianual coordena-do pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o LetramentoLiterário (GPELL/Ceale), que é o Jogo do Livro, cuja temáticado VII Jogo do Livro, realizado no ano de 2007, foi As esco- 

lhas em Jogo.

Ciente de sua tarefa cultural, social e pedagógica, o Cealese empenha na tarefa de poder possibilitar a elaboração depolíticas e a execução de ações sistemáticas e eficazes defortalecimento do PNBE, das bibliotecas escolares e da for-mação de leitores no Brasil.

O Ceale, ao assumir mais uma vez a coordenação da ava-liação, espera que este trabalho possa ampliar ainda mais oacesso das crianças ao impresso; espera que suas atividades

possam permitir também aos professores o acesso aos novostítulos; espera que esses professores, em contato com novostextos, rememorem textos idos e vividos, se projetem no tem-po e no espaço e também se renovem como leitores fazedo-res de novos leitores.

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É com esse intuito que o grupo de avaliadores do Cealeproduziu o livro Literatura na infância: imagens e palavras ,que consiste num catálogo com as resenhas dos livros desti-nados aos professores da Educação Infantil. Aí se lê como osavaliadores descrevem “a conquista de agora”, ou seja, comoestão sendo organizados os acervos especiais para a Educa-ção Infantil.

Por essa razão, independentemente de o Centro assumira coordenação de futuras avaliações do PNBE, insiste-se for-

temente para que ele continue recebendo os acervos, pormeio de doação, para que o fluxo da pesquisa não se inter-rompa, como de resto tem acontecido com o PNLD de LínguaPortuguesa há muitos anos. O Ceale mantém e precisa estarsempre abastecido de novos materiais para que possa garan-tir sua base de dados. Esse acervo tem servido não só aospesquisadores envolvidos no processo e seus respectivosorientandos, como também o disponibiliza para pesquisa-dores de todos os pontos do País.

O Ceale possui vasto material de teses e dissertações so-bre alfabetização no Brasil; oferece ao estudioso diversifica-dos artigos para o conhecimento do acervo de livros didáticosde alfabetização e língua portuguesa – acervo da FundaçãoNacional Infanto-Juvenil – e, mais recentemente, o acervo deobras literárias destinada a Educação Infantil, que todos osmembros desse grupo realizam como votante institucionalda Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).

O Ceale, em seu compromisso junto ao PNBE, procuradiminuir cada vez mais o abismo que, infelizmente, aindaocorre neste País entre o livro e o estudante. Criar umabiblioteca, alimentá-la freqüentemente, nutri-la com as obras

significativas, tanto nacionais quanto estrangeiras, exercerum controle de qualidade na aquisição desses livros, possibi-litar que o estudante tenha sempre ao seu alcance um univer-so de opções que possa ser lido, compreendido e assimilado,tudo isso representa, em verdade, recriar um país, redescobrir

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suas potencialidades. Assim, o que o Ceale anseia, ao se-mear livros e fecundar mentes, é investir num processo con-tínuo de letramento e de fundamento de cidadania. Paraaqueles que não tiveram no lar as condições favoráveis paraler, que tenham, enfim, nas bibliotecas escolares, a mais doque legítima oportunidade para que se faça a leitura pro-priamente dita do mundo. E que o mais breve possível aque-las dolorosas palavras de Magda Soares (2004) nos soem como página virada da história. Eis o que disse a educado-ra mineira:

Este é um país de raras e precárias bibliotecas: raras e precá-

rias bibliotecas públicas, raras e precárias bibliotecas escola-

res. [...] Este é também um país de poucas, pouquíssimas

livrarias. [...] Este é um país de livros caros para uma popula-

ção em sua maioria pobre.

O Ceale busca ratificar o desejo de dois poetas: o de Cas-tro Alves, que abençoa aquele que “semeia livros a manche-ia e faz o povo pensar”, e o de Carlos Drummond de Andrade,expresso na epígrafe, que via os livros como navios que sa-íam para o mundo. O menino Carlos, obrigado a digerir obrasintragáveis como a de Assis Brasil, ainda teve imaginaçãopara outras leituras dirigíveis que o fizeram voar longe. Masimaginem quantos meninos tiveram sufocadas as potencia-lidades de novas leituras em razão de culturas de campos

com insípidas searas... Se pelo menos o Assis fosse o Ma-chado... É o que Ceale e seus pesquisadores procuram fa-zer, na avaliação dos lotes de livros que lhes competem:ajudar a levantar âncoras e não confinar o leitor em fosfa-tos e pastos de engorda.

Referências

 ANDRADE, Carlos Drummond de. Menino antigo . Rio de Janeiro: José

Olympio, 1973.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Fundo Nacional de Desen- 

volvimento da Educação . Disponível em <http://www.fnde.gov.br>.

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5/15/2018 literatura infantil concep oes - slidepdf.com

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20 Literatura infantil: políticas e concepções

PAIVA, Aparecida et al. Literatura na infância: imagens e palavras .

 Acervos do PNBE 2008 para a Educação Infantil. Brasília, Ministério

da Educação, 2008. v. 1. p. 51.

SOARES, Magda. A leitura e democracia cultural. In: PAIVA, Aparecida

et al . (Org.). Democratizando a leitura:  pesquisas e práticas . Belo

Horizonte: Ceale/Autêntica, 2004.


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