Transcript

1

IGREJA METODISTA DE VILA ISABEL

CADERNO Nº 1 – A VIDA E OSENSINOS DE JESUS

ESTUDOS PARA A ESCOLA DOMINICAL

Janeiro a março de 2010

ÍNDICE DAS LIÇÕES ESPECIAISLIÇÃO 1 – Página 2 – Uma caminhada pelo Antigo Testamento

LIÇÃO 2 – Página 8 – A Palestina no tempo de Jesus

LIÇÃO 3 – Página 14 – O que a genealogia de Jesus nos diz

LIÇÃO 4 – Página 17 – A fuga para o Egito e a Infância de Jesus

LIÇÃO 5 – Página 21 – O batismo de Jesus

LIÇÃO 6 – Página 24 – As tentações de Jesus são as nossas tentações diárias

LIÇÃO 7 – Página 26 – Jesus chama discípulos

LIÇÃO 8 – Página 29 – Os 7 sinais messiânicos de Jesus no evangelho de João

LIÇÃO 9 – Página 34 – As bem-aventuranças

LIÇÃO 10 – página 39 – Jesus e a oração do Pai Nosso

LIÇÃO 11 – Página 41 – Jesus e o julgamento final

LIÇÃO 12 – Página 44 – A última Ceia e a traição de Judas

LIÇÃO 13 – Página 46 – O julgamento injusto e a crucificação

Obs: Página 48 – Equipe que preparou as lições

Página 49 – Alguns lembretes importantes

LEMBRETE: As lições foram escritas para serem estudadas em casa e não lidas durante a 1h

de encontro da classe da Escola Dominical. O aluno(a) deve ler a lição em casa, preparando-se

para a aula da Escola Dominical, lugar de reflexão, aprendizados, ensinamentos, partilha,

aprofundamento, discipulado. A gente lê sozinho e Deus, e reflete com o grupo na presença de

Deus. Assim nossa reflexão, conhecimentos e experiências são enriquecidos com outras visões.

2

Lição nº 1Para o dia 03 de janeiro de 2010

UMA CAMINHADA PELO ANTIGO TESTAMENTO1 – INTRODUÇÃO:A Bíblia é o livro mais conhecido do mundo inteiro. Já foi traduzida para mais de 1.685 diferentes línguas.

Mesmo assim, continua um livro cuja mensagem é ainda pouco conhecida. Muita gente tem a Bíblia em casa, masnão tem a alegria e a prática de abri-la, lê-la e meditar sobre sua mensagem. Hoje em dia a Bíblia desperta, cadavez mais, o interesse do povo cristão. Mas, de onde vem a Bíblia? Quem a escreveu? Quando? Por que é um livroimportante? É o que começaremos a refletir. E começaremos falando de Israel, o povo de Deus no AntigoTestamento (AT).

2 - O POVO DA BÍBLIA (ANTIGO TESTAMENTO):A Bíblia surge no meio de um povo do Oriente, o povo de Israel. Este povo cria uma literatura que relata sua

história, suas reflexões, sua sabedoria, sua oração. Toda essa literatura é inspirada pela sua fé em Deus, Deusúnico, que lhes revela: "Estou sempre com vocês!"

O povo da Bíblia mora perto do Mar Mediterrâneo, no Oriente Médio. Inicialmente, é um grupo de migrantes,vindos da Mesopotâmia (hoje Iraque). São chamados HEBREUS e descendem de Abraão. Muita gente também queriaa terra onde passaram a morar esses hebreus, depois que fugiram da escravidão no Egito. Os cananeus, outrosmoradores de lá, chamavam aquela terra de CANAÃ. Os Israelitas a chamavam de Israel. Mais tarde será chamadatambém de PALESTINA: Terra dos Filisteus. A posse dessa terra é um desentendimento antigo que dura até hoje.

3 – BÍBLIA: O LIVRO DA CAMINHADA DO POVO DE DEUS:A Bíblia não caiu pronta do céu. Ela surgiu da terra, da vida do povo de Deus. Surgiu como fruto da

inspiração divina e do esforço humano.

Quem escreveu foram homens e mulheres como nós. Eles é que pegaram caneta e papel e escreveram o queestava no seu coração. A maior parte deles não tinha consciência de estar falando ou escrevendo a Palavra de Deus.Estavam só querendo prestar um serviço aos irmãos em nome de Deus. Eles eram pessoas que faziam parte de umacomunidade, de um povo em formação, onde a fé em Deus e a prática de justiça eram ou deviam ser o eixo de vida.

Preocupados em animar esta fé e em promover esta justiça, eles falavam e argumentavam para instruir osirmãos, para criticar abusos, para denunciar desvios, para lembrar a caminhada já feita e apontar novos rumos.Alguns deles chegaram a escrever, eles mesmos, suas palavras ao povo. Outros nem sabiam escrever. Sósabiam falar e animar a fé pelo seu testemunho. As palavras destes últimos foram transmitidas oralmente, de bocaem boca, durante muitos anos. Só bem mais tarde outras pessoas decidiram fixá-las por escrito.

4 - OS PATRIARCAS:Com Abraão se inicia a história do Povo da Bíblia. Abraão sai da Mesopotâmia, à procura de uma nova

terra. Sai com sua família e vai morar em Canaã. Isto se dá lá pelo ano 1.850 antes de Cristo (1850 a.C). EmCanaã nascem os filhos, os netos. A família vai se multiplicando. Abraão (Gn 12 a Gn 25), Isaque (Gn 17 a Gn 35)e Jacó (Gn 25 a Gn 35), também chamado Israel. Abraão e seus descendentes são chamados de Patriarcas, poissão os primeiros pais e fundadores do povo da Bíblia.

A Bíblia nesse tempo:1 - As histórias dos patriarcas são transmitidas e mantidas pela tradição oral.2 - Textos bíblicos escritos posteriormente sobre esta época: Gn 12 a 50 e 1Cr 1 e 2.

5 - O POVO MUDA PARA O EGITO:Numa época em que Jacó era o patriarca, há muita fome em Canaã. Muita gente foge da fome se mudando

para o EGITO, onde a terra é mais fértil. Entre esses migrantes estão Jacó e sua família. Algum tempo depois(Jacó fazia muito tempo que havia morrido), os Faraós (reis) começam a escravizar muitos outros povos quehaviam ido morar no Egito, e entre eles, os Hebreus. O povo de Deus ficou no Egito de 1750 a.C. a 1290 a.C..

6 - ÊXODO E VOLTA À TERRA DE CANAÃ:Surge no meio do povo um líder que, em nome do Deus dos judeus, chefia um movimento de libertação do

seu povo. Com a ajuda de Deus, faz o povo fugir da opressão dos faraós do Egito. Este líder é Moisés. Depois dafamosa travessia do mar vermelho, o povo caminha pelo deserto de volta a Canaã. É o êxodo (= saída), queacontece entre os anos de 1290 a.C. a 1225 a.C.. Durante essa caminhada Moisés recebe de Deus os 10

3

mandamentos que são guardados dentro de uma arca, a Arca da Aliança. Essa caminhada no deserto dura 40anos (Ex 13:7; Ex 40:1-38). Moisés morre antes do povo entrar na terra de Canaã (Dt 34:5-8). Em seu lugar ficaJosué. Josué ajuda o povo a se estabelecer em Canaã (esta história está contada nos livros de Josué e Juízes).

A Bíblia nesse tempo:1 - Pouca coisa nesta época foi escrita.2 - Textos bíblicos escritos posteriormente sobre esta época: Ex 1 a 18; Nm 9-14; Nm 20-25.3 - Salmo que nasceu nesse tempo e era transmitido pela tradição oral: Sl 104.

7 – OS JUÍZES:Depois de Josué, entre os anos 1030 a.C. a 1000 a.C., quando o povo hebreu já está assentado na terra, é

liderado por outros chefes. Esses chefes são chamados de juízes. As 12 tribo de Israel havia se organizado numaconfederação, onde cada uma das tribos era um grupo autônomo, com liderança própria, e por isso, as decisões quetinham a ver com todo o povo (com todas as tribos) eram tomadas numa espécie de assembléia das lideranças dastribos. Essas assembléias, bem como a confederação das tribos, eram coordenadas pelos juízes.

Entre os juízes temos Otoniel, Eúde, Sangar, Sansão, Gideão, Abimeleque, Jefté e Débora, isso mesmo,uma mulher! O último dos juízes é Samuel. Depois dos juizes, no tempo da monarquia, entre os anos 1000 a.C. e586 a.C., aparecem os reis...

A Bíblia nesse tempo:1 - Os textos bíblicos escritos nesta época são: Cântico de Débora (Jz 5), Mandamentos (Ex 20:1-21),

Código da Aliança (Ex 20:22 a 23:9).2 - Textos bíblicos escritos posteriormente sobre esta época: Js 1 a 12; Js 23 e 24; Dt 31 a 34; Ex 19 a 24;

Ex 32 a 34; Nm 31 a 36; Js 13 a 19; Jz 1-18.3 - Salmos que nasceram nesse tempo e era transmitido pela tradição oral: Sl 19:2-7; Sl 29; Sl 68; Sl 82; Sl

136.

8 - OS PRIMEIROS REISDE ISRAEL: A MONARQUIAUNIDAPara ser mais forte contra os ataques dos seus inimigos, o povo de Israel deseja um rei (1Sm 8:1-22). A

maioria dos povos em sua volta tinha um Rei. O rei substituiria as lideranças das tribos, ou seja, seria o chefe detodas as 12 tribos. Não seria mais necessário a confederação das 12 tribos e suas assembléias para tomardecisões. O rei teria toda a autoridade.

O primeiro rei de Israel é Saul (1Sm 10:1-8). O segundo rei é Davi (2Sm 2:1-7). Davi é considerado o reimais importante que o povo de Israel teve em toda a sua história. Davi une o povo, vence todos os povos vizinhose aumenta seu reino. E elege Jerusalém como capital do Reino. Jerusalém é a antiga Jebus, cidade pré-históricafortificada dominada pelos jebuseus, mesmo depois da ocupação de Canaaã pelas 12 tribos. E antes de serJebus, entre muitos outros nomes, era Salém, do reino de Melquisedeque (Gn 14:18; Sl 76:2).

O terceiro rei de Israel é Salomão (1Rs 2:12). É durante o reinado de Salomão (+ 940 a.C) que o templo deJerusalém é construído e que muitos textos da Bíblia são escritos (Salomão cria a profissão dos escribas). Antes, ashistórias do povo de Deus eram, em geral, transmitidas oralmente, de boca em boca, de pai para filho, geração apósgeração.

Aproximadamente em 931 a.C., conforme descreve 1Rs 12:1-20, o Reino é dividido em dois: ISRAEL, formadopor 10 tribos, cujo rei é Jeroboão, e JUDÁ, formado por duas tribos e governado por Roboão, filho e herdeiro deSalomão.

A Bíblia nesse tempo:1 - Os textos bíblicos escritos nesta época são: Textos da fonte J do Pentateuco; História da Sucessão de

Davi (2Sm 9 a 20; 1Rs 1 e 2), a maior parte dos provérbios atribuídos a Salomão; Sl 2; Sl 15; Sl 24; Sl 51 ao Sl110; Sl 121 ao Sl 134.

2 - Textos bíblicos escritos posteriormente sobre esta época: Jz 19 a 21; 1Sm; 2Sm; 1Rs 1-11; 1Cr 11 a 21;2Cr 1 a 9.

3 - Salmos que nasceram nesse tempo e era transmitido pela tradição oral: Sl 19:2-7;

9 - OS PROFETAS:Os profetas surgem com a monarquia e desaparecem com ela, apesar de os juízes Débora (Jz 4 a 5) e

Samuel (1Sm 3:20; 1Sm 9:9) terem sido também considerados profetas. A Bíblia fala de profetas que nãoescreveram livros: Gad (1Sm 22:5), Natã (2Sm 24:11), Aías (1Rs 11:29), Micaías (1Rs 228-28) e Elias. Os mais

4

famosos foram os que deixaram livros na Bíblia, a saber: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós,Obadias, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Jonas, Ageu, Zacarias e Malaquias.

A tarefa dos profetas era lembrar o povo e sua liderança da Aliança de Deus com Abraão, confirmada aMoisés por ocasião da revelação dos 10 mandamentos e demais ordenanças ao povo de Deus, perfeitamenteidentificada na experiência do Êxodo. Os profetas levantados por Deus geralmente eram um grande problemapara os reis e governantes cujos intuitos geralmente não eram servir a Deus e a comunidade, mas se servir(explorar) de Deus e de seu povo. Assim, os profetas eram perseguidos e mortos (Mt 5:12; Mt 23:31; At 7:52). Elesnão se confundem com os falsos profetas, profissionais contratados pelo rei para “profetizar” não a vontade deDeus, mas o que o rei-patrão mandava (Jr 14:14; Jr 23:25-28; Mt 7:15)

10 - DIVISÃO DO REINO – A MONARQUIA ROMPIDA:Sobretudo depois da morte do rei Salomão as 10 tribos do Norte reclamam muito dos pesados impostos que

eram cobrados para manter o luxo do Reino (1Rs 12:1-15). Aproximadamente no ano de 922 a.C. o Reino acabadividido em dois (1Rs 12:16-20): A) O Reino do Norte, que não quer aceitar Roboão (filho de Salomão) como rei, ficacom o nome de ISRAEL. A cidade de Samaria é eleita sua capital. Anos mais tarde esse reino será exterminado daface da terra. B) O Reino do Sul, composto pelas tribos de Judá e Benjamim, se mantêm fiel a Roboão, e continuacom Jerusalém como sua capital fica com o nome de JUDÁ.

11 - DOMINAÇÕES E EXÍLIO:a – A QUEDA DE ISRAEL, CUJA CAPITAL ERA SAMARIACom o enfraquecimento da unidade nacional (por causa da divisão do reino) e com a infidelidade ao

Senhor, os reinos de Judá e Israel não sobreviveram por muito tempo. Além de serem reinos pequenoslocalizados numa estreita faixa de terra no chamado Crescente Fértil, extremamente cobiçada, geograficamenteficavam numa "encruzilhada" das grandes rotas comerciais que uniam o Egito à Mesopotâmia, e a Arábia com aÁsia Menor. Ou seja, os Reinos de Israel e Judá ficavam entre os grandes impérios daquele tempo que viviam emguerra. E “na briga do mar com o rochedo quem apanhava eram os mariscos”: Judá e Israel!. Todas as vezes queos impérios guerreavam Judá e Israel apanhavam de um lado e de outro. Os grandes impérios daquele tempo nãodeixam o povo da Bíblia (Judá e Israel) em paz.

Em 722 a.C., a Assíria invade, toma posse e aniquila Israel, o reino de Israel (2Rs 17:3-6; 2Rs 17:24).Samaria deixa de ser apenas o nome da cidade e passa nessa época a definir todas as terras do antigo Israel,agora transformado numa província da Assíria.

A Bíblia nesse tempo:

A “BÍBLIA” NO REINO DO NORTE1 - Os textos bíblicos escritos nesta época são: Textos da fonte E do Pentateuco; Amós; Oséias, Sl 582 - Textos bíblicos escritos posteriormente sobre esta época: 1 Rs 12 a 22; 2Rs 1 a 15; 1Rs 17.

NESSE MESMO TEMPO, A “BÍBLIA” NO REINO DO SUL3 - Os textos bíblicos escritos nesta época são: 1Is (Is 1 a 12 e 28 a 39), Mq; Sl 64.4 - Textos bíblicos escritos posteriormente sobre esta época: 1 Rs 12 e 15; 2Rs 11 a 16; 2Cr 10-28, Is 1:12; Is 28 a

39.

b – A QUEDA DE JUDÁ, CUJA CAPITAL ERA JERUSALÉMQuase 150 anos depois (aproximadamente em 597 a.C.), o Império da Babilônia do povo caldeu),

governado por Nabucodonosor, conquista o Reino de Judá e sua capital Jerusalém, dominado-os política emilitarmente (2Rs 23:28-30; 2Cr 36:17-20). Leva cativos par a Babilônia o rei e a família real, os nobres, osguerreiros e os artesãos (2Rs 24:14s). Em 588 a.C. o Reino de Judá se rebela e em 587 a.C. Jerusalém e seutemplo são destruídos, e praticamente toda a população de Jerusalém (2Rs 25:8-12), exceto os mais pobres,foram deportados para diversas cidades e aldeias babilônicas, como por exemplo, Tel-Abibe (Ez 3:15), as Tel-Melá, Tel-Harsa, Querube, Adã, Imer (Ed 2:59), onde permaneceu aproximadamente durante 50 anos (586 - 538a.C.).

É o tempo, por exemplo, de Daniel, das histórias do livro de Lamentações de Jeremias; tempo de EXÍLIO. Énesta época de dominação que surge a esperança de um MESSIAS (ungido de Deus), um novo Davi, reiguerreiro valente, que salvará seu povo.

Os textos mais recentes do Antigo Testamento foram escritos nessa época. Como por exemplo, Esdras eNeemias, e outros ainda, como Gn 1, um belo hino de afirmação de fé no Deus criador de todas as coisas, inclusive

5

do sol (considerado um deus poderoso pelos babilônicos) e do homem. Gn 1 é uma afirmação de fé, uma resistênciaà adoração do sol e do próprio rei Nabucodonosor que se auto-intitulava deus. Nesse hino é muito interessanteobservar que Deus cria a luz antes de criar o sol e que o sol é criado no 4º dia (na cultura oriental o nº 4 é umnúmero sem importância). “Os deuses de vocês são criaturas do nosso Deus Javé!”, afirma este 1º capítulo deGênesis, animando nos tempos do Exílio a fé em Deus e na resistência em não curvar-se diante da estátua de ouroe dos demais deuses da Babilônia (Dn 3).

A Bíblia nesse tempo:

Obs: Com a destruição do Reino de Norte desde 722 a.C., todos os textos bíblicos escritos nesta épocanascem no Reino do Sul (Judá).

1 - Os textos bíblicos escritos de 722 a.C. até 586 a.C. são:a) de 722 a.C. até 640 a.C.: Sofonias, Pv 10 a 22; Pv 25 a 29; Sl 46; Sl 48;b) de 640 a.C. até 609 a.C: Dt 5 a 26; Dt 28; Sl 31; Sl 80; Sl 81;c) de 609 a.C. até 586 a.C: Na; Hc; primeiros escritos do livro de Jr.

2 - Os textos bíblicos escritos posteriormente sobre essa época de 722 a.C. até 586 a.C. são:a) de 722 a.C. até 640 a.C.: 2 Rs 18 a 21; 2Cr 29 a 33;b) de 640 a.C. até 609 a.C: 2Rs 22 e 23; 2Cr 34 e 35;c) de 609 a.C. até 586 a.C: 2Rs 24 e 25; 2Cr 36; Jr 1-45.

3 - Os textos bíblicos escritos durante os anos de exílio na Babilônia (de 586 a.C. até 538 a.C). são:a) Entre os que permaneceram em Israel: Fonte D do Pentateuco; Lm, Obadias; conclusão dos livros de Js,

Jz, 1Sm, 2Sm, Jr;b) Entre os que foram levados para o exílio na Babilônia: Fonte P (Sacerdotal) do Pentateuco (inclusive Gn

1); Lv 8 a 10; Lv 17 a 26; Ez; 2Is (Is 40 a 45); Sl 42 e 43; Sl 69 e 70; Sl 137.

4 - Textos que foram escritos posteriormente sobre o período:a) falando sobre os que permaneceram em Israel: Sl 79; Sl 89; Sl 39 a 52; e conclusão dos livros de

Lamentações e Obadias.b) Falando dos que foram levados para o exílio na Babilônia: 2Rs 24; Ez 1-24; Ez 33-39.

12 - A VIDA DO POVO DE DEUS APÓS O CATIVEIRO:Mas a Babilônia no ano de 539 a.C., por sua vez, é vencida pela Pérsia, comandada pelo rei Ciro. A Pérsia,

com uma política de dominação diferente dos babilônicos, deixa o povo judeu (ainda cativo!) voltar para sua terra(2Cr 36:37; Ed 1 a 2) e reconstruir o Templo (Ed 3 a 6) e o muro de Jerusalém, trabalho feito sob direção deSebazar (um príncipe de Israel nomeado governador da Judéia pelos persas, Ed 1:8; Ag 1:1), de Zorobabel (outrojudeu nomeado governador da Judéia pelos persas, Ag 2:2-3, Ed 3:10 a 4:2), do sacerdote Esdras e Neemias.Esdras faz uma reforma religiosa (Ed 7 a 10) construindo o judaísmo sobre 3 pilares: templo, raça e lei. Esdrastambém é quem escreve a versão final do Pentateuco (a que temos hoje em nossas Bíblias). Esdras e Neemiassão os últimos escritos incluídos na coleção (lista, cânon) do Antigo Testamento.

Depois deles, vieram os livros chamados de deutoro-canônicos ou apócrifos (escritos na língua grega eadotados pelos judeus de Alexandria, no Egito, mas rejeitados pelos judeus de Judá), que são os 7 livrospresentes na versão da Bíblia utilizada pelos cristãos católicos e rejeitados na versão da Bíblia utilizada pelosprotestantes e evangélicos. Depois dos escritos de Esdras e Neemias vieram então, ao menos na Bíblia dosProtestantes, os 37 livros do Novo Testamento. Sobre os livros deutero-canônicos, o Reformador Martinho Luteroos considerava úteis para a edificação, mas não podiam ter o mesmo valor espiritual e canônico que os demaislivros do Antigo Testamento.

Ciro concedeu aos judeus a permissão de regressarem para a Judéia, agora uma província dominada pelaPérsia, que foi confirmada pelo rei Dario. O rei Xerxes aparece no livro de Ester como Assuero. Artaxerxes I (465-425)indicou Neemias como governador de Judá (Ne 5:14) e foi provavelmente Artaxerxes II (404-359) quem autorizou aMissão de Esdras a Jerusalém.

Durante muitos e muitos anos (desde a conquista e destruição do reino do Norte pela Assíria, em 722 a.C.), opovo israelita foi forçado a conviver e estimulado a se misturar com outros povos pagãos trazidos de várias partes doImpério assírio para Samaria (a antiga capital de Israel). Dessa mistura surgem os samaritanos, a quem o povo doReino do Sul (ao voltar do exílio babilônico) não reconhece mais como judeus, ou seja, da mesma raça e com a mesmafé. Por isso a antiga "inimizade" nos tempos de Jesus entre os judeus e samaritanos. É certo, que contribuiu para essa"inimizade" a mágoa antiga: foram os judeus do Norte que dividiram o povo de Deus no tempo de Roboão e Jeroboão,enfraquecendo o reino. Isso era difícil de "engolir".

6

Depois da dominação persa, o Império Macedônio (grego) de Alexandre, o Grande, domina boa parte domundo, inclusive a palestina, impondo sobre os povos conquistados a cultura helênica e a língua grega. Alexandreconstruiu a cidade de Alexandria, no Egito, cuja preciosa biblioteca sobreviveu durante mil anos e acabou setornando o maior centro de conhecimento do mundo. Com a morte de Alexandre em 323 a.C. o ImpérioMacedônio é dividido em 4 partes entre seus principais generais: a) Seleucos I fundou a dinastia Selêucida naregião da Síria; b) Ptolomeu I fundou a dinastia Ptolomaica no Egito e na Palestina; c) Lisimacos se apoderou daregião da Trácia, e d) Felipe III apoderou-se da Macedônia e Grécia.

No ano 200 a dinastia dos Selêucidas (Síria) toma a Palestina dos Ptolomeus (Egito). Diferentemente deCiro, Dario e Alexandre, os Selêucidas não respeitam o culto, o templo e os costumes do povo judeu. O reiAntioco IV Epifanes, por exemplo, obriga os judeus a comer carne de porco e profana o templo de Jerusalém em168 a.C, provocando uma rebelião do povo judeu, liderada por Judas Macabeu e sua família. Contando o tempode Alexandre, os ptolomeus e os selêucidas, a dominação grega acontece dos anos 331 a.C. a 165 a.C.. Em 165a.C., os Macabeus (grupo israelita religioso) se revoltam e se libertam da Grécia. Não foi nada fácil, mas Israelexperimenta aproximadamente 100 anos de liberdade e soberania nacional. Mas em 63 o general romanoPompeu, que acabara de derrotar a Síria, domina toda a Palestina e anexa Judá à então província romana daSíria. Quando Jesus nasce, Israel (e quase todo mundo conhecido de então) está dominada política e militarmentepelo maior de todos os impérios, o Império Romano.

Israel só voltou a ser nação livre depois da 2ª guerra mundial, em 1947 d.C.

Os livros redigidos até antes de Jesus são os livros da Antiga Aliança, conhecidos como o ANTIGOTESTAMENTO. Jesus estabelece uma nova aliança entre Deus e a comunidade humana. O Novo Testamentotrata dessa Nova Aliança.

A Bíblia nesse tempo:

1: Os textos bíblicos escritos:a) durante o retorno do exílio (entre os anos de 538 a.C. até 445 a.C. são: Lv 1 a 7; Lv 11 a 16; Ag; 1ª

parte de Zc (Zc 1 a 8); 3Is (Is 55 a 66); Jl; Sl 4; Sl 10; Sl 22; Sl 23; Sl 50; Sl 77; Sl 78; Sl 83; Sl 105 a 107; Sl 126.b) Durante a reorganização do povo e da vida na Judéia (terra dos judeus) entre os anos de 445 a.C. até

333 a.C. são: Rt, Jn, Jó, Pv 1 a 9, Ct, redação que uniu as fontes J,E,D e P (redação final do Pentateuco); Sl19:8ss; Sl 85; Sl 96 a 98; Sl 113; Sl 116; Sl 118; Sal 119;

c) Entre os anos de 333 a.C. até 63 a.C. são: 2ª parte de Zc (Zc 9 a 14); Ml; conclusão do livro de 1 e 2 Cr;Ne; Ed, Et; Sl 73; Dn; Sl 139; Sl 44; Sl 74; Sl 86; Sl 91; Sl 1; Sl 150.

13 - A SITUAÇÃO POLÍTICA NA PALESTINA NO TEMPO DE JESUSNo ano 747 da fundação de Roma, quando Jesus nasceu em Belém, César Otaviano Augusto era o

imperador romano. Naquele mesmo ano, a Palestina era governada por Herodes, o Grande, que obtivera dosenado romano o título de Rei dos Judeus. Ele era idumeu (ou edomita), supostamente descendente de Esaú, oirmão de Jacó, que casou-se com mulheres cananitas e era chamado de Edon (vermelho). Na época dosMacabeus, o sacerdote João Hircano que governou Judá de 135 e 104 a.C, conquistou a Iduméia e obrigou osidumeus a se converterem à religião judaica. Herodes, o Grande, portanto, era um idumeu supostamente seguidorda fé judaica.

Herodes era um homem cruel e ambicioso, que soube cativar a confiança dos imperadores romanos e orespeito dos judeus. Foi ele quem mandou restaurar e ampliar o Templo de Jerusalém; foi ele também queordenou a matança das crianças com menos de dois anos de idade esperando, assim, eliminar o menino Jesus.

Com a morte de Herodes o Grande, ocorrida no ano 750 de Roma, quando Jesus tinha aproximadamentetrês anos, o reino foi dividido entre os seus três filhos:

A Judéia, a Samaria e a Iduméia couberam a Herodes Arquelau que, por sua excessiva crueldade, logo foidenunciado ao imperador Augusto e foi deposto por este, sendo exilado na Gália (ano 759 de Roma). Seusterritórios passaram a ser governados diretamente por procuradores romanos. O quinto procurador foi PôncioPilatos, que exerceu o cargo por cerca de dez anos (de 26 a 36 d.C.); foi ele que condenou Jesus à morte.

A Galiléia e a Peréia couberam ao segundo filho de Herodes o Grande, Herodes Antipas. Foi ele quemandou prender e decapitar João Batista; também foi diante dele que Jesus compareceu durante sua Paixão.

As regiões situadas ao norte do lago de Genesaré (Ituréia, Traconítides, etc...) couberam ao terceiro filhode Herodes o Grande, chamado Filipe. Este soube administrá-las com sabedoria e somente o evangelho de SãoLucas o menciona.

7

Em 767, quando Jesus contava aproximadamente 20 anos, morria Otaviano, sucedendo-o no poder, comoImperador, Tibério César. Foi durante seu governo, que se estendeu até 789, que Jesus exerceu seu ministério efoi condenado à morte por Pôncio Pilatos.

13 - JESUS CRISTO:No meio de um tempo de grande agitação e de grandes esperanças políticas e religiosas, nasce JESUS.

Jesus começa o seu ministério aos 30 anos de idade anunciando as Boas Novas do amor de Deus, especialmentepara os pequenos, os pobres, os pecadores. Não é reconhecido como o Messias (ou Ungido, ou Cristo, ouEnviado) profetizado pelo Velho Testamento pela liderança do povo judeu, particularmente com os fariseus e comos saduceus. Essa liderança esperava um Messias Rei-Guerreiro-Profeta poderoso que, como o velho rei Davi,viesse para liderar um povo para libertá-lo da dominação do Império Romano. Jesus não só se diz o Messias (emgrego, Cristo), mas também o Filho de Deus. Entra em grande choque com os líderes do seu Povo e terminamorrendo assassinado numa cruz.

Depois do sofrimento e do escândalo de sua morte violenta, seus seguidores O vêem ressuscitado eproclamam: "O SENHOR ESTÁ VIVO!". Fortificados pelo poder do Espírito Santo, vão anunciar esta Boa Nova atodos os povos. Assim surge a Igreja que se espalha rapidamente no mundo daquele tempo.

Logo se sente a necessidade de anotar o conteúdo das palavras de Jesus, da pregação dos apóstolos e dareflexão dos discípulos(as) de Jesus. Nós encontramos o que a chamada Igreja Primitiva (daquele tempo) achouimportante nos livros do NOVO TESTAMENTO.

14 - NOSSA META: ESTUDAR A VIDA E OS ENSINOS DE JESUS

Os livros redigidos até antes de Jesus são os livros da Antiga Aliança, conhecidos como o ANTIGOTESTAMENTO. Jesus estabelece uma nova aliança entre Deus e a comunidade humana. O Novo Testamentotrata dessa Nova Aliança. É o que começaremos a estudar no próximo domingo, quando começamos a estudar avida e o ensino de Jesus nas Sagradas Escrituras!

15 – QUESTÕES:a) Alguns dizem que a Bíblia relata a história da infidelidade do ser humano e da fidelidade de Deus, da

contradição humana e a misericórdia de Deus e do desejo de salvação divino diante da tendência humana para aperdição, a desintegração e a violência humanas. Podemos ver isso nessa longa história do povo de Deus?

b) Conseguimos ver a mão de Deus agindo na história humana desde Adão até Jesus, como que havendouma história da salvação?

c) Podemos ver também hoje em dia a mão de Deus e a salvação de Deus no meio de nossa históriahumana? Vamos dar alguns exemplos?

8

Lição nº 2Para o dia 10 de janeiro de 2010

A PALESTINA NO TEMPO DE JESUS

OBJETIVO – Conhecer o contexto histórico e social do mundo em que Jesus encarnou-se, viveu, morreu eressuscitou.

1 - INTRODUÇÃO:É difícil tirar todo proveito da leitura dos Evangelhos, se não conhecermos alguma coisa da terra, ambiente

e mecanismo da sociedade em que Jesus viveu, há dois mil anos. Isso porque a encarnação do Filho de Deusaconteceu em tempo e lugar determinados, dentro de circunstâncias precisas e bem concretas. Assim conhecer ocontexto em que Jesus viveu não é apenas questão de cultura, mas também, e principalmente, dado necessáriopara se conhecer e avaliar com mais objetividade o que significou a vida, palavra e ação de Jesus. Só assimpoderemos perceber melhor o que sua vida, palavra e ação podem significar hoje, no contexto em que vivemos.

2 - A TERRA DE JESUSJesus viveu na Palestina, pequena faixa de terra com área de 20 mil Km2, com 240 Km de comprimento e

máximo de 85 Km de largura. Corresponderia aproximadamente à área do Estado de Sergipe. Do lado oeste,temos o mar Mediterrâneo. A leste o rio Jordão.

A cidadede Jerusalém conta com 50 mil habitantes, e está situada no extremo de um planalto, a 760m acima no níveldo mar Mediterrâneo e 1.145m acima do nível do mar Morto. Por ocasião das grandes festas, chega a receber 180 milperegrinos.

3 - A SOCIEDADE DO TEMPO DE JESUSToda sociedade humana é formada por pessoas e grupos depessoas unidas entre si por uma rede complexa de relaçõeseconômicas, políticas e ideológicas. Para situarmos a pessoa e aação de Jesus é necessário examinar os modos de relação queexistiam na sociedade daquele tempo.

3.1- EconomiaAs atividades que formavam a economia no tempo de

Jesus são duas: a agricultura e a pecuária (junto com a pesca)de um lado, e o artesanato de outro.

A agricultura é desenvolvida principalmente na Galiléia.Cultivam-se trigo, cevada, legumes, hortaliças, frutas (figo, uva) eoliveiras. Das árvores de Jericó, na Judéia, extrai-se bálsamo paraperfumes. A pecuária efetua-se principalmente na Judéia: criaçãode camelos, vacas, ovelhas e cabras. A pesca é intensa no MarMediterrâneo, no lago de Genesaré e no rio Jordão.

A maior parte das pessoas que trabalham na agricultura éformada por pequenos proprietários. Ao lado desses, existem osgrandes proprietários (anciãos) que geralmente vivem na cidade,deixando a direção de suas propriedades a cargo deadministrador, e empregando a força de trabalho de diaristas eescravos. Muitas vezes, sucede que os pequenos proprietários emapuros financeiros tomam dinheiro emprestado dos grandes, evêem seus bens hipotecados. Isso favorece cada vez mais o

acúmulo de terras nas mãos de algumas famílias ricas. Por fim, existem os camponeses sem propriedades, quearrendam terras e trabalham como meeiros ( "trabalham à meia", onde tudo que colhem é dividido ao meio com odono da terra).

O artesanato desenvolve-se nas aldeias e nas cidades, principalmente em Jerusalém. Os ramos principaisdessa atividade são cerâmica (vasilhames e artigos de luxo), trabalho em couro (sapatos, peles curtidas), trabalhoem madeira (carpintaria), fiação e tecelagem, aproveitando a lã de carneiros, abundantes na Judéia. O artesanatode luxo se concentra em Jerusalém, e serve para ser vendido como lembrança aos peregrinos.

9

Esse trabalho é feito por autônomos, estruturado em torno de produção familiar, em que o ofício passa depai para filho. Há também pequenas fábricas artesanais, que reúnem número significativo de operários. Junto comos trabalhadores do campo, esses artesãos formam a mais importante classe trabalhadora da Palestina.

Além desses artesãos, há também padeiros, barbeiros, açougueiros, carregadores de água e escravos quetrabalham tanto em atividades produtivas como em outros ofícios.

A circulação de toda mercadoria produzida, tanto na agricultura como no artesanato, forma outra grandeatividade econômica: o comércio. Este se desenvolve mais nas cidades e está na mão dos grandes proprietáriosde terras. Nos povoados o comércio é reduzido e o sistema é mais de troca de mercadorias.

Toda a atividade comercial é controlada por um sistema de impostos. Essa política fiscal faz com que tantoo Estado judaico como o Estado romano se tornem monopolizadores da circulação de mercadorias, o queproporciona vultosas arrecadações. Esses impostos são cobrados pelos publicanos (cobradores de impostos). Hátambém taxas para se transportar mercadorias de uma cidade para outra e de um país para outro. Esses impostose taxas se tornaram insuportáveis no tempo de Jesus.

Por essa visão geral da economia da Palestina já podemos perceber: Jesus é artesão (carpinteiro), váriosdiscípulos são pescadores e um deles é cobrador de impostos.

O aparelho de Estado em Jerusalém exerce forte controle sobre a economia de todo o país. Além de pólode atração do capital nacional, o Estado é o maior empregador (restauração do Templo, construção de palácios,monumentos, aquedutos, muralhas, etc...). Nisso tudo, o Templo de Israel tem papel central, A SABER:

a) Coleta de impostos, através da qual boa parte da produção do país vai para as mãos do Estado;b) Comércio: para atender à necessidade dos peregrinos e, principalmente, para manter o sistema de

sacrifícios e ofertas do próprio Templo.c) O Tesouro do Templo, administrado pelos sacerdotes, é o tesouro do Estado.

Além de toda essa centralização econômica, o Templo emprega mão-de-obra qualificada, principalmente artesãos.Assim, o Templo se torna o grande centro de exploração e dominação do povo. Mas a exploração e dominação não serestringem à economia interna, pois a Palestina é colônia do império romano. Este também cobra uma série deimpostos: o tributo (imposto pessoal e sobre as terras), uma contribuição anual para o sustento dos soldadosromanos que ocupavam a Palestina, e um imposto sobre a venda de todos os produtos.

3.2 - Política:O poder efetivo sobre a Palestina está nas mãos dos romanos. Mas, em geral, estes respeitam a autonomia

interna de suas colônias. A Judéia e a Samaria são dirigidas por um procurador romano, mas o sumo sacerdotetem poder de gerir as questões internas, através da lei judaica. Este porém é nomeado e destituído peloprocurador romano.

O centro do poder político interno da Judéia e Samaria é a cidade de Jerusalém, particularmente o Templo.Com efeito, é do Templo que o sumo sacerdote governa, assessorado por um Sinédrio de 71 membros, compostode sacerdotes, anciãos e escribas ou doutores da Lei. O Sinédrio é o Tribunal Supremo (criminal, político ereligioso) de Israel e sua influência se estende sobre todos os judeus, mesmo os que vivem fora da Palestina.

Nas cidades também existe pequeno aparato político (conselhos locais), dominado sempre pelos grandesproprietários de terras e, também, mais tarde, pelos escribas ou Doutores da Lei. Da mesma forma, nos povoadosencontramos um conselho de anciãos, que se reúne tanto para decidir sobre questões comunitárias, como paracasos de litígio ou transgressão da Lei, funcionando como Tribunal. Além disso, no campo, as relações deautoridade permanente são as relações familiares.

4 - GRUPOS POLÍTICO-RELIGIOSOS:Na sociedade do tempo de Jesus podemos distinguir vários grupos, que se diferenciam no modo de se

relacionar com a política, economia e religião, e que têm grande importância no quadro social da época.

4.1 - Saduceus:O grupo dos Saduceus é formado pelos grandes proprietários de terras (anciãos) e pelos membros da elite

sacerdotal. Têm o poder na mão, e controlam a administração da justiça no Tribunal Supremo (Sinédrio). Emboranão se relacionem diretamente com o povo, são intransigentes em relação a ele, e vivem preocupados com aordem pública. São os principais acusadores de Jesus e responsáveis pela sua morte.

Os Saduceus são os maiores colaborares do império romano, e tendem para uma política de conciliação, commedo de perder seus cargos e privilégios. No que se refere à religião, são conservadores: aceitam apenas a lei escrita e

10

rejeitam as novas concepções defendidas pelos doutores da Lei e fariseus (crença nos anjos, demônios, messianismo,ressurreição).

4.2 - Doutores da Lei (ou escribas):O grupo dos doutores da Lei, vai adquirir cada vez maior prestígio na sociedade do tempo de Jesus. Seu

poder reside no saber. Com efeito, são os intérpretes avalizados e reconhecidos das Escrituras, e daí seremespecialistas em direito, administração e educação. A influência deles é exercida principalmente em três lugares:Sinédrio, sinagoga e escola. No Sinédrio, eles se apresentam como juristas para aplicar a Lei em assuntosgovernamentais e em questões judiciárias. Na sinagoga eles são os grandes intérpretes das Escrituras, criandoatravés da leitura, explicação e aplicação da Lei para os novos tempos. Abrem escolas e fazem novos discípulos.

Embora não pertençam economicamente à classe mais abastada, os doutores da Lei gozam de uma posiçãoestratégica sem igual. Monopolizando a interpretação das Escrituras, tornam-se guias espirituais do povo,determinando até mesmo as regras que dirigem o culto. Sua grande autoridade repousa sobre uma questãoesotérica: não ensinam tudo o que sabem, e escondem ao máximo a maneira como chegam a determinadasconclusões.

4.3 - Fariseus:Fariseu quer dizer separado. Inicialmente aliados à elite sacerdotal e aos grandes proprietários de terras, os

fariseus deles se afastam para dirigir o povo, embora mantenham distância do povo mais simples (que não conhece enem tem condições de praticar a Lei). São nacionalistas e hostis ao império romano, mas sua resistência é do tipopassivo. O grupo dos fariseus é formado por leigos provindos de todas as camadas da sociedade, principalmenteartesãos e pequenos comerciantes. A maioria do clero (sacerdotes) pobre, que se opõe à elite sacerdotal, tambémcomeça a pertencer a esse grupo.

No terreno religioso, os fariseus se caracterizam pelo rigoroso cumprimento da Lei em todos os campos esituações da vida diária. São conservadores zelosos e também criadores de novas tradições, através dainterpretação da Lei para o momento histórico em que vivem. A maior expressão do farisaísmo é a criação dasinagoga, opondo-se ao Templo, dominado pelos saduceus. Desse modo a sinagoga, com a leitura, interpretaçãodos textos bíblicos e oração, torna-se expressão religiosa oposta ao sistema de cultos e de sacrifícios do Templo.

Os fariseus acreditam na predestinação, na ressurreição da pessoa humana para uma vida eterna comDeus e no messianismo de que Deus levantaria alguém da descendência (raiz) do grande Rei Davi para redimir aIsrael, ou seja, para libertar Israel do jugo e domínio romano. Esperam um Messias ( = enviado, ungido) político-espiritual, cuja função será precipitar o fim dos tempos e a libertação política, econômica e religiosa de Israel. E,para aos fariseus, a estrita observância da Lei, a oração e o jejum provocarão a vinda do Messias. Os fariseus eos doutores da Lei simpatizam entre si, a ponto de muitos doutores da Lei serem também fariseus.

4.4 - Zelotes, Zelotas ou Sicários:Os Zelotas se constituíram a partir dos fariseus. Provêm especialmente da classe dos pequenos

camponeses e das camadas mais pobres da sociedade, massacrados por um sistema fiscal com muitos impostos.São muito religiosos e nacionalistas. Desejam expulsar os dominadores pagãos ( romanos), e também sãocontrários ao governo de Herodes na Galiléia. Quem restaurar um Estado teocrático onde o Deus Javé é o únicorei e soberano, representado por um descendente de Davi. Esperavam que o Messias fosse alguém dadescendência de Davi ungido por Deus para governar em Seu nome sobre Israel. Nesse sentido eles sãoreformistas, isto é, pretendem restabelecer uma situação passada.

Enquanto os fariseus se mantêm numa atitude de resistência passiva, os zelotas partem para uma lutaarmada para expulsarem os romanos. Por isso, as autoridades os consideram criminosos e terroristas, e sãoperseguidos pelo poder romano. Certamente Barrabás era um zelota. Entre os apóstolos de Jesus, provavelmentedois eram zelotas: Simão Pedro ( Mc 3:19) e Judas Iscariotes. Simão Pedro parece adotar certos métodos doszelotas, por exemplo, quando corta com sua espada a orelha do sumo-sacerdote que estava entre os que prenderamJesus no Getsêmani.

4.5 - Herodianos:Os herodianos são os funcionários da corte de herodes. Embora não formem um grupo social, concretizam a

dependência dos judeus aos romanos. Conservadores por excelência, têm o poder civil da Galiléia nas mãos. Fortesopositores dos zelotas, vivem preocupados em capturar agitadores políticos na Galiléia. São os responsáveis pelamorte de João Batista.

4.6 - Essênios:Os essênios se tornaram mais conhecidos a partir da descoberta de documentos em grutas perto do Mar

Morto, em 1947. O grupo é resultado de fusão entre sacerdotes dissidentes do clero de Jerusalém e de leigosexilados. Na época de Jesus, vivem em comunidades com estilo de vida bastante severo, caracterizado pelosacerdócio e hierarquia, legalismo rigoroso, espiritualidade apocalíptica de "fins de tempos" e a pretensão de ser o

11

verdadeiro povo de Deus. Em muitos pontos assemelham-se aos fariseus, mas estão em ruptura radical com ojudaísmo oficial. Tendo deixado Jerusalém, dirigem-se para regiões de grutas, para aí viverem ideal "monástico" (separados da sociedade, como monges num convento). Levam vida em comum, onde os bens são divididos entretodos, há obrigação de trabalhar com as próprias mãos, o comércio é proibido, assim como o derramamento desangue, mesmo em forma de sacrifícios. A organização da comunidade dos essênios lembra muito a das ordensreligiosas católicas: condições severas para admissão, tempo de noviciado ( experiência antes de serdefinitivamente aceito), governo hierárquico, disciplina severa, rituais de purificação, ceias sagradas comunitárias.

Os essênios esperam um Messias chamado Mestre da Justiça, que organizará a guerra santa paraexterminar os ímpios e estabelecer o reino eterno dos justos.

4.7 - Publicanos:Os publicanos eram coletores de impostos, mal vistos pelo povo, título tradicional de homens, em cada

localidade, empregados do governo romano para cobrarem impostos do povo. Como trabalhavam para osromanos e muitas vezes faziam cobranças extorsivas, passaram a ter má reputação, sendo geralmente odiados econsiderados traidores. Eram considerados proscritos pela sociedade da época.

Não podiam servir de testemunhas ou juízes, sendo excluídos da sinagoga. Aos olhos da comunidadejudaica, essa desonra estendia-se até suas famílias. (fonte: NVI).

No entanto nas suas atitudes relatadas nas escrituras fica explícita a disposição em arrependerem-se:alguns iam ao encontro de João Batista se batizavam. Outros procuravam conhecer a Jesus. Neste aspecto umpersonagem marcante foi Zaqueu, o chefe dos publicanos, caso descrito em Lucas 19:1 a 9.

4.8 - Samaritanos:Apesar de não pertencerem ao judaísmo propriamente dito, os samaritanos são um grupo característico

do ambiente palestinense. Por volta do ano de 720 a.C a Assíria invade o Reino do Norte (Israel) e toma possedaquela Região. Estabelece ali outros povos que ela deportou de muitos outros lugares. Dezenas de anos depoisos judeus do norte e os povos deportados para ali acabam se "misturando" e se tornam o povo de Samaria(samaritanos). Adotam a religião de Israel e os escritos antigos, escrito até naquele tempo.

Bem mais que os judeus, os samaritanos observam escrupulosamente as prescrições da Lei. Mas, como foipor volta de 580 a.C que Esdras no exílio (junto com uma boa parte da população do reino do Sul, Judá) naBabilônia, é quem dá a última redação à Lei que hoje conhecemos como Pentateuco, os samaritanos nãoreconheceram esta redação de Esdras e até hoje não a aceitam. Por isso, não aceitam nada do AntigoTestamento que tenha sido escrito depois da destruição do Reino do Norte. Também não freqüentam o Temploem Jerusalém.

Para os Samaritanos o único lugar legítimo de culto à Deus é o monte Garizim, que fica perto de Siquém,em Samaria. Esperam também por um Messias chamado Taeb ( = aquele que volta). Esse messias não édescendente de Davi, e sim um novo Moisés, que vai revelar a verdade e colocar tudo em ordem no final dostempos.

Os samaritanos, desde o tempo de Esdras e Neemias (por ocasião da reconstrução do templo e da muralhade Jerusalém e do retorno do exílio à Palestina) são considerados como raça impura pelos judeus. Por seremdescendentes de população misturada com estrangeiros.

5 - RELIGIÃO:A religião dos judeus no tempo de Jesus está centrada em dois pólos fundamentais: o Templo e a sinagoga.

5.1 - O Templo:O templo é sem dúvida o centro de Israel. É nele que todos os judeus, mesmo os da Dispersão (que fugiram

e vivem fora da Palestina), devem se reunir para prestar culto a Deus. No Templo habita o Deus único, santo,puro, separado, perfeito. Por natureza, os seres humanos e as coisas são profanos, impuros, banais, imperfeitos.A única forma de se purificar é aproximar-se de Deus. A pessoa torna-se mais pura quanto estiver mais perto deDeus; quanto mais distante, mais impuro. Percebe-se, então o poder dos sacerdotes na sociedade judaica: sãoeles que estão mais perto de Deus e, consequentemente, cabe a eles a autoridade de decidir sobre o que é puro eimpuro, e também sobre o que deve ser feito para que haja a purificação.

Esta autoridade dos sacerdotes sobre o povo acaba legitimando e reforçando o Templo, que se torna nãosó o centro religioso, mas também o centro econômico e político. Lá se compra desde o animal "perfeito" para osacrifício até os escravos vendidos em Israel. É por isso que no tempo de Jesus o Templo possui imensasriquezas (o Tesouro) e toda a cúpula governamental age a partir daí ( o Supremo Tribunal em Israel que é oSinédrio).

12

Desse modo, a casa de oração e ofertas a Deus se torna um imenso mercado, um imenso banco e lugar degrande poder político. Em outras palavras, a religião se torna instrumento de exploração e opressão do povo.

5.2 - A Sinagoga:O Templo é o centro de toda a vida de Israel. É o lugar de culto, e o povo freqüenta principalmente por ocasião das

grandes festas de Israel. Na vida comum, no dia a dia, o centro religioso é constituído pela sinagoga, presente até mesmonos menores povoados. Sinagoga é o lugar onde o povo se reúne para oração, para ouvir a Palavra de Deus, e para apregação.

Qualquer israelita adulto pode fazer a leitura do texto bíblico na sinagoga, e pode escolher o texto que quiser.Depois da leitura, também qualquer adulto pode fazer a pregação, explicando o texto e relacionando-o com outrostextos. Em geral exalta-se a Deus e procura -se dar uma formação para a fé do povo, convidando-o a viver segundo aLei.

O sacerdote não tem função especial na sinagoga, porque esta não é lugar de culto litúrgico. Emboraqualquer adulto possa presidir a uma reunião, nem todos o fazem, ou por serem analfabetos ou por não sejulgarem preparados para o comentário. As reuniões acabam sendo então sempre animadas pelos doutores daLei e fariseus, que cada vez mais propagam sua interpretação da Lei, sua teologia. E, por conseguinte, aumentamsua influência sobre o povo, adquirindo prestígio cada vez maior.

Em geral, a sinagoga pertence à comunidade local. Nos povoados menores, ela serve como escola parajovens e crianças. Nos centros maiores, constroem-se salas de aula ao lado da sala de reunião. Em Jerusalém,algumas sinagogas tinham até hospedaria e instalações sanitárias para acolher aos peregrinos.

6 - JESUS E O SEU TEMPO:Jesus se fez homem e habitou como ser humano entre nós. Jesus nasceu, viveu e morreu dentro do

contexto histórico do Século I. Quando lemos o texto dos Evangelhos, devemos estar atentos para avaliarcorretamente a sua atividade não só do ponto de vista moral e religioso, mas também dentro do contexto social,econômico e político do seu tempo. Jesus tinha uma palavra para as pessoas, Jesus tinha uma palavra de vidapara a sociedade e a história de seu tempo. Pois, só assim a palavra e a ação de Jesus adquirirão o relevoconcreto para que nós as entendamos melhor e possamos trazer para nós a mensagem e ministério de Jesuspara o indivíduo e a sociedade de nosso tempo.

Não se trata de reduzir a mensagem de Jesus apenas a um discurso político ou uma crítica à sociedade deseu tempo. Mas também não podemos cair no oposto e fecharmos nossos olhos para a abrangência da palavrade Jesus, reduzindo a Sua mensagem somente a nível individual e intimista.

A economia, a política, a cultura, a história do tempo de Jesus era parte da vida da pessoa que vivia naqueletempo. Eram coisas que, por mais que uma pessoa não aceitasse ou nem mesmo soubesse, interferiam na vida decada pessoa, família e comunidade. Hoje também, são coisas que fazem parte de nossa vida. E Jesus tem umapalavra para nosso tempo e para as coisas e pessoas de nosso tempo. Jesus é soberano não só sobre a vida dapessoa, mas sobre tudo, inclusive sobre a política, a economia, a religião, etc... É preciso proclamar isso: Jesus éSenhor!

7 – QUESTÕES:a) Quando Jesus aceitou deixar a sua glória e poder, encarnar-se em forma de pessoa humana, sendo igual

a nós em tudo, exceto no pecado, mesmo não deixando de ser Deus em momento algum, Ele aceitou ser umapessoa histórica, que precisou da barriga de Maria para ser gestado, dos cuidados de Maria para ser criado...Jesus aceitou a viver como as pessoas daquele tempo, a vestir-se como os homens do seu tempo vestiam, a falara língua que seus pais e seu povo falavam.

Resumidamente, como podemos descrever o tempo e o mundo em que Jesus viveu? Como podemosimaginar a vida familiar e social de Jesus?

b) Embora Jesus fosse um homem marcado e influenciado pelo seu tempo, Jesus também foi um homemque vivia à frente de seu tempo, Jesus foi um homem maior que o seu tempo. Podemos ver isso nas novidadesdos ensinos e na vida de Jesus?

Por exemplo:- como Jesus tratava as mulheres e como a cultura e a religião de seu tempo tratavam as mulheres?- como Jesus tratava as crianças e como a cultura e a religião de seu tempo tratavam as crianças?

d) Fale como as pessoas abaixo eram tratadas naquele tempo e o jeito novo de Jesus as tratar:- os leprosos, os coxos e os demais doentes;

13

- os samaritanos;- os fariseus;- os gentios;

c) Além de Jesus, há exemplos de outros cristãos que viveram à frente de seu tempo. Eram pessoasvisionárias. O Apóstolo Paulo num tempo em que as mulheres eram usadas e oprimidas pelos maridos,ordena aos maridos que amem as mulheres do mesmo jeito como Cristo amou a Igreja. João Wesley, ofundador do Metodismo, foi uma das primeiras vozes das grandes lideranças religiosas a condenar e acombater a escravidão, incentivando as lutas abolicionistas, incentivando a educação popular, a medicinapopular. Hoje em dia nós cristãos somos pessoas também marcadas pelos valores e cultura de nossotempo e do lugar onde vivemos. Mas tal como Jesus, somos pessoas que vivem também à frente denosso tempo?Como os cristãos tratam a questão das grandes lutas de nosso tempo, por exemplo, com relação àpreservação do meio-ambiente?

14

Lição nº 3Para o dia 17 de janeiro de 2010

O QUE A GENEALOGIA DE JESUS NOS DIZ

1 - Textos Base: Mt 1:1-16 e Lc 3:23-38

2 - Leituras da semanasegunda-feira: Mc 1:1-11 – Marcos inicia o evangelho como batismo de Jesusterça-feira: Lc 1:26-38 – Predito o nascimento de Jesusquarta-feira: Lc 3:15-22 – o testemunho de João Batista sobre Jesusquinta-feira: Ed 7:1-5 – A genealogia de Esdrassexta-feira: Js 2 – A História de Raabe, uma ex-prostituta que faz parte da genealogia de Jesussábado: Rt 4:1-22 – A História da moabita Rute, que foi bisavó do grande Rei Davi

1 - A FUNÇÃO DAS GENEALOGIAS E A RAZÃO DE UMA GENEALOGIA PARA JESUSUma genealogia mostra a série de antepassados de alguém, a sua ascendência familiar. Pela genealogia

supostamente se poderia descobrir as origens familiares e tribais de uma pessoa e defender os direitos a herança.É como se a genealogia fosse um documento de identidade ou uma “certidão de nascimento”, que além dosnomes dos pais e avós paternos e maternos, tinha também todos os demais ancestrais, até onde se podiaidentificar.

As genealogias eram importantes dentro da cultura judaica, um povo que se organizava em clãs e tribos.Elas eram um documento escrito que garantiam aos indivíduos os seus direitos pessoais e ou privilégios tribais.Por exemplo: só quem pertencia à tribo de Levi poderia exercer o ministério de levita.

A importância da genealogia como prova de descendência aparece na exclusão do sacerdócio depois doexílio na Babilônia daqueles que não podiam provar a sua descendência sacerdotal a partir das genealogias(Ed2:59-63; Ne 7:61-65). Ou seja, sem comprovação de identidade, sem direitos e privilégios.

As longas genealogias também serviam no tempo de Jesus para atestar a pureza étnica do judeu, o que ohabilitava a ser aceito plenamente ou não pela religião e pelo mundo social judaico daquela época. Ter nagenealogia alguém impuro (estrangeiro, judeu que exercesse alguma profissão considerada impura) era ter umagrande mácula, uma impureza que tornava aquela pessoa e sua família impura. Fugindo de sua função original, asgenealogias passaram a separar as pessoas por um suposto nível de “pureza racial”.

Mas como nem sempre era possível identificar todos os antepassados, ou os antepassados a partir de umdeterminado período mais antigo, não era impossível e incomum estabelecer vínculos genealógicos artificiais,visando garantir ligações históricas ou geográficas.

E também não raras vezes o dinheiro tinha o poder de “arrumar” genealogias e de “purificá-las” também. Demodo que os ricos e privilegiados podiam ter as genealogias que quisessem, garantindo os direitos religiosos ecivis pretendidos.

As genealogias como escritos bíblicos, tão longas e artificiais, são um produto literário, compostas comdeterminadas intenções simbólicas. Paulo roga a Timóteo para que este exorte a certas pessoas na igreja, quecertamente sob influência judaica, ocupavam-se em demasia com fábulas e genealogias (1Tm 1:3-4), pois “a vidacristã não é mera teoria baseada em especulações e sistemas teológicos que muitas vezes parecem não ter outracoisa sem mira senão deleitar o pensamento” (Bíblia pastoral – Nota de rodapé referente ao texto de 1Tm 1:3-7 –Página 1529).

Os evangelistas Mateus e Lucas ao escreverem uma genealogia para Jesus, a única em todo o NovoTestamento, o que pretendiam? Pretendiam mostrar que Jesus era descendente da tribo de Davi e, portantolegítimo herdeiro do trono de Israel. Era de fato o messias das profecias do Antigo Testamento e o Salvador deIsrael.

Mas a genealogia de Jesus era resposta a uma heresia surgida nomeio de alguns cristãos lá da metade do Iséculo da Era cristã que defendia que Jesus havia sido “adotado” por Deus como seu Filho na hora em que erabatizado. Jesus, por essa heresia, não era Deus encarnado, mas Filho adotado por Deus.

15

Se nos lembrarmos, o primeiro Evangelho a ser escrito foi o de Marcos, que começa justamente com obatismo e Deus dizendo “Eis aí o meu Filho amado”. Tentando responder a um questionamento da cultura dosgregos, sobre como um Deus transcendente, onipotente e onisciente poderia caber dentro de um corpo material emortal, alguns cristãos formularam uma teologia que afirmava que Jesus havia sido adotado. Foi assim que surgiuessa heresia no meio do povo de Deus. Alguns querendo ajudar, falaram o que era errado acerca de Deus e deJesus.

Mateus e Lucas assumem, entre outras, a tarefa de provar que Jesus não era adotado, mas era Deusencarnado. Pesquisam um pouco mais e falam da infância de Jesus, do chamado à Maria, dos magos do oriente,dos pastores, de muitas outras testemunhas que viram o menino Deus. E como dito a pouco, montaram agenealogia de Jesus para reforçar a encarnação de Deus e também a humanidade de Jesus, pois havia gente quedizia lá naquele tempo que Jesus era uma miragem, um fantasma, uma espécie de homem holográfico ou virtual.

2 - A GENEALOGIA DE JESUS CRISTO:A genealogia de Jesus é a única fornecida no Novo Testamento.

Parte desta genealogia (dos ancestrais de Jesus) aparece em 1 Crônicas, capítulos 1 a 3, desde Adão,passando por Salomão e Zorobabel. Os livros de Gênesis e de Rute, fornecem a linhagem de Adão até Davi.

Em Mateus no primeiro capítulo encontramos a genealogia de Jesus escrita de forma descendente: começaem Abraão e vem até Jesus.

Em Lucas, no capítulo 3:23-38, encontra-se uma outra versão da genealogia de Jesus, escrita de formaascendente, começando em Jesus e indo até Adão.

Em Lucas a genealogia ao invés de seguir através de Salomão, conforme fez Mateus (Lc 3:31; Mt 1:6-7),segue segundo defendem alguns, os antepassados de Maria, mostrando assim ter sido Jesus descendentenatural de Davi através de Natã, ao passo que Mateus mostra o direito legal de Jesus ao trono de Davi, por eledescender de Salomão através de José, que era legalmente o pai de Jesus.

A diferença entre elas nunca foi explicada satisfatoriamente. A explicação mais aceita é que a genealogiasegundo Lucas apresenta a genealogia natural de José (seu pai, seu avô, seu bisavô, etc) e a de Mateusapresenta a lista de herdeiros que ocuparam o trono de Israel. Assim, a lista de Mateus tem um sentido diferente,um sentido teológico: ela afirma que Jesus é o verdadeiro Rei, descendente da linhagem real de Davi, como Deusprometera. Jesus é apresentando como o messias que viria reinar sobre Israel, o herdeiro “raiz de Davi” e “Leãoda tribo de Judá” das antigas profecias. E também “a semente de Abraão, segundo a promessa” (Gl 3:16).

Registros familiares e particulares, bem como registros públicos de genealogias, podiam ser consultados.Também é evidente que a questão do Messias descender de Abraão, através de Davi, era para os judeus umaquestão de importância primária. Deste modo podemos confiar que tanto Mateus como Lucas consultaram estastabelas genealógicas, e com certeza os textos do AT para a formação de suas genealogias.

Mas por que Mateus omite alguns nomes destas listas e de outros cronistas? Para se provar umagenealogia, não é necessário dar o nome de cada elo da linhagem. Esdras, por exemplo, para provar sualinhagem sacerdotal, em Ed 7:1-5, omitiu vários nomes da linhagem sacerdotal em 1Cr 6:1-15. Isso por não seressencial dar o nome de todos para satisfazer os judeus quanto à linhagem sacerdotal.

A genealogia em Mateus como a de Lucas eram os nomes reconhecidos como autênticos pelos judeusdaquele tempo. Escribas, fariseus, e saduceus, eram ferrenhos inimigos do cristianismo, e eles usariam qualquerargumento possível para desacreditar a Jesus. E mesmo tendo sido escrita e publicada após a morte, ressurreiçãoe ascensão de Jesus, sua genealogia nunca foi questionada pelas pessoas da época. Se a lista apresentada porMateus ou Lucas, estivesse errada, seria uma grande oportunidade para seus oponentes. Mas até o ano 70 ondeesses registros eram consultados livremente isso não ocorreu. Isso seria possível também aos inimigos pagãos docristianismo no primeiro século. Muitos sendo homens eruditos teriam indicado prontamente, qualquer evidênciade que estas listas de Mateus e de Lucas, não eram autênticas e eram contraditórias.

Como já foi dito aqui, Mateus provavelmente copiou de um registro público sua lista, mas ele omite algunsnomes, e isso pode ter sido proposital. Três reis da linhagem de Davi, precisamente entre Jeorão e Uzias,possivelmente por que Jeorão se casou com a iníqua Atalia, filha de Jezabel da casa de Acabe e introduzindoassim, esta estirpe condenada por Deus, na linhagem dos reis de Judá (1Rs 21:20-26; 2Rs 8:25-27). Apósmencionar Jeorão como primeiro na aliança iníqua, Mateus omite os nomes dos próximos três reis até a quartageração. Acazias, Jeoás e Amazias, os frutos desta aliança. Faça uma comparação entre Mt 1:8 com 1Cr 3:10-12.

Em Mateus são 14 nomes de Abraão a Davi, mais 14 nomes de Davi até Jeconias (o último rei de Israel) emais 14 nomes de Jeconias até Jesus. É como se a genealogia de Jesus em Mt estivesse dividida em 3 tempos

16

distintos com dois pontos decisivos: Davi (o início da monarquia) e o exílio (o fim damonarquia). Jesus simboliza onovo tempo, o renascimento, o novo rei, o messias esperado. Como Israel deixou de ser uma monarquia, apromessa passou a ser aplicada ao Messias.

Mas a comprovação da pureza racial de Jesus não é uma das intenções de Mateus. Olhando a genealogiade Jesus, vemos que nela há algumas “manchas”, entre as quais, Raabe, a ex-prostituta de Jericó, e Rute, aestrangeira moabita, nora de Noemi e avó do Rei Davi e bisavó de Salomão. Aliás, não era comum incluirmulheres nas genealogias, mas a de Jesus tem 4. As duas já mencionadas e mais Tamar e Bete-Seba, a mãe deSalomão com quem Davi cometeu adultério (2Sm 11). E que foram incluídas na genealogia não pelo que fizeramde errado e pelo passado, mas certamente pelas “novas criaturas” que se tornaram diante da presença de Deus.

Sobre a presença das mulheres estrangeiras a genealogia aponta para o senhorio universal de Jesus, ouseja, ele é messias, rei, senhor e salvador de judeus e também de gentios, de todos os povos. Rei universal.

Mateus e Lucas alcançaram o seu objetivo, provar que Jesus descendia de Abraão e Davi. Devemoslembrar que Mateus escreveu para os judeus, ele devia se preocupar em provar a linhagem de Jesus ligada aDavi. Já Lucas para os gentios sua tarefa era relacionar Jesus como o Filho de Deus. Tudo o que tinham de fazerera guiar-se pelas tabelas públicas que eram aceitas em relação à linhagem de Davi e do sacerdócio levitico, (VerLc 1:5; 2:3-5; Rm 11:1). Isso não prejudicava o objetivo de provar a linhagem de Jesus em nenhum dos doiscasos.

“Em Jesus, continua e chega ao ápice toda a história de Israel e do Antigo Testamento. Sua árvoregenealógica apresenta-o como descendente de Davi e de Abraão. Como filho (descendente) de Davi, Jesus é oherdeiro a linhagem real e é o Rei-Messias que vai instaurar o Reino prometido. Como descendente e filho deAbraão, ele estenderá o Reino a todos os homens, através da presença e ação da Igreja”, diz-nos a nota derodapé da Bíblia Edição Pastoral referente ao texto bíblico de Mateus 1:1-17.

5 – QUESTÕES:a) O que a genealogia de Jesus queria dizer ao ser colocada nos livros de Mateus e Lucas?

b) Como vimos, a genealogia escrita por Lucas é diferente da genealogia escrita por Mateus. Por que elassão diferentes?

c) Esses dois evangelhos escritos por Mateus e Lucas ainda no Século I têm diferenças entre as suasnarrativas, como no caso das genealogias, percebidas certamente desde o Século I quando foramescritas. Por que alguém não corrigiu as genealogias para que elas se parecerem? Por que os cristãosao longo da história e o próprio Deus deixou informações diferentes em lugares diferentes da Bíblia?

d) O que isso nos ensina hoje?

17

Lição nº 4Para o dia 24 de janeiro de 2010

Texto de Ricardo Wesley Salles Garcia

A FUGA PARA O EGITO E A INFÂNCIA DE JESUS

1 - Texto Base: Mt 2.13-23

2 - Leituras da semanasegunda-feira: Lc 2.39-40terça-feira: Lc 2.21quarta-feira: Lc 2.22-24quinta-feira: Lc 2.25-35sexta-feira: Lc 2-36-38sábado: Lc 2.41-52

(Ilustração ao lado: Gesù nella casa dei suoi genitori,John Everett Millais, 1850)

2 - ObjetivoMostrar a ação de Deus no cumprimento de Seus propósitos e que Jesus foi criança, adolescente e jovem

como qualquer outro ser humano, e que crescia em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens.

3 - IntroduçãoPouco sabem os historiadores sobre a infância de Jesus. Conforme o Evangelho de Mateus, Jesus teria

passado o começo de sua infância no Egito até a morte do rei Herodes, que queria matá-lo. Essa narrativa,contudo, não faz parte do texto do Evangelho de Lucas, que traz uma informação mais relacionada aos costumesjudaicos, enfatizando a circuncisão ao oitavo dia, e a apresentação no templo após o período da purificação desua mãe. Ao se analisar os dois textos verifica-se que não há qualquer contradição entre eles, já que não existeindicação temporal de quando foi a fuga de José, Maria e Jesus para o Egito, e com certeza, que pela lei judaicaJesus foi realmente circuncidado e levado ao templo após o período de quarenta dias relativos à purificação deMaria.

Em virtude da lacuna deixada pelos Evangelhos Canônicos, o pouco que se especula sobre a infância deJesus provém de um relato sobre sua vida dos cinco aos doze anos, feita por Tomé, filósofo israelita, conhecidocomo "A Infância do Senhor Jesus", também denominado como o Evangelho do Pseudo-Tomé, um antigomanuscrito apócrifo escrito em Siríaco. Porém é conveniente salientar que tal fonte tem sua autenticidadecontestada, e em alguns casos é notória a influência do pensamento de grupos religiosos diversos (do século II aoIV) das raízes tradicionais cristãs.

Em umas das poucas referências canônicas à juventude de Jesus, Lucas diz que, aos 12 anos, ele foi comos pais de Nazaré a Jerusalém, para a festa de Pessach, a Páscoa judaica, e lá surpreendeu os doutores doTemplo pela facilidade com que aprendia os ensinos, e por suas perguntas intrigantes.

4 - A Fuga para o EgitoQuando Jesus nasceu, os romanos tinham ampla dominação mundial. Os judeus, desde 63 a. C., estavam

sob o governo de Cesar. Jesus nasceu durante o império de Cesar Augusto (Lc. 2.6,7). Essa época é conhecidacomo “pax romana”, pois em virtude da ausência de guerras, o Império pôde investir em outras edificações, comoestradas, que serviriam, posteriormente, para a expansão do cristianismo. Antes dos romanos, Alexandre Magno,o grego, helenizou as terras que havia conquistado. Esse processo de aculturação foi tão intenso que os romanos,ainda que tenham dominado os gregos politicamente, acabaram absorvendo sua estilo de vida. A língua franca,

18

naqueles tempos, era o grego koinê, que serviu para a pregação do evangelho e a escrita dos textos do NovoTestamento. A religião principal, entre os judeus, herdeiros da promessa de Abraão, os direcionava a terexpectativa por um Messias que libertaria do jugo dos seus inimigos. Nesse período, denominado por Paulo de“plenitude dos tempos”, Cristo veio à terra. “nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4-5).

O texto de Mateus revela que Jesus, ainda bebê, recebeu a visita de magos que vieram do Oriente apósidentificarem por seus estudos que uma estrela indicaria o lugar onde estava o Rei dos judeus. Mas essa visitacertamente não se deu na estrebaria. Alguns estudiosos acham que pode ter ocorrido até seis meses após onascimento de Jesus. Passando eles antes por Jerusalém, perguntavam sobre o recem-nascido Rei dos Reis, oque alarmou o rei Herodes (Mt 2.3). Tendo este chamado os magos secretamente, pediu-lhes informações maisdetalhadas sobre o menino e que pudessem dizer-lhe, no seu regresso, o local exato onde ele estaria.

Quando os magos não voltaram para revelar a localização do rival ao trono, Herodes ficou enfurecido.Levando-se em conta seu reinado de terror o assassinato por ordem de Herodes de todos os meninos de Belém eseus arredores de dois anos para baixo não está fora de seu caráter.

Há os que questionam a historicidade do acontecimento, visto que parece estranho que o plano e trama deHerodes permitissem que os magos e Jesus escapassem da rede de espionagem. Ademais, a demora de suareação, às vezes calculada em um ano ou mais, parece igualmente inverossímil. Mas não podemos presumir queHerodes tenha mandado seguir os magos; mesmo que o fizesse, não há como prever que sua organização deinteligência fosse infalível. Outrossim Mateus acredita que a providência divina teve parte na fuga dos magos e deJesus. O período de tempo entre a chegada dos magos a Jerusalém e à corte de Herodes e a partida deles deBelém pode ter sido pequeno. O limite de idade que Herodes escolheu para matar os bebês foi provavelmenteaveriguado pela determinação de quando a estrela apareceu a primeira vez. Os magos podem ter levado muitotempo para decidir responder ao sinal celestial e eventualmente percorrer o caminho à Terra Santa em busca dobebê nascido para ser rei. O texto deixa a impressão que assim que os magos saíram, a família santa tambémdeixou Belém.

O momento em que a família de Jesus foge para o Egito não é suficientemente preciso na Bíblia. Após onascimento de Jesus, José ainda teria permanecido por algum tempo nessa cidade esperando que o meninoestivesse em condições para suportar uma viagem de volta à Galiléia.

Igualmente, não se sabe ao certo por quanto tempo a família de Jesus teria morado no Egito. Sabe-seapenas que Jesus permaneceu no Egito até a morte de Herodes, quando então José, após ser avisado por umanjo em seus sonhos, retorna para a cidade de Nazaré.

É de se imaginar que o período em que a família de Jesus viveu no Egito não tenha sido muito fácil poiseram estrageiros naquela terra.

Mateus vê o retorno de José, Maria e Jesus do Egito como um cumprimento geográfico de profecia e umareencenação dos eventos históricos e tipos teológicos já anteriormente ocorridos nos procedimentos de Deus paracom os hebreus. “Do Egito chamei o meu Filho” é de Oséias 11.1, onde o profeta descreve a prometida volta doexílio na Mesopotâmia nos termos da libertação da escravidão do Egito. Estes dois acontecimentos são vistoscomo atos salvadores de Deus. Mateus considera a viagem da família santa do Egito para a Terra Santa como umcumprimento até maior do primeiro Êxodo, visto que o próprio Salvador está voltando à terra do seu nascimento.Esta referência ao Êxodo pressagia o destaque que Mateus dá a Jesus como o novo Moisés, ponto que eledesenvolverá mais quando apresentar o ensino de Jesus.

Mateus percebe mais uma vez o cumprimento de profecia na matança dos inocentes, baseado nalocalização da tragédia: “Raquel chora seus filhos” (Jr 31.15). Jeremias clamou que Raquel, que morreu na erados patriarcas e foi enterrada em Efrata (também chamada Belém, cf. Gn 35.19), choraria séculos depois quandoseus descendentes seriam forçados a marchar para o cativeiro na Babilônia do ponto de organização próximo deRamá. Efrata está a cerca de dezessete quilômetros ao norte de Jerusalém e ao sul de Betel, na área deBenjamim e perto de Ramá. Esta não deve ser confundida geograficamente com Belém de Judá, que fica a oitoquilômetros ao sul de Jerusalém. Mais tarde alguns benjamitas do clã de Efrata migraram para a área de Belémde Judá; por conseguinte as cidades estavam estreitamente associadas.

O entendimento que Mateus tem sobre a profecia de Jeremias é que se Raquel chorou por sua morte naocasião do exílio de Judá, que matou muitos dos seus descendentes no século VI a.C., então ela chorounovamente quando as vítimas infantis de Herodes foram sacrificadas no século I d.C. Mateus demonstra mais umavez que o cumprimento maior da profecia ocorre em eventos associados com a vida de Jesus. Ele também serefere aos meninos assassinados a fim de unir a vida de Jesus com a de Moisés, cujo papel Jesus completarácomo o novo Legislador, pois Moisés também foi salvo da guerra de um déspota no caso das crianças hebréias noantigo Egito (Êx 2.1-10).

19

5 - A Volta para a Terra SantaPela terceira vez José recebe instruções do anjo do Senhor num sonho. A família santa volta para sua

pátria visto que Herodes, o Grande, está morto e já não procura a vida da criança. Avisado em outro sonho, Joséevita prudentemente estabelecer-se no território de Judá regido pelo filho e sucessor de Herodes, Arquelau, e fixaresidência em Nazaré, na Galiléia, governada por Herodes Antipas, outro dos filhos de Herodes. Assim,novamente, Mateus indica o cumprimento da profecia que Ele seria chamado Nazareno (Is 11.1).

6 - A Infância de JesusOs relatos bíblicos a respeito da infância de Jesus são bastante esporádicos. Lucas, o evangelista, nos

apresenta alguns vislumbres desse período da vida do Senhor.

Mas a falta de informações bíblicas sobre este período da vida de Jesus suscita o aparecimento de textosque se propõem decrever detalhes sobre a infância de Jesus. Dentre eles aparece o Pseudo-Tomé, evangelhoapócrifo que tem sua autoria atribuída a Tomé, o israelita filósofo. Este apócrifo foi escrito no século II, apesar dealguns estudiosos datarem como sendo do século I. Ele faz um relato sobre a vida de Jesus dos 5 aos 12 anos.Relatos atribuindo a Jesus poderes miraculosos são sua tônica, procurando indicar que o poder de Deus estavapresente com o menino Jesus, permitindo que Ele fizesse coisas até maldosas com meninos que viviam com Ele.

O padrão de vida de Jesus era extremamente simples. Maria e José eram humildes, pobres. Jesus foicriado por homem e mulher pobres; passou 30 anos na casa de pobres; comia comida de pobres; vestia roupa depobres; exercia ofício de pobres; conheceu os problemas e os sofrimento dos pobres. Contudo, sua formação foidigna e suficiente para que Ele pudesse exercer seu ministério de forma completa, identificando as carências enecessidades de seus contemporâneos.

Em sua narrativa, Lucas diz que “o menino Jesus crescia, e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; ea graça de Deus estava sobre ele” (Lc. 2.40). O desenvolvimento de Jesus, de acordo com esse testemunho, sedeu de modo integral, isto é, envolvendo o físico, o mental e o espiritual. A humanidade de Jesus passou pelosdiversos estágios de desenvolvimento, como qualquer outro membro da raça. Da infância à juventude e dajuventude à idade adulta, houve crescimento constante, tanto em seu vigor físico como em suas faculdadesmentais.

Até que ponto sua natureza sem pecado influiu em seu crescimento, não somos capazes de afirmar. Parececlaro, entretanto, pelas Escrituras, que devemos atribuir o crescimento e o desenvolvimento de Jesus àobservância das leis da natureza, à educação que Ele recebeu em um lar piedoso.

É de se imaginar que Jesus tenha vivido uma infância normal como qualquer criança do seu tempo,brincando com seus irmãos e amigos, fazendo travessuras, ajudando e aprendendo com seu pai os ofícios decarpinteiro, bem como aprendendo a lei judaica e os costumes. Maria e José tiveram um papel preponderante naformação de Jesus, moldando-lhe o caráter humano enquanto Sua comunhão com o Pai lhe edificava seu caráterdivino.

Sem dúvida alguma, Jesus passou o tempo de Sua infância e juventude fazendo o que precisava fazer, coma mesma dedicação que mais tarde caracterizaria Seu ministério. Sua fidelidade foi reconhecida no momento doSeu batismo, quando se ouviu a voz de Deus-Pai. Nenhum milagre, nenhum discurso, nada havia sido feito emgrande escala até então, mas sabemos que o Pai se agradava do Filho. Seja lá o que for que Jesus tenha feitodurante os anos de silêncio, foi bem feito, agradou ao Pai celestial e, embora desejemos conhecer mais, devemoscontentar-nos em saber que Jesus permaneceu fiel a Seu chamado durante a juventude.

7 - Lições dos Seus 12 anosNo único registro das escrituras (Lc 2. 41-52), sobre Jesus com a idade de 12 anos, há pontos importantes

a observar.

A ida anual da família de Jesus à Jerusalém mostra que eles obedeciam aos costumes e à lei judaica e,certamente, Jesus era também instruído neles. É de se supor que a cidade ficava cheia de gente por aqueles diase o fato de os pais de Jesus não terem se preocupado com Jesus deve-se ao fato de serem muitos os familiares eamigos que participavam daquele momento. Alguns podem pensar que Maria e José foram descuidados com osfilhos, mas ao perceberem que Jesus não estava no meio deles, apressaram-se para voltar a Jerusalém a suaprocura. Qual não foi a surpresa, e certamente o alívio, ao encontrá-lo na sinagoga.

Um israelita com 12 anos era considerado uma criança, e não era comum um doutor da lei falar ou ensinaruma criança, esses aprendiam em casa. Se os doutores conversaram com Jesus todos aqueles dias, é porqueobservaram algo incomum naquele menino. E se eles tivessem feito um busca desde o nascimento dele teriamdescoberto que ele era o Messias prometido a Israel, em quem eles tanto esperavam. Os doutores da lei eram

20

homens abalizados nas leis do Antigo Testamento, e a maioria deles decoravam as escrituras, e para seadmirarem das palavras de Jesus, essas deviam ser de uma profundidade incomum.

E quando inquirido por sues pais, Ele lhes disse: “porque é que me procuráveis? Não sabeis que meconvém tratar dos negócios de meu Pai?”

Com estas palavras Jesus demonstra que está consciente de sua divindade, e de sua tarefa aqui na terra:“tratar dos negócios de meu Pai”.

Esta pergunta feita por Jesus á seus pais certamente os levou a lembrar da mensagem do anjo, e daconcepção milagrosa; pois eles bem conheciam o plano de Deus na vida daquele menino, ainda que nãoentendesse o que Jesus quis dizer com aquelas palavras (Lc 2.50).

É bom lembrar que esta passagem Bíblica não está mostrando Jesus como um menino insubmisso; pois ocontexto nos mostra que Jesus lhes era sujeito (Lc 2.51). É que Jesus tinha maior obediência ao Pai Eterno.

Quando uma criança judia atinge a sua maturidade (aos 12 anos de idade, mais um dia para as meninas eaos 13 anos e um dia para os rapazes), passa a tornar-se responsável pelos seus atos, de acordo com a leijudaica. Nessa altura, diz-se que o menino passa a ser Bar Mitzvá (filho do mandamento); e a menina, Bat Mitzvá(filha do mandamento).

Ao completar 13 anos, o jovem judeu é chamado pela primeira vez para a leitura da Torah (conhecido comoPentateuco pelos cristãos). A partir daí, integrar o miniam (quórum mínimo de 10 homens adultos para realizaçãode certas cerimônias judaicas).

Antes desta idade, são os pais os responsáveis pelos atos dos filhos. Depois desta idade, os rapazes emoças podem finalmente participar em todas as áreas da vida da comunidade e assumir a sua responsabilidadena lei ritual judaica, tradição e ética.

Jesus tinha 12 anos mas já percebia claramente sua missão.

8 - Para refletira) Como nossos filhos estão sendo educados no caminho do Senhor?

b) Estamos nós, pais e responsáveis, vivendo uma vida de exemplo para que eles cresçam em estatura,sabedoria e graça diante de Deus?

9 - Referências adicionais

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus#Infancia_e_juventudehttp://blogs.gospelprime.com.br/escoladominical/a-infancia-de-jesus-2/http://www.ebdweb.com.br/2008/01/21/a-infancia-de-jesus-pr-geraldo-carneiro-filho/http://www.ebdweb.com.br/2008/01/25/infancia-de-jesus-pr-edevir-peron/http://www.ebdweb.com.br/2008/01/25/a-infancia-de-cristo-pr-osiel-varela/http://www.ebdweb.com.br/2008/01/24/a-infancia-de-jesus-radio-boas-novas/

21

Lição nº 5Para o dia 31 de janeiro de 2010

O BATISMO DE JESUS

1 - Tema - O batismo de Jesus – o início do seu ministério público

2 - Objetivo: Estudar o significado do batismo de Jesus e os significados e importância que esse rito tempara nós cristãos.

3 – Textos Bíblicos para a semana:2ª-feira – Gênesis 17:9-27 – Deus institui a circuncisão como sinal da Aliança3ª-feira – Colossenses 2:8-15 – O batismo substitui a circuncisão como sinal da Aliança com Deus4ª-feira – Romanos 2:25-29 – A circuncisão não pode salvar5ª-feira – 1 Coríntios 7:17-24 -O que importa é observar os mandamentos de Deus6ª-feira – Mateus 3:1-10 – A pregação de João BatistaSábado – Marcos 16:14-18 e Mateus 28:16-20 – quem crer deve ser batizado

4 – Texto da Lição de Hoje – Mateus 3:11-17

5 – O contexto do texto:Nesse capítulo de Mateus 3 João Batista convida a uma mudança radical de vida, porque já se aproxima o

Reino de Deus que vai transformar radicalmente as relações entre os homens e a relação dos homens com Deus.Por isso não basta apenas uma fé teórica e ritualística (que apenas cumpre os rituais da lei judaica, por exemplo),é necessário uma fé viva em Jesus. Os fariseus com a falsa segurança de suas observâncias religiosas, e ossaduceus, com suas intrigas políticas para conservar o poder político-econômico-religioso, pertencem à estruturaque vai ser superada pelo Reino. Por isso João prega o juízo de Deu sobre os que fazem o mal e a necessidadede arrependimento e purificação (batismo), condição indispensável para a reconciliação com Deus. (1)

Os judeus celebravam vários rituais de purificação com água (Lv 15; Lv 26:26-28; Lv 17:15). O batismo queJoão Batista ministrava simbolizava uma purificação não somente mecânica e ritual, mas era baseado numaverdadeira renovação do pecador (Mt 3:2; Mc 1:14). (2)

“Naqueles dias” (Mt 3:1) em que João Batista aparece nesse capítulo 3, não se trata dos dias da infância deJesus que segundo o texto de Mt 2:19-23, mas da época em que Jesus tinha 30 anos de idade. O Evangelho deMateus foi escrito entre os anos 65 a 70 da nossa era cristã. Ou seja, mais ou menos 37 anos depois da morte deJesus. Por isso o autor usa a expressão “naqueles dias” significando um tempo antigo, uns 37 anos atrás.

5 - Questões iniciais:1 – Releia Mt 3:11 e diga porque João Batista relutava em batizar a Jesus.

22

2 – Se o batismo ministrado por João Batista era “para quem cresse e se arrependesse de seus pecados”,por quê Jesus aceitou ser batizado, considerando que a Bíblia afirma que ele era Deus (cf. Jo 1:1) e não tinhapecado algum (1Pd 2:21; 1Jo 3:5)?

3 – O Espírito Santo que na Antiga Aliança era derramado somente sobre reis, profetas e sacerdotes, éderramado sobre Jesus no ato do seu batismo. O que isso significa?

6 - O Batismo de Jesus e o batismo de Jesus para nósSegundo as próprias palavras de Jesus, ele é batizado porque “convém cumprir toda a justiça de Deus” (Mt

3:15). Ou seja, porque era necessário para que ele pudesse cumprir todos os justos propósitos de Deus. Emboranão precisando de arrepender-se e não tendo pecado para confessar, Jesus pelo ato de submeter-se aobatismo,ocupou o lugar do pecador” (3), como aconteceria mais tarde também no batismo (Mt 20:22) na cruz doCalvário.

As primeiras palavras de Jesus registradas no Evangelho segundo Mateus “apresentam o programa de todaa sua vida e ação: cumprir toda a justiça, ou seja, plenamente a vontade de Deus e seu projeto salvador” (4)

Após passar pelo rito do batismo Jesus viu o Céu se abrir (ou em Mc 1:10, “se rasgar”) e a voz de Deus afalar “eis o meu filho amado em quem me comprazo”. “Na pessoa de Jesus, a separação que havia entre Deus eos homens se rompeu. A voz divina apresenta o mistério de Nazaré: ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei (cf. Sl2:7) que vai anunciar e estabelecer o Reino de Deus através do amor e do serviço, como o Servo do Senhor (Is42:1-2)”. (5)

Mais tarde, Jesus substitui o rito da circuncisão pelo batismo. “Quem crer e for batizado será salvo; quem,porém, não crer será condenado” (Mc 16:16). O que salva a pessoa do poder do pecado, da morte, do diabo e doinferno não é o batismo, mas a fé em Jesus. Mas o batismo é um complemento, uma ligação, um vínculo com oSenhor Jesus (6). Jesus, por fim ordena aos seus discípulos(as): “Ide, portanto, fazei discípulos de todas asnações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas quevos tenho ordenado” (Mt 28:19-20).

Se ao ser batizado Jesus ocupou misericordiosamente o nosso lugar, representando-nos profeticamenteali, ao sermos batizados, assumimos o nosso lugar ao lado de Deus, um lugar que estava preparado e reservadopara nós.

O batismo passa a ser sinal da adesão da pessoa ao grupo (povo, família, Igreja) de Jesus. Mas tambémsignifica receber o sinal de que o batizado pertence e é servo, discípulo, amigo do Senhor e Salvador Jesus. Éalguém que experimenta no rito visível a operação espiritual de nascer de novo, de morrer para a velha vida eressuscitar em Cristo para uma nova vida.

“O Batismo de Jesus é diferente do Batismo de João Batista. João ministrava o batismo de arrependimento.Jesus ministrava o batismo que era de arrependimento também, mas que era sobretudo de pertença. Assim com obatismo passa-se a pertencer a família da fé, a Jesus. O batismo cristão (o batismo de João é judeu!) é o selo daNova Aliança. Substitui a circuncisão, selo da antiga aliança. Para aqueles que não sabem, a criança na antigaaliança era circuncidada ao 8º dia após seu nascimento”, escreve o Bispo Paulo Lockmann (7). Isso significareconhecer que o batismo ordenado por Jesus é inclusivo, e permite que todas as pessoas que crêem, inclusiveas crianças que estão debaixo da tutela legal e espiritual dos pais crentes (At 16:31), façam parte da Aliança e doReino. “Das crianças é o Reino de Deus” (Mt 19:13-15). Mas os adultos para entrarem no Reino precisam seconverter e tornarem-se feito crianças (Mt 18:3), totalmente dependentes de Deus.

7 - Questões finais1)O que significa ou implica em viver como uma pessoa batizada em nome do Pai, do Filho e do Espírito

Santo?

2) Temos sido obedientes a Jesus tanto na ordem de pregar o Evangelho a toda criatura quanto na depromover o batismo?

3) Por que os discípulos queriam afastar as crianças de Jesus em Mt 19:13-15? Privar as crianças defazerem parte da Aliança ao lhes recusar o batismo não é a mesma coisa?

4) Há pais que ensinam os filhos a serem bípedes, a falarem a língua nacional, a escovarem os dentes, avestirem-se, etc... pois acham que a educação é indispensável. Mas por que alguns pais cristãos não têm essemesmo zelo com as coisas espirituais, as coisas de Deus? Embora creiamos que não existe salvação fora doEvangelho de Cristo, alguns pais até dizem que não batizam seus filhos com a suposta democracia de deixar que

23

os filhos escolham quando tiverem o entendimento e a capacidade de discernir, o caminho que eles queremtrilhar. Mas como se diz popularmente, “não é de pequeno que se entorta o pepino”?

8 - Citações:1 – Nota de rodapé da Bíblia pastoral – página 12412 – Nota de rodapé da Bíblia de Estudo Almeida – Novo Testamento – página 173 –Novo Comentário da Bíblia, Vol 2, página 9514 – Nota de rodapé da Bíblia pastoral – página 12415 – Nota de rodapé da Bíblia pastoral – página 12816 – Ronan Boechat de Amorim – Site da Igreja Metodista de Vila Isabel – endereço:

http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaocolunas.asp?Numero=17307 – Bispo Paulo Lockmann – Site da Igreja Metodista de Vila Isabel – endereço:

http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaocolunas.asp?Numero=198

24

Lição nº 6Para o dia 07 de fevereiro de 2010

AS TENTAÇÕES DE JESUSSÃO AS NOSSAS TENTAÇÕES DIÁRIAS

1 - Objetivo: Estudar o significado da tentação e como a leitura desse texto nos ajuda a compreender aresistência de Jesus ao pecado e sua fidelidade a Deus.

2 – Textos Bíblicos para a semana:2ª-feira – Gênesis 3:1-24 – Tentação é qualquer alternativa à vontade de Deus3ª-feira – Gênesis 4:1-16 – A tentação da arrogância por achar-se merecedor da bênção de Deus por ser o

primogênito4ª-feira – Gn 22:1-19 – A fidelidade e confiança em Deus é o caminho de se vencer as tentações5ª-feira – 1Rs 11:1-13 – A tentação da arrogância do poder, da fama e do sucesso6ª-feira – Dn 3:1-30 – A fidelidade e confiança em Deus é o caminho de se vencer as tentaçõesSábado – Ap 3:7-13 – A nossa força está no Senhor e em sua Palavra de Vida

3 – Texto da Lição de Hoje – Lucas 4:1-13

4 – REFLETINDO SOBRE A MENSAGEM DO TEXTOQuando lemos o texto bíblico de Lucas 4:1-13 que narra sobre a tentação de Jesus, somos desafiados a

pensar sobre as tentações em nossa própria vida. A tentação no deserto resume os conflitos que Jesus vaiexperimentar em toda sua vida, e também as tentações que enfrentamos em nosso dia a dia e a vitória sobre elas.

A) A PRIMEIRA TENTAÇÃOestá no verso 3: “Se és Filho de Deus manda que esta pedra se transforme em pão”. No versículo 2 deste

capítulo 4 de Lucas temos a afirmação que Jesus “teve fome” depois de 40 dias no deserto sem comer. O Diabo,que veio a este mundo para roubar, matar e destruir (cf. Jo10:10), com certeza não estava preocupado com o bem-estar de Jesus. Ele, na verdade, usa a fome (bem comotodas as nossas necessidades!) de Jesus para tentarconvencê-lo a usar o poder que Deus havia lhe dado, emfavor de si mesmo. Como cristãos cremos que, sempredevemos depender e confiar na providência de Deus; só oouvir o Diabo já é pecado (cf. Rm 14:23). Ele se colocasempre como alternativa a Deus e à vontade de Deus emnossa vida.

A resposta de Jesus é que “não só de pão viverá ohomem”, lembrando com certeza do texto bíblico deDeuteronômio 8:3: “...não só de pão viverá o homem, masde tudo o que procede da boca do Senhor, disso o homemviverá”. Jesus sabia o valor do pão capaz de saciar a fome, eo quanto ele é necessário à vida, mas Jesus preferiu confiare esperar na graça e ação de Deus. O pão é importante,mas é muito mais importante confiar na Palavra do Deus quetirou Israel da escravidão na terra do Egito e que o ensinouna longa caminhada pelo deserto que “nem só de pão vive”.Não vivemos somente em prol de nossas necessidades queprecisam obviamente ser satisfeitas. Fomos chamados àvida pela Palavra criadora de Deus para o louvor da SuaGlória. E isso, com certeza, é algo muito especial...

B) A SEGUNDA TENTAÇÃO SOFRIDA POR JESUS

25

Está nos versículos 6 e 7: “se prostrado me adorares” te darei “a autoridade e glória dos reinos do mundo”.O Diabo conhece nosso amor e desejo por riquezas. Ele usualmente nos tenta, oferecendo-nos “autoridade eglória” sobre os reinos do mundo. O Diabo explora nossa ambição, nossa ganância, nossos desejos... e os usapara nos contrapor a Deus.

A resposta de Jesus a esta tentação também é bíblica: “Ao Senhor Deus adorarás, e só a Ele darás culto”. É umversículo retirado de Deuteronômio 6:4-25, com destaque especial ao versículo 13. Mais uma vez Jesus confia a Deusos seus desejos e necessidades ao reafirmar sua fé nos propósitos divinos. Jesus nos ensina que o mundo sem Deusé pouco demais, mas que o pouco com Deus é o suficiente. Até porque o mundo não pertence ao Diabo, apenas é“diabolicamente” usado por ele. À opção de cobiça por riquezas, Jesus se apresenta honradamente como servo deDeus; alguém que deseja a “autoridade e a glória de Deus”. Essa é a maior riqueza para um homem: desfrutar daaliança, da presença, da intimidade do Deus vivo.

C) A TERCEIRA TENTAÇÃO DE JESUS,Está nos versículos 9 a 11, tem até uma “aparência bíblica”: são citações de Sl 91:11-12. O Diabo usa o

texto bíblico para tentar Jesus, para seduzir Jesus. A tentação é que Jesus, confiado na sua autoridade jáprofetizada desde os tempos do Antigo Testamento, se jogue do pináculo do templo de Jerusalém (a parte maisalta) e que dê ordens aos seus anjos para que o amparem. O que está por trás dessa tentação? Mais uma vez éusar o poder de Deus em favor de si mesmo. Mas tem mais: o Diabo propõe que Jesus dê uma demonstração deforça, mostrando o quanto é poderoso. A multidão que gosta de show lhe daria aplausos e Jesus faria muitosucesso; reconhecido até mesmo como uma espécie de super-herói. Mais uma vez o Diabo, conhecedor danatureza humana, explora o nosso desejo pelo poder e pelo sucesso.

Sem fugir das Escrituras e da sua fidelidade a Deus, a resposta de Jesus é retirada de Deuteronômio 6:16:“Está dito: não tentarás ao Senhor teu Deus”. O texto de Deuteronômio é uma clara alusão ao relato bíblico deÊxodo 17:1-7, quando o povo contendeu com Moisés, tentando ao Senhor ao duvidar: “Está o Senhor no meio denós, ou não?”. Jesus ao dizer “não tentarás o Senhor teu Deus” revela que tentar ao Senhor é duvidar da suagraça, da sua fidelidade e mais que isso: é tentar colocar Deus a seu próprio serviço ou interesse. Ou seja, atentativa de usar o nome, o poder, a palavra, a Obra e o próprio Deus em favor de si mesmo.

Como diz o comentário de rodapé da Bíblia Edição Pastoral (Edições Paulinas) a este texto de Lucas 4,“Jesus é tentado a falsificar a própria missão, realizando uma atividade que só busque satisfazer às necessidadesimediatas, buscar o prestígio e ambicionar o poder e as riquezas. Jesus, porém, resiste a essas tentações. Seuprojeto de justiça é transformar as estruturas segundo a vontade de Deus (“Palavra que sai da boca de Deus”),não pondo Deus a seu próprio serviço ou interesse (“Não tentarás ao Senhor teu Deus”), e não absolutizandocoisas que geram opressão e exploração sobre os homens, criando ídolos “Adorarás ao Senhor teu Deus...”). QueDeus nos abençoe!

5) Questões para refletir e discutir em classe:

1) Converse em classe sobre as duas frases abaixo:A – O pecado é falta de confiança em Deus. É o contrário da fé, que é confiar em Deus.B – O pecado é qualquer alternativa à vontade de Deus

2) “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejaistentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, desorte que a possais suportar” (1Co 10:13). O que esse versículo quer dizer?

3) Como Jesus enfrentou as suas tentações?

26

Lição nº 7Para o dia 14 de fevereiro de 2010

JESUS CHAMA DISCÍPULOS

1 - Tema – A vocação dos discípulos e a nossa própria vocação como discípulos

2 - Objetivo: Refletir sobre o desafio de ser discípulo(a) de Jesus

3 – Textos Bíblicos para a semana:2ª-feira – João 1:1-51 – Jesus e seus primeiros discípulos3ª-feira – João 2:1-25 – O início do ministério público de Jesus4ª-feira – Marcos 3:1-19 – Discípulos são designados apóstolos por Jesus5ª-feira – Lucas 9:18-43 – Jesus revela-se mais e mais aos seus discípulos6ª-feira – João 15:1-25 – A videira e os ramosSábado – João 17 – A oração de Jesus pelos discípulos, inclusive pelos que virão ainda a ser seus

discípulos

4 – Texto da Lição de Hoje – Marcos 1:16-20

5 – O contexto e o texto

Jesus chama discípulos para segui-loA cronologia bíblica do período entre o batismo e o início do seu ministério público não é muito precisa. Os

evangelistas têm fontes diferentes, pois foi algo ocorrido antes deles andarem com Jesus e acabam priorizando osfatos e não as datas.

Mas pelo que podemos ver nos textos temos:1 - Logo após ser batizado por João Batista (Mt 4:1 = “a seguir”), Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto

para ser tentado. Esses 40 dias recordam os 40 anos em que Israel peregrinou pelo deserto entre o Êxodo doEgito e a entrada na terra Prometida de Canaã. Diferentemente dos israelitas, Jesus se manteve fiel (Hb 2:18; Hb4:15). Mateus 4:12 já fala da prisão de João Batista. Por isso temos de ir para o Evangelho de João.

2 – João 1:19 e versos seguintes narra que no “dia seguinte”, João Batista diz a dois de seus discípulos aover Jesus passar: “Eis o Cordeiro de Deus!” Bastou esse pequeno testemunho de João Batista para que seus doisdiscípulos decidissem abandonar João e passassem a seguir a Jesus, tornando-se seus discípulos. Um dessesdois discípulos era André, irmão do Simão Pedro (Jo 1:40). E não demorou para que André começasse a levarpessoas a Jesus. O primeiro que ele levou, segundo João 1:41, foi seu próprio irmão, Simão Pedro. Essa mesmahistória é descrita resumidamente em Mateus 4:18-20.

3 - Dois dias depois (Jo 1:35 e 43) e um dia após receber seus dois primeiros discípulos (Jo 1:37), estandoJesus a caminho da Galiléia encontra-se com Filipe e o convida para segui-lo como discípulo. Filipe aceita oconvite e traz consigo a Natanael (Jo 1:45), que também segue a Jesus (Jo 1:49).

Cinco dias depois (Jo 2:1) Jesus participa de um casamento na localidade de Caná, na Galiléia, onderealiza seu primeiro milagre, transformando a água em vinho (Jo 2:1-12). João afirma: “Com este milagre, Jesusdeu princípio a seus sinais” (Jo 2:11). “Os sinais ou milagres de Jesus são ações que revelam o poder salvador deDeus (cf. Jo 4:54; Jo 20:30)” (1). “Os seus discípulos creram nele” (Jo 1:11). Jesus vai revelando aos poucos aosseus discípulos quem ele é. Esta revelação é feita em etapas, entre as quais estão a afirmação de Pedro (“Tu és oCristo” – Mc 8:29) e a transfiguração (Mc 9:28-36), quando os discípulos têm a visão de Moisés e Elias em glória,uma maneira metafórica de dizer que sobre Jesus repousava o poder sacerdotal (Moisés) e profético (Elias).

4 – Também no mar da Galiléia Jesus vê e chama outros dois irmãos, Tiago e João (Mt 4:21-22), os filhosde Zebedeu. Eles seguem a Jesus.

5 – Depois de ter ido a Cafarnaum (Mc 1:21 e Mc 2:1), e ter curado um endemoniado (Mc 1:21-28), a sograde Pedro (Mc 1:29-31), um leproso (Mc 1:40-45), um paralítico (Mc 2:1-12) e de muitas outras curas (Mc 1:32-34),Jesus passando novamente pelas margens do Mar da Galiléia, enquanto ensinava à multidão, ele vê e chamaLevi para segui-lo. E Levi segue a Jesus.

27

Como vemos, uns discípulos foram chamados antes e outros depois, alguns têm o nome regularmentemencionado nos evangelhos e outros bem pouco. Qual deles eram os mais importantes? O próprio Senhor Jesusresponde: “O maior dentre vós será o servo dos demais” (Mt 23:11). “Pois todo o que se exalta será humilhado; eo que se humilha será exaltado” (Lc 14:11).

“O chamado dos primeiros discípulos é um convite aberto a todos os que ouvem as palavras de Jesus.Simão e André deixam a profissão;Tiago e João deixam a família...Seguir a Jesus implica deixar as segurançastipicamente humanas que possam impedir a confiança em Jesus, nossa maior segurança, e impedir ocompromisso com uma ação transformadora”. (2)

Jesus escolhe doze apóstolos dentre os que o seguiamApós mais algumas curas e ensinamentos (Mc 2:15-3:12), Jesus escolhe doze apóstolos. “Chamou os que

ele mesmo quis... então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar e a exercer a autoridadede expelir demônios” (Mc 3:13-15).

“Dentre a multidão e os discípulos Jesus escolhe doze. Um pequeno grupo que será o começo de novopovo. A missão desse grupo compreende três atitudes: compremeter-se com Jesus (estar com ele) para anunciaro Reino (pregar), libertando os homens de tudo aquilo que os escraviza e aliena (expulsar os demônios)”. (3)

Esse título de “apóstolos” foi usado ao longo dos séculos do cristianismo apenas para os 12 apóstolos, eposteriormente para o escolhido para substituir Judas e completamente desconhecido Matias (At 1:26). E tambémpara o Apóstolo Paulo (Rm 1:1; Rm 11:13; 1Co 1:1). Nunca ao longo dos séculos, esse título dado por Jesus, foiusado para quaisquer outros além dos acima mencionados. Hoje em dia é que tem alguns líderes religiosos quetêm se apossado desse título para si mesmos. Para a maior parte dos cristãos, no entanto, é a igreja que éapostólica (enviada em missão) e não uma ou outra pessoa, por maior poder eclesiástico e liderança pastoral eespiritual que possam ter.

São os 12 apóstolos:

1) Tiago, filho de Zebedeu2) João, o irmão do Tiago3) André4) Simão Pedro, o irmão de André5) Filipe6) Natanael, o Bartolomeu (ou seja, filho de Tolmai)7) Tomé8) Mateus9) Tiago, filho de Alfeu10) Tadeu (o Judas Tadeu, filho de Tiago, de Lc 6:16 e At 1:13)11) Simão, o Zelote (ou, o fervoroso)12) Judas Iscariotes

28

Durante um pouco mais de três anos Jesus treinou e capacitou os seus discípulos para assumirem a tarefamissionária e também a liderança do mesmo em seu próprio lugar. Deu aos discípulos poder e autoridade etambém uma importante tarefa:

“Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenhoordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século. Vós sois minhas testemunhas...Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém comoem toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (Mt 28:19-20; Mc 16:15; Lc 24:44-49; At 1:8).

6 – QUESTÕES:a) O que significa ser discípulo(a) de Jesus?b) Qual a diferença entre discípulo e apóstolos?c) Jesus organizou a igreja para dar continuidade à sua Missão de salvar o mundo do poder do pecado, do

mal, do diabo e da morte. A Igreja, tal como Jesus, vive para IR aos pecadores para lhes testemunhar oevangelho. A igreja existe para trabalhar a favor de quem? Quem deve ser as pessoas mais importantes para aigreja, o pecador ou os membros da Igreja?

d) Sem querer buscar uma prática de uns ficarem se comparando e medindo com os demais, qual o critériopara saber se um discípulo é importante ou não?

e) Jesus diz para seu discípulo Pedro que arrogantemente afirmava que não abandonaria nem negariaJesus em hipótese alguma: “Quando você se converter (“quando voltares para mim!”), cuide de seus irmãos” (Lc22:32). O apóstolo Paulo alerta: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10:12). O quedevemos e podemos fazer para não cairmos em tentação, não cair da graça e nem sair da presença de Jesus?

f) Considerando que o ramo da Videira Verdadeira que não produz fruto está doente (Jo 15:2), pode haverdiscípulo(a) sem frutos? Que frutos são próprios de um discípulo(a) de Jesus? Podemos considerar discípuloestéril quem não testemunha e nem faz novos discípulos(as)?

g) Só é possível amarmos verdadeiramente a Jesus se _______________ (Jo 14:21 e 23) e só podemosdizer que somos amigos (íntimos) de Jesus se o ________________ (Jo 1514).

7 – CITAÇÕES:1 – Nota de rodapé da Bíblia de Estudo Almeida – NT – página 140.2 – Nota de rodapé da Bíblia da Edição Pastoral, página 1282, referente a Mc 1:16-20.3 – Nota de rodapé da Bíblia da Edição Pastoral, página 1285, referente a Mc 3:13-19.

29

Lição nº 8Para o dia 21 de fevereiro de 2010

OS 7 SINAIS MESSIÂNICOS DE JESUS NO EVANGELHO DE JOÃO

1 – Textos Bíblicos para a semana:2ª-feira – Jo 2:1-12 – A Água Se Transforma Em Vinho (1º SINAL)3ª-feira – Jo 4:43-54 – A Cura Do Filho De Um Oficial Do Rei (2º SINAL)4ª-feira – Jo 5:1-18 – A Cura De Um Paralítico (3º SINAL)5ª-feira – Jo 6:1-15 – A Multiplicação Dos Pães (4º SINAL)6ª-feira – Jo 6:16-21 – Jesus Caminha Sobre As Águas (5º SINAL)Sábado – Jo 9:1-25 – A Cura De Um Cego De Nascença (6º SINAL)

2 – Texto para Hoje - Jo 11:1-46 – A Ressurreição De Lázaro (7º SINAL:):

3 - O EVANGELHO DE JOÃO: JESUS É O CAMINHO DA VIDA:

3.1 - O Evangelho de João e os Sinóticos:O Evangelho segundo João é diferente dos três primeiros. Em Mateus, Marcos e Lucas há muitos milagres

e palavras de Jesus. Em João encontramos apenas sete milagres (que são chamados de sinais) e algunsdiscursos que se desenvolvem lentamente, repetindo sempre os mesmos temas-chave.

Os três primeiros evangelistas reuniram, completaram e editaram os assuntos que formavam a catequese(o ensino cristão) existente em suas comunidades. João seguiu caminho diferente: seu relato do evangelho é umaespécie de meditação, que procura aprofundar e mostrar o conteúdo da catequese existente em sua comunidade.Seu evangelho visa despertar e alimentar a fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, a fim de que os homens emulheres tenham a vida (Jo 20:30-31).

Para João, Jesus é o enviado de Deus, aquele que revela o Pai a todos nós. Deus ama as pessoas e querdar-lhes a vida. Jesus revela esse amor e realiza a vontade do Pai, dando a si mesmo a favor de todos os homense mulheres; não temendo nem mesmo a ameaça que, sobretudo saduceus, fariseus e doutores da lei, lhe faziamcom a morte na cruz (onde seria eliminado e "para sempre calado"). João procura mostrar isso através dos setesinais que ele apresenta na primeira parte do Evangelho (Jo 1 a 12), salientando aí a importância da fé. Nasegunda parte (Jo 13 a 21) ele mostra a mesma coisa, salientado a importância do amor e narrando o supremosinal: a volta de Jesus ao Pai, através da morte e ressurreição.

3.2 - JESUS NOS FORÇA A DECIDIR: SIM OU NÃO?A revelação de Deus em Jesus coloca o mundo em julgamento. Diante da luz da revelação, a vida dos

homens e mulheres se esclarece. Os que vivem em conforme a vontade de Deus, aproximam-se de Jesus e oaceitam como o Cristo ( Messias), Senhor e Salvador. Os que não vivem conforme a vontade de Deus, afastam-sedessa luz rejeitando a Jesus. Por isso, João salienta no seu evangelho as reações que os homens e mulheres têmdiante de Jesus. Reações de aceitação, que levam à vida e, reações de hostilidade que arrastam Jesus aostribunais e à morte como um delinqüente na cruz. Aceitação que produz a primeira comunidade reunida em nomede Jesus, ou seja, os discípulos e discípulas. Doravante caberá a essa comunidade continuar a missão de Jesus.

Deus Pai testemunhou seu amor, enviando Jesus para que, da boca do próprio Deus, ouvíssemos aspalavras de salvação rejeitadas no anúncio dos profetas, dos juizes, dos patriarcas. Os homens e mulheresrespondem ao amor do Pai, quando do mesmo modo, se abrem para o dom do amor, colocando-se a serviço davida dos outros irmãos e irmãs. Mesmo daqueles que não conhecemos, mesmo de quem não deseja viver,mesmo daqueles que nos perseguem.

Somos convidados a ler este evangelho colocando-nos em clima de quebrantamento e de julgamento (auto-análise, auto-avaliação), para nos abrirmos à luz de Deus que, através de Jesus, ilumina a nossa vida e nosleva a tomar uma decisão: sim ou não? Aceitar o Evangelho de Jesus e nos colocarmos a caminho como seusdiscípulos para termos definitivamente a vida (salvação), ou rejeitar a Jesus e o Reino de Deus para o qual Elenos convida e nos auto-excluirmos, condenando-nos definitivamente à solidão e ao vazio de Deus.

30

4 - JOÃO: O EVANGELHO DOS SINAIS:João 20:30-31 e 21:24-25 mostram o objetivo deste evangelho ter sido escrito. A finalidade não é a de

registrar tudo o que Jesus fez, falou, realizou e significou para os fiéis. Tal tentativa seria impossível, "pois nem nomundo inteiro caberiam os livros necessários para conter tudo". Mas o autor seleciona alguns sinais que, para obom entendedor, são suficientes para estabelecer o fato de que Jesus é o Filho de Deus (o Messias). Estes sinais,seis em número, estão espalhados pelo livro, e são ligados por diversos discursos, entrevistas e material narrativo.Estes sinais dão unidade e objetividade ao livro. Vejamos os seis sinais localizando os mesmos no Evangelhosegundo João:

1º SINAL - A ÁGUA SE TRANSFORMA EM VINHO (Jo 2:1-12):Este milagre (= sinal) anuncia a chegada de um novo ministério trazendo "o vinho" do Evangelho. O vinho

acaba no meio da festa. Maria (modelo do discípulo perfeito por amar e seguir a Jesus desde sua encarnação àsua morte na cruz sem o abandonar jamais), aliviando a situação de embaraço, simboliza a comunidade (Igreja)que nasce da fé em Jesus e as últimas palavras que ela diz neste Evangelho são: "Façam o que Ele mandar".

Jesus utilizou a água que os judeus usavam para as purificações. Os judeus estavam cegos pelapreocupação de não se mancharem, e sua religião multiplicava os ritos de purificação. Mas Jesus transformou aágua em vinho! É que a religião verdadeira não se baseia no medo do pecado. O importante e fundamental éreceber de Jesus a novidade de vida e o Espírito. Este, como um vinho generoso, faz a gente romper com asnormas que aprisionam e com a mesquinhez do nosso coração e da nossa própria sabedoria.

O episódio de Caná da Galiléia é uma espécie de resumo daquilo que vai acontecer através de todo oministério de Jesus: com sua palavra e ação, Jesus transforma as relações das pessoas com Deus (religião) e daspessoas entre si (comunidade).

(ilustração das Bodas em Caná da Galiléia)

2º SINAL - A CURA DO FILHO DE UM OFICIAL DO REI (Jo 4:43-54):O ministério de Jesus alcança as terras dos gentios e cada vez mais difere e distancia-se das instituições

consideradas salvadoras ( raça, templo e lei). Os judeus recusam Jesus; os samaritanos o acolhem. E agora umpagão acredita na palavra de Jesus e se converte com toda a família. Fica assim claro o rompimento da relaçãode dependência entre salvação e lei (de fato, não é a lei que salva!) e entre fé e instituição: a salvação é dom deDeus para todos aqueles que se abrem e respondem a este dom aceitando a Jesus.

Neste texto Jesus é apontado como alguém que salva da morte iminente o filho de um homem que crê.Todo povo de Israel e todo mundo estava sofrendo. Jesus vem para acabar com os debates fúteis e as discussõestolas sobre questões religiosas, e sobretudo para tratar do problema imediato: a salvação para uma vidaabundante. Na verdade, o cerne da missão de Jesus. "O homem acreditou na palavra de Jesus". A salvação para

31

uma vida abundante é aceitar pela fé a Jesus como Filho de Deus que tem para nós palavras de Vida elivramento.

3º SINAL - A CURA DE UM PARALÍTICO (Jo 5:1-18):Esta cura declara que um ministério diferente está no meio dos seres humanos. Um ministério realmente

eficaz e voltado para o povo e suas reais necessidades. O povo tinha sofrido muitos e muitos anos perante umministério ineficaz, que não tratava das necessidades humanas. As cerimônias e os rituais da lei recebiam umtratamento preferencial. E isso a tal ponto que no sábado não era permitido curar e fazer o bem.

Também na institucionalização da religião, sempre há alguém mais importante e rico na frente da fila e oparalítico nunca tem vez. "Senhor não tenho ninguém..." Jesus vai ao encontro do paralítico e lhe ordena que elepróprio se levante e ande, encontrando a partir da palavra de Jesus sua liberdade e decidindo seu própriocaminho. Jesus cura o paralítico mostrando o amor do Pai por todos os que sofrem. Derrubando por terra asegregação e a crença comum daquela época de que a doença era fruto do pecado. Do pecado da pessoa doenteou do pecado dos seus pais.

Este sinal de Jesus deixou os judeus (saduceus, fariseus, doutores da Lei) indignados, mas foi mais umaprova do novo ministério que Jesus estava anunciando. A vida e a liberdade são dons de Deus e estão acima atémesmo das leis religiosas e da opinião de quaisquer autoridades.

4º SINAL - A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES (Jo 6:1-15):Jesus propõe a missão da sua comunidade: ser sinal do amor generoso de Deus, assegurando para todos

a possibilidade de subsistência, dignidade e vida. A segurança da subsistência não está no muito que poucaspessoas possuem e retêm para si próprias, mas está no pouco de cada um é repartido entre todos. A garantia dadignidade não se encontra no poder de um líder que manda, mas no serviço de cada um que constrói, mantém eorganiza a comunidade para o bem de todos.

Este milagre é pano de fundo para a pregação de Jesus como o Pão da Vida e o Verdadeiro Maná, que oPai manda para alimentar o seu povo. Jesus, em perfeita união com o Pai, estava em condições de oferecernutrição e sustento, e não apenas repetir as vãs promessas e atividades dos sacerdotes da época que nãoestavam podendo alimentar o povo. Só Jesus tem palavras de vida.

A Aliança de Deus com o povo de Israel deveria ser cuidada, defendida e promovida sobretudo pelossacerdotes. Era uma Aliança onde Deus cuidava e abençoava o Povo de Israel e o Povo de Israel teria a Deuscomo único Senhor e Pai. Consequentemente os israelitas deveriam viver como irmãos e irmãs. Mas infelizmenteisso não acontecia. O povo, sobretudo os mais ricos e poderosos (entre os quais os sacerdotes!), ao invés deserem irmãos como Deus exigia, se portavam como pequenos faraós, explorando, perseguindo e atéescravizando a aqueles que deveriam amar, cuidar, partilhar o pão e as terras; enfim, aos que deveriam tratarcomo irmãos. Os sacerdotes estavam entre esses ricos. Por isso não podiam "alimentar o povo". Nem com o pãode cada dia, fruto da misericórdia e fraternidade, nem com o pão da Palavra.

5º SINAL - JESUS CAMINHA SOBRE AS ÁGUAS (Jo 6:16-21):A proposta de Jesus com a multiplicação dos pães não é entendida pela multidão e a sua retirada para as

montanhas e a conseqüente negação de Jesus ao desejo da multidão é mal interpretada pelos discípulos. Amultidão quer fazê-lo Rei, o Messias da abundância. Os discípulos após a retirada de Jesus, também se retiram enavegam de volta para Cafarnaum. Possivelmente decepcionados e pretendendo voltar à vida de antes. Jesus vaiao encontro deles caminhando por sobre o mar e a crise é superada, embora ainda não completamente resolvida.O que só acontecerá após a ressurreição e o Pentecostes.

Nos versos seguintes, de 22 a 34, a multidão procura Jesus, desejando continuar na situação deabundância, isto é, governada por um líder político que decide e providencia tudo, sem exigir esforço, trabalho eresponsabilidades. Jesus mostra que essa não é a solução. É preciso buscar a vida plena, mas isso a participaçãoe o empenho do homem e da mulher. Além do alimento que sustenta a vida material, é necessária a adesão ( aaceitação) pessoal a Jesus para que essa vida se torne definitiva.

Pedindo um sinal como o maná do deserto, a multidão impõe condições para aceitar e seguir a Jesus.Mas, o desejo da multidão fica sem efeito, se ela não se compromete com Jesus, o pão da vida que dura parasempre. É Jesus quem avaliza e garante que a vida pode ser boa e fraterna.

32

6º SINAL - A CURA DE UM CEGO DE NASCENÇA (Jo 9:1-25):Mais uma vez temos Jesus se importando com quem sofre e realizando um ministério de dar vida e vida

com abundância. E vida com abundância é vida com amor, alegria, saúde, pão na mesa, casa para morar e comvida para além da morte. Nisso estava a autoridade de Jesus: seu ministério, sua coerência, seu amor. ASalvação de Jesus se manifesta no corpo enfermo deste cego. Ele era considerado amaldiçoado pelos chefesreligiosos e pelos demais. Não podia entrar no templo, trabalhar e em muitas situações vivia solitariamente pelasmargens das estradas.

Jesus ao curar este homem dá chance a ele de refazer sua vida emocional ( casar-se, ter filhos), sua vidaeconômica ( trabalhar para sustentar-se), sua vida religiosa ( ele pode entrar no templo e adorar junto dos demaisao Deus de Israel) e sua vida social (ele pode ter amigos; ninguém mais vai ter vergonha de ser visto junto dele).

Jesus também restaura sua visão espiritual: através do Seu amor revela ao cego a Sua Mensagem. Jesusveio trazer Luz, Visão e Sabedoria. O moço não se atrapalhou quando os fariseus o examinavam e ointerrogaram, tentando confundi-lo com a introdução de alguns pontos teológicos. A resposta dada pelo ex-cegoque desarmou as autoridades completamente foi esta: "Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu era cego e agoravejo". Para aqueles que O recebem com fé, Jesus restaura (salva) toda sua vida.

O cego de nascença simboliza o povo que nunca tomou consciência da sua condição de pecador eoprimido, e por isso não chegou a conhecer a verdadeira condição de vida que Deus tinha como objetivo naCriação. A missão de Jesus, e dos que acreditam nele, é mostrar essa possibilidade de Vida Abundante, sinal ebênção do Reino de Deus, a partir de um testemunho concreto e de poder, e não com palavras vazias e filosofiasmirabolantes.

7º SINAL: A RESSURREIÇÃO DE LÁZARO (Jo 11:1-46):Jesus encontrou uma religião moribunda, fria e contraditória, precisando urgentemente de reavivamento.

Perante o último inimigo (morte), diante do qual toda força e poder humanos eram inúteis, Jesus chega com opoder absoluto de vida. Este sinal é testificado para demonstrar que Jesus é a ressurreição e a vida. E quem nelecrê, ainda que morra, viverá. Ou seja, a vida que alcançamos em Jesus é para além da morte. Nem a morte adeterá.

Nos versos 1-16 vemos que numa comunidade marcada por relações de afeto e amor verdadeiro e ativo,ninguém tem medo de perigo ou de se comprometer quando se trata de ajudar e socorrer a um irmão necessitado.O receio de enfrentar obstáculos e problemas nasce da falta de fé que não compreende a qualidade de vida queJesus comunica e nos dá.

(ilustração da ressurreição de Lázaro)

Nos versos 17-27 Jesus se apresenta como a ressurreição e a vida, mostrando que a morte é apenas umanecessidade física, um estágio (caminho, porta) pelo qual todo ser vivo tem de passar. Mas para a fé cristã a vidanão termina com a experiência da morte, mas caminha em direção a sua plenitude. Jesus nos dá vida que vaipara além da morte. E esta vida plena da ressurreição já está presente naqueles que pertencem à comunidade deJesus.

E finalmente, nos versos 28-44, temos a morte como o resumo e o ponto máximo de todas as fraquezashumanas. O medo da morte acovarda o ser humano diante da opressão, da injustiça e até mesmo da idolatria, e o

33

impede de testemunhar. O medo fortalece o poder dos opressores e o poder do mal. Libertando o ser humanodesse medo, Jesus torna-o radicalmente livre e capaz de dar até o fim o testemunho da própria fé.

5 - CONCLUSÃO:Estes sete (7 = número perfeito) sinais devem ser suficientes para estabelecer a fé a qualquer um. Mas o

evangelista não para aí. Além de registrar estes sinais, ele intercala vários eventos, entrevistas, narrações ediscursos para tornar o relato do milagre mais claro e fácil de ser entendido e crido. E se alguém precisa de umsinal além destes sete, pode considerar um sinal que é a soma e conseqüência dos demais, o Sinal dos sinais: apaixão, morte e ressurreição de Cristo, o grande sinal de Deus para que a humanidade creia. Os capítulos 13 a 21do Evangelho segundo João falam deste sinal e deste amor imensurável.

6 – QUESTÕES:A) Como o Evangelho de João nos apresenta Jesus?

B) Qual é a Missão de Jesus?

C) Diante desses 7 sinais, como devemos anunciar e testemunhar o Senhor e Salvador Jesus?

34

Lição nº 9Para o dia 28 de fevereiro de 2010

Texto de João Wesley Dornellas

AS BEM-AVENTURANÇAS

Texto Bíblico: Mateus 5.3-12

Introdução

As bem-aventuranças, oito no total, constituem o princípio do Sermão da Montanha, o primeiro grandepronunciamento de Jesus. Para muitos, o Sermão da Montanha é a essência da fé e da vida cristã. O estudodetalhado desse notável sermão de Jesus nos dá plena convicção de que ele é realmente um dos documentoscentrais de nossa fé. As chamadas bem-aventuranças, que ocupam os versículos 3 a 12 do capítulo 5 de Mateus,constituem, de certa forma, um resumo de todo o sermão. Jesus sentou-se junto aos discípulos e à multidão e“passou a ensinar” (Mt 5.2). Barclay diz que as bem-aventuranças são, no sermão da montanha, a “essência daessência”, ou, como diriam os franceses, “la crème-de-la-crème”.

Bem-aventurança é como se fosse um sinônimo de felicidade. Uma pessoa bem-aventurada é uma pessoafeliz, uma pessoa bendita (abençoada). Na tradução revista atualizada da Bíblia (SBB), é empregada a expressão“bem-aventurados”. Na NTLH, isto é, na tradução da linguagem de hoje, a palavra usada é “felizes”. O teólogo J.Dwight Pentecost nos diz que, nas bem-aventuranças, Jesus descreveu as características da pessoa justa elançou os fundamentos de uma vida feliz. Ele mostrou o que caracteriza os que foram justificados pela fé napromessa de Deus. Também nos deu a base sobre a qual Deus dispensa suas bênçãos aos que o recebem comosalvador pessoal. Podemos, pois, perfeitamente, denominar as bem-aventuranças de “fundamentos de uma vidafeliz.

E bom frisarmos, no entanto, que essa felicidade não é apenas aquele tipo de felicidade que as pessoasnormalmente imaginam ou desejam, como riqueza, êxito, prosperidade, beleza, etc., que podem ser indícios debênçãos divinas mas que não constituem a essência do que Jesus ensinou em seu sermão.

Em Jesus Cristo, como acentua M. Bouttier, “cumpre-se a instauração do reino. Doravante a felicidade estárelacionada a este acontecimento exclusivo e definitivo, inaugurado com a vinda do Messias”. O encontro com apessoa de Jesus deixa um rastro de felicidade, mesmo em meio a frustrações, sofrimento e dor, que serácompletada no encontro final e definitivo com Ele.

O Antigo Testamento e também o Novo contêm diversas outras bem-aventuranças. No Antigo, em Dt 33.29,nós lemos: “Feliz és tu, ó Israel ! Quem é como tu? Povo salvo pelo Senhor, escudo que te socorre, espada que tedá alteza”. Os Salmos estão repletos delas. “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios...”(Sl 1.1); “Bem,-aventurado todos os que nele se refugiam (Sl 2.12); “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade éperdoada... (Sl 32.1); “Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes e aproximas de ti...” (Sl 65.4); “Bem-aventurado os que habitam em sua casa” (Sl 84.4); Bem-aventurado o homem cuja força está em ti... (Sl 65.5);“Bem-aventurados os que guardam a retidão e o que pratica a justiça em todo o tempo” (Sl 106.3); “Feliz a naçãocujo Deus é o Senhor” (Sl 33.12) e muitas outras.

No Novo Testamento, além das oito bem-aventuranças de Mateus 5, há diversas outras e a mais importantedelas é certamente “bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!” (Lc 11.28).

Cabe destacar, ainda, nas bem-aventuranças um certo paradoxo ao encarar o presente na perspectiva dofuturo. Em Jesus Cristo, o futuro se fez presente. A felicidade prometida nas bem-aventuranças por Jesus não éum lote hipotético de consolação mas um compromisso assumido por ele. Compromisso que Jesus “assinou” como sangue que derramou na cruz por nossos pecados. E do túmulo de onde ele saiu, vivo, rei, para sua glorificaçãoe nossa alegria maior.

BEM-AVENTURADOS OS HUMILDES DE ESPÍRITO, PORQUE DELES É O REINO DE DEUS (Mt 5.3)

As traduções mais antigas da Bíblia falavam em pobres de espírito. A palavra usada no original gregosignificava isto mesmo mas o sentido era bem outro. Pobre de espírito, hoje, na visão comum, é alguém que sofredas faculdades mentais, é retardado ou coisas desse tipo. Humilde de espírito é uma coisa bem diferente.

35

João Wesley, em seu sermão nº 21, o primeiro dos treze sermões que tratam do Sermão da Montanha (trêsdeles, 21, 22 e 23 falam sobre as bem-aventuranças), nos explica bem quem são os “pobres” de espírito: “Semdúvida, os humildes; os que conhecem a si mesmos; os que estão convencidos do pecado; os que receberam deDeus o primeiro arrependimento, – o arrependimento que precede à fé em Cristo”.

A pobreza de espírito, segundo Wesley, implica “que ensaiamos no correr a carreira que nos está proposta;é o sentimento exato de nossos pecados interiores e exteriores e de nossa culpa e desamparo”. Alguns têmqualificado essa atitude como “a virtude da humildade”. O citado J.D.Pentecost nos ensina que “humilde deespírito é aquele de quem foi retirada a base da auto-suficiência; é aquele que cujo coração está ajoelhado. Talpessoa caracteriza-se por uma atitude de total dependência”.

A parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.9-14) mostra muito bem a questão. O fariseu, exibindo as suas“virtudes”, queria ser abençoado pelo que havia “feito para Deus”. Mostrou claramente que não era humilde deespírito. O publicano, ao contrário, pecador confesso, meio que escondido, clamava: “sê propício a mim, pecador”.Nada tendo a reivindicar para sua pessoa, lançou-se inteiramente à graça e à misericórdia de Deus. Ali estava umhomem humilde de espírito e Jesus garantiu que ele voltaria para casa justificado. As pessoas humildes deespírito são felizes porque são abençoadas por Deus.

BEM-AVENTURADOS OS QUE CHORAM, PORQUE SERÃO CONSOLADOS.

Há um antigo provérbio árabe, citado por Barclay, que diz que “se sempre brilha o sol, nós temos umdeserto”. A vida humana não está sempre abençoada por dias lindos de sol. Há dias tristes e sombrios. A dor temum lugar insubstituível na vida. Há coisas que só se aprendem mediante a dor. E a dor, seja a de ordem físicacomo a de ordem moral, normalmente leva às lágrimas. A Bíblia está repleta de situações em que o ser humanoque sofre só tem um caminho, o de chorar. Paradoxalmente, Barclay chama esta bem-aventurança de “afelicidade dos angustiados”.

A dor pode resultar em grandes descobrimentos na vida. É ao sofrê-la que se descobre quais são ascoisas importantes e as que não são. É no meio da dor que alguém descobre se sua fé é um simples adorno davida ou o fundamento essencial do qual depende sua vida inteira. É no meio da dor que se descobre a Deus.

O salmista chora diversa vezes mas reconhece que “aos que com lágrimas semeiam, com júbilo ceifarão.Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes” (Sl 126.5-6)Jeremias é outro grande derramador de lágrimas, sendo apelidado de “o profeta chorão”. Vale a pena ler Jr 9.1.

O livro de Atos e as cartas paulinas mostram muitos episódios em que Paulo tem acessos de choro, comose pode ver em At 20.31 e 2 Tm 1.3-4.

Compadecido de Maria e Marta pela perda de seu irmão Lázaro, Jesus chorou (Jo 11.35). Nesse episódio,ao encontrar-se com Marta, Jesus proferiu um de seus mais importantes pensamentos: “Eu sou a ressurreição e avida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá (Jô 11.25). Mesmo que Lázaro não tivesse sido ressuscitado,porque a morte e a separação fazem parte da vida, não podemos deixar de reconhecer que essa palavra de Jesusé de consolo.

A promessa desta bem-aventurança é que os que choram serão consolados. Davi dizia que “ao anoitecer,pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5). Jesus, por sua vez, ao falar da missão do Consolador,nos diz que choraremos e nos lamentaremos, que ficaremos tristes, mas a “nossa tristeza se converterás emalegria” (Jo 16.20). E ele ratifica tudo isto no versículo 22, ao dizer: “o vosso coração se alegrará, e vossa alegrianinguém pode tirar”. Como nos garante a Bíblia, “(Deus) enxugará dos olhos toda lágrima” (Ap 21.4). Bem-aventurados os que choram porque receberão o consolo que vem de Deus.

BEM AVENTURADOS OS MANSOS , PORQUE HERDARÃO A TERRA.

Normalmente, ser manso pode ser um sinônimo de ser covarde, medroso, servil. Ou apático. Wesley no seusermão 22, nos diz que “a apatia está tão longe da mansidão como da humanidade”. Vejamos o caso de Moisés,que desafiou o Faraó para que deixasse o povo (de Israel) ir. Não era um pedido, mas quase uma ordem. Depois,ao descer do Monte Sinai e encontrar o seu povo adorando um bezerro de ouro, “acendendo-se-lhe a ira” (Ex32.19), quebrou as tábuas e colocou fogo no bezerro de ouro. Moisés era manso? Podemos, pelas aparênciasexternas, afirmar que não. A Bíblia, no entanto, como se pode ver em Nm 12.3, nos garante que “Era o varãoMoisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”. Moisés era realmente intrépido, sejana presença do Faraó como liderando o seu próprio povo.

36

Ou seja, não se pode confundir mansidão com insensibilidade, já alertava Wesley no citado sermão. Paraele, “a mansidão cristã não implica em ignorância ou insensibilidade, não pecando nem por excesso nem pordeficiência”. Era Jesus “manso”? Claro que sim, no entanto, tomou de um chicote e expulsou à força osvendilhões do templo. A mansidão não pode esconder a justa indignação nem pode se acomodar com a injustiça.Apesar das palavras duras dirigidas aos escribas e fariseus, comparando-os a raças de víboras e sepulcroscaiados de branco,, Jesus não só era manso como recomendava a mansidão: “Vinde a mim, todos os que estaiscansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque soumanso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave e o meu fardoé leve” (Mt 29.28.30).

BEM-AVENTURADOS OS QUE TÊM FOME E SEDE DE JUSTIÇA PORQUE SERÃO FARTOS

Nós vivemos hoje num mundo em que, apesar da fome que reina em alguns países muito pobres da África,cujas fotos de crianças esqueléticas que não têm o que comer, e da falta de água potável em algumas outrasregiões do mundo e até do Brasil, o fato real é que nem de leve podemos imaginar a fome e a sede absolutas.Esta bem-aventuranças fala de fome e sede de justiça.

A justiça, como dizia Wesley, é a imagem de Deus, a mente que havia em Cristo Jesus. Nesse sermão 22,ele afirma: “A justiça é a reunião num só caráter de todas as inclinações celestiais e santas; decorrendo do amorde Deus e tendo nesse amor seu fim; amor de Deus como nosso Pai e Redentor e, por sua causa, amor a todosos homens”.

A fome e a sede são os mais fortes de nossos apetites corporais. Todos reclamam que a justiça está bemausente de nossa vida diária. Pelos jornais e televisão, nós vamos acumulando informações sobre a falta dejustiça, ou seja, a presença da injustiça em nossa vida diária. O pior de tudo é que vamos nos acostumando comisto e perdendo toda a nossa sensibilidade como cristãos. A bem-aventurança nos diz que o nosso desejo de quea justiça realmente impere deve ser uma verdadeira compulsão, como a sede intensa num dia de sol escaldantenos leva a ansiosamente procurar pela água, ou o fato de passarmos algumas horas sem nos alimentarmos nosdeixe aflitos para sentarmos à mesa e comermos um prato de comida.

Há muitas pessoas que experimentam um desejo instintivo de justiça mas, quando chega o momento de setomar uma decisão, não estão preparados para o esforço. Não estão dispostas a fazer o sacrifício que exercer ajustiça demanda. Robert Louis Stevenson chamava essa atitude a doença de não querer”. O lendário filósofo dofutebol Neném Prancha dizia que “o jogador deve ir na bola como quem vai para um prato de comida”. Esta é aatitude de quem quer fazer triunfar a justiça.

Esta bem-aventurança, desse ponto de vista, é a mais exigente e terrível de todas elas. Ela, no entanto, nãoapenas exige muito do homem mas também é a que mais consolo oferece. Não é apenas conseguir a presençada justiça mas lutar por ele, ter fome e sede de justiça. Em sua misericórdia, Deus não nos julga somente pornossas vitórias mas também por nossos sonhos. Mesmo que não se consiga de todo a justiça que se deseja, ofato de uma pessoa persegui-la com a sofreguidão da sede ou da fome, não a exclui da promessa da bem-aventurança, “porque serão saciados”. Não é quem já tenha alcançado a retidão que é chamado bem-aventuradomas quem a deseja com fome e sede. Se fosse sópara os que já alcançaram a retidão, ela não atingiria ninguém.Não é para os que a alcançam mas para os que desejam a justiça.

Por falar em sonhos, podemos nos lembrar do sermão-discurso proferido por Martim Luther King emWashington cujo título ficou imortalizado: “Eu tenho um sonho”. Aquele sonho de igualdade racial mudou a face doseu país, os Estados Unidos, e talvez a do próprio mundo. Ele, mais de 40 anos depois do seu sacrifício, demorrer de “sede e fome de justiça”, ainda está modificando o mundo.

BEM-AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS, PORQUE ALCANÇARÃO MISERICÓRDIA

Esta bem-aventurança pode se chamada de “a perfeita simpatia”, como sugere Barclay. Para Wesley, nosermão 22, “os misericordiosos, no sentido pleno da palavra, são que amam ao próximo como a si mesmos“. Essapalavra usada por Jesus se refere a um coração terno e compassivo.

Relembrando 1 Co 13, Wesley nos diz: “em razão da grande importância desse amor – sem o qual , ´aindaque falemos a língua dos homens e dos anjos, ainda que tenhamos o dom de profecia e conheçamos todos osmistérios e toda a ciência; ainda que tenhamos toda a fé, a ponto de remover montes; ainda que distribuamostodos os nossos bens para o sustento dos pobres e entreguemos o nosso próprio corpo para ser queimado – nadanos aproveita´, a sabedoria de Deus dele nos deu, pelo apóstolo Paulo, uma clara e especial definição, de modoque pudéssemos discernir mais lucidamente quais sejam os misericordiosos que alcançarão misericórdia”.

37

A palavra misericórdia, que pode ser um sinônimo de bondade, é uma das palavras mais ricas da Bíblia.Dezenas de vezes a expressão “porque a misericórdia de Deus dura para sempre” é repetida na Bíblia. Só noSalmo 36, ela é repetida 26 vezes.

A misericórdia pertence a Deus. Jesus ensinou isto em Lc 6.36: “sede misericordiosos, como também émisericordioso vosso Pai”. Misericórdia é a graça amorável de Deus em ação. É a resposta de Deus ànecessidade daquele a quem Deus ama. “Ele não ama porque o objeto de sua afeição lhe seja amável e atraente;ele ama porque amar é inerente à sua natureza”.

BEM-AVENTURADOS OS LIMPOS DE CORAÇÃO, PORQUE VERÃO A DEUS

Davi, no salmo 24, pergunta: “Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santolugar” (verso 1 e 2). Ele mesmo responde: “o que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega sua alma àfalsidade, nem jura dolosamente. Este obterá do Senhor a bênção e a justiça do Deus de sua salvação” (versos 4e 5). Essa perplexidade de Davi ao sentir a sua própria indignidade e julgar-se não merecedor da graça de Deus,tem sua resposta clara em Is 59.1: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar, nemsurdo o seu ouvido, para não poder ouvir”. Vale a pena dar uma olhada no capítulo 55 de Isaías.

O profeta Ezequiel descreve a promessa de Deus: “Aspergirei água pura sobre vós e ficareis purificados”(Ez 36.25); “vós sereis o meu povo e, e eu serei o vosso Deus” (Ez 36.28).

A promessa desta bem-aventurança nos traz uma certa inquietação e é preciso tirar qualquer dúvida queuma possível interpretação literal do verbo “ver” possa criar. Davi sonha em “ver” Deus. “Eu, porém, na justiçacontemplarei a tua face; quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança”. Na Bíblia temos outros relatosexpressando o desejo de ver Deus “face a face”. Moisés pede a Deus para ver a sua face e a resposta é não:“Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Ex 33.20).

Ver a Deus, porém, não é vê-Lo literalmente, com o olho físico. Isto não é possível. “Ninguém jamais viu aDeus” (Jo 1.16).

Na realidade, ver a Deus significa chegar a um conhecimento pleno de Deus. É o que expressou Pauloquando disse: “Agora vemos como um espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço emparte; então, conhecerei como também sou conhecido”. (I Co 13.12). Ver a Deus significa chegar a uma profundaamizade por amor. O gozo mais elevado do amor é estar na presença do ser amado.

A pessoa cujo coração tem sido purificado em Jesus e pelo Espírito de Deus, aquela cujos motivos,pensamentos, emoções, desejos, são absolutamente puros, a ela se lhe dará nada menos que ver a Deus. Aquitemos em Jesus Cristo um caminho novo na presença de Deus. Daqui em diante o véu rasgado nos revela a Deustal qual é, se nos tivermos mantidos puros em sua graça. Então a busca de conhecimento terá sua resposta e odesejo de amor será satisfeito na presença de Deus.

(ilustração de Jesus ensinando as bem-aventuranças aos seus discípulos)

38

BEM AVENTURDOS OS PACIFICADORES, PORQUE SERÃO CHAMADOS FILHOS DE DEUS

Esta bem-aventurança não contempla as pessoas que apenas amam a paz mas as que fazem a paz. Pode-se ser pacífico e não ser um pacificador. A bem-aventurança premia os que promovem a paz, os que lutam paraque haja paz. Os que realmente derrubam barreiras. Jesus veio para promover paz na terra. Nesta bem-aventurança ele reparte a tarefa conosco. Temos que promover a paz. Paz entre o homem, pecador, e Deus, pazentre um homem e outro homem, paz entre as nações. E não podemos nos esquecer de promover paz na próprianatureza, essa maravilha da criação divina que está ameaçada pelos próprios seres humanos aos quais foidestinada.

A recompensa para os que promovem a paz, de acordo com esta bem-aventurança, é serem chamadosfilhos de Deus. Isto significa serem reconhecidos como filhos de Deus. Essa bem-aventurança poderia ter sidoredigida assim: “bem-aventurados os que fomentam boas relações em todas as esferas da vida, pois suas obrassão como as de Deus”.

Algumas vezes no Novo Testamento, Deus é chamado de “o Deus da Paz”( Rm 16.20, Fp 4.9, 2 Co 13.11,1 Ts 5.23, Hb 13.20-21). Ninguém está mais apegado a Deus do que aquele que dedica sua vida a trazer a pazentre os homens e ninguém é Mais feliz do que ele. Não é de outra coisa que Paulo nos fala em 2 Co 5.18-19, ouseja, ao mencionar o ministério da reconciliação: “Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmopor meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação {de sermos pacificadores}, a saber, que Deus estavaem Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou apalavra de reconciliação”.

Se quisermos ser reconhecidos como filhos de Deus, temos que ser promotores da paz.

BEM-AVENTURADOS OS PERSEGUIDOS POR CAUSA DA JUSTIÇA, PORQUE DELES É O REINO DEDEUS. BEM-AVENTURADOS SOIS QUANDO, POR MINHA CAUSA, VOS INJURIAREM, E VOSPERSEGUIREM, E, MENTINDO, DISSEREM TODO MAL CONTRA VÓS.

Wesley, no sermão 23, pergunta: “quem são os perseguidos?”. Ele mesmo responde: “são os justos, os que´são nascidos do Espírito´, os que desejam viver piamente em Cristo Jesus´, ´os que passaram da morte para avida´, ´os que não são do mundo´, todos os que são “mansos e humildes de coração”, que ´choram por Deus´,todos os que amam a Deus e o próximo e, que, por esta razão, fazem todo o bem a todos os homens´.

Ele ainda pergunta: “por que são perseguidos? Por causa da justiça”, ´porque são justos, porque sãonascidos do Espírito, porque não são do mundo´.

Finalizando, Wesley pergunta: “quem são os perseguidores?”. A resposta é de São Paulo: “o que é nascidoda carne, todo aquele que não é “nascido do Espírito”, todos os que não se esforçam para “viver em Cristo Jesus”,todos os que não “passaram da morte para a vida”. Wesley diz que a razão disto é clara: o espírito que há nomundo diretamente se opõe ao Espírito que é de Deus.

Damos graças a Deus porque hoje, com raras exceções neste mundo, a Igreja e os seus fiéis não sofremmais perseguição como nos primeiros séculos. Quase ninguém é hoje ameaçado em sua vida ou na suaincolumidade física por adotar o Evangelho redentor de Jesus como opção de vida. Não podemos nos esquecer,no entanto, de um outro tipo de “perseguição”, que não nos mata nem nos fere, nem nos tortura. A indiferençareligiosa, o desamor ao próximo, a falta de luta pela implantação da justiça, os interesses materiais, que acabamsendo uma prioridade na vida de tanta gente, a não- criação dos filhos na Igreja, o comodismo e muitas coisasmais, presentes no mundo moderno, são formas veladas de perseguição, que nos alienam de Deus e nosimpedem de viver uma vida plena na presença de Jesus Cristo. Com isto, perdemos a qualidade de vida queJesus nos oferece: “Eu vim para que tenham vida e vida em abundância”. Sem esse tipo de vida, que Jesus nosoferece, nós passamos, como diz o poeta, “pela vida em brancas nuvens”. O castigo o poeta fala no final: o queassim procede, “só passou pela vida, não viveu”.

Terminando, as bem-aventuranças, esse verdadeiro manual para uma feliz, na presença constante eamorosa de Cristo Jesus, não são apenas um texto bonito encravado nas páginas da Bíblia. Elas são para seremvividas intensamente no nosso dia-a-dia. Quem observa aqueles preceitos alcançarão exatamente o que elaspretendem, a felicidade pessoal.

No meio da multidão, uma mulher se acercou de Jesus e, entusiasmada com sua palavra, lhe disse: “Bemaventurada aquela que te concebeu, e os seios que te amamentaram”. A resposta de Jesus foi pronta e incisiva:“Antes, são bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!” (Lc 11.26.27).

39

Lição nº 10Para o dia 07 de março de 2010

JESUS E A ORAÇÃO DO PAI NOSSO

Mateus aproveita o tema da oração para inserir o Pai-Nosso, contrapondo a oração cristã à oração dosfariseus e dos pagãos.

1 - ANALISANDO O TEXTO DA ORAÇÃO DO PAI NOSSODiferentemente das orações do fariseu e do pagão, Jesus ensina que a oração do Pai nosso mostra a

simplicidade e intimidade do homem com Deus. Na primeira parte, pede-se que Deus manifeste o seu projeto desalvação; na segunda parte, pede-se que o essencial para que o homem possa viver segundo o projeto de Deus:pão para o sustento, bom relacionamento com os irmãos e perseverança até o fim.

O Pai nosso traz o espírito e o conteúdo fundamental de toda mensagem, espiritualidade e oração cristã.

Pai Nosso – Diferentemente do que se pregava e do que se acreditava Deus era Abba (paizinho), um Pai deamor bem próximo dos seus filhos. Esta oração se faz na intimidade filial com Deus que é Pai.

Que estás nos Céus – Deus está na terra, na história, na vida das pessoas a ponto de ser Deus Emanuel(Deus conosco), mas não nos enganemos, ele é também Deus eterno, que transcende (maior que) a históriahumana.

Santificado seja o teu nome – Embora Deus e seu nome já sejam santo, não dependendo de nós nem deninguém para tornarem-se santos, Jesus nos ensina a orar para que o nome do Pai seja santificado (ou seja,reconhecido) por todos.

40

Venha a nós o teu Reino – Jesus nos trouxe a promessa, a bênção e a alegria do Reino de Deus. O Reino eo governo de Deus já estão em nós e entre nós. Jesus nos ensina a orar pedindo que esse Reino, e o governo depaz e justiça que ele trará, sejam plenos entre nós. Orar “venha o teu reino” é orar para que a justiça e o amordivinos se manifestem. É o mesmo que orar “Maranata”.

Seja feita a tua vontade assim na terra como no Céu – Que a vontade de justiça, paz e amor que governamo Céu, possam igualmente governar a terra e toda criação. Só pode orar esse pedido quem antes colocou-sedebaixo do senhorio de Deus, comprometendo-se a testemunhar o Evangelho, e a sinalizar a chegada e aimplantação do Reino de Deus.

O Pão nosso de cada dia nos dai hoje – Aqui é orar pela proteção e socorro de Deus. Por que orar parareceber hoje o pão de cada dia? Porque estamos orando para que na vida de cada dia , que o Senhor nos dê vidaplena, o pão de amanhã.

E perdoa-nos as nossas dívidas assim como temos perdoado aos nossos devedores – Podemos confiar noperdão de Deus quando o pedido de perdão vem, de fato, de um coração desejoso de perdão e realmentearrependido de seu pecado. Mas como isso pode ser concretamente avaliado? Jesus indica o sinal mais valiosopara isso: quando há verdadeira conversão e real desejo de viver reconciliado com as demais pessoas. Por isso operdão ao devedor é tão importante para que possamos também receber o perdão de Deus. Não há como estarbem com Deus se não estivermos bem com o nosso próximo. Ninguém ama a Deus se não ama o próximo e senão está reconciliado com o seu próximo. Que o Senhor nos perdoe como nós repartimos o perdão.

E não nos deixe cair em tentação – Que Deus não nos deixe abandonar o caminho de Jesus. Que Ele nosanime, encoraje, fortaleça e sustente para que possamos perseverar até o fim. E diante das tentações, quepossamos ser vencedores e recebermos as recompensas divinas reservadas aos vencedores.

“A cláusula final da oração do Pai Nosso — pois teu é o reino, o poder, e a glória para sempre — vem entrecolchetes nas Bíblias editadas pelos protestantes e é excluída nas traduções católicas. Acredita-se que seja umacréscimo tardio da igreja primitiva (os melhores textos não a incluem como parte da oração original de Cristo),porque algum pai da igreja buscou interpretar a sentença anterior a ela: “Não nos deixe cair em tentação, maslivra-nos do mal.” Por isso, acrescentou: “Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém.” Sua leitura,corretíssima, foi de que o mal a que Jesus se referia era a tentação de roubar de Deus o seu reino, sua glória eseu poder. Uma lição que deveria ser aprendida por todos os cristãos, principalmente os líderes. O culto àpersonalidade sutilmente fomentado no cristianismo ocidental esquece que o pecado original, na tentação deLúcifer, era a cobiça do reino, poder e glória, que só pertencem a Deus”, escreve Ricardo Gondim, no seu artigoConstrutores anônimos da história(http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaocolunas.asp?Numero=1749).

2 - TAREFAS:a) Leiamos Mateus 6:5-6.Aqui Jesus censura a oração feita hipocritamente pelos fariseus. Por que?

b) Leiamos agora Mateus 6:7-8.Nesse texto Jesus está censurando a oração dos pagãos. Por que?

c) O que a oração do Pai Nosso nos ensina em termos de oração e também em termos de espiritualidade(relação com Deus)?

O PAI NOSSO PARA ORAR, SEGUNDO RUBEM ALVES

Pai-Nosso… Pai… de olhos mansos, sei que estás invisível em todas as coisas.Que o teu nome me seja doce, a alegria do meu mundo. Traze-nos as coisas boas

em que tens prazer: os jardins, as fontes, as crianças, o pão e o vinho, os gestosternos, as mãos desarmadas, os corpos abraçados…

Sei que desejas dar-me o meu desejo mais fundo, desejo cujo nome esqueci…mas tu não esqueces nunca. Realiza pois o teu desejo para que eu possa rir.

Que o teu desejo se realize em nosso mundo, da mesma forma como ele pulsa emti. Concede-nos contentamento nas alegrias de hoje: o pão, a água, o sono…

Que nossos olhos sejam tão mansos para com os outros como os teus o são paraconosco. Porque, se formos ferozes, não poderemos acolher a tua bondade.

E ajuda-nos para que não sejamos enganados pelos desejos maus.E livra-nos daquele que carrega a morte dentro dos próprios olhos. Amém.

41

Lição nº 11Para o dia 14 de março de 2010

Texto do Pastor Luciano Pereira Vergara

JESUS E O JULGAMENTO FINAL

1- IntroduçãoÉ comum as pessoas em geral terem idéias equivocadas acerca do juízo final, já que elas são alimentadas

pelo folclore religioso e pela imaginação popular. Talvez o mais emblemático é pensar que, quando alguém morre,toma um longo corredor ou uma escada bem alta e depara, no céu, com um burocrático “São Pedro”, que indica aquem lá chega, além dos adereços típicos dos habitantes do além, com um tribunal. Onde ouvirá a sentençalavrada a partir dos pecados e virtudes registrados num livro enorme. Outra, popularizada por certo folhetoevangelístico intitulado “Esta foi a sua vida”, mostra o indivíduo perante o trono de Deus num enorme pátio e paraele será exibido uma espécie de “filme” que narra todas as suas ações. Ambas as representações incorrem noreducionismo maniqueísta, com “bonzinhos” de um lado e perversos, do outro, porque fazem uma leitura literalistada Bíblia.

Mas é estudado cuidadosamente a Palavra de Deus que chegamos a uma compreensão mais madura doinegável e inevitável juízo divino, perante o qual todos ouviremos Jesus pronunciar a nossa definitiva aprovação,se tivermos vivido em comunhão com Jesus, ou a reprovação, caso tenhamos negligenciado ou rejeitado abênção que o Senhor nos reservou. Por isso, é recomendável atentar para as passagens bíblicas que tratamdesse tema.

Os textos de Mt 25.31-46; 1 Co 3.10-15; Rm 14.10, 12; 2 Co 5.9-10; Jo 3.18; 2 Ts 2.12; Ap 20.11-15 sãoalgumas das referências bíblicas alusivas ao julgamento de todos os seres humanos, de acordo com suas obras.Neste estudo, eles fornecem a primeira camada de noção do juízo de Deus.

Esse julgamento alcança tanto os remidos, isto é, as pessoas salvas pela fé depositada no sacrifício deJesus – sua morte expiatória em lugar dos pecadores – cravado a uma cruz no Calvário, quanto os condenados,isto é, aqueles que rejeitaram a oferta da graça divina de amor, perdão e comunhão com Deus pela eternidade.

2 - A segunda vinda de CristoConforme o Novo Testamento, está prevista a volta de Jesus ao mundo em uma época futura que nunca se

pôde definir. Alguns textos que tratam do assunto se acham em Mt 24.20-47; Lc 12.36; 21.34; At 1.11; 1 Co 15.52;Ap 1.7; 22.20. O retorno de Jesus Cristo a este mundo é chamado pelos teólogos de parousia, palavra grega quepode significar presença ou vinda. A volta de Jesus para se encontrar com sua Igreja também é referida como oSegundo Advento. Entendê-la é importante se queremos saber mais a respeito do juízo.

Esse advento tem por finalidades: a) fazer separação entre as pessoas (Lc 12.51) conforme a posiçãodestas em relação a Cristo; b) a ressurreição dos mortos (Jo 5.28-29; Jo 6.39-40, 44; 1 Co 15; 1 Ts 4.13-17; Ap20.13) para consolação final e permanente comunhão com Deus; c) reunir os fiéis a Jesus (1 Ts 4.17; 2 Ts 2.1)

42

por meio do arrebatamento; d) a transformação dos salvos por Cristo (1 Co 15.50-54; 1 Jo 3.2; Fp 3.20-21),resgatando-se a plena semelhança com Deus e a glória antes comprometida pelo pecado; e) a definitiva e eternahabitação com Deus (1 Ts 4.17b) e o estabelecimento final de seu Reino na Terra (Ap 20.1-7), para cumprir assima predição do último estado do povo de Deus, feita no capítulo 11 do livro do profeta Isaías; f) o julgamento finaldos remidos e dos condenados (as referências bíblicas estão no início desta lição), retribuindo suas obras,conforme estas tenham sido justas ou não; g) a destruição das coisas tal como as conhecemos neste mundomarcado por injustiças e formas de opressão, com o estabelecimento de “novos céus e nova terra” (2 Pe 3.10-13;Ap 21-22), onde os seus habitantes sejam “os que foram inscritos no livro da vida do Cordeiro”; h) que finalmente“Deus seja tudo em todos” (1 Co 15.28), reintegrando assim a criação ao papel que Deus lhe havia designado.

3 - O juízo divinoPara entendermos o julgamento final a ser efetuado por Deus devemos nos acercar dos textos que integram

a doutrina escatológica (do substantivo grego eschaton, ‘escáton’, que quer dizer “o fim”). Essa doutrina cristãtrata das coisas que a Bíblia posiciona no fim dos tempos. Também não se pode esquecer a história da Igreja queem cerca de dois milênios demonstrou como pôs em prática a sua fé, algo relevante para o julgamento.

No fim do período apostólico (primeiro século da era cristã, quer dizer, entre os anos 1º e 100 d.C.), não eraincomum o império romano tratar as minorias com extrema crueldade e não era tolerado que povos subjugados aRoma deixassem de honrar o imperador, que era visto como uma divindade a ser adorada com incenso e devoçãoreligiosa. Sob a opressão de Roma, os cristãos muitas vezes padeceram o martírio por confessar lealdade aJesus.

Surgiram nesse período vários escritos escatológicos dos quais sobreviveu o Apocalipse de João, cheio demensagens de esperança e fidelidade ao Senhor, pois ele recompensaria os que permanecessem fiéis. Depois doperíodo apostólico, seus discípulos diretos, chamados de Pais Apostólicos, deram prosseguimento à liderançadoutrinária por meio de cartas, estudos e fórmulas confessionais que dessem unidade e consistência à fépraticada pelos cristãos em igrejas já então espalhadas à volta de boa parte do Mar Mediterrâneo.

Para os cristãos que conheceram essa realidade era muito importante ser contado entre os que nãonegassem sua fé, mas a confessassem conforme a doutrina dos apóstolos, sendo por isso recompensados peloMestre. Não se pode perder de vista que o contexto espaço-temporal (economia, pensamento dominante, política,cultura etc.) de uma comunidade cristã tem influência sobre a consciência que as pessoas em geral têm acerca dobem e do mal, mesmo estando sob os ditames das Escrituras.

As bases para a confissão cristã estão em ambos os testamentos da Bíblia. Assim, lê-se, em Salmos 96.13,que Deus “vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça, e os povos, consoante a sua fidelidade” e, emEclesiastes 3.17, que “Deus julgará o justo e o perverso”. No cânon do Novo Testamento, temos o registro deLucas no livro de Atos 17.31: “porquanto Deus estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça...” ePaulo menciona, em Romanos 2.16, um dia de juízo de todo o mundo, quando Deus irá, “por meio de JesusCristo, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho”.

A Bíblia chama ainda esse dia de julgamento de: “o dia da calamidade” (Jó 21.30), “dia da ira” (Rm 2.5; Ap6.17), “revelação do justo juízo de Deus” (Rm 2.5), “dia de juízo e perdição dos homens ímpios” (2 Pe 3.7),“julgamento do grande dia” (Jd 6). Nas Escrituras, encontramos que será Cristo o presidente desse juízo (Jo 5.22,27; Rm 14.10; Ap 20.4 etc.). É importante dizer que, durante o juízo, os crentes – os santos de Deus – seassentarão ao lado de Cristo (1 Co 6.2; Ap 20.4). Ele se dará na vinda (a parousia) de Jesus (Mt 25.31; 2 Tm 4.1).

43

Uma passagem da Bíblia nos alerta para o cuidado de não confundirmos os propósitos e efeitos do juízofinal com o comparecimento obrigatório diante do tribunal de Cristo. Demonstrando a tese de sua própriadivindade, Jesus discursa aos judeus que o perseguiam em Jerusalém, dizendo, entre outras, que “quem ouve aminha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para avida” (Jo 5.24, ver todo o contexto do capítulo, especialmente desde o verso 20 ao 47). Isso indica que, em certosentido, os discípulos de Jesus não são sofrem o mesmo juízo que os descrentes, pois ele lhes dá a garantia deque já superaram o risco da morte. Pessoas crentes, nascidas em espírito pela fé no Salvador em resposta àgraça divina, não precisam temer a condenação; o seu temor é reverencial, e não, pavor da justiça. Romanos 8.1assim assinala: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, [que não andamsegundo a carne, mas segundo o Espírito]”*.

*A parte final deste verso não se encontra nas versões traduzidas dos originais dos códices Alexandrino eLatino, mas somente no códice Imperial, versão ancestral comum nas igrejas da Ásia (atual Turquia) e sustentadapor muitos mártires cristãos do passado.

Em sua abrangência, o juízo tratará de todas as nações (Mt 25.32), todos os homens (Hb 9.27; 12.23),pequenos e grandes (Ap 20.12), justos e injustos (Ec 3.17), vivos e mortos (2 Tm 4.1; 1 Pe 4.5) e incluirá tambémtodos os atos (Ec 11.9; 12.14; Ap 20.13), palavras (Mt 25.36-37; Jd 5), pensamentos (Ec 12.14; 1 Co 4.5) eninguém pode vencê-lo (Sl 130.3; 143.2; Rm 3.19), salvo os santos (homens e mulheres que confessam Jesuscomo seu salvador pessoal), conforme Romanos 8.33-34. Cristo os reconhecerá como seus (Mt 25.34-40; Ap 3.5)e eles serão galardoados (2 Tm 4.8; Ap 11.18). Aqui, galardão significa entrar no gozo das ricas promessas deDeus, sem fazer distinções.

4 - O valor da experiência da fé e da graça para a certeza da salvaçãoDiversas vezes em seus sermões, João Wesley frisou a necessidade de uma fé autenticada por uma

experiência com Deus, ou seja, não apenas se dizer cristã, ou cristão, mas praticar a obediência ao Senhor com amarca da graça e do amor.

De algum modo, a conduta é um dos critérios do juízo divino: “... importa que todos nós compareçamos perante otribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2 Co 5.10).Assim, com base nessa fé e no convívio espiritual com Deus e seus filhos e filhas, nosso procedimento produzargumentos contra ou a favor de nós mesmos para quando comparecermos diante do Juiz.

Mas é sempre bom lembrar de que quem recebeu a promessa de vida eterna não deve temer a condenaçãodo inferno. Desde que escolhemos seguir a Cristo e nos identificamos com ele mediante fé e arrependimento, ojuízo não será condenatório, e sim, para confirmar o galardão celeste, pois “... o vencedor, de modo nenhum,sofrerá dano da segunda morte” (Ap 2.11b). No contexto do Apocalipse, “vencer” significa permanecer fiel mesmoem face das tentações e perseguição, pelo que os vencedores não incorrem na “segunda morte”, ou seja, asconseqüências do “lago de fogo e enxofre” mencionado em 21.8.

Mas quem, eventualmente, tiver dado menor importância à conduta e testemunho pessoais, será salvo“através do fogo”: “se permanecer a obra de alguém... esse receberá galardão... será salvo... como que através dofogo” (1 Co 3.14-15). E quem nunca aprendeu acerca dos estatutos divinos terá julgamento especial: “... osgentios que não têm lei... servem eles de lei para si mesmos... a norma da lei gravada nos seus corações...mutuamente acusando-se ou defendendo... no dia em que Deus... julgar os segredos dos homens...” (Rm 2.14-16).

5 - Bibliografia consultada:A Bíblia Vida Nova. Traduzida por João Ferreira de Almeida, versão Revista e Atualizada. Edições Vida Nova e

Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.Antologia teológica. Ferreira, Júlio A. (organizador). Editora Cristã Novo Século, 2003.Cinco perspectivas sobre a santificação. Stanley Gundry (editor). Editora Vida, 2006.Conspiração mundial. Mary Schultze. Universal Produções, 2000.Dicionário Vine. W.E. Vine, Merril F. Unger, William White Jr. CPAD, 2a edição, 2003.Fundamentos da teologia armínio-wesleyana. Mildred B. Wynkoop. Casa Nazarena de Publicações, 2004.Introdução ao estudo do Novo Testamento . Broadus David Hale. Editoras Hagnos e Juerp, 2001.Manual bíblico . Henry H. Halley. Edições Vida Nova, 1994.Nuevo léxico griego-español Del Nuevo Testamento. George F. McKibben. Casa Bautista de Publicaciones, revis.

1963.Teologia do Novo Testamento . Leonhard Goppelt. Editora Teológica, 2003.Teologia do Novo Testamento . I. Howard Marshall. Edições Vida Nova, 2007.Teologia sistemática. Franklin Ferreira e Allan Myatt. Edições Vida Nova, 2007.

44

Lição nº 12Para o dia 21 de março de 2010

Texto de Urbano Fernandes da Mata

A ÚLTIMA CEIA E A TRAIÇÃO DE JUDAS

1 - Leitura Bíblica: 1Co 11.23-29

2 - A ceia:A ceia do Senhor foi instituída num dos momentos mais dolorosos da vida de Jesus. Naquele lugar é

anunciada a traição de um de seus discípulos e Ele está apenas há algumas horas do momento mais difícil de suavida, enquanto seus discípulos não entendiam bem o que estavam presenciando, as lutas e dores que Jesus vivianaquele momento. Naquela páscoa onde os judeus lembravam-se da saída do povo do Egito tivemos a nossasalvação anunciada e celebrada, como nunca antes havia acontecido. O Senhor fez ali uma aliança de vidaconosco, sua morte estava sendo anunciada aos seus discípulos, e essa morte iria gerar para nós vida eterna epaz com Deus. (Isaías: 53.5)

O PÃO e o VINHO são símbolos específicos no seu significado e apontam para os fundamentos da fé cristã.O pão “meu corpo” e o vinho “meu sangue” representam o sacrifício feito por Jesus na cruz, (Hb 10.5) “um corpome formastes” por que o sangue de animais não era suficiente para pagar o preço de nosso pecado. Esse preçotinha que condenar o pecado na carne, (Rm 8.3,4) e assim não andamos segundo o desejo da carne e sim doEspírito. Homens e mulheres que no Senhor alcançam misericórdia e vida plena com Deus através de JesusCristo. Seu sacrifício não foi imposto e sim voluntário, (Fp 2.7,8) e foi valioso mais do que todas as riquezas (1Pe1.18-20).

3 - A traição: Lc 22.1,6Se estava profetizado que Jesus seria traído e entregue à morte, não estava profetizado em lugar algum

que o traidor seria Judas Iscariotes. O traidor poderia ter sido qualquer outra pessoa. Judas não estavapredestinado a ser o traidor de Jesus. Pois senão, ele ao trair Jesus não teria feito outra coisa senão a vontade deDeus, e seria como os demais homens e mulheres que fazem a vontade de Deus, um crente fiel a Deus e salvo dopoder do pecado. Ou então poderíamos cair na tentação de afirmar que Judas estava predestinado à perdiçãoeterna pelo próprio Deus ao trair Jesus. O que não podemos aceitar em hipótese alguma.

Judas traiu Jesus consciente e deliberadamente. Não por predestinação divina, mas por opção. Certamenteteve seus motivos. Alguns estudiosos dizem que ele traiu Jesus porque sentiu-se traído por Jesus. Judas aocomeçar a seguir a Jesus pensou que Jesus fosse o Messias, um revolucionário que haveria de liderar uma

45

grande revolta contra os estrangeiros (romanos) dominadores. Mas quando Jesus disse que o Reino dele não eradeste mundo, foi a gota d’água. Como os evangelhos foram escritos quase 30 anos após a morte de Jesus, aoserem escritos, o autor já bem conhecedor da história da traição, ao mencionar o nome de Judas, mesmo quebem antes da data da traição, sentencia: “aquele que haveria de trair Jesus”.

Tal como Judas, ninguém peca ou abandona a fé por predestinação, mas por falta de vigiar e orar para nãocair em tentação. Jesus diz, por exemplo, que no final dos tempos o amor de muitos esfriaria, mas lá na profecianão consta o nome de ninguém. Mas o amor de todo aquele que não vigia e ora vai esfriar, não por causa daprofecia, mas por causa da falta de fé, de oração, de obediência à vontade de Deus.

Quando vejo a atitude de Judas, logo penso; O que levaria a um homem escolhido pelo próprio Jesus paraser um de seus discípulos, um escolhido entre tantos para uma missão tão nobre e privilegiada, a traí-lo demaneira tão vil como ele o fez? Será que seria possível que nós também pudéssemos traí-lo? Lembro que Judasandava com Jesus. Era tão confiável que se tornou tesoureiro do grupo e Jesus pessoalmente o escolheu para afunção. Jesus lavou os seus pés deixou que molhasse o pão em seu próprio cálice e o tornou seu tesoureiro.Contudo esse seria exatamente o homem que iria trair Jesus no Jardim do Getsêmane com um beijo (Lc 22.48). Eo que se passou na mente de Judas após essa cena? O remorso e a vergonha podem ter tomado conta dele,quando vai até aos sacerdotes devolver o dinheiro, ou quando deu fim em sua vida.

Mas não foi só Judas que traiu a Jesus. Quando seus discípulos souberam que um deles iria trair a Jesusiniciaram uma discussão para ver quem dentre eles era o maior. Depois disso após a prisão de Jesus o apóstoloPedro nega a Ele três vezes. No texto lido a palavra diz que “Satanás entrou em Judas”. Creio então que aresposta para essa questão está nesse ponto: Como Satanás poderia entrar em Judas? A resposta é simples,com a permissão do próprio Judas. Lembramos que Jesus foi levado para o deserto para ser tentado por Satanás,e em tudo que lhe foi oferecido pelo inimigo, Jesus optou por ser fiel a seu chamado, fiel a Deus.

(ilustração das 30 moedas pagas a Judas pela as traição, o preço de um escravo)

Satanás estava por trás das cenas, aguardando a oportunidade e seguindo todos os movimentos. Aestratégia dele era encontrar um traidor, alguém próximo de Jesus, alguém em quem Ele confiasse. Alguém queestivesse sob os seus cuidados. Mas teria de ser alguém inclinado à cobiça, alguém que ele pudesse atrair eenfraquecer, plantando perguntas e dúvidas em sua mente. Então poderia possuí-lo e torná-lo traidor. Nós temosque guardar nosso coração dessa ação e sempre fazer um exame em nossa consciência. E que grande bênção éa Ceia do Senhor. É nesse momento que o Senhor nos traz uma oportunidade de nos examinarmos eencontramos em Cristo conforto e refúgio. Amém.

4 - Para refletir:a) Somos conscientes da inclinação de nossos corações e estamos prontos a combatê-lo em favor de uma

vida de comunhão plena com Deus?

b) Quando examino minha vida antes da Ceia do Senhor, devo também examinar as tendências do meucoração?

46

Lição nº 13Para o dia 28 de março de 2010

Texto de Suely Peixoto de Mattos

O JULGAMENTO INJUSTO E A CRUCIFICAÇÃO

1 - Leitura Bíblica: João 8: 1-11Lucas 23: 8-12

2 - Leituras semanais: Lucas 22: 1-6; 23: 8-25Mateus 26: 57-68Marcos 15: 1-15João 18: 12-14; 19-24João 19: 1-16

3 - Objetivo do estudo: Refletir sobre: - o sentido do sacrifício de Jesus;- o julgamento injusto de acordo com a legislação da época;- as conseqüências deste episódio para os cristãos;

4 – Desenvolvimento da lição:

Vamos estudar um assunto que vai fazer com que reflitamos sobre o Julgamento de Jesus que aconteceude forma injusta e fora dos padrões da época.

Jesus foi julgado como homem, diante de uma corte de homens, sob as leis dos homens, condenado eexecutado como homem. Alguns poucos homens poderosos em Israel foram os responsáveis pela injustiça queocorreu. Vejamos alguns fatos:

pela lei Judaica o réu não poderia ser condenado, por um crime capital, baseado no testemunho de menosde duas pessoas;

pela lei Rabínica o acusado tinha o direito a um defensor. No caso de não poder pagar, este defensorpoderia ser escolhido para ele;

pela lei Mosaica um acusado não poderia ser obrigado a testemunhar contra si mesmo;de acordo com a regra todo réu é inocente até que provem sua culpa;um acusado de crime capital só podia ser julgado de dia e em público;nenhuma evidência poderia ser apresentada se o acusado não estivesse presente.

O Grande Sinédrio (a Suprema Corte Judaica) era a única com jurisdição sobre crimes puníveis com amorte. Os membros do Sinédrio atuavam como juízes e jurados, e era encarregado, sob a lei rabínica, de protegere defender o acusado. A lei permitia que a corte desse ao acusado o “benefício da dúvida” e ajudar a provar suainocência.

O julgamento era parecido com o que acontece hoje. Depois daaudiência preliminar, um resumo das evidências era dado por um dosjuízes. Os espectadores eram retirados do tribunal e os juízes votavam.Uma maioria era suficiente para condenar ou absolver. Se a maioriavotasse pela absolvição, o julgamento terminava e o réu recebia liberdadetotal. Se a maioria votasse pela condenação, um procedimento diferentese seguia: a corte tinha que adiar a decisão por um dia inteiro. Nosegundo dia, o juiz que absolvesse não podia mudar seu voto, mas o quecondenasse poderia mudar o voto. Enquanto isso, o acusado eraconsiderado inocente.

Como Israel era uma Teocracia com Igreja e Estado entrelaçados,muitos acreditam que os altos sacerdotes ordenaram a prisão e ojulgamento ilegal de Jesus, que eles subornaram Judas, pois se sentiramameaçados pelos ensinamentos de Jesus e buscaram a sua morte.

A prisão é considerada ilegal por ter ocorrido à noite, em violação à lei, pois não foi resultado de ummandado legal e sim através das atividades do conspirador Judas.

47

O julgamento noturno é a evidência de conspiração contra Jesus por esses sacerdotes – sob a lei doSinédrio primeiramente deveria ter tido uma audiência prévia com a apresentação das acusações para o réu, emcorte aberta. De acordo com os Evangelhos, não houve audiência prévia – Mateus, Marcos, Lucas e João sãotestemunhas com credibilidade.

Surgiram, então, duas testemunhas: a primeira o acusou de blasfêmia quando Jesus disse: “Eu sou capazde destruir o Templo.” E a segunda afirma que Jesus havia dito: “Eu vou destruir esse Templo.”

Estas testemunhas não concordavam entre si – Jesus deveria ter sido considerado inocente.

Caifás invocou para que se defendesse, porém, Jesus ficou calado. Ao invés de ter sido defendido eprotegido, foi acusado pelas autoridades. Os sacerdotes perguntaram mais uma vez – “És tu o Filho de Deus?” Aoque respondeu – “Vós dizeis que eu sou.” Foi considerado falso testemunho. O restante dos homens daquelacorte gritou – “É réu de morte.”

Depois da votação feita, TODOS os juízes o consideraram culpado.

O Sinédrio tinha autoridade para levantar a acusação diante de um magistrado Romano, que tinha querever todo o processo. Os sacerdotes, então levaram Jesus perante Pilatos, que pergunta “Que acusação trazeiscontra este homem?” Com esta pergunta Pilatos mostra intenção de agir como um julgamento comum. Sendoinstado a agir de acordo com os sacerdotes, Pilatos irritou-se e revidou: -“Levai-o e julgai-o segundo a vossa lei!”

Neste momento os sacerdotes admitem a injustiça que estavam cometendo.

Pilatos seguia a lei à risca. Teria libertado Jesus se não fosse a persistência dos maldosos sacerdotes. Eraintolerável que todo esse complô fosse frustrado. Acusavam Jesus de sedição ao ensinar por toda Judéia até aGaliléia. Este motivo era menos odioso do que traição – exigia prova de uma motivação corrupta para acondenação. Porém, nenhum motivo existira contra Jesus. Pilatos ignorou esta acusação. Como se referiam àGaliléia viu a chance de transferir a responsabilidade para Herodes (que estava em Jerusalém para a festa daPáscoa). Jesus era Galileu.

Jesus foi arrastado até o palácio de Herodes onde foram confirmadas as acusações de traição e sedição.Herodes não se impressionou, pois já conhecia a fama de Jesus e do que Ele ensinava. Jesus, contudocontinuava sem se defender. Assim sendo, Herodes o mandou de volta a Pilatos, sem acusá-lo. Diante dessaatitude Jesus deveria ser inocentado novamente. Pilatos declarou, então, que iria castigá-lo e soltá-lo.

Que autoridade Pilatos teria para açoitá-lo e libertá-lo? (Lucas 23: 14-16)

Ao contrário do que deveria acontecer Jesus foi confrontado pelos sacerdotes irados, ao que responderam– “Crucifica-o”.

Pilatos não se sentia seguro para concordar com o que pediam, e os sacerdotes queriam a aprovação deuma autoridade Romana.

(ilustração de Pônio Pilatos lavando as mãos,ou seja, omitindo-se e sua omissão matou um inocente)

48

Apesar de todas as evidências Jesus foi condenado à morte, em troca de um ladrão e assassino. O restantedesta história já conhecemos. Porém, outro julgamento injusto, também, foi o da mulher adúltera – condenadapelos fariseus. Levada a Jesus por aqueles que deveriam proteger, ajudar e orientar espiritualmente, são os que aexpõem, a maltratam e a ridicularizam. Jesus presenciou este julgamento e participou de forma surpreendente.

Não cabe aos homens julgar de acordo com seus preceitos. A Bíblia alerta: “não julgueis para que nãosejais julgados”.

5 - Conclusão:Jesus, como a mulher adúltera, foi julgado desde a primeira audiência, foi acusado de três crimes

separados e o Sinédrio o condenou ilegalmente por blasfêmia, por sedição e por traição ao assumir ser Filho deDeus. Jesus era uma ameaça. A mulher não foi pega em flagrante adultério, porém foi julgada de maneiraexemplar. Jesus a perdoou e mostrou que todos pecam, não tendo autoridade para julgar nosso próximo sempiedade e misericórdia.

6 – Questões:a) Existem julgamentos injustos nos nossos dias?

b) Será que nosso papel é de alertar para a injustiça que vivenciamos e somos vítimas? Como devemoslutar para que as injustiças não aconteçam perto de nós ou por nós? Como podemos fazer isto?

c) Por que Jesus não fugiu? A Bíblia diz que foi por amor: Ele nos amou até as últimas conseqüências, asaber, a cruz. Alguns outros, tentando dar um aspecto mais mecânico, diz que foi porque estavapredestinado? Por que a dificuldade de aceitar que alguém – o nosso Senhor e Salvador Jesus – tenhanos amado tão intensamente e morrido por nós, tenha sofrido a vergonha, a dor e a morte em nossolugar?

7 - Glossário:Caifás – sumo sacerdote judeu que presidiu o processo de Jesus;Herodes – rei dos Judeus – impôs o seu poder, delegado pelos romanos, com energia brutal;Pilatos – procurador romano de Judéia;Sinédrio – Conselho governativo dos judeus durante a ocupação da Palestina;Sedição – perturbação da ordem pública, crime contra a segurança do Estado, revolta contra autoridade

constituída.

8- Fontes de consulta:a) Bíblia;b) Textos:- “O Julgamento de Jesus – aspectos jurídicos de” . Autor: Hon. Harry Graves, JD. Capturado do site

www.solascriptura-tt.org/cristologia- “Julgamento e Injustiça”. Autor: Pr. Leandro Silva. Capturado do site: www.canticonovo.blogspot.com

c) Dicionário Enciclopédico Ilustrado Veja Larousse.

FELIZ PÁSCOA 2010!

EQUIPE QUE PREPAROU E/OU COMPILOU ASLIÇÕES DESSE CADERNO Nº 1

João Wesley DornellasLuciano Pereira Vergara

Michelle PaixãoRicardo Wesley Garcia

Ronan Boechat de AmorimSuely Peixoto Mattos

Urbano Fernandes da Matta

49

NO PRÓXIMO DOMINGO, DIA 4 DE ABRIL,DOMINGO DA PÁSCOA DO SENHOR JESUS,OS ALUNOS(AS) DA ESCOLA DOMINICAL DA

IGREJA METODISTA DE VILA ISABELESTARÃO INICIANDO,

SE ASSIM O SENHOR PERMITIR,OS ESTUDOS DO

CADERNO Nº 2 – A VIDA E OS ENSINOS DEJESUS

LEMBRETEDA NATUREZA E FINALIDADEArt. 1º - A ESCOLA DOMINICAL é a organização da igreja local que reúne pessoas de todas as idades, membrosda igreja ou não, para fins de educação cristã e funcionará mediante este Regimento.

Parágrafo único: Entende-se como OBJETIVO DA EDUCAÇÃO CRISTÃ: PROPORCIONAR MEIOS para que todas aspessoas se tornem CONSCIENTES DE DEUS, através de sua auto revelação em Jesus Cristo, e que RESPONDAMem fé e amor a fim de que possam saber quem são e o que significa sua situação humana, CRESCER, como filhosde Deus arraigados na comunidade cristã, viver no Espírito de Deus em todas as suas relações, cumprir seudiscipulado no mundo e permanecer na esperança cristã.

DAS ATIVIDADESArt. 2º - Todas as atividades da Escola Dominical têm como finalidade capacitar homens e mulheres, bíblica edoutrinariamente, para uma vida plena e o exercício dos dons e ministérios.

§ 1º - A principal atividade educativa da Escola Dominical realiza-se aos domingos, por intermédio dedepartamentos com classes.

§ 2º - O programa das atividades da Escola Dominical deve estar em estreito relacionamento com osMinistérios e Grupos Societários.

Art. 20 - É dever do professor:1- ter o plano do curso a ser ministrado e material didático com antecedência antes do início do funcionamento decada curso.2 - buscar ser exemplo de vida cristã em atos e palavras, preparando-se em oração antes de cada encontrodominical3 - utilizar em classe a literatura determinada pela diretoria da E.D. , estudando com dedicação as lições a ensinar;4 - interessar-se pela vida de seus alunos, visando ajudá-los a viver cristãmente em todas as suas experiências,estimulando o estudo da lição durante a semana;5 - preparar um plano de aula com objetivos, metodologia, recursos, bibliografia e avaliação, para cada aula.6 - ensinar através de diferentes métodos, buscando sempre a melhor participação do aluno durante as aula;7 - participar das reuniões de planejamento e avaliação, relatando verbalmente

Art. 22 - Compete ao aluno (a):1 - Chegar na hora marcada de início da aula,2 - Preparar-se em oração para cada encontro dominical,3 - Estudar a lição durante a semana,4 - Trazer o material (revista) para estudo, sua Bíblia e seu hinário;5 - Participar das atividades de classe de estudo, bem como da abertura e do encerramento6 - Não ficar fora da classe de estudo nem em nenhuma atividade paralela;

50

7 - Saber o nome, conhecer e manter relações fraternais com os outros alunos da classe,cultivando a prática da visitação e da intercessão mútua;

8 - Convidar outras pessoas a participar da Escola Dominical e acolher bem os visitantes;9 - Discutir os temas e assuntos de maneira lúcida e democrática, com espírito de discernimento,

visando o amadurecimento espiritual, a unidade da Igreja e a expansão missionária.


Top Related