LEGISLAÇÃO ESPECIAL POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL - PRF
PROF. BRUNO BATISTA
00
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ESTATUTO DO DESARMAMENTO
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Sumário
OBSERVAÇÕES INICIAIS .............................................................................................................. 3
SOBRE O CURSO ................................................................................................................................................. 3
2. SISTEMA NACIONAL DE ARMAS .............................................................................................. 5
3. AQUISIÇÃO, REGISTRO E PORTE DE ARMA DE FOGO ............................................................... 7
3.1 AQUISIÇÃO DA ARMA DE FOGO ....................................................................................................................... 7 3.2 REGISTRO ................................................................................................................................................... 9 3.3 AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE....................................................................................................................... 11 3.4 AUSÊNCIA DO REGISTRO OU DE AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE E ADEQUAÇÃO TÍPICA .............................................. 15
4. DOS CRIMES E DAS PENAS .................................................................................................... 15
4.1 POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO.................................................................. 15 4.1.1 Conceitos ........................................................................................................................................ 16 4.1.2 Objetividade jurídica ...................................................................................................................... 16 4.1.3 Sujeito ativo ................................................................................................................................... 16 4.1.4 Sujeito passivo ............................................................................................................................... 16 4.1.5 Consumação e tentativa ................................................................................................................ 16 4.1.6 Abolitio criminis temporária .......................................................................................................... 17 4.1.7 Questões relacionadas à pena ....................................................................................................... 18
4.2 OMISSÃO DE CAUTELA .......................................................................................................................... 19 4.2.1 Objetividade jurídica ...................................................................................................................... 19 4.2.2 Sujeito ativo ................................................................................................................................... 19 4.2.3 Sujeito passivo ............................................................................................................................... 19 4.2.4 Elemento subjetivo ......................................................................................................................... 20 4.2.5 Consumação e tentativa ................................................................................................................ 20 4.2.6 Concurso de crimes ........................................................................................................................ 20
4.3 PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO ........................................................................ 21 4.3.1 Objetividade jurídica ...................................................................................................................... 22 4.3.2 Sujeito ativo ................................................................................................................................... 22 4.3.3 Sujeito passivo ............................................................................................................................... 22 4.4.4 Conduta .......................................................................................................................................... 22 4.4.5 Consumação e tentativa ................................................................................................................ 23 4.4.6 Arma desmuniciada ....................................................................................................................... 23 4.4.7 Armas de brinquedo ....................................................................................................................... 24 4.4.8 Transporte de arma de fogo no interior do veículo ....................................................................... 25 4.4.9 O porte ilegal de arma de fogo deve ser absorvido pelo crime de homicídio? .............................. 26 4.4.10 Porte de munição ......................................................................................................................... 26 4.4.11 Crime inafiançável ....................................................................................................................... 27
4.5 DISPARO DE ARMA DE FOGO ................................................................................................................. 27 4.5.1 Objetividade jurídica ...................................................................................................................... 28 4.5.2 Sujeito ativo ................................................................................................................................... 28 4.5.3 Sujeito passivo ............................................................................................................................... 28 4.5.4 Conduta .......................................................................................................................................... 28 4.5.5 Consumação e tentativa ................................................................................................................ 28 4.5.6 Porte ilegal e disparo de arma de fogo .......................................................................................... 28
4.6 POSSE E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO .............................................................. 29 4.6.1 Objetividade jurídica ...................................................................................................................... 30 4.6.2 Sujeito ativo ................................................................................................................................... 30
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4.6.3 Sujeito passivo ............................................................................................................................... 30 4.6.4 Elemento normativo do tipo .......................................................................................................... 30 4.6.5 Conduta .......................................................................................................................................... 30 4.6.6 Consumação e tentativa ................................................................................................................ 30 4.6.7 Figuras equiparas ........................................................................................................................... 31 4.6.8 Rol dos crimes hediondos ............................................................................................................... 32
4.7 QUADROS SINÓTICOS ............................................................................................................................ 32 4.7.1 Posse não registrada de arma de fogo .......................................................................................... 33 4.7.2 Porte ilegal de arma de fogo ......................................................................................................... 33
4.8 COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO ................................................................................................. 33 4.8.1 Objetividade jurídica ...................................................................................................................... 34 4.8.2 Sujeito ativo ................................................................................................................................... 34 4.8.3 Sujeito passivo ............................................................................................................................... 34 4.8.4 Objeto material .............................................................................................................................. 34 4.8.5 Consumação e tentativa ................................................................................................................ 35 4.8.6 Vedação à liberdade provisória ..................................................................................................... 35
4.9 TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO ...................................................................................... 35 4.9.1 Objetividade jurídica ...................................................................................................................... 35 4.9.2 Sujeito ativo ................................................................................................................................... 35 4.9.3 Sujeito passivo ............................................................................................................................... 36 4.9.4 Consumação e tentativa ................................................................................................................ 36
5. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR OS CRIMES PREVISTOS NO ESTATUTO DO
DESARMAMENTO ....................................................................................................................................... 36 6. QUESTÕES COMENTADAS ...................................................................................................................... 37
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OBSERVAÇÕES INICIAIS
Olá amigos (as)!
Bem-vindos ao Explica Concursos!
Antes de iniciarmos, vou me apresentar. Me chamo Bruno Batista da Silva e sou graduado em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e
pós-graduado em Direito Civil e Processo Civil (UCDB).
Atualmente trabalho como assessor de 2.ª instância no Ministério Público do
Estado de Mato Grosso do Sul (área criminal).
Estou no mundo dos concursos públicos há, aproximadamente, uns 05 anos. Já fiz muitas e muitas provas. Estou aprovado para o cargo de Promotor de Justiça
do Estado do Amazonas e analista judiciário do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul.
Trago sempre comigo a seguinte frase: “Ninguém derrota aquele que nunca desiste!”. Então, tenhamos fé e foco nos estudos!!!
No presente curso analisaremos toda a parte de legislação penal especial prevista no seu edital. O conteúdo do material é extraído de doutrina sólida,
pesquisa jurisprudencial, legislação e várias questões de concursos. O objetivo é que vocês tenham reunidos num mesmo material todas essas fontes, o que
facilita e otimiza os estudos.
Vamos juntos nessa caminhada!
Sobre o curso
Iniciaremos nosso curso de Legislação Especial abrangendo teoria e prática, o que engloba muitas questões comentadas.
Meu compromisso é condensar em cada aula as principais doutrinas, aliadas a uma pesquisa jurisprudencial atualizada e, é claro, aos principais dispositivos
legais cobrados em provas de concurso público.
Além disso, no decorrer do material existem algumas questões de prova para
vocês irem se acostumando como o assunto é cobrado pelas bancas. Ao final de cada aula, haverá sempre uma bateria de exercícios comentados.
Nossa primeira aula foi elaborada com a junção das seguintes fontes: Legislação
penal especial esquematizado, Victor Eduardo Rios Gonçalves e José Paulo Baltazar Júnior, 3.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017; Leis Penais Especiais: volume
único, Gabriel Habib, Salvador: Ed. Juspodivm, 2016; Legislação penal especial, Ricardo Antônio Andreucci, 7.ª ed. São Paulo: Saraiva; Concursos públicos:
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terminologias e teorias inusitadas. João Biffe Júnior, Joaquim Leitão Júnior, Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017; Comentários do site Dizer o
Direito; jurisprudência do STJ.
AULA CONTEÚDO DATA
00 Lei n. 10.826/2003 e alterações (Estatuto do Desarmamento
19/03/2018
01 Lei n. 7.716/1989 e
alterações (crimes resultantes de
preconceitos de raça ou de cor). Lei nº 5.553/1968
(apresentação e uso de documentos de
identificação pessoal).
20/03/2018
02 Lei nº 4.898/1965 (direito de representação e processo de
responsabilidade administrativa, civil e
penal, nos casos de abuso de autoridade).
Lei nº 9.455/1997 (definição dos crimes de tortura).
26/03/2018
03 Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), Título II, Capítulos I e II, Título III,
Capítulo II, Seção III, Título V e Título VII.
28/03/2018
04 Lei nº 10.741/2003 e
alterações (Estatuto do Idoso).
02/04/2018
05 Lei nº 9.034/1995 e alterações (crime
organizado).
05/04/2018
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06 Lei nº 9.099/1995 e alterações (juizados
especiais cíveis e criminais), Capítulo III.
Lei nº 10.259/2001 e
alterações (juizados especiais cíveis e criminais
no âmbito da Justiça Federal).
08/04/2018
07 Lei nº 11.340/2006 (Maria da Penha – violência
doméstica e familiar contra a mulher).
12/04/2018
08 Lei nº 11.343/2006
(sistema nacional de políticas públicas sobre drogas).
16/04/2018
09 Decreto-Lei nº 3.688/1941
(Lei das contravenções penais).
20/04/2018
10 Lei nº 9.605/1998 e alterações (Lei dos crimes
contra o meio ambiente), Capítulos III e V.
26/04/2018
11 Decretos nº 5.948/2006, nº 6.347/2008 e nº
7901/2013 (Tráfico de pessoas).
30/04/2018
12 Revisão e Questões 08/05/2018
2. SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscrição
em todo o território nacional.
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Esse sistema foi implantado pela Lei n. 9.437/97 com o intuito de centralizar os registros e autorizações de portes de armas que, até então, eram feitas pelas
polícias estaduais, uma vez que os dados ficavam restritos a cada ente da Federação.
A Lei n. 10.826/2003 acrescentou ao SINARM outras competências, a fim de viabilizar e modernizar o banco de informações acerca das armas, desde o seu
surgimento, até sua possível destruição.
Vejamos as competências do SINARM:
Identificar as características e a propriedade de arma de fogo, mediante
cadastro;
Cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País;
Cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações
expedidas pela Polícia Federal;
Cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras
ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes
de fechamento de empresas de segurança privada e de transporte de valores;
Identificar as modificações que alterem as características ou o
funcionamento de arma de fogo;
Integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
Cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a
procedimentos policiais e judiciais;
Cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença
para exercer a atividade;
Cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas,
exportadores e importadores autorizados de armas de fogo, acessórios e
munições;
Cadastrar a identificação do cano da arma, as características das
impressões de raiamento e de microestriamento de projétil disparado, conforme
marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante;
Informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito
Federal os registros e autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos
territórios, bem como manter o cadastro atualizado para consulta.
O SINARM é o responsável pelo cadastro dos registros das armas de fogo
institucionais da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, das Polícias Civis, das Guardas Municipais e demais órgãos, instituições, corporações e seus
integrantes, elencados no artigo 1.º, § 1.º do Decreto n. 5.123/2004. Por sua vez, serão cadastradas no SIGMA (Sistema e Gerenciamento Militar de
Armas) as armas de fogo institucionais das Forças Armadas, das Polícias Militares, da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e demais instituições e
seus integrantes, previstas no § 1.º do artigo 2.º do Decreto n. 5.123/2004.
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QUESTÃO: (CONSULPLAN/2017; TRF-2.ª Região; Técnico judiciário –
Segurança e Transporte)
Ao Sistema Nacional de Armas – SINARM compete, EXCETO:
a) Cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País.
b) Identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante cadastro.
c) Cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia Civil.
d) Cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes
de fechamento de empresas de segurança privada e de transporte de valores.
RESPOSTA: LETRA C
3. AQUISIÇÃO, REGISTRO E PORTE DE ARMA DE FOGO
Vejamos, de forma detalhada, cada uma das fases constantes da Lei n.
10.826/2003.
3.1 Aquisição da arma de fogo
Conforme estabelece o artigo 28 do Estatuto do Desarmamento, é vedado
ao menor de 25 anos adquirir arma de fogo, salvo se:
a) Integrante das Forças Armadas;
b) Integrante dos órgãos definidos no artigo 144 da Constituição Federal
(polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária federal;
polícias civis; polícias militares e corpos de bombeiros militares);
c) Integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados (não
importa a quantidade populacional) e dos Municípios com mais de 500 mil
habitantes;
d) Os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os
agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da República;
e) Integrantes dos órgãos policiais da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal;
f) Integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, das
escoltas dos presos e as guardas portuárias;
g) Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de
Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.
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O indivíduo para adquirir uma arma de fogo de uso permitido, além de ter
que contar com 25 anos de idade ou mais, e declarar a efetiva necessidade
do objeto, deverá:
Quando os requisitos acima elencados estiverem presentes, o SINARM
expedirá autorização de compra de arma de fogo em nome do requerente
e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização (art. 4.º, §
1.º).
QUESTÃO: (FCC/2017; TST; Técnico Judiciário – Segurança Judiciária)
Josué teve expedição de autorização de compra de arma de fogo pelo
Sinarm, após apresentação dos requisitos legais em seu nome e para a
arma indicada. Por estar com viagem marcada para um intercâmbio nos
Estados Unidos da América, resolve transferir a autorização para seu
melhor amigo, Nicolas, pessoa de ilibada conduta, que com certeza
também preencheria os requisitos da lei para a autorização. A autorização
da arma é:
a) intransferível para compra de arma obtida no Sinarm.
b) intransferível para compra de arma obtida no Sinarm, apenas para
pessoas com antecedentes criminais. c) transferível para compra de arma obtida no Sinarm, tendo em vista o
princípio da economicidade.
d) transferível para compra de arma obtida no Sinarm, tendo em vista o princípio da celeridade.
Requisitos
Art. 4.º
Comprovação de idoneidade
Ocupação lícita e residência certa
Comprovação de capacidade técnica e
de aptidão psicológica para o manuseio de arma
de fogo
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e) transferível para compra de arma obtida no Sinarm, tendo em vista a transparência da ação de Josué e Nicolas junto ao Sinarm.
RESPOSTA: LETRA A
A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas
físicas será efetivada mediante autorização do SINARM.
A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre
correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no
Decreto n. 5.123/2006.
QUESTÃO (CESPE/2013; STF; Técnico Judiciário – Segurança Judiciária)
Julgue os itens a seguir, à luz do Estatuto do Desarmamento. Nesse
sentido, considere que a sigla SINARM, sempre que empregada, refere-se
ao Sistema Nacional de Armas.
Respeitadas as exigências legais, a comercialização de armas de fogo,
acessórios e munições entre pessoas físicas prescinde de autorização
prévia do SINARM.
RESPOSTA: ERRADO
Professor, há algum prazo para que SINARM se manifeste sobre o
requerimento de aquisição de arma de fogo? SIM, nos termos do § 6.º do
art. 4.º, a expedição da autorização será concedida, ou recusada, no prazo
de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado.
Fique ligado: São 30 dias ÚTEIS.
3.2 Registro
Efetuada a aquisição, o interessado deverá observar a regra do artigo 3.º
do Estatuto do Desarmamento, que estabelece a obrigatoriedade do
registro da arma de fogo no órgão competente.
A definição do órgão competente para registro está relacionada com a
classificação da arma de fogo:
ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO: Compete à Polícia Federal,
após a anuência do SINARM, com validade em todo o território nacional.
ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO: Compete ao Comando do
Exército.
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Mas professor, como eu identifico uma arma de fogo de uso permitido ou
restrito?
O rol de armas de uso permitido, proibido ou restrito é disciplinado em ato
do Chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando do
Exército (art. 23 da Lei n. 10.826/2003). Trata-se, pois, de norma penal
em branco. Atualmente, o rol de armas de uso permitido está previsto no
artigo 17 do Decreto n. 3.665/2000:
Art. 17. São de uso permitido: I - armas de fogo curtas, de repetição ou semi-automáticas,
cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia de até
trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .22 LR, .25 Auto, .32
Auto, .32 S&W, .38 SPL e .380 Auto;
II - armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha, na saída do cano,
energia de até mil libras-pé ou mil trezentos e cinqüenta e cinco
Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .22 LR, .32-20, .38-40 e .44-40;
III - armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semi-
automáticas, calibre doze ou inferior, com comprimento de cano igual ou maior do que vinte e quatro polegadas ou
seiscentos e dez milímetros; as de menor calibre, com qualquer
comprimento de cano, e suas munições de uso permitido; IV - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação
de mola, com calibre igual ou inferior a seis milímetros e suas
munições de uso permitido; V - armas que tenham por finalidade dar partida em
competições desportivas, que utilizem cartuchos contendo
exclusivamente pólvora; VI - armas para uso industrial ou que utilizem projéteis
anestésicos para uso veterinário;
VII - dispositivos óticos de pontaria com aumento menor que seis vezes e diâmetro da objetiva menor que trinta e seis
milímetros;
VIII - cartuchos vazios, semi-carregados ou carregados a chumbo granulado, conhecidos como "cartuchos de caça",
destinados a armas de fogo de alma lisa de calibre permitido;
IX - blindagens balísticas para munições de uso permitido; X - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo
de porte de uso permitido, tais como coletes, escudos,
capacetes, etc; e XI - veículo de passeio blindado.
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O certificado de registro de arma de fogo, com validade em todo o
território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo
exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência
desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou
o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.
Se liga na jurisprudência:
É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo
autorizado a portar ou possuir arma de fogo, não observa as
imposições legais previstas no estatuto do Desarmamento, que
impõem registro das armas no órgão competente. (STJ - RHC
70.141/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 07/02/2017, DJe 16/02/2017).
3.3 Autorização para o porte
É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo
para os casos previstos em legislação própria e para:
I – os integrantes das forças armadas;
II – os integrantes dos órgãos definidos no artigo 144 da Constituição
Federal (polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária
federal; polícias civis; polícias militares e corpos de bombeiros militares);
III - os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos
Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas
condições estabelecidas no regulamento desta Lei;
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de
50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes,
quando em serviço;
V - os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os
agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da República;
VI – os integrantes dos órgãos policiais da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal;
VII - os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais,
os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias;
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VIII - as empresas de segurança privada e de transporte de valores
constituídas, nos termos desta Lei;
IX - para os integrantes das entidades de desporto legalmente
constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de
fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber,
a legislação ambiental;
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e
de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista
Tributário;
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição
Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Estados, para uso
exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente
estejam no exercício de funções de segurança, na forma de regulamento
a ser emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho
Nacional do Ministério Público - CNMP.
Fique ligado! O Partido Verde (PV) propôs uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI n. 5.538/DF) em face de disposições
do artigo 6.º, incisos III e IV, da Lei n. 10.826/2003. Sustenta
que as normas do Estatuto do Desarmamento, ao conferirem
tratamento distinto ao porte de arma de fogo de guardas
municipais, com base no número de habitantes do município ao
qual pertençam, violou o princípio da igualdade e o pacto
federativo. Aduz que o número de habitantes é critério falho e
inidôneo para determinar se guardas municipais podem portar
arma.
A Procuradoria-Geral da República emitiu parecer contrário à
declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos legais
questionados, aduzindo que a restrição (i) não ofende o art.
144, § 8 o , da Constituição, pois não impede tais agentes de
proteger bens, serviços e instalações desses entes federativos;
(ii) não influencia na estrutura orgânica dos municípios, pois a
proibição do porte de arma de fogo não alcança a
independência das instituições locais; e (iii) não fere a
isonomia, porquanto advém justamente da diferença existente
no plano fático, consistente na deficiente qualificação
profissional dos integrantes das guardas municipais de grande
parte dos municípios com menos de 500.000 habitantes,
quando comparada às cidades com maior número de
habitantes. AÇÃO PENDENTE DE JULGAMENTO.
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A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em
todo o território nacional, é de competência da Polícia Federal e
somente será concedida após autorização do Sinarm.
Essa autorização poderá ser concedida com eficácia temporária e
territorial limitada, devendo o requerente:
a) demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade
profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física;
b) comprovar idoneidade, ocupação lícita e residência certa, bem como
comprovar capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio
de arma de fogo;
c) apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como
seu devido registro no órgão competente.
ATENÇÃO: Caso o indivíduo seja detido ou abordado em estado de
embriaguez ou sob efeitos de substâncias químicas ou alucinógenas a
autorização de porte de arma de fogo perderá automaticamente sua
eficácia (art. 10, § 2.º, da Lei n. 10.826/2003).
QUESTÃO (CESPE/2014; Polícia Federal; Agente administrativo)
No que diz respeito ao Estatuto do Desarmamento, julgue o seguinte item.
Para obter porte de arma de fogo de uso permitido, agente da Polícia
Federal deve apresentar, entre outros documentos, comprovação de
capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de
fogo.
RESPOSTA: ERRADO
Art. 6º., § 4.º Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e
estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e do
Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4º, ficam
DISPENSADOS do cumprimento do disposto nos incisos I (comprovação
de inidoneidade), II (comprovação de ocupação lícita e residência certa) e
III (comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o
manuseio de arma de fogo) do mesmo artigo, na forma do regulamento
desta Lei
QUESTÃO (CESPE/2017; TRF-1.ª Região; Técnico Judiciário – Segurança
e Transporte)
Considerando o que dispõe a Lei n. 10.826/2003 — Estatuto do
Desarmamento — sobre a posse e o porte de armas de fogo e de munição
para determinados servidores dos quadros de pessoas do Poder Judiciário,
julgue o item a seguir.
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O servidor da área de segurança de um tribunal, no exercício da atividade,
poderá optar pelo porte e pelo uso de arma de fogo de propriedade
particular, desde que a arma esteja registrada.
RESPOSTA: ERRADO
Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das instituições
descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, responsabilidade e
guarda das respectivas instituições, somente podendo ser utilizadas
quando em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de
armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado
de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em
nome da instituição.
OBS.: O titular de porte de arma de fogo para defesa pessoal
concedido nos termos do art. 10 do Estatuto do Desarmamento, não
poderá conduzi-la ostensivamente ou com ela adentrar ou permanecer em
locais públicos, tais como igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes,
agências bancárias ou outros locais onde haja aglomeração de pessoas em
virtude de eventos de qualquer natureza. A inobservância implicará na
cassação do porte de arma de fogo e na apreensão da arma, pela
autoridade competente, que adotará as medidas legais pertinentes.
Aos residentes em áreas rurais, maior de 25 anos de idade que
comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover sua
subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte
de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência. O caçador que
der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de outras
tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por
disparo de arma de fogo de uso permitido.
Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão
portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que estejam: i)
submetidos a regime de dedicação exclusiva; ii) sujeitos à formação
funcional, nos termos do regulamento; iii) subordinados a mecanismos de
fiscalização e de controle interno.
15
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O porte de trânsito para desportistas, colecionadores e caçadores é
concedido pelo Comando do Exército, nos termos do artigo 32 do
Decreto n. 5.123/2004:
Art. 32. O Porte de Trânsito das armas de fogo de colecionadores e caçadores será expedido pelo Comando do Exército.
Parágrafo único. Os colecionadores e caçadores transportarão suas
armas desmuniciadas.
3.4 Ausência do registro ou de autorização para o porte e adequação típica
ESPÉCIE DE ARMA TIPIFICAÇÃO
Arma permitida – ausência de
registro
Posse ilegal de arma de fogo – artigo
12
Arma permitida – ausência de
autorização para o porte
Porte ilegal de arma de fogo – artigo
14
Arma de uso restrito – ausência
de registro ou ausência de
autorização para o porte
Posse ou porte ilegal de arma de fogo
de uso restrito – artigo 16
Atenção: A Lei n. 13.497/2017 alterou
a redação do parágrafo único do art.
1.º da Lei n. 8.072/90 prevendo que
também é considerado como crime
hediondo o delito de posse ou porte
ilegal de arma de fogo de uso restrito.
4. DOS CRIMES E DAS PENAS
4.1 POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo,
acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, no interior de sua
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
16
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4.1.1 Conceitos
ARMA DE FOGO: arma que arremessa projéteis empregando a força
expansiva dos gases gerados pela combustão de um propelente confinado
em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que tem a
função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de
direção e estabilidade ao projétil (art. 3.º, XIII, do Decreto n.
3.665/2000).
ACESSÓRIO DE ARMA: artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a
melhoria do desempenho do atirador, a modificação de um efeito
secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma (art. 3.º,
II, do Decreto n. 3.665/2000).
MUNIÇÃO: artefato completo, pronto para carregamento e disparo de
uma arma, cujo efeito desejado pode ser: destruição, iluminação ou
ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo;
outros efeitos especiais (art. 3.º, LXIV, do Decreto n. 3.665/2000).
4.1.2 Objetividade jurídica
Protege-se a incolumidade pública, mais especificamente a segurança
pública, além de tutelar o controle sobre a propriedade de armas de fogo.
4.1.3 Sujeito ativo
Qualquer pessoa.
4.1.4 Sujeito passivo
A coletividade (crime vago).
4.1.5 Consumação e tentativa
A consumação ocorre no momento em que a arma entra na residência ou
no estabelecimento comercial. Cuida-se de crime permanente, razão pela
qual: a) será possível a prisão em flagrante, enquanto não cessada a
permanência; b) o curso do prazo prescricional somente se inicia com a
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cessação da permanência; c) sobrevindo lei penal mais gravosa enquanto
não cessada a permanência, poderá ser aplicada ao caso.
Se liga na jurisprudência:
Esta Corte Superior firmou entendimento no sentido de
que os delitos de porte ou posse de arma de fogo,
acessório ou munição, possuem natureza de crime de
perigo abstrato, tendo como objeto jurídico a segurança
coletiva, não se exigindo comprovação da potencialidade
lesiva, prescindindo, portanto, de exame pericial. (STJ -
HC 413.902/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK,
QUINTA TURMA, julgado em 05/12/2017, DJe
18/12/2017)
É cabível a tentativa.
ATENÇÃO: Nos casos em que o agente mantém arma de fogo, sem
renovar o registro, o STJ entende que não configura o crime previsto no
artigo 12 do Estatuto do Desarmamento, mas mera infração
administrativa:
Se o agente já procedeu ao registro da arma, a expiração
do prazo é mera irregularidade administrativa que
autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa. A
conduta, no entanto, não caracteriza ilícito penal. (STJ -
APn 686/AP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
CORTE ESPECIAL, julgado em 21/10/2015, DJe
29/10/2015).
4.1.6 Abolitio criminis temporária
O artigo 30 do Estatuto do Desarmamento (com a redação dada,
sucessivamente, pelas Leis n. 10.884/2004, 11.118/2005, 11.191/2005,
11.706/2008 e 11.922/2009) concedeu prazo aos possuidores e
proprietários de armas de fogo de uso permitido ainda não registradas
para que solicitassem o registro até o dia 31 de dezembro de 2009,
mediante apresentação de nota fiscal ou outro comprovante de sua origem
lícita, pelos meios de prova em direito admitidos.
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Por isso, doutrina e jurisprudência tem entendido que as pessoas que
tenham sido flagradas antes de 31 de dezembro de 2009 com arma de
fogo de uso permitido no interior da própria residência ou estabelecimento
comercial, sem o registro, não podem ser punidas, porque a boa-fé é
presumida, de modo que se deve pressupor que iriam solicitar o registro
da arma dentro do prazo.
Caro aluno(a), no tocante à abolitio criminis é bom você ficar atento à
seguinte distinção:
- No caso de posse de arma de fogo de uso permitido e numeração raspada
(o que equivale à arma de fogo de uso restrito), bem como as armas de
fogo de uso restrito, a abolitio criminis temporária terminou em
23/10/2005. Veja a súmula 513 do STJ:
Súmula 513-STJ: A abolitio criminis temporária prevista na Lei n.
10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma de fogo de uso
permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de
identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente
até 23/10/2005.
- No caso de posse de arma de fogo de uso permitido, o prazo previsto no
artigo 30 do Estatuto do Desarmamento foi prorrogado para 31 de
dezembro de 2009 (STJ - HC 310369/SP).
4.1.7 Questões relacionadas à pena
Em razão da pena mínima cominada não ultrapassar 01 (um) ano, cabível
a suspensão condicional do processo, nos termos do artigo 89 da Lei n.
9.099/95.
Uma vez que a pena privativa de liberdade máxima não é superior a 04
(quatro) anos, a autoridade policial poderá conceder fiança (artigo 322 do
CPP).
Por fim, vale registrar que é cabível a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos, desde que preenchidos os requisitos
legais do artigo 44 do Código Penal.
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4.2 OMISSÃO DE CAUTELA
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para
impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja
sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou
diretor responsável de empresa de segurança e transporte de
valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras
formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que
estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
4.2.1 Objetividade jurídica
A figura prevista no caput do artigo 13 tutela a incolumidade pública em
face do perigo decorrente do apoderamento da arma de fogo por pessoa
despreparada, bem como a própria integridade física do menor de idade
ou deficiente mental.
Por sua vez, a figura equiparada constante do parágrafo único protege a
veracidade dos cadastros de arma de fogo perante o Sinarm e o registro
perante o órgão competente.
4.2.2 Sujeito ativo
A conduta descrita no caput do artigo 13 pode ser praticada por qualquer
pessoa que tenha a posse ou propriedade de arma de fogo, ou seja, cuida-
se de crime comum.
Por sua vez, a figura delitiva prevista no parágrafo único do artigo 13 só
pode ser cometida pelo proprietário ou pelo diretor responsável por
empresa de segurança ou de transporte de valores. Trata-se de crime
próprio.
4.2.3 Sujeito passivo
20
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Tem-se como sujeitos passivos a coletividade (tanto para a figura do
caput, quanto do parágrafo único), bem como o menor ou deficiente
mental que se apodere da arma de fogo (caput).
4.2.4 Elemento subjetivo
Regra geral, os crimes do Estatuto do Desarmamento são dolosos. No
entanto, o crime de omissão de cautela é culposo, eis que é um típico caso
de negligência.
4.2.5 Consumação e tentativa
A consumação do crime previsto no caput ocorre no momento em que o
menor de idade ou doente mental se apodera da arma de fogo (perigo
abstrato). Esse delito não é de mera conduta, e sim material. Desse modo,
se alguém deixa uma arma em local de fácil apossamento por uma das
pessoas ali mencionadas na lei, mas isso não ocorre, não se aperfeiçoa o
crime.
Já com relação ao parágrafo único, o crime se consuma após o decurso do
prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
Por se tratar de crime culposo, não é admissível a tentativa.
4.2.6 Concurso de crimes
Caso o agente tenha a posse ilegal de arma de fogo e a deixe ao alcance
de um menor, responde pelos delitos de posse ilegal de arma de fogo (art.
12) e omissão de cautela (art. 13) em concurso material, nos termos do
artigo 69 do Código Penal.
QUESTÃO (IBADE/2017; PC-AC; Delegado de Polícia)
Acerca do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003), assinale a
alternativa correta.
a) O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é
inafiançável.
b) O proprietário responsável de empresa de segurança e transporte de
valores que deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo
21
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que esteja sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois
de ocorrido o fato, incorrerá no crime de omissão de cautela.
c) De acordo com a recente decisão do Superior Tribunal de Justiça, aquele
que mantiver em seu poder uma arma de fogo de calibre permitido com
registro vencido, incorrerá na prática do crime de porte ilegal de arma de
fogo.
d) No crime de comércio ilegal de arma de fogo. a pena é aumentada em
um terço se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido
ou restrito.
e) O crime de omissão de cautela consiste em deixar de observar as
cautelas necessárias para impedir que menor de 14 (catorze) anos ou
pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que
esteja sob sua posse.
RESPOSTA: LETRA B
QUESTÃO (CS-UFG/2017; TJGO; Juiz Leigo)
Dentre os crime tipificados na Lei n. 10.826/2003, é de menor potencial
ofensivo o crime de
a) omissão de cautela.
b) posse irregular de arma de fogo de uso permitido.
c) porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
d) disparo de arma de fogo.
e) comércio ilegal de arma de fogo.
RESPOSTA: LETRA A
4.3 PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem
autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do
agente.
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4.3.1 Objetividade jurídica
Tutela-se a incolumidade pública.
4.3.2 Sujeito ativo
É crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
OBS.: O artigo 20 da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento)
traz uma causa de aumento de pena quando o crime é praticado por um
dos integrantes dos órgãos e empresas constantes dos artigos 6.º, 7.º e
8.º da Lei:
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a
pena é aumentada da metade se forem praticados por
integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e
8o desta Lei.
4.3.3 Sujeito passivo
É a coletividade, cuida-se de crime vago.
Se liga nos conceitos! O que são crimes com sujeito
passivo em massa?
Crime como sujeito passivo em massa é aquele praticado
contra sujeitos indeterminados, sendo também conhecidos como crimes vagos, uma vez que possuem como vítima um
ente destituído de personalidade jurídica.
4.4.4 Conduta
A conduta típica vem expressa por treze verbos, traduzindo tipo misto
alternativo, no qual a realização de mais de um comportamento pelo
mesmo agente implicará num único delito.
Professor, enterrar a arma de fogo no quintal da própria casa configura o
delito de posse ou porte?
Segundo o STJ, comprovado nos autos, pelos laudos de apreensão, que
as armas do paciente (uma delas utilizada no crime) estavam enterradas
no jardim de sua casa, não há como se pretender a desclassificação para
23
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o delito de posse de arma (art. 12 da Lei 10.826/03), porquanto a conduta
do paciente subsume-se ao tipo descrito no art. 14 da referida lei (porte
ilegal de arma de uso permitido, na modalidade de ocultação). (HC
72.035/MS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA,
julgado em 09/10/2007, DJ 05/11/2007, p. 307)
4.4.5 Consumação e tentativa
O crime é de perigo abstrato, em que a lei presume, de forma absoluta, a
existência do risco causado à coletividade por parte de quem, sem
autorização, porta arma de fogo, acessório ou munição. É desnecessário
provar que o agente tenha causado perigo a pessoa determinada.
OBS.: A jurisprudência fixou entendimento de que o porte concomitante
de mais de uma arma de fogo caracteriza situação única de risco à
coletividade, e, assim, o agente só responde por um delito, não se
aplicando a regra do concurso formal. O juiz pode levar em consideração
a quantidade de armas na fixação da pena-base.
Em tese, é admissível a tentativa, embora de difícil configuração ante a
multiplicidade de condutas incriminadas.
4.4.6 Arma desmuniciada
Professor, portar arma de fogo desmuniciada configura o crime previsto
no artigo 14 do Estatuto do Desarmamento?
A resposta é positiva. A jurisprudência do STJ, pacificada nos autos do
AgRg nos EAREsp n. 260.556/SC, é no sentido de que o crime previsto no
artigo 14 da Lei n. 10.826/2003 é de perigo abstrato, sendo irrelevante o
fato de a arma estar desmuniciada ou, até mesmo, desmontada,
porquanto o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física, e sim a
segurança pública e a paz social, colocados em risco com o porte de arma
de fogo sem autorização ou em desacordo com determinação legal,
revelando-se despicienda a comprovação do potencial ofensivo do artefato
através de laudo pericial.
Bom, entendi que o crime de porte de arma de fogo é de perigo abstrato
e que, em razão disso, não é necessária a realização de laudo pericial para
atestar a potencialidade lesiva da arma. Mas professor, o que acontece
24
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caso seja realizado o laudo pericial e este ateste que a arma é inepta a
disparar?
Se liga na jurisprudência:
RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSO PENAL. POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO E MUNIÇÕES DE USO PROIBIDO.
ART. 16, CAPUT, DA LEI Nº 10.826/2003. INEFICÁCIA DA ARMA DE FOGO ATESTADA POR LAUDO PERICIAL. MUNIÇÕES
DEFLAGRADAS E PERCUTIDAS. AUSÊNCIA DE
POTENCIALIDADE LESIVA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ABSOLVIÇÃO MANTIDA.
1. A Terceira Seção desta Corte pacificou entendimento no
sentido de que o tipo penal de posse ou porte ilegal de arma de fogo cuida-se de delito de mera conduta ou de perigo
abstrato, sendo irrelevante a demonstração de seu efetivo
caráter ofensivo. 2. Na hipótese, contudo, em que demonstrada por laudo
pericial a total ineficácia da arma de fogo (inapta a disparar) e das munições apreendidas (deflagradas e
percutidas), deve ser reconhecida a atipicidade da
conduta perpetrada, diante da ausência de afetação do bem jurídico incolumidade pública, tratando-se de crime
impossível pela ineficácia absoluta do meio.
3. Recurso especial improvido. (REsp 1451397/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 15/09/2015, DJe 01/10/2015)
4.4.7 Armas de brinquedo
As armas de brinquedo, simulacros ou réplicas não constituem armas de
fogo, de modo que o seu porte não está abrangido na figura penal. O Estatuto do Desarmamento se limita a proibir (sem prever sanção penal)
a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos,
réplicas e simulacros de armas de fogo, que possam com estas se confundir, exceto para instrução, adestramento ou coleção, desde que
autorizados pelo Comando do Exército (art. 26).
Se liga na jurisprudência:
Desde o cancelamento da Súmula n. 174 deste Superior Tribunal, consolidou-se o entendimento de que o emprego de
25
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simulacro de arma de fogo não constitui motivo apto para a configuração da causa especial de aumento de
pena prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal, por
ausência de maior risco para a integridade física da vítima, prestando-se, tão somente, para caracterizar a
elementar "grave ameaça" do delito de roubo. (STJ - HC
270.092/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 20/08/2015, DJe 08/09/2015)
4.4.8 Transporte de arma de fogo no interior do veículo
A jurisprudência do STJ firmou entendimento no sentido de que os veículos
utilizados para o exercício de profissão nãos e confundem com o local de
trabalho, a fim de caracterizar o delito de posse de arma de fogo, pois estes – caminhão ou táxi – são meros instrumentos profissionais.
Se liga na jurisprudência:
A conduta fática incontroversa do agente taxista que transporta, no veículo de sua propriedade (táxi), arma
de fogo de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, é
suficiente para caracterizar o delito de porte ilegal de
arma de fogo de uso permitido, previsto no art. 14 da Lei 10.826/2003, afastando-se o reconhecimento do crime
de posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art.
12 da Lei 10.826/2003), uma vez que o táxi, ainda que seja instrumento de trabalho, não pode ser equiparável
a seu local de trabalho. Precedentes do STJ. (STJ - AgRg no
REsp 1341025/MG, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES,
SEXTA TURMA, julgado em 06/08/2013, DJe 13/05/2014)
QUESTÃO (FUNCAB/2016; PC-PA; Delegado de Polícia Civil)
Durante uma operação policial de rotina, policiais rodoviários federais
abordam o caminhão conduzido por Teotônio. Revistado o veículo,
encontram um revólver calibre 38, contendo munições intactas em seu
tambor, escondido no porta-luvas. Os policiais constatam, ainda, que a
numeração de série do revólver não está visível, sendo certo que perícia
posterior concluiria que o desaparecimento se deu por oxidação natural,
decorrente da ação do tempo. Questionado, Teotônio revela não possuir
26
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porte de arma e sequer tem o instrumento registrado em seu nome.
Afirma, também, que a arma fora adquirida para que pudesse se proteger,
pois um desafeto o ameaçara, prometendo-lhe agressão física futura.
Nesse contexto, é correto afirmar que Teotônio:
a) cometeu crime de porte de arma de fogo de uso permitido.
b) cometeu crime de porte ou posse de arma de fogo com numeração
suprimida.
c) cometeu crime de posse de arma de fogo de uso permitido.
d) não cometeu crime.
e) cometeu crime de porte ou posse de arma fogo de uso restrito.
RESPOSTA: LETRA A
4.4.9 O porte ilegal de arma de fogo deve ser absorvido pelo crime de homicídio?
Imagine o seguinte caso: Um indivíduo, utilizando uma arma de fogo, atira e mata alguém. Haverá homicídio e porte ilegal de arma de fogo ou apenas
homicídio? Aplica-se o princípio da consunção?
A resposta a tais indagações somente pode ser dada após a análise de cada caso concreto.
Relembrando! De acordo com o princípio da consunção, ou da absorção,
o fato mais amplo e grave consome, absorve os demais fatos menos amplos e grave, os quais atuam como meio normal de preparação ou
execução daquele, ou ainda como seu mero exaurimento. Por tal razão,
aplica-se somente a lei que o tipifica: lex consumens derrogat legi consumptae.
Vamos voltar a questão.
Hipótese 1: O crime de porte não será absorvido se ficar provado nos autos que o agente portava ilegalmente a arma de fogo em outras
oportunidades antes ou depois do homicídio e que ele não se utilizou da
arma tão somente para praticar o assassinato. EX.: durante a instrução ficou comprovado que o agente comprou a arma de fogo meses antes do
crime e que a ostentava pelo bairro.
Hipótese 2: Se não houver provas de que o réu já portava a arma antes do homicídio ou se ficar provado que ele a utilizou somente para matar a
vítima. Ex.: o agente compra a arma de fogo e, em seguida, dirige-se até
a casa da vítima, e contra ela desfere disparos, matando-a. Portanto, como já dito, para saber se aplica, ou não, o princípio da
consunção é necessário analisar o caso concreto.
4.4.10 Porte de munição
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O Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão no sentido de que os crimes previstos nos artigos 14 e 16 da Lei n. 10.826/2003 são de perigo
abstrato, sendo suficiente a prática do núcleo, por exemplo, “portar” a
munição, sem autorização legal, para a caracterização da infração penal, pois são condutas que colocam em risco a incolumidade pública,
independentemente de a munição vir ou não desacompanhada de arma
de fogo. O crime de posse ou porte irregular de munição de uso permitido,
independentemente da quantidade, e ainda que desacompanhada da
respectiva arma de fogo, é delito de perigo abstrato, sendo punido antes mesmo que represente qualquer lesão ou perigo concreto de lesão, não
havendo que se falar em atipicidade material da conduta (AgRg no RHC
86.862/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 20/02/2018, DJe 28/02/2018).
ATENÇÃO! O STF já considerou atípica a conduta do agente que portava uma munição como pingente, sem possuir arma de fogo (Vide HC
133984/MG, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/05/2016).
4.4.11 Crime inafiançável
Dispõe expressamente o parágrafo único que o crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é inafiançável, salvo quando a arma estiver
registrada em nome do agente.
O dispositivo legal foi declarado inconstitucional pelo STF, que, no julgamento da ADI 3.112-1, considerou desarrazoada a vedação, ao
fundamento de que tais delitos não poderiam ser equiparados ao
terrorismo, à prática de tortura, ao tráfico ilícito de entorpecentes ou aos crimes hediondos.
Portanto, o crime em comento é suscetível de fiança e de liberdade
provisória sem fiança.
4.5 DISPARO DE ARMA DE FOGO
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção
a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
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4.5.1 Objetividade jurídica
A proteção da incolumidade pública, representada pela segurança coletiva.
4.5.2 Sujeito ativo
Qualquer pessoa.
Se o delito for cometido por qualquer das pessoas elencadas nos artigos 6.º, 7.º e 8º da Lei, a pena será aumentada em metade (art. 20).
4.5.3 Sujeito passivo
A coletividade. Ou seja, cuida-se de crime vago ou crime com sujeito
passivo em massa.
4.5.4 Conduta
A conduta vem expressa pelos verbos “disparar” e “acionar”. O número de
disparos é irrelevante. Trata-se de tipo penal subsidiário, já que o crime
somente ocorre se a conduta não tiver por finalidade a prática de outro crime.
4.5.5 Consumação e tentativa
A consumação ocorre no momento em que é efetuado o disparo ou quando
a munição é acionada por qualquer outro modo. É possível a tentativa.
4.5.6 Porte ilegal e disparo de arma de fogo
Professor, no caso de porte ilegal e disparo de arma de fogo é cabível a
aplicação do princípio da consunção?
Para responder a tal indagação, também deveremos analisar o caso concreto.
Se restar comprovado que os crimes de porte ilegal e disparo de arma de
fogo ocorreram no mesmo contexto fático e diante do nexo de dependência entre as condutas, sendo o primeiro meio para a execução
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do segundo delito, cabível a aplicação do princípio da consunção (STJ – AgRg no AREsp 635891/SC, DJe 25/05/2016).
Contudo, se forem praticados em contextos distintos, momentos diversos,
não se aplica o princípio: A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é assente no sentido de que não se aplica o princípio da consunção quando
os delitos de posse ilegal de arma de fogo e disparo de arma em via pública
são praticados em momentos diversos, em contexto distintos. (STJ – AgRg no AREsp 754716/PR, DJe 19/12/2017).
4.6 POSSE E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter
em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de
identificação de arma de fogo ou artefato; II – modificar as características de arma de fogo, de forma a
torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito
ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo
ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de
fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal,
ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
OBS.: Quando se tratar de arma de fogo de uso restrito, tanto a posse
quanto o porte estão tipificados no artigo 16 da Lei.
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4.6.1 Objetividade jurídica
A proteção da incolumidade pública, representada pela segurança coletiva.
4.6.2 Sujeito ativo
O crime pode ser praticado por qualquer pessoa.
Vale lembrar, mais uma vez, da causa de aumento de pena prevista no artigo 20 do Estatuto do Desarmamento.
4.6.3 Sujeito passivo
O sujeito passivo é a coletividade.
4.6.4 Elemento normativo do tipo
O tipo penal contém um elemento normativo: sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar. É possível, portanto,
o porte e a posse de arma de fogo de uso restrito quando o agente possuir
autorização para tanto (porte) ou registro (posse). A aquisição de arma de fogo de uso restrito deve ser concedida pelo
Comando do Exército e seu registro também será feito nesse órgão.
4.6.5 Conduta
A conduta típica vem expressa por 14 (quatorze) verbos, traduzindo tipo misto alternativo, no qual a realização de mais de um comportamento pelo
mesmo agente implicará um único delito.
Indiferente, também, para a configuração do delito, estar a arma de fogo desmuniciada por ocasião da apreensão.
4.6.6 Consumação e tentativa
O crime se consuma com a prática de uma ou mais condutas previstas no
tipo penal.
Cuida-se de crime de perigo abstrato, a lei presume o perigo com a prática de qualquer uma das condutas descritas no artigo 16.
Em tese é admissível a tentativa, embora de difícil configuração.
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4.6.7 Figuras equiparas
No artigo 16, parágrafo único, o legislador descreve vários tipos penais autônomos, sendo que cada um deles possui condutas típicas e objetos
materiais próprios, tendo sido aproveitadas tão somente as penas do
artigo 16, caput. Não há, assim, nenhuma exigência de que essas condutas típicas sejam relacionadas a arma de uso proibido ou restrito.
Caros alunos, a memorização dos incisos do parágrafo único é de
fundamental importância para sua prova. Aqui, vou trabalhar com vocês dois incisos que entendo relevantes:
01) Inciso III – Posse, detenção, fabricação ou emprego de artefato explosivo ou incendiário.
Explosivo é, em sentido amplo, um material extremamente instável, que
pode se decompor rapidamente, formando produtos estáveis. Esse processo é denominado de explosão e é acompanhado por uma intensa
liberação de energia, que pode ser feita sob diversas formas e gera uma
considerável destruição decorrente dessa energia. Em razão disso, o STJ já decidiu:
2. Não será considerado explosivo o artefato que, embora ativado por explosivo, não projete e nem disperse fragmentos perigosos como metal, vidro ou
plástico quebradiço, não possuindo, portanto,
considerável potencial de destruição. 3. Para a adequação típica do delito em questão, exige-se que
o objeto material do delito, qual seja, o artefato explosivo, seja
capaz de gerar alguma destruição, não podendo ser tipificado neste crime a posse de granada de gás
lacrimogêneo/pimenta, porém, não impedindo eventual
tipificação em outro crime. 4. Recurso especial improvido. (REsp 1627028/SP, Rel. Ministra
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
21/02/2017, DJe 03/03/2017)
02) Inciso IV - Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação
raspado, suprimido ou adulterado.
Quem suprime ou modifica responde pelo inciso I, enquanto quem porta, possui, adquiri, transporta ou fornece responde pelo inciso IV.
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Conforme já decidiu o STF, para a caracterização do crime previsto no artigo 16, parágrafo único, inciso IV, do Estatuto do Desarmamento, é
irrelevante se a arma de fogo é de uso permitido ou restrito, bastando que
o identificador esteja suprimido.
Se liga na jurisprudência:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. ART. 16, PARÁGRAFO ÚNICO, IV, DA LEI N. 10.826/2003. POSSE
DE ARMA DE USO PERMITIDO COM NUMERAÇÃO
RASPADA. EQUIPARAÇÃO À DE USO RESTRITO. CRIME
PRATICADO APÓS 23-10-2005, FORA DO PERÍODO DA
VACATIO LEGIS. TIPICIDADE DA CONDUTA.
1. Conforme o posicionamento firmado pelo STJ no julgamento do Recurso Especial 1.311.408/RN, eleito como representativo
da controvérsia, o termo final da incidência da abolitio criminis
temporária constante dos arts. 30 e 32 da Lei 10.826/2003, no que toca à conduta de possuir armas de fogo de uso restrito ou
de uso permitido com a numeração suprimida ou raspada, é 23
de outubro de 2005, pois tais hipóteses não foram alcançadas pela prorrogação do prazo de descriminalização previsto na Lei
n. 11.706/2008.
2. É típica, pois, a conduta atribuída aos agravantes, porquanto ocorrida em 20-1-2008, data posterior ao termo final da
abolitio criminis temporária quanto ao referido tipo de
armamento. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp
1359671/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,
julgado em 23/09/2014, DJe 30/09/2014)
4.6.8 Rol dos crimes hediondos
ATENÇÃO CONCURSEIROS!!
A Lei n. 13.497/2017 alterou a redação do parágrafo único do artigo 1.º
da Lei n. 8.072/90 prevendo que também é considerado como crime
hediondo o delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no artigo 16 do Estatuto do Desarmamento.
Por ser mais gravosa, a Lei n. 13.497/2017 não tem efeitos retroativos.
4.7 QUADROS SINÓTICOS
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4.7.1 Posse não registrada de arma de fogo
4.7.2 Porte ilegal de arma de fogo
4.8 COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO
Po
sse
não
reg
istr
ada
de
arm
a d
e f
ogo
na própria casa ou comércio
arma de uso permitido
art. 12
arma de uso proibido ou restrito
art. 16, caput
em casa ou comércio alheios
arma de uso permitido
art. 14
arma de uso proibido ou restrito
art. 16, caput
em casa ou comércio
arma raspada de qualquer espécie
art. 16, parágrafo único, IV
Po
rte
ile
gal d
e a
rma
de
fo
go
arma de uso permitido
art. 14
arma de uso proibido ou restrito
art. 16, caput
arma raspada de qualquer espécie
art. 16, parágrafo único, IV
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Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar,
em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou
industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou
clandestino, inclusive o exercido em residência.
4.8.1 Objetividade jurídica
Tutela-se, mais uma vez, a incolumidade pública, representada pela segurança coletiva.
4.8.2 Sujeito ativo
Cuida-se de crime próprio, já que o tipo penal exige que o delito seja
cometido por comerciante ou industrial. O parágrafo único equiparou à atividade comercial ou industrial qualquer
forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou
clandestino, inclusive o exercido em residência. Caso o delito seja praticado por qualquer das pessoas elencadas nos
artigos 6.º, 7.º e 8.º da Lei, a pena será aumentada em metade (art. 20).
4.8.3 Sujeito passivo
A coletividade.
4.8.4 Objeto material
Arma de fogo, acessório ou munição, seja de uso permitido ou proibido ou restrito. Se a arma de fogo, acessório ou munição for de uso proibido ou
restrito, a pena é aumentada de metade, conforme disposto no artigo 19
do Estatuto do Desarmamento:
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Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição
forem de uso proibido ou restrito.
4.8.5 Consumação e tentativa
Trata-se de crime de mera conduta, a consumação ocorre no momento da ação, independente de qualquer resultado.
Em tese, é possível a tentativa.
4.8.6 Vedação à liberdade provisória
O artigo 21 do Estatuto do Desarmamento proíbe a concessão de liberdade
provisória ao crime em análise. Contudo, o STF declarou a inconstitucionalidade desse dispositivo (ADI n. 3112).
4.9 TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do
território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
4.9.1 Objetividade jurídica
Protege-se a segurança pública, a fim de evitar o comércio internacional de armas de fogo, acessórios ou munições.
4.9.2 Sujeito ativo
Pode ser praticado por qualquer pessoa.
Se o delito for cometido por qualquer das pessoas elencadas no artigo 6.º, 7.º e 8.º da Lei, a pena será aumentada em metade (art. 20).
Não se tratando dos indivíduos acima mencionados, mas sendo
funcionário público, responderá também pelo crime de corrupção passiva, caso tenha recebido alguma vantagem para facilitar a entrada ou saída de
arma no território nacional.
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4.9.3 Sujeito passivo
A coletividade.
4.9.4 Consumação e tentativa
Na modalidade de conduta “importar”, consuma-se com o efetivo ingresso
da arma de fogo, acessório ou munição no País. Na modalidade de conduta “exportar”, com a efetiva saída do objeto material do País. São hipóteses
de crime instantâneo. Na conduta “favorecer” a entrada ou saída do
território nacional, consuma-se com o efetivo favorecimento, que pode ser praticado por ação ou por omissão do agente.
É possível a tentativa.
5. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR OS CRIMES PREVISTOS NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO
O fato de a Polícia Federal ser o órgão responsável pelos registros das
armas de fogo e pela expedição de autorizações para o porte, e de o
SINARM (órgão do Ministério da Justiça) ser o responsável pelo cadastramento das armas de fogo, não faz com que a competência para
os crimes previstos na Lei n. 10.826/2003 seja da Justiça Federal.
Se liga na jurisprudência:
Em se tratando de tráfico internacional de munições ou
armas, cumpre firmar a competência da Justiça Federal para
conhecer do tema, já que o Estado brasileiro é signatário de
instrumento internacional (Protocolo contra a Fabricação e o
Tráfico Ilícitos de Armas de Fogo, suas Peças e Componentes
e Munições – complementando a Convenção das Nações
Unidas contra o Crime Organizado Transnacional -,
promulgado pelo Decreto n. 5.941, de 26/10/2006), no qual
se comprometeu a tipificar a conduta como crime. (STJ -AgRg
no Ag 1389833/MT, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA
TURMA, DJe 25/04/2013).
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PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIME AMBIENTAL E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO. AUSÊNCIA DE CONEXÃO PROCESSUAL.
CONCURSO DE CRIMES QUE NÃO IMPLICA NECESSARIAMENTE
CONEXÃO. NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 122/STJ. I - Não obstante a verificação dos crimes tenha ocorrido no
mesmo contexto fático, não há elementos para se indicar a
existência de conexão processual que atraia a competência da Justiça Federal, nos termos do Enunciado n. 122, da Súmula do
Superior Tribunal de Justiça.
II - A competência para o processamento do crime do art. 16,
parágrafo único, IV, da Lei 10.826/03 deve recair sobre a
Justiça Estadual, não havendo se falar em prejuízo à instrução
com a cisão dos processos, pois a consumação dos crimes imputados se deu em momentos diferentes.
Conflito conhecido para declarar a competência do d. Juízo de
Direito da 2ª Vara de Bocaiúva- MG para apuração do crime previsto no art. 16, parágrafo único, IV, da Lei 10.826/03. (STJ
- CC 140.649/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 28/10/2015, DJe 09/11/2015).
6. QUESTÕES COMENTADAS
01 – (FCC/2014; TRF – 4.ª Região; Técnico Judiciário – Segurança e Transporte). De acordo com o Estatuto do Desarmamento, quanto ao
registro de arma de fogo,
a) dentre outros requisitos, o interessado, para renovar o Certificado de
Registro de Arma de Fogo, deverá periodicamente, a cada cinco anos,
apresentar documento comprobatório de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma do
Estatuto do Desarmamento e sua regulamentação.
b) o Certificado de Registro de Arma de Fogo será expedido pela Polícia Civil dos Estados e do Distrito Federal.
c) o Certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o
território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo em seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável
legal pelo estabelecimento.
d) as armas de fogo de uso restrito serão registradas na Polícia Federal, na forma do Estatuto do Desarmamento e sua regulamentação.
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e) dentre outros requisitos, o interessado, para renovar o Certificado de Registro de Arma de Fogo, deverá periodicamente, a cada seis anos,
apresentar documento comprobatório de ocupação lícita e de residência
certa.
COMENTÁRIO: A questão aborda o capítulo II (art. 3.º, 4.º e 5.º) do
Estatuto do Desarmamento. Alternativa A – ERRADA. Conforme estabelece o § 2.º do art. 5.º, para a
renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo os requisitos
deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior a 3 (três) anos.
Alternativa B – ERRADA. O certificado de registro de arma de fogo será
expedido pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm. (Art. 5.º, § 1.º)
Alternativa C – CORRETA. Literalidade do artigo 5.º, caput, da Lei n.
10.826/2003. Alternativa D – ERRADA. As armas de fogo de uso restrito serão
registradas no Comando do Exército, na forma do regulamento desta Lei.
(Art. 3.º, parágrafo único, da Lei n. 10.826/2003). Alternativa E – ERRADA. Conforme estabelece o § 2.º do art. 5.º, para a
renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo os requisitos
deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior a 3
(três) anos.
02 - (IESES/2017; IGP-SC; Papiloscopista). De acordo com a Lei
10.826/03, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas
de fogo e munição e sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm compete ao Sinarm, dentre outras atribuições:
I. Identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante cadastro.
II. Cadastrar as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, mantendo
registro próprio. III. Cadastrar as apreensões de armas de fogo, exceto as vinculadas a
procedimentos policiais e judiciais.
IV. Cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade.
Assinale a alternativa correta:
a) Todas estão corretas. b) Apenas II e IV estão corretas.
c) Apenas I e IV estão corretas.
d) Apenas I e II estão corretas.
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COMENTÁRIO: A questão trabalha com a competência do Sistema
Nacional de Armas. O artigo 2.º do Estatuto do Desarmamento é longo,
eu sei, mas é importante que você memorize. Conforme estabelece o parágrafo único do art. 2.º, as armas de fogo das
Forças Armadas e Auxiliares, bem como as que constem dos seus registros
próprios ficam excluídas da competência do SINARM. Para resolver a questão você também deveria saber que compete ao Sinarm cadastrar as
apreensões de arma de fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos
policiais e judiciais, daí o erro da proposição III.
Logo, a resposta correta é a alternativa C.
03 – (CESPE/2013; DPE-TO; Defensor Público). No que tange ao disposto
no Estatuto do Desarmamento, assinale a opção correta.
a) Suponha que Lucas, maior, capaz, empregado de uma pedreira, seja
abordado por policiais militares, no trajeto para sua residência após o
trabalho, sendo encontrado em sua mochila um artefato explosivo conhecido como dinamite, sem a devida autorização. Nesse caso, a
conduta é atípica, uma vez que o estatuto prevê apenas punição para o
emprego de artefato explosivo sem autorização. b) Considere que Celso tenha posse regular de arma de fogo e que, para
evitar a invasão de sua propriedade, por mendigos, em zona urbana e
habitada, tenha efetuado um único disparo para o alto da janela de casa. Nesse caso, Celso responderá pelo delito de disparo de arma de fogo em
local habitado.
c) O crime de disparo de arma de fogo em lugar habitado ou adjacências, ou em via pública, previsto no Estatuto do Desarmamento, contempla as
formas dolosa e culposa.
d) No referido estatuto, é prevista a punição, da mesma forma, para as condutas de reciclar ou recarregar munição sem autorização legal e de
adulterar, por qualquer forma, munição ou explosivo, sendo irrelevante,
para a caracterização do delito, a quantidade de explosivo ou a habitualidade da conduta.
e) Considere que Joca tenha a posse regular de arma de fogo de uso
permitido e que, para dificultar a identificação do disparo produzido pela arma, tenha feito modificações na saída do cano. Nesse caso, com base
no referido estatuto, é atípica a conduta de Joca.
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COMENTÁRIO: Alternativa A – ERRADA. O artigo 16, parágrafo único, inciso III, da Lei n.
10.826/2003 apresenta quatro verbos (possuir, detiver, fabricar ou
empregar artefato explosivo ou incendiário). Cuida-se de tipo misto alternativo, ou seja, a prática de qualquer uma das condutas configura o
crime ali previsto. Portanto, a conduta de Lucas é típica.
Alternativa B – ERRADA. A descrição fática da alternativa faz incidir a excludente de ilicitude da legítima defesa (artigo 25 do Código Penal).
Alternativa C – ERRADA. O crime de disparo de arma de fogo só é punido
a título de dolo. Alternativa D – CORRETA. O artigo 16, parágrafo únicos, VI, da Lei n.
10.826/2003 não faz qualquer tipo de ressalva quanto à quantidade de
explosivo ou habitualidade da conduta. Alternativa E – ERRADA. A conduta de Joca se amolda à figura típica
prevista no artigo 16, parágrafo único, inciso II, do Estatuto do
Desarmamento.
04 - (VUNESP/2015; PC-CE; Inspetor de Polícia Civil de 1.ª Classe). Sobre o Estatuto do Desarmamento (Lei n o 10.826/2003), está correto afirmar
que
a) a posse e guarda de arma de fogo no interior da residência ou no local
de trabalho é autorizada, desde que a arma de fogo seja de uso permitido.
b) o Estatuto do Desarmamento só regula condutas envolvendo armas de fogo de uso permitido.
c) o artigo 14 do Estatuto do Desarmamento dispõe sobre o porte de arma
de fogo de uso permitido e o artigo 16 da mesma lei dispõe sobre o porte de arma de fogo de uso restrito.
d) o crime de disparo de arma de fogo previsto no artigo 15 do Estatuto
admite tanto a conduta dolosa (disparo proposital), como culposa (disparo acidental).
e) o Estatuto do Desarmamento não pune o porte ou a posse de acessório
ou munição para armas de fogo.
COMENTÁRIOS:
Alternativa A – ERRADA. Ainda que a arma de fogo seja de uso permitido, a posse no trabalho somente é permitida para aquele que seja o titular ou
o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa (art. 5.º, caput).
Alternativa B – ERRADA. A Lei n. 10.826/2003 regula condutas envolvendo armas de fogo de uso permitido e restrito, tanto que pune a posse ou
porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
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Alternativa C – CORRETA. Para acertar a questão o candidato deveria ter noção dos crimes previstos na Lei. Só fique atento a um detalhe, o artigo
16 dispõe sobre a posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
Alternativa D – ERRADA. O crime de disparo de arma de fogo só é punido a título de dolo.
Alternativa E – ERRADA. O Estatuto do Desarmamento pune o porte ou a
posse de acessório ou munição, tanto para armas de fogo de uso permitido
ou restrito.
05 – (CESPE/2014; Polícia Federal; Agente Administrativo). No que diz respeito ao Estatuto do Desarmamento, julgue o seguinte item.
Para obter porte de arma de fogo de uso permitido, agente da Polícia Federal deve apresentar, entre outros documentos, comprovação de
capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de
fogo.
COMENTÁRIO: O item está ERRADO. Os integrantes das Forças
Armadas, das polícias federais e estaduais e do DF, bem como os militares dos Estados e do DF são dispensados de apresentar documentos
comprovando sua capacidade técnica e aptidão psicológica para o
manuseio da arma de fogo (art. 6.º, § 4.º, da Lei n. 10.826/2003).
06 - (CESPE/2014; Polícia Federal; Agente Administrativo). No que diz
respeito ao Estatuto do Desarmamento, julgue o seguinte item.
Considere que, em uma briga de trânsito, Joaquim tenha sacado uma
arma de fogo e efetuado vários disparos contra Gilmar, com a intenção de matá-lo, e que nenhum dos tiros tenha atingido o alvo. Nessa situação,
Joaquim responderá tão somente pela prática do crime de disparo de arma
de fogo.
COMENTÁRIO: O item está ERRADO. O artigo 15 da Lei n. 10.826/2003
funciona como um soldado de reserva, ou seja, o agente só responderá pelo delito ali previsto caso a conduta não tenha como finalidade a prática
de outro crime. No caso, Joaquim efetuou disparos contra Gilmar com a
intenção de matá-lo, razão pela qual deverá responder por tentativa de
homicídio, já que não atingiu o alvo.
07 - (CESPE/2014; Polícia Federal; Agente Administrativo). No que diz respeito ao Estatuto do Desarmamento, julgue o seguinte item.
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Considere que Armando, dentista, tenha comprado um revólver calibre
.38 e que, semanas depois, sua amiga Júlia, empresária do ramo têxtil,
tenha-lhe revelado interesse em adquirir a arma. Nessa situação, o revólver só poderá ser vendido mediante autorização do Sistema Nacional
de Armas.
COMENTÁRIO: O item está CORRETO. De acordo com o artigo 4.º, § 5.º,
do Estatuto do Desarmamento, a comercialização de armas de fogo,
acessórios e munições entre pessoas físicas somente será efetivada
mediante autorização do Sinarm.
08 – (VUNESP/2015; PC-CE; Delegado de Polícia Civil de 1.ª Classe). Com
relação ao Estatuto do Desarmamento, Lei n. 10.826/2003, assinale a
alternativa correta.
a) É proibida a conduta de portar arma de fogo de uso permitido ou
proibido, não se punindo, no estatuto, a conduta de portar ou possuir acessório ou munição para arma de fogo.
b) O porte de arma de fogo com numeração raspada, previsto no
parágrafo único, inciso IV, do artigo 16, refere-se tanto à arma de fogo de uso permitido como à arma de fogo de uso proibido/restrito.
c) O artigo 16 prescreve que é proibido possuir, deter, portar, adquirir,
fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
ocultar arma de fogo de uso permitido sem autorização legal.
d) O crime de disparo de arma de fogo, previsto no artigo 15 do estatuto, é autônomo, sendo que, na hipótese de o agente tentar matar a vítima
com disparos de arma de fogo, responderá por tentativa de homicídio e
pelo crime de disparo de arma de fogo em concurso material de delitos. e) A vedação à concessão de fiança prevista no parágrafo único do artigo
15 (disparo de arma de fogo) foi declarada constitucional pelo Supremo
Tribunal Federal em ação direta de constitucionalidade.
COMENTÁRIO:
Alternativa A – ERRADA. Os artigos 12, 14 e 16 punem a posse ou o porte de arma de fogo, acessório ou munição.
Alternativa B – CORRETA. As condutas do art. 16, parágrafo único, são
crimes autônomos, razão pela qual não precisam ser relacionadas a arma de fogo de uso restrito ou proibido.
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Alternativa C – ERRADA. O artigo 16, caput, cuida da posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. O porte ilegal de arma de fogo de uso
permitido é previsto no artigo 14 da Lei.
Alternativa D – ERRADA. O artigo 15 da Lei n. 10.826/2003 funciona como um soldado de reserva, ou seja, o agente só responderá pelo delito ali
previsto caso a conduta não tenha como finalidade a prática de outro
crime. Alternativa E – ERRADA. A vedação à concessão de fiança foi declarada
INCONSTITUCIONAL pelo STF (vide ADI 3112)
09 – (FGV/2016; CODEBA; Guarda Portuário). De acordo com o Estatuto
do Desarmamento (Lei n. 10.826/2003), assinale a afirmativa correta.
a) A aquisição de munição no calibre correspondente à arma registrada é
ilimitada, mas, em outro calibre, a quantidade deve ser registrada. b) A empresa que comercializa arma de fogo em território nacional é
obrigada a comunicar a venda à autoridade competente.
c) A empresa que comercializa armas de fogo e acessórios responde legalmente por essas mercadorias que, mesmo depois de vendidas, ficam
registradas como de sua propriedade.
d) A empresa que comercializa arma de fogo em território nacional está desobrigada a manter banco de dados com as características das armas
vendidas.
e) A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas obedece à lei da oferta e da procura e de autorização do
SINARM.
COMENTÁRIOS:
Alternativa A – ERRADA. A aquisição de munição mesmo que seja no calibre correspondente à arma registrada é limitada ao quantitativo
estabelecido no regulamento da Lei n. 10.826/2003 (art. 4.º, § 2.º).
Alternativa B – CORRETA. Literalidade do § 3.º do artigo 4.º do Estatuto: A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é
obrigada a comunicar a venda à autoridade competente, como também a
manter banco de dados com todas as características da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo.
Alternativa C – ERRADA. A empresa que comercializa armas de fogo e
acessórios só responde pelas mercadorias ENQUANTO não forem vendidas (art. 4.º, § 4.º).
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ESTATUTO DO DESARMAMENTO
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Alternativa D – ERRADA. A empresa é OBRIGADA a manter banco de dados com todas as características da arma e cópia dos documentos
previstos no artigo 4.º.
Alternativa E – ERRADA. A comercialização de armas entre pessoas físicas depende de autorização do Sinarm, mas nada diz a respeito da oferta e
da procura.
10 – (FUNCAB/2016; CODESA; Guarda Portuário). Sobre o Estatuto do
Desarmamento (Lei n. 10.826, de 2003), é correto afirmar que:
a) a supressão de sinal identificador de arma de fogo é conduta equiparada
ao porte de arma de fogo de uso permitido.
b) há norma penal no Estatuto do Desarmamento tratando dos artefatos explosivos, mas não dos incendiários.
c) se o comércio é clandestino, não se caracteriza o crime de comércio
ilegal de arma de fogo. d) constitui crime previsto na lei especial disparar culposamente arma de
fogo em direção à via pública.
e) quando a arma de fogo é de uso restrito, posse e porte são punidos pelo mesmo tipo penal.
COMENTÁRIOS: Alternativa A – ERRADA. A supressão de sinal identificador de arma de
fogo é conduta equiparada à posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
RESTRITO (art. 16, parágrafo único, IV) Alternativa B – ERRADA. O artigo 16, parágrafo único, III, cuida de
artefato explosivo ou INCENDIÁRIO.
Alternativa C – ERRADA. Diz o parágrafo único do art. 17: Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma
de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino,
inclusive o exercido em residência. Alternativa D – ERRADA. O crime de disparo de arma de fogo só é punido
a título de dolo.
Alternativa E – CORRETA. O artigo 16 da Lei n. 10.826/2003 pune tanto
a posse quanto o porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
11 – (CESPE/2015; MPU; Técnico do MPU – Segurança Institucional e Transporte). Com referência ao Estatuto do Desarmamento, julgue o item
subsecutivo.
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Se uma pessoa for flagrada portando um punhal que tenha mais de 12 cm e dois gumes, ela poderá responder pelo crime de porte ilegal de arma,
previsto no Estatuto do Desarmamento.
COMENTÁRIO: O item está ERRADO. A Lei n. 10.826/2003 não abrange
uso de armas brancas nem de simulacros de arma de fogo.
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, define crimes e
dá outras providências.
12 – (CESPE/2017; TJ-PR; Juiz Substituto). Considerando a
jurisprudência do STJ a respeito dos crimes hediondos, do tráfico de
entorpecentes, do Estatuto do Desarmamento e do ECA, assinale a opção correta.
a) A arma de fogo desmuniciada e desmontada não serve para configurar o delito de porte ilegal de arma de fogo.
b) Não se configura o crime de corrupção de menor em relação àquele já
afeito à prática de atos infracionais. c) Por ser crime acessório, a associação para o tráfico de drogas não pode
existir sem a prova da materialidade do crime principal.
d) Não é hediondo o crime de tráfico de entorpecentes praticado por agente primário, de bons antecedentes e que não se dedique a atividades
criminosas nem integre organização criminosa.
COMENTÁRIOS:
Alternativa A – ERRADA. O crime previsto no artigo 14 da Lei n.
10.826/2003 é de perigo abstrato, sendo irrelevante o fato de a arma estar desmuniciada ou, até mesmo, desmontada, porquanto o objeto
jurídico tutelado não é a incolumidade física, e sim a segurança pública
e a paz social, colocados em risco com o porte de arma de fogo sem autorização ou em desacordo com determinação legal (HC 396.863/SP,
Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 13/06/2017,
DJe 22/06/2017). Alternativa B – ERRADA. Súmula 500 do STJ - A configuração do crime do
art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por
se tratar de delito formal.
Alternativa C – ERRADA. Para a configuração do delito previsto no art.
35 da Lei n.º 11.343/06 é desnecessária a comprovação da materialidade
quanto ao delito de tráfico, sendo prescindível a apreensão da droga
ou o laudo toxicológico. É indispensável, tão somente, a comprovação da
associação estável e permanente, de duas ou mais pessoas, para a
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prática da narcotraficância. (HC 399.159/SP, Rel. Ministra MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 07/12/2017, DJe
14/12/2017).
Alternativa D – CORRETA. O STJ cancelou a súmula 512, após o Supremo
Tribunal Federal fixar o entendimento de que o tráfico privilegiado não é
hediondo.
13 - (CONSULPLAN/2017; TRF 2.ª Região; Técnico Judiciário – Segurança
e Transporte). Em relação ao registro de arma de fogo, previsto na Lei nº 10.826, de 22 de dezembro 2003, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no
regulamento da Lei.
b) É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente, sendo certo dizer que as armas de fogo de uso restrito serão registradas no
Comando do Exército, na forma do regulamento da Lei. c) O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após
atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do
requerente e para a arma indicada, sendo transferível esta autorização, desde que o interessado preencha os requisitos legais.
d) O certificado de registro de arma de fogo, com validade em todo o
território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência
desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou
o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.
COMENTÁRIOS: O examinador pediu a questão INCORRETA.
Alternativa A – ERRADA. A alternativa está de acordo com o disposto no
artigo 4.º, § 2.º, da Lei n. 10.826/2003. Alternativa B – ERRADA. A alternativa está de acordo com o disposto no
artigo 3.º da Lei n. 10.826/2003. Alternativa C – CORRETA. A autorização de compra de arma de fogo é
INTRANSFERÍVEL, conforme estabelece o art. 4.º, § 1.º, do Estatuto do
Desarmamento. Alternativa D – ERRADA. A alternativa está de acordo com o disposto no
artigo 5.º, caput, da Lei n. 10.826/2003.
14. (CESPE/2018; PC-MA; Delegado de Polícia Civil). De acordo com o entendimento da doutrina e dos tribunais superiores sobre o Estatuto do
Desarmamento, especialmente quanto às armas de fogo,
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a) o crime de tráfico internacional de arma de fogo é insuscetível de liberdade provisória.
b) majora-se a pena em caso de crime de comércio ilegal de arma de fogo
mesmo que se trate de armamento de uso permitido. c) a arma de fogo desmuniciada afasta as figuras criminosas da posse ou
do porte ilegal, considerando-se que o objeto jurídico tutelado é a
incolumidade física. d) o porte de arma de fogo de uso permitido com a numeração raspada
equivale penalmente ao porte de arma de fogo de uso restrito.
e) o disparo de arma de fogo em via pública e o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido configuram situações de inafiançabilidade.
COMENTÁRIOS: Alternativa A – ERRADA. A vedação à liberdade provisória contida no artigo
21 do Estatuto do Desarmamento foi declarada inconstitucional pelo STF
(vide ADI 3112). Alternativa B – ERRADA. Nos termos do artigo 19, a pena é aumentada de
metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso PROIBIDO
ou RESTRITO. Alternativa C – ERRADA. O crime previsto no artigo 14 da Lei n.
10.826/2003 é de perigo abstrato, sendo irrelevante o fato de a arma
estar desmuniciada ou, até mesmo, desmontada, porquanto o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física, e sim a segurança pública
e a paz social, colocados em risco com o porte de arma de fogo sem
autorização ou em desacordo com determinação legal (HC 396.863/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 13/06/2017,
DJe 22/06/2017).
Alternativa D – CORRETA. A supressão de sinal identificador de arma de fogo é conduta equiparada à posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
RESTRITO (art. 16, parágrafo único, IV)
Alternativa E – ERRADA. O STF declarou inconstitucional a vedação à
fiança (vide ADI 3112).
15. (CESPE/2017; PC-GO; Delegado de Polícia Substituto). Considerando o atual entendimento dos tribunais superiores quanto aos institutos do
Código de Defesa do Consumidor, do Estatuto do Desarmamento e do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), assinale a opção correta.
a) Ao estabelecer prazo para a regularização dos registros pelos
proprietários e possuidores de armas de fogo, o Estatuto do Desarmamento criou situação peculiar e temporária de atipicidade das
condutas de posse e porte de arma de fogo de uso permitido e restrito.
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b) Aquele que fornece a adolescente, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito ou proibido fica sujeito à sanção
penal prevista no ECA, em decorrência do princípio da especialidade.
c) Pessoa jurídica não pode figurar como sujeito passivo de infração penal consumerista, porquanto não se enquadra no conceito de consumidor.
d) A conduta daquele que promove propaganda enganosa capaz de induzir
o consumidor a se comportar de maneira prejudicial à sua saúde somente é penalmente punível diante da ocorrência de resultado danoso.
e) O porte ou a posse simultânea de duas ou mais armas de fogo de uso
restrito ou proibido não configura concurso formal, mas crime único, pois a situação de perigo é uma só.
COMENTÁRIOS: Alternativa A – ERRADA. Consoante a jurisprudência do STJ, as
disposições trazidas nos arts. 30 e 32 do Estatuto do Desarmamento e nas
sucessivas prorrogações referem-se apenas aos delitos de posse ilegal de arma de uso permitido ou restrito, sendo inaplicáveis ao crime de porte
ilegal de arma, hipótese dos autos. (AgRg no AREsp 991.046/SP, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 03/08/2017, DJe 16/08/2017).
Alternativa B – ERRADA. O art. 242 da Lei n. 8.069/90 (Estatuto da
Criança e do Adolescente) pune com reclusão de três a seis anos a venda ou fornecimento de arma, munição ou explosivo a criança ou adolescente.
Embora esse crime tenha tido sua pena alterada pela Lei n. 10.764, de 12
de novembro de 2003, acabou sendo derrogado pelo dispositivo em análise do Estatuto do Desarmamento, que entrou em vigor em 22 de
dezembro de 2003, e que pune as mesmas condutas. O art. 242 só
continua aplicável a armas de outra natureza (que não sejam armas de fogo).
Alternativa C – ERRADA. A pessoa jurídica que firma contrato de seguro
visando à proteção de seu próprio patrimônio é considerada destinatária final dos serviços securitários, ficando submetida a relação às normas do
Código de Defesa do Consumidor. (REsp 1660164/SP, Rel. Ministro
MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/10/2017,
DJe 23/10/2017).
Alternativa D – ERRADA. Trata-se de crime formal, cuja consumação
independe da realização do resultado naturalístico, assim como ocorre com a maior parte dos delitos contra relações de consumo.
Alternativa E – CORRETA. A jurisprudência fixou entendimento de que o
porte concomitante de mais de uma arma de fogo caracteriza situação única de risco à coletividade, e, assim, o agente só responde por um delito,
não se aplicando a regra do concurso formal.
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16. (CESPE/2017; TRF-1.ª Região; Técnico Judiciário – Segurança e Transporte). Considerando o que dispõe a Lei n.º 10.826/2003 — Estatuto
do Desarmamento — sobre a posse e o porte de armas de fogo e de
munição para determinados servidores dos quadros de pessoas do Poder Judiciário, julgue o item a seguir.
Os servidores que efetivamente exerçam função de segurança de tribunal terão direito de portar arma de fogo fornecida pela respectiva instituição
mesmo que não estejam em horário de serviço.
COMENTÁRIOS: O item está ERRADO. Conforme estabelece o art. 7.º-A
do Estatuto do Desarmamento, as armas de fogo utilizadas pelos
servidores das instituições descritas no inciso XI do art. 6º (tribunais do Poder Judiciário e Ministério Público) serão de propriedade,
responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente
podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão
competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte
expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição.
17. (CESPE/2017; PJC-MT; Delegado de Polícia Substituto). João, ao
trafegar com sua moto, foi surpreendido por policiais que encontraram em seu poder arma de fogo — revólver — de uso permitido. João trafegava
com a arma sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta de acordo com
o Estatuto do Desarmamento e com o entendimento jurisprudencial dos
tribunais superiores.
a) O simples fato de João carregar consigo o revólver, por si só, não
caracteriza crime, uma vez que o perigo de dano não é presumido pelo tipo penal.
b) Se o revólver estiver com a numeração raspada, João estará sujeito à
sanção prevista para o delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido ou restrito.
c) O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é inafiançável.
d) O simples fato de João carregar consigo o revólver caracteriza o crime de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido.
e) Se o revólver estiver desmuniciado, o fato será atípico.
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COMENTÁRIOS: Alternativa A – ERRADA. O crime de porte ilegal de arma de fogo é de
perigo abstrato. Para o enquadramento típico basta o simples portar arma
de fogo, independente de qualquer resultado ulterior. Alternativa B – CORRETA. A supressão de sinal identificador de arma de
fogo é conduta equiparada à posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
RESTRITO (art. 16, parágrafo único, IV). Alternativa C – ERRADA. A inafiançabilidade prevista no parágrafo único
do artigo 14 da Lei n. 10.826/2003 foi declarada inconstitucional pelo STF
(vide ADI 3112). Alternativa D – ERRADA. O examinador quer saber se o candidato sabe
diferenciar posse e porte ilegal de arma de fogo. A posse ilegal de arma
de fogo de uso permitido está prevista no artigo 12 da Lei, enquanto o crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido está previsto no
artigo 14. A descrição fática contida na alternativa demonstra que o crime
ali praticado é o de PORTE ilegal de arma de fogo. Alternativa E – ERRADA. O crime previsto no artigo 14 da Lei n.
10.826/2003 é de perigo abstrato, sendo irrelevante o fato de a arma
estar desmuniciada ou, até mesmo, desmontada, porquanto o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física, e sim a segurança pública
e a paz social, colocados em risco com o porte de arma de fogo sem
autorização ou em desacordo com determinação legal (HC 396.863/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 13/06/2017,
DJe 22/06/2017).
18. (FCC/2017; TJ-SC; Juiz Substituto). Conforme a lei e a interpretação
dos tribunais superiores, é INCORRETO afirmar:
a) Constranger alguém mediante ameaça em razão de discriminação racial
configura crime de tortura. b) Exportar bens com valores não correspondentes aos verdadeiros
configura crime de lavagem de bens.
c) A lei de crime organizado se aplica às infrações penais previstas em convenção internacional quando iniciada a execução no país devesse ter
ocorrido no estrangeiro.
d) Tratando-se de falência de microempresa e não se constatando prática habitual de condutas fraudulentas por parte do falido, o juiz poderá
substituir a pena de prisão pela de perda de bens e valores.
e) Possuir arma de fogo com o registro vencido configura crime previsto no artigo 12 do Estatuto do desarmamento.
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COMENTÁRIOS: O examinador quer saber a alternativa INCORRETA. Alternativa A – ERRADA. A alternativa, apesar de mal redigida, está de
acordo com o art. 1.º, I, alínea c, da Lei n. 9.455/97.
Alternativa B – ERRADA. A alternativa está de acordo com o disposto no art. 1.º, § 1.º, inciso III, da Lei n. 9.613/98 (Lei de Lavagem de Capitais).
Alternativa C – ERRADA. A alternativa está de acordo com o disposto no
art. 1.º, § 2.º, inciso I, da Lei n. 12.850/2013. Alternativa D – ERRADA. A alternativa está de acordo com o disposto no
artigo 168, § 4.º, da Lei n. 11.101/2005 que trata da recuperação judicial,
extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Alternativa E – CORRETA. Se o agente já procedeu ao registro da arma,
a expiração do prazo é mera irregularidade administrativa que autoriza a
apreensão do artefato e aplicação de multa. A conduta, no entanto, não caracteriza ilícito penal. (APn 686/AP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/10/2015, DJe 29/10/2015).
19. (FCC/2017; TRF-5.ª Região; Técnico Judiciário – Segurança e
Transporte). Antonio, morador da zona rural, comprovou perante a polícia
federal a dependência de emprego de arma de fogo (caça) para prover a sua subsistência alimentar familiar, adquiriu e obteve o porte de arma
para tal finalidade. No entanto, em noites alternadas utilizava o
armamento para realizar a segurança de um fazendeiro local. Reagindo a um roubo na fazenda, realizou disparos com a arma de caça obtida
legalmente, vindo a ferir um dos ladrões. De acordo com a Lei n° 10.826
de 2013, que trata de registro e posse e comercialização de arma de fogo, Antonio estará sujeito a responder
a) que agiu em legítima defesa do patrimônio de outrem. b) apenas por porte ilegal de arma e disparos de arma de fogo de uso
restrito e não incidirão tipificações do código penal.
c) pelo exercício ilegal de atividade de segurança privada que é exclusivamente desempenhada por agentes públicos de folga.
d)autorização pa por porte ilegal de arma e disparos de arma de fogo de
uso permitido, independente de outras tipificações penais. e) apenas pela lesão corporal, uma vez que o crime maior absorve o
menor.
COMENTÁRIOS:
O artigo 6.º, § 5.º, da Lei n. 10.826/2003 dispõe que aos residentes em
áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar
familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na
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categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual
ou inferior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove os
requisitos previsto na Lei. O § 6.º do citado artigo é claro ao prever que o caçador para
subsistência que der outro uso à sua arma de fogo,
independentemente de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo
de uso permitido.
Assim, a alternativa D está CORRETA.
20. (FCC/2017; TRF-5.ª Região; Técnico Judiciário – Segurança e Transporte). M.S, menor de 12 anos, apoderou-se da arma de fogo calibre
38 que estava em sua residência, de propriedade da Guarda Civil
Metropolitana do Município X, e disparou contra dois colegas durante uma aula, por vingança. Ambos os colegas faleceram. Seu pai, Bruno, que
exercia atividades de guarda civil metropolitano, tinha a posse do aludido
armamento em razão de suas funções e não adotou a devida cautela para impedir o acesso do menor ao armamento. Considerando a Lei n°
10.826/2003, no tocante a posse do armamento, Bruno, sem prejuízo de
outras sanções, estará sujeito ao crime de
a) omissão de cautela.
b) homicídio culposo na condição de partícipe. c) homicídio doloso na condição de partícipe.
d) conduta atípica.
e) incitação ao crime praticado pelo menor.
COMENTÁRIOS: A descrição fática contida na questão se amolda perfeitamente ao crime
de omissão de cautela previsto no artigo 13 do Estatuto do
Desarmamento: Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora
de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob
sua posse ou que seja de sua propriedade. O delito é de perigo abstrato, porque se configura pelo simples
apoderamento pelo menor ou doente mental, independentemente de ter
ele apontado a arma para alguém ou para ele próprio.
Portanto, a alternativa A está CORRETA.