Download - Legislação Comercial
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Volume nicoDebora Lacs Sichel
Legislao Comercial
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Debora Lacs SichelVolume nico
Legislao Comercial
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Referncias Bibliogrfi cas e catalogao na fonte, de acordo com as normas da ABNT.
Copyright 2007, Fundao Cecierj / Consrcio Cederj
Nenhuma parte deste material poder ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrnico, mecnico, por fotocpia e outros, sem a prvia autorizao, por escrito, da Fundao.
2009/1
Material Didtico
ELABORAO DE CONTEDODebora Lacs Sichel
COORDENAO DE DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONALCristine Costa Barreto
DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL E REVISO Anna Maria OsbornePatrcia Alves Corra
COORDENAO DE AVALIAO DO MATERIAL DIDTICODbora Barreiros
AVALIAO DO MATERIAL DIDTICOLetcia Calhau
S565l Sichel, Debora Lacs.
Legislao Comercial. v. nico / Debora Lacs Sichel. Rio de Janeiro : Fundao CECIERJ, 2009.
228p.; 19 x 26,5 cm.
ISBN: 978-85-7648-420-2
1. Direito comercial. 2. Sociedade por aes. 3. Contratos. 4. Sociedade por aes. 5. Legislao comercial. I. Ttulo.
CDD: 346.07
Fundao Cecierj / Consrcio CederjRua Visconde de Niteri, 1364 Mangueira Rio de Janeiro, RJ CEP 20943-001
Tel.: (21) 2299-4565 Fax: (21) 2568-0725
PresidenteMasako Oya Masuda
Vice-presidenteMirian Crapez
Coordenao do Curso de AdministraoUFRRJ - Ana Alice Vilas Boas
UERJ - Aluzio Belisrio
EDITORATereza Queiroz
REVISO TIPOGRFICACristina FreixinhoDiana CastellaniElaine BaymaPatrcia Paula
COORDENAO DE PRODUOJorge Moura
PROGRAMAO VISUALMrcia Valria de Almeida
ILUSTRAOSami de Souza
CAPASami de Souza
PRODUO GRFICAAndra Dias FiesFbio Rapello Alencar
Departamento de Produo
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Universidades Consorciadas
Governo do Estado do Rio de Janeiro
Secretrio de Estado de Cincia e Tecnologia
Governador
Alexandre Cardoso
Srgio Cabral Filho
UENF - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIROReitor: Almy Junior Cordeiro de Carvalho
UERJ - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIROReitor: Ricardo Vieiralves
UNIRIO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIROReitora: Malvina Tania Tuttman
UFRRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIROReitor: Ricardo Motta Miranda
UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROReitor: Alosio Teixeira
UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSEReitor: Roberto de Souza Salles
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Aula 1 Evoluo histrica do Direito Comercial ...........................................7
Aula 2 Empresrio registro escriturao ..............................................21
Aula 3 Estabelecimento empresarial nome empresarial marca............37
Aula 4 Formao da sociedade empresarial ...............................................59
Aula 5 Sociedades contratuais sociedade limitada .................................73
Aula 6 Sociedades por aes .....................................................................87
Aula 7 Ttulos de crdito ......................................................................... 105
Aula 8 Espcies de ttulo de crdito: Letra de Cmbio
e Nota Promissria ...................................................................... 119
Aula 9 Espcies de ttulos de crdito: Duplicata e Cheque ...................... 133
Aula 10 Protesto de ttulo de crdito e ao cambial ............................. 147
Aula 11 Contratos mercantis .................................................................. 157
Aula 12 Contratos mercantis compra e venda mercantil
e contratos intelectuais ............................................................. 167
Aula 13 Contratos bancrios .................................................................. 177
Aula 14 Direito Falimentar...................................................................... 193
Aula 15 Atividades de Legislao Comercial .......................................... 209
Referncias ............................................................................................ 223
Legislao Comercial Volume nico
SUMRIO
Todos os dados apresentados nas atividades desta disciplina so fi ctcios, assim como os nomes de empresas que no sejam explicitamente mencionados como factuais.Sendo assim, qualquer tipo de anlise feita a partir desses dados no tem vnculo com a realidade, objetivando apenas explicar os contedos das aulas e permitir que os alunos exercitem aquilo que aprenderam.
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Evoluo histrica do Direito Comercial
Esperamos que, aps o estudo do contedo desta aula, voc capaz de:
conceituar o Direito Comercial, delimitando seu mbito;
identificar as diversas fases do Direito Comercial;
reconhecer a evoluo do Direito Comercial no Brasil at os dias de hoje.
1ob
jetiv
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AULA
Meta da aula
Apresentar o Direito Comercial com nfase na construo da legislao atual.
Pr-requisito
Para que voc acompanhe com proveito esta aula, necessrio que se lembre
dos conceitos apresentados na disciplina Instituies de Direito
Pblico e Privado, oferecida no primeiro perodo deste curso.
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LA 1INTRODUO
CO N S T I T U I O D A RE P B L I C A FE D E R A T I V A D O BR A S I L
Lei maior vigente no Brasil, segundo a qual rege-se todo o ordenamento jurdico do pas. Foi promulgada em 5 de outubro de 1988 e constitui o Brasil como um Estado democrtico de Direito.
As bases do Direito Comercial moderno provm das relaes econmicas
decorrentes da economia de mercado. A ordem econmica e financeira tem
na atividade econmica, a incluindo o trabalho humano e a livre iniciativa, os
pilares da propugnada justia social. Verifica-se no Art. 170 da CONSTITUIO DA
REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL de 1988 que:
as relaes econmicas ou a atividade econmica devero ser
(estar) fundadas na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa,
tendo por fim (fim, delas, relaes econmicas ou atividade econmica)
assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social,
observados os seguintes princpios...
O Direito Comercial um ramo do Direito Privado que existe
ao lado do Direito Civil, recebendo profunda influncia do Direito
Pblico, sobretudo no que tange a certas regras proibitivas do exerccio
do comrcio. um conjunto de normas jurdicas que regulam a empresa
quanto a sua organizao e ao seu exerccio.
Em janeiro de 2002, foi promulgado o novo Cdigo Civil brasileiro
(Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002), que se destaca por disciplinar
a matria civil e tambm a matria comercial, realizando no pas, a
exemplo do que ocorreu na Itlia em 1942, a unificao legislativa do
DIREITO PRIVADO tradicional.
Esse novo Cdigo foi criticado por muitos, em razo do longo
tempo em que esteve em trmite no Congresso Nacional, j que o projeto
de 1975 (Projeto n 634/75).
DI RE I T O PR I V A D OConjunto dos preceitos e normas que regulam a condio civil dosindivduos e das coletividades organizadas (pessoas jurdicas), inclusive o Estado. Tambm os modos pelos quais se adquirem, conservam, desfru-tam e transmitem os bens e, ainda, as relaes de famlia e as sucesses.
Figura 1.1: A Constituio da Repblica do Brasil.
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LA 1
O novo Cdigo adotou a Teoria da Empresa, elaborada pelos
italianos, nas suas normas fundamentais. Com a teoria da empresa, o
Direito Comercial passa a ser baseado e delimitado na atividade econmica
organizada para a produo ou para a circulao de bens ou de servios,
libertando-se da arbitrria diviso das atividades econmicas segundo o seu
gnero, como previa a Teoria dos Atos de Comrcio, de origem francesa.
"Ir ao encontro de uma realidade j existente." Assim se refere o jurista Miguel Reale
unificao do Direito Comercial e do Direito Civil.Na verdade, nunca houve distino entre as obrigaes
civis e comerciais. O conceito de obrigao se aplica tanto ao ramo comercial quanto ao civil.
O novo Cdigo Civil de 2002 no fez a separao entre obrigaes comerciais e civis, pois a satisfao do credor ou o dever de
prestar do devedor ocorre em ambas as reas.??
Teoria dos Atos do Comrcio Idia adotada pela doutrina e legislao
francesa que enumera na lei as atividades comerciais considerando apenas o gnero e que exclui do regime
comercial importantes atividades econmicas, como por exemplo a prestao de servios em geral e a
atividade imobiliria.??J a Teoria da Empresa elaborada pelos italianos no se preocupa com
o gnero da atividade econmica. O que importa o desenvolvimento da
atividade econmica mediante a organizao de capital, trabalho, tecnologia
e matria-prima, resultando na criao e circulao de riquezas.
FORMAO HISTRICA DO DIREITO COMERCIAL
O acompanhamento do desenvolvimento histrico de qualquer
objeto de estudo de suma importncia para que o mesmo seja
entendido de maneira atemporal e dinmica, fugindo do erro de ser
visto e caracterizado pelas suas nuances contemporneas, prprias de
um dado momento histrico e sob a influncia de uma corrente filosfica
dominante. Nesse sentido, estudando a evoluo do Direito Comercial
atravs dos tempos e, inevitavelmente, do prprio comrcio , podemos
identificar seus elementos fundamentais e perenes.
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LA 1A Antigidade e as primeiras civilizaes
Apesar da completa falta de registros, acredita-se que o rudimentar
comrcio humano j possua algumas regras no que tange forma com que se
efetivava a troca de utilidades, o que pode ter contribudo para que o homem
primitivo desenvolvesse uma idia sobre valor e proporo. Por exemplo,
uma cabra correspondia a dez peixes ou a dois machados de pedra.
O Cdigo de Hamurabi (Babilnia) j previa alguns institutos
prprios do Direito Comercial, como o emprstimo a juros, os contratos
de sociedade e de depsito.
AV A R I A G RO S S A
Qualquer despesa extraordinria no prevista feita pelo comandante da embarcao mercante em benefcio da embarcao, da sua carga, e/ou aos demais interessados na expedio, durante a exposio martima.
CI V I L I Z A O H E L N I C A
A civilizao helnica ou grega comeou a existir por volta de 1200 a 1100 a.C., com a chegada dos drios ao sul da Pennsula Balcnica, conquistando os aqueus que a habitavam.
Os fencios, como grandes navegadores da Antigidade, j
tinham uma idia do que hoje chamamos de AVARIA GROSSA (para salvar
a embarcao, os prejuzos eram rateados).
Os gregos e os romanos
Com o desenvolvimento que nos deu a CIVILIZAO HELNICA, surgiram
regras sobre depsito de valores de particulares e a atividade bancria
se implementou, com capitalistas financiando viagens para a busca de
mercadorias no exterior.
Figura 1.2: Cdigo de Hamurabi.
O Cdigo de Hamurabi um dos mais antigos conjuntos de leis jamais encontrados, e um dos exemplos mais bem preservados deste tipo de documento da antiga Mesopotmia. Segundo os clculos, estima-se que tenha sido elaborado por volta de 1700 a.C. por Hamurabi, rei da Babilnia. Est gravadoem uma estela cilndrica de diorito, descoberta em Susa e conservada no Louvre.
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LA 1
Na antiga Roma, o comrcio era considerado prtica indigna
(menor) e no podia ser exercido pelos pais de famlia ou mesmo
pelos senadores, sendo exercido apenas pelos plebeus, homens e
mulheres livres que no tinham o direito de cidados e se dedicavam
ao comrcio, ao artesanato e aos trabalhos agrcolas. Contudo, como
o comrcio e sempre foi atividade bastante lucrativa, os cidados
romanos, testemunhando o sucesso econmico dos comerciantes,
acabaram contornando ou burlando as leis que lhes proibiam a prtica
comercial, criando sociedades que contribuam com capitais de scios
ocultos, embries de tipos societrios modernos.
Nesse perodo, surgiu tambm a idia de falncia do comerciante e
do desapossamento de bens do falido para o pagamento das suas dvidas.
Alm disso, com o desenvolvimento que teve o Direito Civil (jus civile),
sobretudo no que se refere a contratos e obrigaes, tambm houve
grande contribuio para formao do Direito Comercial moderno.
O feudalismo e as corporaes de mercadores
Com a queda da hegemonia do Imprio Romano surgiram os
FEUDOS da era medieval, em que dominava a doutrina crist que proibia
a usura (historicamente ligada cobrana de juros), mantendo a
caracterstica da mercancia de ser considerada uma atividade menor.
Nessa poca, predominava o Direito Cannico (da Igreja), que tinha
carter centralizador e fechado, sofrendo o comrcio e, sobretudo o Direito
Comercial, uma estagnao. Isto porque os feudos sobreviviam basicamente
com o que ou do que pudessem produzir, numa explorao econmica
FE U D O S
Propriedades nobres que o senhor de certos domnios
concede mediante a condio de vassalagem e
prestao de certos servios e rendas.
Figura 1.3: Mapa da civilizao helnica.
Macednia
Mar Egeu
Atenas
Imprio Persa
Trcia
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LA 1
a. Depois do que voc j leu nesta aula, como voc conceituaria o Direito Comercial e qual o seu objeto?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
b. Um rapaz procurou um advogado especialista em Direito Comercial com um problema relativo ao seus direitos trabalhistas junto empresa em que trabalha. O advogado disse que no poderia ajud-lo, que procurasse um advogado trabalhista. Justifique a resposta do advogado.___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Respostas Comentadasa. Esta uma resposta de carter pessoal. Voc dever usar suas prprias palavras
desde que defina que o Direito Comercial se baseia e se delimita na atividade
econmica organizada para a produo ou circulao de bens ou de servios.
b. Como voc viu no decorrer da aula, o Direito Comercial regula a atividade
empresarial, e as garantias trabalhistas esto fora do mbito comercial.
Atividade 1
que tinha por base as relaes entre o senhor feudal/servo e suserano/vassalo
voltando, somente a desenvolver-se aps as invases brbaras.
Paradoxalmente, foi durante o perodo feudal da Idade Mdia, nas
cidades hoje italianas de Florena e Gnova, que surgiram as coorporaes
de mercadores, consideradas pela doutrina a verdadeira origem do
Direito Comercial como o concebemos atualmente. Tais corporaes,
criadas por comerciantes, eram compostos por cnsules (espcie de juzes
que eram eleitos pela classe dos mercadores) que, ao dirimirem disputas
entre comerciantes, acabavam por criar JURISPRUDNCIA comercial. Com
isso, o embrionrio Direito Comercial surgiu de forma corporativista,
pois ocupava-se, no incio, apenas de conflitos envolvendo comerciantes
contra comerciantes e, depois, estendendo-se a causas entre comerciantes
e no-comerciantes.
JU R I S P R U D N C I A
Srie de julgados versando sobre o mesmo assunto, uniformes, que so usados como meio de interpretao e aplicao de leis ou, at, soluo de conflitos, por analogia.
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LA 1
ORD E N A E S
Compilao de leis portuguesas
que vigoraram de 1446 a 1867, at
ser aprovado o 1 Cdigo Civil de
Portugal. No Brasil, foram mantidas at
1916, quando se deu a promulgao do
nosso Cdigo Civil.
T T U L O D E CR D I T O
Documento que formaliza um
direito creditrio, que um direito
ao recebimento de determinado valor,
como no caso de compra e venda
a prazo. Pode ser ordem ou ao
portador. circulvel e capaz de realizar de
pronto o valor que representa.
AS FASES DO DIREITO COMERCIAL
Podemos dividir o Direito Comercial em trs fases: a primeira
a subjetiva-corporativista; a segunda a fase objetiva, e a terceira a
chamada Direito Empresarial (conceito subjetivo moderno).
A fase, chamada subjetiva-corporativista, que durou do sculo
XII at o sculo XVII, aquela na qual o Direito Comercial entendido
como sendo um direito fechado, classista e privativo, em princpio, das
pessoas matriculadas nas corporaes de mercadores. Foi nesse perodo
que nasceram, numa forma prxima do que temos hoje, os TTULOS DE
CRDITO. Estes so de fundamental importncia para o desenvolvimento
e a dinamizao das relaes comerciais, chegando a doutrina a dizer
que vivemos, hoje, em uma economia creditria.
Na Idade Moderna, juntamente com o declnio do sistema feudal
de organizao social, a queda de Constantinopla (1453) e a busca de
um novo caminho para as ndias, surgiram os Estados Nacionais,
de feio centralizadora e autoritria na figura do imperador. Esses
Estados acabaram por transformar em leis as prticas das corporaes
e a doutrina de estudiosos italianos, espanhis e franceses que haviam
se debruado sobre o assunto. Foi o tempo das ORDENAES.
Na Idade Contempornea a Revoluo Francesa (1789), com
princpios de igualdade e fraternidade, excluiu o privilgio de classe. Isso
fez com que o Direito Comercial deixasse de ser prprio dos comerciantes
para estar pautado nos atos de comrcio. Pode-se dizer que o Direito
Comercial, na fase objetiva, era extensivo a todos que praticassem
determinados atos previstos em lei, tanto no comrcio e na indstria como
em outras atividades econmicas, independentemente de classe. Tais atos,
por sua natureza, que determinavam o carter de comercialidade das
atividades, sendo, geralmente, aqueles que detinham escopo de lucro,
fito especulativo (visavam ao lucro) e mediao (negociao).
Figura 1.4: Nota promissria.
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LA 1
A terceira fase do Direito Comercial encontra-se em elaborao.
Essa fase corresponde ao Direito Empresarial (conceito subjetivo
moderno). De acordo com a tendncia, a atividade negocial no se
caracterizaria mais pela prtica de atos de comrcio (interposio habitual
na troca, com o fim de lucro), mas pelo exerccio profissional de qualquer
atividade econmica organizada, exceto a atividade intelectual, para a
produo ou circulao de bens ou servios.
Fases do Direito Comercial
1 fase: subjetiva-corporativista.2 fase: objetiva.
3 fase: Direito Empresarial.!!Marque (V) para a assertiva verdadeira e (F) para a assertiva falsa, justificando-a:a. O surgimento do Direito Comercial relaciona-se ascenso da classe burguesa, originando-se da necessidade de os comerciantes da Idade Mdia possurem um conjunto de normas para disciplinar a atividade profissional por eles desenvolvida. ( )b. Reunidos em corporaes de ofcio, os comerciantes criaram o Direito Comercial com base nos usos e costumes comerciais difundidos pelos povos que se dedicaram atividade comercial. ( )c. Com os romanos surgiu a ideia de falncia do comerciante e o desapossamento de bens do falido para pagamento das suas dvidas. ( )d. O Direito Comercial aparece na Antigidade elaborado pelos comerciantes reunidos nas corporaes para disciplinar suas atividades profissionais, caracterizando-se, no incio, como um direito corporativista e fechado, restrito aos comerciantes matriculados nas corporaes de mercadores. ( )
Atividade 2
Chegamos portanto segunda fase da evoluo de nosso objeto
de estudo, chamada perodo objetivo, que se inicia com o liberalismo
econmico.
O que liberalismo econmico?Liberalismo econmico: doutrina segundo a qual existe uma ordem natural para os fenmenos econmicos, a qual tende ao equilbrio pelo livre jogo da concorrncia e da no interveno do Estado. Hoje em voga, devido queda do projeto socialista de Estado do leste europeu e do fracasso do Estado Burocrtico ocidental em fazer o desenvolvimento econmico e social.
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O DIREITO COMERCIAL NO BRASIL
Dentro do contexto brasileiro, o Direito Comercial recebe da
doutrina uma classificao que o caracteriza em duas fases: a luso-brasileira
e a brasileira.
Fase luso-brasileira
O Direito Comercial brasileiro tem origem em 1808 com a
chegada da famlia real portuguesa ao Brasil e a abertura dos portos
s naes amigas.
Respostas Comentadasa. Verdadeiro. O Direito Comercial surge de forma corporativista. No incio
ocupava-se apenas de conflitos envolvendo comerciantes contra comerciantes.
b. Verdadeiro. Criou-se at mesmo uma srie de julgados versando sobre o mesmo
assunto que eram usados como meio de interpretao e soluo de conflitos.
c. Verdadeiro. Povos antigos trouxeram importantes contribuies para os
institutos jurdicos incorporados pelo Direito Comercial no decorrer de sua
evoluo histrica.d. Falso. Na Idade Mdia que o Direito Comercial tem o aspecto corporativista;
vai do sculo XII at o sculo XVIII. entendido como sendo um direito fechado,
classista e privativo, em princpio, das pessoas matriculadas nas corporaes
de mercadores.
Figura 1.5: Monumento comemorativo da chegada da famlia real ao Brasil.
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LA 1Da sua origem at o surgimento do Cdigo Comercial brasileiro,
ele disciplinava as atividades comerciais no pas, as leis portuguesas
e os Cdigos Comerciais da Espanha e da Frana, j que entre as leis
portuguesas existia a LEI DA BOA RAZO, prevendo que no caso de lacuna
da lei portuguesa, deveriam ser aplicadas as leis das naes crists,
iluminadas e polidas para dirimir os conflitos de natureza comercial.
Temos os seguintes fatos histricos em que o Brasil deixou de ser
apenas uma colnia de explorao portuguesa e comeou a adquirir
contornos de Estado organizado:
a. a fuga da famlia real de Portugal, trazendo toda uma
organizao de corte;
b. a promulgao da Lei de Abertura dos Portos, que propiciou
o livre estabelecimento de fbricas e manufaturas;
c. a criao da Real Junta do Comrcio, Agricultura, Fbricas e
Navegao, embrio das atuais Juntas Comerciais (rgo autrquico
que cuida do Registro do Comrcio);
d. a criao do Banco do Brasil (1808), com programas de emisso
de bilhetes pagveis ao portador, operaes de descontos, comisses,
depsitos pecunirios, saques de fundos por conta de particulares e do
Real Errio, para a promoo da indstria nacional.
O perodo brasileiro
Proclamada a independncia e convocada a Assemblia
Constituinte de 1823, por algum tempo ainda fizemos uso corrente de
legislao estrangeira, mas o esprito nacional do jovem Imprio passou
a exigir, como afirmao poltica de sua soberania, a criao de um
direito prprio. Em 1834, uma comisso de comerciantes apresentou ao
Congresso Nacional um projeto de Cdigo Comercial que, aps uma
tramitao de mais de 15 anos, originou o primeiro cdigo brasileiro,
o Cdigo Comercial (Lei n 556, de 25 de junho de 1850), que foi
baseado nos Cdigos de Comrcio de Portugal, da Frana e da Espanha.
O Cdigo Comercial brasileiro adotou a teoria francesa dos atos de
comrcio. Assim, para se qualificar como comerciante e submeter-se
ao Direito Comercial, bastava a prtica habitual de atos de comrcio.
Observamos, a partir da, os seguintes fatos como relevantes:
a. a promulgao de Cdigo Comercial (1850), revogado pelo
Cdigo Civil de 2002;
LE I D A BO A RA Z O
Promulgada em 18/8/1769, previa o apenamento do advogado que se valia de interpretaes maldosas e enganosas nos processos judiciais.
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LA 1b. a aprovao dos Regulamentos 737 e 738, que, respectivamente,
estabeleciam os Atos de Comrcio e o Processo Comercial (este
ltimo substitudo pelo Cdigo de Processo Civil de 1939);
c. as leis especiais sobre Sociedades por Cotas de Responsabilidade
Ltda. (1919), a Conveno de Genebra (Lei Uniforme) sobre
Ttulos de Crdito, a Lei das Sociedades Annimas etc.;
d. o Cdigo das Obrigaes, que pretendeu unificar todo o Direito
Privado (Civil e Comercial) em um s texto Projeto de Lei
634/75, que tramitou pelo Congresso Nacional por quase trinta
anos (Novo Cdigo Civil).
O DIREITO COMERCIAL ATUALMENTE NO BRASIL
O novo Cdigo Civil entrou em vigor em janeiro de 2003,
revogando expressamente o Cdigo Civil de 1916 (Lei n 3.071, de 1
de janeiro de 1916) e a Parte Primeira do Cdigo Comercial (Lei n 556,
de 25 de junho de 1850), que tratava do comrcio em geral. Em razo
da chamada unificao legislativa, necessrio destacar alguns aspectos
referentes autonomia jurdica do Direito Comercial e a evoluo
proporcionada a esse ramo do Direito Privado com o surgimento do novo
Cdigo, afastando-se, de imediato, qualquer entendimento precipitado
que possa sugerir o fim ou o desprestgio do Direito Comercial no pas
pela insero de suas normas fundamentais no Cdigo Civil.
A autonomia legislativa de determinado ramo do Direito resulta
de uma opo do LEGISLADOR. O fato de o Direito Comercial possuir as
suas normas fundamentais inseridas em um Cdigo ao lado das normas
do Direito Civil no prejudica a sua autonomia jurdica.
No novo Cdigo Civil, a matria de natureza comercial
disciplinada no Livro II da Parte Especial, que possui 229 artigos e
denomina-se Do Direito de Empresa, no se confundindo a natureza
comercial desses dispositivos com os demais artigos do Cdigo. Portanto,
a matria comercial no se confunde com a matria civil no novo Cdigo
Civil, sendo um dos fatores que evidenciam a autonomia jurdica do
Direito Comercial.
Importantes temas comerciais no esto disciplinados no novo
Cdigo Civil. O Livro Do Direito de Empresa no disciplina a falncia
e a concordata, no trata dos ttulos de crdito em espcie, remete para a
LE G I S L A D O RAquele que
estabelece ou faz as leis.
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LA 1lei especial a disciplina legal da sociedade annima, no se refere aos bens
industriais (marcas de produtos ou servios, desenho industrial, inveno
e modelo de utilidade), no disciplina a concorrncia empresarial e no
faz referncia a importantes contratos empresariais.
Apesar dessas vrias crticas ao novo Cdigo Civil, deve-se
ressaltar os benefcios proporcionados ao Direito Comercial, como por
exemplo a adoo da Teoria da Empresa nas suas normas fundamentais,
que vem consolidar a ampliao da abrangncia do Direito Comercial
no pas, tendncia verificada nos ltimos trinta anos na doutrina, na
legislao e na jurisprudncia.
O novo Cdigo Civil brasileiro surge como referncia do incio
de uma nova fase do Direito Comercial brasileiro, contribuindo para a
sua evoluo no pas, ao contrrio do que possa sugerir, de imediato, a
unificao legislativa realizada. O Cdigo Civil de 2002 aparece para
transpor o perodo de transio do Direito Comercial, consolidando-o
como o direito da empresa, maior e mais adequado para disciplinar o
desenvolvimento das atividades econmicas no pas.
CONCLUSO
A definio do objeto de estudo do Direito Comercial, com o
progresso da tcnica e da economia de massa, desloca-se da noo de ato
para a noo de atividade. No fim do sculo XIX notava-se a profunda
transformao na estrutura do sistema capitalista, que deflagrou a Primeira
e Segunda Guerra bem como as grandes crises de 1921 e 1929. As pequenas
empresas, submetidas lei do mercado, prpria do capitalismo industrial
dos sculos XVIII e XIX, vo pouco a pouco sendo substitudas pelos
grandes organismos econmicos com produo em massa. A produo
isolada vai sendo progressivamente substituda pela atividade mercantil e
industrial em srie. Essa atividade impe uma crescente especializao e a
criao de organismos cada vez mais complexos. Cria-se um novo ponto
de referncia para o Direito Comercial, a atividade negocial visando a uma
finalidade econmica unitria e permanente. Chega-se assim ao conceito
de atividade econmica organizada e, portanto, noo de empresa, como
ncleo do direito mercantil.
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LA 1
Imagine uma sesso do Tribunal do Jri em que esto sendo julgadas duas opinies:
uma, contrria insero do Direito Comercial no Cdigo Civil, e a outra com os
benefcios dessa insero.
a. Coloque pelo menos, dois argumentos de cada posio.
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b. Agora, d a sua opinio, justificando-a.
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Respostas ComentadasQuanto posio contrria insero do Direito Comercial no Cdigo Civil, voc pode
escolher diversos aspectos (um deles, imprescindvel dizer que diminui a autonomia do
Direito Comercial em face do Direito Civil). Em contrapartida, um dos maiores benefcios
dessa insero a unificao legislativa do Direito Privado.
A segunda parte da Atividade Final diz respeito a uma opinio que voc deve
ter formado aps a leitura desta aula.
Atividade Final
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Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial
INFORMAES SOBRE A PRXIMA AULA
A prtica reiterada de atos negociais feita de maneira organizada e unificada,
ou seja, a atividade negocial visando a uma finalidade econmica unitria e
permanente feita por um mesmo sujeito, isto , o empresrio, ser o objeto de
estudo da prxima aula.
A prtica comercial um sistema de longa data nos nossos costumes.
O Direito como uma cincia que procura harmonizar as prticas comerciais.
O Direito Comercial, bem como a sociedade, passou por diversas fases at os dias
de hoje. Est longe de concluir a sua trajetria, pois j temos novos fatores que
influenciam nosso dia-a-dia, como o mundo virtual.
R E S U M O
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Empresrio registro escriturao
Esperamos que, aps o estudo do contedo desta aula, voc seja capaz de:
descrever e distinguir a atividade empresarial;
explicar a obrigatoriedade do registro do empresrio e da sociedade empresarial no Registro Pblico de Empresas Mercantis;
ordenar os principais livros de escriturao do empresrio.
2ob
jetiv
os
AULA
Metas da aula
Definir empresrio, explicando sua inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis e demonstrar a obrigatoriedade e a forma
da escriturao de informaes da empresa.
Pr-requisitos
Para que voc acompanhe com proveito esta aula, necessrio que voc
se lembre dos conceitos apresentados na disciplina de Direito Pblico e Privado,
oferecida no primeiro perodo deste curso, bem como da
primeira aula desta disciplina.
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LA 2INTRODUO
PE S S O A D E D I RE I T O
Pessoa que capaz de criar vnculos jurdicos, na atividade negocial; pode-se criar uma sociedade que ser capaz de contratar, acordar, empreender e, assim, responder perante a sociedade com responsabilidades.
O empresrio um produtor impulsionado pelo lucro, consciente de que constitui
uma pea importante no mecanismo da sociedade humana. Ele se dedica ao
exerccio de uma atividade organizada, destinada produo ou circulao de
bens ou servios, na qual se refletem expressivos interesses coletivos.
Dois elementos fundamentais servem para caracterizar a figura do empresrio:
a iniciativa e o risco. O poder de iniciativa pertence-lhe exclusivamente.
Cabe-lhe, com efeito, determinar o destino da empresa e o ritmo de sua
atividade. O Cdigo Civil italiano (Art. 2.082) define a figura do empresrio:
empresrio quem exercita profissionalmente uma atividade econmica
organizada para o fim de produo ou troca de bens ou de servios.
J no nosso Cdigo no h distino entre empresrio comercial ou civil.
A definio de empresrio genrica e exige sua inscrio no Registro Pblico
de Empresas Mercantis. O empresrio civil equipara-se ao empresrio rural,
facultando a este sua inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis.
O EMPRESRIO E A EMPRESA
Com o nome de empresrio esto compreendidos tanto aquele
que, de forma singular, pratica profissionalmente atividade negocial,
como a PESSOA DE DIREITO constituda para o mesmo fim. Ambos praticam
atividade econmica organizada para a produo, transformao ou
circulao de bens e prestao de servios.
O conceito de empresa estritamente econmico e o Cdigo Civil de
2002 definiu empresrio em seu Art. 966 que diz: Considera-se empresrio
quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a
produo ou a circulao de bens ou de servios. Ento, depreende-se da
leitura deste artigo que empresrio quem exerce a atividade empresarial
profissionalmente. J empresa a forma organizada para a produo ou
a circulao de bens e servios.
Assim, por tratar-se de qualificao profissional, a condio de
empresrio reclama a congregao de alguns requisitos bsicos:
1. capacidade jurdica;
2. ausncia de impedimento legal para o exerccio da empresa;
3. efetivo exerccio profissional da empresa;
4. registro obrigatrio.
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LA 2 Vamos, agora, explicar cada item anterior:
1. Da capacidade jurdica
Todo ato jurdico tem, como condio primria de validade,
a capacidade de quem o pratica. Toda pessoa que estiver em pleno
gozo da sua capacidade civil, e no for legalmente impedido, pode
exercer a atividade de empresrio. Nossa legislao enumera os que so
absolutamente incapazes para exercer a atividade empresarial:
os menores de 16 anos;
os que no tiverem o necessrio discernimento para prtica
desses atos por enfermidade, deficincia mental ou mesmo
por causa transitria.
J os relativamente incapazes, ou seja, que precisam ser
representados para praticarem atos na vida civil so:
os maiores de 16 e menores de 18 anos;
os brios, os viciados em txicos e aqueles que, por deficincia
mental, tenham o discernimento reduzido;
os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
os prdigos.
2. Da ausncia de impedimento legal para o exerccio da empresa
Algumas profisses reclamam condio especial de aptido. No
pode, por exemplo, ser mdico quem no formado por curso regular
de medicina. Ao assegurar o exerccio da atividade de empresrio aos
plenamente capazes, o Art. 972 do Cdigo Civil s impe uma condio,
isto , podero faz-lo aqueles que no forem legalmente impedidos.
H determinadas pessoas, plenamente capazes, a quem a lei veda
a prtica profissional da empresa. A proibio se funda em razes de
ordem pblica decorrentes das funes que exercem. No se trata de
incapacidade jurdica, mas de incompatibilidade da atividade negocial em
relao a determinadas situaes funcionais. Portanto, no so incapazes,
mas praticam irregularmente atos vlidos. Ex.: Principalmente por uma
questo tica, os magistrados so impedidos de fazer parte de sociedade
empresarial. Imagine uma empresa de fornecimento de quentinhas e
que o scio majoritrio seja um magistrado. Um empregado sente-se
injustiado e recorre justia do trabalho para haver seus direitos.
O juiz ter de se expor e comparecer em juzo. Pode tambm acontecer que
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LA 2o Tribunal de Justia abra uma concorrncia para contratar uma empresa
de fornecimento de quentinhas. Desse contrato surgem inmeras relaes
jurdicas que podem ser conflitantes com a atividade judicante.
Se, ainda que contrariando a lei, aquelas pessoas insistirem em
exercer a atividade empresarial em nome prprio, praticaro atos vlidos,
embora fiquem sujeitas a diversas sanes.
Figura 2.1: Empresa de quentinhas.
No plano penal, fica sujeito priso simples ou multa quem
pratica atividade da qual foi impedido, conforme previsto no Art. 47 do
CDIGO PENAL. No mbito administrativo, se forem agentes pblicos ficaro
expostos demisso, nos termos do respectivo estatuto funcional.
A palavra sano tem, sob o aspecto jurdico,
dois significados. A aprovao por parte do chefe do poder
Executivo, de um projeto de lei j aprovado pelo Legislativo um deles. O outro significado a sano como pena
para quem transgride a lei.??
C D I G O PE N A LEstatuto em que so definidos os delitos e cominadas as sanes punitivas para cada espcie de infrao.
Figura 2.2: O Cdigo Penal.
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LA 2 No simples arrolar todos os que so impedidos de exercer
atividade empresarial. Sendo a proibio uma restrio ao exerccio de
um direito, ela deve ser expressa. No lcito inferi-la por deduo, nem
aplic-la por analogia. Em outras palavras, a lei diz quem est impedido
de ser empresrio. So eles:
militares, de acordo com o Art. 29 da Lei 6.880/80, esto
impedidos de exercer a atividade empresarial ou integrar a
administrao ou gerncia de sociedade empresarial ou, ainda,
dela ser scio, salvo como acionista ou cotista. crime previsto
no Art. 204 do Cdigo Penal Militar;
agentes pblicos, de acordo com o Art. 117 inciso X da Lei
n 8.112/90, podem ser acionistas, cotistas, ou seja, scios
de responsabilidade limitada, mas no empresrios nem
administradores ou gerentes de empresa privada;
magistrados e membros do Ministrio Pblico, de acordo com
o Art. 95, pargrafo nico, da Constituio Federal e Art. 128
5, inciso II c, da Constituio Federal, esto impedidos de
ter participao em sociedade empresarial, esta entendida como
exerccio de funes administrativas e gerenciais suscetveis de
granjear-lhes responsabilidade penal e responsabilidade civil
ilimitada. Realmente, intuito de lucro e de aliciar clientela,
inerentes ao exerccio profissional da gesto empresarial, so
inconciliveis com os elevados misteres atribudos aos juzes
de direito e promotores de justia;
deputados e senadores, de acordo com os Arts. 54 e 55
da Constituio Federal, no podero ser proprietrios,
controladores ou diretores de empresa que goze de favor
decorrente de contrato com pessoa jurdica de direito pblico,
nem exercer nela funo remunerada ou cargo de confiana;
estrangeiro com visto provisrio, de acordo com o Art. 98 da
Lei 6.815/89, no pode estabelecer-se com firma individual ou
exercer cargo ou funo de administrador, gerente ou diretor
de sociedade empresarial ou simples;
leiloeiros, de acordo com o Art. 36 do Decreto n 21.891/32,
so proibidos de exercer a atividade empresarial, bem como
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LA 2constituir sociedade empresarial sob pena de destituio;
despachantes aduaneiros, de acordo com o Art. 10 inciso I do
Decreto n646/92, no podem manter empresa de exportao
ou importao de mercadorias nem podem comercializar
mercadorias estrangeiras no pas.
3. Do efetivo exerccio profissional da empresa
Mesmo capaz, no impedido e regularmente matriculado no
Registro Pblico de Empresas, a pessoa s ser considerada empresria
se o fizer:
profissionalmente (no esporadicamente);
em nome prprio (no em nome de outrem);
com intuito de lucro (no graciosamente).
Qualquer pessoa pratica, ocasionalmente, atos negociais, sem que
por isso seja empresrio. a natureza profissional (prtica ordenada e
habitual, com fins lucrativos) que confere ao empresrio essa condio.
Por outro lado, bom ter em mente que profissionalidade no implica
exclusividade. O exerccio da atividade empresarial no precisa ser a
nica profisso do empresrio. Por exemplo, ele pode ser jogador de
futebol e agricultor. Pode ter a profisso de jogador de futebol e exercer
empresarialmente a atividade de agricultor.
Figura 2.3.a: Um empresrio em plena atividade.
Fonte: www.sxc.hu/photo/671428
Figura 2.3.b: O empresrio na sua atividade esportiva.
Fonte: www.sxc.hu/photo/594944
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LA 2
CNPJ/MFCadastro Nacional
da Pessoa Jurdica ou CNPJ um nmero nico que identifica uma pessoa jurdica
junto Receita Federal brasileira
(rgo do Ministrio da Fazenda). Ele
necessrio para que a pessoa jurdica tenha
capacidade de fazer contratos e processar
ou ser processada. Um nmero tpico de CNPJ tem o formato:
03.847.655/0001-98. O CNPJ veio
substituir o CGC, Cadastro Geral de
Contribuintes.
4. Do registro obrigatrio
Empresariar uma atividade que envolve a fruio de direitos
e a assuno de obrigaes. Por isso, o empresrio deve cumprir
determinadas obrigaes legais inerentes ao exerccio regular de sua
profisso. Registrar-se no Registro Pblico de Empresas Mercantis
(RPEM) um dos principais deveres do empresrio, a oficializao de
sua condio. obrigatria a inscrio, diz o Art. 967 do Cdigo Civil,
antes do incio da atividade. Isto quer dizer que a prtica profissional
da empresa s se caracteriza quando regular. Vigora o princpio da
regularidade do exerccio empresarial. O direito s reconhece a empresa
quando iniciada conforme a lei.
Por isso, no demais enfatizar que o registro no mero
complemento formal. No caso da sociedade empresria, a ausncia de
registro implica a no-personificao jurdica, ou seja, a responsabilizao
pessoal, solidria e ilimitada dos scios. No momento do registro, a
sociedade ganha personalidade jurdica e torna-se, ento, responsvel por
seus atos no decorrer de sua vida jurdica. Por exemplo, ao se levantar
um emprstimo no banco a sociedade empresarial ter de pagar, pois
comprometeu-se a faz-lo por meio de um contrato em que os scios
a representaram. Caso a sociedade no cumpra o que foi contratado,
os scios se responsabilizaro pessoalmente, ilimitadamente ou no e
solidariamente ou no, dependendo do tipo de sociedade.
No campo tributrio, as conseqncias so serssimas, medida
que, impossibilitado de obter o CNPJ/MF, o empresrio informal no
pode emitir nota fiscal nem duplicata, iniciando-se no terreno delituoso
da sonegao fiscal.
Para o empresrio rural, o registro facultativo
(Art. 971 do CC de 2002), mas, se o fizer, receber tratamento legal idntico
quele dispensado ao empresrio sujeito a registro.??
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LA 2
Descrio da atividade empresariala. Quais os elementos fundamentais para caracterizar o empresrio?b. Fernanda para ajudar na renda familiar faz pes e vende-os todos os dias aps o expediente do trabalho, no curso que freqenta diariamente e, nos finais de semana, na feirinha do bairro em que mora. Fernanda est procurando uma pessoa para ajud-la. Voc sugeriria que Fernanda se inscrevesse como empresria? Quais os requisitos bsicos para que Fernanda se torne uma empresria?
Respostas Comentadasa. Dois elementos fundamentais servem para caracterizar a figura do empresrio:
a iniciativa e o risco. O poder de iniciativa pertence-lhe exclusivamente. Cabe-lhe,
com efeito, determinar o destino da empresa e o ritmo de sua atividade.
b. A Exposio de Motivos do novo Cdigo Civil traz os traos do empresrio
definidos em trs condies:
a. exerccio de atividade econmica e, por isso, destinada criao de riqueza
pela produo de bens ou de servios ou pela circulao de bens ou servios
produzidos;
atividade organizada, por meio da coordenao dos fatores da produo
trabalho, natureza e capital em medida e propores variveis, conforme a
natureza e o objeto da empresa;
exerccio praticado de modo habitual e sistemtico, ou seja, profissionalmente,
o que implica dizer em nome prprio e com nimo de lucro.
Atividade 1
REGISTRO DE EMPRESAS
Assim como os empresrios as empresas tambm devem ser
registradas. A Lei n 8.934 de 18 de novembro de 1994 dispe sobre o
Registro Pblico das Empresas Mercantis. O nosso sistema de registro
mercantil pode ser assim desenhado:
RGO CENTRAL
DEPARTAMENTONACIONAL DEREGISTRO DO
COMRCIO
RGO LOCAIS
JUNTAS COMERCIAIS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL
(EM NMERO DE 27)
Delegacias Outras unidades desconcentradas
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LA 2Funes do DNRC como rgo Central:
Superviso, orientao, coordenao e normatizao, no plano
tcnico; e supletiva no plano administrativo.
Funes das Juntas comerciais como rgos locais:
Execuo e administrao dos servios de registro.
Por registrar a empresa, entendemos arquivar na Junta Comercial do
Estado os documentos relativos constituio, s alteraes da empresa,
sua dissoluo e extino. Tambm esto sujeitas a esse procedimento as
empresas individuais, as sociedades cooperativas, bem como as empresas
que formam um consrcio e grupos de sociedade empresarial e, ainda, as
empresas estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil.
A origem das Juntas Comerciais
Com as mudanas provocadas na sociedade pela revoluo industrial e com a substituio gradativa do homem
pela mquina, tornou-se necessrio criar mecanismos reguladores para salvaguardar os interesses das partes envolvidas nos atos comerciais.
O fato de nosso pas j possuir uma legislao comercial, deslanchou o desenvolvimento econmico, iniciado com a vinda da Famlia Real e com a
abertura dos portos s naes amigas, culminando com a Junta Real do Comrcio, Agricultura,Fbricas e Navegao do Brasil.
Ao ser editado o Cdigo Comercial de 1850, essa junta foi extinta e foram criados trs Tribunais do Comrcio nas cidades do Rio de
Janeiro, So Salvador e Recife, tribunais esses que foram extintos em 1875 e criadas as Juntas
do Comrcio.
??A Junta Comercial, no exerccio de suas funes registrarias, est
adstrita aos aspectos exclusivamente formais dos documentos que lhe
so dirigidos. No lhe compete negar a praticado ato registral.
A composio de uma Junta Comercial integrada pelos seguintes
rgos:
presidncia, como rgo diretivo e representativo;
plenrio, como rgo deliberativo superior;
turmas, como rgos deliberativos inferiores;
secretaria-geral, como rgo administrativo;
procuradoria, com rgo de fiscalizao e de consulta jurdica.
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PE C U L A T OCrime contra a administrao em geral que consiste no fato de o funcionrio pblico apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem mvel, pblico ou particular, de que tem a posse em razo do cargo ou desvi-lo em proveito prprio ou alheio.
O Plenrio, composto de VOGAIS e respectivos suplentes,
ser constitudo pelo mnimo de 8 (oito) e o mximo de 20 (vinte) vogais, nomeados no Distrito
Federal pelo Ministro de Estado da Justia, e nos estados, pelos governos dessas circunscries, entre brasileiros
que satisfaam s seguintes condies: estejam em pleno gozo dos direitos civis e polticos;
no estejam condenados por crime cuja pena vede o acesso a cargo, emprego e funes pblicas, ou por crime de prevaricao,
falimentar, corrupo, CONCUSSO, PECULATO contra a propriedade, a f pblica e a economia popular;
sejam, ou tenham sido, por mais de cinco anos, titulares de firma individual, scios ou administradores de sociedade,
valendo como prova para esse fim a certido expedida pela Junta Comercial;
estejam quites com o servio militar e o servio eleitoral.
??Para se requerer o arquivamento dos documentos de constituio
de empresa so necessrios:
o instrumento original de constituio, modificao ou extino
de empresas, assinado pelo titular, pelos administradores, scios
ou seus procuradores;
a certido criminal do registro de feitos ajuizados, comprobatria
de que inexiste impedimento legal participao de pessoa fsica em
empresa, como titular ou administradora, por no estar incurso nas penas
de crime cuja pena vede o acesso a cargo, emprego e funes pblicas,
ou por crime de prevaricao, falncia fraudulenta, suborno, concusso,
peculato, contra a propriedade, a f pblica e a economia popular;
ficha cadastral segundo modelo aprovado pelo DNRC;
comprovantes de pagamento dos preos correspondentes;
prova de identidade dos titulares e dos administradores da
empresa.
CO N C U S S ODelito que consiste no fato de o funcionrio pblico, no exerccio ou no de suas funes, ou mesmo antes de assumi-las, mas abusando da influncia destas, exigir ou perceber, direta ou indiretamente, para si ou para terceiro, quaisquer vantagens ou quantias no devidas.
VO G A LTodo aquele que tem voto em um tribunal. Membro do tribunal que nos julgados no exerce as funes de relator ou de revisor.
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LA 2ESCRITURAO
Voltando ao registro de empresas. Para se arquivar o contrato de
sociedade empresarial na Junta Comercial imprescindvel que este seja
visado por advogado, com a indicao do nome e nmero de inscrio
na respectiva Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.
Uma outra obrigao do empresrio e da sociedade empresarial
manter a escriturao. Entende-se por escriturao:
seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou no, com
base na escriturao uniforme de seus livros, em correspondncia
com a respectiva documentao;
ter os livros necessrios para esse fim devidamente autenticados;
conservar sob sua guarda toda a escriturao, correspondncia
e demais papis pertencentes ao giro de sua atividade, enquanto
no prescreverem as aes que lhes sejam relativas;
levantar, anualmente, o balano patrimonial e o de resultado
econmico.
Essa escriturao deve ser feita em idioma e moeda corrente
nacionais. Deve-se observar: forma contbil, cronolgica, sem lacunas,
intervalos, borres, rasuras, emendas ou transporte para as margens.
O nico instrumento obrigatrio do empresrio para manter sua
escriturao o livro-dirio. O Dirio o registro histrico da atividade
negocial. Nele, o empresrio obrigado a lanar com individualidade e
clareza todas as suas operaes de comrcio, letras e outros quaisquer
papis de crdito que passar, aceitar, afianar ou endossar e, em geral,
tudo quanto receber e despender de sua conta ou alheia. Os comerciantes
varejistas devero lanar diariamente no Dirio a soma total das suas
vendas a dinheiro e, em lugar separado, a soma total das suas vendas
fiadas no mesmo dia.
A adoo do regime de vendas, com prazo superior a 30 dias,
obriga o vendedor a ter e a escriturar o Livro de Registro de Duplicatas.
Nele, sero escrituradas, cronologicamente, todas as DUPLICATAS emitidas
com o nmero de ordem, data e valor das faturas originrias e data de
sua expedio; nome e domiclio do comprador; anotaes das reformas;
prorrogaes e outras circunstncias necessrias.
DU P L I C A T ATtulo de crdito
extrado da nota fiscal.
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LA 2O livro-dirio, como o prprio nome expressa, utilizado para o registro
dirio, na seqncia, por ordem de acontecimento (ordem cronolgica) de todos os fatos que vierem a ocorrer na empresa. O fato a ressaltar que, devido a sua escriturao ser efetuada pela ordem cronolgica, embaralha as contas, dificultando, com isso, o exame individualizado das mesmas.A escriturao do livro-dirio tem um passado histrico, pois, por muito tempo, foi escriturado com os lanamentos efetuados mo, ou seja, caneta. Os contadores utilizavam-se das famosas canetas tinteiros" e faziam uma caligrafia impecvel, linda, quase que desenhada. Este tipo de escriturao ainda era muito utilizado at o incio dos anos 1970.Posteriormente, o livro-dirio passou a ser escriturado em mquina de datilografia comum, mas com um adaptador, que permitia a escriturao do livro-dirio simultaneamente a do livro-razo (fichas razo).Voc pode se perguntar: Como era escriturado um livro em uma mquina de datilografia?Na verdade, no era escriturado um livro e sim formulrios especficos para contabilidade adquiridos em papelarias. Estes formulrios j vinham com um carbono especial (copiativo) e, depois de datilografados, aproveitava-se apenas a segunda via que era copiada para placas ou rolos de gelatina e destes seriam recopiados para os livros.
Tabela 2.1: Modelo de um livro-dirio de uma empresa
DIRIO GERAL
Empresa: Comercia Jc. Leite Ltda. Ms: Janeiro/2001 Pg. 002
Conta debitada
Conta creditada
Dia Histrico Valor
2.1.1.001.003 1.1.1.001.001 03 Pgto da Guia INSS 12/200 272,00
1.1.1.001.001 3.0.0.001.001 05 Venda vista conf NF 65 380,00
2.1.1.002.001 1.1.1.001.001 07 Pgto Assist Contbil 12/00 130,00
2.1.1.002.002 1.1.1.001.001 07 Pgto Pro-Labore ms 12/00 1.230,00
1.1.1.001.001 3.1.1.001.001 08 Venda vista conf NF 66 1.700,00
1.1.1.001.001 3.1.1.001.001 09 Venda vista conf NF 67 735,00
2.1.1.001.002 1.1.1.001.001 14 Pgto da Guia Confins ms 12/00 283,03
1.1.1.001.001 3.1.1.001.001 14 Venda vista conf NF 68 357,00
2.1.1.001.001 1.1.1.001.001 14 Pgto da Guia PIS ms 12/00 61,32
1.1.1.001.001 3.1.1.001.001 21 Venda vista conf NF 69 7.889,00
111.001.001 3.1.1.001.001 24 Venda vista conf NF 70 279,00
3.1.2.001.001 2.1.1.001.001 31 Vr PIS- Faturamento 01/01 73,71
3.1.2.001.002 2.1.1.001.002 31 Vr Confins ms 01/01 340,20
3.1.2.001.003 2.1.1.001.003 31 Vr INSS ms 01/2001 272,00
3.3.1.001.003 1.1.1.001.001 31 Pgto Guia Cont. Sindical 29,60
2.1.1.001.005 1.1.1.001.001 31 Pgto Guia Contr. Social 12/00 108,29
2.1.1.001.005 1.1.1.001.001 31 Pgto Guia IRPJ 12/00 871,33
Fonte: www.contabiliza.com.br/Os%20Livros%20cont.html
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LA 2Conforme as caractersticas de cada empresrio, outros instrumentos
de escriturao so exigidos, como por exemplo para os corretores de
navios, armazns-gerais, tradutores pblicos. Alm desses, a legislao fiscal
determina a escriturao de outros livros, conforme a atividade econmica do
estabelecimento. Para esse fim, os estabelecimentos industriais, os atacadistas,
os varejistas e os que mantm atividade enquadrada no regime de pagamento
de imposto por estimativa devero adotar os seguintes livros:
registro de entradas e registro de sadas;
registro de utilizao de documentos fiscais e termos de
ocorrncias;
registro de inventrio;
registro de apurao do ICMS.
No caso dos estabelecimentos industriais, tambm devem ser adotados
os livros de controle de produo e de estoque e o livro de apurao do IPI.
Tambm os atacadistas devero possuir o livro de controle de produo
e de estoque. A escriturao do livro de registro de apurao do ICMS
facultativa no caso de contribuinte enquadrado no sistema de pagamento
de imposto por estimativa.
Os referidos livros sero apresentados para autenticao do
rgo fiscal, com os termos de abertura e encerramento preenchidos e
assinados, como condio de validade de seu registro, comprovado pelo
visto da repartio aludida.
O empresrio dono de sua escriturao e responde por ela. Por
conseguinte, tem o direito de guard-la e, bem assim, o de no revelar
seu contedo a outrem, seno nas hipteses determinadas em lei. Nela
esto inscritos os traos das operaes, sua histria profissional e de
seus negcios. justo que a mantenha sob reserva, justificando-se essa
precauo em virtude do aumento da livre concorrncia, da complexidade
da vida comercial, do desenvolvimento do crdito e, ainda, por exigncia
implcita de terceiros.
O sigilo da escriturao , em princpio, mais que um direito, uma
obrigao do empresrio. O Art. 1.190 do CC de 2002 determina que,
exceto nos casos expressos em lei, nenhuma autoridade, mesmo judiciria,
sob qualquer pretexto, poder fazer ou determinar diligncia para
verificar se o empresrio ou a sociedade observam em sua contabilidade
as formalidades legais.
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LA 2
CONCLUSO
Como voc viu, atividade empresarial uma atividade complexa
e envolve conhecimentos de vrias reas. O Direito normatiza a atividade
empresarial e regulamenta o registro e a escriturao das empresas.
1. Qual o livro imprescindvel para a escriturao da empresa?
2. O Municpio fictcio de Vivendas Verde abriu uma linha de crdito para
os agricultores da regio. Um dos pr-requisitos para a obteno deste benefcio
era o agricultor estar registrado na Junta Comercial como empresrio rural. Voc foi
procurado por um plantador de hortalias que gostaria de conseguir esse benefcio.
O que voc diria a ele. A lei diferencia o empresrio rural?
Atividades Finais
1 3
Entendendo o registroQue tal usarmos esse momento da aula para olharmos o nosso Cdigo Civil. Caso voc no possua o Cdigo Civil, visite o site governamental www.planalto.gov.br para ter acesso a sua verso online.1. O que se entende por princpio da regularidade do exerccio empresarial?2. No que consiste a escriturao da empresa?
Respostas Comentadas1. A prtica profissional da empresa s se caracteriza quando regular. O Direito s
reconhece a empresa quando iniciada conforme a lei. Artigo 967 do Cdigo Civil.
2. De acordo com o Art. 1179 do Cdigo Civil escriturao de uma empresa
consiste em seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou no, com
base na escriturao uniforme de seus livros, em correspondncia com
a respectiva documentao e levantar anualmente, o balano patrimonial e o
de resultado econmico. Os livros obrigatrios antes de postos em uso devem
ser autenticados no Registro Pblico de Empresas Mercantis (Art. 1.181 do
Cdigo Civil); e, por ltimo, o empresrio deve conservar sob sua guarda toda
a escriturao,correspondncia e demais papis pertencentes ao giro de sua
atividade,enquanto no prescreverem as aes que lhes sejam relativas
(Art. 1.194 do CC de 2002).
Atividade 2
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Legislao Comercial | Empresrio registro escriturao
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LA 2
Pode-se dizer que o Registro Pblico de Empresas Mercantis existe para
dar garantia, publicidade, autenticidade, segurana e eficcia aos atos
jurdicos das empresas; cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em
funcionamento no pas e manter atualizadas as informaes pertinentes e
para proceder matricula dos agentes auxiliares das empresas, bem como
seu cancelamento.
A escriturao a radiografia da empresa. Por isso, a lei impe ao empresrio
o dever de manter a escriturao em ordem. de seu prprio interesse, seja
para atender os ditames legais, proporcionando a fiscalizao tributria,
seja para a eventualidade de fazer prova em juzo.
O Dirio o nico livro empresarial obrigatrio, onde so lanadas,
diariamente, por escrita direta ou reproduo, todas as operaes
pertinentes ao exerccio da empresa, inclusive o balano patrimonial e o
de resultado econmico, ambos subscritos por contabilista habilitado e pelo
empresrio ou representante da sociedade empresarial.
R E S U M O
INFORMAES SOBRE A PRXIMA AULA
Na prxima aula, explicaremos estabelecimento e nome empresarial e suas
implicaes no direito da propriedade industrial (registro de marcas).
Respostas Comentadas1. Livros empresariais so os registros escritos da atividade do empresrio. Dividem-se
em: obrigatrios, facultativos e especiais. A inexistncia dos livros obrigatrios constitui
crime falimentar e inviabiliza o pedido de recuperao empresarial. Os facultativos no
integram o acervo obrigatrio da contabilidade da empresa. O Art.1.180 do Cdigo Civil
estipula a obrigatoriedade do livro-dirio.
2. Sim. A lei assegura tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresrio
rural e ao pequeno empresrio, quanto inscrio e aos efeitos da decorrentes.
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.
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Estabelecimento empresarial nome empresarial marca
Esperamos que, aps o estudo do contedo desta aula, voc seja capaz de:
identificar e comparar estabelecimento empresarial, nome empresarial e marca.
3ob
jetiv
o
AULA
Meta da aula
Distinguir estabelecimento empresarialde nome empresarial e de marca.
Pr-requisito
Para que voc acompanhe com proveito esta aula, necessrio que conhea bem os conceitos
apresentados na segunda aula desta disciplina.
1
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LA 3INTRODUO Estabelecimento empresarial, nome empresarial e marca so indissociveis da
atividade empresarial. A explorao de qualquer atividade empresarial pressupe
a organizao de um estabelecimento, o registro do nome empresarial
e a explorao do produto ou servio por meio de sua marca. Todos estes
elementos so protegidos juridicamente para garantir que o investimento
realizado no seja indevidamente apropriado por concorrentes.
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
O complexo de bens reunidos pelo empresrio para o desenvolvimento
de sua atividade econmica o estabelecimento empresarial. Para explicar
melhor, podemos fazer analogia com uma biblioteca. Nela, no h apenas
livros agrupados ao acaso, mas um conjunto de livros sistematicamente
reunidos, dispostos organizadamente, com vistas a um fim: possibilitar o
acesso racional a determinado tipo de informao. Uma biblioteca tem
o valor comercial superior ao da simples soma dos preos dos livros que
a compem, justamente em razo desse algo a mais, dessa organizao
racional das informaes contidas nos livros nela reunidos.
O estabelecimento empresarial , portanto, a reunio dos bens
necessrios ao desenvolvimento da atividade econmica. Quando o
empresrio rene bens de natureza variada, como mquinas, instalaes,
tecnologia, prdio etc., em funo do exerccio de uma atividade, ele
agrega a esse conjunto de bens uma organizao racional que importar
em aumento do seu valor enquanto continuarem reunidos. Alguns autores
usam a expresso aviamento para se referir a esse valor acrescido.
O estabelecimento empresarial composto por bens corpreos as
instalaes, os equipamentos, os utenslios, os veculos etc. e por bens
incorpreos como as marcas, as patentes, o ponto comercial etc.
Figura 3.1.a: Bens corpreos de uma empresa.
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LA 3
Devido intangibilidade dessa organizao racional que o
empresrio introduz na utilizao dos bens integrantes do estabelecimento
empresarial e tendo em vista que ela tem valor de mercado, o Direito
necessita desenvolver mecanismos para a tutela desse plus e do valor que
ele representa. Cada bem, isoladamente, possui uma proteo jurdica
especfica. Por exemplo, o Direito deve garantir ao empresrio a justa
retribuio quando este perde, por culpa que no lhe seja imputvel,
o valor representado pelo estabelecimento empresarial. Assim, em
caso de desapropriao do imvel em que o empresrio mantm o seu
estabelecimento empresarial, a indenizao deve ser correspondente ao
valor do fundo de empresa por ele criado. Na sucesso por morte, o
estabelecimento empresarial deve ser considerado no apenas pelo valor
do simples somatrio do preo dos bens singularmente considerados que
o compem, mas pelo valor desses bens agregado ao valor decorrente
da situao peculiar em que se encontram reunidos para possibilitar
o pleno desenvolvimento de uma atividade empresarial. So fatores
autnomos que ganham valor patrimonial pelo fato de estarem ligados
e organizados com um fim especfico.
Atente-se, no entanto, para a circunstncia de que, embora seja
resultante da reunio de diversos bens com vistas ao exerccio da atividade
econmica, o estabelecimento empresarial pode ser descentralizado,
ou seja, o empresrio pode manter filiais, sucursais ou agncias, depsitos
em prdios isolados, unidades de sua organizao administrativas lotadas
em locais prprios etc. Cada parcela descentralizada do estabelecimento
empresarial pode, ou no, ter um valor independente, em razo de
inmeros condicionantes de fato.
O estabelecimento empresarial pode ser alienado, ou seja, vendido,
j que possui valor. No caso de venda do estabelecimento empresarial,
deve ser dito que os dbitos anteriores, desde que contabilizados, so
de responsabilidade do adquirente, mas o devedor primitivo continua
solidariamente obrigado a honrar a dvida pelo prazo de um ano.
Figura 3.1.b: Bens incorpreos de uma empresa.
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LA 3
IN S O L V N C I AD-se a insolvncia toda vez que as dvidas excedem o patrimnio do devedor.
Quem adquire estabelecimento quer tambm clientela. Essa
preocupao justifica a insero de clusula protetiva no pacto de venda.
Impe-se ao empresrio alienante (vendedor) o dever de no se restabelecer,
assinalando-se inclusive os limites territoriais da proibio, de modo a
prevenir a concorrncia. No silncio do contrato, a venda do estabelecimento
implica, automaticamente, a obrigao imposta ao alienante de no se
estabelecer nos cinco anos seguintes com o mesmo ramo de negcio.
A venda do estabelecimento empresarial pode, eventualmente,
caracterizar sinal de INSOLVNCIA. O estabelecimento empresarial, por
integrar o patrimnio do empresrio, tambm garantia dos seus
credores. Por essa razo, a alienao (venda) do estabelecimento
empresarial est sujeita a observncias de cautelas especficas, entre elas
o contrato de alienao (venda), que deve ser celebrado por escrito, para
que possa ser arquivado na Junta Comercial.
A condio do alienante que enfrenta uma situao patrimonial
deficitria resume-se em duas indesejveis opes: preservar o estabelecimento
empresarial como garantia do pagamento de seus dbitos ou notificar seus
credores em busca de concordncia para a alienao. Nessa conjuntura, a
concordncia dos credores passa a ser condio de eficcia da alienao.
Eurotnel perto da insolvnciaA empresa que administra o Eurotnel, o tnel ferrovirio que une a Inglaterra Frana sob o canal da Mancha, est perto da falncia.A empresa lida, desde o incio, com uma dvida muito grande. Outro problema que o marcado no correspondeu s expectativas. O aparecimento das empresas areas de preo baixo fez com que o trem LondresParis tivesse volume de passageiros muito abaixo do esperado.www. Opiniaoenoticia.com.br/interna
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LA 3
a. Joo vendeu sua papelaria a Paulo. Aps alguns meses, a Caixa Econmica Federal notificou Paulo para o pagamento de um emprstimo feito em nome da papelaria, quando Joo ainda era o proprietrio. Pode Joo apenas alegar que no mais o proprietrio do estabelecimento empresarial? Justifique. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
b. Pode o estabelecimento empresarial ser descentralizado?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Respostas Comentadasa. Joo deve registrar o contrato de alienao (venda) do estabelecimento
empresarial na Junta Comercial, para ficar pblica a transferncia da propriedade
e para que ele possa se eximir da responsabilidade de solver a dvida.
b. O estabelecimento empresarial pode ser descentralizado. O empresrio pode
manter filiais, sucursais ou agncias, depsitos em prdios isolados, unidades
de sua organizao administrativa lotadas em locais prprios e pode ter o
estabelecimento virtual. Este se distingue do estabelecimento empresarial apenas
em razo dos meios de acessibilidade. No estabelecimento virtual, o consumidor ou
adquirente de bens ou servios acessa exclusivamente por transmisso eletrnica
de dados, enquanto o estabelecimento fsico acessvel pelo deslocamento
no espao. Ex.: Americanas.com, Amazon.com.
Atividade 1
NOME EMPRESARIAL
Se o nome civil significa a pessoa, como smbolo singularizador, o
nome empresarial significa o empresrio. O nome empresarial individualiza
e assinala a espcie de responsabilidade patrimonial do empresrio ou
da sociedade empresarial. Todo empresrio assina documentos sob o
nome empresarial que constitui sua firma, para distingui-lo de outrem.
a designao pela qual conhecido. O nome tem sua proteo jurdica
condicionada ao registro que se faz na Junta Comercial.
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LA 3H duas espcies de nome empresarial:
Firma, que tem como base o nome civil (do empresrio ou dos
scios da sociedade empresria). a assinatura do empresrio.
Pode ser firma individual/empresa individual ou firma social/
razo social, que vem a ser a sociedade empresarial.
Denominao, que tanto pode ter como base o nome civil
quanto outra expresso lingstica (elemento fantasia), pois
o representante legal deve usar sua assinatura civil sobre o nome
empresarial da sociedade, escrito, impresso ou carimbado.
A firma s pode ter por base o nome civil do empresrio individual
ou dos scios da sociedade empresarial. O ncleo do nome empresarial
dessa espcie de sociedade ser sempre composto por um ou mais nomes
civis. J a denominao deve designar o objeto da empresa e pode adotar
por base o nome civil ou qualquer outra expresso lingstica (que a
doutrina jurdica costuma chamar nome fantasia).
Assim, A. Silva & Pereira Cosmticos Ltda. exemplo de nome
empresarial baseado em nomes civis (firma); j Alvorada Cosmticos Ltda.
nome empresarial baseado em elemento fantasia (denominao).
Quanto funo, os nomes empresariais se diferenciam medida
que a firma, alm de ser a identidade do empresrio, tambm a sua
assinatura, ao passo que a denominao , exclusivamente, um elemento
de identificao de quem exerce a atividade empresarial, no se prestando a
outra funo. Nos contratos sociais de sociedades empresariais que adotam
firma, sempre h um espao reservado ao final, para que o gerente (ou
gerentes) assine(m) o nome empresarial (firma por quem de direito).
Conclui-se, pois, que a anlise da natureza do nome empresarial
daqueles empresrios legalmente autorizados a usarem firma ou
denominao, e que adotaram nome empresarial baseado em nome civil,
no pode prescindir da consulta ao ato constitutivo (CONTRATO SOCIAL ou
ESTATUTO).
Se dele constar clusula em que o representante legal assenta
a assinatura que usar nos instrumentos obrigacionais relativos aos
negcios sociais, ento o caso de firma. Na ausncia de clusula com
tal objetivo, ser denominao.
CO N T R A T O S O C I A L
Acordo de vontades, entre duas ou mais pessoas, para criar, modificar ou extinguir entre si uma relao societria.
ES T A T U T OConjunto de regras que rege o funcionamento de uma sociedade, companhia, associao, corporao ou fundao.
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LA 3
Voc tem, agora, o modelo de um contrato social.
Leia com ateno, principalmente os ttulos das clusulas.
CONTRATO SOCIALConstituio de Sociedade Empresria Limitada
Segue modelo elaborado de acordo com as recomendaes do DNRC, a ser adotado pelas Sociedades Empresrias do tipo Sociedade Limitada
PREMBULOPelo presente Instrumento Particular de Contrato Social, os abaixo assinados
XXXXXXXXX, nacionalidade ........ estado civil .........., profisso ........, natural de ........., Estado de ...... , portador da cdula de identidade RG N. 00.000.000
SSP/... e inscrito no CPF(MF) sob o N. 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua XXXXXXXX XXXXXXXX N. 000 Bairro: XXXXXXXXX CEP 00000-
000, Municpio: XXXXXXXXX - Estado de ......... ; e YYYYYYYYY, nacionalidade ......., estado civil ......., profisso ......., natural de .........., Estado de ......., portador da cdula de identidade RG N. 0.000.000 - SSP/... e inscrito no CPF(MF) sob o N. 000.000.000-00, residente e domiciliado na XXXXXXXXX, N 000 - apto. 00 Bairro: XXXXXXXXXX - CEP 00000-000, Municpio: XXXXXXXXXXX- Estado de ............; tm entre si justa e contratada a constituio de uma Sociedade Empresria do tipo Limitada, na forma da Lei, mediante as condies e clusulas seguintes:
Clusula Primeira Da Denominao Social e Sede1.1. A sociedade girar sob o nome empresarial ______________________
e ter sede na (endereo completo: tipo e nome do logradouro, no, complemento, bairro, cidade, CEP e UF).
Clusula Segunda Das Filiais e Outras Dependncias2.1. A Sociedade poder, a qualquer tempo, abrir filiais e outros estabelecimentos, no pas, por deliberao dos scios.
Clusula Terceira Do Objeto Social3.1. Seu objeto social ser ________________________________.
Clusula Quarta Do Capital Social4.1. O capital social de R$ ____________________ (______ reais),
dividido em ___ quotas de R$ __________ (_____ reais), cada uma, subscritas e integralizadas, neste ato, em moeda corrente do Pas,
pelos scios:
Fulano de Tal ........................ no de quotas ____
- R$ _______.
Beltrano de Tal ..................... no de
quotas ____ - R$ _______.
??
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LA 3
Clusula Quinta
Da Cesso e Transferncia
das Quotas
5.1. As quotas da sociedade so indivisveis e no podero
ser cedidas ou transferidas sem o expresso consentimento dos
demais scios, cabendo em igualdade de condies e preo o direito
de preferncia ao scio que queira adquiri-las. O scio que pretenda ceder
ou transferir todas ou parte de suas quotas dever manifestar sua inteno por
escrito ao(s) outro(s) scio(s), assistindo a este(s) o prazo de 30 (trinta) dias para que
possa(m) exercer o direito de preferncia, ou, ainda, optar pela dissoluo da sociedade
antes mesmo da cesso ou transferncia das cotas.
Clusula Sexta Da Responsabilidade dos Scios
6.1. A responsabilidade dos scios limitada importncia total do capital social.
Clusula Stima Incio e Prazo de Durao
7.1. A sociedade iniciar suas atividades em __/__/__ e seu prazo de durao por
tempo indeterminado.
Clusula Oitava Da Administrao e Uso da Firma
8.1. A administrao dos negcios da Sociedade ser exercida CONJUNTAMENTE pelos
Scios _____________ e _____________, conforme indicados na forma deste Instrumento,
que representaro a sociedade ativa e passiva, judicial e extrajudicialmente.
8.2. Os scios no podero, em qualquer circunstncia, praticar atos de liberalidade em
nome da sociedade, tais como a prestao de garantias de favor e outros atos estranhos ou
prejudiciais aos objetivos e negcios sociais, configurando-se justa causa para efeito de
excluso do scio nos termos do art. 1.085 do Cdigo Civil brasileiro.
Clusula Nona Do Pro-Labore
9.1. O pro-labore do(s) administrador(es) ser(o) fixado(s) de comum acordo entre
os scios, obedecidos os limites legais da legislao do imposto de renda.
Clusula Dcima Do Balano e Prestao de Contas
10.1. No dia 31 de dezembro de cada ano, o administrador
proceder ao levantamento do balano patrimonial, de
resultado econmico e, apurados os resultados do
exerccio, aps as dedues previstas em lei
e formao das reservas que
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LA 3
forem consideradas
necessrias, os lucros e
prejuzos sero distribudos e suportados
pelos scios, proporcionalmente s quotas do capital
social que detiverem.
10.2. Nos quatro meses seguintes ao trmino do exerccio social,
os scios deliberaro sobre as contas e designaro administrador,
quando for o caso.
Clusula Dcima Primeira Do Falecimento ou Incapacidade Superveniente
11.1. No caso de falecimento ou incapacidade superveniente de quaisquer dos
scios, ser realizado em 30 (trinta) dias da ocorrncia, um balano especial.
Convindo ao(s) scio(s) remanescente(s) e concordando o(s) herdeiros, ser lavrado
termo de alterao contratual com a incluso deste(s).
11.2. Caso no venha(m) o(s) herdeiros(s) a integrar a sociedade, este(s) receber(o)
seus haveres em moeda corrente, apurados at a data do impedimento ou falecimento,
em 10 (dez) prestaes mensais e sucessivas, corrigidas monetariamente pelo IGP-M
(FGV), ou outro ndice que o venha substituir, vencendo-se a primeira parcela aps
30 (trinta) dias da data do balano especial.
11.3. Permanecendo apenas um scio, este ter o prazo de 180 (cento e oitenta)
dias para recompor a pluralidade social, com o que, no recomposta, continuar
o mesmo com todo o ativo e passivo na forma de firma individual ou extinta.
Clusula Dcima Segunda Deliberao Social
12.1. As deliberaes sociais sero tomadas sempre por reunio dos scios, a serem
convocadas previamente, no prazo mnimo de 3 (trs) dias teis;
12.2. As convocaes das reunies dos scios se faro por meio de carta registrada,
telegrama, por e-mail ou por qualquer outro meio ou forma, desde que se
comprove o envio e o teor da convocao;
12.3. As formalidades de convocao das reunies podero ser
dispensadas nas hipteses previstas em lei.
Clusula Dcima Terceira Desimpedimento e Legislao
Aplicvel
13.1. Os scios declaram, sob as penas da Lei,
que no esto incursos em quaisquer
crimes previstos
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em Lei ou restries
legais que possam impedi-los de
exercer atividades empresariais.
13.2. Os casos omissos sero resolvidos pela
aplicao dos dispositivos do Cdigo Civil brasileiro e,
subsidiariamente, pela Lei das Sociedades Annimas, sem prejuzo
das disposies supervenientes.
Clusula Dcima Quarta Do Foro
14.1. Fica eleito o Foro Central da Comarca de So Paulo para os procedimentos
judiciais referentes a este Instrumento de Contrato Social, com expressa renncia a
qualquer outro, por mais especial ou privilegiado que seja ou venha a ser.
E por estarem assim justos e contratados, os scios obrigam-se a cumprir o presente contrato,
na presena de duas testemunhas, assinando-o em trs vias de igual teor para os regulares
efeitos de direito.
So Paulo, 12 de janeiro de 2003
__________________________
Administrador
__________________________
Administrador
__________________________
TESTEMUNHA:
RG: DDDDD- SSP-....
__________________________
TESTEMUNHA
RG: RRRRRR SSP - .......
__________________________
ADVOGADO
OAB/.... No WW.YYY
??
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LA 3FORMAO DO NOME EMPRESARIAL
Em relao ao empresrio individual e a cada tipo de sociedade
empresarial, o Direito contempla regras especficas de formao do
nome empresarial. Assim, o empresrio individual s est autorizado a
adotar firma baseado, naturalmente, em seu nome civil. Poder ou no
abrevi-lo na composio do nome empresarial e poder, se desejar,
agregar o ramo de atividade a que se dedica. Dessa forma, podem
ser citadas as seguintes alternativas para o nome empresarial de uma
pessoa fsica chamada Antonio Silva Pereira que se inscreva como
empresrio individual na Junta Comercial: Antonio Silva Pereira;
A.S. Pereira; Silva Pereira; S. Pereira, Livros Tcnicos.
A sociedade em nome coletivo est autorizada apenas a adotar
firma social, que pode ter por base o nome civil de um, alguns ou todos
os seus scios. Esses nomes podero ser aproveitados por extenso ou
abreviadamente, de acordo com a vontade dos seus titulares. Se acaso
no constar o nome de todos os scios, obrigatria a utilizao da
partcula e companhia (ou abreviadamente: & Cia.). Os scios
tambm podero agregar ou no o ramo de empresa correspondente.
Por exemplo uma sociedade empresarial dessa natureza, composta pelos
scios Antonio Silva, Benedito Pereira e Carlos Sousa, poder optar por
uma das seguintes solues: Antonio Silva, Benedito Pereira & Carlos
Sousa, Pereira, Silva &Souza, A. Silva, B. Pereira & Sousa, Livros
Tcnicos, Antonio Silva e Cia.. Veja o boxe a seguir:
Sociedade em nome coletivo
Este tipo de sociedade existe desde a Idade Mdia. Sua origem se deu no meio familiar daquela
poca em que as pessoas se associavam para o exerccio de suas atividades e o patrimnio da sociedade se confundia
com o dos membros da famlia. Todos respondiam pelas dvidas da sociedade.
A constituio desse tipo de sociedade restrita s pessoas naturais (pessoas fsicas, podendo ser empresrio
individual ou no), no sendo admitido que outras sociedades (pessoas jurdicas) participem do
quadro societrio de uma sociedade em nome coletivo.
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LA 3Outro tipo de sociedade a sociedade em comandita simples
que, tambm, s pode compor nome empresarial por meio de firma,
da qual conste nome civil de scio ou scios comanditados. Os