Desenvolvimento Local
Aula 3
Definição de local e critérios a utilizar.
Construção de indicadores e índices para comparação do nível de desenvolvimento de várias regiões
Definição de local/região
1. Contiguidade
2. Homogeneidade interna/diferenciação face ao exterior (Identidade)
3. Funcionalidade ou polarização
4. Coerência perante decisões de política económica
5. Equilíbrio comparativo quanto à dimensão
CRITÉRIOS
1. Contiguidade
Os elementos que
compõem a região têm
necessariamente que
localizar-se de forma
contínua
Pode obrigar à inclusão de
unidades geográficas que, pela sua
dimensão, não podem ser
consideradas isoladamente mas
cujas características as aproximam
mais de agregados exteriores
2. Homogeneidade
•Uniformidade relativa das unidades que
compõem o agregado em relação a um
conjunto de atributos
•A variabilidade dos elementos que compõem o
agregado tem que situar-se dentro de
determinados limites
•Diferenças significativas face a agregados
exteriores
2. Limitações do critério da Homogeneidade
Subjectividade:
•Escolha dos indicadores
•Escolha dos limites
•Ponderação dos indicadores escolhidos
A definição das regiões varia consoante os atributos escolhidos e com a
exigência dos limites definidos
Ex. Os atributos de natureza física, demográfica e económica não variam
necessariamente no mesmo sentido
3. Polarização •Homogeneidade no que se refere à
natureza e intensidade das
interacções de ordem económica
•São agrupadas unidades geográficas
contíguas que revelem um grau de
interdependência elevado
“A região polarizada pode ser definida como uma
área na qual as relações económicas internas são
mais intensas do que as estabelecidas com
regiões exteriores a ela” (Costa e Nijkamp, p.39)
3. Planeamento
Articula os dois critérios
anteriores para definir regiões
que agrupem unidades onde se
espera que haja coerência ou
unidade perante decisões de
política económica
Regiões administrativas em Portugal – considerações gerais
A Constituição Portuguesa de 1976,
estabelece que Portugal se divide em
três regiões: as regiões autónomas
dos Açores e da Madeira e Portugal
Continental, prevendo contudo a
criação de regiões administrativas
(RA), constituídas por municípios, os
quais, seriam, por sua vez,
constituídos por freguesias
Até à data não se deu este processo
de regionalização, pelo que as RA não
têm existência legal
AÇORES
MADEIRA CONTINENTE
Regiões administrativas em Portugal – considerações gerais
Inúmeros foram os projectos de divisões administrativas desde 1823, a
maior parte contemplando uma estrutura de dois ou três níveis entre o
poder central e os municípios. Os actuais distritos provêm desta época,
correspondendo sensivelmente ao projecto de 1835.
A estrutura da divisão administrativa de Portugal é actualmente
bastante complexa, coexistindo a divisão em distritos, concelhos e
freguesias com a divisão em NUTS - Nomenclatura das unidades
territoriais estatísticas, que abrangem todo o território, mas que apenas
têm significado estatístico.
NUTS - Nomenclatura das unidades territoriais estatísticas
Embora sem valor administrativo, as NUTS têm vindo a tornar-se a
principal divisão territorial de Portugal, sendo as suas unidades
utilizadas para definir as áreas de actuação da maioria dos serviços
descentralizados do Estado.
Unidades de Nível I (NUTS I)
Portugal Continental
Região Autónoma dos Açores
Região Autónoma da Madeira
Unidades de Nível II (NUTS II)
Norte
Centro
Lisboa
Alentejo
Algarve
Região Autónoma dos Açores
Região Autónoma da Madeira
Unidades de Nível III (NUTS III) Ex: Região Centro
Comparação entre regiões: critério único
A região Centro assemelha-se mais ao Alentejo do que ao Algarve!
Regiões Rendimento disponível/hab (103 €)
Norte 8,5
Centro 9,3
Lisboa 12,9
Alentejo 9,6
Algarve 11,0
Comparação entre regiões: vários critérios
A região Centro assemelha-se mais ao Alentejo do que ao Algarve?
Regiões Rend. disponível/ hab (103 €)
PIB (106 €)
Sector primário no VAB (%)
Taxa de Natalidade
Norte 8,5 43 511 2,2 8,6
Centro 9,3 29 652 4,4 11,4
Lisboa 12,9 57 087 0,5 9,3
Alentejo 9,6 10 670 10,0 14,0
Algarve 11,0 6 540 5,1 10,3
Análise multi-critério
Baseia-se na construção de uma matriz de indicadores onde se consideram, num eixo, os diversos critérios de análise e, no outro, as diferentes zonas.
– A comparação entre regiões baseia-se num conjunto de indicadores selecionados para o efeito e não apenas num único;
– Cada elemento da matriz representa o valor de um dado indicador numa dada região. A seleção dos indicadores representativos, para cada região, conduz a uma matriz de indicadores cuja dimensão (RxJ) é determinada pelo número de regiões R (em linha) e pelo número de indicadores disponíveis J (em coluna). Qualquer elemento xrj desta matriz respeita à observação, na região r, do comportamento do indicador j.
Indicadores, objetivos e metas
Para aplicar o conceito de desenvolvimento torna-se fundamental o estabelecimento de indicadores, metas e objetivos que possam dar a medida do desempenho de uma região em matéria de desenvolvimento. Uma vez estabelecidas as metas, poder-se-á então em qualquer altura, avaliar a distância que separa o local/região do fim em vista.
Conceito de indicador
Medida, geralmente quantitativa, que pode ser usada para ilustrar e comunicar um conjunto de fenómenos complexos de uma forma simples, incluindo tendências e progressos ao longo do tempo (*)
(*) Definição retirada de: European Environment Agency, EEA core set of indicators — Guide: (EEA Technical report No 1/2005), Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities, 2005, p.7.
Características desejáveis nos indicadores
Credibilidade, rastreabilidade, facilidade de acesso, em relação à informação de base
Relevância para a sociedade e para as políticas
Facilidade de compreensão e comunicação, tanto pelos decisores como pelo público
Devem reflectir cientificamente o estado da arte
Eficiência (capacidade para caracterizar o fenómeno que se pretende analisar)
Sensibilidade a prováveis e possíveis mudanças
Tipos de Indicadores: nomenclatura, fórmulas e operações
Na sua maioria, os indicadores possuem baixa complexidade de cálculo, utilizando princípios básicos da divisão e multiplicação, de modo a que a maioria das pessoas, mesmo com um nível de conhecimento matemático pouco avançado, possam compreender facilmente sua construção.
Exemplos de tipos indicadores 1 Valor Absoluto: resultado de uma contagem ou estimativa. São dados comuns que, por terem sido dotados de um significado ou conceito, passam a ser considerados indicadores.
Número de indivíduos
com ensino superior
Mediana: valor que separa a metade inferior da
população da metade superior
Mediana do
rendimento
disponível =
Valor que separa a população em duas
partes iguais de acordo com o seu
rendimento disponível
RÁCIO
Exemplos de tipos indicadores 2
Média
Salário médio dos trabalhadores não qualificados
Rácio ou razão
Rácio entre homens e mulheres alfabetizados
Soma dos salários dos trabalhadores não qualificados
Número de trabalhadores não qualificados
Exemplos de tipos indicadores 3
Percentagem ou Proporção
% de pessoas abaixo do limiar de pobreza
Taxa
Taxa de mortalidade infantil em 2007
Número de pessoas com rendimento disponível inferior a
60% da mediana do rendimento disponível
População Total
%
• Integram uma vasta quantidade de informação num formato de leitura simples, facilitando a análise de fenómenos complexos;
• Transformam um conjunto de indicadores simples, relacionados com determinado fenómeno, num único indicador sintético e de fácil leitura.
• Fornecem aos decisores políticos informação de suporte à tomada de decisão;
• Permitem apreender com facilidade a evolução de fenómenos complexos.
Características dos índices
Antes de calcular um índice é necessário ter alguns cuidados prévios com os indicadores: 1. Tentar reduzir o seu número, atendendo ao seu significado
económico e à eventual presença de correlações fortes entre as variáveis;
2. Eliminar os efeitos de dimensão da região - “standardização” ou padronização (percentagem, índice, valores per capita, valores por quilómetro quadrado)
3. Uniformizar o intervalo de variação – normalização
4. Atribuir um peso a cada um dos indicadores para o cálculo do valor do Índice
Procedimento
Standardização de indicadores e variáveis
Regiões Rend. disponível/
hab.
PIB/hab. (€)
Sector primário no VAB (%)
Taxa de Natalidade
Norte 8,5 11630,6 2,2 8,6
Centro 9,3 12480,3 4,4 11,4
Lisboa 12,9 20101,7 0,5 9,3
Alentejo 9,6 14244,6 10,0 14,0
Algarve 11,0 14943,7 5,1 10,3
Normalização de indicadores e variáveis
Se os indicadores selecionados são medidos em unidades ou escalas diferentes, torna-se fundamental expressá-los numa unidade de medida e numa escala comuns. A normalização serve este objetivo, expurgando as diferenças de valores entre indicadores das diferenças de unidades de medida e de escalas.
Normalização de indicadores e variáveis (procedimento expedito)
Calcula-se a norma de cada variável e divide-se o
valor de cada observação pela norma.
A norma corresponde à raiz quadrada da soma dos
quadrados das observações
Normalização das variáveis
Regiões Rend. disponível/
hab
PIB
Sector primário no VAB (%)
Taxa de Natalidade
Norte 0,37 0,35 0,18 0,35
Centro 0,40 0,37 0,36 0,47
Lisboa 0,56 0,60 0,04 0,38
Alentejo 0,41 0,43 0,82 0,58
Algarve 0,47 0,45 0,42 0,42
Exemplo de cálculo de um Índice de desenvolvimento
Regiões Rend. disponível/
hab
PIB
Sector primário no
VAB (%)
Taxa de Natalidade
Índice
Norte 0,37 0,35 0,18 0,35 0,22
Centro 0,40 0,37 0,36 0,47 0,22
Lisboa 0,56 0,60 0,04 0,38 0,38
Alentejo 0,41 0,43 0,82 0,58 0,15
Algarve 0,47 0,45 0,42 0,42 0,23
Admite-se neste exemplo que todos os indicadores têm o mesmo peso e que em todos eles, com exceção do 3º, maiores valores traduzem maior desenvolvimento
A distância económica entre a Região Centro e o Alentejo é dada por:
A distância económica entre a Região Centro e o Algarve é dada por:
Distância económica
472,0
)58,047,0()82,036,0()43,037,0()41,040,0( 2222
,
ACd
127,0
)42,047,0()42,036,0()45,037,0()47,040,0( 2222
,
GCd
A região Centro está mais próxima do
Algarve do que do Alentejo
Matriz das distâncias
Norte Centro
Lisboa Alentejo Algarve
Norte 0 0,217 0,346 0,680 0,287
Centro 0,217 0 0,429 0,472 0,127
Lisboa 0,346 0,429 0 0,829 0,416
Alentejo 0,680 0,472 0,829 0 0,432
Algarve 0,287 0,127 0,416 0,432 0
É um indicador multicritério, sintético, que assenta numa estrutura tridimensional em que o desenvolvimento global de cada região resulta dos desempenhos regionais em três componentes essenciais:
• Competitividade que propicia capacidade de penetração nos mercados e crescimento económico;
• Coesão que, em resultado de níveis aceitáveis de equidade de condições de vida, propicia condições sociais para a reprodução social e económica sustentável e para a atractividade dos territórios; e,
• Qualidade ambiental, expressa numa dupla e integrada perspectiva de condições ambientais de vida na região e de sustentabilidade ambiental dos processos de desenvolvimento económico, social e territorial.
Índice Sintético de Desenvolvimento Regional
Índice Sintético de Desenvolvimento Regional (cont.)
• O ISDR é um instrumento estatístico que visa monitorizar a evolução dos desequilíbrios regionais.
• O ISDR, para além de posicionar cada região no contexto nacional em termos de desenvolvimento regional através do índice global, pretende exprimir a situação de cada região em termos de cada uma das três dimensões que integra
• Integram uma vasta quantidade de informação num formato de leitura simples, facilitando a análise de fenómenos complexos;
• Transformam um conjunto de indicadores simples, relacionados com determinado fenómeno, num único indicador sintético e de fácil leitura.
• Fornecem aos decisores políticos informação de suporte à tomada de decisão;
• Permitem apreender com facilidade a evolução de fenómenos complexos.
Características dos indicadores sintéticos
Seleção de indicadores
A selecção dos indicadores de base teve em conta, por um lado, a sua relevância analítica para os domínios de análise e, por outro lado, a disponibilidade e qualidade desta informação com a desagregação espacial e a periodicidade pretendidas.