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    ESTUDO DA VARIABILIDADE DA RESISTNCIA AO CISALHAMENTO DE ALGUNS SOLOS CLASSIFICADOS SEGUNDO A MCT (MINIATURA, COMPACTADO, TROPICAL) PARA DOIS NVEIS DE ENERGIA: NORMAL E INTERMEDIRIA Leandro de Aquino Leo (IC) e Rita Moura Fortes (Orientadora) Apoio: PIVIC Mackenzie

    Resumo

    A construo de barragens muito onerosa, o investimento necessrio para a construo de uma obra para essa finalidade muito elevado, havendo diversos estudos para viabilizar o empreendimento, inclusive um que consiste na definio dos solos a serem utilizados nos taludes de aterro. Este trabalho trata da variabilidade da resistncia ao cisalhamento de alguns solos classificados segundo a MCT (Miniatura, Compactado, Tropical) para dois nveis de energia: normal e intermediria. A resistncia ao cisalhamento de um solo o fator preponderante para a estabilidade de um aterro, visto que a ruptura desse aterro quase sempre ocorre quando o solo submetido a tenses cisalhantes que ultrapassem a resistncia ao cisalhamento do solo. A resistncia ao cisalhamento de um solo compactado est diretamente ligada energia utilizada na compactao e ao teor de umidade deste solo, sendo fundamental para a construo de um talude de aterro o conhecimento de qual energia de compactao necessria para obteno da resistncia ao cisalhamento que atende aos critrios de projeto. Este trabalho apresenta as energias de compactao e os teores de umidade para alguns solos classificados segundo a MCT para dois nveis de energia: normal e intermediria e a resistncia ao cisalhamento de cada um desses solos, obtida atravs do ensaio de cisalhamento direto.

    Palavras-chave: resistncia ao cisalhamento, MCT (miniatura, compactado, tropical), compactao

    Abstract

    The construction of dams is very expensive, the investment required to build a work for this purpose is very high, with several studies to enable the enterprise, including one that is the definition of land use in the landfill slopes. This work deals with the variability of shear strength of some soils classified according to the MCT (Miniature, Compacted, Tropical) for two power levels: normal and intermediate. The shear strength of a soil is the main factor for the stability of a landfill, since the breakdown of landfill almost always occurs when the soil is subjected to shear stresses exceeding the shear strength of soil. The shear strength of a compacted soil is directly related to the energy used in compression and the moisture content of soil, is central to the construction of an embankment slope of the knowledge which compaction is necessary to obtain the shear strength that meets the design criteria. This work presents the compaction and moisture content for some soils classified according to the MCT for two power levels: normal, intermediate and shear strength of each of these soils, obtained from direct shear test.

    Key-words: shear strength, MCT (miniature, compacted, tropical), compression

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    1. INTRODUO O Brasil apesar de possuir um dos maiores conjuntos de bacias hidrogrficas do mundo e sendo sua principal fonte de energia a hidreltrica, muito sofreu no perodo de junho de 2001 a fevereiro de 2002, quando ocorreu o racionamento de energia, segundo Bardelin (2004) ocorrido porque o crescimento do parque gerador brasileiro no acompanhou adequadamente o aumento no consumo de energia eltrica.

    O aumento do consumo de energia eltrica que uma realidade no nosso pas, alerta para a necessidade da construo de novas hidreltricas, o que pode ser agravado tambm com a possibilidade de falta de chuvas, que podem provocar o esgotamento dos reservatrios de gua das usinas hidreltricas existentes, prejudicando sobremaneira o crescimento econmico e o bem estar da populao, pois no existe crescimento sustentvel na ausncia de gua e energia.

    Dessa maneira salienta-se a importncia da reservao de gua, que represa a gua nos perodos de chuva evitando que a mesma no falte nos perodos de seca, buscando assim o abastecimento contnuo populao. Por outro lado, verifica-se a necessidade de estudo e previso de construes de novas usinas, manuteno, e possivelmente, construo de novos reservatrios, o que diretamente indica construo de barragens.

    A construo de barragens para a reserva de gua, com a finalidade de suprir as necessidades do homem, como observado por Cruz (1996) to antiga quanto a sua histria.

    Aps o aparecimento da Mecnica dos Solos no incio do sculo passado, passou-se a ter sustentao terica para a execuo de diversas obras, inclusive como destacado por Teixeira (1997) para a conduo dos trabalhos exigidos na execuo do aterro de uma barragem, incluindo-se a possibilidade de controle do material a ser utilizado na compactao.

    Por o Brasil ser um pas de clima tropical apresenta dentre os tipos de solos, os solos denominados como solos tropicais, que apresentam propriedades e comportamentos diferentes de solos no tropicais em decorrncia de processos geolgicos e/ ou pedolgicos, comuns em regies de clima tropical mido Committee on Tropical Soils of ISSMFE (1985). A resistncia ao cisalhamento dos solos fortemente influenciada pelo nvel de energia a ser utilizada na compactao e pelo tipo de solo a ser compactado. Alguns solos apresentam um ganho significativo quando se altera a energia da compactao de normal para intermediria, entretanto outros solos obtm uma resistncia prxima a sua mxima com a compactao na energia normal, no obtendo ganhos significativos com a compactao na energia intermediria.

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    Com base nessa problemtica, objetiva-se avaliar a variabilidade da resistncia ao cisalhamento de alguns solos classificados segundo a MCT (Miniatura, Compactado, Tropical) para dois nveis de energia: normal e intermediria.

    2. REFERENCIAL TERICO 2.1. SOLOS TROPICAIS

    Os solos tropicais apresentam algumas peculiaridades que so de grande importncia para os estudos geotcnicos, como sua ocorrncia, suas propriedades fsicas e mecnicas, de acordo com Futai (1999) e com Nogami e Villibor (1995) os solos tropicais podem ser divididos em duas grandes classes, queles encontrados mais superficialmente, denominados solos laterticos e os que resultam da decomposio e/ou desagregao in situ de rocha, denominados solos saprolticos.

    Ao se tratar da classificao de solos tropicais, a natureza das fraes de argila e areia de solos de regies tropicais possuem diferenas em relao s de regies temperadas, segundo Fortes et al. (1999) essas diferenas representam uma das principais razes que limitam as classificaes geotcnicas dos solos tropicais, uma vez que as classificaes mais comumente utilizadas foram desenvolvidas para solos de clima temperado. Em funo dessas limitaes Nogami e Villibor (1981 e 1985) desenvolveram a metodologia MCT (Miniatura, Compactado, Tropical) que prpria para uso em solos tropicais usada na classificao e determinao das propriedades fsicas e hidrulicas de solos tropicais compactados.

    2.2. CARACTERIZAO DOS SOLOS TROPICAIS Os solos tropicais se caracterizam por uma srie de peculiaridades, que levam a dividi-lo em duas grandes classes, solos laterticos e solos saprolticos.

    O trabalho publicado por Cozzolino e Nogami (1995) apresenta uma boa caracterizao dos solos tropicais, segundo o qual os solos laterticos se caracterizam basicamente pela cor, predominantemente vermelho e amarelo, espessuras variadas, geralmente da ordem de dois a dez metros, apresentam gros muito resistentes mecnica e quimicamente, na frao areia e pedregulho, e elevada porcentagem de partculas constitudas de hidrxidos e xidos de ferro e alumnio, na frao argila, gros mais finos agregados, podendo-se visualizar, na natureza, grande volume de vazios que em grande parte esto preenchidos por ar, justificando a baixa massa especfica e elevada permeabilidade.

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    Entretanto, conforme destacado por Pinto (2002), quando os solos laterticos so compactados, ganham capacidade de suporte, e no apresentam expanso na presena de gua, sendo por isso muito utilizados em aterros e em obras rodovirias.

    Os solos saprolticos so encontrados abaixo do perfil latertico ou a outros tipos de solos, apresentando espessuras muito variadas, normalmente superiores a 10 metros, sua colorao depende da sua rocha matriz, por isso apresenta uma colorao bem variegada, segundo Nogami e Villibor (1995) j foi designado como sendo solo de alterao de rocha, podendo-se confundir visualmente com uma rocha alterada, de uma forma geral um solo muito heterogneo, o que dificulta uma caracterizao geral.

    2.3. METODOLOGIA MCT

    A metodologia MCT permite a determinao das propriedades mecnicas e hidrulicas dos solos e classifica os solos tropicais em duas grandes classes, com comportamentos distintos, os solos de comportamento latertico (L) e os solos de comportamento no latertico (N). As quais so subdivididas em 7 grupos: - LG: argilas laterticas e argilas laterticas arenosas;

    - LA: areias argilosas laterticas;

    - LA: areias com pouca argila latertica;

    - NG: argilas, argilas siltosas e argilas arenosas no laterticas;

    - NS: siltes caulinticos e micceos, siltes arenosos e siltes argilosos no laterticos;

    - NA: areias siltosas e areias argilosas no laterticas;

    - NA: areias siltosas com siltes quartzosos e siltes argilosos no laterticos.

    Os ensaios da metodologia MCT envolvem diversos ensaios, dentre os quais esto os ensaios de compactao Mini-MCV, mini-CBR, perda por imerso, permeabilidade e infiltrao. Os ensaios so realizados com miniaturizao da aparelhagem, segundo Cozzolino e Nogami (1993) isso se deve aos custos de realizao dos ensaios, pois se fossem usadas as aparelhagens tradicionais, os custos seriam muito elevados.

    2.4. ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO

    O ensaio de cisalhamento direto foi desenvolvido basicamente para a determinao da resistncia ao corte de um corpo de prova de solo, de forma prismtica e seo quadrada ou circular e de pequena espessura.

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    Os resultados obtidos devem ser analisados com cuidado, como visto em Das, (2007) o plano de corte pode no representar o plano mais fraco e a distribuio da resistncia ao cisalhamento do corpo de prova no uniforme.

    Apesar das limitaes, o ensaio de cisalhamento direto se torna uma opo adequada a alguns casos por sua simplicidade de execuo e pelo custo mais baixo em relao a outros ensaios, como o ensaio de compresso triaxial.

    2.5. COMPACTAO DOS SOLOS A compactao dos solos utilizada em diversas obras de engenharia, como tambm na construo de barragens de terra, com o objetivo de promover adaptaes em suas caractersticas fsicas e estruturais, conforme apontado por Aguiar (2010), sendo que nem sempre se consegue com a compactao uma resistncia melhor do que encontrada em solos naturais encontrados na jazida. A compactao dos solos afetada pelo teor de umidade, que influencia significativamente o grau de compactao alcanado por determinado solo, pelo tipo de solo e pela energia utilizada na compactao. Um mesmo solo, quando compactado com energias diferentes, apresentar valores de peso especfico aparente seco mximo maiores para valores crescentes dessa energia. A figura 1 apresenta uma curva de compactao tpica para valores crescentes de energia.

    Figura 1 Curvas tpicas de compactao de um mesmo solo compactado com energias diferentes Fonte: Pinto (2002)

    3. MTODO 3.1. GENERALIDADES O desenvolvimento do presente estudo baseou-se na obteno da variabilidade da resistncia ao cisalhamento para amostras de solo tropical classificadas pela metodologia MCT para dois nveis de energia normal e intermediria, utilizando-se para tal de:

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    - pesquisa terica que teve como objetivo identificar os aspectos concernentes aos benefcios da compactao sob o ponto de vista tcnico, visando melhora da resistncia ao cisalhamento.

    - parte experimental que consistiu na classificao dos solos pela metodologia MCT, compactao das amostras utilizando energia normal e energia intermediria e ensaios de cisalhamento direto.

    Para a parte experimental contou-se com o apoio do laboratrio LENC ENGENHARIA E CONSULTORIA, que contribuiu com est pesquisa fornecendo as amostras de solo compactadas nas energias normal e intermediria e as classificando atravs da metodologia MCT.

    Os ensaios de cisalhamento direto foram realizados por este autor no laboratrio de mecnica dos solos da Universidade Presbiteriana Mackenzie com o apoio de sua orientadora.

    3.2. CLASSIFICAO DOS SOLOS E COMPACTAO NAS ENERGIAS NORMAL E INTERMEDIRIA

    Os solos estudados foram caracterizados pelos mtodos clssicos para caracterizao geotcnica. Foram realizados ensaios de anlise granulomtrica segundo a norma NBR 7181/84 (Solo Anlise granulomtrica) e apresentada uma classificao segundo a norma NBR 6502/95 (Rochas e solos), para determinao dos limites de Atterberg, pelas normas NBR 6459/84 (Solo Determinao do limite de liquidez) e NBR 7184/84 (Solo Determinao do limite de plasticidade). Para a classificao dos solos tropicais foi utilizada a metodologia denominada MCT. Na sequncia foram realizados os ensaios de compactao segundo a norma NBR 7182/86 (Solo Ensaio de compactao) para as energias normal e intermediria. Aps a realizao da compactao separou-se dois corpos de prova de cada amostra, compactados na energia normal e intermediria que resultaram na mxima especfica seca mxima e umidade tima para serem utilizados nos ensaios de cisalhamento direto.

    Todos os ensaios desse item foram realizados pela empresa LENC ENGENHARIA E CONSULTORIA. As figuras 2 a 4 mostram as amostras que foram selecionadas para o ensaio de cisalhamento direto:

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    Figura 2 NG (energia normal e intermediria) Fonte: Prpria

    Figura 3 NS (energia normal e intermediria) Fonte: Prpria

    Figura 4 NS (energia normal e intermediria) Fonte: Prpria

    3.3. CISALHAMENTO DIRETO Os ensaios de cisalhamento foram programados com os corpos de prova compactados, foram realizados utilizando como referncia a ASTM D3080-04 (Standard Test Method for Direct Shear Test of Soils Under Consolidated Drained Conditions) tendo como objetivo conhecer a variabilidade da resistncia ao cisalhamento dos solos frente a diferena das energias de compactao utilizadas nos corpos de prova.

    Os corpos de prova compactados foram cuidadosamente moldados com o uso de formas metlicas quadrangulares biseladas, as quais possuam 5 cm de largura interna e 2 cm de altura, rea de 25cm e volume de 50 cm e com auxlio de lminas, para serem colocados na prensa de cisalhamento direto.

    Buscou-se evitar alteraes no estado do material devido perda de umidade, de forma que os corpos de prova foram armazenados em cmara mida envolvidos em plsticos.

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    No equipamento de cisalhamento direto, a tenso vertical obtida com um sistema de pesos, que so posicionados na poro inferior de um conjunto de hastes. A prensa possui um motor eltrico que desloca a base de cisalhamento, de modo que sua metade superior reage contra um anel dinamomtrico, medindo-se a fora tangencial, o sistema provido de um potencimetro, que mantm constante a velocidade de deslocamento da clula durante o cisalhamento.

    O deslocamento horizontal medido por um extensmetro, na base da clula e os deslocamentos verticais so monitorados tambm com um extensmetro, posicionado no topo do sistema de carregamento vertical.

    As clulas de cisalhamento envolveram o uso de placas metlicas ranhuradas e pedras porosas, tanto no topo como na base das amostras.

    Uma vez moldados, os corpos de prova eram transferidos para a clula de cisalhamento.

    As amostras foram cisalhadas sob carregamento normal de 100, 200 e 400 kPa, sob as mesmas condies da compactao.

    As figuras 5 a 8 mostram como foi moldagem dos corpos de prova, o sistema de cisalhamento e o armazenamento em cmara mida.

    Figura 5 moldagem dos corpos de prova Fonte: Prpria

    Figura 6 sistema de cisalhamento Fonte: Prpria

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    Figura 7 detalhe dos extensometros Fonte: Prpria

    Figura 8 armazenamento dos corpos de prova compactados em cmara mida Fonte: Prpria

    4. RESULTADOS E DISCUSSO 4.1. CARACTERIZAO E COMPACTAO DOS SOLOS Os solos estudados foram classificao pela metodologia MCT em NS, LG, NG. Os resultados da caracterizao e compactao dos solos nas energias normal e intermediria so apresentados nas tabelas 1 e 2.

    Tabela 1 Caracterizao geotcnica dos solos estudados Caractersticas/Propriedades SOLOS

    NS LG NG Pedregulho (%) 0,00 0,00 0,00 Areia grossa (%) 10,70 0,85 9,57 Areia mdia (%) 15,08 12,41 13,22 Areia fina (%) 17,00 30,23 15,72 Silte + Argila (%) 57,23 56,51 61,50 Limite de liquedez - LL (%) * 48,00 46,00 Limite de plasticidade LP (%) * 27,00 29,00 ndice de plasticidade IP (%) * 21,00 17,00 * Valores no fornecidos pelo laboratrio.

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    Tabela 2 Compactao Proctor Normal e Intermedirio Amostra (Compactao) Caractersticas Valores obtidos NS (Proctor Normal) Umidade mdia (%) 15,79 17,19 19,09 21,29 23,60

    Peso esp. seco (kN/m) 15,09 16,03 16,75 16,27 15,74 NS (Proctor Intermedirio) Umidade mdia (%) 14,60 17,10 20,10 23,40 26,40

    Peso esp. seco (kN/m) 16,50 17,00 17,10 16,40 15,50 LG (Proctor Normal) Umidade mdia (%) 17,80 19,49 21,50 23,80 25,70

    Peso esp. seco (kN/m) 13,16 14,15 14,60 14,01 13,38 LG (Proctor Intermedirio) Umidade mdia (%) 19,70 21,60 23,80 25,10 27,80

    Peso esp. seco (kN/m) 14,90 16,10 16,50 16,10 13,90 NG (Proctor Normal) Umidade mdia (%) 12,60 14,19 16,33 18,19 20,89

    Peso esp. seco (kN/m) 15,07 15,94 16,47 16,02 15,16 NG (Proctor Intermedirio) Umidade mdia (%) 14,30 16,20 18,40 20,30 22,10

    Peso esp. seco (kN/m) 16,50 17,00 17,20 16,70 16,00

    Atravs da tabela 2 possvel confirmar o aumento do peso especfico das amostras na medida em que se eleva a energia de compactao, conforme descrito do item 2.5 e exemplificado na figura 1 e ainda verificar que a amostra LG apresentou o maior ganho de densidade com o aumento da energia de compactao, da ordem de 1,9 kN/m de aumento, comprovando uma das caractersticas dos solos laterticos, que ganham capacidade de suporte quando compactados. Entretanto percebe-se que o teor de umidade timo aumentou para as amostras compactadas na energia intermediria, provavelmente devido heterogeneidade do material, e pelas fraes de lateritas presentes no solo. As figuras 9 a 11 apresentam a distribuio granulomtrica dos solos estudados, enquanto que as figuras 12 a 14 apresentam as curvas de compactao dos solos estudados.

    Figura 9 - Distribuio granulomtrica NS

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    Figura 10 - Distribuio granulomtrica LG

    Figura 11 - Distribuio granulomtrica NG

    Figura 12 Curvas de compactao amostra LG

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    Figura 13 Curvas de compactao amostra NG

    Figura 14 Curvas de compactao amostra NS

    4.2. RESISTNCIA AO CISALHAMENTO A resistncia ao cisalhamento das amostras de solo, NS, LG e NG compactadas nas energias normal e intermediria foram avaliadas por ensaios de cisalhamento direto.

    As amostras foram cisalhadas sob carregamento normal de 100, 200 e 400 kPa e teores de umidade prximos umidade tima do ensaio de Proctor.

    A tabela 3 apresenta os resultados de resistncia ao cisalhamento de pico (mximo) e resistncia ao cisalhamento residual obtidos dos ensaios de cisalhamento direto.

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    Tabela 3 Resultados dos ensaios de cisalhamento direto

    Amostras (Compactao) Resistncias ao cisalhamento (kPa)

    Valores obtidos Carregamento Normal (kPa) 100,00 200,00 400,00

    NS (Proctor Normal) Pico 66,00 102,80 195,60 Residual 46,80 97,20 182,80

    NS (Proctor Intermedirio) Pico 62,80 108,80 216,40 Residual 47,60 94,00 204,80

    LG (Proctor Normal) Pico 113,20 228,00 263,20 Residual 64,80 130,40 241,20

    LG (Proctor Intermedirio) Pico 161,20 187,20 272,80 Residual 55,60 122,80 198,40

    NG (Proctor Normal) Pico 100,40 126,80 225,60 Residual 56,40 106,00 205,60

    NG (Proctor Intermedirio) Pico 80,40 119,20 183,20 Residual 57,20 102,00 173,60

    A partir dos resultados obtidos dos ensaios de cisalhamento foram elaborados os grficos da tenso cisalhante e as envoltrias de resistncia. As figuras 15 a 22 apresentam os grficos elaborados.

    Figura 15 Curvas de tenso cisalhante x deslocamento amostra NS

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    Figura 16 Curvas de tenso cisalhante x deslocamento amostra LG

    Figura 17 Curvas de tenso cisalhante x deslocamento amostra NG

    Figura 18 Curvas de tenso cisalhante x deslocamento amostras compactadas na energia normal

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    Figura 19 Curvas de tenso cisalhante x deslocamento amostras compactadas na energia intermediria

    Figura 20 Envoltria de resistncia amostra NS

    Figura 21 Envoltria de resistncia amostra LG

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    Figura 22 Envoltria de resistncia amostra NG

    As envoltrias de resistncia foram traadas a partir dos valores das resistncias de pico obtidos em cada ensaio. A equao para a linha mdia obtida a partir dos resultados experimentais :

    f = ' x tg() + c

    onde: f = resistncia ao cisalhamento de pico

    ' = tenso normal

    = ngulo de atrito efetivo

    c = coeso efetiva

    A partir dessas envoltrias determinaram-se os parmetros de resistncia ao cisalhamento das amostras ensaiadas, apresentados na tabela 4.

    Tabela 4 Parmetros de resistncia ao cisalhamento

    Amostras (Compactao) c(kPa) () NS (Proctor Normal) 9,00 23,41 NS (Proctor Intermedirio) 22,20 27,28 LG (Proctor Normal) 95,60 24,40 LG (Proctor Intermedirio) 118,40 20,81 NG (Proctor Normal) 51,00 23,18 NG (Proctor Intermedirio) 43,20 19,51

    Atravs da anlise dos grficos elaborados e dos parmetros de resistncia ao cisalhamento obtidos, verificou-se a influncia do aumento do teor de umidade timo para os corpos de prova compactados na energia intermediria sobre a resistncia ao cisalhamento dos solos.

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    Sendo que o solo para energia intermediria o solo NG apresentou reduo na resistncia ao cisalhamento em todas tenses aplicadas, o solo NS praticamente no demonstrou variao de resistncia embora tenha-se obtido ganho nos parmetros de resistncia determinados atravs da envoltria de resistncia e o solo LG apresentou ganhos de resistncia ao cisalhamento.

    5. CONCLUSO Analisando os resultados pode-se fazer as seguintes concluses quanto a variabilidade da resistncia ao cisalhamento para as amostras de solos tropicais classificados pela MCT em LG, NS e NG, compactadas nas energias normal e intermediria:

    - a heterogeneidade do material contribui para o aumento do teor de umidade timo durante a compactao na energia intermediria, fator que conforme observado nos ensaios de cisalhamento direto interferiu com a variabilidade da resistncia ao cisalhamento dos solos;

    - a amostra classificada em LG, embora o acrscimo de umidade, apresentou ganhos na resistncia ao cisalhamento de pico ao elevar a energia de compactao de normal para intermediria, ressaltando o comportamento dos solos laterticos que adquirem capacidade de suporte quando compactados;

    - as amostras de solo com comportamento no laterticos, classificadas em NS e NG no apresentaram ganhos na resistncia de cisalhamento, apresentando reduo na resistncia ao cisalhamento para amostra NG e no variando significativamente na amostra NS.

    Ressalta-se que o presente estudo no encerra o assunto tendo em vista sua complexidade. O estudo da resistncia ao cisalhamento dos solos tropicais compactados exige que sejam ensaiadas uma quantidade maior de amostras e que sejam executados uma variedade maior de ensaios para analisar melhor todas as propriedades relacionadas variabilidade da resistncia ao cisalhamento.

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    E-mail para contato Aluno: Leandro de Aquino Leo: [email protected]; Orientador: Prof. Dr. Rita Moura Fortes: [email protected]


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