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    O CASO ESCOLA BASE E A IMPORTANCIA DA ÉTICA NA PRÁTICA DO JORNALISMO

    Revista da Católica, Uberlândia, v. 1, n. 2, p. 131-139, 2009 – catolicaonline.com.br/revistadacatolica  131

    O CASO ESCOLA BASE E A IMPORTANCIA DA ÉTICANA PRÁTICA DO JORNALISMO

    Fernando Lopes da Silva*

     

    RESUMONo ano de 1994 duas mães denunciam os proprietários da Escola Base de abusarem sexualmente dosseus filhos. O caso teve grande repercussão na mídia ocasionando o linchamento social dos acusadosde um crime que ainda não tinha sido comprovado. O massacre midiático apresentado neste período épalco de discussão para diversos profissionais da área de comunicação, evidenciando a passividadedos espectadores desta noticia que aceitaram como verdade absoluta tudo que era transmitido pela TV.A apuração dos fatos veiculados é preponderante antes de se divulgar uma informação para que estanão venha a transmitir inverdades ou fatos que possa causar algum dano moral a pessoas inocentes. Nadúvida, ou na falta de consistência de dados, é preferível não divulgar uma informação. O errocometido pela imprensa no caso “escola Base” modificou a vida dos acusados que não tiveram sua

    dignidade e privacidade respeitada.PALAVRAS-CHAVES:  Escola base. Ética. Jornalismo.

    “A manifestação de idéias e opiniões por meio da

    mídia em casos de delação, tem como função

    constituir espetáculos massificados, obter altos

    índices de audiência, e inibir a reflexão e a analise de

    um acontecimento social com discernimento e

     prudência”. Fernando Lopes 

    1 INTRODUÇÃO

    O Objetivo deste artigo é ressaltar a importância da ética no exercício do jornalismo.

    O assunto será abordado com referencia a um fato ocorrido em 1994 e que teve grande

    repercussão midiática. Trata-se de uma denúncia realizada por uma mãe, de que seu filho de

    quatro anos de idade sofreu abuso sexual na instituição, a Escola Base, que o garoto estudava.

    A exploração indevida nos meios de comunicação deste caso gerou conseqüências na

    vida dos envolvidos.Quando um veículo de comunicação atribui culpa aos envolvidos de um crime antes

    que os fatos tenham sido apurados, ou que as partes envolvidas tenham tido a chance de se

    defender, é inevitável o risco de se cometer uma injustiça. Expor pessoas que podem ser

    inocentes a opinião pública, tendo por base suposições, fere ao exercício ético do Jornalismo.

    Crimes de violência sexual tendo como vitima crianças e adolescentes ocasionam

    comoção pública, e gera o linchamento social dos autores dos atos libidinosos.

    * Aluna do 5º período de Jornalismo da Faculdade Católica de Uberlândia.

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    No ano deste acontecimento, estava em vigor para os jornalistas o código de ética

    votado no Congresso Nacional da categoria, em 1987. Ele vigorou para os jornalistas durante

    20 anos. No artigo terceiro do código de ética fica estabelecido que “A informação divulgada

    pelos meios de comunicação pública se pautara pela real ocorrência dos fatos e terá por

    finalidade o interesse social e coletivo” (TÓFOLI, 2008).

    Quando os meios de comunicação ignoram a ética e o bom senso, na veiculação das

    informações, as partes envolvidas que se consideram lesadas obviamente recorrem ao poder

     judiciário, a fim de serem ressarcidas por possíveis danos materiais e morais.

    Foi exatamente isto que aconteceu no denominado “Caso Escola Base”. Não

    comprovado as acusações, e após o linchamento social dos envolvidos coube a imprensaressarcir judicialmente os envolvidos no escândalo, que de acusados passaram a exigir

    reparação como vitima de um dos maiores equívocos da imprensa brasileira.

    Neste artigo será abordada a importância de se praticar os princípios éticos na

    atividade jornalística, tendo por parâmetro o código de ética vigente, e a cobertura realizada

    pelos meios de comunicação perante este acontecimento.

    Mediante o Caso Escola Base, cabe aos jornalistas e aos profissionais na área de

    comunicação uma reflexão sobre a responsabilidade de apurar os fatos e transmitirinformações respaldadas com o maior numero de fontes possíveis e que tenham argumentos

    sustentáveis ao emitir uma acusação.

    2 A PAUTA

    Segunda Feira, 28 de Março de 1994. Duas mães vão a uma delegacia na região de

    Aclimação em São Paulo com uma denúncia de abuso sexual contra seus filhos, queestudavam na Escola Base.

    A delação em questão acusava os proprietários da escola Icushiro Shimada e sua

    esposa Aparecida Shimada, e os sócios da instituição Paula Alvarenga e Maurício Alvarenga

    de abusar sexualmente de duas crianças de quatro anos. O inquérito ainda envolvia Saulo e

    Mara Nunes; pais de outro aluno da escola base onde as supostas orgias aconteciam.

    Lucia ouviu seu filho relatar que teria ido à casa de um coleguinha de escola, e lá viu

    filme de “gente pelado” que batia “fotos” e havia “cama redonda” no local. Os pais do

    coleguinha mencionado pelo menino é Saulo e Mara Nunes, o fato aconteceu no horário de

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    aula sendo que as crianças eram levadas para residência na Kombi de Mauricio, sócio da

    Escola Base.

    O delegado Edélcio Lemos mediante a denuncia seguiu inicialmente o procedimento

    correto mandando as duas crianças para o IML para que fosse realizado o exame de corpo de

    delito nos menores. Em seguida, dirigiu-se ao apartamento de Saulo e Mara Nunes com as

    mães das vítimas, Cléa Parente de Carvalho e Lúcia Eiko Tanoue.

    Ao chegar ao local descrito pelos menores, o delegado encontrou uma cama

    retangular, uma fita de vídeo com o show do Fabio Jr, e filme do casal na maquina

    fotográfica. Na escola também nada foi encontrado além de uma coleção de fitas do Walt

    Disney.O jornal Diário Popular, único veículo que estava presente na apuração dos fatos no

    dia 28 de Março não publicou no dia posterior e nos três meses que sucederam as

    investigações uma linha sequer sobre assunto por conta das contradições apresentadas no

    decorrer do processo.

    Mediante um caso aparentemente ambíguo, o então repórter do diário popular Antônio

    Carlos Silveira dos Santos em conjunto a equipe do jornal considerou que era necessário

    outras evidencias de que a violência sexual de fato tivesse acontecido.Os acusados foram encaminhados a delegacia para prestar depoimento. Na delegacia,

    Cléa Patente, mãe de uma das crianças liga para a Rede Globo e a notícia é transmitida para

    todo Brasil no jornal Nacional e a partir de então, por outros meios de comunicação de forma

    parcial e sem duvidar da veracidade dos acontecimentos.

    Saulo Nunes, um dos acusados, em seu depoimento declarou ser inocente sobre a

    acusação de abuso sexual. Sua esposa, Mara Nunes em entrevista coletiva afirmava estar

    sendo detida e que sequer a deixaram depor. As imagens foram transmitidas pela TV cultura,e está disponível no documentário 10 anos de Escola Base.

    O delegado Édelcio Lemos declarava para imprensa em entrevistas que não havia

    dúvidas da autoria dos “crimes”, quando nem havia comprovado, de fato que o crime

    aconteceu. Sua convicção contribuiu para o espetáculo noticioso que se precipitava sobre a

    denúncia de abuso sexual.

    O laudo inicial feito pelo IML detectou no garoto algumas lesões anais que mais tarde

    foram consideradas inconclusivas para afirmar se tratava de atos libidinosos ou de

    machucados causados pelo ressecamento das fezes.

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    Os jornalistas passavam a explorar com veemência a pedofilia, e o caso “Escola Base”

    antes das investigações serem concluídas. O repórter Gilberto Smaniotto no dia 30 de Março

    de 1994 em reportagem para TV Cultura inicia sua matéria para o Jornal com a seguinte

    afirmação:

    O exame de corpo delito feito no garoto pelo IML, constatou realmente queele foi vítima de abuso sexual, a policia está esperando agora, o resultado deum outro exame feito em uma outra garota da escola. (SMANIOTTO, 1994)

    Mediante o laudo do IML que afirmava que as lesões anais eram inconclusivas para se

    afirmar que a criança foi vítima de atos libidinosos, de onde provêm as informações

    mencionadas pelo Jornalista? Que fontes pautavam o que estava sendo noticiado em rede

    nacional?

    O delegado Edélcio Lemos chega a pronunciar em entrevista coletiva, quando

    questionado se teria alguma prova com fotos sobre o fato ocorrido, que o “inquérito é a

    prova”. Nota-se pelas declarações, que ele se sentia bastante á vontade perante a imprensa, e

    seus depoimentos contribuíram para o linchamento social em que acusados se tornaram

    posteriormente vitimas.

    No entanto, os veículos de comunicação são cientes que a transmissão de informações

    sem a devida apuração e sem ouvir todas as versões do acontecimento, pode prejudicar a vida

    de muitas pessoas.

    Uma manchete com viés sensacionalista num caso como este chama a atenção dos

    leitores, mas pode comprometer o compromisso ético de um veiculo de comunicação.

    Após a veiculação da noticia pelos telejornais, os veículos impressos começam a

    publicar manchetes a respeito do caso. Nos jornais e revistas, chamadas como “Kombi era

    motel na escolinha do sexo”; publicado no extinto Noticias Populares no dia 31 de Março de

    1994 e “Uma escola de horrores” publicada pela Revista Veja no dia 6 de Abril de 1994, foi

    instrumento de alarde sobre um crime que só aconteceu na retórica de alguns meios de

    comunicação.

    3 O ESPETÁCULO MIDIATICO

    Para a mídia e o Jornal Nacional em específico, que detinha 70% dos televisores

    sintonizados no canal, o caso de pedofilia parecia conclusivo e certo.

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    Valmir Salaro, repórter da Rede Globo transmitiu a primeira informação á respeito da

    “Escola Base” no dia 28 de Março de 1994. O assunto após a matéria exibida na Rede Globo

    é explorado exaustivamente pela emissora carioca e também por outros meios de

    comunicação.

    O sensacionalismo não permitiu que se checasse da veracidade dos fatos “provados”

    que provocaram o linchamento moral dos acusados no país. Em entrevista concedida a TV

    Cultura no dia 30 de Março de 1994, Lúcia Eiko Tanoue, mãe de uma das crianças envolvidas

    no caso afirma:

    [...] Uma criança não tira isso do nada, ela não vê coisa pornográfica, ela nãolê ainda. Ela só pode escutar televisão, vê desenho, está entendendo?Alguma coisa assim, porque filme pornográfico em casa eu não tenho,

     jamais agente assistiu então ele não sabe o que é isso. Está entendendo?Agora ele falar que viu esse filme, é que me estranhou...(TANOUE, 1994)

    Perplexa com o relato do menino a mãe do garoto complementa seu depoimento

    (TANOUE,1994), afirmando que “Muita coisa deve ter acontecido sem agente saber, bebida

    alcoólica, ter drogado as crianças, abuso sexual, tudo isso aí... ” declara a mãe do menor em

    entrevista.

    A imperícia dos veículos de comunicação na cobertura das noticias não preservousequer as crianças que eram interrogadas durante as transmissões no noticiário. “A tia passou

    a mão em você?” sugeriu a repórter da Rede Globo em entrevista ao menino de cinco anos.

    Na TV Cultura (Snimada, 1994) o repórter pergunta ao garoto “Essa mulher deitava em cima

    de você?”, e o garoto no colo da mãe responde um simples “deitava”, e ele interpela “O que

    ela fazia, o que ela queria?” e pensativo o garoto responde “me beijar”, e por fim ele pergunta

    se tinha fotógrafo e o garoto responde “tinha”.

    É possível analisar neste contexto que o garoto respondia as perguntas de formamonossílaba, e que elas foram feitas, como todo o depoimento, sem a presença de um

    psicólogo. Em nenhum momento a mãe ou os próprios profissionais pensaram em proteger a

    integridade intelectual do garoto que poderia estar traumatizado com o “abuso sexual”. A mãe

    permitia, e a imprensa assediava.

    O código de ética vigente em 1994 já alertava para o respeito com as fontes, e que

    todo jornalista deveria defender os princípios expressos na declaração universal dos direitos

    dos homens.

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    No dia 31 de março, o Jornal Nacional explora a possibilidade de uso de drogas nas

    “supostas orgias” e a transmissão do vírus HIV. Essas informações jamais estiveram no

    inquérito policial, como relata Alex Ribeiro(1995):

    [...] Tudo o que elas (as mães acusadoras da violência sexual) denunciarampassou a ser publicado antes mesmo do registro no inquérito policial - comoa denúncia ao suposto uso de tóxico e a acusação de contaminação com ovírus HIV.

    Uma imprensa que ouve e publica um fato sem checar a sua veracidade, e remetendo

    os envolvido numa situação constrangedora, não preza a diferença entre acusados, envolvidos

    e culpados por algum fato social. O acusado de pedofilia, na opinão publica ainda se drogava

    e transmitia o vírus HIV para suas vitimas.

    Mediante a falta de provas, e o alarde midiático, o Ministério Público interfere no

    processo. O delegado Edélcio Lemos que trabalhava no caso é afastado do caso e assume a

    investigação em seu lugar Gersom de Carvalho. Com esta atitude, estaria afastando do caso

    um dos principais focos de desvirtuação das informações?

    O fato ocorrido no dia 11 de Abril responde a questão. Através de um telefonema

    anônimo, a policia chega até a casa do americano Richard Pedicini que morava pouco mais de

    1 km da Escola Base, e que tinha em sua casa materiais pornográficos de crianças entre sete e

    dez anos de idade. A princípio nenhuma foto de criança da Escola Base, e nenhuma

    declaração do americano dizendo ter contato com os donos desta instituição. Alguns veículos

    de comunicação ainda assim publicaram uma possível ligação entre os dois casos, e o

    delegado que cuidava do processo, Gersom de Carvalho, vai até aos jornais para afirmar que

    “não vê ligação entre os acusados” dos dois crimes.

    O comportamento do delegado Gerson de Carvalho se distingue notoriamente a atitude

    do delegado Edélcio Lemos que afirmava “que o inquérito era a prova”.

    No dia 22 de Junho de 1994 o caso da “escola base” foi arquivado, visto que não havia

    sequer provas e evidencias de ter acontecido um crime, e não tendo nada no inquérito que

    incriminasse os acusados.

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    Cuidadoso em suas declarações, Gerson de carvalho declarou a imprensa em

    entrevista: “(...) Eu não ousaria dizer que não houve um crime, mas se houve este crime

    aconteceu em outro local e tendo outros protagonistas...” (CARVALHO, 1994).

    4 A ÉTICA NO EXERCICIO DA PROFISSÃO

    A vida social dos acusados em questão foi destruída, e as informações transmitidas

    pela mídia tiveram grande contribuição para o linchamento social dos envolvidos.Durante o processo, eles recebiam ligações de ameaça de morte, abandonaram suas

    casas a fim de evitar castigos físicos, e tiveram seus rostos estampados na televisão e em

    diversos jornais. A Escola Base foi saqueada e depredada, o muro da Casa de Mauricio foi

    pichado: “Mauricio estuprador de criancinhas”. Um pesadelo que até hoje assombra a familia

    Shimada que nunca mais retomou sua vida normal.

    O desrespeito com os envolvidos no caso “Escola Base” é palco de discussão entre

    estudantes de jornalismo e profissionais na área de comunicação. Afinal, como procedermediante um fato, ou uma denúncia, equilibrando o direito a informação e a integridade física

    e moral dos envolvidos?

    O artigo 7°do Código de Ética do Jornalista publicado em 1987 faz a seguinte

    ressalva: “O compromisso fundamental do Jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho

    se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação” (TÓFOLI,2008).

    O grande pecado da mídia neste caso foi não ter apurado os fatos antes de publicá-los

    como fato comprovado. Os erros cometidos no “Caso Escola Base” trouxeram conseqüências jurídicas aos envolvidos no assassinato social dos quatro acusados do crime não comprovado.

    Uma ação por danos morais foi movida contra o estado e alguns veículos de

    comunicação como a Rede Globo, SBT, Folha de São Paulo, Revista Veja, Record, Rede

    Bandeirantes, e Revista Istoé.

    O Governo Paulista foi condenado a pagar 250 mil para cada um dos envolvidos.

    De acordo com Thiago Domenici(2005) a Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo

    foram condenados a pagar, somente em 2005, o valor de 250 mil reais a cada um dos

    proprietários da escola. A Editora Três da Revista Istoé foi condenada a reembolsar 220 mil

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    aos envolvidos. A Rede Globo foi condenada a pagar o equivalente a 450 mil a cada

    proprietário da Base. Todas as empresas acima citadas recorrerão ao veredicto estipulado.

    Elas alegam ser vitimas das informações passadas pelo delegado.

    Canais de televisão como a Rede Record, TV Bandeirante, e SBT tiveram os

    processos arquivados por falta de provas. É uma tarefa árdua comprovar os danos morais visto

    que os vídeos do caso estariam sobre o poder dos réus, dificultando o processo.

    5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Os danos ocasionados pela exploração indevida do caso “escola Base não foimanchetes nos jornais. No entanto eles permanecem no imaginário daqueles que foram

    vítimas dos abusos da imprensa.

    A manifestação de idéias e opiniões por meio da mídia, em casos de delação tem como

    função constituir espetáculos massificados, obter altos índices de audiência, e inibir a reflexão

    e a analise de um acontecimento social com discernimento e prudência.

    As lições deixadas pela Escola Base movimentam os espaços acadêmicos, na voz dos

    graduandos em Jornalismo, que discutem sobre a importância da ética no exercício daprofissão.

    Entretanto no mercado as noticias são veiculadas sem ter consciência sobre os valores

    éticos que um profissional deve ter. Afinal, qual a representatividade de uma indenização no

    valor de 450 mil reais, para uma empresa que lucra varias vezes esta quantia com picos de

    audiência, e inserções publicitárias?

    Casos como o que aconteceu na “Escola Base” acontece recentemente em nossa

    sociedade, e mesmo não tendo todos os casos a mesma repercussão que este fato teve em1994, cabe aos profissionais da área comunicação, em todos os tempos uma reflexão sobre o

    seu papel social, visto que existe uma linha tênue que separa o direito a informação, e o

    direito individual de preservar a integridade física e social dos cidadãos.

    Para milhões de expectadores que assiste uma noticia pelo jornal, que ouve no

    intervalo do trabalho uma noticia no radio, ou ainda que circula pelas ruas e vê uma manchete

    na capa dos jornais; a credibilidade depositada nestes instrumentos de informação, não podem

    e nem devem ser confundidos por seus emissores com os produtos publicitários que se

    restringem a chamar a atenção de seu interlocutor.

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    Jornalismo é sinônimo de responsabilidade com o que é veiculado, e com os direitos

    individuais. Neste âmbito destaca-se a importância da ética, no exercício da profissão.

    REFERÊNCIAS

    RIBEIRO, Alex. Escola Base. São Paulo. Ática. 1995

    TÓFOLI. Luciene. Ética No Jornalismo.Petrópolis.Vozes.2008.

    BUCCI, Eugênio. Sobre Ética e Imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

    REVISTA VEJA. 06 de Abril de 1994.

    NOTICIAS POPULARES. 31 de Março de 1994.

    TANOUE, Lucia Eiko. Documentário 10 anos da Escola Base. São Paulo. 2004. Disponível em:http://www.youtube.com/watch?v=033A9C13gGY. Data de acesso: 20/09/2009.

    CARVALHO, Gerson. Documentário 10 anos da Escola Base. São Paulo. 2004. Disponível em:http://www.youtube.com/watch?v=033A9C13gGY. Data de acesso: 20/09/2009.

    SMANIOTTO, Gilberto. Documentário 10 anos da Escola Base. São Paulo. 2004. Disponível em:http://www.youtube.com/watch?v=033A9C13gGY. Data de acesso: 20/09/2009.

    DOMENICI, Thiago. Onze Anos do Caso Escola Base. Publicado em 30/07/2005.  Disponível em:http://www.fazendomedia.com/novas/educacao300705.htm; Data de acesso: em 04/10/09.

    CODIGO DE ÉTICA DO JORNALISMO BRASILEIRO. Rio de Janeiro. 1987. Disponível emDisponível em: http://www.fenaj.org.br . Data de acesso: 15/09/2009.


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