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O FUTEBOL PARA LER COM TODA A MAGIA DO DEZ

“ENTRADA DE CAMPEÃO”

Nº17

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[email protected]

“Saem pretos de toda a parte como se fosse uma máquina de churros”

Jesus Gil y Gil

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FC PORTO

Texto: Mística PortistaFotos: Getty Images

HELTON AJUDA E O PORTO GANHA

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O FC Porto provou total superioridade na deslocação à Croácia e bateu o Dinamo

por 0 x 2. Lucho e Defour apontaram os golos da partida e abriram, assim, com uma vitória o caminho Portista na fase de grupos da Liga dos Campeões 2012/2013. Com a ausência de Fernando, por lesão, Vítor Pereira fez avançar, sem surpresa, Steven Defour, enquanto Danilo, começou no banco, com a opção do treinador Portista para a lateral direita a recair em Miguel Lopes. O técnico Azul e Branco montou uma estratégia atacante e a sua equipa dominou por inteiro a primeira parte. O FC Porto obrigou o Dinamo a recuar os seus 11 jogadores atrás da linha da bola, mas nunca conseguiu criar reais ocasiões de golo, com excepção de um remate vitorioso de Lucho, aos 42’. No dia em que cumpriu o seu jogo 50 na Liga dos Campeões, El Comandante fez o que ninguém conseguiu fazer... até então. Numa jogada pela esquerda, a bola acabou por sobrar para Lucho que disparou, em carreira de tiro, para o fundo das redes croatas. Estava feito o 0 x 1, numa altura em que os adeptos Portistas ainda se lamentavam de um falhanço escandaloso de Jackson Martínez. Um minuto antes, aos 41’, o avançado Colombiano roubou a bola ao guarda-redes e tentou fazer um “bonito”, mas deixou o defesa do Dinamo cortar a bola. De resto, na primeira parte, o Dinamo apenas se limitou a defender e espreitar, sempre que possível, o contra-ataque rumo à baliza de Helton. Não admira, por isso, que o FC Porto fosse a vencer para os balneários. No recomeço, o Dinamo, que nos outros quatro confrontos com o FC Porto tinha vencido duas partidas e perdido outras tantas, esboçou uma reacção, procurando ter mais iniciativa de jogo, mas eram sempre os Dragrões, com muito mais talento e inteligência

em campo, que iam controlando os acontecimentos. Aos 63’, Helton negou o golo do empate. O guardião Brasileiro, por duas vezes evitou o golo do Dinamo, na sequência de um canto. Na resposta, aos 64’, James isolou-se - após passe de Helton – mas o forte remate foi desviado pelo guarda-redes Ivan Kelava, com uma defesa espectacular. Com o avançar do relógio a partida entrou, necessariamente, numa fase de muita pressão por parte dos Croatas que se acercavam com perigo da baliza Portuguesa. Aos 78’, Helton salvou milagrosamente o FC Porto com uma grande defesa, após um remate de cabeça de Carrasco. Ainda assim, era o FC Porto que estava por cima. Contudo, os Portistas apenas conseguiram selar essa superioridade, com o segundo golo, aos 90+2 com um golo de Defour, após uma jogada de contra-ataque bem conduzida por Atsu. Final da partida com o FC Porto a somar três pontos importantes na caminhada pela Europa dos milhões.

Texto: Mística PortistaFotos: Getty Images

HELTON AJUDA E O PORTO GANHA

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BENFICA

Texto: Eduardo PereiraFotos: Getty Images

DO ALGARVE A GLASGOW NAS ASAS DA INCERTEZA

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Texto: Eduardo PereiraFotos: Getty Images

DO ALGARVE A GLASGOW NAS ASAS DA INCERTEZA

Em semana de pausa na Liga portuguesa, o Benfica deslocou-se ao Algarve para participar nas celebrações dos 105 anos do Bétis de Sevilha. O jogo serviu como ensaio geral para a estreia de hoje na Liga dos Campeões, em Glasgow, diante do Celtic.Esperava-se, por isso, um Benfica atrevido e ávido de mostrar serviço, para provar que as ausências de Witsel, Javi García, Saviola e Nélson Oliveira não vieram tornar a equipa mais frágil. A verdade, porém, é que começou melhor o Bétis, exercendo mais pressão nos dez minutos iniciais. Os encarnados souberam contrariar essa tendência, muito por “culpa” da crescente influência de Aimar no jogo, e dispuseram de várias ocasiões para marcar. Na primeira, Lima poderia ter-se estreado a marcar pelo Benfica mas atirou fraco e ao lado. Pouco depois, o mesmo Lima e Cardozo chegaram atrasados a uma bola cruzada da esquerda e, ainda no primeiro tempo, foi Aimar quem proporcionou excelente defesa a Casto.Percebeu-se, porém, ao intervalo, que Jorge Jesus não estava apenas a testar aquele que poderia ser o esquema para hoje. O técnico, que até esteve ausente do banco encarnado devido a castigo, deu instruções ao adjunto Raúl José para operar uma autêntica revolução na equipa, fazendo seis substituições. Ainda assim, convém referir que, no momento em que o Benfica chega à vantagem, decorria o minuto 46, apenas André Almeida e Nolito tinham entrado. Foi precisamente o espanhol quem assistiu Gaitán para o 1-0, o que não deixa de ser um facto curioso: no jogo em que todos os olhos estavam presos em Lima, foi Nico Gaitán quem respondeu à chamada e mostrou “ganas” de querer agarrar uma nova oportunidade, depois de ter sido dado como uma das possíveis saídas do plantel durante o defeso.O elevado número de alterações, de um lado e de outro, acabaram por descaracterizar a partida e quebrar o ritmo de jogo. Ainda assim, apanhado em desvantagem, foi o Bétis quem começou a acercar-se com mais perigo da baliza do

Benfica, acabando por alcançar o empate aos 69 minutos. Pereira aproveitou um alívio menos feliz de Ola John para fazer um chapéu perfeito a Artur, que pouco mais pôde fazer do que ver a bola dirigir-se para o fundo das redes.

(Re)inventar o onze para Glasgow

Hoje, a partir das 19h45, o Benfica estreia-se na Liga dos Campeões, esperando amealhar os primeiros pontos (e milhões) na competição. Tendo sido afastado pelo Chelsea nos quartos-de-final da edição anterior da prova, o clube da Luz parece não dispor, a priori, dos mesmos argumentos que o levaram a essa fase adiantada. Não só as já referidas saídas de Witsel, Javi, Saviola e Nélson Oliveira (principalmente dos três primeiros) poderão ter deixado os encarnados mais debilitados em sectores fundamentais para o seu modelo de jogo, a verdade é que é na defesa que as contas se complicam - e de que maneira! - para Jorge Jesus.Já se sabia, por força de um castigo aplicado diante do Chelsea, que Maxi Pereira estava impedido de alinhar no Celtic Park. Esta semana, contudo, também Luisão se converteu numa baixa de vulto, depois de ver a FIFA confirmar o castigo aplicado na semana passada pela Federação Portuguesa de Futebol. Recorde-se que em causa está a atitude de Luisão no jogo amigável diante do Fortuna de Düsseldorf, a 12 de Julho, num incidente com o árbitro Andreas Fischer. E de nada valeram os desculpas institucionais apresentados por Luís Filipe Vieira nem o comunicado da clínica de Iserlohn dando conta da recusa de tratamento por parte do juíz alemão: Luisão vai mesmo estar ausente dos quatros primeiros jogos do Benfica na Liga dos Campeões.Em consequência destas duas situações, Jesus vê-se obrigado a, em Glasgow, apresentar um quarteto defensivo alternativo, prevendo-se que Miguel Vítor alinhe à direita e Jardel acompanhe Garay no centro, mantendo-se Melgarejo

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à esquerda. Depois disso, nas recepções ao Barcelona e Spartak e na deslocação a Moscovo, o eixo da defesa terá de continuar a incluir Miguel Vítor ou Jardel. Como se ao técnico encarnado não bastassem as dores de cabeça com a posição de lateral esquerdo...Nos restantes sectores, há também algumas questões em aberto. A dúvida principal reside na utilização de Bruno César ou Enzo Pérez na posição que, até agora, pertencia a Witsel, perspectivando-se também interessante luta pela titularidade na ala esquerda, entre Gaitán e Nolito. Finalmente, é na frente de ataque que

reside a última interrogação, faltando saber se Jesus apostará na continuidade, com Rodrigo, ou na dupla que se prevê como a mais provável para atacar esta época, com Lima ao lado de Cardozo.No restante, Matic será a alternativa natural a Javi García, a batuta do ataque deverá estar entregue a Pablo Aimar e, na ala direita, não se equacionará outra hipótese que não Eduardo Salvio.

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“Joga-se melhor com 11... E se é com 12, melhor ainda”

Di Stefano

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PORTUGAL

Texto: Francisco BaiãoFotos: Getty Images

OS GRUPOS DAS EQUIPAS PORTUGUESAS

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Texto: Francisco BaiãoFotos: Getty Images

OS GRUPOS DAS EQUIPAS PORTUGUESAS

Quis o sorteio, realizado no final da manhã de 31 de agosto, que a Académica de Coimbra (que estava no quarto e último pote) ficasse colocada no Grupo B da Liga Europa juntamente com o Atlético de Madrid (detentor da prova e recém-vencedor da Supertaça Europeia), o Hapoel Tel Aviv (Israel) e o Plzen (República Checa). Se o facto de ter “caído” no grupo do Atlético Madrid foi uma das piores notícias (em termos desportivos) que poderia ter, a restante constituição do grupo pode deixar algumas esperanças de, pelo menos, discutir o segundo lugar do grupo, lugar que garantirá a passagem à próxima fase da competição. Vamos então analisar os adversários da Académica de Coimbra:

Atlético Madrid – Falcao e mais dez

O Atlético Madrid foi o 5º classificado da Liga BBVA 2011/2012 a 2 pontos do 4º lugar, posição que lhe daria acesso à Liga dos Campeões, mas, tendo em conta a recuperação encetada pela equipa desde a chegada do argentino Simeone aos comandos do clube (entrou à 18ª jornada quando a equipa ocupava um modesto 11º posto a 8 pontos do 4º classificado), pode-se imaginar que o lugar dos colchoneros não é nesta competição. Esta ideia é reforçada pela exibição portentosa e resultado desnivelado alcançado perante o Chelsea (vitória por 4-1) na Supertaça Europeia em mais uma demonstração de alto gabarito da estrela da companhia, Radamel Falcao, autor de três golos, mais um do que havia feito na final da Liga Europa, no triunfo por 3-0 sobre o Athletic Bilbau. Em relação à temporada passada destacam-se as saídas do colombiano Luis Perea, do argentino Salvio (para o Benfica) e do brasileiro Diego (regresso ao Wolfsburg) e as entradas de Cisma (Racing Santander), Raúl Garcia (Osasuna), Diego Costa (Rayo Vallecano), Belözoğlu (Fenerbahçe) e Cristián Rodríguez (FC Porto) para além da manutenção do empréstimo do guardião belga Courtois pertencente aos quadros do Chelsea.No plantel, para além do goleador Falcao, destacam-se ainda as presenças dos portugueses Sílvio e Tiago e jogadores como

Miranda, Juanfran e Arda Turan garantem ao clube a qualidade suficiente para ser apontada como a grande favorita ao triunfo no grupo e até a altos voos na competição.

Hapoel Tel Aviv – o inferno israelita

O Hapoel Tel Aviv é uma formação israelita acostumada às andanças europeias que terminou o último campeonato na quinta posição a apenas dois pontos do segundo lugar e chega a esta competição, tal como a equipa de Coimbra, depois de ter vencido a Taça do seu país mas, devido à posição do ranking, o segundo adversário da Briosa teve de ultrapassar o play-off de acesso à fase de grupos da Liga Europa, batendo os luxemburgueses do Dudelange num total de 7-1 na eliminatória (vitória por 1-3 no Luxemburgo e de 4-0 em Israel).Numa equipa sem grandes estrelas (apenas 5 jogadores não são israelitas) o nome de Djemba-Djemba salta à vista, uma vez que o camaronês já alinhou em equipas como Manchester United e Aston Villa e chegou esta temporada ao clube (proveniente do Odense) para substituir Nosa Igiebor (transferido para o Betis), é o colectivo a maior força desta formação e o seu reduto um verdadeiro vulcão onde os adversários sentem bem a presença do 12º jogador.Nesta temporada, para além dos dois triunfos sobre o Dudelange, o Hapoel venceu os dois jogos já disputados do campeonato (um a zero no terreno do Hapoel Ramat Gan e dois zero em casa frente ao Hapoel Haifa).

Plzen – os checos à procura de um lugar ao sol

A equipa do Plzen terminou na terceira posição o campeonato checo de 2011/2012 a apenas três pontos do campeão (Slovan Liberec) e a um do segundo classificado (Sparta de Praga) alcançando 19 triunfos em 30 jogos, com seis empates e cinco derrotas e, esta temporada, ao fim de seis jogos, segue na segunda posição com 13 pontos, fruto de quatro triunfos, um empate e uma derrota.Para esta temporada, a equipa perdeu Václav Pilar para o Wolfsburg, Milan Petrzela

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para o Augsburg e Marek Cech para o Sparta de Praga, entrando para os quadros do clube o arménio Edgar Malakyan (Pyunik), o eslovaco Matúš Kozáčik (Anorthosis) e mais sete checos desconhecidos que se juntam a um tal de Pavel Horváth que, aos 37 anos, poderá regressar a Portugal depois de uma curta e infrutífera passagem por Alvalade entre 2000 e 2002 que, apesar de tudo, lhe rendeu um Campeonato e uma Supertaça.A equipa checa, à semelhança da israelita, fará do conjunto a sua força mas poucas hipóteses terá de pontuar com o Atlético Madrid, caso os colchoneros façam jus à sua superioridade técnica e à qualidade individual dos seus jogadores.A primeira jornada arrancará no próximo dia 20 de Setembro com os jogos Hapoel Tel Aviv – Atletico Madrid e Plzen – Académica.

Sporting

O Sporting parte como o grande favorito à conquista do grupo G da Liga Europa. Depois de afastar no playoff o Horsens, da Dinamarca, a equipa leonina, integrada no pote 1, conseguiu evitar alguns dos principais adversários que lhe podiam calhar em sorte como o Nápoles e a Lázio, de Itália, o Atlético Bilbau, de Espanha, o Newcastle, de Inglaterra, ou Anzhi, da Rússia. Quis o sorteio que calhasse ao Sporting o Basileia (Suíça), Genk (Bélgica) e Videoton (Húngria).A equipa suíça surge na fase de grupos da Liga Europa depois de ter falhado o acesso à Liga dos Campeões, sendo afastada na pré-eliminatória pelo Cluj (3-1 no conjunto das duas mãos). Apesar de algumas passagens marcantes na Champions, o Basileia ficou na temporada passada associado negativamente à prova ao registar a pior derrota de sempre na competição (7-0 frente ao Bayern de Munique). Para esta época os suíços perderam a sua principal estrela, Shaqiri, precisamente para a equipa de Munique a troco de 11,8 milhões de euros. Também Xhaka se transferiu para a Alemanha, concretamente para o Borussia Moenchengladbach (por 8,5 milhões de euros). No sentido inverso, o chileno Marcelo Diaz (ex-Universidade do Chile) representou a principal aquisição (4 milhões de euros) sendo que o argentino Gaston Sauro (ex-Boca Juniores) fechou o lote de contratações da equipa treinada pelo alemão Hoiko Vogel.O Genk, sexto classificado do campeonato belga, é uma equipa jovem que apresenta uma média de idades de 23 anos, em que apenas dois jogadores (os avançados Barda e Buffel) têm mais de 30. Para

esta época a equipa treinada pelo holandês Mario Been (que cumpre a segunda época no Genk) fez uma pequena revolução, contratando 12 jogadores e vendendo 17, entre os quais Kevin de Bruyn, para o Chelsea (8 milhões de euros) e o congolês Christian Benteke, para o Aston Villa (8,8 milhões de euros). Apesar dos belgas terem facturado cerca de 20 milhões de euros em vendas, gastaram apenas 2 milhões e todos no defesa Katutu Tshimanga (ex-Lokoren). Em termos europeus, para alcançar a fase de grupos,os belgas afastaram nas pré-eliminatórias o Aktob, do Cazaquistão, (3-1 no conjunto das duas mãos) e o Luzern, da Suíça, (3-2-no conjunto das duas mãos).Os húngaros do Videoton apresentam-se, porventura, como os mais desconhecidos entre os portugueses mas são, por outro lado, aqueles que neste momento mais ligação mantêm com o Sporting. A começar pelo treinador Paulo Sousa, ex-jogador dos leões, e a terminar em Renato Neto, cedido a título de empréstimo pelo clube de Alvalade. Também o defesa central Marco Caneira, ex-jogador do Sporting, está integrado nesta equipa húngara que eliminou o Trazbzonsport, da Turquia, no playoff de apuramento, na discussão por grandes penalidades após o nulo registado em toda a eliminatória. De referir que a equipa húngara conta ainda com outro português na equipa. Trata-se de Filipe Oliveira, 28 anos, que chegou ao Videoton a época passada depois de ter representado o Braga, o Torino e o Parma. Também Evandro Brandão integra os quadros da formação húngara, mas foi esta época cedido ao Olhanense a título de empréstimo. O treinador do Sporting, Ricardo Sá Pinto, refere que é “preciso respeitar os adversários“, mas não esconde a ambição de “voltar a fazer uma grande campanha na Liga Europa“, depois de na temporada passada ter caído nas meias-finais diante o Atlético de Bilbau. ”Mantendo a atitude certa estaremos mais próximos de conseguir os nossos objetivos de apuramento. Sei que vamos entrar em cada jogo com o espírito de ganhar e é esse espírito que nos anima e que deve animar todos os sportinguistas”, declarou o técnico. Para confirmar o favoritismo no grupo o Sporting terá que fazer golos, um dos problemas que mais salta à vista neste início de época. Com Van Wolfwinkel como principal (e única) referência no ataque dos leões, o desafio de Sá Pinto passará por encontrar um modelo de jogo em que o Sporting consiga ser mais eficaz e ter mais presença na área adversária.

Maritimo

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O CS Marítimo participa pela primeira vez na Fase de Grupos da Liga Europa. Várias foram as vezes em que a equipa tentou, mas só agora conseguiu, depois de bater o Asteras Tripoli (1-1 fora e 0-0 em casa) na 3ª Pré-eliminatória e o Dila gori (1-0 em casa e 0-2 fora) no Play-off.Na primeira participação, nada pior, do ponto de vista desportivo, do que os três adversários sorteados (Newcastle United, FC Bordéus e Club Brugge), que, além de terem mais experiência nesta competição, são mais dotados em termos individuais, contando nas suas fileiras com vários jogadores internacionais.Sem quaisquer rodeios, a única hipótese do CS Marítimo residirá nos resultados em casa, uma vez que o seu treinador, Pedro Martins, é muito inteligente taticamente.Do ponto de vista financeiro, dificilmente se poderia pedir mais, uma vez que, particularmente, Newcastle United e FC Bordéus são duas equipas muito conhecidas e com muitos adeptos, o que ajudará a encher o Estádio dos Barreiros e os cofres maritimistas.Esta fase da competição começa no próximo dia 20 de setembro.

NewcastleCuriosidades da última temporada:Na última época,

o Newcastle United teve um excelente desempenho na Premier League. Ficou em 5º lugar, venceu 19 partidas, empatou 8 e perdeu 11, o que prova que esta é uma equipa que gosta de resolver tudo na hora.Em termos de golos, o Newcastle United foi bastante equilibrado: marcou 56, mas sofreu 51, o que revela algumas debilidades defensivas. Em casa, empatou 5 vezes, perdeu apenas 3 (menos 1 do que o Chelsea FC) e sofreu apenas 17 golos, estando entre as oito melhores defesas em casa. Fora, a histórias foi outra: 34 golos sofridos, 8 derrotas e 3 empates. Em médias, marcou 1,47 por jogo e sofreu 1,34 por partida.Desde o começo, este sempre entre os sete primeiros classificados, o que denota regularidade, pelo menos, nos resultados.

Club Brugge

Curiosidades da última temporada:Na última época, o Club Brugge voltou a apresentar-se a um bom nível na principal Liga belga. Ficou em 2º lugar, atrás do poderoso Anderlecht. Marcou 51 golos, sofreu 32. Conseguiu 19 vitórias, uma a menos do que o campeão, mas perdeu por 7 vezes, empatando ainda 4 partidas. A sua força esteve particularmente em casa, onde venceu por 12 vezes, empatou 1 jogo

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e perdeu 2. Marcou 30 golos e sofreu 10, sendo o 5º melhor ataque e a 2ª melhor defesa. Em média, marcou 1,70 por jogo e sofreu 0,67 por partida.Fora do seu terreno, venceu 7 vezes, as mesmas que o campeão, empatou 3 e perdeu 5. Marcou 21 golos e sofreu 22, perdendo aqui o título para o Anderlecht. Foi o 4º melhor ataque e a 5ª melhor defesa a jogar fora. Em média, marcou 1,40 golos por jogo e sofreu 1,47 por partida. No geral, foi a 2ª equipa mais forte em casa e a 3ª fora do seu campo.Em termos de percurso, andou praticamente sempre entre os cinco primeiros lugares, sendo que nas primeiras dez jornadas atingiu algumas vezes o 1º lugar.Na Liga Europa do último ano, ficou no grupo do SC Braga, tendo vencido 1-2 em Braga e empatado 1-1 na Bélgica.

Bordéus

Curiosidades da última temporada:Depois de um começo horrível, o FC Bordéus recuperou e, graças a uma ponta final fantástica, terminou no 5º lugar, a apenas quatro pontos do Ol. Lyon. Apesar de a parte inicial parecer catastrófica, a verdade é que o

FC Bordéus teve “apenas” 9 derrotas, três a menos do que o Ol. Lyon (4º classificado). A equipa venceu 16 jogos e teve 13 empates. A sua grande arma foi o seu estádio, onde venceu 9 vezes, empatou 8 e perdeu apenas 2, num total de 25 golos marcados e 14 sofridos. A média de golos marcados em casa foi de 1,32; a de golos sofridos foi 0,74. Defensivamente, em casa, o FC Bordéus foi a 4ª melhor equipa.Fora de casa, a equipa também não esteve nada mal: venceu 7 partidas, empatou 5 e perdeu 7, marcando 28 golos e sofrendo 27, o que dá uma média de 1,47 e de 1,42 respetivamente.Em termos de Ranking nos jogos fora, o FC Bordéus foi o 3º melhor ataque e a 12º melhor defesa.A progressão na Ligue 1 revela que a equipa teve muitas dificuldades na tabela até à 15ª jornada, marcando presença na segunda metade. A partir dessa jornada, tudo melhorou e a equipa andou sempre entre o 9º e o 7º lugar, conseguindo o 5º posto nas últimas duas jornadas.

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“O futebol é um jogo imprevisível porque sempre começa 0-0“

Vujadin Boskov

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SPORTING

SPORTING CONTINUA SEM GANHARTexto: Mística Portista

Fotos: Getty Images

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SPORTING CONTINUA SEM GANHAR Marítimo e Sporting acertaram, este domingo à noite, o calendário da terceira jornada

da Primeira Liga portuguesa com o resultado final a cifrar-se numa igualdade a uma bola, resultado que impede os insulares de se juntarem à dupla da frente do campeonato (Benfica e FC Porto) e impossibilita que os leões abandonem as últimas posições (estão na 13ª posição) continuando sem conhecer o sabor da vitória ao fim de 3 jogos disputados.Foi um Sporting que se apresentou sem Capel (Izmailov foi titular relegando o espanhol para o banco de suplentes) sem Boulahrouz (lesionado, sendo substituído por Xandão) e sem Insúa (Pranjic foi titular no lado esquerdo da defesa) aquele que começou a partida na Madeira em que procurava, ao fim de três jogos, o primeiro triunfo no campeonato e, pior ainda, marcar o primeiro golo, depois de um empate a zero em Guimarães e de uma derrota, em casa, frente ao Rio Ave, por uma bola a zero.

E se a equipa de Alvalade precisava de um triunfo como de pão para a boca, a primeira parte da partida não mostrou um Sporting capaz de incomodar seriamente o guarda-redes Salin sendo, pelo contrário, Rui Patrício mais incomodado por diversas iniciativas de Sami (aos 9′ serviu David Simão, aos 15′ e aos 21′ obrigou o capitão leonino a aplicar-se) e só aos 33′, por intermédio de Carrillo, o Sporting levava algum perigo à baliza contrária (já antes Patrício voltava a salvar o Sporting a remate de João Guilherme, na sequência de um pontapé de canto).O intervalo chegava com o nulo, confirmado por uma bela intervenção de Salin a remate de Cédric (aos 40′) com o Sporting, ao fim de mais de 200 minutos de campeonato, a não conseguir um único golo. Mas não seria preciso esperar muito tempo na segunda parte para que o marcador fosse inaugurado pois, aos 10 minutos da segunda parte, o holandês Wolfswinkel, após tremendo passe de Izmailov, faz, de pé esquerdo, o golo inaugural da partida, com um remate cruzado para o fundo da baliza de Salin.

O jogo entrou, depois, numa toada morna, com uma oportunidade para cada um dos lados no espaço de dez minutos, com João Guilherme a não aproveitar um erro de Patrício aos 63′ e, na melhor oportunidade para o Sporting fazer o 0-2, Capel (entrado pouco antes para o lugar de Izmailov) a permitir a defesa de Salin em cima da linha de golo, aos 67′. O jogo continuou na mesma toada (uma oportunidade para cada lado a cada dez minutos) com Wolfswinkel a desperdiçar o 0-2 aos 70′ com resposta dos da casa, aos 72′, por David Simão, para boa defesa de Patrício. Patrício voltaria a estar em evidência aos 77′ ao defender, com grande classe, um cabeceamento de Fidélis mas, a 3 minutos dos 90, João Guilherme, de livre direto, fazia o 1-1 final com um remate bem colocado que beneficiou da deficiente colocação e abordagem de Patrício ao lance.

Depois do golo ainda houve uma oportunidade para cada uma das equipas vencer o jogo, com Patrício a defender um remate de Adilson aos 89′ e, já em período de descontos, Carriço, entrado para o lugar de Elias pouco antes do golo da igualdade, a permitir um corte de Briguel quando já estava na área maritimista.O jogo chegava ao fim com a igualdade a uma bola, deixando o Marítimo na 5ª posição do campeonato com 5 pontos (a dois da liderança) e o Sporting num 13º posto já a 5 da frente da liga, perdendo, desde já, o contato com Benfica e FC Porto.

Texto: Mística PortistaFotos: Getty Images

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LIGA ESPANHOLA

Texto: José Alberto LopesFotos: Getty Images

DE LOUCOS!

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Texto: José Alberto LopesFotos: Getty Images

DE LOUCOS! José Mourinho já tem equipa outra vez. Depois de ter estado a perder, por duas vezes, em casa,

diante do Manchester City, o Real Madrid reclamou a vitória com dois golos nos últimos instantes da partida, com o «feliz» Cristiano Ronaldo a assinar o golo da preciosa vitória no primeiro jogo no Grupo D da Liga dos Campeões.

Depois de ter «perdido» a equipa em Sevilha, o treinador português procurou recuperá-la esta noite com duas alterações cirúrgicas, uma das quais de forte significado no seio do plantel merengue, deixando o conceituado Sergio Ramos no banco para colocar o jovem Varane ao lado de Pepe no eixo da defesa. A outra alteração serviu para atenuar o pendor ofensivo do campeão espanhol, prescindindo de Mezut Özil para ganhar consistência, mais atrás, com Essien a constituir um triângulo com Xabi Alonso e Khedira, oferecendo maior flexibilidade de movimentos ao alemão.

Mas o que mudou, acima de tudo, foi a atitude da equipa, pelo menos nos minutos iniciais, com Cristiano Ronaldo, a improvisar espaço para dois fortes remates, o segundo dos quais a contar com um desvio de Higuaín, para Hart brilhar entre os postes. O Real teve mais bola diante de um City redimensionado para jogar no Bernabéu, com Javi Garcia à frente da defesa e depois uma linha de cinco, ainda com Barry e Yaya Touré ao meio e apenas com Carlos Tévez lá na frente. Aguero, recuperado de lesão, ficou no banco e Balotelli nem isso. A equipa de Mancini, cautelosa, cedeu claramente a iniciativa ao adversário e esteve muito tempo a ver jogar. Nesta primeira parte contámos apenas um remate de David Silva.

Aí vêm os golos

A segunda parte começou nos mesmos moldes, com o Real com mais iniciativa, mas com um City bem consistente a defender. O jogo prosseguiu equilibrado e Mancini foi o primeiro a arriscar, trocando David Silva por Dzeko. Mourinho respondeu logo a seguir coma entrada de Özil para o lugar de Essien. O italiano foi o primeiro a sorrir depois de um grande lance de Yaya Touré que se libertou de três adversários, combinou com Tévez e serviu Dzeko para o primeiro da noite. Mourinho não esperou muito para lançar Modric e Benzema, de uma assentada e, depois de Yaya Touré ter desperdiçado o segundo do City, Marcelo empatou. O lateral já tinha experimentado o remate de longe por duas vezes e, à terceira, com o pé direito, atirou a contar, com a bola a deslizar no peito de Javi Garcia antes de encontrar as redes de Hart.

O jogo que tinha provocado poucas emoções até ao momento, acelerou e o City voltou a marcar, na sequência de um livre inofensivo de Kolarov em que ninguém tocou na bola, nem Casillas. O Real voltou a responder rápido e empatou, dois minutos depois, por Benzema. No último minuto, os merengues passaram, finalmente, para a frente, com um remate cruzado de Cristiano Ronaldo. José Mourinho saltou do banco eufórico. Já tem equipa outra vez.

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“A SIDA é como um cartão vermelho mostrado por Deus”

Rabat Madjer, ex-jogador do FC Porto

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O FERROLHOSUIÇO

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REPORTAGEM

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Os italianos popularizaram o “catenaccio”, mas a essência do jogo defensivo de contenção

e golpe remonta aos ensinamentos de um mestre austríaco que viveu os anos dourados do Wunderteam para perceber que há equipas que só se podem travar com uma disciplina defensiva extraordinária. Nasceu assim o “ferrolho suíço”, a mais polémica invenção táctica da história, obra e graça do maestro Karl Rappan.

Eficácia suiça

Hoje chamam-lhe “estacionar o autocarro“. Populariza-se uma forma de jogar que tem mais de 60 anos. O de jogar atrás. Sempre.

Muitos se queixaram que no último Mundial a futura campeã do Mundo, Espanha, teve de defrontar várias equipas que se fecharam na sua área para aguentar o futebol de tiki-taka dos espanhóis. E curiosamente foi contra a Suiça que a Espanha abriu a prova. E perdeu pela única vez no torneio. Os suíços, fieis à sua herança, souberam mostrar que, passados tantos anos, continuam a ser eles os maestros do ferrolho. Da contenção suprema. Do contra-golpe oportunista, cínico e eficaz.

Os amantes do futebol romântico desprezam os puristas do jogo defensivo. São os que ignoram os grandes defesas ou médios defensivos como alguns dos melhores do Mundo. Apenas porque a sua missão é destruir, evitar o golo. A regra básica do jogo. Até aos anos 50 as defesas eram, muitas das vezes, anárquicas e inofensivas. O jogo disputava-se mais no miolo, mas com o futebol de extremos, as oportunidades de ambas as partes multiplicavam-se em relação aos dias de hoje. Os resultados eram outros e habitualmente

prevalecia a equipa mais talentosa. Que era também, habitualmente, a mais rica e poderosa. O talento era a arma dos ricos. A defesa tornar-se-ia na arma dos mais pobres.

A mutação táctica do WM para o 4-2-4, durante a década de 50, assistiu a uma reorganização do sector ofensivo onde passaram a actuar, de forma fixa, quatro elementos. Nasceram os laterais, ofensivos ainda na sua génese, e os centrais de marcação passaram a contar com a preciosa ajuda do médio de contenção. Assim se deu um imenso salto qualitativo no jogo da década, com a Hungria, na primeira metade, e o Brasil, na segunda, como principais artífices desta mutação. Equipas de grandes avançados, com grandes defesas. Mas eram equipas balanceadas para a frente, com uma menor preocupação defensiva. Estavam ainda longe do modelo apresentado, anos antes, de Karl Rappan. Um homem que chegou para remodelar por completo o futebol mundial.

A cartilha de Rappan

O técnico austríaco nasceu em Viena em 1905.

Durante a sua juventude foi praticante amador no Rapid Wien, onde passou praticamente desapercebido. Em 1931 mudou-se para a Suiça, actuando durante cinco anos pelo Servette, onde venceu duas ligas. No final da sua carreira desportiva ficou pelos Alpes suiços. Rappan era um avançado móvel e conhecia bem as debilidades da organização defensiva da maioria das equipas. Nas suas primeiras iniciativas como técnico, no Grashoppers, Rappan começou a desenvolver um modelo táctico que explorava ao máximo o trabalho defensivo. Misturando o WM com o 2-3-5, Rappan defendia que a

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REPORTAGEM

sua equipa devia posicionar-se toda atrás da linha de meio-campo, esperando pelo rival. Ocupando estrategicamente todos os pontos de ataque do rival, com extremos transformados em falsos laterais, o objectivo era evitar que a bola se aproximasse demasiado da baliza e recuperá-la no miolo, para depois provocar rápidos contra-ataques contra a descompensada equipa rival.

Assim nasceu o “Ferrolho Suiço“.

O sucesso foi imediato. Rappan quando venceu cinco ligas com o Grasshoppers em oito temporadas. Uma equipa sem nenhum talento individual, mas com uma disciplina férrea.

Durante muito tempo o técnico defendeu que o WM, e mais tarde o 4-2-4, dependiam em excesso do talento do indivíduo. Para ele isso era o de menos. O que valia era a força do colectivo, que marcava à zona na linha do meio-campo, e ao homem perto da grande área. Os jogadores rivais eram totalmente cercados, os espaços reduzidos e apesar da posse de bola pertencer quase sempre à equipa mais talentosa, esta pouco ou nada podia fazer com ela. Estava atada. O técnico deslocou um dos avançados para junto dos defesas, e criou assim a base do 5-3-2, quando o 4-2-4 era ainda uma miragem táctica.

Sucesso internacional

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A grande prova de fogo do sistema surgiu em 1938 no Mundial de França.

Karl Rappan tinha sido nomeado seleccionador suiço, uma equipa sem grande tradição em competições internacionais. As expectativas eram baixas mas já antes do Mundial começar a Suiça tinha batido, de forma surpreendente, a Inglaterra em Basileia.

Até que chegou a poderosa Alemanha nazi, reforçada com alguns dos talentos austríacos do Wunderteam que Rappan tanto apreciava. A equipa germânica, patrocinada por Hitler, era uma das máximas favoritas para vencer o torneio inspirado no celebre Der Blau Elf. Mas foi incapaz de penetrar a dupla linha defensiva suiça. O jogo terminou com um 1-1 (o golo suíço marcado num contra-ataque, inevitavelmente) e no jogo de repetição, os suiços impuseram-se por 4-2 contra uma equipa alemã cansada do esforço fisico do dia prévio. Três dias depois a equipa helvética perderia por 2-0 contra a finalista Hungria, mas estava dado o sinal. Rappan voltou ao cargo em vários períodos, incluindo o Mundial de 1954, organizado na própria Suiça. Aí bateu a equipa italiana por 3-1, num duelo que acabou por se tornar na grande inspiração táctica para Nereo Rocca dar a primeira forma ao catenaccio que viria a pautar o modelo organizativo do jogo italiano nas décadas posteriores graças ao trabalho dele próprio e do mítico Helenio Herrera.

Rappan continuou a ganhar títulos na sua Suiça adoptiva e, progressivamente, as suas ideias começaram a conquistar admiradores. No entanto, para os românticos do jogo, o seu modelo roçava a blasfémia e as suas equipas eram habitualmente tratadas como formações menores. Para muitos incluir Karl Rappan na lista dos melhores treinadores da história é algo impensável. No entanto o austriaco, que também esteve por detrás da invenção da Taça Intertoto nos anos 60, foi talvez o maior entendedor da organização defensiva pura. As suas equipas venciam a esmagadora maioria das vezes, precisamente porque sabiam defender melhor que qualquer outra equipa. O ataque era apenas uma consequência natural do organizado processo defensivo. Um pensamento de base que foi transformado e radicalizado por alguns técnicos profundamente defensivos mas que também serviu de base para o aperfeiçoamento táctico de algumas das equipas mais ofensivas da história. A herança de Rappan ainda hoje sobrevive

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O Chelsea terminou a sua série de vitórias consecutivas com um empate sem golos no terreno do Queens Park Rangers. A equipa Blue esteve perto de marcar por várias ve-zes (Hazard foi dos mais displicentes, com uma grande oportunidade logo no 3º minuto e outras no seguimento do encontro), mas do outro lado estava um inspirado Júlio César (antigo jogador do Inter de Milão) a impedir que os londrinos alcançassem a vantagem. Já na segunda parte, o próprio QPR teve uma excelente hipótese que não concretizou e o Chelsea manteve a toada atacante, mas nin-guém foi capaz de furar a muralha do QPR.

O Manchester United teve uma primeira par-te complicada, em que inclusivamente falhou um penalti (aos cinco minutos, por Chicari-to Hernandez), mas entrou na segunda parte com vontade de resolver a partida e goleou o

Wigan por 4-0. Scholes (após um cruzamento de Nani mal aliviado pelo guarda-redes ad-versário), Chicarito, Buttner (com uma joga-da individual que, mesmo com alguma sorte, é de ver e rever) e Powell (com um excelente remate de fora da área) marcaram os golos dos Red Devils.

Chuva de golos no Emirates com o Arse-nal a despachar o espectro da crise de vez (após vitória na semana passada no reduto do Liverpool) com uma goleada das antigas ao Southampton por 6-1. A história do jogo resume-se, praticamente, aos golos. A equi-pa de José Fonte começou a ser “cilindra-da” com um auto-golo de Hooiveld, que foi seguido por um golaço de livre de Podolski. Jervinho fez o 3-0 aos 34 minutos e, aos 37, um azarado Clyne marcou na própria baliza num ressalto infeliz. Uma borla de Szczesny

INGLATERRA - PREMIER LEAGUETiago SoaresFotos: AP

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deu o 4-1 ao S’hampton ainda na primeira parte, e aos 71 Gervinho bisou e Theo Wal-cott fechou a contagem aos 88 minutos num remate colocado já dentro da área.

A estreia de Javi Garcia no City fica marcada pelo seu golo, por um empate a uma bola em casa do Stoke City e por um golo de Crouch que é, no mínimo, polémico. Aos 17 minutos e após uma bola de ressaca de um canto, Crouch recebe com o peito / braço, amortece mais tarde com ajuda da mão esquerda e ain-da vê uma tentativa de alívio de Javi Garcia a embater na mesma mão. Lance complica-do que a equipa de arbitragem julgou legal, apesar dos protestos vigorosos dos Citizens. Javi Garcia marcou o golo do empate aos 35 num cabeceamento e jogada que protagoni-zou várias vezes em Portugal ao serviço do Benfica. O jogador espanhol ameaçou bisar aos 90 minutos com mais um cabeceamen-to bem medido (defendido com dificuldades pelo guardião do Stoke) e ainda viu um seu passe (espectacular, de resto) ter seguimen-to de um chapéu de Dzeko e que foi salvo, em cima da linha, pelo central Shawcross.

O Tottenham venceu, finalmente, nesta edi-

ção da Premier League. Ao quarto jogo, Vi-llas-Boas (AVB) pôde finalmente respirar um pouco após uma vitória folgada no estádio do Reading (3-1). Defoe foi a figura ao bisar (primeiro e terceiro golo) na partida, com Ga-reth Bale a marcar o restante golo dos Spurs. O terceiro golo é uma arrancada notável de Defoe terminada com um belo remate de pé esquerdo e vale a pena ver. Aos 90 minutos, Robson-Kanu ainda reduziu para 3-1 (um belo golo também), mas a primeira vitória de AVB estava conseguida.

Finalmente, o Liverpool somou o seu segun-do empate em quatro jogos (tendo os outros dois sido.. derrotas). Desta vez foi o Sunder-land que impediu os Reds de alcançar uma vitória, tendo mesmo começado a vencer o encontro com um golo de Fletcher (após uma jogada impressionante de Gardner) à pas-sagem da meia-hora. A equipa do Liverpool conseguiu empatar aos 70 minutos através do inevitável Luis Suarez, num golo com al-guma felicidade no ressalto. Panorama mui-to negro uma equipa que está, nesta altura, perto da linha de água.

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Juventus, Nápoles e Lazio são os líderes do campeonato italiano ao fim da terceira jorna-da, com três vitórias cada um nos três jogos disputados. Mas este fim-de-semana da Se-rie A começou com a derrota do AC Milan em casa por 1-0 com a Atalanta. Todos os bons sinais dados na jornada anterior evaporaram--se da equipa do Milan e este jogo agudi-zou o que parece um síndrome estranho dos Rossoneri: a perda de pontos no seu reduto é demasiadamente elevada desde a época passada. Desta vez foi Cigarini o carrasco do colosso italiano, com um excelente remate aos 64 minutos, num jogo bem disputado e em que os rossoneri apenas criaram perigo com remates de fora da área. Destaque para o facto de as melhores hipóteses de golo te-rem sido sempre da Atalanta.

A Juventus foi para o intervalo a perder em

Génova contra a equipa homónima da cidade, mas conseguiu dar a volta e vencer por 3-1. Immobile deu a justa vantagem aos homens do Génova aos 18 minutos com um remate “enrolado” e que bateu Buffon, mas a equipa Bianconera respondeu, já na segunda par-te, com um belo golo de Giaccherini (numa jogada de contra-ataque após uma defesa extraordinária de Buffon). Vicinic completou a volta ao marcador com um pénalti sobre Asamoah e foi o ganês que fez o 3-1 final aos 84 minutos. Impressionante a forma des-ta Juventus, suscitando curiosidade para sa-ber como vai ser a campanha europeia desta equipa italiana.

Juntamente com a Juve, as equipas do Nápo-les e da Lazio são os comandantes ex-aqueo da Serie A, contando por vitórias os três en-contros realizados. A equipa napolitana ven-

ITÁLIA - SERIE ATiago SoaresFotos: AP

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ceu o Parma por 3-1, com golos de Cavani, Pandev e Insigne (o golo, e que golo de ca-beça!, do Parma foi marcado por Parolo) e a turma laziale teve em Hernanes o grande impulsionador da vitória em Verona, contra o Chievo, por 3-1. Dois golos do brasileiro (os dois brilhantes, de resto) e um de Klose foram os suficientes para dar uma vitória saborosa à equipa romana, de nada valendo o golo de pénalti de Pellissier da equipa de Verona

No encerramento da jornada, o outro gigante de Milão deslocou-se a Turim para defrontar o Torino e venceu por 2-0 com a ajuda de Al-varo Pereira e Guarin, antigos jogadores do FC Porto. Diego Milito abriu o marcador para o Inter com um esplêndido remate de fora da área, aos 13 minutos, após uma assistência perfeita de um jogador adversário(!). O se-

gundo golo surgiu por Cassano, o interista desde pequenino, já nos 10 minutos finais, numa jogada de contra-ataque da equipa do Inter.

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INTERNACIONAL

O Paris SG parece ter encontrado o caminho para as vitórias e levou de vencida o Toulouse, de Djaló, por 2-0. Pastore, com um golo de pura classe e, claro, Zlatan fizeram os golos dos parisienses que, finalmente, parecem ter acertado as agulhas com a quantidade enorme de talento que têm para formar, de vez, uma equipa. Mau prenúncio para o FC Porto, adversário dos parisienses na Champions?

O Lyon fez a sua parte e venceu o Ajaccio por 2-0 em casa, com um golo na primeira parte e outro na segunda. O primeiro golo, da autoria de Lovren, chegou aos 26 minutos após várias oportunidades perdidas pela equipa candidata ao título. O segundo golo é um rápido contra-ataque concretizado por Li-sandro Lopez, num lance típico do avançado argen-tino. Bom o início de temporada da equipa de Lyon, não descolando dos lugares da frente e dando boa réplica aos restantes adversários da liga.

O Marselha manteve a liderança ao derrotar o Nancy por 1-0. A jogar na condição de visitante, a equi-pa marselhesa chegou à vitória com um golo pleno de oportunidade de Ayew, a concluir de cabeça um cruzamento teleguiado da esquerda de.. Ayew. Con-fusos? André Ayew cruzou e Jordan Ayew marcou,

numa parceria perfeita do ataque da equipa de Mar-selha. Cinco jogos, cinco vitórias para a equipa do sul de França.

O Montpellier, campeão em título, voltou a desiludir e perdeu em Reims por 3-1. Diego fez o primeiro golo e Cabella, após uma excelente jogada, empa-tou o encontro já na segunda parte. Glombard, numa jogada individual cheia de classe, e Courtet (após passe do mesmo Glombard) resolveram o jogo para o Stade de Reims. Três derrotas, uma vitória e um empate – magro pecúlio para uma equipa que, no ano passado, tantas alegrias deu as seus adeptos.

FRANÇA - LIGUE 1Tiago SoaresFotos: AP

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[email protected]

“Pisa-o, pisa-o! Ao inimigo nem água“

Bilardo, ex-treinador

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Os dois colossos do futebol alemão da actualida-de venceram nesta jornada pré-Liga dos Campeões - mas o Eintracht Frankfurt não cedeu e venceu o terceiro jogo consecutivo, colando-se ao Bayern na liderança. O Dortmund começou a construir a vitória com um cabeceamento de Hummels, completamen-te à vontade e na sequência de um canto, aos 28 minutos, desbloqueando um jogo que até ali esta-va a ser “morno”. Aos 38 minutos, Kuba fez o 2-0 após cruzamento de Kehl e um toque delicioso de Goetze. Lewandowski fez um golo fácil aos 78 minu-tos para sentenciar uma partida em que, a partir do primeiro golo, bastava à equipa acelerar um pouco para o Dortmund dar a entender que iria vencer.

A história do jogo do Bayern de Munique com o Mainz começou a escrever-se logo ao segundo minuto de jogo com o golo do possante avançado Mandzukic. Tudo fácil para a equipa bávara, que contou com al-guma passividade da defensiva adversária para fa-zer o primeiro e, já agora, o segundo golo (um cabe-ceamento oportuno e colocado de Schweinsteiger aos 12 minutos, completamente solto na área). O Mainz reduziu num pénalti indiscutível marcado por Szalai, mas Kroos fez a multidão do Allianz Arena respirar de alívio aos 92 minutos com um espec-tacular remate de pé esquerdo, sem deixar a bola bater no chão. Muita atenção a Maxim Choupo-Mo-

ting, avançado do Mainz, um jogador com excelente técnica individual e com uma capacidade de segu-rar a bola de costas para a baliza muito apreciável.

O Eintracht de Frankfurt continua a revelar-se uma bela surpresa e venceu, por 3-2 e em casa, o Ham-burgo. O japonês Inui (numa bela jogada individual após uma desconcentração da defesa adversária) e o canadiano Occéan (num toque oportuno após um canto confuso) fizeram o 2-0 ainda na primeira par-te, com Westermann (após um canto) a reduzir ainda antes do intervalo para o 2-1 com que se chegou ao descanso. Nesse momento, realce para expulsão por vermelho directo de Jiracek (do Hamburgo), que facilitou um pouco mais a missão do Frankfurt. Eig-ner, após uma jogada de belíssimo efeito e com um chapéu perfeito, voltou a colocar o marcador com uma diferença de dois golos aos 52 minutos e, a 25 minutos do fim, Heung-Min Son marcou o 3-2 final. Note-se que a equipa de Hamburgo, mesmo reduzida a 10 homens, ainda esteve muito perto de conseguir o empate, mas acabou por não bater o guarda-redes Kevin Trapp mais nenhuma vez.

A derrota do Werder Bremen em Hannover (por 3-2) e o empate do Estugarda com o Dusseldorf em casa (0-0) são outras notas de destaque desta jornada da liga alemã.

ALEMANHA - BUNDESLIGATiago SoaresFotos: AP

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KOSTAS STAFYLIDIS

Em muitas ocasiões é o futebol que faz esquecer as situações menos boas nas nossas vidas, nem que momentaneamente, e os Gregos têm um novo motivo para sorrir, Kostas Stafylidis.Este jovem Grego nasceu em Thessaloniki à 18 anos atrás, e começou a jogar desde 2006 no PAOK. Foi evoluindo nas camadas jovens até atingir o plantel principal e em Novembro de 2011 fez a estreia pela equipa principal na Superliga Grega contra o Panetolikos F.C. e nas competições europeias contra o Tottenham para a Liga Europa. Transferiu-se esta época para o Bayer Leverkusen, mas ficou emprestado ao PAOK para uma maior experiência. Presença nas camadas jovens do seu país desde os sub-17 até aos sub-21, participando activamente no europeu sub-17 e mais recentemente no Europeu sub-19 onde se denotou pela qualidade do seu pé esquerdo, estando em grande plano no alcance da medalha de prata.Lateral-esquerdo de raiz, também pode atuar como médio esquerdo pois apesar de defender bem, de ser um lateral alto, de se posicionar muito bem, e de tacticamente cumprir na perfeição, é um jogador ágil e rápido que sabe atacar e cruzar ainda melhor. É dotado de um pé esquerdo com requinte no passe e no domínio de bola, consegue chegar com facilidade ao ataque desmarcando muitas vezes os colegas com passes assertivos e cruzamentos milimétricos para que estes possam finalizar com êxito. E ainda contribui para a equipa com os seus livres perigosos tanto a cruzar como a rematar, o que hoje em dia é muito importante pois cada vez mais muitos jogos são decididos em bolas paradas.Costuma-se dizer que existem passes que são meio golo e Stafylidis faz justiça a esse comentário, Kostas Stafylidis um miúdo maravilha do hoje para o amanha.

Texto: Pedro MartinsFotos: google.com

MIÚDO MARAVILHA

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“Árbitro, piso pescoço”

Hristo Stoichkov

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EDITORIALCoordenação: Carlos Maciel e Ricardo Sacramento

Editor Chefe: João Sacramento

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Redação: Tiago Soares, João Sacramento, Tiago Jordão, Pedro Martins, Bruno Gonçalves, Ricardo Sacramento, Nelson Souso, Carlos Maciel, Nuno Pereira, Francisco Baião, José Lopes, Pedro Vinagreiro

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