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Page 1: Jornal cidadão (edição 30)

Jornal-laboratório produzido pelos alunos de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul - Ano IX - Número 30 - Abril de 2008

EcoUrbis – Divulgação

Mau cheiro de aterropreocupa moradores

O Aterro São João, localizado no km 33 da Estrada de Sapopemba, em São Mateus, recebediariamente cerca de 7 mil toneladas de resíduos. É quase a metade do que a cidade de SãoPaulo produz a cada 24 horas. O depósito de resíduos gera polêmica desde sua criação, em1992. Moradores da região reclamam do mau cheiro, da contaminação do solo e do córrego

que passa próximo à área. Segundo a concessionária EcoUrbis, que opera o aterro desde2004, a situação tornou-se crítica após deslizamento de uma camada de lixo em agosto de

2007, o que provocou intenso vazamento de gases. Página 7

Criada em 2007, por iniciativa de pro-fessores, a Associação Casa de Cultura Sa-popemba objetiva incentivar estudos e ati-vidades culturais na região onde vivem cer-ca de 500 mil pessoas. A entidade atua semfins lucrativos e busca a participação devoluntários. Para a líder comunitária da Fa-zenda da Juta, Maria Bezerra de Menezes,“falta conscientização” dos moradoresquando o assunto é cultura.

Páginas 4 e 5

Associação culturalbusca voluntariado

Lojistas e ambulantesdisputam calçadasO comércio informal prolifera ao longo

da Avenida e no entorno da Sapopemba.A calçada virou território disputado por lo-jistas regularizados e ambulantes ávidospara armar ali suas bancas. O consumidorpotencial é aquele que passa e gosta de pe-chinchar. Segundo dados do IBGE, em2004 a região tinha cerca de 5 mil estabe-lecimentos. A estimativa é que gerem 40mil empregos, direta ou indiretamente.

Página 2

Para fugirda crise,

Mercadãoquer resgatarconsumidorO Mercado Municipal

Antônio Gomes, o Mer-cadão, antigo Sacolão doTrabalhador, em Sapo-pemba, tenta novas estra-tégias para enfrentar o es-vaziamento provocadopela concorrência dos su-permercados. A adminis-tradora, Ana AparecidaAzevedo de Sousa, querensinar os consumidores aeconomizar e aproveitaras frutas de época, maisbaratas. Página 3

A linha deônibus mais

longa e o pontode táxi mais

antigoA linha de ônibus

3141, que liga os terminaisParque Dom Pedro e SãoMateus, percorre a Aveni-da Sapopemba entre osnúmeros 200 e 15.000. Aconvivência diária geraamizade entre motorista,cobrador e passageiros. Jána altura do número8.900, está o ponto de táxiJardim Grimaldi, onde oschoferes têm idade médiade 60 anos e boas histó-rias para contar. Página 6

Sandro Nunes

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PÁGINA 2 - ABRIL DE 2008 ECONOMIA

Comércio informal predomina na região

O comércio de bairro é tradicio-nal em São Paulo. Na maior Aveni-da da América Latina também nãopoderia ser diferente. A compra evenda de produtos e a intensa cir-culação de consumidores acontecemdiariamente em larga escala e semqualquer tipo de interrupção.

A Avenida Sapopemba é fre-qüentada, em sua maioria, pormoradores da própria região. Com-preendida em cerca de 45 km daZona Leste, sendo a maior da cida-de por sua extensão. Exemplo des-ta grandiosidade é o número deimóveis que ultrapassa os 16 mil.

Ao percorrê-la, diversos bairrosse unem e os comércios formamcentros de compras que, somados,representam a economia da região.Segundo dados do IBGE, de 2004,a atividade econômica na área chegaa mais de 5 mil estabelecimentos,formais e informais, como comér-cio, indústria e serviços, e gera, di-reita e indiretamente, mais de 40 milempregos. Esse movimento é atri-buído à diversidade de produtos,praticidade em comprar e preçosmais acessíveis.

Na Avenida,os consumidorescirculam por su-permercados, pa-darias, perfuma-rias, lojas de calça-dos e roupas e ou-tros tantos estabe-lecimentos. Háainda residênciasque improvisam comércios ou pres-tam serviços com o propósito deaumentar a renda familiar.

Muitos estabelecimentos estãoirregulares por falta de alvará da Pre-feitura. Os ambulantes tambémcompartilham deste espaço. Emvários pontos, eles ocupam, de for-ma irregular, praças, calçadas e prin-cipalmente prédios públicos, comohospitais e escolas devido à movi-mentação do público.

A regional da subprefeitura daVila Prudente/Sapopemba preten-de regularizar a situação dos comer-ciantes e impedir as vendas de mer-cadorias ilegais (piratas). A primeira

Subprefeitura quer implantar projeto para regulamentar a atividade de ambulantes

Jéferson RozKarina Paulon

ação foi o reconhecimento do espa-ço público. Em maio do ano passa-do, foram levantados os númerosde camelôs: são cerca de 300 ambu-lantes, sendo apenas 130 cadastra-dos com Termo Permissão de Uso(TPU). Na segunda ação, três me-ses depois, o recadastramento acon-

teceu em uma reu-nião. Dos 130 am-bulantes, somente65 comparecerampor estarem deacordo. Os outros65 não foram àsubprefeitura mes-mo tendo o TPU.A terceira etapa do

processo vai incluir a legalização. Emmédia, segundo o coordenador dePlanejamento e Desenvolvimento,Dagoberto Resende, mais de 170ambulantes têm atividades irregu-lares na Avenida.

Os ambulantes da Praça Tor-quato Plaza, no bairro do JardimGrimaldi, por exemplo, tiveramsuas barracas retiradas pela subpre-feitura. Foram inúmeros os cadas-tros desde a inauguração, em 1998.Porém, não houve decisão quantoà regularização. “Aguardo até hojeminha autorização. Inscrevi-me em2000 e depois nas outras duas ve-zes, com as cópias dos documen-

Segundo dados doIBGE, a Avenida

Sapopemba abriga5 mil estabelecimentos

que geram cerca de40 mil empregos.

tos e nada”, afirma o ambulante deroupas e acessórios Sebastião Perei-ra, 62 anos. Ele diz ter essa ativida-de como única fonte de renda.

Uma das metas da subprefeitu-ra é a implantação de sistemas mo-biliários urbanos, que seriam bo-xes de alvenaria ou padronizados.“O problema é que não temos es-paços públicos disponíveis paratransferir os comerciantes de rua.Buscamos parcerias com o setorprivado para utilizar galpões e fa-zermos como ocorreu no Largo daConcórdia, com os shoppings po-pulares”, diz Resende, 48 anos.

Os consumidores preferemcomprar na Aveni-da Sapopembapela proximidade,preços diferencia-dos e variedade deprodutos. Algunschegam a cami-nhar mais de dezminutos. “Venhoneste mercadoporque o preço é bom. Compreium pote de maionese, pois pertoda minha casa é mais caro”, diz oauxiliar administrativo Paulo Ro-berto, 43 anos, que mora no bairrodistante do Grimaldi.

Já os comerciantes gostam detrabalhar na Avenida por causa da

movimentação de pessoas durantetodos os dias da semana. O cabelei-reiro Adilson Bezerra, 33 anos, quetrabalha há mais de oito anos nolocal, afirma ser consumidor na re-gião pela facilidade. “É bom traba-lhar aqui. Os clientes são bons con-sumidores e, com isso, aumentamas ofertas. O que precisa mudar nocomércio da Avenida é o trânsitocaótico, a falta de estacionamento ea segurança.”

Em relação aos lojistas, a maio-ria não tem reclamações, a não serem datas festivas que surgem con-correntes informais que contrariamalguns comerciantes. Os preços são

menores e os came-lôs fazem a abor-dagem na rua, aocontrário do co-merciante Euflô-nio Juy, 62 anos,que está na Aveni-da há mais de 20anos: “Pago alu-guel do estabeleci-

mento que chega em torno de R$2.000, enquanto os camelôs não pre-cisam pagar para trabalhar.”

O importante para todos queconsomem na Avenida é ficar aten-to aos serviços prestados e merca-dorias vendidas. Pela quantidade depessoas que circulam, há ambulan-tes que, com o propósito de con-quistar clientes, utilizam produtosque não lhes caberiam ao seu co-mércio. Há ainda aqueles que ven-dem produtos terceirizados, semprocedência legal. Um exemplo é opão, que deveria ser feito na pada-ria, mas é encontrado em estabele-cimentos sem autorização ao lon-go da Avenida. Fica a reflexão: se opão é alimento, torna-se tambémuma questão de saúde pública.

Jornal-laboratório do Curso deComunicação Social (Jornalismo)da Universidade Cruzeiro do SulAno IX - Número 30 - Abril de 2008

Tiragem: 5 mil exemplaresTelefone para contato: 6137-5706

ReitoraSueli Cristina Marquesi

Pró-reitor de GraduaçãoCarlos Augusto Baptista de Andrade

Pró-reitor de Pós-graduação e PesquisaLuiz Henrique Amaral

Pró-reitor de Extensão e Assuntos ComunitáriosJorge Alexandre Onoda Pessanha

Coordenador do Curso de Comunicação SocialCarlos Barros Monteiro

Professores-orientadoresCecília Luedemann, Dirceu Roque de Sousa,

Flávia Serralvo, Luciana Rosa e Valmir Santos.

A Prefeitura levantouo número de camelôs,

cerca de 300,dos quais somente

130 possuem o TermoPermissão de Uso.

EDITORIAL

Dayane Tedesco

SEM IMPOSTOS - Comerciantes regulares reclamam da concorrência com os ambulantes

Nas páginas que seguem, con-templamos as histórias e a identi-dade de uma das vias públicas maisextensas da América do Sul: aAvenida Sapopemba e seus quase45 km de asfalto, numa ponta (ex-tremo leste de São Paulo), ou deterra batida, na outra (divisa como município de Ribeirão Pires).

A origem do nome Sapopembaé indígena e foi adaptado para alinguagem popular. “Sapopema”,de fato, é como os indígenas bati-zavam o conjunto de raízes desen-volvidas em muitas árvores, forman-do em torno delas partes achata-das. As plantas se espalhavam pelaregião leste da cidade.

A Avenida Sapopemba se cons-trói como personagem multifaceta-da. São muitas as questões da co-munidade a serem discutidas. A co-meçar pelo meio ambiente. Uma dasreportagens desta edição do jornal-laboratório Cidadão, produzidopor estudantes do curso de Jornalis-mo da Unicsul, do campus SãoMiguel, aborda a atividade do Ater-ro São João, no Parque São Rafael.O lixão vem agredindo o ambiente ea saúde dos moradores vizinhos porcausa do mau cheiro. São apresen-tadas informações que ajudam a re-fletir sobre as melhorias que o lixãotrouxe, ou não, desde que foi im-plantado em 1992.

A falta de lazer na região ésintomática ao longo da própriaavenida ou nos bairros do entorno.Por que existem tantas áreas co-merciais em detrimento de poucoscentros de esportes e lazer ou deespaços para a expressão cultural?Falta de mobilização das comuni-dades? Insensibilidade dos governosde turno?

O comércio informal só fazcrescer nos últimos anos, fenôme-no que expõe a disputa com os lo-jistas regularizados por um espaçonas calçadas. Em tempos de acir-rada disputa por oportunidades detrabalho com registro em carteira,o problema dos ambulantes tornou-se calejado devido, entre outrosmotivos, à substituição da mão-de-obra braçal pela tecnológica.

Também focamos os transpor-tes locais com suas linhas de ôni-bus e os taxistas que contam his-tórias curiosas do cotidiano. Fomosaté o Mercado Municipal colherrelatos de veteranos comerciantesque testemunharam o crescimentodo bairro, para bem e para mal. Elevantamos ainda algumas “surpre-sas” relativas à Sapopemba, comoa existência de um curioso ossárionuma igreja.

Boa leitura.

UniversoSapopemba

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ABRIL DE 2008 - PÁGINA 3POLÍTICAS PÚBLICAS

Adriana Barbosa

A administradora do antigoSacolão do Trabalhador, cujonome agora é Mercado MunicipalAntônio Gomes de Sapopemba,Ana Aparecida Azevedo de Sou-sa, 39 anos, tem novos projetospara o mercadão. Ela exerce a fun-ção há pouco mais de seis meses eem sua programação já conta comeventos que começaram em no-vembro.

Devido à chegada de novos su-permercados na região, o Mercadode Sapopemba estava esvaziando,sendo assim algo precisava ser fei-to. Com a chegada de Ana na admi-nistração e também com a liberaçãode mais verbas pelo subprefeitoFelipe Sartori, os projetos começa-ram a se concretizar.

Entre os projetos estão a cozi-nha experimental, com cursos queirão ensinar os consumidores a eco-nomizar e aproveitar as frutas deépoca que são mais baratas, pensan-do nas festas de fim de ano. Tam-bém haverá cursos de multmisturavoltados para alimentos que joga-mos fora, como a casca da melancia,o talo da couve-flor, um reaprovei-

tamento alimentar. Palestras de exer-cícios de relaxamento e tambémpalestra sobre DST e bailes para aterceira idade também estão inclu-sos, tudo graças a parcerias com alu-nos de nutrição e com a colabora-ção de uma fisioterapeuta.

Estão em construção mais trêsnovos espaços para melhor atendero consumidor. “O cliente não é ape-nas mais um, ele é mais um ami-go”, diz Ana. Até mesmo um so-nho antigo de um dos permissio-nários (permissão de uso junto àprefeitura), o senhor Pedro que estáno mercado desde a sua inaugura-

ção em 1989, dono da peixaria, é aParada Mercado Municipal de Sapo-pemba uma parada de ônibus quetambém está no projeto.

O Mercado Municipal de Sapo-pemba aposta em seu diferencialpara atrair antigos e novos consu-midores. “O nosso diferencial é opreço, qualidade e o bom atendi-mento”, diz a administradora.

O mercado precisa de reformas,pois sofre danos por infiltração egoteiras. De acordo com Ana, osubprefeito Felipe Sartori já dispo-nibilizou mais verbas para acabarcom o problema.

Mercadão passará por transformaçõesAntigo sacolão abriga maior centro de compras e cultiva aproveitamento de cascas ou talos de alimentos

Nome homenageia líder comunitário

Localizado em frente a uma cen-tenária paineira, adotada para sim-bolizar a árvore Sapopemba (quedá nome ao bairro), o Mercado Mu-nicipal de Sapopemba foi inaugu-rado em 5 de outubro de 1989. Aprincípio, sua funcionalidade seriaapenas como sacolão do trabalha-dor, mas com o tempo foi ganhan-do proporções até ser reconhecidocomo mercado municipal. Em 1ºde julho de 2000 ganhou o nomede Mercado Municipal Antônio Go-mes, em homenagem a um lídercomunitário da região.

O mercado atende boa parte daZona Leste da capital paulista, fa-zendo com que moradores de ou-tros bairros tornem-se consumido-res assíduos. O mercado tem 16 bo-xes e uma obra está em andamentopara a abertura de mais três. Osboxes pertencem a permissioná-rios, ou seja, comerciantes que con-seguiram permissão junto à Prefei-tura de São Paulo.

O comerciante Silas, 53 anos,acompanha o crescimento do localdesde a inauguração. No mercadohá 18 anos, com o Empório e Casado Norte Zé Coqueiro, onde traba-lha com a esposa, a filha e três fun-cionários, Silas vende produtos tí-

picos do nordeste, produtos natu-rais para diabéticos, conservas e pra-ticamente tudo que se usa no dia-a-dia, com exceção de produtos fres-cos e de limpeza.

“O mercado municipal é muitoimportante para o abastecimento daregião. As condições de exposição,as visitas constantes dos médicossanitários e a própria administraçãodo mercado fiscalizam diariamenteas mercadorias comercializadas,como prazo de validade, qualidadee higiene dos funcionários. Isto éimportante, mas a fiscalização maisimportante continua sendo a doconsumidor”, diz o comerciante.

Pedro Paulo Pereira Hilário, 44anos, proprietário da Peixaria Hilá-rio, também há 18 anos no merca-do, trabalha desde o início das ativi-dades. Ele tem a ajuda da esposa emais três funcionários para venderde 8 a 10 toneladas de peixe men-salmente.

O proprietário diz não ter gran-des desperdícios de mercadoria, edá a receita: “O diferencial de umapeixaria que sobrevive ao mercadoé que trabalhamos diretamente compescados. Trabalhamos com o con-trole bem em cima mesmo e exa-minando o produto. Perda vai ter,mas que se tenha a menor possívelpara que possamos sobreviver no

mercado. Quem compra sou eu,quem vende sou eu, e quem olhasou eu”, afirma o comerciante.

Para ele, ser proprietário de umbox significa uma vitória, pois co-meçou a vida trabalhando em umbalcão de peixaria, no mercado mu-nicipal de São Paulo. Um dia, umtio decidiu ajudá-lo, injetando di-nheiro para que pudesse melhorarsuas condições, conseguindo per-missão para instalar um box de pes-cados no mercado de Sapopemba.

A administradora Ana Apareci-da Azevedo de Sousa, 39 anos, as-sumiu o cargo há três meses e temcomo objetivo mostrar um diferen-cial entre o Mercado Municipal e ossupermercados instalados na região.“O nosso diferencial é qualidade,preço, atendimento e a questão doolho no olho com o cliente, porqueele não é apenas mais um, mas umamigo que o comerciante vai ter”,afirma Ana.

“Temos alguns espaços ociososque estamos utilizando para fazero diferencial, ao trazer cursos emparceria com outras empresas, fazerpromoções, limpeza de pele, cortede cabelo, cursos de culinária, dan-ça, bailes para a terceira idade. O in-tuito é trazer a comunidade aquipara dentro, e fazer com que ela abra-ce esse mercado”, diz Ana.

Sandro Nunes

SILAS - Desde a inauguração

Relação entre comerciante ecliente vai além dos negóciosA relação entre comerciantes e

clientes vai além. O tratamento é degrande amizade. Muitos freqüenta-dores do mercado passaram parteda vida no bairro. Por isso, é co-mum comerciantes como Pedro eSilas, pioneiros no local, atenderempessoas que conhecem desde quan-do eram crianças.

Para Silas, os freqüentadores nãopodem ser apenas mais um cliente,mas sim amigo.

“Muitas vezes o cliente entra nomeu estabelecimento e não sabe oque fazer de almoço para o final desemana. Então, dou uma dica e ofe-reço uma receita (leia no quadro abai-xo). Todas as receitas que ofereçosão previamente testadas”, afirmaSilas.

O mercado Municipal Antônio

FEIRA COBERTA - Bancas de verduras e legumes no Mercadão

Fotos Dayane Tedesco

Raiz forteO nome Sapo-

pemba é de origem in-dígena e significa raízforte. A árvore Sapo-pemba é originária deuma espécie que é co-mum na Amazônia eque desenvolve raízesde até dois metros dealtura ao redor de seutronco.

A árvore verdadei-ra não existe mais, po-rém, a frondosa Pai-neira foi adotadacomo Sapopemba ehoje ocupa seu lugarde destaque no Merca-do Municipal de Sapo-pemba.

O nome do mercado não veiosomente da árvore, mas tambémde um líder da região que lutoumuito pela comunidade. Quandomorreu, a assembléia decidiu ho-menageá-lo dando o seu nome aoantigo Sacolão do Trabalhador, quefoi inaugurado em 5 de outubro

de 1989 e reinaugurado em 1º dejulho de 2000 como Mercado Mu-nicipal Antônio Gomes – Sapo-pemba.

O projeto inicial do mercadoprevia a derrubada da árvore, masuma manifestação da populaçãolocal refez o plano e a árvore per-maneceu. (AB)

Paineira foi adotada como Sapopemba

Ingredientes: 1 xícara de carne desoja moída (sem hidratar); 200gde farinha de mandioca; 100g deuva passa (hidratada, no suco CE1 laranja); 100g de semente de gi-rassol; 100g de azeitonas picadas;salsa; sal a gosto; 2 ovos cozidos;2 colheres de óleo de canola; 1 ce-

Gomes – Sapopemba está localiza-do na Avenida Sapopemba, 7.911.O horário de funcionamento é deterça-feira a sábado, das 7 às 19 ho-ras, e aos domingos, das 7 às 13horas. (SN)

Farofa de soja bola pequena; 4 dentes de alho.Modo de preparo: Em uma fri-gideira, refogue a cebola, a salsa eo alho no óleo de canola. Acres-cente a carne de soja (sem hidra-tar). A seguir, a farinha de man-dioca, as azeitonas, a semente degirassol, a uva passa com o sucode laranja e os ovos cozidos bempicadinhos.

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PÁGINA 4 - ABRIL DE 2008 CULTURA

Casa de Cultura quer abrigar comunidade

Desde o início de 2007, os mo-radores da região da Avenida Sapo-pemba já podem contar com umespaço voltado para os estudos edesenvolvimento de atividades cul-turais: trata-se da Associação Casade Cultura Sapopemba (ACCS).

Com a proposta de ser umaopção de acesso a diversas formasde arte, a Casa de Cultura é umaassociação sem fins lucrativos que,por meio de voluntariado, mantémprojetos sociais e culturais que pro-movem a integração de jovens dacomunidade do bairro de Sapo-pemba e arredores.

A idéia da ACCS partiu de umgrupo de professores e orientado-res do Projeto Vestibular Ao Nos-so Alcance (Vana), um curso prepa-ratório para o vestibular que era de-senvolvido na Comunidade Ecle-sial de Base São Francisco de Assis,desde 2001.

Os voluntários e os participan-tes do projeto sentiam a necessida-de de um local que agregasse pro-dução cultural e acesso a conheci-mentos científicos, já que na regiãonão há cinemas, teatros, museus oulocais de expressão artística. O alu-no do Vana, Wellington Morais deSouza, 21 anos, hoje primeiro se-cretário da ACCS, diz que a Casa é

Criada este ano, associação é iniciativa de grupo de professores e orientadores de vestibular

Juliana Yamasaki

uma evolução do projeto educacio-nal: “O Vana era muito bom, maseles queriam fazer mais e a comuni-dade por ser católica tem os seuscompromissos, tem um espaço vol-tado para a religiosidade, não com-portava mais o Vana que queria seexpandir.”

Projeto de vestibular deu origem ao espaço

Em abril de 2007, a Casa come-çou a se tornar realidade com a As-sembléia de Fundação e entrada ju-dicial para legalização da associação,que ocorreu no mês de julho de2007, com a concessão do CNPJ(Cadastro Nacional de Pessoa Jurí-dica) e a mudança para as duas salas

comerciais no primeiro andar daAvenida Sapopemba, 9.165, no bair-ro de mesmo nome.

O presidente da ACCS, RenatoMarcon Pugliese, enfatiza as expec-tativas com relação ao crescimentodo espaço. “A Casa de Cultura Sa-popemba está, pouco a pouco, tor-

nando-se conhecida no bairro e es-peramos buscar convênios, apoiose patrocínios de outras instituiçõespara que todas as atividades realiza-das sejam gratuitas e para que te-nhamos melhores condições de,efetivamente, instituir um local deprodução cultural”, afirma Puglie-si. “Vale frisar que atualmente to-dos participantes da ACCS são vo-luntários. O montante arrecadadocom o Projeto Vana é destinadoexclusivamente à manutenção, alu-guel e pagamentos de contas e tri-butos referentes à documentação.”

A Casa de Cultura tem uma fre-qüência média de 50 pessoas, entremembros, alunos e visitantes quepodem usufruir o Espaço LiterárioÍndex, uma biblioteca comunitáriacom cerca de 5 mil livros didáticos,literários e de conhecimentos gerais,e participar dos projetos. A saber, oNovos Olhares, sobre cinema; o Lei-tura de Clássicos, referente a obras li-terárias; o Ouvindo, de músicas; aspráticas do Grupo de Teatro e o Sa-rau, que privilegia todas as expres-sões artísticas.

Para quem quiser conhecer maissobre a Associação Casa de CulturaSapopemba, seus projetos e parti-cipantes, basta entrar no sitewww.casadeculturasapopemba.orgou dirigir-se à Avenida Sapopem-ba, 9.165 – 1º andar.

Heidy Montanheiro

O projeto Vestibular Ao Nos-so Alcançe (Vana) foi criado em 2001e tem o objetivo de auxiliar os alu-nos da região na busca por umavaga nos concorridos vestibularesdas universidades públicas.

A proposta visa, além da inclu-são desses alunos na universidade,a fazer com que tenham uma parti-cipação ativa e constante nos assun-tos que dizem respeito às melho-rias na qualidade do ensino, tornan-do-os assim indivíduos questiona-dores com ampla visão de futuro,que pesquisem a fundo suas pró-prias realidades.

Sem um patrocinador para oprojeto, a Casa de Cultura não temoutra alternativa senão cobrar umataxa no valor de R$ 35,00 no ato damatrícula e mais R$ 30,00 referen-tes às mensalidades.

Segundo Wellington Morais deSouza, 21 anos, primeiro secretárioda Casa de Cultura, o projeto contaatualmente com o trabalho volun-tário de nove professores. Ele ex-plica como partiu desse grupo a

vontade de concretizar essa idéia.“Eles passaram por esse mesmoprocesso, estudaram em escola pú-blica, depois fizeram cursinho e pas-

saram nas universidades, tambémpúblicas. E, nesse caso, eles viramque é muito difícil, que é complica-do”, resume.

Souza complementa ainda queesses professores conseguiram umespaço na comunidade e que foi apartir daí que começaram a reunir

grupos de estudos aos sábados, pre-parando-se para o exame vestibu-lar. Desde então, todos se dedicama essa causa.

Além de secretário da Casa, Sou-za é aluno do Vana e diz que as au-las começam normalmente emmarço e se estendem até o final denovembro, fazendo um suportepara que os alunos, além de apro-vados no vestibular, ingressem nasfaculdades realmente cientes de suaspróprias vocações.

Para colaborar com o sucesso doprojeto, a comunidade e os alunosse uniram e fizeram doações para acomposição de sua biblioteca (Es-paço Literário Índex), que atualmen-te reúne por volta de 6 mil livrosem seu acervo.

Essa foi uma conquista que veiobeneficiar toda a comunidade, vis-to que os livros servem não só aosalunos do Vana, desde 2002, mastambém para o empréstimo a todacomunidade.

Para mais informações sobre oprojeto Vana, entre em contato coma Casa de Cultura pelo site www.casadeculturasapopemba.org.

INCENTIVO À ARTE - Fachada da recém-criada Associação Casa de Cultura Sapopemba

ALIMENTO PARA O ESPÍRITO - Freqüentadores do bairro no Espaço Literário Índex

Fotos Juliana Yamasaki

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ABRIL DE 2008 - PÁGINA 5CULTURA

Falta conscientização quanto à culturaApesar da falta de apoio, a própria comunidade pouco se envolve com setor

DEDICAÇÂO – Grupo de teatro mantém a cultura viva na Avenida

Margarete DantasEduardo Oliveira

Tão grande quanto sua exten-são é a defasagem cultural que mar-ca a maior avenida do país: a Sapo-pemba. Num percurso de mais de45 km, que abriga mais de 500 milpessoas, a cultura fica apagada emuitas vezes é deixada de lado.

Para a líder comunitária da Fa-zenda da Juta, na altura do 12.700da Sapopemba, Maria Bezerra deMenezes, 46 anos, o maior proble-ma está na falta de conscientizaçãodas pessoas com relação à impor-tância da cultura. “Precisamos tra-balhar muito na conscientização dapopulação de que a educação estájunto com a cultura, o lazer e o es-porte”, afirma.

Em contraponto, o Centro deEducação Unificado (CEU) São Ra-fael que faz esquina com a Avenida,desponta como alternativa de cul-tura para a população em seu en-torno. Lá, a ênfase maior é no lazer,mas há espaço também para ativi-dades educacionais e culturais.

Dividido em três núcleos – edu-cação, cultura e esporte –, com doiscoordenadores cada um, o CEUfunciona desde março de 2004 epossui uma extensa área com pro-gramação de vários cursos: panifi-cação, teatro vocacional, capoeira,dança etc. Todos são gratuitos e con-

Sâmela SilvaCristiane Vellozo

Moradores não encontram opção para lazer

Cristiane V

ellozo

DISTRAÇÃO – Dominó na praça é uma das poucas alternativas

ESPORTE

Apesar dos 45 km de extensãoda Avenida Sapopemba, o espaçoreservado para a qualidade de vidapública por meio do esporte e dolazer é pequeno. O comércio é do-minante e quem faz parte da comu-nidade carente tem de buscar diver-são e suporte para atividades físicasem outros bairros, muitas vezesdistantes da Avenida.

Aos sábados, a população éabordada pela prática de compra evenda como se fosse a atividadecomum do fim de semana. Não hámuitas opções além de passear en-tre as lojas e aproveitar as ofertasdos ambulantes, levando o públi-co a adquirir bens não só pela ne-cessidade, mas também pela ocio-sidade que a Sapopemba traz.

O sorveteiro José Francisco San-tos, 53 anos, afirma que o movi-mento é bom. Quando questiona-do sobre o que os vizinhos da Ave-nida fazem para se distrair, diz: “É...é isso que você está vendo. A genteaqui não tem muita opção, o que

salva é o dominó.” Ele se refere aogrupo de senhores que joga domi-nó na Praça Geraldo Mendes, na al-tura do Jardim Grimaldi, um dosúnicos locais do gênero na via.

O espaço, entretanto, está aban-donado. A sujeira toma conta dosbancos e mesas e quase invade a pis-ta de skate, esquecida pela maioriados adolescentes. O sol incide dire-tamente na pista, revelando que o

projeto inicial era pobre de planeja-mento e infra-estrutura. Com isso,os jovens fogem na luz do dia efreqüentam o local nos períodos datarde e noite, onde são acompanha-dos pela guarita da Guarda Munici-pal Metropolitana situada na praça.

O panfleteiro Felipe Costa Ne-ves, 16 anos, trabalha na Sapopem-ba e joga dominó na praça. Emmeio a senhores com idade de seu

pai ou avô, se entretém com a na-morada. “Ela também joga e é aquique nos divertimos. Para fazer umprograma diferente temos que ir aocentro da cidade ou nos bairros vi-zinhos. Na Avenida mesmo, nãotem nada.”

A Avenida carece de divertimen-to aberto aos moradores, mas hápequenas atrações privadas, comoescolas de futebol de salão e casasde show. O alcance desses locais émínimo, já que a parte Leste de SãoPaulo comporta o maior númerode pessoas na zona de pobreza dacidade, e a renda familiar é destina-da prioritariamente à moradia, ali-mentação e saúde. Adolescentesdependem das atividades escolarese brincadeiras de rua; adultos e ido-sos se distraem com atividades emfamília como assistir televisão.

Ainda na praça, há a Associaçãode Idosos Vida Nova, destinada àterceira idade, mas que se mostrapequena comparada ao público quefreqüenta e habita a Avenida. Sãoministradas aulas, atividades físicase educacionais, mas crianças e jovensnão usufruem das ações.

tam com professores especializadose pré-aprovados pela Secretaria Mu-nicipal de Educação. Há tambémvoluntários, como a vendedora Gei-se Meire de Lima, 32 anos, que, aosdomingos, se propõe a ensinar adança do ventre em conjunto commais algumas professoras.

Para a coordenadora de culturaSilene Massari, há um grande retor-no da comunidade ao centro. Noentanto, ainda é pequena a procurada população pelas atividades cul-turais. A divulgação ainda é precáriae insuficiente. A assistente de recur-sos humanos Caiane Mello, 18anos, iniciou o grupo de teatro logoapós a inauguração do CEU. Ela

lamenta a gradativa perda de inte-resse das pessoas pelo teatro e atémesmo pela falta de um sistema dedivulgação mais engajado, comoacontecera no início com a gestãodo PT – agora quem está a frente éo PSDB.

Mas há também a questão dopróprio desinteresse da comunida-de. O artista-orientador Regis San-tos, 37 anos, que trabalha com osgrupos de teatro vocacional, acredi-ta na necessidade de estimular aspessoas. Para ele, “o estímulo e asestratégias muitas vezes não são fei-tos da forma certa, assim como sechegar à comunidade, como abran-ger esse público de forma mais di-

reta, mais estimulante, não aconte-cem como deveria e poderia ser”.

Santos, que começou a fazer tea-tro aos 13 anos, realiza um traba-lho de orientação artística tanto aosgrupos que já possuem alguma ex-periência na área, mesmo amador,como aos iniciantes sem qualquerexperiência. “O teatro vocacional éum projeto que tem um cunho só-cio-cultural. Trabalha com as pes-soas da comunidade, sustentandoum anseio artístico ou uma capaci-dade de fomentar um possível ar-tista, que antes do projeto não exis-tia, não era desenvolvido”, analisa.Para atender os grupos o CEU con-ta também com o trabalho daorientadora Mariana Leite.

Mesmo tendo o foco no lazer,o CEU ainda é uma das poucas op-ções de cultura para os moradoresda extensa Sapopemba. Segundo alíder comunitária Maria BezerraMenezes, há um projeto de se ins-talar nas proximidades da Fazendada Juta, uma Fábrica de Cultura (pro-jeto em estudo pela Secretaria Esta-dual de Cultura) em que se realiza-riam várias atividades. Mas ainda éapenas uma reivindicação, sem pre-visão de construção.

O CEU São Rafael fica na ruaCinira Polônio, 100, esquina com aAvenida Sapopemba. Telefone6752-1064 ou 6752-1066. E-mail:[email protected].

Escola técnicaé referência para

Sapopemba

Jucielly Gonçalves

A Escola Técnica Estadual(Etec) de Sapopemba foi inaugura-da oficialmente no início de outu-bro do ano passado, mas já funcio-nava desde o mês de julho. A uni-dade foi construída após um proje-to que teve base em dados econô-micos, culturais e sociais da região,estabelecendo a necessidade de umaescola técnica na avenida e os quatrocursos técnicos que fariam parte dagrade: Assessoria Empresarial, Mar-keting e Vendas, Alimentos e In-formática. Os cursos são oferecidosgratuitamente e os alunos só pa-gam pela taxa de inscrição para par-ticipar do processo seletivo.

Atualmente a Etec tem 120 alu-nos que são moradores da regiãode Sapopemba e de São Mateus. Noperíodo da tarde acontece o cursode informática e há alunos que fa-zem o ensino médio durante amanhã e o curso técnico à tarde.Também são atendidos jovens quejá terminaram o 2º grau e trabalhamno setor comercial ou estão à pro-cura de emprego.

Já no período da noite predo-mina os estudantes que já concluí-ram o ensino médio e estão fazen-do o curso técnico para obter umamelhor colocação no mercado detrabalho. No período noturno amaioria dos alunos ou está fora domercado de trabalho ou faz partedo setor informal.

Como ainda está sendo implan-tada, a Etec de Sapopemba encon-tra algumas dificuldades para o fun-cionamento integral, porque os ma-teriais ainda estão chegando. Comose trata de instituição pública, todoo processo de compra passa por pre-gões ou licitações causando demo-ra. Além disso, as contratações depessoal dependem de concursospúblicos.

Para a diretora da Etec de Sa-popemba, Sandra Regina Ferraz deCampos Reis, existem muitas ra-zões para que as pessoas procuremas escolas técnicas. Por exemplo, afalta de dinheiro para pagar umafaculdade. Muitas vezes a qualifica-ção técnica gratuita acaba ajudandoos alunos a entrarem no mercadode trabalho porque a formação émais rápida.

“A Etec de Sapopemba é degrande importância para os bairrosda região. Sua localização facilita oacesso, além de favorecer a região deSapopemba, São Mateus e de ou-tras que estão próximas”, afirma adiretora Sandra.

A unidade da Etec de Sapopem-ba fica na rua Benjamin de Tudela,155, esquina com a Avenida Sapo-pemba, na altura do 12.760. Telefo-ne: 6119-1519.

Margarete D

antas

Page 6: Jornal cidadão (edição 30)

PÁGINA 6 - ABRIL DE 2008 TRANSPORTE URBANO

A ligação São Mateus-Parque Dom Pedro percorre quase metade da Avenida Sapopemba

Viviane Oliveira

LONGA JORNADA – O cobrador José Pedro Santos trabalha há três anos na linha 3141

Linha de ônibus cruza várias paisagens

O relógio marcava 8h20 e os pas-sageiros da linha 3141, que liga osterminais Parque Dom Pedro e SãoMateus, se acomodavam no ônibus.Não era horário de pico e cerca de70% dos passageiros representamidosos a caminho de consultas mé-dicas. O coletivo não saiu cheio doterminal, tinha apenas 12 viajantes.

A linha 3141 é a que percorre omaior trecho da avenida mais ex-tensa da América Latina. Na Aveni-da Sapopemba, a linha vai do nú-mero 200 ao 15.000. O cobradorJosé Pedro Santos, 62 anos, traba-lha há 18 anos com o ofício, sendotrês nessa linha. Ele diz que em ho-rário de pico há muito movimento.“Tem mais de 600 passageiros pordia nessa linha, homens, mulherese crianças, mas a maioria é gente indotrabalhar”, afirma Santos.

No início do trajeto, o ônibuschega à altura do número 200 daSapopemba, e pode-se visualizar re-sidências e comércios pequenos, tí-picos de bairro. Nessa altura da Ave-nida fica o bairro da Água Rasa.

No decorrer da viagem a paisa-

Fotos Viviane Oliveira

gem passa por algumas mudançase é possível senti-las pela visão eolfato. Há trechos em que se podever casas, e apenas elas dominam ocenário: o cheiro nesse momento ésuave, chega a ser familiar.

Quando o comércio passa a sur-gir na viagem, o olfato logo percebe

a mudança. É como se o ar ficassemais pesado e a poluição passa a sermais visível também.

No número 2.400, aproximada-mente, as residências dão lugar aocomércio. Próximo ao número4.400, as residências voltam a surgire percebe-se uma mescla entre casas

e prédios comerciais.O percurso de um terminal a

outro leva em média 1h15 minu-tos e nesse tempo o cobrador anali-sa tudo e todos atentamente. O ôni-bus pára praticamente em todos ospontos, e apesar do fluxo de passa-geiros ser pequeno é importante

analisar quem entra e sai do ôni-bus. “A linha é tranqüila, não é pe-rigosa, mas tenho que ficar atentotodos os dias. Trabalho há três anosaqui, e nunca teve assalto no meuhorário”, afirma Santos.

Com uma distância de 23 qui-lômetros, quase metade da exten-são da Avenida, a linha que saiu doTerminal Parque Dom Pedro com12 passageiros chega a 40 embarca-dos até a altura do número 6.400.

O terminal Sapopemba, locali-zado na altura do número 11.000da avenida, foi inaugurado há umano; 13 linhas de ônibus saem des-te ponto todos os dias sendo qua-tro delas com sentido ao centro dacidade de São Paulo.

O terminal de ônibus Sapopem-ba trouxe aos moradores da regiãomais facilidade para se locomoverem direção aos bairros próximos,ou mesmo ao centro da cidade. Ain-da há muito que melhorar, de acor-do com o operador de máquina,Douglas Silva, 22 anos, e usuárioda linha todos os dias. “O trans-porte melhorou bastante aqui, erabem pior, mas ainda tem poucosônibus para as pessoas”, conclui.

Taxistas levam boas histórias à AvenidaHércules Silva

EXPERIÊNCIA - Algevato tem 40 anos de profissão

Com a crescente urbanização depaíses em desenvolvimento comoo Brasil, o mercado de trabalho parataxistas tornou-se mais amplo nosúltimos anos. Hoje, não somente aclasse média utiliza o serviço. Nosbairros, há uma crescente deman-da, principalmente de idosos.

A Sapopemba é a maior aveni-da da Zona Leste de São Paulo, queinicia no acesso à avenida Salim Fa-rah Maluf e termina no acesso aomunicípio de Ribeirão Pires, emdireção à região de São Mateus. Éconsiderada a terceira maior aveni-da do mundo, com cerca de 45 qui-lômetros de extensão.

Na altura do número 8.900 daAvenida Sapopemba, há um pon-to de táxi considerado um dos maisantigos do local. A média de idadedos taxistas do ponto, mais conhe-cido como Ponto Jardim Grimal-di, é de 60 anos.

O taxista mais antigo, Algevatode Paula, 73 anos, tem 40 de profis-são e pelo seu veículo já passarammuitas histórias. “Meu grande pú-blico são as senhoras que fazemcompras no mercado municipal daAvenida Sapopemba. Hoje, o pú-blico mudou. Não somente as ‘ma-dames’ solicitam nossos serviços.

Acho mesmo que o paísestá evoluindo”, afirma.

De Paula fala da rela-ção com os passageiros.“Em uma corrida quefiz com um senhor comaparência de pouco maisde 60 anos, ele começoua se confessar comigo.Falou de vários proble-mas que tinha em suacasa e questionava sobrequal atitude tomar. Foiengraçado”, conta.

O segmento nomercado dos taxistas quemais tem crescido é o dorádio-táxi, no qual aspessoas telefonam parauma empresa, solicitan-do os serviços do mo-torista, para determinada hora e lo-cal. Hoje em dia, os passageiros li-gam até mesmo no celular, o quefacilita o trabalho.

Taxista há quatro décadas, JoséVieira Lima, 78 anos, é do JardimGrimaldi e mora numa travessa daSapopemba. “Moro aqui desde mi-nha infância e trabalho neste pontodesde que comecei. A renda que con-sigo com meu trabalho dá para sus-tentar toda a família. Aliás uma gran-de família, pois tenho esposa, seisfilhos e 13 netos”, diz Lima.

Segundo ele, a Avenida comoqualquer outra de grande movimen-tação tem seus benefícios. Por exem-plo, uma maior demanda de passa-geiros. Mas nos últimos anos temenfrentado forte concorrência. “Osônibus e lotações são os maioresconcorrentes. Como nosso públi-co maior aqui são senhoras, nemsempre elas pagam condução devi-do à idade. Mas como tenho mui-tos tempo neste mesmo local, te-nho uma freguesia simples, porémfiel”, afirma Lima.

Mesmo com a con-corrência, ele se diz satis-feito com a profissão edá a receita para um bomprofissional condutor detáxi, como o chama.“Tem que ter muita pa-ciência no trânsito, saberouvir, além de muita res-ponsabilidade e conhe-cimento das ruas, o queé fundamental.”

Entre as maiores re-clamações dos taxistasestá a falta de segurança.Mesmo com um postopolicial na região, eles nãose sentem seguros; mui-tos, inclusive, já foramassaltados mais de dezvezes em menos de um

ano. O membro do Conselho deSegurança (Conseg) do bairro, Sal-vador dos Santos, 57 anos, partici-pa das reuniões na subprefeitura ediz que sempre solicita melhorescondições para a segurança do local.“Faço a minha parte: represento osmoradores, mas nem todas as soli-citações são atendidas totalmente.Porém muita coisa já melhorouaqui, afirma. Procurada pela repor-tagem, a subprefeitura de Vila Pru-dente, responsável pela segurançado local, não respondeu às ligações.

O táxi, como é conhecidohoje, surgiu quando foram apli-cadas taxas à sua utilização atra-vés dos conhecidos taxímetros,no século 19. Contudo, o servi-ço de transportar pessoas é bemmais antigo. O primeiro serviçodesse gênero apareceu com a in-venção do riquixá – carro de duasrodas puxado por um só ho-mem, comum na Antigüidade,porém exclusivo das elites, quetinham escravos como “puxado-res” desses veículos.

Os primeiros táxis motori-zados apareceram em 1896 na ci-dade alemã de Estugarda. No anoseguinte, Freidrich Greiner abriuuma empresa concorrente, mascom os carros equipados comum sistema inovador de cobran-ça: o taxímetro. Nesse mesmoano, em Paris, todos os carrosde aluguel tinham de possuir umtaxímetro. Antes da PrimeiraGuerra Mundial (1914-18), asgrandes cidades européias e nor-te-americanas tinham serviço detáxi legais e pintados com esque-mas de cores diferentes. (HS)

Como surgiu otáxi no mundo?

Hércules Silva

Page 7: Jornal cidadão (edição 30)

ABRIL DE 2008 - PÁGINA 7MEIO AMBIENTE

Há 16 anos em atividade em São Mateus, depósito de lixo se aproxima da sua capacidade máxima

Leandro de Paulo

POLÊMICA – Lagoa de chorume com vista geral do Aterro São João; atualmente ele mede 155 metros

Diariamente, o município de SãoPaulo produz cerca de 15 mil tonela-das de lixo. Para estocar esse volumede material são utilizados dois gran-des depósitos: o Aterro São João,administrado pela concessionáriaEcoUrbis Ambiental S/A, respon-sável pela área sudeste, e o AterroBandeirantes, pela Logística Am-biental de São Paulo S/A – Loga,que concentra a região noroeste.

O Aterro São João, localizado nokm 33 da Estrada de Sapopemba,em São Mateus, recebe diariamente7 mil toneladas de resíduos. Nele, olixo é armazenado em montes, for-mando uma camada de 5 metros delixo cobertos por 60 centímetros deterra. Atualmente, atinge sua capaci-dade máxima: 155 metros.

Desde sua criação, em 1992, oaterro traz muita polêmica para o lu-gar onde está fixado. Moradores daregião reclamam do mau cheiro pro-veniente do lixo, da contaminaçãodo solo e do córrego que passa pró-ximo à área. Segundo um comer-ciante, que preferiu não se identifi-car, antes do lixão ser implantandoo canal “tinha vida”. Após a instala-ção, até os peixes teriam morrido.

Uma outra reclamação apuradapelo Cidadão foi a falta de infra-

estrutura da estrada. Nela, trafegamcaminhões carregando toneladas delixo, causando rachaduras nas casasmais próximas. “Na época que im-plantaram o lixão, há 15 anos, fo-ram prometidas melhorias para obairro, como iluminação pública, se-gurança, creche, dentre outras coi-sas, porém não fizeram nada”, dizo mesmo comerciante que prefereo anonimato.

Segundo Vicente Cândido deOliveira, 43 anos, morador do bair-ro Limoeiro, o depósito de resí-duos interfere diretamente na vidados vizinhos. “Geralmente, à tar-de, há uma mudança de vento e estetraz um mau cheiro muito forte doaterro para o Limoeiro. Antes, nãoera assim”, diz Oliveira.

Porém, o aterro não incomoda atodos. “Cheiro, pode até ter, mas não

é alguma coisa que lhe deixe irritadoou com falta de ar. Eu mesmo nãopercebi nada de diferente”, diz o se-gurança Teófilo Moreira da Silva Fi-lho, 29 anos, que reside na estrada deSapopemba há nove anos.

Na madrugada de 13 de agostode 2007, houve um desmorona-mento de uma camada de lixo noAterro São João, causando o vaza-mento de gases que trouxeram um

mau cheiro forte por toda a região.Segundo moradores, o acidente sedeu pelo excesso de lixo, ou seja,colocaram mais do que a área podesuportar. Para alguns vizinhos, oque ocorreu foi uma espécie de ava-lanche, “a avalixo”, como dizem.

De acordo com a EcoUrbis, omau cheiro da região se deu pelodeslizamento ocorrido no dia 13 deagosto. O forte odor se estendeupor 15 dias, tempo no qual foramfeitos os trabalhos de reconforma-ção, resgatando a geometria origi-nal do aterro. As rachaduras ocorri-das nos imóveis não têm relaçãocom a passagem dos caminhões.Foram feitas vistorias nas edifica-ções que estão próximas ao aterro enão se constatou qualquer anoma-lia provocada por tráfego local.

Ainda segundo a EcoUrbis, oaterro inicialmente era administra-do pela Prefeitura de São Paulo. Aconcessionária o assumiu em 2004.O contrato atual não resgata pro-postas feitas pelo governo munici-pal no ano de inauguração do ater-ro. Hoje, a EcoUrbis está resgatan-do e assumindo as pendências am-bientais legais. Quanto ao eventoocorrido em 13 de agosto de 2007,os relatórios estão em fase final,portanto, ainda não há uma respos-ta oficial.

EcoUrbis quer instalar mais um depósito

DISCUSSÃO – Em frente à Prefeitura de São Paulo, faixa reivindica tratamento do lixo

Dayane Cunha

A concessionária EcoUrbis Am-biental S/A apresentou no dia 9 denovembro do ano passado, em au-diência pública, o projeto do em-preendimento Central de Trata-mento de Resíduos Leste (CLT),que a empresa deseja instalar ao ladodo Aterro São João, localizado emSão Mateus, Zona Leste de SãoPaulo. Manifestantes da comunida-de estiveram no local e protestaram.

O Aterro São João começou aoperar em 1992 e recebeu até maiode 2007 mais de 27 milhões de to-neladas de resíduos. Ele ficou inati-vo desde o desmoronamento delixo, ocorrido em 13 de agosto de2007, e só voltou a funcionar noinício de 2008. O gerente do local,Leonardo Marques Rezende Tava-res, afirmou que a Prefeitura neces-sita de um aterro próprio, já que osdois pertencentes à ela – o São Joãoe o Bandeirantes, este em Perus,Zona Norte – estão com a capaci-dade máxima e não podem maisreceber resíduos. A empresa utilizaatualmente aterros particulares lo-calizados nos municípios de Caiei-

ras e Guaru-lhos, e pagapor eles.

Ambien-talistas e lide-ranças de mo-vimentos po-pulares e sin-dicais manifes-taram-se con-tra o projeto elançaram ac a m p a n h a“Mais Vida,Menos Lixo”.Para LeonardoAguiar Mo-relli, secretárioda Defensoriada Água e umdos organiza-dores da mobilização, “é incabívelampliar ou instalar novos aterrossanitários antes que sejam estabele-cidas políticas públicas para a ques-tão do lixo que privilegie a coletaseletiva, reciclagem e educação am-biental para a redução dos resíduossólidos domésticos”.

Os três “erres” da sustentabili-dade (redução, reuso e reciclagem) fo-

ram bastante comentados na au-diência, não só pelos integrantes dacampanha “Mais Vida, MenosLixo”, mas também pelos morado-res dos bairros próximos ao aterro.Em 2000, uma pesquisa nacional desaneamento básico realizada peloIBGE mostrou que em São Pauloexistem 26 aterros sanitários e so-mente quatro usinas de reciclagem.

Uma das moradoras questio-nou os 12 postos de triagem que aEcoUrbis se dispôs a construir,mas não esclareceu quais serão osprocedimentos para a ação. A em-presa conta com programas de co-leta seletiva somente em algunsbairros.

O processo de licenciamento co-meçou em 2005, quando a empresa

Aterro gera preocupação entre moradoresEcoUrbis – Divulgação

apresentou um plano de trabalhoao Departamento de Avaliação deImpactos Ambientais do ConselhoEstadual do Meio Ambiente (Con-sema). Em 2006, o mesmo depar-tamento solicitou os Estudos deImpactos Ambientais (EIA-Rima), por conta da concessioná-ria. A empresa Cepollina Engenhei-ros Consultores S/S Ltda, commais de 20 técnicos, foi contratadapara realizar os estudos físicos, bió-ticos e antrópicos.

A área de 1.123.509 m² do novoempreendimento foi desapropria-da em 1995 pela Prefeitura para aconstrução do novo aterro; e fazparte das obrigações que a empresavencedora da concessão deve cum-prir. Terá vida útil de dez anos esete meses, caso a coleta seletiva con-tinue com o número atual, que, se-gundo a Limpurb, é de 1% do totaldo lixo recolhido na cidade.

De acordo com a assessoria deimprensa do Consema, o próximopasso é a apresentação do estudode impactos ambientais para o ór-gão. A reunião ainda não tem dataprevista e o valor da construção tam-bém não foi divulgado.

Dayane Cunha

Page 8: Jornal cidadão (edição 30)

l Você sabia que a populaçãoconjunta dos bairros de Sapo-pemba e Vila Prudente chega aaproximadamente 523 mil pes-soas, divididas em 271 mil mu-lheres e 251 mil homens?l Para atender à alta populaçãode crianças e adolescentes, cercade 37%, existem 27 escolas in-fantis e mais de 30 de EnsinoFundamental.l A maior Avenida da AméricaLatina possui um único terminalurbano, com diversas linhas ser-vindo a região metropolitana.l Na área da saúde o bairro con-ta com 1 hospital municipal, 2estaduais e 22 unidades básicasde saúde.l Ao longo dos 45 quilômetrosde extensão não há cinema, tea-tro ou museus. O equipamentosócio-cultural são as bibliotecas;há três delas disponíveis.l Muitos eventos na região sãoorganizados pelas 120 entidadese associações de bairro que a Ave-nidade Sapopemba possui, ga-rantindo diversão para popula-ção no seu próprio bairro.l Existem quatro jornais nobairro: Jornal Sapopemba News,Noticias do Bairro – Sapopemba eVila Formosa, Folha de Sapopembae Jornal de Sapopemba.

PÁGINA 8 - ABRIL DE 2008 CURIOSIDADES

Uma Avenidade muitas carasCom 45 quilômetros de extensão, a Sapopemba,na Zona Leste de São Paulo, é cheia de histórias

Pode parecer, mas nem todasas avenidas da cidade de São Paulosão iguais. Imagine que muito alémdessa imensidão de asfalto, trânsi-to e poluição existe muita história eo orgulho de fundadores e mora-dores do maior corredor urbano daAmérica Latina, a Avenida Sapo-pemba. O trajeto é longo, são apro-ximadamente 45 quilômetros deextensão, trechos supermovimen-tados, com toda a característica decidade grande. E, no entanto, elatermina no município nem tão cal-mo de Ribeirão Pires.

O resultado é um panorama daregião leste da capital paulista. Teo-ricamente seu início é no viadutoAricanduva, que cruza outra aveni-da famosa, a Radial Leste. Porém,moradores discordam da prefeitu-ra paulistana. Para a maioria, o via-duto não consta como parte inte-grante da quilometragem docu-mentada no “Guinnes Book”, o li-vro dos recordes.

Contra-dizeres à parte, trata-seda maior extensão de avenida lati-no-americana e a terceira maior domundo. Com mais de 15 agênciasbancárias, incontável número depadarias e farmácias, a Avenida é

Fernanda Oliveira

O nome da Avenida gerou umprincípio de confusão em uma tar-de de sábado, quando a reportagemdo Cidadão conversou com algunsmoradores na altura do número11.480. A questão era saber qual se-ria a origem do nome Sapopemba.

“Vem de ‘sapo’ e ‘pemba’, vocêsabe o que é pemba?”, perguntouMaria José, de 48 anos, com muitobom humor. Percebemos se tratarde uma brincadeira geral. Vinte mi-nutos de um bom papo e uma se-

Sapopemba ou “Sapo-pemba”?

RECORDE - Muitas curiosidades na maior avenida da América Latina

Fotos Edilson Oliveira

Monumento histórico é“escondido” dos moradoresOutro ponto de visitação que o

público pode usufruir é a capela deSão Roque, que fica na Avenida Sa-popemba, próxima ao MercadoMunicipal Antonio Gomes. A ca-pela foi construída em 1931 pelacolônia portuguesa que habitava aregião. Ela tinha, além da devoçãopor São Roque, veneração por Nos-sa Senhora de Fátima.

Após uma permuta com comer-ciantes da região, esse santuário foidesativado para dar lugar ao comér-cio que cresceu, mas a pequena cons-trução não foi demolida devido àdevoção dos comerciantes. “Hou-ve essa permuta pelo terreno, porser bem maior, mas a capela de SãoRoque ainda existe. Os comercian-

tes preservaram a capela por seremcatólicos e devotos”, afirma o freiGerson Silva.

Em 1968, iniciou-se a constru-ção do Santuário Nossa Senhorade Fátima, na rua Antonio Fon-tes, localizada atrás do terreno ondepermanece a capela. Ela continuaconservada, tem um espaço limi-tado para peregrinações e existe umpequeno altar com a imagem deSão Roque. Essa capela, que fica naprópria avenida, está encoberta poruma garagem onde se alocam am-bulantes. Os pedestres que circu-lam em frente à capela passam enão percebem que um marco dahistória do bairro está bem ali, aoseu alcance. (EO)

Na altura do número 7.800 daAvenida Sapopemba repousa umacuriosidade quase oculta aos mora-dores do bairro. Trata-se de um os-sário que fica no subsolo do San-tuário de Nossa Senhora de Fáti-ma, na Igreja de São Roque, locali-zada na rua Antônio Fontes, umatravesssa da Sapopemba.

A igreja abriga um depósito deossos com cerca de 8.100 gavetas, amaioria delas com restos mortaisde devotos de Nossa Senhora deFátima e de São Roque. “Para ad-

quirir uma gaveta durante um pe-ríodo de 15 anos, é necessário reser-var e pagar uma taxa anual de ma-nutenção”, diz a assistente admi-nistrativa do ossário, Rosangela Tor-res, 46 anos.

Outro fato bastante interessan-te do local são os restos mortais dasfamílias portuguesas que coloniza-ram o bairro de Sapopemba e re-gião. Também se encontram nas ga-vetas do ossário freis capuchinhosdepositados atrás do altar, onde sãocelebradas missas às segundas-fei-ras, a partir das 15 horas, e aos sába-dos, às 17 horas.

Igreja de São Roque conservaossário para famílias da região

Edilson Oliveira

PROGRESSO - Antigo terreno foi trocado para abrigar nova sede

OSSÁRIO - Depósito no subsolo faz parte do templo de São Roque

proporcional também no comércio,que conta com uma vasta variedadede magazines, hiper-mercados etodo tipo de “vendinha” que sepossa imaginar. Nesta página, algu-mas curiosidades sobre a “perso-nagem” e seu entorno.

nhora de sotaque português, Fer-nanda de Cabral, nos disse: “Sapo-pemba são os raminhos que nas-cem no tronco das árvores, aqui eracheio quando eu cheguei.”

Dona Fernanda também co-menta que ao se tornar Avenidaocorreu um enorme desmatamen-to: “Aqui era cheio de árvores, mui-tas mesmo. Os moradores sempreplantavam nos finais de semana,mas esse monte de asfalto e calçadatiraram quase tudo.”

Realmente, a Avenida não estátão arborizada como no passado,mas mantém um estilo interioranopróprio. No início do século XX, obairro de Sapopemba era conheci-do por suas chácaras e fazendas. Atéhoje alguns loteamentos mantêmo ar antigo do campo, mas, graçasao desenvolvimento econômico, aregião perdeu muito do que a carac-terizava no passado. Ficou na me-mória de moradores como donaFernanda a lembrança do que umdia foi a Avenida Sapopemba. (FO)VERDE - Trecho ainda arborizado


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