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Page 1: Jornal Bem Curta - Azul

cida. É duro ter que passar o dia andando nas ruas, puxan-do um carrinho para poder ganhar R$ 20 por dia.” Embora os benefícios des-sa dura jornada sejam pou-cos, Paulo se orgulha de ain-da ter coragem e força para trabalhar. Antes de ser cata-dor, ele era carpinteiro, mas devido a idade, ficou difícil a contratação dos seus servi-ços por parte das empresas. Hoje ele trabalha para um depósito de reciclagem, e conta que no dia que não qui-serem mais seus serviços, a situação vai ficar difícil, pois vai sair sem receber nenhum beneficio. “Eu acabei me acostumando, hoje em dia eu até gosto, me sinto bem, pois é um trabalho digno. Mas não é um trabalho garantido.”

Uma empresa do Ce-ará inovou e lançou no mercado um novo tipo de carvão: o carvão re-ciclado. O diferencial do carvão reciclado para os convencionais é ser um produto ecologicamen-te correto, pois utiliza as sobras do carvão vegetal como matéria prima, não tendo assim que derrubar árvores para fabricá-los. Segundo Flávio Silvei-ra Filho, um dos sócios da empresa, o produto possui um diferencial a mais. “Além de ser ecolo-gicamente correto, o car-vão reciclado não emite fumaça, tem maior dura-bilidade do que o vegetal e o mineral, possui maior poder calórico, não pro-duz cinzas, não estala e

queima até o final”, afir-ma. O produto se caracte-riza especialmente pela inovação, renovação e sobretudo reconstrução, com ele se pode levar mais qualidade de vida e economia e contribuir com a preservação do meio ambiente, utilizan-do apenas aquilo que muitos achavam ser sim-plesmente lixo. Atualmente o mundo passa por uma grande crise de sustentabilidade. A cada dia os produtos naturais se esgotam, e novos meios têm que ser inseridos na sociedade para que no futuro a falta desses insumos não pre-judiquem tão fortemente a sociedade.

Representantes de vários países e grandes empresas se reúnem constantemente para debater o futuro e tentar encontrar soluções para essa crise. As próximas gerações viverão o nível de sustentabilidade re-sultante das escolhas da atual geração. Afinal, não sabemos até quando os produtos naturais vão durar. E o que o homem está fa-zendo para que no futuro possamos ter uma vida digna e sustentável?

A SF carvão começou a ser idealizada em 2011, quando os sócios Flavio Silveira e Flavio Silvei-ra Filho, pensavam em projetos que pudessem trazer benefícios a co-munidade em que vivem respeitando e melhoran-do o ambiente. Flavio Fi-lho utilizava um carvão de qualidade superior e menos poluente onde morou no exterior, e ao fazer uma pesquisa no-taram que era possível implementar uma fabri-ca de carvão que fosse Ecológico, beneficiasse o meio ambiente, e ain-da trouxesse vantagens para a sociedade com um produto melhor.

O lixo que se renovaPor Anderson Paixão

Reciclar para sobreviver

Por Jackson Pereira

Vidas que crescem no lixo crescem profissional-mente e financeiramente também. São homens e mulheres que fazem dos materiais recicláveis a sua vida e o seu negocio. Segundo dados do Instituto Municipal de Pesqui-sas Administração e Recursos Humanos (Impa-rh), existiam, em 2006, entre oito e dez mil ca-tadores em Fortaleza. De acordo com o órgão, a falta de um cadastro impede a contabilização exata desses trabalhadores. A estimativa é que esse número tenha crescido significadamente nos últimos seis anos. São ao todo 17 associa-ções de catadores ligadas ao Movimento Nacio-nal dos Catadores e dezenas de empresas de reciclagem, atuando na capital. Uma delas é a do senhor Paulo Ferreira, conheci-do como Paulinho, 54, e da dona Maria José, 60. Eles moram no Bairro Granja Portugal, periferia de Fortaleza, e tem uma empresa de reciclagem, a Sucata do Paulinho. A empresa é anterior ao casamento, são 28 de empresa e 20 de casa-mento. Mas, há 15 anos o negócio esta instala-do no quintal do casal. Eles trabalham com um sistema de “carrinho fidelidade”. O catador pega emprestado o carrinho para a realização do seu trabalho, em troca, o material coletado é vendido com exclusividade para a Sucata do Paulinho. Perto dali no Parque Santa Rosa, um grupo de catadores formou um projeto diferente. Associa-ção de Reciclagem Rosa Maria, foi fundada há 8 anos e atende diretamente 11 catadores, que fazem parte do projeto Adote um Catador. Os ca-tadores adotados, tem “clientes” já agendados que disponibilizam, em dias e horários pré-defi-nidos, o material para a coleta destes catadores “A cliente liga e eu vou lá buscar, armazeno no quintal de casa e depois vendo na Associação”, nos conta seu Naval, 64 anos.

Em uma era altamente tecnológica, em que a consciência ambiental e a busca por alternativas sustentáveis também são marcantes no cotidiano das pessoas. É um grande desafio dar novos destinos ao lixo, transformado-o em produtos , gerando oportunidades de negócios e mudanças sociais na vida das pessoas, em Fortaleza po-demos ver diversos lados deste tra-balho, desde reaproveitamentos de óleos para a fabricação de sabão, financiado por empresas particulares, passando por obras de arte, artesana-to, a vida dura e difícil dos catadores de rua, até a montagem de negócios e cooperativas que potencializam o lucro no trabalho com m a t e r i a i s recicláveis.Foi com esse ideal que os repórteres: Elrica Mara, Jackson Pereira, Suiany Rocha, Matheus Coutinho, Anderson Paixão, Iury Costa, Anna Regadas e Mavio Braga, foram às ruas da nos-sa capital e produziram este material bem curto, mas completo. Boa leitura a todos!

EXPEDIENTEO jornal Bem, Curta é um produto da disciplina de Projeto Experimental em Jornalismo Impresso, do curso de Jornalismo, da Faculdade Sete de Setembro.

Projeto gráfico: Ana Paula XimenesDiagramação: Anderson PaixãoMatérias: Iury Costa, Anna Regadas, Elrica Mara, Jackson Pereira, Matheus Coutinho, Mavio Braga, Anderson Paixão, Suiany Rocha

Orientadora: Professora Vânia Tajra.

EDITORIAL

Por Elrica Mara

Com um olhar meio triste e um sorriso tímido, Paulo Di-ógenes, 54, morador do Bom Jardim, casado, cinco filhos, se desloca todos os dias a pé até chegar ao Centro de For-taleza, onde tenta buscar uma vida melhor para ele e os fi-lhos. Há mais de 20 anos ca-tando ferros, madeiras, papéis e outros objetos, e com gran-des sonhos de um futuro me-lhor para a família, o catador já enfrentou várias dificuldades para poder ganhar o pão de cada dia. “Essa profissão não é nada reconhe

Catadores de sonhos

Paulo Diógenes sonha em um fututo melhorFoto: Elrica Mara

Óleo de cozinha vira matéria prima para sabão

Por Suiany Rocha

Produzir obras de arte com materiais que iriam para lixo, é uma iniciati-va que além de servir de passatempo para algumas pessoas, pode melhorar e muito a vida do nosso pla-neta. Nos últimos tempos, muito se fala da impor-tância da preservação do meio ambiente. A recicla-gem contribui significativa-mente para a diminuição

da poluição do solo. São pequenas atitudes que fa-zem toda a diferença. É o que pensa a artesã Regina Mesquita, que encontrou uma maneira de reaprovei-tar garrafas PET usando a criatividade. As produções são das mais variadas formas e es-tilos e podem dar um char-me a mais na decoração, além de deixar o ambiente bem mais harmonioso. Regina Mesquita em parceria com um shopping

da cidade arrecada cerca de 200 garrafas PET por dia, que são transforma-das em arranjos de flores, porta canetas, brinquedos, porta retratos, enfeites de parede, através de cursos junto a comunidade. “Pessoas de todas as idades visitam nossa expo-sição e se encantam com nossas peças, mas, quem se inscreve para participar da confecção são os ido-sos, devido ao tempo livre. É como se fosse uma tera-

pia para eles,” conta a ar-tesã. Para participar dos cur-sos os interessados preci-sam apenas levar o maior número de garrafas que conseguir.

CURIOSIDADEO plástico descartado no solo leva mais de cem anos para se decompor.

O lixo que vira artePor Ana Rita

O Brasil apresenta grande potencial para a política de reciclagem, e desde 2010, conta com a Política Na-cional de Resíduos Sólidos. A lei 12.305 reúne instru-mentos e diretrizes para a gestão dos resíduos sólidos. Ela estabelece como o poder público, o empresário e o cidadão devem tratar o lixo. Dentre os pontos da política de resíduos sólidos destacam-se; o fechamento dos lixões a céu aberto, a criação de aterros sanitários para receber somente os rejeitos, ou seja, a parte do lixo que não pode ser reci-clado e a elaboração dos Planos Municipais de Resídu-os Sólidos.

Enquanto isso em Fortaleza: De acordo com a lei, os Municípios teriam até agos-to desse ano para entregarem os Planos Municipais de Resíduos Sólidos. Fortaleza ainda não concluiu seu pla-no. Segundo a assessoria de imprensa da Autarquia de Regulação, Fiscalização e Controle dos Serviços Públi-cos (ACFOR), o Plano de Fortaleza está 90% concluído e tem expectativa de entrega para o mês de outubro de 2012. O Diretor de Resíduos Sólidos da ACFOR, Helmano informou que apesar do Plano Municipal não ter sido entregue, a cidade já conta com o plano de coleta se-letiva. “Nós começamos com um trabalho de educação ambiental, em parceria com a Semam e a Ecofor, nos condomínios da Regional IV e nos estabelecimentos co-merciais e em seguida implantamos o sistema de coleta seletiva.”

Por dentro da leiPor Matheus Coutinho

A coleta seletiva é utilizada para a separação dos materiais que possivelmente venham a ser reciclados. Várias são as Insti-tuições que vêm se adequando a esse processo.

Para facilitar o recolhimento do lixo com materias que pos-sam ser reciclados, a Faculdade 7 de Setembro lançou o projeto ReciclaFa7 e adaptou em seus corredores, coletores de lixo que separam os diferentes materias, como o papel, o plástico, o vi-dro, os metais e os materias orgânicos. Cada coletor tem uma cor diferente dos demais, para que haja uma diferenciação dos materias.

Além da coleta seletiva ajudar no processo de reciclagem, na proteção do meio ambiente e na saúde da população, a intenção da FA7, é também conscientizar os alunos nos benefícios que essa atitude causa.

Selecionar é a solução!Por Mavio Braga

O óleo de cozinha é altamen-te prejudicial ao meio ambiente. Quando despejado direto no ralo da pia, o óleo entope a encana-ção e polui os nossos rios. Mas preservar o meio ambiente pode ser mais fácil do que se pensa, é só uma questão de atitude. Há diversos projetos de reapro-veitamento do óleo de cozinha. Basta para isso, que as pesso-as entreguem o óleo utilizado no posto de coleta mais próximo. Vá-rias empresas oferecem o serviço de coleta. É o caso do Ecoelce, programa de iniciativa da Coelce, que propõe a troca de materiais recicláveis, inclusive óleo de co-zinha, por desconto na conta de energia.

Serviço Para aderir à iniciativa e trocar não só óleo de cozinha, o titular

da fatura deve solicitar seu car-tão Ecoelce em uma agência da Coelce. Com o cartão, basta o cliente levar o material reciclável ao posto de coleta e registrar os bônus para sua próxima fatura de energia.

Receita para fazer sabão a par-tir do óleo de cozinha

Material5 l de óleo de cozinha usado2 l de água200 ml de amaciante1 kg de soda cáustica em escama

PreparoColoque a soda no fundo de um balde. Misture a água fervendo até diluir a soda. Adicione o óleo e mexa. Adicione o amaciante e mexa novamente. Jogue a mis-tura numa fôrma e espere secar. Depois é só cortar o sabão em barras.

Produtos feitos com garrafas PET. Foto: Suiany Rocha

Produção do Carvão EcológicoFoto: Anderson Paixão

Foto: Reprodução

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