Transcript
Page 1: Jornal Abra - 18º Edição

18ªImpressão

Santa Maria, maio de 2009 Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA

Gurias boas de bola

Hoje é dia de limpeza

Uma grande família

O futebol deixou de ser coisa de menino e cada vez mais essa paixão nacional tem integrado o dia a dia da mulherada. Tanto que já ganhou contornos próprios na forma de ser praticado e encarado por elas.

A maioria das profissões tem seu dia de homenagem. E com os garis não poderia ser diferente. O diferencial é que a luta contra o precon-ceito e a busca pelo reco-nhecimento caminham lado a lado com a missão diária.

É comum se ouvir dizer que em coração de mãe sempre cabe mais um, mas nem sempre é necessário ser mãe para ter esse espírito acolhedor. E foi movida por esse sentimento que Ana veio de São Gabriel.

Página 5

Página 9

Páginas 6 e 7

Página 3

A arte de ser mãe

Cuidado, proteção, carinho, atenção e amor incondicio-

nal. É dessa forma que as mulheres, consciente ou insconscientemente, doam-se para o momento mais importante e marcante de suas vidas: o de ser mãe.

O momento não é vivido e encarado da mesma forma, mas é essa diferença que trans-

forma a experiência em algo único e enriquecedor para cada mãe. Em maio, mês das mulheres mais importantes de nossas vidas,

o Abra foi ver como é a reali-dade das mães santa-marienses.

Seguindo o instinto materno, Mariane tem cumprido à risca os cuidados com o filho que está para chegar

AR

IélI

ZIE

glE

R

ARIélI ZIEglER

MAIARA BERSCh

EvANdRo StURM

Page 2: Jornal Abra - 18º Edição

Jornal experimental interdisciplinar produzido sob coordenação do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Comunicação

Social – Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra)

Reitora: Profª Iraní RupoloDiretora de Área: Profª Sibila RochaCoordenação do Curso de Comunicação Social - Jornalismo: Profª Rosana Cabral Zucolo

Professores orientadores: Iuri Lammel Marques (Mtb/RS 12734), Laura Elise Fabrício, Sione Gomes (MTb/SC 0743) e Liliane Dutra Brignol

Redação - AprendizEditor-Chefe: Juliano PiresDiagramação: Cassiano Cavalheiro, Dinis Cortes, Sofia VieroEquipe de Reportagem: Cassiano Cavalheiro, Claudiane Weber, Joseana Stringini, Jucineide Ferreira, Leandro Rodrigues, Liciane Brun e Vanessa Moro

Colaboração: Aline da Silva Schefelbanis, Aline Estela Merladete de Souza, Bruna Prestes Severo, Daiane dos Santos Costa, Diego Lermen de Araujo, Fabrício Santos Vargas, Felipe Bernardini, Fernando Custódio Oliveira, Flávia Müller, Francieli Jordão Fantoni, João Alberto de Miranda Filho, João David de Quadros Martins, Julia Schäfer, Letícia Poerschke de Almeida, Luís Felipe Leal Martins, Luyany Beck da Silva, Michelle da Silva Teixeira, Natália Vaz Schultz, Nathale Cadaval Kraetzig, Paulo Ricardo Langaro Cadore, Rodrigo Gularte Ricordi, Sabrina Kluwe, Jacinto Pereira Hoehr, Sabrina Pereira Dutra, Sibéli Mori Bolsson, Tarso Negrini Farias, Thales de Oliveira, Ulisses Scheineider Castro

Fotografia: Ana Gabriela Vaz, Ariéli Ziegler, Carolina Moro, Evandro Sturm, Franciéli Jordão, Gabriela Perufo, Giulianno Olivar, Maiara Bersch

Tratamento digital de imagem: Núcleo de Fotografia

Se você tiver críticas, sugestões ou quiser ser um colaborador do Abra envie um e-mail para nós pelo endereço [email protected]

Impressão: Gráfica Gazeta do Sul

Tiragem: 1000 exemplares

Distribuição:gratuita e dirigida

Ao escrever o artigo para esta edição do Abra, assun-tos não faltaram. A minha

dúvida era em relação sobre o que discorrer para os leitores. Poderia ser sobre a gripe suína que há sema-nas preocupa o mundo, mas a mídia já se encarregou de mostrar todos os detalhes, inclusive que não é neces-sário exterminar os porquinhos. Outro assunto poderia ser a violên-cia nas escolas que vemos todos os dias na TV e nos jornais, cujos prota-gonistas não podem ser inteiramente responsabilizados pela educação que receberam (ou não) em casa.

Ao ler a coluna do jornalista Juremir Machado da Silva no jornal Correio do Povo, intitulada “Viva os feios”, achei o texto original, dife-rente e questionador sobre um tema que nem o espelho costuma se mani-festar. O jornalista conta a história da escocesa Susan Boyle, que virou fenômeno internacional com sua feiúra, mas que, no entanto, tem uma voz que deixaria qualquer cantora do “padrão beleza” com inveja. A candi-data, que participou de um show de calouros onde predominavam canto-res que conciliam música e beleza, fez os queixos dos jurados caírem no chão e o público aplaudi-la de pé logo que ela começou a cantar.

Assim que terminei de ler o comentário de Juremir, minha curio-sidade foi tanta que resolvi olhar a apresentação dela no YouTube. É algo realmente emocionante e sugiro que quem não assistiu, olhe para entender o que estou falando. Porém, essa não foi a única ocorrência de uma feia que hoje é um fenômeno, essa história se repete desde o tempo de Salomão. O escritor Moacyr Scliar conta no seu livro A mulher que escreveu a Bíblia a história de uma mulher feia que nem ele mesmo encontrou adjetivos para descrevê-la. Segundo o autor, a prota-gonista da obra era uma das mulheres do harém de Salomão, e que foi entre-gue por seus pais como pagamento de uma dívida com o rei. Embora tivesse um corpinho de miss, seu rosto era tão assustador que nem Salomão quis saber da figura por perto.

Fora o detalhe de seu rosto pouco afeiçoado, ela tinha tanto talento que conquistou todos no reino por sua coragem e inteligência. Salomão a nomeou como lorde, lhe deu pode-res de decidir sobre qualquer assunto do palácio e pediu que escrevesse um livro sobre seu reino. Isso fez com que todas as outras esposas do rei passassem a invejar a coitada por sua conquista. Reação semelhante ao que aconteceu com Susan Boyle, ao

ganhar o mundo com a sua linda voz. Diante de circunstâncias como essas me lembro de uma frase que escutei: “Deus faz os bonitos, mas não desam-para os feios”. Os padrões estéticos das duas não eram adequados às oca-siões e talvez por isso elas se tornaram o centro das atenções, tanto do escri-tor, quanto dos homens que pediram a mão de Susan em casamento. Modés-tia parte elas se deram bem.

As mulheres “fora dos padrões” ditados pela sociedade hoje – gor-dinhas, baixinhas, feinhas ou que tenham alguma anomalia estética – devem tomar cuidado, pois quando a mídia se cansar dos rostinhos afeiçoados e dos corpos esguios, e optar por algo inovador e diferente, elas serão o alvo.

Se perante Deus somos todos iguais, qual a função do espelho? Desmentir essa verdade universal? Me parece ele que também serve para mostrar que a sociedade tem esta questão do “ser diferente” bem definida, e que não apenas a aparên-cia física, mas também o social, a “raça” e o poder aquisitivo servem para “incrementar diferenciais”. Só que todos esquecemos de um deta-lhe, quando Deus chamar, todos nós viajaremos para o mesmo lugar.

Por Jucineide Ferreira

2 abra 18ª impressão

maio 2009

Expediente

Editorial Carta à senhora felicidade

A palavra que vale mais do que mil imagens

Incoerências...Vive-se um período em que, com freqüência, o encontro com

acontecimentos ambíguos e contraditórios se torna cada vez mais constante. Versões diferentes, uma mentindo, e a outra mentindo sobre a mentira, acabam por sepultar a verdade de tal forma que chegar até ela só é possível com a ajuda dos próprios mentirosos. E é assim que se forma o lamaçal da corrupção pes-soal e profissional, um círculo vicioso onde quem experimenta jamais deixa de retornar.

Lama à parte, quem quer entender esse processo precisa cha-furdar para visualizá-lo antes que ele chegue até ao ventilador. O primeiro sinal de quando algo está errado é um leve incomodo, como se algo “cheirasse” mal, seguido de uma desconfiança em relação às peças que não se encaixam e parecem desconexas. Em seguida, começam a surgir as contradições, o que era passa a não ser mais, e tudo passa a discordar entre si.

Humanamente, todas as pessoas têm o direito de errar uma vez em determinada ação ou com uma pessoa específica, mas errar com um Estado inteiro, e mais de uma vez... Difícil de classificar entre racional e irracional, a certeza é de que tal ser, e o secretariado que o acompanha, não é humano. E diante dos acontecimentos que cercam essa esfera na mídia gaúcha, é dis-pensável qualquer identificação mais direta e objetiva.

Entretanto, antes que a bomba estourasse midiaticamente, a administração já dava sinais de que continha irregularidades na condução dos gaúchos. Porém, devido à política do acober-tamento, e o asco a CPIs, o assunto amornou e foi empurrado para debaixo do tapete. Por sorte, algum tempo depois, as acu-sações “infundadas”, e que não eram levadas a sério, passaram a estampar as páginas de revistas como a Carta Capital.

Abalar o castelo de 400 mil notas de reais parecia uma rea-lidade distante, mas, estando expostas as evidencias, e aliado à divergências ideológicas, a revista Veja deu um sopro que pro-mete fazer a “casa cair”. A reportagem intitulada “O caixa dois do caixa dois”, vem reforçar a importância de montar o quebra-cabeça da forma certa, ainda mais quando uma das peças abre uma Ferst na legalidade e na ética.

Uma pergunta que você leitor pode estar se fazendo é sobre o que esse artigo está tratando. A resposta mais viável é a rea-lização de outra pergunta: se a incoerência tem o hábito de se manifestar nas entrelinhas, porque é necessário ser coerente de maneira direta e objetiva?

Enquanto isso, na sociedade dos bichos...

Ainda bem que já estou

vacinado!

É, eu ainda preferia a febre

amarela... atchim!

Querida felicidade, sempre fui muito forte perante as situações que se apresen-

taram em minha vida e consegui contornar todos os problemas de uma maneira que todos saís-sem ilesos. Porém, eu sempre saí ferido, e procurei a senhora em todas as páginas de todos os livros. E no final deles, quando eu imaginava ter lhe encontrado, era então que me deparava com a senhora melancolia. Querida felicidade, creio que talvez esse nosso encontro nunca de ver-dade chegue, e mesmo que nunca ocorra, eu ainda lhe tenho guar-dada no peito, com a força de uma canção na vitrola, ou como um

simples sorriso da pessoa amada. É nas pequenas coisas que

encontramos a senhora, nos pequenos momentos, nos peque-nos versos, na poesia escondida. Se um dia eu pudesse chegar frente a frente eu lhe daria um abraço, com meus braços lhe agarraria com toda a força e com certeza eu jamais a deixaria partir. Como não posso, pois esse momento não chegará, eu fico com a certeza de sua existência no fundo dos cora-ções humanos. Acredito, sim, que a sua maior face está escondida no amor, e por isso eu amo, já que não posso ser feliz.

Faço então um pedido em nome de todos os humanos que

pela senhora tanto procuram, não desista de nós tão facilmente, e releve alguns insultos e descul-pas que deixamos de dar, seja sempre presente mesmo em partes na vida de cada um. Se a plenitude não podemos ter, um pedaço é mais do que suficiente. Seja, então, madrinha de todos os desesperados, e caminho de todos os perdidos. Já dos apai-xonados, que a senhora seja o véu que lhes protege, e apesar das desgraças do mundo, nos ame. Obrigado por simplesmente existir, só por esse fato eu já lhe tenho como um pedaço, e desse pedaço eu farei o melhor de mim.

Por Felipe Bernardini

Page 3: Jornal Abra - 18º Edição

abra 18ª impressão 3

maio 2009

O segundo domingo de maio, para a maioria das mães, já se tornou um

dia de reconhecimento. Porém, a cada ano, “nascem” novas mães que renovam os dilemas e preocupações que, para as mais experientes, já são ques-tões fáceis de serem resolvidas. Com a chegada do primeiro bebê também surgem inquieta-ções com as novas responsabili-dades e a troca do papel de filha para o de mãe. Essas caracterís-ticas dão um caráter marcante à primeira gestação e se trans-formam em experiências dife-rentes dependendo do momento vivido pela mulher.

Junto com a maternidade também se originam vários questionamentos de como lidar com essa nova responsabilidade, o que ensinar ao filho que vai chegar e quais os cuidados que se deve ter com o bebê. Essas indagações, comuns para as mães novatas e que transfor-mam a relação mãe-filho em um aprendizado mútuo, passaram a fazer parte da vida da acadêmica Dieice Viário, 22 anos. Ela, que é mãe de Matheus, nascido no dia 27 de abril, resume a expe-riência como algo único, uma parte sua dando continuidade.

Entretanto, a gravidez não planejada provoca, em algumas mulheres, desequilíbrio emo-cional, como aconteceu com Dieice, que ficou desesperada ao saber do resultado positivo. Ser mãe trás alguns receios e até o medo de achar que não é capaz de amar e educar, mas a

Ser mãe: um aprendizado

Para Dieice (acima), maternidade é

uma experiência única. No sexto

mês de gestação, Mariane (ao lado)

se preocupa com a formação do bebê.

Quando se pensa em rádio logo se pensa em uma bela voz. Para muitos, o homem é que detém esta quali-dade, mas o rádio é formado também por belas vozes femininas. A precursora na cidade foi Edith Rau, que fez parte do primeiro quadro de funcionários da Rádio Imem-buí em fevereiro de 1942. De lá para cá, inúmeras mulheres fizeram a história da radiodi-fusão santa-mariense.

Desde a década de 70, Salete Barbosa, hoje na Rádio Imembuí, se dedica a fazer da sua profissão um meio de ligação entre o rádio e a comunidade. Ela iniciou na atividade através de um teste na Rádio Guarathan, onde atuou como locutora comer-cial e discotecária, ou seja, percorreu um longo caminho até chegar à posição de âncora de um programa. Salete des-taca o trabalho social que desenvolve: “Me propicia fazer campanhas, como de câncer de mama e alcoolismo, enfim, oferecer o microfone a quem precisa ser ouvido e o espaço para a cultura”.

Para Maria Elena Martins, que começou na mesma época, o rádio é bem mais do que sua profissão. Ela se diz assídua ouvinte de todas as emissoras da cidade e isso lhe faz lembrar do começo de sua carreira: “Eu parti-cipava pelo telefone e por cartas nos diversos progra-mas, até que fui premiada em um concurso e acabei sendo convidada a trabalhar na Rádio Imembuí”.

Maria apresentou progra-mas ao público feminino e de auditório até chegar na TV Imembuí: “Fui contratada para fazer locução comercial na TV e depois na Rádio Uni-versidade apresentava um programa infantil, no qual guardo belas lembranças”.

Para Salete Barbosa, que ainda atua na área, o mer-cado de trabalho já é mais receptivo embora a concor-rência seja maior: “Para usar o microfone tem que ser muito mais que um profis-sional, vale muito o conhe-cimento e a capacitação”.

Um bom exemplo é o de Viviana Fronza, que possui dois diplomas, Jornalismo e Relações Públicas, e todos os dias supera desafios: “Come-cei como repórter esportivo

ainda na faculdade num lugar onde os homens eram maioria e nunca tive problemas com isso. Hoje, além de esporte, apresento os noticiários de hora em hora na Imembuí”.

Mesmo que Viviana tenha começado na profissão há pouco, a história dela se confunde com a de Maria Helena, de Salete e de outras mulheres que passaram pelos microfones de rádios de Santa Maria. Todas elas no dever de informar.

Por Aline Schefelbanise Fabrício Vargas

Um toque feminino nas ondas do rádio

Salete: “oferecer o microfone a quem precisa ser ouvido”

Viviana: “além de esporte, apre-sento noticiários de hora em hora”

Maria Helena: “guardo belas lembranças“

ariéli ziegler

gabriela perufo

fotos giulianno olivar

responsabilidade com o filho vai além do sustento e do abrigo, como esclarece a psicóloga Cristiana Caneda. Segundo ela, esse papel se torna mais difícil quando os pais não se sentem no direito de errar, numa época em que muitas coisas conspi-ram contra a educação.

A farmacêutica Mariane Bar-biero Machado, 32 anos, que está no sexto mês de gestação, tinha planejado a gravidez para feve-reiro, mas engravidou dois meses antes. Ela, que havia iniciado as consultas prévias e os exames com seis meses de antecedên-cia, hoje tem a preocupação com a formação do bebê. Mariane explica que após o nascimento terá que deixar o filho com a babá por causa do trabalho.

O mesmo sentimento de separação é enfrentado pela

nutricionista e gerente Chelen Eckhardt, 28 anos, que desde janeiro colocou João Vicente numa escolinha infantil. No entanto, quando está em casa, ela procura estar presente nas brincadeiras e assistir desenho animado com o filho. A psicó-loga Cristiana ressalta que as inúmeras atribuições diárias desempenhadas pela mulher/mãe interferem diretamente na sua qualidade de vida e dedica-ção à família.

A capacidade de saber lidar com várias tarefas simultanea-mente mostra que ser mãe não é um trabalho fácil, e que é através desse constante apren-dizado que elas acabam dando aos filhos os ensinamentos que serão levados para a vida.

Por Vanessa Moro

Page 4: Jornal Abra - 18º Edição

4 abra 18ª impressão

maio 2009

O programa Baú de Idéias da TV Unifra apresentou, no dia 13 de maio, uma conver-sa entre estudantes de Jornalismo e Psicologia que tiveram filhos antes dos 20 anos. Durante o programa relataram suas experiências e mu-danças em sua vida em função da gestação e da maternidade.

Experiências em discussão

A“manhê”cer na juventudeFicar grávida com 16 anos

mudou a minha vida”. Essa é uma afirmação ób-

via, dada por uma jovem que acabou engravidando um pouco antes do tempo.

A adolescência é um período de formação biológica e social que pode ser prejudicada por uma gravidez? Não é o que pen-sam as meninas. Hoje já acostu-madas e vivendo a maternidade, elas dizem que isso as ajudou muito a crescer, mudou a ma-neira de ver o mundo e a vida. “Para que uma gravidez inespe-rada não se torne um trauma, a gestante tem que receber muito apoio da família e do futuro pa-pai”, diz a psicóloga Graziela Oliveira Miolo Cezne.

Joana Souza, 17 anos, estu-dante do Ensino Médio, conta que está grávida de 32 semanas e que a gravidez não foi planeja-da, mas considera uma mudan-ça positiva na sua vida, apesar de não ter uma família estável e segura, o que a deixa mais ma-goada é o olhar de estranhos de-monstrando pena. Cláudia Lima teve uma filha aos 14 anos, diz que sente como se tivesse 40 anos de idade, conta que perdeu sua juventude inteira, hoje ela encara como aprendizado.

A maior mudança neste caso é a rotina. A jovem passa a ter que dividir seu dia entre cuidar do filho e outros afazeres. A vida social muda. A balada fica dimi-nuída e os amigos ficam mais distantes. “O Davi tem só um mês, mas ele é tão calmo e tran-quilo que nós saímos à noite e fazemos algumas coisas que fa-zíamos antes. Às vezes um tem que jantar primeiro que o outro, mas faz parte, o banho também é meio complicado, até pegar a prática da um frio na barriga”, diz Carieni Tolfo, que acaba de ser mãe. Carieni aproveitou a gravidez para casar com Daniel,

o pai de Davi, pois os pais dela foram morar em outra cidade.

Alexandra Henz, de 24 anos, engravidou aos 19, conta que a reação da família foi amenizada por seu pai que compreendeu a situação. Alexandra é mãe sol-teira de Nicholas, de 4 anos, e teve uma gravidez indesejada.

A psicóloga Graziela fala que nos casos em que os pais não aceitam a gravidez das fi-lhas, a gravidez não é tranqüila. Segundo ela, quanto mais pro-ximidade entre todos (pai, mãe, gestante e pai da criança), mais preparada fica a futura mãe.

Carieni diz que na sua família foi tranqüilo. “Quando nós de-mos a notícia até acharam que fosse brincadeira, mas quando viram que era verdade foi uma surpresa. Mas uma surpresa boa. Eu lembro que a minha mãe disse que nada no mundo valia mais do que a vida que eu estava gerando, e tudo ia correr bem, e foi o que aconteceu”.

Regina de Oliveira, 16 anos e 2 filhos, teve sua primeira gravidez quando tinha 13 anos, criada em família de interior, Regina se casou e passou a mo-rar com o marido que tinha 19 anos e trabalhava na agricultura com os pais. Regina não teve uma infância fácil e agora se ocupa nas atividades domés-ticas e também em cuidar dos filhos, João Pedro, de 3 anos, e Ketlen, de 10 meses.

O Brasil tem a maior taxa de mães jovens da América do Sul. Segundo o Relatório de Popula-ção Mundial das Nações Unidas de 2008, 89 entre 1000 meninas ficaram grávidas entre os 15 e os 19 anos de idade no Brasil. A menor taxa continental é a da Argentina, 53. Nas Américas, a maior taxa é a da Nicarágua, 113, e a menor a do Canadá, 15. (fonte O Estado de São Paulo)

Por Aline Merladete, Fernando Custódio, Flávia

Muller e Rodrigo Ricordi

Alexandra engravidou de Nicholas (hoje com quatro anos) aos 19 anos. Ela reconhece que a situação de ter uma gravidez indesejada só foi amenizada pela compreensão de seu pai

O pequeno Davi mudou a rotina dos pais Daniel e Carieni

fOTO

s a

lEx

an

Dr

a h

En

z/a

rq

UIV

O P

Es

sO

al

ana gaBrIEla Vaz

carIEnI TOlfO/arqUIVO PEssOal

Page 5: Jornal Abra - 18º Edição

abra 18ª impressão 5

maio 2009

No esporte que os ho-mens predominam, as mulheres também con-

quistam seu espaço. O futebol, tradicionalmente masculino, tornou-se uma atividade em que elas estão cada vez mais entendidas e participativas.

Influenciadas pela família, pela ascensão da Seleção Bra-sileira Feminina de Futebol e pelas magníficas atuações de Marta, a melhor jogadora do mundo, elas não são mais dei-xadas de lado nas tardes de fu-tebol. Passaram a acompanhar o esporte, não apenas para ver os jogadores bonitos e suas pernas, mas sim para analisar esquemas táticos.

Lílian Branco Christo, de 24 anos, não acompanha apenas os jogos do seu time, o Grê-mio, como também adora ver as partidas do rival e dar uma “secada”. A paixão pelo fute-bol às vezes toma proporções maiores do que o amor por um clube. É o caso de Thamara Flores, colorada de 15 anos, que conta ter o sonho de mon-

Praticar profissionalmente um esporte exige dedicação em tempo integral. É uma vida de entrega e muitas vezes de pri-vações. Conciliar a tarefa de ser mãe e atleta não nada fácil, mas nem por isso impossível.

Luciana Oliveira de Carvalho (mais conhecida como Canho-ta), 36 anos, mãe de três filhos, abandonou o vôlei em dezem-bro do ano passado, devido a uma contusão no ombro esquer-do. Em 1986, jogou na seleção gaúcha de vôlei. Ao longo da

Elas batem um bolãotar um time de futebol. Influen-ciada pelo pai, ex-jogador da várzea santamariense, ela diz amar o esporte, sem importar o time que torce.

Acompanhar uma partida de perto também se tornou agradá-vel a elas, tendo em vista que a presença feminina nos estádios tem aumentado bastante. “Esse ano fui na estréia do Grêmio pela libertadores”, explicou Daniele Andreazza, 23 anos, gremista. “Não vou com muita freqüência, pois é difícil de ir durante as aulas. Mas nas férias, pelo menos uma vez a gente dá um jeito”, completou.

Para a colorada Ana Pau-la Boniatti, de 23 anos, hoje é muito natural ver mulheres in-

teressadas e indo aos estádios. Apesar do seu namorado gre-mista tentar persuadi-la a mu-dar de time, ela não cede e co-loca acima do pedido do amado a paixão pelo Internacional.

Mas elas não torcem apenas. O interesse das mulheres vai além. Algumas jogam futebol com freqüência, ou jogaram e não o fazem mais por falta de tempo e de outras garotas que se interessem pelo esporte. E se ainda sobrou alguma dúvida de que elas se interessam e tem po-tencial no assunto, experimente convidá-las para uma partida. Elas batem um bolão.

Por Ulisses Castro e Paulo Ricardo Cadore

Esporte e maternidade. Será?carreira, passou por vários clu-bes da cidade e pela Sogipa, de Porto Alegre. Canhota chegou a jogar grávida da segunda fi-lha, sem saber, por dois meses e até bolada na barriga levou. Mesmo assim não abandonou o esporte. Voltou quatro meses depois de ter dado a luz. Ela diz que sempre contou com o apoio dos filhos e da família para con-tinuar jogando.

Exemplos como o de Luciana não faltam no esporte nacional. Depois de conquistar a meda-

lha de ouro nas Olimpíadas de Pequim, a saltadora brasileira Maurren Maggi ainda teve que convencer a filha Sophia, de 3 anos, de que a de ouro era me-lhor que a de prata.

Fernanda Venturini, que jogou ao lado de Canhota no início da carreira, é outro exemplo. Mãe de Julia, de 7 anos, Fernanda disputou a Superliga Feminina de Vôlei pelo Rexona em 2009.

Por Diego L. Araujoe Nathale C. Kraetzig

fotos ariéli ziegler

“Minha avó de 94 anos não perde um jogo. Comentamos os resultados das partidas.”

Ana Paula Boniatti, estudante

“se não estiver em casa, vou para o bar com meu namorado assistir aos jogos do grêmio.”

Daniele Andreazza, estudante

“Não discuto futebol com meu namorado para não acontecerem brigas.”

Lílian Branco Christo, auxiliar administrativa

“Jogo futebol três vezes por semana, no campo do meu pai.”

Thamara Flores, estudante

Page 6: Jornal Abra - 18º Edição

Já foi o tempo em que só jovens e crianças eram inter-nautas. Segundo o site Masha-ble, que mede a comunicação social da internet, as mães são um grupo significativo de usuárias da web. Nos Esta-dos Unidos mais de 80 % das mães se conectam pelo menos uma vez por mês (a média das mulheres em geral é de 68%). Outro dado importante da pes-quisa é que elas passam a usar mais a internet depois que têm filhos. No Brasil, há um cresci-mento não tão expressivo como o americano, pois a realidade das mães brasileiras é diferente, mas animadora.

Os sites de relacionamento “fazem a cabeça” das mamães de hoje. Um deles é o Orkut, que cresce com o acesso dessas usuárias. Comunidades como “Minha mãe tá no Orkut” já bate os 95 mil usuários. Geseli Saran, de 47 anos, é uma das mães que passa horas “logada” batendo um papo com seu filho, o estudante Leonardo Saran, de 16 anos. “O fato de minha mãe estar na internet não interfere em nada o nosso relacionamento já que somos muito amigos um do outro”, comenta Leonardo.

Segundo a pesquisa nos Esta-dos Unidos, além de usar mais a internet, as mulheres estão vendo menos televisão. Isso pode significar uma melhora na comunicação (quantidade e/ou tempo) na relação entre pais e filhos. Mas as mães também se preocupam. Segundo a pes-

quisa, a maior dificuldade para elas é controlar o que seus filhos fazem na web. Cerca de 32% deles admitem limpar o histórico de navegação quando acabam de usar o computador, e 16% criou contas de e-mail ou perfis com outros nomes, em sites de relacionamento, para esconder dos seus pais o que fazem quando estão online.

“O Orkut me favorece porque assim posso conhecer melhor as pessoas que ela se relaciona na escola, que são pessoas que tenho pouco contato, ao con-trário das amigas que frequen-tam nossa casa”, conta Luana Grivot, que trabalha com comu-nicação visual e é mãe de Isa-dora, 8 anos. Segundo ela, o fato de ter somente um computador em casa às vezes pode trazer uma disputa para navegar.

Estamos na era da web 2.0, em que vemos uma maior interativi-dade entre usuários da internet. E é essa interatividade que as mães estão buscando. Entre pági-nas de relacionamentos, chats e blogs, as mães criam novas maneiras de se comunicar e até de conhecer melhor os filhos. O site Mothern é um exemplo de blog feito por mulheres antena-das para entender melhor o que é ser mãe no século XXI. A ini-ciativa deu origem a um livro e programa de TV.

Para conferir o blog acesse: www.mothern.blogspot.com.

Por Francieli Jordão e Daiane Costa

No século XXI, o número de mulheres independentes cres-ceu. Isso inclui mulheres que são chefes de família, criam os filhos sozinhas, trabalham e ainda cuidam da casa. Segundo o Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos anos 1990 para os anos 2000, os domicílios chefiados por mulheres aumenta-ram cerca de 37%, passando de 18,1% para 24,9%. Geografica-mente, esse aumento do número de mulheres chefiando domicí-lios foi generalizado.

Entre as pesquisas feitas pelo IBGE, pode-se constatar que as residências chefiadas por mulhe-res têm melhores condições de limpeza e saneamento. Credita-se ao fato de mulheres serem mais atentas quanto aos aspectos que interferem nas condições de saúde e higiene da família. As mulheres conquistam cada vez mais seu espaço, seja em casa ou no trabalho. É destacado nas pes-quisas que no caso das mulheres com mais idade que o marido, o diferencial de rendimento entre o casal aumenta conforme a diferença de idade avança. Para as mulheres com uma diferença de idade de 30 anos ou mais em relação ao marido, o rendimento deste representa apenas 25% do rendimento da mulher.

O número de mulheres que criam seus filhos sozinhas também cresce. Em geral essas mulheres quando ficam grávi-das não são casadas e tem pouca idade. Caminhos distintos, casos diferentes, mas a responsabili-dade dobrada que cai sobre todas é a mesma. Papel de mãe e papel de pai. Elas têm em comum a missão de sustentar e educar o filho, dar amor e responder per-guntas sobre o pai da criança. Mas o que elas tem em comum é o espírito guerreiro que as faz lutar para dar dignidade aos filhos. Muitas contam com apoio da família, mas nem todas têm essa sorte. Todos conhecemos casos diversos de mães que se encontram na difícil missão de criar os filhos sozinhas. Mas vale lembrar também alguns casos em que o homem precisa assumir só as responsabilidades diante dos filhos e aí são eles que têm que se adaptar e se superar diante da dupla função. O fato é que as mulheres tem destaque em todos os setores: no traba-lho, em casa, na vida, a ascensão feminina é cada vez maior.

Fonte: Pesquisa IBGE - Março de 2008.

Por Sabrina Kluwe

Qual a mulher que desde pequena não sonha com um prín-cipe encantado, uma linda casa e filhos saudáveis, alegres e felizes? Quem não deseja um emprego que permita viver com dignidade, em uma casa com o mínimo de con-forto, sem fome, sem sede, com o necessário de lazer e cultura?

São estranhos os percalços que surgem nas vidas de algu-mas mulheres. Umas passam por eles ilesas, não se deixam envolver. Outras, seja por fra-queza, pela vida que levam desde o nascimento, ou por falta de juízo mesmo, desviam-se para o crime e terminam por perder o mais sagrado dos direitos do ser humano: a liberdade.

São essas mulheres, 37 delas, que movimentam o Pre-sídio Regional de Santa Maria, onde cumprem pena em regime

fechado. Dirigido com mão firme por Can Robert, auxiliado por agentes penitenciários e Brigada Militar. A Penitenciária, além das detentas, nos finais de semana, recebe os filhos destas mulheres, que chegam para a visitação.

Muita criança já vem para cá na barriga da mãe. Quando chega a hora de nascer, a mulher é levada com escolta ao hospital, onde é assistida, assim como o bebê. Ao receberem alta hospitalar, voltam para a penitenciária, onde ficam alojadas em grandes quartos (que dividem com outras na mesma situ-ação), com o berço do bebê junto a sua cama. Neste espaço chamado “creche” também ficam as grávidas.

Conforme as regras do presí-dio, a criança fica com a mãe até completar três meses de idade, quando é encaminhada para a família de origem. As mães

cuidam de seus filhos, trocando fraldas e amamentando. É muito comum que uma ajude a cuidar o filho da outra, quando esta precisa afastar-se por alguns minutos.

Tatiane dos Santos Ferreira, 31 anos, cabeleireira, é uma das mulhe-res que cumpre pena de três anos por ter sido enquadrada no artigo 55 (roubo). Ela é mãe de três filhos, um de doze, outro de oito anos e uma menina de apenas três meses, cujo pai está preso em Santiago.

Ela emociona-se ao lembrar do dia das mães, pois o último con-tato que teve com seus filhos foi no final do mês de março. Isto porque, como é órfã de pai e mãe, depende de uma autorização judi-cial para receber a visita. Tatiane diz que gostaria apenas de ter um contato visual com suas crian-ças. “Já que é impossível poder abraçá-las”, desabafa.

No espaço que divide com mais trinta e seis mulheres, só existem doze camas, então o jeito é se acomodar em duplas. As que restam, dormem em col-chões espalhados pelo chão.

Tatiane culpa-se por não poder educar seus filhos, mas não se arrepende do que fez, porque afirma ter sido motivada pela necessidade e que não queria que seus filhos sofressem. Ela diz ter certeza que o mais velho entenderá o motivo que a levou a cometer o crime.

Em relação ao futuro, vai cum-prir a pena, e quando sair pre-tende procurar trabalho, oferecer muito carinho para os filhos e casar novamente, já que acredita que toda criança necessita de uma figura paterna ao seu lado.

Por João David Martins

São muitos os casos de famí-lias que trabalham juntas, e a trajetória da família Hein – do estúdio fotográfico Foto Ele-onora de Santa Maria – daria uma bela história.

Nascida em Guarani das Mis-sões, Eleonora, a matriarca, come-çou a se interessar por foto aos 12 anos, e foi com os padrinhos que já trabalhavam no ramo que aprendeu tudo que sabe. Seu pri-meiro estúdio foi na cidade natal, mas em 1979 mudou-se para São Borja, e em 1993 veio definiti-vamente para Santa Maria, onde tem estúdio de destaque nacional.

A fotógrafa fala do início da carreira e das dificuldades que enfrentou na época: “Era um trabalho dominado por homens, mas logo as mulheres se inte-ressaram pelo meu trabalho. Enfrentei muitas dificuldades sim, mas nunca desanimei”.

Hoje, a empresa conta com suas duas filhas Eliziê e Emiriê e seu filho Alfio, sendo o trabalho dividido por setores. Ainda recentemente um neto entrou nos negócios da família. “Sempre quis que todos fizes-sem alguma faculdade, nunca

obriguei a trabalharem comigo, nem nada. Mas eles se inte-ressaram e, hoje, somos uma empresa familiar”, conta a mãe.

Que a relação profissional da família é das melhores, já deu para perceber. Mas, e fora da empresa? Como é o convívio? “Estamos sempre juntos, pois a família toda mora no mesmo prédio e o assunto principal durante a semana é o estúdio, as fotos. Somente aos domingos,

quando vamos para o sítio, é que esquecemos o trabalho. A famí-lia é de origem alemã, mas tem estilo italiano”, brinca Eliziê.

O sucesso do trabalho em con-junto é comprovado e vem sido reconhecido. No mês de abril, as Hein participaram de um evento em São Paulo, onde a revista FHOX (especializada em fotogra-fia) considerou o estúdio da famí-lia, o melhor do Sul do Brasil.

A cumplicidade afetiva e a

amizade entre mães e filhos são apenas alguns dos ingredien-tes necessários para tornar o ambiente profissional um lugar de admiração e respeito. “A relação de trabalho em família é uma mistura. Cada uma tem uma opinião e todas se acei-tam”, comenta Eliziê.

Por Michelle da Silva Teixeira, Sabrina Dutra e

Tarso Negrini Farias

A luta de mulheres traba-lhadoras tem origem no fato histórico ocorrido em 8 de março de 1857. No episódio trágico da morte de operárias norte-americanas vítimas de repressão brutal, elas rei-vindicavam por condições dignas de trabalho. Em 1910, no Congresso das Mulheres Socialistas, esse dia foi pro-mulgado como o Dia Interna-cional da Mulher.

Desde então, a busca e tentativa de inserção no mer-cado de trabalho passa a ser um desafio para as mulheres, geralmente mães de famí-lia com inúmeras tarefas domésticas e pouco tempo para o estudo. Com tantas adversidades muitas destas mulheres que se lançam em busca de emprego não encontram opções para um vínculo empregatício legali-zado e formal.

Lucimara Lourdes de Almeida, 57 anos, casada, mãe de 3 filhos, que estu-dou até a 7ª série do Ensino Fundamental, é um clássico exemplo. Ela é proprietária de uma banca de bordados no centro de Santa Maria há 5 anos. “Gosto do que faço,

sou dona do meu próprio nariz, mas é lógico que tem seus inconvenientes”, afirma. Lucimara refere-se ao fato da informalidade não ofe-recer uma carteira assinada, um décimo terceiro, férias, e todas as relações de traba-lho que um mercado formal poderia garantir.

O mercado de trabalho informal é dominado pelas mulheres, enquanto que no mercado formal a maioria é de homens. É o que mostra a pesquisa sobre a Avalia-ção da Imagem do Sebrae, realizada pelo Instituto Vox Populi, sob encomenda do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empre-sas (Sebrae). O estudo revela que 60% dos trabalhado-res informais são mulheres, contra 40% que são homens.

Uma atenção governa-mental voltada às políticas de emprego e renda para as mulheres lhes asseguraria autonomia econômica, e con-tribuiria para combater as desigualdades promovendo a justiça social.

Por Felipe Martinse Júlia Schäfer

Imagine ter três filhos. Cuidar da alimentação, do estudo, e da saúde de seus descenden-

tes. Não é nada fácil. Ana Alice Marconato além de criar seus três filhos, já cuidou mais de cem estu-dantes que passaram por sua casa. Há seis anos, a dona de pensão em Santa Maria abriga jovens de várias cidades, até mesmo de fora do Estado.

Quando sua filha, Elessandra Marconato, veio estudar em Santa Maria enfrentou muita dificul-dade em dividir apartamento com outros quatro estudantes. Moti-vada por um amigo que já atuava no ramo, Ana decidiu deixar São Gabriel com a família e montar uma pensão para abrigar jovens que vinham estudar aqui. Ela também viu na mudança a oportu-nidade de formar seus filhos e de garantir bons empregos para eles.

Sua primeira moradora foi Beta-nia Ayub. A jovem veio terminar o Ensino Médio na cidade. Até hoje, depois de ter saído da pensão, a estudante de psicologia visita Ana, com quem criou um vínculo afetivo. Outros ex-moradores que não deixaram de visitar a mãe “postiça” são Marcela Lazzare e Eduardo Ramos. Ana comenta também que Marcela chegou a desistir de seguir os estudos por não se acostumar a ficar longe dos pais, mas que com sua ajuda a jovem foi aprovada no vestibular e mudou-se para Rio Grande, porém nunca deixou de manter contado.

O ambiente agrada aos pais e aos próprios jovens por ser bastante familiar. Os nove estudantes têm seus quartos individuais, onde tem sua priva-

cidade. Ana cozinha e cuida da arrumação da casa e das roupas dos moradores. Para a dona da pensão todos são seus filhos de coração. Ela adora ver a casa cheia, e viver rodeada de sua “filharada”, como os chama. E aos 52 anos, Ana diz que não tem vontade nenhuma de fechar sua pensão.

Por Natália Schultz e Thales de Oliveira

Mercado informal é das mulheres

Mamãe 2.0 Mãe de coração

Todas têm o direito de sonhar

Incontestável ascensão

Geseli Sarah passa horas plugada

Luana conhece os amigos da filha Isadora

abra 18ª impressão 7

maio 2009

6 abra 18ª impressão

maio 2009

Mãe e filhas: cumplicidade afetiva e profissional

Ar

qu

ivo

pe

ss

oA

l

Emiriê, Eleonora e Eliziê Hein no sexto evento paulista de fotografia, realizado em abril de 2009

A mãezona Ana Alice abriga, em sua pensão, jovens de

diversas cidades

foto

s f

rA

nc

iéli

jo

rd

ão

fotos evAndro sturm

Page 7: Jornal Abra - 18º Edição

8 abra 18ª impressão

maio 2009

A cada quatro anos ocorre a campanha eleitoral para eleger os novos administradores das cidades brasileiras. Uma eleição concorrida, em que muitos passam a dese-jar ocupar uma das cadeiras da bancada da Câmara de Vereadores ou da prefeitura. Esse ciclo muitas vezes é renovado com a entrada de novos políticos eleitos pela população, a permanência de alguns e a saída de outros, tanto por não se reelegerem, quanto se absterem a con-correr, ou de já terem cumprido o tempo limite de man-datos dentro de um mesmo cargo.

Saber o paradeiro dos vereadores após suas saídas da Câmara de Vereadores não foi uma tarefa difícil para a equipe do ABRA.

O radialista Isaias do Amaral Romero, 51 anos, que está há 20 na política e já atuou em três mandatos na Câmara de Vereadores, conta que depois da última eleição, devido a não-reeleição está temporariamente aposentado. “Estou aposentado, mas continuo fazendo política e a qualquer momento posso ser cha-mado à Câmara de Vere-adores como suplente”, afirma Romero.

A professora Magali Marques da Rocha, 45 anos, com 30 de carreira política e dos quais 12 foram junto à Câmara, depois da não-reeleição, ela retornou à direção da escola Aracy Barreto Sacchis. “Hoje estou me adaptando às novas rotinas e mudanças na minha vida. Além de sair da Câmara tive outros problemas pessoais. Quero me dedicar às minhas filhas e voltar na próxima elei-ção mais fortalecida para ganhar”, explica Magali.

O metalúrgico Vilmar Teixeira Galvão, 53 anos, atuou na Câmara por mais de oito anos, onde desem-penhou as funções de secre-tário, líder do governo e presidente da Câmara. Hoje se encontra em Brasília, trabalhando como assessor do deputado federal Marco Maia: “Com a minha não-reeleição fui cuidar de uma propriedade rural, e em março fui para a capital federal trabalhar na asses-soria do deputado”. Galvão pretende voltar a concorrer às eleições, mas dessa vez como candidato a deputado.

O ferroviário, Cláudio Francisco Pereira da Rosa, 46 anos, ingressou na Câmara Vereadores em 1993, onde atuou por quatro mandatos consecutivos como vereador. No entanto, esses 16 anos como legislador não lhe garan-tiram uma quinta oportunidade, embora ele esteja atuando como vereador na condição de primeiro suplente no lugar de Tubias Calil, que assumiu a Secretaria de Esportes e Lazer. “Pretendo concluir meu curso de Direito e auxiliar meu partido nas próximas eleições”, projeta Rosa.

Por Jucineide Ferreira

Com muita música e des-contração o Studio Rock, completa um ano no ar,

e sob o comando dos novos apresentadores, Natalia Muller (Naty) e Carlos Eduardo Flores (Duda), o programa se mantém firme como a vitrine musical do rock santa-mariense. Além das novidades e notícias sobre música, o Studio Rock traz matérias, dicas de site e cd’s e, é claro, Bandas de Rock tocando ao vivo. Segundo a produtora do programa Flavia Alli, cerca de 10 bandas fazem contato por mês querendo mostrar seus tra-balhos e participar da atração.

A seleção é feita pela produ-

Por onde eles andam?

Um ano de rock no Studio

Mesmo não tendo se elegido, Rosa (acima) continua em atividade na Câmara. Já

Romero (abaixo), de maneira indireta e de “férias”, não

perdeu o vínculo com a política

foto

s d

ivu

lga

çã

o

Os novos apresentadores Duda e Naty (direita), ao lado da banda Brisócks

Velhos conhecidos e novidades do Rock local

Roqueiros de diferentes décadas e idades têm espaço garantido no palco do Studio Rock. Bandas conhecidas como Nookie, B-Jack e Briso-cks e os novatos da Off Day, já passaram pela Garagem do Rock, quadro musical do pro-grama. Para André Boaz Mott, 20 anos, guitarrista da banda Off Day, tocar no Studio Rock foi o pontapé inicial e o que faltava para a sua banda deco-lar. “Depois que tocamos no programa, mostramos o mate-rial para produtores de eventos e conseguimos vários shows inclusive para fora da cidade”, afirma Mott.

Guilherme Fagundes, vocal e guitarrista da banda Off Day, destaca a importância da experi-ência de tocar e divulgar seu tra-balho em um programa de TV: “Aparecer na mídia é difícil pra uma banda do cenário indepen-dente, ainda mais as novas como a nossa que ainda não tem um ano de existência”. Já para Mar-celo Freitas, vocalista da banda Brisocks, programas como o Studio Rock são fundamentais para a divulgação do rock local.

Para entrar em contato com a produção, sugerir matérias, sites, trilhas sonoras ou ainda para sua banda tocar no pro-grama o email para contato é [email protected].

Por Cassiano Cavalheiro

ção através do material dispo-nibilizado no site Myspace e de vídeos enviados pelas bandas. Uma das condições para tocar no Studio Rock é ter compo-sições próprias. “Damos prio-ridade às bandas locais, mas recebemos material de bandas de outras cidades como Novo Hamburgo, São Sepé e Porto Alegre”, destaca Flavia. No palco do programa, só nesse primeiro ano de existência, já foram executadas mais de 120 músicas inéditas, por mais de 50 bandas diferentes.

O Studio Rock vai ao ar todas as quartas-feiras ao meio dia, com reprises às 19h e às 24h.

Integrantes da Off Day em ação, André Mott e Guilherme Fagundes: Guitarristas e Vocal da nova banda santa-mariense

reprodução/tv unifra

ar

qu

ivo

pe

ss

oa

l/o

ff d

ay

Page 8: Jornal Abra - 18º Edição

abra 18ª impressão 9

maio 2009

Papéis de bala, tocos de cigarro, latas de cerveja, restos de comida e folhas

secas. Elementos como esses são parte do cotidiano de quem trabalha para deixar a cidade limpa. Você pode não notá-los, mas os garis estão todos os dias pelas ruas, limpando as calça-das e varrendo o lixo que as pessoas largam no chão.

É assim que, há seis anos, trabalha Marcionei Oliveira da Silva, 40. Antes de entrar na pro-fissão, Marcionei foi metalúrgico, auxiliar de pro-dução e jorna-leiro, e sente-se contente como gari. “Eu adoro o ‘bom dia’ que recebo das pessoas. Muita gente elogia o meu trabalho quando passam por mim, dizem que estou lim-pando bem e que a rua está bonita”, comenta. Marcionei trabalha oito horas por dia, e é responsável pela limpeza do trecho da Avenida Rio Branco. “De manhã a gente tira o grosso, e de tarde é pra manter limpo, porque sempre tem um papel ou um toco de cigarro pra ajuntar”, explica ele.

Entretanto, os garis também passam por situações constran-gedoras, como a falta de educa-

ção de algumas pessoas. “Tem vezes que estamos limpando e as pessoas atiram o lixo no nosso nariz”, conta Narione Domingues Duarte, 24 anos, e uma das cinco mulheres que trabalham como garis no centro da cidade. Marcionei comple-menta: “A gente tem que ser educado, afinal estamos ali pra recolher o lixo mesmo, né?”.

O setor de varrição na parte central de Santa Maria é com-

posto por 23 garis, que divi-dem as tarefas por ruas. Segundo Amilton da Silva, 32 anos, respon-sável pelo setor, cada gari recebe o salário de 580

reais e tem direito a vale-alimen-tação e transporte. “Esse serviço é bom, porque dá oportunidade para as pessoas que não têm escolaridade”, explica Amilton. Ele conta que também existe preconceito em relação à sua profissão, e que é ignorado pelos conhecidos quando está usando o seu traje de trabalho.

Instituído por lei em 1962, em 16 de maio comemora-se o dia do gari. Enquanto Amilton destaca que “poucas pessoas lembram” da data, Marcio-nei lembra que em cidades maiores, como São Paulo, os

fotos maiara bersch

Garis também têm seu dia

Limpeza e reconhecimento fazem parte da

busca diária dos garis. Marcinei

(ao lado) diz que é motivado pelos

elogios que recebe enquanto trabalha.

Com irreverência e experiência Wagner falou sobre a investigação jornalística

Em um bate-papo realizado no último dia 5, e que inte-gra as comemorações dos 45 anos da Zero Hora, o jornalista Carlos Wagner falou para pro-fissionais, professores e acadê-micos do curso de Jornalismo da Unifra sobre sua trajetória, o atual panorama da profis-são e deu algumas dicas para quem pretende entrar no mundo do jornalismo investigativo. Segundo ele, desenvolver essa especificidade do jornalismo é complicado, pois além de requerer do profissional uma prática de investigação e que muitas vezes a academia não fornece, o trabalho depende de outros fatores que podem inter-ferir no processo.

Entre esses fatores Wagner destacou a concorrência entre as mídias pelo furo jornalístico em atender os anseios da opinião pública, os interesses das fontes fornecedoras da informação a ser checada e a ética que o pro-fissional deve ter para saber dis-

tinguir entre investigar e incitar ao crime. O repórter explicou que o ponto chave do jorna-lismo investigativo é que o fato investigado se apresente sem que o profissional precise interferir coagindo o sus-peito a cometer algum delito.

Outro ponto defendido pelo jornalista é a importância da formação supe-rior para quem trabalha na área da comunicação, e que levantar a questão sobre a obrigatoriedade ou não do diploma é voltar ao passado. “É uma inconsequên-cia voltar nessa questão, você tem que qualificar o profissio-nal. Fazer informação requer qualificação, não é coisa de amador”, defendeu Wagner, que completou afirmando que o jornalista precisa apreender

técnicas e saber pensar, e não apenas executar.

Da mesma forma, o jorna-lista também expressou apoio à queda da Lei de Imprensa,

afirmando que os profissionais vão passar a ter mais cuidado na hora de elaborar suas reportagens. “Agora podemos ir para a cadeia, o que é ótimo, porque você não pode inventar um monte de coisa. Se tu és qualificado não vai ‘deixar o

teu na reta’”, destacou Wagner.O jornalista explicou que,

por estar envolvida com uma sociedade democrática, a mídia assume um papel fundamental dentro desse processo histórico, que é o de informar corretamente, com responsabilidade e ética.

Por Juliano Pires

Investigar é preciso

“Aqui a gente ganha pouco,

mas se diverte”

“Fazer informação

requer qualificação, não é coisa de amador”

atores vestem-se de garis para homenagear os trabalhado-res. “A nossa profissão devia ser mais valorizada e melhor remunerada”, desabafa Mar-cionei. Porém, com um sorriso bem aberto, Amilton conclui: “Aqui a gente ganha pouco, mas se diverte”.

Por Liciane Brum

carolina moro

Page 9: Jornal Abra - 18º Edição

10 abra 18ª impressão

maio 2009

Um assassino, uma mulher rezando, uma catedral, um centro urbano, dez

escritores e um livro. O que tudo isso tem em comum? O lugar: Santa Maria. É através do livro Os Dez Mandamentos, uma trama ficcional, em que perso-nagens e lugares históricos da cidade passam a dar o ritmo e os moldes da história.

O romance foi um dos mais vendidos na Feira do Livro do ano passado e é fruto de uma coletividade de escritores locais, no qual cada um tinha a missão de dar prosseguimento a trama inicial, criada por Athos Ronaldo Miralha da Cunha, escrevendo um capítulo e res-peitar, claro, os mandamentos da Igreja. Para quem conhece a cidade e a região, a identificação com a obra torna-se natural, pois ela transita por diversos locais, como o bairro Santa Marta, a UFSM, a Quarta Colônia e o viaduto Garganta do Diabo.

O ex-secretário da cultura e patrono da Feira do Livro 2009, Humberto Gabbi Zanatta, acre-dita que a obra pode gerar uma certa curiosidade. “Há fideli-dade neste livro, há elementos da história, da geografia e do ambiente de Santa Maria que até ajudam a despertar a curio-sidade de quem não conhece esses locais.” Além das locali-dades que compõem o cenário, o universo da obra também é per-meado por personagens reais, como um vendedor de loterias, um pároco, um ex-vereador.

Entretanto, mesmo aqueles que não conhecem os lugares e personagens citados não vão se sentir deslocados no cenário do romance. Isso porque a literatura possibilita viajar pelo universo, fantasiar e usar a imaginação. Segundo o professor e escritor, Orlando Fonseca “a obra é uma homenagem para Santa Maria, mas para quem não conhece a cidade, há de reconhecer uma imagem prototípica de uma catedral, de uma avenida, de um bairro, de um restaurante”.

Já o escritor e professor Vitor Biasoli explica que, em uma cidade de porte médio, no interior de um estado brasileiro, como é Santa Maria, o texto literário tem de se sustentar independente-mente do conhecimento dos indi-víduos. “Eu nunca fui a Roma e gosto muito dos romances do Moravia. Não conheço a Rússia e gosto de Tchecov. Então eu acho que dá para escrever sobre Santa Maria e segurar qualquer leitor.”

Mas o que é a realidade dentro de um livro? Como saber até que ponto o que está sendo contado, realmente acon-teceu? Biasoli tem uma possí-vel resposta: “O texto tem que convencer. Tem que se impor ao leitor, tem que andar com as próprias pernas. Depois a gente discute o que é realidade ou não. Se o texto não convence, não se impõe e não emociona – nem importa que seja real ou não – não é literatura”.

Por Joseana Stringini

Onde a história e a literatura ocupam o mesmo espaço

Através das páginas da literatura a história de Santa Maria ganha novos rumos

No mês em que a cidade comemora seus 151 anos e a Feira do Livro toma conta da Praça Saldanha Marinho, vale a pena conferir como é a relação entre a literatura e a história santa-mariense

rePOrtagem

Literatura e história também permeiam e dividem opiniões sobre a origem de Santa Maria. A primeira hipótese se baseia em um drama de amor que envol-veu a índia Imembuy e o português Rodrigues. Na história, os protagonistas se apaixonam após Rodrigues ser captu-rado pela tribo de Imembuy e ser conde-nado a morte. O português é salvo pelo amor da índia que o desposa após sua incorporação pela tribo e a adoção do nome Morotin.

A segunda versão relaciona a origem da cidade com um posto de índios, deno-minado Guarda de Santa Maria e que pertencia a uma das estâncias missionei-ras dos padres da Companhia de Jesus. Esse agrupamento, onde ficava o territó-rio de Santa Maria, estava localizado na linha divisória dos domínios da Espanha e Portugal.

Fonte: Livro Santa Maria, Cidade de Imembuí, de Maria Ivone Pinto Brollo

Origem de Santa maria

NúCLEO dE fOtOGRAfIA dO JORNALISMO/uNIfRA

Está sozinho?No mês dos namorados,

o jornal Abra vai dar uma mãozinha para os solteiros!

Envie seu nome, seu signo e uma frase dizendo o que procura em um relacionamento para o e-mail [email protected] e saia nos classificados dos solteiros da próxima edição. Você também pode enviar uma foto!

Page 10: Jornal Abra - 18º Edição

abra 18ª impressão 11

maio 2009

Um segundo, dois segundos, três segun-dos, quatro segundos,

cinco segundos, seis segundos, sete segundos, oito segundos... O início do texto incomodou? Pois é esse o tempo, ou até mais, que demora para uma página da internet carregar pelo modo discado. Essa era a única forma de acesso quando a conexão à rede mundial de computadores se tornou popular nos anos 1990 e que passou a cair em desuso com o advento da banda larga. A partir daí, o internauta passou a contar com velocidades de acesso cada vez maiores, onde uma das últimas vedetes do setor passou a ser a internet 3G – terceira geração.

Esse tipo de acesso é ofere-cido pelas operadoras de tele-fonia móvel que, por meio de um modem USB conectado ao computador ou notebook, o cliente pode navegar na web recebendo e enviando dados por satélite. Em Santa Maria as quatro operadoras de telefonia móvel oferecem diversos paco-tes e planos (ver quadro).

A empresária Débora Tabo-ada, 27 anos, assina o serviço da operadora Claro e costuma se conectar sempre à noite. Débora diz que são freqüentes as quedas na conexão. “Liguei para a operadora e a atendente pediu para eu fazer algumas configurações no modem, mas não adiantou. Eu recebi um número de protocolo pelo aten-dimento e disseram que iriam retornar em cinco dias úteis. Quando me ligaram informa-ram que eu tenho que com-prar um novo chip. Eles é que deviam me fornecer um chip novo”, conta a empresária.

O susto foi ovalor da conta

Outra forma de assinar o serviço é escolher um pacote de transferência de dados. O cliente contrata o serviço que disponibiliza um limite de dados a ser trafegado, o que não significa que os dados só serão “gastos” quando o inter-nauta estiver fazendo algum download, pois ao estar conec-tado à internet, o usuário já está recebe dados.

O arquiteto Guilherme Rolim,

Na maioria dos casos a praticidade de navegação da internet 3G dá acesso a dores de cabeça

Ian

Br

Itto

n /

ww

w.f

re

efo

to.c

om

- LI

ce

a c

re

atIv

e c

om

mo

ns

Uma conexão que conturba as opiniões

A proposta é internet sem fio de alta velocidade, mas clientes apontam problemas no serviço prestado.

32 anos, é assinante da Vivo Zap desde o final de 2008. Ele consi-dera bom o serviço da operadora e ficou surpreso com a conta

que recebeu no final de abril. Rolim contratou a franquia de 500 megabytes (MB) a um custo mensal de R$79,90, mas

quando recebeu a conta o valor a ser pago era de R$ 930,35. O arquiteto assinala que faltou informação da parte do vende-

Operadora Planos oferecidos Para saber maisvivo - Planos limitados em 50, 250, 500

mB e 1 GB. o cliente paga uma tarifa por dados acessados após o término da franquia. a velocidade é de 600 kbps a 1,4 mB.- Plano ilimitado, mas quando o cliente ultrapassar 2 GB de dados recebidos, a velocidade é reduzida.

www.vivo.com.br

claro - Planos nas velocidades de 250 kbps, 500 kbps e 1 mbps- a navegação é ilimitada, mas quando o cliente ultrapassar 2 GB de dados trafegados a velocidade é reduzida.

www.claro.com.br

oi

- o plano oferecido é de navegação ilimitada e navegação a 600 kbps. www.oi.com.br

tim- Plano ilimitado nas velocidades de 600 kbps e 1 mB. www.tim.com.br

Kbps – é a taxa (velocidade) de transferência de dados. Megabyte (MB) e Gigabyte (GB) – é o valor total de dados que o usuário pode movimentar.

Quatro operadoras e um destino

rePOrtagem

dor na hora compra: “Eu não sabia que só em estar conec-tado já estaria consumindo a franquia”. O próximo passo de Rolim vai ser entrar com uma ação na justiça.

Uma das saídas é cancelar o serviço

No site de reclamações www.reclameaqui.com.br, o serviço da operadora Claro é o campeão de tópicos. Entre as maiores reclamações estão as quedas constantes do sinal e a baixa velocidade. O problema é que para pagar o valor promo-cional da mensalidade o cliente tem que fazer um contrato no plano fidelidade, com duração de 12 meses. E que, caso o ser-viço seja cancelado antes do prazo, o usuário deverá pagar uma multa rescisória.

Portanto, se o cliente não usufrui do serviço tal qual foi contratado, ele não é obrigado a pagar a multa. É o que res-salta o coordenador de estágio do PROCON, Vitor Hugo do Amaral Ferreira. Segundo ele, “uma vez que a operadora não oferece o serviço de acordo com o que foi contratado, o cliente pode cancelar sem custo e não pagar nada por isso”.

Por Leandro rodrigues

Page 11: Jornal Abra - 18º Edição

MAIO / 2009

[email protected]

Jornal Experimental do Curso deComunicação Social - Jornalismo - UNIFRA

18ª Impressão

O livro é o pássaro que faz a sua imaginação voar. E a sua imagina-

ção, voa para onde? Este foi o tema da 36ª Feira do Livro de Santa Maria, realizada entre os dias 25 de abril e 10 de maio na Praça Saldanha Marinho. O homenageado dessa edição foi o médico e poeta Luiz Guilherme do Prado Veppo e teve como patronos o advogado e jorna-lista Humberto Gabbi Zanatta e o ilustrador Jorge Ubiratã da Silva Lopes, o Byrata.

A Feira destinou várias ativi-dades ao público infantil, como oficinas de pandorga, balão e desenho. Outro atrativo para a criançada foi a Hora do Conto, onde os atores Ricardo Paim e Patrícia Garcia interagiam com elas contando e encenando his-tórias. Segundo Ricardo, essa atividade proporcionada pela Feira é estimulante para a cria-tividade e desenvolvimento da criança. “A arte é um veí-culo que proporciona, além de diversão, uma forma de socia-lizar. Trabalhar com crian-ças é uma responsabilidade educacional”, salienta o ator. Para Rosângela Rechia, uma das organizadoras do evento, a programação infantil rendeu muitas tardes lúdicas, inclusive com os escritores. “Isso apro-xima as crianças do imaginá-rio”, comenta ela.

As escolas da cidade também

participaram realizando diver-sas atividades, como apre-sentações de teatro, danças, declamação de poesias e até musicais, com a banda marcial Banda de Sopro, formada pelas escolas estaduais Xavier da Rocha e Coronel Pilar.

Entre os pontos fortes da Feira esteve o Livro Livre, um bate-papo descontraído com alguns convidados que era reali-zado a partir das 19hs. Uma das noites que apresentou o maior público foi a do Encontro com

o professor, onde o professor e jornalista Ruy Carlos Oster-mann conversou com Duca Leindecker, vocalista da banda Cidadão Quem. Duca falou sobre sua carreira e projetos, e encerrou a conversa cantando alguns de seus sucessos e con-quistando aplausos do público.

Em sua segunda edição, o Circuito Elétrico, desenvolvido pelos alunos do curso de Publi-cidade e Propaganda do Centro Universitário Franciscano (Unifra), levou o livro-pássaro

para a noite santa-mariense. A atividade acontecia nos bares da cidade, onde as leituras de trechos de livros para o público eram aliadas ao trabalho de divulgação da Feira.

Entretanto, para manter a qualidade do evento, foi neces-sário um trabalho duro e muita dedicação. Segundo Cristina Jobim, coordenadora da Feira, houveram algumas dificuldades financeiras, como a demora na captação de recursos. Ela vê no projeto proposto pelo prefeito

Cezar Schirmer, de transformar a Feira em lei municipal, a pos-sibilidade de poder conhecer, com antecedência, o valor total de recursos disponibilizados que podem ser investidos. “Seria uma garantia para a realização da feira”, comenta Cristina.

Essa garantia de realização, além de assegurar a existência da Feira, permite que a produ-ção literária local mantenha o espaço conquistado para se manifestar e estabelecer contato com o público santa-mariense e da região. Para Télcio Brezzo-lin, presidente da Câmara do Livro, a Feira está servindo de palco para dar vazão à produção local e “seria um desastre para a cidade a feira não acontecer da forma que ela é hoje”.

No entanto, há que pondere que a Feira precisa ser inde-pendente de tributos públicos. Como é o caso de Byrata, que enfatiza a importância do apoio dos empresários locais. Zanatta reconhece que a cidade enfrenta dificuldades e que com “os esforços de sua própria força vai sobrevivendo”.

Dificuldades, cultura, arte e superação, assim se fizeram a Feira do Livro e Feira do Livro Infantil 2009, que encerrou com um total de 44230 exemplares vendidos e ultrapassou a marca do ano passado, de 40150.

Por Claudiane Veber

Uma feira para marcar a imaginação

Os 10 livros mais vendidos (em ordem alfabética):∙ A Cabana, de Willian P.Young - Sextante∙ Crepúsculo, de Stephenie Meyer - Intrínseca ∙ Eclipse, de Stephenie Meyer - Intrínseca∙ A Fada Belinha, de Onilse Pozzobom - Caposm∙ A Frase do Doutor Raimundo, de Antonio C. A. Ribeiro e al. - Movimento∙ Imembuy em versos, de Humberto Gabbi Zanatta e Byrata∙ Isadora no Parque Encantado e Outras Historinhas, de Auri Sudati - Caposm∙ Leite Derramado, de Chico Buarque - Cia das Letras ∙ O Segredo da Lua e a Foca, de Selma Feltrin - Caposm∙ O Vendedor de Sonhos, de Augusto Cury - Academia de Inteligência

* Dados finais fornecidos pela Câmara do Livro de Santa Maria

Todo ano, mudanças e aperfeiçoamentos da Feira se refletem na superação nas vendas e nos visitantes do evento

Números da Feira∙ 28 bancas para público adulto∙ 4 bancas para público infantil∙ 67 lançamentos de livros adultos∙ 22 lançamentos de livros infantis

∙ Média de público que passou pela feira nos 15 dias: em torno de 170 000 pessoas∙ Total de exemplares vendidos: 44 230

FOTO

S n

úC

LEO

DE

FO

TOG

RA

FIA

DO

jO

Rn

ALI

SM

O/u

nIF

RA


Top Related