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Page 1: Jornal a tarde (salvador) 2

SALVADOR DOMINGO 13/3/2011 EMPREGOS&NEGÓCIOS 3

OPORTUNIDADE Empresários que desejam investir em produtos e serviços destinados para as crianças precisam apostar no diferencial

Criação de marca voltada para público infantilexige cuidados especiais com design e segurançaVANESSA ALONSO

Transformar o momento dacompra ou do corte de cabelonumaverdadeirabrincadeiraéogrande diferencial dos empre-sários que desejam investir emprodutos e serviços para ó pú-blico infantil. Afinal, qual criançanão se sente bem em um localcom brinquedos e livros ao al-cance das mãos?

Foi assim que a dona da lojade calçados infantis Peraltinha,Solange Moura, conseguiu abrirtrês unidades em cinco anos.Depois de inaugurar sua primei-ra loja no Shopping Estrada doCoco no ano de 2006, ela jáconta com outros dois empre-endimentos na cidade e só tema comemorar.

Vitrine adaptada“Antigamente não tinha loja desapatosespecíficaparacrianças.Erammaisvoltadasparaospais,e não viam a criança como clien-te. Os produtos ficavam na vi-trine, elas não podiam interagircom eles”, avalia a empresária,que montou o local pensandona independência do públicomirim ao fazer suas própriascompras. Com prateleiras bai-xas e sem vidros, eles podemescolher o sapatinho, sentir o

A segurança dacriança é o primeiroitem a ser levadoem consideraçãopara investir nosegmento

NEGÓCIO SEGMENTADOPELA IDADE DA CRIANÇA

DE 0 A 4 ANOS O produtonão é entendido conformeseus atributos físicos, mas apartir das experiênciassensoriais. A criança observaaquilo que o objeto faz eentende o produto se pudertocá-lo e se tiver um contatosensorial com ele

DE 4 A 5 ANOS As crianças jásão capazes de identificar umnome de marca a partir deelementos como o logotipo, aforma da palavra ou apresença de umadeterminada letra conhecidaque permitirá reconstruir onome da marca

AOS 6 ANOS As crianças sãocapazes de citar pelo menosum nome de marca por cadacategoria de produto

DE 7 AOS 8 ANOS A criançatem um bom conhecimentosobre as marcas e entendesua finalidade comercial.Estabelecem as categorias nasquais geralmente uma sómarca constitui a suarepresentante ideal. Para elasexiste a marca e “o resto”; ouseja, as dos adultos

DE 7 AOS 11 ANOS Ela nãoapenas toma conhecimentodo produto ou da marca sobas aparências externas, mas écapaz de formular julgamentoque integra dimensões maisabstratas. Além disso, asprimeiras experiências deconsumo permitem à criançaenriquecer sua percepção dosprodutos e das marcas.

FONTE Júlio César Souza, professor

Pequenos são clientes em potencial queacabam atraindo os pais para as comprasAs crianças são clientes em po-tencial e não somente os pais.Isso é o que os empresários de-vem ter em mente ao criar umnegócio voltada especialmentepara os pequenos.

“Às vezes os pais ficam sen-tados no sofá do shopping, acriança entra na loja e depoistraz eles. A criança não tem odinheiro, mas conquistando ela,conquistamos os pais. É por issoque temos que pensar na crian-ça primeiro”, analisa a vende-dora da loja Zastras Brinquedos,Andreia Silva.

Por outro lado, não é qual-quer divertimento que irá agre-

gar valor à marca. “Os serviçosque aliam entretenimento eeducação são as grandes ten-dências do momento. Jogoseducacionais qualificados é oque há de mais moderno”, ga-rante o professor de marketingJúlio César Santos.

Brinquedos educativosNão foi à toa que as irmãs Fer-nanda e Caroline Souto decidi-ram trazer a franquia paulistaZastras Brinquedos para Salva-dor. Com foco em brinquedoseducativossobrereciclagemeasoperações matemáticas, porexemplo, elas visam atrair crian-

ças, professores e pedagogos àloja inaugurada há três meses.“Nosso faturamento me surpre-endeu em janeiro, que costumaser um mês fraco. Nossa pre-visão é de faturar mensalmenteR$ 120 mil nos próximos doisanos”, calcula Caroline.

Segundo as empresárias, oslivros infantis e as casinhas demadeira são os maiores suces-sos entre a criançada. “Tivemosque fazer quatro novos pedidosde casinhas em dois meses. Elasvariam entre R$ 150 e R$ 430”,disse Fernanda, que tambémpretende incluir no catálogobrinquedos em braile. Andreia constata: “Conquistando a criança, conquistamos os pais”

complementa a empresária,que também aproveita as datascomemorativas como o Dia dasCriançaspara lucrarmaisaocon-tratar equipes de entretenimen-to especializado.

DirecionamentoPara o professor de marketingda Universidade Corporativa,Júlio César Santos, um dos prin-cipaisaspectosparaaatraçãodaclientela infantil é a comunica-ção dos produtos e serviços quedeve ser direcionada para cha-mar a atenção da garotada.

“A comunicação se dá maispelassensações.Ascriançastêmuma percepção diferente, maisdesenvolvida pelos aspectos vi-suais. As cores, por exemplo,chamam muita atenção”, expli-ca o especialista.

Segundo ele, a estratégia uti-lizada deve levar em conta acriança como cliente potencial,por meio do marketing indivi-dualizado, conhecido como oneto one. “A ideia é diferente domarketing de massa, que prio-riza vender mais para mais con-sumidores. Neste caso, o ideal évender mais produtos para umtipo específico de consumidor eoferecer grande variedade deopções para a clientela”, com-plementa.

com a segurança que faz da apo-sentada Tânia Regina, 60, clien-te assídua da brinquedotecaBrinkids, também no ShoppingParalela. A cada dois meses elaleva a neta Maria Eduarda, de 2anos, para o local de 66m², on-de pode brincar e fazer amiza-des, enquanto os pais passeiamno shopping.

“Temos que levar em consi-deração primeiro a segurançafísica, e depois os brinquedosserem atrativos. Além disso, ébom porque aqui tem amigospara ela brincar”, avalia a avó,que passa em média três horasno local.

Tal cuidado, com a oferta demonitoresespecializadosnotra-tamento das crianças, tem ren-didobonsfrutosàempresáriaEliBelo, administradora da Brin-kids. Além da taxa de R$ 15 para30 minutos nos brinquedos, há-também o pacote vip por R$150, com direito a 600 minutosna estrutura.

“Em média vendemos 13 pa-cotes por mês. Nossa expecta-tiva de crescimento é de 20%para 2011”, comemora Eli, queregista faturamento médioanual de R$ 280 mil. “Temosplanos de dobrar o tamanho em2012, pois hoje só conseguimosreceber 30 crianças por hora”,

material e as cores.A experiência não termina aí.

Na hora de experimentar, tudovira uma diversão. Com cadeirase mesas baixas, a garotada po-de se entreter com brinquedos elivros, até a escolha do modeloideal com ajuda de vendedorasdevidamente fantasiadas e se-lecionadas por conta da alegriae entusiamo no atendimento.

“Desde a inauguração noShopping Paralela, há doisanos, registramos crescimentode 5% ao mês”, revela a em-presária, que em sua estratégiatambém leva em conta a se-gurança. No lugar de prateleirasde vidro são usados materiaisem acrílico e móveis com pontasarredondadas, sem quinas, pa-ra evitar acidentes.

É justamente a preocupação

Qual criança nãose sente bem emum local combrinquedos e livrosao alcance dasmãos? Tânia se diverte com a neta Maria Eduarda em brinquedoteca

Fotos Aristeu Chagas / Ag. A TARDE

R$ 120 milé o valor que as irmãsFernanda e Caroline Soutopretendem faturarmensalmente nos próximosdois anos com a loja dafranquia paulista ZastrasBrinquedos, em Salvador

SolangeMoura investiupara adaptarloja e garantiuclientelainfantil

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