Download - Jayme Caetano Braum
CENTRO DE TRADIÇÕES GAUCHAS QUERÊNCIA CRIOULA
3ª REGIÃO TRADICIONALISTA
“EU SOU DO SUL: ASPECTO ARTÍSTICO”
Setembro de 2014
GIRUÁ, RS
Resumo
Este trabalho tem por objetivo contar um pouco sobre a historia de Jaime Caetano Braun, desde o seu nascimento em Timbaúva, na época pertencente a São Luiz Gonzaga, no dia 30 de janeiro de 1924, sua família, sua infância e adolescência se mudando de cidade devido ao emprego do seu pai. Seu primeiro casamento com Nilda Aquino Jardim, em 1947, cujo união lhe trouxe dois filhos: Marco Antonio Jardim Braun e José Raymundo Jardim Braun, e seu segundo casamento com a senhora Aurora de Souza Ramos, com quem teve Cristiano Ramos Braun. Relembrando que durante sua vida foi ativo na política, participando de diversas campanhas, ate que em 1962 concorreu a debutado estadual não conseguindo se eleger, sendo essa atividade paralela a sua vida profissional, a qual teve vários empregos. Jamais esquecendo que sua grande paixão pelos versos foi o que o deixou conhecido, como o grande Payador, e o que mais tarde lhe conferiu o titulo de um dos troncos missioneiros, recebendo ao longo da vida diversos prêmios e sendo um tradicionalista bastante ativo. Chegando ao fim de sua vida em 8 de julho de 1999, devido a vários problemas de saúde.
Sumário1. Introdução.........................................................................................................................4
2. Histórico............................................................................................................................5
2.1 Nascimento...............................................................................................................6
2.2 Infância.......................................................................................................................8
2.3 Adolescência............................................................................................................8
2.4 Casamento................................................................................................................9
3. Vida Profissional e política.........................................................................................10
4. Jayme das versos.........................................................................................................12
4.1 Jayme e sua vida tradicionalista.......................................................................19
5. A Saúde e a morte.........................................................................................................20
5.1 A lembrança do Payador.....................................................................................22
6. Sua obra eterna..............................................................................................................24
7. Conclusão.......................................................................................................................27
8. Referencias Bibliográficas..........................................................................................28
ANEXOS...................................................................................................................................29
Anexo I..................................................................................................................................30
Anexo II.................................................................................................................................31
Anexo III................................................................................................................................32
Anexos IV.............................................................................................................................33
Anexos V..............................................................................................................................34
Anexo VI...............................................................................................................................35
Anexo VII..............................................................................................................................36
Anexo VIII.............................................................................................................................38
Anexos IX.............................................................................................................................40
Anexos X..............................................................................................................................42
Anexos XI.............................................................................................................................44
Anexos XII............................................................................................................................46
Anexos XIII...........................................................................................................................48
Anexos XIV...........................................................................................................................51
1. Introdução
Poeta, tradicionalista, declamador e payador.Símbolo maior da poesia
gauchesca; especializou-se em décimas (poemas com estrofes de 10 versos).
Em seus versos retratou, com conhecimento de causa, os hábitos costumes e
vicissitudes do homem campeiro do sul do Brasil. O peão de estância, o
gaúcho andarilho, o índio missioneiro e muitas outras figuras regionais
ganharam vida em seus poemas.A formação dos Sete Povos das Missões, a
epopéia farroupilha, foram alguns dos seus muitos temas. Eterno filósofo
galponeiro, em suas reflexões, buscou as respostas da existência na visão do
homem simples. Sua temática ia da raiz às estrelas, sendo ao mesmo tempo
regional e universal; seus versos mescla de história, costumes e atualidades,
exaltaram a vida do homem excluído, pobre e oprimido. Deixou sua obra
imortalizada em vários livros e discos. Sendo considerado pelo meto
tradicionalista, como referência gauchesca da essência rio-grandense.
2. Histórico
Nome completo: Jayme Guilherme Caetano Braun
Nome da mãe: Euclides Ramos Caetano Braun
Nome do pai: João Aloysio Thiesen Braun
Avôs maternos: Aníbal Antônio de Souza Caetano e Florinda Ramos
Caetano
Avós paternos: Jacob Braun e Guilhermina Thiesen Braun
Data de Nascimento: 30 de janeiro de 1924
Cidade Natal: localidade de Timbaúva (na época 3º Distrito de São Luiz
Gonzaga), hoje município de Bossoroca
Irmãos: Maria Florinda, Terezinha, Judite, Zélia e Pedro Canísio ( Jayme foi
o 2º filho do casal Braun)
Jayme Caetano Braun
2.1 Nascimento
João Aloysio Thiesen Braun era filho de imigrantes alemães, professor e
diretor do colégio elementar Pinheiro Machado; respeitado nas comunidades
por onde passou ( foi delegado de educação nas cidades de Santa Cruz e
Passo Fundo).
Euclides Ramos Caetano era filha de família tradicional pecuarista, da
localidade de Timbaúva ( antigo 3ª Distrito de São Luiz Gonzaga, hoje
município de Bossoroca).
O casal João Aloysio e Euclides, se casaram no ano de 1920 em São
Luiz Gonzaga, passaram a residir na Avenida Senador Pinheiro Machado nº
1934 em frente à antiga Praça da Lagoa ( atual Praça Cícero Cavalheiro) no
endereço onde existe hoje a Casa da Alface, na época propriedade do avô
materno de Jayme, sr, Anibal Caetano.
Foto dos pais de Jayme Caetano: Sr. João Aloysio Braun e D.
Euclides Ramos Caetano
Em janeiro de 1924 o casal Braun, como de costume, foi passar as férias
escolares na Timbaúva, na fazenda Santa Catarina de propriedadde do avô Sr.
Anibal Caetano. Nesta feita havia um motivo maior para a ida ate a localidade
da Timbaúva, Dona Euclides Braun, grávida, confiava muito na parteira da
localidade, dona Antônia.
No dia 24 de janeiro de 1924, chamada as pressas, por Anajande
Ramos Ribeiro, a parteira dona Antônia trouxe ao mundo Jayme Caetano,
permanecendo ali durante alguns dias para o resguardo.
Poucos dias após o seu nascimento, Jayme foi registrado no posto
designado em Bossoroca (época 3ª Distrito de São Luiz Gonzaga), onde
consta como declarante o senhor Anajande Ramos Ribeiro e que o casal Braun
estava a passeio no Distrito. Nº do registro de nascimento: nº A-6; folha nº 16,
nº orde, 21; data 07/02/1924
Sobre seu pai, Jayme descreve a grande admiração que sentia por ele
na poesia “Oferta”
De sua mãe herdou a veia poética. Sua avó materna Florinda Ramos
Caetano, irmã do poeta e coronel revolucionário Laurindo Ramos, dominava o
verso de improviso e recitava seus poemas em ambiente familiar criando forte
estrutura poética que Jayme veio a conviver e herdar mais tarde.
2.2 Infância
Cresceu o menino nas imediações da velha Praça da Lagoa. A
missioneira São Luiz Gonzaga com sua riqueza histórica aos poucos ia sendo
descoberta pelo olhar atento do pequeno poeta.
Desde cedo conviveu com a vida rural nas fazendas, o que procurou
manter pela vida toda, sendo essa vivencia armazenada na alma do payador, o
riquíssimo conteúdo emotivo que serviu de espinha dorsal para suas poesias.
Foto da família materna de Jayme Caetano: Familia Ramos Caetano
2.3 Adolescência
Em 1938, a família mudou-se para Cruz Alta, devido a transferência de
Sr. João Aloysio, onde foi diretor de escola.
Em 1939 foram para Santa Cruz do Sul, onde o senhor Braun foi
delegado de ensino.
Em 1940 seu pai assumiu o cargo de delegado de ensino em Passo
Fundo, onde permaneceram ate 1942. Nesse ano retornam a Cruz Alta, onde
Sr. Braun se aposentou e anos depois veio a falecer.
Após a morte de seu pai, a família se mudou para Porto Alegre.
Foto: Sr. João Aloysio e D. Euclides com seus filhos, Maria Florinda, Jayme, Terezinha, Judite, Zélia e Pedro Canísio
2.4 Casamento
Jayme retorna as Missões, onde morou na fazenda Santa Terezinha, em
Timbaúva, propriedade de seu tio materno Danton Victorino Ramos, a quem
Jayme tinha grande consideração. Ficando ali até se casar.
No dia 20 de dezembro de 1947 casou-se com Nilda Aquino Jardim, filha
de Rivadavia Romeiro Jardim e Faustina Aquino Jardim. Passando a morarem
na fazenda Piraju de propriedade de seu sogro. Devido a seu temperamento
forte e determinado, teve desentendimento com o capataz com relação as lidas
da fazenda, por isso ficaram ali um pouco mais de um ano.
Saíram da fazenda para morar ali perto, em Serrina, vila de São Luiz
Gonzaga, naquela localidade abriu um autentico bolicho de campanha,
contando com a ajuda financeira de seu sogro, Rivadavia e de seu tio Danton
Ramos, para que isso pudesse acontecer. “Lá ocorriam rodas de poesia e
musica ate tarde da noite, quando Jayme ficava inspirado, ás vezes, olhando
um palito de fósforos entre os dedos (com som de violão sendo dedilhado ao
fundo) e as payadas brotavam magicamente ” disse o Sr. Ataliba dos Santos,
filho do capataz que foi morar com Jayme e D. Nilda ajudando no bolicho. A
casa de Jayme ficava nos fundos do bolicho.
Permaneceu “bolicheando” por quase dois anos, depois passou a residir
na cidade de São Luiz Gonzaga na Rua Marechal Floriano, onde ali nasceram
seus dois filhos: Marco Antonio Jardim Braun e José Raymundo Jardim Braun.
Ficando casado com do dona Nilda Jardim até 11 de julho de 1988,
divorciando-se oficialmente em 26 de junho de 1995.
No dia 1º de setembro de 1995, casou-se com dona Aurora de Souza
Ramos, na cidade de Porto Alegre. Sendo que com dona Aurora veio junto um
enteado Marcelo Bianchi, e de sua união nasceu Cristiano Ramos Braun.
3. Vida Profissional e política
Após sua experiência como bolicheiro, começou a participar de campanhas
políticas como payador, no final da década de 40.
Seu poema “O Petiço de São Borja” referente a Getulio Vargas foi
publicado na época em revistas e jornais do país. Participou da campanha de
seu tio materno Ruy Ramos com o poema “O Mouro do Alegrete”.
Nos anos seguintes participou nas campanhas de Leonel Brizola, João
Goulart e Egidio Michaelsen.
Na campanha de Ruy Ramos a deputado federal, apresentava um
programa radiofônico em São Luiz, contratado por seu outro tio Danton
Ramos, para divulgar a candidatura de Ruy. Devido ao sucesso, obtido em
grande parte pelos seus versos de improviso, o programa teve continuidade.
Em 1948 iniciou o programa, na mesma rádio, chamado “Galpão de
Estância”, juntamente com Dangremon Flores e Darci Fagundes. O programa
existe até os dias atuais, atualmente a cargo de Alcides Figueiredo.
A convite de seu tio Ruy Ramos foi para Porto Alegre, onde passou a ser
funcionário do IPASE (Instituto de Pensões e aposentadoria dos Servidores do
Estado, órgão federal) onde era auxiliar de farmácia, depois passou a ser
auxiliar de tesouraria, por um período foi diretor da Biblioteca do estado do RS,
de 1959 a 1963, por convite do amigo e governador Leonel Brizola. Retornou
depois para a tesouraria e mais tarde passou para o IAPAS como fiscal da
previdência onde ficou ate se aposentar.
Em 1962, concorreu a deputado estadual pelo PTB, incentivado e
apoiado por Ruy Ramos, não alcançando votação suficiente.
Sua passagem pela política trouxeram mágoas que o acompanharam
por muito tempo, pois sua mensagem não foi compreendida pelo seu próprio
povo durante sua candidatura. Como se pode perceber no poema “Bilhete a
João Vargas”, feito ao seu grande amigo João Vargas do Alegrete:
“... Fiz o que o gaúcho faz
Sem admitir pretextos
E fui – como gato a cabresto
“Só nas patinhas de trás”,
Tu sabes – na santa paz
Que o gaucho não morreu
Mas na terra onde nasceu
- Ate periga a verdade,
Quando eu gritei: Liberdade!
Só o eco me respondeu...”
Em 1973 inicia o programa semanal “Brasil Grande do Sul”, na Radio
Guaíba, durante 15 anos, com enorme sucesso,
Os direitos autorais de seus livros e discos serviram como complemento
de renda, pois o poeta, como muitos que trabalham com a arte, enriqueceram
mais a alma de que os bolsos.
4. Jayme das versos
Jayme teve ídolos que o inspiraram, que foram: Laurindo Ramos (tio avô),
Balbuino Marques Rocha, João Vargas do Alegrete, Juca Ruivo, Athaualpa
Yupanki e José Hernandez (Martin Fierro), a fazer vários poemas, mas em
1943 foi a primeira vez que seus poemas foram publicados no jornal A Noticia
de São Luiz Gonzaga. Sendo seu primeiro livro, Galpão de Estância, publicado
em 1954.
Poeta regionalista gaúcho, Braun publicou livros de poesia e um
dicionário de regionalismos, Vocabulário Pampeano - Pátria, Fogões e
Legendas. Também gravou discos e CDs, nos quais declamava seus poemas,
acompanhado por Lúcio Yanel, Glênio Fagundes e Noel Guarany. Como
letrista de músicas regionalistas, que podem ser consideradas verdadeiros
poemas por sua elaboração estética e temática regionalista, foi premiado em
muitos festivais. Em alguns, atuou também como apresentador.
Emprestou seu nome a Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) de
diversas localidades. Algumas de suas canções foram gravadas por cantores e
conjuntos de outros Estados, como Originais do Samba.
O talento de Jayme Caetano Braun como poeta e letrista foi reconhecido
no Uruguai, na Argentina, no Paraguai e na Bolívia. Escrevia sobre a cena
campeira. Descrevia o Rio Uruguai, o domador de cavalos, o fogão da
campanha, a religiosidade do gaúcho. Apaixonado pela cultura platina,
costumava dizer: “ – Isso aqui é um pampa só.”
Para ele, brasileiros, uruguaios e argentinos são “piedras del mismo
camino / aguas del mismo caudal”, como escreveu, em espanhol, em sua
Milonga de Tres Banderas. Em seu panteão, Osório reunia-se a Artigas e San
Martín. O gaudério anônimo de Bochincho era irmão de Martín Fierro, do Viejo
Pancho, de Santos Vega e de Blau Nunes.
Excelente repentista, conhecido como El Payador, ocupa por isso um
lugar de destaque na literatura regionalista do Rio Grande do Sul.
Tem, na sua poesia, a expressão estilizada da autenticidade e
espontaneidade da fala do homem rural, da zona da Campanha. Sobre sua
obra, afirmou Walter Spalding: "A poesia desse poeta missioneiro é um dos
maiores e melhores repositórios de palavras e expressões gauchescas,
valendo por isso seus livros um tesouro. Grande parte das que usa e que são
de uso comum nas Missões e outras partes do Rio Grande jamais foram
dicionarizadas". Seus poemas são, em geral, longos e épicos, para ser
declamados de viva voz.
O costume campeiro de contar causos também está presente em seus
"rimances", poemas narrativos, como Bochincho, extremamente popularizado,
um dos textos mais declamados nas festas gauchescas. Seu vocabulário
regional representa rico acervo para estudo dos dialetos rurais gaúchos.
Artesão de belas imagens, também compôs poemas líricos-amorosos, e
sua temática ia desde a expressão de um forte telurismo quase místico pelo
pago,a objetos de seu universo - o galpão, o lenço, a faca, o cavalo, as
chilenas -, as apologias sobre a história do Estado e o realismo social, em
poemas nos quais os anti-heróis são desvalidos da sorte e oprimidos pelo
sistema capitalismo. Suas composições têm um percurso nítido: vão dos
poemas longos grandiloqüentes, feitos para declamação, aos poemas curtos e
densos de suas últimas obras, nos quais a elaboração poética é maior e mais
cuidadosa, acompanhando os modelos da modernidade.
Ninguém improvisa melhor do que Caetano Braun: rima e métrica andam
de mãos dadas com os sentimentos. Nos seus últimos poemas manifesta uma
nítida crença na imortalidade. Mas, a sua maior riqueza, é o sentimento do
bugre, orgulhoso da sua origem, que tanto valoriza a lealdade, a valentia, a
amizade, a tradição e o amor à terra em que nasceu. E, acima de tudo,
saudoso do passado, inconformado com o "progresso" destrutivo da nossa
civilização de consumo:
“...eu tenho gana – que esse maula,
sem respeito,
que fez lavoura
da invernada onde eu vivia,
tente arrancar – a grama verde de poesia,
deste Rio Grande
que carrego no meu peito!"
O primeiro poema do livro "Paisagens Perdidas" contém, no final, os
versos mais lindos de toda a poesia de Caetano Braun. Em quatro versos
perfeitos – sentido vestindo a rima e a métrica com perfeição, cristalizando a
beleza como a água em cristal de neve – expressou sentimentos que
emocionam qualquer um:
Paisagens de sombra e luz,
como é que pude perdê-las?
Ficaram as "cinco estrelas"
fazendo o "Sinal da Cruz"!"
Pura nostalgia de um homem passando os sessenta. É quando uma
pessoa se dá conta da velocidade com que o tempo passa.
"“"Como é que pude perdê-las?"
No céu, bordado de estrelas,
ficou o Cruzeiro do Sul,
fazendo o "Sinal da Cruz"
que termina as orações,
como se fosse um "Amém".”
Numa reportagem feita pelo Nico Fagundes em 1999, Caetano fala que
aquilo que não é escrito fica perdido. Comentando com o repórter que em sua
casa ele fazia poesia com naturalidade, como comia, ao ser perguntado se
ficava registrado alguma coisa, o poeta responde que não. "Se perde" – disse
Caetano. "Se perde" – repetiu depois. Se perde como ele perdeu as paisagens
de sombra e luz da sua infância.
Em todos os seus livros não se encontra nem uma página sem sinais de
lágrimas de saudade dos velhos tempos de moço.
“E os olhos do carreteiro
Vão se orvalhando ‘cuê pucha’,
Pois na estampa pequerrucha
Daquele abrigo sem porta,
Entrevê a grandeza morta
Da velha estirpe gaúcha
Numa agonia que corta!
Deixa correr, carreteiro,
As lágrimas da saudade.
Já pouco resta, é verdade,
Dos lindos tempos de outrora.
O passado foi se embora
E tudo o que conheceste,
Já são pousos como este
Onde ninguém se demora!"
(Pouso de carretas)
No poema "Querência – tempo e ausência" o poeta extravasa a saudade
da sua infância, a mais perfeita representação do Paraíso Terrestre: ausência
de responsabilidades – (antes de cometer o Pecado Original o homem não
dispunha do livre-arbítrio. E sem o livre-arbítrio não existe crime, nem pecado e
muito menos castigo) – protegido por um Pai Todo Poderoso, num local onde
não existia competição, nem fome, nem frio, nem suor e nem morte.
" No cartão de procedência,
pouco importa onde nasci,
busquei rumo e me perdi,
querência – minha querência,
desde então me chamo ausência,
porque me apartei de ti!"
Ao longo de sua vida, escreveu diversos poemas e diversas musicas:
Biografia:
– Galpão de Estância (1954)
– De Fogão em Fogão (1958)
– Potreiro de Guaxos (1965)
– Bota de Garrão (1966)
– Brasil Grande do Sul (1966)
– Paisagens Perdidas (1966)
– Vocabulário Pampeano – Pátria, Fogões e Legendas (1987)
– Payador e Troveiro (1990)
– Antologia Poética: 50 anos de poesia (1996)
Discos:
– Payador – pampa e guitarra de Noel Guarany, como convidado especial
(1974)
– Payadas (1984)
– A volta do payador (1984)
– Troncos Missioneiros (1987), juntamente com Noel Guarany, Cenair Maicá e
Pedro Ortaça
– Poemas Gaúchos (1993)
– Payadas (1993)
– Paisagens Perdidas (1994)
– Jayme Caetano Braun (1996)
– Acervo Gaucho (1998)
– Êxitos 1 (1999)
Dentre seus companheiros e parceiros musicais destacam-se: Noel
Guarany, Cenair Maicá, Pedro Ortaça, Lucio Yanel, Glênio Fagundes, Chaloy
Jara e Gilberto Monteiro.
Considerado, juntamente com Noel Guarany, Cenair Maicá e Pedro
Ortaça, um dos “Troncos Missioneiros” fundadores do estilo musical chamada:
Missioneiro, marca registrada das missões e do Rio Grande do Sul.
Fez um poesia em homenagem a esse titulo que eles possuem e mais tarde foi
gravado um CD, com 11 faixas, com as principais composições de cada um
dos quatro troncos missioneiros.
“Os quatro são missioneiros
Unidos no mesmo abraço
São tentos do mesmo laço
Brasas dos mesmos
braseiros
Xispa dos mesmos luseiros
E onde um vai outro vai
Nenhum pesaros contrai
Nem desencanto, nem
magoa
Os quatro beberam água
No remanso do Uruguai”
Compõem as seguintes composições:
01 – Os Quatro Missioneiros – Jayme Caetano Braun
02 – Bailanta do Tibúrcio – Pedro Ortaça
03 – Recuerdos de Tapejara – Noel Guarany
04 – Da Terra Nasceram Gritos – Cenair Maicá
05 – Bochincho – Jayme Caetano Braun
06 – Timbre de Galo – Pedro Ortaça
07 – Cepa Missioneira – Cenair Maicá
08 – Procedência – Noel Guarany
09 – Evocação – Jayme Caetano Braun
10 – Soledade Não é Mais Solidão – Cenair Maicá
11 – Fermento da Esperança – Pedro Ortaça
Recebeu ao longo de sua carreira inúmeras premiações e homenagens,
destaque especial:
– Festival Sesmaria da Canção, de Osório, em 1997
– Prêmio Açoriano de Música, em 1997
– Troféu Simões Lopes Neto em 1997, maior honraria concedida pelo
Governador do Estado, na época o senhor Antônio Britto.
– Troféu Laçador de Ouro em 1997
4.1Jayme e sua vida tradicionalista
Foi um dos fundadores do CTG Galpão de Estância, em 24 de junho de
1954, na cidade de São Luiz Gonzaga. Entidade essa que leva esse nome em
homenagem a um programa que Jayme juntamente com Dangremon Flores e
Darci Fagundes iniciou no rádio, chamado “Galpão de Estância”,. O programa
existe até os dias atuais, atualmente a cargo de Alcides Figueiredo. O primeiro
patrão foi seu tio materno Nico Caetano.
Foi um dos fundadores da Estância da Poesia Crioula, em 29 de junho
de 1959, dia de São Pedro, Padroeiro da Estância, graças a visão e esforço de
abnegados poetas e prosadores que sentiram a necessidade de organizar-se
como instituição com o objetivo de exaltar nossos usos e costumes, nossas
valorosas e ricas tradições.
No ano de 1959, foi um dos fundadores do Conselho Coordenador do
Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), sendo presidente em 1959.
5. A Saúde e a morte
A sua saúde foi abalada em muitas situações: quatro pontes de safena,
angustias, desilusões e forte depressões. Varias situações no decorrer de sua
emotiva existência colaboraram para o surgimento de seus problemas de
saúde: criticas ao seus poemas, e desilusão na vida política.
E por fim, talvez o mais tenha despedaçado o coração do poeta tenha sido
a dor pela perda de seu filho primogênito, Marco Antônio aos 30 e poucos anos
de idade por abalos no sistema nervoso.
Faleceu no dia 8 de julho de 1999 às 5 horas e 30 minutos, aos 75 anos de
idade, na clinica São José em Porto Alegre, vitima de complicações
cardiovasculares. O corpo foi velado às 17 horas no Salão Nobre Negrinho do
Pastoreio, no Palácio Piratini, sede do governo estadual gaúcho; foi enterrado
no cemitério João XXIII em Porto Alegre.
Jayme Caetano Braun chegou deitado como dormido em seu esquife de
dura madeira campeira. Pilchado, como convém aos que se vão de tropa
estrada afora, tinha um lenço maragato atado no pescoço. Ele, o Chimango,
que herdara o seu lenço branco do ídolo, o coronel Laurindo Ramos, na
Bossoroca.
“Falei com dona Bréa, a companheira terna, a indiazinha que lhe devolvera
o gosto das Missões:
– Na hora não achei o lenço branco, nem a boina branca de que ele tanto
gostava.
Tirei o lenço branco dos Fagundes do meu pescoço e ofereci o velho
gonfalão para que acompanhasse o poeta na última tropeada. Com a ajuda dos
companheiros, trocamos o lenço colorado (que ele usou, por companheirismo,
algumas vezes nos últimos tempos) pelo lenço branco, que sempre foi dele,
que lhe deu o apelido carinhoso entre os amigos: Chimango.
Mas aí chegou o governador Olívio Dutra, seu amigo e seu conterrâneo
dos tempos em que a Bossoroca pertencia a São Luiz Gonzaga, e alguém
achou que o poeta podia levar os dois lenços, que ele cantou em Branco e
Colorado: “Até Deus Nosso Senhor, que usou bota, espora e mango, lhes
garanto que é Chimango – se Maragato não for!”.” .”, relato de Antônio Augusto
Fagundes sobre o funeral de Jayme.
Jayme Caetano Braun, o mais gauchesco dos nossos poetas, o
missioneiro de espinha dura, mestre da payada arrocinada, senhor da
linguagem e do vento, o último grande de uma progênie de grandes, partiu. O
Rio Grande do Sul ficou menos grande.
Os nomes mais famosos do gauchismo, da cultura em geral, estavam lá,
hieráticos. A gente tem a impressão de que algum Deus campeiro esculpe em
cedro das Missões cada um dos que vão caindo, para compor uma galeria
sagrada para o altar do pago. Aqueles homens e mulheres que choravam em
silêncio no Salão Negrinho do Pastoreio (o espaço mais nobre do palácio do
governo gaúcho homenageia um negrinho humilde) pareciam ter essa
consciência. Eram, mais que admiradores do poeta, devotos de uma crença
xucra, meio santa, meio pagã. Davidson Labrea, comandou um Pai Nosso,
ocasião em que todos se deram as mãos. Ary Fernandes Gonçalves declamou
Tio Anastácio, declamadores e declamadoras iam deixando sua derradeira
homenagem ao poeta querido. Os mestres de truco do Pitoco guardaram uma
flor de espadas no caixão do mestre-companheiro que partia.
Quando o caixão foi retirado do palácio, para a última viagem, a
temperatura baixara perigosamente e um minuano uivava em volta, como um
cachorro louco. Fazia frio, de repente, e o céu estava chumbado. Deus Nosso
Senhor tinha decretado luto para o Rio Grande inteiro.
Jayme Caetano Braun expressou um desejo no poema Índio Vago:
“Certamente, junto do pingo
velho e do cusquinho brasino, estamos todos nós a chorar a perda de um tão
grande inventor de novos modos de olhar o universo gauchesco, forte marca
de nossa identidade regional.”, Lisiana Bertussi.
5.1 A lembrança do Payador
Várias personalidades importantes expressarão seu sentimento em relação
a morte de Jayme:
“Nós todos nos sentimos órfãos. Jayme Caetno Braun foi um manancial,
cacimba da mais pura manifestação de nossa cultura.” Olívio Dutra, governador
do Estado.
“O mestre dos payadores. Jayme é o símbolo máximo do gauchismo.
Perdemos o convívio, mas o Jayme se eterniza.” Eraci Rocha, presidente do
Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (IGTF)
“Jayme Caetano Braun sempre guardava para arremate um desfecho
inusitado. Ele participava do milagre da criação.” João Sampaio, compositor
“ Só posso dizer do enorme vazio que ele deixa. O grande divulgador da
payada parte sem ter tido um continuador.” Barbosa Lessa, escritor
“Um dia quando eu morrer
Esse é o fim de cada qual
Hão de estar meu pingo
velho
Com seu relincho cordial
E o meu cusquinho brasino
Chorando meu funeral”
.
“O Jayme se constitui no panorama da literatura gaúcha como um dos mais
expressivos da temática nativa. Ele englobava os grandes problemas
universais e não se restringia a assuntos galponeiros. O Jayme, embora se
dissesse um nativista, era um grande versejador. É um dom divino colocar o
tema da terra nos questionamentos universais.” Paixão Côrtes, folclorista
“Quem partiu agora não foi apenas um homem, mas uma bandeira de
cultura. Jayme foi um homem ímpar. Me sinto honrado de ter sido
contemporâneo dele. Estou sozinho. Como se tivesse perdido uma das coisas
mais importantes da minha vida.” Lúcio Yanel, músico
“Era o grande timoneiro do movimento gaúcho. O que tinha que dizer, ele
dizia.” Telmo Tartarotti, diretor da Rádio Liberdade FM
“Eu choro o homem. O que me deixa mais triste é que o meio artístico não
produz mais homens como ele. Era um poeta destemido, corajoso. Ele
reivindicava com a poesia. O Jayme Caetano Braun é como o Chico Buarque:
me diz uma música ruim do Chico Buarque. O trabalho dele é pautado pela
linguagem poética, ele nunca apelou. Até nas brigas de baile tem riqueza. É
uma lenda. Não vai ter outro. Era um poeta cidadão, agia através da arte. Era
um homem isento, independente.” João de Almeida Neto, músico
“O Jayme Caetano Braun não está na Academia Brasileira de Letras porque
o regionalismo gaúcho não é aceito em todo o Brasil, como é o regionalismo do
centro do país. Ele foi muito grande. Sabia dizer as coisas como todo gaúcho
que conhece as lidas do campo.” Alex Hohemberger, diretor da Gravadora USA
Discos
“Quando comecei no tradicionalismo, na invernada artística do CTG 35, nas
apresentações eu declamava o Bochincho. Desde cedo aprendi a ler os livros
do Jayme. Todo gaúcho o tem como o maior poeta do Estado.” Renato
Borghetti, acordeonista
“O maior poeta que esse Estado teve, ao lado de Aureliano de Figueiredo
Pinto. Ele nos deixa uma obra extensa.” Rui Biriva, músico
“O Jayme é referência para todo aquele que milita no Rio Grande do Sul.
Foi o grande poeta que tivemos. Payador é o Jayme Caetano Braun e mais
ninguém. Era uma pessoa radical na forma de pensar, sem abrir mão do que
pensava.” Leo Almeida, músico
“Jayme foi um dos maiores poetas da nossa terra. Sua morte representa
uma perda irreparável para o Rio Grande do Sul. A preocupação com os
pobres e a indignação com a exploração das elites foram a sua maior fonte
inspiradora. Particularmente, perdi um amigo, um parceiro e o padrinho de
batismo.” Pedro Ortaça, músico
" Quem sabe o Ciro Gavião,
Quem sabe Aureliano Pinto,
Quem sabe o negro retinto,
Que se chamava Anastácio,
Quem sabe até don Pascácio,
Andejo dos corredores,
Guasqueiros, alambradores,
Ginetes da cepa antiga
Vão esperar com cantiga
O maior dos payadores."
Poema O Payador,de Telmo de Lima Freitas, composto em memória do
poeta Jayme Caetano Braun
6. Sua obra eterna
Dias depois de sua morte foi lançado seu ultimo CD, Êxitos 1, que estava
pronto com mais de ano de antecedência, cujo lançamento havia sido adiado
por pedido seu pois queria estar em melhores condições de saúde.
No ano de 2001 foi instituído em sua homenagem, na data do seu
aniversario, 30 de Janeiro, o “Dia do Payador” com lei estadual de nº
11.676/01, de autoria do Deputado Estadual João Luiz Vargas.
Alguns autores fizeram poesias e musicas em sua homenagem, dentre
elas:
– Sol das Missões de Paulo de Freitas Mendonça
– Tributo a Jayme Caetano Braun de Geraldo Norte
– Galo Missioneira de Pedro Ortaça
– Jayme e os dez mil poetas de Carlos Omar Vilela Gomes
Foram lançados também um livro em 2003, Payada Cantares, e 3
discos, Payada, Memória e Tempo em 2006, Payada, Memória e Tempo, Vol.
2 e A Volta do Farrapo em 2008, cujas letras foram resgatadas do acervo de
Jayme.
No dia 10 de outubro de 2009, São Luiz Gonzaga fez uma homenagem
a um dos mais ilustres moradores, inaugurando o monumento ao Payador,
Jayme Caetano Braun. Uma estatua de 6 metros de altura com 2 metros de
largura, feita pelo escultor Vinicius Ribeiro, que se localiza no trevo da cidade.
Estatua de Jayme Caetano Braun em São Luiz Gonzaga
No ano de 2013, Paulo de Freitas Mendonça fez um CD, Um Tributo a
Jayme Caetano Braun, com diversas musicas e poesias feitas em sua
homenagem interpretadas por ele, e por alguns artistas
Cujo as interpretações são
01 – Apresentação – Paulo de Freitas Mendonça
02 – Disse Dom Jayme Caetano Braun – Paulo de Freitas Mendonça
03 – Jayme Caetano Braun – Antonio Tarrago Ros e Paulo de Freitas
Mendonça
04 – Sol das Missões – Paulo de Freitas Mendonça
05 – Milonga de Três Memórias – José Curbelo
06 – Uma Luz Abandonada – Paulo de Freitas Mendonça
07 – Canto de Adeus ao Pajador – Raul Quiroga
08 – Jayme e os Dez Mil Poetas – Paulo de Freitas Mendonça
09 – Motivos de Pajador – Jadir Oliveira e Paulo de Freitas Mendonça
10 – Emplumadas de Poesia – Paulo de Freitas Mendonça
11 – Ao Pajador Missioneiro – Paulo de Freitas Mendonça
Sendo que no ano de 2014, no dia 19 de setembro, foi feito um
espetáculo de músicas, poesias e pajadas, escrito e produzido por Paulo de
Freitas Mendonça protagonizado por ele, Raul Quiroga e Americanto, O Tributo
a Jayme Caetano Braun, no Teatro Dante Barone em Porto Alegre
Conta com a participação de alguns dos mais importantes pajadores da
atualidade, José Estivalet, Jadir Oliveira, Adão Bernardes e o payador
argentino Lazaro Moreno.
Também apresenta a premiada declamadora, sobrinha do pajador
missioneiro, Adriana Braun. O show também conta com uma artista convidada,
a consagrada declamadora Liliana Cardoso Além disso, está prevista a
participação do CTG Jayme Caetano Braun, da capital gaúcha, que vai
encenar uma das obras apresentadas, sob o comando de Alexandre Ourique e
a direção cênica do ator Tailôr Mendonça. O repertório vai contar com poemas
e canções de autoria do homenageado e também obras produzidas em sua
homenagem, assinadas por Mendonça, Antonio Tarragó Ros, Raul Quiroga e
Carlos Omar Villela Gomes, entre outros. Um dos pontos altos do espetáculo
vai ser a improvisação em forma de pajada, no calor do repente, pelos
pajadores discípulos de Braun.
Folder do Evento: Tributo a Jayme Caetano Braun
7. Conclusão
8. Referencias Bibliográficas
Jayme Caetano Braun – O grande Payador, Nei Fagundes Machado
Pagina do Gaúcho – http://www.paginadogaucho.com.br/
Jornal Zero Hora
http://viniciusribeiroescultor.blogspot.com.br
http://www.riogrande.com.br/
ANEXOS
Anexo I
Poema feito por Jayme para Getulio Vargas, é o inicio de sua vida na política
O Petiço de São Borja
Evoca o bagual crioulo corcoveando na coxilha
Sobra triste de índio vago desgarrado da tropilha
Juntando os últimos trapos da epopéia farroupilha
É a tradição do Rio Grande que nele vibra e delira
Essência de gerações que no presente se atira
Moldada nas linhas rudes de um tronco de guajuvira
Evocando as nossas glórias profetizando o futuro
Mostrou na simplicidade que um gaúcho sendo puro
Na defesa do Rio Grande peleia até no escuro
A nossa imensa família irmana se perfila
Com vastas razões de orgulho por ver no chão farroupilha
Glorificando a coxilha um vulto como Getúlio!
Anexo II
Poema feito para a campanha do Deputado Federal Ruy Ramos,
intitulado “O Mouro do Alegrete”
Anexo III
Carta enviada em 1º de julho de 1962 a Jayme Caetano pelo amigo
João Vargas do Alegrete
Anexos IV
Poema resposta enviado por Jayme Caetano para João Vargas, após
resultado negativo nas urnas
Anexos V
Fotos de Jayme ao longo de sua carreira
Anexo VI
Fotos de Jayme ao longo de sua carreira musical
Foto Jayme Caetano Braun, Glênio Fagundes, Marco Aurelio Campo e Paulo Fagundes
Foto: Noel Guarany, Jayme Caetano e Pedro Ortaça, 3 dos 4 Troncos Missioneiros
Foto: Jayme Caetano Braun e Luiz Marenco
Anexo VII
Poema feito por Jayme Caetano Braun em homenagem aos quatro troncos
missioneiros
“São quatro cernos de angico
Falquejados na minguante
Que vem trazendo por diante
Nosso tesouro mais rico
Que a três séculos e pico
Os centauros nos legaram
Memórias que não gastaram
Nos entreveros da infância
E olfatiando na distancia
Algumas que se extraviaram
Os quatro são missioneiros
Unidos no mesmo abraço
São tentos do mesmo laço
Brasas dos mesmos braseiros
Xispa dos mesmos luseiros
E onde um, vai outro vai
Nenhum pesaros contrai
Nem desencanto, nem magoa
Os quatro beberam água
Nos remansos do Uruguai
Um deles é o Pedro Ortaça
Nascido lá no pontão
Num dia de cerração
Tapado pela fumaça
Cantor de fôlego e raça
Do mais crioulo recurso
Mais agarrado que um urso
Nas seis cordas da guitarra
Andou fazendo uma farra
Na bailanta do tiburcio
Outro é o Noel Guarani
Do manancial missioneiro
Que benzeram em terneiro
Com leite de curupi
Tropeando desde guri
Nunca cai em aripuca
Mais brabo do que mutuca
Vem do berço de Sepé
E andou morando em Bagé
Na baixada do manduca
Outro é o Cenair Maicá
Do canto bárbaro e doce
Que com certeza extraviou-se
Da flor do caraguatá
Crioulo também de lá
Das barrancas do Uruguai
Saiu quebra igual ao pai
Com massaroca na clina
Já cortou tranças de china
Nos bailes do Sapucaí
Outro, outro apenas payador
Misto gente e urutal
É o Jayme Caetano Braun
Do velho Rio Grande em flor
Cantando coplas de amor
Sem se importar com os espinhos
De tanto trançar carinho
Foi se enredando nas tranças
E hoje troteia lembranças
Que juntou pelos caminhos“
Anexo VIII
Entrevista de Telmo de Lima Freitas, fornecida ao Jornal Zero Hora,
Segundo Caderno, no dia 10 de julho de 1999.
“É muito difícil falar de Jayme Caetano Braun, o velho Chimango,
parceiro de cantigas e rodadas de truco.
Quando, pelo ano de 1957, no legendário Nhô Porã, Campo Bonito,
junto com velhos amigos, irmãos das mesmas crenças telúricas, das mesmas
carpas de carreiras, do mesmo fogo de chão, por que não dizer, daquelas
noitadas de entrar madrugada adentro, com tio Cláudio Torronteguy, velho
manduca, Apparício Silva Rillo, o bolicheiro Mambelo, irmão João Lucas de
Araújo, Luiz Silva, o Potrilho e muitos outros, lavramos tarcas de causos e
versos.
O tempo fez nos reencontrarmos na Capital dos Casais, no rancho da tia
Lola e do tio Rubem Rober, que era o nosso saleiro. Depois da bóia, o
tradicional jogo do rabão (truco), que se estendia até o horário do serviço.
Muitas falta-envido, muitos retruco, muitos quero-e-vale-quatro. Parece que o
rancho vinha abaixo com os gritos e algazarra. Mas desta vez, com 33 de
espada, perdeu de mão.
O tapejara de São Luiz Gonzaga, a enciclopédia campeira, deixa um
vazio no tempo. O grande vate da Estância da Poesia Crioula, o homem que
enfrenava um cavalo conversando, o homem que não beliscava uma ovelha
nos seus tempos de esquilador, o guasqueiro que desquinava um tento como
só ele, sempre com uma faquita cortadeira à mão de semear e um schimite à
mão de trago, o homem que conhecia o arroio que dava vau. O Rio Grande
não vai se acostumar com a ausência desse telúrico trançador de versos.
Dizia ele:- A minha academia foi quando bolichei, quando andei de fogão em
fogão, olfateando a terra vermelha do meu chão, ali foi o meu bebedor das
coisas campeiras.
O cantador galponeiro encilhou seu flete pela última vez e partiu para a
tropeada mais longa, tendo como sinuelo a estrela boeira.
Jayme Caetano Braun,
Filho de São Luiz Gonzaga,
No terceio duma adaga,
Nunca se enliou nas esporas.
O payador das auroras,
O campeador gauchesco,
Abriu coivara payando,
Alçou um vôo acenando
Com a aba do chapéu,
Sabendo que, lá no céu,
Existem alguém esperando.
Quem sabe o Ciro Gavião,
Quem sabe Aureliano Pinto,
Quem sabe o negro retinto,
Que se chamava Anastácio,
Quem sabe até don Pascácio,
Andejo dos corredores,
Guasqueiros, alambradores,
Ginetes da cepa antiga
Vão esperar com cantiga
O maior dos payadores.
Deixou tropilhas de rimas,
Retouçando nos galpóes,
As futuras gerações
Seguirão teu catecismo,
Honrarão teu gauchismo
Que jamais será disperso.
Pois quem deixou universo
De payadas igual às tuas
Volta nas noites de lua
Para enfrenar mais um verso”.
Anexos IX
Entrevista de Tabajara Ruas, fornecida ao Jornal Zero Hora, Segundo
Caderno, no dia 10 de julho de 1999.
“Há uma certa prática na nossa convivência cultural tão destrutiva e
vergonhosa quanto preconceituosa, que é a de rotular. "Gauchesco", por
exemplo, é rótulo aplicado aos poetas dos movimentos tradicionalistas. Esses
movimentos estão cheios de equívocos tanto estéticos quanto ideológicos, mas
a verdade é que geraram uma sólida estirpe de poetas e de músicos. O maior
deles foi Jayme Caetano Braun. Para a crítica em geral, porém, nunca passou
de um poeta gauchesco.
Borges disse num poema famoso que os gaúchos nunca ouviram a
palavra gaúcho, ou a ouviram como um insulto. Os letrados de gravata com
certeza se referiam ao poeta Jayme Caetano Braun com essa intenção: era um
poeta gauchesco.
Essa divisão grosseira pode satisfazer a inteligência de verniz dos
comerciais de televisão para erva-mate ou similares, mas é espantoso que
tenha merecido o silencioso aval da inteligência estabelecida no corpo da elite
cultural rio-grandense. As resenhas sobre a morte do poeta não dão conta de
nenhuma láurea acadêmica em vida para Jayme, reconhecendo seu valor
como artista. Duvido que tenham pensado em algo semelhante para qualquer
autor sob esse rótulo. João Simões Lopes Neto não vale citar, pois morreu
antes do rótulo existir como redutor.
Apparício Silva Rillo foi campeão de vendas da Feira do Livro (com uma
série de obras menores, é verdade), mas sua bela poesia e seus contos
impecáveis nunca foram levados em consideração para uma homenagem na
feira que ele tanto ajudou a tornar ainda mais gaúcha.
Barbosa Lessa ainda escreve e publica com finura e erudição, mas é
gauchesco. E Vargas Netto? Gçaucus Saraiva? Tantos e tantos esquecidos
burramente sob o rótulo de gauchesco.
Não acho que Jayme Caetano Braun fosse um poeta gauchesco. Era um
poeta do Rio Grande do Sul, um poeta que, ao descobrir seu dom, adequou-o
na criação de uma linguagem singular, para trata de um tema singular: sua
terra e sua gente.
Dentro do opulento universo lingüístico da obra de Jayme Caetano
Braun, existem alguns versos simples que, me parece, definem bem sua
poesia e sua personalidade: "Brinquei com gado de osso / Na sombra do velho
umbu / e assim volteando o amargo / e o churrasco meio cru / Fui
crescendo e me orgulhando / De ter nascido um chiru!"
Orgulho é uma palavra definidora. Mas esse orgulho, atentem, só foi
aparecendo à medida que o poeta crescia, isto é, à medida que lançava o olhar
ao mundo que o cercava e começava a entendê-lo. à medida que o rio, a
fronteira, as Missões, a pedra, o cavalo, o umbu, o pampa foram tomando um
sentido. À medida que descobria o passado e percebia lá as marcas desta
nossa civilização meridional. Então ele colocou seu talento para cantar essas
coisa tão próximas:
“Meu canto é rio
meu canto é sol
meu canto é vento
Eu tenho pátria
Eu tenho berço
Eu tenho glória
Eu só não tenho terra própria
porque a história
que escrevi
me deserdou no testamento!"
Parece que fala dos sem-terra e fala mesmo. Cantor da beleza, do amor
e do orgulho de ser gaúcho, Jayme Caetano Braun nunca foi um laudatório
vazio e pomposo. Seu verso incluía o deserdado e espoliado, que são a
maioria. Os discos e CDs que deixou afirmaram uma voz densa e persuasiva,
forte e delicada, que saboreia cada palavra como um sorvo de chimarrão, para
arriscar uma imagem do seu universo poético.
É de esperar que, no milênio que se aproxima, os rótulos sejam
derrubados e o payador missioneiro seja reconhecido apenas como o que ele
é: um poeta. Para ser estudado nos vestibulares, festejado nas feiras e lido
para o prazer do espírito. “
Anexos X
Entrevista dada por Aureliano de Figueroa Pinto:
“"... Se não me falha a memória / eu conheci este cantor..."
Conheci Caetano Braun em 1975. Foi quando ele veio a Caxias do Sul,
acompanhado do Noel Guarani e do Flávio Alcaraz Gomes, atendendo um
convite para uma janta oferecida pela Metalúrgica Abramo Eberle S/A. Era uma
homenagem que a firma fazia ao poeta responsável por um programa na Rádio
Farroupilha, nos sábados de manhã, cedinho. Nele, Caetano ficava durante
uma hora inteira improvisando o que lia no jornal do dia – "Zero Hora" – ainda
quente do prelo. Sucesso estrondoso! Como eu era médico da firma, também
fui convidado.
Depois da janta houve discursos, agradecimentos, elogios. Eu, com
vários copos de "borgonha" na cuca, resolvi declamar um poema do Caetano.
No meio da declamação, falhou a memória! Com uma presença de espírito
incomum para mim – sempre me vem à mente as mais espirituosas resposta
depois de passado o incidente – apelei para o autor, que estava sentado ao
meu lado: "Esqueci, mas não importa! Ninguém melhor que o autor para
continuar o poema!".
O Caetano levantou-se com calma – não precisou pedir silêncio
porque quando ele se levantava, todo o mundo ficava calado – fitou a platéia
por alguns segundos, depois disse:
– "Eu também me esqueci!".
Todos caíram na risada. Foi uma gentileza sua. Era evidente que ele
não havia esquecido. Logo, começou a declamar versos perfeitos,
improvisando para cada um dos presentes conforme sua profissão, atividade,
sem jamais apelar para humilhações ou vulgaridades.
Terminado o jantar, um dos diretores da firma, também admirador do
poeta, fez questão que todos fossem à sua residência tomar licores e fumar
cigarros americanos e charutos cubanos. Caetano e Guarani, meio xucros de
cerimônias e cansados da viagem, não queriam ir. Mas, como não havia como
escapar, foram. Meio a contragosto, mas foram.
Durante o serão, sala rica – chão recoberto por finíssimos tapetes,
paredes decoradas com quadros caríssimos – uma senhora, esposa de outro
diretor, já falecido, começou a elogiar os sapatos ingleses. "Porque o couro é
especial, que aqui ninguém consegue fazer igual..." etc. e tal. Aí, Caetano não
se conteve. Levantou-se da poltrona e disse em voz alta para que todos
ouvissem: "Não admito que desprezem, na minha frente, os produtos da minha
terra em favor de um país explorador e escravagista como a Inca-la-perra".
Sem despedir-se, foi-se embora, acompanhado pelo Noel Guarani.”
Anexos XI
Carta enviada a Jayme Caetano Braun em 7 de outubro de 1992, cujo
autor e anônimo:
"Estimado Caetano Braun:
A tardinha traz sentimentos de nostalgia. Talvez porque significa a morte
do dia, de mais um dia da nossa vida de teatino neste mundão velho de Deus,
que já está ficando pequeno. Há cada vez mais porteiras e menos espaço
neste
"formigueiro grande,
Onde costumes malditos
Tentam matar aos pouquitos
As tradições do Rio Grande!"
Por conta do entardecer, quando "a tarde recolhe o manto", hoje a
depressão pousou de vagar, como cerração fechada de inverno, amortalhando
paisagens. Parece garça pousando na beira da lagoa parada, sobre uma só
perna, apoiada, aguardando o entardecer. O mundo silencia em respeito à
noite que vem, carregada de mistérios. Não há sinos tocando "Ângelus", nem
sabiás floreando últimos cantos no alto de corticeiras...
Mas a tristeza foi logo embora ao ouvir, na rádio local, a voz do amigo
declamando "Galpão Nativo". Como é bonito! Rima e métrica casadas com o
sentimento, tudo perfeito como jóia irretocável, brotando da alma ao natural,
como vertente de manancial fluindo fresca e cristalina de dentro do capão de
mato nativo. E como água boa, foi refrescando a alma cansada, lavando as
feridas doridas, dando ânimo, otimismo e alegria de viver.
Depois de morto o Caetano Braun, não faltarão "miles" de vozes deste
Brasil imenso, preiteando tão grande poeta, chorando tão grande perda. Mas,
eu quero em vida enaltecer a sua arte, indissociável da sua essência, pois
Caetano e Poesia são a mesma coisa.
Estou certo, amigo Braun, que não tens nem um segundo de descanso.
Dia e noite, noite e dia, deve haver um demônio dentro da tua cabeça
martelando rimas, medindo versos, recolhendo – como quem recolhe
cavalhada xucra esparramada pelos fundos perdidos de campos, pelos brejais
imensos – a beleza que há na alma gaúcha e na vida singela vivida dentro dos
galpões de estâncias deste Rio Grande imenso. E que te obriga a ir
embrulhando tudo em versos limpos, que ficarão eternamente vivos nas
páginas dos teus livros. Assim, serás sempre lembrado. Serás sempre
lembrado enquanto houver botas, esporas, galpões, fogões, galos de rinhas,
potros, ponchos, panelas de ferro. Enquanto houver admiração à arte da
"payada" carregada de sentido e sentimento e, principalmente, enquanto
houver respeito às tradições e um amor imensurável à terra em que se nasceu.
Ao ouvir-te, me veio à mente as palavras do teu amigo Aureliano:
" – Se não me falha a memória
eu conheci este cantor..."
Anexos XII
Poesia feita em homenagem a Jayme Caetano Braun:
Sol das Missões
Autor: Paulo de Freitas Mendança
O sol das missões reflete na pele rubra do chão.
O matiz do horizonte pinta a crueza de um tempo
que com o vento não passa, fica na sombra do povo,
na alma rude da raça, entranha no sentimento
e extravasa pelos poros da rima do pajador.
A energia das Missões tem algo transcendental.
Estranho amor pela terra na face bem definida,
miscigenado ameríndio, de herança guarany.
Desta epopéia sublime da gesta continentina
cuja memória ensina, muitos séculos depois.
O silêncio do arrebol traz incontido lamento,
vozes na asa do vento, sangue no oco do rio,
tropel de nativo anseio na diástole da terra,
memória viva de guerra e um denunciado holocausto,
no verso fausto das almas pela voz do pajador.
Quando o Jayme abria o peito, as almas pré-colombianas
convertiam sois e luas pro interior de sua voz.
Era uma invisível dança de luzes e de energia
por isso sua poesia foi semeando esperança
e tornou-se eterna lança, sublimando corações.
Quando ele fechava os olhos recebia mil imagens
transcritas pela linguagem em que a palavra era o ato,
porque a terra removia seus escombros de injustiça,
para quebrar o silêncio dos ancestrais massacrados,
para mostrar o repúdio às sombras de além-mar.
Jayme era dono de um dom - somente dado aos pajés -
de nunca subordinar-se nem a seqüência do tempo,
de reescrever a história, pajador misto de monge,
que às vezes andava longe, mas sem sair do lugar,
para buscar uma voz e então vesti-la de luz.
Ele arrastou uma cruz, quatro braços e três séculos.
Por ter milênios de paz levou seu fardo cantando
seus versos irrepetíveis, sorvidos da imensidão.
Mudou o mundo ao seu jeito, pois tinha dentro do peito
fiel pulsação da gleba e o esplendor de “coaraci”.
Jayme, um cacique da aldeia, era o sol das missões,
a própria luz da região que abria o dia do verso.
A quem quisesse sua mão, ofertava o coração.
Por isso há no matiz quatro cores e dez tons,
é o pajador na Espinela a clarear o universo.
Anexos XIII
Poesia feita em homenagem a Jayme Caetano Braun:
Jayme e os Dez Mil Poetas
Autor: Carlos Omar Villela Gomes
Jaime abriu os olhos mansamente,
Num silêncio de poço...
Sentou, fechou um palheiro,
Olhou pra os lados mas não viu ninguém...
Jaime estava só à beira do fogo,
Um fogo grande de incendiar invernos,
Desses que vivem no olhar das prendas
E que consomem tantos corações.
Já não sabia onde estava
Mas era noite de frio...
E os olhos claros de Jaime
Singraram pelo vazio.
Talvez perdidos nos braços
De alguma paixão extrema...
Talvez voando sem asas
No céu de mais um poema.
Jaime estava em silêncio
E em silêncio ficou...
Puxou um naco de fumo
E lentamente picou.
De repente dez mil luzes,
Dez mil sóis, dez mil estrelas
Se puseram a brilhar...
Dez mil lendas andarilhas,
Dez mil almas em vigília
Se achegaram ao lugar.
Dez mil pássaros surgiram
E dez mil anjos caíram
Por entre os focos de luz...
Dez mil vates e profetas,
Dez mil sonhos, dez mil poetas
Dez mil mártires sem cruz.
Jaime sentiu tempestades
Trovoando no coração...
Os poetas foram chegando
Sem nunca tocar o chão.
Jaime ouviu as palavras
Desses dez mil querubins;
Num mesmo tom de verdade
Então disseram assim:
“-Teus versos vem das entranhas,
Não só da terra vermelha,
Mas da própria humanidade
Onde teu sonho se espelha.”
“Quando criavas tuas rimas,
Quando soltavas tua voz...
Em cada luz que parias
Havia um pouco de nós.”
“Somos o sonho construído pelas eras,
Em cada estrofe que alguém ousou compor ...
Pois na verdade ninguém cria, é instrumento
Que o pensamento dos antigos dominou.”
“Tens o teu Dom porque és um ser iluminado,
Foste escolhido pra seguir essa odisséia...
Onde as nações sangram as chagas do pecado,
E o poeta traz a cura com as idéias.”
“Somos a fé em tudo aquilo que buscavas,
Dez mil guerreiros construindo um ideal...
Somos a vida florescida nas palavras
Somos a chama da poesia universal.”
“Estás aqui, companheiro,
Pois tens razões para estar...
E hoje vieste tomar
Um lugar perto dos teus;
Estás aqui, missioneiro
Porque és irmão e parceiro...
E o teu solo vermelho
É o próprio sangue de Deus.”
Jaime engoliu o silêncio
E uma lágrima caiu...
Numa força mais intensa
Que as águas de um grande rio.
Os anjos então partiram ,
Riscando o céu num clarão...
Foi quando o mais nobre arcanjo
Levou Jaime pela mão.
E hoje quando um poeta
Nalgum confim do planeta
Se veste de coração,
Existem dez mil guerreiros
Mais um anjo missioneiro
Voando sem cativeiros,
Ocultos na inspiração!!!
Anexos XIV
Folder entregue com as etapas de construção do Monumento a Jayme
Caetano Braun