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ANAIS

IV REUNIÃO ITINERANTE DE FITOSSANIDADE DO INSTITUTO BIOLÓGICO

V ENCONTRO SOBRE DOENÇAS E PRAGAS DO CAFEEIRO

PROMOÇÃO: INSTITUTO BIOLÓGICO

SINDICATO RURAL DE RIBEIRÃO PRETO

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO AGRONEGÓCIO DA REGIÃO DE RIBEIRÃO

PRETO

RIBEIRÃO PRETO - SP 26 A 29 DE JUNHO DE 2001 REUNIÃO ITINERANTE DE FITOSSANIDADE DO INSTITUTO BIOLÓGICO, 4. ENCONTRO SOBRE DOENÇAS E PRAGAS DO CAFEEIRO, 5. Ribeirão Preto, SP, 2001. Anais da IV Reunião Itinerante de Fitossanidade do Instituto Biológico e do V Encontro sobre pragas e doenças do cafeeiro. Coordenados por José Roberto Scarpellini, Zuleide A. Ramiro, Amaury da S. dos Santos, Genésio A. de Paula e Silva e Monika Bergamashi. Ribeirão Preto, SP. Instituto Biológico, 2001. 225p.

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APRESENTAÇÃO

O Instituto Biológico, em parceria com o Sindicato Rural de

Ribeirão Preto e Associação Brasileira de Agronegócios da Região de

Ribeirão Preto promove o V Encontro Sobre Pragas e Doenças do

cafeeiro, juntamente com a IV Reunião Itinerante de Fitossanidade do

Instituto Biológico, com o objetivo de divulgar conhecimentos gerados

pelos seus técnicos, interagir com a comunidade científica e com

produtores rurais e técnicos que atuam nos principais segmentos

agrícolas da macroregião de Ribeirão Preto.

No momento em que, com a globalização se vislumbra a queda de

barreiras para comercialização agrícola entre países, maximiza-se a

importância da sanidade animal e vegetal, que poderá ser a grande

barreira na exportação e importação de produtos agrícolas. Os países e os

Estados mais preparados, com certeza vão sair na frente, bem como

aqueles adequados à competitividade, no que estes eventos estarão

divulgando técnicas e aprimoramento de tecnologias, que deverão reduzir

custos de produção e incrementar a produtividade agropecuária.

Foram muitos os temas propostos, quando do atendimento ao

convite, pela comunidade produtiva da agropecuária da macroregião de

Ribeirão Preto, mas com o apoio de representantes das cadeias

produtivas, os quais encontram-se participando da comissão

organizadora, um programa suscinto e dirigido a região foi obtido,

prestigiando a cultura do café, cana-de-açúcar; fruteiras, hortaliças,

aperfeiçoamento de tecnologias ligadas a defensivos agrícolas,

amendoim, soja, milho e girassol, além do bloco da pecuária.

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Estes eventos, antes de tentar ensinar ao produtor, manejo,

técnicas e táticas para o melhor desempenho sustentado da nossa

agropecuária, pretendem aflorar subsídios para novas investigações e

pesquisas e tecnologias, enunciados por aqueles que vivem o campo dia

após dia, e sentem a dificuldade de alimentar milhões, portanto produtor

rural, nosso grande parceiro, estes eventos são seus, participe!!

AS REUNIÕES ITINERANTES DE FITOSSANIDADE DO INSTITUTO

BIOLÓGICO

Concebida como um instrumento de aproximação entre a pesquisa

e os diferentes elos da cadeia produtiva, em especial agricultores e

profissionais da extensão rural, as Reuniões Itinerantes de Fitossanidade

do Instituto Biológico, conhecidas como RIFIB, tiveram como embrião o

Simpósio sobre Controle de Pragas da Região do Paranapanema,

realizado em Assis no ano de 1994 e que discutia, de forma mais

específica, os problemas afetos ao controle de insetos, ácaros e

nematóides das culturas estabelecidas naquela região.

As Reuniões Itinerantes de Fitossanidade do Instituto Biológico

fazem parte de um projeto cujo objetivo é fortalecer o relacionamento

entre o Instituto Biológico (IB) e seus parceiros e usuários, em especial

os produtores rurais. Para isso, a RIFIB tem caráter itinerante, ou seja, ela

vai ao encontro do produtor e discute os temas levantados por eles

diretamente ou por seus representantes através de Sindicatos Rurais e

Cooperativas. Nesse processo também participam instituições oficiais e

empresas ligadas a cadeia produtiva.

Conhecer a demanda e a extensão dos problemas fitossanitários

que afetam as culturas de importância econômica para o Estado de São

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Paulo sempre foi a missão do IB e que tem agora pela frente o cenário de

novos desafios marcados pela abertura do mercado internacional com a

globalização e a criação de blocos econômicos, onde as barreiras

fitossanitárias serão utilizadas na proteção de mercados.

Doenças e pragas, sejam exóticas ou nativas, são componentes

importantes quando se considera custos de produção e, muitas vezes,

limitam a produção de alimentos. Exemplo recente desta problemática foi

observada, na safra 97/98, em Miguelópolis, quando altas populações da

mosca branca atingiram as culturas de algodão e soja com severos danos

econômicos. Naquela oportunidade, o IB chegou a desenvolver alguns

trabalhos na região e a participar de discussões técnicas junto ao

Sindicato Rural de Miguelópolis. Foi a partir dessa época que iniciaram-

se os contatos para ampliar as discussões com vistas a outros problemas

fitossanitários que fossem do interesse dos produtores da região. Nascia

assim a RIFIB, tendo como primeiro parceiro o Sindicato Rural de

Miguelópolis e um programa composto por 19 temas, envolvendo as

culturas da soja, milho, feijão e algodão, abordados por 17 Pesquisadores

do IB, provenientes dos diferentes Centros de Pesquisa da Instituição.

Cerca de 120 participantes prestigiaram o evento.

A II RIFIB foi realizada em Marília, no período de 08 a 11 de

julho de 1999, e contou como parceiro na organização com a Cooperativa

dos Cafeicultores da região de Marília. Um público de 400 pessoas, em

sua grande maioria formada de produtores rurais, tiveram oportunidade

de assistir 21 palestras abordando diferentes temas entre os quais

nematóides, doenças, insetos e controle químico das plantas daninhas nas

cultura de café, melancia e amendoim. Nessa oportunidade foram

também apresentadas algumas palestras que escapavam ao tema sanidade

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mas atendia às necessidades de esclarecimentos levantados pela

Coopemar. Com a colaboração de colegas de outras instituições da

Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, ESALQ/USP e

UNESP, Câmpus de Jaboticabal, foi possível atender a programação.

A III RIFIB teve lugar na cidade de Mogi das Cruzes entre 17 e

19 de outubro de 2000 com a participação de 200 pessoas. Através da

parceria com o Sindicato Rural daquela cidade foi elaborado um

programa técnico com base no perfil regional e nas sugestões levantadas

junto aos produtores da região do Alto Tietê, importante polo na

produção e abastecimento de hortaliças e frutas para a Grande São Paulo,

bem como na exportação de flores. Além da abordagem dos problemas

fitossanitários enfrentados pelos produtores de hortaliças, frutas, flores e

cogumelos da região um novo componente foi adicionado com a

reivindicação dos criadores de codorna para que o programa atendesse

aos problemas sanitários do setor. Ficava assim marcada a entrada da

área de sanidade animal do IB nas reuniões itinerantes.

Chegamos à IV RIFIB em junho de 2001, com sede em Ribeirão

Preto, e tendo como organizadores, além do IB, o Sindicato Rural e a

Associação Brasileira do Agronegócio da região de Ribeirão Preto. O

extenso programa a ser cumprido foi elaborado após a manifestação de

vários segmentos dos agronegócios e com a colaboração de instituições e

empresas do setor a quem agradecemos o envio de seus técnicos,

notáveis especialistas em sua área de atuação, imprescindíveis para o

êxito do Encontro. Como em todas as reuniões itinerantes já realizadas, o

aperfeiçoamento das tecnologias de aplicação de defensivos e os

cuidados especiais com a segurança na aplicação serão enfocados, da

mesma forma que as empresas terão seu espaço para apresentação de

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novas tecnologias, principalmente na área de controle fitossanitário. Aos

organizadores externamos nosso reconhecimento pelo esforço e

dedicação com que se empenharam para assegurar aos participantes desta

reunião efetiva contribuição para o avanço do conhecimento e redução

dos problemas locais.

Antonio Batista Filho Diretor Centro Experimental do Instituto Biológico

COMISSÃO ORGANIZADORA COORDENADORES José Roberto Scarpellini – IB/CAR/LSAV Ribeirão Preto

Zuleide A. Ramiro – IB/CEIB/LMI Campinas

Amaury da S. dos Santos – IB/CEIB/LF Campinas

Genésio A. de Paula e Silva – Sindicato Rural de Ribeirão Preto

Monika Bergamaschi – Associação Brasileira dos Agronegócios da

Região de Ribeirão Preto

MEMBROS

Agostinho Mário Boggio – COOPERCITRUS

Ana Maria de Faria – IB/CAR/LSAV Ribeirão Preto

Antonio Batista Filho – IB/CEIB

Carlos Gaeta Filho – EDR Ribeirão Preto - CATI

Célia Matilde Tegon C. Neves – EDA Ribeirão Preto - CDA

Denizart Bolonhezi – NAAM/IAC-Ribeirão Preto

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Fernando Rodrigues Pavão – COCAPEC

José Carlos C. dos Santos – IB/CAR/LSAV Ribeirão Preto

José Eduardo Marcondes de Almeida – CEIB/IB

Mário Eidi Sato – CEIB/IB

Marçal Zuppi da Conceição – ANDEF

Nelson Wanderlei Perioto – IB/CAR/LSAV Ribeirão Preto

Oswaldo Alonso – CANOESTE

Ricardo Ribeiro Mendonça – CAROL

Rogéria Inês Rosa Lara – IB/CAR/LSAV Ribeirão Preto

Tiyo Okada Murakami – IB/CAR/LSAV Ribeirão Preto

AGRADECIMENTOS

A Comissão organizadora externa seus agradecimentos a todos

aqueles que contribuíram para o êxito desta reunião. Aos palestrantes

pelo pronto atendimento aos nossos convites e a todos os participantes,

agricultores, técnicos de empresas e entidades oficiais sem os quais este

encontro não faria sentido.

Finalizando, agradecemos a todos os colaboradores e

patrocinadores do evento, sem o que esta reunião não se realizaria.

Ø AEAARP – ASSOCIAÇÃO DE ENGENHEIROS,

ARQUITETOS E AGRÔNOMOS DE RIBEIRÃO PRETO Ø ANDEF - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL

Ø AVENTIS CROPSCIENCE DO BRASIL LTDA

Ø BASF BRASILEIRA S/A IND. QUÍMICAS

Ø BAYER DO BRASIL S. A. - PROTEÇÃO DE PLANTAS

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Ø DOW AGROSCIENCES

Ø FMC DO BRASIL S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO

Ø HOKKO DO BRASIL INDÚSTRIA QUÍMICA E AGROPECUÁRIA LTDA.

Ø SENAR - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM

RURAL – SÃO PAULO Ø SEBRAE – SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS DE SÃO PAULO Ø SIPCAM AGRO S/A

Ø SYNGENTA PROTEÇÃO DE CULTIVOS LTDA

A redação e ortografia dos artigos são de inteira responsabilidade dos respectivos autores

SUMÁRIO OS NEMATÓIDES DE GALHA QUE INFECTAM O CAFEEIRO NO BRASIL 10 O AGRONEGÓCIO CAFÉ NO MUNDO: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVA 20 MANEJO INTEGRADO DAS DOENÇAS BIÓTICAS E ABIÓTICAS DO CAFEEIRO 27 COLLETOTRICHUM EM CAFEEIRO 36 BREVIPALPUS PHOENICIS , ÁCARO VETOR DA MANCHA-ANULAR EM CAFEEIRO 41 MÉTODOS ALTERNATIVOS DE APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS EM CAFEEIROS 52 MANEJO DE PRAGAS NA CULTURA DO CAFEEIRO 59 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS NA CULTURA DO AMENDOIM 72 PRINCIPAIS DOENÇAS FÚNGICAS DO AMENDOIM E CONTROLE 83 MONITORAMENTO DE PRAGAS E DOENÇAS DO GIRASSOL CULTIVADO NA “SAFRINHA” 93

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MONITORAMENTO E CONTROLE DE PROBLEMAS FITOSSANITÁRIOS DM CULTURAS DE SAFRINHA : PRAGAS EM MILHO 100 DOENÇAS DO MILHO SAFRINHA NO ESTADO DE SÃO PAULO 113 MANEJO DE PRAGAS DE SOLO NA CULTURA DA SOJA 130 NEMATÓIDES NA CULTURA DA SOJA 142 DOENÇAS FOLIARES DA SOJA E SEU CONTROLE 147 PLANTIO DIRETO DE CULTURAS DE SUCESSÃO SOBRE PALHADA DE CANA CRUA 158 BARREIRAS FITOSSANITÁRIAS NA COMERCIALIZAÇÃO NO MERCOSUL 169 CERTIFICADO FITOSSANITÁRIO DE ORIGEM 172 USO CORRETO E SEGURO DOS PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS 175 PRAGAS QUARENTENÁRIAS 179 TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS – EQUIPAMENTOS TERRESTRES PARA PULVERIZAÇÃO - ASPECTOS CRÍTICOS NA APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS. 185 SITUAÇÃO ATUAL E CONTROLE DE CIGARRINHA DA CANA-DE-AÇÚCAR 201 CONTROLE DAS PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR 210 MANEJO ECOLÓGICO DE PRAGAS DOS CITROS 220 MOSCA-DAS-FRUTAS EM FRUTICULTURA 228 MANCHA PRETA OU PINTA PRETA DOS CITROS 240 MOSCA BRANCA EM HORTALIÇAS 248 MANEJO DE PRAGAS EM CULTURAS DE TOMATE E PIMENTÃO 254 DOENÇAS FÚNGICAS DO TOMATEIRO E DO PIMENTÃO 267 CONTROLE DE INSETOS VETORES DE VÍRUS EM HORTALIÇAS 281 SOLARIZAÇÃO DO SOLO NO CONTROLE DE FITOPATÓGENOS 290 MANEJO INTEGRADO:OPÇÃO OU NECESSIDADE PARA SE CULTIVAR HORTALIÇAS EM AMBIENTE PROTEGIDO 299 MANEJO DA RESISTÊNCIA DO CARRAPATO BOOPHILUS MICROPLUS A ACARICIDAS 311 CLOSTRIDIOSES NA ESPÉCIE OVINA 318 EIMERIOSE OVINA 325 DOENÇAS DA REPRODUÇÃO 333 PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DA QUALIDADE DO LEITE 343 ESTUDO DAS TERAPIAS DA MASTITE CATARRAL DOS BOVINOS NA CLÍNICA DE OBSTETRICIA E GINECOLOGIA DA ESCOLA SUPERIOR DE MEDICINA VETERINÁRIA DE HANNOVER 355 RAIVA RURAL E URBANA 358

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Os Nematóides de Galha que Infectam o cafeeiro no Brasil Professor Assistente Doutor, Nematologista Jaime Maia dos Santos

Departamento de Fitossanidade, UNESP/Faculdade de Ciencias Agrárias

e Veterinárias, Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane s/n, CEP

14884-900 Jaboticabal - Sao Paulo. E-mail: [email protected]

1. Súmula Histórica

No final do século XIX, entre agosto de 1886 e novembro de

1887, Dr. Emil August Göldi, naturalista suíço que trabalhava no Museu

Nacional, no Rio de Janeiro, escreveu um documento que se tornou um

marco na história da Nematologia no Brasil e no mundo. Trata-se do

conhecido “Relatorio sobre a Molestia do Cafeeiro na Provincia do Rio

de Janeiro”. Esse documento contém a descrição de Meloidogyne Goeldi

g. n. e sua espécie tipo, M. exigua sp. n. A esse nematóide, o autor

atribuiu a causa da doença que vinha dizimando os cafezais da então

Província do Rio de Janeiro, desde cerca de 20 anos atrás (GOELDI,

1892). No citado relatório, o autor fez menção a existência de duas

formas da doença, nos seguintes termos:

“a) uma fórma chronica. O pé não morre sinão mezes depois

do apparecimento dos primeiros symptomas exteriores supra -citados

e alcança ás vezes o anno seguinte.

b) uma fórma aguda ou fulminante. O pé morre de repente

em 8 a 15 dias, sem antes ter apresentado distinctamente os

symptomas supra-citados”.

Sobre esse aspecto do problema, o autor ainda fez o seguinte

comentário:

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"No principio da minha estada na zona da molestia do

cafeeiro - achava-me então (Agosto a Novembro de 1886) nas

grandes plantações da Serra Vermelha - eu tinha largamente

occasião de ver exemplos da primeira fórma; mas apezar de todos os

meus esforços não me foi possivel encontrar um unico exemplar da

segunda.

Mais tarde (Janeiro de 1887) achei um primeiro exemplo do

lado esquerdo do baixo rio Parahyba, entre Grumarim e Monte

Verde (Fazenda de Santa Theresa), e recentemente (Junho de 1887)

observei outros em enorme quantidade, maior mesmo do que a de

exemplares da fórma chronica."

Essas informações podem ser consideradas os primeiros fatos que

dão suporte à hipótese de que outras espécies de Meloidogyne Goeldi,

além de M. exigua, já estavam ocorrendo na região. De fato, das cerca de

80 espécies dos nematóides de galha descritas, 14 infectam o cafeeiro e,

dessas, seis ocorrem no Brasil. Além dessas seis, já se tem conhecimento

de, pelo menos, duas outras novas espécies por serem descritas em

cafeeiro, no Estado de São Paulo. Além desse considerável número de

espécies que ocorrem no País, outros fatos dão suporte a essa hipótese: 1)

a Nematologia, como Ciência, estava apenas “nascendo”, naquela época.

Não havia conhecimentos morfo-anatômicos dos fitonematóides,

suficientes para uma caracterização precisa das populações; 2) o gênero e

sua espécie tipo estavam sendo descritos na ocasião. Por conseguinte,

não se conhecia outras espécies, salvo Meloidogyne javanica (Treub,

1885) Chitwood, 1949 que havia sido descrita em Java, como Heterodera

javanica, infectando a cana de açúcar (Saccharum officinarum L.), dois

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anos antes da conclusão do referido relatório (TREUB, 1885). Por

oportuno, o relatório de GOELDI (1892) contém, apenas, uma breve

menção desse fato; 3) provavelmente, a caracterização do gênero e de sua

espécie tipo foi feita com base no estudo de populações que causavam a

doença em sua “fórma chronica”, conforme a descrição dada pelo autor.

De fato, à época, tanto quanto atualmente, essa expressão da doença era

muito mais comum que a outra referida como “fórma aguda ou

fulminante” (GOELDI, 1892). Na Zona da Mata, Alto Paranaíba e Sul de

Minas Gerais, na maior parte dos cafezais do Espírito Santo, e na região

geo-econômica de Vitória da Conquista - BA, além de outras regiões

produtoras de café das Américas do Sul e Central, essa é, senão a única, a

forma predominante da doença; 4) não se reconhece, atualmente, a

“fórma aguda ou fulminante” da doença causada por M. exigua em

cafeeiros, conforme o relato de GOELDI (1892); 5) a agressividade de

populações de outras espécies de Meloidogyne ao cafeeiro (C. arabica),

tais como Meloidogyne incognita (KOFOID & WHITE, 1919) CHITWOOD,

1949, Meloidogyne coffeicola LORDELLO & ZAMITH, 1960 e de

Meloidogyne paranaensis CARNEIRO et al., 1996, geralmente resulta

num quadro sintomatológico que mais se aproxima da descrição do autor

para a “fórma aguda ou fulminante” da doença, que de qualquer

expressão dos sintomas resultante da ação de M. exigua. Do exposto,

infere-se que, outras espécies de Meloidogyne, além de M. exigua,

também contribuíram para forçar a substituição da cafeicultura pela cana

de açúcar no Estado do Rio de Janeiro e, além disso, estiveram sempre

envolvidas entre as causas da mobilidade do principal pólo de produção

de café no Brasil. Com efeito, depois do Rio de Janeiro, o Estado do

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Paraná tornou-se o principal pólo de produção de café, detendo o status

de maior produtor por vários anos.

As geadas, em conjunção com os nematóides, notadamente M.

incognita, M. coffeicola e M. paranaensis, e as crises do preços do

produto no mercado internacional, causaram enormes revezes à

cafeicultura no Estado do Paraná, levando os paulistas à liderança na

produção brasileira.

Em São Paulo, as geadas não foram tão determinantes para o

decréscimo na produção de café como o foram no Paraná. Os nematóides

de galhas (Meloidogyne spp.) devastaram a cafeicultura das regiões

conhecidas como Mogiana, Alta Paulista, Nova Alta Paulista,

Sorocabana, Noroeste e outras. Na região geo-econômica de Ribeirão

Preto, por exemplo, nos municípios de Adamantina, Cafelândia, Dracena,

Garça, Marília, Tupi Paulista, Vera Cruz, e muitos outros, os danos à

cultura foram devastadores. Os mineiros, então, passaram à liderança na

produção e ainda detêm o status de maiores produtores. Isso por não

terem as espécies mais agressivas disseminadas dentro de suas fronteiras

e, principalmente, pela expansão da cultura no cerrado. Dificilmente, o

Estado de Minas Gerais perderá a liderança na produção brasileira de

café. Primeiro, porque o Estado detém extensas áreas aptas para

cafeicultura que ainda não foram plantadas. Segundo, porque já há, hoje,

um razoável nível de conhecimento entre os médios e grandes

cafeicultores sobre o problema. Terceiro, porque grande parte dos novos

investimentos na cafeicultura, em áreas de fronteiras agrícolas, são feitos

por cafeicultores que vieram de áreas devastadas pelos nematóides e que,

naturalmente, vão se precaver contra a repetição do insucesso. Quarto,

porque o Estado de Minas Gerais criou uma estrutura invejável de

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fiscalização contra a introdução de pragas e doenças em suas fronteiras

que, hoje, pode ser considerado um exemplo para todo o País. O IMA,

órgão da Secretaria de Estado da Agricultura em Minas, composto por

jovens idealistas e bem treinados, executam um trabalho de fiscalização

fitossanitária e educação dos agricultores mineiros que, inclusive, inspira,

hoje, a política de outros Estados para o setor. Há de se considerar,

também, o trabalho de uma geração de agrônomos que, no antigo IBC,

notadamente na décadas de 1970 e 1980, fincaram os alicerces da nova

cafeicultura no Brasil. O trabalho anônimo de muitos desses

profissionais, contando com a participação direta de outros Colegas do

Ministério da Agricultura de então, garantiram a não introdução em

Minas Gerais de espécies devastadoras de nematóides de galha do

cafeeiro, tais como M. incognita, M. paranaensis e M. coffeicola.

Somente nos anos de 1976 e 1977, no Estado de São Paulo, três

milhões de mudas de cafeeiro infestadas foram destruídas, para impedir a

dispersão dos nematóides de galha (CURI, 1982). Contudo, no Estado de

São Paulo, à época, os nematóides já estavam enormemente distribuídos

e, por conseguinte, os benefícios da prática não foram tão sentidos. Foi a

cafeicultura mineira a maior beneficiária dessa prática corajosa e

acertada.

2. Espécies de Meloidogyne que Infectam o Cafeeiro no Brasil

SANTOS & TRIANTAPHYLLOU (1992) relataram os resultados de

um estudo realizado no Departamento de Fitopatologia da Universidade

Estadual da Carolina do Norte, EUA, envolvendo 88 populações de

nematóides de galhas coletadas nos Estados do Paraná, São Paulo, Minas

Gerais, Espírito Santo e Bahia, em raízes de cafeeiro e/ou em plantas

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daninhas dentro de cafezais. Com base nos fenótipos isoenzimáticos para

esterase, e em estudos morfo-anatômicos aos microscópios óptico e

eletrônico de varredura, identificaram 23 populações de M. incognita

(fenótipo isoenzimático para esterase classificado como I1); 17

populações de M. exigua (VF1); 13 populações de M. javanica (J3); 15

populações de uma espécie não descrita, na época, com o fenótipo

isoenzimático F1; 10 populações de outra espécie nova com o fenótipo

isoenzimático denominado, na ocasião, de S1M1 e uma população de

outra espécie nova que não exibia bandas de esterase. A espécie com

fenótipo F1, CARNEIRO et al. (1976) a descreveram e a nomearam M.

paranaensis e a população que não exibia bandas de esterase, SANTOS

(1997) a descreveu e a nomeou M. goeldii. Nenhuma das 13 populações

de M. javanica infectou o cafeeiro. Com efeito, nenhuma delas havia sido

recuperadas de raízes de cafeeiro mas, de plantas daninhas ou de

amostras de solo de cafezais. Assim, as espécies que infectam o cafeeiro

no Brasil são: M. exigua, M. incognita, M. coffeicola, M. hapla, M.

paranaensis e M. goeldii. Dessas, M. incognita, M. coffeicola e M.

paranaensis são as mais destrutivas.

3. As Práticas de Manejo de Nematóides em Cafezais

Em nosso País, onde as estratégias de manejo das populações

desses nematóides, no passado, foram baseadas, principalmente, em

métodos não químicos, a inexistência de pessoal treinado na identificação

das espécies, em parte, impediu o progresso na luta contra essas pragas.

Para utilização do manejo químico de nematóides, o conhecimento da

espécie presente não é um requisito. De fato, entre os nematicidas, não há

uma especificidade de produtos para esse ou aquele nematóide,

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comparável à que se observa entre os inseticidas, acaricidas, fungicidas e

herbicidas. Ao contrário, na prática, considera-se que um certo

nematicida sistêmico tem a mesma eficiência para todos os nematóides

presentes numa gleba. As formulações, os ativos, e as técnicas de

aplicação, hoje, são muito mais eficazes do que eram há alguns anos. Em

culturas perenes infestadas, tais como cafeeiro e citros (nematóide dos

citros, Tylenchulus semipenetrans, e Pratylenchus spp.), não se pode

abdicar da intervenção sistemática com aplicação de nematicidas. Além

de prejuízos à produtividade, advindos dos danos causados pelos

nematóides, o encurtamento da vida produtiva da lavoura é uma perda

usualmente ignorada.

No presente, técnicas moleculares, notadamente a identificação

dos fenótipos isoenzimáticos para esterase, a utilização da microscopia

eletrônica de varredura e o estudo de novos caracteres morfométricos e

anatômicos têm possibilitado significativo avanço na identificação de

espécies de Meloidogyne. Os programas de melhoramento, hoje, têm

muito mais chances de sucesso do que tiveram no passado, visto que, as

espécies contra as quais se estaria introduzindo um determinado gene de

resistência, hoje, podem ser identificadas com a precisão que não se tinha

no passado. Com isso, hoje pode se ter o conhecimento preciso da

distribuição das espécies, identificando-se as mais agressivas, contra as

quais o melhoramento deve ser priorizado, o que redundaria em muito

maior benefício para a cafeicultura de uma região. O enfoque pode ser

dado, inclusive, a nível de propriedade.

A utilização da enxertia do cafeeiro, como medida de manejo de

nematóides, iniciada na Guatemala em fins dos anos 50, conforme

STRAUBE & SCHIEBER (1959), citados por SCHIEBER (1966) e REYNA

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(1966), citado por SCHIEBER (1968), foi aperfeiçoada na então Seção de

Genética do IAC de Campinas e garantiu a sobrevivência da cafeicultura

em muitas áreas em São Paulo e no Paraná. Os insucessos são atribuídos

às dificuldades para identificação precisa das espécies de Meloidogyne,

tanto na fase inicial de avaliação das linhagens de porta-enxertos, quanto

mais tarde, nas áreas onde os materiais enxertados foram plantados.

A enxertia do cafeeiro, no entanto, ainda não foi explorada no

todo. Com efeito, a alta resistência de C. canephora var. Robusta a

Pratylenchus coffeae, ainda não foi explorada no Brasil, visto que esse

nematóide, apesar de seu alto potencial destrutivo, ainda está muito

pouco distribuído nas regiões cafeeiras do País. A resistência de C.

canephora a M. exigua, também, ainda não está sendo explorada, visto

que é generalizada a crença que não se trata de um nematóide muito

nocivo ao cafeeiro. Contudo, a experiência tem mostrado que M. exigua,

também, pode comprometer a renovação de lavouras em áreas infestadas.

Essa ameaça paira sobre a cafeicultura do Sul do Estado de Minas Gerais

que, em sua grande parte, está em idade de renovação e tem M. exigua

amplamente distribuída por toda região. A renovação nos moldes

tradicionais, utilizando pé franco, certamente, vai significar uma

dificuldade a mais para a sobrevivência da cafeicultura na região.

A entrada de outros países no mercado de café e as mudanças de

hábitos dos consumidores, em relação à bebida, são ameaças reais aos

bons preços do produto no mercado internacional de café. Além disso, a

presença de M. exigua em altas populações, nas áreas em renovação do

Sul de Minas, vai exigir a aplicação de nematicidas, elevando,

consideravelmente, os custos de produção. Esses aspectos, não trazem

bons presságios para a cafeicultura da região.

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Se examinarmos o rol de culturas perenes no Brasil, veremos que são

raríssimas as que não são enxertadas. O cafeeiro está entre essas. É

sabido e aceito que, em qualquer cultura muito melhorada, e poucas

perenes o foram quanto o café, o ganho de qualquer característica,

sempre ocorre em detrimento da perda de rusticidade. Com o cafeeiro

também foi assim. A enxertia de uma variedade de C. arabica em um

porta-enxerto de C. canephora var. robusta, certamente restitui ao

primeiro, parte da rusticidade perdida no melhoramento da cultura. De

fato, pesquisas em São Paulo já mostraram que a produção de parcelas

enxertadas de uma variedade de C. arabica, sobre o porta-enxerto de C.

canephora var. Apoatã, desenvolvido no IAC, produziu até cerca de 30%

mais que a mesma de C. arabica não enxertada, ambas plantadas em

áreas contíguas e não infestadas por nematóides. Esse benefício,

considerado um aditivo à resistência a M. exigua, os cafeicultores do Sul

de Minas, e de outras áreas infestadas em renovação, estão assumindo

que vão perdê- lo, também.

O plantio de Crotalaria spp., ou outras plantas antagonistas, nas

entrelinhas, não é uma prática eficaz no controle de Meloidogyne spp.

Isto porque os nematóides se concentram nas raízes e solo da rizosfera,

embaixo da copa do cafeeiro, onde a ação das raízes de uma Crotalaria

sp., plantada nas entrelinhas, não se dará. A ação das raízes de Crotalaria

spp. é endógena. Se os juvenis de segundo estádio dos nematóides não

penetrarem em suas raízes não serão afetados. Por conseguinte, culturas

perenes infestadas irão requerer um tratamento anual com nematicidas.

Nas áreas de fronteira, e em culturas não infestadas, a medida de manejo

mais eficaz é a prevenção. Atitudes de profissionais têm que ser adotadas

em todas as propriedades. As visitas devem ser restritas e cuidados

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especiais têm que ser adotados no trânsito de máquinas e veículos e na

aquisição de mudas de plantas para quebra-vento. Os nematóides do

cafeeiro podem ser introduzidos na fazenda, também, em mudas de

frutíferas destinadas à implantação de um pomar, ou mesmo em mudas

de plantas ornamentais, destinadas aos jardins da sede, entradas da

fazenda e outros. Meloidogyne incognita, por exemplo, um dos

nematóides mais devastadores dos cafezais, infecta quase todas as

espécies de plantas dessas categorias e pode ser introduzida na fazenda

por mudas infectadas dessas plantas.

4. LITERATURA CITADA

CARNEIRO, R.M.D.G.; CARNEIRO, R.G., ABRANTES, I.M.O.; SANTOS,

M.S.N.A.; ALMEIDA, M.R.A. Meloidogyne paranaensis n. sp.

(Nemata: Meloidogynidae), a root-knot nematode parasitizing coffee

in Brazil. J. Nematol., 28: 177-189, 1996.

CURI, S.M. Coffee culture problems caused by root-knot nematodes in

Brazil. In: Research And Planning Conference On Root-Knot

Nematodes Meloidogyne spp., 1982, Brasília. Proceedins...

Department of Plant Biology/University of Brasília, 1982. p.35-42.

GOELDI, E.A. Relatório sobre a molestia do cafeeiro na Provincia do Rio

de Janeiro. Arch. Mus. Nac., .8:1-21, 1892.

SANTOS, J.M. DOS. Estudos das principais espécies de Meloidogyne

Goeldi que infectam o cafeeiro no Brasil com descrição de

Meloidogyne goeldii sp. n. 1997. 153 f. Tese (Doutorado em

Agronomia) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade

Estadual Paulista, Botucatu, 1997.

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SANTOS, J.M. DOS; TRIANTAPHYLLOU, H.H. Determinação dos fenótipos

isoenzimáticos e estudos comparativos da morfologia de 88

populações de Meloidogyne spp. parasitas do cafeeiro. Nematol.

Bras., 16: 88, 1992.

SCHIEBER, E. Nematode problems of coffee. In: GROVER JÚNIOR, C.S.;

PERRY, V.G. Tropical Nematology. Gainesville: Center for Tropical

Agriculture, 1968. p.81-92.

SCHIEBER, E. Nemátodos que atacan al café en Guatemala, su

distribuición, sintomatología y control. Turrialba, 16: 130-135, 1966.

TREUB, M. Onderzoekingen over serehzeik suikerriet gedaan in s’Lands

Plantentuin te Buitenzorg. Mededeelingen uit’s Lands Plantentuin,

Buitenzorg, .2: 1-39. 1885.

O AGRONEGÓCIO CAFÉ NO MUNDO: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVA

Engenheiros Agrônomos e Pesquisadores Científicos Luiz Moricochi &

Sebastião Nogueira Júnior

Diretor do Centro de Estudos de Comercialização, Instituto de Economia

Agrícola. Av. Miguel Stefano, 3900. Cep 04301-903, São Paulo - SP.

Fone: 11-5073-8477/ 5073-0244. E-mail: [email protected]

1. Produção

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

(USDA), a produção mundial de café no ano 2000 foi da ordem de 115

milhões de sacas. Não existe consenso, entretanto, em torno desse

número, inclusive com outras fontes estimando volume menor. O volume

maior do total produzido é representado pelo café arábico seguido do

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café robusta/conilon, com mais de 40 milhões de sacas. O principal país

produtor de café é o Brasil com volume de 31,1 milhões de sacas,

segundo a EMBRAPA, cifra que poderia ter superado 40 milhões de

sacas, não fossem os problemas de clima ocorridos nos anos de 1999

(seca e geadas) e de 2000 (seca). Em seguida vem o Vietnã com mais de

13 milhões de sacas. Esse país produzia, 10 anos atrás, pouco mais de

1milhão sacas de café, surpreendendo, portanto, como novo e segundo

ator mais importante no cenário cafeeiro do mundo. Para se ter uma idéia

do dinamismo da cafeicultura vietnamita, basta citar que esse país supera

a Colômbia, hoje terceiro produtor mundial com menos de 12 milhões de

sacas, embora detendo apenas metade da área cultivada em relação ao

país sul- americano. Em seguida, como grandes produtores, destacam-se

Indonésia, México, India, Guatemala, Costa do Marfim, Etiópia e

Uganda. Esses 10 países respondem em conjunto por quase 80% da

produção mundial de café.

2. Consumo

Também, existem controvérsias quanto ao volume de café

consumido no mundo. A Organização Internacional do Café (OIC), por

exemplo, estima o consumo atual em 102 milhões de sacas contra 108

milhões de sacas de outras fontes. Desse total, \cerca de 25 milhões de

sacas são utilizados nos próprios países produtores.

Inúmeros são os fatores que influenciam o consumo de café no

mundo, tais como, preços, renda, população, hábitos de consumo,

qualidade do produto, novos produtos, educação, preço de bebidas

alternativas e marketing. É mais do que óbvia a importância dos fatores

preço, renda e população afetando o consumo. Entretanto, é preciso estar

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atento para o fato de que os mesmos isoladamente podem ser até menos

determinantes do que a ação em conjunto dos demais fatores. Um

exemplo: o preço do café no varejo americano subiu, em valor real, cerca

de 13% entre os anos de 1946 e 2000. Com esse incremento de preço e

levando-se em consideração o coeficiente de elasticidade - preço da

demanda de café, estimada em –0,373 pelo Banco Mundial, poder-se ia

esperar que o consumo americano de café experimentasse uma queda da

ordem de 5% no período. No entanto, a redução no consumo foi bem

maior, da ordem de 50%, passando de 8 para 4 kg per capita! No caso

estadunidense, dois outros fatores foram determinantes para diminuir o

consumo de café: a perda de qualidade da matéria-prima utilizada na

indústria e a concorrência das bebidas alternativas que tinham um apelo

maior para os jovens, representadas principalmente pelos “soft drinks”

(refrigerantes e isotônicos de modo geral). Acrescente-se ainda que a

acirrada concorrência entre as diferentes marcas dessas bebidas através

da mídia acabava penalizando ainda mais o uso de café.

O hábito de consumo, por sua vez, é importante variável a ser

considerada nos estudos de demanda de café. A respeito disso, é

importante destacar que enquanto em alguns países esse costume tem que

ser criado e/ou estimulado, em outros tem que ser pelo menos mantido.

No primeiro caso, pode ser citada a China, que tem apresentado elevado

incremento na demanda (fala-se em mais de 15% no último ano) embora

seu volume total seja ainda baixo (estimativas tem variado entre 400 mil

e 600mil sacas) a despeito de sua elevada população (mais de 1,2 bilhão

de pessoas). O país possui uma cultura inteiramente voltada para a

ingestão de chá, devido à ainda bastante arraigada crença de que o café

faz mal a saúde. A mesma situação ocorre praticamente em toda a Ásia

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com exceção do Japão. Entretanto, entre os países que ainda tomam

pouco café, embora com mercado mais promissor a prazo mais curto,

pode ser citada a Rússia que consome apenas 300g per capita. Com o seu

processo de recuperação econômica, a Rússia vem experimentando

expressivo incremento na utilização do café, com a vantagem da

existência de menores barreiras culturais na sua utilização, quando

comparada com a China.

No norte e no oeste da Europa, entretanto, o consumo, apesar de

elevado, encontra-se estagnado. A saída para esses casos seria procurar

novas formas de apresentação da bebida. O café solúvel, cujo consumo

mundial ultrapassa hoje 18 milhões de sacas (equivalente- café verde), é

resultado de esforços da pesquisa, iniciados no começo do século

passado, mas com resultados comerciais práticos alcançados somente

nos anos 30 quando houve superprodução de café no Brasil. Outro

exemplo de inovação é o café enlatado, consumido na forma gelada e que

responde por 1/3 do consumo de café no Japão, apreciado principalmente

pelo segmento jovem da população e que movimenta mais de US$10

bilhões. Segundo alguns analistas, a reativação no consumo de café na

Alemanha que se observa no momento deve-se à criatividade da sua

industria que tem disponibilizado uma gama enorme de novas

alternativas para consumo, como, por exemplo, café com leite, café com

creme e capuccino com diferentes aromas, entre outras. A produção de

solúvel teria dobrado nos últimos 10 anos na Alemanha graças a essas

formas diferenciadas de utilização e que, no conjunto, respondem por

mais de 70% das vendas de solúvel. Esses exemplos são citados apenas

para mostrar que a inovação seria a saída para ativar os mercados que

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apresentam elevado consumo per capita, mas que se encontram

estagnados.

A educação, na medida em que tem influência direta na renda

individual ou familiar, é também fator importante no consumo de café.

Mas uma variável decisiva, que deveria ser encarada com maior

seriedade, pois envolve todos segmentos, refere-se ao marketing. O café

colombiano tornou-se conhecido no mundo graças aos recursos da ordem

de US$ 40 milhões (hoje o montante de recursos é menor) gastos

anualmente no passado para a sua divulgação no exterior. Entretanto, o

grande desafio do setor é o desenvolvimento de ações conjuntas para

aumentar a demanda total do produto, tendo como principal foco

despertar o interesse da população jovem.

Finalmente, devem ser desenvolvidas ações nos países

produtores, visando mudar de forma radical seus padrões de consumo.

Não se concebe que países como Colômbia, Indonésia, Vietnan e

México, entre outros, mantenham baixa proporção de consumo em

relação a sua produção. É provável que o mercado mundial de café não

estivesse com os preços tão aviltados se houvesse um esforço dos países

produtores para aumentar o seu consumo interno, com ganho adicional

estimamados empiricamente em 13 a 15 milhões de sacas.

3. Preços

Sem maiores considerações de natureza teórica, pode-se dizer que

o ajuste entre as condições de oferta e demanda de qualquer bem

econômico se faz basicamente via preços. Obviamente que existem

momentos em que, baseando-se em expectativas verdadeiras ou não, se

queira tirar proveito de determinada situação. Mas, se essas expectativas

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não estiverem bem aderentes às reais condições de oferta e demanda, o

resultado será o fracasso total. Imagine-se por exemplo a seguinte

situação hipotética: o volume de equilíbrio mundial (sem excesso ou

escassez de café) é da ordem de 100 milhões de sacas anuais (lembrando

que esse número é apenas hipotético), o consumo de café cresce 1,5% e a

oferta aumenta 5% ao ano. Cinco anos depois, a produção aumentará

para 128 milhões de sacas, enquanto que o consumo mal chegará aos 108

milhões de sacas. Seriam 20 milhões de sacas de diferença em apenas 5

anos! Teoricamente, essa situação de excesso de produto poderia ser

contornada pelo desenvolvimento de ações tanto do lado da demanda

quanto do lado da oferta. Entretanto, como são ações de caráter mais

estrutural do que conjuntural não resolveriam o problema a curto prazo.

Do lado da oferta, por exemplo, o problema seria atenuado se houvesse

uma coordenação forte e consciente de planejamento da produção,

visando dissuadir os produtores a aumentar afoitamente a área de café

quando os preços se encontrassem bem acima dos custos de produção.

Contudo, como esse planejamento é ainda inexistente e até utópico

devido aos interesses particulares, o mercado se alterna entre períodos de

preços extremamente favoráveis e desfavoráveis. Esses preços atingiram

US$400 em janeiro de 1986, caíram para US$40 em 1992 e voltaram a

subir até atingir US$200 em maio de 1997, quando teve início a fase

descendente que perdura até os dias de hoje. Essa fase negativa deve

durar até que seja desovada (?) uma grande safra mundial, que ainda está

por vir, se não houver quaisquer contratempos de clima e outra

intempéries. A partir daí, seguramente, o ciclo se repetirá com nova fase

de preços ascendentes. Entretanto, se houver alteração nas expectativas

de grande safra, em decorrência de problemas climáticos (secas

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prolongadas, geadas, terremotos, furacões etc), poderá ocorrer reversão

mais cedo no ciclo de preços. No mundo todo (inclusive Vietnan), o café

já vem enfrentando sérios problemas de preços. No caso particular dos

produtores brasileiros, essas dificuldades foram agravadas pelo

inconveniente Plano de Retenção conduzido pela Associação dos Países

Produtores de Café (APPC) e apoiado firmemente pela maior parte das

lideranças do setor e pelas autoridades brasileiras. Só a partir de abril

próximo passado é que o Brasil procurou encontrar uma saída para essa

armadilha, embora seja impossível recuperar os prejuízos causados pelo

referido Plano. Estimam-se que mais de US$ 380 milhões deixaram de

ser internalizados pelo setor produtivo em momento mais oportuno.

4. Conclusão

O setor cafeeiro está passando por situação bastante delicada. Mas

a história econômica desse produto mostra que isso sempre acontece, ou

seja, momentos de grandes dificuldades são quase que inevitáveis como

decorrência de fase expansionista que os antecede. É reconfortante,

entretanto, saber que chegarão de novo os momentos em que haverá

recuperação de preços. É preciso estar preparado essa situação.

Gerenciamento dos negócios é palavra- chave nessa conjuntura: saber

comprar bem os insumos, evitar desperdícios na propriedade e ficar

atento às oscilações de mercado. Assim procedendo, certamente o

produtor fará com que a atual “crise” se transforme em boas

oportunidades de negócio, conforme também é o significado dessa

palavra no ideograma oriental.

5. Literatura Consultada

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COFFEE BUSINESS. Rio de Janeiro. Oficina de Comunicação e

Marketing, 2000

MORICOCHI, LUIZ; MARTIN,NELSON B; VEGRO, CELSO L. R. Políticas de

Intervenção No Mercado de Café. Anuário Estatístico do Café 2000-

2001 6. Ed Rio de Janeiro, p./28-37,2000.

MUIR, K.S. Coffee Consumption: more than we think? F.O.Licht

International Coffee Report , 15: 171-179, 2000

VEGRO, CELSO L. R.; MARTIN, NELSON B;& MORICOCHI, L.. Sistema de

Produção de Café: estudos de custos e competitividade. Informações

Econômicas, 30: 37-44. 2000.

MANEJO INTEGRADO DAS DOENÇAS BIÓTICAS E ABIÓTICAS DO

CAFEEIRO

Laércio Zambolim

Professor Titular do Departamento de Fitopatologia da Universidade

Federal de Viçosa, Viçosa – MG, CEP 36.570-000, E-mail:

[email protected].

Produzir café com qualidade mantendo a sustentabilidade da

lavoura com menor agressão ao meio ambiente é fator vital para a

economia cafeeira no mundo moderno. Tornou-se importante não só

aumentar a produtividade, mas reduzir os custos de produção, buscar

constantemente a qualidade para que novos mercados possam ser

identificados, e atenção às demandas da sociedade, para que o seu bem-

estar seja atingido. Além disto, a utilização de técnicas e métodos

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modernos de manejo devem ser equilibradas, de tal maneira que o meio

ambiente não seja agredido, mas conservado (Tabela 1).

Tabela 1 – Sucesso na cafeicultura para se buscar a sustentabilidade

A qualidade que tanto se busca e que tanto se espera do produto

final é função de todos os fatores de produção que são empregados na

cafeicultura. Desde a escolha da variedade (característica genética), do

local de plantio, da fertilização, do controle fitossanitário até a escolha do

tratamento que é dado ao café na colheita, do beneficiamento, da

armazenagem e do meio ambiente irão influenciar a qualidade.

As doenças do cafeeiro vêm ao longo dos anos, afetando a

qualidade e a produtividade do café. A busca da qualidade e da

sustentabilidade na cultura do café tem como pilar de sustentação do

Manejo Integrado. No Manejo Integrado, como enfatiza KOGAN (1988),

Produtividade

Custo de Produção

Qualidade

Sociedade

Novos Mercados

Aumento

Redução

Busca Constante

Bem-estar

Identificação

Meio ambiente

Sustentabilidade

Conservação

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todos os esforços devem ser buscados para que tais objetivos sejam

atingidos: o econômico, o ecológico e o sociológico. Na medida em que

se procura produzir com qualidade observando a relação custo/benefício,

a ecologia da região, o emprego de práticas de conservação do solo e da

água em todos os sentidos e da lavoura cafeeira, e o bem-estar da

sociedade (o consumidor), o cafeicultor está preparado para enfrentar a

globalização. As doenças podem ser de natureza biótica ou infecciosa e

de natureza abiótica ou não- infecciosa. As doenças de natureza bióticas

mais comuns são: a ferrugem ainda é a principal doença biótica que

incide no cafeeiro, desde sua descoberta no Brasil, há mais de 30 anos,

com predominância da raça II de Hemileia vastatrix; a mancha-de-olho-

pardo pode surgir nas lavouras com deficiência nutricional; a mancha de

Phoma, em talhões da lavoura sujeitos a ventos frios; a mancha de

Ascochyta e mancha Aureolada em regiões com alta umidade e chuvas

finas constantes; a mancha anular ocorre em reboleiras nas lavouras

sendo transmitida por acaro, com ocorrência esporádica, e os nematoides

de galhas com maior severidade em solos arenosos. As doenças de

natureza abióticas comumente observadas a campo destacam-se: seca de

ramos ortotrópicos e plagiotrópicos, murcha e seca das plantas, declínio

da planta e da produção, queda de frutos, amarelecimento e escaldadura

de folhas. Há ainda outras doenças, de importância secundária, que só se

manifestam sob certas condições. O amarelinho do cafeeiro, cujo agente

causal a bactéria fastidiosa, Xyllela fastidiosa, segundo a literatura pode

ser encontrada no xilema das plantas depauperadas nutricionalmente e

pouco vigorosas, e a antracnose cujos sintomas de necrose dos ramos e

frutos apresentam associação com espécies de estirpes fracas do gênero

Colletotrichum. Frequentemente nas áreas necrosadas têm sido isolados

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as espécies C. gloeosporioides e C. acutatum. Tais espécies de

Colletotrichum têm sido isoladas de frutos em formação, desde a fase de

chumbinho até a maturação sugerindo que o fungo penetra durante a

floração permanecendo no estado latente dentro de fruto, e de ramos com

ou sem sintomas de necrose, sugerindo que o fungo também é endofítico

nos ramos e manifesta os sintomas de necrose após a planta ter sofrido

algum estresse (estiagem prolongada) ou sob condições de extrema

umidade causada por chuvas finas constantes por vários dias.

Os principais fatores de produção que devem ser observados na

produção do cafeeiro são: 1 – plantio de variedades superiores; 2 –

nutrição adequada e equilibrada; 3 – espaçamento compatível com a

variedade, o tipo de solo, a topografia e o tipo de colheita; 4 – o clima

onde a cultura será implantada; 5 – intensidade de doenças, pragas e

plantas daninhas; 6 – características físicas do solo; 7 – disponibilidade

de água no solo; 8 – teor de matéria orgânica no solo; 9 – topografia da

região; 10 – altitude; 11 – exposição solar em que a cultura é instalada; e

12 – o potencial genético da variedade.

As doenças vão em maior ou menor grau proporcionar a redução

na produtividade, dependendo da suscetibilidade da cultivar e do clima

da região. De um modo geral, a ferrugem reduz de 35 a 40% da

produção; em anos com déficit hídrico acentuado pode-se chegar a 50%.

O pico de máxima intensidade da ferrugem varia de região para região e

está em função do clima, da altitude, e se a variedade é precoce, média ou

tardia etc. Devido a estes fatores o controle de doença deve ser feito,

baseando-se no clima, na fenologia da planta e na amostragem de folhas.

Em anos agrícolas de alta carga da lavoura, a ferrugem atinge a

severidade máxima próximo à colheita; em anos de baixa produtividade,

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a ferrugem pode não atingir nível de controle (5 – 10% de folha com

ferrugem). Em se tratando da mancha de Phoma, prejuízos de 10 – 50%

podem ocorrer, dependendo das condições do local em que a cultura é

implantada. Em locais sujeitos a ventos frios constantes, em altitudes

superiores a 1000m, a cultura pode tornar-se inviável. Em altitudes

inferiores a 1000m a doença também pode ocorrer, mas com menor

severidade, principalmente em plantas localizadas na direção dos ventos

e na periferia das lavouras. Em lavouras não sujeitas a ação de ventos o

controle químico só é viável, quando a porcentagem de infecção atingir

10 – 20%. A mancha-de-olho-pardo ocorre na cultura do café no campo

e, em mudas, se ocorrerem as seguintes condições: deficiências

nutricionais e desequilíbrio nutricional e em exposições sujeitas à intensa

insolação, principalmente lavouras na exposição poente. Nestas

condições ocorre rápida perda de água das folhas e frutos, o que

predispõe as plantas ao ataque da mancha-de-olho-pardo, levando à

desfolha e consequentemente seca de ramos e queda de frutos. Mancha-

de-Ascochyta – trata-se de uma doença muito comum em viveiros e no

campo em lavouras formadas sob condições de extrema umidade. O

excesso de irrigação em viveiro, principalmente em mudas formadas em

tubetes, pode predispor as mudas no ataque da doença, levando-as à

morte prematura. Sob condições de campo, a doença pode ocorrer

também quando as lavouras são adensadas a semi-adensadas e quando

ocorrer de 10 a 15 dias de chuvas finas e freqüentes com a formação de

nevoeiro. Atualmente, a doença tem sido muito destrutiva na região

cafeicultora de Vitória da Conquista na Bahia. A mancha aureolada surge

na cultura do café quando as plantas são injuriadas por chuva de pedra,

pelas rodas dos pivôs centrais ao passar sob as plantas, por implementos

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agrícolas, principalmente sob condições de irrigação por pivô central. O

adensamento das plantas também contribui para o aumento da severidade

da mancha aureolada. Como a doença é causada por uma bactéria, injúria

e presença de água são necessários para a penetração e infecção. Os

nematóides do gênero Meloidogyne que atacam o cafeeiro, devem ser

identificados em nível de espécie para que sejam tomadas as medidas de

controle específicas. De um modo geral, tais nematóides causam maiores

prejuízos sob condições de solo arenoso ou argiloso arenoso. O ácaro da

leprose transmite o vírus da mancha anular que provoca desfolha e queda

de frutos. Torna-se necessário, portanto, identificar o ácaro da leprose nas

folhas, proceder a amostragem para se determinar se a praga atingiu ou

não o nível de controle para que acaricidas específicos sejam

recomendados ou não.

Uma das medidas recomendadas para o controle da ferrugem e do

bicho mineiro do cafeeiro é a aplicação de fungicida sistêmico misturada

à inseticida sistêmico, no solo, no início da estação chuvosa. Entretanto,

tal medida tem afetado a sustentabilidade da lavoura quando a mistura é

empregada por vários anos consecutivos (4 – 5 anos) em anos de alta e de

baixa carga da lavoura. O cafeicultor ao empregar tal medida não leva em

consideração a severidade da ferrugem e nem do bicho mineiro, pois os

produtos são aplicados antes do surgimento da doença e da praga.

Portanto, neste tipo de recomendação não se leva em consideração o

nível de equilíbrio e nem o nível de controle, fatores essenciais no

manejo integrado.

As principais doenças abióticas que incidem no cafeeiro são a

seca de ramos plagiotrópicos e ortotrópicos, seca de ponteiros, declínio

das plantas, amarelecimento das plantas, queda prematura de frutinhos,

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seca repentina das plantas, escaldadura das folhas e murcha das plantas.

Tais doenças podem ser causadas por vários fatores tais como ventos

frios, raízes tortas, sistema radicular deficiente, camada adensada do solo,

altitude elevada com ventos frios, sulcos e, ou, covas rasas, deficiências

nutricionais, raios, chuva de pedra, insolação intensa e constante das

plantas, seca prolongada, baixas temperaturas e queima por misturas de

defensivos agrícolas (Tabela 2).

Para se proceder o manejo integrado das doenças do cafeeiro

deve-se observar os seguintes pontos: cuidado com a exposição poente da

lavoura; proceder o sulcamento e a formação de covas adequados;

empregar plantas do tipo quebra-vento e que possa também reduzir a

insolação na lavoura; fertilização e calagem do sulco de plantio ou das

covas; emprego de matéria orgânica no plantio quando for possível;

proceder a fertilização de acordo com a análise do solo e foliar; uso de

micronutriente foliar de acordo com a análise (cobre, zinco e boro são

essenciais para quase todas as regiões). O manganês é essencial para

algumas regiões do cerrado; proceder amostragens para se determinar a

necessidade de atomização de defensivos para a ferrugem, mancha-de-

Phoma, mancha-de-Ascochyta, ácaro da leprose transmissora do vírus da

mancha-anular e mancha-de-olho-pardo. As atomizações devem ser

feitas também, levando-se em consideração o clima, regime de chuvas,

fenologia da planta, altitude, nível nutricional das plantas, espaçamento,

topografia da região e carga pendente; e deve-se levar em consideração

também a área a ser tratada com fungicidas. Áreas muito extensas,

superiores a 500 mil plantas demandam grande quantidade de máquinas

para cobrir toda a área para o controle de doenças e correções de

deficiências nutricionais. Além disto, o tempo envolvido nas atomizações

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é longo, e em muitos casos o cafeicultor não colocará o produto em

tempo na planta para o controle de uma praga ou doença. Daí a

necessidade de se realizar o planejamento da lavoura para se proceder o

controle fitossanitário. No planejamento, neste caso, deve-se levar em

consideração as aplicações de defensivos via solo e via foliar, quando

necessários.

Tabela 2 – Doenças abióticas ou não infecciosas do cafeeiro e suas

causas.

Doenças

abióticas

Prováveis Causas

Seca de ramos

ponteiro

Ventos frios no inverno e na primavera

Altitude elevada associada a ventos frios

Chuva de granizo

Alta carga de frutos associado a deficiência

nutricional

Déficit hídrico

Camada adensada do solo

Covas ou sulcos rasos

Baixas temperaturas

Raízes tortas e sistema radicular pouco desenvolvido

Deficiência e desequilíbrio nutricional

Queda prematura

de chumbinhos

Deficiência e desequilíbrio nutricional antes do

florescimento

Estresse hídrico associado a altas temperaturas

Predominância de chuvas finas e constantes por

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longo período (apodrece o pedúnculo facilitando o

ataque de Colletotrichum e outros fungos e

bactérias)

Ataque de fungos tais como Phoma, Cercospora e

vírus da mancha anular.

Óvulos não fecundados.

Declínio das

plantas

Raízes pouco desenvolvidas e ou tortas

Ataque de nematóides

Deficiência e desequilíbrio nutricional

Ataque de mosca-do-berne

Escaldadura das

folhas em plantas

(até 1 ano)

Insolação intensa

Murcha das

plantas

(anos de alta

carga de frutos)

Estresse hídrico

Predominância de alta temperatura

Solos arenosos

Faísca elétrica

Afogamento do coleto das plantas

Pião torto

Raízes tortas

Camada adensada no solo

Covas rasas

Amarelecimento Deficiência nutricional

Déficit hídrico

Toxidez causada por fertilizantes, herbicidas,

micronutrientes por via foliar, fungicidas etc.

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Faísca elétrica

COLLETOTRICHUM EM CAFEEIRO

Pesquisador Científico Osvaldo Paradela Filho

Eng. Agrônomo, Instituto Agronômico de Campinas, Av. Barão de

Itapura, 1481; Campinas, SP. E-mail: [email protected]

Entre os patógenos que afetam o cafeeiro diferentes espécies do

gênero Colletotrichum têm-se destacado ultimamente, podendo, em

determinadas condições causar perdas na produtividade.

No Brasil, vários isolados do fungo já foram identificados. Esses

isolados foram referidos como formas das espécies Colletotrichum

coffeanum e Colletotrichum gloeosporioides.

Na África já foram definidos três isolados considerados como

formas das espécies Colletotrichum gloeosporioides, Colletotrichum

acutatum e Colletotrichum kahawae (sin. Colletotrichum coffeanum).

Colletotrichum kahawae causa a doença denominada CBD

“Coffee Berry Disease”, no Quênia, na Etiópia e em outras regiões de

elevada altitude da África. Dependendo da virulência do isolado, pode

destruir e derrubar até 80% dos frutos cerejas.

As Doenças e os Sintomas

A doença mais antiga atribuída a esse fungo é a “seca dos ramos”

ou “seca dos ponteiros”. Os sintomas são desfolhamento e morte

descendente dos ramos. Esse tipo de sintoma também é atribuído a

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algumas espécies do gênero Phoma. Esse isolado de Colletotrichum

sempre foi reconhecido como um saprófita que habita a casca do

cafeeiro, afetando ramos quando favorecido por ferimentos,

principalmente em períodos de umidade elevada.

Outra denominação de doença conhecida causada por

Colletotrichum spp. é “antracnose”. O fungo incide sobre ramos e frutos

que sofrem injúrias. Também provoca manchas irregulares necróticas

próximas às margens das folhas. Em folhas novas de ramos novos, o

fungo provoca abscisão. Finalmente, em plântulas de viveiros e

sementeiras ele induz o aparecimento de manchas pardas no caule que

podem levar a plântula à morte. Esses sintomas são atribuídos a isolados

dos fungos Colletotrichum gloeosporioides e Colletotrichum kahawae.

Como ocorre com a “seca dos ramos”, os isolados dos fungos

causadores da antracnose também foram reconhecidos por outros

pesquisadores como fungos que normalmente se encontram nas lavouras

como saprófitas, mas podem passar a causar danos em lavouras mal

manejadas. Em regiões altas, a incidência é maior porque apresenta mais

umidade e temperaturas amenas.

A possível mistura de isolados de Colletotrichum spp. que ocorre

no Estado de São Paulo tem permitido a observação no cafeeiro de um

quadro sintomatológico que apresenta as seguintes características em

condições naturais de campo:

Ø Escurecimento e morte das estípulas dos nós sempre afetando

primeiro as da base do ramo, e em seguida infectando as próximas em

direção ao ponteiro.

Ø Lesões necróticas nos ramos de cor parda passando a preta, sempre

caminhando da base do ramo para o ponteiro.

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Ø Lesões necróticas em folhas.

Ø Queda das folhas, sendo primeiro as da base, caminhando em seguida

para o ponteiro do ramo.

Ø Lesões necróticas pardas, passando a negras, em gemas, flores,

chumbinhos e frutos.

Ø Provoca a morte e queda das flores e chumbinhos.

Ø Enegrecimento e morte de ramos.

Ø Retardamento do desenvolvimento das plântulas em viveiro

provocado por lesões no caule.

Observações realizadas nos últimos anos têm mostrado que os

sintomas mais críticos e prejudiciais para o cafeeiro são aqueles em que o

fungo incide sobre gemas, flores e chumbinho, provocando sua morte e

queda, e enegrecimento e morte de ramos. Isto sugere que o isolado

patogênico do fungo tem preferência por tecidos em crescimento. Os

sintomas não estão relacionados com plantas injuriadas ou culturas mal

manejadas; pelo contrário eles são mais intensos e evidentes em culturas

novas e muito bem conduzidas.

Todos os sintomas apresentados, ou parte deles ocorrem

invariavelmente em todas as lavouras de café do Estado de São Paulo,

como também em muitos viveiros.

O Fungo e as Condições Favoráveis

Colletotrichum spp. do cafeeiro são parasitas facultativos.

Apresentam uma fase parasítica e uma fase saprofítica. A fase saprofítica

pode-se constituir em importante fonte de inóculo para a sua

disseminação.

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Entre os fatores de disseminação do fungo entre e dentro das

plantas, destacam-se a chuva, vento, insetos, implementos, homem, etc.

As mudas têm-se mostrado a maneira mais eficiente de se introduzir o

patógeno em uma nova cultura de cafeeiro.

O ambiente exerce efeito marcante na sobrevivência e fase

saprofítica de parasitas facultativos. Períodos contínuos de alta umidade

favorecem o desenvolvimento da doença. Temperaturas mais baixas, em

torno de 22oC, beneficiam o fungo, tornando os sintomas mais intensos.

Os fatores ambientais podem estar selecionando isolados mais

patogênicos ou estimulando o mecanismo do fungo que permite passar

rapidamente da fase saprofítica para a fase patogênica.

Medidas de Controle

A medida de controle recomendada é o uso de defensivos

agrícolas. Produtos de ação sistêmica devem impedir que o fungo se

desenvolva, colonizando ramos, gemas, flores, chumbinho e frutos. Os

produtos de contato atuam reduzindo a disseminação do fungo na planta.

Para o controle de Colletotrichum spp., produtos de ação

sistêmica como benomyl, tiofanato metílico, tebuconazole, tiofanato

metílico + clorotalonil e difenoconazole, e produtos de contato como

trifenil acetato de estanho, prochloraz e trifenil hidroxido de estanho,

foram altamente eficientes em condições de laboratório.

A eficiência do tratamento com esses produtos tem sido variável,

dependendo do isolado do fungo envolvido no processo de infecção.

O período de florescimento e formação de frutos é o mais crítico e

deve ser protegido. Deve-se fazer um acompanhamento da lavoura para

se verificar o início do aumento da doença.

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Iniciado o florescimento, se ocorrer um período prolongado de

umidade relativa alta, aplicar produto de ação sistêmica. Se

posteriormente houver evolução da doença, o agricultor deve repetir o

tratamento. Proteger sempre a fase de chumbinho quando houver

ocorrência de chuvas prolongadas.

Referências Bibliográficas

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DORIZZOTTO, A. & ABREU, M.S. Caracterização e morfologia de

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GODOY, C.V.; BERGAMIN FILHO, A. & SALGADO, C.L. Doenças do

cafeeiro. In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.;

CAMARGO, L.E.A; REZENDE, J.A.M. Manual de Fitopatologia:

Doenças das Plantas Cultivadas. São Paulo, Ceres, v.2, 1997, p.

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GALLI, F. (Coord.) Manual de Fitopatologia: Princípios e Conceitos.

Ceres, 373 p. 1978.

KIMATI, H.; GIMENES FERNANDES, N.; SOAVE, J.; KUROZAWA, C.;

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Fitopatologia, 2a ed., Jaboticabal, 225 p., 1997.

SILVEIRA, A.P. & PATRÍCIO, F.R.A. Principais doenças da cultura do

cafeeiro e seu controle. In: Reunião Itinerante de Fitossanidade do

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Mycol. Res., 97: 989-994, 1993.

BREVIPALPUS PHOENICIS, ÁCARO VETOR DA MANCHA-ANULAR EM

CAFEEIRO

Paulo Rebelles Reis

EPAMIG-CTSM/EcoCentro, Caixa Postal 176, CEP 37.200-000, Lavras,

MG .E-mail: [email protected]

1. Introdução

O ácaro Brevipalpus phoenicis (GEIJSKES, 1939) (Acari:

Tenuipalpidae) tem sido relatado vivendo em cafeeiros no Brasil, pelo

menos desde 1950 (A Infestação, 1951) e posteriormente foi

correlacionado com a mancha-anular (CHAGAS, 1973) causada por vírus

do grupo dos Rhabdovirus (CHAGAS, 1988). É de distribuição

cosmopolita, infestando diversas espécies vegetais (REIS, 1974;

TRINDADE & CHIAVEGATO, 1994).

Até 1988 a doença, mancha-anular do cafeeiro, não tinha ainda

representado problema econômico, embora em 1986 tenha sido associada

a uma intensa desfolha devido a um inverno com baixa precipitação

pluvial, condição muito favorável ao ácaro (CHAGAS, 1988).

Desde 1990, com destaque para 1995, a infestação de B. phoenicis

e da mancha-anular, têm sido relatadas em Minas Gerais causando

intensa desfolha em cafeeiros, principalmente na região do Alto

Paranaiba (FIGUEIRA et al., 1996), sendo também constatada a presença

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do ácaro nas demais regiões cafeeiras do Brasil, tanto em cafeeiro

arábica, quanto em canéfora (MATIELLO, 1987).

Brevipalpus phoenicis, ácaro-plano, ou da leprose como é

conhecido na citricultura, é uma séria praga da cultura dos citros

(CHIAVEGATO, et al., 1982; CHIAVEGATO, 1991) atacando as folhas,

ramos e principalmente os frutos, causando prejuízos. Seu levantamento

e controle em citros são indispensáveis a cada ano.

No cafeeiro, segundo CHAGAS (1973), desde 1970 quando foi

constatada a ferrugem-do-cafeeiro, Hemileia vastatrix, no Brasil, a

atenção dos cafeicultores foi despertada para diversos tipos de manchas

que ocorriam nas folhas. Muitas amostras apresentavam sintomas da

mancha-anular do cafeeiro. Segundo o autor, em folhas afetadas pela

mancha-anular, foi observada, com certa freqüência, a presença de ácaros

avermelhados, cujo aspecto e dimensões assemelhavam-se aos de B.

phoenicis associado à leprose nos laranjais paulistas. Posteriormente

foram identificados como sendo mesmo B. phoenicis.

2. Etiologia e Sintomas da Mancha-anular do Cafeeiro

CHAGAS (1973) conseguiu reproduzir os sintomas da mancha-

anular, em mudas de Coffea arabica ‘Mundo Novo’, através da

infestação com ácaros provenientes de lavoura de café apresentando a

doença. Os resultados obtidos indicaram que o ácaro B. phoenicis, além

de estar associado a leprose dos citros (MUSUMECI & ROSSETTI, 1963) e à

clorose-zonada (ROSSETTI et al., 1965), está também associado à

mancha-anular do cafeeiro. Essa espécie de ácaro foi também associada à

mancha-anular do ligustro, Ligustrum lucidum Ait. (Oleaceae)

(RODRIGUES & NOGUEIRA, 1996), cujo agente causal provavelmente é

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um vírus (Ligustrum Ringspot Virus) como relatado por LIMA et al.

(1991).

Em 1986, segundo CHAGAS (1988), devido a condições

ambientais muito favoráveis ao ácaro, a mancha-anular foi associada à

queda de folhas. Relata ainda o autor que os sintomas aparecem nas

folhas e nos frutos do cafeeiro, e caracterizam-se por manchas cloróticas,

de contorno quase sempre bem delimitado, às vezes com um ponto

necrótico central. Nas folhas as manchas tomam constantemente forma

de anel, podendo coalescer, abrangendo grande parte do limbo. Nos

frutos, os sintomas também aparecem na forma de anéis.

SILVA et al. (1992) diagnosticaram em 1991 a “leprose do

cafeeiro” transmitida pelo ácaro, por julgarem, pelos sintomas, ser

diferente da mancha-anular, ocorrendo no Alto Paranaíba em Minas

Gerais, com prejuízos iniciais significativos. Nos anos subseqüentes, e,

principalmente em 1994/1995, verificaram uma grande expansão da

doença naquela e em outras regiões.

PALLINI FILHO et al. (1992) em levantamentos de ácaros

realizados no Sul de Minas, em 1989/1990, constataram a ocorrência do

ácaro B. phoenicis em baixa população e não notaram a presença de

mancha-anular.

MATIELLO et al. (1995) mencionaram que as plantas atacadas, e

com sintomas do ataque do ácaro, ficam bastante desfolhadas, de dentro

para fora, ficando “ocas”. Os frutos apresentam lesões cor de ferrugem

(marrom claro) evoluindo depois para uma cor negra, alguns recobertos

por fungos oportunistas (tipo Colletotrichum), aparecendo um pó branco

sobre as lesões. Os autores constataram também lesões em ramos e, em

menor escala, morte de gemas apicais nos ramos de dentro das plantas.

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Como ocorre em citros (RODRIGUES et al., 1997), também em

cafeeiro duas hipóteses podem ser estabelecidas para explicar a

sintomatologia do ataque, ou seja, as lesões podem ser causadas por uma

toxina injetada pelo ácaro no tecido das plantas ou o ácaro é o vetor de

um patógeno, provavelmente um vírus. A transmissão da leprose em

citros pela enxertia (CHAGAS & ROSSETTI, 1983 citados por RODRIGUES

et al., 1997) e mecanicamente (COLARICCIO et al., 1995) reforça a

hipótese de que a doença nessa cultura é causada por um patógeno,

porém não descarta a segunda, ou podem ocorrer as duas

simultaneamente.

Segundo RODRIGUES et al. (1997) a característica não sistêmica

atribuída ao vírus ressalta a importância do vetor B. phoenicis na

epidemiologia da doença, porque a presença do ácaro é condição

essencial, sem a qual não ocorre a sua disseminação. Relatam ainda,

esses autores, a ocorrência de partículas semelhante a vírus, como

resultados da análise de secções ultrafinas de tecidos do ácaro sob

microscópio eletrônico, os quais relatam como sendo similares aos vírus

de plantas dos grupos Badnavirus e Rhabdovirus, tal qual o relato de

KITAJIMA et al. (1971) em tecido foliar de citros. Ainda RODRIGUES et al.

(1997), pelo local e quantidade de partículas encontradas, relatam a

possibilidade do vírus multiplicar-se dentro do vetor, B. phoenicis.

3. Distribuição Espacial do Ácaro Brevipalpus phoenicis em Cafeeiro

Como é relatado para os citros, para a mesma espécie de ácaro,

foi constatada a presença do B. phoenicis nas folhas, ramos e frutos do

cafeeiro. Nas folhas os ácaros localizam-se na página inferior, próximos

às nervuras, principalmente a central. Nos frutos, ácaros e ovos,

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encontram-se preferencialmente na coroa e pedúnculo, sendo também

encontrados em fendas e lesões na casca dos frutos com aspecto de

cortiça. O maior número de ovos e ácaros é encontrado no terço inferior

das plantas, tanto nas folhas, ramos e frutos. Nas folhas, o maior número

de ovos e ácaros é encontrado naquelas do terço inferior e posição interna

da planta, e em menor número nas da parte superior e posição externa da

planta. Já nos ramos o maior número de ovos e ácaros é encontrado na

parte distal, que é a parte verde dos ramos, onde estão as folhas, e o

menor número na parte do ramo que não apresenta folhas, ou do interior

das plantas. De modo geral, o número de ovos é sempre maior que o de

ácaros. Os ramos apresentam o menor número de ovos e ácaros, quando

comparados às folhas e frutos (REIS et al., 2000c). Estes resultados

diferem em parte daqueles encontrados para citros com a mesma espécie

de ácaro (CHIAVEGATO & KHARFAN, 1993), onde a maior preferência foi

para frutos e ramos, e os locais menos adequados foram as folhas, porém

é possível que hajam diferenças conforme a época do ano.

4. Dano

Além da queda de folhas já relatada anteriormente, ocorre

também uma redução na qualidade do café, provavelmente em função da

posterior ocorrência de fungos associados às infestações do ácaro, que

ocasionarão fermentações indesejáveis durante a secagem do café. Após

o ataque do ácaro os frutos ficam predispostos à penetração de

microorganismos, como é o caso do fungo Colletotrichum

gloeosporioides, e que é comum ser encontrado em condições

saprofíticas em cafeeiro.

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Através da medida da atividade da polifenol oxidase de amostras

de café, com e sem ataque do ácaro, foi constatado uma piora na

qualidade da bebida do café proveniente dos grãos atacados, que de

bebida mole passou a bebida dura (REIS & CHAGAS, no prelo).

5. Manejo do Ácaro da Mancha-anular

Fenbutatin-oxide (Torque 500 SC, 80 ml/100 litros de água),

hexythiazox (Savey 500 PM, 3g), clofentezine (Acaristop 500 SC, 40

ml), abamectin (Vertimec 18 CE, 30 ml), tetradifon (Tedion 80 CE, 300

ml) e enxofre (Kumulus 800 PM, 500 g), previamente selecionados como

seletivos a dois ácaros inimigos naturais de B. phoenicis, os ácaros

predadores I. zuluagai (REIS et al., 1998a) e E. alatus (REIS et al.,

1999a), foram testados no controle do ácaro da mancha-anular em cafezal

altamente infestado. Com uma só aplicação dos produtos com atomizador

costal motorizado e gasto de 1000 litros de calda por hectare, alto volume

de calda acaricida necessário para melhor eficiência no controle desse

ácaro (OLIVEIRA & REIFF, 1998; OLIVEIRA et al., 1998), os produtos mais

eficientes e respectivas porcentagens de eficiências de controle foram:

enxofre (88%), fenbutatin-oxide (86%), abamectin (70%) e tetradifon

(64%). O hexythiazox e clofentezine não mostraram efeito de controle do

ácaro no campo. O efeito ovicida de todos os produtos foi avaliado em

laboratório, pulverizados com torre de pulverização (2,12±0,09 mg/cm2),

e somente o hexythiazox apresentou 100% de ação ovicida, seguido do

fenbutatin-oxide com 51%. Quanto ao efeito residual sobre a mortalidade

dos ácaros, obtido em semi-campo, o enxofre, fenbutatin-oxide e

abamectin apresentaram mortalidade até 30 dias da aplicação,

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hexythiazox e tetradifon até 15 dias e clofentezine menos de 5 dias (REIS

et al., 1998b).

Outros produtos como o dicofol (Kelthane) 480 SC (Reis et al.,

1999b) e o propargite (Omite) 720 CE (REIS et al., 2000a), também

muito eficientes no controle do ácaro da mancha-anular, devem ser

utilizados com maior cautela por não possuírem seletividade fisiológica à

ácaros predadores do ácaro B. phoenicis (REIS et al., 1998a e 1999a).

6. Considerações Finais

O ácaro da mancha-anular ou ácaro-plano, B. phoenicis, adquiriu

"status" de praga por veicular o vírus da mancha-anular em cafeeiro.

Ocorre durante o ano todo, porém apresenta maior população nos

períodos mais secos do ano, onde seu monitoramento deve ser acentuado

(REIS et al., 2000b).

Os resultados obtidos por REIS et al. (2000c) mostram que

amostragens do ácaro da mancha-anular, para efeito de controle, serão

mais representativas se forem feitas em ramos e frutos do terço inferior, e

folhas mais internas do terço inferior das plantas. Dão informações

também de quais partes das plantas devem ser alvo de produtos

fitossanitários para o controle do ácaro, ou seja, o equipamento a ser

utilizado deve proporciona r um depósito dos produtos nas partes

interiores das plantas, principalmente dos terços inferior e médio.

Devido à maior quantidade de ovos presentes nos ramos e frutos,

em relação às demais fases do desenvolvimento do ácaro (REIS et al.,

2000b), o uso de produtos fitossanitários com ação ovicida aumenta a

eficiência de controle do B. phoenicis. Como a presença de ácaros

predadores é significativa (REIS et al., 2000b) e com grande potencial de

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predação (REIS et al., 2000d), o uso de produtos seletivos favorece o

manejo do ácaro da mancha-anular.

7. Referências Bibliográficas

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MÉTODOS ALTERNATIVOS DE APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS EM

CAFEEIROS

Dr. Octávio Nakano

Prof. Titular do Depto. de Entomologia Fitopatologia e Zoologia

Agrícola - ESALQ/USP. E-mail: [email protected]

As áreas cultivadas de café no Brasil tem apresentadas altas e

baixas, principalmente em função das geadas; sua ocorrência desanima

os produtos atingidos sem incentivo para novos plantios; entretanto as

oscilações nos preços do café, a nível internacional, estimularam o

plantio em áreas não favoráveis a essa adversidade climática. Tais áreas,

conhecidas por região do cerrado, passaram a exigir novas tecnologias

devido a pobreza do solo e predominância de secas; essas condições

tornaram os cafezais mais vulneráveis as pragas e doenças, obrigando a

pesquisa a desenvolver modificações no controle das mesmas, com a

finalidade de reduzir os custos de produção.

De outro lado, a sociedade cada vez mais exigente quanto aos

processos ecológicos tem direcionado as pesquisas nas aplicações de

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defensivos menos poluentes, minimizando os problemas toxicológicos.

Novas leis começam a surgir, com proteção a fauna e a flora e alguns

importadores do café passaram a exigir café orgânico, sem tratamento

químico.

A aplicação de defensivos em cafezais já vem de longa data; a

literatura tem relatado novas modalidades de controle químico, iniciada

pelas pulverizações nas folhas com inseticidas ou fungicidas sistêmicos;

posteriormente, para evitar lavagens dos produtos pelas chuvas e também

agressão aos inimigos naturais ou contaminação ao aplicador, surgiram o

sistêmicos granulados para aplicação no solo.

Alguns sistêmicos foliares como o dimetoato, tiveram suas

formulações modificadas para se adaptarem ao uso no solo, pois devido a

sus alta solubilidade, foi necessária a confecção de camadas intercaladas

do ingrediente ativo, para uma liberação lenta.

A utilização de aplicação combinada de inseticida com fungicida

no solo, surgiu por volta de 1980, visando o controle simultâneo do bicho

mineiro e da ferrugem do cafeeiro. A termonebulização com piretroides

já era recomendada desde 1979 visando o uso da substancia pastosa

(poli-butadieno / poli-acaricida) contendo 10% de Citrolane (mefosfolan)

aplicado no tronco dos cafeeiros com o auxilio de pincel e o

esguichamento de inseticidas também no caule das plantas surgirem em

1984; pulverizadores eletrodinâmicos no controle do bicho mineiro

foram lançados em 1986; sua grande vantagem é o direcionamento das

gotas inseticidas sem deriva, com redução considerável do ingrediente

ativo.

Porém, a utilização de sistêmicos granulados de solo continuava a

predominar e todos eles com elevada toxidade como: aldicarbe,

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carbofuran, disulfotom, forate, passaram a preocupar os ambientalistas,

principalmente após problemas surgidos com a contaminação de águas

em regiões montanhosas, onde podem ser levados pelas chuvas.

Com isso, as pesquisas se iniciaram novamente com novas

modalidades de aplicação como o esguicho manual ou tratorizado no

caule; outro tipo de aplicação ainda em fase de teste é o band-aid

envolvendo o caule das plantas, processo mais trabalhoso, mas com a

vantagem de proteger o inseticida da degradação pelos raios solares, das

lavagens pelas chuvas, com conseqüente aumento no efeito residual,

menor risco ao aplicador e menos agressivo aos inimigos naturais.

O aparecimento de um novo grupo de inseticida sistêmico,

denominado neonicotinoide, com DL50 muito mais seguro comparado

aos sistêmicos fosforados e carbamatos, passou a oferecer aos

cafeicultores métodos mais seguro de aplicação em qualquer dos sistemas

já preconizados.

As técnicas de aplicação desses novos defensivos voltaram a ser

testadas com sucesso por ser um ativo com local de atuação diferenciado

no sistema nervoso dos insetos, portanto, com possibilidade de

resistência remota. Sua relativa estabilidade tanto no solo como aplicado

no caule estão oferecendo resultados satisfatórios excelentes resultados.

Mas, a preocupação com os processos ecológicos, tem feito surgir

novas legislações preocupando as empresas tanto sob aspecto econômico

da produção de defensivos quanto ao aspecto toxicológico. Taxas

elevadas passaram a ser cobradas pelos órgãos fiscalizadores

inviabilizando o registro de novos produtos. Com isso, os genéricos

começam a ser utilizados novamente surgindo a necessidade de pesquisas

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visando técnicas de aplicações menos poluentes ou menos agressivas ao

agroecosistemas.

O uso de microencapsulados ganha espaço novamente, na

tentativa de reduzir o contato do homem aos defensivos com o DL 50

dermal comprometedor ao mesmo tempo em que se consegue maior

efeito residual sobre as pragas. Já existem no mercado o Paracap,

formulação microencapsulada do Paratiom metil e o piretroide Lambda -

cialothrina, este último pouco e menos irritante, com maior ação residual.

A nova legislação passa a exigir também que as embalagens de

defensivos sejam rcolhidas após o seu uso; pesquisas visando a redução

dessas embalagens também já foram iniciadas, surgindo novas

formulações para minimizar essa exigência, tornando o inseticida menos

poluente quando comparado aos pós e as formulações liquidas.

Novos métodos alternativos para o uso de defensivos deverão

surgir em conseqüência de novas exigências, seja pela legislação, seja

devido a redução de custos e também pelo aspecto inovador, oferecendo

aos usuários processos moderno e mais competitivos em relação a

concorrência.

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MANEJO DE PRAGAS NA CULTURA DO CAFEEIRO

Pesquisador Científico José Roberto Scarpellini

Eng. Agrônomo, Laboratório de Sanidade Animal e Vegetal de Ribeirão

Preto – Centro de Ação Regional, Instituto Biológico. R. Peru, 1472-A,

CEP 14075-310 Ribeirão Preto, SP. Email: [email protected]

1. Introdução

O café vem perdendo gradativamente sua importância nas

exportações brasileiras, tendo representado 70% na década de 20,

passando a 50% em 1960 e atualmente tem ficado em torno de 5%,

embora o Brasil continue como maior exportador (22% do mercado em

1998) e maior produtor mundial (34,5 milhões de sacas em 1998). A

produção mundial é de 106 milhões de sacas (1998) sendo a taxa de

crescimento nesta década de 0,2%, indicando uma estagnação do

consumo (ORMOND et al., 1999). O Estado de São Paulo é o segundo

produtor brasileiro (20%), atrás somente de Minas Gerais (38%).

Maiores produções, menores desequilíbrios biológicos e controle

mais eficiente de pragas e doenças que infestam a cultura do café, têm

sido obtidos com a aplicação de práticas integradas e o planejamento de

táticas a serem empregadas na intervenção no agroecossistema cafeeiro,

ou seja, o Manejo Integrado de Pragas na cultura cafeeira. Consideram-se

estratégias o conhecimento e utilização adequada da adubação, época de

plantio, espaçamentos, fenologia das plantas, irrigação, nutrição,

reguladores de crescimento de plantas, reguladores de crescimento de

insetos, seletividade dos inseticidas/acaricidas e variedades resistentes.

As táticas a serem utilizadas são: preservação do controle biológico

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natural, controle biológico artificial (liberações de inimigos naturais),

controle químico baseado em níveis de dano e uso de práticas culturais

(BUSOLI, comunicação pessoal).

Para se fazer Manejo Integrado de Pragas é preciso levar em

consideração quatro fatores: Amostragens (conhecer a dinâmica

populacional das pagas); Níveis de danos econômicos, combinação de

todas as técnicas disponíveis (táticas e estratégias) e raciocinar que nem

todo ácaro ou inseto se constitui numa praga (BUSOLI, comunicação

pessoal). Para seu emprego é preciso conhecer: métodos de amostragem

(monitoramento); comportamento e biologia das pragas; fenologia das

plantas; níveis de ação; níveis de dano; inseticidas seletivos (controle

natural); controle integrado; inimigos naturais e outros artrópodos;

práticas culturais; influência de fatores ecológicos (físicos, substrato,

alimento e fatores biótipos).

2. Conhecimento das Pragas

O inseto/ácaro passa a ser considerado praga, quando atinge uma

população que começa a apresentar danos econômicos á cultura. A mais

importante delas, e praga chave no cafeeiro é o bicho mineiro Leucoptera

coffeellum (Guérin-Menéville (Lepidoptera: Lyonetiidae)).

Ø Bicho mineiro Leucoptera coffeellum (Guérin-Menéville)

(Lepidoptera: Lyonetiidae).

Sua ocorrência está fortemente ligada aos fatores meteorológicos.

Quando ocorrem veranicos longos, os estragos feitos pelo bicho mineiro

é muito grande, a ele sendo atribuídos a queda excessiva de folhas. Em

anos de secas, as infestações têm sido especialmente altas.

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O bicho mineiro á a lagarta branca, cujo adulto é uma mariposa

pequena, que fica alojada no baixeiro da planta, voando quando as folhas

da saia são agitadas. A mariposa coloca os ovos na página superior da

folha (28 a 50 ovos/fêmea) e a lagartinha assim que eclode (± 5 dias de

incubação), penetra através da cutícula e se aloja no “parênquima”, de

cujos tecidos se alimenta. Ao completar o desenvolvimento (10 a 40 dias)

a lagarta abandona a galeria em que viveu e prendendo-se em fios de

seda procura empupar em folhas mais próximas do solo (5 a 40 dias para

a emergência). Produzem até 7 gerações por ano, com um ciclo total de

20-30 dias (verão) e 40-45 dias (inverno).

Os surtos de bicho mineiro ocorridos em 1972/73 e 1973/74

foram referidos por AMANTE et al. (1974), como sendo causados por um

desequilíbrio ecológico que favoreceu o aumento populacional do

lepidóptero. O efeito colateral dos fungicidas cúpricos foi demonstrado

em Minas Gerais e São Paulo por PAULINI et al. (1976) e MARCONATO et

al. (1976), respectivamente. GRAVENA (1983) observou que 82% das

folhas com lesões da praga caem antecipadamente àquelas sem lesão.

GRAVENA (1984), comprovou também o favorecimento populacional do

bicho mineiro face às pulverizações de fungicidas cúpricos, sugerindo a

redução de pulverizações dos mesmos e adotando-se inseticidas seletivos

para o controle do bicho mineiro.

Nos anos normais, com quedas regulares de chuvas durante o

inverno, não existe o problema do bicho mineiro. Nos anos de seca

quando sua ocorrência é mais grave, ocorre maior queda de folhas,

principalmente devido ao déficit hídrico, tendendo as plantas a liberarem

as folhas (reservas nutricionais da planta) que estão contribuindo menos

com a fotossíntese (no caso folhas danificadas pelo bicho mineiro).

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Existem muitos inseticidas disponíveis no mercado para o

controle por pulverizações foliares, mas salvaguardando o custo-

benefício, a preferência por inseticidas granulados sistêmicos, que

controlem simultaneamente bicho mineiro e ferrugem, reduzindo a

população de cigarras é uma opção em várias localidades, sendo

prejudicado em áreas onde o bicho mineiro ocorre tardiamente (Maio-

Agosto).

Ø Broca do café Hypothenemus hampei (Ferrari, 1867) (Coleoptera:

Scolytidae).

A história de broca do café H. hampei começa em 1913 quando o

então diretor do Instituto Agronômico alertou sobre a possibilidade da

entrada da broca, principal praga do cafeeiro em outros países, com a

importação direta de mudas pelos fazendeiros (BERTHET, 1913). Em

1924 é anunciado pela imprensa a entrada da praga fatal e é constituída

uma comissão para debelação da praga cafeeira, que vai fazer

importantes investigações sobre o assunto e em 1927 é transformada no

Instituto Biológico de Defesa Sanitária Animal e Vegetal, hoje Instituto

Biológico de São Paulo (BATISTA FILHO, 1988).

De acordo com GALLO et al. (1988) o adulto da broca do café é

um besourinho preto luzidio; medindo a fêmea cerca de 1,65 mm de

comprimento por 0,73 mm de largura. O macho é menor e possui cerca

de 1,18 mm de comprimento por 0,73 mm de largura. O corpo é

subcilíndrico, ligeiramente recurvado para frente. Os élitros possuem

cerdas e escamas filiformes. Os machos não voam e não deixam nunca os

frutos onde se originaram. A razão sexual é de 1 macho para cada 10

fêmeas. A fêmea após o acasalamento perfura o fruto, geralmente na

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região da coroa e começa a construir uma galeria desagregando pequenas

partículas da estrutura da casca. REIS & SOUZA (1986) afirmam que não

se deve confundir a broca, com a falsa broca H. obscurus (FABRICIUS,

1801) que possui cerdas espatuladas, mais largas e com cinco a seis

estrias longitudinais. A falsa broca alimenta-se somente da polpa do fruto

bem seca, não atingindo os cotilédones, não se constituindo uma praga. É

relatado também casos de ataque de broca em armazenamento e até em

frutos guardados no refrigerador.

OLIVEIRA FILHO (1927) relacionou o ataque da broca em diversos

estágios de desenvolvimento dos frutos de café, afirmando que o ataque

da broca no estágio “Chumbinho” (2-4 mm) de Ø, 3 meses após as

floradas gerais ou parciais com conteúdo quase líquido, é sempre na

coroa e em geral são abandonados logo que o inseto chega ao líquido.

Aos quatro meses os cotilédones ainda não estão formados e quase

líquidos, atacado, não se desenvolvem. Com cinco meses o pergaminho

está formado e a galeria é terminada onde é feita a oviposição ou de onde

emigram para outro fruto. BENASSI (1989) afirma que o estágio preferido

pela fêmea da broca para perfuração é o “verdolengo”, isto é, quando o

fruto começa a ficar colorido, os frutos verdes passam a tomar cor de

maduros.

Quando o café é beneficiado aparecem 3 categorias de café: a de

grãos perfeitos ou sãos, a de broqueados, em mistura com os primeiros e

o café escolha. Além dessas categorias, que implicam em perfeição ou

em defeitos do lote considerado, há que ser levada em conta, uma quarta

categoria, parte do café que foi destruída, que desaparece e determina

perda de peso ocasionada pela broca. Quando o grau de infestação é

muito alto, diminui a porcentagem de grãos perfeitos e aumenta a de

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grãos inteiros, porém perfurados, a de café escolha é a de grãos

quebrados.

Do ponto de vista comercial, o café broqueado entra com grande

parcela da responsabilidade na inferiorização do tipo, portanto, na

depreciação comercial, pois cinco grãos perfurados constituem um

defeito. A proporção sexual é de um macho para 9,75 fêmeas. A fêmea

penetra no fruto abrindo uma galeria, cujo inicio ou orifício de

penetração normalmente esta na coroa ou disco do fruto. Atingida a

semente, a galeria é alargada em câmara piriforme, na qual são postos os

ovos.

O período de incubação varia de 4 a 16 dias (com média de 7,6

dias). A larva atinge o completo desenvolvimento de 9 a 20 dias (13,8

dias em media) e o período pupal é de 4 a 10 dias (com média de 6,3

dias). A fecundidade média é de 74,1 ovos, com variação de 31 a 119

ovos. A longevidade média dura 156,6 dias, com variação de 81 a 282

dias. Durante um ano, fo rmam-se 7 gerações durante o período de

produção (Novembro/Dezembro) e (Julho/Agosto) desenvolvendo-se 4 a

5 gerações do inseto.

O ataque aos frutos novos tem inicio a partir de outubro,

dependendo do grau de desenvolvimento desses frutos. O ataque inicial é

mais intenso ou mais acentuado, de acordo com a população existente no

cafezal, abrigada nos frutos velhos da safra anterior. Essa população,

representada pôr numero maior ou menor de indivíduo, desde que

controlada ou determinada pelos seguintes fatores: Quantidade de frutos

velhos da safra anterior, intensidade da queda pluvial durante os meses

de inverno e intensidade da infestação da safra anterior.

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As chuvas precoces de Julho-Setembro, quando ocorrem,

umedecem os frutos velhos, permitindo a reprodução a partir dessa

época. Os cafeeiros beneficiados pelas boas condições florescem mais

cedo. Quando os frutos atingem o grau de ‘’verdolengo-granados’’ a

população de brocas, formada pelos indivíduos remanescentes da safra

anterior é intensificada pela reprodução no início da nova frutificação, é

grande, sendo o ataque inicial intenso. Nestas condições, a infestação

será elevada em Novembro/Dezembro. Ao contrário, faltando chuva até

Outubro/Novembro, a população para ataque inicial é pequena, formada

apenas pelos indivíduos que conseguiram transpor os meses de entre-

safra, abrigados nos frutos velhos. Esta condição repetida por vários anos

seguidos faz com que a infestação da broca não chegue a tornar-se

elevada. Para reduzir a infestação no inicio de cada frutificação são

recomendadas algumas medidas, como por exemplo, o repasse, cujo

objetivo é reduzir a população na entre - safra e no inicio da frutificação.

Atualmente o combate da broca é feito somente com produtos

como Thiodan CE e Lorsbam 480 BR, quando a infestação está em torno

de 3 a 5 % dos frutos. Outras aplicações podem ser necessárias e

normalmente são determinadas pela queda das chuvas. THOMAZIELLO et

al. (1996) recomendam duas a três pulverizações de endosulfan no

período de trânsito (Outubro a dezembro), seguindo antigas

recomendações, logo do aparecimento da praga. GALLO et al. (1988)

recomendam aplicação com nível de infestação de 3-5% de frutos

broqueados. Também REIS & SOUZA (1986) recomendam de 3 a 5% de

infestação para iniciar o controle da broca com os produtos disponíveis

no mercado (endosulfan e clorpirifós, apenas), mas ressalvando que esse

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nível pode ser mutável dependendo do preço do café e do custo do

controle na época.

JACOBSEN et al. (1997) estudaram em laboratório a morfologia e

fisiologia de populações resistentes a cyclodienos, verificando grande

sobrevivência em linhagens resistentes ao endosulfan.

Ø Cigarras-do-cafeeiro – Quesada gigas; Fidicina pronae, Dorisiana

drewsani, Carineta fasciculata

As cigarras do cafeeiro são insetos que apresentam diversas fases

em seu ciclo de desenvolvimento (GALLO et al., 1978; SOUZA et al., 1983

e NAKANO et al., 1981), causando prejuízo pela contínua sucção de seiva

nas raízes das plantas, ocasionando o definhamento progressivo das

lavouras, com queda prematura de folhas, “envaretamento” e

principalmente decréscimo acentuado na produção. MARTINELLI &

ZUCCHI (1997) relatam que as cigarras do cafeeiro, no Brasil, estão

registradas para os estados de minas Gerais, São Paulo e Paraná, onde

tem causado sérios problemas à cultura. Relatam ainda que as principais

espécies pertencem aos gêneros: Quesada, Carineta, Dorisiana e

Fidicimna.

Com o início do periodo chuvoso, a maioria das regiões cafeeiras

do Brasil, especialmente Sul de Minas Gerais e Alta Mogiana/SP é

infestada por cigarras. Elas passam a maior parte de sua vida no solo e

são percebidas pelo agricultor no momento da emergência do adulto, pelo

seu canto estridente. SOUZA et al. (1984) afirmam que o cafeeiro pode

suportar uma infestação de aproximadamente 35 ninfas de Quesada gigas

por cova, devendo ser considerado este nível na tomada de decisão para

que seja efetuado o controle químico. Uma das primeiras recomendações

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para o controle da praga foi feito por FONSECA & ARAÚJO (1939) que

preconizaram o uso do bissulfeto de carbono e tetracloreto de carbono.

HEINRICH & PUPPIN NETO (1967) mostraram em seus estudos alta

porcentagem de redução de ninfas móveis de cigarras pelos inseticidas

sistêmicos Forate a 5% (50 e 100g p.c./cova) e dissulfoton a 2,5% (75 e

100g p.c./cova). Vários outros ensaios realizados posteriormente, visando

conhecer a eficiência de doses, tipos de formulações e modos de

aplicação de inseticidas sistêmicos (D`ANTONIO & LUZIN, 1981;

D`ANTONIO & PAULA , 1980; D`ANTONIO & DAMATO NETO, 1986; e

ZANBOM et al., 1981).

Ø Mosca da-raíz Chiromiza vittata Wiedmann, 1820 (Diptera:

Stratiomyidae)

A mosca-da-raíz do cafeeiro Chiromyza vittata é uma praga que

está presente em inúmeras lavouras de café adultas de minas Gerais, São

Paulo, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeio,e Paraná (D’ANTONIO, 1991).

O ‘status’ taxonômico da mosca-das-raízes foi realizado por PUJOL-LUZ

& VIEIRA (2000) descrevendo a espécie C. vittata. Sua constatação deu-

se em meados de 1986, no município de Oliveira, região de Campos

Vertentes, em Minas gerais, através da presença de uma grande

quantidade de larvas do inseto no sistema radicular de cafeeiros (SOUZA

& REIS, 1989). Suas larvas mastigadoras podem ser encontradas em

grande número/cova infestadas, alimentando-se das raízes das plantas,

perfurando as mais grossas (porta de entrada para patógenos) e

consumindo as radicelas, mais importantes, pois são as absorventes.

Dessa forma, os cafeeiros definham, não respondendo normalmente aos

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tratos culturais realizados, prejudicando a produção dos cafeeiros. O

controle químico tem sido ineficiente.

Ø Lagartas desfolhadoras

Eacles imperialis magnifica = verde, marrom no meio Lonomia circunstans = verde-escuras, urticantes, principalmente nos ponteiros Oiketicus Kirbyi = bicho cesto, construido de folhas e ramos Megalopyge lanata = marrom peluda Ø Cochonilhas

Cerococcus catenarius

Pinaspis aspidistrae

Coccus viridis Planococcus citri Dysmicoccus cryptus

Pseudococcus constocki

Orthezia praelonga

Saissetia coffeae

Ø Ácaros

Oligonychus ilicis = vermelho Polyphagotarsonemus latus = branco Brevipalpus phoenicis = ácaro plano, mancha anular 3. Amostragens e Tomada de Decisão

Bicho mineiro (época crítica = Abril – Agosto – Outubro) -

Dividir a área em talhões (5 a 10 ha) – Amostrar 50 plantas, 2 folhas de

cada lado da planta, preferencialmente parte mediana da planta (4º par de

folha, no ramo). Marcar nº de folhas com galerias (atacadas), nº de larvas

vivas, predação. Determinar a porcentagem de folhas com larvas vivas.

Contagem deve ser quinzenal. O controle deve ser feito com 30% de

folhas minadas (BUSOLI, comunicação pessoal).

Broca (época crítica = Outubro a Fevereiro) - Dividir a área em

talhões (5 a 10 ha) – Amostrar 100 plantas, coletando 1 fruto

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(preferencilamente verdolengo) de cada planta. Observar se tem orificio

da broca ou não. Se possível verificar a larva. Determinar a porcentagem

de frutos com furo da broca. Contagem deve ser quinzenal. O controle

deve ser feito com 3 a 5% de frutos broqueados. Praticamente só temos a

opção de endosulfan em pulverização.

Cigarras (época crítica = Outubro a Fevereiro) - Dividir a área em

talhões (5 a 10 ha) – Amostrar 5-10 plantas, realizando uma trincheira ao

lado da planta (1,0 x 1,0 x 0,8 m) e contando-se o número de ninfas

móveis presentes. Multiplica a quantidade encontrada por dois. Controle

com 35 ninfas/planta em média.

4. Referências Bibliográficas

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MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS NA CULTURA DO AMENDOIM

Pesquisadores Científicos José Roberto Scarpellini* & Antonio Carlos

Busoli

*Eng. Agrônomo, Laboratório de Sanidade Animal e Vegetal de Ribeirão

Preto – Centro de Ação Regional, Instituto Biológico. R Peru, 1472-A,

CEP 14075-310 Ribeirão Preto, SP. E-mail: [email protected]

1. Introdução

A produção brasileira de amendoim em casca é de

aproximadamente 150 mil toneladas anuais, obtidas em sua maior parte

no Estado de São Paulo, onde se destacam como principais produtoras a

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região da Alta Mogiana e Alta paulista. Nestas regiões a cultura tem

importância social significativa, caracterizando-se como agricultura

familiar, exploradas em áreas de pequeno e médio porte, ajustando-se

perfeitamente à renovação de canaviais e pastagens. O amendoim já teve

maior expressão na agricultura paulista, com grande emprego de mão de

obra (especialmente urbana) e uma ótima opção de atividade econômica

para micro e pequenos produtores.

Apresenta um grande potencial, para tornar-se um suprimento

protéico acessível à população de baixa renda, ameaçado pela presença

de aflatoxina (substâncias tóxicas ao homem e animais), causado por dois

fungos (bolores) denominados Aspergillus flavus e Aspergillus

parasiticus , que tem grande preferência pelo amendoim, apesar de

ocorrerem em outros grãos.

A cultura mantém em seu agroecossistema uma série de espécies

de insetos associadas, apresentando insetos-pragas no solo, nas raízes e

na parte aérea (Gallo et al., 1988) . Embora o estrago ocasionado por

insetos-pragas possa ser diferente para locais e anos, a maioria das

pragas tem ampla distribuição (GABRIEL et al., 1996).

2. Principais Pragas Associadas à Cultura do Amendoim

Pragas do solo

Lagarta Rosca Agrotis ipsilon (HUFNAGEL, 1767) (Lepidoptera:

Noctuidae). Plantas novas apresentam o caule seccionado na região do

coleto, por lagartas de coloração cinza-escuro a verde-escuro.

Lagarta Elasmo Elasmopalmus lignosellus (ZELLER, 1848)

(Lepidoptera: Pyralidae). Região inferior das hastes, ao nível do solo,

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apresentam galerias mistas de teia e terra, causado por lagartas muito

ativas, verde-azuladas.

Pragas das raízes

Percevejo Castanho Scaptocoris castanea PERTY, 1830

(Hemiptera: Cydnidae). Raízes apresentam aglomerados de insetos

sugadores, adultos de coloração castanha e que exalam odor

desagradável, característicos do grupo.

Percevejo preto Cyrtomenus mirabilis (PERTY, 1836) (Hemiptera:

Cydnidae) Raízes apresentam aglomerados de insetos sugadores, adultos

de coloração preta e que exalam odor desagradável, característicos do

grupo.

Pragas da parte aérea

Tripes Enneothrips flavens, MOULTON, 1941 e Caliothrips

brasiliensis (MORGAN, 1929) (Thysanoptera: Thripidae). Ponteiros com

folíolos apresentando estrias e deformações; pequenos insetos de corpo

alongado, amarelados e sem asas quando jovens e alados (asas franjadas)

e cor marrom-escuro quando adultos.

De acordo com CALCAGNOLO & TELLA (1965), é a praga mais

importante da cultura do amendoim, devido aos elevados prejuízos e

ocorrência generalizada nas lavouras, em níve is populacionais muito

elevados. Considerado praga chave (LASCA et al., 1997), a maioria dos

trabalhos realizados em amendoim no Brasil, referem-se aos danos e

controle deste inseto (ALMEIDA & ARRUDA, 1962; BATISTA, 1967;

ROSSETTO et al., 1968; LARA et al., 1970; CALCAGNOLO et al., 1974;

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LARA et al., 1975; PÁSSARO et al., 1991; BACHEGA & BUSOLI, 1992;

JORGE, 1993; MAZZO, 1994).

Cigarrinhas Empoasca kraemeri ROSS & MOORE, 1957

(Homoptera; Cicadellidae). Folhas apresentando pequenos insetos, muito

ativos, com hábito de locomoção lateral, de corpo estreito e de coloração

verde e amarelo claro.

Lagarta do pescoço vermelho – Stegasta bosquella (CHAMBERS,

1875) (Lepidoptera: Gelechiidae). Brotos perfurados com lagartas em

seu interior. As lagartinhas são branco esverdeadas, com cabeça preta e

os dois primeiros segmentos torácicos avermelhados. É de grande

ocorrência em anos secos, com períodos longos de veranicos, quando o

controle do tripes fica impraticável, bem como desta lagarta.

Há controvérsias sobre sua importância, apesar de ser considerada praga

secundária. MATUO (1973) verificou altas infestações da lagarta-do-

pescoço-vermelho e relatou que não afetou a produção. CALCAGNOLO &

RENZI (1975) concluiram que a praga afetou em até 65 % a produção.

Lagarta da soja – Anticarsia gemmatalis HUEBNER, 1818

(Lepidoptera: Noctuidae). Atacam folhas e brotos novos. São lagartas de

coloração verde e marrom, com quatro estrias longitudinais brancas.

Agitando-se os ramos atacados as lagartas caem ao solo com facilidade.

Lagarta militar - Spodoptera frugiperda (SMITH, 1797)

(Lepidoptera: Noctuidae) – Também causam desfolhamento, causados

por lagartas pardo-escuras

Curuquerê-dos-capinzais – Mocis latipes (GUEN, 1852)

(Lepidoptera: Noctuidae) – folhas danificadas por lagartas verdes, com

cabeça globosa e com estrias, caracteristicamente “andam medindo

palmos”.

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Ácaro vermelho – Tetranychus evansi BAKER & PRITCHARD, 1960

(Acari: tetranychidae) – provoca clorose das folhas, observa-se na página

inferior das folhas, grande quantidade de teias, com as colônias de

ácaros, verdes quando jovens e vermelho intenso quando adultos.

Ácaro Rajado – Tetranychus urticae (KOCH, 1836) (Acari:

Tetranychidae) – provoca amarelecimento de folhas, na página superior,

tornando-se vermelha depois. Presença de teia na página inferior das

folhas (região mediana), com ácaros que geralmente tem 2 manchas

esverdeadas no dorso.

3. Manejo do Tripes

Amostragem:

A amostragem, para conhecimento da infestação do tripes deve

ser iniciada 15 a 20 dias após a semeadura do amendoim e repetida

semanalmente durante todo o período de ataque do tripes (oito semanas

em média). Em cada amostragem deverá ser examinado 30 folíolos para

a constatação da presença ou ausência do tripes. A coleta desses folíolos

deve ser feita em 30 pontos (1 folíolo por ponto) distribuídos ao acaso no

talhão. Deverão ser coletados folíolos dos ponteiros das plantas, fechados

ou ligeiramente abertos. O folíolo onde for constatado pelo menos um

tripes será considerado infestado (LASCA et al., 1997).

Tomada de decisão:

O nível de controle recomendado para iniciar o controle químico

dos tripes em amendoim é de 30% de folíolos infestados com qualquer

número de ninfas de tripes (NC = 30%).

Controle:

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Controle químico: No controle com defensivos químicos (curativos)

deve-se dar preferência aqueles produtos sistêmicos, ou de contato,

fosforados, carbamatos e piretróides (registrados no MAARA para a

cultura), detalhados na Tabela 1, a seguir. Aplicar com a planta

vegetando, ou seja, evitar veranicos.

Tratamento de sementes: Como o tripes é de ocorrência constante, tem-se

obtido bons resultados até 30 dias após a germinação com thiamethoxam

e imidacloprid em tratamento de sementes (usar após registro no

MAARA). A aplicação de carbofuram SC no sulco também é

recomendada (Compêndio de defensivos agrícolas, ANDREI, 1999)

Controle cultural: Evitar plantio em épocas secas e de estiagem; Usar

sementes de boa qualidade, para manter “stand” de 15 a 20 plantas/m

linear; para “plantio das secas” fazer rotação de culturas, ou destruir

”tigueras” (restos culturais e plantas nascidas na colheita do plantio das

águas).

Controle biológico: Existe um complexo de tripes na cultura, e não

apenas os dois citados, muitos deles agindo como predadores, por isso,

evitar aplicações preventivas, pois está eliminando a possibilidade do

controle natural.

4. Manejo de Lagartas

Amostragem:

A amostragem, para conhecimento da infestação de lagartas

desfolhadoras deve ser semanalmente, amostrando-se 20 pontos

distribuídos ao acaso no talhão, verificando-se o número de

lagartas/metro linear de cultura.

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No caso da lagarta-do-pescoço-vermelho (LPV) amostrando-se 20

pontos distribuídos ao acaso no talhão, examinando-se 20 ponteiros.

Tomada de decisão:

O nível de controle recomendado para iniciar o controle químico

de lagartas desfolhadoras é de 5-6 lagartas médias-grandes/ metro linear

de cultura ou 10 lagartas menores que 1 cm por metro linear de cultura.

No caso de lagarta-do-pescoço-vermelho recomenda-se a

intervenção química quando a cada 5 ponteiros examinados for

observado 1 lagartinha (NC = 20%).

Controle:

Controle cultural:

Plantios precoces tendem a escapar da época de maior ataque de

lagartas desfolhadoras (fevereiro)

Usar sementes de boa qualidade, para manter “stand” de 15 a 20

plantas/m linear.

Para “plantio das secas” fazer rotação de culturas, ou destruir

”tigueras” do amendoim, soja e milho.

Controle biológico:

Fazer uso de inseticidas específicos (lagarticidas) a base da

bactéria Bacillus thuringiensis. Deve ser aplicado quando as lagartas são

menores que 1 cm de comprimento. São encontradas no mercado várias

marcas comerciais como Dipel, Dipel F, Dipel PM, Ecotech Pro, Bactur,

Xen Tari, embora não registrados para amendoim (ANDREI, 1999).

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Usar os inseticidas mais seletivos possíveis e estritamente

necessários a fim de preservar os inimigos naturais que ocorrem

naturalmente, como:

Parasitos de ovos: Trichogramma pretiosum

Predadores de ovos: Geocoris punctipes, Orius insidiosus, Orius

tristicolor, e de lagartas: tesourinha (Dermaptera), joaninhas (Cycloneda

sanguinea e Scymnus sp.), aranhas e ácaros fitoseídeos, percevejos

pentatomidae (Podisus spp.) e rediuvídeos, Calosoma sp., Callida spp., e

vespas (Vespidae).

Parasitóides: himenópteros (Ichneumonidae, Scelionidae, Braconidae) e

dípteros taquinídeos.

Microorganismos entomopatogênicos naturaisw: fungos (Nomuraea

rileyi e Entomophthora sp.) e vírus (Baculovirus spp.)

Para “plantio das secas” fazer rotação de culturas, ou destruir

”tigueras” do amendoim, soja e milho.

Controle químico: Inseticidas recomendados, conforme tabela 1

Apesar de registrado apenas para o tripes, o carbofuran G

parece ter ação sobre percevejos e lagarta elasmo.

5. Bibliografia Consultada

ALMEIDA, P.R. & ARRUDA, H.V. Controle do tripes causador do

prateamento das folhas de amendoim por meio de inseticidas.

Bragantia, 21: 679-687, 1962.

BATISTA, G.C.de Controle dos tripes do amendoim, séria praga da

cultura, no Estado de São Paulo. Revista de Agricultura, 42: 59-64,

1967.

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BACHEGA , A.R. & BUSOLI, A.C. Determinação do nível de controle do

tripes do prateamento do amendoim Enneothrips flavens

(Moulton, 1941) (Thysanoptera: Thripidae) na região de

Sertãozinho, SP. FAI/Ituverava, SP, 1992, 30 p. (Trabalho de

graduação).

GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.;

BATISTA, G.C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ALVES, S.B. &

VENDRAMIN, J.D. Manual de Entomologia Agrícola. 2. Ed. São

Paulo, Editora Agronômica “Ceres”, 1988. 649p.

JORGE, J.M. Resistência de genótipos de amendoim (Arachis hypogea

L.) ao ataque de Enneothrips flavens (Moulton, 1941)

(Thysanoptera: Thripidae), na região de Jaboticabal, SP – Brasil.

– FCAV-Unesp/Jaboticabal, 1993, 54p. (Trabalho de graduação).

LARA, F.M.; SÁ, CARVALHO, R.P.L. & SILVEIRA NETO, S. Ensaio de

controle do tripes e da lagarta-do-pescoço-vermelho em amendoim e

seus efeitos na produção. O Solo, 62 :17-21, 1970.

LARA, F.M.; SÁ, L..A.M.; SOBUE, S. & FERREIRA, M.T. Controle do

tripes do amendoim Enneothrips flavens (Moulton, 1941), em cultura

“da seca” O Biológico, 41 :251-255. 1975.

LASCA, D.H.C.; NEVES, G.S.; MARCELINO, M.C.S., BUSOLI, A.C.;

FERNANDES, O.A., BARBOSA, J.C. Manejo Integrado de pragas –

MIP Amendoim – Instruções à rede . Campinas, Coordenadoria de

Assitência Técnica Integral, 1997. 6p (Manual 74).

MAZZO, A.A. Avaliação da população de tripes do prateamento

Enneothrips flavens (Moulton, 1941) (Thysanoptera: Thripidae), e

danos causados a cultura do amenoim das águas e das secas . –

FCAV-Unesp/Jaboticabal, 1990, 94p. (Trabalho de graduação).

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ROSSETTO, C. J.; Pompeu, A.S. & Tella, R. Enneothrips flavens,

Moulton (Thysanoptera: Trhipidae) causando prateamento do

amendoinzeiro no Estado de São Paulo. Ciência e Cultura, 20: 257,

1968.

Tabela 1: Guia prático de produtos registrados para o controle de pragas do amendoim. (Compêndio defensivos agrícolas, ANDREI, 1999). Principio ativo (i.a.)

Produtos comerciais

Grupo químico

Classe Toxicológica

Pragas

Acephate Acefato Fersol Cefanol Orthene 750 BR

Organofosforado sistêmico

III Tripes Lagarta-pescoço-vermelho Cigarrinha-verde

Bacillus thuringiensis

Dipel PM Inseticida biológico

IV lagartas

Betacyflutrin Bulldock 125 SC

piretróides II Tripes Lagarta-pescoço-vermelho

Carbaryl Sevin 480 SC Sevin 850 PM Carbaril fersol 480SC Carbaril fersol pó 75

Carbamato não sistêmico

II Tripes Elasmo Cigarrinha verde lagartas

Clorpirifós Etil

Clorpirifós 480 CE

Organofosforado

I Tripes Lagarta-pescoço-vermelho

Cyflutrin Baytroid CE Piretróides II Tripes Lagarta-pescoço-vermelho

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Deltametrina Decis 25 CE Piretróides III Tripes Lagarta-pescoço-vermelho

Dimetoato Agritoato 400 CE Tiomet 400 CE

Organofosforado

I Tripes lagartas Cigarrinha verde ácaros

Enxofre Thiovit Enxofre IV Ácaro vermelho

Fenitrothion Sumithion 400 PM Sumithion 500 CE

Organofosforado

I Tripes lagartas

Metamidophos

Hamidop 600 CE Metafós 600 CE Matasip Stron Tamaron BR

Organofosforado

I I I I II

Tripes Lagartas Ácaro rajado Lagarta-pescoço-vermelho

Monocrotofos Agrophos 400 CE Azodrin CE Nuvacron 400 CE

Organofosforado

I Tripes Lagartas Ácaros

Parathion metilico

Folidol 600 CE

Organofosforado

I Tripes Lagartas Ácaro vermelho Lagarta-pescoço-vermelho

Parathion methyl

Folisuper Organofosforado

I Lagartas Lagarta-pescoço-vermelho

Triclorfon Triclorfon 500 Organofosforad II Lagartas

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o Carbofuran Furadan 50 G Carbamato I Tripes Dissulfoton Solvirex 50 G Organofosforad

o II Tripes,

cigarrinhas Percevejo preto

Phorate Granutox 50 G

Organofosforado

I Tripes e cigarrinhas

Terbufos Counter 50 G Organofosforado

I Tripes

PRINCIPAIS DOENÇAS FÚNGICAS DO AMENDOIM E CONTROLE

Pesquisadora Científica Aparecida Marques de Almeida

Eng. Agrônoma, Laboratório de Sanidade Animal e Vegetal de Bauru –

Centro de Ação Regional do Instituto Biológico, Cx. .Postal 399, CEP

17030-000, Bauru - SP, Tel. (14) 230-3257. E-mail: [email protected]

1. Introdução

O amendoim é suscetível ao ataque de diversos insetos e

microorganismos que podem afetar, com maior ou menor grau de

severidade, a produção agrícola ou a qualidade do produto, no campo, no

transporte ou no armazenamento.

Aproximadamente 50 gêneros de fungos causam doenças no

amendoim, mas só alguns são importantes para a cultura.

No Estado de São Paulo ou no Brasil, nem todas essas doenças

foram constatadas ou identificadas. Em nossas condições, no entanto as

perdas devido às doenças são consideradas um dos principais fatores que

contribuem para o baixo rendimento da cultura do amendoim,

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principalmente se considerarmos que o cultivar mais plantado mostra-se

altamente suscetível às principais doenças que aqui ocorrem.

A produção comercial do amendoim só é viável mediante o

controle de determinadas pragas e doenças que afetam a cultura. O uso de

fungicidas, práticas culturais e cultivares resistentes tem sido

desenvolvidos, com o objetivo de controlar patógenos específicos.

Além dos problemas relacionados com o impacto ambiental, o

uso de defensivos na cultura do amendoim contribui para elevar o seu

custo de produção.

2. Principais Doenças Foliares

As doenças da parte aérea, pela sua localização ou por eficiência

dos produtos químicos, têm seu controle facilitado quando comparadas

com as doenças por fungos de solo. Entretanto, a importância dessas

doenças não deve ser subestimada, pois quando a incidência se dá no

inicio do ciclo da cultura e não são tomadas medidas de controle,

causam desfolha e seca prematuras das plantas afetando sensivelmente a

produção.

As mais comumente encontradas são: manchas foliares,

verrugose, mancha barrenta e ferrugem.

2.1. Cercosporioses

Entre as doenças foliares as manchas, causadas por Cercospora

arachidicola Hori (mancha castanha) e Cercosporidium personatum B&

C Deighton (mancha preta), tem sido responsáveis por grande redução na

produção comercial do amendoim devido à desfolha (15 a 50 % da

produção), em várias regiões do mundo. Dificilmente se encontra uma

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cultura em fim de ciclo sem sintomas dessas doenças. A massa foliar

caída aumenta a incidência da murcha de Sclerotium, elevando ainda

mais os prejuízos.

Os sintomas primários das manchas foliares são lesões necróticas.

A mancha castanha mede até 12 mm de diâmetro, tem forma arredondada

irregular, halo amarelo. As frutificações são observadas na superfície

superior das folhas, já a mancha preta é menor, mede até 7 mm de

diâmetro, arredondadas com bordas mais uniformes, o halo amarelado é

indistinto ou ausente, e as frutificações no patógeno predominam na

superfície inferior da folha.

Os sintomas, além das folhas podem aparecer nos pecíolos, caule,

pedúnculo e vagens. A doença começa nas folhas mais velhas, avançando

progressivamente para as folhas mais novas.

Provavelmente devido a pequenas diferenças nas condições que

favorecem as duas doenças, principalmente temperaturas, a mancha

castanha aparece mais precocemente, no plantio de setembro a

novembro, atualmente adotado no Estado de São Paulo, em áreas de

renovação de canaviais.

O fungo sobrevive de uma estação a outra como conídio ou

micélio, em restos de culturas e plantas voluntárias. Estes podem

permanecer por até 10 meses e por este motivo que a doença se mantém

quando se faz uma ou duas safras/ano.

O controle das doenças pode ser feito através da integração de

diversas medidas que visam reduzir o inóculo inicial e a taxa de infecção,

retardando o início da epidemia.

É recomendável a rotação de culturas com espécies não

pertencentes ao gênero Arachis, por 2 a 3 anos, medida já adotada na

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renovação de canaviais. A incorporação de restos de cultura através de

aração profunda tem eficiência em retardar o inicio das epidemias, como

também a destruição de plantas voluntárias ou tigueras as medidas que

reduzem a taxa de infecção pode ser citado o uso de cultivares

resistentes. Embora exista fonte de resistência nas espécies silvestres, nos

cultivares comerciais está ausente. O cultivar IAC-Caiapó é considerado

moderadamente resistente a moderadamente suscetível.Os cultivares do

Grupo Virginia são mais resistentes que os do Grupo Valência e Spanish.

A utilização de fungicidas para o controle desta doença é uma

prática corrente. No entanto, a aplicação indiscriminada de fungicidas,

pode ter efeito indesejável, pois tem-se observado o aparecimento de

raças tolerantes a benomyl.

Os produtos químicos para o controle da doença, são

recomendados para serem aplicados periodicamente a intervalos

regulares. Dependendo da persistência nas plantas elas podem ser

aplicados 3 x 4 vezes durante o ciclo, a partir dos 35-40 dias da

emergência.

Os fungicidas recomendados são à base de benomyl, bitertanol,

clorotalonil, difeconazole, hidróxido de cobre, mancozeb, oxicloreto de

cobre, propiconazole, tebuconazole, trifenil acetato de estanho, trifenil

hidróxido de estanho e ziram.

A época de aplicação de fungicidas, normalmente, tem sido

baseado no calendário, nem sempre coincidindo com a presença da

doença nos cultivos comerciais. Atualmente, existem resultados de

pesquisas, utilizando-se de modelos de previsão da ocorrência de

doenças, visando racionalização do uso dos fungicidas. Modelos do tipo

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agrometeorológicos têm surgido com certa frequência na literatura

especializada.

2.2. Verrugose - Sphaceloma arachidis Bit & Jenk

Este patógeno é responsável por lesões em folhas, pecíolos e

hastes das plantas de amendoim. A coalescência das lesões em pecíolos e

hastes resulta em distorções nos referidos órgãos (hiperplasia e

hipertrofia dos tecidos), sendo as plantas severamente afetadas têm seu

desenvolvimento prejudicado, ocasionando quebra de produção de

vagens.

O fungo sobrevive de uma estação para outra, nos restos de

cultura e em plantas voluntárias e é disseminado da lesão na própria

planta por respingos de chuva.

As medidas de controle que reduzem o inóculo inicial, já descritas

para as cercosporioses, são também eficientes em retardar o início das

epidemias de verrugose. O cultivar IAC-caiapó é considerado

moderadamente resistente a verrugose.

2.3. Mancha barrenta - Phoma arachidicola Marasas, Pauer &

Boerema

Doença de importância secundária fazendo seu aparecimento no

terço final do ciclo vegetativo da cultura, na maioria das vezes sem

gravidade, manifestando-se na forma de numerosas lesões, pequenas,

esparsas, de cor pardacenta na página superior das folhas. Posteriormente

estas coalescem, formando lesões maiores, que abrangem grandes áreas

dos folíolos, passando, também a serem visíveis na superfície inferior. As

folhas afetadas apresentam-se como salpicadas de barro daí o seu nome.

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Esta doença é responsável pela diminuição na área fotossintética

dos folíolos infectados, embora com menor intensidade que as

cercosporioses, pois os folíolos não caem até que estejam completamente

cobertos pela mancha.

As medidas de controle utilizadas no controle das cercosporioses

tem mantido a mancha barrenta em níveis aceitáveis de ocorrência. O

cultivar IAC-caiapó é considerado resistente a esta mancha.

2.4. Ferrugem - Puccinia arachidicola

De ocorrência menos frequente, vem aumentando em importância

em anos recentes. O estádio em que a cultura se encontra é importante no

caso de incidências severas. No florescimento os danos são maiores.

A ferrugem caracteriza-se pelos sintomas de formação de

pústulas, em ambas as faces do folíolo afetado de coloração avermelhada

a marrom-escura, pulverulentas devido a presença de esporos, facilmente

disseminados pelo vento, chuva e insetos. Estas pústulas podem juntar-

se, vindo a destruir a maior parte do limbo foliar. As folhas novas são

mais suscetíveis. Alta umidade durante a estação favorece a ocorrência

da doença.

Para o controle, são adotadas medidas de exclusão para as regiões

não contaminadas. Logo após a introdução, são adotadas medidas de

erradicação.

A rotação de culturas é medida recomendável para o controle da

doença. Fungicidas a base de triazóis, o tebuconazole, cyproconozole,

clorotalonil são eficientes.

2.5. Mofo cinzento - Botrytis cinerea Pers. ex. Fries

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É uma doença de pequena importância econômica, ocorrendo

esporadicamente no amendoim das secas, devido as menores

temperaturas.

A doença se manifesta por sintomas reflexos de murcha e

amarelecimento das folhas, em consequência dos sintomas primários

necróticos nas hastes. A necrose dos tecidos da haste se estende,

atingindo pedúnculos, vagens, colo e parte das raízes sob condições de

alta umidade os tecidos afetados se revestem de um crescimento

pulverulento cinzento constituído pelo micélio e frutificações do fungo.

No campo, as plantas afetadas tendem a se distribuir em

reboleiras, podem morrer e, quando colhidas, desprendem as vagens com

facilidade, as vagens afetadas são escuras, chochas ou apresentam

sementes enrugadas e mal desenvolvidas.

3. Doenças Causadas por Fungos do Solo em Sementes e Plântulas

No grupo de doenças do solo podem ser destacados os fungos

Aspergillus spp, Rhizopus sp, Fusarium spp, Macrophomina phaseolina,

Rhyzoctonia solani, Sclerotium rolfsii, pela frequência que ocorrem e

pela sua ação sobre as sementes, prejudicando a germinação ou causando

dano às plântulas. De um modo geral, um total de 15% de perdas é

atribuida a esses fungos. Devido às características desses fungos, o

tratamento químico de sementes com fungicidas torna-se uma prática

obrigatória para o amendoim.

3.1. Rizoctoniose - Rhizoctonia solani Kuhn

É uma das principais doenças do amendoim no Estado de São

Paulo. Ocorre com frequência na forma de damping-off de pré e pós-

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emergência resultando em baixo stand inicial e é correlacionada com

podridão de ginóforos e vagens.

A podridão de vagens, que pode ocorrer no final do ciclo,

caracteriza-se por ocasionar enegrecimento parcial ou total das vagens,

com sementes pequenas, enrugadas e de coloração mais clara que o

normal. Estas vagens destacam-se facilmente da planta. Muitas vagens

são perdidas na colheita. Vagens colhidas produzem sementes infectadas

que têm seu valor comercial reduzido, quando destinadas ao consumo, ou

baixo vigor e germinação, reduzindo seu valor cultural, quando utilizadas

como semente. As vagens infectadas resistem muito mal ao

armazenamento.

A sobrevivência do fungo de uma estação de cultivo para outra se

dá facilmente em restos de cultura ou outro substrato orgânico, uma vez

que o fungo tem grande capacidade saprofítica. Também há possibilidade

de sobrevivência através de escleródios, que germinam estimulados por

exsudatos de hospedeiros suscetíveis ou pela presença de matéria

orgânica no solo. Como R. solani possui uma ampla gama de hospedeiros

cultivados e selvagens e restos orgânicos destas plantas são

periodicamente adicionados ao solo, sua sobrevivência dá-se por longos

períodos na maioria dos solos.

A disseminação é realizada através de sementes, solo, água,

implementos agrícolas e próprio micélio. As condições que favorecem a

incidência da doença são alta umidade e temperatura amena na fase de

germinação e emergência das plântulas, ou seja, condições que mantém

os tecidos tenros por mais tempo.

O controle é efetuado por tratamento de sementes com fungicidas

a base de quintozene, captan, thiram, carboxin, carboxin + thiram, uso de

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sementes sadias, rotação de culturas por 3 a 4 anos, com culturas não

hospedeiras, como milho, arroz, trigo, soja, etc.; nas áreas muito

contaminadas. Recomenda-se arações profundas, para incorporar restos

de culturas, acelerando sua decomposição.

3.2. Murcha de Sclerotium - Sclerotium rolfsii sacc

A murcha de Sclerotium é provavelmente a mais importante

doença que afeta a cultura do amendoim no Estado de São Paulo,

constituindo-se em solos arenosos e principalmente em época chuvosa e

quente o maior problema.

As plantas afetadas murcham com maior ou menor intensidade.

Quando arrancadas, observa-se podridão escura desde a região do colo

até as raízes, podendo propagar-se para os ginóforos e vagens. Em

condições de calor e umidade, desenvolve-se na região do colo, micélio

de cor branca e aspecto cotonoso, onde são produzidos os escleródios,

órgãos de resistência do fungo que permanecem viáveis no solo por

longo período de tempo a espera de condições favoráveis para a

germinação.

O fungo é cosmopolita e, além disso, é capaz de multiplicar-se na

matéria orgânica morta no solo, como ocorre nas áreas de renovação de

canaviais na região de Ribeirão Preto, onde o patógeno se reproduz nos

restos de cultura da cana-de-açúcar.

A sobrevivência do fungo ocorre principalmente através dos

escleródios e em restos de cultura, mesmo de plantas não hospedeiras. A

longevidade do escleródio é superior a 5 anos. A disseminação do fungo

de um campo para outro se dá principalmente pelo transporte de

materiais contaminados (solo, estercos, mudas, sementes, etc.) podendo

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atuar como agente, de disseminação o homem, os animais, o vento e a

água. Dentro de um mesmo campo, o patógeno é disseminado durante os

tratos culturais, pela água de superfície e diretamente através do

crescimento do micélio do fungo.

As condições que favorecem a incidência da murcha são alta

umidade e alta temperatura (25º-35ºC.) S. rolfsii é altamente exigente em

oxigênio. Este fator limita a germinação dos escleródios no interior de

solos pesados e o desenvolvimento do patógeno só ocorre próximo da

superfície. A decomposição das folhas caídas devido a cercosporioses

estimula a germinação dos escleródios.

As práticas de controle recomendadas são: rotação de cultura,

tratamento contra doenças da parte aérea, evitando assim a queda de

folhas e o acúmulo de matéria orgânica no solo, aração profunda visando

ao enterrio dos restos de cultura anterior; e calagem. O controle químico

através do tratamento do solo com fungicidas não é economicamente

recomendado. Realizar bom controle de plantas daninhas, eliminando

assim os hospedeiros selvagens. O controle biológico, utilizando espécies

de Trichoderma antagonista comprovado de S.rolfsii, é uma prática que

tem sido relatada, bem como o uso da solarização.

3.3. Mofo amarelo – Aspergillus sp

Como doença da planta de amendoim, tem pequena importância.

Entretanto os fungos desse gênero são considerados importantes pelas

toxinas cancerígenas denominadas aflatoxinas.

Em São Paulo, o amendoim é colhido principalmente entre final

de dezembro e início de fevereiro, portanto durante os meses de alta

precipitação (acima de 200 mm mensais). A alta temperatura e umidade

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dificultam a secagem após o arrancamento e o armazenamento,

favorecendo o aparecimento da aflatoxina.

4. Referências Bibliográficas

ANDREI, E. (coord.) 1993. Compêndio de defensivos agrícolas. 4 ed.

São Paulo, Organização Andrei Ltda 448 p.

PORTER, D.M.; SMITH, D.H.; RODRIGUEZ-KABANA , R. Compedium of

peanut diseases. APS Press, 1984, 73p.

KIMATI et al. Guia de fungicidas agrícolas: recomendações por

cultura. Grupo Paulista de Fitopatologia. 2 ed. Jaboticabal: Grupo

Paulista de Fitopatologia, 1997. 225p.

MONITORAMENTO DE PRAGAS E DOENÇAS DO GIRASSOL CULTIVADO

NA “SAFRINHA”

Pesquisadora Científica Dra. Maria Regina G. Ungaro

Eng. Agrônoma, Instituto Agronômico de Campinas, Caixa Postal 28,

CEGRAN, Campinas, SP, CEP 13001-970. E-mail: [email protected]

1. Introdução

O girassol (Helianthus annuus L.) é originário da América do

Norte. O gênero Helianthus compreende 50 espécies, sendo duas delas,

H. annuus e H. tuberosus, cultivadas como plantas alimentícias. O

girassol cultivado apresenta uma estreita base genética, sendo bastante

deficiente em genes que condicionam resistência a doenças e pragas. Mas

esses genes podem ser encontrados nas espécies selvagens, como é o

caso da resistência à ferrugem e ao míldio.

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No Brasil, o seu óleo industrial já é o segundo mais consumido. O

cultivo no Estado de São Paulo vem aumentando há algum tempo,

geralmente cultivado na “safrinha”, tem-se prestado a diferentes

utilizações: grãos para a extração de óleo industrial e medicinal,

alimentação humana e animal; forragem; silagem; produção de mel.

Pragas e doenças podem comportar-se de maneira bastante

diversa dependendo do sistema de manejo adotado, da rotação de

culturas, do tipo de solo e da época de plantio, principalmente.

2. Pragas

Espécies selvagens de girassol co-evoluíram com insetos

herbívoros e seus entomófagos no ambiente de origem na América do

Norte, o que torna o problema com pragas muito mais importantes nessa

região que no restante do mundo (SCHNEITER, 1997). Por sorte, a maioria

das espécies de insetos associados ao girassol é inócua ou benéfica para

as plantas, e suas relações variam de obrigatórias a puramente casuais ou

não essenciais (MCGREGOR, 1976).

Uma grande variedade de insetos se alimenta sobre girassol

cultivado no Brasil. A lagarta de Chlosyne lacinia saundersii tem sido a

praga mais freqüentemente detectada. LOURENÇÃO & UNGARO (1983)

encontraram níveis de desfolha que variavam de 19 a 58%. A borboleta

oviposita em diversas espécies. Dependendo do estágio em que o ataque

começa, a produção de grãos pode chegar a ser totalmente inviabilizada.

Além da lagarta-do-girassol estão associadas à cultura

Rachiplusia nu, que destrói plantas jovens; Agrotis ipsilon; a broca

Diabrotica speciosa que destrói as folhas (GALLO et al. 1988); Empoasca

kraemeri (MILANEZ et al. 1986); o besouro Cyclocephala melanocephala

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que se alimenta dos capítulos e grãos em formação (UNGARO, 1978),

Phyllophaga cuyabana (OLIVEIRA et al., 1998) e os pentatomídeos

Euschistus heros (MALAGUIDO & PANIZZI, 1998 a, b), Piezodorus

guildinii, Acrosternum armigera, Nezara viridula, Thyanta perditor e

Thyanta sp (MALAGUIDO & PANIZZI, 1998c). A constatação dessas

espécies de pentatomídeos na cultura do girassol é preocupante pois elas

estão presentes também na cultura da soja, onde E. heros, N. viridula e P.

guildinii são consideradas pragas de importância econômica. Some-se a

isto que Euschistus heros teve sua ocorrência registrada na cultura do

girassol por FERREIRA & PANIZZI (1982), indicando uma provável

utilização do girassol pelo percevejo como hospedeiro alternativo.

MALAGUIDO & PANIZZI (1998c), realizando levantamento em girassol na

região de Londrina-PR, relataram muitos pentatomídeos que são

considerados pragas em soja e que poderão ser importantes também em

girassol, exigindo inclusive medidas de controle.

Um problema a se considerar é que muitos insetos, considerados

pragas principais nas culturas de soja e milho, vêm adquirindo resistência

aos inseticidas. Além deles, existem também outros insetos presentes nas

culturas que são considerados pragas secundárias, mas que, nos últimos

anos, vêm adquirindo o “status” de praga principal em virtude de sua

constância e elevada população, indicando uma mudança de

comportamento da entomofauna nessas culturas.

No Estado de São Paulo insetos de solo como broca-do-colo,

lagarta-rosca, lagarta-elasmo, corós e percevejo-castanho têm surgido na

cultura da soja em níveis crescentes, causando falhas na emergência ou

amarelecimento após esta, havendo em alguns casos a necessidade de

replantio (RAMIRO, 1998).

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O manejo do solo também influencia o comportamento da

entomofauna. Com o plantio direto ocorre uma recuperação da

microbiota do solo, o que leva ao aumento de matéria orgânica e,

conseqüentemente ao incremento da entomofauna, tanto de pragas quanto

de inimigos naturais.

O monitoramento da cultura do plantio ao florescimento é

essencial para evitar maiores danos. Seguem exemplos com algumas

pragas:

As lagartas geralmente ocorrem em reboleiras, nas bordaduras ou

em áreas restritas. Assim, o acompanhamento sistemático da cultura

permite detectá-las e controlá- las mais eficientemente e com menor gasto

de defensivos. Quando os focos de lagarta começam a aparecer já no

final do florescimento, não há necessidade de controle, pois ele será

bastante difícil e com baixo retorno econômico.

O tratamento de sementes impede ou reduz bastante o ataque de

pombas e formigas.

3. Doenças

O girassol é hospedeiro de pelo menos 35 microrganismos

patogênicos, principalmente fungos, os quais, sob certas condições

climáticas, interferem na fisiologia normal da planta, podendo causar

significativas reduções na produção e na qualidade do material.

Afortunadamente, poucos causam sérias perdas econômicas.

No Brasil, as principais doenças que têm ocorrido são causadas

por fungos do gênero Alternaria, especialmente A. helianthi,

Diaphorte/Phomopsis helianthi, Sclerotinia sclerotiorum, Oidium spp,

Botrytis cinerea; algumas bactérias, como Erwinia carotovora e

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Pseudomonas spp; nematóides do gênero Meloidogyne. Atualmente com

importância bastante reduzida, a ferrugem, causada pelo fungo Puccinia

helianthi, foi a principal causa do fracasso do cultivo do girassol na

década de 60 (UNGARO, 1982).

A cultura do girassol, como opção econômica para compor

sistemas de produção agrícola, exige o manejo adequado das diversas

doenças que a colonizam, sendo este o fator mais limitante em algumas

das regiões produtoras.

A mancha de alternaria parece ser predominante em todas as

épocas de semeadura nas diferentes regiões de cultivo, apesar de variar

bastante em intensidade e na possibilidade de dano, enquanto a podridão

branca (S. sclerotiorum) ocorre principalmente em condições de

temperatura amena e alta umidade, o que praticamente inviabiliza o

cultivo do girassol como cultura comercial, quando as condições de clima

são predisponentes.

Além de S. sclerotiorum, diversos fungos que atuam

individualmente ou em complexo causam podridões radiculares ou da

base do caule e murchas em girassol. Entre eles, destacam-se Sclerotium

rolfsii, agente causal da podridão do colo e tombamento, Macrophomina

phaseolina, causando podridão negra da raiz e Verticillium dahliae, que

ocasiona murcha. Esses fungos estão amplamente distribuídos nas

regiões de cultivo do girassol no mundo e, sob condições de estresse das

plantas, podem causar danos econômicos ou incrementar aqueles

inicialmente ocasionados por outros fungos (ZIMMER & HOES, 1978;

DAVET et al., 1991; PEREYRA & ESCANDE, 1994).

As condições ótimas para que uma doença ocorra e se desenvolva

é o resultado da combinação de três fatores: hospedeiro susceptível,

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patógeno infectivo e condições favoráveis do ambiente. Qualquer

alteração em um destes fatores causa uma correspondente alteração na

expressão da doença.

As culturas da “safrinha” encontram ambiente com condições

favoráveis ao aparecimento de problemas com pragas e doenças, uma vez

que a cultura que a antecede pode servir de porta de entrada e de

reservatório desses organismos.

Muitas das doenças do girassol são transmitidas pela semente;

algumas dependem de restos culturais infectados ou da ação do vento.

Práticas culturais podem ser instrumentos bastante úteis no

controle ou na disseminação de patógenos, especialmente nos de solo. O

cultivo superficial ou plantio direto sob condições de baixas

temperaturas, aceleram a deterioração dos esclerócios de S. sclerotiorum,

diminuindo a entrada da doença pelas raízes; no entanto, ainda fica

preservado suficiente inóculo para causar infecção nos capítulos. O

cultivo profundo enterra grande parte dos esclerócios, favorecendo a

infecção pelas raízes, sob condições de solo úmido (SCHNEITER, 1997).

Assim, plantio direto ou cultivo raso em regiões mais frias e cultivo

profundo em áreas secas poderão ser utilizados para quebrar a seqüência

dos dois sistemas epidemiológicos de S. sclerotiorum.

Patógenos causadores de tombamento em soja, de pré e pós

emergência e podridão de raízes, os quais são disseminados também

através de sementes, como Fusarium spp., Sclerotium rolfsii,

Macrophomina phaseolina, Rhizoctonia solani, Sclerotinia sclerotiorum,

entre outros, vêm-se acentuando com a prática do cultivo de áreas

extensivas, do plantio sucessivo e da adoção de medidas de controle

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inadequadas; poderão aumentar ainda mais com a sucessão soja-girassol,

uma vez que ambos são hospedeiros dos mesmos organismos.

4. Referências Bibliográficas

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Levantamento de insetos-pragas e seus inimigos naturais em girassol

(Helianthus annuus L.), cultivado em primeira e segunda época, no

município de Selvíria-MS. An. Soc. Entomol. Brasil, 13: 192-195.

DAVET, P.; PÉRÈS, A.; REGNAULT, Y.; TOURVIELLE, D.’PENAUD, A. Les

maladies du tournesol. Paris: CETIOM, 1991. 72p.

FERREIRA, B.S.C. & A.R. PANIZZI. Percevejos - pragas da soja no norte

do Paraná: abundância em relação à fenologia da planta e hospedeiros

intermediários. In: Seminário Nacional de Pesquisa de Soja, p.140 –

151, 1982.

LOURENÇÃO, A.L. & UNGARO, M.R.G. Preferência para alimentação de

lagartas de Chlosyne lacinia saundersii Doubleday & Hewitson,

1849, em cultivares de girassol. Bragantia, 42:281-286, 1983.

MALAGUIDO, A.B. & A.R. PANIZZI. 1998 a. Pentatomofauna associated

with sunflower in Northern Paraná State, Brazil. An. Soc. Entomol.

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MALAGUIDO, A.B. & A.R. PANIZZI. 1998 b. Danos de Euschistus heros

(Fabr.) (Hemiptera:Pentatomidae) em aquênios de girassol. An. Soc.

Entomol. Brasil, 27: 535-541.

MALAGUIDO, A.B. & A.R. PANIZZI. 1998 c. Pentatomofauna associated

with sunflower in Northern Paraná State, Brazil. An. Soc. Entomol.

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MCGREGOR, S.E. 1976. Insect pollination of cultivated crop specie s. In:

SCHNEITER, A. A. Sunflower Technology and Production. Madison,

American Society of Agronomy, 1997. 834P.

MORAES, S.A.; UNGARO, M.R.G. & MENDES, B.M.J. Alternaria

helianthi, agente causal de doença em girassol. Campinas,

Fundação Cargill, 1983. 20p.

PEREYRA, V.; ESCANDE, A. R. Enfermedades del girassol en la

Argentina: manual de reconocimiento. Balcare; INTA,1994. 113p.

RAMIRO, Z.A. Pragas na cultura da soja. In Reunião Itinerante de

Fitossanidade do Instituto Biológico, 1, Miguelópolis, 1998. 139 p.

SCHNEITER, A. A. Sunflower Technology and Production. Madison,

American Society of Agronomy, 1997. 834p.

UNGARO, M.R.G. O girassol no Brasil. O Agronômico, 34:43-62, 1982.

ZIMMER, D.E.; HOES, J,A. Diseases. In: CARTER, J.F. ed. Sunflower

science and technology. Madison: American Society of Agronomy,

1978. p.225-262.

MONITORAMENTO E CONTROLE DE PROBLEMAS FITOSSANITÁRIOS DM

CULTURAS DE SAFRINHA: PRAGAS EM M ILHO

Pesquisador Científico Romildo Cássio Siloto

Biólogo, Laboratório de Entomologia Econômica, Centro Experimental

do Instituto Biológico, Instituto Biológico, Cx. Postal 70, CEP 13001-

970, Campinas-SP, tel. (19) 3252-8342. E-mail [email protected]

1. Introdução

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Dentre as plantas graníferas cultivadas no Brasil, o milho

constitui-se como uma das mais importantes. Sua exploração se dá tanto

na pequena propriedade como também em grandes áreas e com a

utilização de tecnologias avançadas.

No Estado de São Paulo a cultura do milho ocupa, em média, uma

área de 1,2 milhões de hectares, perdendo apenas para a cultura da cana-

de-açúcar (SÃO PAULO AGRÍCola, 2000). Dentro desse panorama destaca-

se o cultivo de safrinha, considerado uma segunda safra do milho.

O crescente desenvolvimento dessa modalidade de cultivo está associado

à adoção, por parte dos produtores, das tecnologias resultantes dos

trabalhos de pesquisas desenvolvidos ao longo dos últimos anos

(DUARTE et al., 2000).

Dentre os diversos fatores que podem afetar a estabilidade da

cultura de milho safrinha estão os fatores bióticos, destacando-se o

problema com as pragas. O atual modelo de produção agrícola aumentou

a oferta de alimento para os insetos, favoreceu o surgimento de pragas

exóticas, mudou o status de pragas secundárias para primárias e

principalmente provocou um efeito multiplicador das pragas já existentes

na cultura (GERAGE & BIANCO, citados por DUARTE, 2000).

Assim, o estabelecimento de táticas adequadas de manejo é uma

importante ferramenta para que as pragas não atinjam níveis de danos

econômicos e tornem-se limitantes à produção.

2. Importância das Pragas na Safrinha de Milho

A cultura do milho é explorada em todas as regiões do Estado de

São Paulo, divididas em 40 EDRs (Escritório de Desenvolvimento

Regional). Essa exploração se dá na safra principal ou safra de verão e

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também na segunda safra ou safra de outono- inverno (“safrinha”),

geralmente em sucessão à cultura da soja.

Na agricultura paulista a área cultivada com milho safrinha

representa aproximadamente um terço (cerca de 400 mil hectares) do

total cultivado no Estado (DUARTE et al., 2000). Segundo dados do

Instituto de Economia Agrícola (2000), na EDR de Ribeirão Preto, em

1999, a área cultivada com milho safrinha foi de 1.450 ha (11,6% do total

da região), com um produção aproximada de 2.000 kg/ha.

De pouca expressão no início da década de 90, o cultivo de milho

safrinha vem aumentando significativamente nos últimos anos. Ainda

que na maioria das regiões a produtividade seja menor que a da safra de

verão, a safrinha tem se tornado uma alternativa de aumento de renda, em

face de possibilidade de melhores preços de venda na entressafra e de um

menor custo de produção.

Nesse sentido a ampliação dos conhecimentos sobre as

características técnicas, organização e estrutura de produção tornam-se

importantes para o estabelecimento de ações que visem a estabilidade da

cultura. Essa estabilidade pode ser afetada por diversos fatores e dentre

eles, o controle de pragas merece grande atenção.

As pragas influem diretamente na produtividade por afetarem as

plantas em suas diferentes fases de desenvolvimento e principalmente em

função de reduzirem o número mínimo de plantas na colheita, uma vez

que podem ocasionar a morte das sementes ou das plântulas. O milho

produzido na safrinha pode ser atacado pelas mesmas pragas da safra de

verão e em alguns casos, com maior severidade. Sendo uma cultura com

um número relativamente pequeno de plantas por unidade de área, a

perda delas pelo ataque de pragas pode significar prejuízo na produção.

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O plantio em grandes áreas na safra de verão, associado ao cultivo

intensivo de safrinha sucedendo a soja ou mesmo o milho e incluindo-se

o incremento de áreas com o sistema de plantio direto, têm provocado

uma mudança no panorama de distribuição das pragas (GASSEN, 1999). A

presença contínua do milho no campo proporciona um efeito

multiplicador das pragas na cultura, exigindo que sejam controladas a um

nível que não causem danos econômicos.

O controle de pragas ainda é feito em grande parte através da

aplicação de inseticidas, que aumentam consideravelmente o custo de

produção. Além de poder inviabilizar economicamente a cultura, o

número cada vez maior de pulverizações vem provocando a eliminação

indiscriminada de inimigos naturais, favorecendo a seleção de

populações resistentes e expondo ambiente, agricultores e consumidores

aos riscos de contaminação. Assim deve-se considerar a importância da

utilização de técnicas de manejo integrado de pragas, através da seleção e

uso adequado de medidas de controle.

Dentre os procedimentos que devem ser observados destacam-se

o conhecimento do cultivo anterior e as pragas que nele ocorreram; a

identificação das pragas presentes na cultura e quais deverão ser

manejadas; as técnicas de monitoramento; a determinação do nível de

dano e o estabelecimento de estratégias de ação.

3. Pragas de Solo

As pragas de solo são constituídas na sua maioria por insetos,

embora outros artrópodes como centopéias, piolhos–de-cobra, lesmas e

caracóis também possam causar danos em plantas cultivadas.

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As informações sobre as pragas de solo presentes nas áreas em

cultivos anteriores ajudam no monitoramento e no estabelecimento de

estratégias de manejo. Quando a cultura é instalada em áreas de plantio

convencional, o controle cultural por meio de preparo do solo pode

reduzir significativamente a população. Quando se utiliza o sistema de

plantio direto deve-se lançar mão de outras táticas de controle. O

tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos é um controle

preventivo que protege as plântulas contra boa parte das pragas de solo,

seja pela morte do inseto ou pela repelência. Entretanto essa proteção se

dá em média até 3-4 semanas após a semeadura e no caso de algumas

pragas esse método pode não proporcionar um controle eficiente após

esse período. A pulverização no sulco de plantio pode ser uma

alternativa, mas deve-se considerar a viabilidade desse método em

função dos custos de produção. Enfatiza-se assim a necessidade de se

fazer uma amostragem das pragas na área do cultivo e nas áreas

adjacentes, levando-se sempre em conta os cultivos anteriores.

De um modo geral as pragas de solo são classificadas em

subterrâneas ou da superfície do solo. As pragas subterrâneas podem

atacar sementes em processo de germinação ou danificar as raízes de

plantas já estabelecidas. As da superfície do solo atacam plantas desde as

recém-germinadas até as de estágio de 4-6 folhas (aproximadamente 30-

40 cm). Nos dois casos, tanto as pragas subterrâneas como as da

superfície são limitantes da produção uma vez que podem reduzir o

número adequado de plantas por unidade de área.

4. Pragas Subterrâneas

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As principais pragas subterrâneas que causam prejuízos na cultura

de milho safrinha são os cupins, a larva-alfinete, os corós e os

percevejos-castanhos.

Ø Cupins = Os cupins (Heterotermes sp; Cornitermes sp e

Procornitermes sp) atacam as sementes de milho, nas áreas plantadas

próximas aos seus ninhos. Eles destroem as sementes antes da

germinação, reduzindo o número de plantas. Quando o ataque é intenso

às vezes é necessário se fazer o replantio. O tratamento de sementes

pode ser uma alternativa embora o controle biológico com iscas com

entomopatógenos também seja uma medida viável.

Ø Larva-alfinete = Os danos causados pela larva-alfinete

(Diabrotica speciosa) são conhecidos por “pescoço-de-ganso”. O

ataque das larvas nas raízes adventícias causam tombamento nas

plantas e os nós superiores que ficam em contato com o solo acabam

por se enraizar, formando um encurvamento típico. Com isso há

problemas na colheita mecanizada, resultando em perdas de espigas e

grãos. O controle preventivo não é recomendado devido ao seu alto

custo. A melhor tática ainda é o monitoramento e controle nas culturas

anteriores.

Ø Coró = Os corós podem atacar as sementes, plântulas e raízes

provocando uma diminuição de plantas na colheita. O controle físico

por meio de preparo do solo não é efetivo para os corós. O tratamento

de sementes pode ser uma alternativa para as infestações que ocorrem

até as primeiras semanas após a germinação.

Ø Percevejo-castanho = Os percevejos-castanhos (Scaptocoris

castanea) são insetos sugadores das raízes. No milho safrinha, as

infestações ocorrem principalmente após a germinação das plântulas.

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As plantas atacadas não conseguem se desenvolver e nos casos de

infestações mais severas há necessidade de se fazer o replantio. Tanto

as formas imaturas (ninfas) quanto os adultos podem atacar a cultura.

Esse ataque ocorre muitas vezes na forma de reboleiras. O controle

preventivo via tratamento de sementes não tem demonstrado bons

resultados. A aplicação de inseticidas no sulco de plant io proporciona

uma melhor proteção nas primeiras semanas após a germinação.

5. Pragas da Superfície do Solo

Destacam-se principalmente a lagarta-elasmo e lagarta-rosca.

Ø Lagarta-elasmo = A lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignoselus)

ataca as plantas na região de crescimento, ocasionado o sintoma

conhecido por “coração-morto” devido à morte das folhas centrais.

Como a lagarta-elasmo é uma praga bastante destrutiva há necessidade

de se fazer um monitoramento constante, principalmente nas áreas com

histórico de ocorrência da praga. Tão logo seja detectada sua presença

na cultura, deve-se iniciar o controle. Quando se utilizar produtos

químicos, a pulverização deverá ser feita em alto volume (> 350 l/ha) e

com jato dirigido para a base da planta.

Ø Lagarta-rosca = As infestações da lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)

podem ocorrer nas plantas de milho mais desenvolvidas, mas também

logo após a germinação. A lagarta ataca o colmo da planta junto ao

solo. Nas plantas maiores os danos são mais significativos uma vez que

a injúria se dará na região de crescimento e provocando a sua morte. O

tratamento de sementes proporciona um relativo controle quando as

infestações ocorrem até 2-3 semanas após a emergência da planta. A

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partir daí as infestações devem ser controladas por meio de

pulverizações em alto volume com jato dirigido para a base das plantas.

6. Pragas da Parte Aérea

As pragas da parte aérea que merecem maior atenção na safrinha

são os tripes, as cigarrinhas, os percevejos barriga-verde e percevejo-

verde-da-soja, a broca-da-cana-de-açúcar e a lagarta-do-cartucho.

Ø Tripes = A importância dos tripes na safrinha se dá em função de

poderem reduzir o número de plantas na colheita. Muitas informações

precisam ainda ser pesquisadas, mas a sua ocorrência nos períodos

secos pode demandar medidas de controle. O tratamento de sementes

tem controlado a praga nas infestações que ocorrem no início da

cultura.

Ø Cigarrinha das pastagens = A cigarrinha das pastagens (Deois

flavopicta) tem considerável impacto na cultura do milho

principalmente quando ocorrem infestações nas primeiras semanas

após a emergência das plantas. A sucção da seiva e injeção de toxinas

provocam secamento e até morte das plântulas. Em plantas maiores

ocorre redução de crescimento. Na época de safrinha podem ocorrer

picos populacionais que coincidem com os estágios mais suscetíveis

das plantas. É importante monitorar as áreas adjacentes à cultura,

principalmente nas áreas próximas de pastagens, decidindo-se por um

controle nas bordas, tanto da lavoura como das pastagens. Os adultos,

cuja fase é a que causa danos nas plantas, podem ser controlados com

inseticidas de contato.

Ø Cigarrinha-do-milho = A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis)

tem importância para a cultura mais pelos seus danos indiretos do que

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diretos. Os danos diretos causados pela sucção da seiva são ainda

poucos estudados e aparentemente não são de nível econômico. O

controle da praga se dá mais visando a redução de doenças. A

cigarrinha-do-milho é um vetor de micoplasma que causa uma doença

no milho conhecida por “enfezamento”, caracterizada por apresentar

estrias amareladas nas folhas e reduzir a velocidade de crescimento das

plantas. Dentre as táticas de controle, a recomendação é a de utilização

de genótipos resistentes à doença. Em grandes áreas pode ser feito

também a pulverização nas bordaduras, evitando a entrada da praga

para dentro da lavoura.

Ø Percevejos = Os percevejos que têm infestado a cultura de milho

safrinha são o percevejo barriga-verde (Dichelops furcatus) e o

percevejo-verde-da-soja (Nezara viridula). Esses insetos sugam a seiva

provocando um perfilhamento das plantas e reduzindo a produção. Em

plântulas mais novas pode ocorrer secamento, provocando prejuízos

ainda maiores. É importante o monitoramento na área a fim de se

realizar o controle com inseticidas. Esse controle deve ser realizado

quando forem encontrados mais de um percevejo por m2.

Ø Broca-da-cana-de-açúcar = A broca-da-cana-de-açúcar

(Diatraea saccharalis) vem crescendo em importância na cultura de

milho safrinha em diversas regiões. Essa praga que não costuma

apresentar danos econômicos na safra de verão está agora se

constituindo num problema na safrinha, uma vez que as infestações têm

ocorrido no início da cultura em plântulas recém-germinadas. As larvas

penetram no colmo e alimentam-se no seu interior, atingindo o ponto

de crescimento e provocando a morte da planta. Como as lagartas se

alojam no interior do colmo, o controle com produtos químicos se torna

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mais difícil e uma possibilidade de manejo é a utilização de

parasitóides de ovos como Trichogramma spp.

Ø Lagarta-do-cartucho = O manejo da lagarta-do-cartucho

(Spodoptera frugiperda), praga chave na cultura do milho, deve ser

motivo de atenção, pois infestações tanto na safra como na safrinha

provocam danos em praticamente todos os estágios de desenvolvimento

da planta. Quando a infestação se dá no início da cultura, logo após a

emergência, as plântulas geralmente não resistem ao ataque e acabam

morrendo, diminuindo-se assim o número de plantas por unidade de

área. Nessa fase as plântulas apresentam-se com uma área foliar

reduzida e o controle com inseticidas acaba sendo oneroso pelo

desperdício de produto durante as aplicações. O baixo poder residual e

por vezes o efeito da radiação solar também podem afetar a eficiência

dos produtos. Resultados de pesquisas feitas com tratamento de

sementes têm mostrado diferenças bastante significativas entre número

de plantas mortas em áreas tratadas em relação às áreas não tratadas,

embora haja uma variação na eficiência de diferentes inseticidas. De

qualquer maneira é uma estratégia importante pois possibilita um

ganho de tempo até que as primeiras pulverizações sejam efetuadas, de

tal sorte que ocorre uma menor interferência nos inimigos naturais.

Nos estágios de desenvolvimento mais adiantados a eficiência dos

produtos fica comprometida em função da pulverização tratorizada não

permitir que os mesmos atinjam a lagarta dentro do cartucho, devendo-se

assim realizar as pulverizações em alto volume.

A lagarta-do-cartucho pode atacar também a espiga do milho.

Quando o ataque ocorre nos grãos, os prejuízos são menores. Entretanto

se o ataque ocorrer na inserção da espiga antes da formação dos grãos,

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esses não chegam a se formar e aí os prejuízos são mais significativos. O

controle com métodos convencionais é bastante difícil nesse tipo de

infestação.

Outro fator que tem comprometido a eficiência de controle com

produtos químicos é a seleção de populações resistentes da praga aos

inseticidas. Mesmo com o aumento no número de pulverizações e das

doses aplicadas, o controle não tem sido eficiente. Além disso, essas

táticas elevam sobremaneira os custos de produção e provocam

desequilíbrios no ambiente pela eliminação dos inimigos naturais.

Os inimigos naturais exercem importante papel no controle da

lagarta-do-cartucho, contribuindo na diminuição da praga no campo.

Dentre os inimigos naturais de S. frugiperda destacam-se a “tesourinha”

e 4 espécies de vespas, predador e parasitóides de ovos e lagartas,

respectivamente. São inimigos naturais que atuam nas fases iniciais da

cultura e portanto evitam maiores danos nas plantas.

Ø Tesourinha (Doru luteipes) = A tesourinha é um importante

predador da lagarta-do-cartucho e tem presença mais constante na

cultura do milho. Tanto as formas imaturas quanto os adultos predam

ovos e lagartas pequenas e podem ser encontrados tanto nas fases de

desenvolvimento vegetativo, abrigados dentro do cartucho, como nas

fases de desenvolvimento reprodutivo, principalmente na espiga.

Embora os adultos tenham certa tolerância a alguns grupos de produtos

(biológicos e reguladores de crescimento), as formas imaturas são bem

mais sensíveis. A presença da tesourinha em 70% das plantas

possibilita que a lagarta-do-cartucho se mantenha controlada. Assim,

produtos e aplicações seletivas são importantes fatores que devem ser

considerados nas estratégias de manejo da praga.

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Ø Parasitóides Trichogramma spp e Telenomus remus = São

pequenas vespas, parasitóides de ovos de S.frugiperda. Devido ao seu

bom desempenho e da facilidade de criação em laboratório com baixo

custo, esses parasitóides tem sido utilizados em áreas comerciais de

diversas regiões.

Campoletis flavicincta = É uma pequena vespa que coloca seus

ovos no interior de lagartas recém-eclodidas . A lagarta parasitada

alimenta-se muito pouco e quando a larva do parasitóide está prestes a

sair, a lagarta parasitada deixa o cartucho e dirige-se para as folhas mais

altas, onde permanece imóvel até que morra, pela perfuração do seu

abdome pelo parasitóide.

Chelonus insularis = É uma pequena vespa que coloca os seus

ovos dentro dos ovos da lagarta-do-cartucho, porém permite que ocorra a

eclosão das suas lagartas. Essas lagartas, que então já nascem parasitadas,

não conseguem provocar muitos danos na planta. Elas acabam saindo

precocemente de dentro do cartucho e dirigem-se ao solo, onde se

abrigam dentro de um casulo. Nesse casulo a larva do parasitóide irá

terminar o seu desenvolvimento e transformar-se em pupa.

7. Bibliografia Consultada

ÁVILA , C.J.; DEGRANDE, P.E.; GOMEZ, S.A. Insetos-pragas:

reconhecimento, comportamento, danos e controle. In: EMBRAPA –

Centro de Pesquisa Agropecuária do Oeste. Milho informações

técnicas. Dourados: Embrapa-CPAO, 1997. p.157-181. (Circular

Técnica, 5).

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112

CRUZ, I. Manejo de pragas da cultura de milho. In: Seminário sobre a

Cultura do Milho Safrinha, 1999. Cursos. Campinas: IAC, 1999.

p.27-56.

DUARTE, A.P. Como fazer uma boa segunda safra. Cultivar, 3: 10-18,

2001.

DUARTE, A.P. Milho safrinha – técnicas para o cultivo no Estado de

São Paulo. Campinas: CATI, 2000. 16p. (Documento Técnico, 113).

GASSEN, D.N. Novos problemas com pragas na cultura do milho

“safrinha”. In: Seminário sobre a Cultura do Milho Safrinha,

Campinas: IAC, p.51-76, 1999.

INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA . Estatísticas da produção vegetal –

milho. http://www.iea.sp.gov.br/tabelas/anu_veg899. (04 de Maio de

2000).

MELO FILHO, G..A.; RICHETTI, A. Aspectos socioeconômicos da cultura

do milho. In: EMBRAPA – Centro de Pesquisa Agropecuária do

Oeste. Milho informações técnicas. Dourados: Embrapa-CPAO,

1997. p.13-38. (Circular Técnica, 5).

SÃO PAULO AGRÍCOLA . Coordenadoria de Assistência Técnica Integral.

http://www.cati.sp.gov.br/sp_agricola/meio_sp_agricola. (04 de Maio

de 2000).

TSUNECHIRO, A.; FERREIRA, C.R.R.P.T.; FRANCISCO, V.F.L.S.

Estratificação da área da cultura de milho “safrinha” nas regiões de

Assis, Orlândia e Barretos, Estado de São Paulo. In: Seminário sobre

a Cultura do Milho Safrinha, Campinas: IAC. p.141-148, 1999.

TSUNECHIRO, A.; MIELE JUNIOR, C. Análise do risco da produção e do

mercado de milho “safrinha”. In: Seminário sobre a Cultura do

Milho Safrinha, Campinas: IAC. p.127-132, 1999.

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DOENÇAS DO MILHO SAFRINHA NO ESTADO DE SÃO PAULO

Pesquisadora Científica Gisèle Maria Fantin1,Herberte Pereira da Silva2

& Aildson Pereira Duarte3

1Eng. Agrônoma, Lab. de Fitopatologia, Centro Experimental do Instituto

Biológico, Instituto Biológico, Cx. Postal 70, CEP 13001-970,

Campinas-SP. E-mail: [email protected] 2Sementes DowAgroSciences Ltda, Caixa Postal 12, 38490-000,

Indianópolis-MG. 3Pesquisador Científico, Instituto Agronômico, C.P. 263, 19800-000,

Assis-SP.

1. Introdução

A cultura do milho safrinha, que é semeada de janeiro a abril sem

irrigação, tornou-se uma importante fonte de renda para o agricultor. Na

safrinha o custo de produção é menor e o preço de venda do milho no

mercado é mais elevado comparado à safra de verão. Isso compensa a

baixa produtividade obtida pela maioria dos agricultores, em torno de 2 a

4 t/ha. Ressalte-se que a produtividade tem aumentado nos últimos anos

devido ao emprego de cultivares cada vez mais produtivos e resistentes

às doenças, ao uso de insumos (fertilizantes, inseticidas e herbicidas) e,

visando minimizar o riscos de perdas e aumentar o potencial de

produção, à antecipação da semeadura.

A área do milho safrinha cresceu rapidamente na última década,

sendo que atualmente, são cultivados cerca de 2,6 milhões de hectares, o

que corresponde a 27% e 22% da área total de milho na região Centro-

Sul e no País respectivamente.

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Por outro lado, vem sendo observado um aumento na ocorrência

de doenças nessa época e no verão, as quais podem acarretar diminuição

da produtividade e da qualidade dos grãos.

Inovações tecnológicas, como no caso do sistema de plantio

direto, em que a palhada deixada na superfície do solo tem uma

contribuição positiva, pode contribuir negativamente para o controle de

algumas doenças do milho, cujos agentes causais tem a capacidade de

sobreviver nos restos culturais e infectar o milho no plantio da safra

seguinte. Também a má utilização de tecnologias na cultura, tais como

populações de plantas acima da recomendada e a inadequada utilização

da água de irrigação, contribuíram para o agravamento do quadro de

doenças.

Algumas doenças, cujos patógenos sobrevivem apenas em plantas

vivas, vêm sendo favorecidas pela ampliação das épocas de semeadura.

O longo período no qual há instalação de lavouras proporciona maior

multiplicação destes patógenos e leva ao aumento dessas doenças na

cultura, que desta forma se disseminam com maior eficiência para

culturas mais novas em áreas próximas.

Estes fatos, aliados às condições climáticas do outono- inverno

favorecerem a intensificação de doenças até então consideradas de

importância secundária, fundamentaram críticas severas de que estas

doenças poderiam inviabilizar o cultivo do milho em algumas regiões do

país. Porém, o maior rigor na recomendação dos cultivares, utilizando-se

materiais reconhecidamente resistentes às doenças que ocorrem

regionalmente, associado às recomendações de manejo adequado da

cultura, mostraram que é possível conviver com esta nova realidade.

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2. Identificação e Manejo das Principais Doenças

2.1. Doenças Causadas por Fungos

2.1.1. Manchas Foliares

2.1.1.1. Mancha de Phaeosphaeria

A mancha foliar do milho causada pelo fungo Phaeosphaeria

maydis, também denominada de mancha branca ou pinta branca

apresenta distribuição generalizada pelas áreas produtoras de milho na

safra e safrinha no Estado de São Paulo e no Brasil. É bastante favorecida

por umidade elevada e dias chuvosos. Produz lesões esbranquiçadas, em

geral arredondadas, com 0,3 a 2,0 cm.

Controle - Recomenda-se o uso de cultivares resistentes, evitar o

plantio de cultivares mais suscetíveis em épocas ou locais muito úmidos

ou chuvosos. A rotação de culturas e a destruição dos restos culturais

ajudam a complementar o manejo da doença.

2.1.1.2. Queima de turcicum

A queima ou mancha foliar de Exserohilum turcicum

(helmintosporiose comum), tem sido mais importante nos plantios do

início de safra e também nos de final de safrinha, quando as condições de

temperatura amena favorecem seu desenvolvimento. As lesões típicas

sobre as folhas de milho são grandes, alongadas, elípticas, variando de

2,5 a 15 cm de comprimento (média de 6 a 10 cm), de cor palha.

Controle - Recomenda-se o uso de híbridos ou variedades mais

resistentes. Em casos de monocultura, no sistema convencional de

manejo de solos, recomenda-se a aração profunda para destruição dos

restos culturais. No sistema de plantio direto deve ser feita a rotação de

culturas.

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2.1.1.3. Mancha de Cercospora

A mancha foliar de Cercospora do milho, causada pelo fungo

Cercospora zeae-maydis, é também denominada de cercosporiose. Esta

doença passou a ser considerada importante a partir da última safrinha,

em 2000. É considerada, atualmente, a principal doença do milho nos

plantios de safrinha na região de Rio Verde-GO. No Estado de São Paulo

tem se evidenciado principalmente na região norte, mas já foi detectada,

este ano, na região centro.

A severidade da doença aumenta em condições de temperatura

moderada a alta, com alta umidade relativa, com formação de orvalho e,

principalmente, pela ocorrência de dias nublados ou chuvosos

consecutivos. Causa lesões foliares de cor palha a cinza, com 0,5 a 7 cm de

comprimento, estreitas e limitadas na largura pelas nervuras secundárias da

folha, o que lhes confere a forma retangular alongada típica.

Controle - A principal medida para o controle desta doença é o uso

de cultivares resistentes. Práticas culturais como rotação e principalmente o

enterrio de restos de cultura auxiliam bastante a diminuir a sobrevivência

do patógeno no solo, que é a principal fonte de inóculo.

2.1.2. Ferrugens

2.1.2.1. Ferrugem Comum

A doença caracteriza-se pela presença de pústulas geralmente

alongadas, de coloração marrom, principalmente nas folhas, nas duas

faces, em discretas faixas transversais. É favorecida por temperaturas

amenas e alta umidade.

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Controle - É feito, essencialmente, através do cultivo de materiais

com maior resistência, evitando-se a semeadura de cultivares suscetíveis

em épocas com temperatura muito amena, principalmente na fase

vegetativa da cultura.

2.1.2.2. Ferrugem Polissora

Esta doença tem sido mais danosa nos plantios mais tardios da

safra de verão e nos de início da safrinha, quando ocorrem temperaturas

elevadas. Pode disseminar-se amplamente em grandes áreas de

monocultura com milho suscetível. Os sintomas são pústulas de cor

canela, pequenas, circulares a ovais principalmente na superfície superior

da folhas.

Controle - O método mais eficiente de controle é a utilização de

cultivares mais resistentes, evitando-se a semeadura de cultivares com

maior suscetibilidade em regiões onde ocorrem temperatura e umidade

elevadas. Se viável, não proceder semeaduras em extensas áreas de

monocultura, principalmente se escalonados..

2.1.2.3. Ferrugem Tropical

A ferrugem tropical ou branca é favorecida por ambiente úmido e

temperatura moderada a alta. As pústulas são brancas a amareladas, em

pequenos grupos, principalmente na superfície superior das folhas.

Controle - É feito através do uso de cultivares de milho com

maior resistência, em todas as épocas de plantio. Pode ser

complementado, se possível, evitando–se plantios contínuos de milho em

monocultura.

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Pelo fato das ferrugens serem patógenos biotróficos (sobrevivem

apenas em plantas vivas), o enterrio dos restos de cultura não se constitui

num método de controle deste grupo de doenças.

2.1.3. Podridões de Colmo Afetam o processo normal de enchimento de grãos levando à

formação de espigas menores. Indiretamente, podem levar a perdas de

espigas pelo comprometimento de sua qualidade com o apodrecimento

pelo contato com o solo úmido ou por afetar a colheita mecânica, pela

necessidade de gastos extras com a catação manual das espigas.

No milho safrinha, sob condições climáticas do outono-inverno, a

disponibilidade diária de calor é menor que nos cultivos de verão. Em

conseqüência, a perda de umidade dos grãos é mais lenta, fazendo com

que o ciclo se alongue em quase um mês, expondo as plantas por mais

tempo a condições adversas. Isso, juntamente com o estresse, devido à

pouca disponibilidade de água para a cultura, requer atenção especial na

escolha de cultivares, com relação a resistência às doenças que provocam

acamamento e quebramento de plantas e aos patógenos depreciadores da

qualidade dos grãos.

2.1.3.1. Podridão de Colmo por Colletotrichum

Esta doença é causada pelo fungo Colletotrichum graminicola.

Pode ocorrer em qualquer fase do desenvolvimento das plantas, podendo

levá-las à seca prematura, embora seja mais comum logo após o

florescimento. Condições que predispõe a esta doença são temperatura

moderada a alta e umidade elevada, com extensos períodos nublados.

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Controle - Recomenda-se o uso de cultivares resistentes,

adubação equilibrada e rotação de culturas, principalmente no sistema

plantio direto (incidência maior). O enterrio dos restos de cultura, com a

destruição das estruturas do patógeno, é um meio eficiente de controle

em áreas com alta infestação. É importante o tratamento de sementes.

2.1.3.2. Podridão do Colmo por Stenocarpella (Diplodia)

A podridão do colmo causada por Stenocarpella maydis é

bastante comum e ocorre após o florescimento das plantas. Esta doença é

mais severa em regiões com temperaturas moderadas e, principalmente,

ambiente úmido. A predisposição a esta doença é aumentada

fundamentalmente por estresses, principalmente estresse hídrico antes do

florescimento seguido de período chuvoso.

Controle - O método mais eficiente de controle desta doença é o

plantio de cultivares mais resistentes.

São importantes, também, práticas que evitam o estresse da

planta, principalmente o uso de adubação equilibrada e densidade de

plantio adequada. Adubações nitrogenadas em cobertura não afetam a

doença, mas devem ser equilibradas, principalmente evitando deficiência

de potássio associada a altas doses de nitrogênio. Outros tipos de

estresse, como os causados por plantas daninhas e insetos, também

devem ser evitados. A colheita na época adequada auxilia a restringir os

danos causados pela doença.

A rotação de culturas é muito importante para diminuir o inóculo

do solo. O uso de sementes sadias e o tratamento de sementes evitam a

disseminação da doença através desta fonte de inóculo.

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2.1.3.3. Podridão do Colmo por Fusarium

Tem ocorrido com maior intensidade em regiões secas e quentes,

principalmente quando a polinização é antecedida por um período seco e

seguida por um período chuvoso. É também bastante favorecida por

ferimentos, muitas vezes associada a injúrias das plantas por pragas

subterrâneas ou nematóides.

Os agentes causais desta doença são Fusarium moniliforme (F.

verticillioides) e Fusarium subglutinans.

Controle - Resistência da planta complementada por rotação de

culturas, práticas culturais que evitem estresses da planta e, no caso do

sistema convencional de manejo do solo, incorporação dos restos de

cultura. Devem ser utilizadas sementes tratadas com fungicidas.

2.1.4. Podridões de Espiga

As podridões de espigas chegam a causar danos consideráveis,

principalmente em condições de alta umidade no final do ciclo das

plantas, como longos períodos chuvosos entre a floração e a colheita.

Acamamento de plantas (quando as espigas tocam o chão), espigas sem

pedúnculo pendente, mau empalhamento, ataques de insetos e ferimentos

em geral tendem a aumentar os danos. Os prejuízos não são apenas na

produtividade, como na qualidade, palatabilidade e valor nutritivo dos

grãos. Além disso, vários patógenos também produzem toxinas que

podem ter efeito cancerígeno e até letal a aves, animais e ao homem.

Para o agricultor, entre os problemas de qualidade de grãos de

milho, o que tem realmente demandado maior preocupação é a qualidade

fitossanitária - expressa pela porcentagem de grãos “ardidos”. O termo

grão “ardido” diz respeito aos grãos ou pedaços de grãos que perdem a

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sua coloração característica em mais de 25%. Os grãos “ardidos” são o

reflexo das podridões de espigas.

2.1.4.1. Podridão de Espiga por Stenocarpella (Diplodia)

Esta doença, causada por Stenocarpella maydis (Diplodia maydis)

e ocasionalmente S. macrospora também denominada de podridão seca, é

bastante freqüente e considerada a mais destrutiva entre as que afetam a

espiga. É mais danosa na região sul do país, embora ocorra em muitas

outras regiões.

É favorecida por seca antes do florescimento, seguida de alta

umidade. A infecção não parece ser favorecida por ferimentos ou mal

empalhamento das espigas, mas aquelas que não apresentam pedúnculo

pendente podem ter sua suscetibilidade aumentada.

Controle - Recomenda-se o uso de cultivares com maior

resistência. A rotação de culturas, o manejo adequado de matéria

orgânica e, no caso do sistema convencional de manejo do solo, o bom

preparo de solo com aração e gradagem, reduzem sensivelmente o

potencial de inóculo no solo. O uso de densidade de plantio adequada

para o híbrido também é muito importante. Além desta, devem ser

utilizadas outras medidas que também reduzem estresses na planta,

principalmente o uso de adubação equilibrada e o controle de plantas

daninhas. O tratamento de sementes diminui a disseminação através

desta fonte de inóculo e a colheita precoce, com o armazenamento

adequado, abaixo de 18% de umidade, inicialmente, para as espigas, e de

15%, para os grãos, restringem o desenvolvimento da doença.

2.1.4.2. Podridão de Espiga por Fusarium

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É a mais comum e disseminada doença de espigas, sendo

encontrada em praticamente todos os campos de milho. Geralmente está

associada a danos por insetos, injúrias mecânicas e mal empalhamento

das espigas. É favorecida por temperatura elevada e ambiente seco no

início da cultura seguido por condições úmidas (chuvas freqüentes) no

florescimento.

Os sintomas de podridão geralmente aparecem em grãos isolados

ou em grupos.

Controle - Recomenda-se, o uso de cultivares mais resistentes, a

colheita precoce e o armazenamento dos grãos sob condições de umidade

relativa abaixo de 15%. O controle de pragas, para evitar ferimentos nas

espigas, e a eliminação de plantas daninhas, para diminuir estresses da

planta, também são importantes. No sistema convencional de manejo do

solo, a aração profunda da área a ser plantada pode ter efeito na

diminuição do inóculo do solo.

O tratamento de sementes auxilia na redução do inóculo das

sementes e protege as plântulas do patógeno presente no solo. Embora o

patógeno esteja freqüentemente associado às sementes, estas não são a

principal fonte de inóculo.

2.2. Doenças Causadas por Molicutes

2.2.1. Enfezamentos

Chegam a causar severos danos à cultura, principalmente na

safrinha e nos plantios tardios da safra de verão. São transmitidos pelo

mesmo vetor, a cigarrinha Dalbulus maidis. Apesar de comum a presença

dos enfezamentos na mesma planta, os sintomas mais evidentes geralmente

são os do enfezamento vermelho.

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2.2.1.1. Enfezamento Vermelho

A incidência desta doença vem aumentando nesta década, chegando

a ser limitante em materiais muito suscetíveis. É favorecida por

temperaturas moderadas a altas. Seu agente causal é um fitoplasma.

O sintoma mais comum é o avermelhamento dos bordos e pontas

das folhas mais novas, o qual geralmente evolui para uma necrose. Quando

há infecção de plantas bem novas, ocorre um nanismo acentuado da planta

e a formação de numerosas espigas pequenas, sem grãos ou com poucos

grãos frouxos e pequenos. Em geral, a infecção é tardia, mas, mesmo em

plantas com sintomas leves, o enchimento de grãos pode ser bastante

prejudicado.

2.2.1.2. Enfezamento Pálido

O enfezamento pálido é favorecido por temperaturas mais altas que

as que favorecem o enfezamento vermelho e seus sintomas típicos têm sido

observados com menor freqüência no Estado de São Paulo.

Esta doença é causada pelo espiroplasma denominado Spiroplasma

kunkelii. Os sintomas típicos da doença são longas faixas de cor amarelo

limão a esbranquiçadas, as quais podem atingir toda a extensão da folha.

Dependendo das condições ambientais, pode ocorrer avermelhamento das

folhas e não há formação das faixas, dificultando sua identificação no

campo. Com infecção mais severa, em plantas bem jovens, há maior

encurtamento de internódios, com formação de numerosas espigas

pequenas, como para o enfezamento vermelho.

Controle - Recomenda-se, tanto para o enfezamento vermelho

como o pálido, principalmente, a utilização de cultivares com maior

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resistência. Se possível, devem ser evitados plant ios sucessivos,

principalmente tardios, pois a cigarrinha, que é constantemente associada

ao milho, pode atingir altas populações no decorrer do ano agrícola, e

apresentar maiores concentrações do patógeno, disseminando amplamente

a doença.

2.3. Viroses

2.3.1. Mosaico Comum

O mosaico comum é também denominado mosaico da cana-de-

açúcar. Esta virose tem apresentado incidência elevada no Estado de São

Paulo ultimamente. A transmissão do vírus, agente causal da doença, pode

ser feita por mais de 20 espécies de afídeos, principalmente pulgões, entre

eles Rhopalosiphum maidis, Schizaphis graminum e Myzus persicae.

Os sintomas típicos da doença são áreas alongadas de cor verde

clara entremeadas às de verde normal.

Há diferenças quanto ao nível de resistência entre os materiais

cultivados, mas ainda não existem informações mais completas sobre

recomendação de cultivares visando o controle desta doença.

Controle - Deve-se evitar, se possível, plantios tardios, pela maior

população de insetos vetores do vírus. Além disto, devem ser eliminadas

gramíneas selvagens hospedeiras (capim massambará, colchão, colonião e

capim-arroz) e evitados os plantios nas proximidades de culturas de cana-

de-açúcar infectadas com o vírus, que podem ser fontes de inóculo.

2.3.2. Risca do Milho

A risca do milho é a virose mais comum nos cultivos de milho em

nosso país. Nos últimos anos, tem ocorrido com muita freqüência em

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plantios tardios. A transmissão do vírus da risca é feita pela mesma

cigarrinha que transmite os enfezamentos: Dalbulus maidis.

Os sintomas apresentam-se como linhas cloróticas estreitas e

interrompidas.

Controle - Os cultivares comerciais de milho apresentam diferentes

níveis de resistência ao vírus, porém esta característica ainda não foi bem

explorada. Evitar plantios tardios e, se viável, a eliminação de plantas

voluntárias de milho também podem contribuir para a redução da

incidência da virose.

3. Emprego de Sementes Sadias ou Tratadas:

O manejo integrado das doenças deve se iniciar pelo emprego de

sementes de boa qualidade sanitária, praticamente livres de patógenos ou

tratadas com fungicidas e doses apropriadas. O tratamento de sementes é

eficiente para controle de patógenos transportados pelas sementes, de

fácil aplicação, de baixo custo e de pequeno impacto ambiental.

No Brasil, são registrados para tratamento de sementes de milho:

Captan, Fludioxonil, Quintozene (PCNB), Thiabendazol, Tolylfluanid,

Thiram, Fludioxonil + Metalaxyl e Carboxin + Thiram. A maioria das

empresas produtoras de sementes de milho utilizam o Captan.

4. Controle Através de Resistência:

No início da expansão da safrinha, as doenças eram consideradas

fatores limitantes à produtividade; contudo, nos últimos anos, estas tem

ocorrido com intensidade menor e seus danos tem sido mais baixos. Um

dos principais fatores que tem proporcionado maior controle de doenças

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é o uso de cultivares mais resistentes às doenças que ocorrem

regionalmente.

Em testes regionais realizados no Estado de São Paulo, nas

safrinhas de 1999 e de 2000, os híbridos simples e triplos (HST) que se

destacaram como mais resistentes à mancha de Phaeosphaeria foram:

P3021, CO9560, C333B, Tork, AS1533, AG5011, CD3121, BRS3101,

C747, Fort, Z8486, DKB350 e A2288 e os híbridos duplos e variedades

(HDV) que apresentaram menor severidade da doença foram: C435,

C444, AL25, IACV3 e C125.

Quanto à ferrugem comum, evidenciaram-se como mais

resistentes à doença os seguintes HST: Fort, AG8080, Z8392, A2288,

DinaCO32, Master, Tork, CD3121, AS1544, Dina766, P30F80 e XL269

e os seguintes HDV: Balu184, Traktor, SHS8447, C444, AS32,

Savana185, Z8447, CD3211 e AL30. Apresentaram menor severidade

da queima de turcicum os HDV: C125 e Traktor.

Os HST que apresentaram menor porcentagem de plantas com

sintomas de enfezamento foram: Z8486, CO9560, Z8392, Avant, Z8501,

XL221, P3041, DinaCO32, AG8080, Tork, XB7011 e A2288 e os HDV

foram: XB8010, C444, AG122, Traktor, C125 e C701. Ao mosaico os

HST com menor incidência da doença foram: AG6016, P3041, C929,

Dina766, C333B, Z8486, SHS5050, P30F80, BRS3101, AG9010,

AGN3150, AG8080 e AGN3180 e os HDV foram: AL34, C435, C125,

SHS4040, C444, C701 e IACV3.

5. Medidas Gerais de Controle de Doenças

A adequada utilização das medidas de controle das doenças do

milho visa a prevenção da ocorrência das doenças mais importantes da

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cultura, levando a uma maior produtividade com melhor qualidade dos

grãos. As medidas mais importantes de controle, a serem tomadas na

instalação e condução de uma cultura, se resumem nos seguintes passos:

1. Conhecer a importância das principais doenças nos diferentes locais e

épocas de plantio, possibilitando a utilização de cultivares mais

resistentes às doenças potencialmente mais importantes para cada região

e época de plantio.

2. Fazer rotação de culturas.

3. Sob monocultura, dar preferência ao sistema convencional de manejo

do solo, realizando bom preparo com incorporação dos restos culturais e

evitar plantios escalonados.

4. Manejar o solo para ter boas condições para a germinação das

sementes.

5. Utilizar sementes com boa qualidade sanitária, física e fisiológica,

tratadas com fungicida.

6. Utilizar a densidade de semeadura recomendada para o cultivar

utilizado.

7. Realizar adubação de semeadura e cobertura, de modo a fornecer os

nutrientes em quantidade e proporção adequadas às plantas.

8. Controlar plantas daninhas.

9. Realizar o manejo das pragas.

10. Manejar adequadamente a água em campos irrigados.

11. Não atrasar a operação de colheita e, se necessário, realizá- la

antecipadamente.

12. Armazenar adequadamente as sementes, logo após a colheita.

Estas medidas de controle apresentam efeitos maiores ou menores

sobre os tipos de doenças, podendo variar, também, de acordo com

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128

outros fatores como as condições ambientais ou a presença e quantidade

das fontes de inóculo.

6.. Bibliografia

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130

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MANEJO DE PRAGAS DE SOLO NA CULTURA DA SOJA1

Lenita J. Oliveira & Clara B. Hoffmann-Campo

Pesquisadora em Entomologia, Embrapa Soja. Caixa Postal 231. 86001-

970, Londrina, PR

As chamadas pragas de solo, em geral são insetos fitófagos de

hábito subterrâneo que podem atacar todas as estruturas subterrâneas das

plantas, mas englobam, também, aqueles que vivem na superfície do

solo, sob a liteira, cortando ou broqueando o “colo” da planta. Diversas

espécies de insetos pertencentes, principalmente, às ordens Diptera,

Lepidoptera, Coleoptera e Hemiptera são citadas na literatura como

pragas de hábito subterrâneo, em soja. Além dos insetos, também têm

ocorrido em soja outros grupos de pragas de solo ou de superfície, como

Diplopoda, lesmas e caracóis. Um levantamento realizado pela Embrapa

Soja mostrou que, nas últimas cinco safras, as principais pragas de solo

que ocorreram na cultura da soja foram: larvas do complexo de corós

(Col.: Scarabaeoidea), percevejo-castanho-da-raiz (Hem.: Cydnidae),

lagarta elasmo (Lep.: Piralydae), cochonilha-de-raiz (Hom.: Coccoidea),

1 Manuscrito aprovado para publicação pelo Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Soja sob o nº 071/2001

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piolhos-de-cobra (Diplopoda), lesmas (Veronicellidae) e caracóis. Mais

de 70% dos relatos, onde houve dano econômico à lavoura, se referiam a

dois grupos de pragas de raiz: o complexo de corós e percevejo-castanho-

da-raiz.

Esses grupos de insetos são polífagos, mas enquanto ninfas e

adultos do percevejo castanho sugam raízes de várias famílias de plantas,

no grupo de corós, adultos e larvas apresentam hábitos alimentares

distintos. As larvas são rizófagas e os adultos consomem folhas de várias

espécies. A multiplicidade de hospedeiros associada aos hábitos

subterrâneos desses grupos de insetos dificultam muito o seu controle.

Tanto os corós como os percevejos de raiz passam todas as fases de

desenvolvimento no interior do solo e apenas os adultos saem em

revoadas ao entardecer retornando depois, ao solo.

O complexo de corós inclui vários gêneros e a espécie

predominante varia de região para região, mas todas têm hábitos

semelhantes e causam o mesmo tipo de dano à soja. Phyllophaga

cuyabana e Plectris sp. predominam em lavouras de soja, na região

Centro-Oeste e Norte do Paraná, respectivamente. Liogenys sp. ocorre

em Goiás e Mato Grosso do Sul, mas há outras espécies de

Scarabaeoidea ainda não identificadas, igualmente importantes,

danificando soja no Sudoeste de São Paulo, Triângulo Mineiro e Mato

Grosso (7). A espécie P. cuyabana é a mais estudada, e, na prática, têm

se observado que, do ponto de vista de manejo, vários resultados obtidos

para essa espécie podem ser adaptados às diferentes regiões ecológicas,

desde que consideradas as variações nas condições ambientais, que no

caso do Cerrado, podem adiantar o início das revoadas de adultos.

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O nome popular “percevejo castanho” designa um grupo

composto de várias espécies, pertencentes à família Cydnidae, subfamília

Scaptocorinae. Esse grupo tem ampla distribuição geográfica na região

Neotropical e, no Brasil, duas espécies, Scaptocoris castanea e

Atarsocoris brachiariae, vêm causando grandes danos à agropecuária,

em pastagens, soja e algodão, principalmente na região dos Cerrados. A.

brachiariae inicialmente associada a pastagens, também foi observada

atacando soja. As duas espécies são muito semelhantes e são facilmente

reconhecíveis pelo odor característico e desagradável que exalam,

durante o preparo de solo em áreas infestadas. Quando expostos à

superfície, esses percevejos emitem um som estridente. No seu “habitat”,

a cópula e oviposição ocorrem no solo.

Comumente, o ataque de corós e percevejo-castanho-da-raiz

ocorre em reboleiras ou focos, que podem variar de poucos metros até

vários hectares, distribuídos irregularmente na área infestada. Dentro das

reboleiras, pode ocorrer redução da população de plantas, devido à morte,

quando o ataque ocorre no início do desenvolvimento da soja, e

amarelecimento das folhas e redução do crescimento das plantas quando

o ataque é mais tardio. A intensidade dos danos é devida não só da

população e da idade dos insetos, mas também do desenvolvimento

radicular da planta, tanto em função do estádio de desenvolvimento da

cultura, como de outros fatores como, por exemplo, presença de camadas

de solo adensadas, prejudicando a expansão das raízes. Os efeitos dos

danos no sistema radicular, na produção de grãos podem ser

intensificados sob condições de solos pobres ou sob condições de

estresse hídrico em épocas críticas.

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Os danos causados por cochonilhas-da-raiz em soja são

localizados e geralmente não justificam o controle. Danos por lagarta-

elasmo ocorrem em geral, em épocas de estiagem e temperaturas altas e

embora a praga possa causar graves prejuízos, não há medidas de

controle eficientes, especialmente após a detecção do ataque. Os caracóis

e lesmas ocorrem em ambientes úmidos e em soja seu ataque é eventual e

localizado. Os piolhos-de-cobra também ocorrem em reboleiras, às vezes

causando danos severos.

O manejo de pragas polífagas, de ciclo longo e hábitos

subterrâneos, como corós e percevejo castanho, deve ser feito

considerando o sistema de produção como um todo e não apenas durante

o período em que a cultura principal está no campo. Várias medidas

podem ser adotadas para diminuir a população de pragas de solo ou

aumentar a tolerância da soja a elas.

Época de semeadura: A manipulação da época de semeadura da

soja, como estratégia de manejo de pragas, baseia-se no princípio de

evasão hospedeira e/ou aumento da tolerância da cultura aos danos

causados pelas pragas. Esta estratégia funciona bem para pragas como os

corós, especialmente P. cuyabana que apresenta um padrão relativamente

estável de distribuição estacional e sincronizado com o sistema de

produção de soja nas regiões de ocorrência. Preferencialmente, as áreas

infestadas por corós devem ser semeadas antes que as larvas atinjam 1,0

cm e, se possível, antes das primeiras revoadas de adultos.

Manejo de plantas hospedeiras e não hospedeiras: Algumas

espécies vegetais, como Crotalaria juncea, Crotalaria spectabilis e

algodão, prejudicam o desenvolvimento das larvas de P. cuyabana,

especialmente no início da fase larval, quando podem aumentar a

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mortalidade das larvas (9) e podem ser usadas como alternativa em áreas

infestadas, em rotação com a soja e outras culturas atacadas por corós. C.

spectabilis pode ser utilizada também como cultura que antecede a soja,

associada a cultivares tardias desta leguminosa, nas áreas com maior

nível de infestação. As larvas serão negativamente afetadas desde que

consumam C. spectabilis por pelo menos 20 dias. Portanto, a semeadura

da crotalária deve ser realizada antes da primeira revoada, deixando a

cultura no campo, pelo menos, 20 a 25 dias após o início das revoadas. A

prática do cultivo de soja, milho ou girassol de safrinha contribui para o

aumento de população de corós de um ano para outro e deve ser evitada.

Para percevejo-castanho-da-raiz, ainda não há dados conclusivos

que permitam fazer indicações para rotação de cultura com a soja. Mas,

apesar de seu alto grau de polifagia, existem diferenças na preferência

e/ou suscetibilidade de diversas espécies vegetais, sendo Brachiaria

humidicola um dos hospedeiros preferenciais de percevejo castanho (1).

Observações de campo e ensaios coordenados pela Embrapa Soja

indicaram que, entre as culturas anuais, o algodão é mais suscetível aos

danos do que a soja, que, por sua vez, é menos tolerante que o milho e o

milheto.

Manejo de solo: O ataque de soja por larvas de corós ocorre tanto

em sistema de semeadura direta como em convencional. O padrão de

distribuição do P. cuyabana, no perfil do solo, indica que o manejo deste

pode contribuir para diminuir a população, através de dano mecânico às

larvas, da sua exposição a aves e a outros predadores e do deslocamento

de larvas em diapausa e pupas para camadas do solo com condições de

umidade e temperatura de maior amplitude de variação e, portanto,

menos adequadas à sobrevivência das fases inativas do inseto. A época e

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o tipo de implemento utilizado no preparo do solo são fundamentais para

o sucesso desse método de controle. A mortalidade larval pode ser

atribuída mais à exposição a fatores adversos logo após o preparo, do que

a mudanças nas condições do solo. As reduções na população de corós

foram mais evidentes em parcelas preparadas com implementos mais

pesados, como o arado de aiveca (6). Para o preparo do solo das áreas,

onde houve sinais de danos, antes da cultura de verão, devem ser

utilizados implementos que atinjam maior profundidade e possam

deslocar as larvas para a superfície, pois, nesta época, embora a

população esteja inativa e mais suscetível a perturbações, grande parte

dos indivíduos se encontra abaixo de 20 cm de profundidade, dentro de

câmaras. Em áreas muito infestadas, o preparo do solo pode ser associado

à semeadura no início da época recomendada e ao uso de cultivares

precoces, diminuindo, assim, o risco de dano e possibilitando o preparo

de solo, antes da cultura de inverno. Nesse caso, o preparo do solo pode

ser realizado com arado de disco, desde que realizado logo após a

colheita da soja, mas antes de as larvas iniciarem a diapausa, que ocorre,

preferencialmente, a mais de 20 cm de profundidade no solo, portanto,

fora do alcance desse tipo de implemento.

O percevejo-castanho-da-raiz, como os corós, tem ocorrido tanto

em áreas de semeadura direta como em áreas com manejo convencional

do solo. Alguns estudos mostraram que o efeito da cobertura vegetal foi

maior do que o efeito do manejo do solo, quando as operações de preparo

são realizadas antes dos cultivos de verão, época na qual, em geral, a

população está localizada abaixo de 20cm de profundidade (10). Ensaios

realizados nas safras 98/99 e 99/2000, embora não conclusivos, mostram

tendência de se repetir, para o percevejo castanho o mesmo padrão dos

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corós, ou seja, o efeito da operação de preparo é imediato e localizado,

devido à exposição destes insetos à fatores adversos. Estudos

comparando áreas de semeadura direta com áreas gradeadas (duas

passagens de grade aradora atingindo até 25 cm de profundidade),

mostraram que o efeito da gradagem foi aparentemente maior nas

camadas superficiais, especialmente nos primeiros 10cm, não atingindo,

entretanto, a população situada abaixo de 20 cm, que representava 50%

da população existente no local (10). Um estudo realizado 1998 no Mato

Grosso em área de semeadura direta mostrou que a subsolagem realizada

com baixíssima umidade, seguida de duas gradagens e a aivecagem

seguida de uma gradagem diminuíram significativamente a população de

percevejo-castanho-das-raízes (3).

O efeito do preparo de solo sobre corós e percevejo-castanho-

da-raiz é maior, quando a operação é realizada nas horas mais quentes

do dia e com implementos que atingem maior profundidade. Entretanto,

para outras pragas de solo, como cochonilhas de raízes, cuja capacidade

de movimentação no perfil do solo é insignificante e, normalmente, são

encontradas nas camadas superficiais, o efeito do sistema de manejo do

solo pode ser mais significativo, embora não haja estudos conclusivos a

respeito (7).

Piolhos-de-cobra, lesmas e caracóis também ocorrem com maior

freqüência em lavouras de semeadura direta, mas também já foram

observados ataques em áreas de manejo convencional do solo.

O preparo de solo pode ser um componente dentro do sistema de

manejo de pragas rizófagas em soja. Entretanto, sua utilização não pode

ser generalizada, pois a eficiência na redução da população depende de

muitos fatores, como época do preparo, implemento utilizado,

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condições microclimáticas durante o preparo, estádio de

desenvolvimento do inseto, nível populacional e distribuição do inseto

no perfil do solo. O revolvimento do solo em áreas de semeadura direta

unicamente com o objetivo de controlar pragas rizófagas, como corós e

percevejo-castanho-da-raiz, não é recomendado, a não ser de forma

eventual e localizada nos focos com alta infestação, pois seu efeito no

controle dessas pragas nem sempre é satisfatório a ponto de compensar

a perda dos benefícios da semeadura direta.

Controle biológico: Vários agentes de controle biológico de P.

cuyabana foram observados destacando-se patógenos em ovos, larvas e

adultos e dípteros parasitóides de adultos. Foram identificados os fungos

Beauveria bassiana (principalmente em adultos) e Metarhizium anisopliae

(em larvas e adultos) e uma bactéria isolada de larvas, identificada como

Bacillus sp., possivelmente B. popilliae (9). Essa bactéria e outras do

genêro Serratia, têm sido usadas com grande êxito para controle de

escarabeídeos em outros países, como a Nova Zelândia. De maneira geral,

M. anisopliae mostrou, em laboratório, maior potencial de controle de

larvas de corós que os demais fungos. O percevejo castanho também possui

vários inimigos naturais, destacando-se as formigas e patógenos. Fungos

entomopatogênicos dos gêneros Metarhizium, Beauveria e Paecilomyces já

foram isolados desse inseto e apresentaram, em laboratório, potencial para

controle da praga. O fungo M. anisopliae apresentou maior virulência para

adultos de S. castanea do que B. bassiana e Paecilomyces (8). Entretanto, a

eficiência dos fungos em condições de campo, tanto para corós como para

percevejo castanho, é muito irregular e depende, principalmente, das

condições de umidade do solo na época de aplicação.

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Controle químico: O controle químico de corós (5) e percevejo

castanho, em soja, até o momento, têm se mostrado pouco viável, em

função do hábito subterrâneo destes insetos. Vários grupos de pesquisa

(2,4,5,8,11,13) vem testando inseticidas misturados à semente e aplicados

no solo diretamente no sulco de semeadura para controle dessas pragas,

mas, para a soja, ainda não há nenhum inseticida eficiente e registrado

com essa finalidade. Também não há, até o momento, inseticidas

recomendados para controle da lagarta-elasmo, cochonilha-da-raiz,

lesmas, caracóis e piolho-de-cobra em soja.

Medidas para aumentar a tolerância da soja a pragas de solo

rizófagas: O dano causado por pragas de solo à soja é indireto, devido à

sucção de seiva ou ingestão de raízes. Assim, qualquer medida que

favoreça o crescimento da planta e o desenvolvimento de seu sistema

radicular, aumentará também o seu grau de tolerância a esses insetos.

Várias medidas podem ser tomadas, destacando-se: a) inoculação com

bactérias fixadoras de nitrogênio, que favorece o aumento do sistema

radicular, especialmente raízes secundárias; b) evitar a formação de

camadas de solo adensadas; c) correção da fertilidade do solo, que favorece

o desenvolvimento da planta e, consequentemente, das raízes; e d) correção

da acidez do solo, para que a menor disponibilidade de alumínio e um

suprimento adequado de Ca e Mg, propiciem maior desenvolvimento

radicular (5,7).

Alternativas potenciais para o manejo de pragas rizófagas em

soja: Grupos de plantas altas ou árvores, próximos às áreas infestadas,

geralmente são sítios de agregação de adultos de corós. Em áreas com

histórico de ataque da praga, pode-se semear milho, girassol, C. juncea

ou soja, em cultivo antecipado, de maneira que as plantas estejam bem

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desenvolvidas na época do início das revoadas e funcionem como focos

de agregação de adultos, para controle localizado dos mesmos com

inseticidas químicos ou biológicos. Girassol e C. juncea estimulam a

alimentação das fêmeas e podem potencializar a ingestão de produtos

químicos ou biológicos (bactérias), aplicados sobre as folhas dessas

culturas.

Os adultos de P. cuyabana, principalmente os machos, são

atraídos por luz amarela (10), que pode ser utilizada em armadilhas para

monitoramento ou associadas a outros métodos de controle. O feromônio

sexual, produzido pela fêmea de P.cuyabana é outra linha de pesquisa em

desenvolvimento e poderá servir como atraente, associado ou não às

armadilhas luminosas, para concentração de adultos, facilitando seu

monitoramento ou controle. Para percevejo-castanho-da-raiz essa linha

de pesquisa ainda não foi desenvolvida, mas também há possibilidade de

utilização de feromônios em seu manejo, no futuro.

O manejo de pragas de solo em soja depende da associação de

inseticidas químicos ou biológicos e práticas culturais que permitam a

convivência com a praga, baseadas principalmente em sua biologia e

comportamento. Embora, vários aspectos comportamentais já tenham

sido desvendados, ainda há grande necessidade de estudos nessa linha,

para várias espécies. O entendimento das relações inseto-planta dentro de

uma visão holística do sistema de produção também é fundamental para o

manejo cultural dessas pragas.

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1. AMARAL, J.L. DO; MEDEIROS, M. O; OLIVEIRA,C.; OLIVEIRA, E. A. S.

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6. OLIVEIRA, L. J.; HOFFMANN-CAMPO, C. B.; GARCIA, M. A. Effect of

soil management on the white grub population and damage in

soybean. Pesq. Agropec. Bras., 35: .887-894, 2000.

7. OLIVEIRA, L. J. Manejo das principais pragas das raízes da soja. In:

CÂMARA, G. M. de Sousa (ed.) Soja: tecnologia da produção II.

Piracicaba: ESALQ/LPV, 2000. p.153-178.

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8. OLIVEIRA, L.J. (org.). Efeito de inseticidas químicos e de fungos

entomopatogênicos sobre o percevejo-castanho-da-raiz:

resultados da safra 99/00. Embrapa Soja. 36p, 2000.

(Documentos/ Embrapa Soja, ISSN 1516-78x, n 150).

9. OLIVEIRA, L.J.; GARCIA, M.L.; HOFFMANN-CAMPO, C.B.;FARIAS,

J.R.B; SOSA-GOMEZ, D.R; CORSO, I.C. Coró-da-soja

Phyllophaga cuyabana (Moser 1918). Londrina. 30p, 1997.

(EMBRAPA-CNPSo. Circular técnica, 20).

10. OLIVEIRA, L.J.; MALAGUIDO, A.B.; NUNES, JR. J. ; CORSO, I. C.; DE

ANGELIS, S.; FARIAS, L.C.; HOFFMANN-CAMPO, C.B.; LANTMANN,

A. Percevejo-castanho-da-raiz em sistema de produção de

soja. Embrapa Soja. 44p, 2000. (Circular Técnica 28).

11. RAGA , A. & SILOTO, R.C. Resultados de pesquisa de controle químico

do percevejo castanho Scaptocoris castanea em cultura de milho

safrinha no estado de São Paulo. In: Workshop sobre Percevejo

Castanho da Raiz, Embrapa Soja. p.55-56, 1999. (Embrapa Soja.

Documentos, 127).

12. SANTOS, B. Bioecologia de Phyllophaga cuyabana (Moser 1918)

(Coleoptera: Scarabaeidae), praga do sistema radicular da

soja [Glycine max (L.) Merrill, 1917]. Piracicaba, 1992. 111 p.

Dissertação Mestrado-ESALQ/USP.

13. WORKSHOP SOBRE PERCEVEJO CASTANHO DA RAIZ, 1999, Embrapa

Soja. 68p, 1999. (Embrapa Soja. Documentos, 127).

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NEMATÓIDES NA CULTURA DA SOJA

Pesquisador Científico Carlos Eduardo Rossi

Engenheiro Agrônomo - Laboratório de Nematologia, Centro

Experimental do Instituto Biológico, Instituto Biológico, Caixa Postal 70,

CEP 13001-970, Campinas – SP. E-mail: [email protected]

1. Introdução

A soja, uma das culturas de maior importância econômica para o

Brasil, vem apresentando, a cada ano, prejuízos crescentes causados por

nematóides. Trata-se de uma planta sensível a esses parasitos e, para a

dificuldade do produtor, os danos podem ser atribuídos a fatores

diversos.

Nematóides são animais microscópicos, usualmente chamados de

vermes (designação antiga dada também a minhocas e outros

organismos, cuja forma do corpo é longa e delgada), essencialmente

aquáticos. Existem espécies que se alimentam de fungos, de bactérias e

também de plantas, dentre outros hábitos alimentares. Os parasitos de

plantas vivem no solo ou no interior de estruturas vegetais, tais como:

folhas, caules e, principalmente, raízes. Possuem uma estrutura similar à

uma agulha de seringa, o estilete, pelo qual introduzem substâncias nas

células digerindo-as e em seguida sugam o líquido resultante. É dessa

forma que os nematóides parasitos de plantas se alimentam.

Os problemas com nematóides na agricultura, fundamentalmente,

são fruto do desequilíbrio ocasionado por práticas agrícolas inadequadas,

tais como a monocultura por safras seguidas.

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Mais de 20 gêneros de nematóides já foram detectados associados

com soja no Brasil (CARNIELLI & SOUZA, 1989). Desses, Heterodera (o

nematóide de cisto) e Meloidogyne (o nematóide de galha) apresentam

importância econômica para essa cultura e serão mais bem detalhados.

2. Nematóide de Cisto da Soja

Trata-se de um nematóide extremamente nocivo à sojicultura

mundial. Os prejuízos causados por ele podem chegar a 100% em

algumas áreas altamente infestadas. Sua descoberta em solo brasileiro

aconteceu na safra 91/92 nos Estados de Minas Gerais (LIMA et al.,

1992), Mato Grosso (LORDELLO et al, 1992) e Mato Grosso do Sul

(MONTEIRO & MORAIS, 1992). Em São Paulo foi detectado na safra 94/95

na região de Assis (ROSSI et al., 1995). Atualmente, encontra-se

distribuído pelas principais regiões de cultivo de soja do Brasil.

O cisto que proporciona o nome comum ao nematóide é a cutícula

da fêmea adulta morta encontrando-se em seu interior cerca de 300 ovos

que podem permanecer viáveis por um longo tempo à espera de uma

planta hospedeira. A soja cultivada em campo infestado estimula os

juvenis a emergirem dos cistos e penetrarem nas raízes. A partir daí,

parasitam de forma sedentária passando por várias fases jovens até a

formação do adulto. Há cruzamento entre nematóides de diferentes raças,

o que gera muita variabilidade.

Sintomas e Danos

Como o nematóide tem pouca mobilidade, há uma tendência das

infestações ocorrerem em reboleiras. Os sintomas são plantas mal

desenvolvidas com aparência de deficiência nutricional, folhas esparsas e

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amareladas, poucas flores, às vezes a haste raquítica e desnuda e

nodulação precária. A utilização de implementos no momento do preparo

do solo dissemina o nematóide pela área.

O sinal mais característico é a fêmea globosa esbranquiçada

aderida à raiz.

O prejuízo direto causado pelo parasitismo de um indivíduo em

uma planta é desprezível, mas quando se considera centenas de

indivíduos, comum em altas infestações, o dano passa a ser evidente. É

mais intenso em solos leves ou arenosos e onde há pH elevado (DIAS et

al., 2000).

Controle

Em vista da soja e de poucas outras plantas (feijão, tremoço, azuki

etc) serem as únicas hospedeiras do nematóide, a rotação de culturas é a

medida de controle mais recomendada. Entretanto, o cisto que se

encontra no solo após a colheita da soja, protege os ovos por um longo

tempo. Assim, a melhor estratégia é integrar rotação de culturas com

cultivares de soja resistentes. Já existem disponíveis quase uma dezena

de cultivares com resistência genética ao parasito. Há muita variabilidade

dentro da população devido à reprodução cruzada do nematóide. Dentre

as 16 raças possíveis, a 3 é a mais comum em nosso país. O plantio

consecutivo de uma mesma cultivar resistente seleciona a população e a

inviabiliza para as próximas safras. Medidas como limpeza de

implementos e máquinas, eliminar soja “tiguera” da área infestada após a

colheita, plantio direto na palha, evitam a disseminação e a multiplicação

do nematóide. O manejo adequado do solo, mantendo níveis altos de

matéria orgânica, saturação de bases dentro do recomendado, adubação

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equilibrada e ausência de camadas compactadas aumenta a tolerância da

soja ao nematóide (EMBRAPA, 2000).

3. Os Nematóides de Galhas

Ao contrário da espécie anterior, esses nematóides atacam muitas

culturas e estão distribuídos por quase todas as áreas agricultáveis. Há

duas principais espécies que parasitam soja: Meloidogyne javanica e M.

incognita, sendo a primeira a predominante. A presença dessas espécies

em altas infestações é considerada fator limitante.

Sintomas A presença de reboleiras com plantas de porte mais reduzido,

amareladas e com folhas apresentando manchas cloróticas entre as

nervuras (folha carijó) caracteriza um sintoma da presença desse

nematóide na lavoura. Entretanto, é nas raízes que se encontra o sintoma

típico do parasitismo desse organismo que lhe proporcionou o seu nome

comum: as galhas. Essas são engrossamentos de forma esférica isolados

ou podendo se coalescerem modificando totalmente a morfologia da raiz,

não destacados facilmente como os nódulos de Bradyrhizobium que

podem se formar na raiz principal e nas demais.

Controle

A decisão de se controlar a população do nematóide deve ser

tomada muito antes da instalação da lavoura, pois as medidas são

preventivas. O controle é baseado em adoção de rotação de culturas com

plantas não hospedeiras, que no caso dessas espécies, não apresenta

muitas opções, e cultivares com resistência genética ao parasito.

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Inicialmente, necessita-se conhecer qual (is) a(s) espécie(s) que

estão presentes na área. Para isso é preciso enviar uma amostra de solo e

raízes para um laboratório de nematologia, a fim de que seja feita a

identificação específica.

Para M. javanica pode-se cultivar em rotação em áreas

reconhecidamente infestadas milho resistente (‘C 811’, ‘BR 3123’, ‘C

491’ ‘AG 5016’, ‘Tork’ ‘X 1297 J’, ‘XL 357’ etc), amendoim, algodão,

sorgo resistente (‘AG 2005-E’ e ‘AG 2501-C’) e mamona (DIAS et al.,

1998; 2000). Rotação de culturas com adubos verdes (crotalárias, aveia

preta, milheto e alfafa) melhora as propriedades físicas, químicas e

biológicas do solo, além de que a presença de plantas não hospedeiras

evita a multiplicação do nematóide.

As cultivares de soja: ‘Bragg’, ‘BR-6’, ‘BR-30’, ‘IAC-8’, ‘BRS-

65’, ‘Celeste’, ‘CD-201’, ‘CD-203’, ‘FT-Cometa’, ‘Conquista’, ‘Iguaçu’

apresentam resistência a essa espécie e podem ser utilizadas em

esquemas de rotação de culturas para um melhor desempenho das

mesmas.

Para M. incognita, as opções são mais restritas: amendoim, milho

‘P30F80’, crotalárias, mucuna-preta, aveia preta, guandu e, as cultivares

de soja: ‘BR-36’, ‘BRSMG 68’, ‘Garantia’, ‘Liderança’, ‘Renascença’,

‘Matrinchã’, ‘CD 201’, ‘CD 202’, ‘CD 203’, ‘IAC 8’, ‘IAC 12’,

‘Conquista’, ‘Pequi’, ‘Pioneira’, ‘Iguaçu’.

4. Referências Bibliográficas

CARNIELLI, A; SOUZA, M.I.F. Nematóides em soja: resumos

informativos. EMBRAPA/DID. 169p, 1989. (Resumos Informativos,

29).

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DIAS, W.P. Controle de nematóides fitoparasitas associados à cultura da

soja. Resultados de Pesquisa da Embrapa Soja. Embrapa/CNPSo.

P.11-21, 1998. (Embrapa soja. Documentos, 125).

DIAS, W.P.; GARCIA, A.; SILVA , J.F.V. Nematóides associados à cultura

da soja no Brasil. In: Congresso Brasileiro de Nematologia p. 59-65,

2000.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA).

Recomendações técnicas para a cultura da soja na Região Central

do Brasil 1999/2000. Londrina, 2000.

LIMA, R.D.; FERRAZ, S. & SANTOS, J.M. Ocorrência de Heterodera sp.

em soja no triângulo mineiro. Nematol. Bras. 16: 101-102, 1992.

LORDELLO, A.I.L.; LORDELLO, R.R.A. & QUAGGIO, J.A. Ocorrência do

nematóide de cisto da soja (Heterodera glycines) no Brasil. Revista

de Agricultura, 67: 223-225, 1992.

MONTEIRO, A.R. & MORAIS, S.R.A.C. Ocorrência do nematóide de cisto

da soja, Heterodera glycines Ichinohe, 1952, prejudicando a cultura

em Mato Grosso do Sul. Nematol. Bras., 16: 101,1992.

ROSSI, C.E.; MONTEIRO, A.R. & RAMIRO, Z.A. Ocorrência do nematóide

de cisto, Heterodera glycines Ichinohe, 1952, em cultura de soja, no

Estado de São Paulo. Revista de Agricultura, 70: 37-39, 1995.

DOENÇAS FOLIARES DA SOJA E SEU CONTROLE

Eng. Agr. Renato Arantes Pinto

Coordenador de Desenvolvimento Técnico Comercial - Aventis

CropScience Brasil Ltda. Av. Maria Coelho Aguiar, 215, Bloco B, 20

Andar, São Paulo, SP, CEP 05804-902. Tel. (14) 9601 0073, Fax (14)

424 4304. E-mail: [email protected]

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1. Introdução

Considerando-se todo o complexo de doenças causadas por

fungos, bactérias, nematóides e vírus que ocorrem na soja, pode-se dizer

que existem cerca de 40 que já foram identificadas no Brasil. Esse é um

número bastante expressivo, e a cada ano surgem novas doenças que

complementam esse número. Diversos fatores têm contribuído para isso,

é claro, como a própria monocultura ou a sucessão soja/milho safrinha no

cerrado, não se constituindo por si só uma rotação de cultura pela própria

definição do termo. Com isso, os restos culturais são uma forma de

aumento de patógenos, além do fato de que existem muitas áreas

irrigadas que têm plantio de soja no outono/inverno como forma de

produção de sementes, fazendo com a cultura esteja presente durante

todo o ano. Outro fator a ser considerado é o próprio melhoramento

genético para obtenção de novas variedades, que muitas vezes prioriza

determinadas características vinculadas ao aumento de produtividade e

descarta características intrínsecas da própria planta vinculada a

resistência natural, não que isso não seja importante, pois é claro existem

hoje inúmeras variedades hoje com excelente potencial produtivo, fruto

da brilhante pesquisa nesse segmento, que até possibilitou o plantio da

cultura em diversas regiões e situações do país.

Mais um fator, a maioria dos patógenos é transmitida através das

sementes e, portanto o uso de sementes sadias ou o tratamento das

sementes torna-se vital para a não disseminação e a introdução da doença

no ciclo produtivo. Com relação ao uso de sementes totalmente sadias,

pode-se dizer que o uso entre os agricultores não é totalmente

generalizado, com muitos deles reproduzindo suas próprias sementes até

os dias de hoje, desconsiderando aspectos essenciais de sanidade. Agora

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com relação ao uso do tratamento de sementes, essa tecnologia acabou se

disseminando com grande força, sendo que a grande maioria dos

agricultores a consideram importante, principalmente quando os

benefícios são evidenciados após um período de estiagem logo após o

plantio, mas o tratamento de sementes até uma década atrás não tinha

toda essa força.

A seguir, constam os nomes comuns e aos agentes causais de

doenças que ocorrem na soja ocasionadas por fungos, bactérias, vírus e

nematóides:

2. Doenças Fúngicas

Crestamento foliar de Cercospora e Mancha

púrpura da semente Cercospora kikuchi

Ferrugem Phakopsora meibomiae

Mancha foliar de Alternaria Alternaria sp.

Mancha foliar de Ascochyta Ascochyta sojae

Mancha parda Septoria glycines

Mancha “olho-de-rã” Cercospora sojina

Mancha foliar de Myrothhecium Myrothecium roridum

Oídio Microsphaera diffusa

Míldio Peronospora manshurica

Mancha foliar de Phyllosticta Phyllosticta sojicola

Mancha alvo Corynespora cassiicola

Mela ou requeima da soja Rhizoctonia solani

Antracnose Colletotrichum dematium var.

truncata

Necrose da base do pecíolo etiologia não identificada

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Seca da haste e da vagem Phomopsis spp.

Seca da vagem Fusarium spp.

Mancha de levedura Nematospora corily

Podridão branca da haste Sclerotinia sclerotiorum

Podridão parda da haste Phialophora gregata

Podridão da raiz e da haste Phytophthora megasperma f.

sp. sojae

Cancro da haste Phomopsis phaseoli f.sp.

meridionalis

Podridão de carvão Macrophomina phaseolina

Podridão radicular de Cylindrocladium Cylindrocladium

clavatum

Tombamento e murcha de Sclerotium Sclerotium rolfsii

Tombamento e morte em reboleira Rhizoctonia solani

Podridão vermelha da raiz Fusarium solani f.sp.

glycines

Podridão radicular de Rosellinia Rosellinia sp.

Podridão radicular de Corynespora Corynespora cassiicola

3. Doenças Bacterianas

Crestamento bacteriano Pseudomonas syringae pv.

glycinea

Pústula bacteriana Xanthomonas campestris pv.

glycines

Fogo selvagem Pseudomonas syringae pv.

tabaci

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4. Doenças Causadas por Vírus

Mosaico comum da soja Vírus do Mosaico Comum

da Soja

Queima do broto Vírus da necrose Branca do

Fumo

Mosaico amarelo do feijoeiro Vírus do Mosaico Amarelo

do Feijoeiro

Mosaico cálico Vírus do Mosaico da Alfafa

5. Doenças Causadas por Nematóides

Nematóide de galhas Meloigogyne incognita

Meloidogyne javanica

Meloidogyne arenaria

Nematóide de cistos Heterodera glycines

Analisando-se então as doenças foliares, principal abordagem do

assunto, estudos comprovam que, sob condições favoráveis, as populares

DFCs (Doenças de Final de Ciclo) chegam a reduzir o rendimento da

soja em mais de 20%, o que vale a uma perda anual aproximada de seis

milhões de toneladas (100 milhões de sacas), o que representa em

valores, cerca de 1 bilhão de dólares, considerando-se o preço médio da

saca de US$ 10,00. Esse, sem dúvida, é um aspecto que contribui para

reduzir o rendimento médio da soja a nível nacional, Contudo, é válido

considerar que com o advento do controle químico nos últimos anos e a

sua enorme expansão, que será abordado posteriormente, esse montante

vem caindo a cada ano.

Dentro das DFCs, existem três doenças a serem consideradas

como de grande importância, como a mancha “olho-de-rã” (Cercospora

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sojina), a mancha parda (Septoria glycines) e o crestamento foliar ou

mancha púrpura (Cercospora kikuchi). O oídio (Microsphaera diffusa)

também tem sido considerado uma doença altamente expressiva, mas sua

ocorrência normalmente se dá antes do final do ciclo da cultura.

Mancha “olho-de-rã” (C. sojina)

Ø Condições ideais: temperaturas médias entre 24 e 28 ºC, duração do

molhamento foliar ideal de uma hora e a precipitação pluvial no período

de ocorrência favorecem o estabelecimento do patógeno;

Ø Aspectos epidemiológicos: transmitido pelas sementes contaminadas,

o patógeno sobrevive em restos culturais, existem vários hospedeiros

para o patógeno, a doença é do tipo policíclica, isto é, existem várias

infecções durante a mesma safra, os propágulos do patógeno são

disseminados pelo vento a longas distâncias e a distribuição na lavoura

ocorre de forma generalizada;

Ø Formas de controle: uso de sementes livres da doença, rotação de

culturas, uso de variedades resistentes, enterrio dos restos culturais e

emprego do controle químico através de fungicidas.

Mancha parda (S. glycines)

Ø Condições ideais: temperaturas médias entre 16 e 18 ºC, duração do

molhamento foliar ideal de seis horas e a precipitação pluvial no período

de ocorrência favorecem o estabelecimento do patógeno;

Ø Aspectos epidemiológicos: transmitido pelas sementes contaminadas,

o patógeno sobrevive em restos culturais, a doença é do tipo policíclica,

os propágulos do patógeno são disseminados pelo vento a longas

distâncias, os propágulos são disseminados pelos respingos da chuva e

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pelo vento a longas distâncias, e a distribuição na lavoura ocorre de

forma generalizada;

Ø Formas de controle: uso de sementes livres da doença, rotação de

culturas, uso de variedades resistentes (resistência parcial, com

necessidade de complemento com outras medidas de controle), enterrio

dos restos culturais e emprego do controle químico através de fungicidas.

Crestamento foliar ou Mancha púrpura (C. kikuchi)

Ø Condições ideais: temperaturas médias entre 28 e 30 ºC, duração do

molhamento foliar ideal de 24 a 48 horas e a precipitação pluvial no

período de ocorrência favorecem o estabelecimento do patógeno;

Ø Aspectos epidemiológicos: transmitido pelas sementes contaminadas,

o patógeno sobrevive em restos culturais, existem vários hospedeiros

para o patógeno, a doença é do tipo policíclica, isto é, existem várias

infecções durante a mesma safra, os propágulos do patógeno são

disseminados pelo vento a longas distâncias e a distribuição na lavoura

ocorre de forma generalizada;

Ø Formas de controle: uso de sementes livres da doença, rotação de

culturas, uso de variedades resistentes (resistência parcial, com

necessidade de complemento com outras medidas de controle), enterrio

dos restos culturais e emprego do controle químico através de fungicidas.

Crestamento foliar ou Mancha púrpura (C. kikuchi)

Ø Condições ideais: temperaturas médias de 18 ºC;

Ø Aspectos epidemiológicos: existem vários hospedeiros para o

patógeno, a doença é do tipo policíclica, isto é, existem várias infecções

durante a mesma safra, os propágulos do patógeno são disseminados pelo

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vento a longas distâncias e a distribuição na lavoura ocorre de forma

generalizada;

Ø Formas de controle: uso de variedades e emprego do controle

químico através de fungicidas.

Ø Apesar de se considerar como importante para a redução de diversas

doenças o uso de sementes isentas do patógeno, a rotação de culturas, o

enterrio de restos culturais e o uso de variedades resistentes, na prática

normalmente isso não ocorrem na íntegra, visto que como foi comentado

anteriormente, o uso de sementes totalmente sadias nem sempre são

utilizadas, fazendo com que haja a introdução da doença não só na

lavoura implantada como nas proximidades, através da disseminação dos

propágulos pelo vento.

Ø A rotação de culturas, apesar de ser plenamente aconselhada, nem

sempre ocorre porque toda a estrutura produtiva do agricultor, assistência

técnica e infra estrutura de recebimento, na maioria das vezes estão

voltadas para poucas culturas, como existe atualmente no cerrado (soja,

milho e algodão), inviabilizando a introdução de outras culturas que

promoveriam a redução dos patógenos. Dependendo da região, o enterrio

também não é uma prática a ser aconselhada com veemência, pois estaria

se destruindo todo um sistema positivamente implantado de enormes

vantagens atualmente que é o plantio direto.

Ø O uso de variedades resistentes é sem dúvida a melhor forma de

controle das doenças, o entrave se dá no fato de que a resistência não é

completa para todas as doenças, e quando é, muitas vezes a variedade

não é altamente produtiva ou não aconselhada na região a ser implantada.

Dessa forma, em função desses aspectos, o uso do controle químico com

o emprego de fungicidas vem se generalizado, e a cada ano mais

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agricultores se beneficiam dessa tecnologia. Instituições renomadas

recomendam o emprego dessa técnica, como a Embrapa Soja. Na Tabela

1, constam os principais fungicidas recomendados para DFCs, extraídos

da XXII Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central de Brasil.

Tabela 1. Fungicidas recomendados para doenças de final de ciclo. XXII Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil. Cuiabá, MT. 2000. Nome comum Nome

comercial

Dose

i.a. ¹(gr/ha) p.c.² (gr

ml/ha)

1. Azoxystrobin +

Adjuvante

Priori + Nimbus 50 + 224 200 + 500

2. Benomyl Benlate 250 500

3. Carbendazin Derosal /

Bendazol

250 500

4. Difenoconazole Score 50 200

5. Tiofanato Metílico Cercobin 500

SC

300 a 400 600 a 800

6. Tebuconazole Folicur /

Constant

150 750

¹ ingrediente ativo; ² produto comercial Na Tabela 2, constam os principais fungicidas recomendados para

oídio (M. diffusa), extraídos da XXII Reunião de Pesquisa de Soja da

Região Central de Brasil.

O carbendazin (Derosal) é sem dúvida um dos produtos pioneiros

nesse segmento, com eficiência e custo/benefício favorável, comprovado

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a cada safra por milhares de sojicultores. No caso das DFCs, para se

maximizar o controle, a aplicação dos fungicidas deve ser feita entre os

estádios de desenvolvimento R5.1 e R5.5 e se até esses estádios as

condições climáticas estiverem favoráveis à ocorrência das doenças. Já

no caso do oídio, o momento da aplicação depende do nível de infecção e

do estádio de desenvolvimento da soja, sendo que a aplicação deve ser

feita quando o nível de infecção atingir 40 a 50% da área foliar. A

aplicação deve ser repetida se, após 10 a 15 dias da primeira aplicação,

for observada evolução da doença e desde que a soja não tenha atingido o

estádio R6, quando não há mais necessidade de aplicações para o

controle dessa doença.

Tabela 2. Fungicidas recomendados para o controle de oídio (M. diffusa). XXII Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil. Cuiabá, MT. 2000.

Nome comum NOME COMERCIAL

Dose

i.a. ¹(gr/ha) p.c.² (gr ml/ha)

1. Benomyl Benlate 250 500

2.

Bromuconazole

Condor 50 a 60 250 a 300

3. Carbendazin Derosal /

Bendazol

250 500

4.

Difenoconazole

Score 50 200

5. Tiofanato

Metílico

Cercobin 500

SC

300 a 400 600 a 800

6. Tebuconazole Folicur / 150 750

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Constant

7. Enxofre Kumulus 2000 2500

¹ ingrediente ativo; ² produto comercial

Com a implantação e a difusão cada vez mais permanente dessa

forma de controle nas diversas fronteiras agrícolas da soja, é possível

minimizar os prejuízos dessas principais doenças foliares, fazendo com

que a média de produtividade da cultura venha a aumentar, superando os

atuais 2300 kg/ha, além de se poder fazer uso de variedades altamente

produtivas que não tenham uma resistência completa a todas as doenças,

e de se preservar um sistema de plantio reconhecido como extremamente

valioso que é o plantio direto, eliminando-se, portanto em muitos casos o

enterrio.

6. Bibliografia Consultada

EMBRAPA. Centro nacional de Pesquisa de Soja (Londrina, PR).

Recomendações técnicas para a cultura da soja na região central

do Brasil 1999/2000. Londrina, 1999. 226p (EMBRAPA-CNPSo).

Documentos, 132).

HENNING, A.A.; CAMPO, R.J.;SFREDO, G.J. Tratamento com fungicidas,

aplicação de micronutrientes e inoculação de sementes de soja.

Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1997. 6p. (EMBRAPA-CNPSo.

Comunicado Técnico, 58).

HOMECHIN, M. Rotação de culturas e a incidência de patógenos da

soja. EMBRAPA-CNPSo, 1983. 6p. (EMBRAPA-CNPSo. Pesquisa

em andamento, 6).

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158

YORINORI, J.T.; HOMECHIN, M. Doenças de soja identificadas no Estado

do Paraná no período de 1971 a 1976. Fitopatol. Bras.,.2: 108, 1977.

PLANTIO DIRETO DE CULTURAS DE SUCESSÃO SOBRE PALHADA DE

CANA CRUA

Pesquisador Científico Denizart Bolonhezi1 & Oswaldo Siroshi

Tanimoto2

1Engo.Agrônomo, Instituto Agronômico de Campinas, Núcleo de

Agronomia da Alta Mogiana, Ribeirão Preto/SP, Cx. Postal 271. E-mail:

[email protected] 2 Engo.Agrônomo, Consultor Técnico da CATI – Casa da Agricultura de

Aramina/SP, tel: (16)-3752-1324

1. Introdução

O Brasil é o segundo país em área cultivada com Sistema Plantio

Direto (SPD), estimando-se cerca de 13,47 milhões de ha, que

representam 25% da área total utilizada para agricultura (DERPSCH,

2000). Dentre as vantagens já comprovadas pela pesquisa e validadas

pelos agricultores, a redução no custo de produção e a maior

disponibilidade de água para as culturas tem sido apregoadas, mais

recentemente, como as principais razões para adoção do sistema. Nos

últimos dois anos, a área do Estado de São Paulo com SPD aumentou

cerca de 670%, podendo-se estimar que na safra 2000/01,

aproximadamente 600 mil ha foram cultivados neste sistema (TANIMOTO,

2001). Contribuiu para este crescimento; o estímulo governamental

através de crédito para compra de implementos (4% de juros ao ano), a

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realização de diversos eventos de divulgação e o surgimento de duas

novas situações de renovação de áreas agrícolas, que são; produção de

grãos sobre canaviais colhidos mecanicamente sem despalha à fogo

(“cana crua”) e sobre pastagens degradadas.

As empresas do setor sucro-alcooleiro paulistas, em função de

legislação (Decreto Estadual no 41.719/97 e no 42.056/97) vem tendo que

reduzir gradativamente as queimadas de canaviais. Consequentemente

tem ocorrido aumento do uso de máquinas colhedoras de “cana crua”,

que deixam sobre a superfície do solo, após a colheita, cerca de 15 t.ha-1

de matéria seca, formando uma camada de palhada de 8 a 10 cm de

espessura. Pode-se dizer, que somente na região de Ribeirão Preto-SP,

próximo de 50% das áreas são colhidas sem queimadas. Considerando

que anualmente são renovados 150 mil ha colhidos sem queimar,

somente no Estado de São Paulo, o SPD da cultura de sucessão sobre

palhada de cana-de-açúcar, surge como uma expressiva e inovadora

iniciativa.

Os pioneiros desta iniciativa são técnicos e produtores da região

NE de São Paulo que vem há três anos, através de observações de campo

conseguindo bons resultados, sobretudo com a soja. Concomitantemente,

o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), iniciou pesquisas que tem

ajudado a elucidar algumas questões. Todavia, em virtude da

complexidade deste novo ambiente agrícola, existem muitas dúvidas a

serem esclarecidas. Sendo assim, este texto tem como objetivos; fornecer

um referencial teórico, reunir resultados parciais e apresentar alguns

aspectos que podem se constituir em demandas de pesquisa.

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2. Característica deste Sistema de Produção

No sistema de produção da cana-de-açúcar em São Paulo, desde o

final da década de 70, é preconizado, por ocasião da renovação dos

canaviais, o cultivo de culturas graníferas com os objetivos de gerar

receita e proporcionar os benefícios da rotação de culturas. Normalmente,

são mais indicadas espécies leguminosas, procurando além do

fornecimento de nitrogênio, melhorar as características físicas e

biológicas do solo, reduzir a população de patógenos, nematóides e

outras pragas. Embora predomine o cultivo de soja e amendoim, o uso de

espécies de adubos verdes, principalmente de Crotalaria juncea e mucuna

preta, é prática comum em algumas áreas, podendo proporcionar

aumentos na produção de 22 a 47%, o que representa um acréscimo de

até 5 t .ha-1 de açúcar (MASCARENHAS & TANAKA, 2000). O sistema

plantio direto vem agregar a estes objetivos, os benefícios de não

movimentar o solo no período de maior pluviosidade, reduzindo os riscos

com erosão.

Neste sistema, todas as operações de preparo do solo são

substituídas pela destruição química da soqueira da cana-de-açúcar com

herbicida sistêmico (de 5 a 6 L.ha-1 de glifosate), que deve ser realizada

quando as plantas estiverem em torno de 60 cm de altura. Os canaviais

colhidos de junho até primeira quinzena de setembro favorecem o

manejo químico e possibilitam a semeadura da soja em tempo hábil,

liberando as áreas para plantio da “cana de ano e meio”. De maneira

geral, as áreas destinadas à colheita mecanizada sem queimar, são

sistematizadas, extensas e mais próximas das cidades, consistindo em

vantagem para o arrendatário. A presença da palhada, além de conservar

maior umidade por ocasião da semeadura, uniformizando a emergência

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das plântulas, contribui para economizar no uso de herbicidas pós-

emergentes. A redução no número de operações economiza até 71% no

consumo de diesel, 62% na mão-de-obra e aumenta a vida útil dos

tratores (trabalho sem poeira). Por outro lado, a adoção deste sistema

exige investimento em semeadoras adequadas e maior conhecimento

técnico do produtor (TANIMOTO, 2001).

3. Referencial Teórico

Com relação ao plantio direto da soja, grande parte do acervo de

informações encontrado na literatura pode ser adaptado para a condição

de palhada de cana-de-açúcar, principalmente os conhecimentos sobre

manejo de herbicidas. Todavia, frequentemente surgem dúvidas sobre a

aplicação de N na semeadura, mas foi constatado, em solos recebendo

grande quantidade de resíduos vegetais (até 26 t.ha-1 de matéria seca com

alta relação C/N), que não houve nenhuma resposta à aplicação de até 30

kg de N/ha. Outros trabalhos indicam que as taxas máximas de fixação

biológica de nitrogênio ocorrem após o florescimento, não justificando

qualquer suplementação com fertilizante nitrogenado, que poderia inibir

a atividade das bactérias simbióticas fixadoras de nitrogênio (HUNGRIA &

CAMPO, 2000). Estes autores alertam que os solventes utilizados em

fungicidas podem ser tóxicos ao Bradyrhizobium, reduzindo

drásticamente a sua população e consequentemente os benefícios da

fixação biológica do nitrogênio.

BOLONHEZI et al.(2000), através de pesquisa realizada em

Ribeirão Preto/SP, avaliaram dentre outras características a produção da

cultivar de soja IAC-Foscarin 31 com diferentes doses de calcário no

sistema convencional e plantio direto sobre palhada de cana-de-açúcar.

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Verificaram que não houve diferença significativa entre o convencional

(2882 kg.ha-1) e o sistema plantio direto (2772 kg.ha-1), na média das

doses de calcário. Neste projeto iniciado em 1998, que está em

andamento, após a colheita da soja foi realizado o plantio de cana-de-

açúcar nos dois sistemas.TASSO JÚNIOR (2000), em estudo comparativo

do comportamento das culturas de amendoim, soja e milho, no sistema

plantio direto sobre palhada de cana-de-açúcar, constatou um aumento

significativo na produção de grãos de soja e milho no sistema plant io

direto. Para as cultivares de amendoim avaliadas, verificou redução na

produção de grãos, embora a análise dos custos de produção tenham

indicado maior renda líquida. Nesta última safra, TANIMOTO (2001),

avaliou 13 cultivares de soja através de parcelas demonstrativas, obtendo

produções que variaram de 2.705 kg.ha-1 (cv BRS-133) até 3288 kg.ha-1

(cv. Vencedora). Nesta avaliação, não houve diferença entre as

produções de grãos de algumas cultivares, quando semeadas em condição

de palhada e de cana queimada. Vale mencionar, que o custo de produção

por saco de soja, média de todas as cultivares, foi de R$15,39 no

convencional e R$ 13,35 no sistema plantio direto.

Convém salientar que para a cultura do amendoim, devido as

peculiaridades morfo-fisiológicas desta espécie, que desenvolve seus

frutos na sub-superfície do solo, trabalhos na literatura nacional que

versem sobre a viabilidade de sua implantação no sistema plantio direto

são quase inexistentes. Estudos de produção de amendoim em plantio

direto ou em cultivo mínimo, comparativos ao preparo de solo

convencional, têm sido feitos em outros países, geralmente associados a

plantios em sucessão a outras culturas anuais. Entretanto, essas práticas

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são ainda pouco difundidas por causa da preocupação com as perdas

quantitativas e qualitativas de produção.

No Texas (EUA), o amendoim produzido sobre plantio direto

apresentou perdas de produtividade da ordem de 33% (GRICHAR &

BOSWELL, 1987). No Estado de Virginia (EUA), dois sistemas de cultivo

mínimo foram estudados, tendo-se observado reduções médias de 19%

na produtividade em relação ao tratamento convencional, e resultados

inconsistentes com relação ao tamanho dos grãos comerciais (WRIGHT &

PORTER, 1991). Estudando formas de reduzir a erosão, WRIGHT (1991)

avaliou sistema de semeadora com implemento que realiza preparo de

solo em faixa na linha de semeadura, e verificaram ganhos em torno de

10% em produtividade, em relação às práticas convencionais. SHOLAR et

al. (1995) revisaram a literatura sobre produção de amendoim em plantio

direto ou cultivo mínimo, e observaram resultados variados com relação

aos efeitos dos sistemas conservacionistas sobre a população final de

plantas, produtividade e qualidade comercial dos grãos. Em alguns

ambientes, as produções foram iguais ou maiores do que no sistema

convencional.

A maioria dos trabalhos mencionada anteriormente atribui ao

desempenho negativo do plantio direto do amendoim, à presença de

resíduos da cultura anterior, que favorecem o desenvolvimento de

doenças nas vagens, principalmente ocasionadas por Sclerotium rolfsii.

Entretanto, um interessante estudo realizado por PORTER & WRIGHT

(1991) no Estado de Virginia (EUA), concluiu que tanto a incidência (%

de infecção) quanto a severidade (% de queda de folhas) de Cercospora

arachidicola (“pinta preta” ou “manha castanha”) foram

significativamente diminuídas no SPD. Estes autores explicam que a

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palhada reduziu a dispersão até as folhas, pelas gotas da chuva, das

estruturas do fungo presentes no solo. Trabalhos conduzidos no Estado

da Georgia (EUA), verificaram menor infestação por Thrips sp. e menor

severidade de Rhizoctonia sp. no sistema cultivo mínimo. GRISCHAR &

SMITH (1992), observaram em cinco cultivares diferentes, que em

condição de menor umidade, a infecção por Sclerotium rolfsii foi menor

no plantio direto.

Considerando que a cultura do amendoim apresenta maiores

dificuldades técnicas para seu cultivo no SPD e cientes da falta de

estudos realizados até o presente, BOLONHEZI et al. (2001), vêm

conduzindo em Ribeirão Preto/SP, experimentos comparando os sistemas

convencional (arado de aiveca e grade), cultivo mínimo (subsolador) e

plantio direto de duas cultivares de amendoim sobre palhada de cana-de-

açúcar. Os dados parciais, demonstraram que a produção de grãos foi

30% maio no SPD em relação ao convencional, mesmo com redução de

16% na população final de plantas. Pode-se inferir, que a grande

quantidade de palhada de cana (cerca de 10 t.ha-1) nas parcelas do

tratamento plantio direto, contribuiu para aumentar a disponibilidade de

água, atenuando a deficiência hídrica ocorrida no período e refletindo em

um aumento de 9 % no rendimento de grãos (Tabela 1). É importante

comentar que os resultados referentes ao ano agrícola 2000/01, ainda não

tabulados, sinalizam redução na produção de grãos para a cultivar IAC-

Tatu ST no SPD.

Os mesmos tratamentos avaliados em condição de palhada de

cana-de-açúcar, estão sendo testados sobre Brachiaria sp., buscando

responder a realidade da região oeste do Estado de São Paulo, na qual a

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cultura do amendoim entra em sucessão com pastagem, predominando

semeadura na época da seca.

4. Considerações Finais

O resultados experimentais gerados até o momento não são

suficientes para formalizar uma recomendação oficial. Porém, as

observações de campo validam esta tecnologia que, no caso da soja

apresentam produções nos mesmos patamares do sistema convencional e

com a grande vantagem de reduzir custos, além de preservar o solo.

Dentre as demandas de pesquisa a serem sugeridas, convém serem

destacados para o contexto da cultura da soja os seguintes temas: estudo

de aplicação de micronutrientes (molibdênio e cobalto), inoculação com

estirpes melhoradas de Bradyrhizobium versus aplicação de nitrogênio na

semeadura, avaliação de genótipos de soja ma is adaptados ao SPD na

palhada, distribuição do sistema radicular, máquinas eficientes para solos

argilosos e fungicidas para tratamento de sementes.

Com relação a cultura do amendoim, ainda são importantes

estudos comparativos entre os diferentes sistemas de cultivo, procurando

quantificar e qualificar melhor os resultados obtidos no SPD. Vale

destacar a necessidade de pesquisas sobre a viabilidade do arranquio

mecânico das plantas no SPD, que parece ser dificultado pela soqueira

da cana-de-açúcar. Convém salientar a necessidade de pesquisas sobre: a

aplicação de doses de cálcio (gesso e calcário) em superfície, o uso de

inoculantes, doses de nitrogênio na semeadura, comportamento de

cultivares com portes diferentes (rasteiros e eretos), incidência e

severidade de manchas foliares e fungos de solo, além do controle de

pragas (cochonilhas de raiz e cupins). Devido à maior umidade nas

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vagens ocasionada pela palhada, podem aumentar os riscos de

aparecimento de alfatoxina.

A possibilidade de realizar o plantio direto mecanizado da cana-

de-açúcar, após a cultura de sucessão ou sobre cana (“cana de ano”),

poderá intensificar os problemas ocorridos com ataques de cigarrinhas

(Mahanarva posticata e M. fimbriolata), que já vem ocasionando sérios

prejuízos em áreas de colheita sem queima. Outras pragas como

Migdolus spp. e cupins também podem ter seu controle dificultado.

Existem relatos sobre a possibilidade de aumento de populações de

roedores e tatus em áreas de “cana crua”, que necessitariam de novas

investigações.

Tabela 1.Comportamento de duas cultivares de amendoim semeadas no sistema convencional, cultivo mínimo e plantio direto sobre palhada de cana-de-açúcar. Ribeirão Preto/SP, 2000.

Sistema De Cultivo (SC)

Amendoim em casca (kg.ha-

1)

Produção de grãos (kg.ha-

1)

No de Vagens por planta

Massa de 100 Grãos (g)

Massa das hastes (g/100 pl)

Stand Final (pl/48 m2)

Rendimento de grãos(%)

Convencional

1746 A

1054 B 8.5 A 59.1 A

1338 A

119 A 62.4 B

Cultivo Mínimo

1849 A

1267 AB

10.0 A

57.8 A

1011 B 102 B 68.5 A

Plantio Direto

1881 A

1350 A

9.2 A

58.2 A

910 B 103 B 71.4 A

Teste F d.m.s (Tukey5%)

0.53 ns 421

5.55 * 282

2.68 ns 1.6

0.98 ns 2.9

9.62 * 313

12.2 ** 12

11.28 ** 5.9

Cultivares (C)

IAC-Tatu ST

1735 B 1168 A

3.5 B 45.9 B

591 B 78 B 66.6 A

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IAC-Caiapó

1917 A

1279 A

14.8 A

70.8 A

1582 A

138 A 68.3 A

Teste F d.m.s (Tukey5%)

9.62 * 132

3.64 ns 132

284.6 ** 1.5

253.4 ** 3.5

186 ** 165

447.94 ** 7

2.08 ns 2.6

Interação SC x C

Teste F C.V.(%) parcela C.V.(%) subparcela

6.89 * 15.0 7.9

3.10 ns 15.0 11.7

1.09 ns 11.9 17.8

2.22 ns 3.2 6.5

5.23 * 18.8 16.4

5.25 * 7.3 6.5

0.50 ns 5.7 4.2

Fonte: BOLONHEZI et al. (2001), dados enviado para o XXVIII Congresso

Brasileiro de Ciência do Solo.

. Bibliografia

BOLONHEZI, D.; CANTARELLA , H.; PEREIRA, J.C.V.N.A. & LANDELL,

M.G.A. Produção de soja com diferentes doses de calcário no sistema

convencional e plantio direto sobre palhada de cana-de-açúcar. In:

Fertbio 2000, UFSM, 2000. (CD –ROM).

BOLONHEZI, D.; PEREIRA, J.C.V.N.A.: DE SORDI, G.; GODOY, I.J. &

CANTARELLA, H. Comportamento de duas cultivares de amendoim

nos sistemas, convencional, cultivo mínimo e plantio direto sobre

palhada de cana-de-açúcar. In: Congresso Brasileiro de Ciência do

Solo, EMBRAPA-CNPSO, 2001. (no prelo)

DERPSCH, R. A Expansão Mundial do Plantio Direto. Revista Plantio

Direto, 59: 32-40, 2000.

GRICHAR, W.J. & BOSWELL, T.E. Comparison of no-tillage, minimum,

and full tillage cultural practices on peanuts. Peanut Science, 14:

101-103, 1987.

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GRICHAR, W.J. & SMITH, O.D. Interaction of tillage and cultivars in

peanut production systems. Peanut Science, 19: 95-98, 1992.

MASCARENHAS, H.A.A. & TANAKA , R.T. Soja e adubos verdes, uma boa

opção na renovação do canavial. O Agronômico, 52: 19, 2000.

MINTON, N.A. CSINOS, A.S.;LYNCH, R.E. & BRENNEMAM, T.B. Effects

of two cropping and two tillage systems and pesticides on peanut pest

management. Peanut Science, 18: 41-46, 1991.

HUNGRIA, M. & CAMPO, R.J. Interrelações da microbiologia com a

fertilidade do solo. In: Fertbio 2000, 2000. (CD –ROM).

PORTER, D.M. & WRIGHT, F.S. Early leafspot of peanuts: Effect of

conservational tillage practices on disease development. Peanut

Science, 18: 1991.

SHOLAR, J.R.; MOZINGO, R.W. & BEASLEY Jr., J.P. Peanut Cultural

Practices. In: Patee, H. E. & Stalker, H.T. eds. Advances in Peanut

Science, American Peanut Research and Education Society,

Stillwater, OK, 1995, p.354-382.

TANIMOTO, O. Plantio direto de soja na palhada de cana-de-

açúcar.(Comunicação Pessoal)

TASSO JÚNIOR, L.C. Comportamento das culturas de amendoim,

milho e soja implantadas no sistema de plantio direto na palha

residual da colheita mecanizada da cana crua. UNESP,

Jaboticabal,2000. 82 p.

WRIGHT, F.S. & PORTER, D.M. Digging date and conservational tillage

influence on peanut production. Peanut Science, 18: 72-75, 1991.

WRIGHT, F.S. Alternative tillage practices for peanut production in

Virginia. Peanut Science, 18: 9-11, 1991.

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BARREIRAS FITOSSANITÁRIAS NA COMERCIALIZAÇÃO NO MERCOSUL

Pesquisador Científico Adalton Raga

Eng. Agrônomo, Laboratório de Entomologia Econômica, Centro

Experimental do Instituto Biológico, Instituto Biológico, Cx. Postal 70,

CEP 13001-970, Campinas-SP, tel. (19) 3252-8342. E-mail:

[email protected]

Nas últimas duas décadas foram relevantes os esforços brasileiros

para o incremento da cooperação econômica, buscando inserir o país no

mercado globalizado, regido por tratados e acordos de livre comércio. O

comércio internacional e o turismo são setores de destaque no mundo

moderno, apresentando um ritmo acelerado de crescimento e

conseqüentemente, elevando os riscos de introdução de organismos

exóticos.

Pragas e patógenos movem-se para novas áreas de foram direta ou

indireta. A dispersão pode ser auxiliada por fenômenos naturais.

Contudo, o próprio homem é um aliado de pragas exóticas, movendo

vegetais e produtos alimentícios infestados para novas áreas com

condições ambientais favoráveis.

Os sistemas quarentenários visam proteger seus recursos, através

da adoção de medidas legais baseadas em pesquisas relacionadas com a

prevenção, interdição, detecção, erradicação e manejo das pragas

invasoras chaves. Para o país importador, a avaliação de risco da

introdução de pragas exóticas sinaliza a responsabilidade pela proteção

dos recursos ambientais, sociais e econômicos de sua comunidade. Ao

lado da definição dos agentes mais nocivos está a eleição das

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mercadorias denominadas “críticas”, consideradas de extremo risco. As

frutas e outros vegetais frescos são vegetais considerados de alto risco no

comércio internacional porque podem conter pragas e doenças exóticas.

A Rodada do Uruguai (GATT) incluiu um acordo, estabelecendo

que todas as políticas e regras fitossanitárias devem ter base científica e

avaliação de riscos transparente, estabelecidas sob a forma de

quarentenas e outras medidas que protejam os países importadores do

risco da introdução de pragas e doenças.

Em 1989 iniciaram-se as atividades do Comitê de Sanidade

Vegetal do Cone Sul (COSAVE), uma organização regional de proteção

fitossanitária, integrada pela Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e

Uruguai. As normas e os procedimentos fitossanitários no âmbito do

Mercosul (standards verticiais) foram adotados de forma harmoniosa

com o COSAVE (standards horizontais), permitindo um ganho de

qualidade na comercialização regional de produtos agrícolas. Um

exemplo disso é o formato do Certificado Fitossanitário Único para o

Mercosul, aprovado em julho/1992 (Resolução nº44/92).

A Portaria nº 180 do Ministério da Agricultura do Brasil, de

21/03/1996 (DOU 25/03/96 –supl.), tornou oficial a adoção de padrões

normativos fitossanitários do COSAVE e emitiu a lista de pragas

quarentenárias da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. Relativos

ao Brasil, nela constam 221 pragas de importância quarentenária,

acrescidas de outras listadas na Instrução Normativa SDA nº 38, de

14/10/1999 (DOU 26/10/99, S.1). As definições descritas abaixo são

necessárias para um melhor entendimento das pragas listadas nas citadas

publicações.

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Praga: qualquer espécie, raça ou biótipo de vegetais, animais ou

agentes patogênicos, nocivos para os vegetais ou produtos vegetais.

Praga Quarentenária: uma praga de importância econômica

potencial para a área posta em perigo e onde ainda não está presente, ou

se está, não se encontra amplamente distribuída e é oficialmente

controlada.

Praga Quarentenária A1: uma praga de importância econômica

potencial para a área posta em perigo pela mesma e ainda não se encontra

presente.

Praga Quarentenária A2: uma praga de importância econômica

potencial para a área posta em perigo pela mesma e onde ainda não se

encontra amplamente distribuída e é oficialmente controlada.

Praga Quarentenária A2 Regional: aquela que apresenta

distribuição localizada e está submetida a controle oficial por um ou mais

países da região.

Praga Não Quarentenária Regulamentada: uma praga não

quarentenária cuja presença em plantas, ou parte destas, para plantio,

influi no seu uso proposto com impactos econômicos inaceitáveis.

O Acordo de Alcance Parcial para Facilitação do Comércio nº 5

no âmbito do Mercosul (Acordo de Recife), promulgado pelo Decreto

1280, de 14/10/1994 e seus protocolos adicionais visam padronizar e

integrar os controles aduaneiros, migratórios, fitossanitários,

zoossanitários, e de transporte, facilitando o intercâmbio regional de

mercadorias. Neste aspecto, a estrutura de ação fitossanitária segue como

medida estratégica para não fragilizar a atuação dos mercados, nos seus

diversos níveis. O Brasil segue em passos rápidos para dinamizar o

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comércio regional e facilitar a internacionalização dos mercados

agropecuários, disponibilizando os registros fitossanitários, como por

exemplo, através do Sistema Nacional de Informação Fitossanitária. Este

sistema, atualmente em implantação no Ministério da Agricultura, vai

permitir o desenho e a adoção de Programas Fitossanitários mais efetivos

e vai fornecer maior transparência às certificações.

CERTIFICADO FITOSSANITÁRIO DE ORIGEM

Eng. Agrônomo. José Alberto Monteiro

Escritório de Defesa Agropecuária/ Sec. Agricultura e Abastecimento do

Est. São Paulo

Av. Jerônimo Gonçalves, 64- Ribeirão Preto. E-mail: eda-

ribeirã[email protected]

A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da

Agricultura e do Abastecimento, através da Instrução Normativa nº 6, de

13 de março de 2000, resolve:

Criar o Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado

–CFOC- e alterar o Certificado Fitossanitário de Origem- CFO –

1- passando a existir um modelo único para todos os estados.

2- os certificados deverão ter a identificação do órgão controlador .

Os certificados são emitidos para atestar a qualidade fitossanitária

na origem e são necessários para o transito de vegetais que possam ser

veículos de pragas:

Ø quarentenárias e

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Ø não quarentenárias regulamentadas.

Ø e também para atender:

Ø as exigências especificas do estado,

Ø as exigências especificas de outros estados e

Ø exigências para exportação.

Os certificados, CFO e CFOC, subsidiarão a emissão da Permissão de

Transito e também o Certificado de Sanidade de Origem Vegetal para

Exportação, utilizados no transito:

Ø intraestadual ,

Ø interestadual e

Ø internacional.

Ø Os certificados terão origem:

Ø na propriedade rural , (CFO)

Ø na unidade centralizadora e (CFOC)

Ø na unidade processadora. (CFOC)

Os lotes para emissão dos certificados serão formados:

Ø por produtos recebidos e acompanhados de CFO ou de Permissão de

Trânsito ,

Ø por produtos da mesma espécie e

Ø preferencialmente com características fitossanitárias semelhantes e

mesma origem.

Os certificados serão emitidos por Engenheiros Agrônomos ou

Florestais nas suas respectivas áreas, com registro ou visto junto ao

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CREA/SP, após treinamento especifico por cultura e praga, organizado

pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária.

Para extensão do credenciamento para “novas pragas”, o

credenciado não precisará passar por curso completo.

Os responsáveis pelas propriedades rurais e unidades

centralizadoras ou processadoras de produtos vegetais, deverão manter

obrigatoriamente no local, livro próprio de acompanhamento, com

paginas numeradas, para registro de informações pelo profissional

credenciado.

O livro mantido no local deverá conter:

Ø histórico da cultura,

Ø datas das inspeções,

Ø principais ocorrências fitossanitárias,

Ø medidas de prevenção e controle adotadas e

Ø outros dados julgados necessários, tais como climáticos, de solo, etc.

Quanto a validade dos certificados:

CFO - para cultura perene, até 30 dias

- para cultura anual, ate 15 dias.

CFOC - até 15 dias.

Só terá validade o certificado original e sem rasuras.

Quanto as faltas:

1- no rechaço de produto:

- avisar o órgão responsável pela emissão da permissão de transito.

2- faltas relacionadas com a emissão dos certificados (CFO e CFOC):

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- serão formalmente apuradas pela Coordenadoria de Defesa

Agropecuaria.

3- falta de livro de acompanhamento de campo:

- advertência por escrito e

- na reincidência , descredenciamenmto

USO CORRETO E SEGURO DOS PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS

Eng. Agrônomo Marçal Zuppi da Conceição

Gerente de Educação e Treinamento da Associação Nacional de Defesa

Vegetal – ANDEF - Rua Capitão Antônio Rosa 376 –13 andar- CEP

01443-010-São Paulo. E.mail: [email protected]

A evolução e segurança no manuseio e uso de produtos

fitossanitários têm sido notórias. Produtos específicos e seletivos para

atender o manejo integrado de pragas, de baixa toxicidade ao aplicador e

de baixo impacto ambiental aliados à grande eficiência agronômica, têm

sido a tônica na área de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos

fitossanitários.

Tópicos Principais Sugeridos (resumo)

Desde o alvorecer da agricultura, a produtividade das plantas

cultivadas tem sido reduzida por pragas, doenças e pela competição com

plantas daninhas e, desde então, os agricultores vêm buscando meios de

limitar perdas e obter culturas mais sadias e produtos com melhor

qualidade para comercialização.

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De um modo geral, quanto mais intensivo for o sistema de

produção, maiores serão os riscos de perdas, pela ação de diversos

organismos competidores.

Pesquisas têm sido feitas em todo País, visando desenvolver

técnicas que controlem a instalação e propagação das pragas. Além do

Manejo Integrado de Pragas, estudos tem sido dirigidos para o Manejo

Integrado de Culturas, que, além do MIP, propõe a integração de várias

técnicas agronômicas, tendo como um dos objetivos o uso racional dos

defensivos agrícolas. Contudo, ao que tudo indica, haverá demanda por

produtos fitossanitários por muitos anos, mesmo se procurando tratar os

sistemas agrícolas como ecológicos, pois estes são por natureza,

altamente instáveis. O Agro-Ecossistema é relativamente frágil,

constituído de muitos indivíduos, porém de poucas espécies. Essa

característica o faz tênue, suscetível ao desequilíbrio, mas indispensável

para alimentar uma população mundial de 6,2 bilhões de pessoas

atualmente no mundo.

A Lei 7.802 (Lei dos Agrotóxicos) de 1989, e seu decreto

regulamentador, número 98.816 / 90, tornaram extremamente

rígidos no Brasil os controles dos produtos fitossanitários, desde a

sua pesquisa, registro e produção, até a aplicação no campo. Nesta

etapa, particularmente, as especificidades técnicas de manuseio e

utilização, exigem a presença de assistência agronômica tanto mais

assídua quanto menor o nível de qualificação da mão de obra rural.

No Brasil, o engenheiro agrônomo configura o elo entre esse anseio e

a realidade do campo.

A Associação Nacional de Defesa Vegetal – ANDEF - vem

decididamente trabalhando para que o uso inadequado e os erros

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ocorridos na história dos defensivos não mais se repitam. O profissional

de agronomia tem sido o principal alvo nos programas de educação e

treinamento de nossa associação. Os nossos objetivos quanto ao uso

correto e seguro de têm sido:

Ø segurança do aplicador

Ø preservação do meio ambiente

Ø produção de alimentos saudáveis

Segundo informações do SINDAG (Sindicato Nacional da

Indústria de Defensivos Agrícolas), em 1999 as vendas de produtos

fitossanitários foram de 2.235.173 (US$ 1000). O mercado brasileiro é

bastante competitivo, colocando ao alcance do nosso agricultor grande

gama de produtos. Em junho/1999 tínhamos 256 ingredientes ativos

registrados (em 1992 haviam 194) e 556 marcas comerciais. Quanto à

classificação toxicológica (que é uma classificação de risco para quem

manipula) estavam assim distribuídos (junho de 1999):

Classe I (vermelho) 98 Classe II (amarelo)

165

Classe III (azul) 163 Classe IV (verde) 130

Quanto aos aspectos toxicológicos, vale salientar que os

inseticidas, de um modo geral, sempre representam a classe de produtos

com maior toxicidade. Também aqui se verifica o grande avanço que

vem sendo obtido através da pesquisa, na busca de ingredientes ativos

com menor toxicidade.

Quando se trata da questão do uso seguro para o aplicador, é

necessário estabelecer quais são as principais causas de acidentes

com os produtos, e como preveni-las. É preciso analisar:

Ø Causas Distantes

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Ø Causas Imediatas

Ø Risco / Toxicidade /Exposição

Ø Exposição dos Aplicadores

Ø Condições Inseguras

Ø Atos Inseguros

Ø Teoria do Dominó (causas / efeitos)

Ø Princípios de Segurança

Ø Treinamentos

Causas Distantes: estão relacionadas com antecedentes das

pessoas. Exemplos: maus hábitos/ má educação/ falta de instrução. São

falhas de comportamento de difícil correção.

Causas Imediatas: são resultados da falta de treinamento, para

desempenho de uma atividade expondo as pessoas a riscos.

Risco: é a probabilidade de um produto fitossanitário causar

efeitos adversos à saúde do aplicador. Depende da interação entre

toxicidade e exposição. Risco = Toxicidade X Exposição.

Na aplicação de produtos fitossanitários alguns fatores

minimizam os riscos:

Aquisição (Receituário Agronômico)

Tecnologia de Aplicação

Equipamentos de Proteção Individual

Técnicas de Manuseio e Utilização

Cada um desses fatores deve ser analisado. Condições inseguras e

atos inseguros têm que ser evitados.

Recentemente, a Lei Federal 9974, de 06.06.2000, regulamentada

pelos Dec. Fed. 3550, de 27.07.2000 e 3694, de 21.12.2000, instituiu

novas obrigações à indústria, às revendas e aos produtores rurais relativas

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à destinação final das embalagens de defensivos agrícolas. Às revendas

cabe disponibilizar e administrar unidades de recebimento de embalagens

de defensivos agrícolas, emitindo recibos de devolução, aos produtores

fazer a tríplice lavagem dessas embalagens e devolvê- las às unidades de

recebimento e à indústria de recolher e dar o destino final às mesmas:

reciclagem ou incineração em fornos especiais. A ANDEF – Associação

Nacional de Defesa Vegetal e suas associadas, preocupadas com a

preservação do meio ambiente, já vinham estudando soluções e

implantando centrais de recebimento de embalagens através de um

programa implantado com diversos parceiros desde 1993.

Esta legislação reflete a preocupação da sociedade em preservar o

meio ambiente, contudo, se não houver educação e treinamento do

homem do campo, os mesmos continuarão a queimar, enterrar ou jogar

nos cursos d’água as embalagens vazias.

A sociedade de nosso país, através da Lei 7.802, confiou ao

profissional de agronomia grande missão: o uso correto e seguro dos

produtos fitossanitários !

Temos certeza de que o desenvolvimento da percepção do risco,

aliado a um conjunto de informações e regras básicas de segurança,

através de programas de educação e treinamentos é de fundamental

importância para eliminar as causas dos acidentes no campo e a garantia

da preservação da saúde e do bem estar dos trabalhadores com produtos

fitossanitários.

PRAGAS QUARENTENÁRIAS

PERIOTO, N. W.Eng. Agrônomo, Laboratório de Sanidade Animal e

Vegetal de Ribeirão Preto, Instituto Biológico. Rua Peru, 1472 -A, CEP

14075-310, Ribeirão Preto – SP. E. mail: [email protected]

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A palavra quarentena tem sua origem no latim quadraginata e no

italiano quaranta, que significa quarenta. No idioma italiano, a palavra

quarantina foi originalmente aplicada ao período de 40 dias de

isolamento que um navio, com seus passageiros e sua carga, era forçado

a ficar ancorado no porto de chegada, quando proveniente de um local de

ocorrência de doenças epidêmicas. Naquele período seriam detectados

possíveis sintomas de doenças nos passageiros, antes de seu

desembarque.

O aumento do fluxo internacional de mercadorias verificado com

o estabelecimento, a partir de meados da década de 1980, do capitalismo

pan-mundial, popularmente conhecido como o fenômeno da globalização

econômica, assim como o aumento no número de passageiros em viagens

internacionais tornou o serviço de interceptação de pragas uma tarefa

extremamente difícil, principalmente se levarmos em conta que estas

pragas muitas vezes são desconhecidas e invisíveis a olho nu.

Todos os países aplicam medidas para evitar a propagação de

pragas vegetais que, por sua própria natureza, podem dar lugar a

restrições do comércio e todos os governos reconhecem que é necessária

e conveniente a aplicação de algumas restrições ao comércio a fim de

garantir a inocuidade dos alimentos e a proteção sanitária dos animais e

vegetais. No entanto, o que se tem visto com certa freqüência, é a

utilização de pretensas medidas de caráter sanitário com o objetivo de

restringir o livre comércio de mercadorias, como o recente acontecimento

das restrições impostas ao Brasil na “crise da vaca-louca”. É provável

que a utilização de tais artifícios se intensifiquem com a crescente

diminuição de obstáculos ao comércio internacional. Uma restrição

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sanitária ou fitossanitária que não esteja realmente justificada por

motivos pertinentes, pode ser um instrumento protecionista muito eficaz

e, devido a sua complexidade técnica, um obstáculo especialmente

enganoso e difícil de impugnar.

O Brasil é signatário do Acordo Sobre a Aplicação de Medidas

Sanitárias e Fitossanitárias, baseado nas precedentes normas do GATT,

que tem por objetivo restringir a utilização injustificada de medidas

sanitárias e fitossanitárias com fins de proteção comercial. O objetivo

deste acordo é reafirmar o direito soberano de todo governo a garantir o

nível de proteção sanitária que estime apropriado e evitar, ao mesmo

tempo, que o mau uso desse direito se traduza sob a forma de imposição

de obstáculos desnecessários ao comércio internacional. Este acordo

garante que as medidas destinadas a garantir a inocuidade dos alimentos

e o controle sanitário de animais e vegetais devem basear-se, na maior

medida possível, na análise e na avaliação de dados científicos objetivos

e estimula os governos a estabelecer medidas sanitárias e fitossanitárias

nacionais que estejam em consonância com as normas, diretrizes e

recomendações internacionais, quando estas existam. As normas

internacionais, de forma geral, são mais estritas que as prescrições

nacionais aplicadas em muitos países, inclusive em países desenvolvidos.

No entanto, o acordo reconhece expressamente o direito dos governos de

não utilizar tais normas. Para que um país utilize-se de prescrições mais

severas que a norma internacional é necessária uma justificativa

científica que demonstre, que nesse caso, a norma internacional não

oferece um nível de proteção sanitária que o país considera apropriado.

No Brasil, a inspeção fitossanitária é realizada por inspetores do

Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal, da Secretaria de Defesa

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Agropecuária do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, que

verificam matérias de origem vegetal e a bagagem de passageiros que

entram no país através de portos, aeroportos e outros pontos de entrada,

com o objetivo de interceptar organismos nocivos à agricultura nacional.

O trabalho destes inspetores baseia-se em listas de pragas de importância

econômica, formuladas para cada país ou para grupos de países

geograficamente próximos.

As espécies vegetais são classificadas em duas categorias: as de

livre importação e as de importação restrita. Os materiais vegetais de

livre importação necessitam apenas do Certificado Fitossanitário para seu

intercâmbio; já os de importação restrita necessitam de declarações

adicionais ao Certificado Fitossanitário. Tais procedimentos buscam

garantir o comércio de vegetais, de suas partes ou de seus produtos

dentro dos padrões fitossanitários nacionais, além de subsidiar a emissão

da Permissão de Trânsito emitida pelos órgãos responsáveis pela Defesa

Sanitária Vegetal nos estados.

Com o advento do MERCOSUL, o Brasil passou a integrar o

Comitê de Sanidade Vegetal do Cone Sul (COSAVE). Este comitê é uma

Organização Regional de Proteção Fitossanitária integrada pela

Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai que iniciou suas atividades

em 1989 como resultado de um convênio entre os governos dos países

membros. O COSAVE, desde sua criação, desenvolve normas e

procedimentos padrões regionais com o objetivo de harmonizar o

comércio de produtos agrícolas entre os países membros.

Dentre os grupos de trabalho COSAVE, o Grupo de Quarentena

Vegetal, composto por dois delegados de cada país participante, que

realizam duas a três reuniões por ano, é um dos mais antigos e

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importantes. Uma de suas principais funções é a de manter atualizada as

listas A1 e A2 (vide classificação abaixo) de pragas quarentenárias para

os países da região, com base nas informações sobre as pragas presentes

e nas análises de risco pertinentes. Este grupo também é responsável pelo

desenvolvimento de propostas para o controle quarentenário e para o

manejo de risco de pragas.

Por definição, PRAGA é qualquer espécie, raça ou biótipo de

vegetal, animal ou outro agente patogênico, nocivo aos vegetais ou seus

subprodutos.

São consideradas PRAGAS QUARENTENÁRIAS aquelas de

importância econômica potencial para a área posta em perigo, onde ainda

não está presente ou se está, não se encontra amplamente distribuída e é

oficialmente controlada. As pragas quarentenárias são subdivididas em

PRAGA QUARENTENÁRIA A1 – onde se classificam aquelas de

importância econômica potencial para a área posta em perigo pela

mesma, onde ainda não se encontra presente e PRAGA

QUARENTENÁRIA A2 - onde se classificam aquelas de importância

econômica potencial para a área posta em perigo pela mesma, onde ainda

não se encontra amplamente disseminada e está sendo oficialmente

controlada.

As espécies incluídas nas listas A1 e A2 são revisadas

periodicamente, incluindo-se e/ou retirando-se aquelas que, de acordo

com relatos da literatura, devam ser adicionadas ou suprimidas.

O valor da quarentena vegetal pode ser avaliado pelas das

conseqüências desastrosas resultantes da introdução de pragas exóticas

em áreas produtoras. Tais conseqüências, como danos e perdas de

cultivos; a perda de mercados de exportação, pela presença de pragas de

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importância quarentenária no país; o aumento dos gastos com controle de

pragas, com impacto sobre os programas de manejo integrado de pragas

já estabelecidos ou em desenvolvimento e os danos ao meio ambiente,

pela freqüente necessidade de aplicação de defensivos para o controle da

espécie introduzida. Os danos causados pela introdução de pragas

exóticas tendem a se expressar também de forma social como o

desemprego, devido à eliminação ou à diminuição de um determinado

cultivo em uma região, ou à fome, pela redução de importantes fontes de

alimentos para a população.

O Ministério da Agricultura e do Abastecimento concluiu

recentemente um levantamento mostrando que cerca de 38 pragas não-

existentes no Brasil podem entrar no país a qualquer momento caso

nenhuma medida de prevenção seja adotada. Parte destas espécies já se

encontra estabelecida em países limítrofes com o Brasil como o Peru, a

Venezuela, a Bolívia e a Guiana Inglesa.

Hoje, as três pragas com maior potencial de risco de introdução

no país são a cochonilha rosada Maconellicoccus hirsutus (Green)

(Homoptera: Pseudococcidae), que ataca os citrus, a goiaba, a soja, as

hortaliças e o café dentre mais de duas centenas de gêneros de plantas

distribuídas por, pelo menos 74 famílias; o amarelecimento- letal-das-

palmeiras (Phytoplasma palmae), que ataca o coco e outras palmáceas e

o caruncho da semente da mangueira Sternochetus mangiferaI (F.)

(Coleoptera: Curculionidae), que ataca os frutos da mangueira.

Fica o alerta, a técnicos e agricultores, de que a introdução de

uma praga exótica pode causar danos econômicos e sociais dificilmente

aquilatáveis a priori. Um exemplo relativamente recente foi a introdução

da mosca-branca, Bemisia tabaci raça B (=Bemisia argentifolii)

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(Hemiptera: Aleyrodidae) que chegou ao país no início dos anos 1990.

Hoje, esta praga está presente em 17 estados, atacando um grande

número culturas de importância econômica. Os prejuízos advindos de sua

introdução já ultrapassam os R$ 500 milhões, não estando nesta cifra

quantificados aqueles decorrentes do impacto ambiental causado pelo

excessivo uso de agrotóxicos na tentativa de seu controle, assim como os

custos sociais os relacionados ao impacto deste uso excessivo de

agrotóxicos na saúde tanto dos trabalhadores rurais como dos

consumidores dos produtos contaminado. Tais custos são dificilmente

quantificáveis.

Àqueles que acreditam que não há problema algum em trazer na

bagagem aquelas sementinhas de uma linda planta que conheceu em sua

viagem ao exterior e àqueles que crêem ser um absurdo a proibição de

importação de semente de soja transgênica da Argentina e as importam

ilegalmente, fica o alerta de que o Código Penal Brasileiro prevê pena de

reclusão de dois a três anos para o responsável pela introdução de pragas

no país.

TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS –

EQUIPAMENTOS TERRESTRES PARA PULVERIZAÇÃO - ASPECTOS

CRÍTICOS NA APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS.

Pesquisador Científico José Maria Fernandes dos Santos

Eng. Agrônomo, Centro de Sanidade Vegetal, Instituto Biológico, Av.

Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Cx. Postal 12898, CEP 04010-970,

São Paulo, SP. Tel. (11) 5087 1779, Fax: 5579 0824. E-mail:

[email protected]

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1. Introdução:

A evolução química das formulações e seus ingredientes ativos,

maior ocorrência ou incidência de novos representantes de cada um dos

problemas que ocorrem nas lavouras (plantas invasoras, insetos, ácaros e

fungos), preocupação e policiamento em relação à contaminação do meio

ambiente, a baixa ou nenhuma eficiência freqüente dos equipamentos de

pulverização e culturas em grande extensão de áreas, obrigaram a

pesquisadores e usuários a observações e estudos sobre o assunto e

também, a conseguirem maior eficiência e baixo custo nas atividades

onde o uso de defensivos agrícolas eram utilizadas. Criou-se a

Tecnologia de Aplicação de agroquímicos (inseticidas, herbicidas,

fungicidas, fertilizantes, maturadores, fitorreguladores e dessecantes) na

forma líquida, pó (sólúvel ou não) ou granulados, tem por definição:

Ciência multidisciplinar com características técnico-científicas,

destinada às pesquisas de equipamentos, processos e obtenção de

resultados mais eficientes e econômicos no desenvolvimento e aplicação

dos agroquímicos sólidos ou líquidos, com a finalidade de minimizar ao

máximo os riscos de contaminação humana e do meio ambiente.

Sob o aspecto agronômico técnico e prático de sua utilização

devemos primeiramente esclarecer a diferença entre os termos

pulverização e aplicação comumente empregados como sinônimos, mas

que dentro desta ciência na prática, apresentam grandes e significativas

diferenças de resultados:

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Pulverização: processo físico-mecânico de transformação de uma

substância sólida ou líquida em partículas ou gotas o mais uniformes e

homogêneas possíveis;

Aplicação: deposição em quantidade e qualidade do ingrediente ativo

definido, representada pelo diâmetro e densidade (número) de gotas

sobre o alvo desejado.

Estes esclarecimentos têm sua razão em vista de que,

levantamentos práticos efetuados em diferentes locais e cultivos, as

melhores pulverizações encontradas apresentaram os seguintes índices:

Em cultivos baixos (soja, algodão, feijão, milho e arroz como

exemplos), daquilo que era pulverizado, o máximo que chegava a atingir

o alvo desejado não ultrapassava de 50 %, enquanto que em cultivos de

arbustos e árvores (laranja, maçã e pêra como exemplos) os valores

encontrados raramente alcançavam 20 %.

Isto se explica pelo fato de que nas lavouras brasileiras, mais de

90 % do uso de defensivos agrícolas está sendo pulverizado e não

aplicado corretamente, principalmente com os equipamentos terrestres.

Esta nova ciência, estudando todos os problemas e possíveis

soluções, se deparou com as dificuldades no controle da deriva das

partículas sólidas, que compõem as formulações pós, devidas as grandes

e freqüentes variações das condições climáticas (umidade relativa do ar,

velocidade e direção dos ventos e temperatura) que ocorrem durante todo

o ciclo das culturas, direcionando cada vez mais todas as suas pesquisas,

para as aplicações com líquidos.

Esta evolução, com o uso cada vez mais freqüente e de maior

eficiência no controle dos problemas agrícolas quando comparada com o

que existia, exigiu das indústrias de pulverizadores e das formulações,

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mais e mais desenvolvimentos para cada um de seus produtos, maior

eficiência e baixo custo, maiores cuidados e manutenção dos

equipamentos e conhecimentos técnicos mais específicos e adequados

por parte dos técnicos que forneciam assistência técnica e pesquisa e,

também do próprio usuário.Trataremos neste capítulo apenas a tecnologia

de uso correto dos equipamentos, enfatizando suas limitações e aspectos

operacionais.

2. Aspectos Operacionais:

Os resultados ou efeitos tecnicos e econômicos adequados da

aplicação dos defensivos agrícolas estão apoiados basicamente pelos

seguintes parâmetros:

Ø bicos de pulverização;

Ø volume de aplicação;

Ø faixa de deposição das gotas de pulverização;

Ø condições climáticas operacionais.

3. Bicos de Pulverização:

Qualquer que seja o tipo de formulação ou do equipamento de

aplicação empregado, o resultado final será consequência do conjunto

das unidades resultantes do processo, que são as gotas de pulverização.

As gotas poderão ser geradas por processos físicos como pressão

hidráulica sôbre o líquido, termonebulização (a frio ou quente), bicos

rotativos , pressão de correntes de vento, ou eletrostáticos.

Um bico de pulverização em qualquer dos processos acima

citados, será tecnicamente correto e economicamente viável, ao

apresentar as seguintes características:

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Ø gerar gotas homogêneas;

Ø distribuir estas gotas uniformemente, e

Ø depositá- las corretamente.

As premissas acima citadas, constituem-se nas características

essenciais e desejadas nos bicos de pulverização, qua lquer que seja o tipo

do mesmo e do equipamento de pulverização utilizado.

O diâmetro da gota será consequência do tipo de orifício do bico,

pressão de trabalho e volume de pulverização, determinantes principais

do modo como o alvo final será atingido e favorecendo ou não a

deposição em quantidade (densidade) suficiente para o controle e sucesso

do produto aplicado.

Uma variedade imensa de bicos é encontrada no comércio.

Entretanto, é imprescindível se conhecer o modo de ação do produto,

localização do alvo, características do equipamento de pulverização e

condições climáticas, no local de aplicação, para que seja escolhido o

tipo de bico mais adequado.

Alvo de superfícies grandes e posições mais horizontais são mais

facilmente atingidos e cobertos com gotas de maior diâmetro ao contrário

de alvos mais estreitos ou mais protegidos (internamente à massa foliar)

onde as gotas mais finas aderem ou penetram com maior facilidade.

Superfícies planas como solos limpos e produtos onde não é

desejável uma deriva longa das gotas (herbicidas de pré emergência), é

recomendável utilizar bicos que produzem gotas mais grossas e pesadas,

como os bicos de jato plano (anteriormente denominados de leque). Por

outro lado, cultivos com massa foliar bastante densa ou alvos localizados

internamente às plantas, serão mais adequadamente atingidos por gotas

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mais finas e que permitam uma deriva ou flutuação mais demorada,

como aquelas geradas pelos bicos de jato cônico vazio.

Facilidade de aderência e espalhamento das gotas sobre as mais

diferentes superfícies, viscosidade e densidade da calda de pulverização

que permitam uma boa circulação pelo equipamento e a quebra de gotas,

e utilização de bicos de pulverização mais eficientes e econômicos são

fatores que de maneira direta permitem a economicidade e versatilidade

de uso.

O bico de pulverização correto de modo geral, não é aquele que

vem colocado no pulverizador, mas sim, o que tecnicamente foi definido

através de valores reais como: condições do alvo a ser atingido e

principalmente em que condições climáticas irá operar no local da

aplicação.

4. Volumes de Aplicação:

A Tecnologia de Aplicação de defensivos agrícolas tem como

escopo principal a alta eficiência da aplicação a baixo custo. Um dos

caminhos que pode nos levar a estes resultados, é justamente a redução

do volume de calda a ser aplicada. Entretanto, esta redução está na razão

direta da eficiência e baixo custo, porém, na razão inversa das

formulações que apresentam alta viscosidade ou densidade elevada.

Explica-se isto, pois, a redução do volume aplicado fica na dependência

de uso de bicos de pulverização com orifícios de saída cada vez menores

e que irão prejudicar a passagem do líquido a ser pulverizado e

distribuído, exigindo pressões maiores da bomba, gerando gotas mais

finas e mais suscetíveis de perdas por deriva e evaporação.

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O aumento da vazão de aplicação também tem influência direta

sobre o diâmetro da gota. Quanto maior o volume utilizado, gotas de

diâmetros maiores serão geradas e menor densidade de gotas por área

será obtida. Entretanto, ao contrario do conceito generalizado, de que o

volume maior de líquido permite uma melhor pulverização, o

procedimento certo e utilizar-se o menor volume, mas produzindo-se a

maior quantidade possível de gotas, principalmente nas culturas de alta

densidade de folhas.

Na aplicação dos defensivos agrícolas líquidos, a água entra

sempre como elemento de diluição do produto e para facilitar a

distribuição correta e adequada das gotas com o ingrediente ativo, sobre

o alvo desejado.

Volumes excessivos originam gotas muito grossas, que aplicadas

sobre as folhas de um vegetal, ocasionam uma saturação da superfície

nas mesmas, provocando o escorrimento do produto para o solo e sua

consequente perda.

Por outro lado, volumes muito pequenos, determinam a formação

de gotas muito finas, que também se perderão por deriva muito longa e

evaporação rápida.

O volume correto ou adequado, é definido tecnicamente, levando-

se em conta o tipo de bico utilizado, condições climáticas locais e porte

ou densidade foliar das plantas e modo de ação dos defensivos agrícolas.

Pelo exposto, concluímos que desde que a formulação permita,

sem prejuízo da geração, distribuição e deposição das gotas de maneira a

mais homogênea possível, podemos diminuir consideráve lmente os

volumes de pulverização, melhorando-se com isto a produtividade do

pulverizador, reduzindo as perdas de tempo de pulverização e

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escorrimento do produto, além de incrementarmos a penetração e

distribuição das gotas dentro da cultura.

5. Faixa de Deposição das Gotas de Pulverização:

Característica intrínseca do bico de pulverização em uso deverá

ser determinada de acordo com a densidade de gotas adequada ao tipo de

alvo e não somente visando-se, como ocorre na pratica, o maior

rendimento operaciona l (superfície pulverizada) do pulverizador por

período ou dia trabalhado, sendo mais frequente quando se opera

irregularmente com aeronaves agrícolas (aviões e helicópteros), visando

apenas o rendimento operacional em detrimento da eficiência dos

produtos aplicados.

Um bom produto ou formulação só poderá ser comprovado após a

sua aplicação, ou seja quando atingir adequadamente o alvo final,

obtendo-se o resultado efetivo e esperado do mesmo.

Para isto deveremos considerar sob o aspecto da Tecnologia de

Aplicação que três premissas deverão se observadas e obtidas sob todos

os aspectos operacionais:

Ø o diâmetro da gota; Ø a deriva da gota e Ø a deposição da gota.

A questão mais importante e a ser considerada como fator

essencial é a densidade de gotas, pois, quanto maior o número de gotas

depositadas sobre o alvo desejado, maior será a dose do produto recebida

pelo mesmo, melhorando a eficiência da aplicação.

Fator de extrema importância para o sucesso de uma aplicação e

que na prática frequentemente é ignorado ou dada a indevida importância

pelo usuário ou até mesmo os técnicos, diz respeito ao momento certo da

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aplicação. Não é relacionado com a hora ou espaço de tempo em que se

deve efetuar a pulverização ou aplicação, mas sim em relação as

condições em que o problema a ser controlado apresenta-se mais

suscetível ao produto aplicado. Exemplos: o momento certo do controle

da lagarta da maçã em algodão deve ser logo após a sua eclosão até o

estadio máximo de 1 cm de comprimento.

Baseados em aspectos práticos de campo em diversas cultivos e

regiões e suportada pelos fundamentos básicos da Tecnologia de

Aplicação, resumimos a seguir nos quadros I e II, as recomendações

adequadas para se obter os melhores resultados em uma aplicação com

defensivos agrícolas, qualquer que sejam os equipamentos usados e

variações climáticas localmente existentes.

6. Importância das Condições Climáticas para a Pulverização:

O monitoramento das condições climáticas e o ajusto adequado

da deposição das gotas antes, durante ou após as pulverizações dos

defensivos agrícolas são essenciais aos resultados esperados do produto.

Temperaturas médias e alta umidade relativa do ar e no solo são

condições adequadas a uma boa aplicação e a absorção do produto pelas

plantas.

Evitar a aplicação do produto quando as plantas apresentam as

folhas muito molhadas após uma chuva ou devido ao orvalho, neste caso

excetua-se a aplicação a baixo volume com aeronaves agrícolas.

Pulverizações efetuadas com temperaturas ambiente entre 15 ° C

e 30 ° C e umidade relativa do ar acima de 55 % apresentam melhores

resultados do que as efetuadas em temperaturas muito baixas e baixo

índice de umidade relativa do ar.

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Quadro 1. Parâmetros práticos recomendados para a aplicação com agroquímicos. PRODUTO H E R B I C I D A S RECOMENDAÇÃO

Pré emergência Pós emergência Plantio direto

Aplicação Gotas grossas: formar uma espécie de “filme”protetor sobre o solo

Gotas finas a médias: produzir uma “população” muito densa de gotas visando o envolvimento da cultura.

Gotas grossas.

Diâmetro da gota DMV 420 - 480 µ DMV 110 - 150 µ DMV 420 - 480 µ Número de gotas/cm2

Mínimo de 20 gotas Ação de contato: 40 - 70 gotas Ação sistêmica: 30 - 50 gotas

Mínimo de 20 gotas

Bico recomendado Jato plano (leque) com

ângulo de 110° para pulverizadores terrestres e de 80 ° para aeronaves agrícolas. Não utilizar bicos de jato

Bico jato cônico vazio. Restrições ao uso de bicos rotativos

Jato plano (leque) com ângulo de 110° em pulverizadores terrestres e de 80° com aeronaves.

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cônico. Não utilizar bicos rotativos

Não utilizar bicos de jato cônico ou rotativos

Volume de aplicação(c)

terrestres: 150 a 300 litros/ha 100 a 200 litros/ha 100 a 200 litros/ha aeronaves: 20 - 40 litros/ha 20 - 30 litros/ha 20 - 40 litros/ha frutíferas: 150 a 300 litros/ha 100 a 200 litros/ha 100 a 200 litros/ha Pressão de trabalho(c, d)

terrestres: 15 a 45 psi (100 a 300 kPa)(a)

60 a 100 psi (400 a 666 kPa)

15 a 30 psi (100/200 kPa)

aeronaves: 15 a 30 psi (100 a 200 kPa) frutíferas: 15 a 45 psi (100 a 300 kPa) 60 a 100 psi (400 a 666

kPa)

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Quadro 2 - Parâmetros práticos recomendados para a aplicação com agroquímicos . PRODUTO INSETICIDAS FUNGICIDAS(b) RECOMENDAÇÃO

Contato/ingestão Sistêmico Protetivo Sistêmico

Aplicação

Gotas finas a médias. Obter uma deposição e densidade de gotas a mais uniforme possível nas partes vegetais ativas das plantas

Gotas finas a médias. Obter uma deposição e densidade de gotas a mais uniforme possível nas partes vegetais ativas das plantas

Diâmetro da gota DMV 110 - 120 µ DMV 110 - 130 µ DMV 110 - 120 µ Número de gotas/cm2

40 - 60 gotas 60 - 70 gotas 40 - 60 gotas

Bico recomendado

• Bicos de jato cônico vazio, com ponta e difusor adequados

• Bicos rotativos podem ser utilizados desde que o volume aplicado não ocasione saturação do equipamento (b)

• Não são recomendados o uso de bicos de jato plano (leque)

Volume de aplicação(c)

terrestre: 60 a 200 litros/ha 80 a 200 litros/ha aeronaves: 10 - 20 litros/ha 15 - 30 litros/ha frutíferas: 400 a 800 litros/ha 400 a 800 litros/ha

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Pressão de trabalho( c, d)

terrestre: 80 a 100 psi (533 a 666 kPa)(a) aeronaves: 15 - 30 psi (100 - 200 kPa) frutíferas: 80 a 100 psi (533 a 666 kPa) a - kPa (quilo Pascal). 100 kPa = 15 psi = 1 bar = 1 kg/cm2. b - Observar o tipo de translocação ou sistemia do produto a fim de adaptar o modo e local da aplicação,

deposição e diâmetro das gotas. Posição e tipo do alvo, densidade da copa e área a ser atingida pelo produto, devem ser consideradas localmente.

c - Deverão ser obedecidas as recomendações indicadas de acordo com a ponta de pulverização a ser usada. d - Os valores referidos são funções diretas: do orifício do bico, pressão, volume de aplicação, viscosidade e

densidade da formulação, bem como às observações e coletas efetuadas no alvo a ser atingido e não ao diâmetro da gota liberado pelo bico de pulverização.

Nota: Os valores aqui referenciados dizem respeito as recomendações gerais, sendo necessário seus ajustes para cada tipo ou formulação de produtos, já que os volumes, densidade e viscosidade dos mesmos não são idênticos para todos os defensivos agrícolas.

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A velocidade e direção do vento é outro fator muito importante

para um bom resultado do produto e se evitar danos as culturas sensíveis

ou áreas vizinhas próximas. Aplicações do produto com ventos acima de

10 km/hora deverão ser monitorados constantemente durante todo o

período de sua execução e efetuadas as correções ou o seu cancelamento.

Durante as pulverizações, observar a direção e intensidade dos

ventos. Ocorrendo o direcionamento dos mesmos para áreas vizinhas

sensíveis ou com animais e pessoas, manter uma área de segurança

bastante larga e adequada às condições locais, sem pulverização

conforme já descrito anteriormente.

Considerar sempre, que a umidade relativa do ar é o indicador

mais importante e prioritário nas definições de início, execução e parada

de uma pulverização de defensivos agrícolas. A resultante dos efeitos dos

demais fatores como vento e temperatura é consequência direta da

umidade relativa do ar.

Evitar de efetuar pulverizações, em condições de inversões

térmicas ou de calmaria total (velocidades de ventos abaixo de 2

km/hora) que ocorrem nas horas mais cedo do dia, fim de tarde ou após

chuvas prolongadas e intensas.

Temperaturas muito altas e principalmente umidade relativa do ar

abaixo de 55 % determinam condições desfavoráveis a aplicação e

NOTA: Durante as pulverizações com bicos e equipamentos adequados, o pequeno deslocamento lateral das gotas, (não deverá exceder a 10 %) não deverão ser considerados como deriva prejudicial, já que representam a fração das gotas muito finas, consequência do processo físico de geração das gotas pelos bicos, além de necessário para que se obtenha o recobrimento adequado das faixas de deposição e melhor uniformidade e homogeneidade da pulverização.

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absorção de produtos sistêmicos ou de translocação pelas plantas,

apresentando um controle ineficiente ou duvidoso.

Por outro lado, a diversidade das condições climáticas ou mesmo

ambientais, inadequação do equipamento e desconhecimentos ou mau

uso dos parâmetros, durante a aplicação, poderão ocasionar também

resultados diversos e até inesperados com formulações de baixa

estabilidade física ou química.

O aspecto volatilidade do ingrediente ativo ou dos componentes

de uma formulação, deverá ser considerado tanto para condições

regionais as mais variáveis como o nível de treinamento das pessoas e

operacionalidade dos equipamentos envolvidos ou disponíveis.

7. Conclusões:

A escolha do bico a utilizar, sua manutenção e conservação, o

controle do tamanho, deriva e deposição das gotas geradas, são fatores

essenciais para que se possa obter sucesso na aplicação de qualquer

defensivo agrícola, causando danos mínimos ou nulos ao meio ambiente

e ao próprio homem.

Os fatores de insucessos no uso de defensivos agrícolas são

creditados, de maneira simplista ao produto, quando na realidade o mau

uso do equipamento, tanto na sua estrutura como no momento adequado

da aplicação em sua maioria deveriam merecer mais atenção e cuidados.

Treinar pessoas no uso correto dos equipamentos, com um

mínimo de conhecimento básico dos produtos a aplicar e sua correlação

com as condições de aplicação, são fatores que devemos guardar dentro

de nós mesmo, sem que o perigo de destruirmos nosso próprio meio de

vida ou do ambiente se torne cada vez mais grave e crescente. Devemos

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sempre nos lembrarmos que em todo o processo de pulverização ou uso

de defensivos agrícolas o sucesso da operação estará sempre apoiado no

trinômio: bom produto - bem aplicado - no momento certo.

SITUAÇÃO ATUAL E CONTROLE DE CIGARRINHA DA CANA-DE-AÇÚCAR

Pesquisador Científico José Eduardo Marcondes de Almeida

Eng. Agrônomo, Lab. de Controle Biológico, Centro Experimental do

Instituto Biológico, Instituto Biológico Cx. Postal 70, CEP 13001-970,

Campinas, SP, Tel. (19) 3252 2942. E-mail: [email protected]

1. A Cigarrinha-da-Raiz da Cana-de-açúcar (Mahanarva fimbriolata)

As cigarrinha-da-raiz (Mahanarva fimbriolata) e cigarrinha-da-

folha (M. posticata) são consideradas pragas importantes no Estado de

São Paulo e no Nordeste do Brasil, respectivamente.

Até 1968 Mahanarva fimbriolata (Stal) era referida como

Tomaspis e/ou Sphenorhina liturata var. ruforivulata Stal (FENNAH 1968,

GUAGLIUMI 1970). Sua distribuição geográfica abrange os Estados de

Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Amazonas,

Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia,

Mato Grosso, Goiás, sendo mais séria sua ocorrência em São Paulo,

principalmente em pastagens de capim Napier (GUAGLIUMI 1973,

MENDES et al. 1977).

Seu principal dano é a "queima da cana-de-açúcar" conseqüência

da alimentação do adulto. As ninfas ao se alimentarem ocasionam a

"desordem fisiológica" em decorrência de suas picadas que, ao atingirem

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os vasos lenhosos da raiz, o deterioram, impedindo ou dificultando o

fluxo de água e de nutrientes. A morte de raízes ocasiona desequilíbrios

na fisiologia da planta, caracterizado pela desidratação do floema e do

xilema que darão ao colmo características ocas, afinamento e posterior

aparecimento de rugas na superfície externa. Os adultos ao injetarem

toxinas produzem pequenas manchas amarelas nas folhas que com o

passar do tempo tornam-se avermelhadas e, finalmente, opacas,

reduzindo sensivelmente a capacidade de fotossíntese das folhas e o

conteúdo de sacarose do colmo. As perfurações dos tecidos pelos

estiletes infectados provocam contaminações por microorganismos no

líquido nutritivo, causando deterioração de tecidos nos pontos de

crescimento do colmo e, gradualmente, dos entrenós inferiores até as

raízes subterrâneas. As deteriorações aquosas apresentam cores escuras

começando pela ponta da cana e podem causar a morte do colmo (EL-

KADI, 1977).

GUAGLIUMI (1973) cita que M. fimbriolata possui ninfas

especificamente radicícolas e se desenvolvem sobre as raízes superficiais

ou raízes adventícias inferiores das gramíneas hospedeiras. Sugam a

seiva segundo a sua idade, envolvendo-se numa espuma branca, espessa

e que serve como proteção a inimigos naturais. Os adultos são de hábitos

crepusculares-noturnos, ficando escondidos dentro das olhaduras ou no

enviés das folhas durante o dia. O dano mais importante que as

cigarrinhas causam é a “queima da cana”, sendo conseqüência direta ao

ataque das folhas, devido à injeção de substâncias tóxicas da saliva da

cigarrinha, além de diminuir o teor de sacarose. Causam também a

redução no tamanho e grossura dos entrenós da cana grande e a morte de

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rebentos jovens. O ciclo vital dessa cigarrinha ocorre no período das

chuvas, desaparecendo na seca, quando os ovos estão em diapausa.

No Estado de São Paulo, o ciclo vital de M. fimbriolata inicia-se

em setembro, normalmente, com o início do período chuvoso. A primeira

geração de ninfas é pequena em decorrência da diapausa dos ovos, porém

com capacidade suficiente de se desenvolverem até a fase adulta, quando

então se inicia a postura da segunda geração de ninfas, geralmente entre

Dezembro e Janeiro, quando a umidade e o fotoperíodo são maiores. A

segunda geração é responsável pela maioria dos danos, que vão se

manifestar somente em Fevereiro e Março, quando se tem a terceira

geração de ninfas, que se desenvolverão até a fase adulta, porém em

menor número do que a geração anterior e farão a postura de ovos que

entrarão em diapausa a partir de Abril, quando o fotoperíodo e a umidade

diminuem.

Com a proibição da queima da cana-de-açúcar no Estado de São

Paulo, através do Decreto- lei Estadual no 42.056/9, têm ocasionado

mudanças no manejo dessa cultura, devido ao aumento da área colhida

sem queima e, como conseqüências, em muitas regiões têm ocorrido

aumentos consideráveis na população de cigarrinha-da-raiz (MACEDO et

al, 1997).

A cigarrinha-da-raiz da cana tem se tornado um sério problema

em algumas regiões do Estado de São Paulo, tais como Ribeirão Preto-

SP, onde a maioria da cana já é colhida mecanicamente e crua, pois não

havendo queima da palhada, ocorre um acúmulo desse material no solo e

um aumento da umidade facilitando assim o crescimento e a

disseminação da cigarrinha-da-raiz da cana, M. fimbriolata. E

considerando que com a nova legislação ambiental de São Paulo proibirá

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a queimada da cana, espera-se um aumento significativo na população de

M. fimbriolata causando prejuízos sérios para as usinas e fornecedores,

além do aumento de custos para o controle desta praga.

2. Monitoramento

Segundo MENDONÇA (1996), a estratégia de controle da

cigarrinha-da-raiz se inicia com um monitoramento da praga. O

monitoramento de M. fimbriolata deverá ser realizado no início do

período chuvoso e durante todo o período de infestação, para que se

possa acompanhar a evolução ou o controle da praga. O nível de dano

econômico (NDE) de 20 ninfas/ metro linear de sulco e 1 adulto/cana; o

Nível de controle é de 2 – 4 ninfas/metro e 0,5 a 0,75 adultos/cana.

No Estado São Paulo, o Nível de Dano Econômico e o Nível de

Controle ainda não foram determinados, porém algumas pesquisas

envolvendo levantamento com armadilhas, contagem de ninfas por metro

linear, a partir de três a cinco pontos por hectare, sendo que cada ponto é

representado por dois me tros lineares, contando-se o número de ninfas

nas raízes da cana, utilizando-se normalmente de dois a quatro homens.

Por enquanto, tem-se utilizado o Nível de Controle de 5 a 8 ninfas por

metro linear de cana em média, sendo o Nível de dano Econômico

variando de 10 a 15 ninfas por metro linear.

De acordo com resultados de uma usina cooperada da Copersucar,

o custo do levantamento direto, com uma equipe de quatro homens,

fazendo 16 metros lineares (quatro pontos de duas ruas de dois

metros/hectare) é de R$ 8,00/ha. Porém se realizar o levantamento por

extrapolação, no caso de talhões uniformes, ao lado e de mesma

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variedade, o custo desse monitoramento pode chegar a R$ 2,00/ha (E. B.

ARRIGONI, não publicado).

A armadilha “Yellow sticky trap” é adequada ao monitoramento

de populações de adultos de M. fimbriolata em áreas com cana-de-

açúcar. Permite determinar o início do aparecimento da praga na lavoura,

que tem ocorrência defasada em cerca de 30 dias em relação à população

de ninfas. Porém, a armadilha não se presta para uso visando ao controle

da praga (MACEDO et al., não publicado).

O monitoramento é imprescindível para se decidir sobre a

estratégia de controle da praga, sendo que a detecção da primeira geração

permite um controle mais eficiente principalmente através do fungo

Metarhizium anisopliae.

Com relação a variedades, ainda não foram concluídos os estudos

sobre resistência e suscetibilidade de variedades comerciais no Estado de

São Paulo, ou mesmo um trabalho de melhoramento específico para

variedades resistentes, porém já foi possível observar em nível de campo

variedades altamente atrativas à cigarrinha-da-raiz, tais como SP 80

1842, SP 70 1816, RB 85 5336 e RB 85 5536, possivelmente pelo seu

crescimento rápido, sombreando o solo e maior volume de palha,

conferindo melhores condições de desenvolvimento da praga. Portanto,

nos talhões com essas variedades, deve-se tomar maiores cuidados no

levantamento de ninfas e adultos da cigarrinha.

3. Controle

3.1. Controle Cultural

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Como forma de controle cultural, GUAGLIUMI (1973) sugere a

rotação de culturas com leguminosas, queima da palha ou enleiramento

nas entrelinhas e pesquisa com variedades resistentes.

Estudos desenvolvidos pelo Instituto Agronômico de Campinas e

Copersucar demonstraram que o enleiramento da palha da cana, ou

simplesmente o afastamento da palha das raízes da cana é suficiente para

manter a população de cigarrinha em equilíbrio, abaixo do Nível de Dano

Econômico. Porém, o custo desse enleiramento ou afastamento da palha

ainda não foi determinado devido à falta de um equipamento específico

para tal fim.

3.2. Controle Químico

O controle químico de M. fimbriolata também tem sido alvo de

pesquisas constantes devido ao grande número de novas moléculas

lançadas no mercado da cultura canavieira.

O Thiamethoxam na concentração de 1,0 kg/ha foi mais eficiente

dentre todos os inseticidas já testados, por ser de ação sistêmica e manter

a população de cigarrinha abaixo do Nível de Controle por até 140 dias.

O Carbofuran também foi eficiente na concentração de 2 a 3 litros/ha,

porém a ressurgência da praga é maior e mais rápida devido à ação de

contato desse princípio ativo.

O Aldicarb (10 kg/ha), Fipronil (250 a 500 g/ha) e Terbufós (16 a

20 kg/ha) também apresentaram resultados satisfatórios, porém todos os

princípios ativos apresentados estão sob registro de emergência para a

cigarrinha-da-raiz da cana.

Alguns inseticidas naturais tais como: óleo de nim 250 a 500

mL/ha, Extrato de Timbó 0,5 a 1% apresentaram também um resultado

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satisfatório, mantendo a população de cigarrinha por até 90 dias, quando

aplicado em Novembro, época do final da primeira geração e início da

segunda geração da praga.

3.3. Controle Biológico

ALVES & ALMEIDA (1997) citam que o controle biológico com

macro ou microrganismos é um dos principais componentes do manejo

integrado de cigarrinhas. O controle biológico não é poluente, não

provoca desequilíbrios biológicos, é duradouro e aproveita o potencial

biótico do agroecossistema, não é tóxico para o homem e animais e pode

ser aplicado com as máquinas convencionais, com pequenas adaptações.

De acordo com ALVES (1998) o desenvolvimento do fungo M.

anisopliae sobre M. posticata ocorre da seguinte maneira: os conídios

germinam e penetram no tegumento do inseto num período de dois a três

dias. O período de colonização ocorre de 2 a 4 dias e a esporulação em 2

a 3 dias, dependendo das condições do ambiente. O ciclo total da doença

é de 8 a 10 dias.

O Instituto Biológico tem desenvolvido pesquisas de controle

biológico de M. fimbriolata com o fungo M. anisopliae, num projeto

temático financiado pela FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do

Estado de São Paulo, cuja coordenação pertence a esse instituto, em

parceria com a ESALQ/USP e UFSCar - Araras-SP.

Foi possível verificar o controle de M. fimbriolata com o fungo

M. anisopliae isolado CB 10 na concentração de 1 kg de arroz esporulado

com M. anisopliae 1,75x105 conídios/ml - 3 aplicações (Nov. - Dez. e

Jan.) num volume de 400 litros por hectare. Porém, como demonstrado

em outro experimento no mesmo período, aplicações em Novembro e

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Dezembro na concentração citada é suficiente para o equilíbrio da

população de cigarrinha, já que nesta época está ocorrendo a transição da

primeira para a segunda geração.Em outra pesquisa, verificou-se que os

isolados CB 10 (Instituto Biológico) e ESALQ 1037 foram efetivos no

controle de cigarrinha-da-raiz da cana na concentração 1 x 107

conídios/ml com aplicações em Novembro e Dezembro.

Do mesmo modo esses isolados mantiveram a população de

cigarrinha-da-raiz da cana em equilíbrio na concentração de 1 kg de arroz

esporulado com M. anisopliae 1,75x105 conídios/ml - 2 aplicações (Nov.

- Dez.) em sistema de cultivo orgânico.

A época de corte influencia na população de cigarrinha, pois

quando este ocorre em maio a população de cigarrinha é maior nos meses

de Dezembro e Janeiro, o mesmo ocorre com o corte em Julho. Já quando

a cana é cortada tardiamente, a população de cigarrinha diminuiu. Esses

dados ajudam na programação de plantio e cortes de variedades mais

atrativas em épocas mais tardias, evitando superpopulações e a

conseqüente aplicação de defensivos químicos ou queimada.

4. Perspectivas

O projeto temático financiado pela FAPESP prevê estudos de

seleção de isolados de M. anisopliae à cigarrinha-da-raiz da cana,

caracterização desses isolados, estudos de Nível de Dano Econômico e

Nível de Controle a partir de experimentos em campo e casa-de-

vegetação, métodos de produção e formulação do fungo M. anisopliae e

do fungo Batkoa spp. que causa epizootias naturais de até 90% nos

adultos. Contudo o controle biológico com M. anisopliae já tem sido

estudado e aplicado desde dos anos 70 no Nordeste, para o controle de M.

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posticata, produzindo resultados satisfatórios, com redução da aplicação

de defensivos químicos em até 70% e de custo de produção de açúcar e

álcool, protegendo o ambiente.

A partir de técnicas de monitoramento e manejo integrado de

pragas, será possível conviver com a cigarrinha-da-raiz da cana-de-

açúcar no Estado de São Paulo, aplicando-se um programa de controle

microbiano com M. anisopliae e no caso de superpopulações a aplicação

racional de defensivos naturais ou químicos, para o equilíbrio da

população.

5. Referências Bibliográficas

ALVES, S. B. Fungos entomopatogênicos. In: __________, (ed.).

Controle microbiano de insetos. Cap. 11. Ed. FEALQ: Piracicaba.

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EMBRAPA: Jaguariúna. 1998. P. 143-170.

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210

GONÇALVES, J. S. & SOUZA, S. A. M. Proibição da queima de cana no

Estado de São Paulo: simulações dos efeitos na área cultivada e na

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GUAGLIUMI, P. As cigarrinhas dos canaviais (Hom. Cercopidae) no

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sem queima. STAB Açúcar, Álcool e Subprodutos.15: 18-21. 1997.

MENDES, A. C.; BOTELHO, P. S. M.; MACEDO, N.; SILVEIRA NETO, S.

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(Stal, 1854) (Hom., Cercopidae), according to climatic parameters.

Proc. ISSCT XVI Congress, 1: 617-631. 1977.

MENDONÇA, A. F. Pragas da cana-de-açúcar. Insetos & Cia: Maceió.

1996. 239 p.

JOSÉ MAURÍCIO BENTO

CONTROLE DAS PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA CANA-DE-

AÇÚCAR

Pesquisador Científico Flávio Martins Garcia Blanco

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Eng. Agrônomo, Laboratório de Plantas Daninhas, Centro Experimental

do Instituto Biológico, Instituto Biológico, Cx. Postal 70, CEP 13001-

970, Campinas, SP. E-mail: [email protected]

1. Introdução

Na implantação de uma área agrícola através de um sistema de

cultivo, há sérias e significativas transformações nos subsistemas

geomórfico, edáfico e biológico, tornando-os mais simples

(agroecossistema), em comparação com o ecossistema, um sistema mais

complexo. Esta trans formação resulta na diminuição drástica da

capacidade de auto-regulação do sistema, tornando-o, assim, mais

instável e susceptível a entradas de energia. Uma das principais

conseqüências da transformação do ecossistema em um agroecossistema

é o aumento exagerado de determinadas populações de insetos,

microrganismos, nematóides e plantas silvestre, desta forma, tornam-se

pragas agrícolas; comprometendo de forma significativa à produção.

(BLANCO, 1972, 1982 e 1997).

Quando há o aumento populacional exagerado das plantas

silvestres, estás se tornam daninhas, que diferentemente de outras pragas

agrícolas, têm por característica, estarem sempre presentes nos

agroecossistemas e responsáveis diretas (competição, alelopatia, etc.) ou

indiretamente (reservatório de patógenos, atrativas para insetos-praga

etc.) pela diminuição drástica na produção econômica das culturas dentre

as quais a cana-de-açúcar. (BLANCO, 1972, 1982 e 1997).

2. A Cultura da Cana-de-açúcar.

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A cana-de-açúcar, Saccharum spp., é uma das plantas mais

importantes na agricultura mundial. A produção de açúcar em 1990

atingiu 105 milhões de toneladas, das quais, 62% foram produzidas a

partir da cana-de-açúcar cultivada em 106 países numa área de

aproximadamente 16 milhões de hectares; os 38% restantes foram

extraídos da beterraba (Beta vulgaris L.), (FAO, 1990).

Espécie da família Gramineae, a cana-de-açúcar (Saccharum

officinarum L.) com uma área plantada de aproximadamente 4 milhões

de hectares, o Brasil é o principal é o seu maior produtor mundial,

seguido de Cuba e México. Dentre os estados brasileiros, São Paulo é o

maior produtor, apresentando uma área plantada de aproximadamente 2,4

milhões de hectares com uma produção estimada para a safra agrícola

99/00 de 277,7 milhões de toneladas de colmos, com um rendimento

médio de 72 t/ha (CASER et al., 1993, IBGE 2000).

Devido ao seu lento crescimento inicial, a cana é sensível a

competição do mato. Nesse sentido, numerosas investigações foram

realizadas por diversos pesquisadores: trabalhos de AZZI & FERNANDES

(1968,1970), determinaram que a cana produz o seu máximo rendimento

quando o controle das plantas daninhas à cultura é realizado entre 90 e

120 dias, a contar do seu plantio. Pesquisas realizadas por BLANCO et al.

(1979, 1981, 1982), concluíram que podem ocorrer perdas de até 85% no

peso dos colmos; além disso, determinaram que o período crítico de

competição para a cana corresponde ao período que vai do 15º dia a dois

meses a contar da emergência da cana-de-açúcar, no caso, cana de ano.

Esses dados foram confirmados por GRACIANO & RAMALHO (1982), que

obtiveram perdas de 83% no peso dos colmos.

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3. Controle das Plantas Daninhas.

Muitos são os métodos de controle de plantas daninhas

empregados na cultura da cana-de-açúcar:

Ø Manejo preventivo: não permitir a entrada de sementes ou

dissemínulos de plantas daninhas na área de plantio, cuidar da limpeza

dos equipamentos.

Ø Manejo cultural: utilizar rotação de culturas, consorciação, redução

de espaçamentos, etc.

Ø Manejo mecanizado: fazer um bom preparo do solo para o plantio já

é uma forma de controle, após o plantio ou corte, pode-se fazer o cultivo

nas entrelinhas MM.

Ø Manejo químico: dentre os manejo, o controle químico realizado

com a utilização dos herbicidas, é que predomina por sua maior

operacionalidade e eficiência no controle, além de reduzir o custo de

produção da lavoura, FUTINO & SILVEIRA (1991), demonstraram que a

participação dos defensivos agrícolas, em geral, no custo operacional da

cultura de cana-de-açúcar, em 1990, era de apenas 8%.

3.1. Controle com o Manejo Químico das Plantas Daninhas – Após o

Plantio e Corte no Sistema Tradicional (cana queimada).

FERREIRA & TSUNECHIRO (1998) relatam que no ano de 1996 as

vendas dos defensivos agrícolas somaram a importância de 1.792

milhões de dólares, destas vendas, somente os herbicidas foram

responsáveis por 56% deste total, a venda desta classe de pesticida para a

cultura da cana-de-açúcar representaram 19%, demonstrando assim a sua

importância.

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Vários fatores são importantes na utilização e escolha dos herbicidas

como agente no controle das plantas daninhas na cultura de cana-de-

açúcar, podemos citar:

Ø Modo de aplicação do herbicida, pré-emergente ou pós-emergente.

Ø Grupo de plantas daninhas predominantes e o seu grau de sua

infestação.

Ø Tipo de solo, teor de matéria orgânica e a sua umidade na época da

aplicação para os pré-emergentes.

Ø Estádio do desenvolvimento das plantas daninhas e da cultura, para

aplicações em pós-emergência.

Ø Uso de adjuvantes, quando indicado.

Ø Período residual: herbicidas aplicados no plantio de cana de ano e

meio, estes devem ter um maior período residual, quando comparados

com os aplicados em cana de ano, pois nesta época de plantio, haverá um

período de seca onde a cana-de-açúcar paralisa o seu crescimento, assim

como as plantas daninhas, no retorno da estação das chuvas, estas voltam

a germinar se o período residual for curto.

Ø Nas aplicações em pré-emergência no plantio de cana de ano e meio,

utilizar herbicidas mais solúveis, pois serão mais efetivos na época seca.

Ø Nas aplicações em pré-emergência, sempre verificar a seletividade

em relação a cultivar utilizada, principalmente para produtos novos.

A tabela 1 mostra os principais herbicidas utilizados para cultura

As misturas dos herbicidas são utilizadas para aumentar o

espectro de ação, ex. Diuron + hexazinone, incrementa o controle do

Diuron, de maior eficiência sobre as latifoliadas, de tal forma a se ter

também um controle das gramíneas dado pelo hexazinone.

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As misturas também podem através de distintos coeficientes de

adsorção e solubilidades, no processo de lixiviação, permitir que o efeito

do herbicida permaneça em uma faixa do perfil do solo, e não em uma

região localizada, propiciando um maior controle; exemplo na mistura da

ametrina + clomazone.

3.2. Controle das Plantas Daninhas – Sistema Cana-crua

Este sistema de produção esta introduzindo uma nova realidade

no cultivo da cana-de-açúcar, devido às drásticas mudanças

principalmente no sistema edáfico em função de 10 a 15 ton/ha, após o

corte da cana, algo que não havia no agroecossistema original. Esta

entrada de energia no sistema fatalmente acarretará em mudanças

drásticas na comunidade de organismos, hoje considerados praga, quer

sejam, as doenças, os insetos ou as plantas daninhas.

VELINI & NEGRISOLI (2000), citando EGLEY & DUKE, relatam que

estes autores demonstram que a amplitude térmica influência de forma

significativa à germinação das plantas daninhas, VELINI et. al. (1998) e

MARTINS et. al. (1999), estudaram o efeito de quantitativo da palhada

sobre a germinação de diversas espécies de plantas daninhas, resultando

que quanto maior a quantidade de palha, para a maioria das espécies

estudadas, houve uma supressão na germinação, para outras como o

amendoim-bravo a palhada não influenciou a germinação da espécie,

confirmando os dados LORENZI (1983).

Estes trabalhos, como é de se esperar, demonstram que haverá

uma mudança no banco de sementes dos agroecossistemas de cana-de-

açúcar com sistema em colheita com a cana crua.

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TABELA 1. Principais herbicidas utilizados para o controle das plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar, as indicações em pré-emergente são para após o plantio ou corte no sistema de cana queimada. (BLANCO, 2001)

Principio Ativo

Nome Comercial

Dose i.a./ha (kg)

Modo de Aplicação2

Grupo Controlado

Observações

2,4 D U46 D fluid 0,40 a 0,72 PÓS latifoliadas Ametrina Gesapax 2,00 a 4,00 PRÉ gramíneas e latifoliadas

anuais

Ametrina + 2,4 D

Gesapax + U46 D fluid

0,21 + 0,29 PÓS, PRÉ

gramíneas e latifoliadas anuais

controle efetivo em pós-emergente apenas sobre as latifoliadas

Ametrina + Clomazone

Sinerge 2,50 a 3,00 PRÉ gramíneas e latifoliadas anuais

Ametrina + Diuron

Ametron (0,62-1,244) + (0,96-1,92)

PRÉ gramíneas e latifoliadas anuais

Clomazone Gamit 0,50 PRÉ Gramíneas e latifoliadas anuais

Diuron Karmex 1,60 a 3,2 PRÉ gramíneas e latifoliadas anuais

controle mais pronunciado nas latifoliadas

Velpar K 0,488 + 0,142 PRÉ Diuron + hexazinone Advance 0,533 + 0,067 PRÉ

Latifoliadas e gramíneas anuais

2 modo preferência de aplicação onde o controle é mais efetivo

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Diuron + MSMA

Fortex 0,140 + 0,360 PÓS Gramíneas e latifoliadas anuais

Diuron + Terbutiuron

Bimate 2,10 a 2,8 PRÉ Gramíneas e latifoliadas anuais

Glyphosate Roundup 0,18 a 2,16 PÓS Gramíneas e latifoliadas anuais

utilizado para renovação de canaviais ou para aplicações dirigidas.

Halosulfuron Sempra 0,75 PÓS Cyperaceas a cyperacea tem que estar no estádio de pré floração no momento da aplicação

Imazapyr Arsenal 0,250 PRÉ Gramíneas e latifoliadas e cyperaceas

Isoxaflutole Provence 0,750 PRÉ Gramíneas e latifoliadas anuais

Oxyfluorfen Goal 0,240 PRÉ Gramíneas e latifoliadas anuais

Sulfosate Zapp 0,480 PÓS Gramíneas e latifoliadas anuais

utilizado para renovação de canaviais ou para aplicações dirigidas.

Sulfentrazone Boral 1,20 a 1,60 PRÉ Gramíneas anuais e perenes e cyperaceas

apresenta controle efetivo sobre tiririca (Cyperus rotundus)

Terbutiuron Combine 0,50 a 0,80 PRÉ Gramíneas e latifoliadas anuais

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Atualmente o controle das plantas daninhas, neste sistema de

colheita, após o corte tem se realizado a catação utilizando herbicidas não

sistêmicos de ação total, glyfosate, paraquat, sulfosate, e 2,4 D

(latifoliadas), e monitorando as áreas preferencialmente até o fechamento

da cultura.

Vários aspectos ainda precisam ser estudados, como a aplicação

de pré-emergentes em condição de palha, efeito da palhada sobre a

microflora influenciando na persistência e dissipação do herbicida, novos

equipamentos de aplicação, etc.

4. Bibliografia

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competição produzido por uma comunidade natural de dicotiledôneas

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BLANCO, H.G.; OLIVEIRA, D.A.; COLETI, J.T. Competição entre plantas

daninhas e a cultura da cana-de-açúcar. II. Período de competição

produzido por uma comunidade natural de mato, com predomínio de

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220

MANEJO ECOLÓGICO DE PRAGAS DOS CITROS

Eng. Agrônomo Santin Gravena.

GRAVENA-Manejo Ecológico e Controle Biológico de Pragas Agrícolas

Ltda. Rod. SP-253, Km 221,5. Cx. Postal 546. CEP-14870-000,

Jaboticabal, SP. E-mail [email protected]

1. Introdução

Tanto o controle biológico exercido pelos organismos benéficos

de ocorrência natural como aquele oriundo de processos manipulados

artificialmente necessitam um ambiente ecológico livre de fatores

adversos para surtirem o efeito esperado na redução de densidades

populacionais de pragas para níveis abaixo do dano econômico. Na

citricultura convencional de produção comercial, nos dias atuais, esse

ambiente ecológico favorável não é encontrado facilmente, pois a

biodiversidade é muito pobre, condição indispensável para favorecer a

vida dos inimigos naturais. Ao mesmo tempo, a partir de 1987, os

citricultores passaram a utilizar insetic idas em grande quantidade e

freqüência como o único instrumento de que dispõem para combater

alguns insetos pragas que surgiram como avassaladores dentre os quais

as cigarrinhas transmissoras da CVC, minadora das folhas que facilita o

ataque do cancro cítrico, o bicho furão e a cochinilha ortézia. A

monocultura extensiva que se constituiu a citricultura em São Paulo,

necessita de transformações, o que é conseguido através de uma

manipulação ambiental mais efetiva para que o controle biológico nativo

e importado tenha o seu potencial máximo aproveitado. O caminho mais

rápido para se obter as condições ambientais necessárias é a aplicação

dos conceitos de Manejo Ecológico de Pragas na sua plenitude.

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2. Manejo Ecológico de Pragas

O Manejo Ecológico de Pragas-MEP é uma nova visão do

Manejo Integrado de Pragas –MIP. É trazer o controle de pragas para

uma realidade contemporânea em que a proteção ambiental é a palavra de

ordem em todas as organizações sociais da humanidade. Entendemos,

como diferença básica entre MEP e MIP, a ênfase maior que se busca por

processos biológicos de controle de pragas dentro de um sistema

ecológico agrícola, onde também métodos ambientais de controle têm

papel de maior relevância do que técnicas químicas, ainda que seletivas

a inimigos naturais, como também requer o MIP. A operacionalização do

MEP se faz obviamente com o monitoramento ambiental no qual se

inclui a amostragem de pragas e inimigos naturais. Pela amostragem se

obtém dados de densidade de pragas e organismos benéficos que

auxiliam na tomada de decisão de manejo em cuja ação, outros fatores

são levados em consideração.

3. Planejamento, execução e manutenção do MEP

Um dos elementos fundamentais do MEP é o planejamento

antecipado das ações para implantação de um pomar de citrus. Não basta

apenas prever tipo de solo, clima, variedades, extensão da área, irrigação,

comercialização, etc. Um citricultor moderno deve incluir nos seus

planos: 1. disposição na plantação de critérios ambientais que visem a

biodiversidade; 2. esquema visando facilidade para a operação de

amostragem de pragas/inimigos naturais, pulverizações, colheita, etc; 3.

ações de controle biológico clássico e artificial; 4. registro das ações em

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documentos e informatização de dados visando melhor visualização do

comportamento das pragas e inimigos naturais.

Monitoramento Ambiental. Com o planejamento antecipado

contemplando a biodiversidade acaba-se por exigir do manejador de

pragas uma atividade freqüente de monitoramento ambiental. Significa

observar e anotar dados ecológicos para confirmar os benefícios das

técnicas ambientais adotadas ou modificar o ambiente para atingir os

objetivos inicialmente propostos. Dentro do monitoramento está a

amostragem de pragas e inimigos naturais que no MEP passa a ser uma

atividade complexa na qual não basta apenas um método de avaliação,

contagem e anotação das quantidades encontradas. Às vezes são

necessárias 2, 3 ou até 4 técnicas de amostragem para uma única praga.

Um exemplo é a Mosca das frutas: em citrus considera-se 4 tipos de

observação de presença ou densidade: 1. Amostragem de sinais em

frutas; 2. Amostragem por atrativos alimentares; 3. Amostragem visual

de adultos; 4. Uso de feromônio. Num sentido mais amplo está o

monitoramento de moscas: este é feito através de observação de áreas

vizinhas à plantação em MEP, onde são encontradas outros hospedeiros

comerciais ou naturais que abrigam a mosca e de onde migram por si só

ou pelo vento. Ainda como serviço de monitoramento está a

quantificação das espécies, comportamento, época, resistência,

longevidade de adultos, etc.

Tomada de Decisão no MEP. É outra atividade complexa do

MEP. Para se decidir por uma ação de MEP é necessário ter muitos

dados nas mãos, o que é conseguido pelo monitoramento. Os níveis de

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ação numéricos estabelecidos com base nos níveis de danos econômicos

reais ou empíricos são apenas referências iniciais que poderão sofrer

alterações ao longo da prática do MEP. Quando se pensa que um nível de

ação é o ideal, fatores macroecológicos, econômicos e sociais levam o

manejador de pragas a considerar outro nível mais adequado. Retomando

o exemplo a mosca das frutas, o nível conhecido é de 1 mosca por frasco

atrativo por semana, mas interesses do produtor, influenciados pelo

consumidor exigente de aparência agradável na fruta, levam-no a

abandonar o nível de ação de MEP e fazer pulverizações preventivas em

frutas ameaçadas por moscas no momento da colheita. O pior ocorre

quando a fruta é para exportação cujo importador exige isenção total de

risco de obter a mosca na fruta importada. Portanto, o nível de decisão de

manejo ainda é reflexo do perfil do produtor, do importador e do

consumidor final da produção. Isso tende a mudar à medida que o

consumidor brasileiro ou importador passe a exigir isenção total de

resíduos de agrotóxicos nas frutas que importa ou consome.

Tomada de Decisão Ecológica. Se os perfis do produtor e do

consumidor permitir é possível estabelecer ações visando a aplicação

plena do MEP para cultivos em grande escala comercial resultando em

produtos alimentícios mais saudáveis bem como a obtenção da produção

por processos sem impactos ambientais negativos. Para isso, é necessário

visões micro e macro ecológica da área onde está inserida a plantação. É

preciso conhecer a biologia e o comportamento das pragas chaves e dos

inimigos naturais chaves do ecossistema trabalhado. É imprescindível

dispor dos instrumentos necessários para agir contra a praga, sem

impactos ambientais e toxicológicos que hoje em dia ainda se vêm em

quase todos os sistemas de produção citrícola. Retomando o caso da

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mosca das frutas, numa prática do dia-dia do MEP, verificamos que a

fonte da mosca que infestava as mexericas de um pomar assistido em

MEP, estava nos cafezais vizinhos. Como esta não poderia ser removida,

a decisão mais correta para se evitar vender frutas com risco de resíduos

de agrotóxico era desistir da produção de mexerica. Caso contrário a

decisão de MEP seria controlar a mosca nos cafezais vizinhos com isca

tóxicas no início do aparecimento de grãos de café em “cereja”, ao

mesmo tempo que se liberaria parasitóides, Diachasmimorpha

longicaudata, nessas áreas e nas mexeriqueiras, entre outras providências

ecológicas.

Técnicas Ambientais Visando Aumento do Controle

Biológico.

Após o entendimento básico do MEP com os itens abordados

anteriormente são apresentadas a seguir algumas das técnicas ambientais

que promovem o aumento das densidades de inimigos naturais nas

plantações citrícolas em geral.

Biodiversidade . São várias as possibilidades para aumentar a

biodiversidade nos pomares citrícolas: 1. Quebra ventos. O motivo

principal é servir de barreira para ventos fortes que predispõem folhas

novas ao ataque do cancro cítrico, mas os benefícios são muito maiores,

pois barram também insetos os mais diversos, como cochonilhas, moscas

brancas, pulgões, e princ ipalmente ácaros nocivos. 2. Cobertura verde.

São empregados nas entre linhas das árvores de citrus num pomar. 3.

Faixas naturais. No planejamento de plantio visando MEP se deixam

faixas da vegetação natural intercaladas a intervalos regulares. 5. Mistura

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de variedades. No caso de citrus é prejudicial, pois se estabelece uma

sucessão de frutas maduras durante todo o ano fazendo com que de uma

variedade mais precoce para outra mais tardia, as pragas aumentam o

número de gerações.

1. Quebra-ventos. São barreiras físicas para todas as pragas e doenças

que dependem do vento para se disseminarem. Dentre as pragas são mais

notórias, as cochonilhas, os ácaros, as moscas, os pulgões e as moscas

brancas. O processo de barragem não resolve mas retarda a infestação no

cultivo protegido permitindo maior eficiência dos inimigos naturais no

próprio cultivo sobre as populações residentes que ainda estão em baixa

densidade no início das safras. Outro lado positivo é que essas barreiras

são abrigo para inimigos naturais, servindo de fator de aumento do

controle biológico e evitando que a praga nas árvores da barreira seja a

causa de infestação no cultivo. Há dois tipos de quebra-ventos: 1-

Árvores altas de folhagens densas, mas que apresentam “saia” alta

evitando o turbilhomamento no sotavento (face interna da barreira em

relação à área protegida). 2- Barreiras com 40% de permeabilidade ao

vento, mas com uma espécie de escadinha formada por um arbusto, uma

planta de menor porte e a planta principal de maior porte no barravento

(face externa). Pinus, Cipreste, Grevilha, etc, são os grupos mais comuns

utilizados tendo portes altos.

2. Cobertura verde. Há muito o uso de herbicida total e gradagens foram

minimizados em pomares frutíferos em geral. Em lugar disso se usa

herbicida apenas nas linhas e roçadas no mato invasor permitindo

renovação periódica e evitando alelopatia/competição. Com isso se deixa

o mato natural reproduzir insetos presas/hospedeiros alternativos, flores

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com néctar e pólen, que servem para alimentar vespinha

microhimenópteras parasitóides, vespas predadoras, coccinelídeos,

ácaros fitoseídeos predadores e outros organismos benéficos.

3. Faixas naturais. Na implantação de um pomar cítrico, recomenda-se

deixar faixas contendo a vegetação natural que mantém a fauna benéfica

nativa e, em contrapartida, serve de refúgio dos inimigos naturais que

surgirão safra após safra, local onde não receberiam diretamente os

inseticidas pulverizados.

4. Vegetação atrativa de inimigos naturais. Espécies vegetais adequadas

como nabo forrageiro, amendoim forrageiro, braquiária rosisiensis, etc,

se prestam a atrair organismos benéficos que depois se transferem para a

planta cítrica exercendo o controle biológico.

5. Mistura de variedades. A maioria dos pomares são estabelecidos de

forma a apresentarem produções contínuas durante todo o ano. Os

destinados à indústria de processamento contém pelo menos 4

variedades: Hamlin(precoce), Pêra(semi-tardia e multifloradas),

Valência(tardia) e Natal(super-tardia). Os destinados ao mercado são

multivarietais: Tangerinas e Lima verde(super-precoces), Bahia(precoce),

Pêra, Valência e Natal, que com sistemas de podas de produção passam a

produzir o ano todo, literalmente. Em ambos os casos, as pragas

encontram condições ideais para se desenvolverem e se reproduzirem em

altas densidades exigindo múltiplas pulverizações de inseticidas e

acaricidas.

Profilaxia no lugar de inseticidas. A retirada de partes atacadas

por pragas e doenças é ainda uma técnica efetiva. Com podas de ramos

ou desbaste de plantas se retira colônias de insetos ou ácaros e fontes de

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inóculo de doenças. O melhor exemplo está na citricultura onde se pode

fazer: poda de ramos ou desfolha de árvores com doenças de fungos,

cochonilhas, ácaros e vírus da leprose bem como erradicação de plantas

com bactéria Xylella fastidiosa causadora da doença Clorose Variegada

dos Citros, transmitida por cigarrinhas Cicadellidae Com isso evita-se

inseticidas de largo espectro que alijam os inimigos naturais.

4. Considerações Finais

O que foi apresentado aqui foram apenas aspectos relacionados

com a prática do MEP como fator de aumento do controle biológico

natural nas plantações citrícolas, mas há ainda que considerar a

importação, a produção e a disponibilização de inimigos naturais para

uso pelos produtores. Deve-se sempre levar em conta também a

seletividade de agrotóxicos aos organismos benéficos como fator de

incremento das densidades dos mesmos através da simples preservação.

O aumento do controle biológico nos pomares dependerá por outro lado

das políticas agrícolas dos países e dos consumidores finais de sucos e

furtas, que deverão mudar de uma evidente apatia em relação aos riscos

de resíduos de agrotóxicos em citrus, de uma total ignorância dos efeitos

maléficos na natureza causados pelas pulverizações nos pomares, para

atitudes mais conscientes e racionais, rejeitando produtos sem selos de

garantia ecológica. Finalmente, louve-se o atual desempenho dos

sistemas orgânicos de produção que, por si só, são fatores de aumento da

atividade dos organismos benéficos da natureza contra as pragas

agrícolas e seus danos econômicos.

5. Bibliografia Básica

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GRAVENA, S. Manejo ambiental de pragas dos citros. Laranja, 12: 247-

288, 1991.

HARDY, R. W. F. et. al. Ecologically Based Pest Management.

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HUFFAKER, C. B. (Ed.). Biological Control. New York, Plenum Press.

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PRICE, P. W. Insect Ecology. New York, John Wiley & Sons. 1975.

514 p.

ENVIRONMENTAL ENTOMOLOGY. Lanham, Md, USA. Entomogical

Society of America.

MOSCA-DAS-FRUTAS EM FRUTICULTURA

Pesquisadores Científicos Miguel Francisco de Souza Filho e Adalton

Raga

Eng. Agrônomos, Laboratório de Entomologia Econômica, Centro

Experimental do Instituto Biológico, Instituto Biológico. Cx. Postal 70,

CEP 13001-970, Campinas – SP. Tel. (19) 3252-8342. E-mail:

[email protected] e [email protected]

1. Introdução

A fruticultura brasileira atualmente é considerada uma das

maiores do mundo, no que se refere a produção de frutas frescas e área

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cultivada, todavia, é muito reduzida a produção destinada para o mercado

externo. O baixo nível tecnológico aplicado no cultivo das fruteiras, que

se reflete na qualidade dos frutos produzidos, a exemplo dos problemas

fitossanitários (pragas, doenças e plantas daninhas), são fatores que

contribuem para essa situação.

O Estado de São Paulo apresenta uma fruticultura bastante

diversificada, que tem crescido significativamente nos últimos dez anos,

abrangendo fruteiras de clima tropical, subtropical e temperadas,

exploradas em função das condições edafoclimáticas e agronômicas

disponíveis.

As moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) são as principais

pragas da fruticultura mundial, considerando-se os danos diretos que

causam e a capacidade de adaptação em outras regiões, quando

introduzidas (praga quarentenária). No Brasil, as espécies de moscas-das-

frutas de importância econômica englobam-se nos gêneros Anastrepha e

Ceratitis. As diversas espécies de Anastrepha são nativas do continente

americano, enquanto Ceratitis capitata (Wied.) conhecida como mosca-

do-mediterrâneo é a única representante do gênero no país, sendo

originária do continente africano.

Em face da importância dessas pragas, é importante ressaltar que

o fruticultor brasileiro gasta grandes quantidades de inseticidas para o

controle de moscas-das-frutas, sem o conhecimento adequado das

espécies infestantes, do seu grau de infestação, da distribuição espacial

das plantas hospedeiras e do controle biológico natural.

2. Principais Espécies de Moscas -das-frutas no Estado de São Paulo

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Em todo o território paulista ocorrem moscas-das-frutas, nas áreas

rural, urbana e de preservação. As principais espécies que causam danos

à fruticultura paulista são as seguintes, em ordem de importância:

Anastrepha fraterculus (Wied.), C. capitata, Anastrepha obliqua

(Macquart) e Anastrepha sororcula Zucchi.

Essas espécies atacam as principais fruteiras de importância

econômica para o estado de São Paulo tais como: ameixa, caqui, citros,

goiaba, manga, nêspera, pêssego e nectarina. Na cultura do maracujá-

doce, Anastrepha pseudoparallela se destaca como a mais importante.

Ciclo Biológico

O ciclo de vida das moscas-das-frutas ocorre em três ambientes

conforme o esquema a seguir:

VEGETAÇÃO(Adulto)

FRUTO (Ovo e Larva)

SOLO(Pupario)

Ciclo de vida em dias a 25o C Espécie de moscas-da-frutas

Ovo Larva Pupa Pré-

oviposição

A. fraterculus 2-4 12-15 10-20 7-10 C. capitata 2-4 6-11 9-11 3-4

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O período de duração do ciclo de vida das moscas-das-frutas é

dependente de vários fatores, principalmente da temperatura, da planta

hospedeira e da própria espécie de mosca. Ceratitis capitata apresenta a

duração do seu ciclo de ovo a adulto em torno de 18 a 30 dias no verão

enquanto que A. fraterculus varia de 25 a 35 dias. Em épocas ou regiões

de baixas temperaturas o ciclo é prolongado.

3. Caracterização dos Danos

Os danos das moscas-das-frutas são causados diretamente nos

frutos pela fêmea adulta (perfuração do fruto por ocasião da oviposição)

e pelas larvas (consumo da polpa provocando um apodrecimento

interno). Em frutos como ameixa, caqui, go iaba, laranja, nêspera e

pêssego a infestação por larvas não é notada, pois os mesmos

permanecem com a aparência externa normal. Entretanto, ao apalpar o

fruto nota-se pontos de amolecimento da polpa e até extravasamento de

suco pelo orifício de saída das larvas. No maracujá-doce, o ataque pode

ocorrer tanto em frutos verdes como maduros, causando murchamento e

posterior queda dos mesmos.

No caso de danos ocasionados pela ação da oviposição

(perfuração) há exemplos como a nêspera que quando sofre alta

infestação, apresenta diversas pontuações escuras na epiderme e em

pêssego ocorre exsudação de filetes de resina esbranquiçada.

4. Plantas Hospedeiras e Sucessão Hospedeira O conhecimento de plantas hospedeiras na região onde se

pretende estabelecer um programa de controle de moscas-das-frutas é de

primordial importância, uma vez que o ataque nas fruteiras comerciais

ocorre da migração das moscas para o pomar. O Estado de São Paulo

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apresenta um grande número de espécies vegetais hospedeiras de

moscas-das-frutas (Quadro 1), amadurecendo seus frutos em diferentes

estações do ano, proporcionando assim, o aumento da densidade

populacional da praga e sua ampla distribuição por todo território. Essa

seqüência de eventos caracteriza o fenômeno conhecido como sucessão

hospedeira. Outro fator que também favorece ao estabelecimento das

moscas-das-frutas é a existência de diversos ciclos de frutificação de um

mesmo hospedeiro ao longo do ano a exemplo de goiaba, carambola,

nêspera, citros e chapéu-de-sol (Quadro 1).

QUADRO 1. Ocorrência de mosca-das-frutas nas plantas hospedeiras mais comuns no Estado de São Paulo Plantas Hospedeiras Moscas-das-frutas Nome comum

Nome científico

C. capitata

A. fraterculus

A. obliqua

A. pseudoparallela

Anacardiaceae

1. Cajá-manga

Spondias dulcis

X X X -

2. Manga Mangifera indica

X X X X

3. Siriguela Spondias purpurea

X X X -

Combretaceae

4. Chapéu-de-sol

Terminalia catappa

X X X -

Ebenaceae 5. Caqui Diospyrus

kaki X X - -

Malpighiaceae

6. Acerola Malpighia glabra

X X - -

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Myrtaceae 7. Araçá Psidium

cattleyanum X X - -

8. Goiaba Psidium guajava

X X X -

9. Jabuticaba

Myrciaria cauliflora

X X - -

10. Jambo Syzygium jambos

X X X -

11. Pitanga Eugenia uniflora

X X X -

12. Uvaia Eugenia pyriformis

X X X -

Oxalidaceae 13. Carambola

Averrhoa carambola

X X X -

Passifloraceae

14. Maracujá-doce

Passiflora alata

X X - X

Rosaceae 15. Ameixa Prunus sp. X X - - 16. Nêspera Eriobotrya

japonica X X X -

17. Pêra Pyrus communis

X X - -

18. Pêssego Prunus persica

X X X -

Rubiaceae 19. Café Coffea

arabica X X - -

Rutaceae 20. Laranja -doce

Citrus sinensis

X X - -

21. Limão-cravo

Citrus limonia

X X - -

22. Kunquat Fortunella sp.

X X X -

23. Mexirica do Rio

Citrus deliciosa

- X - -

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24. Tangerina “Cravo”

Citrus reticulata

X X - -

25. Tangerina “Ponkan”

Citrus reticulata

X X - -

26. Tangor “Murcott”

C. reticulata × C. sinensis

X X - -

Sapotaceae 27. Abiu Pouteria

caimito X X - -

5. Monitoramento O processo de avaliação do número de espécies de moscas-das-

frutas e a sua distribuição em cada localidade produtora é chamado de

monitoramento. Esse sistema pode enfocar a análise de ovos e larvas

diretamente nos frutos ou indiretamente através do uso de armadilhas que

capturam adultos.

Os modelos de armadilhas (frascos) mais usados no Brasil são os

seguintes:

1. MacPhail – confeccionado em plástico ou vidro

2. Biológico - confeccionado em plástico ou vidro

3. Pet – confeccionado a partir de recipientes de refrigerante de 2 L

Todos os modelos citados utilizam isca líquida como atraente

alimentar, geralmente à base de melaço de cana-de-açúcar a 5-7% ou

proteína hidrolizada de milho a 5%. No caso de maracujá, pode ser

acrescido nos frascos suco da fruta diluído a 10%. Deve-se evitar a

adição de inseticida na calda colocada nas armadilhas.

O alvo principal do monitoramento é capturar as fêmeas, que no

período que antecede ao início da oviposição, necessitam grandemente de

substâncias protéicas e carboidratos, embora também machos sejam

coletados nos frascos.

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A periodicidade de reabastecimento das armadilhas é de 7 a 10

dias, dependendo da época do ano. Os modelos mencionados capturam

tanto C. capitata como as espécies de Anastrepha.

O monitoramento deve dar condições de previsibilidade da

infestação de moscas-das-frutas e por isso o armadilhamento é

intensificado na periferia dos pomares, detectando populações invasoras.

Os frascos são distribuídos a cada 50m, contornando a área produtora e

também no interior do pomar, presos em ramos firmes a 1,80m de altura.

A época de instalação das armadilhas para moscas-das-frutas

varia de acordo com a fruteira. Nos casos de ameixa, caqui, goiaba,

nêspera e maracujá doce o monitoramento deve ser implantado logo no

início do desenvolvimento dos frutos. No caso de laranja e manga o

monitoramento pode ser iniciado quando os frutos estiverem com cerca

de 50% do seu tamanho.

6. Controle

O êxito no controle de moscas-das-frutas sempre se baseia na

integração de vários métodos de controle, uma vez que essas espécies

apresentam características que as distinguem como pragas-chaves, como

a alta produção de ovos, alta viabilidade de ovos, alta capacidade de

dispersão de adultos e de colonização sob diferentes condições

ecológicas.

6.1. Controle Cultural Esse método quando empregado para moscas-das-frutas se baseia

principalmente em dois aspectos:

6.1.1. Destruição de frutos hospedeiros

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Procedimento muito importante para a redução dos níveis das

populações invasoras provenientes de hospedeiros naturais

6.1.2. Ensacamento dos frutos

Tem se constituído em tática eficiente para evitar a oviposição.

Deve ser efetuado nos primeiros estágios de desenvolvimento dos frutos.

Para isso os frutos devem estar livres da presença de cochonilhas. O tipo

de saco utilizado para maracujá-doce é o mesmo empregado para goiaba

de mesa e pêssego. Para nêspera, prepara-se o ensacamento com papel

jornal com a extremidade posterior aberta.

6.2. Controle Biológico

Dentre os predadores, patógenos e parasitóides que atuam no

controle biológico, este último grupo se constitui no principal mecanismo

de redução natural das populações de moscas-das-frutas, agindo nas fases

larval e pupal. No Quadro 2 é apresentada a espécie de parasitóide e

respectivos hóspedes/hospedeiros.

QUADRO 2. Espécies de parasitóides relacionadas a algumas espécies de Anastrepha no Estado de São Paulo. Espécie de Parasitóide Hóspede

Doryctobracon areolatus

(Szépligeti)

A. fraterculus, A. obliqua, A.

pseudoparallela

Doryctobracon brasiliensis

(Szépligeti) A. fraterculus

Opius bellus Gahan A. fraterculus, A. obliqua

Utetes anastrephae

(Viereck) A. fraterculus

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6.3. Controle Químico

Baseia-se no emprego de inseticidas em cobertura total ou na

forma de isca tóxica. A forma de menor impacto desse método é o de

iscas tóxicas, que são preparadas conforme a forma descrita

anteriormente para isca utilizada em frascos. A isca tóxica geralmente é

aplicada em ruas alternadas visando a folhagem e não o fruto, em apenas

uma parte da copa das plantas, não superior a 1 m2 e a intervalos de 7-10

dias. O tratamento deve ser implantado no início do desenvolvimento dos

frutos.

No Quadro 3 é apresentada uma lista de inseticidas com uso

autorizado para as principais fruteiras no Estado de São Paulo.

QUADRO 3. Recomendações de controle de moscas-das-frutas para as principais fruteiras do Estado de SãoPaulo Cultura

Inseticida Instruções para Controle

Ameixa

Deltametrina Fention Tricorfon

Fazer o monitoramento das moscas através do uso de 2 armadilhas/ha, colocadas na periferia do pomar. Usar isca tóxica com um dos inseticidas indicados com melaço (5-7%) ou proteína hidrolisada (3%) aplicando-se cerca de 150-200 ml/planta em torno de 30-50% das plantas, principalmente nas bordas do pomar. O uso de isca tóxica deve ser iniciado a partir da detecção das primeiras moscas nas armadilhas com intervalo de 7-10 dias ou quando os frutos estiverem com cerca de 2 cm de diâmetro.

Caqui

Fention Paration metílico Tricorfon

Fazer pulverizações em cobertura visando os frutos em amadurecimento. Os frutos das variedades taninosas são menos susceptíveis ao ataque de moscas em relação às variedades não taninosas.

Citros

Clorpirifós Deltametrina

Em variedades precoces utilizar frascos caça-moscas para fazer o monitoramento. Quando a presença do inseto for constatada, iniciar os tratamentos. Em variedades tardias, iniciar os tratamentos quando os

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Dimetoato Etion Fention Malation Paration metílico Tricorfon

frutos tiverem atingido o tamanho máximo e antes de começar o amarelecimento. Para controle, utilizar iscas tóxicas com um dos inseticidas indicados com melaço (5-7%) ou proteína hidrolisada (3%), em ruas alternadas, pulverizando a solução em 1 m2 da copa, na parte que recebe maior incidência do sol pela manhã, gastando-se cerca de 150-200 ml/planta. Repetir o tratamento a cada 7-10 dias. Na época da florada não se recomenda o uso de inseticidas fosforados. Em pomares pequenos, retirar os frutos temporões, não deixando a fruta amadurecer; eliminar os frutos caídos ou refugados.

Goiaba

Fention Tricorfon

Nas culturas de mesa, fazer o ensacamento dos frutos e pulverizar com um dos inseticidas recomendados. Nas culturas para indústria, fazer pulverizações em cobertura total. Pomares com grande concentração de plantas (efeito de massa), pode-se aplicar iscas tóxicas a base de melaço (5-7%) ou proteína hidrolisada (3%) mais inseticida. Repetir o procedimento a cada 10-15 dias.

Manga

Fention Paration metílico Triclorfon

Efetuar o monitoramento com armadilhas distribuídas na seguinte proporção: pomares até 1 ha, utilizar 4 armadilhas; de 2 a 5 ha, 2 armadilhas/ha; acima de 5 ha, 1 armadilha/ha. Constatada a presença da mosca, iniciar a pulverização com isca tóxica a base de melaço (5-7%) ou proteína hidrolisada (3%) mais inseticida no interior das árvores a 2-3 m de altura, aplicando-se cerca de 150-200 ml/m2 de copa em ruas alternadas. As aplicações devem ser realizadas a cada 10-15 dias no período em que os frutos ainda estiverem verdes. Caso a infestação não seja controlada, fazer uma única aplicação em cobertura total com fention.

Maracujá Fention

Basicamente a mosca é limitante na cultura do maracujá-doce. Iniciar o tratamento quando os frutos tiverem de 2-3 cm de diâmetro. Realizar a pulverização em cobertura total. Em caso de persistência do ataque, fazer o controle sob a forma de isca tóxica a base de melaço (5-7%) ou proteína hidrolisada (3%) mais inseticida. Repetir o

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procedimento a cada 10-15 dias.

Nêspera Fention

Efetuar o desbaste dos cachos, deixando quatro frutos novos em cada cacho e em seguida os mesmos devem ser protegidos com sacos de jornal de parede dupla antes de 30 dias após o final da florada.

Pêssego e Nectarina

Deltametrina Fenitrotion Fention Malation Paration metílico Tricorfon

Na cultura de mesa, em pomares pequenos, efetuar o ensacamento dos frutos recém formados. Recolher os frutos temporões. Fazer o monitoramento das moscas usando-se 4 armadilhas/ha. Após a floração quando os frutos iniciarem o seu desenvolvimento, ao capturar as primeiras moscas, iniciar o uso da isca tóxica a base de melaço (5-7%) ou proteína hidrolisada (3%) mais inseticida gastando-se em torno de 150-200 ml/planta em 30-50% das plantas, principalmente das bordas do pomar a cada 7-10 dias e na pré-maturação usar isca a cada 3-5 dias. O período de inchamento dos frutos é a fase mais crítica e no caso se for detectado 6 moscas/semana/frasco, deve-se realizar o controle com pulverizações em cobertura total.

Fonte: Coordenadoria de Defesa Agropecuária – Abril/2000 7. Bibliografia Consultada

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Preto: Holos, 2000, 327p.

RAGA , A.; SOUZA FILHO, M.F.; ARTHUR, V. & MARTINS, A.L.M.

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RAGA , A.; SOUZA FILHO, M.F.; SATO. M.E. & CERÁVOLO, L.C. Dinâmica

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obliqua (Macquart) y Ceratitis capitata (Wiedemann) (Diptera:

Tephritidae) em carambola (Averrhoa carambola L.) en ocho

localidades del estado de São Paulo, Brasil. An. Soc. Entomol. Bras,

29: 367-371, 2000.

SOUZA FILHO, M.F.; RAGA A. & ZUCCHI, R.A. Moscas-das-frutas nos

Estados brasileiros: São Paulo. In: MALAVASI, A. & ZUCCHI, R.A.

(Eds.) Moscas -das-frutas de importância econômica no Brasil.

Conhecimento básico e aplicado. Ribeirão Preto: Holos, 2000, p.277-

283.

MANCHA PRETA OU PINTA PRETA DOS CITROS

Pesquisador Científico Eduardo Feichtenberger

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Engº Agrônomo, Laboratório de Sanidade Animal e Vegetal de

Sorocaba, Instituto Biológico. Rua Antonio Gomes Morgado, 340 - CEP

18013-440 Sorocaba, SP. E-mail: [email protected]

1. Introdução

A pinta preta, ou mancha preta dos citros afeta folhas, ramos e,

principalmente, frutos de laranjeiras doces, limoeiros verdadeiros,

pomeleiros, algumas tangerineiras e vários híbridos de citros. A doença

provoca manchas na casca dos frutos que prejudicam sua aparência,

tornando-os impróprios para o mercado de fruta fresca. Em ataques

severos, como os que têm sido freqüentes em várias regiões produtoras

paulistas, grande parte dos frutos manchados caem prematuramente.

Os frutos são suscetíveis até atingirem o tamanho aproximado de

uma bola de "pingue-pongue", quatro a seis meses após a queda de

pétalas das flores. As folhas são suscetíveis até atingirem cerca da

metade do seu tamanho final.

Árvores velhas e plantas debilitadas por várias causas, como

ataque de pragas e doenças, condições ambientais adversas, deficiências

nutricionais, e tratos culturais inadequados, são mais sujeitas ao ataque

do fungo agente causal.

2. Histórico e Abrangência Geográfica

O primeiro registro da pinta preta foi feito na Austrália, em 1895.

Trinta anos depois ela foi encontrada na África do Sul, afetando

severamente frutos de laranja Valência, tanto em plantios comerciais

como na pós-colheita. Além da Austrália e África do Sul, a doença já foi

registrada em vários outros países da África, como Moçambique,

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Swazilândia e Zimbabwe; da Ásia, como China, Filipinas, Indonésia,

Taiwan e Japão; e da América do Sul, como Argentina, Brasil e Peru.

No Brasil, a mancha preta foi registrada pela primeira vez em

1937, em frutos coletados em uma feira livre na cidade de Piracicaba-SP.

Em pomares comerciais, a primeira constatação data de 1980, em plantas

de mexerica Rio, nos municípios de São Gonçalo e Itaboraí, Rio de

Janeiro, tendo depois se disseminado rapidamente para outros municípios

da Baixada Costeira Fluminense. Em 1986, a pinta preta foi encontrada

em Montenegro, no Vale do Caí, Rio Grande do Sul. Hoje, ela encontra-

se disseminada em todas as regiões produtoras de citros sul-rio-

grandenses.

No Estado de São Paulo, a pinta preta foi encontrada em plantios

comerciais somente em 1992, atacando plantas de limões verdadeiros e

laranjas doces de maturação tardia, nos municípios de Conchal e

Engenheiro Coelho. A doença teve uma expansão muito rápida em São

Paulo, já tendo sido registrada em todas as principais regiões produtoras.

3. Sintomas

Uma das principais características da pinta preta é que vários

órgãos da planta podem estar infectados sem, contudo, apresentarem os

sintomas típicos da doença. Os sintomas podem demorar até um ano a

aparecer após a infecção do órgão, dependendo das condições

ambientais. A manifestação dos sintomas é favorecida pela radiação solar

combinada com altas temperaturas. Os sintomas são mais freqüentes e de

maior intensidade nas faces da planta mais expostas aos raios solares.

Em frutos, cinco tipos principais de lesões podem ocorrer:

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a) manchas duras ou manchas marrom, que em geral aparecem quando os

frutos iniciam mudança de cor ou frutos já maduros. As lesões

apresentam o centro necrótico deprimido de cor marrom-claro ou cinza-

escuro e as bordas salientes de coloração marrom-escura, e são

circundadas por um halo verde escuro. Em frutos verdes as lesões são

circundadas por um halo amarelo. Uma característica típica dessas lesões

é a presença de pequenas pontuações escuras no seu centro, que se

constituem nos picnídios do fungo;

b) manchas sardentas, são pequenas lesões de cor preta, que em geral

aparecem após o início de mudança de cor dos frutos. Elas podem se unir

formando lesões maiores ou permanecem pequenas, individualizadas;

c) manchas virulentas, são lesões grandes, de formato irregular,

apresentando o centro deprimido ou não de coloração acinzentada, e as

bordas salientes de cor marrom- escura ou vermelho-escura. Essas lesões

em geral aparecem no período final de maturação dos frutos ou na pós-

colheita, durante o transporte e o armazenamento. A mancha virulenta

pode ser resultante da evolução das manchas dos tipos marrom ou dura e

mancha sardenta;

d) manchas de falsa melanose, são escuras e pequenas, podendo ser

confundidas com as manchas de melanose (fungo Diaporthe citri).

Contudo, as manchas de melanose são ásperas, ao contrário das de falsa

melanose que são lisas;

e) manchas trincadas, que em geral aparecem em frutos com mais de 6

meses de idade e em associação com o ácaro da falsa ferrugem

(Phyllocoptruta oleivora Ashmed), são levemente salientes e de aspecto

fendilhado, de forma e tamanho variáveis, sem margens definidas, e não

apresentam picnídios do fungo.

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Sintomas em folhas e ramos são pouco freqüentes, sendo em geral

encontrados somente em plantas velhas e debilitadas. As lesões são muito

semelhantes às do tipo marrom ou dura dos frutos, com o centro

necrótico deprimido de cor cinza, as bordas salientes marrom-escura com

um halo amarelado ao redor das lesões. Picnídios do fungo agente causal

também são produzidos no centro dessas lesões.

4. Fungo Agente Causal

Guignardia citricarpa é o fungo agente causal da doença, que

produz esporos sexuais denominados ascósporos somente em folhas em

decomposição no solo. Esses esporos constituem-se na principal fonte de

inóculo. Eles podem ser carregados pelo vento, disseminando o fungo a

médias e longas distâncias. Eles também podem ser levados, por

respingos de água, das folhas caídas ao solo até a superfície de frutos e

outros órgãos da parte baixa da copa das plantas.

A forma imperfeita do fungo denomina-se Phyllosticta citricarpa,

que produz esporos assexuais, os picnidiósporos, em lesões de frutos e

folhas e, ocasionalmente, no pedúnculo dos frutos. Esses esporos também

são produzidos em grande número em folhas mortas. Eles somente são

disseminados a curtas distâncias, por água de chuva, irrigação e orvalho,

podendo infectar frutos da mesma planta, ou de plantas muito próximas.

5. Prevenção

Medidas de prevenção visam evitar a introdução do fungo em áreas

novas, onde a doença ainda não foi detectada. Elas incluem:

a) Plantio de mudas livres do fungo agente causal, se possíve l, mudas produzidas em regiões onde a doença ainda não ocorre;

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b) Restrição ao acesso e fiscalização da circulação de pessoas, veículos,

máquinas e implementos em pomares, principalmente quando

provenientes de outras propriedades localizadas em regiões contaminadas

pela doença;

c) Lavagem e desinfestação de veículos, máquinas, equipamentos e

materiais de colheita, antes deles adentrarem os pomares;

d) Utilização durante a colheita, se possível, de equipes e materiais de

colheita próprios;

e) Construção de silos na entrada das propriedades para o

armazenamento dos frutos colhidos, evitando-se assim a circulação de

pessoas e veículos estranhos no pomar;

f) Manutenção das plantas em boas condições de nutrição e sanidade;

g) Inspeção frequente dos pomares e eliminação das plantas em estado de

depauperamento avançado.

6. Controle Químico

O controle químico torna-se necessário após a detecção da doença

na área. As pulverizações devem ser feitas visando proteger os frutos

recém-formados, que são suscetíveis até atingirem o tamanho

aproximado de uma bola de pingue-pongue.

Vários fungicidas sistêmicos (benzimidazóis e estrubilurinas) e

produtos de contacto (cúpricos e mancozeb) são eficazes no controle de

pinta preta. Esses fungicidas devem sempre ser aplicados misturados com

óleo mineral ou vegetal, a 0,25 - 0,50%. Como o fungo pode desenvolver

resistência aos benzimidazóis (benomil, carbenzazim, tiofanato metílico)

e as estrubilurinas pelo seu uso continuado, recomenda-se que esses

produtos sejam utilizados sempre em misturas com produtos de contacto

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(mancozeb, cúpricos), e que o número de aplicações com benzimidazóis

não seja superior a duas por safra. A utilização de produtos a base de

cobre requer cuidados para se evitar fitotoxicidade por esses produtos aos

frutos, principalmente quando as aplicações são feitas após o início do

período das chuvas. Deve-se também considerar que o uso intensivo de

fungicidas na cultura poderá produzir impactos ambientais indesejáveis,

comprometendo o desenvolvimento de fungos entomopatogênicos,

inimigos naturais de pragas.

Em pomares de variedades de meia estação ou de maturação

tardia muito atacados, quatro ou mais pulverizações, em intervalos de

quatro a cinco semanas, são necessárias para se obter bons níveis de

controle. As duas primeiras podem ser feitas com produtos à base de

cobre misturados com óleo. As aplicações seguintes podem ser feitas

com misturas envolvendo um benzimidazol, um produto de contacto

(mancozeb ou cúprico) e óleo (0,25-0,50%), pois nessa época é provável

que a pressão de inóculo seja maior pela participação também maior dos

ascósporos produzidos nas folhas em decomposição no solo.

7. Outras Medidas de Controle

Além das medidas de prevenção já relacionadas, outras medidas

devem ser adotadas visando manter o fungo sob controle em áreas

contaminadas, já que a sua completa eliminação das áreas onde ele foi

introduzido é na prática impossível. Tais medidas incluem: 1)

Antecipação da colheita, quando possível, principalmente em variedades

precoces e de meia estação, procurando-se assim evitar que o inóculo

(picnidiósporos) produzido nos frutos infectados da safra anterior possa

infectar os frutos provenientes das novas floradas; 2) Controle do mato

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nas linhas de plantio com herbicidas pós-emergentes, antes do início da

florada, visando à formação de uma cobertura morta sobre as folhas

caídas ao solo, reduzindo, assim, a fonte de inóculo representada pelos

ascósporos nela produzidos; 3) Irrigação dos pomares nos meses secos do

ano para evitar a queda excessiva de folhas e uma maior predisposição

das plantas ao ataque do fungo.

8. Referências Bibliográficas

AGUILAR-VILDOSO, C. I.; FEICHTENBERGER, E.; MORAES, M.R.; SPÓSITO,

M. B.; SCHINOR, E. H. Avaliação de tratamentos fungicidas no controle

de Mancha Preta (Guignardia citricarpa) em laranjeira 'Pera' de

diferentes idades. Summa Phytopathol., 25: 50, 1999.

FEICHTENBERGER, E. Mancha preta dos citros no Estado de São Paulo.

Laranja, 17: .93-108, 1996.

FEICHTENBERGER, E.; MÜLLER, G.W.; GUIRADO, N. Doenças dos citros.

In: KIMATI, H. et al.(Eds.). Manual de Fitopatologia.: Doenças das

Plantas Cultivadas, v. 2. São Paulo: Editora Agronômica Ceres Ltda.

1997. p.261-296.

GOES, A. DE. Controle da mancha preta dos frutos cítricos. Laranja,

Cordeirópolis, v. 19, p.305-320, 1998.

GOES, A. DE; ANDRADE, A.G.; MORETTO, K.C.K. Efeito de diferentes

tipos de óleos na mistura de benomil + mancozeb no controle de

Guignardia citricarpa, agente causal da mancha preta dos frutos

cítricos. Summa Phytopathol., 26: 233-236, 2000.

KOTZÉ, J. M. Epidemiology and control of citrus black spot in South

Africa. Plant Dise., 65, : .945-950, 1981.

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ROBBS, C. F.; BITTENCOURT, A. M. A mancha preta dos citros: um dos

fatores limitantes à produção citrícola do Estado do Rio de Janeiro.

Guaratiba: EMBRAPA/CTAt, 1955. 5p. (Comunicado Técnico, 19).

SCHUTTE, G. C.; BEETON, K. V.; KOTZÉ, J. M. Rind stippling on Valencia

orange by copper fungicides used for control of citrus black spot in

South Africa. Plant Dis., 81, : 851-854, 1997.

SPOSITO, M. B.; AGUILAR-VILDOS, C.I.; FEICHTENBERGER, E.; MORAES,

M.R.; RUBIN, C.A. Avaliação de tratamentos fungicidas no controle de

mancha preta em frutos de laranjeiras 'Natal'. Fitopatol. Bras., 24 :

334, 1999.

SPOSITO, M. B.; AGUILAR-VILDOS, C.I.; MORAES, M.R.;

FEICHTENBERGER, E. Época de aplicação de fungicidas no controle de

mancha preta (Guignardia citricarpa) em laranjeira 'Pera'. Summa

Phytopathol., 26: 119, 2000.

MOSCA BRANCA EM HORTALIÇAS

Pesquisadores Científicos Zuleide A. Ramiro1 & José R. Scarpellini2

1 Eng. Agrônoma, Dra. – Laboratório de Manejo Integrado, Centro

Experimental do Instituto Biológico, Instituto Biológico. Caixa Postal 70,

13001-970-Campinas/SP. E-mail: [email protected] ; 2 Eng.

Agrônomo, Laboratório Sanidade Animal e Vegetal, Centro de Ação

Regional, Instituto Biológico. R. Peru n. 1472-A 14075-310 Ribeirão

Preto – SP. E-mail:[email protected]

Nas últimas décadas, o complexo de mosca-branca, Bemisia spp.,

tem sido registrado como pragas de importância econômica em diversos

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países dos diferentes continentes. Nas regiões da América Central e do

Sul os maiores danos são devidos aos efeitos indiretos como vetores de

geminivirus, principalmente em culturas de tomate. A partir da década de

80 um novo biótipo, B tabaci Biótipo B ou como é mais conhecida. B.

argentifolii, caracterizado por ter um amplo número de plantas

hospedeiras, passou a ter enorme importância nos EUA, Caribe e

América Central. Este biótipo foi registrado em 1993, no Distrito Federal

e em 1994 em diferentes espécies de hortaliças (brócolos, berinjela,

aboboreira...) e plantas invasoras no Estado de São Paulo.

A mosca branca B. argentifolii apresenta características que a

diferencia da espécie B. tabaci no que diz respeito à interação inseto x

planta hospedeira. Quanto mais a planta é preferida maior o número de

ovos/fêmea, maior taxa de oviposição, maior longevidade das fêmeas,

conseqüentemente maiores populações em curto período de tempo. Além

destas características, completa seu desenvolvimento em plantas de

tomate, ocorre em um maior número de plantas cultivadas e induz

alterações fitotóxicas em curcubitáceas, tomate e brócolos.

Na cultura do tomate, a mosca branca pode ocasionar danos direto

e indireto. Os danos diretos são provocados pela sucção da seiva e ação

toxicogênica, além da liberação de secreções açucaradas favorecendo o

desenvolvimento de fumagina, fungo que desenvolve um micélio de cor

escura na superfície das folhas, interferindo na síntese de clorofila e

trocas gasosas. Estes danos provocam anomalias fitótoxica,

caracterizadas pelo amadurecimento irregular dos frutos o que dificulta o

reconhecimetno do ponto de colheita, reduz a produção e, no caso de

tomate industrial, a qualidade da pasta. Internamente, os furtos

apresentam-se, com aspecto esponjoso ou “isoporizados”. Os danos

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indiretos causados pela transmissão de vírus, em geral, são visualizados

pelo amarelecimento total da planta, nanismo acentuado e enrugamento

severo das folhas terminais.

Em abóbora ocorre o prateamento da folha, caracterizando a

ocorrênc ia de B. argentifolii , provavelmente devido à injeção de uma

fitotoxina sistêmica pelas ninfas e em plantas ornamentais ocorre redução

do valor estético e comercial da cultura.

Em culturas de brócolos e repolho causa o embranquecimento do

caule e em cenoura o clareamento da raiz.

As espécies de moscas-brancas, como de outros insetos sugadores

da mesma ordem, têm como característica a excreção de substâncias

açucaradas as quais cobrem as folhas e servem de substrato para fungos,

resultando na formação da fumagina, que reduz o processo de

fotossíntese afetando a produção e qualidade, principalmente em culturas

de hortaliças.

Tanto as formas jovens (ninfas) como os adultos causam danos as

plantas e as maiores dificuldades de controle estão relacionadas a grande

capacidade de adaptação e reprodutivas destes insetos além do fato de

durante todas as fases de ninfa permanecerem fixas na face inferior das

folhas dificultando, principalmente o controle químico.

Até a presente data não existe um método que isoladamente seja

eficiente no controle desta praga sendo que, para reduzir os danos o

agricultor tem que adotar diversos métodos seguindo as recomendações

do Manejo Integrado (MIP) o qual envolve o uso simultâneo de

diferentes técnicas de supressão populacional, objetivando manter um

nível populacional que não cause danos econômicos.

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A adoção do MIP está fundamentada em dois critérios básicos:

monitoramento e nível de dano econômico.

O monitoramento consiste no acompanhamento da ocorrência da

praga de tal forma que as medidas de controle sejam adotadas em tempo

de reduzir a densidade populacional do inseto para níveis que não causam

danos de importância econômica. Depois da primeira infestação de

mosca-branca a colonização aumenta drasticamente. Por este motivo é

importante o acompanhamento desde o inicio da germinação das plantas

através de observação da presença de ovos e/ou ninfas, na parte inferior

das folhas e dos adultos utilizando armadilhas adesivas. Estas armadilhas

podem ser confeccionadas com materiais plásticos, como garrafas,

pintadas de amarelo e untadas com uma substância oleosa. O inseto

atraído pela cor fica aderido na armadilha permitindo que se constate o

aparecimento dos primeiros adultos.

Por nível de dano econômico (NDE) entende-se a menor

densidade de população da praga que poderá causar prejuízos

econômicos justificando medidas de controle. Em relação ao NDE

ocasionado pela mosca-branca não existem níveis estabelecidos e devido

ao baixo número de adultos necessários para disseminar vírus a

recomendação baseia-se no nível de ação que se resume à presença do

inseto na planta.

Acompanhando o desenvolvimento populacional da mosca-

branca, desde o inicio do aparecimento dos primeiros adultos o agricultor

poderá lançar mão dos diversos métodos de controle recomendados nos

programas de MIP, sendo os abaixo relacionados os que têm sido

comprovados como eficientes para a convivência com esta praga:

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Ø Normatizar calendários de plantio evitando com isto a disseminação

da praga de áreas mais velhas para as mais novas;

Ø Destruir restos de culturas, imediatamente, após a colheita;

Ø Manter a área limpa, se possível, trinta dias antes do plantio;

Ø Plantas armadilhas. Áreas com culturas preferidas pela mosca-branca,

como o pepino e a berinjela, na qual serão aplicados inseticidas

sistêmicos a partir do aparecimento dos primeiros adultos. Estas plantas

deverão ser inutilizadas após a colheita da cultura principal;

Ø Sementes de boa qualidade e de alto poder germinativo. Mesmo não

sendo resistente a mosca-branca são fundamentais para que a planta

suporte um maior nível populacional.;

Ø Formar os viveiros de mudas distantes de culturas infestadas,

proteger a sementeira com tela, tecido ou plástico e com controle

químico;

Ø Pulverizar as mudas antes do transplante;

Ø Utilizar armadilhas adesivas por volta da área cultivada;

Ø Aumentar a densidade de plantas o que permitirá eliminar aquelas

que apresentarem sintomas de viroses;

Ø Utilizar coberturas repelentes à mosca-branca (plástico preto ou

prateado, palha de arroz, restos vegetais provenientes de capina)

Ø Fazer rotação de culturas

As medidas acima reduzem a incidência da mosca-branca, porém,

não elimina a utilização do controle químico. Este é o método mais

utilizado, no entanto, devido a grande capacidade reprodutiva deste

inseto registra-se o aparecimento, em curto prazo, de populações

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resistentes, por este motivo o agricultor deve observar os seguintes

pontos:

Ø No caso de alta infestação da praga, o controle químico deve ser

iniciado logo após o transplantio e ser repetido durante os 30 dias

seguintes, utilizando-se produtos seletivos;

Ø Não aplicar inseticidas reguladores de crescimento de insetos mais de

uma vez durante o ciclo de da cultura;

Ø Limitar a utilização de inseticidas em função dos níveis de

infestações;

Ø Diversificar os ingredientes ativos através de rotação entre diversos

grupos químicos;

Ø Manter em bom estado os equipamentos utilizados na aplicação dos

produtos;

Ø Usar a dosagem indicada pelo fabricante e a quantidade de água

adequada;

Ø Realizar as pulverizações entre 6:00 e 10:00 horas ou a partir das

16:00 horas, evitando a rápida evaporação de água e a degradação dos

produtos;

Ø Obedecer ao período de carência dos produtos para realizar a

colheita;

Ø Quando observar que o produto aplicado não teve o efeito esperado,

apesar de ser recomendado para o controle da praga, contactar o

agrônomo da Casa da Agricultura local.

Bibliografia Consultada

FRANÇA, F.H.; VILLAS BOAS, G. L. & CASTELO BRANCO, M. Ocorrência

de Bemisia argentifolii Bellows & Perring (Homóptera: Aleyrodidae)

no Distrito Federal. An. Soc. Entomol. Bras., 25: 369-372, 1966..

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VILLAS BÔAS, G. L.; FRANÇA, F. H.; ÁVILA, A. C. DE; BEZERRA, I. C.

1997. Manejo integrado da mosca-branca Bemisia argentifolii.

EMBRAPA/Hortaliças, Circular Técnica nº 9, 10p.

MANEJO DE PRAGAS EM CULTURAS DE TOMATE E PIMENTÃO

Pesquisadora Científica Silvia De Lamonica Imenes

Eng. Agrônoma, Centro Sanidade Vegetal, Instituto Biológico, São

Paulo, Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Cx. Postal 12898,CEP

04010-970, Tel. (11) 5087 1705. E-mail: [email protected]

1. Introdução

Para atender as exigências quanto à sustentabilidade e à qualidade

dos produtos agrícolas e do meio ambiente, aconselha-se incorporar os

conceitos da Agroecologia e do Manejo Integrado de Pragas às

metodologias do controle fitossanitário. Sob este enfoque, insetos e

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ácaros fitófagos são considerados pragas apenas quando atingem níveis

populacionais suficientes para causar danos econômicos. Isto ocorre em

decorrência de um desequilíbrio ambiental, que cria um meio favorável à

população de insetos pragas e desfavorável à planta e à população de

insetos benéficos que coexiste no ecossistema.

Ecossistemas equilibrados tendem a apresentar menos problemas

fitossanitários. Assim, plantas mantidas em ambientes diversificados,

com boas condições físicas, químicas e biológicas de solo e bem

adaptadas às condições climáticas locais, apresentam muito boa

resistência ao ataque de pragas. Desta forma, devemos considerar

atentamente as possibilidades de adequação do sistema produtivo, além

das possibilidades de utilização das medidas culturais e/ou mecânicas que

possam funcionar como técnicas preventivas ou curativas de controle.

Para a Agroecologia, os mecanismos de reequilíbrio do sistema

produtivo englobam os seguintes fatores principais:

Ø o aumento da biodiversidade, para preservar e ampliar os nichos de

inimigos naturais.

Ø a recuperação da biomassa do solo, pela adição de matéria orgânica e

adubos verdes.

Ø a nutrição vegetal adequada, pela eliminação dos fertilizantes de alta

solubilidade.

O Manejo Integrado de Pragas (MIP), tem como principal

objetivo a racionalização do uso de produtos químicos na agricultura,

visando a redução dos custos de produção e a proteção do equilíbrio

biológico do ambiente. A idéia de se elaborar uma metodologia de

manejo surgiu em resposta aos problemas gerados pelo uso

indiscriminado e abusivo de inseticidas que, interferindo no equilíbrio do

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agroecossistema, tem acarretado dificuldades no controle das pragas tais

como:

Ø ressurgência de pragas em picos populacionais incontroláveis, devido

à eliminação dos inimigos naturais pelo uso de inseticidas não seletivos.

Ø aparecimento de pragas secundárias que originalmente estariam

sendo controladas pelos inimigos naturais eliminados.

Ø seleção de populações pragas resistentes ao controle, devido ao uso

inadequado e à repetição de produtos de mesmo princípio ativo e/ou

mecanismo de ação.

As táticas de MIP abrangem fundamentalmente o monitoramento

das pragas-chaves da cultura e a adoção de medidas preventivas e

alternativas, na tentativa de relegar o uso de produtos químicos como

última opção de controle. Para tanto determina os seguintes passos:

Ø conhecimento prévio das pragas-chaves e de seus inimigos naturais

Ø amostragem periódica das populações de pragas e inimigos naturais

Ø determinação do “Nível de Tolerância” da cultura, ou seja , que

população da praga a planta suporta sem apresentar prejuízos

econômicos, estabelecendo-se o “Nível Econômico de Dano” ou “Nível

de Ação” para o controle

Ø tomada de decisão para o controle

Ø escolha do método de controle

Ø utilização de medidas preventivas e/ou alternativas

Ao incorporar os conceitos da Agroecologia à metodologia do

MIP pode-se dizer que para a obtenção de culturas com um bom estado

fitossanitário deve-se observar os seguintes procedimentos básicos:

escolha de variedades, manutenção do bom estado nutricional da cultura,

reconhecimento das pragas chaves e inimigos naturais, monitoramento

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periódico das pragas e inimigos naturais e adoção de medidas de controle

(alternativas e convencionais).

2. Escolha de Variedades

Num mesmo cultivo sugere-se a utilização de mais de uma

variedade, evitando grandes áreas de monocultura, para preservação da

diversidade do agroecossistema. Esta diversidade visa manter baixas as

populações dos organismos fitófagos em função de sua preferência

alimentar.

Na escolha das variedades deve-se preferir as mais rústicas e mais

adaptadas às condições climáticas e edafológicas do local de plantio. As

sementes e mudas devem ser sadias e adquiridas de fornecedores

idôneos. Sempre que possível é interessante intercalar as faixas de cultivo

com outras espécies vegetais e rotacionar as culturas.

3. Manutenção do Bom Estado Nutricional da Planta

Sabe-se que culturas nutricionalmente equilibradas são mais

resistentes aos agentes patogênicos e parasitológicos. A manutenção da

estrutura e da fertilidade do solo resultam em maior aeração, retenção de

água e disponibilidade de nutrientes, propiciando um melhor

desenvolvimento das raízes e maior vigor do vegetal. Os procedimentos

abaixo relacionados contribuem para elevar as qualidades físicas,

químicas e biológicas do solo:

Ø realização de análise do solo para auxiliar na reposição correta de

nutrientes essenciais para a cultura. Deve-se dar preferência aos

fertilizantes naturais e de menor solubilidade para reduzir as perdas por

lixiviação. Deve-se evitar os fertilizantes sintéticos e altamente solúveis

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pois eles tendem a elevar a concentração de açúcares, aminoácidos e

nitratos livres na seiva das plantas, favorecendo as populações de insetos

fitófagos, principalmente os sugadores.

Ø adição de matéria orgânica na forma de compostos, estercos bem

curtidos e/ou material vegetal lignificado triturado (bagaço de cana,

capins, palhada de milho), pois fornecem nutrientes e melhoram a

disponibilidade dos já existentes, além de contribuírem para melhor

estrutura do solo.

Ø uso de adubos verdes que fornecem nitrogênio e melhoram a

estrutura do solo em maiores profundidades, devido a ação das raízes. Os

adubos verdes, além de fornecerem nutrientes, são excelentes

escarificadores.

Ø utilização de cobertura morta para proteger o solo contra os extremos

de temperatura e os impactos de chuvas fortes, o que resulta na

manutenção de uma boa estrutura do solo. Além disso, a cobertuta morta

evita perdas de água, reduz a germinação de plantas silvestres e auxilia

na manutenção de microrganismos benéficos.

4. Reconhecimento das Pragas

Ø Vetores de vírus: são sugadores de seiva e limitantes até os 60 dias

após a germinação; transmitem o vírus a partir das picadas de prova,

portanto sua simples presença já determina o nível de ação.

Ø Pulgões ou afídeos (Hemiptera: Aphididade): Myzus persicae: vetor

das viroses do “topo amarelo, amarelo baixeiro, mosaico Y e mosaico

comum”.

Ø Mosca branca (Hemiptera: Aleyrodidae): Bemisia tabaci e Bemisia

argentifolii: transmissoras da virose do “mosaico dourado”

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Ø Cigarrinhas (Hemiptera: Cicadelidae): Agallia albidula, Agalliana

ensigera e A. sticticollis: vetoras do “enrolamento das folhas”.

Ø Tripes (Thysanoptera: Thripidae): Frankliella schulzei: transmissor

do vírus do “vira cabeça”. Thrips tabaci e Frankliniella ocidentalis

também transmitem viroses, mas são menos frequentes. Thrips palmi é

uma espécie extremamente polífaga, recém introduzida no Brasil.

Ø Traças broqueadoras e minadoras (Lepidoptera: Gelechiidae): Tuta

absoluta e Phthorimaea operculella: as lagartas minam folhas e

broqueiam os ponteiros, frutinhos novos e maduros.

Ø Lagartas broqueadoras de frutos (Lepidoptera): Neoleocinodes

elegantalis (Piralydae): as lagartas penetram nos frutos em

desenvolvimento e broqueiam seu interior. Heliothis zea (Noctuidae):

“lagarta da espiga do milho”, se alimenta dos frutos.

Ø Mosca minadora de folhas (Diptera: Agromyzidae): Liriomyza

sativae faz picadas de prova, alimentação e oviposição no tecido vegetal;

as larvas minam as folhas, alimentando-se do parênquima foliar e

diminuindo a área fotossintética; ocasionam necroses e danificam os

tecidos condutores de seiva, o que provoca a queda prematura das folhas.

5. Reconhecimento dos Inimigos Naturais

Os inimigos naturais representam a fauna benéfica do

agroecossistema, sendo significativamente favorecidos pela manutenção

da biodiversidade local e pelo uso reduzido e seletivo de produtos

químicos. O controle de pragas por meio de agentes biológicos pode

ocorrer naturalmente, por meio da fauna já existente, ou por sua

introdução na cultura; os agentes biológicos podem ser encontrados entre

os insetos, ácaros, aranhas, nematóides, fungos, bactérias e vírus. Os

inimigos naturais são denominados parasitóides quando completam seu

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ciclo vital em um único hospedeiro, predadores quando se alimentam de

vários indivíduos até completarem seu ciclo vital e patógenos quando

constituem microrganismos inferiores e parasitas.

Ao tomar decisões para o controle de pragas deve-se estar atento

para a existência das espécies entomófagas que devem ser preservadas.

-Ordem Hymenoptera:

*Formigas predadoras: Solenopsis sp. e Pheidole sp. (predadores

inespecíficos).

*Vespas predadoras: Polistes sp., Polybia spp., Bracygastra lecheguana,

Protonectarina silveirae (predam lagartas); Scutellista sp. (preda ovos de

cochonilhas).

*Microvespas parasitóides: Apanteles sp., Calliephialtes sp., Campoletis

sp., Microcarops sp. e Bracon sp. (parasitam lagartas); Aphelinus sp. e

Aphidius sp. (parasitam pulgões); Aspiditiophagus sp. e Neodusmetia sp.

(parasitam cochonilhas) Telenomus sp. e Trichogramma sp. (parasitam

ovos de lepidópteros); Tetrastichus sp., Tripoctenus sp. e Dasyscapus sp.

(parasitam aleirodídeos e tripes); Diglyphus sp., Chrysocharis sp.,

Chrysotomya sp. (parasitam moscas minadoras).

-Ordem Coleóptera: Besouros predadores: Calosoma sp., Callida sp. e

Lebia sp. (predadores inespecíficos); Azya sp.; Pentilia sp. e Rodolia sp.

(predam cochonilhas); Coleomegilla sp. (predam pulgões e ovos de

lepidópteros); Cycloneda sp., Eriopsis sp. e Olla sp. (predam pulgões).

-Ordem Diptera

*Moscas predadoras: Pseudodoros sp. (larvas predam pulgões) e Syneura

sp. (larvas predam cochonilhas).

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*Moscas parasitóides: Lixcophaga sp., Metagonistylum sp.; Paratheresia

sp. e Xanthozoma sp. (larvas parasitam lagartas); Sarcodexia sp. (larvas

parasitam besouros).

-Ordem Hemiptera - Heteroptera

*Percevejos predadores: Macrotracheliella sp. (predam tripes); Nabis sp.

(predam ovos de insetos e ninfas de percevejos); Geocoris sp. e Orius sp.

(predam ácaros, tripes, lagartas, ninfas de percevejos e cigarrinhas,

pulgões e ovos em geral); Zelus sp. (predam ovos, besouros, moscas,

pulgões, cochonilhas e lagartas); Alcaeorhynchus sp. (predam lagartas,

larvas de besouros e ninfas de percevejos).

-Ordem Thysanoptera: Espécies de tripes predadoras alimentam-se de

ácaros, pulgões, cochonilhas e tripes: Franklinothrips vespiformis e

Scolothrips sexmaculatus (predam tripes).

-Ordem Dermaptera: Tesourinhas predadoras: Doru sp. e Labidura sp.

(predadores inespecíficos).

-Ordem Neuroptera: as larvas são conhecidas como "bichos lixeiros":

Corydalus sp., Mantispa sp., Chrysopa sp., Ceraeochrysa sp. e

Haplogenius sp. (predadoras inespecíficas).

-Ordem Odonata: Libélulas são predadoras inespecíficas.

-Ordem Acari: Muitas famílias de ácaros possuem representantes

entomófagos, como Phytoseiidae que alimenta-se predominantemente de

ácaros fitófagos tetraniquídeos e eriofídeos: Phytoseiulus macropilis

preda ovos do ácaro Tetranychus urticae. Aranhas são eficientes

predadoras inespecíficas de larvas e adultos de insetos.

-Ordem Nematoda: Espécies de nematóides são parasitas de insetos:

Agamermis sp. e Mermis sp. parasitam gafanhotos e Neoaplectana sp.

parasita larvas de coleópteros e lagartas.

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-Fungos, Bactérias e Vírus: Beauveria sp. age sobre coleópteros, lagartas

e tripes, Nomuria sp. age sobre lagartas, Cladosporium sp. age sobre

pulgões, Metarrhizium sp. age sobre cigarrinhas, Myriangium sp.,

Nectria sp., Verticillium sp., Sphaerostille sp. e Acrostalagmus sp. agem

sobre cochonilhas. Bacillus thuringiensis vem sendo usado com sucesso

no controle de algumas lagartas. Espécies de Baculovirus têm sido

utilizadas para o controle de lagartas específicas.

6. Monitoramento das Pragas-Chaves e Inimigos Naturais

O monitoramento constitui-se na contagem ou amostragem do

número de pragas-chaves e inimigos naturais presentes (ovos, ninfas ou

larvas, adultos e danos causados) com o fim de avaliar-se o equilíbrio

entre estas duas populações. As contagens devem ser periódicas e, em

função de seus resultados serão tomadas as decisões sobre o controle,

com intuito de reduzir as populações de pragas e preservar as de inimigos

naturais. As amostragens podem ser feitas por avaliações visuais ou com

utilização de armadilhas.

Outro parâmetro que influi na decisão sobre o controle é o nível

de suporte da cultura ou seja, o nível de dano econômico ou nível de

ação.

7. Adoção de Medidas de Controle

Medidas Alternativas

Ø utilização de faixas com plantas atrativas às pragas que funcionem

como iscas, possibilitando o controle localizado (taiuiá: atrativo para

Diabrotica sp.)

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Ø utilização de faixas com plantas que funcionem como barreiras (sorgo

granífero, milho e crotalária, são barreiras para o trânsito de pulgões e

propiciam alimento e abrigo para predadores inespecíficos).

Ø utilização de faixas com plantas repelentes a insetos tais como

gerânio, hortelã e tagetes.

Tabela 1: Pragas, sugestões de amostragens e níveis de ação: (adaptado

de GRAVENA, 2000)

Amostragem (2x /

semana)

Nível de Ação

Pragas-chaves

Vetores de viroses (até 60 dias) Frankliniella schulzei (tripes) Myzus persicae (pulgão) Bemisia tabaci (mosca branca)

Batedura de ponteiros em caixas de PVC (20x8cm) com fundo branco

1 vetor por ponteiro

Traça de folhas, ponteiros e frutos (todo o ciclo) Tuta absoluta

Larvas vivas nas folhas do ponteiro Exame das pencas para % de pencas com ovos

25% de folhas com larvas vivas 5% de pencas com ovos

Broca de frutos Neoleucinodes elegantalis

Exame das pencas para % de pencas com ovos

5% de pencas com ovos

Pragas secundárias Broca de frutos Heliothis zea

Presença de ovos nas folhas do terço superior

4 ovos / 100 folhas

Mosca minadora de folhas Liriomyza sp.

Larvas vivas nas folhas dos ponteiros

25% de folhas com larvas

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Ø manutenção de bordaduras com vegetação nativa, intercaladas com as

faixas de cultivo, para abrigo dos inimigos naturais.

Ø cobertura do solo com superfícies que reflitam os raios ultra violetas,

que repelem as populações aladas de pulgões (palha de arroz, papel

laminado).

Ø revolvimento do solo antes do plantio para eliminação dos ovos,

larvas e/ou pupas de pragas como paquinhas, lagarta rosca, mosca

minadora.

Ø rotação de culturas com vegetais de famílias diferentes, para quebrar

o ciclo das pragas.

Ø utilização de armadilhas e iscas atrativas visando a redução da

população de pragas. Armadilhas adesivas e bandejas com água são

eficientes para captura de tripes quando pintadas de azul, amarelo ou

branco e, se pintadas de amarelo são eficientes para coleta de pulgões,

moscas brancas e dípteros minadores. A cor azul tem se mostrado

repelente para mosca branca. Armadilhas luminosas são eficientes para

captura de insetos de hábitos noturnos. Iscas atrativas à base de farelo de

trigo (1kg), melaço ou açúcar mascavo (100g) e inseticida fosforado ou

carbamato (100g), são eficientes no controle de pragas de solo como

grilos, paquinhas, lagarta rosca e larvas de besourinhos.

Ø uso de biofertilizante líquido (repelente e inseticida para pulgões,

tripes, cochonilhas, percevejos, etc).

Ø uso de extratos vegetais repelentes (tagetes ou pimenta que repelem

pulgões e tripes).

Ø uso de extratos vegetais inseticidas (piretro, fumo, alamanda, arruda,

coentro ou tagetes apresentam efeito sobre pulgões, tripes, cochonilhas e

ácaros).

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Ø antecipação ou atraso na época de plantio podem auxiliar na redução

da população de pragas.

8. Medidas Convencionais Restringe-se ao uso de inseticidas químicos, que deve ser

considerado sempre como a última opção de controle. Deve ser efetuado

apenas por mão de obra habilitada, com uso de equipamentos de proteção

individual e utilização de equipamentos de aplicação adequados e bem

calibrados. A escolha dos produtos deve se restringir àqueles que

possuam registro para a cultura, observando-se os seguintes cuidados:

preferir os produtos de menor DL50; preferir os mais seletivos aos

inimigos naturais, ou seja, aqueles mais específicos; seguir rigorosamente

as dosagens e freqüências recomendadas na bula; alternar produtos com

diferentes princípios ativos e mecanismo de ação; nunca repetir mais que

duas vezes o mesmo produto; fazer as aplicações da forma mais

localizada possível; - intercalar áreas tratadas e não tratadas.

9. Bibliografia

BONILLA , J. A. Fundamentos da agricultura ecológica, São Paulo,

Nobel, 1992.

CROCOMO, W.B. (coord.). Manejo de pragas. Botucatu, FEPAF -

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266

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129-149, 1984.

GUERRA, M. de S. Alternativas para o controle de pragas e doenças

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1985, 166p.

IMENES, S. D. L. (coord.). Ciclo de palestras sobre agricultura

orgânica, 2., São Paulo, Instituto Biológico, 1997, Campinas,

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NAKANO, O. Manejo para resistência das pragas aos defensivos. In:

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PASCHOAL, A. B. Pragas, praguicidas e a crise ambiental: problemas

e soluções. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1979, 102p.

PRIMAVESI, A. Manejo ecológico de pragas e doenças: técnicas

alternativas para a produção agropecuária e defesa do meio

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PRIMAVESI, A. Agricultura sustentável. Manual do produtor rural.

São Paulo, Nobel, 1992, 142p.

TRANI, P.E. & MACEDO, A.C. de (coords.) Conceitos e Técnicas do

Manejo Integrado de Pragas e Doenças das Culturas. São Paulo,

Secretaria de Agricultura e Abastecimento, 2000, v.1, 40p, Manual

Técnico, Série Especial.

TRANI, P.E. & MACEDO, A.C. de (coords.) Manejo Integrado de Pragas

e Doenças do Tomateiro. São Paulo, Secretaria de Agricultura e

Abastecimento, 2000, v.6, 66p, Manual Técnico, Série Especial.

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DOENÇAS FÚNGICAS DO TOMATEIRO E DO PIMENTÃO

Pesquisador Científico Celso Sinigaglia

Eng. Agrônomo, Laboratório de Fitopatologia, Centro experimental do

Instituto Biológico, Instituto Biológico. Cx Postal 70. CEP 13001-970,

Campinas SP, Tel (19) 3252-1657. E-mail: [email protected]

1. Doenças fúngicas do tomateiro

Introdução

O tomateiro é uma cultura que ocupa um lugar de destaque no

estado de São Paulo, sendo a hortaliça com maior volume de

comercialização. Por ser uma cultura de grande adaptação climática, é

cultivada em diversos municípios paulistas representando mais de 50 %

da produção brasileira.

A cultura do tomateiro é dificultada em razão da ocorrência de

pragas e doenças que requerem o uso de defensivos agrícolas, o que

representa cerca de 17% do custo de produção, sendo grande parte

afetada por doenças fúngicas.

a) Requeima - Phytophthora infestans

A requeima é a mais destrutiva doença do tomateiro podendo

dizimar culturas inteiras em poucos dias. O agente causal, o fungo

Phytophthora infestans, exige determinadas condições climáticas para o

seu desenvolvimento. A alta umidade relativa do ar (90-100%), com dias

nublados e chuviscos, juntamente com baixas temperaturas de 20ºC, são

condições predisponentes ao desenvolvimento da doença. À temperatura

de 15oC existe aumento na intensidade da doença, devido à germinação

indireta dos esporângios.

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Nessas condições, extremamente favoráveis, podem-se observar

nas lesões da página inferior das folhas as estruturas do patógeno

formadas por esporangióforos e esporângios, com aspecto cotonoso

cinza-claro. Toda parte aérea da planta pode ser afetada

Nos folíolos, as lesões apresentam forma irregular com aspecto de

tecido verde-escuro encharcado. Com o progresso da doença, as lesões

aumentam de tamanho, tornando-se de cor parda com tendência ao

secamento. Nas hastes, a infecção produz manchas longitudinais que

acarretam comprometimento dos tecidos terminais. Os frutos infectados

adquirem tonalidades amarronzadas a castanhas, podendo evoluir

atingindo a totalidade dos frutos da planta. Como não se dispõe de

variedades e híbridos comerciais com resistência à doença, o controle

químico tem sido o mais utilizado e eficaz no combate à doença.

As medidas de controle químico devem ser preventivas com

fungicidas protetores, como Mancozeb, Chlorothalonil e Fluazinam.

Quando as condições ambientais estiverem muito favoráveis à doença,

deve-se utilizar os produtos sistêmicos específicos, tomando-se cuidado

com alternância entre protetores e sistêmicos.

Controle: evitar plantio próximo à cultura em final de ciclo; evitar

plantio em terrenos de baixadas úmidas, propícias ao acúmulo de ar frio;

destruir os restos de cultura; evitar o plantio em áreas onde a doença

tenha se manifestado intensamente; realizar rotação de culturas; evitar

plantio próximo às margens de rios e lagos e controle químico (Tabela

1.).

b) Pinta-preta ou mancha de Alternária:

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É a doença mais comum do tomateiro, estando disseminada por

todas as regiões de plantio do país, podendo se manifestar em todas as

fases de desenvolvimento da planta. Pode causar grandes danos devido a

sua incidência nas folhas e frutos e, mais raramente, no caule. As lesões

aparecem primeiramente nas folhas mais velhas na forma de pequenas

pontuações pardo-escuras. Com a evolução da doença, aumentam de

diâmetro, tendendo a formatos ovalados ou circulares de coloração parda

com círculos concêntricos, tendendo a negros. Nas hastes, as lesões são

longitudinais e pardo-escuras. Nos frutos, as perdas podem ser diretas

ocasionadas pela podridão peduncular de formato circular, às vezes com

fendilhamento.

A doença é causada pelo fungo Alternaria solani (Ell. & Mont.)

Jones & Grout que, para seu desenvolvimento, exige condições

ambientais mais amplas que outras doenças de grande importância. A

faixa de temperatura de 24-30oC e a alta umidade relativa são suficientes

para que haja grande incidência na cultura. O fungo sobrevive em restos

de cultura e pode ser transmitido aderido à semente.

O controle químico segue as recomendações básicas para a

cultura com os fungicidas à base de Mancozeb e/ ou Chlorothalonil,

alternando, quando necessário, com os fungicidas recomendados do

grupo triazóis. Também outros fungicidas, como Iprodione e

Procimidone, apresentam boa eficiência e podem ser aplicados

alternadamente com os produtos citados.

Controle: utilizar variedades resistentes; utilizar sementes sadias;

fazer rotação de culturas; adubar de forma equilibrada; preparar bem o

solo com aração profunda e controle químico (Tabela 1.).

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c) Septoriose - Septoria lycopersici

A septoriose é uma doença muito freqüente, podendo causar

perdas elevadas devido a sua característica de atacar as folhas baixeiras,

expondo os frutos aos raios solares. As perdas são mais elevadas quando

o ataque se dá no início da cultura.

O fungo Septoria lycopersici, responsável pela doença, sobrevive

em restos de cultura e em algumas plantas daninhas. Os sintomas

ocorrem intensamente nas folhas, podendo ser notados também em

caules e pecíolos. As lesões apresentam-se em forma circular com

diâmetro em torno de 2mm, formado por tecido necrótico de bordos

escuros e centro cinza-claro, no qual pode-se observar a olho nu os

picnídios que formam as frutificações do patógeno. A coalescência das

lesões deixa aspecto de grande área necrosada. As condições

predisponentes à doença são alta umidade relativa com chuvas e

temperaturas de 20-25oC.

O controle químico preventivo da pinta-preta com os fungicidas

indicados é suficiente.

Controle: Rotação de culturas; evitar irrigação por aspersão;

destruir os restos de cultura; realizar adubação balanceada e controle

químico (Tabela 1.).

d). Mancha de Estenfílio - Stemphylium solani

A mancha de Estenfílio, embora ocorra em todas regiões

produtoras, é mais limitada em relação às outras doenças foliares. Ao

contrário da septoriose, inicia-se pelas folhas superiores causando

pequenas lesões pardo-escuras distribuídas no limbo foliar, mais visíveis

no dorso das folhas. Com a evolução da doença, tornam-se necróticas de

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formato irregular com bordos escuros, ficando com o centro claro e seco,

e normalmente apresentam rupturas que dão aspecto de folha perfurada.

O fungo, agente causal da doença, Stemphylium solani, exige para

seu melhor desenvolvimento temperaturas de 25-28oC e alta umidade. O

patógeno sobrevive em restos de cultura e outras solanáceas ocorrentes.

A utilização de variedades resistentes permite controle eficaz. Quanto ao

controle químico, os mesmos fungicidas usados para a pinta-preta são

suficientes.

Controle: utilizar variedades resistentes; eliminar restos de

cultura; fazer rotação de culturas e controle químico (Tabela 1.).

e) Murcha de Fusarium - Fusarium oxysporum f. sp lycopersici.

A murcha de Fusarium é de distribuição generalizada em todos os

solos brasileiros, causando grandes prejuízos em plantios de cultivares

suscetíveis. É causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp lycopersici,

que é favorecido por temperaturas de 21-33oC, cujos sintomas se

manifestam inicialmente com amarelecimento das folhas inferiores, com

tendência a subir para as mais novas, seguido de murcha nas horas mais

quentes do dia, com recuperação no período fresco em sucessão até a

murcha irreversível. Normalmente, a infecção se dá unilateralmente, por

atingir os feixes vasculares, oriundos do sistema radicular infectado. Em

corte longitudinal na base do caule, pode-se observar os tecidos

vasculares afetados descoloridos no lado correspondente aos sintomas

visíveis do amarelecimento das folhas. Pode-se diferenciar da murcha de

Verticillium pela descoloração mais persistente e característica dos

reflexos nas folhas amarelecidas.

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Como se trata de fungo habitante de solo, sobrevive neste sobre a

forma de conídios e por períodos mais longos através de estruturas de

resistência, os clamidósporos, motivo pelo qual se torna inviável o seu

controle. Por isso, a utilização de variedades resistentes é a melhor

maneira de controlar a doença. A rotação de culturas por 2 a 4 anos é

recomendada para reduzir a fonte de inóculo, porém não elimina a

população do patógeno.

O fungo apresenta raças fisiológicas com predominância da raça

1, existindo ainda as raças 2 e 3.

Controle: plantar cultivares resistentes; utilizar sementes sadias;

evitar a disseminação através de implementos agrícolas nas áreas muito

infestadas; ter cuidado com a água de enxurradas e de irrigação e rotação

de culturas.

f) Murcha de Verticillium

Essa doença também é causada por fungo habitante de solo com

distribuição generalizada parasitando muitas espécies de planta. A

murcha de Verticillium tem sido ultimamente a doença fúngica de solo

mais freqüente nas culturas estaqueadas, devida à sucessão de plantios

nas áreas produtoras. Os danos causados se refletem diretamente na

quebra de produção, desde a primeira penca. Isso ocorre porque o

patógeno coloniza o sistema vascular, impedindo a translocação de

nutrientes, fazendo com que a planta não responda à adubação,

produzindo, conseqüentemente, frutos de pequeno tamanho.

O sintoma mais evidente é a descoloração do sistema vascular

próximo ao colo, com reflexo de murcha na planta nas horas mais

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quentes do dia, que se recupera no período noturno e assim

sucessivamente, ficando a planta debilitada, mas geralmente sem morte.

Outra característica marcante da doença é o amarelecimento das

folhas mais velhas, às vezes em formato irregular, mas

predominantemente em forma de V invertido nos bordos dos folíolos,

seguido de necrose dos tecidos.

O fungo responsável pela doença é atribuído a duas espécies do

gênero Verticillum: Verticillium albo-atrum e Verticillium dahliae. Há

uma tendência de se atribuir a Verticillium dahliae pela abundância de

microescleródios produzidos pela espécie, redundando em aumento do

potencial do inóculo nos solos cultivados intensivamente.

O controle da doença só é viável com o uso de cultivares

resistentes; a rotação de culturas, embora necessária, é controvertida nas

regiões tradicionalmente produtoras por exigir períodos prolongados para

a redução de inóculo no solo.

Controle: utilizar variedades resistentes; fazer rotação com

culturas não-suscetíveis e eliminar plantas daninhas hospedeiras.

g) Tombamento:

Vários fungos habitantes de solo ou aderidos à semente podem

causar tombamento das mudas. Entretanto predominam os fungos do

gênero Pythium spp, Rhizoctonia solani e Phytophthora spp.

O tombamento de pré-emergência resulta em baixo (estande); em

pós-emergência, as plantas exibem sintomas ao nível do solo e pouco

acima com escurecimento, encharcamento e estrangulamento dos tecidos

da planta com amarelecimento das folhas.

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A doença no campo apresenta característica de morte em

reboleiras, ocorrendo principalmente em solos argilosos com excesso de

chuvas e água estagnada. O controle mais utilizado é o tratamento de

semente com fungicidas.

Controle: utilizar sementes sadias; fazer tratamento de sementes

com fungicidas recomendados; utilizar solo esterilizado para sementeira;

evitar encharcamento; drenar bem o solo e controle químico (Tabela 1.).

TABELA 1. - Fungicidas indicados para doenças na cultura do tomateiro

Doença / Patógeno

Fungicida

Tombamento Pythium spp. Phytophthora spp

Apron

Pinta Preta Alternaria solani

Agrinose, Amistar, Bordamil, Bravonil 500, Brfavonil 750,Captan 500 PM, Cerconil SC, Cobox, Cobre Fersol, Cobre Sandoz, Combilan Pm, Coprantol SC, Cupracit azul, Cupravit verde, Cupragarb 350, Cupragarb 500, Coprozeb, Dacobre PM, Daconil 500, Daconil BR, Dacostar 500, Dacostar 750, Dithane PM, Persist SC, Folicur PM, Folicur 200 CE, Frowcide 500, Fungitox 500, Funguran 350, Funguran 500, Garant, Hokko Cupra 500, Isatalonil, Isatalonil 50, Manzate 800, Reconil, Recop, Rovral, Rovral SC, Score, Sportak 450 CE, Vanox 500 CE, Vanox 750 PM, Vitigram verde.

Septoriose Septoria lycopersici

Agrinose, Benlate 500, Bordamil, Bravonil 500, Bravonil 750, CaptanSC, Cercobin 500, Cercobin 700, Cerconil PM, Copidrol PM, Coprantol SC,Cupravit azul, Cupravit verde, Culprozeb, Daconil 500, Daconil BR. Dacostar 500, Dacostar 750, Derosal 500 SC, Dithane PM, Ditahen SC, Folicur 200 CE, Fungiscan 700, Fungitox 500, Funguran 350, Funguran 500, Hokko Cupra 500, Isatalonil, Manzate 800,

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Metiltiofan, Orthocide 500,Score, Sportak 450 CE, Tiofanato Sanachen 500 SC, Vanox 500 SC

Requeima ou Mela Phytophthora infestans

Agrinose, Blason 480 SC, Bordamil, Bravonil 500, Bravonil 750, Captan 750, Captan 500 PM, Captan SC, Cobox, Cobre Sandoz, Copridol PM, Coprantol SC, Cupravit azul, Cupravit verde, Cuprozeb, Curzate M + ZN, Dacobre PM, Daconil 500, Daconil Br, Dacostar 500, Dacostar 750, Dithane PM, Persist SC, Folio, Fórum, Frowncide 500 SC, Fungitox 500, Funguran 350, funguran 500, Garant, Hokko Cupra 500, Isatalonil 500 SC, Manzate 800, Orthocide 500, Reconil, Recop, Ridomil – Mancozeb, Vanox 500 SC, Vanox 750, Tatoo C, Vitigran azul e Vitigran verde

h) Oídio - Erysiphe cichoracearum

Não causa grandes problemas na tomaticultura, podendo ser

realizado o controle químico com fungicidas específicos quando forem

verificados os primeiros sintomas.

i) Oidiopsis - Leveillulla taurica

Pertencente à mesma família do oídio, a doença não tem se

manifestado em condições de campo na região sul, devido às condições

climáticas mais úmidas com precipitações pluviométricas distribuídas,

porém em plasticultura a doença chega a preocupar pelas condições

favoráveis de clima seco e quente.

A doença manifesta-se inicialmente nas folhas baixeiras,

atingindo rapidamente as mais novas. A massa pulverulenta do patógeno

forma-se levemente na página inferior da folha, tornando-se amarelada

na face superior com posterior necrose e queda das folhas. Na cultura do

pimentão, em estufas, essa doença já é preocupante, chegando a atingir a

planta toda em poucos dias.

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2. Doenças Fúngicas do Pimentão a) Murcha do pimentão (Phytophthora capsici)

Murcha do pimentão é a doença mais temida nessa cultura no

Estado de São Paulo.Sua ocorrência é freqüente nas épocas quentes e

chuvosas do ano quando há condições propícias à doença, o que pode

levar à perda total da cultura.

O agente etiológico da doença, o fungo Phytophthora capsici, é

tipicamente habitante de solo, e encontra-se amplamente distribuído pela

gama de hospedeiros, as solanáceas e cucurbitáceas.A doença se

manifesta em qualquer fase de desenvolvimento da planta.Nas mudas

causa damping-off, e nas plantas adultas, podridão das raízes e colo,

ocasionando murcha e morte das plantas. A necrose no caule e ramos é

de coloração parda a marrom escura de tamanho indefinido circundando

toda área afetada. Nas folhas e frutos as lesões apresentam a forma de

tecido encharcado. Sob condições favoráveis de ambiente, essas lesões

ficam recobertas por um mofo branco constituído por micélio e

esporângios do fungo.

Como se trata de fungo habitante do solo, o controle torna-se

difícil depois que se estabelece na cultura. As medidas recomendadas são

em caráter preventivo como: utilização de mudas sadias; plantio em áreas

onde sabidamente não tenha histórico de ocorrência da doença; evitar

solos encharcados e controle químico.

Quanto ao controle químico são indicados fungicidas protetores

como mancozeb, chlorothalonil e oxicloreto de cobre que não apresentam

eficiência no controle da doença. O fungicida sistêmico metalaxyl+

mancozeb utilizado experimentalmente tem se mostrado promissor

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quando aplicado em jato dirigido ao colo da planta, porém não se

encontra registrado para a cultura (Tabela 2.).

b) Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides)

É uma doença importante sob condições de alta umidade,

causando sérios prejuízos porque ataca diretamente os frutos causando

perdas na produção. Manifesta-se em qualquer idade da planta inclusive

na fase de muda causando o tombamento.

O fungo ataca toda parte a aérea da planta, mas nos ramos e nas

folhas ocorrem em baixa intensidade. É no fruto que a doença se

manifesta intensamente com sintomas típicos que apresentam lesões

circulares, deprimidas, de diâmetro variável.Em condições de alta

umidade forma-se uma massa rósea constituída pelos conídios do fungo.

A doença é favorecida por alta umidade, períodos chuvosos e

temperatura entre 20-25 oC. O fungo é disseminado pela água de chuva e

vento, e pode ser transmitido por sementes. Sobrevive em restos de

cultura.

Controle: as medidas recomendadas para controle são: rotação de

cultura; utilização de sementes sadias, evitar plantios muito densos;

destruição dos restos de cultura; diminuição de frutos afetados e controle

químico.Os fungicidas protetores como mancozeb, chlorothalonil e

oxicloreto de cobre devem ser usados preventivamente em pulverizações

de condução de cultura. Quando se verificar aumento da intensidade de

doenças, utilizar o fungicida sistêmico Amistar.

c) Míldio pulverulento (Oidiopsis sicula)

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Esta doença vem se tornando a mais destrutiva na cultura do

pimentão no sistema de plasticultura. Causada pelo fungo Leveillula

taurica foi encontrado em sua forma anamórfica de Oidiopsis sicula

causando sérios prejuízos em plantio de pimentão desenvolvido pelo

sistema de plasticultura na região de Itupeva SP (l995). Sua ocorrência é

favorecida pelas condições ambientais desse sistema de plantio,

caracterizada por ausência de chuvas.

Os sintomas da doença são observados na face inferior das folhas

onde se desenvolvem lesões de coloração clara com aspecto pulverulento

que corresponde ao micélio e frutificação do fungo. Na face superior

apresentam manchas amareladas, correspondentes às da face inferior.

Com o desenvolvimento da doença, as lesões tornam-se necróticas com

posterior desfolha da planta. A infecção inicia-se normalmente pelas

folhas mais velhas e rapidamente avançam para as superiores.

A doença é favorecida por baixa umidade e temperatura com

ótimo em 26o C. O patógeno tem uma ampla gama de hospedeiros entre

plantas cultivadas e silvestres, como os gêneros Capsicum, Hibiscus,

Lycopersicum, Cynara, Allium, Sonchus, etc.

Controle: as medidas que devem ser adotadas restringem-se a:

rotação de cultura por l ano, evitando-se assim plantios sucessivos e

evitar o excesso de adubação nitrogenada. O controle químico é o mais

indicado pelas características da família do patógeno, porém não existem

fungicidas com boa ação de controle, registrados para a cultura do

pimentão.

d) Mancha de Cercospora (Cercospora capsici)

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A mancha de cercospora é uma doença comum do pimentão. A

sua ocorrência é ocasionada por condições predisponentes de solos com

deficiências nutricional e hídrica que acarretam plantas de pouco vigor.

A doença provoca manchas nas folhas, de formato circular,

pardas, de centro cinza claro com aproximadamente l cm de diâmetro. No

centro das lesões são encontrados os conidióforos e conídios do fungo, e

com a coalescência das lesões, parte dos tecidos necrosados desprende-

se. Sob condições de alta umidade e temperatura pode ocorrer a desfolha

da planta, acarretando perda do vigor e conseqüentemente, da qualidade

dos frutos.A doença pode atacar o caule e ramos, mas nunca os frutos.

Controle: as medidas gerais de controle são: adubação

equilibrada; evitar o desequilíbrio hídrico e eliminação dos restos de

cultura. Para o controle químico os fungicidas normalmente utilizados na

cultura do pimentão são sufic ientes.

TABELA 2. Fungicidas indicados na cultura do pimentão. Amistar , Bravonil 750 PM, Cupravit azul BR, Cupravit verde, Cuprozeb, Dacobre PM,Daconil BR, Dacostar 500, Dacostas 750, Dithane PM, Garant, Fungitol azul, Fungitol verde, Isatalonil, Manzate BR , Persist SC , Rovral, Rovral SC, Score, Vanox 500, Vanox 750 PM. 3. Literatura Consultada

ANSANI, C.V.; MATSUOKA, K. Sobrevivência de Phytophthora capsici.

Fitopatol. Bras., 8: 269-272, 1983.

CASTRO, C. Controle químico da septoriose e pinta preta em tomateiro

Lycopersicum esculentum. Fitopatol. Bras., v. 10. 1985, p.270.

KIMATI, H., GIMENES-FERNANDES, N., SOAVE, J., KUROZAWA,C.,

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280

BRIGNANI NETO, F. & BETTIOL, W. Guia de fungicidas agrícolas. -

Recomendações por cultura. v. 1 2.ed. Jaboticabal, GPF, 1997, 225p.

KUROZAWA, C. & PAVAN, M.A. Doenças das solanáceas (berinjela, jiló,

pimentão e pimenta) In: GALLI, F (coord). Manual de Fitopatologia -

Doenças de plantas cultivadas, São Paulo, Ceres, v.2, p.665-667,

1997.

KUROZAWA, C. & PAVAN, M.A. Doenças do tomateiro Lycopersicum

esculentum Mill.) In: KIMATI, H. et al. Manual de Fitopatologia -

Doenças das plantas cultivadas, São Paulo, Ceres, v.2, p. 670-719,

1997.

LIBERATO, J.R.; COSTA, A.; SILVEIRA, S.F. & SUZUKI, M. S. Oídio

(Oidiopsis sicula) em pimentão no estado do Espírito Santo. Summa

Phytopathol., 25, 1999.

LOPES, C.A., SANTOS, J.R.M. DOS. Doenças do tomateiro. 1994, 61p.

MATSUOKA, K; ANSANI. C.V. Doenças fúngicas de pimentão e pimenta.

Inf. Agropec., 10: 45-52, 1984.

MATSUOKA, K; VANETTI,C.A.; COSTA, H., PINTO, C.M.F. Doenças

causadas por fungos em pimentão e pimenta. Inf. Agropec., 18: 64-66,

1996.

MIZUBUTI, E.S.G. & BROMMONSCHENKEL, S.H. Doenças causadas por

fungos em tomateiro. Inf. Agropec., 18, n.184, 1996.

SINIGAGLIA, C.; COUTINHO, L.N.; CARVALHO JR., A.A.; FIGUEIREDO,

M.B. Primeira constatação do míldio pulverulento do pimentão

(Capsicum annuun) causado por Leveillula taurica (erysifhaceae) um

fungo pouco estudado no Brasil. In: 8o RAIB, Arq. Inst. Biol., 62: 57,

1995

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WALKER,J.C. Diseases of vegetables crops . New York, Mc Graw- Hill

1952, 529p.

ZAMBOLIM, L., VALE, F.X.R., COSTA, H. Controle integrado das

doenças de hortaliças, Viçosa, 1997, 122p.

CONTROLE DE INSETOS VETORES DE VÍRUS EM HORTALIÇAS

Pesquisador Científico Fernando Javier Sanhueza Salas

Biólogo, Centro de Sanidade Vegetal, Instituto Biológico, Av.

Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Cx. Postal 12898, CEP 04010-970,

São Paulo, SP. Tel.: (11) 5087 1779, Fax: (11) 5579 0824. E-mail:

[email protected]

As hortaliças são plantas de ciclo rápido que alcançam alto valor

comercial, cultivadas intensamente durante o ano todo. Apresentam,

comumente, problemas como o surgimento de patógenos (fungos,

bactérias e vírus) e insetos-praga que provocam tanto danos diretos,

quanto indiretos (injeção de toxinas e transmissão de doenças). Por estes

motivos torna-se evidente a necessidade de utilização em larga escala de

produtos com a finalidade de controlar pragas e doenças e minimizar

perdas, resultando em iminente risco de contaminação tanto do

consumidor quanto do aplicador. Há de se lembrar, ao abordar o tema,

que o uso de defensivos não deve ser tomado como única alternativa de

controle. Sabe-se que as doenças causadas por vírus não possuem formas

de controle depois de instalada a infecção, portanto, as medidas devem

ser preventivas e de preferência iniciando-se antes do plantio e

estendendo-se até a colheita.

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Atualmente, são reconhecidos 38 famílias e gêneros de vírus não

agrupados taxonomicamente; destes, 31 têm pelo menos um dos seus

membros disseminados por inseto-vetor. Ainda de acordo com a

literatura, a transmissão natural de cerca de 50% dos fitovírus é

dependente de vetores. Estes números deixam clara a importância dos

vetores na epidemiologia das doenças causadas estes patógenos (GRAY &

BANERJEE, 1999; VAN REGENMORTEL et al., 2000).

Entre as principais doenças causadas por vírus, que ocorrem em

hortaliças, merecem destaque nas culturas de tomate e pimentão os

tospovírus, com suas diferentes espécies (TCSV, GRSV, TSWV, CSNV)

e o mosaico do tomateiro (vírus Y da batata - PVY); em cucurbitáceas o

vírus do mosaico do pepino (CMV), e o mosaico amarelo da abobrinha

(ZYMV); na cultura de batata o vírus do enrolamento da folha da batata

(PLRV) e o vírus Y da batata (PVY). Em alface predominam o vírus do

mosaico (LMV) e os tospovírus, além dos vírus do mosaico comum

(BCMV), o mosaico dourado (BGMF) e o mosaico-em-desenho

(BMDeV) em feijoeiro, entre outros menos freqüentes.

A transmissão dos vírus de plantas, na natureza, ocorre de várias

maneiras: por contato, por sementes, pólen, órgãos de propagação

vegetativa, cipó-chumbo (Cuscuta sp.) e, principalmente, por vetores.

Vetores são agentes biológicos de disseminação de vírus, podendo ser

encontrados entre os artrópodos, nematóides e fungos de solo. No

entanto, segundo COSTA (1998): vetor é qualquer organismo que no seu

processo natural de alimentação é capaz de retirar o vírus da planta

doente e, na alimentação subsequente, fazer sua inoculação em plantas

sadias.

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Há três ordens que incluem a grande maioria dos insetos-vetores:

Homoptera, Thysanoptera e Coleoptera. Atualmente, a Ordem

Homoptera é dividida em duas subordens: Auchenorryncha e

Sternorryncha, sendo a última responsável pela disseminação natural de

aproximadamente 90% dos vírus transmitidos por insetos. Esta abrange

os afídeos ou pulgões (Aphididae), as cigarrinhas (Cicadellidae e

Delphacidae), as "moscas" brancas (Aleyrodidae) e as cochonilhas

(Pseudococcidae). Na Ordem Thysanoptera, os vetores são os tripes

(Subordem Terebrantia, Família Thripidae). Na Ordem Coleoptera, a

Subordem Polyphaga compreende os besouros comedores de folhas,

onde os coleópteros-vetores se enquadram nas famílias Chrysomelidae,

Curculionidae, Coccinelidae e Meloidae (NAULT, 1997).

Algumas medidas preventivas de controle que são amplamente

empregadas estão relacionadas a seguir:

Ø Medidas de controle dirigidas às fontes de vírus

Ø Prevenção de fontes de infecção: diversos fitovírus podem, além de

serem transmitidos por insetos, ser propagados através de sementes ou

mesmo através de material propagativo (bulbos, bulbilhos, estacas,

rizomas etc), por isto é de suma importância que este material tenha uma

boa procedência, ou seja, certificado.

Ø Eliminação de focos de infecção: prevenção de focos iniciais através

da eliminação de fontes de vírus com a errradicação de plantas invasoras

e outras hospedeiras alternativas do vetor, além de plantas doentes ou que

apresentem sintomas de etiologia viral e restos culturais (reboleiras).

Ø Rotação de culturas: consiste no plantio sucessivo de culturas

diferentes no mesmo terreno. Este método, além de trazer benefícios

agronômicos, se mostra eficaz principalmente contra as pragas que

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possuem plantas-hospedeiras específicas. Esta prática perdeu a

popularidade a partir do momento que se intensificou a monocultura.

Ø Medidas de controle dirigidas ao vetor: o controle dos insetos-vetores

propriamente dito pode envolver vários métodos:

Ø Isolamento das plantas: a proteção da planta contra os insetos, através

de métodos culturais empregando técnicas agrícolas apropriadas, tais

como o isolamento das culturas em regiões de baixa incidência de

vetores, isto provocado por condições ambientais, ou por cultivo em

casa-de-vegetação, telados, ou plasticultura, impedindo a entrada destes

agentes. Outro método empregado é a proteção através de barreiras com

plantas, geralmente espécies botânicas não preferidas pelos insetos e que

possuam altura suficiente. São recomendadas para esta função milho,

crotalária, entre outras.

Ø Controle químico: muitas vezes o controle químico pode ser eficaz

contra a propagação de vírus transmitidos de forma circulativa, devido

aos longos períodos de alimentação necessários para a aquisição e para

inoculação. Este tipo de controle é de certa forma impossível em sistemas

que envolvem a transmissão do tipo não-persistente e não circulativa,

onde o ciclo de transmissão é muito curto e os inseticidas dificilmente

conseguem atuar.

No início dos anos 40, muitos dos inseticidas mostravam uma

pequena atividade e persistência nas plantas por um pequeno período de

tempo. Devido a estes fatores, eram necessárias freqüentes aplicações em

reduzidos intervalos de tempo. Esta situação mudou com a introdução

das novas classes de inseticidas sintéticos, como o DDT, que se mantinha

ativo nas plantas por um longo período de tempo (PERRING et al., 1999).

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Estes tipos de controle obtiveram sucesso, inicialmente, em relação aos

vírus não-persistentes transmitidos por insetos, porém um grande número

destes é transmitido em caráter persistente. Desta maneira os

pesquisadores se depararam com um grande problema: tentar manter a

"proteção" das plantas evitando que novas plantas fossem infectadas por

vírus. Com o advento dos inseticidas organofosforados sistêmicos que

aplicados em certas regiões das plantas se translocam, protegendo-as.

Estes produtos tiveram um grande sucesso e fortaleceram as estratégias

para o controle dos vírus que são transmitidos por pulgões, de maneira

persistente, devido ao seu longo poder residual e à atividade sistêmica

dos compostos. Finalmente, os inseticidas piretróides mostraram grandes

propriedades e maior sucesso quando comparados com os outros,

principalmente quando se tratava de reduzir a disseminação de fitovírus.

Os piretróides causam um rápido efeito "knockdown" ou mortalidade nos

vetores principalmente na fase de inoculação do patógeno (BRIGGS et al.,

1974), também reduzem o tempo de picada de prova dos insetos-vetores

(ATIRI et al., 1987) e em alguns casos podem até agir como repelentes de

insetos (LOWERY & BOITEAU, 1988). No entanto, esta última propriedade

pode ser prejudicial pois a possibilidade dos insetos aumentarem o

número de picadas de prova é grande, devido à tendência destes

encontrarem uma planta que não esteja pulverizada ou possua um nível

de palatabilidade podendo assim se fixar e constituir uma colônia,

transmitindo algumas espécies de fitovírus (tipo não-persistente) dentro

da cultura. No entanto, a superprodução de produtos agrícolas aliado com

o desenvolvimento de artrópodos resistentes a inseticidas, e a crescente

preocupação com o meio ambiente e a saúde pública levam o homem a

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uma mudança de conceitos no sentido do emprego de medidas de

controle alternativas.

Ø Uso de óleos: Devido à ineficiência de alguns produtos no controle de

transmissão do tipo não persistente estes compostos (óleos minerais,

vegetais e lipídeos lácteos) são empregados no intuito de inibir a

transmissão. O óleo agiria modificando o comportamento de picada de

prova e a alimentação, fases do processo de transmissão onde os virions

são inoculados. Deve-se ressaltar que a eficiência no processo de

pulverização com o ímpeto de cobrir a planta de uma maneira

homogênea é de suma importância para o êxito do método.

Ø Uso de semioquímicos e repelentes: substâncias que empregadas em

misturas ou isoladamente modificam o comportamento dos organismos

receptores e são amplamente empregadas no Manejo Integrado de Pragas

(MIP). Muitas espécies de afídeos produzem um tipo de feromônio de

alarme - (E) β-farnesene que é liberado quando os pulgões são atacados.

A idéia é utilizar derivados do feromônio, reduzindo a sua aterrisagem

em plantas sadias evitando uma possível transmissão. Diversos

alomônios tem sido estudados e descritos na literatura mundial. Um

exemplo que pode ser citado é o da relação de S. berthaultii, um tipo de

batata selvagem , que produz uma substância que atua como feromônio

de alarme de Myzus persicae, dispersando os afídeos que tentam

colonizá- la (GIBSON & PICKET, 1983). Outras substâncias também foram

empregadas como fagodeterrentes, sendo a mais conhecida a espécie

Azaridachta indica, ou neem. No Brasil a espécie mais empregada é a

"erva de Santa Bárbara", visando o controle, principalmente, da mosca

branca (Bemisia tabaci), quando aplicada em extrato (CHAPMAN et al.

1981).

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Ø Emprego de barreiras ópticas: recentemente se descobriu que os

cultivos de hortaliças, quando produzidos em casas-de-vegetação do tipo

túnel e cobertos com polietileno, material que absorve os raios

ultravioletas, reduziram sensivelmente o ataque de diversas pragas e a

infecção por vírus, quando comparadas com as casas-de-vegetação

cobertas com plástico normal. Os trabalhos desenvolvidos com pepino e

verduras reduziram as infestações por tripes (Frankliniella occidentalis)

e por pulgões (Aphis gossypii) , além de reduzir os danos da larva

minadora (Lyriomyza trifolii). Além disto, fortalecendo este método de

controle o emprego de telas plásticas de proteção (malhas de 50 mesh) do

mesmo material, diminuiram consideravelmente o número de insetos

bloqueando a invasão de "moscas"-brancas, pulgões e larvas minadoras.

Ø Superfícies refletoras: os afídeos e as "moscas"-brancas são atraídos

por algumas cores e repelidos por outras. Baseado neste princípio, alguns

pesquisadores desenvolveram trabalhos mediante o emprego de

superfícies repelentes e com pulverizações de materiais refletores. Estes

obtiveram sucesso no controle dos pulgões quando se empregaram telas

brancas com 2-8 mesh.

Ø Armadilhas amarelas: O emprego de armadilhas amarelas com óleo

ou polietileno adesivo é amplamente empregado no controle de insetos-

vetores obtendo-se um maior sucesso no caso das "moscas"- brancas.

Este tipo de armadilha pode ser empregado como indicador do momento

de pulverização na cultura, auxiliando assim na tomada de decisão para

efetuar o controle (COHEN & MARCO, 1973).

Ø Cultura armadilha ou planta- isca: as grandes monoculturas sempre

proporcionam um ambiente propício para a transmissão de fitovírus,

inclusive entre propriedades vizinhas. O plantio de culturas hospedeiras

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suscetíveis entre estas propriedades pode reduzir de forma significativa a

proporção de vírus propagados no campo.

Além destas medidas de controle visando específicamente o

ataque de insetos vetores podem ser desenvolvidas as que visem o

manejo da cultura hospedeira com o intuito de reduzir o número de

insetos, tais como as mudanças de características de plantio (densidade

de plantio e distância entre linhas); assincronia fenológica (atraso ou

adianto na época de plantio); proteção cruzada (emprego de plantas

previamente infectadas com estirpes fracas do vírus); utilização de

plantas resistentes e finalmente plantas transgênicas.

O amplo emprego de inseticidas desde a década de 40, causou

inúmeros efeitos secundários indesejados nas décadas subseqüentes,

entre estes, destacam-se o aparecimento de resistência a inseticidas,

ressurgência de pragas secundárias e um colapso da resistência das

plantas hospedeiras. Sendo assim, para se obter um controle eficaz das

doenças virais recomenda-se o enfoque multidisciplinar do Manejo

Integrado de Pragas, pois o emprego de dois ou mais métodos de controle

combinados, pode vir a melhorar o seu desempenho. Desta maneira,

torna-se evidente a necessidade de novos enfoques e esforços no âmbito

científico, no intuito da melhora da produção de hortaliças no Brasil.

Referências Bibliográficas

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deltamethrin on the feeding behaviour of Aphis craccivora and

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Committee on Taxonomy of Viruses. Academic Press, California,

USA, 2000. 1162 pp.

SOLARIZAÇÃO DO SOLO NO CONTROLE DE FITOPATÓGENOS

Pesquisadora Científica Flávia Rodrigues Alves Patricio

Eng. Agrônoma, Laboratório de Fitopatologia, Centro Experimental do

Instituto Biológico, Instituto Biológico,. Cx Postal 70. CEP 13001-970,

Campinas SP, Tel (19) 3251-8714. E-mail: [email protected]

Devido ao elevado valor das terras e estruturas que ocupam, as

culturas de hortaliças e ornamentais em campo aberto e mais

expressivamente sob ambiente protegido, são intensa e sucessivamente

cultivadas. Como conseqüência, freqüentemente ocorre a concentração

no solo de fitopatógenos como fungos, bactérias e nematóides, além de

intensa infestação por plantas daninhas, que podem comprometer a

produção, tornando-a antieconômica, ou transformar áreas e casas de

vegetação em locais impróprios para a olericultura.

A solarização é uma técnica desenvolvida para a desinfestação de

solos e substratos, indicada principalmente para recuperação de áreas

cultivas intensamente, como as ocupadas por hortaliças e ornamentais, e

também para a desinfestação de substratos utilizados na produção de

mudas.

A técnica da solarização e como empregá- la serão descritas a

seguir. Também serão mostrados os principais resultados de trabalhos de

uma equipe de pesquisadores do Instituto Biológico e de diversas

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instituições, que enfatizam o emprego da solarização para o manejo da

cultura da alface.

1. Solarização

A solarização é uma técnica de desinfestação do solo,

desenvolvida para o controle de patógenos, pragas e plantas daninhas,

que consiste na colocação de um filme plástico transparente sobre o solo

umedecido por um período determinado, durante a época mais quente do

ano, visando aumentar sua temperatura (KATAN & DE VAY, 1991;

SOUZA, 1994). A solarização também pode ser aplicada em casas de

vegetação, sendo, em geral, o período de tratamento reduzido nesta

condição (GHINI, 2000, LOPES et al., 2000).

Durante a solarização as temperaturas alcançadas pelo solo são

letais a muitos fitopatógenos nas camadas superficiais do solo e sub-

letais nas camadas mais profundas. As temperaturas sub-letais acarretam

alterações nas populações microbianas do solo, que resultam no

favorecimento do crescimento de populações saprófitas, dentre elas

muitos antagonistas, mais competitivos que os patógenos de plantas

(GHINI, 2000). Muitos microrganismos saprófitas são mais tolerantes ao

calor que os fitopatógenos, sobrevivendo ao processo de solarização.

Estas populações microbianas dificultam a reinfestação do solo por

fitopatógenos, ocorrendo o contrário nos solos que sofreram um

tratamento esterilizante, como vapor ou fumigação (GHINI, 2000), em

que graves epidemias podem resultar da reinfestação.

Outros benefícios da solarização incluem o controle de plantas

daninhas e o maior crescimento de plantas em solos solarizados. Este

aumento no crescimento pode ser resultado do controle de patógenos e de

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pragas primários e/ou secundários, de alterações na população

microbiana do solo favorecendo microrganismos antagonistas e/ou

promotores do crescimento, e da liberação de nutrientes no solo, como

nitrogênio e alguns micronutrientes (GHINI, 2000, KATAN & DE VAY,

1991). Também alterações na estrutura e permeabilidade do solo podem

favorecer o crescimento das plantas (GHINI, 2000).

2. Época de Realização da Solarização

A solarização deve ser aplicada nos meses mais quentes do ano

(GHINI, 2000). Na região de Campinas o período de setembro a março é o

recomendado para a solarização (GHINI et al., 1994). Alguns

experimentos indicam que os meses mais quentes do ano também são os

mais apropriados para a solarização de solos de casas de vegetação

(PATRICIO et al., 2000).

3. Como Deve Ser Realizada a Solarização

O solo deve ser muito bem preparado, evitando-se a presença de

torrões, que favorecem a formação de bolsões de ar, reduzindo a

eficiência da solarização, e objetos pontiagudos, que podem danificar o

plástico. O solo deve estar úmido, após uma chuva, ou ser umedecido por

irrigação, antes da colocação do plástico. A umidade estimula a

germinação de propágulos de patógenos, tornando-os mais sensíveis aos

mecanismos de controle (GHINI et al., 2000) e também aumenta a

condutividade térmica e consequentemente a difusão de calor no solo

(KATAN & DE VAY, 1991). O plástico deve ser bem estendido e as bordas

enterradas em sulcos com terra. A área tratada deve ser a maior possível,

evitando-se a solarização de faixas ou canteiros, que favorecem a

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reinfestação por patógenos vindos das áreas não tratadas e por causa do

efeito borda. Em uma faixa de aproximadamente 40 cm das bordas as

temperaturas atingidas não são suficientes para o controle adequado de

fitopatógenos (GRISTEIN, 1995, citado por GHINI, 2000).

4. Plásticos Utilizados para Solarização

Os plásticos recomendados para solarização são transparentes e a

sua espessura pode variar entre 50 e 150 µm. Plásticos que contém

aditivo para proteção contra os raios ultra-violeta do sol (utilizados para

cobrir casas de vegetação), são os mais recomendados pois apresentam

maior durabilidade, podendo inclusive ser reutilizados (SINIGAGLIA &

PATRICIO, 2000).

5. Período de Tratamento

O período recomendado para a solarização é em torno de 1 a 2

meses. Em verões chuvosos o período de 60 dias é mais seguro, mas o

plástico pode permanecer no solo por mais tempo, até o plantio. Como

durante a solarização a área coberta não é cultivada, o agricultor pode

optar por aplicar a solarização em glebas ou talhões. Por exemplo, dividir

a propriedade em 4 talhões e solarizar de novembro a dezembro o

primeiro talhão, de janeiro a fevereiro o segundo e os dois demais deixar

para solarizar no ano seguinte. Aplica-se desta forma um sistema de

manejo da propriedade que não compromete a renda do produtor e que

reduz o custo do tratamento, já que o plástico é reaproveitado.

6. Solarização em Casas de Vegetação

A solarização é aplicada para recuperação dos solos de casas de

vegetação em vários países e para várias culturas, principalmente

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hortaliças e ornamentais (KATAN & DE VAY, 1991). Como a incidência

da luz solar é menor neste ambiente, para maior eficiência da técnica, a

casa de vegetação deve ser totalmente vedada com plástico transparente,

inclusive as laterais (podem ser sobras de plásticos). O tratamento, nesta

condição pode ser mais curto, em torno de 20 a 30 dias, devendo ser

efetuado preferencialmente no verão (PATRICIO et al., 2000).

7. Acompanhamento da Solarização

Durante a solarização é importante o acompanhamento pelo

produtor para verificar danos aos plásticos e a observação da presença de

plantas daninhas. O crescimento de plantas daninhas sob o plástico pode

indicar que as temperaturas atingidas não estão sendo suficientes para o

controle satisfatório de fitopatógenos (GHINI, 2000). Durante a

solarização a temperatura do solo pode ser medida por meio de

termômetros de solo. Em experimentos no verão as temperaturas

máximas atingidas pelos solos a 10 cm de profundidade sob o plástico

foram de 49oC em solo turfoso em Mogi das Cruzes, SP, e de 54oC em

solo argiloso em Piracicaba, SP. Nestes locais, as temperaturas médias

dos solos sob o plástico foram 11 e 8oC superiores às do solo não

solarizado, respectivamente, a 10 e a 20 cm de profundidade, às 15:00

horas.

8. Solarização de Substratos

Um dos requisitos para a produção de mudas sadias é que os

substratos utilizados sejam isentos de fitopatógenos. Para tanto, estes

devem ser desinfestados, principalmente se forem reutilizados. A

solarização pode ser aplicada com grande eficiência na desinfestação de

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substratos e solos através de um coletor solar desenvolvido pela Dra.

Raquel Ghini, Pesquisadora da Embrapa-Meio Ambiente. Entre as

vantagens do coletor solar encontram-se o fato de consumir apenas

energia solar, ser de fácil construção e baixo custo, não apresentar riscos

para o operador e permitir que uma população de microrganismos

termotolerantes sobreviva ao tratamento, evitando o “vácuo biológico”,

que outros métodos de desinfestação acarretam (GHINI, 1997).

O coletor solar é constituído por uma caixa de madeira (1,0 x 1,5

m), com 6 tubos metálicos de 15 cm de diâmetro no seu interior e coberta

com um plástico transparente, que permite a entrada dos raios solares.

Como as temperaturas atingidas pelo solo ou substrato no interior do

coletor solar são elevadas (70-80o C), o tratamento é efetuado por apenas

1 ou 2 dias, em qualquer época do ano (GHINI, 1997).

9. Patógenos Controlados pela Solarização

Diversos fitopatógenos habitantes de solo que afetam hortaliças

podem ser controlados pela solarização, tais como: Verticillium dahliae,

espécies de Sclerotinia, Rhizoctonia solani, espécies de Phytophtora,

além de algumas espécies de Pythium e Fusarium (SOUZA, 1994, GHINI&

BETTIOL, 1995). Também nematóides como Meloidogyne hapla, M.

javanica, Tylenchulus semipenetrans, e outros, bem como muitas

espécies de plantas daninhas, podem ser eficientemente controlados pela

solarização (GHINI & BETTIOL, 1995, STAPLETON & DE VAY, 1995).

10. Experimentos de Solarização para o Manejo da Cultura da

Alface

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Visando oferecer alternativas para a recuperação de áreas

cultivadas com hortaliças e melhorar o manejo destas culturas, uma

equipe formada por pesquisadores do Instituto Biológico, da Embrapa-

Meio Ambiente, da ESALQ-USP e do Instituto Agronômico tem

desenvolvido trabalhos empregando a técnica da solarização. Em Mogi

das Cruzes, principal município produtor de alface do cinturão verde de

São Paulo, foi estudado o efeito da solarização sobre o controle de

fitopatógenos de solo, alterações químicas e microbiológicas dos solos e

a infestação por plantas daninhas.

A solarização do solo foi aplicada nos períodos de dezembro a

fevereiro dos anos de 1997/1998, 1998/1999 e 1999/2000, tendo o solo

permanecido coberto com plástico (transparente de 100µm de espessura)

por aproximadamente 60 dias. Após a solarização, foram efetuadas duas

safras consecutivas de alface nas áreas solarizadas e não solarizadas, nos

anos de 1998, 1999 e 2000.

As várzeas da região de Mogi das Cruzes são muito produtivas,

mas estão infestadas com fitopatógenos de solo, como Rhizoctonia solani

e Sclerotinia minor, que podem reduzir drasticamente as safras e elevam

o custo de produção da cultura de alface; a aplicação intensiva do

controle químico convencional pode resultar em contaminação do

ambiente. R solani é agente causal da queima da saia da alface, doença

que nessa região prevalece no verão, caracterizada por lesões marrons

nas nervuras das folhas inferiores que podem progredir, comprometendo

a qualidade comercial das cabeças. A solarização foi muito eficiente,

reduzindo a severidade desta doença nas safras de verão dos três anos

avaliados, podendo substituir o controle químico convencional.

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A murcha de esclerotínia é muito importante em Mogi das

Cruzes, reduzindo em até 70% a produção das culturas de alface do

inverno, sendo causada nesta região pelo fungo Sclerotinia minor. Os pés

atingidos pelo fungo apresentam podridão aquosa e morrem (PAVAN &

KUROSAWA, 1997). A solarização do solo reduziu drasticamente a

incidência da doença de até 50% nas áreas sem tratamento, para o

máximo de 3% nas áreas solarizadas, substituindo o controle químico

com maior eficiência.

Em todas as safras efetuadas ocorreu controle quase total de

plantas daninhas. A solarização promoveu uma redução muito grande na

emergência das espécies picão branco e caruru, que predominavam na

várzea estudada. A taxa de cobertura do solo por plantas daninhas foi

reduzida de 72,5 % para 0,5% nos tratamentos solarizados (SINIGAGLIA

& PATRICIO, 2000).

Outro benefício observado após a aplicação da técnica, nos três

anos avaliados, foi a redução de 9-11 dias no ciclo da primeira safra de

alface. As plantas colhidas nas parcelas solarizadas também apresentaram

melhor qualidade. Estima-se que esta redução no ciclo, com maior vigor

das plantas solarizadas, seja conseqüência de alterações na população de

microrganismos do solo, redução de doenças e também de patógenos

secundários, que podem comprometer o sistema radicular, além de

alterações químicas no solo, verificadas após a solarização. Foram

detectados maiores teores de nitrogênio amoniacal, manganês, ferro e

cobre, e menor teor de boro nos solos solarizados. As plantas de alface

colhidas nas parcelas solarizadas apresentaram maiores teores de cobre e

manganês.

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Em experimento conduzido pela mesma equipe em Piracicaba,

SP, também foi observado maior vigor das plantas solarizadas, com

maior massa fresca, maior largura e comprimento do sistema radicular,

sendo detectados maiores teores de K, Mg e Zn. Neste local também o

controle de plantas daninhas foi muito eficiente.

11. Referências Bibliográficas

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cap.15, p.309-350.

MANEJO INTEGRADO:OPÇÃO OU NECESSIDADE PARA SE CULTIVAR

HORTALIÇAS EM AMBIENTE PROTEGIDO

Professora . Rumy Goto

Eng. Agrônoma, UNESP/Faculdade de Ciências Agronômicas-Campus

de Botucatu/ Depto. Prod. Vegetal. Cx.Postal 237, CEP 18603-970,

Botucatu, SP. Tel. (14) 6802-7172/7203. e-mail: [email protected]

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1. Introdução

A tecnologia do cultivo de hortaliças em ambientes protegidos,

com a cobertura de filmes plásticos, foi introduzida no Brasil há cerca de

20 anos atrás, ou seja, em meados da década de 80. Esta levou,

inicialmente muitos produtores a terem ilusões de lucros incalculáveis,

fazendo com que muitas pessoas que não eram do ramo hortícola

tentassem absorver esta nova tecnologia, colocando os produtores

tradicionais numa situação difícil. Também prejudicou os produtores a

crise econômica por que passava e passa o país, desvalorizando os

produtos agrícolas, principalmente as hortaliças.

Para se cultivar hortaliças em ambiente protegido é necessário

antes de qualquer coisa, conhecer muito bem as espécies que serão

cultivadas, principalmente quanto às exigências ambientais, nutricionais,

ou seja, conhecer as necessidades fisiológicas das hortaliças e também o

ambiente em que serão plantadas, não só em termos de região, mas o

local propriamente dito, com certo nível de conhecimento das

temperaturas reinantes (máxima e mínima) e período de maior chuva,

predominância dos ventos, culturas adjacentes, permanência com a

mesma cultura ano após ano, dentre outros. Nesses 20 anos, após

sucessos e insucessos, podemos defender que o mais recomendado é o

sistema de Manejo Integrado. Conforme BERGAMIN FILHO & AMORIM

(1999), integração é entendida como o uso harmônico de múltiplas táticas

de proteção de plantas, ou seja, depende da disponibilidade de tecnologia

adequada e o manejo refere-se a um conjunto de regras, idealmente

baseadas em considerações econômicas, sociais e ambientas, que

orientam a tomada de decisão

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Cada vez mais, em todos os segmentos da agricultura se discutem

as questões das pragas e doenças, controle, meio ambiente, qualidade de

vida, ou seja, a obtenção de um produto social e ecologicamente limpo e,

nas hortaliças é maior e é mais séria essa questão, portanto a aplicação do

Manejo Integrado nos ambientes protegidos é quase uma necessidade.

De acordo com ZAMBOLIM et al. (1999), “O manejo integrado

representa um ponto de inflexão estratégico nas ciências agrárias do fim

do século XX. Teoricamente, o manejo integrado está estabelecido como

uma realidade mundial. Na prática, o manejo integrado é realidade em

poucas áreas privilegiadas, mas ainda um sonho distante para vastas

regiões do mundo” ... .e ainda complementam “Deve-se ter em mente que

a adoção do manejo integrado não é uma alternativa, mas uma

necessidade para a conservação do meio ambiente e a própria

sobrevivência da humanidade”.

De acordo com AZEVEDO (1999), na visão da Indústria, o objetivo

é alcançar o chamado Manejo Integrado das Culturas, que pode ser

definido como a produção econômica de culturas de alta qualidade com

prioridade para métodos de cultivo ecologicamente seguros,

minimizando os efeitos secundários indesejáveis e utilizando produtos

fitossanitários que garantem a saúde humana e a preservação do

ambiente. O manejo integrado das culturas será a base da agricultura no

próximo milênio.

Esta meta pode ser aplicada em cultivos protegidos, pois se trata

de cultivar em ambientes mais controlados, de menor dimensão,

priorizando a obtenção de produtos de qualidade.

2. Medidas Básicas para o Cumprimento do Manejo

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Algumas medidas básicas são necessárias para o cumprimento e

adequação ao manejo. A instalação das estruturas deve ser sempre

observando os fatores que interferem no crescimento e desenvolvimento

das plantas como: temperatura do ar e do solo, luminosidade, umidade

relativa do ar, do solo e outros.

2.1. Instalação das Estruturas/Orientação

Uma das questões que se discute é com relação à posição das

estruturas e neste aspecto, nas nossas condições (Brasil-hemisfério sul),

não se deve levar como fator principal a posição se N-S ou L-O

(TIVELLI, 1998), pois entre as linhas de Equador e o Trópico de

Capricórnio (que passa próximo da capital de São Paulo) fatores como

vento e declividade do terreno, parecem ser preponderantes.

Essa condição de ventilação no interior da estrutura é muito

importante, pois colocar as estruturas a favor do vento, para arejar, ou

seja, melhorando a passagem de vento, favorece, dentre outros fatores, a

dissipação de calor, não acumula calor, evitando a multiplicação de

patógenos e de pragas também.

Na estrutura, é necessário observar a qualidade do filme, se está

em bom estado, sem furos, sem poeira, não impedindo a entrada de luz,

assim como podem ser colocadas telas que impedem a entrada de pragas.

2.2. Temperatura

O cultivo de hortaliças em ambiente protegido a princípio visava

a produção na entressafra (inverno) para as culturas que exigem

temperaturas mais elevadas, contudo nas condições brasileiras e pela

tradição dos nossos produtores é muito difícil cultivar somente numa

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época do ano, além do fato de não se dispor de áreas e se tornar inviável

a utilização da estrutura, de custo relativamente elevado, somente num

período do ano.

O inverno da região sudeste não é tão rigoroso e os preços das

hortaliças neste período são muito baixos. Isto permite que alguns

produtores entrem com a produção precoce de pepino, tomate e pimentão

em ambientes protegidos, normalmente produzidos nas estações do ano

em que a temperatura é mais elevada, ou seja, que exigem temperaturas

maiores para se desenvolverem. No Brasil, contudo, existem regiões que

permitem o cultivo destas hortaliças neste período crítico, pois têm o

inverno mais ameno com temperaturas mais elevadas, permitindo o

cultivo em campo aberto, sem problemas, e neste sentido há a

necessidade de se buscar outros quesitos para justificar o cultivo em

ambiente protegido.

Por outro lado, os preços das folhosas no verão são altamente

atraentes, esta é uma época em que os produtores podem utilizar as

estruturas de proteção para cultivar estas espécies, pois o nosso verão é

muito chuvoso e com certeza utilizando-se desta proteção, sempre se

consegue produtos de qualidade. Nessa mesma linha, quando se pensa

em qualidade, outras hortaliças, além das citadas anteriormente podem

ser listadas, como pepino japonês, tomate cereja, tomate caqui, pimentões

coloridos, folhosas exóticas e outros produtos, que cada produtor hoje,

em função da sua pesquisa de mercado, verifica as vantagens econômicas

para fazer sua opção.

Dessa forma, nas nossas condições (região sudeste), o que mais se

vê no campo, são produtores que têm se dedicado ao cultivo de hortaliças

no verão, e por conseqüência em condições de altas temperaturas que

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304

muitas vezes inviabilizam a produção plena de hortaliças. Por isto, neste

aspecto da temperatura é necessário que o produtor conheça muito bem a

hortaliça que quer cultivar dentro da estrutura, de preferência utilizando a

estufa do "tipo Guarda-Chuva", que tem a função de protegê- la das

chuvas, mas que também evita a excessiva elevação da temperatura, pois

para cada cultura é preciso cumprir as necessidades fisiológicas para a

obtenção de colheitas.

Nos ambientes protegidos, normalmente as temperaturas são

superiores a essa faixa, sendo necessário conhecer o manejo da

temperatura elevada neste tipo de sistema para adequá- la às culturas e,

inclusive se possível tornando o ambiente desfavorável aos patógenos.

Como fazê- lo?

Para a maioria dos casos a prioridade é o tipo de estrutura, pois é

necessário que ela tenha um pé direito alto (3,0 a 3,5m), principalmente

quando se pretende cultivar plantas com a arquitetura mais alta, como

tomateiro, cultura do pimentão e cultura de pepino. A altura do pé-direito

da estrutura deve ser de 0,50 a 1,00m maior que a máxima altura da

cultura que será conduzida (SADE, 1997).

O manejo do ambiente nos locais em que a temperatura é muito

alta é possível lançando-se mão de ventilação e/ou de nebulizadores

(fogger). A ventilação é uma opção barata e, portanto a localização das

estruturas, colocando a frente, no sentido favorável à corrente de vento, é

um dos principais pontos que deve ser atentado durante o planejamento

das estruturas.

Outro ponto a ser considerado é que as cortinas laterais devem ser

sempre móveis, sendo abertas se houver necessidade e abaixadas quando

se quiser aquecer o ambiente, fechando-se todos os lados da estrutura.

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Ainda existe outra opção para melhorar a aeração, fazendo-se a abertura

na parte superior da estrutura, permitindo a saída do ar quente, contudo,

se não houver uma abertura na parte inferior para provocar o fluxo de ar,

não haverá o efeito esperado, ou seja, tentar equilibrar a temperatura

interna à externa (ANDRIOLO, 1999). O mesmo autor relata que a

utilização de nebulizadores, como instrumento para abaixar a

temperatura, está relacionada à umidade relativa do ar ambiente. Como

exemplo, ele cita que quando um ambiente se encontra com a umidade

relativa do ar a 40% e a temperatura de 35ºC e se der condição de passar

esta umidade para 100%, a temperatura do ar diminui para

aproximadamente 21ºC. Caso a umidade relativa do ar esteja já elevada,

este efeito não ocorrerá tão significativamente, portanto sugere-se que se

faça a utilização simultânea da ventilação e do nebulizador (fogger) para

atingir o objetivo final. Se não houver o manejo adequado dos

nebulizadores, teremos efeitos negativos, pois ocorrerá o molhamento da

parte aérea da planta, que acarretará outros problemas, como doenças

fúngicas e bacterianas.

Outra prática que pode ser utilizada é a colocação das telas de

sombreamento, de 30 a 50% que, porém, apresentam o inconveniente de

reduzirem também a luminosidade, a qual, dependendo do local, poderá

interferir na fisiologia de crescimento da planta.

Um dos últimos lançamentos no mercado são as telas

aluminizadas (de 40 ou 50%) que, instaladas na altura do pé-direito de

estruturas com 3,0 a 4,0m de altura, proporcionam uma boa redução da

temperatura, sem interferir negativamente na luminosidade. Quando

comparadas às telas de sombreamento, apresentam as vantagens de

manter as temperaturas noturnas e diurnas, conservar a máxima reflexão

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306

da radiação em ambos os lados das telas, além de controlar a circulação

de ar. O custo deste material ainda é um pouco elevado, mas a tendência

do mercado indica que deverá haver uma redução nos preços.

Todas essas práticas são efetuadas para manter a temperatura

ideal para o crescimento e desenvolvimento normal das culturas. Por

exemplo, na cultura do tomate observa-se que a temperatura ótima média

gira em torno de 22 a 26ºC, no entanto, nas condições de cultivo

protegido ocorrem temperaturas acima de 30 a 32ºC ou até maiores,

dependendo da região de cultivo, prejudicando o pegamento de frutos,

que são o produto final. Por outro lado as temperaturas ideais para o

cultivo também são favoráveis, por exemplo, à germinação dos conídios

da Alternaria (entre 26 a 30º C), cujo desenvolvimento máximo ocorre

entre 22 a 26ºC, o mesmo ocorrendo para a murcha de fusarium (28ºC ) e

a murcha de verticilium (22 a 24ºC).

O mesmo acontece para a cultura do pepino, considerada uma

cultura subtropical, que não tolera temperaturas muito baixas. Também

nesta planta, quando o ambiente alcança temperaturas extremamente

elevadas, vários distúrbios fisiológicos podem ocorrer, como

entortamento de frutos, aborto de flores e frutos em conseqüência de má

absorção de nutrientes, má distribuição dos fertilizantes, descuido na

irrigação (fornecimento de água) etc... A faixa ideal de temperatura para

o crescimento vegetativo, entre 27 a 30ºC de dia e 18-19ºC à noite, ou

para a floração e frutificação, 27 a 28ºC de dia e 18-19º C à noite,

também é favorável às doenças como antracnose favorecida por

temperaturas entre 21 a 27ºC. Oídio é favorecido por temperaturas

elevadas e umidade baixa, mancha angular por temperaturas na faixa de

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24 a 28º C, e didimela é favorecida por temperatura de 25ºC,

principalmente se a umidade for elevada.

Essas faixas de temperatura e a pequena oscilação de temperatura

no interior das estruturas, quando comparada com o cultivo a céu aberto,

são condições que favorecem o desenvolvimento dos insetos

(FERNANDES, 1999).

2.3. Umidade Relativa do Ar

Este é outro fator que está relacionado diretamente à temperatura

do ar, como descrito no item anterior.

Nas condições de inverno, quando as estruturas permanecem

inteiramente fechadas durante a noite a umidade poderá chegar a 100%,

condensando o vapor de água no teto e nas paredes da estrutura. Para

evita- la existem hoje no mercado os filmes anti-gotejo, que evitam este

tipo de problema.

Esta questão da umidade também vai depender de cultura para

cultura, para atender a sua fisiologia de crescimento e desenvo lvimento.

Para os patógenos também a umidade é sempre importante, pois a

maioria tem preferência pelo ambiente mais úmido do que seco, portanto

manter a umidade dentro dos limites é sempre necessário. Outro ponto

relevante é que quando a umidade é muito baixa poderá interferir na

eficiência dos produtos que são utilizados para o controle de algumas

doenças e pragas.

Um dos fatores que contribuem para elevar a umidade do

ambiente é o manejo da irrigação, por isso sempre o sistema indicado é a

irrigação localizada, onde se prevê menor perda de água, ou seja, nunca a

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água é utilizada descontroladamente, que deve ser complementado com a

utilização de mulching.

Outro fator que muitos acabam se esquecendo é com relação aos

canais de drenagem, que, quando feitos ao redor das estruturas, têm

evitado a entrada de água de chuva. Relatos de pesquisadores da Empresa

de Pesquisa Agropecuária do Estado de Santa Catarina (EPAGRI), de

Itajaí, evidenciaram a menor incidência de doenças nos tomateiros

instalados dentro de uma estrutura em que havia sido feito este tipo de

canal.

2.4. Vento

Com relação a este fator, muitos se esquecem, ao planejar a

instalação das estruturas, da proteção contra os ventos predominantes.

Sabe-se que em muitos locais esta é uma questão muito importante, pois

há notícias de produtores que perderam totalmente as estruturas, logo

após a sua instalação. Portanto os quebra-ventos com cercas vivas, telas

de sombreamento, varas de bambu e outros materiais poderão ser

utilizados para este fim.

Além deste fator de proteção das estruturas, este tipo de proteção

também preserva a longevidade dos filmes, pois o vento é um dos

agentes que pode degradar os filmes. TIVELLI (1998) cita SADE (1994)

que afirma que dentro do ambiente protegido a velocidade de vento deve

ser menor que 1,0 m/minuto e deve haver uma área de 10 a 30% de

abertura para ocorrer troca de ar.

2.5. Outras Medidas Culturais

Recomendações:

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Evitar o cultivo de outras espécies de flores e arbustos para não

servir de refúgio ou hospedeiras para as pragas.

Evitar plantios contínuos com a mesma espécie.

Eliminar restos de cultura e plantas daninhas tanto de dentro das

estruturas como externamente, bem como a retirar os plásticos velhos.

Realizar análise do solo e da água, principalmente a análise

patológica de água de irrigação, pois se sabe que determinados fungos

como Pythium spp. e Phytophtora spp. podem ser transmitidos pela água.

Utilizar cultivares ou híbridos resistentes.

Realizar todos os tratos culturais de acordo com a idade e a

necessidade da planta.

Efetuar as adubações em cobertura bem equilibradas, tentando

evitar receitas, e sim acompanhar o crescimento e o desenvolvimento das

culturas.

Eliminar partes da planta ou plantas contaminadas por fungos,

bactérias e vírus, e efetuar a retirada das mesmas da área de plantio.

Reconhecer as pragas chave e os inimigos naturais das culturas de

interesse econômico. Utilizar armadilhas luminosas com feromônio para

atração de machos da traça do tomateiro (FERNANDES, 1999) e se

possível aplicar o parasitóide Trichogramma pretiosum para controle da

traça do tomateiro (Tuta absoluta).

Evitar a entradas de pessoas estranhas no ambiente protegido.

3. Considerações Finais sobre Manejo

Para se obter sucesso no cultivo de hortaliças é necessário

preservar o solo, monitorando os níveis de fertilidade e procedendo as

análises de solo antes da implantação das culturas. O manejo do solo é

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muito importante, não devendo ser utilizada a tecnologia de "quanto mais

adubo colocar, mais se produz", ou "colocar mais adubo pois neste

sistema a produção é maior", como a maioria tem feito.

Os adubos orgânicos, os compostos orgânicos, a adubação verde e

a rotação de culturas são tecnologias que não podem ser esquecidas para

quem quer produzir sempre, mais e com alta qualidade.

Outro fator a ser lembrado neste final, seria a utilização correta

das coberturas dos canteiros com filmes plásticos de coloração preta,

prata, branca/prata, preta/prata e outros que, de certa forma, absorvem a

radiação infra-vermelha de comprimento de onda longa. Estes e outros

filmes de cobertura de estruturas têm sido pesquisados fora do Brasil e

apresentam alguns resultados nas nossas condições.

Há uma necessidade muito grande de mais pesquisas nessa área,

envolvendo as indústrias e os institutos de pesquisa e ensino.

4. Literatura Consultada

ANDRIOLO, J.L. Fisiologia das culturas protegidas. Santa Maria,

Editora UFSM, 1999. 141p.

AZEVEDO, L.A. O manejo integrado de doenças e pragas do ponto de

vista da indústria de defensivos. In: Encontro sobre Manejo

Integrado de Doenças e Pragas., Viçosa, UFV, 1999 p.3-5

BERGAMIN FILHO, A. & AMORIM, L. Manejo integrado: problemas

conceituais para sua aplicação na fitopatologia. In: Encontro sobre

Manejo Integrado de Doenças e Pragas. Viçosa, UFV, 1999 p.6-29.

TIVELLI, S.W. Manejo do ambiente em cultivo protegido. In: GOTO, R.;

TIVELLI, S.W. Produção de hortaliças em ambiente protegido:

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condições subtropicais. São Paulo, Fundação Editora da UNESP,

1998. p. 15-30.

MARTINS, S.R. ; FERNANDES, H.S.; ASSIS, F.N. ; MENDEZ, M.E.G.

Caracterização climática e manejo de ambientes protegidos: a

experiência brasileira. Inf. Agropec., 20: 15-23, 1999.

SADE, A. Cultivo bajo condiciones forzadas - Nociones gererales.

Rejovot, Israel, 1997.144p.

ZAMBOLIM, L.; COSTA, H.; VALE, F.X.R Táticas de controle no manejo

integrado de doenças. In: Encontro sobre Manejo Integrado de

Doenças e Pragas. Viçosa, UFV, 1999 p.69-98.

MANEJO DA RESISTÊNCIA DO CARRAPATO BOOPHILUS MICROPLUS A

ACARICIDAS

Pesquisadora Científica Márcia Cristina Mendes

Bióloga, Centro de Sanidade Animal, Instituto Biológico. Av.

Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Cx. Postal 12898, CEP 04010-970,

São Paulo, SP Fone: (11) 5087 1779. E-mail: [email protected]

1. Introdução

O carrapato do boi, Boophilus microplus é um problema na

pecuária bovina uma vez que as condições ecológicas favoráveis aos

carrapatos, associadas às sensibilidades raciais do rebanho a infestações

por carrapatos, abrangem praticamente todo o território brasileiro.

Controlar o carrapato significa manter reduzida a população,

entretanto este conceito não está sendo bem empregado, pois envolve o

manejo correto dos animais e a aplicação do carrapaticida próprio para

determinada população de carrapato e sua dosagem adequada.

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Verifica-se que o foco do problema está numa melhor

administração da propriedade o que leva consigo uma visão mais ampla

do trabalho, tendo não só como ponto de vista o lucro mas o serviço à

saúde pública que se beneficiará com um produto de qualidade. Isto leva

consigo a formação humana e técnica dos que exercem diretamente este

trabalho.

2. Controle do Carrapato Boophilus microplus

2.1. Conhecimento da Biologia e Hábito do Parasita

A espécie Boophilus microplus necessita obrigatoriamente passar

por uma fase de sua vida sobre o bovino, onde ingere linfa, substratos

teciduais e sangue. Esta fase tem uma duração média de 21 dias. Outra

fase passa-se fora do hospedeiro na qual a fêmea realiza a postura (entre

2000 a 3000 ovos). No período de 3 a 4 semanas as larvas começam a

sair. Dois ou três dias posteriores ao nascimento, elas já estão no talo da

planta mais próxima, a espera de seu hospedeiro (LEITE,1996)

Os fatores temperatura e umidade relativa determinam maior ou

menor tempo de duração parasitária e da fase de vida livre. A infestação

dos bovinos começa na primavera, aumenta no verão e tem o pico no

outono. No inverno ocorre uma diminuição do parasitismo, isto é, um

aumento do período de duração das fases de vida livre e parasitária.

2.2. Controle Químico

O controle do alto nível de infestação do carrapato tem sido

realizado diretamente no seu hospedeiro empregando produtos químicos

que passam a agir sobre larvas, ninfas e principalmente sobre a forma

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adulta evitando a postura de ovos viáveis e consequentemente a

reinfestação do pasto pelas larvas.

A escolha do carrapaticida deve ser feita de forma racional, isto é,

verificar o perfil de uma amostra de carrapato colhidas de diversos

animais a fim de determinar produto mais eficaz. Normalmente se realiza

o teste usando a técnica de DRUMMOND et al.(1973), onde se verifica a

atuação do produto diretamente na fêmea, na sua postura e na viabilidade

dos ovos.

Atualmente encontramos produtos carrapaticidas à base de

formamidinas, piretróides, organofosforados, avermectinas, fluazuron e

fipronil. Os acaricidas que apresentam ação por meio de contato são

aplicados na forma de pulverização, banho de imersão e pour-on. Já os

sistêmicos são empregados na forma injetável e pour-on.

2.3. Controle de Larvas

Um momento bastante favorável para o criador realizar o primeiro

tratamento seria no mês de agosto, período anterior a primavera, pois as

larvas que já estavam à espera do hospedeiro poderão ser surpreendidas

ao entrar em contato com o bovino banhado com acaricida. Assim ocorre

a eliminação de uma grande quantidade de larvas e as teleóginas (fêmea

adulta ingurgitada) que cairão dessa primeira infestação serão em menor

número.

2.4. Controle de Ninfas e Adultos

A aplicação do produto acaricida no hospedeiro bovino impedirá

o desenvolvimento das formas jovens para adulto e as fêmeas

ingurgitadas depois de se desprenderem dos animais poderão morrer ou

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realizar postura de ovos inférteis, dependendo do mecanismo de ação do

acaricida. Banhos acaricidas com intervalos de 21 dias impedem que uma

quantidade grande de fêmeas cheguem ao solo e continuem espalhando

suas larvas pelo pasto (LEITE, 1996)

2.5. Ineficácia do Produto Acaricida

Diante da ineficácia de um produto acaricida podemos estar

diante de vários fatores como:

Ø Aplicação incorreta do produto ou dosagem abaixo da recomendada

pelo fabricante.

Ø Ineficiência, isto é, quando o produto se mostra pouco tóxico para a

espécie no primeiro contato.

Ø Tolerância: populações que toleram maior dose do produto tóxico por

razões fisiológicas e não genéticas.

Ø Resistência: é o desenvolvimento em uma linhagem de insetos, da

capacidade de tolerar doses de produtos tóxicos que seriam letais (ou

interfeririam no ciclo de vida) para a maioria dos indivíduos numa

população normal da mesma espécie (Organização Mundial da Saúde). A

resistência resulta da seleção de genes previamente existentes na

população.

2.6. Procedimentos Diante da Suspeita de Resistência

Realizar uma inspeção do sistema de aplicação de acaricidas. Isto

inclui a entrada e saída de animais no estabelecimento e acaricidas

usados em temporadas anteriores.

Realizar uma observação direta dos animais, pois uma primeira

indicação a campo, é uma alta e anormal presença de teleóginas dos 9 aos

16 dias de banho (indica a sobrevivência da metaninfas). Uma evidencia

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mais forte, pode resultar na observação de uma alta e anormal presença

de teleóginas entre os 4 aos 7 dias depois do banho, sobrevivência de

adultos, (NARI et al.,1984).

Enviar amostras de carrapatos para Laboratórios que realizam o

diagnóstico da resistência.

2.7. Diagnóstico da Resistência

Os métodos para a detecção da resistência tem sido baseados em

técnicas clássicas de bioensaios, onde se observa a ação do carrapaticida

sobre determinados estágios evolutivos dos carrapatos em condições

simuladas de laboratório. Dentre os métodos estão os que estudam a ação

do acaricida sobre teleóginas e os que fazem sobre larvas.

O teste normalmente usado para verificar a sensibilidade, como

foi citado acima, é a técnica de Drummond , onde se utiliza o estágio de

B. microplus que é menos sensível a sofrer variações induzidas pelo

laboratório. A coleta pode ser feita imediatamente antes que os bovinos

sejam banhados, as teleóginas tem que ser extraídas de vários bovinos e a

amostra deve ser mais numerosa possível.

O método em que se utiliza o estágio de larva serve para indicar a

resistência do carrapato. A técnica recomendada pela FAO consiste na

exposição das larvas a superfícies impregnadas com diferentes

concentrações do acaricida (técnica de STONE & HAYDOCK, 1962). Os

dados obtidos deste teste (contagem de larvas vivas e mortas) serão

usados para verificar a concentração letal de 50% e 99% de cada

acaricida, o qual deve ser comparado com os respectivos valores de uma

cepa sensível padrão.

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O calculo do fator de resistência é obtido pela relação da

concentração letal de 50% da cepa de campo pela concentração letal de

50% de uma cepa sensível. Através de um gráfico pode-se verificar

populações homozigotas (tendência a dar linha reta) ou heterozigotas

tendem a da curvas sinuosas.

Empregando técnicas bioquímicas pode-se diagnosticar e

determinar o tipo de resistência através do sítio de ação alterado e

desintoxicação aumentada. Esta técnica permite determinar a freqüência

de genótipos possíveis através da variação das atividades enzimáticas

(BRACCO,1998).

2.8. Controle da Resistência

Quando a resistência é identificada numa propriedade deve-se

manter um monitoramento da população empregando-se as seguintes

estratégias (de acordo com NARI, et al. 1984):

Controle da População através de Testes Biológicos e

Bioquímicos.

Uso moderado do carrapaticida para evitar uma grande pressão de

seleção por menor contato com os acaricidas, pois genes resistentes se

mantém misturados em uma grande população de indivíduos susceptíveis

e a resistência dilata seu aparecimento. Isto se consegue banhando os

animais somente quando há grandes populações de carrapatos adultos e a

baixa freqüência .

Estratégia de saturação, pois as doses de um acaricida que mata os

indivíduos sensíveis (rr,rr), pode estar muito próxima da que mata a

heterozigotos resistentes(rr,Rr). Portanto, convém utilizar produtos

químicos a concentrações altas para matar todos os sensíveis e a maior

quantidade possível de heterozigotos resistentes. Assim diminui os

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indivíduos heterozigotos abaixando ao máximo as possibilidades de que

se combinem entre eles dando indivíduos altamente resistentes. Estes

genes ao estar em uma freqüência mais baixa demoram mais em

manifestar-se. Para tanto é necessário realizar banhos freqüentes em

concentrações altas.

Rotação ou Descanso de Pastagem:

Quanto mais tempo as larvas ficarem à espera de seu hospedeiro

menor será seu poder infestante. Fazendo uso de rotação ou descanso de

pastagens, com um prazo mínimo de 30 dias, o pecuarista consegue uma

ajuda bastante significativa (LEITE,1996).

Uso de capim gordura (Melinis minutiflora) desfavorece a subida

das larvas sobre suas hastes que são extremamente pilosas além de liberar

secreção nas folhas que pode eliminá- las. Também o capim colonião

(Panicum maximum) favorece o controle, criando espaços por onde os

raios solares penetram e dessecam ovos e larvas. Utilizar raças de

bovinos resistentes. Controle da entrada e saída de bovinos da

propriedade.

3. Referências Bibliográficas

BRACCO, J. E, Avaliação da resistência a inseticidas em população de

Culex quinquefasciatus (Diptera: Culicidae) do Rio Pinheiros (São

Paulo, Brasil). Tese de Mestrado Universidade de São Paulo, 1998.

DRUMMOND, R. O, ERNST, S.E, TREVINO,WJ.L, GLADNEY, W.J. AND

GRAHAM, O H.; Boophilus annulatus and Boophilus microplus:

Laboratory testes of insecticides. J. Econ. Entomol., 66, n.1, 1973.

LEITE, R.C, O carrapato no Brasil. Gado Holandês, 29 n.45, 1996.

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NARI, A; CARDOSO,H. Y PETRICCIA,C.; Resistencia de Boophilus

microplus a los acaricidas organofosforados en el Uruguay.

Veterinaria 20 (86-87), 1984.

STONE, B.F. & HAYDOCK, K.P., A method for measuring the acaricide

susceptibility of the cattle tick Boophilus microplus (Can.). Bull.

Entomolog. Res. 53, 563-578. 1962.

CLOSTRIDIOSES NA ESPÉCIE OVINA

Pesquisadora Científica Lucia Baldassi

Médica Veterinária, Instituto Biológico, Centro de Sanidade Animal. Av.

Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Cx. Postal 12898, CEP 04010-970,

São Paulo, SP. Tel.: 5087 1721. E-mail: [email protected]

As bactérias de interesse médico são grosseiramente

categorizadas em aeróbios e anaeróbios, de acordo com suas exigências

em relação ao oxigênio que é utilizado para gerar energia a ser

empregada nos seus mecanismos de metabolismo e crescimento.

Considerando-se apenas a necessidade e tolerância ao oxigênio teríamos

os aeróbios obrigatórios, os anaeróbios estritos e os intermediários entre

estes. Os aeróbios obrigatórios seriam aqueles que não se desenvolvem

sem a presença de oxigênio molecular enquanto os anaeróbios estritos

não se desenvolvem na presença deste.

Os anaeróbios, categoria dos clostrídios, são bactérias que se

desenvolvem em ambientes onde haja baixa tensão de oxigênio. A

maioria dos anaeróbios patogênica é parte da flora normal do organismo

sendo patógenos oportunistas. Assim infecções por anaeróbios podem

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ocorrer em qualquer parte do corpo que ofereça condições favoráveis

para o seu desenvolvimento.

Muitos dos processos infecciosos que afetam as explorações

ovinas e bovinas são produzidos por bactérias do gênero Clostridium.

Os Clostridium estão amplamente distribuídos pela natureza.

Comumente são encontrados no solo, esterco, sedimentos marinhos,

vegetação em decomposição, produtos animais e vegetais, infecções em

tecidos moles e no trato intestinal do homem e animais, outros

vertebrados e insetos.

As infecções por anaeróbios podem ser desencadeadas por vários

fatores: intervenções cirúrgicas, traumas, isquemias vasculares, necroses

de tecido, tumores, presença de bactérias aeróbias e anaeróbias, etc.

Estas bactérias apresentam como principal característica a

formação de endosporos, o que lhes confere alta resistência permitindo

sua sobrevivência no solo por longos períodos. Determinam várias

patologias: gangrenas gasosas nas quais predomina a mionecrose e

toxemia; enterotoxemias que afetam o trato intestinal e órgãos

parenquimatosos e desordens neurotrópicas nas quais o sistema nervoso é

o primariamente afetado.

Gangrenas Gasosas

Ø Manqueira e Edema Maligno

As gangrenas gasosas caracterizam-se por necrose do tecido

muscular.

Geralmente as grandes massas musculares são as mais atingidas

embora possam afetar a base da língua, músculo cardíaco, diafragma ou

mesmo o úbere.

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Durante a multiplicação do agente há toxemia com formação de

gás.

A Manqueira, carbúnculo sintomático, black leg, black quarter ou

quarto inchado se constitui em um tipo de gangrena gasosa. Além dos

ovinos, várias espécies animais podem ser acometidas: bovinos, caprinos,

peixes e baleias. Os suínos são raramente afetados e o homem e eqüídeos

são considerados resistentes. O agente etiológico é o Clostridium

chauvoei, que à exceção dos demais clostrídios não é encontrado no solo.

Os animais jovens são os mais atingidos, ocorrendo entre os 3 meses e 2

anos de idade.

O Edema Maligno, gangrena gasosa causada pelo C. septicum, C.

novyi tipo A, atinge os ovinos e também os eqüinos, bovinos e suínos,

ocorrendo em qualquer fase da vida do animal.

O C. chauvoei pode ser ingerido com o alimento ou inoculado por

qualquer intervenção, enquanto os outros são introduzidos por

intervenções. Porém, qualquer que seja a porta de entrada passam para o

sangue e tecido muscular afetado onde se multiplicam produzindo as

toxinas e gás. Todos produzem uma série de toxinas letais, hemolíticas e

necrotizantes. O quadro clínico apresentado está relacionado à

multiplicação do agente, ao gás e às toxinas produzidas. A lesão é

acompanhada de edema, hemorragia e necrose miofibrilar, exalando

acentuado odor rançoso (C. chauvoei) ou pútrido (C. septicum e C. novyi

tipo A). Clinicamente o animal apresenta temperatura elevada, anorexia e

depressão e quando o músculo atingido é o de um dos membros observa-

se a manqueira, que confere o nome à enfermidade. Inicialmente o local

afetado é quente, dolorido e crepitante. Com a evolução da doença o

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local torna-se frio e indolor. A morte é quase sempre inevitável e

ocorre em 2 horas ou até 2 dias.

Enterotoxemias e Desordens Hepáticas

Ø Hemoglobinúria Bacilar ou Urina Vermelha

Enfermidade que ocorre em áreas geográficas úmidas, onde há

Fasciola hepatica (parasita hepático).

As infecções subclínicas permitem a disseminação do C. novyi

tipo D pelas fezes, embora seja pouco encontrado no solo e trato

intestinal. Uma vez ingerido, o agente é levado ao fígado que pelos danos

determinados pelas fascíolas fornece condições à multiplicação desta

bactéria. As membranas apresentam-se ictéricas, há edema submaxilar e

de conjuntiva, além de urina e fezes sanguinolentas, pela ação da toxina,

que provoca a destruição dos eritrócitos. Em geral o animal é encontrado

morto, mas pode levar à morte em 2 a 3 dias.

O controle da enfermidade deve ser iniciado com a eliminação

dos caramujos, o que impedirá a sobrevivência das fascíolas. A

vacinação é recomendada somente em regiões onde ocorre a doença e

deve ser repetida a cada 6 meses.

Ø Hepatite Necrótica ou Doença Negra

Determina morte súbita. Nos bovinos está associada a infestação

por fascíolas e nos ovinos e suínos é desencadeada por degeneração

gordurosa do fígado decorrente de sistemas intensivos de alimentação. A

bactéria responsável é o C. novyi tipo B. Ocorre edema provocado por

grande quantidade de fluidos que se depositam nas cavidades do

organismo. Nas ovelhas os vasos sangüíneos se rompem deixando o

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sangue enegrecido se depositar no sub-cutâneo, o que confere o nome à

enfermidade.

Doenças Intestinais

Apresentam como fatores desencadeantes as bruscas mudanças

alimentares, voracidade, excesso alimentar e de carboidratos. As

enterotoxemias são determinadas pelo C. perfringens que é classificado

em 5 tipos: A, B, C, D e E.

Os tipos B e C causam processos entéricos: desinteria e

enterotoxemia neonatal em cordeiros, também denominadas intestino

purpúreo, pela cor azul do sangue enegrecido. A dor abdominal é intensa

e a diarréia, com sangue, é escura levando o animal à morte em horas ou

semanas. Os sinais clínicos são causados por três toxinas: alfa, beta e

épsilon. O tipo C produz também pequena quantidade de enterotoxina.

O tipo D que produz as toxinas alfa, épsilon e enterotoxina

determina um quadro severo de enterotoxemia que leva os ovinos à morte

súbita (1 a 2 horas).

Doenças Neurotrópicas

Ø Tétano

É desencadeado por castração, descorna, tosquia, parto e

contaminação umbilical. As toxinas são formadas nas feridas,

contaminadas com esporos do C. tetani, são distribuídas pelo organismo

atingindo a medula e o cérebro. A ação da toxina determina os sintomas

se iniciam por ansiedade, espasmos e cãibras seguidos por rigidez geral,

que impede a locomoção do animal. Há um aumento da sensibilidade e

excitabilidade até que ocorra parada respiratória e morte.

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Ø Botulismo

O botulismo é uma manifestação neuroparalítica provocada pela

ação da toxina do C. botulinum. Atinge principalmente as fêmeas prenhes

e em lactação. Animais deficientes em fósforo se intoxicam ingerindo

ossos para repor a carência uma vez que, com estes, ingerem também a

toxina. Outras fontes da toxina são águas estagnadas e silagens contendo

carcaças de animais.

Os sinais clínicos e o curso da enfermidade dependem da

quantidade de toxina ingerida. Observa-se desde morte rápida até

incoordenação motora, determinada por paralisia que progride até a

morte, que ocorre por parada respiratória.

À necropsia não se verificam lesões significativas que possam

permitir um diagnóstico. O diagnóstico laboratorial, feito pela

determinação da presença da toxina botulínica no soro sangüíneo,

conteúdo ruminal e intestinal do animal doente, é fundamental uma vez

que a raiva e outras enfermidades transmissíveis também apresentam

sinais neurológicos.

Ø Prevenção e Tratamento das Clostridioses

Embora os clostrídios sejam sensíveis à penicilina e antibióticos

de amplo espectro, em geral a infecção é verificada em estágio avançado

ou os animais são encontrados mortos, o que dificulta o tratamento.

Assim a prevenção que é o mais importante no controle das clostridioses,

está relacionada a cuidados de manejo.

Como manejo entende-se alimentação equilibrada e controlada,

higiêne ambiental (disposição adequada de carcaças) e de rebanho

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quando se pratica qualquer intervenção (vacinação, vermifugação,

tosquia, castração), incluindo-se ainda a vacinação indicada. Para a

vacinação estão disponíveis no mercado vacinas específicas (tétano e

botulismo) e polivalentes para as gangrenas gasosas que devem ser

administradas a partir dos 3 meses de idade, um reforço um mês após e

revacinação anual.

O diagnóstico clínico deve ser confirmado pelo exame

laboratorial, portanto o animal deverá ser necropsiado logo após a morte

ou sacrifício, as lesões observadas e amostras coletadas para análise.

Ø Coleta e Remessa de Amostras

q Para o exame bacteriológico (identificação do agente):

q Punção local (quando se observar aumento de volume) com

seringa e agulha esterilizadas, retirar a agulha, vedar a seringa e

encaminhá- la sob refr igeração. Fragmentos de fígado, rins, músculo

cardíaco e intestinos com conteúdo e amarrados ou qualquer órgão

apresentando alteração devem também enviados sob refrigeração.

q Para determinação da toxina:

q Soro sangüíneo, conteúdos digestivos e alimentos sob

refrigeração.

q Para exame anátomo-patológico (identificação das lesões):

q Pequenos fragmentos dos locais com alterações ou de fígado, rins,

intestinos em formol a 10 ou 20% em temperatura ambiente.

Referências Bibliográficas

CARTER,G.R.; CHENPAPPA, M.M. Essentials of veterinary bacteriology

and mycology. Lea & Febiger, Philadephia, 1991, 4e.

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BIBERSTEIN, E.L.; ZEE, Y.C. Review of veterinary microbiology.

Blackwell Scientific Publication Inc. Boston, 1990.

HATHEWAY, C.L. Toxigenic clostridia. Clin. Microbiol. Vet. 3: 66-98,

1990.

NIILO, L.C. C. perfringens in animal diseases: a review of current

knowledge. Can. Vet. J., .21: 141-8, 1980.

SMITH, L.D.S. Botulism: the organism, it’s toxins, the disease. Charles

C. Thomas. Illinois, 1977.

EIMERIOSE OVINA

Pesquisadora Científica Márcia M. Rebouças

Bióloga, Instituto Biológico, Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252,

Cx. Postal 12898, CEP 04010-970, São Paulo, SP Fone: (11) 5087 1790.

E-mail reboucas@biologico .br

A eimeriose, também chamada coccidiose, é uma doença causada

por protozoário do gênero Eimeria, provoca alterações intestinais que

ocasionam falta de apetite e, consequentemente, diminuição no

desenvolvimento corporal e, por vezes, a morte. Os animais jovens que

se recuperam são constantemente reinfestados, mas nem sempre sofrem

danos, devido a capacidade de adquirir imunidade, porém, tornam-se

fontes de infecção para outros animais. Inúmeras espécies do gênero

Eimeria infectam animais da espécie ovina, determinando sérios

prejuízos à ovinocultura em decorrência dos altos índices de morbidade e

mortalidade constatados em animais jovens com idade ao redor de dois a

seis meses. No Brasil, os estudos sobre eimerias em ovinos foram

iniciados em 1936. Sendo, no correr dos anos, identificadas as seguintes

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espécies de Eimeria: E. faurei, E. arloingi, E. intricata, E. parva, E.

ahsata, E. ovinoidalis, E. crandallis, E. pallida, E. punctata, E.

granulosa, E. gilruthi e E. bakuensis.

A coccidiose acomete com mais freqüência animais em condição

de estresse, como: mudanças climáticas, nutrição indevida, provocando a

queda da resistência do animal. Neste momento, o animal parasitado por

eiméria, sofre as conseqüências dessa parasitose.

As infecções podem ser mistas, isto é por várias espécies ou

podemos encontrar uma só espécie parasitando o animal.

Essa parasitose é ocorre em animais jovens de 15 dias a 3 meses

de idade e incide em criações onde as condições sanitárias são precárias.

Os animais adultos resistem a infecção e tornam-se portadores e

disseminadores do protozoário.

Os ovinos adquirem a parasitose quando ingerem oocistos

infectantes, isto é, já matudos, misturados na água de bebida ou ração. A

gravidade da infecção depende do número de oocistos ingeridos e da

espécie de eiméria considerada. As infecções por uma única espécie são

muito raras. Sempre vai predominar as infecções mistas.

As várias espécies de eimeriídeos, na fase endógena (fase dentro

do hospedeiro), são parasitas de células intestinais e dentre elas, algumas

são consideradas mais patogênicas que outras.

O curso da infecção e o quadro clínico sofrem influência do poder

patogênico e da localização, intestino delgado ou grosso.

Os oocistos, formas infectantes do parasita, podem permanecer

viáveis no meio ambiente por períodos longos, desde que as condições de

temperatura e umidade sejam adequadas.

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A dessecação, o calor, o congelamento e as temperaturas

moderadamente altas atuam sobre os oocistos fazendo-os perder a

infeccciosidade. Os oocistos maturos resistem mais do que os imaturos.

O meio propício, úmido, oxigenado, sombreado, livre de bactérias

e com temperatura oscilando de 2ºC a 38ºC, fornece aos oocistos

condições ótimas de sobrevivência.

A esporulação dos oocistos é impedida pelas fermentações e pela

putrefação; estes fatores, quando em grau elevado podem determinar a

morte dos oocistos imaturos e maturos.

O desenvolvimento dos oocistos é auxiliado pelas substâncias

químicas que normalmente são empregadas para a desinfecção dos

ambientes. Elas têm atuação sobre os microorganismos responsáveis pela

putrefação e fermentação e desta forma favorecem, pelo fato de

eliminarem elementos que competiriam no consumo de oxigênio, o

completo desenvolvimentos dos oocistos.

Os oocistos das eimerias são extremamente resistentes a muitos

sais, ácidos e bases. São necessárias concentrações relativamente altas de

formol, ácido sulfúrico, hidróxido de amônea e creosol para impedir a

esporulação dos oocistos.

Certos compostos, como, por exemplo, solução de amônea em

concentração alta, exercem ação local sobre os oocistos. Pode-se usar a

solução a 10% obtida a partir de uma solução forte de amômea.

O ciclo evolutivo varia ligeiramente conforme a espécie

considerada. A infecção ocorre após a ingestão de oocistos esporulados e

viáveis junto com a água de bebida ou alimentos. Após a ingestão, os

oocistos sofre a ação de enzimas digestivos produzidas pelo estômago,

intestinos, duodeno e pâncreas, determinam o rompimento da cutícula

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dos oocistos e dos esporocistos liberando os espozozoítos. Mais

precisamente, seria a tripsina a enzima específica e determinante do

rompimento dos envoltórios e uma série de fatores são levados em

consideração durante a fase de liberação dos esporozoítos: concentração

do íon hidrogênio, temperatura, atividade tríptica etc.

Após a liberação, os esporozoítos invadem diretamente as células

epiteliais do intestino favoráveis ao desenvolvimento.

O parasita, após sua penetração, cresce e agora denominado

trofozoíto torna-se arredondado e aumenta de tamanho. A célula

parasitada tem seu tamanho aumentado a fim de acomodar o parasita,

apresentando o núcleo deslocado para a periferia. Em poucas horas o

núcleo do torfozoíto se divide por esquizogonia e forma-se o esquizonte.

Esta fase é chamada de primeiro estágio ou esquizonte de primeira

geração, a fim de ser diferenciado daqueles que irão se formar durante a

seqüência do ciclo evolutivo. Em equizogonia o citoplasma do

esquizonte ainda não se dividiu mas, após um curto período de tempo,

segmenta-se ao redor de núcleos recém formados a fim de produzir

merozoítos de primeira geração. Em ectopoligenia a coordenação de

material ao longo da membrana do blastóforo oposta ao núcleo, há

elevação cônica da superfície do blastóforo cercando a membrana interna

e conoides. A extremidade anterior elongada do merozoido contem

corpos densos e há invaginação da membrana do blastóforo em volta do

núcleo. O merozoito fica quase que completamente desenvolvido e ainda

ligado à porção final do blastóforo. O merozoito fica livre após a

separação do blastóforo que permanece como um corpúsculo residual

De início os merozoítos são arredondados, mas rapidamente se

alongam transformando-se em organismos fusiformes, com citoplasma

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granuloso e núcleo arredondado e centralizado. O número de merozoítos

contidos no esquizonte varia de acordo com a espécie de eimeria

considerada.

Após a maturação os merozoítos são liberados do esquizonte,

invadem novas células e dão continuidade ao ciclo evolutivo, formando

novos esquizontes ou se diferenciam em formas sexuadas e produzem os

gametócitos masculinos e femininos.

Os microgametócitos (machos) aumentam de tamanho, sofrem

divisão múltipla e formam numerosos microgametas. O macrogametócito

(fêmea) cresce mais do que o microgametócito. Um único macrogameta é

formado a partir de cada merozoíto de segunda geração. O oocisto

formado é liberado do interior do tecido hospedeiro e passa, com as

fezes, para o meio externo.

O período que medeia entre a ingestão de oocistos esporulados e

viáveis até o aparecimento do primeiro oocisto nas fezes é denominado

período pré-patente. A duração deste período é variável de acordo com as

espécies de eimeria e serve como elemento auxiliar para a identificação.

A pré-patência varia de 5 a 10 dias, dependendo da espécie de

eiméria.

Nas infecções agudas observa-se diarréia, sede intensa,

diminuição do apetite, distensão do abdome, emaciação, esgotamento

rápido, podendo morrer de modo repentino um grande número de

animais. A morte pode sobrevir sem sintomas aparentes ou após 4 a 8

dias com fenômenos entéricos.

Na realidade, a doença parece ter um curso fulminante, isto é

grande número de animais morrem sem sintomatologia aparente.

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Segundo autores, 24 horas antes da morte grande parte dos animais

apresentam diarréia severa.

Na forma crônica da infecção o curso é mais lento, a diarréia

alterna-se com períodos de constipação, sobrevem meteorismo, os

animais enfraquecem de modo profundo e logo surgem convulsões e

paralisias gerais. As convulsões são devidas, possivelmente, a ação

tóxica de produtos metabólicos. A morte sobrevem após um período de 3

a 4 meses.

As eimérias determinam inflamações severas na mucosa

intestinal, com conseqüente aparecimento de secreção mucosa. A mucosa

do intestino delgado mostra inúmeras listras e pontos brancos. A medida

que a infecção progride observa-se ulcerações na mucosa, com infiltração

dos tecidos.

Os efeitos patológicos determinados pelas eimerias são

normalmente atribuídos a distúrbios de nutrição que surgem como

conseqüência dos danos mecânicos sofridos pela mucosa intestinal.

Porém, parte dos danos podem ser devidos a produção de substâncias

tóxicas após o processo que se instala na mucosa do trato intestinal e, por

vezes no abomaso como é o caso da Eimeria gilruthi.

O diagnóstico baseia-se no encontro de formas do parasita em

esfregaços intestinais e nas fezes.

A mera presença de oocistos nas fezes não permite assegurar que

o animal está doente, mas, o encontro deles associado a outros dados,

principalmente obtidos durante a anamnese e necropsia de um animal ou

mais, podem nos fornecer elementos suficientes para firmar o

diagnóstico, Deve-se ter em mente que durante a fase aguda da infecção

os oocistos podem não estar presentes nas fezes.

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Quando se suspeita de eimeriose é sempre útil realizar exames de

fezes através da técnica de enriquecimento por flutuação, utilizando-se

para isso soluções concentradas de cloreto de sódio ou açúcar.

A fim de melhorar os resultados obtidos no exame anterior é

sempre conveniente diferenciar as várias espécies, após cultivo em

bicromato de potássio a 2%. A identificação precisa da espécie nos

permite ter uma idéia da patogenicidade da eiméria em observação.

Os oocistos das eimérias possuem numerosas características

morfológicas – forma, tamanho, cor, presença ou não de micrópila, de

resíduo oocistítico, de resíduo esporocístico, corpúsculo polar, corpo

stieda – que facilitam a identificação. Nestes casos, associa-se o tempo de

esporulação às características da infecção.

Em relação a profilaxia, deve-se ter em mente que os oocistos

apresentam grande resistência quando no meio ambiente e que a umidade

favorece a esporulação.

As informações que se seguem auxiliarão na obtenção de

ambientes de criação livres de animais com a doneça:

Ø manter as instalações adequadamente limpas e secas ( comedouros,

bebedouros e o ripado onde os animais se protegem da noite;

Ø o ripado deve ser distante do solo a fim de facilitar a retirada das

fezes, que devem ser removidas com freqüência;

Ø evitar que os animais tenham acesso ao interior dos comedouros e

bebedouros;

Ø deslocar os animais em gestação para ambientes limpos e

desinfetados;

Ø os animais jovens, após a desmama, devem ser conduzidos a lugares

limpos e separados dos mais velhos;

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Ø no inverno, manter os animais ao abrigo de correntes de ar frio;

Ø manter o ambiente interno e vizinho livre de insetos, roedores, aves

etc;

Ø os objetos de madeira contaminados podem ser esterilizados pela

água fervente ou pelo calor seco; os metálicos, pela ação de uma chama

ou esterilização a temperatura de 50ºC;

Ø isolar animais cujo diagnóstico for positivo para eimeriose;

Ø somente incorporar ao rebanho novos animais, cujos exames para

eimeriose sejam negativos. Quando positivos trata- los primeiramente;

Ø utilizar medicamentos coccideostáticos administrados na ração ou na

água de bebida.

O controle da eimeriose ovina baseia-se no melhoramento da

higiene na criação e das normas de manejo. Boa alimentação é

fundamental. Deve-se proceder regularmente exames de fezes para se

aquilatar as condições de saúde do rebanho.

Literatura Consultada

BATISTA NETO, R.; LOPES, C.W.G.; GRISI, L. Macromerontes de um

coccidia no abomaso de ovinos. Arq. Flum. Med. Vet., 2 :49-50,

1987

REBOUÇAS, M.M.; AMARAL, V.; TUCCI, E.C.; ALBERT, A.L.L.;

MURAKAMI, T.O. Identificação de espécies do gênero Eimeria

Schneider, 1875, parasitas de ovinos nos Municípios de Presidente

Prudente, Guaratinguetá e Jardinópolis, São Paulo. Arq. Inst. Biol.,

64: 5-10, 1997.

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YAKIMOFF, V.L. Coccidios dos animais domésticos do Brasil. Arq. Inst.

Biol., São Paulo, 7: 167-187, 1936.

DOENÇAS DA REPRODUÇÃO

Pesquisadora Científica Edviges Maristela Pituco

Médica Veterinária, Instituto Biológico - Centro de Sanidade Animal,

Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Cx. Postal 12898, CEP 04010-

970, São Paulo, SP Fone: (11) 5087 1772. E-mail: [email protected]

1. Rinotraqueíte infecciosa dos bovinos/vulvovaginite pustular

infecciosa (IBR/IPV)

O Herpesvírus Bovino tipo-1 (BHV-1), classificado na família

Herpesviridae, subfamília Alphaherpesvirinae, gênero Varicellovirus

(ROIZMAN et al., 1995), é conhecido como o agente causal da

Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR). De acordo com a análise do

genoma viral, dois subtipos podem ser distinguidos: HVB-1.1 e HVB-

1.2. Estas variações não são detectadas por métodos sorológicos

convencionais, pois todas as amostras do HVB-1, se mostram idênticas.

Os subtipos HVB-1.1 e HVB-1.2 apresentam uma correlação parcial

entre a origem clínica de seu isolado e seu subtipo molecular. O subtipo

1, compreende a maioria dos isolados do trato respiratório e o 2 a maioria

das cepas genitais. A associação entre o subtipo e a forma da doença

deve, portanto, ser interpretada com muita prudência.

Em bovinos, o BHV-1 provoca uma variedade de sinais clínicos:

respiratório (rinotraqueíte em animais jovens e adultos, aborto,

conjuntivite) e genital (vulvovaginite pustular nas fêmeas, balanopostite

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nos machos). O vírus é igualmente responsável por nascimento de

animais débeis e quadros de enterite, causando a morte de neonatos

(LEMAIRE et al., 1994).

O BHV-1 aparece de forma endêmica em todos os Continentes,

porém, são poucos os países que desenvolvem programa de erradicação,

a exemplo, Alemanha e Holanda, ou, que após aplicação destes, se

encontram livres ou virtualmente livres do BHV-1, como Dinamarca,

Noruega, Suécia, Finlandia, Suíça e Áustria. No Brasil, a IBR foi

registrada primeiramente em 1962 por GALVÃO na Bahia, sendo o BHV-

1 isolado pela primeira vez por ALICE em 1978 nesse Estado e no mesmo

ano por MUELLER em São Paulo. Desde então, vários surtos foram

relatados, provocando sérios prejuízos a pecuária nacional, especialmente

em bovinos de exploração leiteira e animais de confinamento. O impacto

econômico da IBR pode ser observado pelo retardo no crescimento de

animais jovens, menor produção leiteira, morte embrionária e fetal,

reduzida eficiência reprodutiva de matrizes e touros, além das restrições

ao comércio internacional de animais vivos e seus produtos como sêmen,

embriões e produtos de biotecnologia, previstas no Código Internacional

de Saúde Animal (OIE, 1995). A Comunidade Européia publicou, em

1991, diretrizes impondo estado soronegativo para o BHV-1 nos Centros

de Inseminação Artificial e para a importação de animais. Nos EUA, a

IBR é considerada a virose de maior importância econômica, sendo a

principal responsável por abortamentos, que podem variar de 16% a

25%. No Brasil esses dados econômicos não são ainda disponíveis.

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2. Diarréia Viral Bovina - Bvd

A Diarréia Viral Bovina (BVD) é uma doença infecciosa,

transmissível, causada por um RNA vírus da família Flaviviridae, gênero

Pestivírus (WENGLER et al., 1995). Este agente é morfologica e físico-

quimicamente similar ao vírus da Doença da Fronteira ou “Border

Disease” dos ovinos e da Peste Suína Clássica. A BVD apresenta

distribuição geográfica cosmopolita e nos países onde estas viroses estão

presentes, tornou-se um desafio o diagnóstico diferencial, devido as

reações cruzadas entre elas. Os Pestivírus infectam naturalmente uma

grande variedade de espécies, incluindo ruminantes domésticos e

selvagens e suídeos em geral (NETTLETON, 1990).

A denominação Vírus da Diarréia Viral Bovina deve-se à

descrição inicial deste em 1946, por OLAFSON, como o agente etiológico

de uma enfermidade entérica aguda, caracterizada pôr diarréia e lesões

erosivas no trato digestivo de bovinos, com alta morbidade e baixa

mortalidade. Posteriormente, em 1953, RAMSEY & CHIVERS associaram

este vírus com uma enfermidade entérica esporádica, altamente fatal,

denominada doença das mucosas. Atualmente sabe-se que este vírus é

um dos agentes que causa maior impacto econômico na esfera

reprodutiva de bovinos.

Ocorrem dois biotipos distintos do BVD, citopatogênico (CP) e

não citopatogênico (NCP), que são diferenciados molecularmente e

também pelo efeito citopático em monocamadas de células susceptíveis

(BROWNLIE, 1990). Há significativa heterogeneidade genômica e

antigênica entre isolados de campo. Recentemente, dois grupos de Vírus

da Diarréia Viral Bovina (BVDV) têm sido reconhecidos e designados

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como genotipo I - amostras clássicas, usadas em produção de vacina,

testes diagnósticos e genotipo II - amostras mais recentemente isoladas.

A figura 01 apresenta esquematicamente as diferentes formas

clínicas do BVDV e suas consequências para o embrião ou feto.

3. Neosporose

O Neospora caninum é um protozoário que parasita,

principalmente, bovinos e caninos, mas acomete um grande número de

hospedeiros. A infecção natural foi evidenciada também em ovinos,

caprinos, eqüinos e cervídeos. Foi erroneamente identificado como

Toxoplasma gondii até o ano de 1988, qua ndo foi primeiramente descrito

em cães (DUBEY et al., 1988a).

A primeira descrição deste parasita em bovinos ocorreu em 1989

por DUBEY et al., a partir de então muitos trabalhos tem sido publicados

sobre o assunto, enfocando a importância econômica da Neosporose em

bovinos, principalmente como causa de aborto.

Duas revisões publicadas recentemente têm resumido a estrutura,

ciclo de vida, diagnóstico e controle de Neospora e neosporose em

animais (DUBEY & LINDSAY,1996; DUBEY,1999).

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Figura 1: Apresentação esquemática das possíveis conseqüências de uma infecção pelo vírus da BVD

Adulto ou bezerro

Vaca prenhe

Morte embrion. precoce; Reabsorção Aborto

Ac.- → + Ac.- → +

Vírus Vírus e Ac

Ac.

Infecção ~ 40-120 d . Infecção ~ 90-160 d . Infecção + q. 160 d.

Infecção Sub- Clínica

Associação com o complexo Pneumoenterite

Trombocitopenia

Sintomas Leves

Bezerro: Persistente infectado, Imunotolerante, (Sem Ac. contra BVD) Retardo no crescimento

Superinfecção/mutação CP BVD-Vírus homólogo

Doenças das Mucosas → Morte

Superinfecção BVD-Vírus heterólogo

Formação de Ac

Bezerro: Malformações

Bezerro: Animal normal, Ac. → Imune (Sem BVD-Vírus)

Forma severa

→ →

→ Vírus

Vírus Vírus

Fonte: WEISS, et al., (1994)

Embora N. caninum e T. gondii sejam estruturalmente e

antigenicamente relacionados, eles são distintos biológicamente. Por

exemplo, N. caninum é a principal causa de abortamento em bovinos

(ANDERSON et al.,1991, ANDERSON et al.,1995), enquanto T. gondii não é

conhecido como causa de abortamento em bovinos. Neospora não é

considerado um patógeno humano, enquanto T. gondii pode causar perda

de visão ou ainda morte em humanos.

A epidemiologia e o controle de neosporose bovina são uma área

de investigação para o futuro. Como os bovinos se infectam na natureza é

um enigma. A recente descoberta de oocisto em fezes de cães pode

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338

explicar infecção pós natal. Embora, em limitados experimentos, cães

liberam somente poucos oocistos (MCALISTER et al.,1998, LINDSAY et

al., 1999). Novas investigações são necessárias para elucidar, se outros

canídeos ou carnívoros podem excretar oocistos de N. caninum. A

prevalência e sobrevivência de oocistos de N. caninum no ambiente são

desconhecidas.

Devido a similaridade com Toxoplasma gondii, acredita-se que

este tenha um ciclo de vida semelhante, onde a infecção pode ocorrer por

ingestão de oocistos das fezes de cão, que é o hospedeiro definitivo

(MCALLISTER et al.,1998), e por transmissão congênita, única forma

demonstrada até o momento. (BARR et al., 1995; PARÉ et al., 1997). Esta

forma de transmissão é responsável pela perpetuação da doença nos

rebanhos, fato comprovado pela alta taxa de infecção de bezerros, filhos

de mães infectadas. Se a transmissão fosse pós-natal, por fezes ou

alimentos, a prevalência esperada em vacas mais velhas seria maior, uma

vez que estes animais estão sujeitos a um maior período de exposição.

Porém não há um aumento de soroprevalência relacionado com a idade

dos animais. A falta de um efeito da idade da mãe na soropositividade

pré-colostral e a soroprevalência constante nos rebanhos sugere que a

transmissão congênita é a principal via de transmissão. Desta forma, são

necessários estudos para caracterizar e quantificar riscos de infecção pós-

natal (PARÉ et al., 1996).

4. Defeitos Congênitos

Bezerros podem apresentar sinais neurológicos fracos ou nascer

sem sinais. Exame neurológico pode revelar ataxia, reflexo patelar

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diminuído e perda de consciência (PARISH et al., 1987; BARR et al.,

1993).

Embora neosporose congênita subclínica seja provavelmente

incomum, somente poucos casos com neosporose clínica tem sido

relatados: paralisia, ataxia, exoftalmia ou olhos com aparência

assimétrica (BRYAN et al., 1994) ou deformações associadas com lesões

das células nervosas no embrião (DUBEY & LAHUNTA, 1993).

Em bezerros infectados congenitamente, a doença se restringe

principalmente no SNC. Lesões macroscópicas consistem de malácia

(O’TOOLE & JEFFREY, 1987) e desvio ou estreitamento da coluna

vertebral (BRYAN et al., 1994). Lesões microscópicas consistem de

encefalomielite não supurativa caracterizada por infiltração perivascular,

gliose e necrose suave. Cistos são freqüentemente observados. A medula

espinhal pode apresentar mais cistos que o cérebro.

A maioria dos bezerros com neosporose clínica morre nas

primeiras 4 semanas de vida. Se o desenvolvimento de neosporose clínica

está relacionado coma cepa de N. caninum, a idade do feto ou o estado

imunitário da mãe no momento da infecção é desconhecido. É provável

que somente uma pequena porcentagem de bezerros infectados

congenitamente tem neosporose clínica. Em 2 fazendas na Califórnia, 31

e 54% de bezerros apresentaram anticorpo pré-colostral (PARÉ et al.,

1996a).

Nos países em desenvolvimento, as doenças infecciosas são de

longe as responsáveis pelos prejuízos econômicos dos planteis bovinos.

Países desenvolvidos, como os Estados Unidos, estimam entre US$ 15

bilhões ao ano os custos com doenças infecciosas. Dados divulgados no

Congresso Mundial de Buiatria de 1986, mostram estimativas de custos

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340

mundiais em milhões de dólares, com algumas doenças do gado bovino

tais como: Diarréia neonatal US$ 3,000; Língua azul US$ 3,000; Leucose

bovina. US$ 900; Leptospirose US$ 4,500; Brucelose US$ 3,500 e Mastite

US$ 35,000.

Ainda não existe estudo clínico e relatos da ocorrência da

Neosporose no Brasil. Estratégias de controle e prevenção dependem

fortemente do conhecimento dos riscos de infecção, do conhecimento

epidemiológico da doença nos rebanhos, começando com exposição na

vida fetal e continuando durante a vida produtiva do animal.

5. Referências Bibliográficas

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PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DA QUALIDADE DO LEITE

Pesquisador Científico José Ramos Nogueira

Instituto de Zootecnia /NPZ-NE Ribeirão Preto - e-mail:

[email protected]

1. Introdução:

O leite é um alimento cuja popularidade e importância são

incontestáveis. Dessa forma somente se o leite for adequadamente obtido

e processado é que ele terá conservado suas características organolépticas

e nutricionais, e portanto sua qualidade.

São as seguintes as características de um leite de boa qualidade:

Ø Ser livres de todos os germes patogênicos.

Ø Possuir baixa contagem total

Ø Ser livre de sedimentos e matérias estranhas

Ø Possuir sabor levemente adocicado e um flavor levemente aromático

Ø Estar de acordo com os padrões legais

Para atingir esses requisitos, é necessário que o controle seja

exercido desde a produção até a distribuição. No entanto a Legislação

vigente para os produtos de origem animal é bastante antiga (1952) com

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algumas alterações posteriores e classifica o leite por letra A, B, C e leite

industria:

Leite tipo A:leite integral: máximo de 10.000 ufc/ml; envasado no local

de produção

Leite tipo B: leite Integral: máximo de 500.000 ufc/ml

Leite tipo C:leite padronizado no mínimo 3% de gordura

Acidez Dornic máxima de 18; máximo de 2.000.000 de ufc/ml

Leite industrial Leite que foi desclassificado para o tipo C;

redutase menor que 1,5 horas

Dada a grande mudança no setor e principalmente no consumidor

final esta sendo proposto alteração na legislação do leite dando ênfase na

melhoria da qualidade do produto em todas etapas da cadeia.

O projeto de mudança do RISPOA e o novo regulamento das

normas de qualidade encontram-se na Secretaria Nacional de Defesa

Sanitária em Brasília para a respectiva aprovação após ampla discussão

no setor.

2. Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leite Cru

Resfriado

Objetivo: Fixar a identidade e os requisitos mínimos de qualidade para a

produção de leite cru resfriado.

Definição: Entende-se por leite, sem especificar a espécie animal, o

produto obtido da ordenha completa e ininterrupta, em condições de

higiene, de vacas leiteiras sadias. O leite de outras espécies deve

denominar-se segundo a espécie da qual proceda.

Tabela 1 Parâmetros de controle e expectativa de dados para três níveis de tecnificação do sistema de produção de leite vigentes atualmente.

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Nível de tecnificação do produtor Parâmetro Controlado “A” “B” “C”

Conclusão ou interferência

Lípides (g%) >

3,25

> 3,25 >

3,50

Peroxidase (U.A.) + - - + - - +++ exposição a H2O2

Ác. Úrico

(mg/100ml)

3,90 3,12 2,50 exposição a H2O2

Fosfatase (U.A.) --- --- ---

Coliformes

(NMP/ml)

no mercado*

(NMP/ml)

0

1

2

4

5

10

calor: (a) >62ºC/30’

(ufc/ml) - quando

cru*

>10.0

00

>500.000 >1.50

0.000

fezes ou mamite

Quando past.*

(ufc/ml)

>500 >40.000 >150.

000

baixa higiene (b)

No mercado

(ufc/ml)

>1.00

0

>80.000 >300.

000

impróprio p/ classe

Redutase (hs/red.) <5 <3,5 <1,50 baixa higiene

Acidez cru (ºD) >15-

16

>16-17 >17-

18

baixa higiene

Extr. Seco total

(g%)

<11,7

5

<12,00 <12.3

0

< � energia

C. somáticas: cru*

(uc/ml)

<2x1

05

<2x105 <2x1

05

> � manite (c)

Quando past.* <1x1 <1x105 1x105 > � recontaminação

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(uc/ml) 05

Temperatura cru

(ºC)

<5 <5 <22 > � negligênica

Temperatura past.

(ºC)

<5 <5 <5 > � negligênica

Ponto congel. (ºH) ----- -0,530 a -

0,550

----- <> fraude

DPC (ºH) ----- 0,530 a

0,550

-----

Inibidores (d) - - - <> idem

Conservadores (d) - - - + � crime

Fraude com soro (d) - - - + � crime

Fraude com água (d) - - - + � crime

Defensivos (d) - - - + � crime

calor aplicado; (b) pós-pasteurização; (c) ou fisiopatologias; (d) acima

dos limites de tolerância estabelecidos pela FIL.

Entende-se por “leite cru resfriado”, o produto definido

anteriormente resfriado e mantido abaixo das temperaturas constantes da

tabela 2, transportado da propriedade rural – granja leiteira, estábulo

leiteiro ou fazenda leiteira – para um posto de leite ou estabelecimento

industrial, para ser processado e que não seja destinado diretamente ao

consumidor final. E será designado para a venda):“Leite Cru

Resfriado”.

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Composição e qualidade:

Aspecto e Cor: Líquido branco opalescente homogêneo.

Sabor e Odor: Característicos, isento de sabores e odores estranhos.

Ausência: Inibidores, neutralizantes da acidez e reconstituintes de

densidade, aditivos e coadjuvantes

Recomendações:

Boas práticas de higiene para a produção e para o transporte do

produto devem ser aplicadas.

Atender a legislação vigente quanto aos contaminantes orgânicos,

inorgânicos e os resíduos.

Atender o Regulamento Técnico para Coleta de Leite a Granel.

Obedecer a legislação específica para identificação.

NOTA: Leite cru para a produção de leite tipo A e leite tipo B deve

observar normas próprias relativas a tais produtos, sendo que nenhum

padrão de qualidade pode ser inferior ao estabelecido neste Regulamento.

3. Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leite

Pasteurizado.

Objetivo: Fixar a identidade e os requisitos mínimos de qualidade que

deverá ter o leite pasteurizado, sendo permitida a produção de outros

tipos de leite pasteurizado desde que definidos em regulamentos técnicos

de identidade e qualidade específicos.

Definições:

Pasteurização é o processo aplicado a um produto com o objetivo de

evitar perigos à saúde pública originados por microrganismos

patogênicos associados ao leite pelo tratamento térmico consistente com

mínimas modificações químicas, físicas, organolépticas e nutricionais.

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Leite pasteurizado: é o leite fluido que submetido a temperatura de 72 a

78 graus Celsius por 15 a 40 segundos de resfriamento à temperatura

inferior a 5 graus Celsius e envasado no menor prazo possível sob

condições que miniminizem contaminações. O produto deve apresentar

teste de fosfatase negativo e peroxidase positiva imediatamente após o

tratamento térmico.

Classificação:

De acordo com o conteúdo da matéria gorda o leite pasteurizado

classifica-se em:

Leite pasteurizado integral.

Leite pasteurizado semi-desnatado ou parcialmente desnatado.

Leite pasteurizado desnatado.

Composição:

Ø Ingrediente Obrigatório; Leite cru resfriado

Ø Ingredientes Opcionais: Creme Vitaminas e/ou minerais

Tabela 2. Requisitos microbiológicos, de CCS e de resíduos químicos

leite cru resfriado.

Requisitos/métodos de análises¹ (periodicidade)

Fase preparatória Até 31/12/2001

Primeira Fase a partir de 01/01/2002

Segunda Fase a partir de 0101/2005

Fase meta a partir de 01/01/2008

Redutase (2) (2 x por mês)

Mínimo 1:30 h

Contagem Padrão em placas ufc/ml Método FIL 100B: 1991 (média geométrica sobre um

Máximo 2.000.00

Máximo 750.000

Produtores individuais menos

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período de 2 meses, com pelo menos 2 análises por mês)

0 que 100.000 Conjunto de produtores menor que 300.000

Contagem de células somáticas/ml para produtores individuais Método FIL 148A: 1995 (média geométrica sobre um período de 4 meses, com pelo menos 2 análises por mês)

Máximo de 1.000.000

Máximo 750.000

Máximo 400.000

Resíduos de drogas equivalentes em antibióticos do grupo ß-Lactam) Método AOAC 15 ª Ed. (pelo menos 1 análise por mês)

Menor que 0,005 UI/ml

Temperatura para o leite 3 horas após a ordenha (cada ordenha)

Máximo 7 ºC Máximo 4 ºC

Temperatura para recebimento na indústria (cada remessa)

Máximo 10 ºC Máximo 7 ºC

Tabela 3. Requisitos Físico-Químicos para o leite cru resfriado

Requisitos Limites

Matéria-Gorda g/100 g(2 x mês) Mínimo 3,0 (leite integral)2

Densidade à 15/15 ºC g/ml (2 x mês) 1,028 a 1,034

Acidez ácido lático/100 ml (2 x mês) 0,14 a 0,18

E. S. desengordurado G/100 (2xmes) Mínimo 8.4

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Índice Crioscópico (2 vezes ao mês) Máximo –0,512ºC

Proteínas g/100g ( comprador) Mínimo 2,8

Requisitos:

Ø Características Sensoriais

Ø Aspecto: Líquido

Ø Cor: Branca

Ø Odor e sabor: Característicos, sem sabores nem odores estranhos.

Acondicionamento

O leite pasteurizado deverá ser envasado com materiais

adequados para as condições previstas de armazenamento e que garantam

a hermeticidade da embalagem e uma proteção apropriada contra a

contaminação.

Aditivos, coadjuvantes : Não permitidos

Contaminantes: Não devem superar os limites estabelecidos pela

legislação

Peso, medida e rotulagem : Será aplicado legislação específica

NOTA: Leite Pasteurizado tipo A e Leite Pasteurizado tipo B devem

observar normas próprias relativas a tais produtos, sendo que nenhum

padrão de qualidade pode ser inferior ao estabelecido neste Regulamento.

Tabela 4. Requisitos físico químico para o leite pasteurizado.

Requisitos Leite

integral

Semi ou

parcialmente

desnatado

Leite desnatado

Matéria Gorda

g/100 g

Mínimo

3,0

0,6 a 2,9 Máximo de 0,5

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Acidez g ac.

Lático/100g

0,14 a 0,18

Estabilidade ao

etanol

Estável

E. S.

desengordurado %

Mínimo 8,4

Índice crioscópico Máximo – 0,512ºC

Tabela 5. Critérios microbiológicos e tolerâncias para o leite

pasteurizado.

Microoganismos

Tolerância para amostra indicativa

Tolerância para amostra representativa

Categoria I.C.M.F.S.

Método de análise

Contagem

ufc/ml

1,0 x 105 N=5 c=2 m=1,0x105

M=3,0x105

3 FIL 73A:

1985

Coliformes a

30ºC

10 N=5 c=2 m=10 M=15 3 FIL 73A:

1985

Coliformes a

45ºC

2 N=5 c=2 m=2 M=5 6 APHA

1992,

Salmonela sp

/25g

aus N=5 c=0 aus 12 FIL 93A:

1985

4. Possíveis Impactos da Nova Legislação

Ø Continuar reduzindo o número de produtores

Ø Necessidade de maior capacitação em todo o processo:

q resfriamento do leite

q limpeza dos equipamentos

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q controle de mastite

Ø Nova legislação é condição necessária mas, não suficiente

Ø mercado (indústria) continuará a comandar o processo de melhoria da

qualidade

Ø Pagamento por qualidade

q Maior capacitação de todos os agentes econômicos (produtor,

técnico e indústria):

Ø Facilidades laboratoriais

q Resfriamento do leite na fazenda e coleta a granel

Tabela 6. Metas do Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite Ano Nº máximo de UFC/ml Nº máximo de CCS/ml

2002 1 milhão 1 milhão

2005 750 mil 750 mil

2008 100 mil 400 mil

Fonte: Portaria nº 56 do Ministério da Agricultura de 07/12/1 999.

5. Situação Atual do Setor

Um levantamento realizado pela Itambé retrata a realidade da

pecuária leiteira da região Sudeste do pais e mostra os seguintes aspéctos:

5.1. Faixa de Produção

Tabela 7. Distribuição do Número de Produtores e da Produção de Leite

da Itambé, em dezembro de 2000.

Faixa de produção (litros/dia)

Produtores (%)

Produção (%)

Até 25 11,04 0,48 26 a 50 11,29 1,54 51 a 100 19,33 5,08

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101 a 200 21,55 10,93 201 a 500 20,51 22,46 Mais de 500 16,28 59,51 TOTAL 100,00 100,00 QUANTIDADES 8.412 74.164.559 litros

Fonte: Itambé

5.2. Produção e Produtividade

Ano Produtores Produção Média Número Índice L/dia Índic

e 1995 21.337 100 1.854.981 100 1996 20.155 94 2.028.512 109 1997 19.043 89 2.076.945 112 1998 16.869 79 2.141.841 115 1999 12.694 59 2.184.759 118 2000 8.412 39 2.392.405 129 Taxa anual de cresc. -17% - 5% - Fonte: Itambé

5.3. Qualidade do Leite

Tabela 7. Distribuição percentual do volume de leite da Itambé, segundo

faixas de tempo de redutase*

Redutase (min.)

% Volume leite latão - 1997

% Volume leite granel - 1999

% Volume leite granel - 2000

0 a 100 61,534 7,137 9,231 101 a 200 38,254 41,151 43,397 201 a 300 0,213 44,785 39,689 301 a 400 0,000 5,352 5,400 401 a 500 0,000 1,317 1,911 501 a 600 0,000 0,259 0,372 > 601 0,000 0,000 0,000 Total 100 100 100 L/Ano 778.977.438 538.914.361 756.598.141 Fonte: Itambé

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* A coleta das amostras para análises foi realizada no final da linha, no

caminhão.

5.4. Temperatura de Recebimento

Tabela 8. Distribuição percentual do volume de leite Itambé, segundo

faixas de temperatura, nos produtores e na fábrica, em 2000.

Temperatura (graus C) Produtores Fábrica

< 3 21,12 0,721 4 49,93 4,354 5 21,14 16,066 6 4,61 42,067 7 2,48 27,807 8 0,24 6,420 9 0,14 1,815 > 10 0,35 0,750 Fonte: Itambé

5.5. Contagem de Células Somáticas

Tabela 9. Distribuição percentual dos produtores da Itambé – em 1999/2000, segundo faixas de contagem de células somática em 65.565 amostras de leite.

Faixa de CCS Amostra de Produtores

(%)*

Até 540 mil/ml 59,67

De 541 a 780

mil/ml

17,26

De 781 a 1020

mil/ml

9,12

Mais de 1020 13,95

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mil/ml

TOTAL 100,00

Média 447 mil/ml

Fonte: Itambé

ESTUDO DAS TERAPIAS DA MASTITE CATARRAL DOS BOVINOS NA

CLÍNICA DE OBSTETRICIA E GINECOLOGIA DA ESCOLA SUPERIOR DE

MEDICINA VETERINÁRIA DE HANNOVER

Pesquisadora Científica Lilian Gregory

Médica Veterinária, Instituto Biológico, Centro de Sanidade Animal, Av.

Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Cx. Postal 12898, CEP 04010-970,

São Paulo, SP. E-mail: [email protected]

1. Introdução

Desde o final do século 18, considerava-se que as enfermidades

da glândula mamária dos bovinos eram causadas por picadas de alguns

insetos, contato com sangue ou com as secreções de feridas expostas.

Também atribuía-se, na época, como uma das causas de ocorrência das

moléstias que acometiam a glândula mamária, a influência de fantasmas

ou maus espíritos, por essa é que se tratava, ao então chamado “mal-do-

espírito”, com relíquias, água benta ou desinfetantes naturais.

Com WILLBURG iniciou-se, em 1787, estudos com bases

científicas das doenças da mama. Todavia o empenho dos especialistas

referiam-se apenas a nosologia da patologia da glândula mamária, não

abordando aspectos relacionadas a etiopatogenia dessas enfermidades

(toxionomia - ciência que trata do arranjo e classificação dos animais) já

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que, naquela época, desconhecia-se a existência dos microorganismos.

No seu manual para o fazendeiro, o autor descreveu diferentes tipos de

mastite como sendo variadas formas de inflamações da glândula

mamária. Em seguida, num período que se caracterizaria pela observação

das lesões e órgãos lesados, iniciaram-se pesquisas e estudos para a

avaliação da natureza intrínseca do mal da glândula mamária, que afetava

a produção leiteira alterava a qualidade do produto lácteo.

Atualmente, com a evolução das técnicas laboratoriais permitiu-

se o isolamento e a identificação de várias bactérias, fungos e algas

como agentes etiológicos da Mastite, sendo que WENDT (1994)

diferenciou a mastite de acordo com o achado laboratorial e os sintomas.

BLECKMANN & HOEDEMAKER (1996), na Clínica de Ginecologia

e Obstetrícia de Hannover, em 13.004 amostras de leite com exame

bacteriológico positivo, entre os anos 1990 até 1994, encontraram o

seguinte espectro: 36% de Streptococcus, 33% de Staphylococcus, 13%

de coliformes, 6% de leveduras, 3% de Actinomyces pyogenes, 7% de

infecção mista e 2% de outros agentes.

São muitos os fatores que influem no tratamento das Mastites. A

variação da cura clínica que podemos ter no tratamento das diversas

formas de Mastite pode ser de 40% a 95%, dependendo do agente

etiológico envolvido. A antibioticoterapia é o tratamento mais utilizado

nas diversas formas de Mastite e a sua eficácia irá depender da meia-vida

do antibiótico empregado e de sua capacidade de difusão no parênquima

da glândula mamária. Muitas vezes a subdosagem causada pela má

administração do medicamento é descrita como causa de

desenvolvimento de resistência do microorganismo, mas é antes a sua

insuficiente difusão na glândula mamária um fator predisponente para o

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desenvolvimento da resistência bacteriana. As lesões do parênquima

causadas pelos diferentes microorganismos responsáveis por um quadro

de mastite e também os detritos produzidos por estes agentes provocam

um bloqueio mecânico que dificulta a distribuição do medicamento no

local infectado. Acreditava-se que a administração de medicamentos por

via parenteral resolveria o problema, mas constatou-se que apenas uma

pequena parte da dosagem administrada na corrente circulatória atingia o

parênquima mamário. Somente a administração de uma alta dosagem

exerceria ação curativa na glândula. Entretanto, este procedimento

tornaria o tratamento inviável, em vista do perigo de intoxicação do

animal. O maior sucesso do tratamento pressupõe que a escolha de um

medicamento seja antecedida de um estudo sobre a sua ação

farmacocinética e farmacodinâmica, a fim de avaliar a sua capacidade de

eliminar o microorganismo do local infectado sem causar danos

significativos ao animal. A apresentação desta palestra foi baseada no

trabalho da avaliação de algumas formas de terapia dos pacientes da

Clínica de Obstetrícia de Hannover com Mastite Catarral entre os anos de

1986 e 1996.

Bibliografia:

BLECKMANN, E. HOEDEMAKER, U. M. (1996):Möglichkeiten und Grenzen

der bakteriologischen Untersuchung von Milchproben in der

bakteriologischen Untersuchung von Milchproben in der

Tierarztpraxis. Prakt.Tierarzt, 77, 22-23.

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Häufigkeit, Ätiologie und Therapie. Hannover, Tierärztl. Hochsch.,

Diss.

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WENDT, K.; BOSTEDT, H.; MIELKE, H. & FUCHS, U. A. W. (1994) Euter-

und Gesäugekrankheiten. Verlag Fischer, Stuttgart, Jena, S. 226 -

431.

WILLBURG, A. K. VON (1787) Anleitung für das Landvolk in Absicht

auf die Erkänntniß und Heilungsart der Krankheiten des

Rindviehes. Verlag Stein, Nürnberg, S. 67 - 138.

RAIVA RURAL E URBANA

Pesquisadora Científica Elenice Maria Sequetin Cunha

Médica Veterinária, Centro de Sanidade Animal, Instituto Biológico. Av.

Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Cx. Postal 12898, CEP 04010-970,

São Paulo, SP Fone: (11) 5087 1779, Fax: (11) 5579 0824. E-mail:

cunha@biologico .br

A raiva é uma doença viral infecciosa do sistema nervoso, de

evolução aguda, e que afeta todos os animais de sangue quente, mas

essencialmente os mamíferos. Apesar de todos os avanços científicos, a

raiva continua sendo um grande problema de saúde pública, tanto no

meio urbano quanto no rural.

O vírus rábico pertence à Família Rhabdoviridae, gênero

Lyssavirus sendo seu genoma constituído de RNA de cadeia simples em

forma de bala de fuzil. Os membros desta família possuem natureza

proteica complexa, o que os torna bons indutores de imunidade, quando

comparados a outros vírus.

Em sua constituição encontramos cinco proteínas, sendo que a

glicoproteína do envoltório viral é o único antígeno capaz de induzir a

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síntese de anticorpos neutralizantes no hospedeiro, conferindo proteção à

doença. O vírus da raiva é rapidamente inativado pelos solventes

lipídicos, pelo formol, a temperaturas elevadas ( 60°C), pelos pH ácidos e

raios ultra-violetas.

A raiva está distribuída em todo mundo, com exceções de

algumas países que a erradicaram ou permaneceram livres devido a

proteção natural, ou através da implantação de regulamentos rigorosos de

quarentena. Estas regiões são a Austrália, o Uruguai, algumas ilhas do

Caribe, o Japão e alguns países Europeus.

A perenidade da doença é assegurada pelo grande número de

espécies animais susceptíveis que atuam, também, como transmissores.

Atualmente, o cão é, ainda, o maior reservatório do vírus da raiva na

África e em certos países Asiáticos e Sul-Americanos, sendo responsável

pela raiva urbana. Na América do Norte e Europa, as espécies mais

envolvidas são as silvestres, reservatórios naturais da doença. Ainda na

América Central e do Sul, o morcego hematófago Desmodus rotundus

está envolvido na transmissão da doença, principalmente na zona rural,

causando sérios prejuízos econômicos.

Após penetrar no tecido subcutâneo ou em alguma massa

muscular, através de mordedura ou lambedura, o vírus da raiva se

propaga para o sistema nervoso central via axoplasma dos nervos

periféricos. Uma vez estabelicida a infecção do sisteam nervoso central,

o vírus se difunde para as glândulas salivares e diversos órgãos. A

disseminação hematológica pode ocorrer mas é rara.

O período de incubação é bastante variável em função da espécie

animal transmissora e da contaminada, a localização da lesão, a

quantidade de vírus inoculada, proximidade do sistema nervoso central, o

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tipo e a extensão da lesão provocada pela mordedura, a higidez e o nível

imunitário do agredido, entre outros fatores. Em média, o período de

incubação varia, para cães e gatos, em torno de 10 a 60 dias; para os

bovinos, eqüinos, suínos e outros entre, 25 a 90 dias; no homem, o

período de incubação é de 2 a 8 semanas, mas pode variar desde 10 dias

até 8 meses. Em animais silvestres o período é bastante variável, não

havendo definição clara para a grande maioria deles.

Quanto aos sintomas da raiva, há uma variação no que diz

respeito à predominância das manifestações. Classicamente, o vírus da

raiva apresenta três fases distintas: a fase prodrômica, a fase excitativa e

a fase paralítica. Nos cães e gatos, inicialmente, há uma alteração do

comportamento e o animal se isola dos demais e das pessoas, buscando

se esconder em locais escuros. A alteração na temperatura não é

significante e a incapacidade na retenção da saliva pode ou não ser

notada. A seguir, já na fase de irritação e excitabilidade, o animal torna-

se agressivo, atacando a outros animais e pessoas e até objetos

inanimados e empreende longas caminhadas, sem rumo definido,

continuando a deferir seus ataques. Pode também ocorrer a estimulação

do trato urogenital, evidenciada pela micção freqüente, desejo sexual e

ereção no macho. Uma característica marcante é o latido do animal que

se torna bitonal e rouco. Os gatos, geralmente, tornam-se agressivos e

extremamente perigosos causando mordeduras e vários arranhões. Após

essa fase de excitabilidade, sobrevêm as paralisias, inicialmente dos

músculos da garganta e masseteres, dificultando a deglutição, sendo a

queda da mandíbula muito freqüente nos cães. A paralisia progride por

todo corpo levando o animal à morte por asfixia, que ocorre quando a

musculatura respiratória é atingida.

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Em relação aos sintomas da raiva transmitida pelos vampiros aos

herbívoros, a paralisia atinge inicialmente os membros posteriores,

provocando um andar cambaleante. A lactação cessa de repente em

vacas leiteiras. Ao invés da usual expressão plácida, os animais tornam-

se vigilantes, seus olhos e suas orelhas seguem sons e movimentos. O

animal faz esforços para defecar e urinar, porém não consegue. Emite

mugidos constantes e roucos. Na maioria das vezes, o animal apresenta

dificuldade de deglutição e abundante salivação. Finalmente, deita e não

se levanta mais até a morte. Em equinos há um período de exitação, com

intensidade e duração variáveis, seguido de manifestações de paralisia

que dificultam a deglutição e provocam incoordenação das extremidades.

Os suínos, geralmente, tornam-se agressivos e podem provocar sérias

lesões ao atacar.

Nos morcegos hematófagos ocorre mudança na atividade

alimentar, hiperexcitabilidade, agressividade, tremores, falta de

coordenação dos movimentos, contrações musculares e paralisia. No

começo da enfermidade, os indivíduos doentes afastam-se da colônia,

deixam de realizar o asseio corporal (seus pelos tornam-se desalinhados

e sujos), são acometidos por tremores generalizados e geralmente

possuem feridas frescas que são provocadas por agressões de seus

companheiros sadios a cada tentativa de reintegração ao agrupamento de

onde são expulsos violentamente. Estes perdem a capacidade de voar e

podem cair no chão. Há um aumento gradativo dos sintomas paralíticos,

com maior intensidade nas asas do que nas extremidades posteriores. No

entanto, não tem sido observada paralisia da mandíbula, possibilitando

aos morcegos a manutenção da sua capacidade de morder. A

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morte dos indivíduos raivosos pode ocorrer cerca de 48 horas após o

aparecimento dos primeiros sintomas.

Nos morcegos não hematófagos a raiva se manifesta geralmente

de forma paralítica, sem a visualização da fase exitável. No entanto,

existem relatos de agressão por morcegos insetívoros raivosos. Os

morcegos podem, ainda, ser encontrados voando durante o dia e batendo

contra obstáculos, caracterizando uma desorientação provocada pela

doença.

No homem a doença tem início súbito e são observados sinais

inespecíficos que são caracterizados por febre (que não passa de 38°C),

cefaléia, mal-estar, anorexia, náusea e dor de garganta. Na maioria dos

casos há alteração de sensibilidade no local da mordedura como

formigamento, queimação, adormecimento, prurido e/ou dor local.. Esse

período varia de 2 a 4 dias. Em seguida, instalam-se sinais de

comprometimento do sistema nervoso central: ansiedade, inquietude,

desorientação, alucinações, comportamento bizarro e até convulsões. São

raros os surtos de agressividade e a duração da enfermidade é de 2 a 6

dias, terminando com a morte.

O diagnóstico clínico indicativo deve ser realizado levando-se em

consideração que a raiva pode ser confundida com várias outras

infecções e com diversos tipos de intoxicações que causam encefalites,

e, para que seja esclarecido, é necessário que se envie o material do

animal suspeito para diagnóstico laboratorial. Devem ser remetidos para

o laboratório o cérebro e região próxima à medula espinhal,

principalmente quando se tratar de eqüinos. Pequenos animais silvestres,

como morcego, gambá, sagüi e outros, devem ser encaminhados inteiros,

para permitir a identificação da espécie. O material deve ser

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acondicionado e encaminhado ao laboratório em perfeitas condições de

conservação (refrigerado, congelado ou conservado em solução salina

com glicerina a 50%).

O diagnóstico laboratorial, segundo recomendações da

Organização Mundial da Saúde, é realizado através de

imunofluorescência direta (IFD) e isolamento viral. A IFD é muito

sensível e específica e o diagnóstico através desta técnica pode ser obtido

em algumas horas. O isolamento do vírus através da inoculação em

cultivos celurares pode fornecer resultados em 48 horas, contra os 21 a

30 dias, necessários para a prova de inoculação intracerebral em

camundongos.

Não existe tratamento para a raiva; uma vez instalada, a doença é

fatal. Assim sendo, devem-se adotar medidas para a sua prevenção.

O cão é o principal vetor da raiva urbana. A infecção de um cão a

outro, do cão ao homem e a outros animais domésticos se transmite por

mordeduras. A grande densidade de cães e sua alta taxa de reprodução

anual são fatores importantes nas epizootias de raiva canina na América

Latina, incluindo o Brasil. Outro fator importante, na manutenção do

vírus, é o grande período de incubação da enfermidade em alguns cães. O

vírus pode estar na saliva durante 2 a 3 dias, podendo este número chegar

a 13, antes do começo da enfermidade; a eliminação do agente por esta

via pode continuar até a morte do animal. Estima-se que 60 a 75% dos

cães raivosos eliminam vírus pela saliva e sua quantidade varia de

vestígios até altos títulos.

Nas zonas urbanas os gatos também podem transmitir a raiva.

Estes podem adquirir a doença de cães infectados ou de animais

silvestres com os quais tenham contacto. Considera-se, no entanto, que

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estes animais sejam hospedeiros acidentais do vírus e que, talvez, não

desempenhem um papel importante no ciclo natural da enfermidade, mas

podem servir como considerável fonte de infecção para humanos.

O controle e erradicação da raiva urbana, visando prevenir a

doença na população humana, consiste no controle e erradicção da

infecção nos animais domésticos, especialmente em cães. Os

procedimentos utilizados em programas com esta finalidade têm por

objetivo reduzir a população de animais susceptíveis, mediante a

vacinação de cães e gatos e apreensão de cães errantes. Cães e gatos

devem ser vacinados anualmente, abrangendo zonas rural e urbana, sob a

responsabilidade das Prefeituras Municipais.

Criado oficialmente em 1973, o Programa Nacional de Profilaxia

da Raiva foi gradualmente implantado no país, tendo atingido a

totalidade das Unidades Federativas em 1977. As atividades iniciaram-se

pelas zonas urbanas das capitais e áreas metropolitanas, estendendo-se,

posteriormente, às cidades do interior. O Estado de São Paulo iniciou

suas atividades de forma coordenada neste Programa, vacinando cães e

gatos, em 1975. A partir de 1983, praticamente 100% dos municípios

fazem a vacinação em campanha. Como consequência, a incidência de

raiva humana desde esta data tem se mantido em um patamar de 0 a 3

casos notificados/ano.

A vacina utilizada em campanhas é a do tipo Fuenzalida &

Palácios que é constituída de vírus inativado. Existem também outros

tipos de vacina com vírus inativado, com o uso indicado para cães e

gatos, cujas doses, via de administração e esquemas de vacinação podem

ser diferentes dos da vacina Fuenzalida & Palácios.

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O controle de animais domésticos, especialmente o cão, deve ser

realizado pelos serviços públicos, com a participação ativa da população,

através de atividades de Educação e Promoção da Saúde, envolvendo

educadores e profissionais que atuam na Saúde Pública.

Os procedimentos principais para o controle da raiva rural,

transmitida pelo morcego hematófago, consistem em vacinar os animais

em áreas expostas e reduzir a populacão de vampiros. A vacinação deve

ser realizada segundo a ocorrência da doença. Em áreas epidêmicas,

recomenda-se que a vacina seja aplicada a cada 6 meses, no caso de

vacinas inativadas, e que os animais primovacinados sejam revacinados

com intervalo de 30 dias. Os animais recém-nascidos devem receber a

primeira dose vacinal com 3 meses de idade e outra aos 4 meses. Em

localidades onde a doença ocorre de forma endêmica, a vacinação deve

ser anual, também no caso de uso de vacina inativada. O controle

populacional do Desmodus rotundus, principal transmissor do vírus

rábico em áraes rurais, deve ser uma ação contínua e realizada por

equipes especializadas. O método empregado com esta finalidade é o uso

de pasta com substância anticoagulante, aplicada nos morcegos ou nas

mordeduras dos animais agredidos.

Para o controle efetivo da doença, tanto urbana como rural,

necessita-se de um adequado sistema de vigilância epidemiológica, com

pronto atendimento a focos e envio de material para diagnóstico

laboratorial, e um programa de educação em saúde junto à comunidade,

visando a adoção de medidas profiláticas.

Bibliografia consultada

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RICARDO MAMAR


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