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Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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ERP Eco Sustainability Award 2012
Plano de Marketing
Autores do Trabalho:
Cláudia Soares Joana Rocha Rui Azevedo Rui Gomes
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de expressar os nossos sinceros agradecimentos a todas as pessoas
que, de variadas formas, contribuíram para tornar possível a realização deste trabalho.
Um agradecimento muito especial ao Dr. Ricardo Neto e á Dr.ª Filipa Moita, pelo
tempo que gentilmente nos disponibilizaram e pela partilha de informação absolutamente
critica para a execução deste projeto.
Ao corpo docente do IPAM, nomeadamente á Prof.ª Carla Viana, ao Prof. João
Barbosa e ao Prof. João Farinha pelas sinergias tornadas possíveis através da abordagem
transversal deste projeto nas cadeiras que lecionam.
Ao nosso colega Carlos Francisco que, apesar de não ser coautor do presente
trabalho, nos deu uma preciosa ajuda e apoio na discussão e construção dos respetivos
conteúdos.
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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SUMÁRIO EXECUTIVO
A ERP Portugal atingiu com sucesso a sua meta de recolha dos Resíduos de
Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE) nos últimos 3 anos, no entanto, a anunciada
revisão da Diretiva Europeia coloca um grande desafio às Entidades Gestoras (EG)
relativamente às novas quotas de recolha de REEE para os próximos anos.
Podemos sintetizar este problema formulando três perguntas:
Como modificar os comportamentos da população em relação á
reciclagem dos REEE?
Como conseguir que os cerca de 9% de Produtores que ainda não aderiram
a uma EG o façam?
Como assegurar que os REEE não são processados em mercados paralelos
fora dos Sistemas Integrados Gestão de Resíduos de Equipamentos
Elétricos e Eletrónicos (SIGREEE)?
O principal objetivo deste plano de Marketing para a ERP Portugal é assegurar de
forma viável e sustentável a recolha de REEE de acordo com as metas e conceitos
introduzidos pela nova Diretiva Comunitária.
Foram identificadas diversas oportunidades tais como: desconhecimento da população
sobre a temática dos REEE, um elevado número de REEE armazenados pelos
consumidores, preocupações ambientais e necessidade de libertar espaço.
As principais ações deste plano de Marketing visam alterar os comportamentos e
atitudes dos targets definidos, que motivem ações concretas de entrega de REEE. Optámos
por aplicar ferramentas de marketing criativas e inovadoras, procurando desta forma
aumentar a afiliação emocional do público-alvo com a temática da reciclagem dos REEE.
Para cumprir este objetivo assumimos que o principal driver estratégico deste
plano de Marketing passa por implementar um conjunto de atividades de marketing com
principal foco em ações que gerem recolha imediata de REEE.
Em paralelo, entendemos que o acesso de proximidade aos pontos de recolha é um
fator crítico para gerar mais recolha e como tal será igualmente alvo deste plano pela
recomendação de uma parceria estratégica.
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ................................................................................................. 1
SUMÁRIO EXECUTIVO ............................................................................................ 2
ÍNDICE........................................................................................................................ 3
ÍNDICE DE GRÁFICOS ............................................................................................. 5
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 6
2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 8
3. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA .......................................................................... 9
4. METODOLOGIA GERAL ............................................................................... 10
5. DIAGNÓSTICO DE MARKETING ................................................................. 11
5.1. Análise do ambiente Macro ................................................................. 11
5.1.1. Enquadramento Politico-Legal ................................................................ 11
5.1.2. Enquadramento Económico ..................................................................... 11
5.1.3. Enquadramento Tecnológico ................................................................... 12
5.2. Análise do ambiente Micro .................................................................. 13
5.2.1. Tendências e evolução do mercado ......................................................... 13
5.2.2. Concorrentes ............................................................................................ 14
5.2.3. Comportamento do cliente ....................................................................... 15
5.2.3.1. Estudo de Mercado .................................................................................. 15
5.2.3.1.1. Ficha Técnica ........................................................................................... 15
5.2.3.1.2. Questionário ............................................................................................. 16
5.2.3.1.3. Análise dos Resultados ............................................................................ 16
5.2.3.1.4. Conclusões do Estudo de Mercado .......................................................... 21
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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5.3. Fatores Críticos de Sucesso .................................................................. 22
5.4. Análise SWOT ..................................................................................... 23
6. OBJETIVOS DE MARKETING ...................................................................... 24
7. FORMULAÇÃO ESTRATÉGICA ................................................................... 25
7.1. Orientações Estratégicas ..................................................................... 25
7.2. Posicionamento .................................................................................... 25
7.3. Segmentação e Targeting ..................................................................... 26
8. PLANO OPERACIONAL ................................................................................ 27
8.1. Plano de Distribuição........................................................................... 27
8.1.1. Mix de Distribuição .................................................................................. 28
8.2. Plano de Comunicação ........................................................................ 29
8.2.1. Objetivos de Comunicação ...................................................................... 29
8.2.2. Público-alvo de Comunicação ................................................................. 29
8.2.3. Mix de Comunicação ............................................................................... 30
8.2.4. Criatividade .............................................................................................. 31
8.2.5. Cronograma de Implementação ............................................................... 33
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 34
10. ANEXOS ........................................................................................................... 35
10.1. Questionário ........................................................................................ 35
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ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1: evolução da introdução de EEE-Portugal (Relatórios Anuais ANREEE, AMB3E
e ERP Portugal) ................................................................................................................... 13
Gráfico 2: evolução da recolha de REEE – Portugal (Relatórios Anuais ANREEE, AMB3E
e ERP Portugal) ................................................................................................................... 13
Gráfico 3 - N.º de REEE armazenados por inquirido .......................................................... 18
Gráfico 4 - Tipologia dos REEE armazenados .................................................................... 18
Gráfico 5 - Motivações para reciclar REEE ........................................................................ 19
Gráfico 6 - Motivações p/ Armazenar REEE ...................................................................... 19
Gráfico 7 - Clusters por Motivações .................................................................................... 20
Gráfico 8 – Grau de conhecimento sobre a temática REEE: percentagem de respostas
corretas 20
Gráfico 9 - Análise SWOT dinâmica ................................................................................... 23
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1 - Esquema do Fluxo de REEE (ERP Portugal) .................................................. 7
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Papel dos diferentes operadores no SIGREEE (AMB3E e ERP Portugal) .......... 7
Tabela 2 - Rede Pontos Recolha ERP vs População ........................................................... 27
Tabela 3 - Mix de Distribuição ............................................................................................ 28
Tabela 4 - Mix de Comunicação .......................................................................................... 30
Tabela 5 - Criatividade atividades de marketing ................................................................. 31
Tabela 6 - Criatividade atividades de marketing (continuação) .......................................... 32
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1. INTRODUÇÃO
Os REEE foram identificados em 2001 como uma área prioritária que necessitava
de medidas específicas á escala europeia. A Diretiva 2002/96/CE (Diretiva REEE), em
conjunto com a Diretiva 2002/95/EC, relativa á restrição do uso de determinadas
substâncias perigosas nos Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (EEE), foram criadas com
o intuito de reduzir os impactes ambientais dos REEE. Ambas as Diretivas foram
transpostas para a legislação nacional pelo Decreto-Lei 230/2004, de 10 de Dezembro,
alterado pelo Decreto-Lei 174/2005, de 25 de Outubro. Da sua redação emergem dois
conceitos fundamentais: os Sistemas Integrados de Gestão de Resíduos Elétricos e
Eletrónicos (SIGREEE) e os Produtores de EEE (Produtores).
Os SIGREEE têm como objetivo assegurar a recolha, triagem, tratamento e
valorização dos resíduos provenientes dos EEE cuja vida útil chegou ao fim para o
respetivo proprietário/utilizador. São constituídos por uma rede de operadores com
abrangência nacional e diferentes papéis e responsabilidades ilustradas na tabela 1 e figura
1. Destacam-se pela sua responsabilidade as duas Entidades Gestoras (EG) a operar em
Portugal, a AMB3E e a ERP Portugal que iniciaram a sua atividade em 2006 na sequência
da emissão das respetivas licenças pelas autoridades competentes. No âmbito da sua
licença têm como missão assegurar o atingimento das quotas de recolha de REEE fixadas
para Portugal (4Kg/habitante), o seu correto tratamento e valorização, a otimização dos
seus fluxos e o desenvolvimento de processos mais eficazes e ambientalmente sustentáveis
de processamento e valorização. Desta atividade deverá igualmente resultar a redução do
preço cobrado aos Produtores, o designado EcoREEE.
Por Produtores entendem-se todas as entidades que produzem, importam ou
comercializam sob marca própria EEE e que passaram a ficar obrigados a registo na
Agência Portuguesa do Ambiente (APA) assim como á adesão a uma das EG ou, em
alternativa, á criação do seu próprio SIGREEE.
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Tabela 1 - Papel dos diferentes operadores no SIGREEE (AMB3E e ERP Portugal)
Operador Objetivo Principais responsabilidades
Centros de receção Recolha e triagem para
particulares e empresas
Assegurar a receção, triagem e
separação em 5 categorias
Pontos de Recolha
(operadores dos Sistemas
Multimunicipais, Intermunicipais e
Câmaras Municipais, Pontos Electrão e
Pontos Depositrão, Grande distribuição)
Recolha de proximidade
especialmente dirigida a
particulares
Recolha e armazenamento
Operadores logísticos Transporte consolidado entre os
vários operadores
Transporte de acordo com as
normas definidas pelas Entidades
Gestoras
UTV – Unidades de tratamento e
valorização
Tratamento e valorização Assegurar o tratamento e
valorização respeitando as
diretivas da legislação nacional
Entidades Gestoras
(AMB3E e ERP Portugal)
Gestão do SIGREE Gestão, monitorização e registo
dos fluxos de EEE e REEE
Ilustração 1 - Esquema do Fluxo de REEE (ERP Portugal)
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2. OBJETIVOS
No âmbito do ERP Eco Sustainability Award 2012, este projeto irá analisar os
desafios futuros que se colocam às Entidades Gestoras de Resíduos de Equipamentos
Elétricos e Eletrónicos (EG) a operar em Portugal, e desenvolver um plano de marketing
para a ERP Portugal tendo como objetivo basilar, assegurar de forma viável e sustentável a
recolha dos REEE de acordo com as metas e conceitos introduzidos pela nova Diretiva
Comunitária.
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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3. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Após cinco anos consolidados de operação em Portugal, com sucesso traduzido
pelo atingimento ou mesmo ultrapassagem das metas de recolha de REEE nos últimos três
anos, a revisão da Diretiva Europeia e o expectável incremento das quotas de recolha a
impor a cada Estado Membro, vem colocar um enorme desafio às EG.
Apesar de ainda não existirem definições concretas, o tema da revisão da Diretiva
Europeia sobre os REEE tem sido alvo de discussão por parte das diversas entidades e/ou
empresas que trabalham no sector. Antecipa-se que este documento venha introduzir novas
metas de recolha (mais ambiciosas podendo duplicar as atuais para 8Kg/habitante) e novos
conceitos a ter em conta, nomeadamente no que respeita à definição da figura de Produtor,
bem como à organização dos resíduos em 6 categorias operacionais (e não 10, como
anteriormente) passando a incluir os painéis fotovoltaicos. Dois fatores adicionais poderão
ampliar a dimensão deste problema, a saber: no atual contexto económico o valor
associado a alguns materiais (como é o caso dos metais) poderá incentivar o desvio de
REEE para processamento fora dos SIGREEE; e o desenvolvimento tecnológico na
produção de EEE que tem vindo a reduzir o seu peso (Boletim ERP, Edição13, 2012).
Podemos sintetizar este desafio/problema através de três perguntas:
Como modificar os comportamentos da população portuguesa em relação á
reciclagem dos REEE?
Como conseguir que os cerca de 9% de Produtores que ainda não aderiram a
uma EG o façam?
Como assegurar que os REEE deixam de ser processados em operadores
paralelos fora dos SIGREEE?
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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4. METODOLOGIA GERAL
A metodologia seguida para a concretização do presente trabalho desenrolou-se
em quatro fases distintas:
• Fase1- exploratória inicial, que consistiu em entrevistas de profundidade ao
Diretor Geral da ERP Portugal com o objetivo de recolher informação específica sobre a
empresa, respetivos desafios e informação geral sobre esta área de atividade
• Fase2 - exploratória final, através da pesquisa exaustiva de toda a informação
disponível na bibliografia e internet procurando adquirir uma visão aprofundada da
temática SIGREEE e seus diversos players
• Fase3 – realização de uma pesquisa de mercado do tipo conclusivo com recurso
a inquérito para obtenção de dados primários sobre comportamentos e motivações da
população portuguesa em relação á reciclagem em geral e aos REEE em particular
• Fase4 - Discussão em grupo das conclusões da pesquisa de mercado, construção
dos restantes capítulos do plano de marketing e redação do presente relatório.
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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5. DIAGNÓSTICO DE MARKETING
5.1. Análise do ambiente Macro
5.1.1. Enquadramento Politico-Legal
O Decreto-Lei n.º 230/2004, de 10 de Dezembro, estabelece o regime jurídico a
que fica sujeita a gestão de REEE. Nas palavras do legislador, este diploma legal tem como
objetivo prioritário prevenir a produção de REEE e, subsequentemente, promover a
reutilização, a reciclagem e outras formas de valorização, de forma a reduzir a quantidade e
o carácter nocivo de resíduos a eliminar, contribuindo para melhorar o comportamento
ambiental de todos os operadores envolvidos no ciclo de vida destes equipamentos. No
quadro das obrigações impostas pelo referido no Decreto-Lei, os Produtores são
responsáveis pelo financiamento da gestão dos resíduos provenientes dos produtos que
colocam no mercado, e pela definição, individualmente ou através de uma EG, da referida
rede de sistemas de recolha de REEE. O diploma transpõe para a legislação nacional a
Diretiva n.º 2002/95/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Janeiro de 2003,
e a Diretiva n.º 2002/96/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Janeiro de
2003, alterada pela Diretiva n.º 2003/108/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 8
de Dezembro. O Decreto-Lei n.º 6/2009, de 6 de Janeiro, estabelece o regime de colocação
no mercado de pilhas e acumuladores (PA) e o regime de recolha, tratamento, reciclagem e
eliminação dos resíduos de pilhas e de acumuladores (RPA), transpondo para a ordem
jurídica interna a Diretiva n.º 2006/66/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de
Setembro (AMB3E, Relatório Contas, 2011).
5.1.2. Enquadramento Económico
As perspetivas para 2012, a nível dos principais indicadores de conjuntura (clima
económico, confiança dos consumidores, confiança do comércio) mostram o acentuar da
degradação na confiança dos agentes económicos.
As previsões do Banco de Portugal para 2012, revistas sucessivamente em baixa
entre os boletins de Primavera 2011 e de Inverno 2012, apontam para uma contração de
3,1% no PIB, uma taxa de inflação de 3,2% e uma queda - quer no consumo público quer
no consumo privado – de cerca de 6 pontos percentuais. De acordo com o relatório da
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
12
missão tripartida (Troika – FMI, BCE e UE), relativo à terceira visita de acompanhamento
à implementação do programa de financiamento ampliado, prevê-se um decréscimo mais
acentuado no PIB em 2012, para 3,25%. Considerando ainda a manutenção do clima de
desalavancagem no sistema bancário – com menor disponibilidade para a concessão de
crédito a empresas e particulares - e o crescimento expectável da taxa de desemprego
(adveniente da aplicação do acordo sobre as reformas no mercado de trabalho) as
perspetivas de evolução do mercado nacional de EEE para 2012 são ainda mais negativas
(estimativa de um decréscimo de 21%, face ao colocado em 2011), acentuando a tendência
de queda verificada em 2011.
Apesar das expectativas otimistas expressas pelo governo para 2013, os analistas de
diversos quadrantes políticos, preveem um agravamento da atual situação económica do
país traduzida em arrefecimento da atividade económica, aumento da taxa de desemprego e
retração no consumo das famílias e das empresas, com consequente impacto negativo na
evolução do mercado nacional de EEE para 2012 estimando-se um decréscimo de 21%,
face ao colocado em 2011, acentuando a tendência de queda já verificada em 2011
(AMB3E, Relatório Contas, 2011).
5.1.3. Enquadramento Tecnológico
O desenvolvimento tecnológico na produção dos EEE tem-se traduzido na
incorporação de materiais mais leves e na miniaturização, o que tem contribuído para a
redução do peso médio unitário. Adicionalmente registam-se crescimentos significativos
no consumo de EEE de pequenas dimensões em detrimento dos restantes o que contribui
para a redução do peso dos REEE no futuro. Estes dois fatores, conjugados com a
definição de metas de recolha em Kg/habitante, podem constituir um importante desafio
adicional para as EG.
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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5.2. Análise do ambiente Micro
5.2.1. Tendências e evolução do mercado
Este mercado está dividido em duas variáveis de análise distintas, por um lado a
introdução de equipamentos novos (EEE) no mercado, e por outro lado a recolha de
resíduos (REEE). A variável introdução de equipamentos novos (EEE) apresenta uma
tendência de queda nos últimos quatro anos agravada em 2011 (gráfico1), em contrapartida
a recolha de REEE tem registado crescimentos consistentes desde 2006, atingindo o seu
valor máximo em 2011 (gráfico2).
Gráfico 1: evolução da introdução de EEE-Portugal (Relatórios Anuais ANREEE, AMB3E e ERP
Portugal)
Gráfico 2: evolução da recolha de REEE – Portugal (Relatórios Anuais ANREEE, AMB3E e ERP
Portugal)
47599
70.752 72.094 73.132 77.592
56.120
123.207
176.909 171.211 169.049 165.355
130.746
2006 2007 2008 2009 2010 2011
Milhares Unidades
Toneladas
4.206
29.500
45.179 46.600
56.120
2006 2007 2008 2009 2010 2011
Recolha REEE
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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5.2.2. Concorrentes
Nesta área de atividade operam duas entidades gestoras a AMB3E e a ERP
Portugal. A AMB3E obteve do Estado Português uma licença específica para a gestão de
REEEE, constante do Despacho conjunto n.º 354/2006, de 27 de Abril, dos Ministérios do
Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional e da Economia e
da Inovação, e o licenciamento para a gestão de RPA pelo Despacho n.º 1262/2010, do
Ministério do Ambiente. Por sua vez a ERP Portugal obteve a sua licença para a gestão de
REEE através do Despacho conjunto n.º 353/2006 de 27 de Abril emitido pelas mesmas
entidades e o licenciamento para a gestão de RPA pelo Despacho n.º 3862/2010, do
Ministério do Ambiente. Na gestão de REEE operam desde 2006 apenas estes dois
competidores sendo a maior diferença entre ambos o facto da ERP Portugal fazer parte de
um consórcio europeu a operar em 17 países enquanto a AMB3E é uma associação criada
em Portugal para operar a nível nacional. Ambas partilham a mesma origem, tendo sido
criadas por diferentes grupos de Produtores.
O serviço prestado por estes dois competidores é basicamente indiferenciado sendo
o preço praticado, para as diferentes classes de resíduos, o principal fator diferenciador.
Desde 2006 que a AMB3E é líder de mercado com aproximadamente 65% de quota
de mercado em 2011, traduzida pela quantidade de EEE (expressa em toneladas)
introduzida no mercado pelos Produtores que são seus associados ou clientes.
Na categoria de Resíduos de Pilhas e Acumuladores (RPA) opera um terceiro
concorrente, a Ecopilhas, que obteve do Ministério do Ambiente a sua licença inicial em
Outubro de 2002, ao abrigo do Decreto -Lei n.º 62/2001, de 19 de Fevereiro, operando em
regime de monopólio até 2010 e sendo a entidade líder de mercado neste segmento
específico.
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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5.2.3. Comportamento do cliente
O conceito de cliente poderá ser dividido em dois segmentos distintos pelo seu
diferente papel e impacto na atividade das EG. Por um lado temos os Produtores que
constituem a carteira de Clientes das EG, financiado através do pagamento dos EcoREEE
as EG que desta forma suportam integralmente o funcionamento dos SIGREEE; por outro
lado temos a população e as empresas em geral, como potenciais geradores de REEE e
consequentemente os fornecedores da “matéria-prima” necessária para a atividade de todos
os operadores destes sistemas.
No âmbito deste projeto, como público-alvo, devemos considerar toda a
população com idades superiores aos 6 anos de idade. Os adultos e as crianças com idades
superiores a 14 anos, assim como as empresas em geral, serão assumidos como
“Consumidores”, sendo as crianças entre os 6 e os 14 anos assumidas como
“Influenciadores”. Os Produtores não serão considerados público-alvo uma vez que, em
virtude das circunstâncias atípicas deste mercado, não são uma prioridade para a ERP
Portugal.
Perante a escassez de dados secundários que nos permitam compreender os
comportamentos e motivações da população portuguesa em relação á reciclagem dos
REEE, realizámos um estudo de mercado com o objetivo de recolher esta informação.
5.2.3.1. Estudo de Mercado
O objetivo deste estudo de mercado consistiu na identificação das atitudes e
comportamentos inerentes á reciclagem de resíduos domésticos (embalagens), e na
identificação do conhecimento, barreiras e motivações relativas á reciclagem de REEE.
5.2.3.1.1. Ficha Técnica
Inquérito online disponibilizado aos inquiridos através da plataforma Google
Docs. Recorreu-se a uma técnica de amostragem Não Probabilística regida por critérios de
conveniência e/ou acesso aos inquiridos.
O questionário foi corretamente respondido por 297 inquiridos que constituíram
uma amostra não representativa do universo nos parâmetros: distribuição etária e nível
académico. No que diz respeito às distribuições por género e distrito de residência a
amostra reflete a realidade do universo.
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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Gostaríamos de destacar que esta amostra apresenta um nível de formação
académica diferenciado do que o registado no universo (57% da amostra com formação
superior vs 13% no universo) e um nível etário mais baixo (apenas 0.3% com idades> 60
anos vs 22.8% no universo) características que deverão ser devidamente ponderadas nas
conclusões do inquérito.
O intervalo de confiança é de 5.68 para um índice de confiança de 95%.
Os dados recolhidos foram tratados e analisados em Excel com recurso a tabelas
dinâmicas.
5.2.3.1.2. Questionário
O questionário foi construído com treze perguntas para dar resposta às hipóteses
de investigação geradas durante a fase exploratória, sendo dividido em três seções:
Dados demográficos
Conhecimento e Comportamentos relativos á reciclagem de resíduos
sólidos urbanos (embalagens)
Comportamentos, Motivações e Conhecimentos relativos á reciclagem
de REEE
5.2.3.1.3. Análise dos Resultados
Como ponto de partida para a elaboração do questionário foram levantadas várias
hipóteses, tendo merecido particular destaque a expectativa de que os comportamentos que
conseguíssemos identificar relativamente a um atividade de reciclagem presente na vida da
maioria dos portugueses á quinze anos (reciclagem de embalagens), pudesse constituir-se
como um importante preditor das barreiras e oportunidades que as EG enfrentam na
tentativa de gerar comportamentos associados á reciclagem de REEE. É de todos
conhecido o nível de investimento que a Sociedade Ponto Verde tem aplicado na
comunicação e na construção de uma rede de pontos de recolha nos seus quinze anos de
atividade e as respostas a este inquérito poderão ser reveladoras do retorno conseguido.
Vamos então analisar os principais resultados deste inquérito através de uma
abordagem de pergunta e resposta.
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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Seção I - Reciclagem de resíduos de embalagens
Os inquiridos estão bem informados sobre este tema?
Sim - 82% consideram-se Bem ou Muito Bem Informados
A idade e/ou o nível académico influenciam o nível de informação?
Não - neste grupo de 82% dos inquiridos, a idade e a formação académica não
influenciam o nível de informação.
Qual o nível de reciclagem assumido pelos inquiridos?
45% reciclam menos de metade das embalagens que geram nas suas habitações.
O nível de informação tem influência no nível de reciclagem?
Não - dos 82% Muito Bem ou Bem Informados, 40% reciclam menos de metade
das embalagens o que comparado com o valor obtido para a totalidade da amostra (45%)
representa um ganho de apenas 5%.
A idade influencia o nível de reciclagem?
Sim - nas idades inferiores a 30 anos encontramos uma maior prevalência de
indivíduos que reciclam menos de metade das embalagens com desvios de +20% para
idades inferiores a 25 anos e desvio de +38% para idades entre 25 e 29 anos.
O acesso aos ecopontos influencia o nível de reciclagem?
Sim - nos casos em que o acesso é classificado como Muito difícil a percentagem
de inquiridos que reciclam menos de metade sobe para 67% vs 27% nos que consideram o
acesso Muito Fácil.
Seção II – Reciclagem de REEE
Os inquiridos reciclam EEE?
Sim - 51% reciclam parcialmente, 30% Nunca reciclam e apenas 20% reciclam
Sempre.
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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O acesso aos pontos de recolha condiciona a reciclagem de EEE?
Não - a variação é de apenas 2% entre os inquiridos que reciclam Sempre e os que
Nunca reciclam no que diz respeito ao acesso classificado como Fácil e Muito Fácil aos
ecopontos.
Os inquiridos armazenam REEE nas suas casas?
Sim – 38% dos inquiridos assume que armazena um ou mais REEE na sua
habitação o que representa mais de 1600 REEE num grupo de aproximadamente 110
inquiridos. Nos gráficos 3 e 4 apresentamos o detalhe de Nº de REEE e respetiva tipologia.
Gráfico 3 - N.º de REEE armazenados por inquirido
Gráfico 4 - Tipologia dos REEE armazenados
51%
27%
9% 13%
1
2
3
4 ou mais
9% 28%
16%
4%
12% 13%
11%
7%
Televisores
Telemóveis
Computadores
Frigorificod/Arcas
Pequenos Eletrodomésticos
Máquinas Fotográficas
Impressoras
Outros
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
19
O que motivaria os inquiridos a reciclar os EEE?
Destaca-se a preocupação pelo impacto ambiental que estes resíduos podem
provocar com 50% das respostas (gráfico 5).
Gráfico 5 - Motivações para reciclar REEE
O que motiva os inquiridos a armazenar os EEEs?
Se excluirmos motivações como, Retorno Financeiro, Ligação Emocional e Peças,
podemos agrupar as restantes em três clusters conforme ilustrado no gráfico 7. Quando
analisamos os verbatins associados ao cluster “Ainda Funciona” verificamos que estes
consumidores não consideram os seus EEE como potenciais REEE, e como tal não deverão
ser alvo prioritário do nosso plano. Em contrapartida os clusters “Inércia” e “Falta
Informação/Pontos Recolha” representam um conjunto de consumidores (56%) cujas
motivações poderão ser influenciadas para gerar uma ação concreta de reciclagem dos
REEE que atualmente armazenam nas suas habitações.
Gráfico 6 - Motivações p/ Armazenar REEE
4%
9%
10%
11%
16%
50%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Troca por novo
Reutilização
Pontos recolha
Retorno Financeiro
Libertar Espaço
Preservação do Ambiente
26%
24%
12%
12%
7%
6%
6%
4%
4%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
FaltaTempo/Inércia
Ainda Funciona
Pontos recolha
Sem motivos
Ligação emocional
Falta informação
Retorno Financeiro
Peças
Não guardo/não tenho
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
20
Gráfico 7 - Clusters por Motivações
Qual é o grau de informação dos portugueses em relação á reciclagem de
EEE?
Destaca-se pela positiva a elevada notoriedade que os Pontos Depositrão e
Electrão já atingiram junto desta amostra, e pela negativa o baixo nível de conhecimento
em relação a Lâmpadas, Obrigações dos Vendedores e EcoREEE.
Gráfico 8 – Grau de conhecimento sobre a temática REEE: percentagem de respostas
corretas
Inércia; 38% Ainda Funciona;
24%
Falta Informação
/Pontos recolha; 18%
74%
78%
45%
35%
32%
26%
17%
Existem contentores vermelhos nos espaços comerciais e escolas para eu depositar os meus pequenos eletrodomésticos usados
Existem em Portugal entidades responsáveis pela recolha e reciclagem dos Equipamentos
Existe legislação em Portugal que estabelece objetivos de reciclagem para os Equipamentos Elétricos ou Eletrónicos usados
As lâmpadas que utilizo em minha casa não são consideradas REEE
Quando compro um Equipamento Elétrico ou Eletrónico pago uma taxa para a sua reciclagem
O vendedor de Equipamentos Elétricos ou Eletrónicos tem obrigação legal de recolher o meu equipamento usado
Em Portugal são recolhidas anualmente mais de 40.000 toneladas de REEE
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
21
5.2.3.1.4. Conclusões do Estudo de Mercado
• O elevado nível de Informação sobre reciclagem e a Formação
Académica dos inquiridos não influencia a ação de reciclar embalagens resultantes das
atividades de consumo diário. Apesar do investimento em informação e sensibilização
protagonizado pela Sociedade Ponto Verde nos últimos quinze anos, 45% dos inquiridos
reciclam menos de metade dos resíduos gerados.
• A Idade e a Facilidade de Acesso aos Ecopontos influenciam de forma
significativa a quantidade de reciclagem realizada pelos inquiridos. Nas idades
inferiores a 30 anos verifica-se o nível mais baixo de reciclagem. Os inquiridos que
classificam o acesso como Fácil ou Muito Fácil são aqueles que reciclam as maiores
percentagens de resíduos.
• Como Oportunidades surgem a “Inércia” e a “Falta de Informação e/ou
Acesso aos Pontos de Recolha” (totalizando 56% das respostas) atitudes que poderão ser
mais facilmente modificadas e transformadas em ações de reciclagem efetiva de REEE.
• Foram identificadas Fatores de Motivação para desencadear a ação de
reciclar REEE: Preocupação Ambiental, Libertar Espaço e Reutilização pelo que estes
elementos deverão ser incorporados na estratégia de comunicação.
• Como principal barreira á reciclagem de REEE, (24% das respostas)
identificamos o facto de os mesmos “Ainda funcionam”, revelando que, na mente do
consumidor, estes EEE não têm o estatuto de REEE e como tal não são elegíveis para
reciclagem. São igualmente barreiras a “Ligação Emocional”, a expectativa de “Retorno
Financeiro” e o “Aproveitamento de Peças” que totalizam 17% das respostas.
• Relativamente ao nível de informação sobre a temática dos REEE
verificamos que a notoriedade é elevada (78%) para os pontos Depositrão e Electrão e
que o nível de conhecimento sobre EcoREEE e Obrigações dos Vendedores é muito
baixo (26 e 32% respetivamente). O desconhecimento em 65% da amostra sobre o facto
de as lâmpadas serem consideradas REEE pode justificar ações dirigidas a esta categoria
específica.
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
22
5.3. Fatores Críticos de Sucesso
Incentivar/motivar a população portuguesa a entregar os REEE
Assegurar o acesso facilitado aos pontos de recolha específicos para REEE
Dimensionar a rede de operadores dos SIGREE por forma a assegurar a recolha,
triagem, tratamento e valorização dos REEE
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
23
5.4. Análise SWOT
Ameaças Oportunidades
a. Nova Diretiva UE (8kg/habitante)
b. Fugas ao SIGREEE
c. Redução do peso nos REEE futuros
d. Entrada de novas Entidades Gestoras
e. Desconhecimento da população sobre a
temática REEE
f. Barreiras á reciclagem que podem ser
removidas em 56% dos casos
g. Elevado número de REEE armazenados pelos
consumidores
Pontos
Fortes
1. Baixa quota de mercado (menor pressão sobre
metas de recolha)
2. Única EG a operar em 17 países com sinergias
daí resultantes
3. Estrutura de custos reduzida
4. Carteira de Produtores maioritariamente com
EEE de baixo peso unitário
1/b - Alargar a base de Consumidores B2B
sendo o parceiro para a recolha de REEE
gerados nas empresas
2/b – Influenciar a tomada de medidas de
fiscalização e penalização sobre os “operadores
alternativos/ilegais” pelas autoridades nacionais
Pontos
Fracos
5. Publico alvo atual restrito, sem poder de
decisão e baixo poder de influência (crianças 1º e
2º ciclos)
6. Baixa Notoriedade junto dos consumidores
7. Baixa Cobertura do mercado (pontos recolha)
8. Baixa influência sobre o preço de mercado
(único fator de diferenciação)
8 - Integração vertical: criação de UTV em
Estabelecimento Prisional;
5 - Redefinir o público-alvo
6/e/f/g - Implementar um plano de comunicação
direcionado para o novo público-alvo e focado na
alteração de atitudes e recolha imediata de REEE
7/f/g - Aumentar a cobertura de mercado (pontos
de recolha)
Gráfico 9 - Análise SWOT dinâmica
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
24
6. OBJETIVOS DE MARKETING
Atingir a meta de recolha de REEE definida para 2013 (assumindo 8Kg/Habitante) e
desenvolver bases de sustentabilidade para o atingimento de metas futuras atuando sobre
os seguintes vetores:
Modificação dos comportamentos da população portuguesa em relação á
reciclagem de REEE;
Alargar a base de Clientes;
Aumentar a cobertura do mercado (pontos de recolha);
Aumentar a notoriedade e relevância ambiental dos REEE;
Incentivar os cerca de 9% de Produtores que ainda não aderiram a uma EG
para o fazerem;
Combater a atividade dos operadores fora dos SIGREEE.
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
25
7. FORMULAÇÃO ESTRATÉGICA
7.1. Orientações Estratégicas
Na persecução dos objetivos de marketing, e tendo como base de sustentação os
resultados do estudo de mercado, assumimos que a aposta em campanhas de informação
não se revelou no passado como o fator critico para gerar ação nos consumidores, e que
nesse sentido, o principal driver estratégico deste plano passará por implementar no terreno
um conjunto de atividades de marketing cujo output será gerar ações concretas e
imediatas de recolha de REEE. Adicionalmente, reconhecemos que o acesso de
proximidade aos pontos de recolha é um importante fator de mobilização para a
reciclagem, e que como tal, deverá ser igualmente alvo prioritário deste plano pela
recomendação de uma parceria estratégica.
Considerando o papel fundamental que a Responsabilidade Social assume hoje no
contexto das atividades empresariais e seu enquadramento na sociedade, decidimos incluir
uma ação piloto nesta área.
Não sendo objetivo atual da ERP Portugal a conquista de quota de mercado, não
será delineada qualquer estratégia específica de abordagem aos Produtores.
O fenómeno da fuga de REEE para sistemas paralelos de processamento, não será
alvo deste plano uma vez que, no nosso entendimento, deverá ser objeto de ações a
desenvolver pela associação que representa este setor (ANREEE) junto das entidades
oficiais que a tutelam.
7.2. Posicionamento
Faça o seu Equipamento Elétrico e Eletrónico
usado contribuir para a sustentabilidade
ambiental do planeta!
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
26
7.3. Segmentação e Targeting
Para a definição dos segmentos neste mercado recorremos aos critérios
psicográficos, Motivações para Reciclar REEE e Motivações para manter REEE
armazenados em casa e ao critério demográfico Idade uma vez que demonstrou
correlação direta com o nível de reciclagem concretizado.
Na definição dos targets vamos considerar apenas os consumidores residentes nas
Zonas Urbanas de Lisboa e Porto com idades inferiores a 30 anos.
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
27
8. PLANO OPERACIONAL
8.1. Plano de Distribuição
O aumento da cobertura dos pontos de recolha deverá focar-se no conceito de rede
de proximidade procurando adequar a sua localização á distribuição da população. Neste
sentido comparámos a distribuição da população por distrito com a rede de pontos de
recolha da ERP verificando-se assimetrias significativas que justificam o aumento dos
pontos de recolha nos distritos deficitários ou a redistribuição da rede atual.
A rede de Ecopontos implantada em Portugal pela Sociedade Ponto Verde poderá
funcionar como “âncora” para a rede alargada de pontos de recolha de REEE. Nesse
sentido recomendamos a criação de uma parceria estratégica com a Sociedade Ponto
Verde uma vez que as duas entidades partilham de missão idêntica e poderão beneficiar de
sinergias através desta parceria.
Tabela 2 - Rede Pontos Recolha ERP vs População
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
28
8.1.1. Mix de Distribuição
Tabela 3 - Mix de Distribuição
Nome da Ação Objetivo Descrição
Parceria c/ Sociedade Ponto
Verde
Ultrapassar as
dificuldades de acesso
aos pontos de recolha
e meio adicional de
comunicação com o
consumidor
Colocação de Depositrões Ecoponto
associados a Ecopontos nos distritos
em que a cobertura da rede atual é
deficitária. Potencial redistribuição dos
pontos de recolha existentes
Desenvolvimento do
Depositrão Ecoponto Comunicação
Desenvolver um contentor com o
conceito dos cubos utilizados pela
criança, com aberturas simulando os
pequenos eletrodomésticos i.e. varinha
mágica, torradeira, rádio, ecrã, etc.
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
29
8.2. Plano de Comunicação
O seu driver principal é a mudança de atitudes através da criação de tensão
focalizada nas barreiras e motivações identificadas pelo estudo de mercado e que sejam
geradoras de ações por parte do consumidor. As atividades foram delineadas de acordo
com as motivações e barreiras específicas a cada target, no entanto, é expectável que pela
sua exposição e potencial de buzz, venham a impactar outros consumidores.
8.2.1. Objetivos de Comunicação
Gerar tensão junto dos targets definidos que motive ações concretas de entrega de
REEE. Simultaneamente desencadear buzz que desenvolva notoriedade sobre a temática
dos REEE, com particular destaque para a vertente do seu Impacto Ambiental. Como
objetivo secundário elegemos o aumento do conhecimento sobre EcoREEE e sobre as
obrigações dos revendedores de EEE.
8.2.2. Público-alvo de Comunicação
Consumidores residentes nas Zonas Urbanas de Lisboa e Porto, com idades
inferiores a 30 anos e com motivações para reciclar REEE relacionadas com:
T1 – Ambiente - Greens
T2 - Libertar Espaço – Need4Space
T3 - Acesso aos Pontos Recolha – Need4Acess
Consumidores residentes nas Zonas Urbanas de Lisboa e Porto com idades
inferiores a 30 anos que revelam as seguintes barreiras para reciclar REEEs relacionadas
com:
T4 – Inércia – Push Required
T5 - Falta informação – Information GAP
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
30
8.2.3. Mix de Comunicação
Nome da Ação Tipo Target Objetivo Origem
Faturas que comunicam Comunicação Todos Informar o comprador de EEE sobre a temática
dos REEE
Estudo de mercado – Seção 3
Conhecimento sobre REEE
REEE ocupam a Praia
MKT Guerrilha T1/T2/T4
Mudar atitude de inércia junto dos targets Greens,
Need4Space e Push Required
Insights: Motivações para reciclar e
Barreiras para Reciclar REEE ocupam os Centros Comerciais
REEE invadem os Transportes Públicos
Reciclar na Semana Académica MKT Guerrilha T1/T4 Mudar atitude de inércia
Gerar recolha imediata
Insights: Motivações para reciclar e
Barreiras para Reciclar
A invasão das lâmpadas MKT Guerrilha T1/T4 Desenvolver awareness sobre o impacto
ambiental dos REEE no target Green
Gerar recolha imediata de lâmpadas e mudança de
atitude em relação a este REEE específico nos
targets Green e Push Required
Estudo de mercado – Seção 3
Conhecimento sobre REEE
O Campeonato dos REEEs Marketing Viral T4 Mudar atitude de inércia e gerar recolha imediata
no target Push Required
Insights: Motivações para reciclar e
Barreiras para Reciclar
Criação de UTV em Estabelecimento
Prisional
Responsabilidade
social/RP
Reinserção social dos reclusos e financiamento da
prisão
Criar pressão sobre os preços praticados pelos
operadores
SWOT – pontos fracos
Tabela 4 - Mix de Comunicação
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
31
8.2.4. Criatividade
Nome da Ação Onde Descrição
Faturas que comunicam
Pontos de venda de
grande dimensão
(EEE)
No final de cada recibo/VD inserir frases que apelem ao conhecimento, curiosidade e sensibilidade do
consumidor. Exemplos: “Deposite o seu equipamento antigo no Depositrão mais próximo”;“ Entregue o seu
equipamento antigo quando compra um novo”, Ajude o ambiente com um único gesto, entregue o seu
equipamento usado para reciclagem”; “Emagreça a sua casa – entregue o seu eletrodoméstico usado”
REEE ocupam a Praia
Praias de
Carcavelos e Costa
de Caparica
Depósito de REEE ao longo das praias e nas zonas onde habitualmente se colocam as toalhas. Esta ação irá
decorrer em simultâneo com a colocação de outdoors com imagens de casas “a rebentar pelas costuras” nas
vias de acesso rodoviário a estas praias. No sentido contrário os outdoors apresentarão imagens das casas
mais “magras”, depois de nas praias os frequentadores terem tido contacto com os REEE espalhados pela
areia. Irá também decorrer uma campanha de sensibilização com promotoras e distribuição de flayers sobre
REEE e sua reciclagem nas praias respetivas. Esta ação será realizada nos fins-de-semana e em praias
diferentes durantes os meses de Junho e Julho
REEE ocupam os
Centros Comerciais
Colombo; Vasco da
Gama; Almada
Forum; Cascais
Shoping; Norte
Shoping; Mar
Shoping
“Ocupação” de uma área de entrada do Centro Comercial (CC) onde as pessoas ao entrar se deparam com
uma situação anómala e desconhecida através da colocação de um “monte” de REEE mais vulgares e os
mais utilizados em casa (frigorifico, televisão, telemóvel, torradeira, impressora, etc) na entrada principal
do CC e pequenas “ilhas” espalhadas pelo espaço comercial. Associamos a estes espaços frases que
pretendem desencadear reações emocionais á campanha: “Emagreça a sua casa”; “Liberte-se dos restos que
tem em casa”; “Seja parceiro do Ambiente!”; “O seu gesto no presente faz a diferença no futuro”
Tabela 5 - Criatividade atividades de marketing
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
32
Tabela 6 - Criatividade atividades de marketing (continuação)
Nome da Ação Onde Plano operacional
REEE invadem
os Transportes
Públicos
Transportes
Públicos das
capitais de
distrito
Ocupação de espaços destinados aos utentes dos transportes públicos (lugares sentados ou em pé) por manequins que
apresentam no lugar da cabeça e das mãos EEE como forma de consciencialização para a ocupação de espaço destes REEE na
vida das pessoas. Em simultâneo existirão pessoas caracterizadas com fatos dos REEE mais vulgares em casa (frigorifico,
televisão, telemóvel, torradeira, impressora, etc.) nas paragens desses transportes públicos para também eles entrarem nos
transportes. Nesses fatos serão inscritas frases alertando as pessoas para o problema de espaço que estes criam nas residências
Reciclar na
Semana
Académica
Principais polos
Universitários do
país
Durante a semana académica instituir uma “praxe Ecológica” que consiste na entrega de um REEE por cada calouro.
Desenvolve-se uma competição entre cada curso para apurar qual o que conseguiu recolher o maior número de REEE
O Campeonato
dos REEE
Estádios de
futebol nos jogos
entre SLB e SCP
Recolha de REEE nos estádios de futebol nos dias dos jogos mais emblemáticos, envolvendo emocionalmente as claques
através dos respetivos lideres. Com recurso às redes sociais lança-se o desafio aos adeptos, com a indicação que no dia do jogo
existirão dois depósitos (balanças) na entrada das bancadas de cada equipa, para que os adeptos depositem os seus REEE e
vençam a equipa adversária. A pesagem é visível no ecrã do estádio e os adeptos podem acompanhar a sua evolução e qual das
equipas está a ganhar este campeonato. No intervalo será anunciada a equipa vencedora e lançado o desafio para o próximo
derby
A invasão das
lâmpadas
Segunda Circular
- Lisboa
Durante os primeiros dois dias os postes de iluminação estarão disfarçados de lâmpadas fluorescentes. Á medida que vamos
progredindo na 2ª circular algumas estão partidas simulando vidros a cair para a faixa de rodagem. No 3º dia aparecem
mensagens ao longo da segunda circular: As minhas lâmpadas usadas contêm substâncias perigosas?; As minhas lâmpadas
usadas são recicláveis?; Quer contribuir para preservar o ambiente?; Entregue as suas lâmpadas na estação Galp!; Entregue as
suas lâmpadas na estação Repsol!; Nestas estações estariam disponíveis contentores específicos para este efeito sendo
igualmente elementos de comunicação com informação sobre quantidades de REEE associados a lâmpadas, tipos de lâmpadas
a reciclar e pontos de recolha na área da grande Lisboa
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
33
8.2.5. Cronograma de Implementação
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
34
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bibliografia
- Porter, Michael E, Estratégia Competitiva, Elsevier, 2004
Netgrafia
http://www.renascimento.pt/pt/?det=9404&id=2308&mid= (08-05-12)
http://www.portaldoelectrodomestico.com/Dicas%C3%9Ateis/Comomelivrardomeuelectro
dom%C3%A9sticovelho/tabid/2251/Default.aspx (09-05-12)
www.anreee.pt/get_document.php?id=20 (08-05-12)
http://www.camarasverdes.pt/tema-especial/489-residuos-de-equipamentos-electricos-e-
electronicos-a-performance-de-portugal.html (08-05-12)
https://dspace.ist.utl.pt/bitstream/2295/578209/1/Dissertacao_ML.pdf (08-05-12)
http://portaldoambiente.apambiente.pt:8080/maissobre/residuos/fluxosespecificos/Residuo
sEquipamentoElectricoElectronico/Paginas/default.aspx (09-05-12)
http://apirac.pt/newsletter/050.htm (09-05-12)
http://www.sosanimal.com/html/body_dec20-2002.html (09-05-12)
http://www.anreee.pt (31-03-12)
http://www.erp-portugal.pt (31-03-12)
http://www.complydirect.com/weee/performance-points/ (31-03-12)
http://www.amb3e.pt/ (31-03-12)
http://www.weee-forum.org/news/ends-europe-daily-europe-slow-to-deliver-on-waste-
prevention (13-04-12)
http://www.iapmei.pt/iapmei-leg-03.php?lei=4419 (13-04-12)
http://run.unl.pt/bitstream/10362/1843/1/Carvalho_2008.pdf (13-04-12)
http://www.saudepublica.web.pt/02-Epidemiologia/021-Demografia/PopRes_Distrito-
GrEtario-Sexo_2007.htm (20-05-2012)
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
35
10. ANEXOS
10.1. Questionário
No âmbito de um projeto académico em curso no IPAM sobre os hábitos de
reciclagem da população portuguesa, gostaríamos de contar com a sua colaboração
respondendo ao questionário que se segue. As suas respostas são estritamente
confidenciais.
Necessitará de aproximadamente 5 a 8 minutos para responder.
A sua opinião é fundamental para nós!
1. Qual é o seu Género? *
Feminino
Masculino
2. Qual é a sua Idade? *
3. Qual a sua formação académica? *
4. Qual o seu distrito de residência? *
Pense agora nos seus hábitos de separação e reciclagem dos resíduos domésticos.
5. Qual a quantidade de resíduos que separa habitualmente para reciclagem? *
0 a 25%
26 a 50%
51 a 75%
Mais do que 75%
6. Como classifica a facilidade de acesso aos Ecopontos existentes na sua área? *
Muito Difícil
Difícil
Fácil
Muito Fácil
7. Sente que está informado sobre o tema da reciclagem dos resíduos domésticos? *
Muito pouco informado
Pouco informado
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
36
Bem Informado
Muito bem informado
Este tema não é relevante
Nesta última parte, vamos pedir a sua opinião sobre os Resíduos associados aos
Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (passaremos a chamar-lhe REEE). Falamos por
exemplo de eletrodomésticos, telemóveis, televisores, computadores e outros que
guardamos em casa apesar de já não os utilizarmos.
8. Habitualmente entrega estes REEE para reciclagem? *(escolha a opção que mais se adequa
ao seu caso)
Nunca
Algumas vezes
Sempre
Depende do tipo de REEE
9. Quantos REEE tem guardados na sua casa? *
Nenhum 1 2 3 4 ou mais
Televisores
Telemóveis
Computadores
Frigoríficos/Arcas
congeladoras
Pequenos
eletrodomésticos
Máquinas fotográficas
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
37
Nenhum 1 2 3 4 ou mais
Impressoras
Outros
10. Assumindo que tem um ou mais REEE para reciclar, que ponto de recolha escolheria? *
Entrega no ponto de venda do equipamento novo
Entrega num Centro de Recolha
Entrega num ponto Electrão
Entrega num ponto Depositrão
Colocava junto ao Ecoponto
Contactava o serviço de recolha da Câmara Municipal
Colocava no contentor do lixo
Outro:
11. Assumindo que tem um ou mais REEE em sua casa, indique o fator que mais o(a)
motivaria para reciclar: *
12. Assumindo que tem um ou mais REEE em sua casa, indique o motivo para o continuar a
guardar na sua casa: *
13. Por último, classifique como verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações: *
Verdadeiro Falso Não sei/Não respondo
1. Quando compro um Equipamento
Elétrico ou Eletrónico pago uma taxa
para a sua reciclagem
Cláudia Soares; Joana Rocha; Rui Azevedo e Rui Gomes
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Verdadeiro Falso Não sei/Não respondo
2. O vendedor de Equipamentos
Elétricos ou Eletrónicos tem obrigação
legal de recolher o meu equipamento
usado
3. Existem em Portugal entidades
responsáveis pela recolha e reciclagem
dos Equipamentos Elétricos ou
Eletrónicos usados
4. Existem contentores vermelhos nos
espaços comerciais e escolas para eu
depositar os meus pequenos
eletrodomésticos usados
5. Existe legislação em Portugal que
estabelece objetivos de reciclagem para
os Equipamentos Elétricos ou
Eletrónicos usados
6. As lâmpadas que utilizo em minha
casa não são consideradas REEE
7. Em Portugal são recolhidas
anualmente mais de 40.000 toneladas de
REEE
Completou o questionário. Muito Obrigado pela sua colaboração!