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Investigando Opções de Auto Abastecimento de Água

Esta brochura apresenta os resultados de uma investigação sobre experiências de melhoramento do auto abastecimento de água no Uganda. Este estudo apresenta recomendações do modo como os profi ssionais do abastecimento de água podem melhor colaborar com as comunidades, com vista a implantar um abastecimento sustentável e descreve um projecto-piloto recentemente lançado, destinado a apoiar no desenvolvimento de opções de auto abastecimento.

Da pesquisa às intervenções piloto no Uganda

Série Sobre Abastecimento de Água Rural

Outubro de 2006

Apontamentos

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Síntese

O auto abastecimento é um dos três temas emblemáticos da Rede para o Abastecimento de Água Rural (RWSN). Em 2005, foi levado a cabo um estudo sobre o melhoramento do auto abastecimento de água nas regiões sul e oriental do Uganda. Deste estudo observou-se que, pelo menos 39% da população rural depende de fontes de auto abastecimento, caracterizados por poços de água pouco profundos e não revestidos ou até furos equipados com uma diversidade de dispositivos de captação de água. Este estudo analisa os fortes e os inconvenientes da abordagem convencional externa quanto ao auto abastecimento de água. Propõe uma estratégia complementar, que provavelmente será mais sustentável na medida em que responde melhor às realidades técnicas, sociais e económicas locais. Este estudo descreve as implicações em termos de políticas e sugere medidas a serem tomadas com vista à sua aplicação integral.

Poço comunal nos arredores de Bugiri

Mapa do Uganda

Uma Visão sobre o Auto Abastecimento

O Que É o Auto Abastecimento?

O termo “auto abastecimento” refere-se as iniciativas locais ou privadas desenvolvidas por indivíduos, famílias ou grupos comunitários destinadas a melhorar as suas fontes de água, sem esperarem pela ajuda do Governo ou das Organizações Não Governamentais (ONGs).

Os indivíduos, famílias ou grupos comunitários fornecem a maior parte do custo de investimento da fonte de água, sendo em dinheiro ou espécie. Embora o direito de propriedade seja ou não claro à face da lei, não se percebe se o Governo ou as ONGs têm um controlo parcial ou total sobre a fonte de água. A fonte é quase sempre usada por mais de um indivíduo ou grupo, para além do indivíduo que a concebeu e pagou para a sua construção. A manutenção está normalmente a cargo do indivíduo ou do grupo comunitário que desenvolveu a fonte de água, frequentemente com pouco ou nenhum apoio por parte dos

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inúmeros utentes da fonte. Nas zonas rurais é difícil encontrar formas de pagamento pelo consumo da água, mas nos centros de comércio e nas zonas urbanas, é comum que os utentes paguem taxas de consumo numa base volumétrica.

A Predominância do Auto Abastecimento na África Subsariana

Na África Subsariana, as familias e as comunidades tomaram as suas próprias iniciativas para melhorar os serviços de abastecimento de água, tendo construído e gerido cerca de um milhão de fontes de água de auto abastecimento (Sutton 2004). Estas iniciativas, que já benefi ciam cerca de 40 milhões de pessoas (RSWN, não datado), assumiram diversas formas: alguns troncos de árvores que atravessam uma fonte de água; um dique de terra em torno de uma fonte de água, de forma a desviar as águas de escoamento; uma fonte natural ou águas superfi ciais pouco profundas protegidas pela comunidade; um poço cavado à mão por um particular que partilha a sua utilização com os vizinhos; a exploração generalizada das águas pluviais; até mesmo alguns casos de particulares que perfuraram poços profundos para benefício pessoal e dos seus vizinhos.

Abordagens ao Auto Abastecimento

No passado, os profi ssionais do sector da água ignoravam ou até mesmo reprovavam as iniciativas de auto abastecimento. Mesmo hoje em dia, tendem a concentrar-se nas desvantagens conhecidas (fraca qualidade da água e da construção, falta de fi abilidade e de segurança) e não nas vantagens para os utilizadores, nomeadamente a facilidade de acesso a fonte de água, baixo custo e

facilidade de gestão. A abordagem convencional ao abastecimento de água é monitorada pelo exterior – através dos governos, doadores, agências externas e ONGs. Assegura-se um padrão mínimo de serviços, sob a forma de uma fonte de água comunitária protegida, mas geralmente não tratada, num raio de cerca de 1 km da maior parte dos utentes. Esta estratégia aumentou a cobertura mas, em muitos países não está a progredir com a rapidez necessária para se cumprir os objectivos nacionais ou de Desenvolvimento do Millennium (MDG) estabelecidos para 2015. Este estudo demonstra que uma estratégia complementar (que apoia as iniciativas de auto abastecimento) tem potencialidade para preencher esta lacuna.

No Uganda, a cobertura de água está estimada em 61% (MoWE 2006). A maioria dos 39% de “não benefi ciários” abastece-se de fontes de água de auto abastecimento que eles melhoraram de várias formas. Uma abordagem de auto abastecimento constroi-se a

partir dessas iniciativas, continuando o progresso da população com vista a melhoria dos serviços do auto abastecimento de água, por um custo unitário potencialmente muito inferior ao da abordagem convencional e com melhores hipóteses de sustentabilidade.

Experiências de auto abastecimento em algumas partes da África

A maior parte de trabalhos de base em auto abastecimento tiveram lugar no Zimbabwe, seguido do reconhecimento da importância dos chamados poços familiares. Antes de 1980 cerca de 30 a 40% da população rural obtinha água doméstica a partir de fontes de auto abastecimento não melhoradas (WSP 2002, Morgan 2003). Desde os princípios de 1990 ao recente verifi cou-se um programa muito acelerado de melhoramento das fontes de auto abastecimento, o que permitiu em 2002, a reabilitação de 50000 poços familiares – poços rasos

Poço de auto abastecimento em Busia

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com uma cobertura e drenos de betão, equipados com bombas manuais e ou guincho, servindo água a cerca de meio milhão de população para fi ns domésticos ou agrícolas (irrigação de pequena escala).

Na Zâmbia, pesquisas detalhadas dos potenciais melhoramentos de baixo custo das fontes tradicionais de água (1998-2002) permitiu a criação de capacidade técnca e projectos pilotos, e a incorporação das abordagens de auto abastecimento na política nacional (Sutton 2002).

O Contexto do Uganda

Até ao fi nal da década de 90, as actividades do sector da água rural no Uganda eram geralmente efectuadas por projectos que eram geografi camente limitados. Hoje em dia, o abastecimento rural está largamente abordado dentro dum único programa nacional descentralizado, fi nanciado por intermédio de um

mecanismo sectorial que utiliza fundos provenientes do Estado e dos doadores. A contribuição das ONGs para a água e saneamento rural no Uganda é provavelmente inferior a 20% das despesas totais do sector.

No quadro do programa de descentralização, os 70 distritos do Uganda, em parceria com as comunidades e o sector privado, asseguram actualmente os serviços de água rural. A construção de novas fontes de água foi “privatizada” ou, mais precisamente, subcontratada, pelos distritos, num processo que se iniciou na segunda metade da década de 90. O sector privado desenvolveu-se e consolidou-se, mas ainda se depara com desafi os consideráveis, no que diz respeito à prestação de serviços e de rentabilidade.

Nos últimos anos, foi dada prioridade à cobertura, daí a construção de novas fontes de água em prejuízo da sustentabilidade de funcionamento

e de manutenção. Entretanto este assunto está sendo discutido, e na publicação do Enquadramento Nacional de Operação e Manutenção (DWD, 2004) constituiu um marco importante no debate sobre a maneira como podem ser equilibradas as despesas de construção e o apoio às operações posteriores à construção.

No que se refere ao auto abaste-cimento, o Governo e a Uganda Rainwater Association (URWA)1 fi zeram signifi cantes progressos nos últimos anos; numa primeira fase, colocaram na ordem do dia das comunidades e das instituições os sistemas de colecta das águas das chuvas e, actualmente, estão a apoiar, cada vez mais, as iniciativas de nível familiar.

A actual taxa de cobertura nacional de água potável está estimada em 61% (MOWLE, 2005) variando, contudo entre 27% e 92%, conforme os distritos.

O Estudo do Auto Abastecimento no Uganda

Antes deste estudo (feito pela WaterAid para a RWSN) pouco se sabia sobre as práticas de auto abastecimento no Uganda. Contudo, tinham sido efectuados trabalhos importantes sobre colecta das águas pluviais e, por conseguinte, este estudo foi concentrado na utilização das águas subterrâneas de pouca profundidade. Esperava-se que: (a) existisse um certo grau de auto abastecimento, apesar da grande incerteza; e (b) se tratasse essencialmente de fontes de água particulares e não de fontes de água comunais. As conclusões do estudo mostraram uma situação bastante diferente.

1 A URWA é uma rede nacional de organizações e de particulares, com interesses na colecta das águas das chuvas para fi ns domésticos. Inclui representantes de organizações governamentais e não governamentais.

Poço cavado à mão, em mau estado mas de acesso fácil

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Resultados da Investigação

Pontos de Vista

Entrevistas feitas a mais de 60 inqui-ridos bem informados – profi ssionais do sector de abastecimento de água, empresários, funcionários públicos e membros de ONGs - revelaram que era muito difícil avaliar o que se enten-dia por auto abastecimento, iniciativas privadas ou iniciativas locais. Existe uma opinião, profundamente enraiza-da, entre os profi ssionais do sector da água, de que as iniciativas privadas não só são inferiores às fontes de água tradicionais melhoradas como também não têm um papel importante a desem-penhar na expansão da cobertura do abastecimento de água no Uganda.

Tipos de fontes de Água

A tabela 1 mostra que as tecnologias de auto abastecimento a partir de águas subterrâneas variam desde as mais rudimentares (tipos 1 e 2) às técnicas cada vez mais sofi sticadas (tipos 3 e 4). Mas vale a pena referir que, apesar de tudo, e à luz das novas tecnologias as pessoas melhoraram as suas fontes de abastecimento em termos de acesso a água, protecção da fonte e fi abilidade do abastecimento.

Perfi l dos promotores do auto abastecimento

Os promotores dos projectos de melhoramento do auto abastecimento têm características pessoais muito diferentes. Porém, quase por defi nição, todos eles partilham um espírito empresarial ou um sentido de liderança ou de iniciativa e, em muitos casos, possuem dinheiro que lhes permite transformar as suas ideias em actos. Entre os mais abastados, alguns dos promotores do auto abastecimento são homens de negócios, funcionários

de ONGs, professores ou outros com rendimentos ou pensões que estão dispostos a investir nas suas comunidades. Entre os mais pobres, encontram-se os membros da comunidade que mobilizam amigos e vizinhos para melhorar as fontes de água tradicionais, utilizando para o efeito mão-de-obra e materiais locais.

Usos da Água

Das 67 fontes de água visitadas durante este estudo, a maioria parte (80%) destina-se sobretudo ao uso doméstico. Tudo parecia indicar, em alguns casos, que os consumidores utilizam fontes de baixa qualidade para o banho e lavagem da roupa e fontes aperfeiçoadas (geralmente com bombas manuais ou água corrente) para beber e cozinhar. Mas, em muitos casos, uma fonte única atende a todas estas necessidades domésticas, podendo recorrer-se a um ponto mais distante, fi ável e protegido, quando a fonte mais próxima seca. Convém

mencionar que, para a maioria dos consumidores (especialmente rurais) a facilidade de acesso é cada vez mais importante do que a qualidade da água, ao passo que para os profi ssionais do sector uma qualidade questionável (aspecto ou gosto) pode, só por si, ser sufi ciente para classifi car essa fonte como inaceitável.

Pagamento e partilha da água no meio rural

Nas áreas rurais, não é normal que um proprietário de uma fonte privada de água impeça os seus vizinhos de a utilizarem, mesmo que não tenham participado no investimento. Os poços privados para uso exclusivo de uma família representam apenas 4% de todos os visitados durante o estudo. Esta observação é comungada por outros locais da África Subsaariana e, até mesmo no Zimbabué os “poços familiares” são utilizados pelos vizinhos quando as outras fontes

Sistema doméstico de recolha das águas pluviais

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secam ou estão com problemas de funcionamento.

No Uganda, o estudo constatou que os utentes de água que partilham um poço “privado”, normalmente, não estão dispostos a cooperar em termos de manutenção e de pagamento. Ao mesmo tempo que os proprietários comentam o facto de os utentes não quererem contribuir, a verdade é que parecem estar resignados com esta situação. Quanto mais nos afastamos das zonas rurais em direcção aos centros de comércio e às localidades urbanas, mais aceitável se torna a ideia de pagar pela água (em função do volume ou por pagamento mensal ou anual). Nas zonas rurais, este conceito de se pagar ainda não é bem aceite, ao passo que nas áreas mais urbanizadas os consumidores estão totalmente dispostos a pagar.

Uma Nova Proposta de Abordagem para o Uganda

A abordagem “convencional” dos profi ssionais do sector do abastecimento de água no meio rural normalmente é dualista. Ou a

fonte de água utilizada é considerada “tradicional”, “rudimentar” e “insegura”, logo inaceitável, ou é vista como fonte de água moderna “melhorada”, “protegida” e “segura”. Não há nada entre estes dois extremos. Se ainda prevalece o ideal clássico de um serviço

de abastecimento de água canalizada e tratada, no quintal ou no interior das casas, pago pelos consumidores, a verdade é que a experiência dos pesquisadores favorece um ponto de vista mais pluralista, que reconhece uma gama de opções técnicas, de investimento e de gestão.

Esta “nova abordagem” visa encontrar um equilíbrio entre um fornecimento acessível e fi ável de água de boa qualidade por um lado e a acessibilidade fi nanceira e a boa gestão pelo outro. Neste contexto, foram identifi cadas cinco características chave no domínio do abastecimento de água, que são importantes para os consumidores e para os responsáveis pela prestação dos serviços de abastecimento de água. São elas: 1) a facilidade de acesso; 2) a qualidade da água2; 3) a segurança de abastecimento; 4) o custo e 5) a gestão. (A quantidade de água não é explicitamente mencionada, uma

Fonte de água no fundo do vale, protegido por madeira e um dique de terra

A distância é um factor limitativo na avaliação da fiabilidade e do custo

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vez que está implícita nas questões referentes ao acesso e fi abilidade).

Existe um intercâmbio entre os primeiros três factores (acesso, qualidade da água e fi abilidade) e os dois últimos (custo e gestão). Um sistema com padrões elevados de acesso, qualidade da água e fi abilidade implica, na maior parte dos casos, altos custos e gestão complexa. Em contrapartida, abastecimentos de água de baixo custo, que podem ser facilmente geridos pelas famílias ou comunidades, apresentam frequentemente falhas em termos de acesso, qualidade da água ou fi abilidade. Os serviços de

abastecimento de água que satisfaçam os cinco critérios são difíceis de conceber; em todos esses casos compromissos são necessários.

Sistema de Avaliação

Propõe-se um sistema de avaliação para todos os tipos de abastecimento de água, baseado nos cinco critérios referidos acima. A fi nalidade deste sistema de avaliação é:

• levar em conta as opiniões, tanto dos utentes como dos profi ssionais, quanto às propriedades desejáveis de um sistema de abastecimento de água e

• identifi car claramente os aspectos das fontes de auto abastecimento que precisam de ser melhoradas.

O sistema de avaliação também revela algumas difi culdades (a maior relacionada com a gestão e os custos) dos serviços de água melhorados.

Cada uma das cinco características de abastecimento de água é classifi cada de acordo com as descrições da

Quadro 1 – Principais tipos de exploração das águas subterrâneas, por tecnologia

Tipo de exploração Descrição Comentário

1. Buraco cavado com pá Fonte de água doméstica, melhorada localmente

Um poço muito superfi cial (água numa profundidade de 0,5 m), geralmente não revestido, algumas vezes protegido por pequenos diques de terra e/ou madeira. Geralmente drenado, algumas vezes com vedação à volta.

Normalmente situado na vertente de uma colina ou no fundo de um vale, onde as águas subterrâneas superfi ciais quase sempre brotam sob a forma de nascentes, mas às quais só se pode aceder através de uma escavação pouco profunda.

2. Reservatório não revestido (conhecido no Uganda pelo nome de cisterna do vale)Construído localmente e funciona como fonte de água comum.

Uma escavação manual, com uma superfície mínima de 100 m2 numa zona plana e com uma profundidade de 2 metros em geral, que assegura o abastecimento de água para fi ns domésticos.

Localizado no fundo dos vales, utiliza as águas subterrâneas pouco profundas, frequentemente capta também as águas de escoamento.

3. Poço pouco profundoPartilha ou venda de água

Normalmente, um poço cavado à mão, revestido de tijolos, com uma profundidade que pode atingir 20 metros, equipado com uma corda e um balde, um guincho e de uma bomba de corda ou de uma bomba manual.

Encontra-se nos meios rurais, nos centros de comércio e nas cidades. No Este do Uganda é conhecido (erroneamente) por “shadoof”.

4. Furo de águaA água é vendida.

Um furo “profundo” equipado com uma bomba manual ou uma bomba submersível.

Só se encontra nos centros de comércio e nas cidades.

2 A questão da qualidade da água foi explicitamente excluída neste estudo, pelo que não se recolheu nenhuma amostra de água nem se fez nenhuma medição da qualidade da água. As opiniões acerca da qualidade das fontes de água visitados no terreno fundamentam-se principalmente em assumpções subjectivas dos riscos de poluição.

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Tabela 2. Cada uma delas pode corresponder a 0 (mau), 1 (médio) ou 2 (bom). As classifi cações para uma determinada fonte de água são, depois, adicionadas para se obter a classifi cação fi nal que pode, portanto, ir de 0 a 10. Este sistema de classifi cação signifi ca que cada um dos critérios tem o mesmo peso. A tabela foi feita em função da hipótese que uma fonte de abastecimento de água de superfície totalmente “tradicional”, totalmente rudimentar, distante e não protegida, deveria obter uma classifi cação próxima de zero (mas não um zero porque os utentes têm, pelo menos, a uma fonte de água que lhes permite sobreviver); uma fonte de água comunitário básico, rural e protegido (por exemplo, fonte protegida, torneira comum ou bomba manual) deveria ter uma nota intermédia; e um sistema bem gerido de abastecimento residencial de água potável, canalizada e tratada deveria obter uma classifi cação próxima de 10 (o gráfi co apresenta exemplos de notas para diferentes fontes de água – Figura 1).

Na Tabela 2, a classifi cação do critério “acesso” é simples e explícita, enquanto o “consumo” (quantidade) é implícito. Uma nota zero signifi ca que a fonte de água está muito distante e, por conseguinte, o consumo é baixo. Uma pontuação 1 refl ecte um acesso razoável a uma fonte de água comum e 2 aplica-se a uma fonte de água dentro do quintal ou da casa.

A nota atribuída à “qualidade da água” também é fácil de compreender. Zero aplica-se as fontes de água nitidamente poluídas ou em risco (normalmente fontes de água abertas); 1 é para as fontes protegidas de água não tratada (a qualidade é boa na maior parte das vezes, mas não pode ser garantida; a deterioração entre a fonte e o ponto de utilização também é a norma); 2 é para água de alta qualidade desinfectada a domicílio.

No caso da “fi abilidade”, zero signifi ca uma fonte de abastecimento incerta, como por exemplo uma logoa, um

poço ou um sistema de colecta da água das chuvas que fi cam secos durante uma parte signifi cativa do ano. Uma pontuação de 1 aplica-se a uma fonte de água comum com um consumo limitado, não por causa da quantidade de água mas pela distância (por exemplo uma bomba manual comunal). Uma nota 2 aplica-se a uma fonte de abastecimento fi ável situada no quintal ou dentro de casa, em que o consumo pode normalmente (e às vezes ultrapassar consideravelmente) os vinte litros diários por pessoa.

Relativamente ao “custo”, nota zero signifi ca um custo elevado. Pode ser fruto de um custo humano muito elevado associado com uma fonte de água distante e poluído (em termos de tempo, energia, saúde e oportunidades perdidas); ou do custo de investimento substancial de um sistema de abastecimento de água canalizada potável e tratada. A nota 1 aplica-se a uma fonte de água comunitária rural “convencional” melhorado, para o qual a comunidade só consegue contribuir com algumas centenas de Xelins3 do Uganda (entre 100 a 200 USD), ou cerca de 10% do custo de investimento. ” Uma pontuação elevada (2) aplica-se aos sistemas de abastecimento que utilizam sobretudo mão-de-obra e materiais locais e com pouca ou nenhuma dependência de apoio fi nanceiro externo.

Por último, no que se refere à “gestão”, uma nota elevada (2) é geralmente atribuída às fontes de abastecimento tradicionais que não requerem prati-camente nenhum apoio externo. Uma nota intermédia (1) é para as fontes de água “convencionais” modernizadas (por exemplo, bombas manuais ou sistemas de distribuição por gravidade), em que se reconhece cada vez mais (Schouten and Moriarty, 2003; Carter and Rwamwanja, 2006) a necessidade

Poço de auto abastecimento equipado com um guincho

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Tabela 2: Sistema de Classifi cação Proposto para o Serviço de Abastecimento de Água

Característica Nota 0 Nota 1 Nota 2

Acesso Distante e/ou situado num ponto alto, sendo portanto o consumo muito limitado (normalmente, cerca de 8 litros diários por pessoa).

A água está próxima da maior parte dos utentes (geralmente, num raio de 0,5-1 km) mas ainda tem de ser transportada para casa,

A água é fornecida no quintal ou na casa.

Qualidade da água A água está nitidamente poluída, o seu gosto é declarado inaceitável ou com risco evidente de contaminação pelas latrinas, gado ou outras causas.

A fonte está bem protegida mas a água não está tratada. As instalações de armazenamento são cobertas e não existem vias de contaminação evidentes.

A água é tratada (incluindo desinfecção) e a gestão do tratamento obedece a padrões elevados.

Fiabilidade O débito da fonte de água oscila com a estação, ou seca com uma utilização intensiva de modo que algumas vezes, os utentes têm que ir buscá-la noutros locais. A falta de fi abilidade pode levar a confl itos entre os consumidores.

Mesmo que o consumo seja baixo por difi culdades de acesso, a procura dos consumidores pode quase sempre ser atendida e o tempo de espera não provoca confl itos nem recurso a fontes de água de qualidade inferior.

Há sempre água para satisfazer a procura e a capacidade de abastecimento ultrapassa os 20 litros diários por pessoa.

Custo O custo é elevado. No caso de algumas fontes de água “tradicionais”, existe um custo humano alto em termos de tempo, energia e saúde. No caso de algumas fontes de água melhoradas, o custo de investimento só pode ser suportado por um investidor público ou privado. As taxas de utilização podem cobrir total ou parcialmente os custos de exploração e manutenção, ou há casos em que os consumidores não pagam taxas de utilização.

Geralmente, os consumidores contribuem com 10-15% do custo de investimento. As taxas de utilização só cobrem a manutenção, em caso de necessidade (e não há uma contribuição para a amortização dos custos).

Os custos humanos são baixos (saúde, tempo). O custo de investimento é tal que os utentes podem assumir no mínimo 50% do investimento. As taxas de utilização para exploração e manutenção são insignifi cantes.

Gestão Por necessidade, o funcionamento e manutenção do sistema são da inteira responsabilidade de um organismo ou pessoa competente. A contribuição do utente para a gestão é meramente fi nanceira. Se o organismo privado ou público prestar um serviço digno de confi ança, a pontuação sobe para 1. Se o organismo for permanente, sobe para 2.

Há necessidade de um apoio externo de longo prazo para que o sistema de gestão pelos utentes funcione correctamente. Na realidade, diz respeito a uma situação em que os utentes e um organismo externo partilham a responsabilidade das tarefas de exploração e manutenção.

A fonte de água, uma vez construído, pode ser gerido e mantido pelos utentes, sem qualquer apoio externo.

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Figura 1. Exemplos de Aplicação do Sistema de Pontuação

Fontes de Auto Abastecimento do Tipo 3 e 4

Nota 3-6

Prós: facilidade de gestão, baixo custo fi nanceiro e acesso fácilContras: qualidade da água, fi abilidade

Fontes de água comunitários “convencionais”

Nota 4-6

Prós: acesso, fi abilidade, qualidade protegidaContras: gestão

Água canalizada e tratada fornecida aos domicílios por um serviço público competente, a um preço sustentável

Pontuação 8-9

Prós: qualidade, acesso, fi abilidadeContras: custo

Fontes de Abastecimento dos Tipos 1 e 2

Nota 2-6

Pontos favoráveis: baixo custo fi nanceiro, facilidade de gestãoPontos desfavoráveis: qualidade da água, fi abilidade

Sistema doméstico de colecta das águas da chuva com um reservatório mínimo de 4m3

Pontuação 6-8

Prós: acesso, qualidade, fi abilidade, gestão fácilContras: Custo

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de um signifi cativo apoio externo de longo prazo às comunidades para assegurar a sustentabilidade do funcio-namento e manutenção. Uma nota zero atribui-se aos sistemas sofi sticados em que a gestão e manutenção do abas-tecimento requerem um corpo técnico competente. No entanto, se esse corpo for competente e fi ável (por exemplo, gestão por um serviço público ou uma ONG experientes), a pontuação sobe para 1 e se também for permanente, (por exemplo Estado ou organismo de base religiosa), a pontuação passa para 2. É claro que a pontuação pode mudar com o tempo e circunstâncias, especialmente se uma mudança política ou um confl ito minarem organizações anteriormente efi cientes.

Obstáculos a Ultrapassar

Existem quatro obstáculos principais à expansão de iniciativas de auto abastecimento:

• Primeiro, é preciso ventilar e abordar construtivamente as diferenças de percepção entre os utentes da água (interessados, sobretudo, na facilidade de acesso, fi abilidade, a facilidade de manutenção e a acessibilidade fi nanceira) e os profi ssionais do abastecimento de água que desencorajam o desenvolvimento de fontes de água que não satisfazem aos padrões aceites pelo Governo. Compreende--se que as fontes que não cumpram as normas governamentais em matéria de qualidade de construção sejam verbalmente e até mesmo activamente desencorajadas pelas autoridades, face ao desejo do Governo e das ONG de protegerem as populações benefi ciárias do perigo da água de má qualidade. Entende

-se até que surjam litígios (como aconteceu com a contaminação de arsénico no Bangladesh), caso os consumidores sejam incentivados a beber água que, depois, se provou ter causado doenças ou morte. A correlação entre o auto abastecimento e o tratamento de água a nível de lares é, portanto, da maior importância.

• Segundo, muitas ONGs e construtivamente públicas, que têm por mandato ofi cial apoiar as comunidades, e não aos lares individuais, normalmente não subsidiam os particulares que fazem o abastecimento de água à comunidade, porque vêem neles um agregado familiar e não um recurso da comunidade. Estas autoridades temem que a assistência a fornecedores individuais de água possa, de algum modo, enfraquecer

os seus objectivos quando, na realidade, a maior parte das fontes de auto abastecimento são, de facto, fontes de água comunitárias.

• Terceiro, não se presta praticamente nenhum apoio às comunidades que fazem melhorias no tipo 1 (buraco feito com pá) ou no tipo 2 (reservatório não revestido). A maior parte das organizações parecem ignorar o signifi cado positivo dos investimentos realizados pelos indivíduos ou comunidades, e nenhuma das ONGs ou dos organismos do governo entrevistados estavam a considerar melhorias simples, de baixo custo, nessas fontes de água.

• Quarto, os investimentos necessários à construção de poços ou de furos pouco profundos protegidos estão à disposição de um número muito

3 A taxa de câmbio é de cerca de 2000 Xelins do Uganda para o USD.

A simplicidade da tecnologia é um factor muito positivo na avaliação da rentabilidade e da independência da gestão

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reduzido de indivíduos. Alguma forma de subsídio do Estado poderia alterar esta situação mas, aqui de novo, deveria se ultrapassar primeiro, o conceito de que o “Estado não ajuda os particulares”.

Implicações no domínio de medidas

Segundo as estatísticas ofi ciais do Governo (MoWE2006), pouco mais de 61% da população rural do Uganda tem acesso a “água potável”. Como implicação cerca de 39% da população rural obtém água fontes “não tratadas”. O estudo mostra que a maioria destas fontes de água são do tipo 1 e 2 – poços abertos com pás ou furos de água, com protecção rudimentar (diques de terra, troncos de árvores, pedras, sebes de vegetação e vivas), com uma manutenção inteiramente feita pelos utentes da água. Uma pequena percentagem da população rural são abastecidas por poços e furos pouco profundos (tipo 3 e 4), construídos pela iniciativa de particulares e uma outra pequena percentagem utiliza as águas pluviais para satisfazer parte das suas necessidades. Logo, o auto abastecimento é da maior importância no Uganda e é de incentivar e apoiar o desenvolvimento deste sistema, de uma forma progressiva e sensata.

A existência de uma percentagem tão elevada da população que está a atender às suas necessidades de água é já uma prova de que as iniciativas destinadas a melhorar o abastecimento de água existem e funcionam no Uganda. As fontes de água cavadas com pá e não revestidas podem, no seu conjunto, abastecer de água um terço da população rural, enquanto os poços pouco profundos abastecem provavelmente cerca de 5% da população. A necessidade, espírito de iniciativa, capital e competência em

matéria de construção existem mas estes dois últimos elementos são, no entanto, pouco frequentes. A maioria dos pontos de auto abastecimento servem um extenso grupo de utentes (dezenas ou até centenas de lares), sendo raros os que estão reservados para uso exclusivo dos proprietários.

Os sistemas de auto abastecimento têm a grande vantagem de que as pessoas que asseguram o fornecimento de água à comunidade têm um forte sentimento de controlo da fonte de água. A construção da fonte de água exige um montante considerável de esforço e/ou dinheiro, pelo que é forte o interesse em sustentar e gerir esse ponto. Não se trata de contestar a necessidade de um apoio ofi cial ou das ONGs para melhorar o abastecimento de água mas, no caso em que as probabilidades de se obter um sistema inteiramente fornecido pelo Estado são praticamente nulas,

toda a intervenção ofi cial ou das ONG deve ser extremamente ponderada. As actuais ou potenciais iniciativas de auto abastecimento podem ser abafadas ou desencorajadas perante uma ajuda mal concebida que frequentemente se revela inviável.

Algumas das opções que permitem apoiar os projectos de auto abastecimento incluem as seguintes:

• Nos casos em que os particulares se mostrem dispostos a investir, por exemplo, em poços pouco profundos, o governo local poderia contribuir com o fornecimento de parte ou da totalidade dos materiais, equipamento (por exemplo, guincho, bomba de corda ou bombas manuais padronizadas para furos profundos no Uganda, os U2 e U34 ), e com apoio à manutenção. Este tipo de apoio seria inteiramente justifi cado, salvo nas zonas muito urbanizadas,

Furo de água numa aldeia do Uganda que abastece uma vasta comunidade de utentes

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Investigando Opções de Auto Abastecimento de Água

já que (como concluiu este estudo) as fontes de água privados exclusivos são raros, ou até mesmo inexistentes, fora dos conglomerados urbanos.

• Nos casos que existem fontes de auto abastecimento usadas por uma larga comunidade, as autoridades locais podiam circunscrever a sua assistência ao proprietário, na sua qualidade de único responsável pela reparação e manutenção da fonte de água, o que evitaria a criação de comités de consumidores de água. Seria necessário sensibilizar-se as

comunidades para a importância de se pagar o abastecimento de água, tarefa que deveria ser confi ada ao promotor da fonte de água e não a um organismo exterior.

• As competências em matéria de construção de poços existem na região central e oriental do Uganda, mas os artesãos envolvidos têm uma fraca formação técnica e comercial, poucos recursos de capital e de equipamento e acesso limitado ao crédito. Um apoio aos artesãos seria de extrema importância em todos ou alguns destes aspectos com vista a estimular a oferta neste segmento do mercado.

Recomendações ao Governo e às ONGs

Adoptar uma estratégia progres-siva: o governo e as ONGs devem considerar a melhoria das fontes de água como um processo gradual, que permite transformar as fontes de água insalubres, inconvenientes, inseguras, distantes e poluídas em fontes de água seguras, fi áveis, convenientes, próximos e fáceis de ser geridos. O dualismo actual (salubre/insalubre ou melhora-do/rudimentar) precisa de ser substitu-ído por um dispositivo progressivo de melhoramento que permita alcançar e ultrapassar a taxa de cobertura mínima aceitável.

Caixa 1. Opinião dos Utentes sobre Auto Abastecimento

Na opinião dos utentes, as fontes de auto abastecimento oferecem não apenas conveniência e economia de tempo, mas também a oportunidade de se utilizarem maiores quantidades de água. A desvantagem de muitos dos poços pouco profundos de auto abastecimento está relacionada com a qualidade da construção e a sua localização – frequentemente, demasiado próximos das latrinas. Porém, mesmo em casos em que a água é extraída por um balde e corda (a maior parte das vezes), quando a corda se arrebenta, a fonte fi ca fora de serviço durante um período de tempoconsiderável. Encontrámos provas de resistência ao uso de bombas manuais (na fotografi a), nas palavras de uma mulher que afi rma:”Se dantes não podiam comprar as cordas, como é que vão comprar as peças para a bomba?

4 As bombas manuais U2 e U3 são efectivamente as bombas India Mark II e India Mark III que são mais recomendadas pelo Governo ara poços e furos profundos.

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Reconhecer o papel comunitário dos fornecedores individuais: as autoridades e as ONGs que apoiam o auto abastecimento devem tomar consciência de que a sua ajuda não se destina aos particulares mas aos grupos mais vastos de utentes de água.

Explorar mecanismos de apoio apropriados para desenvolver novas fontes de abastecimento:

o Governo e as ONGs devem examinar os meios para assistir ou incentivar a construção de novos pontos de auto abastecimento: subsídios parciais, aconselhamento técnico ou outros meios.

Encontrar formas úteis de assistir a gestão: as autoridades ofi ciais e as ONGs devem estudar os meios de ajuda ou encorajar a gestão das fontes de auto abastecimento:

aconselhamento técnico, apoio ao investimento pessoal, ajuda à mobilização da comunidade ou outros.

Identifi car formas para ajudar os perfuradores de poços a desenvolver a sua actividade: as autoridades e as ONGs devem contemplar formas para ajudar ou encorajar os perfuradores privados de poços (artesãos) através de acções de formação, fornecimento de equipamento, acesso ao crédito ou outros meios.

Próximas Etapas

Este estudo efectuado em 2005 recebeu a profunda anuência do governo ugandês, tendo as suas conclusões suscitado um interesse considerável entre as autoridades e a rede de ONGs. É provável que o reconhecimento dos desafi os que se levantam ao país para conseguir alcançar os seus objectivos de cobertura através dos métodos clássicos tenha infl uenciado positivamente a percepção relativamente a auto abastecimento.

Depois da conclusão do estudo, realizaram-se discussões mais aprofundadas, sobretudo a nível de governo central e, no momento em que se redige o presente estudo, acaba de arrancar uma intervenção piloto. O objectivo global da operação piloto é determinar, no quadro da pesquisa aplicada, o campo de melhorias que os próprios utentes podem progressivamente introduzir, através de um aperfeiçoamento do conhecimento, apoio técnico e subsídios muito pequenos (menos de 10%).

O Comité Directivo Nacional que orientou o estudo (presidido pelo Comissário Adjunto do Abastecimento de Água às Zonas Rurais na Direcção de Desenvolvimento dos Recursos

Poço perfurado de auto abastecimento com reservatório elevado

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Investigando Opções de Auto Abastecimento de Água

Hidráulicos e com representantes do sector das ONGs e dos principais doadores bilaterais) confi ou a um pequeno número de ONGs ugandesas a tarefa de promover e apoiar o auto abastecimento. No quadro do projecto-piloto, os utentes serão encorajados a introduzir melhorias graduais nas fontes de água existentes. As ONGs responsáveis darão assistência às comunidades através de competências técnicas e de pequenos subsídios em dinheiro ou espécie. O conselheiro técnico prestará orientação e apoio de retaguarda às ONG. A rede de ONGs (UWASNET) canalizará os fundos para as ONG e terá assento no Comité Directivo. WaterAid também integrará o comité Directivo. A Direcção de Desenvolvimento dos Recursos

Hidráulicos fi nanciará a execução do projecto e presidirá o Comité Directivo. O projecto-piloto receberá orientação e apoio durante o período compreendido entre Setembro de 2006 e Dezembro de 2007. Durante e depois da sua execução, decidir-se-á quanto à possibilidade da sua extensão.

Existem inúmeros obstáculos à adop-ção da abordagem de auto abasteci-mento no Uganda que, segundo Mills (Mills 2006), se baseiam fundamental-mente nas percepções erróneas dos profi ssionais do sector. Falta saber se as muitas oportunidades e os também igualmente numerosos factores favo-ráveis ao auto abastecimento irão ter mais peso que os obstáculos à adop-ção desta nova ideia tão promissora.

A Rede de Abastecimento de Água Rural é uma rede mundial de conheci-mentos que visa promover as práticas racionais de abastecimento de água nas zonas rurais. Nasceu da neces-sidade de se prestar mais atenção aos desafi os do abastecimento de água às zonas rurais e de se incen-tivar a cooperação e partilha dos ensinamentos e conhecimentos entre os diversos organismos públicos, organizações multilaterais, doadores bilaterais, ONGs e sector privado. A troca de ideias e de informações proporcionam um efeito catalisador e dinamizador, essenciais para a consecução das metas ambiciosas das MDG.

O estudo aqui apresentado foi efec-tuado pela WaterAid Uganda, sob a direcção de um comité presidido pelo Comissário Adjunto do Abastecimento de Água Rural, Aaron Kabirizi, da Direcção de Desenvolvimento dos Recursos Hidráulicos (DWD). O Comité englobava a DWD, Rede do Uganda de ONGs para água e sane-amento (UWASNET) e o Programa de Água e Saneamento – África (WSP). Os nossos sinceros agradecimentos a todos os que realizaram, dirigiram e geriram o estudo, bem como aos interlocutores e membros das comuni-dades que contribuíram com inúmeras informações.

O estudo foi executado pela WaterAid, no quadro das actividades da Rede para o Abastecimento de Água às Zonas Rurais (RWSN) e fi nanciado pela WSP-África. A equipa encarre-gada do estudo era composta por Richard Carter (Chefe da Equipa), Joyce Magala Mpalanyi e Jamil Ssebalu. O relatório pode ser consul-tado na sua totalidade na página da internete da RWSN, no endereço seguinte: http://www.rwsn.ch/documentation/skatdocumentation. 2005-11-17.7461089382

A propósito do Estudo

Quiosque de venda de água num poço perfurado de auto abastecimento

Outubro de 2006

World BankHill Park BuildingUpper Hill RoadPO Box 30577NairobiKenya

Phone: +254 20 322-6306Fax: +254 20 322-6386E-mail: [email protected]: www.wsp.org

RWSN SecretariatSKAT Foundation, Vadianstrasse 42CH-9000 St. GallenSwitzerland

Phone: +41 71 288 5454Fax: +41 71 288 5455Email: [email protected]: www.rwsn.ch

Autor: Richard Carter

Colegas revisores: Peter Morgan, Sam Mutono, Joseph Narkevic, Sally Sutton e Anthony Waterkeyn.

Preparado sob a orientação de Joseph Narkevic e Piers Cross (WSP-Africa)

Direcção da tradução para o Português de Luís Macário (WSP-África)

Editor: Mindy Stanford

Créditos de fotos: Richard Carter

Contactos: Richard Carter [r.c.carter@cranfi eld.ac.uk]Sally Sutton [[email protected]]Antony Waterkeyn [[email protected] ]

Referências

Carter, R. C., J. M. Mpalanyi, and J. Ssebalu. 2005. Self-help Initiatives to Improve Water Supplies in Eastern and Central Uganda, with an Emphasis on Shallow Groundwater. WSP/RWSN/WaterAid. http://www.rwsn.ch/documentation/skatdocumentation.2005-11-17.7461089382

Carter, R. C. and R. Rwamwanja. 2006. Functional Sustainability in Community

Water and Sanitation: A Case Study From South West Uganda. Diocese of Kigezi/Cranfi eld University/Tearfund.

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Sobre o Autor

O Programa de Água e Saneamento é uma parceria internacional que visa melhorar as políticas, práticas e capacidades do sector de abastecimento de água para servir as populações pobres.

O RWSN é uma rede global de conhecimento para promoção de práticas sonantes no abastecimento de água e saneamento

O Prof. Richard Carter é um especialista em águas subterrâneas e abastecimento de água às comunidades, com mais de 30 anos de experiência em consultoria prestada ao sector privado e às Universidades. Interessa-se especialmente pela abertura de furos de água, de baixo custo, fruto das suas actividades de R&D e de formação no Reino Unido e na África Subsariana. Publicou várias obras e trabalhou no sector da água em mais de 20 países em desenvolvimento, para uma série de organismos, consultores e ONGs internacionais.


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