INTRODUÇÃO
Neste momento histórico marcado por mudanças estruturais profundas e aceleradas -
fala-se de "contracção do tempo" - vemos a necessidade de fazer novos planos e novas
sínteses na VR e fundamentalmente no campo da formação, e recolher as ideias e os
avanços que fomos dando no longo período de renovação do pós -Concílio.
No Plano de Formação de 87 deu-se um grande impulso à formação ao fundamentar e
explicitar a nossa identidade terrena, com todo o seu dinamismo, como núcleo central
configurador da pessoa, qualquer que seja a sua vocação. Também foi um
enriquecimento, descrever o crescimento pessoal e comunitário a partir da fidelidade ao
chamamento vocacional recebido, assinalando os valores carismáticos e a sua
incidência, tanto na estrutura pessoal como na vocação cristã, a vida consagrada e a
missão apostólica.
Valorizamos e agradecemos os contributos deste documento, mas perante o complexo
trabalho pedido pelo XIV Capítulo Geral: "Renovar o plano geral de formação,
actualizando a sua fundamentação, com a participação das irmãs de todos os
continentes"1, optámos por traçar unicamente umas linhas formativas que nos orientem,
um projecto que indique para onde devemos ir, com a intenção de uma formação
renovada.
A nossa identidade, como a própria vida, embora possua um passado rico que a
fundamenta e um presente que se pode viver em plenitude, está essencialmente aberta
ao futuro que a recria e no-la devolve como um presente sempre novo.
Este sexénio, 1999-2005, dedicado a renovar o nosso projecto institucional, é o tempo
oportuno para dar uma nova perspectiva, em interacção com o documento das
Constituições, à Proposta que vai orientar a missão Evangelizadora Educativa, assim
como ao Projecto Formativo que há-de avivar o processo de conversão -renovação que
hoje, a vida religiosa na Companhia, precisa. O dinamismo de uma formação adequada,
de uma transmissão actualizada e viva do carisma às novas gerações, prolonga e recria o
sentido de família teresiana, ao longo do tempo.
O caminho participativo que seguimos na elaboração destas linhas de formação,
enriqueceu tanto o próprio documento como as próprias irmãs que participaram no
processo, e assegura ao mesmo tempo, uma maior implicação de todas para levar para a
vida este projecto.
O caminho que percorremos começou com um trabalho inicial: uma equipa inter-
continental, seguindo a recomendação do Capítulo, elaborou um anteprojecto que fomos
utilizando como documento base de trabalho. Num segundo momento, o grupo de
formadoras da Companhia, no CIT celebrado em Roma em Maio - Junho de 2003, reviu
e enriqueceu o anteprojecto ao mesmo tempo que íamos fazendo um caminho de busca
conjunta no modo de entender a formação. Posteriormente as províncias, organizadas
através das equipas provinciais de formação, estudaram o projecto base e deram o seu
contributo para o documento inicial.
Ao longo de 2004 foi revisto por uma pequena equipa inter-provincial e inter-provincial
e continental que juntou o contributo das províncias para apresentá-lo no Capítulo. O
trabalho ficará concluído com a apresentação do Documento no XV Capítulo Geral.
O Projecto Formativo parte de uma análise de algumas características da realidade que
nos situam no nosso momento histórico. Continua com mas pinceladas sobre a pessoa, a
partir de uma visão cristã - teresiana, em sintonia com as características carismáticas e a
riqueza da nossa espiritual idade. A espiritualidade carismática foi muito trabalhada por
grupos de irmãs e leigos/as que, nos diversos encontros do CIT convocados durante o
sexénio, aprofundaram as nossas raízes carismáticas e as releram e adaptaram ao
momento histórico que vivemos. Esta riqueza foi um apoio muito grande, para nós.
Descrevem-se também alguns caminhos pedagógicos gerais que orientarão o trabalho de
concretização em projectos provinciais que posteriormente se realizará nas províncias.
O documento exprime com maior amplitude o modo de entender hoje, a formação com
uns eixos, linhas de força que acompanham o processo formativo nas suas diversas
etapas, e que ajudam a consolidar a identidade teresiana. Podem ser considerados como
referentes nos projectos: pessoal, comunitário e provincial.
E por fim, explicitam-se diversas etapas formativas que, seguindo o processo contínuo
de formação, não terminam nas fases iniciais, mas que incluem outros momentos
existenciais ao longo do ciclo da vida.
Os acentos que aparecem nestas etapas posteriores são indicações amplas que orientam
pedagogicamente o caminho. É o contributo das Províncias, equipas provinciais ou
responsáveis da formação, para adaptá-los às realidades ou situações de cada contexto
cultural.
Tanto o documento como o itinerário que percorremos enriqueceram-nos a todas.
Pusemo-nos a caminho no fim do XIV Capítulo General, discernimos "como responder
do melhor modo possível à vontade de Deus e às necessidades do nosso mundo"2". E
queremos continuar a caminhar deixando-nos mover pelo mesmo Espírito que moveu
a Jesus, a Henrique e a Teresa. O Espírito que nos ajuda a perceber a
realidade, por dura que seja, envolta na ternura do Deus Abbá, que nos introduz no
sonho da nova humanidade, e cada dia abre os nossos ouvidos para nos dizer de novo:
"Shemá, Israel".
APRESENTACÃO DO CONTEÚDO
O documento contém:
I - PRIMEIRA PARTE: A NOSSA FORMAÇÃO TERESIANA:
É a filosofia do documento, como se entende a formação, em que se fundamenta, para
onde se dirige.
Dentro desta parte:
1. A REALIDADE: Compreende algumas características do mundo actual com a sua
dupla visão positiva e negativa que podem ajudar a situar-nos e a dar-nos um marco real
à acção formativa.
Dá-se mais atenção ao mundo juvenil e à cultura emergente do feminino, por ser hoje
significativo e pela sua afinidade com o carisma teresiano.
2. A PESSOA: Uma antropologia cristã - teresiana:
Com uma orientação bíblico -teológica na qual aparece o ser humano como criatura,
feita à imagem de Deus.
- Que aceita os limites da sua liberdade e a diferença pessoal.
- Que vai crescendo na relação e nela se estrutura à imagem da Trindade.
- Que se sabe chamado à configuração com Cristo, mas convivendo sempre com a graça
e o pecado.
Com umas características teresianas, relidas hoje à luz das ciências humanas. A
orientação teresiana está iluminada pela experiência de Teresa expressa através da sua
peculiar simbologia:
- castelo habitado, a dignidade da pessoa
- bicho-da-seda - borboleta, transformação em Cristo
-horta, jardim, paraíso, o cuidado do crescimento
-amiga e esposa, a intimidade
3. O SEGUIMENTO DE JESUS na Companhia, hoje:
- Uma breve descrição da Companhia e as suas raízes carismáticas expressas no triplo
apostolado: a relação de amor que nos centraliza, a orientação educadora que nos
impulsiona para a transformação, a totalidade que nos consagra.
- A vivência dos CONSELHOS EVANGÉLICOS, com o seu sentido profético, como
um estilo alternativo para o mundo de hoje.
- A necessidade de partilhar a missão em COMUNIDADE: um corpo apostólico para
evangelizar educando. Uma espiritualidade da comunhão como desafio, e esse
"conhecer e amar e torná-lo conhecido e amado, "o para quê" da Companhia.
4. A NOSSA FORMAÇÃO TERESIANA ao longo de toda a vida apresenta-se como
um processo inacabado de fidelidade criativa, com uns traços que a caracterizam:
- Integral e integrador
- De conversão - renovação
- Dinâmico, em crescimento
- Que opta pela pessoa
- Com um âmbito formativo privilegiado: A RELAÇÃO
- A partir de uma plataforma básica: A COMUNIDADE
- Com a ORAÇÃO como caminho de relação com Jesus que impregna a vida
- Com um MODO: o discernimento, e a ajuda do acompanhamento.
Uns EIXOS TRANSVERSAIS: Linhas -força (dinamismos, orientação)
acompanham o processo formativo e vão consolidando a identidade.
Percorrem as diversas etapas e afectam também as várias dimensões (humana, crente,
fraterna e de missão).
Cada eixo leva a sua pequena concretização, uns itens que o matizam e dão ideias de
como usá-lo. São os seguintes:
- PALAVRA DE DEUS como encontro vital que nos interpela e nos vai configurando.
- PALAVRA DOS NOSSOS MESTRES, as intuições e experiência destes dois mestres
e discípulos.
- MISSÃO EVANGELIZADORA EDUCATIVA, o olhar educador que orienta as
nossas relações e a nossa oração, o "ser" e o "fazer", a vida toda.
- DISCERNIMENTO como vontade e caminho metodológico no processo formativo.
Escuta do Espírito e caminho de fidelidade criativa. Ponto central para orientar o
crescimento pessoal e comunitário.
- NOVA ECLESIALIDADE, que concebe a Igreja como casa e escola de comunhão.
Como fraternidade universal, sem exclusões.
- FIDELIDADE AO REAL que nos situa no tempo e no espaço;
que vê a realidade nos seus dinamismos sociais, económicos, políticos e culturais que
vão construindo as pessoas e grupos.
- RENOVADA OPÇÃO PELOS POBRES, como regresso à pobreza evangélica unida à
justiça, exprimindo assim a preferência do Reino.
- INCULTURAÇÃO - INTERCULTURALIDADE, como algo pelo qual devemos
optar se seguimos a Jesus encarnado, relações simétricas entre culturas, compreensão a
partir de dentro...
Centra o processo A EXPERIÊNCIA CRENTE como núcleo integrador. Um único
caminho para o crescimento da pessoa que é referente nos diversos ciclos vitais,
orientador do processo.
Um caminho pautado no qual actua a graça.
É um itinerário lento e complexo que não está de acordo com a idade, mas sim com o
dinamismo que se criou na pessoa. Não é o processo ideal, vai marcando uns
indicadores que nos ajudam a reconhecer onde estamos situadas e a mobilizar-nos na
direcção que queremos tomar.
As dimensões separam-se pedagogicamente, mas na vida vão-se integrando e
interagindo umas com as outras.
5. A ACÇÃO FORMATIVA orientada a partir de:
- A unidade entre a realidade e a formação que sempre acontece num tempo e num
espaço.
- A orientação para a renovação - conversão, a partir da experiência fundante.
- Uma decisão pessoa/livre.
- Um processo contínuo de busca e discernimento no âmbito privilegiado de uma
comunidade.
_ Uns acentos carismáticos que lhe dão identidade, e umas atitudes próprias que a
caracterizam.
Com UMA PEDAGOGIA:
- Pedagogia do amor, centrada na relação: carinho, respeito, confiança.
- Pedagogia do acompanhamento, a partir da ligação de liberdade e graça que é a vida, e
em clima de discernimento.
- Pedagogia motivadora que gera um crescimento reconhecendo a graça e as próprias
capacidades pessoais. Um equilíbrio entre o desânimo e a esperança para desdramatizar
a vida.
- Pedagogia activa e experiencial que facilita aprender com a vida e marca um itinerário
prático e quotidiano.
- Pedagogia da comunidade explicitada nuns traços dinâmicos que a configuram como
Comunidade em formação.
Destacam-se uns ELEMENTOS que articulam a formação e a tornam possível.
- Inculturação - Interculturalidade. Inserção. Traz-nos dados novos e ajuda-nos a situar-
nos real e evangelicamente - Relações que nos vão modelando.
- Trabalho para tornar concreta a responsabilidade e a criatividade.
- Estudo, com uns conteúdos teóricos e experienciais.
- Aceitação crente da vida, olhar de fé.
- Interiorização e silêncio, capacidade contemplativa.
- Projecto pessoal para tomar a vida nas mãos, e vivê-la com sentido de missão.
- Projecto comunitário em correspondência com o processo de formação permanente.
- Projecto provincial onde se cuida especialmente a identidade e o sentido da vida, o
crescimento vocacional, a renovação e recriação do carisma, o sentido de envio e de
missão.
RESPONSÁVEIS DA FORMAÇÃO: pessoas, grupos, equipas com as suas
respectivas competências.
II - SEGUNDA PARTE: Itinerário formativo:
ETAPAS INICIAIS DE FORMAÇÃO:
1. Pastoral vocacional:
- Busca I: Na qual, se procura entrar numa vida cristã mais comprometida que prepara o
caminho posterior.
- Busca II: Na qual, se oferece a possibilidade inicial de conhecimento da Companhia.
2. Pré-noviciado:
Onde a jovem se vai inserindo na vida com outras claves a partir da opção que iniciou, e
reconhece e aceita as rupturas que se deduzem desta opção.
3. Noviciado:
Etapa de iniciação no seguimento de Jesus onde a experiência de Deus é ponto central
da etapa, e é também o descobrir e apoiar as condições que favorecem melhor esta
experiência, sempre em relação com a missão que é o seu horizonte mais amplo.
4. Juniorado:
Uma etapa longa e complexa onde se faz já a experiência de uma VR teresiana mais real
e inserida, para se ir definindo na sua vocação, e poder confirmá-la até chegar ao
compromisso definitivo e a uma pertença à Companhia mais serena e segura.
A etapa de preparação para a profissão perpétua traçou-se de um modo diferente para
favorecer melhor os objectivos que pretendemos.
5. Outras etapas da vida:
Foram incluídas para dar a ideia de um processo contínuo de formação que não acaba, e
para atender e orientar a formação nos diversos ciclos vitais dentro do que lhes é mais
específico.
Indicam-se só uns matizes característicos da etapa e umas pistas por onde pode
caminhar a formação nesse momento da vida.
I PARTE: A NOSSA FORMAÇAO TERESIANA
1. OLHAR PARA A REALIDADE
Seguir a Jesus, requer situar-nos perante a realidade com um olhar crente sobre o nosso
mundo com todas as suas luzes e sombras.
Encontramo-nos perante um mundo que muda com surpreendente rapidez e
profundidade; que se mostra plural e por isso todas nos vemos obrigadas a viver e
conviver com pessoas de culturas, tradições, interesses, crenças e linguagens não só
diferentes mas com frequência contrapostas e antagónicas. Um mundo que reclama a
autonomia do secular e que tem o desejo de igualdade, justiça, participação e pluralismo
político.
Neste mundo o ser humano experimenta uma forte crise de sentido que lhe abre ao
traçado das suas convicções mais profundas e a voltar a situar-se perante novas buscas
de sentido, tarefa que se dificulta pela complexidade e as dimensões estruturais dos
sistemas dominantes.
O fenómeno da globalização converteu-se numa realidade que impõe uma nova forma
de entender a vida, as relações. Vivemos num mundo interligado e interdependente.
Este fenómeno contribuiu para fazer do neoliberalismo o sistema económico dominante,
com repercussões negativas para grande parte da humanidade.
A integração dos mercados financeiros, com repercussões profundas nas relações
assimétricas que se dão entre os países da periferia com o sistema financeiro mundial,
favorecem práticas injustas de marginalização e exclusão que afectam não só a milhões
de pessoas mas também à maior parte dos países do mundo3.
Embora o impacto da globalização no mundo seja predominantemente económico - o
mercado é o seu valor absoluto - não podemos perder de vista que este processo é
multidimensional e afecta todas as esferas da vida humana: a social, a política, a
científica, a cultural, a ecológica e a religiosa. Domina uma visão económica do ser
humano onde a vida vale pelo que se produz e rege a razão tecnológica, o que vai
constituindo um tipo determinado de ser pessoa: individualista, competitiva, com afã de
lucro, conformista e sujeita a padrões ditados pela marca, fascinada perante o poder da
imagem e dos meios de comunicação, alienada e sem compromisso social.
Devemos reconhecer que melhorou o nível de bem-estar em grupos privilegiados
identificados como" primeiro mundo", embora aconteça em todos os países, onde se
abriu um caminho de maior convergência tomando em conta a diferença, quer dizer, a
tolerância. A queda de imagens permitiu conhecer melhor o que é real e o que não é.
Constata-se que o bem de toda a família humana é um assunto de co-responsabilidade:
"nada do que é humano me é indiferente". A outra face deste fenómeno mostra-nos que
se amplia o rosto dos empobrecidos. Acentua-se a feminização da pobreza, geram-se
deslocações geográficas, migrações, amplia-se a divisão entre os que têm acesso ao
conhecimento e à tomada de decisões e os que são excluídos. Tudo isto provoca uma
incerteza perante o destino comum da humanidade, pois para que seja possível um
estado de bem-estar de alguns, necessita-se que a maior parte da humanidade pague os
custos.
Paradoxalmente, o desencanto perante a realidade descrita está gerando no seu próprio
seio, um movimento de criatividade e de novidade, unido à lógica dos valores
evangélicos, onde se vai descobrindo e se potencia o germe, as redes de solidariedade, o
comunitário, a justiça e a paz. A sensibilidade para o ecológico e a preocupação pela
integridade da criação, a busca do transcendente, o reconhecimento da dignidade
humana e o respeito dos seus direitos, assim como a tolerância e a atenção ao diferente
são outros tantos valores que emergem no nosso mundo.
A partir de um modo de relações onde a vida está constantemente ameaçada, cresce a
violência: zonas geográficas, países e bairros de grandes cidades são lugares em risco de
cair numa dinâmica de morte. A vida do planeta está em perigo: contaminação, seca,
resíduos tóxicos... Manipulam-se as fontes da vida e a fecundidade sem critérios éticos,
parece que se busca o protagonismo da ciência. Também se manifesta hoje a paixão
pela vida. Há pessoas, congregações, organizações cada vez mais conscientes, que se
situam ao lado dos pobres e trabalham pelos direitos humanos, a paz e a justiça.
Contemplamos um mundo com uma grande mobilidade humana e com movimentos
migratórios que afectam a quase a totalidade do planeta. Entre 80 a 100 milhões de
pessoas de todo o mundo vivem fora dos seus países de origem (ACNUR 1995). Estes
fluxos migratórios levam muitas pessoas a deslocar-se dentro dos seus próprios países.
Uma grande maioria destas pessoas deslocadas carecem de protecção e direitos ao não
estar em condições legais, são - os "sem papéis"4 cada vez mais abundantes.
De maneira especial queremos prestar atenção ao mundo juvenil e à cultura emergente
do feminino:
Nos últimos anos o tema da mulher adquiriu direito de cidadania nas ciências sociais,
na política, na religião, na teologia, na sociedade e na Igreja. Surge uma nova
consciência que põe em realce que as concepções, relações, formas de organização,
estruturas, etc. foram configuradas a partir de esquemas patriarcais, o que provocou
relações rígidas, hierarquizadas, baseadas no poder e isto feriu a humanidade porque
produziu um estilo de sociedade pobre e as mulheres foram as maiores vítimas deste
estilo de vida5.
Na busca de relações equitativas reconhecemos o contributo da perspectiva de género
que nos ajuda a tomar consciência de que todo o facto humano, sob qualquer forma, está
atravessado e condicionado de maneira primordial pela dialéctica masculino - feminino.
Esta categoria de análise ajuda a estudar e compreender a realidade a partir de uma
perspectiva mais inclusiva e completa, permite aprofundar a identidade feminina e
estabelecer relações com ela, e valorizar a participação da mulher nos diversos sectores
da sociedade e da Igreja Começa a reconhecer-se que a mulher tem um contributo
original no campo da reflexão teológica, cultural e espiritual, não só no que se refere ao
específico da vida consagrada, mas também na inteligência da fé em todas as suas
manifestações.6
A cultura juvenil participa de um modo especial das consequências de estar imersa num
contexto cultural pós-moderno e globalizado, ainda que em nós também convivem com
maior ou menor força, as características que vamos indicar:
· Uma nova forma de vinculação social e cultural, um novo modo de perceber a
linguagem da imagem, novas formas de encontro a partir do corporal afectivo e uma
espontaneidade na realização do desejo.
· Valorização da experiência como possibilidade de aprendizagem unida a uma
debilitação do pensamento e da razão.
· A debilitação de identidades fortes, a experiência da fragmentação, busca de relações
significativas e necessidade de pertencer a grupos de referência.
· Neo-individualismo, afastamento do compromisso público, busca da felicidade
própria, receio das instituições e necessidade de participar em organizações que têm
ambientes mais comunitários, próximos, familiares, onde mais que os grandes projectos,
tomam força a solidariedade, o voluntariado, a ecologia e o quotidiano.
· Sede de ideais, de valores e busca de sentido ao mesmo tempo que uma tendência
forte ao imediatismo que leva a querer satisfazer as expectativas no presente.
· Valorização do corpo, da estética, a expressão gozos a do mundo afectivo, a
criatividade e a capacidade de desfrutar e celebrar a vida que nalguns casos deriva em
hedonismo e narcisismo.
· A autonomia pessoal como capacidade de assumir a própria vida em interdependência
com os outros com o risco de absolutizar o subjectivismo do próprio eu.
· Uma necessidade de transcendência, de abertura ao mistério que possibilita
experiências religiosas muito variadas.
Estas características têm os seus acentos próprios dependendo dos contextos onde se
vive: periferias, zonas urbanas, meios rurais...
Estamos convidadas a descobrir em que universo cultural nos movemos cada uma, para
acolher e apostar por todo o que é vida e interagir com os diferentes contextos. A
aprender a ler a história numa perspectiva amante e de religiosidade de vida, onde se
revelam os desejos profundos, as esperanças e as dores da humanidade, para formar
numa atitude que confronta o real sem protecções nem fugas. Uma atitude que
reconhece na realidade a presença do Mistério como algo que acompanha a vida. São
aproximações que nos permitem caminhar conduzidas pela fé, e nos ajudam a integrar
as problemáticas universais no viver quotidiano. Situamo-nos assim dentro da
sensibilidade cristã que valoriza a dignidade, a liberdade e igualdade do ser humano e
aprendemos a discernir entre uma visão "comercial" do mundo e uma visão mais
holística.
2. OLHAR PARA A PESSOA:
ANTROPOLOGIA CRIST Ã- TERESIANA
As nossas linhas formativas têm como ponto de partida uma maneira de compreender a
pessoa e a vida humana. É uma antropologia bíblico-teológica, radicada na Palavra de
Deus, no Homem Jesus, que nos desvenda a nossa verdade mais profunda - a vocação
de filhos/as e irmãos/ãs-, ao mesmo tempo que nos revela o Amor do Pai7.
Uma antropologia teresiana, vivida e certificada nos seus escritos por uma mulher que
fez experiência do que significa ser criatura, feita à imagem e semelhança de Deus. Que
"pode estabelecer conversação, nada menos que com Deus. Habitada por Ele no mais
íntimo da sua pessoa".
Uma antropologia cristã e teresiana, relida hoje à luz das ciências humanas. A partir
delas, entendemos a pessoa como um todo, sem dualismos entre alma e corpo, não
fechada nem estática, mas aberta e dinâmica. Um ser humano -homem ou mulher -, que
se vai fazendo, em interacção com os outros/as e com a realidade. Que vive em processo
de integração e que vai construindo a sua identidade na história.
Uma antropologia que não se confunde com perspectivas psicológicas da pessoa
humana. A contribuição da psicologia explica-nos processos, dinamismos... dá-nos
soluções para entender e acompanhar, mas termina deixando-nos no limiar do mistério
do ser humano.
2.1. Antropologia Bíblica: sustentada pela Palavra de Deus
A Sagrada Escritura apresenta no Génesis 8 a pessoa humana como criatura e imagem
de Deus, O Criador modela o ser humano e fá-lo, com" argila da terra". Suja as mãos,
implica-se totalmente com a sua criatura e "sopra no seu nariz alento de vida"9. Os
relatos da criação do homem e da mulher realçam a sua condição de mistério. A
criatura humana é pó da terra, mas tem o alento divino, é pecadora e favorecida ao
mesmo tempo. Esta é a sua contradição e condição.
O ser humano é criatura, embora ocupe um posto privilegiado entre as criaturas10,é
senhor de todas elas, Esta preeminência do homem e da mulher na criação não lhes vem
do seu próprio poder, mas da missão confiada por Deus: o cuidado da vida, da natureza,
fazer que os recursos cheguem para todos,
O ser humano não é Deus, é diferente de Deus e não existe senão em relação ao seu
Criador, Não deu a vida a si mesmo, nem tão pouco possui as chaves do bem e do mal.
É limitado, vulnerável e sabe que está em contradição consigo mesmo. É capaz de
decisão e de responsabilidade pessoal, mas pode fechar-se e viver à margem da sua
verdade mais profunda, pode afirmar-se inclusivé frente ao seu Criador. Vive o drama
da sua liberdade condicionada e limitada ll, que supõe também a tentação e o pecado12.
O ser humano, que é criatura, está feito à imagem e semelhança de Deus. Isto é, ao
mesmo tempo dádiva, ou seja, capacidade para ser interlocutor de Deus e colaborador
na sua obra. E promessa da plenitude dessa dádiva. Uma realidade dinâmica que se
realiza na temporalidade da história. Dádiva e promessa convivem na pessoa com as
suas marcas de terra e barro.
Esta imagem e semelhança de Deus na pessoa humana manifesta-se também e mostra-se
na reciprocidade do par. Deus criou-nos homem e mulher, com igual dignidade. A
diferença sexual a nossa dimensão corporal é lugar de encontro e possibilidade gozosa
de relação. Não há humanidade sem reconhecer o outro.
Ser pessoa é aceitar com realismo os limites da liberdade. Não pretender viver numa
omnipotência narcisista e destruidora. É aceitar, também, que se é diferente dos outros.
É na sua diversidade e reconhecimento do outro que se encontra o ser humano. Acolher
a diferença e a solidão que suporta é condição e possibilidade para umas relações
autênticas. Somos relação, e estruturamo-nos na relação, à imagem da Trindade.
No Novo Testamento e especialmente em Paulo, Cristo é a verdadeira Imagem de
Deus, revelador do Pai que por sua vez, revela à pessoa a própria pessoa e a leva à
plenitude13 A criação à imagem e semelhança de Deus passa a ser agora a criação em
Cristo. Segundo a nossa fé chegamos à plenitude pela configuração com Cristo vivida
na tensão entre a experiência de contradição e pecado e a experiência da gratuidade do
dom de Deus como salvação. Um longo caminho que se percorre numa dupla dinâmica:
"Despojai-vos da vossa vida anterior... e revesti-vos de entranhas de misericórdia, de
bondade, de humildade, mansidão... "14., e no acolhimento do mistério que nos habita:
"no nosso rosto resplandece a glória de Deus... este tesouro levamo-lo em vasos de
barro. "15
Paulo considera a existência humana e a pessoa numa dialéctica:"Realmente, não
compreendo o que faço, pois não é o que quero que pratico, mas o que eu aborreço é
que faço"16. Ilumina bem a antropologia do pecado e da graça. O Novo Testamento
deixa claro que no ser humano convivem o trigo e a cizânia e que não é impedimento
para que ali aconteça gratuitamente o Reino, o dom que é Jesus como salvação.
2.2. Iluminada pela experiência de Teresa de Jesus17
Como filha do seu tempo, Teresa de Jesus fala da pessoa em termos dualistas:
carne/espírito, corpo/alma, interior/exterior, de acordo com uma antropologia
neoplatónica que lhe chega, sobretudo, através dos livros de espiritual idade. Contudo, o
que nos interessa da Santa é a sua experiência radical da pessoa humana que, mais além
dos limites culturais, viveu e soube oferecer-nos como boa notícia para todos os tempos.
Experiência que comunica, servindo-se de uns símbolos e metáforas, para superar a
linguagem incapaz de exprimir a sua riqueza e profundidade vital.
Teresa de Jesus sabe que é uma mulher situada num espaço e num tempo, na história.
Experimenta que é inacabada e portanto necessitada, vulnerável. Exprime as suas
intuições antropológicas através de imagens vivas, dinâmicas. Escolhemos algumas
mais significativas, visto que põem em relevo dimensões essenciais da pessoa.
A pessoa é como um castelo habitado
A pessoa é criatura feita à imagem e semelhança de Deus, goza de "grande dignidade,
formosura e capacidade". "Não está vazia por dentro"18, mas é habitada no seu interior
pelo mesmo Deus19, que pacientemente espera o momento oportuno para o encontro.
É como um castelo com muitas moradas, que ela mesma deve percorrer, não de forma
linear20 mas, circular. As diferentes moradas exprimem os vários níveis de relação
pessoal com Deus e consigo mesma, com as pessoas e com o mundo.
É essencial para esta viagem ao interior o conhecimento próprio. Teresa adverte que
"não devemos pôr os olhos na nossa miséria e limites" ou em nós mesmas, mas em
"Cristo, nosso Bem". Já que só na relação com Deus, a pessoa vai reconhecendo a sua
identidade, o mistério da sua liberdade e o desejo, que a faz sair de si. A Santa adverte-
nos também de um perigo que Ela conhece por experiência: é possível viver à margem
da nossa realidade mais profunda21.Podemos inclusivé negar-nos ao Amor, fechando-
nos sobre nós mesmas.
Toda a pessoa experimenta o conflito, a limitação humana, a tentação de auto - engano,
o pecado radical. Daí a necessidade de fazer o caminho sempre acompanhadas. Deus é
quem, desde o centro, dinamiza o processo. Mas precisamos de testemunhos que nos
ajudem no discernimento do que Deus vai realizando em nós. Não avançamos pelos
nossos méritos ou esforços pessoais, mas quando aceitamos o risco de amar e confiar.
Teresa situa-nos numa antropologia de êxodo ou de saída, frente a uma antropologia de
se centrar em si mesmo22. Entende a pessoa num duplo movimento: entrar dentro de si,
tomar consciência de quem sou e com quem vivo; aceitar a minha realidade e a do
outra/outra. E ao mesmo tempo, sair de si mesma. Viver em relação crescente de
entrega, de partilhar o melhor de si gerando relações novas.
A pessoa é como um bicho-da-seda
A pessoa crente está chamada a viver o amor transformante, a transformação em
Cristo23. Mediante o símbolo do bicho-da-seda. Teresa mostra-nos que a graça supõe
mudanças radicais, autênticos processos de conversão no itinerário da relação com Deus
e com a realidade. É um caminho de morte -vida, perda -ganho, segundo a lógica do
seguimento, que se vive com Cristo e em Cristo.
Ele vai centrando todas as potencialidades da pessoa. Todas as suas dimensões se vão
ordenando na relação vital com Jesus e o seu Reino. As crises, as contradições, os
fracassos, etc. podem converter-se em lugar de encontro. Não se trata de viver a partir
da lei, do dever, do esforço voluntarioso. A pessoa, sabendo que é amada, dispõe-se e
responde amando. O amor, como a amizade, tem as suas próprias condições. "Pouco a
pouco os nossos sentidos vão percebendo ao estilo de Deus. Abrem-se-nos os olhos e o
Espírito dirije o nosso olhar para as criaturas mais feridas na sua dignidade. Convida-
nos a reconhecê-lo e amá-lo e fazer que outros o reconheçam e o amem."24
A pessoa é como um horto, jardim, paraíso.
A pessoa "que começa a tratar de amizade com Deus deve fazer de conta que começa
a fazer um horto em terra muito infrutífera, que contém ervas daninhas, para que se
deleite o Senhor"25. Ela mesma é horto que se cultiva, campo à intempérie, no qual se
há-de remover a terra para que possa acolher a chuva.
A água da vida é a relação com o Deus pessoal na qual se fundam as outras relações.
Amizade que é dom que se acolhe, não conquista.
Convite do Senhor, que requer, pela nossa parte, correspondência. A pessoa é também
hortelão do seu próprio horto 26. Teresa sabe que cada uma tem que responsabilizar-se
da sua vida, do que é e pode chegar a ser desenvolvendo as suas potencialidades. Um
caminho que vai desde o esforço inicial do hortelão - sua disposição e cuidado das
plantas - até poder acolher o dom.
O símbolo do horta educa-nos numa atitude de escuta e agradecimento. Convida-nos a
entender a pessoa humana como um ser que se recebe de Outro. Que aprende na escuta,
o silêncio, o acolhimento, a espera. Que responde com o agradecimento e o
reconhecimento do dom, sem deixar de assumir a sua iniciativa responsável.
A pessoa é amiga e é esposa
A imagem tão humana da amizade é talvez a que melhor exprime a experiência
teresiana da oração, e o seu sentido profético hoje, como relação viva e interpessoal com
Deus. Relação que implica diálogo de amor, intimidade, reciprocidade, realismo, e
desenvolve a capacidade de relação com todos e todas.
Se não houver diálogo, comunicação, se não houver amizade, intimidade, não há
crescimento pessoal. A pessoa é alguém que vai descobrindo a sua dignidade e sentido
na relação. Somos o que forem as nossas relações. A nossa interacção com o mundo
circundante, com os outros, implica pôr em jogo as nossas dimensões: Afectividade,
corporalidade, racionalidade, aspectos que se enriquecem em mútuo intercâmbio e
circularidade.
Uma mulher tão bem dotada para as relações como Teresa viveu uma experiência
incomparável de intimidade e amizade com Deus. Uma relação esponsal na Aliança de
amor 27, concretizada na relação viva, afectiva e crente com a Humanidade de Cristo.
Teresa não se fecha num intimismo: A máxima interioridade é máxima exterioridade,
compromisso com tudo o que é criado e com os preferidos desse Jesus "amigo
verdadeiro".
A imagem teresiana fala-nos também de paixão. A vida não é senão entrega e doação
apaixonada e apaixonante. Entrega e doação criativa que permite enfrentar novas
relações e questões sem respostas prévias, que ajuda a caminhar formulando perguntas.
Interpretar a aventura humana como história de amizade é entender-se diante de Deus e
dos outros em solidariedade radical.
3. O SEGUIMENTO DE JESUS NA COMPANHIA
DE SANTA TERESA, HOJE
A Companhia de santa Teresa de Jesus é fruto da experiência espiritual e apostólico -
teresiana do seu Fundador, Henrique de OSSÓ28. Ele remete-nos a Teresa de Jesus,
como discípula e esposa - apostola de Jesus. Nela encontramos um modo específico de
ser mulher e de entender a pessoa humana, de relacionar-nos com Deus e com os outros,
connosco mesmas e com o mundo.
Pela identidade carismática fomos convocadas para" promover os interesses de Jesus
por todo o mundo através da oração, ensino e sacrifício". Retomamos as palavras de
Henrique de Ossó para reler hoje estes "três apostolados": a relação de amor que nos
centra, "tratar de amizade"; a orientação educadora que nos impulsiona, "conhecer e
amar e torná-lo conhecido e amado"; a totalidade e radicalidade que supõe a
consagração" empregar todo o caudal, os talentos as forças"... para ir "onde mais
periguem os interesses de Jesus", "consagrar-nos com toda a liberdade e de pleno a orar
e educar. "29 Expresso por Teresa como "ter a mesma sorte que teve Jesus".
De Teresa e Henrique aprendemos uma maneira de viver, de relação de amizade com
Jesus, o Amigo, o Mestre, e de servir ao Evangelho;
um modo particular de ler os sinais dos tempos, de situar-nos na realidade e de
participar nela na nossa missão educadora. Henrique é plenamente consciente de que,
junto à radicalidade evangélica característica do Instituto, é essencial a abertura à
realidade30.
3.1. Chamadas a viver com Ele e como Ele
Como discípulas de Jesus, cada una de nós somos chamadas a segui -Lo para estar com
Ele, entrar na sua comunidade, participar da sua missão e do sua mesma sorte,
reconhecendo a sua humanidade sofredora ressuscitada nas pessoas, na humanidade e
no cosmos31.
Seguir a Jesus significa que Ele toma a iniciativa e chama a continuar a sua missão
salvadora no meio da humanidade: tornar presente o amor do Pai, levar a cabo o
projecto do Reino. Nós respondemos livremente a este seguimento e assumimos as
atitudes vitais de Jesus.
Assim expressava Henrique de Ossó a consciência do chamamento e a sua resposta:
"Serei sempre de Jesus. Seu ministro, seu apóstolo, seu missionário de paz e amor" 32.
Ter sido chamadas à Companhia, com um projecto específico de vida consagrada
apostólica, significa levar este seguimento até às suas últimas consequências. Como as
discípulas e discípulos que seguiam Jesus, como Henrique e como Teresa, somos
convidadas a viver com Jesus e como Jesus, deixando-nos transformar por Ele, "até
tornarmo-nos da sua condição". 33 Supõe iniciar um caminho de identificação com
Cristo e percorrê-lo pacientemente como trabalho de toda a vida. "Conformar toda a
nossa vida com a de Cristo, revestir-nos de Cristo Jesus, eis aí o único negócio e
ocupação essencial" .34
O nosso caminho formativo orienta-se a desencadear processos pessoais e comunitários
que envolvam com responsabilidade cada teresiana num itinerário de seguimento de
Jesus, dinâmico e integrador.
Este caminho de identificação com Jesus toca dimensões que afectam a totalidade da
nossa pessoa na maneira de viver e de relacionar-nos: amor-afectividade , poder -
possuir, disponibilidade -liberdade.
Segui-lo radicalmente é viver estas dimensiones à luz do Evangelho de Jesus. Cada um
dos conselhos evangélicos anuncia algo, é boa notícia, profecia do Reino para os
homens e mulheres de hoje:
· Assumindo o nosso desejo de usar e planificar a nossa própria vida, a obediência é
expressão do progressivo descentramento de si por amor e capacita-nos para situar a
nossa vida ao lado dos outros, da história, "caminhando humildemente com o nosso
Deus". 35(Mi 6, 8)
· Reconhecendo a nossa tendência a possuir, a acumular e a assegurar o nosso futuro,
vivemos a pobreza como expressão de solidariedade e compaixão, que nos ajuda a
recuperar o sonho de Deus para a humanidade" praticar a justiça"
· Conhecendo a nossa tendência a reclamar a exclusividade no amor, o celibato pelo
Reino convida-nos a "amar com ternura", a reconciliar-nos com a vulnerabilidade, a
partilhar em fraternidade e a cultivar a sede de novas relações num mundo que sofre a
desintegração do amor.
Cremos que os conselhos evangélicos não são um fim mas sim um meio que pode
provocar mudanças históricas concretas e condições de vida nova. Estilos alternativos
de situar-se na realidade que se exprimem através de modos ou gestos individuais e
colectivos, de linguagens místicas e de compromisso histórico. São direitos que a
humanidade tem para suster os seus ideais e as suas buscas de paz, justiça, igualdade,
liberdade... para continuar a acreditar que outro mundo é possível36
3.2. Partilhamos a missão de Jesus em comunidade
A vocação a seguir Jesus na Companhia é com -vocação a uma comunidade de
discípulas e irmãs. Comunidade orientada para a missão de Jesus, configurada a partir
de dentro pelo Senhor para responder às urgências do Reino. Na Companhia não se
pode separar, nem sequer entender a vida de cada irmã e da comunidade, à margem da
missão, como não pode entender-se a vida de Jesus à margem dela. Desde os inícios,
assim nos concebeu o Fundador, como corpo apostólico de mulheres ao serviço de uma
missão evangelizadora educativa.
Vivemos como comunidade de irmãs, ouvintes da Palavra, convocadas por essa Palavra
na qual cremos, que nos sustenta e interpela cada dia. Assim o exprimimos na oração da
Companhia: "Confiando na tua Palavra, nos unimos em teu Nome por uma mesma
fé, esperança, amor e desejos" .37 Por isso a comunidade é espaço teologal no qual se
pode experimentar a presença mística do Senhor Ressuscitado, e se converte em
anúncio do Reino38
Acolhemos o desafio da nova eclesialidade de promover a espiritualidade da
comunhão, dentro da comunidade e mais além dos seus confins, restabelecendo
constantemente o diálogo no amor.39 Abrimos as nossas comunidades a quem chega à
nossa casa, oferecemos-lhes o nosso tempo e os nossos espaços e nos aproximamos
especialmente àqueles que mais sofrem, aos pequenos, aos pobres.
Eles nos evangelizam ao revelar-nos Jesus pobre, com a sua vida.40
O amor fraterno constrói a comunhão e é sinal profético num mundo dividido. Pede-
nos capacidade de viver a unidade na diversidade, a fidelidade ao essencial do nosso
carisma. Cada uma se sente responsável de possibilitar uma vida comunitária na qual se
partilham a fé e a vida. Este caminho comunitário vive-se em atitude de discernimento,
buscando a vontade de Deus em diálogo com a realidade.41
Uma comunidade vivida assim, é espaço adequado de crescimento para cada irmã. Nas
relações interpessoais autênticas, todas acolhemos a cada uma e a aceitamos como é,
com uma visão serena dos seus valores e seus limites, do seu presente e do seu passado,
dos seus desejos e da sua realidade.42
" Conhecer e amar a Jesus e torná-lo conhecido e amado" é a razão de ser da
Companhia. Concentra o núcleo do carisma, é o sentido da convocação e da nossa
missão. Ser teresianas educadoras compromete-nos a partilhar com todas aquelas
pessoas com quem nos relacionamos quotidianamente o conhecimento e amor de Jesus
que se projecta inevitavelmente na solidariedade com todos.
4. A FORMAÇÃO TERESIANA HOJE
O documento conclusivo do XIV Capítulo Geral recorda-nos que" a renovação da vida
consagrada depende em grande parte da formação".
Acolhemos o desafio que nos coloca: Viver em fidelidade criativa a nossa espiritual
idade apostólica teresiana requer um novo estilo de formação que nos implique como
irmãs, comunidades e províncias, que abranja toda a nossa vida e nos faça capazes de
ser pessoas e comunidades, que buscam, reflectem, discernem, experimentam e avaliam
conjuntamente.43
4.1. A nossa formação ao longo de toda a vida.
Como a concebemos.
Na Companhia de Santa Teresa de Jesus concebemos a formação de maneira integral,
ou seja, como um processo que abrange todas
as dimensões da pessoa ao longo de toda a vida. Vivemo-la como experiência de
conversão que vai consolidando a nossa identidade de mulheres consagradas: de Teresa
de Jesus acolhemos um modo de ser mulheres para o Reino hoje, "somos chamadas a
ser outras Teresas de Jesus na medida do possível no momento histórico que nos toca
viver".44 Como mulheres situadas nas coordenadas do tempo e do espaço, sujeitas ao
movimento que nelas se gera. a tempo mantém-nos em evolução, somos pessoas
inacabadas. a espaço - família, terra, cultura e ambiente - condiciona-nos e possibilita ao
mesmo tempo. Por isso, concebemos a formação de maneira dinâmica e em processo.
Um caminhar que não é linear, é complexo, supõe retrocessos, embargos, rupturas,
crises que podem ser vividas como oportunidades de crescimento e novo impulso no
processo.45 A maturação da pessoa em formação não corresponde necessariamente com
a idade cronológica. Pode haver situações, feridas, ao longo do desenvolvimento e da
própria história, que de alguma forma dificultam ou tornam mais lento o processo de
crescimento. Esta complexidade da pessoa condiciona a sua possibilidade de resposta ao
Senhor. A formação é um caminho para uma progressiva liberdade interior para viver o
seguimento.
Henrique de Ossó descobre que Jesus veio "para que tenham vida",46 daqui nasce a sua
paixão pela pessoa e o desejo de restaurar, em cada homem e mulher, a imagem de
Cristo Jesus. Optar pela pessoa é característica essencial do nosso carisma e
pressuposto básico do trabalho formativo. Por isso a formação parte da realidade da
irmã, considera-a responsável do seu próprio crescimento e amadurecimento, respeita o
seu próprio ritmo e a orienta para a identificação com Jesus na Companhia. É um
processo que leva a "conhecer-nos e conhecê-lo" e vai fazendo possível, torná-lo"
conhecido e amado".
Âmbito formativo é a relação que estamos chamadas a viver em verdade, liberdade e
amor com Deus, com a realidade, com os outros, connosco mesmas. A formação é um
processo de crescimento na liberdade que nos vai capacitando para viver estas relações
mais plenamente, ao estilo de Jesus, ou seja, humanizando, dignificando a pessoa. Esta
é para nós a dimensão educativa da relação.
O processo formativo vivemo-lo em e a partir da comunidade, à volta de um projecto e
de uma missão comum, que nos vai configurando na nossa identidade e pertença à
Companhia. A comunidade, local e provincial, acompanha o processo pessoal de cada
irmã na vida e na fé partilhadas, no confronto e no discernimento.
No início deste processo e durante toda a vida, a relação com Jesus, o compromisso de
segui -Lo na Companhia e o projecto do Reino é núcleo que dinamiza o caminho
formativo. Esta relação vai-nos transformando e unificando o coração de maneira que os
seus interesses, os seus desejos, as suas atitudes, o seu projecto, os seus preferidos vão
sendo os nossos. A nossa vida vai-se convertendo em missão, vivemos uma entrega
cada vez mais desinteressada aos outros, um compromisso mais radical com a realidade,
participando no mistério pascal de Jesus.
A relação com Jesus na oração vai sendo verdadeiro lugar de formação onde
"passamos por esta pena de estar com quem é tão diferente" de nós, até que se vão
"igualando as condições" .47 Este trato de amizade vivemo-lo também como processo
que vai passando por diferentes momentos ao longo da vida. Vai-nos transformando o
olhar para reconhecer a Deus na realidade e vai-nos tornando capazes de interioridade.
O processo formativo é um caminho de discernimento, orientado para a busca da
vontade de Deus. Confirma-se na confrontação com outras/os. É mediação privilegiada
nesta busca o acompanhamento:
faz-nos saber que não estamos sozinhas no caminho, que há outras/os que, de maneira
especial. são testemunhas do que Deus está fazendo em cada uma. Acompanham de um
modo particular as formadoras e a comunidade nas etapas iniciais. "Acompanham-nos"
também as relações, as circunstâncias e a própria vida. O horizonte amplo deste
acompanhamento, como o da mesma vida religiosa, é viver em missão. É aqui onde
confluem todos os esforços formativos.
4.2. Eixos transversais
Entendemos os eixos transversais como grandes linhas força que vão acompanhando
todo o processo formativo e que ajudam a consolidar a identidade teresiana em cada
uma das etapas e dimensões da nossa vida. Estas linhas oferecem critérios de
discernimento na medida em que se tornam referentes do avanço, retrocesso ou
bloqueio de tal processo. Nos projectos pessoais, comunitários e provinciais dever-se-ão
concretizar, ampliar ou modificar segundo o contexto
A Palavra de Deus
A Palavra de Deus mostra-nos a verdade de Jesus que revela o Pai48 e o mistério da
nossa verdade pessoal. Descobre-nos quem é Deus e quem somos nós. A escuta da
Palavra converte-se em ENCONTRO vital, que nos interpela e configura de um modo
novo.
A Palavra educa o coração e a mente. Nela se aprende a viver da fé, a ver a realidade e
os acontecimentos com o mesmo olhar de Deus, até" pensar, sentir, amar e agir como
Jesus", "revestir-nos de Cristo Jesus", do seu modo de existir e actuar, de relacionar-se
com o Pai e com a pessoa humana, com os pobres e excluídos, com as estruturas e os
poderes do mundo.
A Palavra, partilhada e relida nos rostos de hoje, faz crescer o amor mútuo, o
conhecimento de Deus e o testemunho profético. Acompanha pessoas e comunidades,
guia e ilumina os seus processos, fortalece a vida teologal e possibilita a leitura crente
da vida e da história.
Aprofundá-la, pessoal, comunitariamente e com o nosso povo, convida a deixar-nos
transformar por ela, a contemplar o mundo e toda a realidade com os seus critérios.
Como Maria, estamos chamadas a acolher e guardar no coração a Palavra e a aceitar que
se faça carne no mundo.
Viver abertas à Palavra de Deus supõe:
- Estudo e conhecimento da Sagrada Escritura.
- Educar-nos na escuta atenta e em fazer experiência quotidiana da Palavra.
- Disponibilidade para deixar-nos interpelar por ela.
- Leitura orante da Palavra pessoal e partilhada em comunidade.
- Leitura crente da realidade a partir da Palavra.
A Palavra dos nossos mestres, Henrique e Teresa
o encontro de Henrique de Ossó com Jesus, dinamizado por Teresa, e a sua paixão pelo
Reino - os interesses de Jesus - chegam até nós como dom e chamamento do Espírito a
seguir hoje a Jesus acompanhadas destes discípulos.
Não é possível aprofundar nas raízes da Companhia de santa Teresa, encontrar o
manancial donde brota a água viva do carisma, sem um diálogo constante com
Henrique, fundador e guia, e com Teresa de Jesus, mediação carismática, lugar
teológico do encontro com Deus para Henrique e para nós. Dele e dela aprendemos
um modo feminino e teresiano de ler o evangelho, de relacionar-nos pessoalmente com
Jesus e com as pessoas, um modo de olhar o mundo e de responder aos seus grandes
desafios.
Os escritos pastorais e de espiritual idade de Henrique de Ossó continuam sendo para
nós alimento, fonte de inspiração e critério de discernimento da nossa vocação e missão
na Igreja e no mundo.
De Teresa arranca uma corrente de vida evangélica, com a qual se ligou de maneira
excepcional o nosso Fundador, e que chega até nós para fazê-la vida, para recriá-la.
Para Henrique de Ossó e para a Companhia desde os inícios, as obras de santa Teresa
foram fonte de vida e chave para a interpretação e a vivência do Projecto apostólico da
Companhia.
Somos conscientes de que não se pode ser teresiana sem ler a Teresa, sem relê-la à luz
das actuais circunstâncias e das ciências humanas, sem "torná-la viva" nos nossos
contextos culturais.
Viver abertas à palavra de Teresa e Henrique supõe:
- Ler os escritos de Henrique de Ossó, conhecer o seu contexto histórico cultural para
tomar consciência dos limites e condicionamentos da sua concretização histórica. Vê-lo,
a partir da sua visão de igreja e sociedade, sensível aos grandes problemas da sua época,
e comprometido, pela sua experiência crente, na regeneração da sociedade.
- Descobrir nele o seu amor apaixonado a Jesus e "seus Interesses"; a sua sintonia
carismática com Teresa e a sua "missão teresiana" prolongada na Companhia.
- Reconhecer com Henrique a dimensão educativa e humanizadora da mensagem
espiritual da Santa, que nasce da sua experiência da pessoa: formosa, digna, capacitada
para a relação de amor, feita à imagem e semelhança de Deus.
- Entrar em diálogo com Teresa através das suas páginas. Deixar-nos interpelar e
acompanhar pela sua experiência, através da leitura pessoal e comunitária dos seus
escritos.
- Educar-nos na relação de amor, fazendo 'nosso' o itinerário crente das Moradas,
assumindo-o como processo de ser discípulo na Companhia.
Missão evangelizadora educativa
A nossa missão evangelizadora tem a sua essência carismática no "conhecer e amar e
tornar conhecido e amado" aludido ao descrever o seguimento de Jesus na Companhia.
Este conhecer e amar é "a fórmula que concentra o espírito, a vida e a missão de
Henrique de Ossó e da Companhia, o porquê da convocação e o para quê da missão
apostólica" .49 A nossa perspectiva educativa faz-nos optar pela pessoa, promover
projectos que apontam directamente à verdade do ser humano e do processo formativo.
Prioriza a pessoa acima dos valores económicos, inclui a pessoa ferida na sua dignidade,
educa de maneira que no se perpetue o sistema exclusivo. Implica também pôr os meios
para que aprendamos a viver uma relação de amizade com Jesus que se projecte na
solidariedade com todos e todas.
A missão evangelizadora educativa vive-se a partir da comunidade, portadora da
missão, que nos envia e que é em si mesma anúncio do Reino, já que amar a Jesus
implica assumir o seu projecto: uma humanidade reconciliada entre si, com a natureza e
com Deus.50
.
A missão assim entendida orienta as nossas relações e a nossa oração, "âmbito
privilegiado do conhecimento e amor de Jesus como:
encontro de amizade e conhecimento mútuo. Este olhar educativo orienta também as
nossas opções, presenças e actividades, o compromisso de ser mestras de oração, o
modo de focar a vida e de posicionar-nos nela.
Realizamos a missão pelo testemunho pessoal e comunitário que revela: um trato filial
com Deus, umas relações solidárias e fraternas, cordiais, próximas, e umas preferências
como as de Jesus: crianças, jovens, mulheres e pobres.
Viver esta perspectiva apostólica supõe:
- Conhecer e valorizar o estilo educativo carismático com a sua amplitude de presenças
e actividades.
- Aprender a acompanhar processos formativos com a própria experiência.
- Situar a missão pela relação com Jesus e o projecto do Reino como uma só realidade.
- Educar-nos e educar numas relações que transcendem os nossos interesses e nos
implicam numa missão humanizadora e transformadora, na escola, na catequese e
noutros âmbitos educativos.
- Discernir os lugares e modos de estar de nossas presenças educativas.
- Conhecer a realidade e dialogar com a cultura e a passagem da história para implicar-
nos nela e dar a resposta profética que necessita o momento actual.
- Ser mulheres para o Reino: com um ponto de partida, uma meta e uma dinâmica de
liberdade progressiva para viver a relação de amor à qual estamos chamadas.
Discernimento
Discernir é estar atentas e em atitude de escuta ao Espírito de Deus na nossa vida para
captar a sua Vontade. É um caminho de fidelidade e de bem-aventurança, não é
simplesmente escolher entre o bem e o mal, mas optar sempre por aquilo que dá vida e
vida em abundância.
O discernimento conduz-nos assim à justiça solidária51, à misericórdia com os outros e
connosco mesmas 52, à confiança em Deus53 inclusive na contradição, à entrega da
própria vida.
O discernimento pessoal e comunitário é também caminho metodológico no processo
formativo que ajuda a reconhecer e acolher os sinais da chamada de Deus ao longo da
vida.
O discernimento como atitude de vida, vai-se aprendendo continuamente e tem como
pontos de referência a pessoa de Jesus, o Projecto de Deus no mundo e nosso projecto
congregacional a realidade e a história. O Espírito é o autêntico Mestre interior que
actua em nós e nos guia no caminho. Discernir ajuda a pessoa a tornar-se responsável do
seu próprio processo. Este discernimento confirma-se na confrontação com outras/os e
um sinal da sua autenticidade é o crescimento nos valores do Reino.
Formar-nos para o discernimento supõe:
- Autenticidade, claridade e liberdade na busca pessoal e comunitária.
- Contacto assíduo com Deus, com a sua Palavra e com a realidade.
-Confiança em que o Espírito se manifesta nas outras pessoas, na vida e na história.
-Conhecimento próprio que ajuda a pessoa a situar-se abertamente perante si mesma, os
outros e a realidade.
- Disposição para deixar-se acompanhar.
- Umas condições comunitárias que facilitem a comunicação, o diálogo, a confiança.
Nova Eclesialidade
O desafio de "fazer da Igreja casa e escola de comunhão"54 situa-nos perante uma nova
eclesiologia. A Companhia pelo seu carisma relacional acolhe este desafio e sente-se
convidada a gerar relações cada vez mais evangélicas.
o sentido da nova eclesialidade é uma crença entranhável no valor da vida, uma
consciência viva e lúcida do seu carácter universal. Uma comunidade imbuída desta
consciência não pode pactuar com o sistema que atenta contra a dignidade da pessoa e
será valente perante a denúncia profética das causas que geram a exclusão e a morte.
Somos enviadas a anunciar com a nossa própria vida a força transformadora da Boa
Nova que nos faz reconhecer a todos como filhas e filhos de Deus. Convida-nos ao
perdão e à reconciliação, e move-nos a uma misericórdia entranhável e solidária com as
vítimas da história.
As nossas comunidades têm que chegar a ser autênticos espaços de oração, onde a
autenticidade do encontro com Jesus se verifique no compromisso com a história.
Formar-nos neste sentido de Igreja supõe:
- Educar-nos na fraternidade universal, que significa conviver como irmãs e irmãos
pessoas de diferentes idades, mental idades, línguas e culturas, apostando por uma
comunhão capaz de pôr em harmonia a diversidade.
- Capacitar-nos para aceitar a limitação, assim como para ver todo o positivo que há no
outro, acolhê-lo e valorizá-lo como prenda de Deus.
- Anunciar com intrepidez e liberdade a Boa Notícia do Reino, que não é condenação
senão misericórdia; que não é castigo senão compaixão; que não é indiferença senão
solidariedade.
- Cultivar atitudes que favoreçam relações inclusivas, e valorizar as várias vocações
dentro da Igreja aceitando a sua complementaridade.
- Potenciar a Inter - congregacionalidade e a participação em organizações que
promovem a vida.
- Partilhar como Igreja a expressão e a celebração de fé dos povos.
- Apostar pelo valor da vida, que afirma que a esperança não morre, que outro mundo é
possível, e crer no sonho de Deus:
uma humanidade reconciliada.
- Abrir-nos ao ecumenismo e ao diálogo inter-religioso.
- Como Maria, acolher o Espírito que torna possível a comunhão na comunidade de
irmãs e irmãos.
- Fazer das nossas comunidades lugares de abertura e comunhão.
Fidelidade ao Real
Situar-nos no tempo e na história permite-nos conhecer, compreender e ver a realidade
desde as suas dinâmicas sociais, económicas, políticas e culturais pelas quais as pessoas
e os grupos vão-se construindo, confrontando e interpelando.
A realidade não é externa a nós, mas é fruto da nossa inter-acção com outros actores/as
sociais. Todos construímos a realidade com as nossas acções concretas, e também a
realidade, em muitas das suas facetas, nos vai configurando.
A realidade é, sem dúvida, um dos âmbitos privilegiados onde habitualmente se nos
manifesta Deus. Incarnado na nossa história não quis outra forma de revelar-se senão
trabalhando e pedindo a nossa colaboração no meio desta realidade humana. Assim
pois, devemos enfrentá-la com honestidade, com honradez. Não negar o que acontece
nem ocultá-lo, olhar mais além do aparente para analisar e discernir o que nela acontece
e poder comprometer-nos a partir das suas interpelações e desafios.
O olhar objectivamente a realidade ajuda, na nossa formação, a colocar as bases que vão
conformando a identidade pessoal e o sentido de missão, especialmente nas etapas
iniciais.
Este eixo afecta a vida inteira nas suas diferentes facetas -descoberta progressiva do eu,
projecto de vida, aceitação de limites que se nos vão impondo, compromisso
histórico...-
A comunidade constrói-se em diálogo constante com a realidade que a condiciona, na
relação entre o que acontece no interior e exterior de si mesma. As estruturas (vivenda,
horários, ritmos de vida e trabalho, modos de presença...) colocadas ao serviço deste
diálogo podem ajudar-nos a partilhar com as pessoas as suas penas e esperanças, a
deixar-nos educar pela vida.
Formar-nos em fidelidade ao real supõe:
- "Andar na verdade" connosco mesmas e com os outros. Conhecer o que somos e
vivemos, as relações que estabelecemos, os acontecimentos e sucessos sociais, eclesiais,
congregacionais e comunitários.
- Desenvolver a capacidade de sintonizar, vibrar com a realidade, tomar consciência
dela e penetrar na densidade do real. Contrastar, reflectir, criar opinião própria que
ajude a posicionar-nos criticamente perante o que vemos, ouvimos ou sabemos.
- Cultivar uma vida teologal que nos permita manter o olhar sobre a realidade sem
esconder as suas sombras e reconhecendo os sinais de esperança.
- Viver o respeito e a paciência histórica para que a pessoa possa ir assumindo o
realismo da vida e se fundamente na verdade de si mesma e dos outros/as, apoiada na
confiança e na promessa de Deus.
Renovada Opção pelos Pobres
A renovação da Vida Religiosa continua a pedir-nos um regresso à pobreza evangélica,
a um estilo simples, testemunhal e a um compromisso profético com os pobres e
excluídos. Eles continuam a ser reflexo do rosto sofredor do Senhor e como Ele
queremos comprometer-nos compassivamente com as criaturas mais feridas na sua
dignidade. "Anunciava a boa nova do Reino e curava todo dissabor e doença",55 Num
mundo como o nosso, marcado por tantos conflitos e por intoleráveis desigualdades
sociais e económicas, queremos responder com renovado interesse ao chamamento que
nos faz a Igreja.56
Optar pelos pobres e excluídos significa reconhecê-los como pessoas concretas e
irrepetíveis, estabelecer uma comunhão real com eles nas suas situações de vida de
modo que possamos crescer juntos como pessoas e como cristãos para construir sonhos
e projectos de justiça e solidariedade
Este compromisso pede-nos um estilo de vida fraterno inspirado em critérios de
simplicidade e de hospitalidade. Precisamos de nos formar numa atitude de vida que nos
faça estar mais disponíveis para
todos, capazes de acolher e não de impor, de sair de nós mesmas, de deixar-nos
interpelar pelos pobres e evangelizar por eles, situando-nos como companheiras de
caminho. Este ser para os outros, com todas as suas consequências, é fundamento de
uma opção coerente, pessoal e comunitária.58
Formar-nos nesta opção supõe:
- Educar-nos na sensibilidade e no compromisso perante as novas pobrezas.
- Viver a solidariedade como atitude de vida pessoal e comunitária.
- Deslocarmo-nos, na medida do possível, para zonas marginadas e deixarmo-nos
afectar pela capacidade de resistência e esperança que descobrimos nos mais pobres.
- Acompanharmo-nos mutuamente no processo de humanização na vida quotidiana.
- Colaborar com grupos e associações que se comprometem na promoção de uma vida
digna e justa para todos.
Inculturação - Interculturalidade
A inculturação é um apelo a viver a encarnação hoje, a descentralizar a cultura. O
diálogo respeitoso, crítico e solidário entre o Evangelho, as culturas, e as diferentes
religiões, consolida e fortalece a vivência da Boa Nova em cada uma delas. Na
perspectiva do seguimento de Jesus a inculturação não é algo optativo, ou só para
alguns, senão um imperativo para toda a Igreja.59
Por outra parte, num mundo que nos vai impondo a convivência entre diversas culturas,
é preciso partilhar e estabelecer relações simétricas de diálogo com pessoas e grupos
pertencentes a outras culturas num processo de compressão que nos implica e vai
mudando a nossa atitude perante o diferente. Entendido assim, o diálogo intercultural
vai mais além do respeito e da tolerância, pois supõe uma deliberada inter-relação entre
as várias culturas que estão presentes num espaço concreto.
Os requisitos fundamentais para estabelecer este diálogo são:
- a confiança no outro que é verdadeira fonte de compreensão e conhecimento, - a
escuta atenta ao interlocutor, - o busca comum da verdade, sem pretender que já
conhecemos os significados de cada palavra, - a aceitação do risco da incompreensão, a
capacidade de ceder, de ser convertidas, ou simplesmente ficar desconcertadas.60
Formar-nos nisto, supõe:
- Conhecimento e aceitação das próprias raízes culturais e das diversas culturas com as
que convivemos.
- O respeito, a escuta, o diálogo, a abertura e o discernimento.
Acolhimento e liberdade perante outras crenças ou religiões.
- Capacidade de despojamento do que é seu, de aceitação e valorização do que é
diferente.
- Promoção de tudo o que humaniza relações e contextos.
- Fortalecimento da identidade cristã com todos os seus valores.
- Empenharmo-nos para que o carisma adquira forma própria em cada cultura e cada
teresiana.
Perspectiva de Género
Entendemos por género o conjunto de características que cada cultura atribui à pessoa
segundo o seu sexo. Desde que nascemos e através da nossa vida social, adquirimos
normas, crenças, maneiras de ser e de pensar que a mesma sociedade nos transmite, sem
que às vezes tenhamos consciência disso. A construção do género vai-se fazendo no dia
a dia, à medida que o menino ou menina se vá socializando e vá interiorizando o
modelo de homem ou mulher que se lhe vai apresentando. Trata-se de uma categoria de
análise que nos ajuda a estudar e compreender a realidade humana a partir de outra
perspectiva mais inclusiva e completa. A categoria de género afecta a múltiplas
dimensões: afectivas, pessoais, sociais, políticas, económicas, espirituais.
Recuperar a história de género é recuperar a identidade humana em toda a sua
diversidade. A questão de género assim enfocada leva-nos à necessidade de recriar
relações ainda muito fragmentadas, a colaborar com o desejo de Deus de que a
humanidade viva uma nova maneira de relações: de equidade, justiça, reconciliação,
respeito.
Leva-nos também a recuperar uma nova relação com Deus a partir do que cada pessoa
é.
Formar-nos na perspectiva de género supõe:
- Reconhecer os efeitos que sobre as estruturas e processos de poder económico,
político, cultural e eclesial, têm e tiveram as práticas sistemáticas de exclusão e
discriminação, de domínio de uns seres sobre outros.51
- Construir e manter em cada espaço onde nos movemos, as condições para transformar
os papéis tradicionalmente atribuídos às mulheres e aos homens, de tal maneira que não
se reproduzam crenças, imagens e representações que danificaram a umas e aos outros.
- Participar nos processos de libertação da mulher, começando por nós mesmas.
- Formar-nos para tomar iniciativas e sentirmo-nos responsáveis de oferecer o nosso
modo de sentir e pensar a vida como mulheres.
- Assumir o compromisso no nosso Carisma de educar mulheres e homens, construtores
de uma sociedade que respeite a diversidade e promova a dignidade e os direitos de todo
o ser humano. 62
4.3. Núcleo Integrador: Experiência Crente
Uma formação integral situa-nos perante o crescimento de forma personalizada. As
pessoas, comunidades e províncias vão percorrendo um caminho próprio, impulsionado
pelo seu próprio dinamismo formativo. Contudo, isto não significa que não haja uma
direcção no processo nem elementos que vão servindo de referência para valorizá-lo.
Somos pessoas em processo e em projecto. Orientar e acompanhar este processo é a
grande missão formativa. Na liberdade podemos orientar a nossa vida para esse projecto
que Deus tem para cada uma - vocação pessoal -, em harmonia com o projecto
congregacional que exprime o dom carismático que oferecemos à Igreja e ao mundo.
Na Companhia, a fé vivida com as características próprias do nosso carisma, vai
integrando as diferentes dimensões da pessoa e dá sentido à existência e ao seguimento
de Jesus. A experiência crente percorre todo o ciclo vital, é critério de discernimento
privilegiado e força dinamizadora de todo o processo.
Não podemos dar-nos a nós mesmas a capacidade de seguir a Jesus, requer a fé
entendida como dom do Espírito que nos permite ir acolhendo essa progressiva
comunicação de Deus. Jesus foi para Teresa e Henrique o grande referente e mediador
da sua experiência crente.
Hoje recebemos esta experiência como dom carismático e estamos chamadas a
continuar a fazê-lo fecundo no nosso mundo.
4.4. Processo da Experiência Crente na Companhia
de Santa Teresa de Jesus
o seguimento de Jesus na Companhia concebemo-lo como um processo global que nos
afecta ao longo de toda a nossa vida. As fases deste processo não se identificam com as
etapas marcadas no itinerário formativo. Traçámos um processo dividido em cinco
grandes etapas. Tendo presente o horizonte para o qual se orienta o processo formativo,
são etapas que sugerem uma progressiva maturação humano-espiritual.
Não se deve ler este esquema como um processo linear no qual uma etapa se supera
definitivamente para dar a vez à outra. A imagem do movimento seria mais em espiral,
onde aspectos de cada etapa se vão retomando de diferente maneira em etapas
sucessivas da nossa vida.
Como tudo o que é humano, este processo é lento e complexo.
Cada etapa não se identifica necessariamente com uma idade cronológica. Neste
sentido, é particularmente importante indicar que a etapa "caminho de iniciação" não se
refere unicamente ao pré-noviciado ou noviciado. As três primeiras etapas são muito
amplas e podem abranger a maior parte da nossa vida. Tão pouco se deve ler este
esquema como um processo ideal; não pretende marcar umas metas para chegar senão
mostrar indicadores amplos que nos ajudem a situar-nos no nosso momento real. Não
são pautas que se nos marcam de fora mas que vão brotando da dinâmica própria do
amor que faz crescer.
No esquema, optámos por uma divisão pedagógica da dimensão relacional da pessoa:
consigo mesma, com Deus, com os outros e com o mundo. Contudo, na realidade a
pessoa é e se vai fazendo de maneira integral em todas as suas relações. Nas duas
últimas etapas, não marcámos esta divisão, pois a vida vai-se unificando mais em Deus
e Ele tem a primazia.
Este esquema oferece-nos a cada uma das irmãs, também nas etapas de formação
posteriores às iniciais, a possibilidade de situar-nos e valorizar o nosso próprio caminho
de seguimento de Jesus. É importante notar que cada etapa prepara a seguinte e oferece
pautas pedagógicas para seguir gradualmente o caminho de crescimento.
Representamos este itinerário num gráfico que reflecte a dinâmica de integração e a
direcção do processo para a identificação com Jesus, "revestir-nos de Cristo Jesus é a
nossa ocupação essencial".63
Deus pode irromper como quer e quando quer, não se pretende controlar o processo.
Tão pouco podemos esquecer que a pessoa é mistério e não se ajusta aos nossos
esquemas. Contudo, pode iluminar-nos, sugerir alguns processos de maturação humana
e espiritual, necessários para dispor-nos à acção de Deus no nosso seguimento de Jesus.
PROCESSO DE EXPERIÊNCIA CRENTE NA COMPANHIA DE SANTA TERESA DE JESUS
INICIAÇÃO NO
CAMINHO
CAMINHO DE
INTEGRAÇÃO
CENTRAR A VIDA EM
CRISTO
SABEDORIA DA CRUZ PLENITUDE NO
AMOR
INICIAÇÃO NO
CAMINHO
CAMINHO DE
INTEGRAÇÃO
CENTRAR A VIDA EM
CRISTO
SABEDORIA DA CRUZ PLENITUDE NO
AMOR
Em relação
consigo mesma:
Conhecimento de si
mesma: afectivo-sexual,
corporal…
Consciência da sua
dignidade pessoal.
Conhecimento de
aspectos da própria
história.
Em relação
consigo mesma:
Eu – em integração:
vai-se aprendendo a
viver com mais
harmonia as tensões
da existência
humana.
Acolher e aceitar a
própria história.
Em relação
consigo mesma:
Eu – centrando-se
em Cristo :As
dimensões
pessoais vão-se
ordenando à volta
da relação mais
vital com Jesus e o
seu Reino.
Reler a própria
história como
história de
salvação.
A partir destas etapas a vida vai-se unificando em
Cristo. É difícil descrever o crescimento em cada
dimensão
Desejo
transformado pelo
Espírito em
obediência de
amor, sem que
desapareçam as
tensões humanas.
A experiência cada
vez mais profunda
da própria
pequenez leva a
reconhecer e a
agradecer o dom
de Deus.
O coração unifica-se
À volta de um amor
pessoal que se faz
fecundidade
apostólica:”zelarás
a minha honra como
minha verdadeira
esposa”.
Deus tem a
iniciativa e revela-se
como Trindade.
INICIAÇÃO
CAMINHO
CAMINHO DE
INTEGRAÇÃO
CENTRAR A VIDA
EM CRISTO
SABEDORIA DA
CRUZ
PLENITUDE NO
AMOR
A partir destas etapas a vida vai-se
unificando em Cristo. É difícil descrever o
crescimento em cada dimensão.
INICIAÇÃO
CAMINHO
CAMINHO
INTEGRAÇÃO
CENTRAR A VIDA
EM CRISTO
SABEDORIA DA
CRUZ
PLENITUDE NO
AMOR
Crescimento em
Responsabilidade e
Responsabilidade
como serviço
Vida em clave de
confiança e
A partir destas etapas a vida vai-se
unificando em Cristo. É difícil descrever o
Capacidade de
enfrentar o conflito.
Capacidade de
opeções e decisões
pessoais.
Iniciação na
capacidade de
interioridade e
solidão.
Assumir e viver o
conflito como
oportunidade de
crescimento.
Crescimento
Progressivo em
Liberdade.
aceitar a solidão e a
ausência como parte
da existência
humana.
As contradições,
crises, fracassos,
limites pessoais…
Vão-se
convertendo em
lugar de encontro
Com Deus.
Liberdade interior.
Experiência de
solidão habitada.
responsabilidade
como entrega
incondicional.
Confiança e abandono na
contradição.
solidão como
consequência de
algumas opeções.
A pessoa “fica feita
uma coisa como o
seu Deus.”
Viver na lógica do
Evangelho: morrer
para viver, perder a
vida para ganhá-la.
Sentido do
Trabalho.
Valorização do
Celebrativo, dos
Espaços lúdicos e
Do descanso
Em relação com
Deus:
Ir reconhecendo as
próprias imagens
de Deus
desinteressado.
Integração: oração,
trabalho e descanso.
Em relação com
Deus:
Relação experiencial
com o Deus que se
nos revela em Jesus.
obediência.
Vai-se passando dos
Próprios desejos aos
Desejos e interesses
De Jesus.
Em relação com
Deus:
A vida concentra-se
em Jesus e no
seu Evangelho:
“pensar, sentir,
amar como Cristo
Jesus…revesti-vos
de Cristo Jesus é a
vossa ocupação
essencial”
crescimento em cada dimensão.
Entrega cada vez
mais
desinteressada e
gratuita.
A vida faz-se
missão, serviço,
eucaristia na
simplicidade de cada
dia.
INICIAÇÃO NO
CAMINHO
CAMINHO DE
INTEGRAÇÃO
CENTRAR A VIDA
EM CRISTO
SABEDORIA DA
CRUZ
PLENITUDE NO
AMOR
Iniciar no
conhecimento e
seguimento da
pessoa de Jesus.
Descobrir a vida
como dom de
Deus.
Tomar consciência
do chamamento a
viver na fé,
esperança e amor.
Iniciação no
discernimento
pessoal e
comunitário como
atitude de busca.
Consciência de que
somos chamadas,
convocadas e
enviadas a espalhar
o Reino.
Jesus Mestre, Livro
Vivo de quem
aprendo tudo e me
leva ao compromisso
com a realidade.
A fé, a esperança e
O amor vão
orientando a vida da
pessoa.
Discernimento como
atitude de vida.
Leitura crente da
realidade e dos
acontecimentos da
vida.
A vida teologal vai
configurando a
forma de viver e
eleger.
Discernimento
como busca da
verdade e caminho
de humildade.
Partir destas etapas a vida vai-se
Unificando em Cristo. É difícil descrever o
Crescimento em cada dimensão.
Conflito que traz a
opção de situar-se
ao lado dos
excluídos.
Contemplação da
história no amor que
leva a descobrir a
Deus em todas as
coisas.
Desejo profundo de
viver em comunhão
com a humanidade e
o cosmo.
SÓ DEUS BASTA
INICIAÇÃO NO
CAMINHO
CAMINHO
INTEGRAÇÃO
CENTRAR A VIDA
EM CRITO
SABEDORIA DA
CRUZ
PLENITUDE NO
AMOR
Iniciar na vivência
partilhada e aferida
Experiência dos
sacramentos como
Sentido mais
profundo da
A partir destas etapas a vida vai-se
Unificando em Cristo. É difícil descrever o
da fé
(Sacramentos).
Oração:
-“Trato de
amizade”
-Capacidade
para” estar
com”
- Escuta da
Palavra.
Em relação com
Os outros:
Consciência dos
outros: limites.
sinais de vida e
comunhão.
Oração:
-“OLhar que te vê”
- Concentrar o
olhar.
-Oração do
coração.
Em relação com
Os outros:
Maior aceitação das
Tensões próprias da
comunhão eclesial.
Oração:
-“Juntos
andamos
Senhor…”
-Confiar e
deixar-se
conduzir por
Outro.
- Oração de
encontro.
Em relação com
Os outros:
Aceitação serena
dos conflitos
Crescimento em cada dimensão.
Predomínio da
vida teologal.
Oração:
-“Ponde os
Olhos no
Crucificado…”
-Oração de
abandono e
confiança.
-Confirma-se a
certeza da
presença fiel
do Senhor.
Oração:
-“Fica sempre
com o seu Deus”
ração de união
-amor e
serviço.
INICIAÇÃO NO
CAMINHO
CAMINHO DE
INTEGRAÇÃO
CENTRAR A VIDA
EM CRISTO
SABEDORIA DA
CRUZ
PLENITUDE NO
AMOR
possibilidades,
diferenças…
Convivência humana.
Interpessoais.
A partir destas etapas a vida vai-se
Unificando em Cristo. É difícil descrever o
Crescimento em cada dimensão.
cultivar favoreçam a
comunicação e a
relação.
Capacidade de
estabelecer
vínculos afectivos.
Conhecimento e
valorização do
carisma.
Tomar consciência
do sentido de
convocação e
pertença.
Implicação em
projectos
Consciência de
interdependência.
Experiência mais
profunda da amizade
e do amor.
Vai-se consolidando
o sentido de
convocação e
pertença.
Integração do
projecto pessoal e
Relações vividas
na gratuidade,
verdade, liberdade
e amor
O projecto comum
Como serviço ao
INICIAÇÃO NO
CAMINHO
CAMINHO DE
INTEGRAÇÃO
CENTRAR A VIDA
EM CRISTO
SABEDORIA DA
CRUZ
PLENITUDE NO
AMOR
comuns
congregacional.
Reino vai
configurando as
A partir destas etapas a vida vai-se
Unificando em Cristo. É difícil descrever o
Relação
com o mundo:
tomar consciência
da realidade
mundial, das
carências da
humanidade e da
deterioração
ecológica
inicial compromisso
na opção pelos
pobres.
Relação
com o mundo:
ir vivendo o
compromisso com a
justiça, a paz a
ecologia.Sentido de
co-responsabilidade
que favorece a vida
a todos os níveis.
Maior compromisso
Na opeção pelos
pobres
relações.
Entraga sem
reservas no
serviço e amor ao
próximo
Relação
com o mundo:
Reconhecer a
presença de Deus
na história e
responder à
interpelação dos
sinais dos tempos.
Viver para os
predilectos de
Jesus: pobres e
Crescimento em cada dimensão.
Valor do pequeno,
o quotidiano ,o
simples, olhado
contemplativament
e.
Sentir com a
história, com rostos
concretos de filhos e
INICIAÇÃO NO
CAMINHO
CAMINHO DE
INTEGRAÇÃO
CENTRAR A VIDA
EM CRISTO
SABEDORIA DA
CRUZ
PLENITUDE NO
AMOR
excluídos. A partir destas etapas a vida vai-se
Valorização da
própria cultura e de
outras.
Capacidade de
diálogo crítico com
as diferentes
culturas e crenças.
Vai crescendo o
Amor apostólico.
Ir tornando
presente o Reino.
com atitudes
evangélicas
quotidianas.
Unificando em Cristo. É difícil descrever o
Crescimento em cada dimensão.
A natureza, tudo
cria está em
Deus.
Compromisso com
a justiça,
compromisso a
própria vida.
irmãos.
padecer com os
crucificados, e
crucificadas da
história.
Olhar compassivo e
cheio de ternura
pelo mundo.
5. A ACÇÃO FORMATIVA
Entendemos a formação como ir introduzindo-nos numa experiência de vida: o
Seguimento e a configuração com Jesus já expresso em pontos anteriores. Trata-se de
um processo único que percorre a vida inteira. Assim, as opções que vamos tomando na
formação, não podem estar desligadas da realidade para a qual formamos. E é esta uma
realidade em constantes e profundas mudanças; a readaptação e o acompanhamento
hão-de ser sempre parte do caminho. Voltar uma e outra vez à experiência fundante, ir
adequando todo o trabalho formativo a esta experiência, é o processo de renovação -
conversão a qual somos convidados, já desde o Vaticano I e o que justifica uma
formação permanente sempre actualizada.
Formar-se e deixar-se formar é, também, decisão livre e pessoal para entrar no processo,
qualquer que seja a etapa da vida, na qual nos encontremos. Todas vivemos em processo
de formação, nesse dar e receber que nos enriquece e nos complementa; nos acompanha
na dinâmica de nos irmos abrindo aos outros e ao Outro, a Deus e à vida na qual se
centra a acção formativa.
A Companhia situa-se nesta mesma clave de formação, e convida-nos a "ser
comunidades e províncias em formação, em processo contínuo de busca e discernimento
pessoal e comunitári064".
Além da realidade, há outros âmbitos privilegiados nos quais se gera este dinamismo
formativo.
A comunidade e a missão outros espaços nos quais se dão a reciprocidade formativa. A
algumas irmãs confia-se-lhes uma acção específica de animar e orientar a comunidade.
Outras assumem o serviço de acompanhar processos formativos, pessoais e grupais,
especialmente nas etapas iniciais. Somos todas responsáveis do crescimento de cada
irmã e da própria comunidade. Este lento caminho de conversão requer umas relações,
um diálogo amplo que vá conduzindo pedagogicamente o processo e umas atitudes para
viver a vida com o caracter que se desprende do nosso carisma e que nos parecem
essenciais em todo o processo formativo:
· O "eu despojado" que se desapropria para a entrega: "morra já este eu e viva em
mim outro que é mais que eu... "65,
· A abertura a um mundo que requer criatividade e opções de risco para que a nossa
espiritual idade não seja intimista e para "não fazer torres sem fundamento "66; viver
sem medo a própria verdade e a verdade que nos descobre a realidade, para ter a ousadia
de comprometer-nos apoiadas só na sua Palavra.
· Uma relação de intimidade, impregnada da preocupação pelo mundo para ser
"espirituais de verdade... tornar-se escravos de Deus para que assinalados pela cruz
Ele nos possa fazer escravos de todo o mundo... "67 onde se explicitariam hoje a
profecia do serviço e a gratuidade, a paixão por Deus e pela Humanidade.
5.1. Pedagogia do Amor
Queremos que a nossa acção formadora esteja marcada pelo amor que dinamiza e
favorece o crescimento pessoal. A relação, centro da nossa riqueza carismática, cresce
num ambiente de carinho, confiança e respeito; despertam-se processos que nos levam a
tirar o melhor de cada uma no serviço aos irmãos e irmãs, aprendendo a buscar os
sinais de Deus nas realidades do mundo.
Teresa aprendeu na sua relação com Jesus, uma maneira de ser pessoa e de ensinar os
outros a sê-lo também. E a partir daí deduzimos algumas claves pedagógicas:
· Jesus é o Mestre interior.
· A vida é a escola, tudo o que acontece pode ser experiência de conversão.
· O "trato de amizade" é o caminho, só se educa na relação de amor. Se a pessoa não
se abre à verdadeira amizade, não há crescimento pessoal.
Fazer nossa a experiência teresiana como caminho e método pedagógico, é assumir que
formamos pelo trato pessoal, pela relação e pelo diálogo, aberto aos vários níveis da
pessoa, a diferentes âmbitos do viver diário e a outras instâncias congregacionais,
eclesiais ou sociais que nos complementam.
5.2. Pedagogia do Acompanhamento
Dentro da formação integral tal como se descreveu, adquire uma relevância especial o
acompanhamento não só pessoal mas também o da comunidade, espaço onde se faz
possível viver, com outras, a vocação dentro do Projecto comum ao qual fomos
chamadas.
O acompanhamento como mediação formativa é: "uma relação de ajuda na qual se
propicia que a pessoa cresça e amadureça em consistência, responsabilidade e liberdade
para descobrir na sua vida a vontade de Deus, e concretizá-lo num compromisso
orientado para a entrega da vida e a construção do Reino"68.
Nas etapas iniciais, é a formadora, ou a irmã designada para isso, que realizam este
acompanhamento. À medida que avançamos na vida contamos com outras mediações
que surgem ou nós mesmas buscamos, para ajudar-nos a viver o dia a dia em clave de
discernimento;
orientam-nos para poder acolher e acompanhar a vida descobrindo nela a acção do
Espírito, autêntico mestre interior.59
Fala-se do acompanhamento como" ciência do coração porque é um conhecimento que
se aprende na Palavra de Deus e nos encontros interpessoais tecidos de uma escuta
operante" 70. Baseia-se numa relação pessoal na qual a qualidade da escuta, o diálogo, o
respeito e a empatia, são em si mesmos transformadores. Tem em conta a pessoa em
todos os seus aspectos, já que em cada acontecimento ou situação nos encontramos com
a pessoa na sua totalidade.
Implica um olhar pedagógico especial para com a vida quotidiana.
O dia a dia oferece-nos uma ampla informação de nós mesmas: os comportamentos
habituais, atitudes e formas de nos relacionarmos, modo de nos situarmos perante os
acontecimentos e de descrevê-los, motivações que estão na base do que vamos
vivendo... são "espelhos" onde nos reconhecemos e nos encontramos.
Acolher a vida é experiência de salvação. A iniciativa é sempre de Deus, mas o
acolhimento desta iniciativa pertence-nos. O acompanhamento faz-nos cada vez mais
conscientes e ajuda-nos a personalizar essa subtil estrutura entre liberdade e graça na
qual nos movemos.
Supõe um caminho de busca que, em clave cristã, se vai convertendo já em
discernimento. Acompanhar a vida supõe estar atentas a umas experiências centrais:
· Descobrir e acolher a fé como experiência fundante da própria vida: "O justo viverá
pela fé"71. É trabalho essencial no acompanhamento; vai-se percebendo através de uma
confiança básica e um agradecimento que se vão fazendo desejo habitual. Ajudar a viver
em clave teologal é trabalho de toda a vida.
· Sentir a atracção de Deus, "seduziste-me, Senhor, e eu deixei-me seduzir"72e
descobrir a Jesus como caminho, verdade e vida. É este outro grande núcleo no
acompanhamento, o conhecimento de Jesus, tão próprio do nosso carisma, e o lento
amadurecimento em amar; a relação com Jesus numa oração frequente, e o deixar-se
modelar por Ele nas circunstâncias da vida.
· Viver determinadas a dar a vida com Jesus e como Ele. A decisão é sempre resposta
pessoal e livre. O amadurecimento na responsabilidade é outro grande núcleo no
acompanhamento.
Estas experiências vão-se tratando na relação, tornam-se tema de conversa enquanto
vamos de caminho.73
O acompanhamento olha também para umas atitudes básicas que orientam o processo:
· Educar o olhar para reconhecer a vida como manifestação do amor de Deus no que
acontece em nós mesmas, nos outros, no mundo.
· Abertura e escuta, implicação e compromisso com o Reino.
Um caminho no qual nos informamos e questionamos sobre os grandes temas de
actualidade, os reflectimos e discernimos para adoptar assim uma atitude evangélica.
· Qualidade da própria vida nas suas diferentes dimensões, e no modo de enfrentar e
aceitar as situações difíceis o inesperadas.
5.3. Pedagogia Motivadora
No processo formativo a motivação desenvolve um papel importante.
Trata de despertar, sugerir, alentar, suscitar o desejo de crescer em fidelidade à graça
recebida e de ajudar a pessoa a confiar nas suas próprias capacidades.
Teresa descobre-nos a "formosura" do nosso ser, e esta é a nossa grande motivação. A
pessoa é "um palácio onde está o grande Rei"74 que é nosso Deus, "um paraíso
onde Ele tem os seus deleites"75. Mal podemos entender a grandeza desse mundo
interior onde cabem tantas e tão preciosas moradas. E isto ajuda-nos a descobrir a
verdade da pessoa, o muito que somos para Deus.
Neste processo vivem-se momentos de fragilidade, desalento, e as crises de cada etapa
que escurecem o caminho. Estamos chamadas a encorajar, constatar os avanços,
destacar o positivo, desdramatizar, despertar os recursos que cada irmã possui. Teresa
diz-nos: "Não desanimeis, se alguma vez cairdes"76. É um caminho sempre
incompleto que nos convida à confiança no perdão, "não estranheis se vos vedes
imperfeitas, nem desanimeis jamais"77.
O trabalho vivido com responsabilidade e entrega estimula-nos na nossa realização
pessoal. amplia as nossas capacidades e enche de sentido o nosso viver quotidiano. A
convocação e a vida vivida como missão, que se vai descobrindo progressivamente, às
vezes em circunstâncias adversas, é a motivação que alimenta a nossa fidelidade.
Uma vida comunitária simples e familiar, a amizade e proximidade com as irmãs e com
as pessoas que trabalham e se relacionam connosco, são sempre valores que devemos
cultivar já desde as primeiras etapas da formação: "Aqui todas hão-de ser amigas, todas
se hão-de querer, todas se hão-de ajudar... "78.
5.4. Pedagogia Activa e Experimental
O que não se aprende por experiência não se interioriza nem se incorpora na vida. A
formação não consiste só em dar conteúdos e iluminar, senão em criar as condições para
que possa fazer-se verdadeira experiência da vida religiosa teresiana.
Uma pedagogia activa considera a pessoa responsável da sua própria formação e vai
fazendo o caminho em diálogo com as mediações próprias do momento vital no qual se
encontra e das diversas etapas do caminho formativo.
Valorizamos na formação tudo o que acontece na realidade, como lugar de experiência e
aprendizagem. O método formativo sugere-nos uns passos:
· Partir das experiências pessoais que se suscitam na vida,
· Interiorizá-las, reflectindo-as à luz da fé e dando lugar a uma nova compreensão da
realidade ou de si mesma
· Para dar lugar a um novo compromisso com a vida a partir desta visão.
Este modo de viver, provoca por sua vez outras experiências que se interiorizam e
suscitam novos compromissos79.
Valorizar o experimental como elemento formativo, leva-nos a reconhecer no rebento,
no simples e no quotidiano, a acção de Deus.
Supõe também que nos enganamos, que o erro, o limite, o conflito são também parte do
caminho formativo e âmbito de crescimento pessoal e comunitário.
Assim orientada, a formação é um processo contínuo de crescimento em espiral que
apura a vida, tirando dela toda a sua profundidade e ensinamento.
5.5. Pedagogia da comunidade: comunidades em formação
O chamamento pessoal de Deus vivemo-lo em comunidade dentro da Companhia. Aí
"cada uma aprende a viver com quem Deus colocou ao seu lado, aceitando tanto as suas
qualidades positivas como as suas diferenças e os seus limites."8o E chamou as que
quis, com a sua forma de ser, para estar com Ele, prometendo a sua presença ali onde
dois ou três nos reuníssemos em seu Nome.
A comunidade constrói-se cada dia de maneira permanente. Todas, como somos,
estamos chamadas a fazer da nossa comunidade, uma comunidade em formação:
· Comunidade que se deixa interpelar pelas situações injustas e busca o modo
concreto de comprometer-se na opção pelos pobres e a luta pela justiça e a paz. Vive um
estilo simples e austero que favorece uma partilha solidária.
· Comunidade onde a autoridade se vive como serviço e todas nos sentimos co-
responsáveis de buscar a vontade de Deus em clima de discernimento.
· Comunidade que se sente responsável de estabelecer um diálogo crítico com as
culturas e o ambiente, descobrir neles os sinais dos tempos, e partilhar e recriar a
própria espiritualidade.
· Comunidade que celebra e reza a vida, que deixa penetrar na sua oração os anelos e
interesses do mundo, da igreja e do meio ambiente. Escuta a Palavra e confronta à luz
dela o caminhar quotidiano.
. Comunidade que procura "viver em missão ", busca a expressão concreta dessa
missão, o modo de vivê-la, com as possibilidades das irmãs, as actividades apostólicas
que realizam e os pedidos do meio ambiente.
· Comunidade que possibilita um espaço adequado para o crescimento de cada irmã,
criando vínculos positivos, onde todas acolhemos e aceitamos a cada uma como é, com
uma visão serena dos seus valores e limites. Vive a diversidade como prenda ao
serviço do projecto comum.
· Comunidade que aprende a gerir os conflitos que podem criar-se na convivência
como algo inevitável no caminhar formativo. Enfrentá-los e resolvê-los afecta-nos a
todas.
5.6. Elementos de formação
A formação como processo contínuo de crescimento da irmã, da sua inserção na
Comunidade e na sociedade precisa de uns elementos que a capacitem para aprender da
vida, para escutar e dar resposta, com fidelidade criativa, ao chamamento de Jesus no
mundo.
Enumeramos a seguir alguns elementos da vida quotidiana, vividos na clave de
formação:
· A inserção ou compromisso na realidade social e o meio ambiente concreto.
Traz-nos dados diferentes, outras claves de interpretação, muda o nosso modo de
pensar, sensibiliza-nos e compromete-nos na defesa da justiça e da vida. Nesta
perspectiva devemos cuidar os lugares de habitação, os meios que utilizamos, os estilos
comunitários. Pretender que os contextos de exclusão e marginalização afectem a nossa
vida.
· As relações que nos vão configurando nos avaliam, enriquecem; nos ajudam a
partilhar o descanso, o aspecto lúdico da vida e a amizade; põem limite às nossas
necessidades. São âmbito de constatações onde vamos descobrindo e experimentando
quem somos; espaço que possibilita o crescimento onde aprendemos a descentrar-nos e
abrir-nos à realidade.
· A actividade apostólica como possibilidade para concretizar a responsabilidade, a
criatividade e o serviço. Um elemento formativo que nos ajuda a crescer no sentido
realista da vida. Um modo de viver a solidariedade e o serviço como colaboradoras de
Deus na criação.
· O estudo, aprofundamento teológico, leitura, cursos de preparação em diversas
áreas, e a informação a partir de várias fontes são necessários para a formação e
actualização constantes, para abrir-nos e dar resposta ao mundo actual e ser proposta
válida na sociedade e na Igreja onde vivemos. Os conteúdos teóricos e experimentais
dentro de um Projecto Formativo são apoio importante no processo de formação. Não
há dúvida de que necessitamos estes suportes conceituais, não os incluímos no
documento, mas remetemos esta parte às províncias para que os especifiquem nos seus
projectos formativos, apoiando-se na bibliografia e materiais próprios do seu meio
ambiente, mais de acordo com as suas características culturais.
Nos projectos provinciais de formação explicita-se a orientação pedagógica com os
meios e actividades concretas que se vão a utilizar, assim como o calendário e sequência
adaptados às diferentes etapas ou grupos.
· A escuta e aceitação crente da vida com os limites que nos pode ir impondo por
doença, circunstâncias concretas, carácter ou psicologia pessoa!... pode converter-se em
oportunidade para cimentar e crescer a partir da debilidade.
· A interiorização, a reflexão e o silêncio para encontrarmo-nos com a nossa
realidade profunda, personalizar as experiências que vivemos e os meios que utilizamos,
interpretar de maneira crítica a vida e ir fazendo em todo isso as sínteses pessoais que
vão construindo a nossa identidade.
· A oração pessoal como espaço privilegiado para conhecer e reconhecer a presença e
a acção de Deus. Uma relação de amor que suscita em nós novos modos de relação e
compromisso. Um espaço privilegiado para aprender a descobrir "as sementes do Verbo
espargidas pela realidade"81.
· A oração comunitária82 como lugar de encontro com as irmãs e irmãos, onde se
alimenta a fé, a esperança, o amor. Abre-nos às necessidades da realidade, convida-nos
à comunhão com a humanidade e possibilita umas relações mais fraternas e solidárias.
· A comunidade cristã83 na qual estamos inseridas, ajuda-nos a crescer na fé e a
partilhá-la. Nela celebramos, como Povo de Deus, os mistérios da vida de Jesus
reconhecendo -O presente na Palavra e nos Sacramentos.
· O projecto pessoal é um convite a continuar a agarrar, sempre e de novo, a vida nas
próprias mãos, e a redescobrir em cada fase da mesma a responsabilidade de decidir
sobre a própria existência de um modo autónomo, entusiasmado e comprometido.
O projecto pessoal é antes de tudo, desejo de andar na verdade, tomar a sério a aventura
de viver segundo a própria vocação; é conhecimento pessoal e discernimento no
Espírito. Um meio eficaz para o acompanhamento pessoal e uma ajuda no processo
formativo, tendo sempre em conta a totalidade da pessoa e a situação de cada irmã nas
diferentes etapas da vida.
Interage com o projecto comunitário e tem como referente o projecto congregacional.
. O projecto comunitário:” É um chamamento à corresponsabilidade para discernir e
conhecer a vontade de Deus aqui e agora, definindo assim um marco de obediência
comunitária.
Viver em clave de projecto significa viver despertas para captar a novidade do Reino
que emerge cada dia”84.
Para viver este projecto comunitário é necessário desencadear um processo de
formação permanente que nos abra à renovação, que nos situe numa dinâmica de
conversão para o encontro de comunhão como realização da utopia do Reino. A
profecia das nossas comunidades depende, em grande parte, da capacidade de tornar
transparente este encontro de comunhão e de apostar por uma fraternidade universal.
· O projecto provincial: A comunidade provincial, ao elaborar o seu projecto, tendo
em conta as linhas do projecto geral, compromete-se a favorecer em toda a Província
um dinamismo de formação orientado a fortalecer aspectos significativos como:
- A identidade e sentido de pertença de irmãs e comunidades. - O cuidado e animação
do crescimento vocacional das irmãs.
- A necessidade de renovação que exige a Vida Religiosa actual.
- A recriação do carisma que torna possível a refundação.
- O sentido de missão, as actividades apostólicas, e a abertura a novas presenças.
- Abertura à colaboração com os leigos, outras Congregações, Instituições diversas.
5.7. Responsáveis da formação
Toda a comunidade - local, provincial e congregacional - está chamada a implicar-se
no processo formativo das irmãs nas diferentes etapas da vida.
A comunidade provincial facilita as estruturas e meios que nos animam a manter a
atitude de radicalidade evangélica à qual fomos chamadas.
As equipas provinciais de formação e de pastoral juvenil -vocacional são responsáveis
de animar, traçar projectos e oferecer recursos que dinamizem o processo formativo de
irmãs, comunidades e províncias.
Cada irmã, como primeira responsável da sua própria vocação, tenta viver o seu
processo formativo aberta à acção do Espírito através das mediações. Busca responder
em fidelidade criativa ao projecto de Deus na sua vida. Todas somos testemunhas da
vida que surge em cada irmã, e de alguma maneira co-responsáveis com ela. Juntas
recriamos o carisma em cada realidade e o partilhamos através da nossa maneira de ser,
agir e viver.
As formadoras, nas etapas iniciais, receberam a missão de animar, impulsionar e avaliar
os dinamismos formativos das Irmãs, orientadas sempre pelas linhas que a Companhia e
a Província vão marcando nos seus projectos. É-lhes confiado acompanhar o processo
vocacional de cada irmã. Realizam o seu trabalho em colaboração com a Equipa
Provincial e inter - Provincial de Formação, assim como com as Equipas inter-
Congregacionais que existem nos diferentes países. Tanto se é a coordenadora da
comunidade como se é uma das irmãs, conta sempre com a própria comunidade e as
suas circunstâncias concretas, já que é nesse grupo, no seu caminhar diário, onde se vai
configurando o processo pessoal - vocacional. Com a avaliação pessoal e comunitária
vai-se acompanhando e apoiando a acção da formadora e se apresentam elementos
válidos para o discernimento vocacional da irmã nas diferentes etapas.
A delegada geral de formação realiza o seu serviço em colaboração com uma equipa
que coordena. Corresponde-lhe animar e orientar a formação segundo as linhas do
Projecto Formativo e as orientações do capítulo geral. Acompanha as equipas de
formação das diferentes províncias e promove a actualização dos projectos provinciais.
Impulsiona acções no âmbito inter-Provincial.85
II PARTE: ITINERÁRIO FORMATIVO
1. PASTORAL VOCACIONAL
A pastoral vocacional tem como finalidade apresentar a vida como vocação, ajudar a
que as pessoas descubram a sua própria vocação cristã e respondam a ela desde as
diferentes opções de vida.
Neste contexto situa-se a pastoral vocacional específica teresiana, quando a jovem
exprimiu a sua inquietação pela vida religiosa. Nesta fase, a finalidade e acções
específicas da pastoral vocacional orientam-se a propiciar experiências que ajudem a
jovem a iniciar o seu discernimento vocacional.
As primeiras experiências de oração, acompanhamento e compromisso apostólico da
jovem que ainda não ingressou na Companhia, são passos importantes que preparam o
itinerário formativo posterior.
Mesmo quando a pastoral vocacional é assumida por uma irmã ou por uma equipa, é
trabalho de todas as irmãs. O testemunho comunitário, as atitudes de abertura e
acolhimento às jovens, o encontro e a proximidade, ou seja, o nosso caracter pessoal e
de relações é a melhor promoção vocacional.
Vemos a necessidade de dar uma visão ampla ao itinerário formativo da Companhia,
incluindo esta etapa anterior à entrada da jovem na Congregação, como início do
processo de formação. A esta fase da pastoral vocacional chamamos etapa de busca e
compreende dois momentos. Busca I e Busca 11. Algumas mediações fundamentais
nesta etapa são:
· A presença da comunidade teresiana na experiência da jovem.
· O acompanhamento sistemático.
· A experiência vivida em grupo com outras jovens que partilham a mesma
inquietação, se a realidade e possibilidades o permitem.
1.1. Busca I
A etapa Busca /, nalgumas ocasiões, inicia-se quando a jovem exprime a sua
inquietação por viver de uma maneira mais comprometida a sua relação com Jesus e o
seu projecto na vida religiosa. Em atitude de abertura, aceita e dispõe-se a clarificar o
chamamento.
Noutras ocasiões a jovem não tem a suficiente claridade sobre a sua inquietação
vocacional. No entanto, a irmã que está mais próxima da jovem intui nela a vocação de
forma incipiente. Propicia-se assim a ocasião para iniciar um processo de clarificação.
Algumas características que potencialmente poderiam indicar a presença deste
chamamento, são:
· Sensibilidade e certo grau de compromisso com a sua realidade.
· Responsabilidade e desembaraço no mundo laboral, se for possível que tenha esta
experiência, ou nos seus estudos.
· Certa profundidade nos seus questionamentos e planificação de vida.
· Capacidade para as relações inter - pessoais.
· Interesse e valorização pela oração.
· Busca de experiências que dêem sentido profundo à sua vida.
Nesta etapa, a jovem participa nalguns encontros que favorecem este processo de busca:
jornadas, retiros, oficinas, participação em actividades de voluntariado...
Os objectivos desta etapa são:
· Descobrir a vocação humana, cristã e eclesial dentro dos seus contextos culturais.
· Discernir os sinais indicadores do chamamento de Deus.
· Cultivar os gérmenes da vocação à vida religiosa.
· Iniciar o processo de um acompanhamento vocacional consciente e livre
· Crescimento no conhecimento próprio, relações inter- pessoais, responsabilidade e
coerência.
Dentro desta etapa, a jovem descobre sinais do chamamento de Deus e vai sentindo
necessidade de clarificá-los tendo um acompanhamento mais sistemático. Exprime o
desejo de uma maior aproximação à Companhia. A partir deste momento a jovem
começa uma nova etapa.
1.2. Busca II
A etapa de Busca II, é prévia às etapas iniciais de formação, e consiste num período de
tempo que se oferece às jovens que desejam uma experiência de maior proximidade
com a vida comunitária e apostólica da Companhia, para poder definir a sua opção
vocacional.
De acordo com a realidade das províncias, abre-se a possibilidade de que a jovem viva
por um tempo numa comunidade teresiana. Noutros casos a experiência consistirá em
partilhar momentos pontuais da vida comunitária: convívios, momentos de oração,
celebrações, actividades apostólicas. Na medida do possível, se favorecerá que esta
experiência se realize em grupo com outras jovens que vivem a mesma etapa. A
comunidade é ponto de referência para as jovens.
Tanto a Companhia como a jovem vivem este tempo como uma oportunidade de
conhecimento mútuo que facilita o processo de acompanhamento e discernimento. Uma
irmã designada pelo governo provincial responsabiliza-se de acompanhar este processo.
A duração desta etapa não tem um tempo determinado, já que a diversidade de
procedência, culturas e características das jovens que se sentem chamadas à Vida
Religiosa, reclamam um ritmo mais personalizado.
Requisitos para iniciar a etapa
· Conhecimento do ambiente donde procede a jovem.
· Manifestação do desejo de seguir a Jesus na Companhia.
· Saúde física e psíquica suficientes.
· Capacidade de motivação e iniciativa.
· Capacidade normal de perceber adequadamente a realidade.
· Mínimo de conhecimento próprio.
· Capacidade inicial de relações interpessoais.
· Experiência no mundo laboral e, se é possível, ter tido alguma responsabilidade.
Objectivo geral
Favorecer o conhecimento mútuo entre a jovem e a Congregação para clarificar as
motivações vocacionais e iniciar o processo de formação na Companhia.
Experiência crente como núcleo integrador
Cultivar a relação pessoal com Jesus; introduzi-las e ir aprofundando na vivência de fé
como mulheres dentro da comunidade eclesial:
· Aproximação a diferentes maneiras de orar.
· Formação na fé cristã.
· Relação frequente com uma comunidade teresiana.
· Conhecimento básico da vida de Teresa de Jesus e Henrique de Ossó.
Dimensão pessoal
Possibilitar um processo de conhecimento próprio, que leve a jovem a uma aceitação
progressiva da sua realidade, pessoal e do ambiente.
· Abertura para começar a partilhar a sua história pessoal.
· Conhecimento e valorização das culturas que integram a sua identidade.
· Elaboração de um projecto de vida para viver esta etapa.
Dimensão fraterna
Descobrir a capacidade e as habilidades para relacionar-se e integrar-se em grupo.
· Convivência adequada com a família, grupo de amigos, trabalho... · Responsabilidade
no trabalho e capacidade de trabalho em equipa.
· Uma base mínima de autonomia e liberdade.
Dimensão de missão
Tomar consciência de que está chamada, como mulher crente, ao
anúncio e compromisso com o Reino.
· Participação nalgum grupo comprometido de igreja: paróquia, grupos juvenis,
missões, catequeses.
· Sensibilidade e certo compromisso perante situações de marginalização ou exclusão
social.
· Conhecimento inicial da missão apostólica da Companhia através de algumas
actividades.
Indicadores para avaliar o processo nesta etapa:
· Pode estabelecer e manter relações interpessoais de amizade e companheirismo.
· Assume os seus trabalhos com suficiente responsabilidade, iniciativa e autonomia.
· Cresceu no seu processo de conhecimento próprio.
· Permaneceu aberta na sua disposição de deixar-se ajudar e continuar descobrindo a
vontade de Deus.
· Viveu com alegria e disponibilidade o seu compromisso cristão.
· Viveu com certa constância o encontro com Jesus na oração, e vai-se manifestando na
vida.
· Manifesta sintonia com a Companhia e desejo explícito de ser parte dela.
· Apresenta sinais de uma personalidade em processo de maturação segundo resultados
da valorização psicológica.
Convém ter em conta:
· Que nesta etapa concluam os seus estudos básicos e/ou de nível médio.
· Que a jovem trabalhe para cobrir as suas despesas pessoais, se realiza a experiência
numa comunidade teresiana, com o sentido da partilha cristã.
· Que tanto a irmã que acompanha como a comunidade de referência tenham contacto
com a família da jovem.
2. PRÉ-NOVICIADO
No Pré-Noviciado, período de formação inicial que precede o Noviciado, a jovem
aprofunda no conhecimento progressivo de si mesma e na relação com Jesus. Conhece o
estilo de vida e o sentido apostólico de uma comunidade teresiana. Vai situando-se
novamente perante si mesma, perante os outros e perante Deus, reconhecendo as
rupturas que supõe a nova opção de vida.
Esta etapa realiza-se numa comunidade preparada para acolher e acompanhar a jovem.
A Companhia, através da irmã responsável do Pré-Noviciado e em diálogo com a
comunidade, acompanha o processo e o discernimento. A sua duração é de pelo menos
um ano, prorrogável segundo o processo de cada pessoa. A irmã Provincial e seu
Conselho confirmam o discernimento para começar o noviciado.
2.1. Requisitos para iniciar esta etapa
· Ter conseguido satisfatoriamente os objectivos da etapa de busca
· Saúde física e psicológica suficientes
· Valorização psicológica da sua personalidade
· Estudos de nível médio
· Pedido à irmã provincial
· Apresentação dos documentos requeridos, indicados no Manual Administrativo.
2.2. Objectivo geral
Continuar um processo de maturação humano -cristã vivendo numa comunidade
teresiana. Ir clarificando as motivações vocacionais.
2.3. Núcleo Integrador: Experiência Crente
Crescer na experiência de relação de amizade com Jesus. Com esta relação ir
conhecendo os traços de Jesus que carismaticamente estão mais presentes na vida e
missão da Companhia ao serviço da Igreja e do Reino.
· Crescimento na visão da vida na fé, e iniciação a partilhá-la.
· Vivência da oração pessoal como trato de amizade, e descoberta do sentido
comunitário e eclesial da oração litúrgica.
· Conhecimento das próprias imagens de Deus iluminadas e contrastadas pela Palavra.
· Experiência inicial no conhecimento de Henrique de Ossó e Teresa de Jesus como
mestres de vida · Experiência inicial da forma de vida e sentido de missão da
comunidade teres ia na.
2.4. Dimensão pessoal
Continuar o processo de conhecimento próprio e ir aceitando a sua realidade pessoal.
Familiar e cultural.
· Conhecimento e valorização da sua identidade como mulher.
· Inicial aceitação do seu corpo e da energia afectivo - sexual.
· Certa autonomia e interdependência no relaciona I.
· Conhecimento e aceitação inicial da sua história pessoal e familiar e da própria
cultura.
· Percepção da realidade com progressiva objectividade e transparência.
· Progressiva capacidade de análise da realidade com sentido crítico...
2.5. Dimensão fraterna
Iniciar a experiência de vida fraterna numa comunidade teresiana, que tenciona viver
como âmbito teológico e escola de comunhão.
· Crescimento na comunicação, diálogo, respeito e verdade.
· Capacidade inicial de amizade e serviço.
· Iniciação num estilo de vida simples, austero e solidário.
· Experiência de viver de um orçamento económico avaliado com a formadora e a
comunidade.
· Valorizar a diversidade como complementaridade e riqueza.
· Consciência das rupturas necessárias para iniciar esta experiência com a consciência
de uma nova identidade e pertença.
.
2.6. Dimensão de missão
Descobrir que o sentido da comunidade é a convocação e o envio a tornar presente o
Reino. Seguir Jesus e participar da sua missão e do seu mesmo destino. E tudo isso a
partir da orientação teresiana, tal como se descreve na parte do seguimento de Jesus na
Companhia.
· O trabalho e o estudo orientados para a entrega e o serviço aos outros.
· Sensibilidade perante as realidades de injustiça e pobreza. Reflexão crítica sobre
elas.
· Experiências solidárias entre os pobres a favor da justiça, da dignidade e da paz.
· Conhecimento e participação na missão educadora da Companhia.
.
2.7. Indicadores para avaliar o processo nesta etapa
· Maior consciência e aceitação da sua condição de mulher, corporalidade, da sua
história familiar e cultural.
· Vá adquirindo capacidade de silêncio e interiorização.
· Procura tempos de oração pessoal e deixa-se iluminar pela Palavra · Está mais aberta
a deixar-se acompanhar e confrontar.
· Cresceu em responsabilidade no seu trabalho e no estudo.
· Vai captando as necessidades dos outros e vai abrindo-se ao serviço.
· Crescimento numas relações mais abertas, sinceras e autónomas.
· Vai reconhecendo a presença de Deus em alguns acontecimentos da vida quotidiana,
e aprendendo a lê-los em clave t8010gal.
· Vive com certa serenidade e alegria.
· Sente-se bem na vida de comunidade, e sintoniza com as actividades apostólicas da
comunidade descobrindo o seu sentido educativo.
2.8. Convém ter em conta que:
· A comunidade que acolher o pré-noviciado esteja situada num meio popular, simples.
. Favoreçam-se encontros provinciais e Inter-Congregacionais. · A comunidade
juntamente com a formadora realize a avaliação desta etapa.
· A pré-noviça não deve participar em todos os aspectos da vida de comunidade já que
deve descobrir e assumir progressivamente a opção de vida que deseja iniciar.
· A jovem assuma, segundo a sua preparação, a responsabilidade de algum trabalho
sistemático remunerado ou não.
3. NOVICIADO
O noviciado é a etapa da formação inicial na qual se conhece e se começa a
experimentar o seguimento de Jesus na Companhia. Dá-se prioridade a uma forte
experiência de Deus dentro do processo de formação integral que inclui, também, o
aprofundamento no conhecimento pessoal, a integração comunitária e a aproximação ao
sentido de missão, com a orientação teresiana, para discernir a sua opção vocacional e
decidir-se a seguir a Jesus com a vivência dos conselhos evangélicos.
Esta etapa realiza-se na comunidade noviciado situada na província ou a nível inter-
provincial. É uma comunidade que assume a responsabilidade da formação das noviças
e vive, na medida do possível, com uma missão apostólica além da específica formativa.
Uma irmã nomeada pelo governo provincial ou geral em caso dos noviciados inter-
provinciais, é a responsável de acompanhar o processo vocacional da jovem. A sua
duração é de dois anos e pode-se prolongar por mais seis meses. A Companhia é
responsável de admitir a jovem à profissão temporal através da irmã Provincial e
Conselho.
3.1. Requisitos para iniciar a etapa
· Ter cumprido pelo menos 20 anos.
· Que tenha possibilidades para seguir a Jesus na Companhia, segundo a valorização
psicológica realizada nas etapas anteriores
· Ter conseguido satisfatoriamente os objectivos da etapa do prénoviciado
· Desejo expresso de comprometer-se no seguimento de Jesus na Companhia
· Suficiente abertura para continuar o processo formativo segundo as orientações e
mediações que a Companhia lhe oferece
· Ser admitida pela irmã Provincial e Conselho tendo em conta a avaliação da
formadora e da comunidade em formação.
3.2. Objectivo geral
Iniciar-se na experiência do seguimento de Jesus na vida religiosa teresiana,
aprofundando na relação com Deus e no compromisso pelo Reino como núcleo
integrador do seu processo formativo.
3.3. Núcleo Integrador: Experiência Crente
A fé, vivida com as características próprias, irá aglutinando as outras dimensões e dando
a direcção e sentido ao processo.
Queremos, neste núcleo, aprofundar na experiência de Deus, à luz da Palavra e da
espiritualidade teresiana, e sempre em contacto com a realidade.
· Progressiva experiência da oração teresiana, que é relação afectiva e compromisso
com o Deus que habita a vida e a história.
· Estudo sistemático da Bíblia e conteúdos teológicos que aprofundam a experiência
de fé.
· Descobrir Teresa e Henrique como mediadores para o discernimento vocacional.
Aprofundar no conhecimento da sua vida e suas obras.
· Sentido inicial de vinculação e pertença à Companhia de Santa Teresa de Jesus.
· Reflexão e experiência inicial dos conselhos evangélicos na vida consagrada.
3.4. Dimensão pessoal
Aprofundar no processo de maturação e construção da sua identidade de mulher
consagrada teresiana. Aceitar a sua realidade histórica e social, abrindo-se à verdade de
Deus e de si mesma.
· Progressiva integração afectivo -sexual.
· Aceitação e reconciliação com a sua história pessoal, familiar, social.
· Maior capacidade para tomar decisões livres, e assumir as consequências das próprias
eleições na vida quotidiana.
· Percepção não distorcida da realidade.
· Aceitar e elaborar as rupturas que leva consigo a opção de vida religiosa.
3.5. Dimensão fraterna
Participar com responsabilidade na construção de uma comunidade teresiana, e ir
descobrindo o seu sentido teologal e profético.
· Consciência inicial do que supõe a convocação e o envio da comunidade.
· Capacidade de relações cada vez mais interdependentes vividas em amizade,
aceitação da diversidade, serviço e verdade.
· Iniciação na confrontação interpessoal e comunitária à luz da Palavra.
· Participação activa na elaboração do projecto comunitário.
· Experiência de um estilo de vida simples e solidário, coerente com a opção pelos
pobres, com expressão concreta no orçamento económico pessoal e comunitário.
3.6. Dimensão de missão
Iniciar-se no sentido de missão como entrega da vida, como horizonte da vida religiosa,
fazendo nossos os interesses de Jesus.
· Vivência do sentido eclesial e participação na igreja local.
· Consciência do próprio processo formativo com sentido de missão.
· Experiências solidárias entre os pobres a favor da justiça, da dignidade e da paz.
· Diálogo crítico com a cultura para situar-se nela de maneira mais evangélica.
· Experiências apostólicas que ajudem a conhecer a missão educativa da Companhia e
a confrontar as atitudes pessoais para a mesma. Ir chegando à consciência de um
projecto comum que nos une a todas.
3.7 Indicadores para avaliar o processo nesta etapa
Aprofundou na sua experiência crente:
· Cresce no conhecimento e amor a Jesus Cristo para torná-lo conhecido e amado.
· Conhece a proposta evangélica do seguimento na vida religiosa teresiana.
· Vai sabendo dar razão da sua fé.
· Cuida e valoriza a oração pessoal e comunitária.
· Vai incorporando nas suas atitudes, opções, critérios alguns matizes dos conselhos
evangélicos.
· Aprecia a sintonia com a espiritualidade própria da Companhia.
· Tem certo realismo perante as luzes e sombras da congregação.
Houve processo inicial de integração afectivo -sexual:
· Maior estabilidade emocional.
· Tom vital alegre e sereno.
· Relações abertas, inclusivas, capacidade de colaboração.
· Sente-se bem com a sua identidade de mulher.
· Bom nível de conhecimento próprio que vai coincidindo com o do grupo.
Teve boa integração na comunidade:
· Vai sendo capaz de renunciar aos seus próprios planos pelo bem das outras.
· Cresce em disponibilidade na vida quotidiana, percebe as necessidades e antecipa-se
no serviço.
· Vai aprendendo a equilibrar a solidão e companhia, o trabalho e a festa.
· Aceita a confrontação e tem mais habilidade para gerir o conflito.
· Vai partilhando a vida e a fé.
· Comunica com maior claridade e transparência.
Participou com alegria na missão da comunidade:
· É responsável nos trabalhos e estudos que realiza.
· É sensível perante as realidades sofredoras.
· Sintoniza com a missão educativa da Companhia.
· Interessa-se e sente-se parte da Igreja local.
3.8. Convém ter em conta que:
· O estilo de vida da comunidade seja simples e austero, e a habitação esteja situada
num meio popular já que é elemento formativo importante, sempre que favoreça o
objectivo desta etapa.
· Sejam garantidas as condições para favorecer um ambiente de reflexão, silêncio,
interiorização, de maneira especial no ano canónico.
· Durante esta etapa realizem-se os Exercícios Espirituais, e se for oportuno, os
Exercícios Espirituais de mês.
· Participe-se nos centros ou projectos Inter-congregacionais para propiciar a
convivência entre iguais.
· Durante o ano não canónico a noviça realize a experiência apostólica formativa.
· A dimensão económica seja um aspecto formativo que é necessário acompanhar.
· A celebração da primeira profissão seja simples e realize-se, sendo possível, no lugar
onde está a comunidade do noviciado.
3.9. Noviciados Inter-Provinciais
Surgem como resposta à diminuição de vocações e a necessidade de partilhar recursos
humanos para poder atender adequadamente a formação das irmãs. Supõem uma
riqueza porque favorecem a relação do grupo de iguais, a experiência da diversidade, e
o intercâmbio cultural.
A Coordenadora Geral, em diálogo com as províncias, nomeia a irmã responsável da
formação, e assim mesmo aprova a proposta das irmãs que integrarão a comunidade da
casa de formação. o funcionamento deste noviciado Inter-Provincial reger-se-á por uns
estatutos, elaborados e avaliados periodicamente pelos governos provinciais das
respectivas províncias e a delegada geral de formação, e aprovados pelo Governo Geral.
3.10 Experiência apostólica formativa 86
Tem como objectivo ajudar a noviça a experimentar e conhecer melhor a pastoral
educativa da Companhia assim como ampliar o conhecimento próprio, ir-se implicando
de um modo mais realista na vida da Província, e facilitar a transição para a etapa do
juniorado.
Realiza-se durante o ano não canónico fora da casa noviciado, numa comunidade
apostólica da sua província. A formadora, em diálogo com a coordenadora provincial da
irmã, traça o projecto para a experiência. Corresponde à formadora e comunidade da
noviça acompanhar e avaliar este momento formativo.
A comunidade que acolhe a noviça para a experiência conhece os objectivos propostos,
favorece-os e compromete-se na avaliação dos mesmos.
4. JUNIORADO
O Juniorado é a etapa mais longa e complexa dos períodos iniciais de formação.
Pretende-se que se dê uma gradual inserção das irmãs na vida da Companhia
favorecendo a integração pessoal já iniciada no noviciado. Este processo de progressiva
integração das várias dimensões é tarefa essencial nesta etapa.
Por meio do acompanhamento pessoal e comunitário, especialmente necessário neste
tempo de formação, a irmã vai-se incorporando na comunidade apostólica teresiana e
nela vai fortalecendo e confrontando, em contacto com a realidade, o chamamento a
seguir a Jesus na Companhia.
Nesta etapa devem-se cuidar a preparação teológica e profissional das irmãs. Convém
favorecer uma experiência apostólica e comunitária suficientemente rica que possa
ajudar ao discernimento vocacional e à consagração definitiva na Companhia.
A etapa do juniorado, durante os dois primeiros anos, pode-se realizar numa casa
juniorado ou distribuídas as irmãs em diferentes comunidades. Em cada província
haverá uma irmã designada para coordenar e acompanhar esta etapa. A sua duração será
entre cinco e oito anos.
Dentro desta longa etapa deve-se considerar um tempo específico como preparação
mais imediata à profissão perpétua.
4.1. Requisitos para iniciar a etapa
· Ter alcançado satisfatoriamente os objectivos da etapa anterior.
· Ter realizado a primeira profissão (CDC 645-656) · Abertura para continuar o seu
processo de formação segundo as orientações e mediações que oferece a Companhia.
· Conhecimento e aceitação pessoal suficientes.
· Valorização do carisma e inicial sentido de pertença à Companhia.
· Capacidade de estabelecer vínculos afectivos, e experiência de relações abertas,
sinceras e interdependentes.
· Experiência de relação com Jesus, capacidade de "estar com Ele".
· Corresponsabilidade na vida da comunidade e nas tarefas encomendadas. Desejo de
partilhar o projecto pessoal e a fé.
· Sensibilidade para os outros, especialmente para os mais necessitados.
4.2. Objectivo geral
Amadurecer na opção de seguir Jesus na vida religiosa teresiana, favorecendo um
processo de integração que prepare a irmã para a profissão definitiva na Companhia, e
assegure o crescimento na identidade e no sentido de pertença.
4.3. Núcleo integrador: Experiência Crente
Consolidar a experiência do Deus de Jesus como núcleo que vai configurando e
integrando a identidade de mulher consagrada teresiana ao serviço da missão.
· A oração como relação de amizade com Jesus que desperta a torná-la conhecida e
amada, e a entregar a vida gratuitamente pelo Reino.
· A oração comunitária e litúrgica que se vai vivendo em comunhão de fé e
solidariedade com a realidade do mundo.
· A Palavra como referência na vida e no discernimento para ir descobrindo o projecto
de Deus.
· O estudo teológico sistemático para dar razão da própria fé, e poder aprofundar na
espiritualidade dos nossos mestres.
· A progressiva implicação e compromisso na missão comum da Companhia,
recriando os valores do carisma em diálogo com as culturas.
4.4. Dimensão pessoal
Consolidar progressivamente a identidade de mulher consagrada teresiana, em diálogo
com a sua história pessoal e ambiente concreto onde viveu, e a realidade sociocultural
que nos envolve.
· Capacidade de acolher a própria vida, história familiar, social, relações afectivas...
com maior liberdade interior.
· Percepção adequada da realidade pessoal, comunitária, social, e diálogo evangélico -
crítico com a realidade.
· Certa capacidade para viver a frustração, a solidão, a ausência.
· Crescimento na capacidade de enfrentar o conflito e um uso adequado das relações de
poder.
· Integração da energia afectivo -sexual para desenvolver a capacidade de amar e ser
amada.
4.5. Dimensão fraterna
Aprofundar no sentido de convocação para a missão no seguimento de Jesus, e no
significado profético da fraternidade e da comunhão.
· Tomar parte activa na busca conjunta da vontade de Deus e ter uma atitude co-
responsável no projecto comum.
· Capacidade de confronto interpessoal e comunitário crescendo em atitude de escuta e
discernimento.
· Capacidade de relações cada vez mais interdependentes, vividas na amizade,
liberdade, serviço, na gratuidade e verdade.
· Aceitação das possibilidades e limites, próprios e das outras, e acolhimento da
pluralidade e diversidade.
· Capacidade para restabelecer relações comunitárias pelo acolhimento e pela
reconciliação.
· Descobrir que a vida fraterna é em si mesma missão: profecia e anúncio do Reino.
· Implicação progressiva em construir um estilo de vida simples e cada vez mais
comprometido com a opção pelos pobres.
4.6. Dimensão de missão
Inserir-se gradualmente no projecto educativo evangelizador da Companhia, através da
comunidade e da Província, descobrindo a missão como anúncio profético do Reino.
· Desenvolvimento do sentido eclesial da nossa missão educativa, participação viva na
Igreja local e diocesana.
· Deixar-se afectar pela Palavra e pela realidade, e viver com paixão a causa de Jesus
encarnado na história.
· Diálogo com as culturas que leve a uma atitude de conversão e compromisso no
acolhimento e na inclusão: jovens, emigrantes, indígenas...
· Compromisso progressivo e crítico com a justiça, a opção pelos pobres, a ecologia e a
mulher.
· Estudos teológicos sistemáticos e qualificação profissional, vividos com sentido de
missão.
· Discernimento da própria orientação apostólica dentro dos campos de missão da
Companhia.
· Equilíbrio entre oração, trabalho, descanso. Valorização e formação para integrar a
dimensão lúdica e celebrativa da vida.
4.7. Indicadores para avaliar o processo nesta etapa:
Foi configurando a sua identidade pela experiência crente e pela consagração religiosa:
· Nas suas atitudes e opções percebem-se critérios evangélicos.
· A oração pessoal e comunitária vai sendo um valor na sua vida.
· Vai descobrindo a presença de Deus nos acontecimentos.
· Vai-se reconhecendo na espiritual idade teresiana e vai-se notando um vínculo
afectivo com a Companhia.
· Vai vivendo a identificação com Jesus pela totalidade e radicalidade dos conselhos
evangélicos, como proposta alternativa para o mundo de hoje, como anúncio e profecia
do Reino.
· O seu modo de viver vai-se orientando pela solidariedade e compaixão, a ternura e a
reconciliação, o descentramento e a busca da vontade do Pai.
Vai crescendo na integração pessoal:
· Vai-se aceitando na sua identidade de mulher com os seus valores e limites.
· As suas relações com a família, irmãs, amigas/os percebem-se mais maduras e livres.
· A sua visão e interpretação da realidade é mais objectiva.
· Percebe-se maior serenidade perante a frustração, a solidão e o conflito. Maior
estabilidade emocional.
Assume como seus os compromissos e decisões da vida da comunidade:
· Responsabilidade e constância nos compromissos pessoais e comunitários.
· Está mais aberta a sacrificar tempo e interesses pessoais pelos outros.
· Aceita o diálogo e o confronto também nas situações de conflito.
· Valoriza o acompanhamento pessoal e comunitário, e acolhe as mediações da
obediência.
Implicou-se no projecto apostólico da comunidade:
· Aprecia a responsabilidade, a iniciativa e a criatividade nos estudos e trabalhos
realizados.
· Comunica e partilha o que faz, pede e deixa-se avaliar pelo sentido de envio da
comunidade.
· É sensível e partilhou o seu tempo com os mais pobres e excluídos.
· Vai tendo uma atitude crítica construtiva consigo mesma, com a comunidade, com a
Companhia, e com a Igreja.
4.8. Convém ter em conta que:
· O lugar onde esteja situada a comunidade seja um meio popular, simples, e a ser
possível um lugar de maior inserção, já que o contacto com as pessoas traz realismo e
sentido de missão.
· Neste tempo clarifique-se a vocação apostólica pessoal da juniora em diálogo aberto e
em confronto com a espiritual idade e missão da Congregação.
· A juniora, durante este tempo, possa conhecer as várias actividades apostólicas da
Companhia e entre em contacto com diferentes realidades sociais.
· O juniorado é um tempo prolongado que tem períodos diferentes no processo
formativo. Nuns, se priorizará mais o estudo, noutros o trabalho apostólico, sempre
cuidando a formação própria do juniorado e a participação na vida e missão da
comunidade.
· Facilite-se a participação nos encontros inter-provinciais e inter-congregacionais
organizados pelas Conferências de Religiosas los.
· Priorizem-se e assegurem, na medida do possível, os estudos teológicos sistemáticos
nesta etapa.
· A Congregação é responsável do acompanhamento pessoal da juniora, mesmo que
possa ter outro acompanhamento psicológico ou espiritual.
· Dada a importância desta etapa, o governo provincial facilitará a preparação das
coordenadoras locais e formadoras para que possam acompanhar as junioras.
5. JUNIORADO: PREPARAÇÃO PARA A PROFISSÃO PERPÉTUA
É um tempo de formação no qual a irmã retoma o processo vocacional vivido até esse
momento e prepara-se para a consagração definitiva na Companhia. É importante cuidar
de maneira especial esta preparação, de maneira que a irmã conte com as melhores
condições para confirmar em liberdade a vontade de Deus. Por isso, é aconselhável que
não se reduza a momentos pontuais, senão que se realize num tempo suficientemente
amplo para possibilitar um processo.
Pode realizar-se a nível provincial, inter-provincial ou participando em encontros inter-
congregacionais quando a situação o aconselhar. A equipa de formação provincial ou
inter-provincial é responsável de organizar este período. A irmã que acompanha e a
juniora, em diálogo com a Provincial, vêm a conveniência de iniciar esta etapa de
especial discernimento dentro do itinerário formativo.
5.1. Requisitos para iniciar esta etapa
· Ter feito pelo menos a quarta renovação da profissão.
· Ter realizado um caminho de suficiente integração segundo os objectivos do
juniorado.
· Um nível satisfatório de claridade e estabilidade vocacional.
· Exprimir o desejo de entregar-se livremente e de maneira definitiva a Jesus na
Companhia.
· Desejo explícito de preparar-se para a profissão perpétua.
5.2. Objectivo geral
Confirmar a opção vocacional e preparar-se para a entrega definitiva a Jesus na
Companhia.
5.3. Descrição das fases desta etapa
Primeira fase:
Um encontro de formação e discernimento intensivo em grupo provincial ou inter-
provincial, com uma duração aproximada de um mês, que permita à juniora iniciar esta
etapa de preparação. Dar-se-á continuidade a este momento assegurando e cuidando de
maneira especial o acompanhamento pessoal. Cada Província verá se é conveniente
realizar outros encontros ou os Exercícios Espirituais de mês ao longo desta fase.
Este tempo conclui quando a juniora solicita fazer a profissão perpétua ao Governo
Provincial. Conviria fazer uma avaliação conjunta na qual intervirão a Comunidade e a
irmã que vai realizar a profissão.
Segunda fase:
Uma vez que a irmã decidiu realizar a profissão perpétua na Companhia e foi
confirmada pelos Governos Provincial e Geral, se proporcionará um tempo de
preparação imediata. A irmã pode assim dispor-se com mais serenidade e profundidade
a esta entrega definitiva.
Cada Província reflecte e estabelece o plano mais adequado desta etapa de preparação
para a profissão perpétua, segundo as necessidades das irmãs e as possibilidades reais da
Província.
6. OUTRAS ETAPAS DA VIDA
Apresentamos quatro etapas marcadas orientativamente pela idade, mesmo que cada
irmã percorra um caminho único de integração pessoal, configurado também pela
história pessoal. a cultura e outras circunstâncias da vida.
Cada uma somos responsáveis da vida que se nos dá e da resposta que damos ao
chamamento que nos faz o Senhor. Assim, para manter a fidelidade à opção que
fizemos, em diálogo com a cultura e para viver com gozo a nossa consagração,
necessitamos estar atentas ao Espírito que suscita em nós uma dinâmica de crescimento
até ao final. Maria, mulher crente, comprometida com a sua história e ouvinte da
Palavra, é referência e acompanha o nosso caminho quotidiano de progressiva
disponibilidade e fidelidade ao Projecto do Pai.
6.1. Primeiros Anos de Profissão Perpétua
Uma vez terminadas as primeiras etapas nas quais se consolidou a opção vocacional, a
irmã continua o seu processo de formação. Consciente da sua importância, busca
tempos, espaços, iluminação, que dinamizem o crescimento contínuo do processo de
maturação e integração pessoal, e de aprofundamento na experiência de Deus.
Neste tempo posterior à profissão perpétua, a entrega à missão em comunidade vai
dando sentido cada vez mais pleno ao seguimento de Jesus na Companhia. A irmã
constata a validade das suas intenções, desejos e projectos, a força da sua vitalidade, a
resistência que lhe impõe a mesma realidade, e a necessidade de orientar as suas forças
para a construção do Reino.
A irmã assume responsabilidades e outros serviços que a vão tornando mais consciente
das suas possibilidades e limites, de que "nem o que planta, nem quem rega são nada,
senão Deus que faz crescer" .86
6.2. Tempo específico de renovação
A Companhia oferece-nos um tempo intensivo de renovação e conversão. Este período
está dinamizado pela experiência de Deus e nossa espiritualidade teresiana, pela riqueza
da interculturalidade e universalidade da Companhia vivida em grupo, e sempre em
abertura à realidade do mundo, tornando nossas as preocupações das pessoas. Convém
que esta experiência se viva como um processo personalizado, que parte da situação da
irmã e a vá conduzindo pela sua liberdade e responsabilidade pessoal.
É necessário dispor de um tempo suficientemente longo para redimensionar a própria
vocação ao serviço do Reino, depois de vários anos de plena actividade na missão da
Companhia. Realizar-se-á entre os seis e oito anos depois da profissão perpétua.
o Governo Geral designa a irmã ou a equipa responsável de coordenar este espaço
formativo. O lugar geográfico e a estrutura da casa onde se realiza esta experiência,
deverá facilitar as condições para que se alcance o objectivo proposto para esta etapa.
Objectivo
Viver uma experiência de renovação e conversão que possibilite fazer uma nova síntese
da própria vida e redimensionar assim o seguimento de Jesus na Companhia.
Proposta orientadora deste espaço formativo
Primeira fase de preparação nas províncias para dispor-se a viver este tempo com
liberdade e abertura. Na medida do possível, cada Equipa Provincial de formação e
Governo, em diálogo com a irmã, verá o modo de orientar este primeiro momento.
Segunda fase: encontro em grupo intercultural. Nele, pretende-se:
· Conhecimento do grupo e da riqueza da Companhia noutras culturas. Contacto com
lugares teresianos e aproximação à espiritualidade de Henrique e Teresa. Por volta de
um mês.
· Experiência forte de Deus que fundamente este tempo de renovação: Exercícios
Espirituais de mês.
· Aprofundamento na espiritualidade teresiana que vai fortalecendo vínculos e
entretecendo laços de comunhão. Por volta de um mês.
· Um tempo com uma organização mais flexível para atender as situações concretas de
cada irmã e favorecer o seu processo pessoal. Aproximadamente um mês.
Terceira fase. É conveniente uma ajuda na província para dar continuidade à
experiência que viveram. Alguma irmã pode necessitar prolongar este percurso para
complementar a experiência realizada neste período formativo. Em diálogo com o
governo provincial e com a orientação das irmãs que coordenaram este tempo de
renovação, se verá a possibilidade de oferecer os meios mais adequados.
NOTA: os tempos indicados são aproximativos e as fases primeira e terceira são
propostas abertas à consideração das províncias.
6.3. Irmãs de meia idade: por volta dos 45 anos
A irmã neste momento existencial tem, em geral, uma experiência que torna possível
enfrentar a vida com maior serenidade e segurança. É uma época de maturidade, se as
tensões e conflitos que todas temos, se foram resolvendo e integrando na fé, nas etapas
vitais anteriores.
Vai-se alcançando uma visão mais global da vida, aprendendo a diferenciar o essencial
do acessório. Na sua bagagem, a irmã, conta com alguns processos humano - espirituais
que vão consolidando-se no seguimento de Jesus na Companhia:
· Autonomia - Interdependência, como saída de si e entrega da vida
· As opções fundamentais são relidas com maior realismo e em clave de fé
· Aceitação das mudanças físicas e perdas que vêm com a própria vida.
É uma etapa de desenvolvimento das capacidades e de assumir maiores
responsabilidades apostólicas. A missão, cada vez mais, dá sentido à vida.
A irmã experimenta, de diferentes maneiras, a crise de realismo. A maior maturidade
afectiva não impede que brotem com força necessidades que pareciam integradas: busca
de gratificações afectivas, relação dependente com a família, desejo de pertencer a um
tu humano, desejo de valorização... A irmã está chamada a enfrentar a solidão e
vulnerabilidade inevitáveis e a reconhecer nelas a presença do Senhor.
É necessário tomar consciência dos riscos desta etapa e das suas possibilidades. Certo
desencanto pode disfarçar-se de activismo, de instalação ou individualismo. Com
liberdade, cada irmã podemos decidir como e porquê queremos viver esta complexa e
rica realidade.
Neste tempo é importante poder analisar a vida de maneira pessoal e deixar-se
acompanhar pela comunidade e outras relações de amizade. Deus torna-se presente com
a sua ternura e misericórdia, e acompanha este momento vital.
Objectivo
Consolidar a experiência de fé e a opção existencial por Jesus e pelo seu Reino na
Companhia. Entregar-se generosamente a servir e amar como fruto maravilhoso de um
caminho de relação de amizade com Deus que habita a história humana. Acolher a
experiência de finitude como possibilidade de maturação física, psíquica e espiritual.
Convém ter em conta:
· Cada pessoa é o resultado de uma difícil síntese de qualidades, tendências, história
familiar, decisões tomadas ou adiadas, certas ou erradas; tempo passado e experiência
de Deus, comunicação gratuita da sua força e acção em nós. Esta complexa realidade
merece ser tratada com infinito respeito e, nalgum momento, ser acolhida nas mãos e
assumida.
· Esta etapa deveria contar, também, num momento ou outro, com um tempo especial
de formação que permita a cada irmã reler a sua história, integrar o vivido, tomar
consciência da sua realidade pessoal, comunitária, institucional, e renovar a sua entrega
apoiada cada vez mais pela fidelidade de Deus.
· Em cada província ou a nível inter-provincial, se for conveniente, poderão organizar-
se encontros que propiciem esta oportunidade formativa em grupo.
6.4. Irmãs mais velhas: por volta dos 65 anos
A pessoa adquiriu uma certa plenitude, possui experiência e uma personalidade mais
consolidada e, por isso, melhor que em qualquer outro momento, pode viver o tempo
como "kairós", ou seja, como plena manifestação de Deus. Tempo de gratuidade, de
admiração, de disponibilidade, de transparência, de alegria pela consagração, de ternura
e bem-aventurança.
É uma época de mudanças importantes na vida da pessoa: reforma profissional,
diminuição física, saudade do passado, dificuldade para iniciar novos projectos
pastorais. Tempo não isento de tensões, solidão e limites que se vão experimentando.
Época de serenidade e sabedoria, de liberdade interior, depois de tantos anos
permanecendo na entrega. Tempo de integração de vivências e de experimentar a
proximidade e misericórdia de Deus que leva a proclamar a sua grandeza.
Nalgumas culturas, a passagem a esta etapa é um desafio para as Irmãs que devem
deixar responsabilidades e principiar uma nova actividade. Pode-se sentir o medo ao
vazio, à inutilidade, e buscar modos inadequados de compensá-lo. É o momento em que
uma pessoa pode colocar-se muitas questões, inclusivé o sentido da sua existência.
Pode-se entender como plenitude ou como empobrecimento, inclusivé como fracasso...
"Na fase da idade madura, juntamente com o crescimento pessoal, pode apresentar-se o
perigo de um certo individualismo, acompanhado às vezes do temor de não estar
adequadas aos tempos ou de fenómenos de rigidez, de escuridão, o de relaxação. "87
Sabemos que na opção de seguir a Jesus encarnado na nossa história, de obediência à
Palavra, não há reforma. Mas, custa adaptar-se e ver este tempo como oportunidade de
abrir-se a um novo serviço gratuito aos mais necessitados do nosso meio, de estabelecer
uma relação mais profunda com o Senhor e de crescer na qualidade dos encontros com
os/as irmãos/ãs.
Objectivo
Descobrir novas e diferentes possibilidades de entrega na missão e permanecer como
presença evangelizadora na realidade quotidiana, que reclama um modo de ser e tornar
mais evangélico, não mais eficaz. Acolher a experiência de limitação humana com
confiança no Senhor.
Convém ter em conta:
· A reforma é sem dúvida um dos momentos mais críticos e significativos da vida, já
que geralmente a pessoa conserva ainda a competência profissional, mantém-se ainda
com saúde para continuar o seu trabalho, mas deve ir deixando algumas actividades que
requerem um impulso mais jovem. Introduz uma mudança para a qual a irmã deveria
preparar-se. É necessário continuar a aprender a viver, a manter viva a tensão, a
vitalidade, a própria entrega a Deus e aos outros mesmo no meio de uma actividade
menor ou diferente.
. É importante descobrir algumas formas de "presença evangelizadora" :
- Ser testemunhas de sabedoria, trazer luz para o discernimento e tomada de decisões;
- Saber escutar e acompanhar;
- Criar clima de encontro e acolhimento;
- Oferecer a experiência do próprio percurso para a maturidade como mulher
consagrada
- Apoiar a solidariedade através de iniciativas sociais.
· Propiciar na Província encontros ou actividades para as irmãs que pertencem a esta
etapa, alguns deles podem ter carácter inter-provincial, com o fim de conhecer e
partilhar o momento vital e revitalizar o sentido do envio apostólico.
· Apoiar e impulsionar, na Companhia - para aquelas irmãs que dedicaram toda a sua
vida a uma mesma actividade educativa, pastoral...- orientação e formação específica
para dedicarem-se a outras actividades ou actividades apostólicas.
6.5. Na doença e na idade avançada: por volta dos 75 anos
"A idade avançada apresenta problemas novos, que se devem enfrentar previamente
com um esmerado programa de apoio espiritual.
O progressivo afastamento da actividade, a doença nalguns casos ou a inactividade
forçada, são uma experiência que pode ser altamente formativa. Mesmo que seja um
momento frequentemente doloroso, oferece à pessoa consagrada já idosa a oportunidade
de deixar-se formar pela experiência pascal, conformando-se com Cristo crucificado,
que cumpre em tudo a vontade do Pai e se abandona nas suas mãos até encomendar-lhe
o Espírito"88. Esta idade coloca novos desafios.
Cada irmã vive-a de um modo diferente, mas, tarde ou cedo, há-de experimentar a
doença e os limites da existência.
Na Vida Religiosa, como crentes, queremos testemunhar que" ainda que se desmorone o
nosso ser exterior, o homem interior rejuvenesce-se"89 e tem sentido, portanto, falar do
"coração jovem" como o centro do melhor de nós mesmas, que nunca morre: o amor, as
grandes aspirações, os desejos de paz, justiça, reconciliação.
Para nós, que buscámos toda a nossa vida encontrar-nos com Jesus, tem sentido
prepararmo-nos para o encontro definitivo com o Senhor, activando a confiança, a
esperança e o amor.
É o tempo de viver em plenitude o deixar fazer ao Senhor. Põe-nos em contacto com a
dimensão de mistério da vida. Poderíamos dizer também que é o tempo da "colheita", o
momento de mostrar com transparência de uma maneira mais nítida o carisma recebido.
É a história de uma liberdade conquistada por Deus e para o Reino.
Objectivo
Orientar toda a sua força interior para a vivência gozosa da consagração. Tornar-se
"ponto de encontro" e "lugar de referência" para a sua Comunidade, porque a união com
Jesus, a obediência gozosa aos seus planos e a caridade, falam com eloquência da
Presença de Deus na irmã. Servir e amar aos de dentro e aos de fora.
· Que algumas irmãs, pela sua deterioração física e pela doença, vivem uma etapa
difícil e dolorosa, não isenta do risco de centrar-se em si mesmas, mas com a
possibilidade de levar à plenitude a oferenda da vida. O processo de envelhecimento vai
acompanhado de um conjunto de "ganhos" -sabedoria, serenidade, esperança - mas
também estão presentes as "perdas" - forças físicas que diminuem, menor capacidade
intelectual, memória, saúde - Deixam-se certas funções, e vai-se tendo menor
significatividade.
· Oferecer às irmãs as atenções necessárias para o cuidado da sua saúde, mas
sobretudo, atender a que a sua vida tenha uma maior qualidade, uma ajuda específica
pela formação, um estímulo para a missão que está chamada a viver até ao fim da sua
vida.
· Todas temos um papel importante na vida de nossas irmãs idosas ou doentes.
Necessitamos formar-nos, sensibilizar-nos, e buscar estruturas que possibilitem um são
convívio com elas.
Todas podemos "estar", passar algum tempo, descansar ao seu lado, escutar, animar,
proporcionar-lhes segurança e uma atenção integral às suas necessidades físicas,
psicológicas e espirituais.
CENTRO INTERNACIONAL TERESIANO - CIT -
O CIT é um recurso importante para a formação contínua das irmãs nas várias etapas
formativas, e da família teresiana. Oferece e promove cursos de aprofundamento no
carisma e espiritualidade teresiana.
Corresponde à Delegada Geral de formação e equipa, a coordenação e animação deste
espaço formativo. Em colaboração com as Províncias podem-se traçar e oferecer cursos,
actividades... para atender às diferentes necessidades de irmãs e grupos. Pode-se
aproveitar também a riqueza do inter-provincial e Inter-congregacional partilhando "em
rede" pessoas e recursos.
ÌNDICE
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................3
APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO.............................................................................7
I PARTE: A NOSSA FORMAÇÃO TERESIANA....................................................... 13
1. OLHAR PARA A REALIDADE............................................................................... 15
2. OLHAR PARA A PESSOA: ANTROPOLOGIA
CRISTÃ-TERESIANA.. . ............................................................................................ 20
2.1. Antropologia Bíblica: apoiada pela Palavra
de Deus........ ............ ........................... ………………………………………………..21
2.2. Iluminada pela experiência de Teresa
de Jesus ...........................................................................................................................23
3. O SEGUIMENTO DE JESUS NA COMPANHIA DE
SANTA TERESA HOJE .... ............. ........................................................................... 27
3.1. Chamadas a viver com Ele e como Ele............ ...................................................... 28
3.2. Partilhamos a missão de Jesus em
comunidade .................................................................................................................... 30
4. A FORMAÇÃO TERESIANA HOJE ...................................................................... 32
4.1. A nossa formação ao longo de toda a vida.
Como a concebemos.... .. .............................................................................................. 32
4.2. Eixos transversais ................................................................................................... 35
4.3. Núcleo integrador: Experiência Crente................................................................... 48
4.4. Processo da Experiência Crente na
Companhia de Santa Teresa de Jesus............................................................................ 49
Gráfico e esquemas ....... ............................................................................................... 51
5. A ACÇÃO FORMATIVA............................................................................... .........60
5.1. Pedagogia do Amor ……………………………………………………………….61
5.2. Pedagogia do Acompanhamento…………………………………………………..62
5.3. Pedagogia Motivadora…………………………………………………………….65
5.4. Pedagogia Activa e Existencial............................................................................... 66
5.5. Pedagogia da comunidade: comunidades
em formação………………………………………………………………………….67
5.6. Elementos de formação.... .. ... ........ ..................................................................... 69
5.7. Responsáveis da formação.... .. ..............................................................................72
II PARTE: ITINERÁRIO FORMATIVO.....................................................................75
1. PASTORAL VOCACIONAL....................................................................................77
1 .1 . Busca I…………………………………………………………………………...78
1.2. Busca II....................................................................................................................79
2. PRÉ-NOVICIADO.... ………………………………………………………………82
2.1. Requisitos para iniciar esta etapa...... . ..... .... …………………………………….83
2.2. Objectivo geral .. .... .... .... ......................................................................................83
2.3. Núcleo integrador: Experiência Crente.... ...... …………………………………... 83
2.4. Dimensão pessoal... ... …………………………………………………………… 84
2.5. Dimensão fraterna...... ... …………………………………………………………84
2.6. Dimensão de missão.. . .... .... ..... ... .... ........ ……………………………………. 84
2.7. Indicadores para avaliar o processo... . ………………………………………….. 85
2.8. Convém ter em conta............
………………………………………………………85
3. NOVICIADO..... ....................................................................................................... 86
3.1. Requisitos para iniciar esta etapa ...... .. ..... ………………………………………86
3.2. Objectivo geral ........................................................................................................87
3.3. Núcleo integrador: Experiência Crente... . ....... ..... ...... ………………………… 87
3.4. Dimensão pessoal..... .. ………………………………………………………….. 88
3.5. Dimensão fraterna..... .............. …………………………………………………..88
3.6. Dimensão de missão.... .. .... ...... ..... .... ........ .. ………………………………….88
3.7. Indicadores para avaliar o processo.... ...... .............. ..... …………………………89
3.8. Convém ter em conta................ …………………………………………………..90
3.9. Noviciados Inter-provinciais.... ..
…………………………………………………91
3.10 Experiência apostólica formativa ……………………………………………….91
4. JUNIORADO ……………………………………………………………………..92
4.1. Requisitos para iniciar esta etapa …………………………………………….. 93
4.2. Objectivo geral. ....................................................................................................93
4.3. Núcleo integrador: Experiência Crente………………………………………… 93
4.4. Dimensão pessoal. ……………………………………………………………….94
4.5. Dimensão fraterna .. 94
4.6. Dimensão de missãon 95
4.7. Indicadores para avaliar o processo………………………………………………96
4.8. Convém ter em conta……………………………………………………………. 97
5. JUNIORADO: PREPARAÇÃO PARA A PROFISSÃO
PERPÉTUA……………………………………………………………………………98
5.1. Requisitos para iniciar esta etapa …………………………………………………98
5.2. Objectivo geral…………………………………………………………………….99
5.3. Descrição das fases desta etapa…………………………………………………....99
6. OUTRAS ETAPAS DA VIDA……………………………………………………. 99
6.1. Primeiros anos de Profissão Perpétuan .. ……………………………………….100
6.2. Formação Específica Congregacional (FEC) …………………………………..101
6.3. Irmãs de meia idade por volta dos 45 anos ……………………………………..102
Objectivo………………………………………………………………………….. .. 103
Convém ter em conta………………………………………………………………...104
6.4. Irmãs mais velhas por volta dos 65 anos……………………………………….. 104
Objectivo……………………………………………………………………………. 105
Convém ter em conta ………………………………………………………………..105
6.5. Na doença e na idade avançada por volta dos 75 anos ………………………….106
Objectivo……………………………………………………………………………..107
Convém ter em conta…………………………………………………………………108
CENTRO INTERNACIONAL TERESIANO -CIT-…………………………………108