Intertextualidade: Universos Paralelos?
José M. da Silva16/09/08
Intertextualidade
“A intertextualidade compreende as diversas maneiraspelas quais a produção/recepção de um dado textoDepende do conhecimento de outros textos por parteDos interlocutores, ou seja, dos diversos tipos de relaçõesQue um texto mantém com outros textos.” [Koch]
“A intertextualidade stricto sensu ocorre quando, em um texto,está inserido outro texto (intertexto) anteriormente produzido,que faz parte da memória social de uma coletividade ou damemória discursiva dos interlocutores.” [Koch]
Explícita: a fonte é mencionada no intertexto- citações, referências, resumos, traduções
Implícita: a fonte não é mencionada no intertexto- paráfrases, apropriações, formulações
Intertextualidade
Santana: “Samba pa ti”[1970 – show: Mexico City, 1993]
Ary Barroso: “Aquarela do Brasil”[Carnaval de 1939]
Ô, abre a cortina do passadoTira a mãe preta do cerradoBota o rei congo no congadoBrasil! Brasil!
Intertextualidade
“[...] a textualidade é o modo de todae qualquer comunicação transmitidapor sinais, inclusive os lingüísticos.”
[Schimidt, apud Koch]
Intertextualidade
No reason to get excited
There’s too much confusion
There must be some kind of way [out of here
There must be some kind of way [out of here
Said the Joker to the thief
There’s too much confusion here
I can get no relief
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All Along the Watchtower[Bob Dylan]
There must be some way out of here, said the joker to the thief,There’s too much confusion, I can get no relief.Businessmen, they drink my wine, plowmen dig my earth,None of them along the line know what any of it is worth.
No reason to get excited, the thief, he kindly spoke,There are many here among us who feel that life is but a joke.But you and i, we’ve been through that, and this is not our fate,So let us not talk falsely now, the hour is getting late.
All along the watchtower, princes kept the viewWhile all the women came and went, barefoot servants, too.
Outside in the distance a wildcat did growl,Two riders were approaching, the wind began to howl.
No reason to get excitedThere’s too much confusion
There must be some kind of way [out of here
Said the Joker to the thief
I can get no relief
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Fiz Esta Canção[Zeca Baleiro]
pra que que eu vou cantar se você não vai escutar a voz do coração deste compositor popular não não não vou chorar se bem que eu tinha razão mas isso não é bossa nova nem samba-canção só quero que você seja minha ouvinte mas você não me dá ouvidos então é o seguinte
fiz essa canção só pra você mas pra quê? se você gosta só de mpb e eu sou puro puro rock’n’roll com meus três pobres acordes meu bem acorde venha ver meu show
pretty womanwalking down the streetpretty woman
[Pretty Woman,Roy Orbison / Bill Dees]
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Flores do Asfalto[Zeca Baleiro]
Os sinos dobram, dobro a esquina adianteO céu me espia mais azul que antesOs mortos andam como eu nas avenidasO sangue escorre da mesma ferida
Ergo as mãos pro alto, nos meus dedos os anéisFlores crescem no asfalto, debaixo dos meus pés
Tudo silencia, ouço só meu coraçãoA rua acaba e meus sonhos vãoPiso na poça, uma moça estende a mãoMeus olhos brilham, vejo o céu no chão
Ergo as mãos pro alto, nos meus dedos os anéisFlores crescem no asfalto, debaixo dos meus pésDeixo o dia para trásSono e sonho a noite me trazDeixo o dia para trásE a dor
Vou morrer de saudadeVou morrer de saudadeNão, não vá emboraNão, não vá embora
[Você, Tim Maia]
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Não Vale Nada[Velhas Virgens]
Hoje eu encontrei Um velho retrato seu Por onde andarão os olhos Que uns dias foram meus
A rua sem você Vazia é quase nada Escura suja e triste Recordação maltratada
Bêbado, rouco e louco Eu danço entre os carros Na marginal congestionada Grito blasfemo Paixão e ódio Mágoa despeito Uma mulher não vale nada
E os dias passam sedentos Nessa imensa mesa de bar Copos vazios Que brindam saúde A quem não me quer mais Não me quer mais
*“Toma um fósforo Acende teu cigarro! O beijo, amigo, É a véspera do escarro A mão que te afaga É a mesma que te apedreja Se alguém causa ainda pena a tua chaga Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra na boca que te beija!”
*Versos Íntimos Augusto dos Anjos (1884/1914)
*“Toma um fósforo Acende teu cigarro! O beijo, amigo, É a véspera do escarro A mão que te afaga É a mesma que te apedreja Se alguém causa ainda pena a tua chaga Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra na boca que te beija!”
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Bom Conselho[Chico Buarque]
Ouça um bom conselhoQue eu lhe dou de graçaInútil dormir que a dor não passaEspere sentadoOu você se cansaEstá provado: quem espera nunca alcança
Venha meu amigo, deixa esse regaçoBrinque com meu fogo, venha se queimarFaça como eu digoFaça como eu façoAja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do vento, vim não sei de ondeDevagar é que não se vai longeEu semeio o vento na minha cidadeVou pra rua e bebo a tempestade
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Os Argonautas[Caetano Veloso]
O Barco!Meu coração não aguentaTanta tormenta, alegriaMeu coração não contenta O dia, o marco, meu coraçãoO porto, não!...
Navegar é precisoViver não é preciso...(2x)
O Barco!Noite no teu, tão bonitoSorriso solto perdido Horizonte, madrugada O riso, o arco da madrugada O porto, nada!...
Navegar é precisoViver não é preciso (2x)
O Barco!O automóvel brilhante O trilho solto, o barulho Do meu dente em tua veia O sangue, o charco, barulho lento O porto, silêncio!...
Navegar é precisoViver não é preciso...(6x)
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Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:"Navegar é preciso; viver não é preciso". *
Quero para mim o espírito desta frase, transformadaA forma para a casar como eu sou: viver nãoÉ necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.Só quero torná-la grande, ainda que para issoTenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para issoTenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponhona essência anímica do meu sangue o propósitoImpessoal de engrandecer a pátria e contribuirPara a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
[Fernando Pessoa]
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(*) Nota de Soares Feitosa:"Navigare necesse; vivere non est necesse“
- latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu.
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KOCH, Ingedore G. Vllaça.Introdução à Lingüística Textual.São Paulo, Martins Fontes, 2006.
Valeu !!! ;-)