INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA
TAXONOMIA DE Paragryllus GUÉRIN-MÉNEVILLE, 1844
(ORTHOPTERA: GRYLLIDAE: PARAGRYLLINI), DO BRASIL
LÚCIENE GIMAQUE DA SILVA
Manaus, Amazonas
Março, 2016
LÚCIENE GIMAQUE DA SILVA
TAXONOMIA DE Paragryllus GUÉRIN-MÉNEVILLE, 1844
(ORTHOPTERA: GRYLLIDAE: PARAGRYLLINI), DO BRASIL
Orientador: Dr. Augusto Loureiro Henriques - INPA
Coorientador: Dr. Marcelo Ribeiro Pereira - UFES
Dissertação apresentada ao Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em
Ciências Biológicas, área de concentração em
Entomologia.
Manaus, Amazonas
Março, 2016
ii
S586t Silva, Lúciene Gimaque da Taxonomia de Paragryllus Guérim – Méneville, 1844 (Orthoptera:
Gryllidae: Paragrillini), do Brasil / Lúciene Gimaque da Silva. ---
Manaus: [s.n.], 2016. 136 f.: il., color.
Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2016.
Orientador: Augusto Loureiro Henriques. Coorientador: Marcelo Ribeiro Pereira. Área de concentração: Entomologia.
1.Grilo - taxonomia. 2. Paragryllus Guérim. 3.Grilo –
Estridulação. I.Título. CDD 595.726
Sinopse: Foram estudados caracteres morfológicos e acústicos do gênero, além de redescrever e descrever espécies. Sete espécies novas foram descritas para Paragryllus e Aclogryllus foi elevada à categoria de gênero, com uma nova espécie descrita. Uma chave dicotômica ilustrada foi confeccionada para os machos de Paragryllus do Brasil.
Palavras-Chave: Chave de identificação; Espécies novas; Estridulação.
iii
Dedico este trabalho a meus pais, José
Gimaque e Lúcia Helena, que foram meu porto
seguro diante das alegrias e dificuldades.
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, pois sem ele em minha vida seria muito mais difícil de se realizar
mais um dos meus sonhos.
Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e ao Programa de
Pós-Graduação em Entomologia pela oportunidade de cursar o mestrado e à
Fundação de Amparo as Pesquisas da Amazônia (FAPEAM) pela concessão da
bolsa.
Ao Conselho Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) por custear parte das coletas, ao Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e à admisnitração da Estação Biológica de
Santa Lúcia (EBSL) por concederem as autorizações para coleta.
Ao meu orientador Dr. Augusto Loureiro Henriques, pela imensa contribuição
em minha formação científica, pela confiança, apoio, discussões e momentos de
descontração.
Ao meu coorientador Dr. Marcelo Ribeiro Pereira, pelas valiosas contribuições
neste trabalho, principalmente na parte taxonômica, pela amizade e por todo
otimismo.
Ao meu colaborador Me. Luciano de Pinho Martins, por ter contribuído
imensamente com sua experiência na parte taxonômica e bioacústica. Por ter
estendido a mão nos meus primeiros passos na pesquisa, por compartilhar seu
conhecimento e ter acompanhado meu desenvolvimento sempre me auxiliando. Meu
muito obrigada pela paciência, dedicação e amizade.
Aos meus amigos de estudos Vivi Vieira, Diego Souza, Patrik Viana e
Claudiane Ramalheira. Meu muito obrigada pelos viradões, feriados e finais de
semanas de estudos intensivos.
Aos professores Me. Claudio Neto, Ma. Luciana Belmont e Ma. Gizelle Amora
do Preparatório em Entomologia. Meu eterno obrigada pelos conhecimentos
compartilhados, pelos puxões de orelha e brincadeiras. Sem o auxílio de cada um eu
não teria dado este grande passo em minha vida.
Aos meus grandes amigos e parceiros Ladimir Oliveira e Mario Rocha meu
muito obrigada pelo apoio, incentivo e por todas as dicas e discussões no
v
laboratório. Não posso deixar de agradecer a Suzanny Lima (esposa do meu amigo
Mário), que compreendeu todos os nossos viradões.
Aos demais colegas de mestrado da turma de 2014. Valeu galera por todos
os momentos alegres que compartilhamos.
Aos meus novos amigos Rodrigo Vieira, Cínthia Chagas, Dayse Willkenia,
Lisiane Dilli, Alberto Neto, Caroline Maldaner, Geovania Freitas, Daniel Carmo,
Josenir Câmara, Veracilda Ribeiro, Márcio Barbosa, Jessica Luna, Thaís Almeida,
Alexssandro Camargo, Mellanie Rubbo, Bruno Garcia e Bruna Cristina. Meu muito
obrigada por tudo e principalmente pelas festas animadas.
Aos meus familiares (Família Gimaque) que foram fundamentais em todos os
momentos. Meu obrigada em especial ao meu pai José Gimaque que sempre
embarcou nos meus sonhos mesmo sabendo que muitos deles poderiam acabar
sem resultado algum, mas mesmo assim segurou a minha mão e enfrentou as lutas
ao meu lado, a minha mãe que mesmo distante procurou me incentivar de todas as
formas possíveis a não desistir dos meus sonhos, a minha vó que passou a amar os
grilos de tanto ouvir minhas inúmeras prévias e aos meus irmãos: Alef, Alex, Caleb,
Lucielly, Naiah e Najla amo muito vocês.
Á família Elizalde agradeço profundamente pelo acolhimento maravilhoso e
divertido em Porto Alegre e Canoas. Tenho grande respeito, carinho e admiração
por cada um, em especial, ao Claudio Ivo, Cristiane Rothen, Rosa Beatriz, Douglas
Elizalde, Débora Lüders, Dhieniffer Rodrigues, Sarah Pereira e ao Claudio Roberto
agradeço pelos momentos fascinantes que vivemos.
Á Comunidade Cristã F.A.V., por todo apoio, incentivo e carinho, em especial,
Nyusleid, Gerlane, Sheila, Agnaldo, Adison e Antônio. Certamente vocês foram
essenciais em cada momento que compartilhamos.
E, finalmente, a todos que contribuíram de alguma forma direta e
indiretamente para a realização deste trabalho.
vi
Nota: a presente dissertação de mestrado não constitui publicação
no sentido do artigo 9° do Código Internacional de Nomenclatura
Zoológica. Nomes das espécies que ainda não foram formalmente
publicados constituem, portanto, nomina nuda.
Note: the present master dissertation should not be considered as
a publication in the sense of article 9° of International Code of
Zoological Nomenclature. Names of species that have not yet been
formally published are, therefore, considered as nomina nuda.
vii
“Pois será como árvore plantada junto a ribeiros
de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo as suas
folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.”
Sl. 1:3
viii
RESUMO
Foi realizado um estudo taxonômico de Paragryllus Guérin-Méneville, 1844
(Orthoptera: Gryllidae: Paragryllini) para espécies do Brasil, atualmente dividido em
dois subgêneros. Para o subgênero nominal, sete espécies novas foram descritas,
duas foram redescritas, uma fêmea que era desconhecida para uma espécie foi
apresentada e informações adicionais sobre outra espécie também foram
fornecidas. No total há onze espécies registradas para o Brasil. O subgênero
Aclogryllus Gorochov (2009) foi elevado à categoria de gênero e teve uma nova
espécie descrita. Seis espécies tiveram o som de chamado caracterizado:
Paragryllus minutus, Paragryllus sp. nov. 1, Paragryllus sp. nov. 2, Paragryllus sp.
nov. 3, Paragryllus sp. nov. 5 e Paragryllus sp. nov. 6. Fotografias das genitálias dos
machos e fêmeas, registros geográficos e chave de identificação dos machos
adultos de Paragryllus do Brazil também foram apresentadas
ix
ABSTRACT
The taxonomic study of Paragryllus Guérin-Méneville, 1844 (Orthoptera: Gryllidae:
Paragryllini) for species from Brazil, currently divided into two subgera. To the
nominal subgenus, seven new species were described, two species were
redescribed and a female unknown to one species was presented and additional
information about other species were also provided. There are, in the total, eleven
species recorded for Brazil. Aclogryllus subgenre Gorochov, 2009, was elevated to
the genus category and had a new species described. Six species had the calling
song characterize: Paragryllus minutus, Paragryllus sp. nov. 1, Paragryllus sp. nov.
2, Paragryllus sp. nov. 3, Paragryllus sp. nov. 5 e Paragryllus sp. nov. 6. The
photographs of male and female genitalia, geographic records and identification key
for adult males of Paragryllus of Brazil also was provided.
x
SUMÁRIO
RESUMO .................................................................................................................. viii
ABSTRACT ............................................................................................................... ix
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ xii
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 23
1.1. Aspectos gerais ............................................................................................ 23
1.2. Paragryllus Guérin-Méneville, 1844 .............................................................. 24
2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 28
2.1. Objetivo geral ............................................................................................... 28
2.2. Objetivos específicos .................................................................................... 28
3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 29
3.1. Empréstimo de material depositado em coleções ......................................... 29
3.2. Coleta de espécimes ..................................................................................... 29
3.3. Bioacústica .................................................................................................... 30
3.4. Identificação de espécimes ........................................................................... 32
3.5. Descrição e redescrição de espécies ............................................................ 32
3.6. Mensuração e ilustração do material estudado ............................................. 33
3.7. Chave de identificação .................................................................................. 34
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 35
4.1. Chave taxonômica para os machos de Paragryllus que ocorrem no Brasil .... 35
4.2. Taxonomia ...................................................................................................... 46
Aclogryllus Gorochov, 2009 stat. nov. ................................................................... 46
Aclogryllus crybelos, (Nischk e Otte, 2000) comb. nov. ........................................ 48
Aclogryllus sp. nov. .............................................................................................. 50
Paragryllus Guérin-Méneville, 1844 ..................................................................... 57
Paragryllus rex, Saussure, 1874 ........................................................................... 59
Paragryllus temulentus, Saussure, 1878 .............................................................. 64
Paragryllus elapsus Desutter-Grandcolas, 1992 .................................................. 68
Paragryllus minutus Gorochov, 2009 ................................................................... 74
Paragryllus sp. nov. 1 ........................................................................................... 82
Paragryllus sp. nov. 2 ........................................................................................... 88
Paragryllus sp. nov. 3 ........................................................................................... 96
xi
Paragryllus sp. nov. 4 ......................................................................................... 104
Paragryllus sp. nov. 5 ......................................................................................... 110
Paragryllus sp. nov. 6 ......................................................................................... 118
Paragryllus sp. nov. 7 ......................................................................................... 126
6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 130
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 131
8. FONTES FINANCIADORAS ............................................................................... 136
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Hábito dorsal do macho de Paragryllus (Paragryllus) minutus. Legendas:
(AA) asa anterior; (AP) asa posterior; (Esp) espelho. Foto: L. Martins. ................... 25
Figura 2. Caracteres diagnósticos de Paragryllus. (A) tímpano interno; (B) tímpano
externo; (C) porção distal da tíbia posterior e tarso, seta aprontando para o primeiro
esporão apical interno dilatado; (D) porção final do abdome, vista dorsal, setas
indicam o par de projeções lamelares; (E) genitália masculina, vista ventral; (F)
ovipositor, vista lateral. ............................................................................................. 25
Figura 3. Indivíduos de Paragryllus sp. em troncos de árvores. (A) macho próximo
ao dossel; (B) ninfa abrigado em baixo do súber. Foto: L. Martins. ......................... 26
Figura 4. Gráficos (espectrograma e oscilogramas) do som de chamado. (A)
espectrograma contendo um agrupamento de frases; (B) oscilograma contendo o
mesmo agrupamento de frases apresentado no espectrograma; (C) oscilograma
contendo apenas uma nota. Colchete verde: agrupamento de frases; colchete
vermelho: frase; chave azul: nota. ............................................................................ 32
Figura 5. Porção final do abdome de P. temulentus. (A) placa supra-anal, seta
indicando projeções lamelares e asterisco indicando o décimo tergito abdominal; (B)
placa subgenital. ...................................................................................................... 35
Figura 6. Porção final do abdome de Paragryllus sp. nov. 6. (A) placa supra-anal,
seta indicando projeções lamelares e asterisco indicando o décimo tergito
abdominal; (B) placa subgenital. .............................................................................. 36
Figura 7. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 6. Seta indicando a projeção
ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana, (p.l.pem). .......... 36
Figura 8. Genitálias dos holótipos, em vista lateral. (A) Paragryllus sp. nov. 3; (B)
Paragryllus sp nov. 4. ............................................................................................... 37
xiii
Figura 9. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 6. (A) vista dorsal; (B) vista
ventral. ..................................................................................................................... 37
Figura 10. Genitália de P. elapsus. (A) vista dorsal; (B) vista ventral. ..................... 38
Figura 11. Genitália de P. minutus, Em vista dorsal, seta indicando a haste guia
(hg). .......................................................................................................................... 39
Figura 12. Genitálias dos holótipos, em vista dorsal. (A) Paragryllus sp. nov. 2; (B)
Paragryllus sp. nov. 3. .............................................................................................. 39
Figura 13. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 1, em vista lateral. ........... 40
Figura 14. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 5, em vista lateral. ........... 40
Figura 15. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 1. (A) em vista dorsal; (B)
em vista lateral. ........................................................................................................ 41
Figura 16. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 2. (A) em vista dorsal; (B)
em vista lateral. ........................................................................................................ 41
Figura 17. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 4, em vista lateral. ........... 42
Figura 18. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 3, em vista lateral. ........... 42
Figura 19. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 4, (A) em vista dorsal, circulo
vermelho indicando as projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem)
e em destaque no campo superior direito o maior aumento das reentrâncias laterais
rasas e arredondadas; (B) em vista lateral. ............................................................. 43
Figura 20. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 5. (A) em vista dorsal, circulo
vermelho indicando as projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem)
xiv
e em destaque no campo superior direito o maior aumento das reentrâncias laterais
ausentes; (B) em vista lateral. .................................................................................. 43
Figura 21. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 3. (A) em vista dorsal, circulo
vermelho indicando a margem dorsal da porção mediana do braço epifálico lateral
(bel) arredondada e em destaque no campo superior direito o maior aumento desta
estrutura; (B) em vista lateral. ...................................................................................44
Figura 22. Genitália de Paragryllus rex. (A) em vista dorsal, circulo vermelho
indicando a margem dorsal da porção mediana do braço epifálico lateral (bel)
aculiforme e em destaque no campo superior direito o maior aumento desta
estrutura; (B) em vista lateral. ................................................................................. 45
Figura 23. Características masculinas de Aclogryllus sp. nov. (A) placa supra-anal;
(B) tíbia posterior - seta indicando primeiro esporão apical; (C) genitália em vista
dorsal; (D) genitália em vista lateral. ........................................................................ 47
Figura 24. Genitália do holótipo de Aclogryllus crybelos comb. nov. (A) em vista
dorsal; (B) em vista ventral; (C) em vista lateral. Legenda: ae= apódema
endoparâmico; bel = braço epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior
da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; m = molde da placa de fixação do
espermatóforo; pem = ponte epifálica mediana; p.l.pem = projeção ventromedial do
lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; l.pem = lobo lateral posterior da
ponte epifálica mediana; r = rami. Imagens adaptadas de Gorochov (2009). .......... 49
Figura 25. Holótipo de Aclogryllus sp. nov. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e
pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) tégmina direita, vista
dorsal; (E) Dentes da fileira estridulatória, vista ventral; (F) fêmur posterior; (G)
porção apical interna da tíbia posterior, seta aberta indicando o segundo esporão
apical interno e seta fechada indicando o primeiro esporão apical interno, vista
lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa subgenital, vista ventral. ........... 53
xv
Figura 26. Parátipo fêmea de Aclogryllus sp. nov. (A) cabeça, vista frontal; (B)
cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) fêmur
posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa subgenital, vista ventral. ...... 54
Figura 27. Genitálias e ovipositor de Aclogryllus sp. nov. (A-C) genitália masculina
do holótipo; (D-F) parátipo fêmea. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral;
(D) região apical do ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista dorsal; (F)
papila copulatória, vista lateral. Legendas: ae = apódema endoparâmico; bel = braço
epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana;
hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem=
ponte epifálica mediana; r = rami. ............................................................................ 55
Figura 28. Hábito dorsal de Aclogryllus sp. nov., macho. Foto: L. Martins. ............. 56
Figura 29. Características masculinas de Paragryllus (Paragryllus) minutus. (A)
porção final do abdome, seta indicando projeções lamelares na placa supra-anal; (B)
tíbia posterior - seta indicando primeiro esporão apical; (C) genitália em vista dorsal;
(D) genitália em vista lateral. .................................................................................... 58
Figura 30. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus rex. (A)
cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) tégmina direita, vista
dorsal; (D) placa supra-anal, vista dorsal; (E) placa subgenital, vista ventral. ......... 63
Figura 31. Genitália do holótipo de Paragryllus rex. (A) vista dorsal; (B) vista ventral;
(C) vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço epifálico lateral;
b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia;
l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem = ponte epifálica
mediana; pd.bel= projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel =
projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção ventromedial
do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami. ............................... 63
Figura 32. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus
temulentus. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) tégmina
xvi
direita, vista dorsal; (D) placa supra-anal, vista dorsal; (E) placa subgenital, vista
ventral. ..................................................................................................................... 67
Figura 33. Genitália do holótipo de Paragryllus temulentus. (A) vista dorsal; (B) vista
ventral; (C) vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço
epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana;
hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem=
ponte epifálica mediana; pd.bel = projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral;
p.l.pem = projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana;
r = rami. .................................................................................................................... 67
Figura 34. Características morfológicas externas masculina de Paragryllus elapsus.
(A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto,
vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista
ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro
esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa
subgenital, vista ventral. ........................................................................................... 70
Figura 35. Características morfológicas externas femininas de Paragryllus elapsus.
(A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto,
vista lateral; (D) fêmur posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa
subgenital, vista ventral. ........................................................................................... 71
Figura 36. Genitálias e ovipositor de Paragryllus elapsus. A-C: genitália masculina;
D-F: fêmea. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral; (D) região apical do
ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista dorsal; (F) papila copulatória,
vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço epifálico lateral;
b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia;
l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem = ponte epifálica
mediana; pd.bel = projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel =
projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção ventromedial
do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami. ................................. 72
xvii
Figura 37. Hábito dorsal de Paragryllus elapsus. (A) macho; (B) fêmea. Foto: L.
Martins. ..................................................................................................................... 73
Figura 38. Espectrograma do som de chamado de P. minutus. Trecho com uma
frase contendo 11 notas. .......................................................................................... 76
Figura 39. Características morfológicas externas masculina de Paragryllus minutus.
(A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto,
vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista
ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro
esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa
subgenital, vista ventral. ........................................................................................... 78
Figura 40. Características morfológicas externas feminina de Paragryllus minutus.
(A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto,
vista lateral; (D) fêmur; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa subgenital, vista
ventral. ..................................................................................................................... 79
Figura 41. Genitálias e ovipositor de Paragryllus minutus. (A-C) genitália masculina;
(D-F) fêmea; (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral; (D) região apical do
ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista dorsal; (F) papila copulatória,
vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço epifálico lateral;
b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia;
l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem = ponte epifálica
mediana; pd.bel= projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel =
projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção ventromedial
do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami. ................................. 80
Figura 42. Hábito dorsal de Paragryllus minutus. (A) macho; (B) fêmea. Foto: L.
Martins. ..................................................................................................................... 81
Figura 43. Espectrograma do som de chamado de Paragryllus sp. nov. 1. Trecho
com agrupamentos de frases, cada agrupamento é constituído por frases com o
xviii
seguinte padrão de notas: (A) 1+1+1+3, 1+2+2+2, 1+2+1 e 1+2+2+2; (B) 1+2+2+2,
1+2+2+2, 1+2+2+2+2 e 1+2+2+2+2+2. ................................................................... 84
Figura 44. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov.
1. (A) cabeça, vista frontal; B. cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto,
vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista
ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro
esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa
subgenital, vista ventral. ........................................................................................... 86
Figura 45. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 1. (A) vista dorsal; (B) vista
ventral; (C) vista lateral. Legenda: ae= apódema endoparâmico; bel= braço epifálico
lateral; b.l.pem= base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg =
haste guia; l.pem= lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem= ponte
epifálica mediana; pd.bel= projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel
= projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem= projeção ventromedial
do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r= rami. .................................. 86
Figura 46. Hábito dorsal do holótipo de Paragrullus sp. nov. 1. Foto: L. Martins. .... 87
Figura 47. Espectrograma do som de chamado de Paragryllus sp. nov. 2. Trecho
com dois agrupamentos de frases, sendo o primeiro com padrão de 1+2+2+2+2+2
frases e o segundo de 2+2+2+2+2 frases. ............................................................... 91
Figura 48. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov.
2. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto,
vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista
ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro
esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa
subgenital, vista ventral. ........................................................................................... 92
Figura 49. Características morfológicas externas feminina de Paragryllus sp. nov. 2.
(A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; C. cabeça e pronoto,
xix
vista lateral; D. fêmur posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa
subgenital, vista ventral. ........................................................................................... 93
Figura 50. Genitálias e ovipositor de Paragryllus sp. nov. 2. (A-C) Genitália do
holótipo; (D-F) fêmea. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral; (D) região
apical do ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista dorsal; (F) papila
copulatória, em vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço
epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana;
hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem =
ponte epifálica mediana; pd.bel= projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral;
pv.bel = projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção
ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami. ............ 94
Figura 51 Hábito dorsal de Paragryllus sp. nov. 2. (A) macho; (B) fêmea. Foto: L.
Martins. ..................................................................................................................... 95
Figura 52. Espectrograma do som de chamado de Paragryllus sp. nov. 3. Trecho
estruturado com frases contendo duas ou três notas. .............................................. 99
Figura 53. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov.
3. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto,
vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista
ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro
esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa
subgenital, vista ventral. ......................................................................................... 100
Figura 54. Características morfológicas externas feminina de Paragryllus sp. nov. 3.
(A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto,
vista lateral; (D) fêmur posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa
subgenital, vista ventral. ......................................................................................... 101
Figura 55. Genitálias e ovipositor de Paragryllus sp. nov. 3. (A-C) Genitália
masculina; (D-F) fêmea. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral; (D) região
apical do ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista dorsal; (F) papila
xx
copulatória, em vista lateral. Legendas: ae = apódema endoparâmico; bel = braço
epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana;
hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem =
ponte epifálica mediana; pd.bel= projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral;
pv.bel = projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção
ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami. .......... 102
Figura 56. Hábito dorsal e indivíduo estridulando de Paragryllus sp. nov. 3. (A)
hábito dorsal do macho; (B) hábito dorsal da fêmea; (C) macho estridulando no
tronco de uma árvore. Fotos: L. Martins. ................................................................ 103
Figura 57. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov.
4. (A) Cabeça, vista frontal; B. Cabeça e pronoto, vista dorsal; C. Cabeça e pronoto,
vista lateral; D. Tégmina direita, vista dorsal; E. Dentes da fileira estridulatória, vista
ventral; F. Fêmur posterior; G. ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro
esporãoapical interno, vista lateral; H. Placa supra-anal, vista dorsal; I. Placa
subgenital, vista ventral. ......................................................................................... 108
Figura 58. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 4. (A) vista dorsal; (B) vista
ventral; (C) vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço
epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana;
hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem =
ponte epifálica mediana; pd.bel= projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral;
pv.bel = projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção
ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami. .......... 108
Figura 59. Hábito dorsal do macho de Paragryllus sp. nov. 4. Foto: L. Martins. ... 109
Figura 60. Espectrograma do som de chamado de Paragryllus sp. nov. 5. Trecho
estruturado com frases contendo três notas. ......................................................... 113
Figura 61. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov.
5. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto,
vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista
xxi
ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro
esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa
subgenital, vista ventral. ......................................................................................... 114
Figura 62. Características morfológicas externas feminina de Paragryllus sp. nov.
(A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto,
vista lateral; (D) fêmur posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa
subgenital, vista ventral. ......................................................................................... 115
Figura 63. Genitálias e ovipositor de Paragryllus sp. nov. 5. (A-C) Genitália
masculina do holótipo; (D-F) fêmea. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista
lateral; (D) região apical do ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista
dorsal; (F) papila copulatória, em vista lateral. Legendas: ae = apódema
endoparâmico; be l= braço epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior
da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana; pem= ponte epifálica mediana; pd.bel = projeção dorsal do ápice
do braço epifálico lateral; pv.bel = projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral;
p.l.pem = projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana;
r = rami. .................................................................................................................. 116
Figura 64. Hábito dorsal de Paragryllus sp. nov. 5. (A) macho; (B) fêmea. Foto: L.
Martins. ................................................................................................................... 117
Figura 65. Espectrograma do som de chamado de Paragryllus sp. nov. 6. Trecho
com nota isolada. ................................................................................................... 121
Figura 66. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov.
6. (A) cabeça, vista frontal; (B) Cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto,
vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista
ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro
esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa
subgenital, vista ventral. ......................................................................................... 123
xxii
Figura 67. Características morfológicas externas feminina de Paragryllus sp. nov. 6.
(A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto,
vista lateral; (D) fêmur posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa
subgenital, vista ventral. ......................................................................................... 124
Figura 68. Genitálias e ovipositor de Paragryllus sp. nov. 6. (A-C) Genitália do
holótipo; (D-F) fêmea. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral; (D) região
apical do ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista dorsal; (F) papila
copulatória, em vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço
epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana;
hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem =
ponte epifálica mediana; pi.l.pem = placa interna do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana; pd.bel = projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel
= projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção
ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami. .......... 125
Figura 69. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov.
7. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto,
vista lateral; (D) fêmur posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa
subgenital, vista ventral. ......................................................................................... 128
Figura 70. Genitália e ovipositor do holótipo de Paragryllus sp. nov. 7. (A) papila
copulatória, vista dorsal; (B) Papila copulatória, vista lateral; (C) região apical do
ovipositor, vista lateral. ........................................................................................... 129
23
1. INTRODUÇÃO
1.1. Aspectos gerais
A ordem Orthoptera está classificada em duas subordens: Caelifera que inclui
os gafanhotos, os quais possuem antenas mais curtas que o corpo, com menos de
30 artículos e órgãos timpânicos na região baso-lateral do primeiro segmento
abdominal. Ensifera que abrange os grilos, as esperanças e as paquinhas, com
antenas geralmente mais longas que o corpo, mais de 30 artículos, e órgãos
timpânicos nas tíbias anteriores (Sperber et al., 2012).
Gryllidae é o táxon de ensíferos que possui os insetos conhecidos como grilos
verdadeiros. Esta família compreende 21 subfamílias com 4.947 espécies válidas
(Eades et al., 2016). Estes insetos são reconhecidos por possuírem tarsos 3-
segmentados e cercos longos (Alexander, 1968). Os grilos são insetos ovíparos,
paurometábolicos e seus ovos são postos no solo, hastes de plantas, gravetos ou
em tocas (Alexander, 1968).
Os grilídeos estão entre os insetos que são notados pelos humanos sem
causar danos à saúde, apesar de ocasionar prejuízos materiais ou financeiros. Em
grande parte, esta percepção é devida a sua emissão de sons que por muitas vezes
são de alta intensidade (Bennet-Clark, 1989). Estes sinais acústicos são emitidos
pelos machos por meio do atrito de regiões especializadas das tégminas com o
objetivo de atrair as fêmeas que geralmente encontram-se a longas distâncias
(Alexander, 1968). Diferenças nos sinais acústicos atuam como mecanismos de
isolamento reprodutivo, consequentemente, as variações nas características do som
de chamado permitem a identificação inicial das espécies (Alexander, 1967), sendo
utilizado por diversos pesquisadores como uma ferramenta taxonômica adicional,
até mesmo na solução de problemas em grupos de espécies crípticas (Fulton, 1952;
Alexander, 1957; Walker, 1974; Weissman et al., 1980; Cade e Otte, 2000).
24
1.1. Paragryllus Guérin-Méneville, 1844
Paragryllus, gênero tipo de Paragryllini, foi descrito por Guérin-Méneville
(1844) tendo como espécie-tipo Paragryllus martinii Guérin-Méneville, 1844.
Atualmente o gênero é dividido em dois subgêneros Paragryllus (Paragryllus)
Guérin-Méneville, 1844, com 11 espécies, e Paragryllus (Aclogryllus) Gorochov,
2009, monotípico para Paragryllus (Aclogryllus) crybelos Nischk e Otte, 2000. Em
adição a estas 12 espécies, outras três (Paragryllus arima, Paragryllus cocos e
Paragryllus insolitos) não foram alocadas em nenhum dos dois subgêneros
(Gorochov, 2009; Eades et al., 2016). Gorochov (2009) não abordou as três
espécies devido a sua publicação ter ocorrido antes. Logo, este gênero possui 15
espécies conhecidas com representantes nas regiões Afrotropical e Neotropical
(Gorochov, 2009; Eades et al., 2016), sendo três delas registradas para o Brasil:
Paragryllus (Paragryllus) rex Guérin-Méneville, 1844 para Pernambuco (Saussure,
1897), Paragryllus (Paragryllus) temulentus Saussure, 1878 para Porto Velho,
Rondônia (Rehn, 1917) e Paragryllus (Paragryllus) minutus Gorochov, 2009 para
Foz do Iguaçú, Paraná (Gorochov, 2009).
As características diagnósticas de Paragryllus foram apresentadas por
Desutter-Grandcolas (1992), como segue: espécies achatadas dorsoventralmente;
cabeça arredondada e palpos curtos com quinto artículo largo e truncado no ápice;
fastígio estreito e ocelos dispostos em triângulo; olhos proeminentes; tíbias mais
curtas que o fêmures; tíbia anterior com dois tímpanos; tíbia posterior com espinhos
apicais ao número de dois internos e três externos; tíbia posterior com terceiro
espinho apical interno fortemente dilatado; basitarso III com duas fileiras de
espinhos; asas desenvolvidas e truncadas no ápice (Fig. 1A); tégmina com campo
apical desenvolvido, harpa com veias oblíquas e paralelas, e espelho com veias
concêntricas (Fig. 1A); cercos desenvolvidos; genitália masculina: esclerito
pseudoepifálico reduzido, parâmeros pseudoepifálicos e dobra ectofálica curtos e
esclerito endofálico em forma de “V” invertido; fêmea: ovipositor com borda superior
das valvas dorsais serrilhadas no ápice (Fig. 2F).
No entanto, Gorochov (2007) sugeriu um novo reconhecimento taxonômico, o
qual se dá pela combinação dos seguintes caracteres morfológicos: perna anterior e
mediana muito robustas (Fig. 1); asas desenvolvidas (Fig. 1, AA e AP); tégmina com
aparelho estridulatório completo e muito desenvolvido, possuindo espelho com
25
numerosas veias arqueadas (Fig. 1, Esp); tímpanos interno e externo desenvolvidos
(Fig. 2A-B); tíbia posterior com primeiro esporão apical interno distintamente dilatado
(Fig. 2C, seta); placa supra-anal dos machos com um par de projeções delgadas e
longas (Fig. 2D, setas); genitália masculina sem ectoparâmeros (Fig. 2F); e porção
apical do ovipositor com a margem dorsal denteada (Fig. 2F).
Figura 1. Hábito dorsal do macho de Paragryllus (Paragryllus) minutus. Legendas: (AA) asa anterior; (AP) asa posterior; (Esp) espelho. Foto: L. Martins.
Figura 2. Caracteres diagnósticos de Paragryllus. (A) tímpano interno; (B) tímpano externo; (C) porção distal da tíbia posterior e tarso, seta aprontando para o primeiro esporão apical interno dilatado; (D) porção final do abdome, vista dorsal, setas indicam o par de projeções lamelares; (E) genitália masculina, vista ventral; (F) ovipositor, vista lateral.
B
E F
A
Esp
AP AA
C
D
26
A grande maioria das descrições de espécies de Paragryllus são imprecisas,
algumas delas não possuindo caracterização da genitália, como em P. (Paragryllus)
rex e P. (Paragryllus) temulentus. Paragryllus (Paragryllus) tricaudatus, P.
(Paragryllus) simplex e P. (Paragryllus) minutus foram descritas baseadas em um
espécime apenas, outras espécies como P. (Paragryllus) elapsus e P. (Paragryllus)
circularis multinervis, possuem poucos indivíduos. Referente a caracterização
acústica somente Paragryllus (Aclogryllus) crybelos possui o som de chamado
descrito (Nischk e Otte, 2000).
A baixa amostragem e quase inexistência de registros sonoros talvez seja
justificada pelo hábitat e comportamento dos grilos deste gênero, tendo em vista que
habitam a parte superior de troncos de árvores (Desutter-Grandcolas, 1992; Nischk
e Otte, 2000; Gorochov, 2007) (Fig. 3A), se escondem em abrigos naturais nestes
locais (Desutter-Grandcolas, 1992; 1995) (Fig. 3B) e o comportamento estridulatório
dos machos, geralmente, associa lugares acima dos cinco metros de altura e grande
sensibilidade à presença de predadores (Martins, com. pess.).
Figura 3. Indivíduos de Paragryllus sp. em troncos de árvores. (A) macho próximo ao dossel; (B) ninfa abrigado em baixo do súber. Foto: L. Martins.
Apesar de haver registro de espécies de Paragryllus por uma grande
extensão, todos os dados estão restritos a poucos registros pontuais, não havendo,
por exemplo, registros para a Floresta Amazônica Central ou mesmo para
reconhecidas áreas de endemismo da Mata Atlântica costeira (e.g., sul da Bahia e
norte do Espírito Santo). Este estudo é justificado pela necessidade de acrescentar
27
informações morfológicas para uma melhor identificação das espécies, aos registros
geográficos conhecidos e a caracterização acústica das espécies de Paragryllus
brasileiras.
28
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Estudar a taxonomia das espécies de Paragryllus do Brasil.
2.2. Objetivos específicos
a) Descrever as possíveis espécies novas;
b) Redescrever as espécies quando for necessário;
c) Caracterizar o som de chamado;
d) Confeccionar uma chave dicotômica ilustrada de identificação.
29
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Empréstimo de material depositado em coleções
Parte do material examinado de Paragryllus foi obtida a partir de empréstimos
junto a coleções zoológicas nacionais e estrangeiras: abaixo segue a listagem das
coleções, com suas respectivas siglas, acrônimos e nome dos curadores:
a) Material-tipo:
MNHG – Museum für Naturkunde, Berlin (holótipo de P. (Paragryllus) temulentus).
Curador: Dr. Michael Ohl.
SMTD – Staatliches Museum Für Tierkunde, Dresden (holótipo de P. (Paragryllus)
rex). Curador: Dr. Melita Vamberger.
ZIN – Zoological Institute, Russian Academy of Sciences, St. Petersburg, Rússia.
(Fotografias do hábito, dos tágmas e dos apêndices dos holótipos de P.
(Paragryllus) circularis circularis Gorochov, 2007, P. (Paragryllus) concolor
Gorochov, 2007, Paragryllus (Paragryllus) ovalis Gorochov, 2007 e P.
(Paragryllus) minutus. Curador: Dr. Andrey Gorokhov.
b) Material adicional:
INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, Brasil.
Curador: Dr. Márcio Luiz de Oliveira.
UFV – Coleção de Orthoptera, laboratório de ortopterologia, Universidade Federal de
Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Curador: Dr. Carlos Frankl Sperber.
3.2. Coleta de espécimes
Foram realizadas coletas em:
- Reserva Florestal Adolpho Ducke, localizada no município de Manaus/AM
entre os períodos de 01-05.xi.2014, 25-29.iii.2015, 16-23.v.2015 e 05-08.ix.2015;
- Estação Biológica de Santa Lúcia, localizada no município de Santa
Teresa/ES no período de 31.vii a 04.viii.2015;
30
- Reserva Biológica de Sooretama, localizada no município de Sooretama/ES
no período de 05 a 08.viii.2015.
Todas as coletas foram noturnas, sendo realizadas de forma ativa, manual e,
quando possível, orientadas pelos sons de chamado emitidos pelos machos. Alguns
exemplares foram coletados após o registro sonoro, mas devido à altura que se
encontravam foi utilizado um galho para auxiliar na descida do grilo ao longo do
tronco da árvore. Os espécimes coletados foram etiquetados, acondicionados em
tubos de ensaio contendo álcool etílico a 80% e então depositados na Coleção de
Invertebrados do INPA.
3.3. Bioacústica
Os sons de chamado foram registrados no campo com gravador digital Sony
PCM-D50 e microfone Sennheiser ME66/K6. Ao final de cada gravação foi incluído
um registro sonoro contendo data, horário e temperatura no local de estridulação do
grilo, além de informações referentes ao habitat de estridulação.
Os grilos que não tiveram seus sons de chamado registrados em campo
foram acondicionados isoladamente em arenas de gravação confeccionadas com
caixas de isopor com 17x13 cm e tela de náilon em uma das laterais, de modo a
possibilitar o registro sonoro.
Os sons de chamados utilizados para a caracterização sonora deste trabalho
possuem os códigos “BOB” e “PROSET”, precedidos por um numeral referente ao
espécime coletado. O primeiro código é referente ao projeto “Biota de Orthoptera do
Brasil” - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no
âmbito do Edital MCT/CNPq/MMA/MEC/CAPES/FNDCT – Ação Transversal/FAPs
Nº 47/2010 - Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade - SISBIOTA Brasil, já
o segundo é referente ao projeto “Som de chamado, morfologia do aparelho
estridulador e do complexo fálico aplicados à taxonomia da grilofauna estridulante da
floresta Amazônica, Manaus (Orthoptera, Grylloidea)” - Edital MCT/CNPq/FNDCT N
º 19/2009 - Programa de Estímulo à Fixação de Recursos Humanos de Interesse
dos Fundos Setoriais – PROSET.
Os espectrogramas (Fig. 4A), bem como os padrões temporais e de
frequência do som de chamado foram obtidos no software Avisoft-SASLab Lite
versão 5.02.09. Os seguintes parâmetros temporais foram analisados utilizando
31
oscilogramas (Fig. 4B,C): i) número de notas por frase, ii) duração das frases, iii)
intervalo entre frases, iv) duração das notas e v) intervalo entre notas. Para os
parâmetros “i”, “ii” e “iii” foi analisado o trecho inteiro registrado por som. Para as
características “iv” e “v” foram selecionadas apenas três frases por trecho registrado.
As frequências foram obtidas a partir de cada som registrado. Devido a diversidade
rítmica encontrada entre os táxons e qualidade dos sons, algumas adaptações foram
realizadas para a análise de cada espécie, conforme a seguir:
Paragryllus minutus: os sons de chamado de cinco exemplares foram
registrados no campo. Sons analisados: 68BOB, trecho de 10 s, registrado a 20,5ºC;
73BOB, trecho de 70 s, registrado a 20,2ºC; 77BOB, trecho de 55 s, registrado a
23,1ºC; dois sons de espécimes não coletados, trechos de 150 s e 77 s, registrados
a 21,2ºC. Para as características “i” e “ii” foram utilizados todos os sons, já para o
parâmetro “iii” os sons 73BOB e 77BOB, e para os parâmetros “iv” e “v” apenas o
som de 73BOB.
Paragryllus sp. nov. 1: o som de chamado do espécime 06BOB foi registrado
no campo, trecho de 82 s, registrado a 29ºC. Para este som foi caracterizado
adicionalmente o número de frases por agrupamento e a duração dos
agrupamentos.
Paragryllus sp. nov. 2: os sons de chamado de dois exemplares foram
registrados no campo: 158BOB e 161BOB. O som do exemplar 161BOB não foi
analisado por causa da temperatura muito baixa (16,5ºC) no momento do registro.
Som analisado: 158BOB, trecho de 58 s, registrado a 19,3ºC. Para este som foi
caracterizado adicionalmente o número de frases por agrupamento e a duração dos
agrupamentos.
Paragryllus sp. nov. 3: os sons de chamado de seis exemplares foram
registrados no campo: 109BOB, 111BOB, 118BOB, 119BOB, 120BOB e um não
coletado. Sons analisados: 109BOB, trecho de 21 s, registrado a 21ºC; não coletado,
trecho de 31, registrado a 21ºC. Os demais sons não foram incluídos na análise pela
grande sobreposição de espécimes estridulando próximos.
Paragryllus sp. nov. 5: o som de chamado de um exemplar não coletado foi
registrado no campo, trecho de 21 s, registrado a 21ºC.
Paragryllus sp. nov. 6: os sons de chamado de dois exemplares foram
registrados em laboratório. Sons analisados: 186PROSET, trecho de 77 s, registrado
a 29ºC; 187PROSET, trecho de 150 s, registrado a 28,5ºC. Som não estruturado em
32
frases, sendo utilizado apenas os parâmetros “iv” e “v” na descrição, sendo
mensurados todos dentro dos trechos.
Figura 4: Gráficos (espectrograma e oscilogramas) do som de chamado. (A) espectrograma contendo um agrupamento de frases; (B) oscilograma contendo o mesmo agrupamento de frases apresentado no espectrograma; (C) oscilograma contendo apenas uma nota. Colchete verde: agrupamento de frases; colchete vermelho: frase; chave azul: nota.
3.4. Identificação de espécimes
O material foi identificado a partir da comparação com o material-tipo, com
as descrições originais, bem como com a bibliografia pertinente de cada táxon.
Para a morfologia da genitália masculina foi realizado uma comparação entre a
terminologias propostas por Gorochov (2007) e por Desutter (1987), com
modificações realizadas por Desutter-Grandcolas (2003). Neste trabalho, foi adotada
a terminologia proposta por Gorochov (2007) por ser mais recente, detalhada e
englobar mais espécies do gênero em estudo.
3.5. Descrição e redescrição de espécies
Os caracteres utilizados por prévios autores foram avaliados e novas
definições foram realizadas a fim de se gerar uma descrição mais completa, clara e
padronizada. As principais estruturas a serem caracterizadas foram: padrão de
venação das tégminas, número de dentes da fileira estridulatória, esporão superior
33
interno da tíbia posterior, projeções da placa supra-anal, disposição e forma dos
escleritos da genitália masculina, bem como a forma da papila copulatória feminina.
3.6. Mensuração e ilustração do material estudado
Para extração das genitálias masculina e feminina foi realizada uma incisão
nos três últimos pleuritos. As genitálias masculina e feminina foram estudadas sem
nenhum tratamento pós-extração. Após a análise das estruturas, as genitálias foram
individualmente armazenadas em um microtubo preenchido com glicerina. Para os
exemplares conservados em via seca o microtubo foi fixado abaixo das etiquetas, já
em via úmida, o microtubo foi colocado dentro do mesmo tubo de ensaio do
indivíduo do qual foi estraída.
A tégmina direita dos espécimes foi removida e montada entre lâmina e
lamínula, com a finalidade de possibilitar a contagem do número total de dentes da
fileira estridulatória.
A morfometria dos tágmas e apêndices foi realizada de acordo com Mello
(1994), sendo efetuadas com auxílio de paquímetro digital as seguintes
mensurações:
Comprimento do corpo (CC): distância entre a fronte e a extremidade
posterior da placa supra-anal, medida dorsalmente;
Comprimento do corpo com a tégmina (CCT): mensurado desde a fronte até a
extremidade posterior das tégminas;
Comprimento do pronoto (CP): distância entre as margens anterior e
posterior, medida dorsalmente ao longo da linha mediana;
Largura do pronoto (LP): distância entre os pontos mais proeminentes da
margem inferior dos lobos laterais, mensurada dorsalmente;
Largura da cabeça (LC): distância entre as bordas externas (laterais) dos
olhos, medida dorsalmente;
Comprimento da tégmina (CT): distância entre as extremidades proximal e
distal;
Largura do campo dorsal da tégmina (LCDT): distância entre a extremidade
da borda dorsal.
Comprimento do fêmur anterior (CFA): distância entre as extremidades
proximal e distal, medida na face externa;
34
Comprimento do fêmur posterior (CFP): distância entre as extremidades
proximal e distal, medida na face externa;
Comprimento da tíbia posterior (CTP): distância entre as extremidades
proximal e distal, medida na face externa;
Comprimento dos cercos (CCE): distância entre as extremidades proximal e
distal;
Comprimento do ovipositor (CO): mensurado lateralmente, da extremidade da
placa subgenital ao ápice da estrutura.
A tégmina direita, as genitálias masculina e feminina, as placas supra-anal e
subgenital, o ovipositor e o esporão dorsal interno da tíbia posterior foram
fotografados com câmera fotográfica LEICA DFC 295 acoplada ao
estereomicroscópio LEICA M205 C e software de processamento de imagem digital
Leica Application Suite LAS V3.6.
3.7. Chave de identificação
A partir dos caracteres observados durante a análise foi elaborada uma chave
de identificação dicotômica ilustrada para as espécies para facilitar a visualização
destas estruturas.
35
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram examinados 75 espécimes de Paragryllus, destes 49 machos e 26
fêmeas. Foram encontradas 11 espécies, sendo: 07 espécies novas, duas espécies
redescritas (P. temulentus e P. rex), uma descrição da fêmea (P. minutus) e uma
espécie que teve seu registro ampliado para o Brasil (P. elapsus). Aclogryllus, que
até então era considerado como subgênero de Paragryllus, foi elevado à categoria
de gênero. Adicionalmente também foi descrita uma nova espécie para Aclogryllus
stat. nov. Com a nova combinação de Aclogryllus crybelos, as únicas
caracterizações sonoras conhecidas para espécies de Paragryllus passaram a ser
as apresentadas no presente estudo, sendo descritos os sons de chamado das
espécies: Paragryllus minutus, Paragryllus sp. nov. 1, Paragryllus sp. nov. 2,
Paragryllus sp. nov. 3, Paragryllus sp. nov. 5 e Paragryllus sp. nov. 6. Também foi
elaborada uma chave de identificação dicotômica ilustrada para o reconhecimento
dos machos das espécies de Paragryllus que ocorrem no Brasil.
4.1. Chave taxonômica para os machos de Paragryllus que ocorrem no Brasil.
1 – Projeções lamelares maiores que a largura do décimo tergito abdominal (Fig.
5A); placa subgenital mais longa do que larga, em vista ventral (Fig. 5B)
.................................................................................................. Paragryllus temulentus
Figura 5. Porção final do abdome de P. temulentus. (A) placa supra-anal, seta indicando projeções lamelares e asterisco indicando o décimo tergito abdominal; (B) placa subgenital.
36
1’ – Projeções lamelares menores que a largura do décimo tergito abdominal (Fig.
5A); placa subgenital tão larga quanto longa, em vista ventral (Fig. 6B).................... 2
Figura 6. Porção final do abdome de Paragryllus sp. nov. 6. (A) placa supra-anal, seta indicando projeções lamelares e asterisco indicando o décimo tergito abdominal; (B) placa subgenital.
2 – Projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana,
(p.l.pem) longa, sobrepondo parcialmente o braço epifálico lateral (bel), na sua
região apical, quando em vista lateral (Fig. 7A).......................................................... 3
Figura 7. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 6. Seta indicando a projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana, (p.l.pem).
37
2' (1’) – Projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(p.l.pem) curta, não sobrepondo o esclerito do braço epifálico lateral (bel), quando
em vista lateral (Fig. 8A), ou sobrepondo ao braço epifálico lateral (bel) na região
médio-anterior, quando em vista lateral (Fig. 8B)....................................................... 4
Figura 8. Genitálias dos holótipos, em vista lateral. (A) Paragryllus sp. nov. 3; (B) Paragryllus sp nov. 4.
3 (2’) – Reentrância acentuada em forma de “U” entre a base dos lobos laterais
posteriores da ponte epifálica mediana (b.l.pem) (Fig. 9A); placa interna do lobo
lateral posterior da ponte epifálica mediana (pi.l.pem) pouco visível, quando em vista
ventral (Fig. 9B); fileira estridulatória com menos que 400 dentes (246 no espécime
analisado)................................................................................... Paragryllus sp. nov. 6
Figura 9. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 6. (A) vista dorsal; (B) vista ventral.
38
3’ – Reentrância acentuada em forma de “V” entre a base dos lobos laterais
posteriores da ponte epifálica mediana (b.l.pem), em vista dorsal (Fig. 10A); placa
interna do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (pi.l.pem) proeminente e
côncava, quando em vista ventral (Fig. 10B); fileira estridulatória com mais de 400
dentes (415-461 nos espécimes analisados)................................ Paragryllus elapsus
Figura 10. Genitália de P. elapsus. (A) vista dorsal; (B) vista ventral.
4 (2) – Haste guia (hg) ultrapassando a margem posterior da base do lobo lateral
posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) e alcançando a porção inferior da
projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral (pd.bel), em vista dorsal (Fig. 11)
....................................................................................................... Paragryllus minutus
39
Figura 11. Genitália de P. minutus, Em vista dorsal, seta indicando a haste guia (hg).
4’ – Haste guia (hg) não ultrapassando a margem posterior da base do lobo lateral
posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem), em vista dorsal (Fig. 12A) ou
ultrapassando a margem posterior da base do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana (b.l.pem), mas não alcançando a porção inferior da projeção
dorsal do ápice do braço epifálico lateral (pd.bel), em vista dorsal (Fig.
12B)............................................................................................................................. 5
Figura 12. Genitálias dos holótipos, em vista dorsal. (A) Paragryllus sp. nov. 2; (B) Paragryllus sp. nov. 3.
40
5 (4’) – Margem latero-posterior da ponte epifálica mediana (pem) não sobrepondo
ao lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (l.pem)
(Fig.13)........................................................................................................................ 6
Figura 13. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 1, em vista lateral.
5’ – Margem latero-posterior da ponte epifálica mediana (pem) sobrepondo
parcialmente ao lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (l.pem) (Fig.
14)............................................................................................................................... 7
Figura 14. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 5, em vista lateral.
6 (5) – Base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) com
margem póstero-dorsal sub-reta, vista dorsal (Fig. 15A); projeção ventromedial do
lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem) delgada desde a base,
41
quando em vista dorsal (Fig. 15A); projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral
(pd.bel) com formato elíptico, em vista lateral (Fig.
15B)............................................................................................ Paragryllus sp. nov. 1
Figura 15. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 1. (A) em vista dorsal; (B) em vista lateral.
6’ – Base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) com margem
póstero-dorsal levemente arredondada (Fig. 16A); projeção ventromedial do lobo
lateral posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem) robusta desde a base, quando
em vista dorsal (Fig. 16A); projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral (pd.bel)
expandida, em vista lateral (Fig. 16B)....................................... Paragryllus sp. nov. 2
Figura 16. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 2. (A) em vista dorsal; (B) em vista lateral.
42
7 (5’) – Projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(p.l.pem) com formato triangular (mais longa do que larga), em vista lateral (Fig.
17)............................................................................................................................... 8
Figura 17. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 4, em vista lateral.
7’ – Projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(p.l.pem) com formato triangular (tão larga quanto longa), em vista lateral (Fig.
18)............................................................................................................................... 9
Figura 18. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 3, em vista lateral.
8 (7) – Projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem) com
reentrâncias laterais rasas e arredondadas, vista dorsal (Fig. 19A); projeção dorsal
43
do ápice do braço epifálico lateral (pd.bel) com sua margem superior reta, sem
espinhos, em vista lateral (Fig. 19B).......................................... Paragryllus sp. nov. 4
Figura 19. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 4, (A) em vista dorsal, circulo vermelho indicando as projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem) e em destaque no campo superior direito o maior aumento das reentrâncias laterais rasas e arredondadas; (B) em vista lateral.
8’ – Projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem) com reentrâncias
laterais ausentes, em vista dorsal (Fig. 20A); projeção dorsal do ápice do braço
epifálico lateral (pd.bel) com margem superior sub-reta e com espinho dorsal
pontiagudo, em vista lateral (Fig. 20B)....................................... Paragryllus sp. nov. 5
Figura 20. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 5. (A) em vista dorsal, circulo vermelho indicando as projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem) e em destaque no campo superior direito o maior aumento das reentrâncias laterais ausentes; (B) em vista lateral.
44
9 (7’) – Projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(p.l.pem) reta, quando em vista dorsal (Fig. 21A); haste guia (hg) ultrapassando a
margem posterior da base da projeção ventromedial do lobo lateral posterior da
ponte epifálica mediana (b.l.pem), em vista dorsal (Fig. 21A); margem dorsal da
porção mediana do braço epifálico lateral (bel) arredondada, em vista dorsal (Fig.
21A); braço epifálico lateral (bel) com ápice bifurcado em forma de “U”, em vista
lateral (Fig.21B).......................................................................... Paragryllus sp. nov. 3
Figura 21. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 3. (A) em vista dorsal, circulo vermelho indicando a margem dorsal da porção mediana do braço epifálico lateral (bel) arredondada e em destaque no campo superior direito o maior aumento desta estrutura; (B) em vista lateral.
9’ – Projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(p.l.pem) convergente, quando em vista dorsal (Fig. 22A); haste guia (hg) não
ultrapassando a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem),
em vista dorsal (Fig. 22A); margem dorsal da porção mediana do braço epifálico
lateral (bel) aculiforme, em vista dorsal (Fig. 22A); braço epifálico lateral (bel) com
ápice bifurcado em forma de “V”, quando em vista lateral (Fig.
22B)....................................................................................................... Paragryllus rex
45
Figura 22. Genitália de Paragryllus rex. (A) em vista dorsal, circulo vermelho indicando a margem dorsal da porção mediana do braço epifálico lateral (bel) aculiforme e em destaque no campo superior direito o maior aumento desta estrutura; (B) em vista lateral.
46
4.2. Taxonomia
Aclogryllus Gorochov, 2009 stat. nov.
Gorochov, 2009: 575, figs.4(4-6) - 5(3) (como subgênero); Eades et al., 2016
(catálogo on line, como subgênero).
Espécie-tipo: Paragryllus crybelos Nischk e Otte, 2000
Espécies incluídas: Aclogryllus crybelos (Nischk e Otte, 2000) comb. nov. e
Aclogryllus sp. nov.
Diagnose: placa supra-anal simples, sem expansões lamelares (Fig. 24A); tíbia
posterior com primeiro esporão apical interno não dilatado, em vista lateral (Fig.
24B); haste guia (hg) e braço epifálico lateral (bel) muito longo, em vista dorsal (Fig.
24C); apódema endoparâmico (ae) e rami (r) encurtados, em vistas dorsal e lateral
(Fig. 24C,D); molde da placa de fixação do espermatóforo (m) alongada e
esclerosada em sua porção antero-proximal, em vista ventral (Fig. 25A,B); ponte
epifálica mediana (p.pem) sem projeções ventromediais, em vista dorsal (Fig. 24C).
Descrição original: “cabeça: olhos proeminentes. Tórax: primeiro esporão apical
estreito, segundo esporão apical interno mais longo que o primeiro e terceiro; asas
desenvolvidas; tégmina com aparelho estridulatório desenvolvido; harpa e espelho
com numerosas veias transversais arqueadas. Abdome: placa supra-anal simples,
sem expansões lamelares. Genitália do macho: braço epifálico lateral (be.l) tão
longo quanto largo, em vista dorsal e ventral (Fig. 24A,B); haste guia (h.g) tão longo
quanto largo, em vista dorsal, ventral e lateral (Fig. 24A-C); molde da placa de
fixação do espermatóforo (m) esclerosada na parte anterior-proximal, em vista
ventral (24B); apódema endoparâmico (ae) encurtado, em vista lateral (Fig. 24C);
rami (r) encurtado, em vistas dorsal, ventral e lateral (Fig. 24A-C). Fêmea: ovipositor
com borda dorsal denteada em sua parte distal”.
Registros geográficos: Equador: San Pablo de Kantesiya, (Nischk e Otte, 2000);
Planice oriental, (Gorochov, 2009) e Brasil: Amazonas, Manaus (Novo registro).
47
Discussão: Aclogryllus stat. nov. é similar a Paragryllus Guérin-Méneville, 1844, no
formato geral da genitália e em aspectos da morfologia externa. Aclogryllus possui
placa supra-anal sem projeções lamelares, tíbia posterior com primeiro esporão
apical interno não dilatado, haste guia (hg) longa e ponte epifálica mediana (pem)
sem projeções ventromediais (p.pem). Paragryllus difere por possuir placa supra-
anal com um par de projeções lamelares delgadas e longas, tíbia posterior com
primeiro esporão apical distintamente dilatado, haste guia (hg) e braço epifálico
lateral (bel) encurtado, presença de projeções ventromediais da ponte epifálica
mediana (p.pem). Entretanto, as diferenças são suficientes para sustentar a criação
do novo gênero.
Figura 23. Características masculinas de Aclogryllus sp. nov. (A) placa supra-anal; (B) tíbia posterior - seta indicando primeiro esporão apical; (C) genitália em vista dorsal; (D) genitália em vista lateral.
48
Aclogryllus crybelos (Nischk e Otte, 2000) comb. nov.
(Figuras 24 A – C)
Paragryllus crybelos Nischk e Otte, 2000: 242, Fig. 34-35 [Descrição original]
Paragryllus (Aclogryllus) crybelos: Gorochov, 2009: 575, Fig. 4(4-6) - 5(3) [Citação
como subgênero; Novo registro]
Paragryllus (Aclogryllus) crybelos: Eades et al., 2016 (Catálogo on line; Citação
como subgênero).
Informação adicional à descrição original: genitália do macho (Fig. 24):
ponte epifálica mediana (pem): curta, quatro vezes mais larga do que longa porção
mediana da margem posterior apresentando duas projeções sub-arredondadas e
pouco proeminentes com uma reentrância central (Fig. 24A); base do lobo lateral
posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) com projeção ventromedial triangular
e visível, em vistas dorsal, ventral e lateral (Fig. 24A-C); projeção ventromedial do
lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem) com ápice afilado, em
vistas dorsal e ventral, e sub-arredondado, em vista lateral (Fig. 24C). Haste guia
(hg): ápice arredondado, em vistas dorsal e ventral, e sub-arredondado, em vista
lateral (Fig. 24A,B). Braço epifálico lateral (bel): os braços apresentam um formato
ovalado; porção posterior sete vezes mais alta que a porção anterior, em vista lateral
(Fig. 24C); ápice do braço epifálico lateral (bel) arredondado com uma projeção
digitiforme e posteriormente direcionado, em vista dorsal; expansão ventral na
margem interna do ápice do braço epifálico lateral (bel) triangular com ápice
acuminado, em vista ventral (Fig. 24B). Apódema endoparâmico (ae): curvado
dorsalmente, em vista lateral (Fig. 24C).
Registros geográficos: Equador: San Pablo de Kantesiya, (Nischk e Otte, 2000) e
Planice oriental, (Gorochov, 2009).
Discussão: Ver discussão em Aclogryllus sp. nov.
49
Figura 24. Genitália do holótipo de Aclogryllus crybelos comb. nov. (A) em vista dorsal; (B) em vista ventral; (C) em vista lateral. Legenda: ae= apódema endoparâmico; bel = braço epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; m = molde da placa de fixação do espermatóforo; pem = ponte epifálica mediana; p.l.pem = projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami. Imagens adaptadas de Gorochov (2009).
50
Aclogryllus sp. nov
(Figuras 25-28)
Diagnose: ausência da projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana (p.l.pem), em vistas dorsal, ventral e lateral (Fig. 25A-C); braços
epifálicos laterais (bel) com uma reentrância em formato de “C” na porção subapical
da margem interna, em vistas dorsal e ventral (Fig. 25A,B); braços epifálicos laterais
(bel) com porção posterior 1,5 vezes mais alta que a porção anterior, em vista lateral
(Fig. 25C); braços epifálicos laterais (bel) com ápices sub-retos, em vista lateral (Fig.
25C).
Descrição. Holótipo macho (Fig. 25, 27A-C, 28). Mensurações (mm): CC 22.93;
CCT 25.01; CP 4.12; LP 5.31; LC 4.23; CT 18.85; LCDT 9.41; CFA 7.95; CFP 15.98;
CTP 12.90; CCE 24.72. Cabeça (Fig. 25A-C): coloração geral marrom escuro;
occipício amarelado e manchado de marrom claro; vértice marrom claro; olhos
proeminentes, três ocelos, um central superior entre os olhos e dois inferiores,
alinhados com a borda inferior dos olhos; escapos e pedicelos amarelados e
manchados de marrom claro, e flagelo marrom claro; mancha oval amarelada
centralizada entre os escapos; gena amarelada e manchada de marrom claro; clípeo
e labro com coloração marrom claro; mandíbula amarelada; palpos maxilar e palpos
labial marrom claro, quinto articulo do palpo maxilar mais longo que os demais, com
coloração acinzentada e ápice arredondado, terceiro articulo do palpo labial mais
longo que os demais, com coloração acinzentada, e ápice arredondado. Tórax (Fig.
25B-G): borda anterior e posterior do pronoto com longas cerdas, disco dorsal
rugoso, de coloração amarelada, com manchas marrom na região dorsal e porção
central manchado de marrom escuro; disco dorsal com um par de manchas em
formato piriforme; lobo lateral com porção superior marrom escuro e porção inferior
amarelada; primeiro e segundo par de pernas com coloração marrom escuro e
terceiro par de pernas amareladas e manchadas de marrom; tíbia anterior com
tímpanos externo e interno ovais; tíbia anterior com dois esporões apicais, tíbia
mediana com três esporões apicais; fêmur posterior amarelado e manchado de
marrom escuro (Fig. 25F); tíbia posterior com três esporões dorsais internos e
externos, terceiro esporão apical interno afilado e segundo esporão apical interno
mais longo que o terceiro (Fig. 25G); tégmina excedendo o abdome, área apical
51
desenvolvida (Fig. 25D); espelho com seis veias arqueadas e concêntricas; harpa
com oito veias: sete veias principais e uma veia ramificada em cinco; asas
posteriores ultrapassando o ápice das tégminas; fileira estridulatória com 198
dentes; dentes com formato irregular e assimétricos, dentes com formato lamelar,
sub-côncavo, com presença de projeções aliformes assimétricas, fileira de dentes
presente sobre a porção mediana da veia Cu2. (Fig. 25E). Abdome (Fig. 25H-I):
coloração geral marrom escuro; tergitos com faixa pubescente nas porções
medianas e laterais; esternitos com coloração marrom escuro; placa supra-anal com
borda posterior arredondada (Fig. 25H); placa subgenital mais longa do que larga e
borda posterior com reentrância (Fig. 25I); cercos marrom escuro. Genitália do
macho (Fig. 27A-C): ponte epifálica mediana (pem): curta, quatro vezes mais larga
do que longa, com margem latero-posterior arredondada e apresentando três
projeções médio-posteriores: um par lateral subtriangular e uma mediana sub-
arredondada e pouco proeminente; base do lobo lateral posterior da ponte epifálica
mediana (b.l.pem) com cerdas curtas e pouco visível em vista dorsal (Fig. 27A); em
vista lateral a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana é espatulada
(Fig. 27C), sem projeção ventromedial (p.l.pem). Haste guia (hg): ápice subtruncado,
em vistas dorsal e lateral (Fig. 27A,C). Braço epifálico lateral (bel): porção posterior
do braço epifálico lateral (bel) 1,5 vezes mais alta que a porção anterior (Fig. 27C);
ápice do braço epifálico lateral (bel) triangular e convergente, presença de uma
reentrância em formato de “C” na margem interna da porção subapical e projeção na
margem externa divergente e perpendicular ao braço, em vista dorsal (Fig. 27A);
expansão ventral na margem interna do ápice do braço epifálico lateral (bel)
triangular com ápice arredondado, em vista ventral (Fig. 27B); braço epifálico lateral
(bel) com ápice sub-reto, em vista lateral (Fig. 27C). Apódema endoparâmico (ae):
convergente, em vistas dorsal e ventral (Fig. 27A,B). Fêmea (Fig. 26A-F): forma
corporal e padrão de cor semelhante ao macho, apresentando as seguintes
diferenças: placa supra-anal com ápice arrendondado, portando reentrância na
região mediano-lateral (Fig. 26E); placa subgenital mais larga do que longa e com
reentrância no ápice em formato de “U” (Fig. 26F). Ovipositor (Fig. 27D): marrom
claro com a expansão subapical das valvas dorsais marrom escuro; margem dorsal
do ápice das valvas dorsais nitidamente serrilhada e margem ventral do ápice das
valvas ventrais com serrilhas pouco evidentes; valvas dorsais com aproximadamente
o mesmo comprimento; três projeções na margem ventral das valvas ventrais: duas
52
anteriores e uma posterior à expansão lateral subapical das valvas dorsais. Papila
copulatória (Fig. 27E,F): esclerosada, com formato cônico e base mais larga que o
ápice; ápice digitiforme, com extremidade arredondada.
Mensurações (mm): macho (n= 04, incluindo o holótipo): CC 22.47 ± 1.68
(20.03–23.91); CCT 24.50± 0.66 (23.55–25.01); CP 4.33 ± 0.75 (3.69–5.42); LP 4.95
± 0.59 (4.12–5.46); LC 4.13 ± 0.11 (4.03–4.24); CT 18.48 ± 0.59 (17.75–19.07);
LCDT 9.43 ± 0.17 (9.21–9.60); CFA 7.48 ± 0.53 (6.87–7.95); CFP 15.20 ± 0.87
(13.97–15.98); CTP 12.56 ± 0.78 (11.42–13.21); CCE 17.63 ± 7.16 (11.45–24.72).
Fêmea (n= 03): CC 19.50 ± 1.17 (18.16–20.34); CCT 24.29 ± 0.47 (23.83–24.78);
CP 3.83 ± 0.16 (3.72–4.02); LP 4.93 ± 0.22 (4.73–5.18); LC 3.96 ± 0.10 (3.89–4.08);
CFA 5.90 ± 0.11 (5.81–6.03); CFP 14.39 ± 0.46 (14.09–14.93); CTP 11.72 ± 1.02
(11.08–12.90); CCE 19.61 ± 2.13 (18.16–22.07); CO 19.52 ± 1.35 (18.68–21.09).
Condição do holótipo: acondicionado em via úmida; ausência da perna esquerda.
Tégmina direita destacada e genitália masculina dissecada e colocadas em
microtubo com glicerina. Microtubo mantido junto ao holótipo.
Registros de ocorrência: Brasil, Amazonas, Manaus.
Discussão: A. sp. nov. é similar a Aclogryllus crybelos pela haste guia (hg) e braço
epifálico lateral (bel) longos; apódema endorâmero e rami encurtado. Difere pelo
haste guia (hg) com ápice subtruncado e com região mediana recoberta pelo braço
epifálico lateral (bel); braços epifálicos laterais (bel) com porção posterior 1,5 vezes
mais alta que a porção anterior, em vista lateral. A. crybelos possui haste guia (hg)
com ápice arredondado e com região mediana não recoberta pelo braço epifálico
lateral; braços epifálicos laterais (bel) com porção posterior 7 vezes mais alta que a
porção anterior, em vista lateral.
Material Tipo: holótipo macho. BRASIL, AM, Manaus, R.F. Adolpho Ducke, AM-
010, 02°55’49” S, 59°58’31” W, 05-08.ix.2015. Coleta ativa. L.P. Martins; L.G. Silva;
J.L. Camico e T.M. Almeida (INPA). Parátipos: duas fêmeas, mesmos dados do
holótipo (INPA); um macho: idem 26-31.viii.2011. L.P. Martins e V. Linard (MZUSP);
53
dois machos e uma fêmea: idem 25-29.iii.2015. L.P. Martins; L.G. Silva e L.D.
Oliveira (INPA); um macho: idem 08-16.ix.2010. V. Linard (INPA).
Figura 25. Holótipo de Aclogryllus sp. nov. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) Dentes da fileira estridulatória, vista ventral; (F) fêmur posterior; (G) porção apical interna da tíbia posterior, seta aberta indicando o segundo esporão apical interno e seta fechada indicando o primeiro esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa subgenital, vista ventral.
54
Figura 26. Parátipo fêmea de Aclogryllus sp. nov. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) fêmur posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa subgenital, vista ventral.
55
Figura 27. Genitálias e ovipositor de Aclogryllus sp. nov. (A-C) genitália masculina do holótipo; (D-F) parátipo fêmea. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral; (D) região apical do ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista dorsal; (F) papila copulatória, vista lateral. Legendas: ae = apódema endoparâmico; bel = braço epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem= ponte epifálica mediana; r = rami.
56
Figura 28. Hábito dorsal de Aclogryllus sp. nov., macho. Foto: L. Martins.
57
Paragryllus Guérin-Méneville, 1844
Guérin-Méneville, 1844: 329; Saussure, 1874: 441 (citação); Saussure,
1877:441(citação); Saussure, 1878: 551 (citação); Saussure, 1897:242, fig. XII
(2-7) (citação); Brunner, 1893:609 (citação); Kirby, 1906: 64 (citação); Renh,
1917:130 (citação); Chopard, 1956:256 (citação); Hebard, 1932:357 (citação);
Chopard, 1968:275 (citação); Desutter, 1987:224, fig. 9-11 (citação); Desutter,
1988:357 (citação); Desutter-Grandcolas, 1992:150, fig. 67-73 (citação);
Gorochov, 2007:190, fig. 62-77 (citação); Otte e Perez-Gelebert, 2009:673,
fig.595-599 (citação); Gorochov, 2009:574, fig.4(1-3) (citação, como
subgênero); Hollier, 2013:522 (citação); Eades et al., 2016 (catálogo on line,
como subgênero).
Espécie-tipo: Paragryllus martini Guérin-Méneville, 1844
Espécies incluídas: Paragryllus martinii Guérin-Méneville, 1844; Paragryllus
tricaudatus (Fairmaire, 1858); Paragryllus rex Saussure, 1874; Paragryllus
temulentus Saussure, 1878; Paragryllus simplex Chopard, 1948; Paragryllus elapsus
Desutter-Grandcolas, 1992; Paragryllus eclogos Otte, 2006; Paragryllus circularis
Gorochov, 2007; Paragryllus concolor Gorochov, 2007; Paragryllus ovalis Gorochov,
2007; Paragryllus minutus Gorochov, 2009; Paragryllus arima Otte e Perez-Gelabert,
2009; Paragryllus cocos Otte e Perez-Gelabert, 2009; Paragryllus insolitos Otte e
Perez-Gelabert, 2009.
Diagnose: placa supra-anal com um par de projeções lamelares delgadas e longas,
em vista dorsal (Fig. 29A); tíbia posterior com primeiro esporão apical distintamente
dilatado, em vista lateral (Fig. 29B); haste guia (hg) e braço epifálico lateral (bel)
encurtado, em vista dorsal (Fig. 29C); presença de projeções ventromediais da
ponte epifálica mediana (p.pem), em vista dorsal (Fig. 29C); braço epifálico lateral
(bel) com ápice bifurcado, em vista lateral (Fig. 29D).
Descrição original: “cabeça: olhos proeminentes; antenas muito longas;
mandíbulas triangulares, fortemente serrilhadas; labro arredondado; maxilas
bidenteadas na extremidade; palpos labiais com o último palpômero dilatado e
58
saliente. Tórax: pernas posteriores longas; tégmina longa e plana, com veias
transversais obliguas e longitudinais; asas mais longas que o abdome.”.
Registros geográficos: Ilha de Guadalupe – Point-à-Pitre (Guérin-Méneville, 1844);
Gabão (Fairmaire, 1858); Serra Leoa (Walker, 1871); Camarões (Chopard, 1968);
Brasil (Saussure, 1874): Rondônia (Saussure, 1878), Pernambuco (Saussure, 1893),
Paraná (Gorochov, 2009); México (Otte e Pérez-Gelabert, 2009): Tabasco e Teapa
(Saussure, 1893); Costa Rica (Saussure, 1893); Guiana: Bartica (Rehn, 1917);
Bolívia (Chopard, 1956); República Democrática do Congo – Uvira (Chopard, 1968);
Guiana Francesa: Arataye e Sinnamary (Desutter-Grandcolas, 1992); Granada (Otte
e Perez-Gelabert, 2009).
Discussão: Ver a discussão sob Aclogryllus Gorochov, 2009 stat. nov.
Figura 29. Características masculinas de Paragryllus (Paragryllus) minutus. (A) porção final do abdome, seta indicando projeções lamelares na placa supra-anal; (B) tíbia posterior - seta indicando primeiro esporão apical; (C) genitália em vista dorsal; (D) genitália em vista lateral.
59
Paragryllus rex Saussure, 1874
(Figuras 30-31)
Paragryllus rex Saussure, 1874: 442 [Descrição original]
Paragryllus rex: Saussure, 1878: 553, fig. 41(1) [Citação]
Paragryllus rex: Brunner von Wattenwyl, 1893: 609 [Citação]
Paragryllus rex: Saussure, 1893: 243 [Novo registro]
Paragryllus rex: Saussure, 1897: 243 [Catálogo]
Paragryllus rex: Kirby, 1906: 64 [Catálogo]
Paragryllus rex: Hebard, 1932: 357 [Citação]
Paragryllus rex: Chopard, 1968: 275 [Citação]
Paragryllus rex: Otte e Perez-Gelabert, 2009: 673 [Novo registro]
Paragryllus rex: Hollier et al., 2013: 514 [Citação]
Paragryllus (Paragryllus) rex: Eades et al., 2016 [Catálogo on line; Citação como
subgênero]
Diagnose: palpos maxilares com o quinto artículo truncado no ápice, quando em
vista frontal (Fig. 30A); placa subgenital mais longa do que larga, com ápice
truncado menor que a base (Fig. 31E); projeções lamelares da placa supra-anal
formando ângulo obtuso (Fig. 31D); base do lobo lateral posterior da ponte epifálica
mediana (b.l.pem) com largura aproximada àda ponte epifálica mediana (pem),
quando em vista dorsal (Fig. 31A); base do lobo lateral posterior da ponte epifálica
mediana (b.l.pem) com margem postero-dorsal truncada, quando em vista dorsal
(Fig. 31A).
Redescrição. Holótipo, macho. Mensurações (mm): CC 25.00; CCT 29.00; CP
5.00; LP 5.6; LC 4.71; CT 23.00; LCDT 11.00. CFA 10.00; CCE 19.00. Cabeça (Fig.
30A,B): coloração geral negra; olhos proeminentes, três ocelos, sendo um central
superior entre os olhos e dois inferiores, alinhados com a borda inferior dos olhos;
escapos, pedicelos e flagelo marrom escuro; gena negra; labro e mandíbula
amarelados; palpos maxilares e labiais marrom claro, quinto articulo do palpo maxilar
mais longo que os demais e ápice truncado. Tórax (Fig. 31B): borda anterior e
posterior do pronoto com longas cerdas longas, disco dorsal rugoso, de coloração
60
marrom escuro e borda posterior marrom claro; lobo lateral marrom escuro e com
borda posterior menor que o anterior; primeiro e segundo par de pernas com
coloração marrom escuro; tíbia anterior com tímpanos externo e interno ovais; tíbia
anterior com dois esporões apicais e tíbia mediana com três esporões apicais;
tégmina excedendo o abdome, área apical desenvolvida (Fig. 30C); espelho com 10
veias: sete veias principais arqueadas e concêntricas e três veias menores; harpa
com 12 veias oblíquas; asas posteriores ultrapassando o ápice das tégminas.
Abdome (Fig. 30D,E): coloração geral marrom escuro; tergitos com faixa
pubescente nas porções medianas e laterais; placa supra-anal com borda posterior
arredondada e par de projeções lamelares (Fig. 30D); placa subgenital mais longa
do que larga, borda posterior truncada e com aproximadamente 1/4 da largura da
borda anterior; cerco marrom escuro (Fig. 30E). Genitália do macho (Fig. 31A-C):
ponte epifálica mediana (pem): base do lobo lateral posterior da ponte epifálica
mediana (b.l.pem) com largura aproximada a da ponte epifálica mediana (pem),
quando em vista dorsal (Fig. 31A); base do lobo lateral posterior da ponte epifálica
mediana (b.l.pem) com margem póstero-dorsal truncada e adornada com longas
cerdas, vista dorsal (Fig. 31A); projeções ventromediais da ponte epifálica mediana
(p.pem) com reentrância central em formato de “V”, com angulação de
aproximadamente 90 graus e reentrâncias laterais ausentes, em vista dorsal (Fig.
31A); projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(p.l.pem) delgada desde a sua base e convergente, quando em vista dorsal e ventral
(Fig. 31A,B); em vista lateral, esta projeção (p.l.pem) apresenta-se com formato
triangular e ápice arredondado (Fig. 31C); projeção ventromedial do lobo lateral
posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem) sobrepõem parcialmente ao braço
epifálico lateral (bel), na sua região mediana, quando em vista lateral (Fig. 31C);
projeção (p.l.pem) curta (tão larga quanto longa), em vista lateral margem latero-
posterior da ponte epifálica mediana (pem) sobrepõem parcialmente a base do lobo
lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem), quando em vista lateral (Fig.
31C). Haste guia (hg): não ultrapassando a base do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana (b.l.pem). Braço epifálico lateral (bel): formando um ângulo de
aproximadamente 30 graus com a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica
mediana (b.l.pem), quando em vista lateral (Fig. 31C); margem dorsal da porção
mediana do braço epifálico lateral (bel) aculiforme, pouco proeminente, convergente
e projetada medialmente, em vista dorsal (Fig. 31A); braço epifálico lateral (bel) com
61
ápice bifurcado em forma de “V” e angulação entre as projeções dorsal (pd.bel) e
ventral de aproximadamente 90 graus, quando em vista lateral (Fig. 31C); projeções
dorsais do ápice dos braços epifálico lateral (pd.bel) 2-3 vezes mais altas que as
projeções ventrais (pv.bel), em vista lateral (Fig. 31C); projeções dorsais do ápice do
braços epifálicos laterais (pd.bel) bipartidos, em vistas dorsal e ventral (Fig. 31A,B);
projeções dorsais do ápice dos braços epifálicos laterais (pd.bel) subtruncado nos
2/3 inferior e acuminado no terço superior, em vista lateral (Fig.31C); projeções
ventrais dos ápices dos braços epifálicos laterais (pv.bel) com extremidade afilada,
em vista lateral (Fg. 31C); em vistas dorsal e ventral, a projeção ventrais dos braços
epifálicos laterais (pv.bel) são falciformes, convergentes, tendo ápices não se
sobrepondo e afilados (Fig. 31A,B); projeções ventrais dos ápices dos braços
epifálicos laterais (pv.bel) com expansão arredondada em 2/3 inferiores de sua
borda interna e terço superior afilado e convergente, quando em vista ventral (Fig
31B); braço epifálico lateral (bel) mais curto que a ponte epifálica mediana (pem +
b.l.pem), quando em vista dorsal (Fig. 31A). Apódema endoparâmico (ae):
levemente curvado ventralmente, em vista lateral (Fig. 31C).
Condição do holótipo: alfinetado; antenas quebradas sendo a esquerda com
apenas o escapo e pedicelo; tégmina com furo na região apical; pernas anteriores e
medianas presentes, mas apenas com o tarsômero da perna anterior direta
presente; pernas posteriores ausentes; abdome retorcido com porção posterior
apresentando incisão nos pleuritos para a retirada da genitália; cercos quebrados e
colados ao corpo por sua base. Genitália masculina dissecada e colocada em
microtubo com glicerina. Microtubo mantido junto ao holótipo.
Comentários: A redescrição das características morfológicas externas baseada no
holótipo foi dificultada pelo mal estado de conservação do espécime, pois além da
ausência de partes do corpo, o abdome retorcido e com partes recobertas por cola.
A genitália pode apresentar alguma modificação da posição das peças devido ao
processo de secagem do holótipo. Este processo pode ter levado à uma contração
de membranas que unem os escleritos causando alguma modificação de sua
posição original. A coloração do espécime está variando de marrom escuro a
marrom claro não sendo útil na definição de características diagnósticas.
62
Fêmea: desconhecida.
Registros de ocorrência: Brasil (Saussure, 1874); Brasil, Pernambuco (Saussure,
1897); e México (Otte e Pérez-Gelabert, 2009).
Material examinado. Paragryllus rex, holótipo, macho (SMTD), etiquetado:
Paragryllus, gner. rex, Saussure ♂ [escrito à mão] \ Coll. Zool. Mus. Leipzig
Ubernohme 1971 [impresso] \ TYPE [impresso em etiqueta vermelha] \ Paragryllus
rex Saussure 1874 [escrito à mão] LAURE DESUTTER DET. [impresso] \ Staatl.
Museum für Tierkunde Dresden [impresso].
63
Figura 30. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus rex. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) tégmina direita, vista dorsal; (D) placa supra-anal, vista dorsal; (E) placa subgenital, vista ventral.
Figura 31. Genitália do holótipo de Paragryllus rex. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem = ponte epifálica mediana; pd.bel= projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel = projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami.
64
Paragryllus temulentus Saussure, 1878
(Figuras 32-33)
Paragryllus temulentus Saussure, 1878: 553 [Descrição original]
Paragryllus temulentus: Saussure, 1897:242, Fig. XII (2-7) [Novo registro]
Paragryllus temulentus: Renh (1917): 130 [Novo registro]
Paragryllus temulentus: Chopard, 1956: 256 [Novo registro]
Paragryllus temulentus: Chopard, 1968: 275 [Citação]
Paragryllus temulentus: Hollier, 2013: [Citação]
Paragryllus (Paragryllus) temulentus: Eades et al., 2016, Fig. 1-6 [Catálogo on line;
Citação como subgênero]
Diagnose: placa supra-anal com projeções lamelares maiores que a largura do
décimo tergito abdominal, quando em vista dorsal (Fig. 32D); projeções
ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem) com reentrância central em
formato de “U” e reentrâncias laterais fundidas à ponte epifálica mediana (pem), em
vista dorsal (Fig. 33A); base do lobo lateral da ponte epifálica mediana (b.l.pem)
posterior e braço epifálico lateral (bel) formando um ângulo de aproximadamente 60
graus, quando em vista lateral (Fig. 33C).
Redescrição. Holótipo macho. Mensurações (mm): CC 19; CCT 23; CP 3.5; LP 5;
LC 3.87; CT 17; LCDT 9; CFA 7.21; CCE 17.25. Cabeça (Fig. 32A,B): coloração
geral marrom claro; olhos proeminentes, três ocelos, sendo um central superior entre
os olhos e dois inferiores, alinhados com a borda inferior dos olhos; escapo,
pedicelos e flagelo marrom claro; mancha amarelada no fastígio; gena marrom claro;
labro amarelado, mandíbula marrom e ápice amarelado; palpos maxilar marrom
claro. Tórax (Fig. 32B): borda anterior do pronoto com cerdas longas; disco dorsal
rugoso, de coloração marrom claro, portando uma linha central e algumas manchas
marrom escuro; lobo lateral com coloração marrom escuro, com borda posterior
menor que o anterior; lobo lateral com borda anterior amarelada; primeiro e segundo
pares de pernas com coloração marrom claro; tíbia anterior com tímpano externo e
interno ovais; tíbia anterior com dois esporões apicais e tíbia mediana com três
esporões apicais; tégmina excedendo o abdome, área apical desenvolvida (32C);
espelho com cinco veias arqueadas e concêntricas; harpa com oito veias oblíquas;
65
asas posteriores ultrapassando o ápice das tégminas (Fig. 32C). Abdome (Fig.
32D,E): coloração geral marrom claro; tergitos com faixa pubescentes nas porções
medianas e laterais; placa supra-anal com borda posterior arredondada e par de
projeções lamelares ultrapassando o ápice da placa subgenital duas vezes, em vista
dorsal (Fig. 32D); placa subgenital mais longa do que larga, borda posterior
arredondada (Fig. 32E); cercos marrom. Genitália do macho (Fig. 33A-C): ponte
epifálica mediana (pem): base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(b.l.pem) mais estreita que a ponte epifálica mediana (pem), quando em vista dorsal
(Fig. 33A); base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) com
margem póstero-dorsal sub-arredondada e portando longas cerdas, em vista dorsal
e ventral (Fig. 33A,B); projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem)
com reentrância central em formato de “U” e reentrâncias laterais fundidas à ponte
epifálica mediana (pem), em vista dorsal (Fig. 33A); projeção ventromedial do lobo
lateral posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem) delgada desde a base e
convergente, em vistas dorsal e ventral (Fig. 33A,B); em vista lateral, esta projeção
(p.l.pem) apresenta-se mais longa do que alta, afilando da base em direção ao
ápice, levemente arqueada no terço posterior e com ápice sub-arredondado (Fig.
33C); projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(p.l.pem) sobrepõem parcialmente o braço epifálico lateral (bel), na sua região
mediana, quando em vista lateral (Fig. 33C); margem latero-posterior da ponte
epifálica mediana (pem) sobrepõem parcialmente a base do lobo lateral posterior da
ponte epifálica mediana (b.l.pem) (Fig. 33C). Haste guia (hg): curta, com ápice
côncavo e não ultrapassando a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica
mediana (b.l.pem), em vista dorsal (Fig. 33A). Braço epifálico lateral (bel): forma um
ângulo de aproximadamente 60 graus com a base do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana (b.l.pem), quando em vista lateral (Fig. 33C); margem dorsal da
porção mediana do braço epifálico lateral (bel) acuminada, robusta, convergente e
projetada medialmente, em vista dorsal (Fig. 33A); braço epifálico lateral (bel) com
ápice bifurcado em forma de “V”, vista e angulação entre as projeções dorsais
(pd.bel) e ventrais (pv.bel) de aproximadamente 90 graus, vista lateral (Fig. 33C);
projeções dorsais do ápice do braço epifálico lateral (pd.bel) aproximadamente 1,5
vezes mais espessa que as projeções ventrais do ápice do braço epifálico lateral
(pv.bel), em vista lateral (Fig. 33C); projeções dorsais do ápice do braço epifálico
lateral (pd.bel) expandida e sub-arredondada, em vista lateral (Fig. 33C); projeções
66
ventrais do ápice do braço epifálico lateral (pv.bel) direcionada ventralmente e
extremidade arredondada, em vista lateral (Fig. 33C), em vista ventral, apresenta-se
falciforme, curvada medialmente, com ápices sobrepostos e porção anterior com
uma expansão arredondada (Fig. 33B); braço epifálico lateral (bel) tão longo quanto
a ponte epifálica mediana (pem + p.l.pem), quando em vista dorsal (Fig. 33A).
Apódema endoparâmico (ae): sub-reto, em vista lateral (Fig. 33C).
Condição do holótipo: alfinetado; antena esquerda com antenômeros colados;
palpos maxilar quebrado e palpos labial direito ausente; tégmina com a região apical
apresentando um rasgo; pernas anteriores presentes, mas apenas com o tarsômero
da perna anterior direta presente; perna mediana esquerda presente, mas com
ausência do tarso e ausência da direita; pernas posteriores ausentes; abdome
retorcido com porção posterior apresentando incisão nos pleuritos para a retirada da
genitália. Genitália masculina colocada em microtubo com glicerina. Microtubo
mantido junto ao holótipo.
Comentários: A redescrição das características morfológicas externas foram
baseadas no holótipo, sendo dificultada pelo mal estado de conservação do
espécime, pois além da ausência de partes do corpo o abdome encontra-se
encoberto por cola.
Registros de ocorrência: Brasil (Saussure, 1878); México, Tabasco, Teapa e Costa
Rica (Saussure, 1893); Brasil, Rondônia, Porto Velho (Rehn, 1917); Guiana, Bartica
(Rehn, 1917); Bolivia (Chopard, 1956); Brasil, Minas Gerais, Alto Caparaó (Novo
registro).
Material examinado: Paragryllus temulentus, holótipo macho, (MNHG), etiquetado:
Brasil Virm [escrito à mão em etiqueta verde] \ 939 [impresso] \ Paragryllus
temulentus Sauss. [escrito à mão] \ TYPE [impresso em etiqueta vermelha] \
Paragryllus temulentus Sauss. TYP. [escrito à mão] \ Paragryllus [escrito à mão] \
Paragryllus Guér. [escrito à mão] \ Dorsa BGpartemHTM [impresso]. Outro material
examinado: 5 espécimes machos: BRASIL, estado de Minas Gerais, Parque
Nacional do Caparaó (PARNA Caparaó), Vale Verde, coleta direta em tronco de
árvore. 03-05.xi.2013. Fabiene M. de Jesus e Marcelo R. Pereira col. [escrito à mão].
67
Figura 32. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus temulentus. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) tégmina direita, vista dorsal; (D) placa supra-anal, vista dorsal; (E) placa subgenital, vista ventral.
Figura 33. Genitália do holótipo de Paragryllus temulentus. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem= ponte epifálica mediana; pd.bel = projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami.
68
Paragryllus elapsus Desutter-Grandcolas, 1992
(Figuras 34-37)
Paragryllus elapsus Desutter-Grandcolas, 1992:151, Fig. 67-72 [Descrição original]
Paragryllus elapsus: Otte e Perez-Gelabert, 2009; 674 [Citação]
Paragryllus (Paragryllus) elapsus: Eades et al. 2016 [Catálogo on line; Citação como
subgênero]
Informação adicional à descrição original. Macho (Fig. 34, 36A-C, 37A): tórax
dentes com formato irregular e assimétricos, fileira de dentes presente sobre a
margem posterior da veia Cu2 (Fig. 34E). Genitália do macho (Fig. 36A-C): ponte
epifálica mediana (pem): base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(b.l.pem) mais estreita do que a ponte epifálica mediana (pe.m), quando em vista
dorsal (Fig. 36A); base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem)
com margem póstero-dorsal arredondada e portando longas cerdas, em vista dorsal
e lateral (Fig. 36A,C); projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem)
(Fig. 36A); reentrância acentuada em forma de “V” entre a base dos lobos laterais
posteriores da ponte epifálica mediana (p.l.pem) e angulação de aproximadamente
120 graus, em vista dorsal (Fig. 36A); margem latero-posterior com reentrância em
formato de “U”, em vista dorsal (Fig. 36A); projeção ventromedial do lobo lateral
posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem) delgada desde a base e curvada
convergente, quando em vistas dorsal e ventral (Fig. 36B); em vista lateral, esta
projeção (p.l.pem) apresenta-se arqueado, longo (mais longo quanto largo), com
aproximadamente a mesma espessura desde a base e com ápice sub-arredondado
(Fig. 36C); placa interna do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(pi.l.pem) proeminente e côncava, quando em vista ventral (Fig. 36B); projeção
ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem)
sobrepõem o braço epifálico lateral (bel) na sua região apical, entre as projeções
dorsal (p.d.bel) e ventral (p.v.bel), quando em vista lateral (Fig. 36C); margem latero-
posterior da ponte epifálica mediana (pem) sobrepõem parcialmente a base do lobo
lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) (Fig. 36C). Haste guia (hg):
ápice arredondado e ultrapassando a margem posterior da base da projeção
ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) e com
ápice redondo, em vista dorsal (Fig. 36A). Braço epifálico lateral (bel): região de
69
transição em formato circular, com a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica
mediana (b.l.pem), quando em vista lateral (Fig. 36C); margem dorsal da porção
mediana do braço epifálico lateral (bel) com formato lamelado retorcido, robusto,
convergente e projetado medialmente, em vista dorsal (Fig. 36A); braço epifálico
lateral (bel) com ápice bifurcado em forma de “U”, em vista lateral (Fig. 36C);
projeções dorsais (pd.bel) sutilmente mais alta que as projeções ventrais (pv.bel);
projeções dorsais do ápice do braço epifálico lateral (p.d.bel) com formato triangular
isósceles, acuminado e com um recorte em formato de “U” próximo a base, em vista
lateral (Fig. 36C); projeções ventrais do ápice do braço epifálico lateral (pv.bel) com
2/3 anterior expandido e terço posterior afilado e com ápice arredondado e curvado
ventralmente, quando em vista lateral (Fig. 36C); projeções ventrais do ápice dos
braços epifálicos laterais (pv.bel) com a base alargada e possuindo uma projeção
aculiformes em cada lateral e ápice mais afilado, falciforme e convergente, porção
anterior com uma expansão em formato de carena não sobrepondo as
extremidades, quando em vista ventral (Fig. 36B); braço epifálico lateral (bel) mais
curto que a ponte epifálica mediana (pem + b.l.pem), quando em vista dorsal (Fig.
36A). Apódema endoparâmico (ae): sub-reto, em vista lateral; terço apical
divergente, em vistas dorsal e ventral (Fig. 36A,B). Fêmea (Fig. 35A-F, 36D-F, 37B):
Ovipositor (Fig. 36D): marrom claro com a expansão lateral subapical das valvas
dorsais marrom escuro; margem dorsal do ápice das valvas dorsais nitidamente
serrilhadas e margem ventral do ápice das valvas ventrais com serrilhas pouco
evidentes; valva dorsal esquerda mais longa que a direita; duas projeções presentes
na margem ventral das valvas ventrais anteriormente a expansão lateral subapical
das valvas dorsais. Papila copulatória (Fig. 36E,F): membranosa, retangular, mais
longa que larga, ápice tão largo quanto a base e levemente plissada em toda sua
extensão; ápice com uma projeção arredondada, centralizada, em vista dorsal, e
próximo a margem inferior, em vista lateral; terço posterior curvado ventralmente.
Registro de ocorrência: Guiana Francesa, Arataye (Desutter-Grandcolas, 1992);
Brasil, Ceará, Ubajara (Novo registro).
Material examinado: dois machos e duas fêmeas: Brasil, estado do CE, município
de Ubajara, Parque Nacional de Ubajara, 10-14.i.2013. E. Zefa e equipe. CNPq-
SISBIOTA. (INPA).
70
Figura 34. Características morfológicas externas masculina de Paragryllus elapsus. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa subgenital, vista ventral.
71
Figura 35. Características morfológicas externas femininas de Paragryllus elapsus. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) fêmur posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa subgenital, vista ventral.
72
Figura 36. Genitálias e ovipositor de Paragryllus elapsus. A-C: genitália masculina; D-F: fêmea. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral; (D) região apical do ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista dorsal; (F) papila copulatória, vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem = ponte epifálica mediana; pd.bel = projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel = projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami.
73
Figura 37. Hábito dorsal de Paragryllus elapsus. (A) macho; (B) fêmea. Foto: L. Martins.
74
Paragryllus minutus Gorochov, 2009
(Figuras 38-42)
Paragryllus (Paragryllus) minutus Gorochov, 2009: 574, Fig. 4(1-3) [Descrição
original]
Descrição da fêmea (Figs. 40-42A). Semelhante ao macho. Corpo pequeno, sendo
maior que o macho e de coloração pálida com manchas marrom escuro. Cabeça
(Fig. 40A-C): vértice pálido; face marrom escuro; olhos proeminentes; três ocelos,
sendo um central superior entre os olhos e dois inferiores, alinhados com a borda
inferior dos olhos; escapos e pedicelos marrom escuro, flagelo marrom claro; gena
marrom escuro; clípeo, labro e mandíbula pálidos; palpos labiais marrom claro com o
último artículo acinzentado e apicalmente pálido, palpos maxilares e labiais pálidos,
quinto articulo do palpo maxilar e terceiro articulo do palpo labial mais longos que os
demais, tendo o ápice arredondado. Tórax (Fig. 40B-D): borda anterior e posterior
do pronoto com longas cerdas, disco dorsal rugoso, de coloração pálida, com
manchas marrom claro na porção central e borda posterior; disco dorsal com um par
de mancha em formato piriforme, em vista dorsal (Fig. 40B); lobo lateral marrom
escuro e com borda posterior menor que o anterior (Fig. 40C); primeiro e segundo
par de pernas com coloração pálida e terceiro par de pernas pálido e manchado de
marrom claro; tíbia anterior com tímpanos externo e interno ovais; tíbia anterior com
dois esporões apicais e tíbia mediana com dois esporões apicais; tíbia posterior com
três esporões dorsais internos e externos, três esporões apicais internos e três
esporões apicais externos; tégmina marrom claro excedendo o abdome, com veias
simplificadas dispostas paralelamente ao longo de toda a sua extensão; asas
posteriores ultrapassando o ápice das tégminas. Abdome (Fig. 40E,F): tergitos i-viii
com região central pálida e tergitos ix-x marrom escuro e esternitos com coloração
pálida, em vista ventral; tergitos com faixa pubescente nas porções medianas e
laterais; placa supra-anal marrom escuro, com borda posterior pálida e arredondada,
(Fig. 40E); placa subgenital mais larga do que longa com reentrância no ápice em
formato côncavo (Fig. 40F); cercos marrom claro. Ovipositor (Fig. 41D): marrom
claro com a expansão lateral subapical das valvas dorsais marrom escuro; margem
dorsal do ápice das valvas dorsais nitidamente serrilhadas e margem ventral do
75
ápice das valvas ventrais com serrilhas pouco evidentes; valva dorsal esquerda mais
longa que a direita; duas projeções presentes na margem ventral das valvas ventrais
anteriormente a expansão lateral subapical das valvas dorsais. Papila copulatória
(Fig. 41E,F): membranosa, alongada, com a base mais larga que o ápice e plissada
em toda sua extensão; em vista lateral, base 3 vezes mais alta que o ápice e este
apresenta-se levemente curvado ventralmente; ápice pouco esclerosado.
Informação adicional dos machos (Fig. 39, 41A-C, 42A): tórax (Fig. 40, 42A-C):
Aparelho estridulatório da tégmina direita com 106-110 dentes (n=3); dentes com
formato triangular, sub-retos e simétrico, fileira de dentes presente sobre a porção
mediana da veia Cu2 (Fig. 39E). Genitália do macho (Fig. 41A-C): ponte epifálica
mediana (pem): base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem)
menor a da ponte epifálica mediana (pem), quando em vista dorsal (Fig. 41A); base
do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) com margem póstero-
dorsal sub-arredondada e adornada com longas cerdas, em vista dorsal (Fig. 41A);
projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem) com reentrância em
formato de “V” com angulação de aproximadamente 90 graus, em vista dorsal,
ausência de reentrâncias laterais (Fig. 41A); projeção ventromedial do lobo lateral
posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem) delgada desde a sua base, curvada e
divergente, quando em vista ventral (Fig. 41B); em vista lateral, esta projeção
(p.l.pem) é curta (tão alta quanto longa) e com ápice arredondado (Fig. 41C);
projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem)
curta, sobrepõem o braço epifálico lateral (bel), próximo a região apical, quando em
vista lateral (Fig. 41C); margem latero-posterior da ponte epifálica mediana (pem)
sobrepõem parcialmente a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(b.l.pem) (Fig. 41C). Haste guia (hg): muito longa, ultrapassando a margem
posterior da base da projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana (b.l.pem), ápice redondo e próximo a projeção dorsal do ápice do
braço epifálico lateral (pd.bel), em vista dorsal (Fig. 41A). Braço epifálico lateral (bel):
forma um ângulo de aproximadamente 45 graus com a base do lobo lateral posterior
da ponte epifálica mediana (b.l.pem), quando em vista lateral (Fig. 41C); margem
dorsal da porção mediana do braço epifálico lateral (bel) com formato lamelado
retorcido, robusto, convergente e projetado medialmente, em vista dorsal (Fig. 41A);
braço epifálico lateral (bel) com ápice bifurcado em forma de “U” com ápice das
76
projeções dorsais (pd.bel) afilados e ventrais (pv.bel) espessos, vista lateral (Fig.
41C); projeções dorsais do ápices do braços epifálicos laterais (pd.bel) 2 vezes mais
altas que as projeções ventrais dos ápices dos braços epifálicos laterais (pv.bel), em
vista lateral (Fig. 41C); porção posterior das projeções ventrais do ápice dos braços
epifálicos laterais (pv.bel) afilados, convergentes, se sobrepondo; e tendo porção
anterior com uma expansão sutilmente arredondada, em vista ventral; braço epifálico
lateral (bel) mais curto que a ponte epifálica mediana (pem + b.l.pem), quando em
vista dorsal (Fig. 41A). Apódema endoparâmico (ae): curvado dorsalmente, em vista
lateral (Fig. 41C) tendo seu terço anterior divergente, em vistas dorsal e ventral (Fig.
41A,B).
Som de chamado: emitido em frases contendo de 09 a 15 notas. Duração das
frases com 09 notas de 0,452 s (n = 01), 10 notas de 0,503 s e 0,509 s (n = 02), 11
notas de 0,562 0,006s (0,557 – 0,574, n= 07), 12 notas de 0,616 0,011 s (0,603 –
0,626, n = 04), 13 notas de 0,683 s (n = 01), 14 notas de 0,737 0,007 s (0,727 –
0,742, n = 04) e de 15 notas de 0,794 s (n = 01). Intervalo entre frases de 14,416
4,901 s (8,01 – 21,66, n = 08). Duração das notas de 0,016 0,001 s (0,013 - 0,019,
n = 42) e intervalo entre notas de 0,039 0,002 s (0,036 – 0,042, n = 39). Banda de
frequência de 4300 a 5340 Hz e frequência dominante de 4806 70,578 Hz (4685 -
4859, n= 05) (Fig. 38).
Figura 38: Espectrograma do som de chamado de P. minutus. Trecho com uma frase contendo 11 notas.
Mensuração (mm). Fêmea (n=2): CC 17.95 ± 0.37 (17.69–18.22); CCT 21.20 ± 0.45
(20.88–21.53); CP 3.39 ± 0,00 (3.39–3.4); LP 4.38 ± 0.11 (4.46–4.30); LC 3.92 ± 0
(3.92); CFA 5.80 ± 0.06 (5.76–5.85); CFP 12.12 ± 0.15 (12.01–12.23); LFP 3.22 ±
0.09 (3.29–3.15); CTP 8.85 ± 0.26 (8.66–9.04); CCE 11.49 ± 4.35 (8.41–14.57); CO
11.78 ± 0.04 (11.81–11.75). Macho (n=03) CC 20.07 ± 0.62 (19.4–0.63); CCT 21.32
± 0.49 (20.79–21.78); CP 3.4 ± 0.05 (3.34–3.45); LP 4.61 ± 0.12 (4.53–4.76); LC
3.94± 0.03 (3.91–3.97); CT 14.94 ± 0.26 (14.71–15.23); LCDT 7.51 ± 0.05 (7.45–
77
7.56); CFA 6.25 ± 0.10 (6.15–6.36); CFP 12.22 ± 0.10 (12.15–12.34); CTP 9.59 ±
0.27 (9.28–9.77); CCE 18.13 ± 3.81 (14.13–21.73).
Registro de ocorrência: Brasil, Paraná, Foz do Iguaçu (Gorochov, 2009); Espírito
Santo, Sooretama, Linhares (Novos registros).
Discussão: O padrão de coloração de Paragryllus minutus o distingue dos demais
congêneres, principalmente pela coloração pálida do corpo associado a banda
escura que se estende da frente até os últimos pleuritos abdominais. Paragryllus
minutus é a única das espécies analisadas do gênero que emite sons de chamado
com frases contendo mais que quatro notas.
Material examinado: Quatro fêmeas e dois machos (INPA): Brasil, ES, Linhares,
Reserva Natural Vale, 19°09’13” S, 40°01’59” W, 23-29.vii.2012. Coleta ativa.
SISBIOTA Processo 563360/2010-0, L.P. Martins, G.L. de Oliveira e E. Zefa (INPA);
uma fêmea, etiquetada: Brasil, ES, Sooretama, REBIO Sooretama, 19°1’ 30.87” S,
40°9’ 33.59” W, 05-08.ix.2015. Coleta ativa. Licença Sisbio n°37717, L.P. Martins,
L.G. Silva, M.R. Pereira e G.L. Oliveira (INPA).
78
Figura 39. Características morfológicas externas masculina de Paragryllus minutus. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa subgenital, vista ventral.
79
Figura 40. Características morfológicas externas feminina de Paragryllus minutus. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) fêmur; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa subgenital, vista ventral.
80
Figura 41. Genitálias e ovipositor de Paragryllus minutus. (A-C) genitália masculina; (D-F) fêmea; (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral; (D) região apical do ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista dorsal; (F) papila copulatória, vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem = ponte epifálica mediana; pd.bel= projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel = projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami.
81
Figura 42. Hábito dorsal de Paragryllus minutus. (A) macho; (B) fêmea. Foto: L. Martins.
82
Paragryllus sp. nov. 1
(Figuras 43-46)
Diagnose: projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem) com
reentrância central em formato de “U” e reentrâncias laterais côncavas, em vista
dorsal (Fig. 45A); margem dorsal da porção mediana do braço epifálico lateral (bel)
afilada e projetada medialmente, em vista dorsal (Fig. 45A); projeção dorsal do ápice
do braço epifálico lateral (pd.bel) expandido e acuminado na extremindade, em vista
lateral (Fig. 45C) e com extremidade arredondada, em vista dorsal (Fig. 45A).
Descrição. Holótipo macho (Fig. 44, 45,46). Mensurações (mm): CC 18.33; CCT
21.87; CP 3.38; LP 4.37; LC 3.85; CT 16.54; LCDT 16.54; CFA 6; CFP 13.19; CTP
10.75; CCE 9.68. Cabeça (Fig. 44A,C): coloração geral marrom claro; occipício
amarelado; vértice marrom claro, em vista dorsal; olhos proeminentes, três ocelos,
sendo um central superior entre os olhos e dois inferiores, alinhados com a borda
inferior dos olhos; escapos, pedicelos e flagelo marrom claro; mancha oval
amarelada centralizada entre os escapos; gena amarelada e manchada de marrom;
clípeo e labro pálido; mandíbula amarelada; palpos maxilar e palpos labial marrom
claro, quinto articulo do palpo maxilar mais longo que os demais, com coloração
acinzentada e ápice arredondado, terceiro articulo do palpo labial mais longo que os
demais, com coloração acinzentada, ápice arredondado e pálido. Tórax (Fig.
44B,G): coloração geral marrom; borda anterior e posterior do pronoto com longas
cerdas longas, disco dorsal rugoso, de coloração marrom claro, com manchas
amareladas em toda região dorsal, porção central manchado de marrom claro e
borda posterior marrom claro; disco dorsal com um par de mancha em formato
piriforme (Fig. 45B); lobo lateral marrom claro, com borda posterior menor que o
anterior e com borda ântero-ventral manchada de amarelo (Fig. 44C); primeiro,
segundo e terceiro pares de pernas com coloração marrom claro; tíbia anterior com
tímpanos externo e interno ovais; tíbia anterior com dois esporões apicais, tíbia
mediana com três esporões apicais; fêmur posterior manchado de marrom escuro
(Fig. 44F); tíbia posterior com o três esporões dorsais internos e quatro esporões
dorsais internos externos, primeiro esporão interno bastante dilatado e arqueado,
segundo esporão apical interno mais longo que o primeiro e terceiro (Fig. 44G);
tégmina excedendo o abdome, área apical desenvolvida (Fig. 44D); espelho com
83
sete arqueadas e concêntricas; harpa com sete veias oblíquas principais e uma veia
ramificada em cinco; asas posteriores ultrapassando o ápice das tégminas; fileira
estridulatória com 123 dentes; dentes com formato triangular, sub-retos e simétrico;
fileira de dentes presente sobre a porção mediana da veia Cu2 (Fig. 44E). Abdome
(Fig. 44H-I): coloração geral marrom claro; tergitos com faixa pubescente nas
porções medianas e laterais; placa supra-anal com borda posterior arredondada e
par de projeções lamelares, formando um ângulo obtuso (Fig. 45H); placa subgenital
aproximadamente tão longa do que larga, borda posterior com leve reentrância (Fig.
44I); cerco marrom claro. Genitália do macho (Fig. 45A-C): ponte epifálica mediana
(pem): base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) mais
estreita do que a ponte epifálica mediana (pe.m), quando em vista dorsal (Fig. 46A);
base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) com margem
póstero-dorsal sub-reta e portando longas cerdas, em vista dorsal e lateral (Fig.
45A,C); projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem) com
reentrância central em formato de “U” e reentrâncias laterais côncavas, em vista
dorsal (Fig. 45A); projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica
mediana (p.l.pem) delgada desde a base e curvada convergente, quando em vistas
dorsal e ventral (Fig. 45A,B); em vista lateral, esta projeção (p.l.pem) apresenta-se
alongada, com aproximadamente a mesma espessura desde a base e com ápice
sub-arredondado (Fig. 45C); projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana (p.l.pem) se sobrepõem ao braço epifálico lateral (bel),
ultrapassando a borda inferior da região mediana, quando em vista lateral (Fig. 45C);
margem latero-posterior da ponte epifálica mediana (pem) não sobrepõem a base do
lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem), quando em vista lateral
(Fig. 45C). Haste guia (hg): ápice côncavo e não ultrapassando a base do lobo
lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem), em vista dorsal (Fig. 45A).
Braço epifálico lateral (bel): formando um ângulo de aproximadamente 45 graus com
a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem), quando em
vista lateral (Fig. 45C); margem dorsal da porção mediana do braço epifálico lateral
(bel) afilada e projetada medialmente, em vista dorsal (Fig. 45A); braço epifálico
lateral (bel) com ápice bifurcado em forma de “V” e angulação entre as projeções
dorsal (pd.bel) e ventral (pv.bel) de aproximadamente 45 graus, em vista lateral (Fig.
45C); projeções dorsais do ápice do braço epifálico lateral (p.d.bel) 2-3 vezes mais
alta que as projeções ventrais do ápice do braço epifálico lateral (pv.bel), em vista
84
lateral (Fig. 45C); projeções dorsais do ápice do braço epifálico lateral (p.d.bel)
expandido e acuminado na extremidade, em vista lateral (Fig. 45C); projeções
dorsais do ápice do braço epifálico lateral (p.d.bel) com extremidade arredondada,
em vista dorsal (Fig. 45A); projeções ventrais do ápice do braço epifálico lateral
(pv.bel) com extremidade arredondada, quando em vista lateral (Fig. 45C); em vista
dorsal, apresenta-se falciforme, curvada, com ápices sobrepostos e porção anterior
com uma expansão arredondada (Fig. 45A); braço epifálico lateral (bel) mais longo
que a ponte epifálica mediana (pem + b.l.pem), quando em vista dorsal (Fig. 45A).
Apódema endoparâmico (ae): sub-reto e terço apical divergente, em vistas dorsal,
ventral e lateral (Fig. 45A-C).
Som de chamado: som estruturado em agrupamentos de frases (Fig. 43A,B), cada
agrupamento constituído por uma nota isolada seguida por número variável de
frases constituídas por 1 a 3 notas, conforme a seguir: 1-2-2-2 (n = 09, Fig. 43A,B),
(n = 03), 1-2-2-2-2 (n = 02, Fig. 43B), 1-2-1 (n = 02, Fig. 43A), 1-1-1-3 (n = 01, Fig.
43A) e 1-1-3-3 (n = 01). Duração dos agrupamentos com o padrão 1-2-2-2 de 0,528
0,010 s (0,508 – 0,542, n= 09) e intervalo entre agrupamentos de 1,395 0,298s
(1,001 – 2,137, n= 17). Dentro dos agrupamentos com padrão 1-2-2-2 a duração das
notas é de 0,020 0,001 s (0,018 – 0,022, n = 21) e a duração das frases com duas
notas de 0,051 0,001 s (0,049 – 0,052, n = 09); o intervalo entre a nota isolada e a
primeira frase de duas notas é de 0,137 0,007 s (0,134 – 0,146, n = 03) e entre as
frases de duas notas o intervalo é de 0,114 0,001 s (0,111 – 0,115, n = 06). Banda
de frequência de 2840 a 4040 Hz e frequência dominante de 3400 Hz.
Figura 43. Espectrograma do som de chamado de Paragryllus sp. nov. 1. Trecho com agrupamentos de frases, cada agrupamento é constituído por frases com o seguinte padrão de notas: (A) 1+1+1+3, 1+2+2+2, 1+2+1 e 1+2+2+2; (B) 1+2+2+2, 1+2+2+2, 1+2+2+2+2 e 1+2+2+2+2+2.
85
Condição do holótipo: acondicionado em via úmida, ausência das pernas anterior
direita, mediana esquerda e da posterior esquerda. Tégmina direita destacada e
genitália masculina dissecada e colocadas em microtubo com glicerina. Microtubo
mantido junto ao holótipo.
Fêmea: desconhecida.
Registros de ocorrência: Brasil, Bahia, Itamaraju.
Discussão: Paragryllus sp. nov.1 é similar a Paragryllus sp. nov. 2 pela coloração
geral do corpo; mancha oval amarelada centralizada entre os escapos; projeções
ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem) com reentrância central em
formato de “U”; braço epifálico lateral (bel) formando um ângulo de
aproximadamente 45 graus com a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica
mediana (b.l.pem), quando em vista lateral. Difere pela tíbia posterior com primeiro
esporão interno bastante dilatado e arqueado; fileira estridulatória com 123 dentes;
margem dorsal da porção mediana do braço epifálico lateral (bel) afilada, em vista
dorsal. Paragryllus sp. nov. 2 possui tíbia posterior com primeiro esporão apical
bastante dilatado e em formato cilíndrico; fileira estridulatória com 145 dentes;
margem dorsal da porção mediana do braço epifálico lateral (bel) sub-arredondado,
em vista dorsal. Paragryllus sp. nov. 1 e Paragryllus sp. nov. 2 emitem sons de
chamado estruturados em agrupamentos de frases, no entanto, enquanto naquela
os agrupamentos são sempre precedidos por uma nota isolada, neste o
agrupamento inicia por uma frase contendo duas notas, além disso, as frases de
Paragryllus sp. nov. 01 possuem maior duração (0,059 – 0,081 s, n = 15) daquelas
emitidas por Paragryllus sp. nov. 02 (0,049 – 0,052 s, n = 09).
Material examinado: holótipo, macho. Etiquetado: BRASIL, BA, Itamaraju,
Parque Nacional do Monte Pascoal, 16°53’01” S, 39°23’23” W, 09-16.VII.2012.
Coleta ativa. SISBIOTA Processo 563360/2010-0. L.P. Martins, G.L. de Oliveira e E.
Zefa. 06 BOB (INPA).
86
Figura 44. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov. 1. (A) cabeça, vista frontal; B. cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa subgenital, vista ventral.
Figura 45. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 1. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral. Legenda: ae= apódema endoparâmico; bel= braço epifálico lateral; b.l.pem= base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; l.pem= lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem= ponte epifálica mediana; pd.bel= projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel = projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem= projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r= rami.
87
Figura 46. Hábito dorsal do holótipo de Paragryllus sp. nov. 1. Foto: L. Martins.
88
Paragryllus sp. nov. 2
(Figuras 47-51)
Diagnose: projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem) com
reentrância central e laterais em formato de “U”, em vista dorsal (Fig. 50A); margem
dorsal da porção mediana do braço epifálico lateral (bel) sub-arredondada e
projetada medialmente, em vista dorsal (Fig. 50A); projeções dorsais dos ápices dos
braços epifálicos laterais (pd.bel) expandidas e com extremidades arredondadas, em
vista lateral (Fig. 50C).
Descrição. Holótipo macho (Fig. 48, 50A-C, 51A). Mensurações (mm): CC 24.25;
CCT 26.16; CP 3.9; LP 5.23; LC 4.28; CT 19.6; LCDT 9,27; CFA 7.38; CFP 15.29;
CTP 12.44; CCE 18.17. Cabeça (Fig. 48A-C): coloração marrom; occipício
amarelado; vértice marrom claro, em vista dorsal; fastígio marrom, em vista dorsal;
olhos proeminentes; três ocelos, sendo um central superior entre os olhos e dois
inferiores, alinhados com a borda inferior dos olhos; escapos, pedicelos e flagelo
marrom; mancha oval amarelada centralizada entre os escapos; mancha marrom
centralizada acima da sutura epistomal; clípeo e labro com coloração pálida;
mandíbula marrom manchada de amarelo; palpos maxilar e palpos labial marrom,
quinto articulo do palpo maxilar mais longo que os demais, ápice com coloração
pálido e arredondado, terceiro articulo do palpo labial mais longo que os demais,
ápice com coloração desbotado e arredondado. Tórax (Fig. 48B-G): coloração geral
marrom; borda anterior e posterior do pronoto com cerdas longas; disco dorsal
rugoso, de coloração marrom com manchas amareladas em toda região dorsal,
borda posterior marrom escuro e portando uma linha central e algumas manchas
marrom escuro; disco dorsal com um par de mancha marrom amarelado em formato
piriforme, em vista dorsal (Fig. 48B); lobo lateral com coloração marrom escuro e
borda lateral inferior amarelada (Fig. 48C); primeiro e segundo pares de pernas com
coloração marrom; tíbia anterior com tímpano externo e interno ovais; tíbia anterior
com dois esporões apicais e tíbia mediana com três esporões apicais; fêmur
posterior marrom e manchado de amarelo na região posterior (Fig. 48F); tíbia
posterior com três esporões dorsais internos e três esporões dorsais externos,
primeiro esporão apical bastante dilatado e em formato cilíndrico (Fig. 48G); tégmina
excedendo o abdome, área apical desenvolvida (Fig. 48D); espelho com oito veias:
89
sete principais e um transversal incompleta arqueadas e concêntricas; harpa com
seis veias oblíquas; fileira estridulatória com 145 dentes; asas posteriores
ultrapassando o ápice das tégminas; dentes com formato triangular, sub-retos e
simétrico; fileira de dentes presente sobre a porção mediana da veia Cu2 (Fig. 48E).
Abdome (Fig. 48H,I): coloração marrom; tergitos com faixa pubescentes nas
porções medianas e laterais; esternitos com coloração marrom claro; placa supra-
anal com borda posterior arredondada e par de projeções lamelares formando um
ângulo agudo (Fig. 48H); placa subgenital com formato trapezoidal, ápice
arredondado e leve reentrância (Fig. 48I); cercos marrom escuro. Genitália do
macho (Fig. 50A-C): ponte epifálica mediana (pem): base do lobo lateral posterior
da ponte epifálica mediana (b.l.pem) mais estreita do que a ponte epifálica mediana
(pem), quando em vista dorsal (Fig. 50A); base do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana (b.l.pem) com margem póstero-dorsal levemente arredondada e
portando longas cerdas, vista dorsal e ventral (Fig. 50A,B); projeções ventromediais
da ponte epifálica mediana (p.pem) com reentrância central e laterais em formato de
“U”, em vista dorsal (Fig. 50A); projeção ventromedial do lobo lateral posterior da
ponte epifálica mediana (p.l.pem) robusta desde a base, quando em vista lateral, e
convergente, em vistas dorsal e ventral (Fig. 50A,B); em vista lateral, esta projeção
(p.l.pem) apresenta-se mais longa do que alta e com ápice sub-arredondado (Fig.
50C); projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(p.l.pem) se sobrepõem e ultrapassa a borda inferior da região mediana do braço
epifálico lateral (bel), quando em vista lateral (Fig. 50C); margem latero-posterior da
ponte epifálica mediana (pem) não sobrepõem a base do lobo lateral posterior da
ponte epifálica mediana (b.l.pem) (Fig. 50C). Haste guia (hg): ápice sub-arredondado
e não ultrapassando a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(b.l.pem), em vista dorsal (Fig. 50A). Braço epifálico lateral (bel): formando um
ângulo de aproximadamente 45 graus com a base do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana (b.l.pem), quando em vista lateral (Fig. 50C); margem dorsal da
porção mediana do braço epifálico lateral (bel) sub-arredondado e projetada
medialmente, em vista dorsal (Fig. 50A); braço epifálico lateral (bel) com ápice
bifurcado em forma de “V” e angulação entre as projeções dorsal (pd.bel) e ventral
de aproximadamente 35 graus, em vista lateral (Fig. 50C); projeções dorsais do
ápice do braço epifálico lateral (p.d.bel) 4-5 vezes mais alta que as projeções
ventrais do ápice do braço epifálico lateral (pv.bel), em vista lateral (Fig. 50C);
90
projeções dorsais do ápice do braço epifálico lateral (pd.bel) expandida e com
extremidade arredondada, em vista lateral (Fig. 50C); projeções ventrais do ápice do
braço epifálico lateral (pv.bel) reta, em vista lateral; em vistas dorsal e ventral, o
braço epifálico lateral (pv.bel) apresenta formato falciforme, convergente, com ápices
se sobrepondo, arredondados e porção anterior com uma sutil expansão
arredondada (Fig. 50A,C); braço epifálico lateral (bel) mais curto que a ponte
epifálica mediana (pe.m + b.l.pem), quando em vista dorsal (Fig. 50A); braço
epifálico lateral (bel) bastante comprimido na região mediana, quando em vista
ventral (Fig. 50B). Apódema endoparâmico (ae): sub-reto, terço apical voltado para
fora e com aumento em largura em direção ao ápice, em vistas dorsal e ventral; em
vista lateral, curvado dorsalmente na metade anterior (Fig. 50C). Fêmea (Fig. 49,
50D-F, 51B): forma corporal e padrão de cor semelhante ao macho, apresentando
apenas as seguintes diferenças: placa supra-anal em formato triangular com ápice
arredondado (Fig. 50E); ausência de projeções lamelares na placa supra-anal (Fig.
50E); placa subgenital mais larga do que longa com reentrância no ápice em formato
“v” (Fig. 50F). Ovipositor (Fig. 50D): marrom claro com a expansão lateral subapical
das valvas dorsais marrom escuro; margem dorsal do ápice das valvas dorsais e
margem ventral do ápice das valvas ventrais nitidamente serrilhadas; valvas dorsais
com aproximadamente o mesmo comprimento; uma sutil projeção presente na
margem ventral das valvas ventrais anteriormente a expansão lateral subapical das
valvas dorsais. Papila copulatória (Fig. 50E-F): membranosa, sub-retangular,
plissada em toda sua extensão, projeção apical digitiforme com extremidade
arredondada e esclerosada (Fig. 50E); achatada dorsoventralmente (vista lateral,
Fig. 50F) com projeção apical curvada ventralmente, quando em vista lateral (Fig.
50F).
Som de chamado: som estruturado em agrupamentos de frases, cada agrupamento
é constituído por quatro a seis frases de duas notas (Fig. 47). Duração dos
agrupamentos com quatro frases de 0,670 e 0,688 s (n = 02), com cinco frases de
0,867 0,014 s (0,940 – 0,965, n = 10) e de seis frases de 1,052 s (n = 01); intervalo
entre agrupamentos de frases de 1,842 0,571 s (1,316 – 3,200, n = 13); duração
das frases de 0,071 0,014 s (0,059 – 0,081, n = 15) e intervalo entre frases de
0,123 0,008 s (0,112 – 0,136, n = 12); duração das notas de 0,028 0,005 s (0,017
– 0,033, n = 30) e intervalo entre notas de 0,020 0,003 s (0,017 – 0,028, n = 15).
91
Banda de frequência de 2400 a 3600 Hz e frequência dominante de 3074 Hz.
Variação: dois agrupamentos de frases apresentaram uma nota isolada precedendo
as cinco (Fig. 47) ou seis frases subsequentes de duas notas.
Figura 47. Espectrograma do som de chamado de Paragryllus sp. nov. 2. Trecho com dois agrupamentos de frases, sendo o primeiro com padrão de 1+2+2+2+2+2 frases e o segundo de 2+2+2+2+2 frases.
Mensurações (mm): macho (n= 02, incluindo o holótipo): CC 23.59 ± 0.93
(22.93–24.25); CCT 25.73 ± 0.60 (25.3–26.16); CP 3.83 ± 0.09 (3.83–3.76); LP 5.17
± 0.08 (5.11–5.23); LC 4.25 ± 0.03 (4.23–4.28); CT 12.37 ± 0.20 (12.23–12.52);
LCDT 9.29 ± 0.02 (9.27–9.31); CFA 7.31 ± 0.09 (7.25–7.38); CFP 15.18 ± 0.14
(15.08–15.29); CTP 12.42 ± 0.021 (12.41–12.44); CCE 20.33 ± 3.05 (18.17–22,49).
Fêmea (n= 03): CC 20.65 ± 1.40 (19.14–21.92); CCT 26,40 ± 0.38 (26.13–26.84);
CP 3.87 ± 0.18 (3.67–4.02); LP 4.95 ± 0.24 (4.68–5.17); LC 4.16 ± 0.16 (3.98–4.30);
CFA 6.51 ± 0.29 (6.31–6.85); CFP 14.81 ± 0.73 (14.18–15.62); CTP 11.63 ± 0.37
(11.23–11.96); CCE 21.75 ± 5.20 (15.74–24.98); CO 15.14 ± 0.57 (14.51–15.62).
Condição do holótipo: acondicionado em via úmida. Tégmina direita destacada e
genitália masculina dissecada e colocadas em microtubo com glicerina. Microtubo
mantido junto ao holótipo.
Registros de ocorrência: Brasil, Espirito Santo, Santa Teresa e Sooretama.
Discussão: Ver discussão em Paragryllus sp. nov. 1.
Material examinado: holótipo macho. Etiquetado: BRASIL, ES, Santa Teresa, Est.
Biol. Santa Lúcia, 19°58’ 6.98” S, 40°32’22’.56W, 31.vii – 04.ix.2015. Coleta ativa.
L.P. Martins; L.G. Silva; M.R. Pereira e G.L. Oliveira, 161 BOB (INPA). Parátipos:
um macho e três fêmeas, mesmos dados do holótipo, 158 BOB (INPA); um macho e
uma fêmea, etiquetados: Brasil, ES, Rebio A. Ruschi, licença Sisbio 37717,
92
17.vi.2013. Coleta ativa. Marcelo R. Pereira; Thiago G. Kloss, Fabiene M. de Jesus e
Gabriel L. de Oliveira Col (MZUSP); uma fêmea etiquetada: Brasil, ES, Sooretama,
19°1’ 30.87” S, 40°9’ 33.59” W, 05-08.ix.2015. Coleta ativa. Licença Sisbio n°37717.
L.P. Martins; L.G. Silva; M.R. Pereira e G.L. Oliveira (INPA).
Figura 48. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov. 2. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa subgenital, vista ventral.
93
Figura 49. Características morfológicas externas feminina de Paragryllus sp. nov. 2. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; C. cabeça e pronoto, vista lateral; D. fêmur posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa subgenital, vista ventral.
94
Figura 50. Genitálias e ovipositor de Paragryllus sp. nov. 2. (A-C) Genitália do holótipo; (D-F) fêmea. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral; (D) região apical do ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista dorsal; (F) papila copulatória, em vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem = ponte epifálica mediana; pd.bel= projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel = projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami.
95
Figura 51. Hábito dorsal de Paragryllus sp. nov. 2. (A) macho; (B) fêmea. Foto: L. Martins.
96
Paragryllus sp. nov. 3
(Figuras 52-56)
Diagnose: ápice da projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana (p.l.pem) chegando até a borda posterior da base do lobo lateral
posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) (Fig. 55B); Projeção ventromedial do
lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem) com formato de triangular
(tão larga quanto longa), em vista lateral; projeção ventromedial do lobo lateral
posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem) com apenas seu ápice visível em vista
dorsal (Fig. 55A)
Descrição. Holótipo macho (Fig. 53, 55A-C, 56A,C). Mensurações (mm): CC
26.41; CCT 29.82; CP 4.65; LP 5.98; LC 4.81; CT 21.56; LCDT 10.23; CFA 9.35;
CFP 17.93; CTP 15.07; CCE 27.42. Cabeça (Fig. 53A-C): coloração marrom;
occipício amarelado; vértice marrom claro; olhos proeminentes; três ocelos, sendo
um central superior entre os olhos e dois inferiores, alinhados com a borda inferior
dos olhos; escapos e pedicelos marrom claro, flagelo marrom claro; gena amarela
manchada de marrom claro; face marrom claro com manchas amareladas, sendo
duas medianas pequenas e arredondadas, uma entre os escapos antenais, duas na
cavidade antenal arredondada, uma terminando antes da sutura epistomal e duas na
região inferior dos olhos; fastígio marrom; clípeo pálido; palpos maxilar marrom com
o ápice do quinto palpômero pálido, palpos labial marrom claro com o último
palpômero acinzentado e pálido apicalmente, palpos maxilar e palpos labial marrom
claro, quinto artículo do palpo maxilar e terceiro artículo do palpo labial mais longo
que os demais, com ápice pálido e arredondado. Tórax (Fig. 53B-G): coloração
geral marrom; borda anterior e posterior do pronoto com cerdas longas; disco dorsal
rugoso, de coloração marrom com manchas amareladas em toda região dorsal,
borda posterior e uma linha central amarelada; disco dorsal com um par de manchas
marrom e amarelo em formato piriforme, em vista dorsal (Fig. 54B); lobo lateral com
coloração marrom escuro na porção superior e porção inferior amarelada, portando
uma mancha oval centralizada com coloração marrom (Fig. 53C); primeiro, segundo
e terceiro pares de pernas com coloração marrom; tíbia anterior com tímpano
externo e interno ovais; tíbia anterior com dois esporões apicais e tíbia mediana
com três esporões apicais; fêmur posterior marrom e manchado de amarelo na
97
região posterior (Fig. 53F); tíbia posterior com três esporões dorsais internos e três
esporões dorsais externos, primeiro esporão apical bastante dilatado e em formato
ovoide (Fig. 53G); tégmina excedendo o abdome, área apical desenvolvida (Fig.
53D); espelho com nove veias arqueadas e concêntricas; harpa com nove veias: oito
veias principais e uma veia ramificada em cinco oblíquas; fileira estridulatória com
103 dentes; asas posteriores ultrapassando o ápice das tégminas; dentes com
formato triangular, côncavo e simétrico; fileira de dentes presente sobre a porção
mediana da veia Cu2 (Fig. 54E). Abdome (Fig. 53H,I): coloração geral marrom;
tergitos com faixa pubescente nas porções medianas e laterais; esternitos com
coloração marrom claro; placa supra-anal com borda posterior arredondada; par de
projeções lamelares, formando um ângulo obtuso (Fig. 53H); placa subgenital longa
com formato trapezoidal, tendo sua região proximal mais alargada e com ápice
arredondado apresentando uma leve reentrância; cercos marrom claro. Genitália do
macho (Fig. 55A-C): ponte epifálica mediana (pem): base do lobo lateral posterior
da ponte epifálica mediana (b.l.pem) com largura aproximada a da ponte epifálica
mediana (pem), quando em vista dorsal (Fig. 55A); base do lobo lateral posterior da
ponte epifálica mediana (b.l.pem) com margem póstero-dorsal truncada e adornada
com longas cerdas, em vista dorsal (Fig. 55A); projeções ventromediais da ponte
epifálica mediana (p.pem) com reentrância em formato de “V” e com angulação de
aproximadamente 90 graus, em vista dorsal, ausência de reentrâncias laterais (Fig.
55A); projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(p.l.pem) delgada desde a sua base e reta, quando em vista ventral (Fig. 55B); em
vista lateral, esta projeção (p.l.pem) apresenta-se com formato triangular, curta (tão
longa quanto a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana) e com
ápice arredondado (Fig. 55C); projeção ventromedial do lobo lateral posterior da
ponte epifálica mediana (p.l.pem) curta, não sobrepondo o esclerito do braço
epifálico lateral (bel), quando em vista lateral (Fig. 55C); margem latero-posterior da
ponte epifálica mediana (pem) sobrepõem parcialmente a base do lobo lateral
posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) (Fig. 55C). Haste guia (hg):
ultrapassando a margem posterior da base da projeção ventromedial do lobo lateral
posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) e com ápice redondo, em vista dorsal
(Fig. 55A). Braço epifálico lateral (bel): forma um ângulo de aproximadamente 45
graus com a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem),
quando em vista lateral (Fig. 55C); margem dorsal da porção mediana do braço
98
epifálico lateral (bel) arredondada e sutilmente projetada medialmente, em vista
dorsal (Fig. 55A);braço epifálico lateral (bel) com ápice bifurcado em forma de “U”
com projeções dorsal (pd.bel) e ventral (pv.bel) afiladas, vista lateral (Fig. 55C);
projeções dorsais do ápice do braço epifálico lateral (pd.bel) 2-3 vezes mais alta que
as projeções ventrais do ápice do braço epifálico lateral (pv.bel), em vista lateral
(Fig. 55C); porção posterior das projeções ventrais do ápice dos braços epifálicos
laterais (pv.bel) falciformes, convergentes e não se sobrepõem, em vistas dorsal e
ventral; porção anterior das projeções ventrais do ápice dos braços epifálicos laterais
(pv.bel) com uma expansão em formato de carena, em vistas dorsal e ventral; braço
epifálico lateral (bel) mais curto que a ponte epifálica mediana (pem + b.l.pem),
quando em vista dorsal (Fig. 55A). Apódema endoparâmico (ae): curvado
dorsalmente no terço posterior e sub-reto nos 2/3 anterior, em vista lateral; terço
anterior divergente e com aumento gradual em largura em direção ao ápice, em
vistas dorsal e ventral (Fig. 55A,B). Fêmea (Fig. 54, 55D-F, 56B): forma corporal e
padrão de cor semelhante ao macho, apresentando apenas as seguintes diferenças:
placa supra-anal em formato trapezoidal com ápice truncado, portando reentrância
na região lateral medial; ausência de projeções lamelares na placa supra-anal (Fig.
55E); duas manchas marrom circular na região proximal; placa subgenital mais larga
do que longa, com reentrância no ápice em formato de v e angulação inferior a 90
graus (Fig. 55F). Ovipositor (Fig. 55D): marrom claro com a expansão lateral
subapical das valvas dorsais marrom escuro; margem dorsal do ápice das valvas
dorsais nitidamente serrilhadas e margem ventral do ápice das valvas ventrais com
serrilhas pouco evidentes; valvas dorsais com aproximadamente o mesmo
comprimento; três projeções na margem ventral das valvas ventrais, duas anteriores
e outra posterior a expansão lateral subapical das valvas dorsais; uma reentrância
presente com formato de “U” na margem ventral das valvas ventrais anteriormente a
expansão lateral subapical das valvas dorsais. Papila copulatória (Fig. 55E,F):
cônica, membranosa, com base mais larga que o ápice, em vista dorsal (Fig. 55E);
ápice bifurcado, projeções afiladas, com uma projeção esclerosada triangular
centralizada (Fig. 55E); em vista lateral, elipsoide e com ápice fortemente curvado
ventralmente, vista lateral (Fig. 55F).
Som de chamado: som estruturado em frases contendo duas (Fig. 52) ou três
notas. Duração das frases com duas notas de 0,054 0,001 s (0,050 – 0,056, n =
99
35) e com três notas de 0,088 0,001 s (0,086 – 0,090, n = 12). Intervalo entre
frases de 1,363 0,375 s (0,687 – 2,102, n = 33). Duração das notas de 0,023
0,001 s (0,022 – 0,026, n = 15), intervalo entre notas de 0,010 0,002 s (0,006 –
0,011, n = 09). Variação: frases com 4 notas. Banda de frequência de 1800 a 2670
Hz e frequência dominante de 2201 e 2380 Hz.
Figura 52. Espectrograma do som de chamado de Paragryllus sp. nov. 3. Trecho estruturado com frases contendo duas ou três notas.
Mensurações (mm): macho (n= 03, incluindo o holótipo): CC 26.95 ± 1.27
(26.03–28.41); CCT 28.89 ± 0.98 (27.85–29.82); CP 4.60 ± 0.06 (4.53–4.65); LP 5.93
± 0.07 (5.85–5.98); LC 4.71 ± 0.01 (4.61–4.81); CT 20.75 ± 1.29 (19.26–21.56);
LCDT 10.25 ± 0.30 (9.96–10.56); CFA 8.82 ± 0.56 (8.22–9.35); CFP 17.47 ± 0.65
(16.72–17.93); CTP 14.41 ± 0.65 (13.77–15.07); CCE 24.77 ± 5.12 (18.87–28.03).
Fêmea (n= 03): CC 25.90 ± 3.42 (22.15–28.87); CCT 29.38 ± 2.01 (27.51–31.51);
CP 4.58 ± 0.39 (4.25–5.02); LP 6.01 ± 0.45 (5.58–6.49); LC 4.69 ± 0.28 (4.43–5.00);
CFA 7.94 ± 0.62 (7.45–8.65); CFP 16.74 ± 1.05 (15.62–17.71); CTP 13.23 ± 1.10
(12.44–12.77); CCE 19.94 ± 8.59 (11.61–28.78); CO 23.91 ± 1.72 (21.98–25.31).
Condição do holótipo: acondicionado em via úmida. Tégmina direita destacada e
genitália masculina dissecada e colocadas em microtubo com glicerina. Microtubo
mantido junto ao holótipo.
Registros de ocorrência: Brasil, Ceará, Crato.
Discussão: Paragryllus sp. nov. 3 possui diversas semelhanças com os demais
Paragryllus. Paragryllus sp. nov. 3 possui: cabeça: face marrom claro com manchas
amareladas, sendo duas medianas pequenas e arredondadas, uma entre os
escapos antenais, duas que se iniciam abaixo dos escapos antenais e terminam
antes da sutura epistomal e duas na região inferior dos olhos, semelhante com
Paragryllus sp. nov. 6 e Paragryllus sp. nov. 7, sendo que os demais caracter são
100
diferentes; tórax: lobo lateral com porção superior marrom escuro, porção inferior
amarelada e portando uma mancha centralizada com coloração marrom, semelhante
com Paragryllus sp. nov. 4 e Paragryllus sp. nov. 5, sendo que os demais caracter
são diferentes. Apenas Paragryllus sp. nov. 3 e Paragryllus sp. nov. 5 emitem sons
de chamado estruturados em frases contendo três notas, sendo as frases de duas
notas mais comuns que as de três notas naquela espécie. Além disso, Paragryllus
sp. nov. 3 apresenta frases com menor duração (0,086 – 0,090 s, n = 12) quando
comparado aquelas emitidas por Paragryllus sp. nov. 5 (0,094 – 0,099, n = 06)
Material examinado: holótipo macho. Etiquetado: BRASIL, CE, Crato, Flona
Araripe-Apodi, 15-18.i.2013. E. Zefa e equipe. CNPq-SISBIOTA (INPA). Parátipos:
15 machos e cinco fêmeas, mesmos dados do holótipo 103 BOB \ 111BOB \ 118
BOB \ 119 BOB \ 120 BOB (INPA); um macho e uma fêmea, idem (MZUSP).
Figura 53. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov. 3. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa subgenital, vista ventral.
101
Figura 54. Características morfológicas externas feminina de Paragryllus sp. nov. 3. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) fêmur posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa subgenital, vista ventral.
102
Figura 55. Genitálias e ovipositor de Paragryllus sp. nov. 3. (A-C) Genitália masculina; (D-F) fêmea. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral; (D) região apical do ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista dorsal; (F) papila copulatória, em vista lateral. Legendas: ae = apódema endoparâmico; bel = braço epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem = ponte epifálica mediana; pd.bel= projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel = projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami.
103
Figura 56. Hábito dorsal e indivíduo estridulando de Paragryllus sp. nov. 3. (A) hábito dorsal do macho; (B) hábito dorsal da fêmea; (C) macho estridulando no tronco de uma árvore. Fotos: L. Martins.
104
Paragryllus sp. nov. 4
(Figuras 57-59)
Diagnose: fronte, vértice e porção da gena abaixo dos olhos marrom escuro, porção
da gena atrás dos olhos amarelada e occipício manchado de marrom claro (Fig.
58A-C); ápice da projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica
mediana (p.l.pem) chegando até a borda posterior da base do lobo lateral posterior
da ponte epifálica mediana (b.l.pem) (Fig. 58B).
Descrição. Holótipo macho (Fig. 57-59). Mensurações (mm): CC 25.07; CCT
26.71; CP 4.59; LP 6.17; LC 4.54; CT 13.30; LCDT 9.96; CFA 8.50; CFP 17.01; CTP
14.52; CCE 26.71. Cabeça (Fig. 57A): coloração geral marrom escuro; occipício
manchado de marrom claro, vértice marrom escuro; olhos proeminentes; três ocelos,
um central superior entre os olhos e dois inferiores, alinhados com a borda inferior
dos olhos; escapos, pedicelos marrom claro e flagelo marrom escuro, em vista
dorsal; ; face marrom escuro; uma linha sutil amarela abaixo da cavidade antenal;
gena marrom escuro abaixo dos olhos e amarelada atrás dos olhos; pós-clípeo
marrom escuro; labro pálido; mandíbula marrom claro e manchada de amarelo, com
ápice enegrecido; palpos maxilar e palpos labial marrom claro, quinto articulo do
palpo maxilar mais longo que os demais, com ápice pálido e arredondado, terceiro
articulo do palpo labial mais longo que os demais, com coloração acinzentada,
pálido e ápice arredondado . Tórax (Fig. 57B-G): borda anterior e posterior do
pronoto com longas cerdas longas, disco dorsal rugoso, de coloração marrom
escuro, com manchas amareladas na região dorsal, porção central manchada de
marrom escuro e borda posterior marrom claro; disco dorsal com um par de
manchas em formato piriforme (Fig. 58B); lobo lateral com porção superior marrom
escuro, porção inferior amarelada e portando uma mancha centralizada com
coloração marrom (Fig. 57C); primeiro, segundo e terceiro pares de pernas com
coloração marrom escuro; tíbia anterior com tímpanos externo e interno ovais; tíbia
anterior com dois esporões apicais, tíbia mediana com três esporões apicais; fêmur
posterior manchado de marrom escuro (Fig. 57F); tíbia posterior com três esporões
dorsais internos e três esporões dorsais externos, primeiro esporão apical interno
bastante dilatado, arqueado e em formato ovoide, segundo esporão apical interno
mais longo que o terceiro (Fig. 57G); tégmina excedendo o abdome, área apical
105
desenvolvida (Fig. 58D); espelho com 9 veias arqueadas e concêntricas; harpa com
10 veias: 09 veias principais e uma veia ramificada em sete; asas posteriores
ultrapassando o ápice das tégminas; fileira estridulatória com 113 dentes; dentes
com formato triangular, sub-côncavo e assimétrico, com projeção lateral anterior
mais proeminente do que a posterior; fileira de dentes presente sobre a porção
mediana da veia Cu2 (Fig. 57E). Abdome (Fig. 57H-I): coloração geral marrom
escuro; tergitos com faixa pubescente nas porções medianas e laterais; esternitos
com coloração marrom claro; placa supra-anal com borda posterior arredondada e
par de projeções lamelares, formando um ângulo obtuso (Fig. 58H); placa subgenital
aproximadamente tão larga do que longa, borda posterior com reentrância (Fig. 58I);
cercos marrom claro. Genitália do macho (Fig. 58A-C): ponte epifálica mediana
(pe.m): base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) com
largura aproximada a da ponte epifálica mediana (pem), quando em vista dorsal (Fig.
58A); base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) com
margem postero-dorsal truncada e adornada com longas cerdas, vista dorsal (Fig.
58A); projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem) com reentrância
central em formato de “v” e reentrâncias laterais rasas e arredondada, vista dorsal
(Fig. 58A); projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(p.l.pem) delgada desde a sua base e reta, quando em vista dorsal e ventral (Fig.
58A,B); em vista lateral, esta projeção (p.l.pem) apresenta-se com formato de
triângulo isósceles e ápice arredondado (Fig. 58C); projeção ventromedial do lobo
lateral posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem) curta, não sobrepondo o
esclerito do braço epifálico lateral (bel), quando em vista lateral (Fig. 58C); margem
latero-posterior da ponte epifálica mediana (pem) sobrepõem parcialmente a base
do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) (Fig. 58C). Haste guia
(hg): ápice arredondado e ultrapassando a margem posterior do lobo lateral posterior
da ponte epifálica mediana (b.l.pem), em vista dorsal (Fig. 58A). Braço epifálico
lateral (bel): formando um ângulo de aproximadamente 40 graus com a base do lobo
lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem), quando em vista lateral (Fig.
58C); margem dorsal da porção mediana do braço epifálico lateral (bel)
arredondada, convergente e projetada medialmente, em vista dorsal (Fig. 58A);
braço epifálico lateral (bel) com ápice bifurcado em forma de “V” e angulação entre
as projeções dorsal (pd.bel) e ventral (pv.bel) de aproximadamente 70 graus, vista
lateral (Fig. 58C); projeções dorsais do ápice do braço epifálico lateral (pd.bel) 2-3
106
vezes mais alta que as projeções ventrais do ápice do braço epifálico lateral (pv.bel),
em vista lateral (Fig. 58C); projeções dorsais do ápice do braço epifálico lateral
(pd.bel) com sua margem inferior arredondada e superior formando um ângulo reto
(90 graus), em vista lateral (Fig. 58C); projeções ventrais do ápice do braço epifálico
lateral (pv.bel) filiforme, com ápice arredondado e projetado ventralmente, quando
em vista lateral (Fig. 58C); quando em vistas dorsal e ventral, as projeções ventrais
do ápice do braço epifálico lateral (pv.bel) são curvadas, convergentes, com ápices
sutilmente sobrepostos e porção anterior com uma expansão arredondada (Fig.
58A,B); braço epifálico lateral (bel) mais longo que a ponte epifálica mediana (pem +
b.l.pem), quando em vista dorsal (Fig. 58A). Apódema endoparâmico (ae): sub-reto
na metade posterior e divergente na metade anterior, em vistas dorsal e ventral; em
vista lateral, sutilmente curvado dorsalmente na metade anterior (Fig. 58C).
Mensurações (mm): macho (n= 02, incluindo o holótipo): CC 26.19 ± 1.58
(25.07–27.31); CCT 27.32 ± 1.01 (26.61–28.04); CP 4.76 ± 0.24 (4.59–4.93); LP 6.22
± 0.07 (6.17–6.27); LC 4.59 ± 0.07 (4.54–6.65); CT 20.85 ± 0.72 (20.34–21.36);
LCDT 10.17 ± 0.30 (9.96–10.39); CFA 8.55 ± 0.07 (8.50–8.61); CFP 17.42 ± 0.57
(17.01–17.83); CTP 14.42 ± 0.13 (14.33–14.52); CCE 23.57 ± 4.44 (20.43–26.71).
Condição do holótipo: acondicionado em via úmida, ausência das pernas anterior
direita, mediana esquerda e da posterior esquerda. Tégmina direita destacada e
genitália masculina dissecada e colocadas em microtubo com glicerina. Microtubo
mantido junto ao holótipo.
Fêmea: desconhecida.
Registros de ocorrência: Brasil, Espírito Santo, Sooretama.
Discussão: Paragryllus sp. nov.4 é similar a Paragryllus sp. nov. 5 pela face marrom
escuro; gena marrom escuro abaixo dos olhos e amarelada atrás dos olhos; pós-
clípeo marrom escuro; tórax com lobo lateral com porção superior marrom escuro,
porção inferior amarelada e portando uma mancha centralizada com coloração
marrom. Difere pela a tíbia posterior com primeiro esporão apical interno bastante
dilatado, arqueado e em formato ovoide; fileira estridulatória com 113 dentes;
107
projeções dorsais do ápice do braço epifálico lateral (pd.bel) com sua margem
inferior arredondada e superior formando um ângulo reto (90 graus), em vista lateral.
P. sp. nov. 5 possui a tíbia posterior com primeiro esporão apical interno bastante
dilatado e arqueado; fileira estridulatória com 102 dentes; projeções dorsais do ápice
do braço epifálico lateral (pd.bel) com extremidade arredonda, curvada ventralmente
e apresentando uma pequena projeção espiniforme dorsal, em vista lateral.
Material examinado: holótipo macho. Etiquetado: BRASIL, ES, Sooretama, Rebio
Sooretama, 19°1’ 30.87” S, 40°9’ 33.59” W, 05-08.ix.2015. Coleta ativa. Licença
Sisbio n°37717. L.P. Martins; L.G. Silva; M.R. Pereira e G.L. Oliveira (INPA).
Parátipos: dois machos, mesmos dados do holótipo (INPA); um macho etiquetado:
Brasil, ES, Linhares, Reserva Natural Vale, Trilha das laranjeiras. 17.vi.2015. Coleta
manual no solo (areia). R.A. Heleodoro (MZUSP).
108
Figura 57. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov. 4. (A) Cabeça, vista frontal; B. Cabeça e pronoto, vista dorsal; C. Cabeça e pronoto, vista lateral; D. Tégmina direita, vista dorsal; E. Dentes da fileira estridulatória, vista ventral; F. Fêmur posterior; G. ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro esporãoapical interno, vista lateral; H. Placa supra-anal, vista dorsal; I. Placa subgenital, vista ventral.
Figura 58. Genitália do holótipo de Paragryllus sp. nov. 4. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem = ponte epifálica mediana; pd.bel= projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel = projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami.
109
Figura 59. Hábito dorsal do macho de Paragryllus sp. nov. 4. Foto: L. Martins.
110
Paragryllus sp. nov. 5
(Figuras 60-64)
Diagnose: fronte, vértice e porção da gena abaixo dos olhos marrom escuro, porção
da gena atrás dos olhos e occipício amareladas (Fig. 62A-C); base do lobo lateral
posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem) com margem postero-dorsal
subtruncada, em vista lateral (Fig. 64C); projeção dorsal do ápice do braço epifálico
lateral (pd.bel) com margem superior sub-reta e com espinho pontiagudo, em vista
lateral (Fig. 64B); projeções ventromediais da ponte epifálica mediana (p.pem) com
reentrâncias laterais ausentes, vista dorsal (Fig. 64A);
Descrição. Holótipo macho (Fig. 61, 63A-C, 64A). Mensurações (mm): CC 26.66;
CCT 30.26; CP 4.89; LP 6.99; LC 4.76; CT 22.91; LCDT 11.99; CFA 9.49; CFP
18.47; CTP 15.08; CCE 30.26. Cabeça (Fig. 61A): coloração geral marrom;
occipício amarelado; vértice marrom escuro; olhos proeminentes, três ocelos, um
central superior entre os olhos e dois inferiores, alinhados com a borda inferior dos
olhos; escapos, pedicelos e flagelo marrom claro; um par de pequenas manchas
amarelas e arredondadas abaixo da cavidade antenal; face marrom escuro; gena
marrom escuro abaixo dos olhos e amarelada atrás dos olhos; pós-clípeo marrom
escuro; anticlípeo e labro pálido; mandíbula marrom escuro, manchada de marrom
claro e com ápice enegrecido; palpos maxilar e palpos labial marrom claro, quinto
articulo do palpo maxilar mais longo que os demais, com coloração acinzentada,
ápice pálido e arredondado, terceiro artículo do palpo labial mais longo que os
demais, com coloração acinzentado, ápice pálido e arredondado. Tórax (Fig. 61B-
G): borda anterior e posterior do pronoto com longas cerdas longas, disco dorsal
rugoso, de coloração marrom escuro, com manchas amareladas na região dorsal,
porção central manchado de marrom escuro e borda posterior marrom claro,
portanto uma mancha oval centralizada e com coloração pálida; disco dorsal com
um par de manchas amareladas em formato piriforme (Fig. 61B); lobo lateral com
porção superior marrom escuro, porção inferior amarelado e portando uma mancha
centralizada com coloração marrom (Fig. 61C); primeiro e segundo pares de pernas
com coloração marrom escuro; terceiro par de pernas marrom claro, manchado de
marrom escuro; tíbia anterior com tímpanos externo e interno ovais; tíbia anterior
com dois esporões apicais, tíbia mediana com três esporões apicais; fêmur posterior
111
com coloração marrom claro e manchado de marrom escuro (Fig. 61F); tíbia
posterior com três esporões dorsais internos e três esporões dorsais externos,
primeiro esporão apical interno bastante dilatado e arqueado, segundo esporão
apical interno mais longo que o terceiro (Fig. 61G); tégmina excedendo o abdome,
área apical desenvolvida (Fig. 61D); espelho com 9 veias arqueadas e concêntricas;
harpa com 10 veias: 09 veias principais oblíquas e uma veia ramificada em oito;
asas posteriores ultrapassando o ápice das tégminas; fileira estridulatória com 102
dentes; dentes com formato triangular, sub-côncavo e assimétrico, com projeção
lateral anterior mais proeminente do que a posterior; fileira de dentes presente sobre
a porção mediana da veia Cu2 (Fig. 61E). Abdome (Fig. 1H,I): coloração geral
marrom claro; tergitos com faixa pubescente nas porções medianas e laterais;
esternitos com coloração marrom claro; placa supra-anal com borda posterior
arredondada e par de projeções lamelares, formando um ângulo obtuso (Fig. 62H);
placa subgenital aproximadamente tão longa do que larga, borda posterior com leve
reentrância em formato de “V” (Fig. 62I); cerco marrom claro. Genitália do macho
(Fig. 63A-C): ponte epifálica mediana (pem): base do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana (b.l.pem) com largura aproximada a da ponte epifálica mediana
(pem), quando em vista dorsal (Fig. 63A); base do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana (b.l.pem) com margem postero-dorsal subtruncada e adornada
com longas cerdas, em vistas dorsal e lateral (Fig. 63A,C); projeções ventromediais
da ponte epifálica mediana (p.pem) com reentrância central em formato de “V” e
reentrâncias laterais ausentes, vista dorsal (Fig. 63A); projeção ventromedial do lobo
lateral posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem) delgada desde a sua base e
levemente convergente, quando em vista dorsal e ventral (Fig. 63A,B); em vista
lateral, esta projeção (p.l.pem) apresenta-se com formato triangular e ápice
arredondado (Fig. 63C); projeção (p.l.pem) mais longa do que alta (triângulo
isósceles), em vista lateral (Fig. 63C); projeção ventromedial do lobo lateral posterior
da ponte epifálica mediana (p.l.pem) sobrepõem o braço epifálico lateral (bel), quase
atingindo a margem inferior deste esclerito na sua porção mediana, quando em vista
lateral (Fig. 63C); margem latero-posterior da ponte epifálica mediana (pem)
sobrepõem parcialmente a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(b.l.pem) (Fig. 63C). Haste guia (hg): ápice truncado, atingindo a margem posterior
da base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem), em vista
dorsal (Fig. 63A). Braço epifálico lateral (bel): forma um ângulo de aproximadamente
112
30 graus com a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem),
quando em vista lateral (Fig. 63C); margem dorsal da porção mediana do braço
epifálico lateral (bel) arredondada e projetada medialmente, em vista dorsal (Fig.
63A); braço epifálico lateral (bel) com ápice bifurcado em forma de “V” e angulação
entre as projeções dorsal (pd.bel) e ventral (pv.bel) de aproximadamente 80 graus,
em vista lateral (Fig. 63C); projeções dorsais do ápice do braço epifálico lateral
(pd.bel) aproximadamente 3-4 vezes mais espessa que as projeções ventrais
(pv.bel), em vista lateral (Fig. 63C); projeções dorsais do ápice do braço epifálico
lateral (pd.bel) com extremidade arredonda, curvada ventralmente e apresentando
uma pequena projeção espiniforme dorsal, em vista lateral (Fig. 63C); projeções
ventrais do ápice do braço epifálico lateral (pv.bel) direcionada ventralmente e
espiniforme, em vista lateral (Fig. 63C), em vista dorsal, apresenta-se espiniforme,
curvada medialmente, com ápices sobrepostos e porção anterior com uma expansão
arredondada (Fig. 63A); braço epifálico lateral (bel) mais curto que a ponte epifálica
mediana (pem + b.l.pem), quando em vista dorsal (Fig. 63A). Apódema
endoparâmico (ae): porção ântero-medial divergente e póstero-medial reta, em
vistas dorsal e ventral; em vista lateral, curvado ventralmente na porção ântero-
medial (Fig. 63C). Fêmea (Fig. 62, 63D-F, 64B): forma corporal e padrão de cor
semelhante ao macho, apresentando apenas as seguintes diferenças: placa supra-
anal com coloração marrom claro na porção ântero-medial e marrom escuro na
porção póstero-medial, ápice arrendado, portando reentrância na região médio-
lateral; duas manchas amarelas nos terços laterais, próximas da região anterior;
ausência de projeções lamelares na placa supra-anal; placa subgenital mais larga do
que longa, com reentrância no ápice em formato de “V” e angulação de
aproximadamente 80 graus (Fig. 62F). Ovipositor (Fig. 63D): marrom com a
expansão lateral subapical das valvas dorsais marrom escuro; margem dorsal do
ápice das valvas dorsais e margem ventral do ápice das valvas ventrais com
serrilhas pouco evidentes; valvas dorsais com aproximadamente o mesmo
comprimento; porção anterior a expansão lateral subapical das valvas dorsais com
duas projeções e uma leve reentrância na margem ventral. Papila copulatória (Fig.
63E,F): cônica, membranosa, com base mais larga que o ápice, em vista dorsal (Fig.
63E); ápice bifurcado, projeções afiladas, com uma projeção esclerosada triangular
centralizada (Fig. 63E); em vista lateral, porção ântero-medial plissada e porção
póstero-medial mais dilatada, lisa e curvada ventralmente (Fig. 63F).
113
Som de chamado: som estruturado em frases contendo três notas (Fig. 60).
Duração das frases de 0,096 0,002 s (0,094 – 0,099, n = 06) e intervalo entre
frases de 1,937 0,636 s (1,235 – 2,837, n = 05). Duração das notas de 0,026
0,002 s (0,023 – 0,030, n = 09), intervalo entre notas de 0,007 0,001 s (0,006 –
0,010, n = 06). Banda de frequência de 1800 a 2580 Hz e frequência dominante de
2184.
Figura 60: Espectrograma do som de chamado de Paragryllus sp. nov. 5. Trecho estruturado com frases contendo três notas.
Mensurações (mm): macho (n= 02, incluindo o holótipo): CC 26.34 ± 0.44
(26.03–26.66); CCT 29.03 ± 1.73 (27.81–30.26); CP 4.77 ± 0.16 (4.65–4.89); LP 6.45
± 0.75 (5.92–6.99); LC 4.71 ± 0.06 (4.67–4.76); CT 21.97 ± 1.32 (21.04–22.91);
LCDT 11.39 ± 0.84 (10.79–11.99); CFA 8.82 ± 0.94 (8.16–9.49); CFP 17.72 ± 1.05
(16.98–18.47); CTP 14.28 ± 1.13 (13.48–15.08); CCE 26.63 ± 1.56 (25.53–27.74).
Fêmea (n= 01): CC 30.15; CCT 33.74; CP 5.47; LP 6.42; LC 5.02; CFA 8.81; CFP
18.7; CTP 15.28; CCE 13.12; CO 27.16.
Condição do holótipo: via úmida; tégmina direita destacada, genitália masculina
dissecada e acondicionadas em microtubo com glicerina; todas as partes estão
acondicionadas em tubos junto ao holótipo.
Registros de ocorrência: Brasil, Espírito Santo, Santa Teresa.
Discussão: para morfologia externa e genitália masculina ver discussão em
Paragryllus sp. nov. 4. Para o som de chamado ver a discussão em Paragryllus sp.
3.
Material examinado: holótipo macho. BRASIL, ES, Santa Teresa, Est. Biol. Santa
Lúcia, 19°58’6.98”S, 40°32’22.56”W, 31.vii-04.viii.2015. Coleta ativa. L.P. Martins;
114
L.G. Silva; M.R. Pereira e G.L. Oliveira (INPA). Parátipos: um macho e uma fêmea,
mesmos dados do holótipo (INPA).
Figura 61. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov. 5. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa subgenital, vista ventral.
115
Figura 62. Características morfológicas externas feminina de Paragryllus sp. nov. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) fêmur posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa subgenital, vista ventral.
116
Figura 63. Genitálias e ovipositor de Paragryllus sp. nov. 5. (A-C) Genitália masculina do holótipo; (D-F) fêmea. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral; (D) região apical do ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista dorsal; (F) papila copulatória, em vista lateral. Legendas: ae = apódema endoparâmico; be l= braço epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem= ponte epifálica mediana; pd.bel = projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel = projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami.
117
Figura 64. Hábito dorsal de Paragryllus sp. nov. 5. (A) macho; (B) fêmea. Foto: L. Martins.
118
Paragryllus sp. nov. 6
(Figuras 65-67)
Diagnose: projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica
mediana (p.l.pem) apresenta-se bastante alongada, arqueada ventralmente e com
ápice sub-arredondado, em vista lateral (Fig. 68C); placa interna do lobo lateral
posterior da ponte epifálica mediana (pi.l.pem) pouco visível, quando em vista
ventral (Fig. 68B); reentrância acentuada em forma de “U” entre a base dos lobos
laterais posteriores da ponte epifálica mediana (b.l.pem) (Fig. 68C).
Descrição. Holótipo macho (Fig. 66, 68A-C). Mensurações (mm): CC 21.63; CCT
22,51; CP 3.58; LP 4.51; LC 3.95; CT 16.03; LCDT 8.06; CFA 6.57; CFP 14.49; CTP
11.98; CCE 16.58. Cabeça (Fig. 66A): coloração marrom claro; occipício amarelado;
vértice marrom escuro; olhos proeminentes, três ocelos, um central superior entre os
olhos e dois inferiores, alinhados com a borda inferior dos olhos; escapos, pedicelos
e flagelo marrom claro; face marrom claro com manchas amareladas, sendo duas
medianas pequenas e arredondadas, uma entre os escapos antenais, duas que se
iniciam abaixo dos escapos antenais e terminam antes da sutura epistomal e duas
na região inferior dos olhos; gena amarela e mancada de marrom claro; clípeo com
coloração pálida; mandíbula marrom claro e manchada de marrom amarelo; palpos
maxilar e palpos labial marrom claro, quinto artículo do palpo maxilar mais longo que
os demais, com coloração acinzentada na região interna e ápice arredondado,
terceiro artículo do palpo labial mais longo que os demais, com coloração
acinzentada na região interna e ápice arredondado. Tórax (Fig. 66B-G): borda
anterior e posterior do pronoto com longas cerdas longas, disco dorsal rugoso, de
coloração marrom escuro, com manchas amareladas na região dorsal, porção
central manchado de marrom escuro e borda posterior amarelado (Fig. 66B); disco
dorsal com um par de mancha amarelada em formato piriforme; lobo lateral marrom
escuro e uma linha amarela próxima a margem inferior (Fig. 66C); primeiro, segundo
e terceiro pares de pernas com coloração amarelado e manchado de marrom claro;
tíbia anterior com tímpanos externo e interno ovais; tíbia anterior com dois esporões
apicais, tíbia mediana com três esporões apicais; fêmur posterior com coloração
amarelado e manchado de marrom claro (Fig. 66F); tíbia posterior com três esporões
dorsais internos e três esporões dorsais externos, primeiro esporão apical interno
119
pouco dilatado, segundo esporão apical interno mais longo que o terceiro (Fig. 66G);
tégmina excedendo o abdome, área apical desenvolvida (Fig. 66D); espelho com
seis veias arqueadas e concêntricas; harpa com sete veias: seis veias principais
oblíquas e uma veia ramificada em quatro; asas posteriores ultrapassando o ápice
das tégminas; fileira estridulatória com 246 dentes; dentes com formato lamelar, sub-
côncavo, com presença de projeções aliformes assimétricas, fileira de dentes
presente sobre a porção mediana da veia Cu2 (Fig. 66E). Abdome (Fig. 66H,I):
coloração geral marrom claro; tergitos com faixa pubescente nas porções medianas
e laterais; esternitos com coloração marrom claro; placa supra-anal com borda
posterior arredondada e par de projeções lamelares, formando um ângulo agudo
(Fig. 66H); placa subgenital aproximadamente tão larga do que longa, borda
posterior com leve reentrância côncava. (Fig. 66I); cerco marrom claro. Genitália do
macho (Fig. 68A-C): ponte epifálica mediana (pem): base do lobo lateral posterior
da ponte epifálica mediana (b.l.pem) mais estreita que a ponte epifálica mediana
(pem), quando em vista dorsal (Fig. 68A); base do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana (b.l.pem) com margem póstero-dorsal arredondada e portando
longas cerdas, vista dorsal (Fig. 68A); projeções ventromediais da ponte epifálica
mediana (p.pem) proeminentes, com reentrância central acentuada em forma de “U”
e reentrâncias laterais côncavas (Fig. 68C); projeção ventromedial do lobo lateral
posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem) robusta desde a sua base, divergente
e com ápice convergente, quando em vista dorsal e ventral (Fig. 68B); em vista
lateral, esta projeção (p.l.pem) apresenta-se bastante alongada, arqueada
ventralmente e com ápice sub-arredondado (Fig. 68C); projeção ventromedial do
lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (p.l.pem) sobrepõem o braço
epifálico lateral (bel), na sua região apical, entre as projeções dorsal (pd.bel) e
ventral (pv.bel), quando em vista lateral (Fig. 68C); margem latero-posterior da ponte
epifálica mediana (pem) sobrepõem parcialmente a base do lobo lateral posterior da
ponte epifálica mediana (b.l.pem) (Fig. 68C). Haste guia (hg): ápice arredondado e
não ultrapassando a margem posterior da base do lobo lateral posterior da ponte
epifálica mediana (b.l.pem), quando em vista dorsal (Fig. 68A). Braço epifálico lateral
(bel): paralelo a base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana (b.l.pem),
sendo a região de transição entre estes dois escleritos em formato de “U” (Fig. 68C);
margem dorsal da porção mediana do braço epifálico lateral (bel) com formato
lamelado retorcido e projetado medialmente, em vista dorsal; presença de uma
120
projeção lamelada, robusta e proeminente, convergente, na, em vista dorsal (Fig.
68A); braço epifálico lateral (bel) com ápice bifurcado em forma de “U”, vista lateral
(Fig. 68C), placa interna do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana
(pi.l.pem) pouco visível, quando em vista ventral (Fig. 68B); projeções dorsais
(pd.bel) sutilmente mais alta que as projeções ventrais (pv.bel); projeções dorsais do
ápice do braço epifálico lateral (pd.bel) com formato lanceolado, acuminado, e com
um recorte em formato de “U” próximo a base, em vista lateral (Fig. 68C); projeções
ventrais do ápice do braço epifálico lateral (pv.bel) com 2/3 anterior expandido e
terço posterior afilado e com ápice arredondado e curvado ventralmente, quando em
vista lateral (Fig. 68C); projeções ventrais do ápice dos braços epifálicos laterais
(pv.bel) com a base alargada e possuindo uma projeção aculiforme em cada lateral
e ápice mais afilado, falciforme e convergente, com sobreposição das extremidades
posteriores, quando em vista ventral (Fig. 68B); braço epifálico lateral (bel) mais
curto que a ponte epifálica mediana (pem + b.l.pem), quando em vista dorsal (Fig.
68A). Apódema endoparâmico (ae): sub-reto, terço apical divergente em vistas
dorsal e ventral; em vista lateral, curvado dorsalmente na metade anterior (Fig. 68C).
Fêmea (Fig. 67, 68D-F): forma corporal e padrão de cor semelhante ao macho,
apresentando apenas as seguintes diferenças: placa supra-anal com coloração
marrom claro na porção anterior e borda posterior, portando reentrância na região
médio-lateral, borda posterior reta e ápice arredondado; ausência de projeções
lamelares na placa supra-anal (Fig. 67E); placa subgenital mais larga do que longa,
com reentrância no ápice em formato “V”, com angulação de aproximadamente 70
graus (Fig. 67F). Ovipositor (Fig. 68D): marrom com a expansão lateral subapical
das valvas dorsais marrom escuro; margem dorsal do ápice das valvas dorsais
nitidamente serrilhadas e margem ventral das valvas ventrais com serrilhas pouco
evidentes; valvas dorsais com aproximadamente o mesmo comprimento. Papila
copulatória (Fig. 68E,F): membranosa, sub-retangular, mais longa que larga e base
mais larga do que o ápice e levemente plissada em toda sua extensão; ápice com
uma projeção arredondada, centralizada, em vista dorsal, e próximo a margem
inferior, em vista lateral; terço posterior curvado ventralmente.
Som de chamado: discreto, notas emitidas isoladas e bastante espaçadas (Fig.
65). Duração das notas de 0,057 0,008 s (0,046 – 0,072, n = 10) e intervalo entre
121
notas de 16,820 7,149 s (5,510 – 26,39, n = 09). Banda de frequência de 2920 a
4040 Hz e frequência dominante de 3351 e 3606 Hz.
Figura 65: Espectrograma do som de chamado de Paragryllus sp. nov. 6. Trecho com nota isolada.
Mensurações (mm): macho (n= 03, incluindo o holótipo): CC 20.73 ± 0.97
(19.70–21.63); CCT 22.25 ± 0.29 (21.93–22.51); CP 3.43 ± 0.19 (3.21–3.58); LP 4.23
± 0.26 (3.99–4.51); LC 3.86 ± 0.08 (3.79–3.95); CT 15.61 ± 0.36 (15.37–16.03);
LCDT 7.87 ± 0.17 (7.72–8.06); CFA 6.31 ± 0.36 (5.89–6.47); CFP 3.63 ± 0.19
(13.98–14.49); CTP 11.52 ± 0.46 (11.06–11.98); CCE 16.86 ± 1.58 (15.43–18.57).
Fêmea (n= 02): CC 18.43 ± 2.72 (16.51–20.36); CCT 22.41 ± 019 (22.27–22.55); CP
3.51 ± 0.00 (3.51–3.52); LP 4.56 ± 0.21 (4.41–4.71); LC 3.85 ± 0.05 (3.81–3.89);
CFA 5.72 ± 0.24 (5.55–5.90); CFP 13.45 ± 0.17 (13.33–13.58); CTP 10.28 ± 0.22
(10.12–10.44); CCE 22,03 ± 0,00 (22,03); CO 15.04 ± 0.31 (14.82–15.26).
Condição do holótipo: acondicionado em via úmida; porção apical da tíbia posterior
direita e tarsômeros ausentes. Tégmina direita destacada e genitália masculina
dissecada e colocadas em microtubo com glicerina. Microtubo mantido junto ao
holótipo.
Registros de ocorrência: Brasil, Amazonas, Manaus.
Discussão: a fêmea de Paragryllus sp. nov.6 é similar a Paragryllus sp. nov. 7 pela
face marrom claro com manchas amareladas, sendo duas medianas pequenas e
arredondadas, uma entre os escapos antenais, duas que se iniciam abaixo dos
escapos antenais e terminam antes da sutura epistomal e duas na região inferior dos
olhos; tórax com lobo lateral marrom escuro e uma linha amarela próxima a margem
inferior. Difere pela placa subgenital mais larga do que longa e com angulação de
aproximadamente 70 graus; ovipositor com valvas dorsais com aproximadamente o
mesmo comprimento; papila copulatória com projeção arredondada no ápice e
centralizada, em vista dorsal, e próximo a margem inferior, em vista lateral.
122
Paragryllus sp. nov. 7 possui placa subgenital aproximadamente tão larga do que
longa e com angulação de aproximadamente 90 graus; ovipositor com valva dorsal
esquerda mais longa que a direita; papila copulatória com ápice bifurcado, com
expansões apicais digitiformes, robustas e com as extremidades arredondadas;
presença de uma projeção pouco proeminente entre as expansões apicais, em vista
dorsal. A genitália masculina de Paragryllus sp. nov.6 é semelhante a genitália de
Paragryllus elapsus, mas se disferencia pela placa interna do lobo lateral posterior
da ponte epifálica mediana (pi.l.pem) ser pouco visível e por possuir reentrância
acentuada em forma de “U” entre a base dos lobos laterais posteriores da ponte
epifálica mediana (b.l.pem). O som de chamado de Paragryllus sp. nov. 6 é diferente
das demais espécies analisadas por ser a única a não agrupar as notas em frases,
sendo o som bastante discreto e composto por notas isoladas emitidas bastante
espaçadamente, geralmente, uma nota a cada 10 segundos ou mais.
Material examinado: holótipo macho. Etiquetado: BRASIL, AM, Manaus, R.F.
Adolpho Ducke, AM-010, 02°55’49”S, 59°58’31”W, 25-29.iii.2015. Coleta ativa. L.P.
Martins; L.G. Silva e L.D. Oliveira, 187PROSET (INPA). Parátipos: um macho e
uma fêmea, mesmos dados do holótipo, 186PROSET (INPA); um macho e uma
fêmea, idem 01-05.xi.2014. Coleta ativa. L.G. Silva e L.D. Oliveira (INPA); um
machos: idem 26-31.viii.2011. Coleta ativa. L.P. Martins e V. Linard (MZUSP); um
macho, idem 14-19.x.2011. Coleta ativa. L.P. Martins e A. Souza (INPA); um macho,
idem 26-31.i.2012. Coleta ativa. L.P. Martins e K. Soares (INPA).
123
Figura 66. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov. 6. (A) cabeça, vista frontal; (B) Cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) tégmina direita, vista dorsal; (E) dentes da fileira estridulatória, vista ventral; (F) fêmur posterior; (G) ápice da tíbia posterior, seta indicando o primeiro esporão apical interno, vista lateral; (H) placa supra-anal, vista dorsal; (I) placa subgenital, vista ventral.
124
Figura 67. Características morfológicas externas feminina de Paragryllus sp. nov. 6. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) fêmur posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa subgenital, vista ventral.
125
Figura 68. Genitálias e ovipositor de Paragryllus sp. nov. 6. (A-C) Genitália do holótipo; (D-F) fêmea. (A) vista dorsal; (B) vista ventral; (C) vista lateral; (D) região apical do ovipositor, vista lateral; (E) papila copulatória, vista dorsal; (F) papila copulatória, em vista lateral. Legenda: ae = apódema endoparâmico; bel = braço epifálico lateral; b.l.pem = base do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; hg = haste guia; l.pem = lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pem = ponte epifálica mediana; pi.l.pem = placa interna do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; pd.bel = projeção dorsal do ápice do braço epifálico lateral; pv.bel = projeção ventral do ápice do braço epifálico lateral; p.l.pem = projeção ventromedial do lobo lateral posterior da ponte epifálica mediana; r = rami.
126
Paragryllus sp. nov. 7
(Figuras 69-70)
Diagnose: papila copulatória com ápice bifurcado e com expansões apicais
digitiformes, quando em vista dorsal (Fig. 70A); papila copulatória com projeção
pouco proeminente entre as expansões apicais, em vista dorsal (Fig. 70A).
Descrição. Holótipo fêmea (Fig. 69-70). Mensurações (mm): CC 23.91; CCT 30.21;
CP 4.52; LP 6.08; LC 4.81; CFA 7.91; CFP 17.39; CTP 14.28; CCE 17.79; CO 20.28.
Cabeça (Fig. 69A): coloração geral marrom claro; occipício amarelado; vértice
marrom claro; olhos proeminentes, três ocelos, um central superior entre os olhos e
dois inferiores, alinhados com a borda inferior dos olhos; escapos, pedicelos e
flagelo marrom claro; face marrom claro com manchas amareladas, sendo duas
medianas pequenas e arredondadas, uma entre os escapos antenais, duas que se
iniciam abaixo dos escapos antenais e terminam antes da sutura epistomal e duas
na região inferior dos olhos; gena amarelada e manchada de marrom; fastígio
marrom; clípeo com coloração pálida e borda amarelada; mandíbula marrom,
manchado de amarelo; palpos maxilar e palpos labial marrom claro, quinto artículo
do palpo maxilar mais longo que os demais, com coloração acinzentada na porção
superior, ápice pálido e arredondado, terceiro artículo do palpo labial mais longo que
os demais, com coloração acinzentado, ápice pálido e arredondado. Tórax (Fig.
69B-D): borda anterior e posterior do pronoto com longas cerdas longas, disco
dorsal rugoso, de coloração marrom claro, com manchas amareladas na região
dorsal, porção central manchado de marrom escuro e borda posterior marrom claro,
portanto uma mancha oval centralizada e com coloração pálida (Fig. 69B); disco
dorsal com um par de mancha amarelada em formato piriforme; lobo lateral marrom
escuro e uma linha amarela próxima a margem inferior (Fig. 69C); primeiro e
segundo pares de pernas com coloração amarelada com manchas marrom claro;
terceiro par de pernas marrom claro, manchado de marrom escuro; tíbia anterior
com tímpanos externo e interno ovais; tíbia anterior com dois esporões apicais, tíbia
mediana com três esporões apicais; tíbia posterior com três esporões dorsais
internos e três esporões dorsais externos, segundo esporão apical interno afilado e
mais longo que o primeiro esporão apical; fêmur posterior com coloração amarelada
e manchas marrom claro (Fig. 69D); tégmina excedendo o abdome; asas posteriores
127
ultrapassando o ápice das tégminas. Abdome (Fig. 69E,F): coloração geral marrom
claro; tergitos com faixa pubescente nas porções medianas e laterais; esternitos com
coloração marrom claro; placa supra-anal com borda posterior arredondada e leve
reentrâncias na região médio-lateral (Fig. 69E); ausência de projeções lamelares na
placa supra-anal (Fig. 69E); placa subgenital aproximadamente tão larga do que
longa, borda posterior com reentrância em formato de “V” e com angulação de
aproximadamente 90 graus (Fig. 69F); cerco marrom claro. Ovipositor (Fig. 70C):
marrom claro com margens dorsal e ventral do ápice marrom; margem dorsal do
ápice das valvas dorsais e margem ventral das valvas ventrais nitidamente
serrilhadas; valva dorsal esquerda mais longa que a direita. Papila copulatória (Fig.
70A,B): membranosa, mais longa do que larga, base mais larga que o ápice,
levemente plissada, com ápice bifurcado e com expansões apicais digitiformes,
robustas e com as extremidades arredondadas; presença de uma projeção pouco
proeminente entre as expansões apicais, em vista dorsal (Fig. 70A); projeções
apicais levemente curvadas ventralmente, em vista lateral (Fig. 70B).
Mensurações (mm): fêmea (n= 02, incluindo o holótipo): CC 23.1 ± 1.14 (23.91–
22.29); CCT 28.63 ± 2.23 (30.21–27.05); CP 4.35 ± 0.24 (4.18–4.52); LP 5.78 ± 0.41
(5.49–6.08); LC 4.59 ± 0.30 (4.38–4.81); CFA 7.34 ± 0.80 (6.77–7.91); CFP 16.55 ±
1.18 (15.72–17.39); CTP 13.36 ± 1.29 (12.45–14.28); CCE 17.75 ± 0.05 (17.71–
17.79); CO 19.39 ± 1.25 (18.51–20.28).
Condição do holótipo: acondicionado em via úmida. Tégmina direita destacada e
genitália masculina dissecada e colocadas em microtubo com glicerina. Microtubo
mantido junto ao holótipo.
Macho: desconhecido.
Registros de ocorrência: Brasil, Espírito Santo, Santa Teresa.
Discussão: Ver discussão em Paragryllus sp. nov. 6.
Material examinado: holótipo fêmea. Etiquetado. BRASIL, ES, Santa Teresa, Est.
Biol. Santa Lúcia, 19°58’6.98”S, 40°32’22.56”W, 31.vii-04.viii.2015. Coleta ativa. L.P.
128
Martins; L.G. Silva; M.R. Pereira e G.L. Oliveira (INPA). Parátipo: uma fêmea,
mesmos dados do holótipo (INPA).
Figura 69. Características morfológicas externas do holótipo de Paragryllus sp. nov. 7. (A) cabeça, vista frontal; (B) cabeça e pronoto, vista dorsal; (C) cabeça e pronoto, vista lateral; (D) fêmur posterior; (E) placa supra-anal, vista dorsal; (F) placa subgenital, vista ventral.
129
Figura 70. Genitália e ovipositor do holótipo de Paragryllus sp. nov. 7. (A) papila copulatória, vista dorsal; (B) Papila copulatória, vista lateral; (C) região apical do ovipositor, vista lateral.
130
5. Conclusões
A partir das coletas e descrições dos táxons novos presentes neste trabalho
foi possível mais que triplicar o número de espécies de Paragryllus registradas para
o Brasil, passando de três para onze espécies conhecidas.
As estruturas das genitálias masculina e feminina, bem como características
da tégmina, foram os principais caracteres para a separação das espécies de
Paragryllus, inclusive para aquelas que apresentaram muitas das características
morfológicas externas semelhantes ou indistinguíveis.
Os resultados acústicos foram importantes para a corroboração da
determinação inicial dos táxons pela genitália e tégmina. Portanto, o som de
chamado além de ser uma característica comportamental que conduz as espécies
ao isolamento reprodutivo pré-copulatório, sua aplicação como ferramenta
taxonômica mostrou-se válida para as espécies de Paragryllus.
Através das diferenças verificadas nas tégminas, nas pernas posteriores, nas
placas supra-anais e nas genitálias masculinas, entre Paragryllus e Aclogryllus, foi
sugerida a elevação deste último para o status genérico, sendo estes caracteres
suficientes para justificar esta separação.
As descrições, as diagnoses e as ilustrações aqui apresentadas fornecem um
ótimo suporte para futuros trabalhos em Paragryllus, bem como a determinação de
suas espécies de forma clara e segura. Adicionalmente, a chave taxonômica permite
a identificação dos machos adultos das espécies brasileiras deste gênero de forma
direta, a partir de características diagnósticas pontuais.
131
6. Referências bibliográficas
Alexander, R. D. 1957. The taxonomy of field crickets of the eastern United States
(Orthoptera: Gryllidae: Acheta). Ann. Entomol. Soc. Amer. p.584-602.
Alexander, R. D. 1968. Arthropods. In: Sebeok, T. A. Animal communication:
Techniques of Study and results of research. Bloomington, Indiana Univ. Press.,
p.167-216.
Alexander, R. D.1967. Acoustical communication in Arthropods. Ann. Rev. Entomol.
p.495–526.
Bennet-Clark, H. C. 1989. Songs and the physics of sound production. In: Huber, F.;
Moore, T. E.; Loher, W. Cricket behavior and neurobiology. United States of America:
Cornell University Press., p.227-261.
Brunner W. 1893. Proceedings of the Zoological Society of London. Londres. 812pp.
Cade, W. H; OTTE, D. 2000. Gryllus texensis n. Sp.: a widely studied field cricket
(Orthoptera; Gryllidae) from the Southern United States. Trans. Amer. Ent. Soc.,
1: 117-123.
Chopard. 1948. Contribution à l'étude des Gryllides du Congo Beige. Revue de
Zoologie et de Botanique Africaines, p.109-121.
Chopard, L. 1956. Some cryckets from South America (Grylloidea and
Tridactylloidea). Proceedings of the United States National Museum, p. 241-293.
Chopard, L. 1968. Gryllides. Fam. Gryllidae: Subfam. Mogoplistinae,
Myrmecophilinae, Scleropterinae, Cachoplistinae, Pteroplistinae, Pentacentrinae,
Phalangopsinae, Trigonidiinae, Eneopterinae; Fam. Oecanthidae, Gryllotalpidae. In:
BEIER, M. Orthopterum Catalogus. Gravenrage, Netherlands: Dr. W.Junk. p. 213-
500.
132
Desutter, L. 1987. Structure et évolution du complexe phallique des Gryllidea
(Orthoptera) et classification des genres Nétropicaux de Grylloidea. Annales De La
Societe Entomologique De France, 23(3): 213-239.
Desutter, L. 1988. Structure et evolution du complexe phallique des Gryllidae
(Orthoptères) et classification des genres néotropicaux de grylloidea. Annales de la
Société Entomologique de France, 24(3): 343–373.
Desutter-Grandcolas, L. 1992. Les Phalangopsidae de Guyane française
(Orthoptères, Grylloidea): systématique, elements de phylogénie et de biologie.
Bulletin du Museum Nationale d'Histoire Naturelle, 14(1): 93-177.
Desutter-Grandcolas L. 1995. Toward the knowledge of the evolutionary biology of
Phalangopsid crickets (Orthoptera: Grylloidea: Phalangopsidae): data, questions and
evolutionary scenarios. Journal of Orthoptera Research, 4: 163-165.
Desutter-Grandcolas, L. 2003. Phylogeny and the evolution of acoustic
communication in extant Ensifera (Insecta, Orthoptera). Zoologica Scripta, 32: 525-
561.
Eades, D.C.; Otte, D.; Cigliano, M.M. e Braun. H. 2016. Orthoptera Species File
Online, versão 5.0/5.0. (www.orthoptera.SpeciesFile.org). Acesso: 28/02/2016.
Fairmaire, L. 1858. Voyage au Gabon. Au Bureau Du Trésorier De La Société
Entomologique De France. Paris. 469pp.
Fulton, B. 1952. Speciation in the field cricket. Evolution, v.6, n.3, 295pp.
Gorochov, A.V. 2007. Taxonomic study of Mexican Phalangopsinae (Orthoptera:
Gryllidae). Zoosystematica Rossica, 16(2): 177–200.
133
Gorochov, A.V. 2009. New and Little Known Crickets of the Subfamily
Phalangopsinae (Orthoptera, Gryllidae): 5. Neotropical Taxa of the Tribe Paragryllini.
Zoologicheskii Zhurnal, 89(5): 564-577.
Guérin-Méneville, M.F.E. 1844. Iconographie du Règne Animal de G. Cuvier. J.B.
Baillère Paris.329pp.
Hebard, M. 1932. New Species and Records of Mexican Orthoptera. Transactions of
the American Entomological Society: 58(3): 201-372.
Hollier, J.; Bruckner, H.; Heads, S. W. 2013. An annotated list of the Orthoptera
(Insecta) species described by Henri de Saussure, with an account of the primary
type specimens housed in the Muséum d’histoire naturelle de Genève, Part 5:
Grylloidea. Revue suisse de Zoologie, 120(3): 445-535.
Kirby, W. F. 1906. Catalogue of Orthoptera. Synon. Cat. Orthoptera. London.
562pp.
Mello, F.A.G. 1994. Sistemática, distribuição e diferenciação de grilos do gênero
Arancamby Mello, 1992, nas matas costeiras do Sudeste do Brasil e sistema insular
adjacente: aspectos morfológicos, cromossômicos e comportamentais Orthoptera,
Grylloidea, Phalangopsidae. Tese de Doutorado, Instituto de Biociências/USP, São
Paulo. 215pp.
Nischk, F.; Otte, D. 2000. “Bioacustics, Ecology and Systematic of Ecuadorian
Rainforest Crickets (Orthoptera: Gryllidae: Phalangopsinae), with a Description of
Four New Genera and Ten New Species”. Journal of Orthoptera Research, 9: 229–
254.
Otte, D. 2006. Eighty-four New Cricket Species (Orthoptera: Grylloidea) from La
Selva, Costa Rica. Transactions of the American Entomological Society, 132(3): 299-
418.
Otte D. e Pérez-Gelabert D. 2009. Caribbean Crickets. Orthopterists' Society, 792pp.
134
Rehn, J.A.G. 1917. The Stanford Expedition to Brasil, 1911. In: J.C. Branner,
Director. Orthoptera II. Transactions of the American Entomological Society, 43: 89-
154.
Saussure, H. 1874. Mission scientifique au Mexique et dans l’Amérique Centrale, 6ᵉ
e partie: études sur les myriapodes et les insectes. Imprimerie Impériale. Paris.
531pp.
Saussure, H. 1877. Mélanges orthoptérologiques. Mémoires de la Societé de
Physique et d’Histoire Naturelles de Geneve, Genebra, 504pp.
Saussure, H. 1878. Mélanges orthoptérologiques. Mémoires de la Societé de
Physique et d’Histoire Naturelle de Genève, 551-554pp.
Saussure, H.; Zehntner L. 1893. Biologia Centrali-Americana, Insecta, Orthoptera.
Published for the editors by R.H. Porter, London. 458pp.
Saussure, H. 1897. Fam. Gryllidae. Biol. Centr. Am. (Zool.), Ins. Orthop. v.I, p.198-
284pp.
Sperber et al, 2012. Orthoptera. In: Rafael, J.A; Melo, G.A.R.; Carvalho, C.J.B;
Casari, S.A. e Constantino, R. (Eds.). Insetos do Brasil: Diversidade e Taxonomia.
Holos, Ribeirão Preto. 271-287pp.
Walker, T. J. 1974. Gryllus ovisopis n. sp.: a taciturn cricket with a life cycle
suggesting allochronic speciation. Fla. Entomol., 57(1): 13-22.
Walker, F. 1871. Catalogue of the Specimens of Dermaptera Saltatoria and
Supplement of the Blattariæ in the Collection of the British Museum: Gryllidae.
Supplement to the catalogue of Blattariae. Printed for the trustees of the British
Museum, Londres.116pp.
135
Weissman, D. B.; Rentz, D. C. F.; Alexander, R. D.; Werner, L. 1980. Field crickets
(Gryllus and Acheta) of California and Baja California, Mexico (Orthoptera: Gryllidae:
Gryllinae). Trans. Amer. Ent. Soc. p.327-356.
136
7. Fontes Financiadoras
Toda a infraestrutura e equipamentos necessários para a condução deste
projeto foi disponibilizada pelo Laboratório de Sistemática de Diptera da
Coordenação de Biodiversidade do INPA e o material custeado por recursos do
projeto institucional intitulado “PRJ: 12.301 – Entomologia na Amazônia: Diversidade
de insetos”. As coletas adicionais foram parcialmente financiadas no âmbito do
projeto "Taxonomia, bioacústica, morfologia e espermiogênese de grilos (Orthoptera:
Grylloidea) e (Orthoptera: Mogoplistoidea: Myrmecophilidae) da Mata Atlântica"
(Edital MCTI/CNPq/Universal 14/2014 processo n° 461854/2014-7).