INSTITUTO DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO
FABIANO PONTARA PERES DE MOURA
PROPOSTA DE INDICADORES DE DESEMPENHO PARA INCORPORADORAS
COM USO DE TÉCNICAS DE BUSINESS INTELLIGENCE
CURITIBA
2019
FABIANO PONTARA PERES DE MOURA
PROPOSTA DE INDICADORES DE DESEMPENHO PARA INCORPORADORAS
COM USO DE TÉCNICAS DE BUSINESS INTELLIGENCE
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no Mestrado Profissional do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento de Tecnologia, área de concentração Geração e Transferência de Tecnologia (GTT), realizado pelo Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Institutos Lactec), em parceria com Faculdade Cidade Verde (FCV). Orientador: Prof. Dr. Sebastião Ribeiro Junior Coorientador: Prof. Me. André Luiz Gasparro Sevilha
CURITIBA
2019
AGRADECIMENTOS
A DEUS por tudo em minha vida, pelas vitórias e desafios.
A minha companheira Andréia Paula da Silva, pelo carinho, atenção e
dedicação a nós, pelas doses elevadas de amor, compreensão, perdão, persistência
e perseverança.
A minha mãe Dra. Lucimar Pontara, pela vida e por tudo que fez e faz por
mim.
Ao meu pai Ms. Alcibíades Alves de Moura pela educação e orientação para
os estudos e a vida. A Nani pelo carinho e atenção dada a nossa família.
Aos meus avós Maria Peres Pontara e João Batista Pontara que me
deixaram
um grande legado de caráter e retidão, sou eternamente grato a vocês.
Às minhas famílias mais que especiais, Pontara, Peres e Moura, que me
acolheram e sempre serão parte inesquecível da minha história.
A todos meus familiares e amigos pelo incentivo em todos os momentos
desta jornada.
Ao meu orientador Prof. Dr. Sebastião R. Junior e coorientador Me. André L.
Sevilha, que diante das diversidades me apoiaram em minhas decisões, com
precisas orientações.
Aos meus professores e convidados que de alguma forma estiveram
presentes nestes meses, fico imensamente grato a todas as contribuições.
Aos colegas de turma, obrigado pelo apoio, incentivos e conhecimentos
compartilhados.
A todos da Pontara Consultoria que contribuíram de forma direta e indireta
nessa jornada.
A todos que contribuíram para o desenvolvimento e a conclusão deste
trabalho.
Não tem ninguém aqui além de nós mesmos, portanto, se a sociedade não é aquilo
que nós gostaríamos… não tem mais ninguém aqui para resolver esse problema por
nós. Se o nosso país ou a nossa humanidade não é aquilo que gostaríamos que
fosse, é porque nós não somos aquilo que gostaríamos de ser. Só nos resta mudar.
Clóvis de Barros Filho (Filósofo)
RESUMO
O ambiente globalizado, repleto de tendências passageiras e consumidores exigentes, tem sido alguns dos maiores desafios enfrentados pelos gestores na atualidade. Para enfrentar um contexto de alta competitividade, as organizações precisam conhecer as demandas do mercado, enxugar os custos e evitar gargalos, é preciso investir em tecnologia. O controle passa pelo Enterprise Resource Planning, onde são registradas todas as transações e eventos que ocorrem em uma organização, na forma de dados. O tratamento e a modelagem destes dados, dentro de um Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados, se transformam em informações. As quais são empregadas na elaboração de indicadores-chave de desempenho que compõem dashboards. O processo de Business Intelligence possibilita a obtenção de conhecimento por parte dos gestores, fornecendo ferramentas para uma gestão mais assertiva. Este trabalho propõe a implementação de uma metodologia de Business Intelligence em uma incorporadora, para mensurar o desempenho e auxiliá-la a manter-se no caminho para atingir as metas definidas no planejamento estratégico. Para isto, há a extração dos dados, a modelagem e a elaboração de visualizações, com enfoque predominante sobre o departamento financeiro. A partir disto, são construídos cinco gráficos com indicadores financeiros e propostos quatro indicadores cruzando informações. A aplicação do método revela que os indicadores financeiros foram adequados aos objetivos propostos neste trabalho e perante a incorporadora. Os resultados apontam que os dashboards construídos trazem maior controle à empresa e contribuíram para embasar os processos decisórios. Além disso, constata-se que a análise dos indicadores financeiros pode mensurar não só a situação da empresa, mas também as tendências de mercado, influenciadas pelo ambiente socioeconômico e político em que a organização está inserida.
Palavras-chave: Informação, Business Intelligence, Banco de Dados, Indicadores de Desempenho, Incorporadora.
ABSTRACT
The global environment, teeming with passing trends and demanding customers, has
been one of the greatest challenges currently faced by managers. To face a high
complexity context, organizations need to know market demands, cut costs and
avoid bottlenecks. Investments in technology are necessary. Control involves
Enterprise Resource Planning, where all transactions and events occurring in the
organization are registered as data that becomes information when treated and
modeled data within an Enterprise Resource Planning system. That information is
used to create key indicators of performance composing dashboards. The Business
Intelligence process allows knowledge gains by managers by supplying tools for
more assertive management. This paper proposes the implementation of a Business
Intelligence methodology in a real estate developer for measuring performance and
helping to keep the company on track to achieve the goals defined by Strategic
Planning. To that end, we propose data extraction, modeling and creating
visualizations with the Financial Department as main target. From that, we build five
graphs with financial indicators and propose another four indicators cross-checking
information. Application of this method revealed that financial indicators were
adequate to objectives suggested in this paper and to the company. Results indicate
that the dashboards brought the company more control and helped to base decision-
making processes. Furthermore, it has been verified that analysis of financial
indicators can measure not only the company status, but also market trends
influenced by the social and economic environment where the organization is
inserted.
Keywords: Information, Business Intelligence, Databank, Performance Indicators,
Real Estate Developer.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - INTERDISCIPLINARIDADE DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO .............. 28
FIGURA 2 - SUBDIVISÕES DE INDICADORES ....................................................... 47
FIGURA 3 - BENEFÍCIOS DE UM SISTEMA DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO .... 50
FIGURA 4 - NÚMERO DE INDICADORES POR GESTOR DE ÁREA ..................... 51
FIGURA 5 - AS PERSPECTIVAS DO BALANCED SCORECARD ........................... 54
FIGURA 6 - DINÂMICA DAS PERSPECTIVAS DO BALANCED SCORECARD ...... 55
FIGURA 7 - PROCESSOS DO BUSINESS INTELLIGENCE .................................... 57
FIGURA 8 - BENEFÍCIOS DA IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DE TECNOLOGIA
DA INFORMAÇÃO .................................................................................................... 61
FIGURA 9 - ARQUITETURA TABLEAU .................................................................... 66
FIGURA 10 - DASHBOARD COM DESIGN EFICIENTE .......................................... 68
FIGURA 11 - DASHBOARD COM DESIGN INEFICIENTE ....................................... 69
FIGURA 12 - DASHBOARD PARA ACOMPANHAMENTO DE KEY PERFORMANCE
INDICATORS ............................................................................................................ 70
FIGURA 13 - FLUXOGRAMA DOS PROCESSOS ................................................... 73
FIGURA 14 - DASHBOARD PARA OS GESTORES ................................................ 90
FIGURA 15 - DASHBOARD COM MAIOR NÍVEL DE DETALHE ............................. 91
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - RENTABILIDADE POR OBRA ............................................................ 77
GRÁFICO 2 - ENDIVIDAMENTO POR OBRA .......................................................... 78
GRÁFICO 3 - FINANCIAMENTO POR OBRA .......................................................... 80
GRÁFICO 4 - DESPESAS ADMINISTRATIVAS POR OBRA ................................... 81
GRÁFICO 5 - INADIMPLÊNCIA POR OBRA ............................................................ 82
GRÁFICO 6 - EVOLUÇÃO DO VOLUME DE VENDAS ............................................ 84
GRÁFICO 7 - EVOLUÇÃO DOS DISTRATOS .......................................................... 86
GRÁFICO 8 - FLUXO DE CAIXA .............................................................................. 87
GRÁFICO 9 - DISTRATO X FATURAMENTO .......................................................... 89
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - DIFERENÇAS ENTRE DADOS, INFORMAÇÕES E INDICADORES . 46
QUADRO 2 - DEFINIÇÕES DE BUSINESS INTELLIGENCE ................................... 59
QUADRO 3 - DEFININDO O PORTFÓLIO DE APLICAÇÕES DE BUSINESS
INTELLIGENCE ........................................................................................................ 62
QUADRO 4 - INDICADORES DE DESEMPENHO ................................................... 71
QUADRO 5 - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ...................................................... 74
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - RENTABILIDADE POR OBRA .............................................................. 77
TABELA 2 - ENDIVIDAMENTO POR OBRA ............................................................. 78
TABELA 3 - FINANCIAMENTO POR OBRA ............................................................. 79
TABELA 4 - DESPESAS ADMINISTRATIVAS POR OBRA ...................................... 81
TABELA 5 - INADIMPLÊNCIA POR OBRA ............................................................... 82
TABELA 6 - EVOLUÇÃO DO VOLUME DE VENDAS .............................................. 83
TABELA 7 - EVOLUÇÃO DOS DISTRATOS ............................................................ 85
TABELA 8 - FLUXO DE CAIXA ................................................................................. 87
TABELA 9 - DISTRATO X FATURAMENTO ............................................................. 89
LISTA DE SIGLAS
ALA – American Library Association
BD – Banco de Dados
BI – Business Intelligence
BSC – Balanced Scorecard
CDC – Código de Defesa do Consumidor
CPF – Cadastro de Pessoas Físicas
DW – Data Warehousing
ER – Entidade-relacionamento
ERP – Enterprise Resourse Planning
GIC – Gestão da Informação e do Conhecimento
IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
IBBD – Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação
ICT – Informação Tecnológica e Científica
KRI – Key Result Indicator
KPI – Key Performance Indicators
PI – Performance Indicator
RG – Registro Geral
RI – Result Indicators
ROI – Retorno Sobre Investimento
SGBD – Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados
SIG – Sistema de Informações Gerenciais
SMD – Sistema de Medição de Desempenho
SLA – Special Libraries Association
SQL – Structured Query Language
TIR – Taxa Interna de Retorno
VPL – Valor Presente Líquido
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 18
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................... 18
1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 21
1.2.1 Objetivos específicos ................................................................................. 21
1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 23
2.1 INFORMAÇÃO: A BASE DE SUSTENTAÇÃO DO BUSINESS INTELLIGENCE
............................................................................................................................... 23
2.1.1 A construção da Ciência da Informação .................................................... 23
2.1.2 Informação: o objeto da ciência da informação .......................................... 29
2.1.3 Ciência da gestão: a Ciência da Informação dentro das organizações ...... 32
2.2 BANCO DE DADOS ......................................................................................... 34
2.2.1 Dados ......................................................................................................... 35
2.2.2 Banco de Dados: da arquitetura à modelagem .......................................... 36
2.2.3 Linguagem SQL: tratamento e relacionamento .......................................... 39
2.2.4 Responsabilidades pelos dados: o que diz a legislação brasileira ............. 41
2.3 INDICADORES DE DESEMPENHO ................................................................ 43
2.3.1 O que são Indicadores de Desempenho .................................................... 44
2.3.2 Implantação de um Sistema de Medição de Desempenho ........................ 50
2.3.3 Metodologia de análise: acompanhamento dos indicadores ...................... 52
2.4 TÉCNICAS DE BUSINESS INTELLIGENCE ................................................... 55
2.4.1 O que é Business Intelligence .................................................................... 56
2.4.2 Impacto da utilização de ferramentas de Business Intelligence sobre a
gestão ................................................................................................................. 60
2.4.3 O caminho percorrido até o Business Intelligence ..................................... 62
3 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................... 71
3.1 MATERIAIS ...................................................................................................... 71
3.2 PROPOSTA METODOLÓGICA ....................................................................... 72
4 RESULTADOS ....................................................................................................... 76
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO .................................................................. 76
4.2 INDICADORES BÁSICOS ............................................................................... 76
4.2.1 Rentabilidade ............................................................................................. 76
4.2.2 Endividamento ........................................................................................... 78
4.2.3 Financiamento............................................................................................ 79
4.2.4 Despesas administrativas .......................................................................... 80
4.2.5 Inadimplência ............................................................................................. 81
4.2.6 Evolução do Volume de vendas ................................................................ 82
4.2.7 Evolução dos Distratos .............................................................................. 84
4.2.8 Fluxo de caixa ............................................................................................ 86
4.3 INDICADORES PROPOSTOS ..................................................................... 88
4.3.1 Distrato x Faturamento .......................................................................... 88
4.4 DASHBOARDS ............................................................................................ 90
4.5 ANÁLISE DE RESULTADOS ........................................................................... 91
5 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 93
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 95
ANEXOS ................................................................................................................. 105
18
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Os sistemas de informação passaram por diversas evoluções, indo desde
sistemas manuais até os mais automatizados, e com um cenário em que há uma
concorrência empresarial muito grande, obter informação com agilidade é
fundamental para as organizações (REZENDE, 2000).
Segundo Petrini, Pozzebon e Freitas (2004), a inovação tecnológica e a
crescente competitividade fazem com que a gestão da informação e do
conhecimento seja um enorme desafio e exija processos de tomada de decisão
construídos sobre informação segura, oportuna e abrangente.
Logo, com essa agilidade, segurança e abrangência da informação, é
possível que as organizações tomem decisões mais assertivas. Contudo, há ainda
organizações que dependem de relatórios que demoram para serem extraídos dos
meios informatizados de informação.
Ainda, de acordo com Soares et al. (2013) a maior parte dos empresários
tomam decisões baseadas em informações desorganizadas, o que pode
comprometer os resultados organizacionais, pois nem todas as vezes é levado em
consideração os diversos fatores e a interdependência das informações.
Ao longo dos anos o conceito de competição vem sendo redefinido, levando a
mudanças estratégicas para a sobrevivência das empresas, estes novos modelos
obrigam as empresas a reverem seus paradigmas de negócio e estabelecer novos
modelos estratégicos, estimulando e fomentando a interação entre os diversos tipos
de informações necessárias para o desenvolvimento do negócio, objetivos
estratégicos e o desenvolvimento de sistemas eficazes de informação em uma
evidente e necessária abordagem convergente. Uma forma rápida e prática para a
geração de conhecimento e para a correta tomada de decisão é a utilização de uma
ferramenta de Business Intelligence (BI).
Todo este conhecimento é fundamental para apoiar o processo de tomada de
decisão. A informação gerada pelas aplicações informáticas disponibiliza aos
19
gestores um conjunto de indicadores sobre o negócio, que lhes dão indicações do
que aconteceu no passado e lhe permitem traçar cenários para o futuro. No entanto,
grande parte do mercado, incluindo as incorporadoras imobiliárias, desconhece o BI,
utilizando-se apenas de softwares para fazer a gestão dos negócios. Comumente,
importando dados do sistema para o Excel e, assim, trabalhando com eles para
gerar gráficos que ilustram apresentações de slides. Ou seja, trata-se de um
processo moroso e suscetível a erros, que se torna mais complexo na medida em
que o volume de dados cresce.
Não há estatísticas acerca da utilização de sistemas de BI por incorporadoras,
portanto, não é possível precisar o impacto em números. Mas, considerando que o
Brasil está vivenciando um contexto de crise econômica, no qual o setor da
construção civil tem sofrido muitos impactos. Segundo executivos de bancos e de
escritórios de advocacia entrevistados pela Reuters, em 2017, construtoras e
incorporadoras ocupavam o topo da lista de empresas que solicitaram recuperação
judicial (ALVES, 2017). Neste contexto, o controle financeiro e a assertividade nas
decisões possuem um peso ainda maior para determinar a sobrevivência no
mercado e, principalmente, auxiliar na manutenção da saúde financeira. Esta lacuna
pode ser preenchida de diversas maneiras, tais como, adotando selos e certificações
como a ISO (International Organization for Standardization), gerenciando projetos a
partir das proposições do PMI (Project Management Institute) ou utilizando o BI.
Considerando a necessidade de compreender e controlar o financeiro, o BI
demonstra ser a ferramenta mais adequada.
Os sistemas de BI utilizam os dados disponíveis nas organizações para
disponibilizar informação relevante para a tomada de decisão. Combinam um
conjunto de ferramentas de interrogação e exploração dos dados com ferramentas
que permitem a geração de relatórios, para produzir informação que será
posteriormente utilizada pela gestão de topo das organizações, no suporte à tomada
de decisão (SANTOS; RAMOS, 2006). Neste contexto serão propostos novos
indicadores de desempenho financeiro para análise de empresas do setor de
incorporação, visando a melhora no processo de controle frente a gestão financeira.
Considerando que a aplicação do método do trabalho foi desenvolvida em
uma empresa do setor de incorporação, faz-se necessário compreender mais sobre
20
estas organizações. Sua atuação é regulamentada pela Lei n. 4.591, de 16 de
dezembro de 1964. Segundo o Art. 29:
Considera-se incorporador a pessoa física ou jurídica, comerciante ou não, que embora não efetuando a construção, compromisse ou efetive a venda de frações ideais de terreno objetivando a vinculação de tais frações a unidades autônomas (BRASIL, 1964, on-line).
Ou seja, sua atividade se caracteriza pela produção e venda de unidades
imobiliárias em edificações coletivas. É preciso ressaltar que a atividade de
construção, geralmente, encontra-se terceirizada para as construtoras, que devem
executar a obra conforme as especificações recebidas. Entretanto, o incorporador é
o responsável por entregar as unidades dentro do prazo e condições de preço
preestabelecidas, em consonância com o projeto e o memorial descritivo. Isso posto,
ele responde solidariamente por danos resultantes de má execução, atrasos e
outras falhas da construtora (SIENGE, 2015).
Entre outras atividades do incorporador, destacam-se: o levantamento de
necessidades do mercado consumidor, negociação de terrenos, concepção e
elaboração do projeto, obtenção de financiamentos, solicitação de licenças e
aprovações nos órgãos públicos competentes. Além da multiplicidade das atividades
internas, as incorporadoras estão inseridas em um cenário de elevada concorrência
e um mercado exigente, portanto, é essencial buscar resultados positivos, eficiência
e eficácia. Para ter a devida compreensão do cenário e suas variáveis, o Business
Intelligence (BI) apresenta-se como uma alternativa para identificá-los e construir
estratégias assertivas (SIENGE, 2015; SIENGE, 2016).
Para a aplicação da metodologia, serão levantados dados do Enterprise
Resource Planning (ERP) Sienge, utilizando o Sistema de Gerenciamento de Banco
de Dados (SGBD) Firebird. Lá, os dados serão tabulados a fim de desenvolver
indicadores de desempenho financeiro específicos para as incorporadoras, a fim de
auxiliar estas empresas na tomada de decisão por meio da metodologia do Balanced
Scorecard (BSC) e técnicas de Business Intelligence. Com o intuito de tornar o
conhecimento acessível aos gestores e instrumentaliza-los para tomarem decisões
mais alinhadas às necessidades reais da incorporadora.
21
1.2 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é verificar a aplicabilidade de oito indicadores
de desempenho financeiro e a possibilidade de uso de novos indicadores, utilizando
a metodologia de Business Intelligence para auxiliar as empresas na gestão do
negócio.
1.2.1 Objetivos específicos
Desenvolvimento e estruturação da metodologia de Business Intelligence e
indicadores de desempenho que serão utilizados pela incorporadora;
Aplicação dos indicadores de desempenho financeiro para a incorporação;
Criação de cenários no software Tableau, por meio do desenvolvimento dos
indicadores iniciais enviados aos gestores;
Simulação de cenários no Tableau com base nos indicadores de desempenho
financeiro definidos, com o intuito de gerar previsões para a gestão financeira;
Validação e testes na incorporadora, gerando resultados e conclusões.
1.2 JUSTIFICATIVA
A informação é uma parte fundamental das organizações, ter as mesmas em
tempo hábil para tomar as decisões é algo que as técnicas de Business Intelligence
podem trazer, sendo apresentado através dos painéis de bordo (dashboards). Os
sistemas de medição de desempenho são de fundamental importância para o
monitoramento e controle da gestão empresarial.
Desta forma, a proposição de uma arquitetura colaborativa de BI, que permita
o acesso e uso da informação como elemento a ser aplicado na elaboração de
estratégias competitivas pode contribuir na melhora da tomada de decisão e
consequente apoio na gestão da Incorporação.
22
Segundo o Sebrae, uma a cada quatro empresas brasileiras fecha antes de
completar dois anos de existência. Esta realidade decorre de diversos fatores, como
a falta de conhecimento administrativo, a falta de conhecimento sobre o mercado, a
inexistência de um planejamento estratégico e a dificuldade em planejar e executar
ações de marketing (EXAME, 2018). Os dados do IBGE apontam que após cinco
anos, 60% das empresas é fechada e o porte tem fator decisivo sobre a
sobrevivência delas. As pesquisas indicam que empresas com maior número de
pessoas assalariadas tendem a permanecer no mercado, enquanto aquelas com
menor número de assalariados, possuem menores taxas de sobrevivência (BOÂS,
2017).
Com o intuito de atrair atenção para o tema, o trabalho se propõe a formular
indicadores de desempenho financeiro para a incorporação, a partir dos dados
disponíveis em um ERP de gestão para a construção civil. Considerando que este é
um dos segmentos que mais sofreu os impactos da crise econômica que assola o
Brasil nos últimos anos, há a necessidade de instrumentalizar gestores para obterem
um diagnóstico preciso acerca das finanças da empresa, o qual embasará decisões
que impactam o presente e o futuro. Por exemplo, expansão e novos investimentos,
preço, prazos de pagamento, negociação com credores e devedores, contratações,
entre outros. Estas decisões são fundamentais para a manutenção da
competitividade no mercado e, sobretudo, para manutenção de sua existência.
23
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 INFORMAÇÃO: A BASE DE SUSTENTAÇÃO DO BUSINESS INTELLIGENCE
Este capítulo aborda o contexto e os acontecimentos que permearam a
construção de uma ciência a respeito da informação, define o conceito de
informação e explicita a relação entre a Ciência da Informação e a gestão
empresarial.
2.1.1 A construção da Ciência da Informação
Compreender os motivos que levaram à construção de uma ciência voltada
para a informação demanda uma análise criteriosa deste conceito, uma vez que, o
termo faz parte do cotidiano e pode expressar diferentes significados quando
empregado como termo científico. Segundo Capurro e Hjorland (2007), o uso
popular do termo refere-se ao conhecimento comunicado e, possui um papel de
destaque na atualidade. Isso se justifica pelo fato de ter se tornado uma pré-
condição para o desenvolvimento econômico, junto ao capital, o trabalho e a
matéria-prima. É preciso ressaltar que, no cotidiano, é comum que a informação seja
utilizada como sinônimo de conhecimento. Mas, na Ciência da Informação, trata-se
de um objeto de estudo e também de uma mercadoria. Conforme dito por John
Naisbitt (1982), “a nova fonte de poder não é o dinheiro na mão de poucos, mas a
informação na mão de muitos”, é nesta compreensão de informação que se assenta
este trabalho.
Segundo Araújo (2014), a Ciência da Informação partiu justamente da
necessidade de registrar os conhecimentos adquiridos para que a cultura fosse
preservada e disseminada para as gerações vindouras. Ainda na Antiguidade,
surgiram os primeiros documentos e bibliotecas para guardar e preservar
documentos, visando consulta posterior. Durante o Renascimento, vieram à tona os
primeiros tratados e manuais sobre a salvaguarda destes documentos históricos e, a
sistematização destas técnicas deram origem à Arquivologia, Biblioteconomia e
Museologia. A Ciência da Informação provém das críticas a estas disciplinas, por
24
defender maior enfoque sobre o conteúdo dos documentos e às instituições
detentoras. Alguns fatos históricos marcaram este contexto, tais como: a bibliografia
e a documentação, as relações com a Biblioteconomia, a atuação dos pioneiros em
ciência e tecnologia, os progressos tecnológicos e o aporte teórico da Matemática.
A invenção da imprensa (século XV) proporcionou o crescimento da produção
de livros em toda a Europa, culminando na necessidade de organizar as primeiras
Bibliografias. Elas tinham o objetivo de listar os livros de um determinado assunto
que existiam em bibliotecas de uma região ou país. Em outras palavras, as
Bibliografias consistiam em um inventário da produção intelectual humana situado
em diversas bibliotecas. No ano de 1985, os primeiros bibliófilos organizaram uma
conferência mundial para criar um inventário que compusesse todo o conhecimento
humano que estivesse registrado, fundando o que passou a ser chamado de
Documentação (ARAÚJO, 2014).
Entendia-se por documento toda a produção humana em diferentes materiais
e formas de apresentação (livros, manuscritos, fotografias, pinturas, esculturas,
imagens em movimento, registros fonográficos, selos, estampas e outros). Esta
definição foi a precursora do que ficou entendido como informação: “um conceito
único, representando uma determinada abstração, capaz de congregar diferentes
manifestações empíricas” (ARAÚJO, 2014, p. 5). Vale ressaltar que o Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) foi um desmembramento
do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD). A partir desta
descrição, é possível compreender a relevância do desejo não apenas de organizar
a obra, mas informar os leitores sobre a existência e morada das fontes, marcam os
primeiros passos em direção ao surgimento de uma ciência dedicada à informação.
Conforme citado anteriormente, as relações com a Biblioteconomia marcaram
a construção da Ciência da Informação. O campo da Biblioteconomia se desenhou a
partir de associações, cursos de graduação e pós-graduação, como a American
Library Association (ALA), criada em 1896. Como uma parte dos membros partilhava
de interesses relacionados às bibliotecas públicas e ao papel educativo destas e,
outra parte, estava mais voltada ao atendimento das demandas dos cientistas,
criando técnicas e procedimentos para a guarda dos documentos, os últimos se
desmembraram. A cisão deu origem à Special Libraries Association (SLA) em 1908.
Neste contexto, os conteúdos de Ciência da Informação passaram a integrar o
25
currículo de cursos de Biblioteconomia, inclusive, trocando o nome dos cursos para
que fossem mais condizentes com a mudança epistemológica. No Brasil, a alteração
do nome dos cursos e faculdades ocorreu nas décadas de 1980 e 1990 (ARAÚJO,
2014).
Este conjunto de acontecimentos contribuiu para o aparecimento dos
primeiros cientistas da informação, entre 1920 e 1940, na Inglaterra e nos Estados
Unidos. Profissionais de diferentes áreas passaram a organizar e elaborar índices
visando facilitar o trabalho de seus colegas. Apesar de se autodenominarem
cientistas da informação, apenas em 1948 ocorreu a primeira conferência dedicada
a este ramo de pesquisa, a qual passou a ocorrer em outros países (ARAÚJO, 2014;
QUEIROZ; MOURA, 2015). Então, os cientistas da informação ampliaram seu
campo de estudo, conforme descrito por Araújo (2014):
Vários pesquisadores passam a estudar o processo da chamada “comunicação da informação científica”: o estudo dos vários registros produzidos pelo cientista desde a ideia na sua mente (...), as características de cada um deles, vantagens e desvantagens, tempo médio para a produção de cada um, entre outros aspectos. Também estudaram os processos por meio dos quais os cientistas buscavam os dados necessários para suas pesquisas (...). Tais estudos consolidaram a ideia de que a Ciência da Informação tinha por objeto o estudo dos fluxos, dos caminhos percorridos pela informação, sua materialização em diferentes produtos e serviços (p. 7-8).
Até aqui, é possível compreender que a construção desta ciência e a
delimitação de seu objeto perpassam um contexto multifacetado, o qual criou as
necessidades e perguntas que ela busca atender. Ainda há dois fatores para
compreender melhor este momento: os avanços tecnológicos e a fundamentação na
teoria Matemática.
Por volta de 1920 e 1930, o armazenamento e a consulta de documentos
eram realizados por meio da microfilmagem. Ela representava um considerável
avanço, pois as informações contidas no microfilme ocupam apenas 10% do espaço
que a cópia em papel ocuparia, trata-se de um processo de reprodução fac-símile e
preserva documentos produzidos em papéis frágeis e/ou de baixa qualidade.
Acrescenta-se a isto o fato de tornar possível a consulta ao material
independentemente da localidade do material original. A partir do desenvolvimento
26
dos computadores, todo este processo se tornou ainda mais eficiente, os livros
físicos puderam ser convertidos em dígitos para a preservação, transporte,
reprodução e transmissão (FOX, 2001; ARAÚJO, 2014).
A Ciência da Informação ainda precisava de uma fundamentação para lhe
proporcionar aporte teórico, a qual foi encontrada na Teoria Matemática da
Comunicação, que por sua vez, foi a primeira a definir informação cientificamente.
Esta teoria compreende comunicação como um processo de envio de mensagens
partindo de um emissor para um receptor, composta por três dimensões: técnica,
relacionada ao transporte da mensagem com exatidão e eficiente; semântica,
correspondente à correta compreensão do sentido que o emissor propusera e;
pragmática, para que a mensagem provoque o resposta desejada no receptor
(ARAÚJO, 2014).
Segundo Araújo (2014; 2018), a Ciência da Informação consolidou-se 1960 e,
a partir desta data, surgiram subáreas de pesquisa e a área foi delineando o tipo de
ciência que gostaria de se tornar. A primeira área de estudos pode ser considerada
aquela que deu origem a este campo do saber, a Informação Tecnológica e
Científica (ICT), visando catalogar os recursos de informação. A segunda, utilizava
os instrumentos da ICT, porém, desenvolveu-se no interior das organizações,
originando a Gestão da Informação e do Conhecimento (GIC), a qual possui papel
fundamental nos processos de tomada de decisão e compreende ao tema abordado
neste trabalho. A terceira, estuda a representação da informação, considerando que
as informações são uma reprodução da realidade e estão sujeitas às influências do
contexto sócio histórico em que estão inseridas. À quinta subárea, competem os
estudos de usuários da informação, determinando os padrões de uso da informação.
A última, enfoca a democratização da informação, a busca realizada por grupos e
classes marginalizados, a criação de dispositivos alternativos de informação e a
contrainformação.
É importante considerar que a Ciência da Informação se desenvolveu em um
contexto muito específico dentro da ciência, marcado pelas críticas ao modelo
tecnicista e positivista, que suas características. Trata-se de um campo
interdisciplinar, conforme ilustra a Figura 1, o qual iniciou-se com a atuação de
profissionais de diferentes campos do conhecimento e compõe conceitos destas
áreas, como a Psicologia, Linguística, Computação e Sociologia. Esta qualidade
27
está em consonância com sua segunda característica, a proposição de ser uma
ciência pós-moderna1, ao compreender que a informação não é um objeto novo ou
que possa ser experimentado empiricamente. Consequentemente, a terceira
característica consiste em ser uma ciência humana e social, por ser crítica ao
Positivismo, permitir a convivência de diversas correntes, sem que uma anule as
demais e ter um objeto – a informação – que não existe sem os sujeitos que estão
em contato com ela (ARAÚJO, 2014; SANTOS NETO et al., 2017).
1 Movimento de ruptura que sucedeu a Modernidade, a qual estava baseada em preceitos
positivistas, marcada pela ênfase nas ciências naturais (sobretudo a Matemática), no determinismo, no empirismo, no reducionismo e na mensuração. Teve como principais expoentes Galileu e Descartes, os quais inauguraram a cisão entre ciências naturais e humanas, sendo que, as segundas não podiam ser consideradas científicas por terem um objeto mutável, imensurável e imprevisível, o que inviabilizava a criação de leis universais que se aplicassem a eles. A Pós-modernidade tem o objetivo de resolver a crise do movimento científico propondo maior flexibilidade e acolhendo as ciências humanas novamente (RAMOS; NEVES; CORAZZA, 2009).
28
FIGURA 1 - INTERDISCIPLINARIDADE DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
FONTE: SANTOS NETO et al. (2017)
Estas características são essenciais para compreender a que se propõe a
Ciência da Informação na atualidade e a estreita relação que possui com todos os
outros campos do saber. Desde o início, não compactuou com ideais que
hierarquizavam os fenômenos e as ciências, aproximando-se de um modelo que
buscava não apenas reconhecer o status científico das ciências humanas, mas
também, a entrelaçar os saberes para solucionar os problemas da humanidade. Este
posicionamento está em conformidade com as demandas que se configuraram a
partir de 1960 e continuam até o momento, dar conta da imensurável quantidade e
variedade de informações que a humanidade produziu e continua produzindo, em
meio à globalização e ao intenso fluxo entre pessoas e nações, mantendo a
qualidade e eficiência na reprodução e transmissão.
29
2.1.2 Informação: o objeto da ciência da informação
Por volta de 1970, teóricos da Ciência da Informação passaram a reivindicar a
incorporação do conceito de conhecimento à definição de informação, este momento
foi considerado a virada cognitiva. Pois, esta proposição alterou a estrutura
conceitual da Ciência da Informação, direcionando-a para os conceitos de dado,
informação e conhecimento. A relação entre informação e conhecimento definiu a
tríade da informação, nas palavras de Araújo (2018, p. 54):
A informação é a medida da alteração que os dados provocam numa estrutura de conhecimento. Algo não é mais compreendido como informativo em si. Os dados (aquilo que tem existência material) possuem uma dimensão objetiva – e ela define um certo horizonte de possibilidades de significado. Mas o conhecimento do sujeito também estabelece um horizonte de compreensão, por ser composto de coisas ‘já sabidas’ e por quadros de sentido nos quais o já sabido se acomoda. A informação emerge do encontro dessas duas esferas: aquilo que o dado ‘diz’ e aquilo que o conhecimento ‘permite’ compreender do dado (grifo meu).
Neste momento, era consenso que informação era aquilo que pudesse
transformar estruturas e era sinônimo de conhecimento. Este pensamento levou a
três ideias que influenciaram todas as subáreas da Ciência da Informação: a
primeira é que o conhecimento humano é cumulativo e se dá pelo processamento de
novos dados; a segunda, que os indivíduos devem ser estudados sob uma
perspectiva mentalista, como produtores e consumidores de dados em interação
com sistemas da informação; e devem ser estudados individualmente ao investigar a
sensação de falta, a busca e o uso da informação, para arquitetar sistemas de
acordo com as necessidades destes (ARAÚJO, 2018).
Todavia, esta concepção não foi amplamente aceita pelos pesquisadores e
para compreender este desencontro, devemos recordar que o início da Ciência da
Informação foi marcado pela pluralidade de saberes e cientistas de diferentes áreas
do conhecimento. O ‘problema’ da Ciência da Informação está no fato de que não há
um consenso entre os cientistas sobre o conceito de informação e nem mesmo de
que este seja seu objeto de estudo. Wersig e Nevelling (1975 apud PINHEIRO,
2004) possuem dúvidas de que este seja o objeto, mas reconhecem a possibilidade
30
disto e chamam a atenção para a ambiguidade e polissemia do termo informação.
Eles identificam seis dimensões do termo, caracterizadas nas relações interpessoais
e com o mundo, entre as quais: abordagem estrutural, abordagem do conhecimento,
abordagem da mensagem, abordagem do significado, abordagem do efeito e
abordagem do processo.
Para Pinheiro (2004), a informação, como objeto de estudo da Ciência da
Informação, percorre os conceitos e definições da área. Em suas interpretações, a
informação não é passível de definição ou mensuração, por tratar-se de um
fenômeno mais amplo, o qual compreende também a geração, transferência,
comunicação e uso. Ela refuta a tese defendida por teóricos da virada cognitiva,
argumentando: “deve ser explicitado que, embora haja relação profunda entre
conhecimento e informação, os dois termos são distintos, portanto, não são
sinônimos” (não paginado). Apoiou-se nas teses defendidas por Menou (1995 apud
PINHEIRO, 2004), buscando retratar o uso real da informação, junto aos fatores
internos e externos que interferem na utilização desta. A partir disso, entendeu-se
que a base interna do conhecimento esteja combinada com recursos interiores e
influenciada pela personalidade, cultura, emoção, lógica e inteligência. É possível
identificar um processo onde a informação é ponto de partida e o conhecimento é a
linha de chegada:
O processo de transformação e condução da informação, do dado à informação, do conhecimento ao saber, envolve seis tipos de atividades principais: aquisição; processamento material ou físico; processamento intelectual; transmissão; utilização; e assimilação e ‘todos os processos, fontes e estados interagem constantemente e são interdependentes. A passagem de informação para conhecimento corresponde à informação compreendida e assimilada e há necessidade de a comunidade da Ciência da Informação estudar os atributos do saber nessa passagem de conhecimento para saber’ (MENOU, 1995 apud PINHEIRO, 2004, não paginado).
Araújo (2018) é um dos precursores de um movimento percebido a partir dos
anos 2000, no qual achados de pesquisas e a evolução das subáreas levaram a
alterações de amplo impacto na concepção de Ciência da Informação. É consenso
entre os teóricos que o conhecimento não se resume a um punhado de dados, mas
trata-se de um processo dialético, com tensões entre o sujeito e o real. Os indivíduos
31
também deixaram de ser vistos sob uma perspectiva mentalista, passando à
compreensão de agentes, com plenos poderes de ação sobre o mundo e sobre as
informações; isso quer dizer que, eles são mais que ‘buscadores de informação’,
pois criam conteúdo, compartilham e avaliam. E o processo informacional não é
individual, mas coletivo, ele perpassa os relacionamentos interpessoais. A última
alteração deriva de todas estas e, ao mesmo tempo, justifica-as, ela provém da
constatação de que a informação não está restrita ao interior dos sistemas, ela é
reflexo do contexto social, cultural, político e econômico no qual está inserida e
produz efeitos sobre ele.
Ainda visando chegar a um desfecho para o ‘problema’, o filósofo Rafael
Capurro propõe a teoria da mensagem. Ele defende a ideia de que mensagem e
informação são correlatos, mas não coincidentes, porque a mensagem é recebida e
depende do emissor, enquanto a informação é solicitada. O que as aproxima são os
fatos de que mensagem e informação supostamente levam algo novo ou relevante
ao receptor e, ambas podem ser codificadas e transmitidas por diferentes meios e
mensageiros. A relação decorre de que em qualquer circunstância envolvendo
comunicação da informação, há a emissão de uma mensagem, mediante solicitação
ou não, com diversas possibilidades para que seja recebida e interpretada como
informação (MATHEUS, 2005).
Capurro (2003 apud MATHEUS, 2005) destaca que a sociedade do século
XXI é a sociedade da mensagem e não do conhecimento ou da informação, suas
características são novos e descentralizados meios de comunicação, que permitem
a interação entre muitos; niilismo midiático, em que muito se diz sem dizer nada, ou
muito se transmite e uma pequena parcela é recebida. Em meio a este contexto, é
proposta uma solução para o problema conceitual da informação, a partir de uma
nova fundamentação filosófica e teórica para a Ciência da Informação.
O Trilema de Capurro apresenta as três dificuldades que impedem a
unificação do conceito: a univocidade, a qual poderia provocar a perda de diferenças
qualitativas; a analogia, significados representados por antropomorfismos e
naturalismos; e a equivocidade, conceitos com significados diferentes de acordo
com a área do conhecimento. Isso posto, ele sugere que “como disciplina da
hermenêutica, a Ciência da Informação poderia encontrar a fundamentação teórica
necessária à sua ampliação de interesses, especialmente focando a pragmática
32
social envolvida nos estudos da informação” (CAPURRO, 2003 apud MATHEUS,
2005).
Por mais frustrante que seja a falta de um consenso sobre o conceito de
informação, é preciso recordar que esta expressão apareceu em substituição ao
termo documentação, devido à influência das novas tecnologias, o que implicou em
novas apresentações para os documentos – passaram do estritamente físico para as
infinitas possibilidades do virtual – e da teoria matemática da comunicação. Além
disso, desde o início, a Ciência da Informação se propusera a ser pós-moderna e,
lidar com a multiplicidade e as incertezas faz parte deste contexto. De modo que,
provavelmente, os pesquisadores não chegarão a um consenso acerca do que é
informação e, caso cheguem, não será possível aplica-lo a todos os campos do
conhecimento sem incorrer nos problemas de ignorar as especificidades de cada
área. Entretanto, isto não inviabiliza a consolidação desta ciência e seu objeto, muito
menos sua relevância e papel para auxiliar a solucionar os problemas de guarda e
preservação da informação.
2.1.3 Ciência da gestão: a Ciência da Informação dentro das organizações
Conforme citado anteriormente, a gestão da informação e do conhecimento é
uma das subáreas da Ciência da Informação, ela embasa os processos de tomada
de decisão das organizações. Segundo Marchiori (2002), as relações que a Ciência
da Informação construiu com as organizações é fruto de um contexto proporcionado,
principalmente, pela democratização do uso dos computadores e do acesso à
internet, fatos que marcaram o início do século XXI. A economia passou a se dedicar
à produção de bens, serviços e atividades de informação, orientada pelos seguintes
pressupostos: o potencial tecnológico proverá amplo acesso à informação e a
convergência de diversos tipos de informação; a disponibilidade de informação
poderá favorecer a democracia e a sociedade; o setor econômico se tornará
dependente dos profissionais que acessem e compartilhem informação, que para ser
acessível, deverá ser organizada e gerenciada; habilidades para criar, buscar,
analisar e interpretar informações serão essenciais; o desenvolvimento e
substituição das tecnologias será um desafio para usuários e profissionais da
informação; o setor da informação é parte considerável da economia das nações.
33
Esse emaranhado de pressupostos, junto ao imperialismo tecnológico, tornou
a informação parte essencial da sociedade, atravessando todas as atividades
econômicas e influenciando-as, mesmo que indiretamente. Pois, apesar dos
avanços tecnológicos serem responsabilizados pelo fechamento de diversos postos
de trabalho, eles possibilitaram o desenvolvimento de muitos outros. Como
explicado por Marchiori (2002, p. 73):
Valorizada como recurso, a informação define a competitividade de pessoas, grupos, produtos, serviços e atividades e os mesmo processos de transmissão de dados, gestão da informação e do conhecimento que têm marcado a instabilidade do mercado de trabalho, são geradores de empregos (ainda que informais, terceirizados e/ou ‘franqueados’) nas áreas de tecnologia de informação, de comunicação e de conteúdos.
Portanto, os profissionais da informação estão inseridos em um ambiente de
instabilidade e em constante mutação, que demanda diferentes habilidades,
conhecimentos técnicos e gerenciais. Marchiori (2002) ainda chama atenção para o
fato de que as nem todas as ocupações e funções em Tecnologia da Informação (TI)
se manterão em um futuro próximo, pois muitas delas estão estreitamente
relacionadas a uma tecnologia em específico e, quando ela é substituída ou se
esgota, muitos têm dificuldade na adaptação.
A gestão da informação está preocupada com o indivíduo, inserido em grupos
ou instituições, e as situações-problema que ele enfrenta nos fluxos de informação e
demandam soluções criativas e um custo efetivo. Ela diagnostica as demandas,
define uma metodologia, aplica as tecnologias adequadas e avalia os impactos
provocados. Em outras palavras, o papel do gestor da informação consiste em:
Desenvolver estratégias e estruturar atividades para a obtenção e utilização de recursos humanos, tecnológicos, financeiros, materiais físicos e da informação em si mesma (em diferentes formatos, conteúdos, e ‘imersões’), para que indivíduos e grupos possam desempenhar suas atividades com base em informação com valor agregado (MARCHIORI, 2002, p. 77).
É justamente a possibilidade de valor agregado que define a entrada da
arquitetura de TI e seus profissionais nas organizações, visto que, do ponto de vista
34
do gestor, todo investimento deve, obrigatoriamente, trazer um retorno e,
preferencialmente, dentro do prazo estipulado. Albertin e Albertin (2008) ressaltam
alguns dos benefícios trazidos pela introdução do TI, tais como: o aumento da
produtividade, a melhoria da qualidade, o aumento da flexibilidade e a inovação.
Entretanto, cabe às organizações o desafio de determinar quais benefícios são dos
benefícios ofertados são desejáveis e, sobretudo, viáveis. As expectativas em torno
deles é que determinará o valor dado e esperado pelo uso do TI.
Murphy (2002 apud Albertin; Albertin, 2008) divide os benefícios em tangíveis
e intangíveis. Os tangíveis são aqueles que incidem diretamente sobre os resultados
da empresa, como a redução de custos e a elevação do lucro. Enquanto os
intangíveis correspondem àqueles que atuam sobre o desempenho do negócio,
apesar de não afetarem diretamente o resultado, como informações gerenciais e
segurança. Não há consenso sobre a melhor forma de determinar e medir estes
benefícios, muitos pesquisadores têm utilizado os conceitos do Balanced Scorecard2
(BSC) e consideram quatro fatores para o controle estratégico: financeiro, cliente,
processos internos e aprendizado, crescimento. No presente trabalho, seguindo as
orientações preconizadas por Kaplan e Norton e, houve a elaboração de indicadores
de desempenho financeiro que permitissem a análise das quatro dimensões
propostas.
2.2 BANCO DE DADOS
Este capítulo trata da definição de dados, da arquitetura dos bancos de dados
e a modelagem dos dados no SGBD, da linguagem SQL – por meio da qual os
dados são tratados e inter-relacionados – e da responsabilidade civil e criminal
imposta aos detentores de dados pessoais ou sigilosos.
2 Criado por Kaplan e Norton em 1996, os quais questionaram se avaliar o desempenho de uma
empresa apenas pela dimensão financeira seria suficiente e concluíram que seria mais apropriado avalia-la por quatro dimensões: pessoas, processos internos, clientes e financeira. Trata-se de uma metodologia de gestão que possibilita operacionalizar os objetivos estratégicos atravessando todos os níveis da organização (CYGLER, 2013).
35
2.2.1 Dados
Assim como ocorre com o termo ‘informação’, também há algumas
dificuldades ao conceituar ‘dado’, pois, seu conceito também está atrelado a
diversas atividades humanas e áreas do conhecimento. Todavia, muitas vezes a
diferença está no sentido e não no significado, o que faz com que seja possível
delimitar seu sentido dentro da Ciência da Informação.
Segundo Meira (2013), dado corresponde a “toda a informação que pode ser
armazenada e que apresenta algum significado dentro do contexto ao qual ele se
aplica” (p. 4). Para apoiar esta definição é necessário ressaltar a diferença entre
dados e informações. Conforme apontado por Ferreira (2009), dados são valores
brutos e sem significado relevante; e informações são agrupamentos, ordenações ou
processamento de dados visando transmitir um significado em um contexto. Em
suma, pode-se dizer que o dado só possui sentido quando organizado de modo a
transmitir uma informação. Por exemplo, o número 15 por si só não quer dizer nada,
é um dado, mas o número contido na expressão ‘15 camisetas em estoque’ compõe
uma informação.
Para ampliar o acesso e a utilização dos dados, a Ciência da Informação deve
determinar fatores que os otimizem e promovam equilíbrio entre todos os envolvidos
no processo, desde o momento em que o banco de dados é alimentado até o
momento em que os dados passam por análise. Para isto, é necessário
compreender todas as fases percorridas pelos dados, ou seja, o ciclo de vida. A
primeira fase é a coleta, a qual consiste na captação dos dados para atender a uma
demanda ou necessidade em um contexto. A qualidade e relevância dos dados
coletados depende das respostas que o profissional de TI concede a algumas
questões, como: qual o escopo, quais os dados necessários, qual a sua
procedência, se há integridade lógica e física, se há permissão ou riscos de invasão
à privacidade; se há possibilidade de manutenção e acesso futuros (SANT’ANA,
2016).
A segunda fase é o armazenamento, no qual são realizados esforços no
sentido de guardar os dados coletados. Antes de concretizá-la é preciso apontar a
estrutura física e lógica a serem utilizadas, quais dados possuem relevância para o
36
armazenamento, os aspectos para que sejam encontráveis e os fatores para
utilização no futuro. Após armazenar os dados, será possível discriminar os dados
que devem ou não ser mantidos, caso pertençam à segunda categoria, prosseguirão
para a terceira fase: a recuperação. Nesta, as ações possuem o intuito de encontrar
meios para que os dados sejam encontrados, acessados e interpretados. Aqui, o
profissional de TI define estratégias baseando-se nos dados que serão
disponibilizados, no público-alvo e escopo, na periodicidade do acesso e da
atualização, nas possibilidades de integração a outras estruturas e na estabilidade
dos processos de recuperação (SANT’ANA, 2016).
Voltando aos dados que não deverão ser mantidos, passamos à última fase, o
descarte. Esta é a etapa em que ocorre a limpeza ou inativação de uma parcela dos
dados, por meio da eliminação em bloco, horizontal ou vertical. A eliminação em
bloco exclui subconjuntos de dados classificados como entidades; a eliminação
horizontal abrange a exclusão de registros utilizando filtros específicos; a eliminação
vertical exclui elementos estruturais de entidades que classificam os atributos. Por
exemplo, a eliminação em bloco descartaria dados de produtos, a horizontal,
produtos cadastrados a determinado limite de anos e, a vertical, eliminaria o peso
dos produtos (SANT’ANA, 2016).
Como visto a seguir, os dados correspondem à menor parte, em conjunto,
eles compõem o banco de dados e são o ponto de partida para desenvolver os
indicadores de desempenho financeiro. Devido à relevância dos dados para todos os
processos que envolvem seu ciclo de vida e os desdobramentos que ocorrem a
partir disso, é de extrema importância que os usuários sejam minuciosos e exatos ao
inseri-los no sistema.
2.2.2 Banco de Dados: da arquitetura à modelagem
Banco ou base de dados (BD) são definidos como:
Conjuntos de dados com uma estrutura regular que tem como objetivo organizar uma informação. (...) Normalmente, agrupa informações utilizadas para um mesmo fim de forma que possam representar coleções de
37
informações que se relacionam de forma que crie um sentido” (MEIRA, 2013, p. 4).
Ao fazer uma analogia com os primórdios da Biblioteconomia, poderíamos
dizer que os bancos de dados são como as bibliotecas, por conterem informações
de grande relevância para os usuários, as quais podem ser consultadas e utilizadas
conforme a necessidade.
O banco de dados pode ser local (armazenamento em uma máquina e
‘acessável’ por um usuário) ou repartido (armazenado em máquinas que ficam em
outro local, ‘acessável’ por usuários que estejam conectados à mesma rede,
simultaneamente). Há diversos modelos de banco de dados: de rede, hierárquico,
orientado para objetos, entidade-relacionamento, documental, entidade-atributo-
valor, esquema em estrela, relacional-objeto, entre outros. Entre os citados, o
modelo relacional é o mais utilizado, por isso e pelo fato de se tratar do modelo
empregado na construtora em que foram extraídos os dados, este trabalho tratará
dele com maior profundidade (MEIRA, 2003; BRAZ, 2003).
Segundo Meira (2003), o modelo entidade-relacionamento partiu de uma
teoria matemática elaborada por Edgar Frank Codd, em 1970, a qual descrevia o
funcionamento dos bancos de dados. A ampla utilização deste modelo se deve à
flexibilidade e à possibilidade de solucionar muitos dos problemas que emergem na
concepção e implementação de um banco. Em suas palavras, “a estrutura
fundamental do modelo relacional é a relação (tabela). Uma relação é constituída
por um ou mais atributos (campos) que traduzem o tipo de dados a armazenar.
Cada instância do esquema (linha) é chamada de tupla (registro)” (p. 5). Para evitar
problemas como repetição, perda ou incapacidade de representar parte da
informação, foram impostas algumas restrições, tais como a integridade referencial,
as chaves e a integridade de junções de relações.
Em resumo, pode-se dizer que, em relação à arquitetura, ele dispõe de três
componentes: a coleção de estruturas de dados, chamada de relações ou tabelas;
os operadores e cálculos relacionais que estão na base da Structured Query
Language (SQL); e as restrições de integridade, para manter a consistência dos
dados. Esta flexibilidade refere-se à possibilidade de escrever consultas (queries),
para reorganizar os dados de modo a torna-los mais apropriados aos objetivos. As
38
consultas são realizadas dentro de softwares denominados Sistema de
Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD), como Microsoft SQL Server, Oracle,
MySQL, PostgreSQL, Firebird e outros (MEIRA, 2003). Assim, pode-se dizer que o
banco de dados corresponde à coleção de dados, enquanto o SGBD é o software
utilizado para manipular estes dados.
Para manter a integridade dos dados que compõem o banco, os SGBD são
dotados de algumas características operacionais, a primeira é o controle de
redundâncias e garante que as informações sejam armazenadas apenas em um
local, evitando a duplicação. A segunda, compartilhamento dos dados, regula a
concorrência no acesso aos dados para que não ocorram erros na escrita ou leitura
dos dados. A terceira, controle de acesso, determina os usuários que terão acesso a
determinado conjunto de dados. A quarta, o interfaceamento, indica a
disponibilidade de acesso por múltiplas interfaces (acesso gráfico, linguagem
natural, SQL). A quinta, esquematização, trata da existência de meios para
compreender os relacionamentos entre tabelas. A sexta, controle de integridade,
evita que aplicações e acessos firam a integridade dos dados. A última, backups,
estipula a facilidade para recuperar falhas (MEIRA, 2003).
A modelagem dos dados é a etapa anterior à implementação de um banco de
dados, ela é realizada dentro do SGBD e é chamada de modelagem dos dados.
Trata-se de criar uma estrutura para representar um conjunto de informações, que
permita ao usuário recuperar os dados com velocidade e transformá-los em
relatórios, formulários, gráficos, entre outros. Para programar o banco é necessário:
entender o problema (compreender as especificidades da regra de negócio do
cliente), construir o modelo Entidade-Relacionamento (ER) e implementar no SGBD
(MEIRA, 2013).
O modelo entidade-relacionamento rege a descrição formal da estrutura do
banco de dados, independente do SGBD. Entidade é um objeto concreto ou abstrato
sobre o qual deseja-se manter informações no banco de dados, ela se transformará
na tabela do modelo físico de banco de dados. Estes objetos possuem
características que os diferenciam dos demais, elas se chamam atributos. Por
conseguinte, pode-se concluir que todas as entidades possuem atributos que as
identifiquem, podendo ser simples, compostos, monovalorados, multivalorados ou
nulos. Neste contexto, relacionamento é entendido como o conjunto de associações
39
entre as entidades, podendo envolver aspectos da mesma entidade (auto
relacionamento) ou outros. Ele possui a cardinalidade, o que leva a outro aspecto do
modelo ER (MEIRA, 2013; BRAZ, 2003).
A cardinalidade representa o comportamento de uma entidade em relação a
uma ocorrência desta mesma entidade por meio de um relacionamento. Há
cardinalidade mínima e máxima, geralmente, utiliza-se um e N (cardinalidade acima
de 1) para as máximas e, zero e um para as mínimas. Por exemplo, a entidade
fazenda pode possuir uma ou muitas espécies de macieiras, mas a entidade árvore
pode possuir apenas um tipo de maçã (MEIRA, 2013).
A dependência da existência é um tipo de restrição para garantir a integridade
do banco de dados, ela identifica as entidades que possuam alguma forma de
dependência entre si, proibindo que a entidade dominante seja excluída sem a
exclusão de sua subordinada (BRAZ, 2003). Por exemplo, se toda venda está ligada
a um cliente, não é possível excluir um cliente e manter as vendas que foram
realizadas para ele.
As chaves também favorecem a integridade do banco, elas dão suporte às
restrições do tipo identidade e referencial, pois definem a unicidade dos registros, o
que é primordial para criar índices. possuindo três classificações: candidatas,
primárias e estrangeiras. As chaves candidatas consistem em um conjunto de
atributos de uma entidade que asseguram sua identificação, elas devem obedecer a
duas condições, unicidade e irredutibilidade. Por exemplo, para a entidade
funcionário, o conjunto de atributos nome, filiação e data de nascimento pode ser
classificado como chave candidata. A chave primária é escolhida em meio ao
conjunto de chaves candidatas, sempre representando um valor único e não nulo. A
chave estrangeira corresponde a um conjunto de atributos de uma entidade que
coincidem com os valores de uma chave candidata pertencente a outra entidade,
sendo essencial para a integridade do banco (BRAZ, 2003).
2.2.3 Linguagem SQL: tratamento e relacionamento
Structured Query Language (SQL) ou Linguagem de Consulta Estruturada,
em português, consiste em uma linguagem de programação criada no início dos
40
anos 70 por E. F. Codd dentro da IBM. Ela se propõe a ser um método para acessar
e manipular dados em um banco de dados relacional, especificando a forma do
resultado e não o caminho para chegar até ele. A SQL é considerada a linguagem
padrão dos bancos de dados relacionais, isso se deve ao fato de ser capaz de
gerenciar índices sem a obrigação de realizar o controle individualizado de índice
corrente, além da possibilidade de construir visões3 (views). Há ainda a facilidade de
cancelar ou salvar atualizações utilizando os comandos Commit e Rollback (KLINE,
2010; MEIRA, 2013). Este conjunto de características é responsável pelo status de
simples e fácil que a SQL carrega, levando-a a ser utilizada em larga escala.
A linguagem SQL é dividida em cinco subconjuntos associados às operações
que podem ser realizadas no banco de dados. Os comandos para a definição dos
dados são chamados de Data Definition Language (DDL), eles permitem a criação
do banco de dados, das tabelas e das relações entre elas a partir do Create, Alter e
Drop. Há ainda os comandos Data Manipulation Language (DML), para consultas,
inserções, exclusões e alterações em registros de uma ou mais tabelas,
simultaneamente. Entre eles, podemos citar Select, Insert, Update e Delete. Para
conceder ou remover privilégios aos usuários, utilizam-se os comandos Grant e
Revoke, pertencentes ao subconjunto Data Control Language (DCL). Os comandos
do Data Transaction Language (DTL) – Begin, Commit e Rollback – demarcam o
início ou o fim de uma operação. Por último, o subconjunto Data Query Language
(DQL), que permite fazer consultas e é o comando mais utilizado, o Select
(FERREIRA, 2009; MEIRA, 2013).
Abaixo dos comandos, vêm as cláusulas, definidas como “condições
utilizadas para determinar quais registros se deseja selecionar, excluir ou alterar”
(FERREIRA, 2009, p. 27). Classificando as mais utilizadas no cotidiano, a primeira é
from, para especificar a tabela desejada. A segunda é where, para especificar qual a
condição para selecionar os dados. Em seguida, vêm group by, agrupando ou
separando dados em grupos e, order by, ordenando os dados. A cláusula distinct
retira os registros que se repetem. Por último, inner join, reúne dados de tabelas que
contenham os mesmos valores.
3 View é uma tabela virtual composta por dados provenientes de outras tabelas relacionadas por uma
query. São utilizadas para filtrar apenas o conteúdo desejado e agrupar dados de diferentes tabelas, promovendo maior performance no carregamento dos dados a serem analisados no BI.
41
A cláusula where se desdobra em operadores lógicos, a fim de montar
expressões ou ligar condições e, relacionais, utilizados para comparar valores. É
preciso ressaltar que os operadores se apoiam na lógica matemática, portanto,
apresentam estreita semelhança com operações de probabilidade e comparação.
Entre os operadores lógicos, destacam-se And (retorna o resultado se ambos forem
verdadeiros), Or (retorna o resultado se no mínimo um for verdadeiro) e Not (retorna
o valor contrário). Os operadores relacionais são: > (maior que), < (menor que), >=
(maior ou igual a), <= (menor ou igual a), = (igual a), <> (diferente de), Between
(retorna valores em um intervalo), Like (retorna valores por comparação relativa à
posição do conteúdo), In (retorna os valores de uma lista especificada) (FERREIRA,
2009).
Junto ao comando Select, há as funções de agregação, onde é possível
especificar qual a espécie de valor desejado. Elas são: AVG (média), Count (total de
registros), Countd (total de registros distintos), Max (maior valor), Min (menor valor),
Sum (soma) (FERREIRA, 2009). A modelagem dos dados para aplicação demanda
o conhecimento dos comandos, cláusulas, operadores e funções que constituem a
linguagem SQL, que conforme explanado acima, é simples e segue princípios
matemáticos do conhecimento de leigos, tornando-a uma ferramenta acessível até
mesmo àqueles que estão iniciando na área de TI. No entanto, há que se tomar
alguns cuidados para não afetar a integridade do banco e mais ainda, utilizar as
informações com ética e profissionalismo, para não ferir a privacidade daqueles que
depositaram suas informações. O próximo tópico desenvolverá melhor este tema,
apontando quais os princípios legais que devem ser respeitados.
2.2.4 Responsabilidades pelos dados: o que diz a legislação brasileira
Os bancos de dados possuem informações valiosas não apenas para as
empresas, mas também para os clientes que têm seus dados cadastrados neles e
para os hackers. A possibilidade de acessar dados como o nome, o Cadastro de
Pessoa Física (CPF), o Registro Geral (RG) e os dados bancários despertam o
interesse dos ciber criminosos para os bancos de dados. Atualmente, o Ministério
Público (MP) está investigando cerca de trinta casos de violação de dados pessoais
no Brasil (FAUSTINO, 2018). Entre eles, há casos de negociação ilegal de dados
42
administrados por empresas, violações externas (ataques de hackers), vazamentos
por funcionários para extorsão. O risco de ataques, perda de dados e violações têm
sido uma preocupação frequente para as empresas de TI, que vêm investindo cada
vez mais recursos em ferramentas para elevar a segurança e minimizar riscos de
exposição. Visando aumentar a proteção e regulamentar punições, foi sancionada,
pelo Senado Federal, a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n. 13.790 de
14/08/2018) e instituída, pela Procuradoria-Geral de Justiça, a Comissão de
Proteção dos Dados Pessoais (Portaria Normativa PGJ n. 539 de 12/04/2018).
Segundo o Art. 43 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), o consumidor
possui acesso às informações e aos dados pessoais e de consumo que constam em
cadastros, fichas arquivadas, além de suas fontes. O inciso 4º refere-se
especificamente aos bancos de dados, ele propõe que “os bancos de dados e
cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e
congêneres são considerados entidades de caráter público” (BRASIL, 1990, on-line).
E caso se negue ou dificulte o acesso do consumidor aos seus dados, o responsável
pode receber pena de seis meses a um ano de detenção ou multa, conforme
determina o Art. 72 do CDC (BRASIL, 1990). Por entidade de caráter público,
compreende-se pessoa privada, ou seja, as empresas detentoras dos bancos de
dados, as quais, neste caso, devem prestar contas ao consumidor acerca dos dados
que possui sobre ele (RSTON; QUEVEDO, 2002).
Há alguns anos, uma ocorrência muito comum era a inscrição irregular no
cadastro de inadimplentes, o que causava danos morais, devido ao
constrangimento, e danos patrimoniais, devido à perda de crédito e condições
privilegiadas de financiamento (RSTON; QUEVEDO, 2002). Segundo o
CyberHandBook (2017, apud MORAES, 2018), este problema vem sendo superado
pelo vazamento de dados. Em 2017, 62 milhões de brasileiros foram vítimas de
cibercrimes, representando 61% da população adulta que acessa a Internet. As
perdas somaram R$22 bilhões e cada vítima teve o dispêndio médio de 34 horas
lidando com as consequências dos ataques.
A promotoria do Ministério Público partilha desta preocupação e tem atuado
na investigação e prevenção do problema, por meio da Comissão de Proteção dos
Dados Pessoais. Sua constituição apoia-se no Marco Civil da Internet (Lei n. 12.965,
de 23 de abril de 2014), a qual reitera os princípios de proteção dos dados pessoais
43
aos usuários da Internet; no início da vigência do regulamento geral de proteção dos
dados pessoais da União Europeia, o qual possui impacto além das fronteiras; na
inexistência de uma autoridade para fiscalizar a proteção de dados no Brasil, o que
deixava a população desprotegida; na quantidade de crimes envolvendo
comercialização ilegal de dados e, novamente, em seu vazamento. A Comissão tem
atuado junto às empresas e à população, mantendo um canal para informar
quaisquer problemas desta ordem (FAUSTINO, 2018; BRASIL, 2018a).
Este movimento contribuiu para a aprovação de uma legislação específica
para a proteção de dados pessoas, a Lei n. 13.790 de 14 de agosto de 2018. Ela
dispõe acerca do “tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por
pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com objetivo de
proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade” (BRASIL, 2018b).
Regulamentando aspectos do tratamento dos dados pessoais, os direitos do titular,
o tratamento de dados pelo poder público, a transferência internacional de dados, as
ações dos agentes de tratamento de dados pessoais, a segurança, as boas práticas
e a fiscalização. Alguns dos destaques são: a necessidade de solicitar o
consentimento do titular de forma clara e específica, esclarecendo a finalidade e,
solicitando-o novamente quando esta for alterada; a preocupação com a segurança
dos dados e a exigência de notificar os usuários em caso de vazamento; a
estipulação de sanções e multas por infrações (BRASIL, 2018b).
Considerando o valor que estes dados possuem para o mercado, tanto que, a
nova legislação proíbe que sejam comercializados sem autorização, ou ainda que
utilizar na oferta de publicidade direcionada, os hackers farão tentativas cada vez
mais ousadas para obtê-los a aplicar golpes em titulares e empresas. Por isso, os
cuidados com a privacidade devem ser partilhados por ambos, visando minimizar os
riscos e desdobramentos dos vazamentos.
2.3 INDICADORES DE DESEMPENHO
O capítulo aborda a definição dos indicadores de desempenho e a que se
propõem, os benefícios obtidos a partir da implantação de um sistema de medição
44
de desempenho e, por último, a metodologia de análise dos indicadores a partir da
perspectiva do BSC.
2.3.1 O que são Indicadores de Desempenho
Nas duas últimas décadas, a preocupação com dos gestores em melhorar o
projeto de medição de desempenho e os sistemas de avaliação têm aumentado. A
concorrência ficou mais acirrada, a informação tornou-se mais disponível e as
medidas que até então eram utilizadas, tornaram-se ultrapassadas. Com isto, veio a
necessidade de ampliar os horizontes para além das medidas estritamente
financeiras e obter novas fontes de informação, as quais auxiliassem os gestores a
tomar decisões estratégicas e permitissem prever o desempenho a longo prazo. Em
suma, pode se dizer que
No passado, os indicadores financeiros eram aceitáveis para registrar os investimentos no balanço das empresas. Porém, nas últimas décadas, ativos intangíveis se tornaram a principal fonte de vantagem competitiva. (...) A criação de valor mudou de gestão de ativos tangíveis para estratégias baseadas no conhecimento (SOUZA; CORREA, 2014 p .119).
O papel desenvolvido pelos indicadores de desempenho é central, fornecendo
informações para o bom gerenciamento das organizações, tais como: ROI (retorno
sobre o investimento), custo de mão-de-obra, custo de processos, custo de materiais
e outros. Alguns teóricos dividem a inserção dos indicadores na gestão e sua
evolução em fases. Bititci (2008 apud SOUZA; CORREA, 2014) aponta a existência
de quatro períodos: Just-in case, Lean, Agile e Networking.
O primeiro período, Just-in case, ocorrido entre 1900 e 1970, ficou marcado
pela demanda por produtividade e a preocupação estava sobre o controle
orçamental. O período Lean (1970-1990), foi marcado pela inquietação acerca dos
processos de negócio, marcando o surgimento do interesse em medir o
desempenho e os primeiros modelos (Smart, Matrix, BSC, Cambridge Performance
Measurement Process Design Systems, entre outros). No terceiro período, o Agile
(1990-2000), pesquisadores notaram a influência do ambiente e propuseram uma
segunda geração de indicadores de desempenho. No período atual, denominado
Networking, os indicadores devem ofertar vantagens competitivas, por meio do
45
entrelaçamento do valor comercial, social, político e ambiental de uma complexa
rede de stakeholders (BITITCI, 2008 apud SOUZA; CORREA, 2014).
Já para Ghalayini e Noble (1996 apud SOUZA; CORREA, 2014), esta
evolução foi marcada por apenas duas fases. A primeira, chamada de contabilidade
de custos, teve início 1880 e concentrava-se sobre os recursos financeiros. Ela foi
muito criticada por enfatizar medidas de curto prazo e não dar conta de todos os
aspectos críticos para o sucesso empresarial. Em resposta a este movimento, a
segunda fase surgiu em 1980, propondo-se a elaborar um sistema integrado e
equilibrado para os indicadores. Este período marca uma mudança de paradigmas,
da produtividade para o desempenho.
Assim, entende-se por indicador de desempenho:
Uma informação quantitativa ou qualitativa que expressa o desempenho de um processo, em termos de eficiência, eficácia ou nível de satisfação e que, em geral, permite acompanhar sua evolução ao longo do tempo e compará-lo com outras organizações (FNQ, 2014, p. 5).
Portanto, sua principal característica é possibilitar a comparação em relação a
algum referencial, como o passado, um compromisso assumido ou uma meta de
desempenho. E o sistema de medir o desempenho pode ser considerado um
processo de gestão promover conhecimento acerca dos aspectos que possibilitam
aferir e atestar em que medida a organização se aproxima ou se afasta de seus
objetivos e metas. A mensuração destes aspectos é realizada a fim de melhorar o
desempenho empresarial, prover respostas sobre as variáveis envolvidas nos
resultados obtidos e evidenciar os pontos em que é possível melhorar. Ou seja, eles
permitem que as organizações façam as intervenções necessárias, baseando-se em
informações sólidas e confiáveis (SOUZA; CORREA, 2014; FNQ, 2014).
É preciso ressaltar dois pontos, o primeiro é que alguns indicadores são mais
apropriados a algumas organizações em comparação a outras. Não existe uma
padronização e muitos aspectos dependem da regra de negócio e da disponibilidade
das informações. Portanto, o ideal é que as medições sejam comparadas a metas
previamente estabelecidas para um mesmo projeto (BORGES; CARVALHO, 2011).
O segundo ponto a ser destacado trata da diferença entre indicadores, dados e
46
informações, devido à frequência em que são empregados como sinônimos e por
estarem correlacionados. Conforme pode ser explanado no Quadro 1, os dados são
a menor parte do todo, enquanto as informações são intermediárias e os indicadores
são o fim, o objeto almejado.
QUADRO 1 - DIFERENÇAS ENTRE DADOS, INFORMAÇÕES E INDICADORES
FONTE: FNQ (2014)
Após obter uma noção mais concreta do que são os indicadores, pode-se
partir para as suas quatro subdivisões, conforme ilustra a Figura 2. A taxa é uma
divisão entre duas informações com a mesma grandeza, gerando um valor expresso
em porcentagem (%). É tido como um bom indicador. O índice é uma divisão entre
duas informações de grandezas diferentes, ele não pode ser expresso em %. É
considerado o indicador ideal. Driver e Outcome são distinções que podem ser
empregadas tanto em taxas, quanto em índices. O Driver permite aferir o
cumprimento dos planos ligados aos fatores críticos, conhecido como construtor ou
direcionador, pode ser gerenciado pela cobrança. O Outcome mensura o ponto
alcançado em relação aos objetivos, é denominado como construído, de resultado,
de fim ou de efeito (FNQ, 2019).
47
FIGURA 2 - SUBDIVISÕES DE INDICADORES
FONTE: FNQ (2014)
Briand et al., (2002 apud ROZADOS, 2005) propõe outra classificação,
dividindo os indicadores entre quantitativos e qualitativos. Os quantitativos são
definidos por uma unidade de medida, os qualitativos são enfocados na avaliação e
pesquisa de qualidade. Os qualitativos, ainda se dividem em diretos e indiretos. Os
diretos estão estreitamente relacionados à qualidade e número de fontes de
informação, valor agregado pelo trabalho do profissional de TI; os indiretos dizem
respeito à medida da notoriedade. Deve-se ter em mente que esta divisão preconiza
a satisfação do usuário-cliente.
Sutter (2002 apud ROZADOS, 2005) defende três funções para os
indicadores nas organizações, para resolver problemas conjunturais, para a
aplicação de processos internos e/ou para verificar aspectos econômicos, qualidade
e satisfação. Ele propõe uma terceira classificação, de um lado, estão a satisfação e
a qualidade (indicadores de satisfação) e, de outro, a eficiência e a eficácia
(indicadores de desempenho).
Há ainda outra divisão possível, classificando os indicadores conforme a sua
perfomance. Os Key Result Indicators (KRIs) fornecem um panorama de como está
a organização, mas não dão indícios acerca do que pode ser feito para melhorar o
resultado (exemplos: satisfação de clientes e funcionários, rentabilidade, entre
outros). Os Performance Indicators (PIs) dão o suporte necessário para que as
equipes alinhem suas ações ao encontro da estratégia organizacional, eles
complementam os Key Performance Indicators (KPIs). Por exemplo: percentual de
aumento nas vendas, reclamações de clientes, atrasos nas entregas, entre outros).
Os Result Indicators (RIs) apresentam o resultado dos esforços de múltiplos
48
departamentos da organização, eles são financeiros (exemplos: lucro líquido,
vendas realizadas, entre outros). Os KPIs apresentam aspectos importantes para o
sucesso da organização e indicam a intervenção que deve ser realizada para
melhorar a performance (SILVA; SANCHIS; KANAANE, 2015).
Independentemente da classificação, é consenso que os indicadores de
desempenho não se resumem a um diferencial, mas de um pré-requisito para
sobreviver ao mercado atual. Toda organização, seja ela de grande ou de pequeno
porte, possui metas para garantir a continuidade de sua sobrevivência. Cabe
destacar que de acordo com a experiência do autor desta dissertação, para as
pequenas organizações, a parte mais delicada é o financeiro. Portanto, dedicam-se
com maior afinco aos indicadores com cunho predominantemente financeiro e só em
um segundo momento, passam a produzir informações e análises direcionadas aos
demais setores e à satisfação dos clientes.
De acordo com o Guia Referencial para Medição de Desempenho e Manual
para Construção de Indicadores, elaborado pelo Ministério do Planejamento (2010,
p. 6), “uma boa gestão é aquela que alcança resultados, independente de meritórios,
esforços e intenções”. Entretanto, os resultados não ocorrem automaticamente ou
naturalmente, porque os governos, políticas, programas e organizações não são
auto orientados para obtê-los, é necessário implementar e este é o maior desafio
que enfrentam. Conforme citado anteriormente, cada organização possui a sua regra
de negócio e, com isso, cada uma atribui diferentes pesos aos diversos fatores que
promovem resultados. O cerne da questão é lidar com o entroncamento de todas
estas variáveis, para que sejam harmonizados sob um modelo de gestão para
resultados.
Ainda segundo o Ministério do Planejamento (2010, p. 13), os indicadores
possuem a função de:
- Mensurar os resultados e gerir o desempenho; - Embasar a análise crítica dos resultados obtidos e do processo de
tomada de decisão; - Contribuir para a melhoria contínua dos processos organizacionais; - Facilitar o planejamento e o controle do desempenho; - Viabilizar a análise comparativa do desempenho da organização e do
desempenho de diversas organizações atuantes em áreas ou ambientes semelhantes.
49
Assim, entende-se que os indicadores de desempenho são uma ferramenta
para aferir os resultados, possibilitando que os gestores tenham uma perspectiva
confiável sobre a posição que ocupam em relação a onde têm a intenção de chegar.
Eles fornecem informações preciosas não apenas sobre quais os acertos e erros
obtidos somados ao impacto deles nos resultados, mas também acerca das ações e
intervenções que devem ser implementadas para que alcancem o sucesso.
Entre os indicadores de desempenho, há os indicadores financeiros.
Tradicionalmente, eles representam um panorama baseado no balanço patrimonial,
no demonstrativo de resultados do exercício e no demonstrativo de origem e
aplicação de recursos. Podem ser agrupados em quatro categorias: indicadores de
rentabilidade, indicadores de estrutura de capital, indicadores de liquidez e
indicadores de atividade (INFOMONEY, 2006).
Os indicadores de rentabilidade mensuram os lucros da empresa em
comparação às vendas, aos ativos e ao capital investido; tais como, margem
operacional, margem EBITDA, margem líquida, retorno sobre patrimônio.
Indicadores de estrutura de capital compreendem a análise do endividamento, da
capacidade em gerar caixa para pagar os débitos e de garantir o crescimento das
atividades, os mais comuns são endividamento total/patrimônio e cobertura de juros.
Indicadores de liquidez (capital circulante, índice de liquidez corrente, liquidez seca e
liquidez geral) referem-se à possibilidade de cumprir com as obrigações financeiras
à curto prazo. Por último, os indicadores de atividade permitem verificar a velocidade
em que os sacrifícios são convertidos em resultados; os mais utilizados são: fluxo de
caixa, fluxo de estoques e período médio de cobrança (INFOMONEY, 2006).
A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) em parceria com a
Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), sugere alguns
indicadores. Entretanto, eles não se propõem a analisar o cenário interno, mas o
mercado em geral, trazendo dados acerca de lançamentos, vendas, entregas, oferta
final e distratos. O material é divulgado mensalmente, com permissão de acesso e
download ao público em geral4
4 O material está disponível em: <https://www.abrainc.org.br/radar/>.
50
2.3.2 Implantação de um Sistema de Medição de Desempenho
Francischini e Francischini (2017) elencaram os benefícios mais comuns da
implantação de um sistema de indicadores. Conforme ilustra a Figura 3, o primeiro
deles é o controle da empresa, que vai desde a coleta e análise dos dados até o
planejamento e a execução de ações corretivas. O segundo, diz respeito à
comunicação de objetivos, pois os indicadores fornecem uma explanação clara e
precisa acerca dos objetivos da empresa e, assim, é mais fácil comunicar recursos,
restrições e prazos. O terceiro é a motivação dos funcionários, pois, a mensuração
do desempenho associada a um programa de remuneração por cumprimento de
metas, leva-os a deixar a zona de conforto e se esforçarem. O último benefício é
referente ao direcionamento de melhorias na organização, porque apenas corrigir os
processos não é suficiente para manter-se no mercado, é preciso identificar o
aumento de expectativas dos clientes, comparar-se com os concorrentes e,
sobretudo, saber o que deve ser melhorado para estabelecer metas mais elevadas.
FIGURA 3 - BENEFÍCIOS DE UM SISTEMA DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO
FONTE: Francischini; Francischini (2017)
No entanto, para garantir estes benefícios, é primordial ter alguns cuidados
antes de implantar o Sistema de Medidores de Desempenho (SMD) na organização.
51
Antes de definir quais indicadores são produzidos, é necessário identificar quais os
objetivos desejados e, só assim, será possível determinar o que deverá ser
mensurado. Este cuidado auxilia a prevenir outros erros, como a produção excessiva
de indicadores, os quais são onerosos e podem acabar tirando o foco; o ideal é que
gestores operacionais lidem com no máximo cinco indicadores, gerentes com sete e
diretores com nove, conforme ilustra a Figura 4. Além disso, os indicadores devem
possuir metas, gerar ações corretivas, serem confiáveis (informações sólidas e
corretas), ter uma periodicidade constante e, o principal, que os gestores tenham
boa compreensão sobre o que o indicador está medindo e conceitos bem delineados
acerca de eficácia, eficiência, satisfação e comprometimento (FRANCISCHINI;
FRANCISCHINI, 2017).
FIGURA 4 - NÚMERO DE INDICADORES POR GESTOR DE ÁREA
FONTE: Francischini; Francischini (2017)
De acordo com Rozados (2005) a escolha dos indicadores deve ser pautada
em alguns princípios, tais como: pertinência, caráter operacional, caráter
consolidável e caráter econômico. A pertinência diz respeito à fidelidade ao
fenômeno estudado, à estabilidade (capacidade de fornecer informação exata e
renovável) e à sensibilidade para refletir as variações. O caráter operacional dita que
o indicador deve ser facilmente estabelecido e manuseado pelo usuário, além de ser
congruente com a cultura organizacional, para que seja bem aceito. O caráter
52
consolidável, refere-se à qualidade de facilitar análises e sínteses anteriores,
evidenciando as tendências. Por último, o caráter econômico trata da possibilidade
de calcular monetariamente o indicador.
Para orientar a implantação e a análise do SMD, é importante optar por uma
metodologia específica. Pois, a escolha bem fundamentada de um sistema de
gestão que vá ao encontro do que a organização acredita e deseja, ou seja, de seus
objetivos, fornece respostas acerca do que deve ser mensurado e,
consequentemente, quais os indicadores a trabalhar. Em suas análises e
consultorias, o autor que vos escreve tem utilizado o BSC, por ser o que melhor
atende às demandas dos clientes do segmento em que atua, a construção civil.
Fischmann e Zilber (2015, p. 4) partilham da mesma impressão, para eles:
Administradores e empregados necessitam constantemente monitorar o desempenho de suas companhias. Entretanto, nem todas as medidas de desempenho que são necessárias são encontradas nos tradicionais relatórios financeiros. Por isso, a tendência mais importante atualmente é o ‘balanced scorecard’. Este sistema apresenta informações tanto de caráter financeiro como não financeiro em formatos lógicos. Mede o que é importante para o desempenho total da companhia.
No capítulo 1, foi dada uma breve explicação acerca do Balanced Scorecard e
sua importância para avaliar os benefícios tangíveis e intangíveis da Ciência da
Gestão. Abaixo, o tema será desenvolvido com maior profundidade.
2.3.3 Metodologia de análise: acompanhamento dos indicadores
Segundo Kaplan e Norton (1997), na era da informação, as organizações
passaram por diversas alterações: em seus processos interfuncionais, no
relacionamento com clientes e fornecedores, na segmentação de clientes, na queda
das fronteiras causada pela globalização, no ciclo de vida dos produtos. Para lidar
com as transformações, foram adotados programas de melhorias, no entanto,
grande parte deles produziu resultados desastrosos, porque estavam atrelados ao
modelo contábil clássico, de modo que, produziam inúmeros relatórios financeiros
periodicamente. Foi elaborado um modelo que se propunha a ampliar o modelo da
53
contabilidade financeira, para que avaliasse também os ativos intangíveis e
intelectuais das organizações. O Balanced Scorecard (BSC) traz a proposta de
ampliar a análise para além das medidas financeiras, complementando-as com
outras que impulsionam o desempenho no futuro por partir do pressuposto que estas
medidas resultam de acontecimentos passados, o que era adequado às
necessidades das organizações da era industrial, mas não cabe às organizações da
era da informação.
Esta metodologia fornece a estrutura necessária para traduzir a estratégia em
termos operacionais abrangendo quatro dimensões: finanças, clientes, processos
internos, aprendizado e conhecimento, conforme ilustra a Figura 5. A dimensão
financeira trata da determinação de metas de arrecadação de receitas, crescimento
e lucratividade; ela traduz as expectativas dos acionistas em relação ao retorno
financeiro e à viabilidade econômica da organização. Os objetivos relacionados aos
clientes determinam o público-alvo e o segmento de mercado que almeja alcançar;
respondendo à questão acerca de como o cliente vê a empresa e quais as suas
expectativas. A dimensão de processos internos diz respeito à identificação dos
processos mais críticos para alcançar um desempenho superior; ou seja, quais os
elementos essenciais nos quais ela deve atingir a excelência. A dimensão de
aprendizado e conhecimento trata do investimento em pessoal, sistemas e
procedimentos, produzindo inovações e melhorias; buscando respostas para o que a
empresa deve fazer para inovar e agregar valor às suas operações (KAPLAN,
NORTON, 1997; FISCHMANN, ZILBER 2015).
54
FIGURA 5 - AS PERSPECTIVAS DO BALANCED SCORECARD
FONTE: Francischini; Francischini (2017)
Francischini e Francischini (2017) chamam atenção para o fato de que a curto
prazo, a dinâmica estabelecida entre as quatro dimensões parece estável, com a
produção (a dimensão dos Processos Internos) chegando a resultados que atinjam
as expectativas dos clientes ou até mesmo supere. Consequentemente, ele adquire
os produtos e fornece o faturamento desejável (finanças), assim como, a produção
deve manter os custos operacionais dentro dos limites para garantir o faturamento
demandado pelos acionistas. Entretanto, a médio e longo prazo, as dimensões são
alteradas e, por serem interdependentes, causam um efeito dominó, conforme ilustra
a Figura 6. As expectativas dos clientes se transformam devido às mudanças na
oferta de mercado, exigindo mudanças na operação da organização, para que se
ajuste às novas demandas. Mas para que as operações sejam transformadas, é
preciso desenvolver novas competências em Recursos Humanos, novos
equipamentos e tecnologias de produção. E, por último, será a dimensão de
Aprendizado e Crescimento a responsável por analisar os objetivos estratégicos que
proveem a mudança e a inovação.
55
FIGURA 6 - DINÂMICA DAS PERSPECTIVAS DO BALANCED SCORECARD
FONTE: Francischini; Francischini (2017)
Os criadores do BSC também podem ser considerados os pioneiros na
qualidade total, pois, a metodologia proposta por eles auxilia muito na definição do
planejamento estratégico. Partindo das metas e plano de ação, os indicadores de
desempenho, os fatores críticos do sucesso, os objetivos estratégicos, até chegar à
visão e, por último, à missão da organização (FRANCISCHINI; FRANCISCHINI,
2017). Justamente devido à abrangência e flexibilidade do BSC, além de sua
assertividade, é que se adapta tão bem à estrutura de organizações de diferentes
tamanhos e formatos. Além disso, é necessário considerar que os indicadores não
funcionam sozinhos, o resultado de um incide sobre os demais, refletindo com maior
exatidão a realidade da empresa, em que atividades, departamentos e dimensões
não funcionam em separado, portanto, não podem ser mensurados como ilhas.
2.4 TÉCNICAS DE BUSINESS INTELLIGENCE
Este capítulo explicita o que é Business Intelligence e como suas técnicas
foram se moldando e sofrendo transformações no decorrer do tempo, enumera os
benefícios que a utilização das ferramentas de BI pode vir a ter sobre a gestão dos
56
negócios e os processos envolvidos em sua construção, desde a inserção dos
dados pelos usuários do ERP Sienge até a elaboração dos dashboards no Tableau.
2.4.1 O que é Business Intelligence
Junto ao desenvolvimento da TI, houve a entrada dos primeiros softwares
rotineiros ou transacionais nas organizações, para armazenar grande volume de
dados e auxiliar nos cálculos. Após algum tempo, foi detectada a possibilidade de
utilizá-los para apresentar as informações em forma de relatórios, que por sua vez,
evoluíram para os Sistemas de Informações Gerenciais (SIGs), que incluíam a
geração de gráficos e painéis (dashboards). Entretanto, os administradores,
tomadores de decisão, gestores e executivos necessitavam de um suporte que
facilitasse a tomada de decisão. Esta demanda foi suprida com os sistemas de BI,
auxiliando a compreender os motivos, causas e explicações por detrás do que
ocorre nas empresas (LOH, 2014).
Antes de compreender o que significa BI, é preciso compreender dois pontos.
O primeiro é que os sistemas de BI e os SIGs não devem ser confundidos, pois, os
SIGs se propõem a produzir relatórios e gráficos para sintetizar e comparar
informações. Enquanto os sistemas de BI produzem informações novas, que não
estavam no banco de dados, levando o usuário a descobrir algo novo, de forma fácil
e rápida. Por exemplo, enquanto o SIG aponta qual o produto mais vendido, o BI
deve revelar as razões para o sucesso deste e o fracasso dos demais. O segundo,
diz respeito à diferença entre dado, informação, conhecimento e inteligência. A
diferenciação e as relações entre os três primeiros já foram esclarecidas nos
capítulos anteriores, ainda falta descrever o que se entende por inteligência. Ao
estabelecer uma hierarquia, de forma crescente, tem-se: o dado mais abaixo,
seguido da informação, depois do conhecimento e, no topo, a inteligência. Ela
consiste na capacidade de resolver problemas com o conhecimento que possui, ou
seja, trata-se de empregar o conhecimento disponível e fazer conexões cerebrais
para aplicar de forma prática (LOH, 2014).
Loh (2014) define BI como “um processo que tem por objetivo encontrar
causas ou explicações para eventos ou resultados. E estes resultados podem ser
57
bons ou ruins, ou seja, o BI deve procurar causas dos problemas e as melhores
práticas do sucesso” (p. 14). O BI se propõe a pôr fim a ‘achismo’ e ‘empirismo’,
superando o uso de tentativa e erro para resolver problemas e atingir metas; explicar
eventos baseando-se em dados, ocasionando a repetição do sucesso e a evitação
do fracasso; buscar e apontar padrões, para identificar preferências dos
consumidores e auxiliar na elaboração de estratégias, por exemplo, conforme
ilustrado na Figura 7.
FIGURA 7 - PROCESSOS DO BUSINESS INTELLIGENCE
FONTE: Kolb (2014)
Para Silva et al (2016), BI pode ser definido como um conjunto de soluções
tecnológicas que perpassa pelos processos de coleta, transformação, análise e
distribuição de dados, visando orientar a tomada de decisões. Pode ser considerado
sinônimo de Inteligência Empresarial, referindo-se à habilidade das organizações de
acessar os dados, colher informações, cruzar e analisar para tomar decisões; o que
lhes proporciona vantagem competitiva e é de grande relevância para a
sobrevivência no mercado corporativo.
Pereira (2015) aponta a existência de duas abordagens para o BI, a
administrativa e a tecnológica. Na primeira, a abordagem administrativa, o foco está
58
nos processos que envolvem a coleta de dados provenientes de fontes internas e
externas e na análise destes, com o intuito de gerar informações para os decisores.
Neste caso, trata-se tanto de um processo, quanto um produto, para prever o
comportamento do mercado e dos negócios, auxiliando as organizações a se
manterem competitivas. Mais que isso, é a transformação dos dados em inteligência,
com confiabilidade e em tempo hábil. Para a abordagem tecnológica, o foco está nas
ferramentas que permitem o armazenamento e análise das informações, portanto,
prioriza-se a tecnologia. Assim, o BI é tratado como uma arquitetura e coleção de
operações integradas, portanto, é um termo que abarca Data Warehousing (DW),
elaboração de relatórios, processamento analítico, gestão de desempenho e análise
preditiva.
Conforme esclarecido no Quadro 2, as definições de BI foram se alterando no
decorrer do tempo, se tornando mais abrangente e complexa.
59
QUADRO 2 - DEFINIÇÕES DE BUSINESS INTELLIGENCE
FONTE: Adaptado de Chee et al., (2009)
O alinhamento decorre da concepção da abordagem administrativa, por
compreender que as demandas da organização é que ditam todas as partes do
processo, desde quais informações possuem relevância suficiente para serem
registradas, armazenadas e modeladas, até a definição dos indicadores e o layout
das visualizações. No entanto, é consenso que independente da abordagem
utilizada, é possível se beneficiar com as soluções de BI.
60
2.4.2 Impacto da utilização de ferramentas de Business Intelligence sobre a gestão
Conforme descrito por Loh (2014), o BI nasceu nas organizações, como uma
resposta às demandas dos decisores, que precisavam de conhecimento para tomar
decisões assertivas, garantindo a sobrevivência em um mercado altamente
competitivo.
Silva (2016) afirma que a tomada de decisões envolve conhecimento do
negócio, dados operacionais e de mercado, agilidade, e flexibilidade para cruzar
informações precisas e em tempo real. Por basear-se justamente na transformação
de dados em informações, em decisões e em ações, sucessivamente, de forma que,
obtenha-se vantagem competitiva, é que o BI obteve lugar privilegiado nas
empresas.
Entretanto, o investimento possui um custo elevado, o que pode se tornar
uma barreira difícil de transpor. De acordo com Pereira (2015), empresas que não
possuem a cultura na realização de investimentos em TI, não possuem parâmetros
para fazê-lo.
As empresas brasileiras investem em média 7,5% a 8% do faturamento em TI
e, aquelas que adotaram as tecnologias mais recentes, aumentaram a receita anual
em 16% e criaram novos postos de trabalho 11% mais rápido em comparação às
que não investiram. A dificuldade em investir decorre da escassez de recursos,
financeiros e humanos, demandando a seleção de projetos e a priorização daqueles
que trazem maior retorno e competitividade. Há cinco benefícios percebidos pelas
empresas que implantaram projetos de TI: economia via mecanização, economia via
racionalização, expansão dos negócios, melhoria nas decisões e novas
oportunidades. No entanto, os benefícios mais amplos possuem maior dificuldade de
quantificação, ou seja, é difícil mostrar o impacto monetário dos maiores benefícios
aos gestores. Conforme ilustrado na Figura 8.
61
FIGURA 8 - BENEFÍCIOS DA IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
FONTE: Pereira (2015)
Para justificar a relevância dos projetos de TI, é possível realizar dois tipos de
análise, dependendo da natureza dos benefícios, tangíveis ou intangíveis. A análise
quantitativa é viável para justificar projetos que trazem economia via mecanização e
racionalização, porque os benefícios da mecanização de tarefas repetitivas e a
eliminação das perdas são tangíveis. Podem ser medidos por meio de técnicas
como o Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), e pay-back
(tempo para atingir o ponto de equilíbrio). A análise qualitativa justifica projetos
voltados à expansão da capacidade operacional, melhoria de processo decisório e
novas oportunidades de negócio. Visto que, os benefícios da eliminação de gargalos
no atendimento, a disponibilização de informação para o processo decisório, as
inovações em produtos e serviços não podem ser mensuradas numericamente, são
intangíveis. Demandam reflexões acerca dos ganhos ao investir, consequências de
não investir e ações dos concorrentes (PEREIRA, 2015).
Segundo Pereira (2015), a análise para os projetos de BI encaixa-se
justamente no segundo grupo, assim, seus benefícios são passíveis apenas de
análise qualitativa. Não é possível determinar a priori o valor de uma decisão, o
custo de uma decisão diferente ou o qual a influência da informação na decisão,
porque todas elas passam pelos fatores subjetivos e circunstanciais, conforme
explanado no Quadro 2. Como solução alternativa a este impasse, sugere-se:
62
As empresas avaliam o impacto do portfólio de possíveis ‘aplicações’ de BI em relação aos objetivos e metas estratégicas da empresa. Para criar um portfólio de BI, primeiro é necessário definir um conjunto de ‘aplicações’ que têm relevância para o negócio, (...)e em seguida, mapear todas estas ‘aplicações’ contra os objetivos estratégicos da empresa. Dessa forma, uma tabela é gerada com o objetivo de representar o valor de cada ‘aplicação’ de BI para a empresa e a ordem provável em que deve ser implantado (p. 37-38).
QUADRO 3 - DEFININDO O PORTFÓLIO DE APLICAÇÕES DE BUSINESS INTELLIGENCE
FONTE: Pereira (2015)
Na prática, a principal dificuldade sempre esteve no convencimento dos
gestores, o que faz com que esta etapa se arraste por semanas e, algumas vezes,
até por meses. É fácil demonstrar visualmente o produto final do BI, que são os
dashboards, nos quais eles podem observar o conteúdo, a navegabilidade, o layout
e o impacto visual das informações. Entretanto, convencer acerca dos impactos da
adoção deste é um desafio a ser superado, pois não é possível prometer quando e
em quanto o investimento se converterá em resultados sobre o faturamento, por
exemplo. Porém, ao mapear os pontos críticos e para atingir os objetivos
estratégicos, criam-se condições descrever e avaliar os benefícios com mais
propriedade.
2.4.3 O caminho percorrido até o Business Intelligence
63
Sabe-se que há diversas formas de elaborar relatórios empresariais, sendo o
Excel uma das ferramentas amplamente utilizadas para este fim. Entretanto, o
usuário está implicado em uma atividade laboriosa, no qual está exposto a falhas e
às limitações da ferramenta, sendo viável trabalhar apenas com volume de dados
restrito. A inteligência presente no BI implica em transformar dados em informações
úteis e valorosas, possibilitando a interpretação e análise de um elevado volume de
dados em uma fração de tempo inferior. Assim, é possível converter planilhas com
centenas de linhas e milhares de colunas em um dashboard, trazendo maior
eficiência para a gestão de negócios.
Conforme descrito anteriormente, há uma hierarquia que inicia nos dados e
termina na inteligência, o salto entre a informação e o conhecimento se dá por meio
dos dashboards. Após todo o processo de inserção dos dados, extração e
modelagem dos dados e análise das informações, surge o resultado de um sistema
de BI, fase em que ocorre a apresentação dos dados. O dashboard pode ser
considerado a peça fundamental do sistema de BI e, por trazer os dados de forma
rápida e fácil de visualizar, se tornaram um poderoso instrumento para as
organizações que precisam de informação (SILVA et al., 2016). Neste caso, a
inserção dos dados ocorreu no ERP Sienge, a extração e a modelagem se deram no
Firebird e, o último passo, a elaboração dos indicadores e dashboards, aconteceu no
Tableau. O passo-a-passo e os softwares utilizados serão melhor descritos abaixo:
Sienge
O Sienge é um Enterprise Resourse Planning (ERP), em português, software
de gestão voltado à indústria da construção civil. O projeto teve início em 1989,
quando Carlos Augusto de Mattos, Ilson Stabile e Moacir Marafon, sócios-
fundadores da Softplan, foram contratados para desenvolver um software de gestão
para uma construtora. Inicialmente, o ERP foi desenvolvido em DOS no ambiente
ZIM, em 2000 recebeu uma versão para Windows e, em 2005, o Sienge foi
convertido de Desktop para Web, alterando também a linguagem de programação
que era Delphi e passou a ser Java. Em 2007/2008, os clientes começaram a migrar
da modalidade cliente/servidor para Web e tiveram início as operações em Cloud.
Estas alterações tornaram o software acessível de qualquer lugar, a partir de
computadores, celulares, notebooks e tablets (SIENGE, s.d.).
64
Ele possibilita gerenciar e integrar todos os setores das empresas de
construção, por meio de doze módulos: engenharia, nota fiscal eletrônica, gestão de
ativos, recursos humanos, integração BIM, suprimentos, contabilidade – fiscal,
suporte a decisão, segurança, financeiro, comercial, gestão de qualidade e
aplicativos. Com o Sienge é possível acompanhar e direcionar todas as partes de
um projeto, desde o orçamento, a obra, a compra de suprimentos e as medições, até
o processo de vendas, a assistência técnica e o pós-venda. As informações são
coordenadas com o financeiro, permitindo gerir contratos, emitir boletos, notas e as
demais obrigações fiscais (SIENGE, s.d.).
Firebird
O Firebird é um Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD), ele teve
início após a abertura do código-fonte da Borland, o InterBase 6.0, em 2000, sob a
licença Interbase Public License (IPL). O InterBase já era reconhecido por ser um
banco de dados eficiciente, de fácil instalação e manutenção, consequentemente, o
lançamento como fonte aberto foi bem aceito. Alguns ex-funcionários da Borland
criaram uma árvore das fontes do Interbase no SourceForge, fato que marca a
criação do Firebird. Após este acontecimento, muitos dos usuários dos Interbase
passaram a estudar o código-fonte, identificar erros e implantar melhorias (MOURA,
2011).
Ele suporta sistemas com usuários simultâneos e bases de dados bastante
densas, além de ser compatível com Windows, Linux e Mac OS. Possui código
aberto e não existe licença dupla, assim, é possível utilizá-lo em qualquer tipo de
aplicação gratuitamente. Seus principais recursos são: suporte a Stored Procedures
e Triggers, transações compatíveis com ACID, integridade referencial, multi
generational architecture, diversas formas de acesso ao banco de dados (nativo/API,
dbExpress, ODBC, PHP, entre outros), backups incrementais, tabelas de
monitoramento, tabelas temporárias, Triggers de conexão e transação, TraceAPI
(monitoramento do servidor), entre outros (CANTU, 2010).
Tableau
65
O Tableau teve origem em um projeto do departamento de defesa dos
Estados Unidos, o Projeto Polaris5, de 2002, que tinha como objetivo aumentar a
capacidade das pessoas para analisar informações, que era um processo muito
longo, caro e delicado, restrito aos especialistas. Os fundadores são Christopher
Stolte (doutorando em Ciências da Computação), Pat Hanrahan (orientador de
Stolte, cofundador da Pixar) e Christian Chabot. Eles uniram a linguagem da
computação com o melhor que existe da computação visual e patentearam a
tecnologia de arrastar e soltar. O CEO Christian Chabot viu um potencial acima do
projeto e teve a ideia de continuar com ele, fundando a Tableau em 2004, com sede
em Seattle. Sua missão é ajudar as pessoas a verem e entenderem seus dados,
representando uma das demandas do século. Destaca-se por ser uma das
ferramentas mais rápidas do mercado, ocasionando economia de tempo e,
consequentemente, diminuição de gastos (POLARIS, 2002).
A Tableau possui três produtos, com diferentes usos e funções: o Desktop, o
Server e o Online, conforme indicado na Figura 9. O Desktop é onde começa a
análise dos dados, com ele é possível se conectar diretamente ao banco de dados
para análises em tempo real. Também se pode executar consultas sem a
necessidade de dar comandos. Em suma, é no Desktop que os dados do banco são
transformados em visualizações interativas (TABLEAU, s.d.).
5 Para mais detalhes sobre o Polaris Project, acesse:
<http://www.graphics.stanford.edu/projects/polaris/>.
66
FIGURA 9 - ARQUITETURA TABLEAU
FONTE: Zinjad (2016)
No Tableau Server, são publicados os painéis criados com a ferramenta
anterior. O usuário é responsável por instalar o software e a dar manutenção no
sistema usando o seu próprio hardware, a hospedagem pode ser local ou na nuvem;
é possível criar e manter sites sem acréscimo nos custos, configurar usuários e
permissões. Conforme as permissões configuradas, os usuários que têm acesso à
pasta, podem personalizar os filtros e até fazer edições online. É compatível com
conexões em tempo real e extrações, basta criar uma agenda de atualização para
os dados extraídos e, assim, garantir que sejam atualizados diariamente (TABLEAU,
s.d.).
O Tableau Online é um outro destino para a publicação dos painéis e
visualizações, hospedado na nuvem da Tableau, o que o torna prático e muito
seguro. Também é compatível com dados em tempo real ou extraídos, além da
possibilidade de agendar atualizações diárias e edição online. Outro ponto em
67
comum entre ambos é a possibilidade de criar usuários e administrar suas
permissões, de modo que, cada um tenha acesso ao que lhe convém e as
informações sigilosas fiquem inacessíveis. Por exemplo, não é necessário que
informações acerca do patrimônio, dos lucros e do fluxo de caixa sejam do
conhecimento de todos, elas podem ser restringidas ao departamento financeiro e à
diretoria. O Tableau Online e o Tableau Server podem ser acessados por meio de
qualquer dispositivo móvel, como celular e tablet (TABLEAU, s.d.).
Conforme esclarecido acima, os dashboards são a parte final do processo de
BI, portanto, trata-se da interface com a qual o cliente entra em contato, enquanto os
demais procedimentos ficam ocultados e inacessíveis. Segundo Few (2004), “um
dashboard é uma tela com as informações mais importantes para alcançar um ou
mais objetivos; consolidadas e organizadas em uma única tela para que as
informações possam ser monitoradas em apenas um olhar” (p. 3). É nos dashboards
que estão dispostos os KPIs, em variados formatos de gráficos e tabelas,
atualizados em tempo real ou periodicamente. Caracterizam-se por trazerem
sínteses de alto nível, de forma concisa, limpa e intuitiva e, sobretudo, customizadas
de acordo com as necessidades do cliente.
Few (2010) faz uma ressalva importante, os dashboards não podem ser
considerados ferramentas abrangentes para realizar análises, tomar decisões ou
gerir uma organização. Eles podem ser utilizados como o ponto de partida para
qualquer processo que requeira informações abrangentes. Isso se deve ao fato de
que o design de um dashboard eficiente, conforme ilustra a Figura 10, exige que
seja limpo e livre de distrações, garantindo rápida análise e entendimento. Para
ilustrar melhor, há uma analogia entre um dashboard e o painel de um avião, pois
ambos devem ser desenhados para que o piloto ou gestor saiba o que está
ocorrendo apenas com um olhar, mesmo que haja muita informação para monitorar.
68
FIGURA 10 - DASHBOARD COM DESIGN EFICIENTE
FONTE: Few (2010)
É preciso ter isto em mente para não cometer algum dos treze erros,
conforme ilustra a Figura 11, discriminados por Few (2010), tais como: exceder as
bordas de uma única tela; não fornecer contexto adequado aos dados; apegar-se a
detalhes e minúcias dispensáveis; não especificar o que está sendo medido e em
qual unidade; escolher o formato de gráfico inapropriado para a informação;
introduzir ampla variedade de formatos de gráfico e perder o sentido; utilizar gráficos
mal desenhados (cores muito brilhantes, efeito 3D, elementos mal distribuídos);
decodificar dados quantitativos erroneamente; distribuir as visualizações sem lógica,
transformando em um labirinto; não destacar o que possui maior relevância; carregar
na decoração inútil; não utilizar cores ou utilizar em excesso; projetar uma
visualização que não seja agradável aos olhos.
69
FIGURA 11 - DASHBOARD COM DESIGN INEFICIENTE
Fonte: Few (2010)
Wexler, Shaffer e Cotgrave (2017) propõem um modelo de dashboard para
contemplar os KPIs que mensuram o sucesso da organização, conforme ilustra a
Figura 12. Eles sugerem que ele seja compacto e possibilite que os gestores foquem
facilmente nos itens mais relevantes e ainda vejam outros que sejam
complementares. Ou seja, em apenas um olhar, o gestor deve visualizar as metas
para o período atual, se estão conseguindo atingir aquilo a que se propuseram ou
não; além das informações auxiliares que ajudam a decodificar as principais. O
dashboard ainda deve ser capaz de mostrar KPIs dos diferentes setores e
hierarquias da organização, para isto, devem ser disponibilizados filtros. Diferentes
formas e cores podem auxiliar a comparar a performance com a meta, facilitando a
interpretação. Por último, as dicas de ferramenta trazem informações auxiliares, que
complementam o gráfico e trazem detalhes acerca do KPI correspondente.
70
FIGURA 12 - DASHBOARD PARA ACOMPANHAMENTO DE KEY PERFORMANCE INDICATORS
Fonte: Wexler, Shaffer e Cotgrave (2017)
Para trazer o BI ao cliente, não basta reunir um amontoado de informações
em um dashboard, é preciso ter uma série de cuidados e conhecimentos para que
sejam inteligíveis. Há alguns consensos, símbolos e cores que são automaticamente
associados a determinados resultados e características. Por exemplo, em um mapa,
todos os rios, lagos, lagoas e mares são azuis, porque esta cor é instantaneamente
associada à água. No dashboard acima, vermelho indica resultado negativo,
amarelo indica mediano e azul indica positivo, porque estas cores estão
naturalmente associadas a estes resultados e não faria sentido inverter. O analista
deve atentar-se a estes detalhes, para facilitar o uso da ferramenta e, assim, ampliar
os benefícios que o usuário pode vir a ter.
71
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O capítulo trata dos matérias e métodos envolvidos na fase de execução da
pesquisa, ou seja, tudo o que foi envolvido para a implantação de um Sistema de
Medição de Desempenho utilizando as técnicas de BI.
3.1 MATERIAIS
Para chegar aos dashboards, que correspondem ao fim do processo, é
necessário percorrer um longo caminho. As informações do financeiro e comercial
da incorporadora são inseridas no Sienge e, em seguida, vão para um banco de
dados no Firebird, onde também ocorre a modelagem e extração. A análise
perdurou pelo período de 12 meses, buscando dados acerca de contas a receber,
contas a pagar, caixa e bancos, vendas, contratos, entre outros. Por último, os
dados são conectados no Tableau, via Firebird, onde são transformados nos KPIs
que compõem dashboards. Os materiais utilizados foram:
- Computador (Notebook Sony Vaio Fit 15S);
- ERP Sienge (versão 8.0.5-30);
- SGBD Firebird (versão 2.5.3);
- Tableau (versão 10.5);
- Indicadores de desempenho, conforme o Quadro 4.
QUADRO 4 - INDICADORES DE DESEMPENHO
NÚMERO CATEGORIA SETOR INDICADOR
1 Básicos Financeiro Rentabilidade
2 Básicos Financeiro Endividamento
3 Básicos Financeiro Financiamento
4 Básicos Financeiro Atraso no pagamento
5 Básicos Financeiro Despesas administrativas
6 Básicos Financeiro Distribuição das despesas
7 Básicos Financeiro A realizar (+7 dias)
8 Básicos Financeiro Saldo de contas
9 Básicos Financeiro Evolução no volume de vendas
72
10 Básicos Financeiro Evolução nos distratos
11 Básicos Financeiro Fluxo de caixa
12 Básicos Financeiro Inadimplência
13 Básicos Comercial Distrato
14 Básicos Comercial Estoque por empreendimento
15 Básicos Comercial Contratos
16 Básicos Engenharia Executado físico financeiro
17 Básicos Engenharia Orçamento realizado
18 Básicos Engenharia Orçamento a realizar
19 Básicos Engenharia Orçamento comprometido
20 Básicos Engenharia Compras
21 Básicos Engenharia Medições
22 Básicos Processos Velocidade de vendas
23 Básicos Processos % Financeiro executado
24 Básicos Processos % Físico executado
25 Básicos Processos R$ Contratos
26 Básicos Processos R$ Estoque
27 Básicos Processos Pedidos em atraso
28 Básicos Processos Ciclo de compras
29 Básicos Processos Ciclo a pagar
30 Sugeridos Comercial Distrato x Faturamento
31 Sugeridos Comercial Distrato x Inadimplência
FONTE: O autor (2018)
A avaliação do trabalho ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas
com os gerentes da incorporadora. Foram realizadas três perguntas: o que mudou em
relação às antigas práticas de análise de desempenho; como isto afetou seu trabalho;
quais benefícios ou insights você obteve a partir do BI.
3.2 PROPOSTA METODOLÓGICA
Os procedimentos envolvidos na implementação da seção prática desta
dissertação demandam uma série de atividades, conforme descrito na Figura 13:
73
FIGURA 13 - FLUXOGRAMA DOS PROCESSOS
FONTE: O autor (2018)
Trata-se de um estudo de caso de modalidade descritiva. Para a execução do
método desenvolvido, o trabalho foi dividido nas seguintes etapas:
a) Escolha da empresa: busca por uma empresa de médio ou grande porte,
localizada no noroeste do Paraná, com dados disponíveis em ERP;
b) Solicitação de liberação de acesso a dados: entrega e assinatura do Termo
de Confidencialidade (em anexo), solicitação de acesso ao banco de dados e
ao ERP;
c) Definição do cronograma de atividades: elaboração de um cronograma para
guiar o plano de ação, conforme descrito no Quadro 5;
74
QUADRO 5 - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
ATIVIDADE DATA
Apresentação do projeto 08/01/2018
Reunião inicial para levantamento de
dados
15/01/2018
Reunião para análise das tabelas do
ERP Sienge
22/01/2018
Recebimento e análise dos relatórios
gerenciais utilizados
29/01/2018
Reunião com a gerência para a
definição dos indicadores
05/02/2018
Reuniões mensais para
acompanhamento do projeto
Primeira segunda-feira do mês (março a
agosto)
Reunião para confrontação dos dados
(validação e apreciação do layout)
04/06/2018
Entrevistas para avaliação 10/09/2018
Fonte: O autor (2019)
d) Definição dos indicadores de desempenho: levantar requisitos, por meio de
conversas com gestores, a fim de eleger, nove indicadores para a gestão em
meio aos 31 propostos, conforme sugerido por Francischini e Francischini
(2017). Assim, permanecendo oito indicadores básicos (rentabilidade,
endividamento, financiamento, despesas administrativas, inadimplência,
evolução do volume de vendas, evolução dos distratos e fluxo de caixa) e um
indicador sugerido (distrato x faturamento). Escolha do departamento
financeiro, por ser um ponto crucial e contar com dados consolidados e em
grande volume no ERP Sienge.
e) Criação das views: acesso às planilhas do ERP Sienge no SGBD Firebird
para consultar os dados, selecioná-los e criar as views.
f) Elaboração dos indicadores de desempenho para incorporação: conectar as
views ao Tableau e aplicar cálculos e fórmulas pertinentes para a elaboração
dos indicadores de desempenho e dashboards, seguindo preceitos do BSC.
75
g) Análise de resultados: entrevistas e questionários para validar dos
indicadores financeiros junto à incorporadora, confrontação com os objetivos
e com as propostas do Balanced Scorecard. Análise propriamente dita das
informações trazidas pelos indicadores financeiros e o potencial que possuem
para gerar conhecimento e, ir além, transformando-o em ações concretas
para promover melhorias a partir das quatro dimensões do BSC.
76
4 RESULTADOS
Este capítulo aborda uma breve descrição acerca da incorporadora na qual
houve a execução do projeto, os indicadores elaborados e breves explicações
acerca do que é mensurado em cada um deles.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO
A aplicação da metodologia foi realizada em uma incorporadora de
construção civil, de médio porte, com atuação no Paraná e em São Paulo, sediada
no noroeste do Paraná. Portanto, os indicadores abaixo podem ser utilizados por
empresas do mesmo ramo, de médio e grande porte. O estudo foi realizado junto
aos diretores administrativo-financeiros e comerciais, os quais participaram da
elaboração e escolha de indicadores de desempenho financeiro para auxiliar na
gestão do negócio. Os gráficos abaixo têm origem no BI e foram elaborados no
Tableau, bem como as tabelas que os acompanham, com o objetivo de trazer os
dados que foram convertidos na visualização.
4.2 INDICADORES BÁSICOS
São indicadores formados por dados puros, ou seja, os cálculos são feitos
utilizando dados da forma que foram inseridos no ERP. Os dados podem ser
consultados nas tabelas que acompanham os gráficos. Eles vão ao encontro das
propostas do Balanced Scorecard, correspondendo àquilo que foi definido como KPI
no item 2.3.
4.2.1 Rentabilidade
Segundo o SEBRAE (2018a), a rentabilidade estima o percentual do retorno
sobre o investimento, ou seja, a capacidade que possui de gerar lucro. Conforme
77
demonstrado no Gráfico 1, os empreendimentos B e C possuem ampla capacidade
de gerar lucro, a rentabilidade é próxima a ¼ do valor que foi investido, ficando
acima da meta desejável. Nos casos de A e D, ambos se encontram abaixo da meta,
no entanto, o empreendimento A possivelmente causará prejuízos à empresa, por
não haver recuperação do valor investido. Cabe realizar mais análises, administrar
custos e estoques, para tentar reverter a situação exemplificada em A.
As informações para construir este indicador financeiro foram retiradas da
view VW_CONTAS _PAGAS_VPASSADO. A fórmula é calculada a partir do
resultado da subtração de receitas e despesas demonstradas na Tabela 1, dividida
pelas receitas, o total é multiplicado por 100, para chegar à porcentagem.
TABELA 1 - RENTABILIDADE POR OBRA
FONTE: O autor (2018)
GRÁFICO 1 - RENTABILIDADE POR OBRA
FONTE: O autor (2018)
78
4.2.2 Endividamento
De acordo com Tanaka (2018), o cálculo do endividamento permite estimar o
percentual empregado para pagar dívidas, indicando as possibilidades para honrar
os compromissos financeiros. Analisando o Gráfico 2, conclui-se que todos os
empreendimentos analisados possuem baixo grau de endividamento e estão abaixo
da meta proposta, indicando que as obrigações não extrapolam os direitos que a
empresa possui. Sendo assim, pode-se concluir que as finanças estão em ordem e a
construtora possui ampla possibilidade de pagar seus credores.
Os dados foram extraídos da view VW_ENDIVIDAMENTO_ATIVO, trazendo
valores conforme demonstrado na Tabela 2. A fórmula é calculada por meio da
divisão do passivo pelo ativo, o resultado é multiplicado por cem para gerar a taxa
(%).
TABELA 2 - ENDIVIDAMENTO POR OBRA
FONTE: O autor (2018)
GRÁFICO 2 - ENDIVIDAMENTO POR OBRA
79
FONTE: O autor (2018)
4.2.3 Financiamento
Para o SEBRAE (2018b) a possibilidade de pagar um financiamento está
atrelada à possibilidade de que ele auxilie na ampliação do negócio e na elevação
dos lucros. Este cálculo estima o percentual dos recebimentos que está
comprometido com o pagamento de financiamentos. A partir do Gráfico 3, percebe-
se que as receitas do empreendimento A estão quase completamente
comprometidas com financiamentos, o que coloca a saúde financeira da empresa
em risco, pois, caso haja dificuldade para venda e dependendo dos índices de
inadimplência, o pagamento do financiamento ficará comprometido. Os demais
encontram-se em boa situação, estando bem abaixo da meta estipulada.
Os dados foram extraídos da view VW_FINANCIAMENTO, a partir da qual
foram obtidos os valores da Tabela 3. A fórmula para o cálculo indicador é realizada
por meio da divisão do valor financiado pelas receitas, o resultado é multiplicado por
cem para obter o percentual.
TABELA 3 - FINANCIAMENTO POR OBRA
FONTE: O autor (2018)
80
GRÁFICO 3 - FINANCIAMENTO POR OBRA
FONTE: O autor (2018)
4.2.4 Despesas administrativas
As despesas são divididas em duas categorias, há as fixas e as variáveis. As
despesas administrativas estão na categoria das despesas fixas, que ocorrem
independente do volume de produção e das vendas, ou seja, são valores gastos
com o funcionamento da empresa, de sua estrutura (LOBRIGATTI, 2016). O cálculo
acima representa o percentual destas despesas em relação ao total de despesas
(fixas e variáveis). A partir do Gráfico 4, observa-se que as taxas estão baixas em
comparação à meta. Portanto, pode-se afirmar que as despesas fixas são bem
inferiores às variáveis. Assim, infere-se que o custo para manter a estrutura da
empresa em funcionamento é baixo.
Os dados foram extraídos da view VW_TAXA_ADM_EMPRESAS, fonte dos
valores que compõem a Tabela 4. A fórmula utilizada para calcular a taxa das
despesas administrativas é obtida a partir da divisão de despesas administrativas
com a totalidade das despesas, o quociente é multiplicado por cem para obter o
percentual.
81
TABELA 4 - DESPESAS ADMINISTRATIVAS POR OBRA
FONTE: O autor (2018)
GRÁFICO 4 - DESPESAS ADMINISTRATIVAS POR OBRA
FONTE: O autor (2018)
4.2.5 Inadimplência
O não recebimento pelas vendas acarreta a redução dos lucros e, a longo
prazo, pode colocar a saúde financeira da incorporadora em risco. Manter o controle
da inadimplência se faz útil para traçar um plano de cobrança, contatar os
devedores, renegociar prazos e pagamentos e minimizar prejuízos (SEBRAE, 2016).
Este cálculo determina o percentual do valor vendido que não foi recebido, ou seja, o
montante do faturamento que está em aberto. A análise do Gráfico 5 indica que as
taxas de inadimplência estão relativamente baixas, a maioria inferior a 1, portanto,
podemos afirmar que o valor em aberto é bem inferior ao total das vendas. Assim,
82
pode-se inferir que não representam riscos à saúde financeira e ainda há de se
considerar que uma parte dos valores está apenas em atraso.
Os dados presentes na Tabela 5 (empreendimento, pagamentos em atraso e
recebíveis) foram obtidos na view VW_INADIMPLENCIA. A inadimplência foi
calculada por meio da divisão dos pagamentos em atraso pela soma dos
pagamentos em atraso com os recebíveis, o quociente foi multiplicado por cem para
obter a taxa.
TABELA 5 - INADIMPLÊNCIA POR OBRA
FONTE: O autor (2018)
GRÁFICO 5 - INADIMPLÊNCIA POR OBRA
FONTE: O autor (2018)
4.2.6 Evolução do Volume de vendas
83
O processo de vendas deve ser tratado com o mesmo rigor dispensado ao
processo produtivo, a organização e a disciplina são fundamentais nos três
processos que o envolvem: a definição do mercado-alvo, as oportunidades e o funil
de vendas. Portanto, para manter-se competitivo, é fundamental monitorar cada uma
destas etapas para detectar problemas e direcionar as ações corretivas. O controle
deste processo possibilita prever receitas futuras, programando futuros lançamentos
e o controle do estoque, além de indicar a sazonalidade e o tempo para obter o
retorno do investimento (SEBRAEc, 2018; SEBRAE, 2018d).
A análise do Gráfico 6 demonstra como as vendas flutuaram dentro de
períodos de 36 meses. Ela explicita que o lançamento do empreendimento (4º Ciclo)
é o período em que ocorrem mais vendas e, conforme a obra avança, as vendas
caem, chegando próximo à estagnação.
Os dados da Tabela 6 foram obtidos através da view
VW_VENDAS_CRESCIMENTO. A taxa do volume de vendas é o cálculo da razão
entre o valor dos contratos firmados no período e o valor dos contratos firmados no
período posterior, subtrai-se 1 do quociente e multiplica-se por cem, visando obter o
percentual.
TABELA 6 - EVOLUÇÃO DO VOLUME DE VENDAS
FONTE: O autor (2018)
84
GRÁFICO 6 - EVOLUÇÃO DO VOLUME DE VENDAS
FONTE: O autor (2018)
4.2.7 Evolução dos Distratos
Distratos são casos em que o comprador desiste da compra do imóvel antes
da entrega das chaves e solicita o reembolso dos recursos pagos por ele. A
jurisprudência aponta que as incorporadoras podem reter apenas 10% dos valores
pagos, para cobrir os custos administrativos incorridos, como a comissão do
corretor, por exemplo (MÔCHO, 2017). É possível que as regras mudem em breve,
devido à aprovação de um projeto de lei para regulamentar a rescisão de contratos
imobiliários (PLC 68/2018) no Senado Federal, em 07 de novembro de 2018
(SENADO, 2018).
Este cálculo possui objetivo semelhante à Evolução do Volume de vendas, no
entanto, compara os distratos ocorridos em períodos de 36 meses. A análise do
Gráfico 8 explicita que a medida em que o tempo passa, o valor dos distratos cresce.
No entanto, ao compararmos um período com o anterior, notamos que a maior
85
diferença ocorre no começo. E, apesar das taxas mais recentes serem mais
elevadas, o número não cresce tanto ao compararmos o 2º Ciclo ao Ciclo atual.
Portanto, pode-se dizer que tente a estagnar também.
Os valores contidos na Tabela 7 são originados na view VW_DISTRATOS, o
cálculo da evolução dos distratos é realizado a partir da divisão entre o valor dos
contratos distratados no período e o valor dos contratos distratados no período
posterior, ao quociente subtrai-se 1 e o resultado é multiplicado por cem para
transformá-lo em porcentagem.
TABELA 7 - EVOLUÇÃO DOS DISTRATOS
FONTE: O autor (2018)
86
GRÁFICO 7 - EVOLUÇÃO DOS DISTRATOS
FONTE: O autor (2018)
4.2.8 Fluxo de caixa
Para o Sebrae (2018e), o fluxo de caixa é um instrumento para demonstrar
entradas, saídas e saldo em períodos futuros, auxiliando a provisionar o faturamento
de forma eficiente e dinâmica. Trata-se de um meio de antecipar problemas de
liquidez, endividamento, rentabilidade, lucratividade e eficácia empresarial.
Conforme análise do Gráfico 8, constata-se uma tendência de aumento das
despesas no decorrer do tempo, acompanhada da redução das receitas.
Os dados foram retirados das views VW_FLUXO_CX e VW_SALDO_CXBCO,
os quais trazem os valores de Receitas e Despesas dispostos na Tabela 8. Há duas
fórmulas envolvidas na construção do indicador, a primeira é utilizada para calcular o
Resultado do período, a partir da subtração de receitas e despesas e o resultado,
87
somado ao saldo bancário; a segunda, utilizada para calcular o saldo, é composta
pela subtração de receitas e despesas e o resultado, somado ao saldo bancário.
TABELA 8 - FLUXO DE CAIXA
FONTE: O autor (2018)
GRÁFICO 8 - FLUXO DE CAIXA
FONTE: O autor (2018)
88
4.3 INDICADORES PROPOSTOS
Tratam-se de indicadores de desempenho financeiro propostos, com o
objetivo de fornecer análises mais aprofundadas, complementares às elaboradas a
partir dos indicadores básicos.
4.3.1 Distrato x Faturamento
Com o Gráfico 9, se propõe a demonstrar se há equilíbrio entre vendas e
distratos ou não. Conforme observado em Evolução Volume de Vendas e Evolução
Distratos, as vendas costumam expressivas nos períodos próximos ao lançamento e
os distratos tendem ao crescimento. Cabe observar se houve valorização do imóvel
e se este valor compensa as perdas com distratos, que terminam por superar o
faturamento.
Acrescenta-se a isto, o fato de que o Brasil está enfrentando uma crise
econômica desde 2014, ano marcado pela queda das vendas, elevação dos
distratos e à redução no lançamento de empreendimentos por parte das
construtoras. Ou seja, não havia tantas unidades disponíveis para a venda e nem
demanda no mercado, culminando na redução das vendas. Além disso, as
demissões em massa e a dificuldade em obter crédito elevaram o número de
distratos, a soma destes fatores culminou na drástica redução do faturamento
(AMORIM, 2015; BARROS, 2017; ÉPOCA, 2018). Portanto, a relevância dos
indicadores não se encerra nesta construtora, ela reflete o contexto socioeconômico
e político do país, mostrando os desdobramentos deste para o mercado da
construção civil.
Os dados foram retirados das views VW_DISTRATOS e
VW_VENDAS_CRESCIMENTO. Não foi utilizada nenhuma fórmula, apenas os
valores de Distratos e Faturamento em função do ano em que ocorreram.
89
TABELA 9 - DISTRATO X FATURAMENTO
FONTE: O autor (2018)
GRÁFICO 9 - DISTRATO X FATURAMENTO
FONTE: O autor (2018)
90
4.4 DASHBOARDS
Os nove indicadores de desempenho financeiro foram dispostos em um
dashboard, formatado conforme modelo proposto por Few (2010). Os gestores e o
corpo diretivo receberam uma visão geral, com uma perspectiva resumida do estado
financeiro da incorporadora, conforme a Figura 14.
FIGURA 14 - DASHBOARD PARA OS GESTORES
FONTE: O autor (2018)
Os responsáveis pelos respectivos departamentos receberam dashboards
com um nível de informação mais detalhado, viabilizando análises de maior
profundidade, como observado na Figura 15. O clique no nome do empreendimento
filtra as demais visualizações (Total em Aberto, Em aberto/Ano, Detalhes), assim,
aparecem apenas os dados concernentes a ele. Ressaltamos que o nome dos
clientes foi alterado para manter a privacidade dos mesmos e não ferir o que foi
acordado no Termo de Confidencialidade.
91
FIGURA 15 - DASHBOARD COM MAIOR NÍVEL DE DETALHE
FONTE: O autor (2018)
4.5 ANÁLISE DE RESULTADOS
As tabelas e gráficos elaborados possibilitam uma visão geral acerca de como
os resultados atuais se configuraram, visto que, alguns dos indicadores de
desempenho financeiro trazem um histórico de anos e períodos anteriores, tais
como: evolução do volume de vendas, evolução dos distratos e fluxo de caixa.
Enquanto outros, trazem um panorama da situação presente, entre os quais:
rentabilidade, endividamento, financiamento, despesas administrativas,
inadimplência, ciclo a pagar, distribuição das despesas e estoque por
empreendimento.
A partir da disposição destes indicadores financeiros em dashboards é
possível ter uma melhor percepção acerca de como estão inter-relacionados. Com
eles em mãos, os gestores da incorporadora, junto ao autor, puderam realizar um
diagnóstico inicial acerca do estado da organização, estabelecendo metas,
verificando pontos a melhorar, identificando padrões e estimando previsões.
A metodologia desenvolvida favoreceu a compreensão, em linhas gerais, do
desenvolvimento do Business Intelligence dentro da Ciência da Informação e de
92
todos os processos envolvidos até o dashboard ser utilizado pelo usuário final. A
integridade dos dados, a integridade do banco e a facilidade de acesso às
informações contidas no banco de dados foram essenciais para o sucesso no
desenvolvimento dos indicadores financeiros definidos previamente.
A opção por elencar requisitos ao escolher a incorporadora mostrou-se muito
relevante na etapa de coleta dos dados, a qual é essencial para a elaboração dos
indicadores financeiros e todos os processos que a sucedem. A criação do portfólio
de aplicações do BI trouxe o enfoque para a porção financeira, delineando quais os
benefícios esperados nas etapas posteriores.
As etapas de análise dos indicadores financeiros e previsão de cenários
trouxeram maior conhecimento aos gestores, ampliando sua visão de negócios e,
consequentemente, conferindo maior assertividade às decisões tomadas por eles,
conforme citado em reuniões e em entrevistas. Portanto, pode-se dizer que, no
tocante ao objetivo estabelecido pelo autor, este foi plenamente atingido.
93
5 CONCLUSÃO
A Ciência da Informação configurou-se como um campo científico marcado
pela multiplicidade e interdisciplinaridade, características que se refletem não
apenas sobre o objeto de estudo, mas também sobre a perspectiva de estudo e
intervenção dos profissionais da área. As informações não estão isoladas, não se
trata de um objeto imóvel, fixo e que possa ser contemplado passivamente. Para
que a informação fosse gerada, foi necessário que o usuário inserisse os dados
corretamente e, em seguida, que o profissional de TI manuseasse as consultas e
elaborasse cálculos que formam a base sobre a qual o BI se sustenta.
Na primeira etapa do estudo de caso, ocorreu a escolha de empresa, tendo
em vista os critérios mínimos necessários para a execução do projeto. Em seguida,
o projeto de desenvolvimento e estruturação do Business Intelligence foi
apresentado ao corpo diretivo, visando disseminar conhecimentos acerca do BI,
proporcionar esclarecimentos e obter o aceite. Houve a entrega de um Termo de
Confidencialidade e a solicitação de liberação de acesso aos dados do ERP Sienge.
A partir da elaboração do cronograma de atividades, os envolvidos ficaram cientes
das atividades a serem desenvolvidas em colaboração com a empresa, por pessoas
designadas por esta para auxiliar com esclarecimentos, relatórios e na validação dos
dados.
Na etapa seguinte, foi disponibilizado um rol de diversos indicadores
financeiros, entretanto, o elevado número impossibilitaria a devida atenção e
acompanhamento do responsável. Assim, foram elencados os mais relevantes e de
maior impacto para compor os dashboards, para a elaboração no Tableau. Houve a
criação de views, no intuito de selecionar apenas os dados que seriam utilizados na
elaboração dos indicadores de desempenho financeiro. Após o desenvolvimento,
eles foram disponibilizados aos gestores, que puderam atestar a efetividade destes
para monitorar o estado das operações de uma organização e utiliza-los como base
para a criação de metas e estratégias. Por fim, ocorreu a validação e os testes dos
dashboards e indicadores financeiros, marcada pela análise das informações e o
conhecimento proporcionado.
94
Por meio das entrevistas e questionamentos realizados na etapa de análise
de resultados, ficou marcada uma expressiva mudança de comportamento, os
funcionários do departamento financeiro abandonaram o trabalho braçal relacionado
à elaboração de tabelas de Excel para relatoria, conferindo maior confiabilidade e
agilidade. Consequentemente, puderam se dedicar com maior afinco em outras
atividades, reduzindo os prazos de entrega e eliminando atrasos. Os benefícios
apontados foram a facilidade para mensurar resultados e analisar em quais pontos a
organização se aproxima ou se afasta de suas metas. Estas conclusões também
lhes levaram a insights, permitindo estimar valores futuros e estabelecer metas para
a melhoria contínua dos processos. Pois, conforme apontado na fundamentação
teórica, os progressos demandam melhorias que antes não eram percebidas ou
haviam ficado em segundo plano. Portanto, ficou atestada a relevância do BI para o
processo decisório e sua aplicabilidade em incorporadoras, auxiliando em sua
gestão. Em outras palavras, pode-se afirmar que os objetivos propostos foram
plenamente atingidos.
Por estarem inseridas em um contexto socioeconômico e político, as
organizações são atravessadas por diversas questões externas a elas, mas que
refletem consideravelmente sobre os resultados alcançados. O indicador financeiro
sugerido, resultante do cruzamento de faturamento e distrato, demonstra como o
desaquecimento da economia afetou as incorporadoras brasileiras. Este fato foi
reiterado no noticiário e citado em conversas informais com gestores e demais
profissionais da área da construção civil.
No futuro, o BI pode ser ampliado para atuar na empresa como um todo. Visto
que, o financeiro é reflexo do trabalho desenvolvido pelo comercial, engenharia,
marketing, recursos humanos, corpo diretivo, em resumo, pelos diversos
departamentos que compõem uma organização.
95
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SEBRAE. Não basta vender, é preciso planejar e monitorar as atividades. Brasília: Sebrae, 2018d. Disponível em: < http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/nao-basta-vender-e-preciso-planejar-e-monitorar-as-atividades,84bc438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD>. Acesso em: 13 nov. 2018.
SEBRAE. O desafio de vendas e do controle do processo de venda. Brasília: Sebrae 2018c. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-desafio-de-vendas-e-do-controle-do-processo-de-venda,26bb4341dedbc410VgnVCM2000003c74010aRCRD>. Acesso em: 13 nov. 2018.
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ANEXOS
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TERMO DE COMPROMISSO DE CONFIDENCIALIDADE
Tem o presente termo, como Compromitente: PS TREINAMENTOS LTDA – ME, Endereço:
AVENIDA BRASIL, nº 4.312 - SOBRELOJA 03 – CENTRO – CEP: 87013-394 –
MARINGÁ/PR, CNPJ nº: 19.385.559/0001-05, devidamente representada por seu
Administrador: Fabiano Pontara Peres de Moura, brasileiro, casado, empresário, portador do
RGº 6.842.864-5 SSP/PR, inscrito no CPF nº 026.796.369-61; e como Compromissária:
CONCRETIZA SUL-BRASIL CONSTRUÇÕES E PROJETOS LTDA, devidamente inscrita
no CNPJ nº 07.932.250/0001-09, com sede na RODOVIA PR 317, 5428, SALA 05 –
PARQUE INDUSTRIAL – CEP: 87.0365-005 – MARINGÁ/PR, devidamente representada
por ÉRICO VICENTIN NIRINO, brasileiro, solteiro, empresário, inscrito no CPF nº
256.691.488-51.
A compromitente assume o presente “Termo de Compromisso de Confidencialidade”
perante a compromissária, comprometendo-se a não divulgar qualquer tipo de “informação
da empresa”, ainda que informalmente, sejam de ordem administrativa, comercial, financeira
ou produtiva. Deverá ser considerada como informação confidencial, toda e qualquer
informação escrita ou oral que tomar conhecimento ou tiver acesso, contendo ou não a
expressão “confidencial”.
Estará violando o presente se revelar a alguém, fatos e dados da empresa que não possam
ser divulgados sob risco prejudica-la, inclusive perante seus concorrentes. Uma vez que
tomando conhecimento de fatos, inclusive deficiências da empresa, dados, informações,
planos de negócios, ou produtos a serem lançados no mercado; Informações de
capacitações técnicas, condição de solvência, situação societária, crédito ou endividamento;
se revelar a alguém, até sem qualquer intenção, e a empresa puder ser prejudicada; E, se
for constatada sua responsabilidade, sofrerá as consequências do presente compromisso.
Um “segredo comercial” é qualquer informação que possa ser usada dentro de uma
operação de negócios por “outra empresa” ou “pessoa”, e que seja suficientemente valiosa e
secreta para fornecer uma potencial vantagem econômica frente aos outros; isto conforme o
conceito que está definido na CLT artigo 482, “g”; E também na Lei 9.279/1996, art. 195, inc.
XI, que trata de “sigilo profissional” e “segredo industrial”.
Inclui-se neste compromisso as definições e informações mercadológicas, invenções e
ideias, informações técnicas, financeiras ou comerciais, e outras, denominadas “informações
confidenciais”, a que diretamente ou através de seus diretores, empregados e/ou repostos,
venha o(a) funcionário(a) ter acesso e/ou conhecimento; ou que venha a lhe ser confiadas
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durante e em razão das tratativas realizadas, e do Contrato Principal de Trabalho celebrado
entre as partes.
“Informações confidenciais” significam as informações que as partes definem como sendo
confidenciais, ou que devem ser tratadas como confidenciais, como aquelas reveladas,
fornecidas ou comunicadas, seja verbalmente ou por escrito ou em forma eletrônica.
Compreendem-se no contexto todas as informações recebidas por cartas, memorandos,
relatórios, e-mails, materiais gráficos, informação do site Internet usados pela empresa;
Também a metodologia, workshop, treinamentos, processos, planilhas, formulários, textos,
desenhos, fotografias, gráficos, projeções, documentos oficiais, especificações técnicas ou
comerciais, inovações, aperfeiçoamento, registro da marca ou de quaisquer outras marcas
pertencentes à empresa, ou à mesma licenciada; Enfim, todo e qualquer dado ou
informação que a empresa forneça ao(a) funcionário(a) ou a terceiros por esta última
autorizados, sob conta e risco da mesma, para viabilizar a avaliação pretendida, sejam
referidos dados e informações fornecidos por escrito ou mesmo verbalmente, ou em forma
eletrônica, ou por qualquer outro meio.
Incluem-se também como de extrema confidencialidade as informações sobre os nomes e
informações dos clientes e dos fornecedores da empresa, sejam elas adquiridas por escrito
ou comunicadas verbalmente, bem como todo o material de trabalho e metodologia aplicada
no desenvolvimento das atividades direcionadas a estes.
O termo “Informação” abrangerá toda informação escrita, verbal ou de qualquer outro modo
apresentada, tangível ou intangível, podendo incluir, mas não se limitando a: know-how,
técnicas, designs, especificações, cópias, diagramas, fórmulas, modelos, amostras,
fluxogramas, croquis, plantas, programas de computador, arquivos eletrônicos, discos,
disquetes, fitas, contratos, planos de negócios, processos, projetos, conceitos de produto,
especificações, amostras de ideia, clientes, nomes de revendedores e/ou distribuidores,
preços e custos.
O(a) funcionário(a) deverá cuidar para que as informações confidenciais fiquem restritas ao
conhecimento dos diretores, empregados ou prepostos, que estejam diretamente envolvidos
nas discussões, análises, reuniões e negócios, devendo cientificá-los e a outros em
abordagens suspeitas de intenção de descumprimento deste compromisso, da existência
deste Termo e da natureza confidencial das informações.
Não havendo prazo para essa vedação, a rescisão do contrato de trabalho não confere o
direito de divulgar, explorar ou comercializar o que teve conhecimento, ainda que passe a
trabalhar para empresa concorrente, sob pena de conscientemente estar cometendo falta
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grave. Não pode divulgar, não pode explorar e não pode utilizar os segredos de que tem
conhecimento, também conforme a lei citada anteriormente.
As estipulações e obrigações constantes do presente instrumento não serão aplicadas a
nenhuma informação que: a) seja comprovadamente de domínio público no momento da
revelação, exceto se isso ocorrer em decorrência de ato ou omissão do(a)
FUNCIONÁRIO(A); b) Já esteja em poder da parte receptora, como resultado de sua própria
pesquisa, contanto que esta possa comprovar esse fato; c) Tenha sido comprovada e
legitimamente recebida de terceiros, estranhos ao presente termo; d)
Seja revelada em razão de requisição judicial ou outra determinação válida do Governo,
somente até a extensão de tais ordens.
Portanto, fica vedado ao(a) funcionário(a) divulgar qualquer segredo da empresa, os
conhecimentos e experiências de natureza técnica, comercial, administrativa, financeira ou
outra, que são aplicadas dentro da prática para a exploração comercial da empresa, sob
pena de estar dando motivo suficiente para demissão por justa causa, e ainda processo por
danos com obrigação de reparações à empresa, mesmo se não mais fizer parte dela.
E por estar assim ciente de seus deveres e responsabilidades, firma o presente termo,
comprometendo-se a fazê-lo valer em qualquer circunstância.
Maringá - PR, 15/01/2018
XRepresentante CONTRATADA