Kim R. Holmes Edwin J. Feulner
Mary Anastasia O’Grady
ÍNDICE deLIBERDADE
ECONÔMICA 2008
Índice de Liberdade Econômica 2008
Kim R. Holmes, Ph.D.
Edwin J. Feulner, Ph.D.
Mary Anastasia O’Grady
Alameda Coelho Neto, 20, salas 301 e 302 – CEP 91340-340 – Porto Alegre – RS – Brasil
www.forumdaliberdade.com.br.
iii
O que há de novo no Índice de 2008?
Todos os anos, os editores avaliam o Índice
de Liberdade Econômica e escolhem maneiras
para melhorar o produto. A edição do Índice
deste ano manteve o conteúdo e o estilo da
edição de 2007, com renovada ênfase numa
metodologia mais científica e objetiva, aliada
a um formato acessível. Há poucas mudanças
significativas no Índice de 2008, mas há
importantes e numerosos refinamentos.
Essas mudanças dão continuidade à tradição
do “Heritage Foundation/Wall Street Journal”
no sentido de uma melhora anual. Por exemplo,
as mudanças na metodologia instituídas em
2000, 2002, 2004, 2006 e 2007 para reforçar a
robustez de um ou mais dos 10 fatores usados
para medir a liberdade econômica total. Em
cada uma delas, toda a série é revisada para
que todos os escores tenham consistência,
desde 1995. Nosso objetivo é tornar o Índice
uma fonte confiável, útil e relevante para um
mundo em transformação, com novos dados
e novo conhecimento e, ao mesmo tempo, em
acordo com a nossa herança.
Segue uma explicação mais detalhada das
mudanças e daquilo que permaneceu igual no
Índice de 2008:
• Downloads gratuitos em www.heritage.org/index. O website do Índice foi revisado para
incluir o download grátis de cada um dos
capítulos e até mesmo da página de cada país.
Podem ser usados como livros de resumo,
apostilas ou de qualquer outra forma que
os leitores desejem. O website também tem
novas apresentações de áudio e vídeo feitas
pelos estudiosos do Índice, assim como todos
os dados primários e material de pesquisa
relacionados.
• Penalidade de Barreira Não-tarifária. A
metodologia do Índice está consistente com as
revisões feitas em 2007, avaliando as mesmas
10 liberdades econômicas em cada economia,
e utilizando precisamente os mesmo dados
subjacentes. A única mudança é um conjunto
de refinamentos nas equações usadas para três
das 10 liberdades. Um desses refinamentos se
iv Índice de Liberdade Econômica 2008
refere ao livre comércio, que sempre incluiu
uma multa para barreiras não-tarifárias
(BNTs). Até o presente momento, existiu uma
multa binária igual à redução de 20 pontos
percentuais no escore do livre comércio, tal
como calculado pelas tarifas e, portanto,
uma redução de 2 pontos percentuais no
escore total do país. A mudança consiste em
que a multa BNT atualmente compõe-se de
incrementos de 5 pontos percentuais até 20
pontos percentuais da multa máxima. Como
resultado disso, um país com restrições
moderadas de importação terá 10 pontos
percentuais subtraídos do seu escore de livre
comércio. Tal mudança foi também aplicada
retroativamente, de modo que as multas
prévias de 20 pontos percentuais, datadas de
1995, foram reduzidas em grande parte para
15 ou 10 pontos percentuais. O efeito causado
foi o aumento dos escores totais, já que a
maioria dos países utiliza BNTs e penalidades
adequadas. Trata-se de uma melhoria em nível
de detalhe que o Índice propicia, permitindo
uma maior diferenciação e imparcialidade ao
se considerar políticas econômicas de países
por categorias.
• Taxas e Dispêndios. A introdução de uma
nova metodologia, em 2007, produziu
alguns resultados que não foram previstos
até que a classificação fosse completada.
Uma das surpresas foi a descoberta de que
os escores médios para cada uma das 10
liberdades variaram significativamente. O
melhor escore foi o da liberdade fiscal, que
alcançou uma média de 82,8, mas isto refletiu
em um sinal involuntário indicando que a
área menos necessitada de reforma foi a de
tributação. Infelizmente, a reforma fiscal é
muito necessária na maioria dos países e o
dissimulado tamanho da tributação e gastos
de governo constituem os principais motivos
da existência do Índice. De fato, a maior
parte dos economistas concordaria em que
a principal área de sucesso em governança
econômica tem sido o aumento de estabilidade
dos preços e a baixa inflação, em grande parte
resultante de um banco central independente,
pressupondo que o “melhor” escore, em
média, deveria ser a liberdade monetária. Para
solucionar o equilíbrio entre as 10 liberdades
econômicas no Índice, um ajuste foi feito em
duas equações sem nenhuma mudança nos
dados subjacentes. Como as equações para
o cálculo de escores em liberdade financeira
e tamanho do governo produziam escores
muito altos, os coeficientes foram diminuídos
em cada caso. A mesma equação é usada para
calcular escores por meio da totalidade de
séries temporais desde 1995, de forma que
tais mudanças foram feitas retroativamente
- e de forma coerente - nos escores anteriores.
O efeito era diminuir os escores de cada país.
O efeito total sobre a média dos maiores
escores em livre comércio e sobre a média
dos menores escores em liberdade fiscal e
tamanho de governo foi neutro.
• Novo gráfico das 10 Liberdades. A página
de cada um dos países contém dois gráficos.
O primeiro mostra como o escore geral da
liberdade econômica do país mudou desde
1995 até a presente data. O segundo mostra,
numérica e graficamente, o escore de cada
uma das 10 liberdades. Sendo uma novidade
este ano, esse segundo quadro também
inclui uma “seta para cima e para baixo”
que assinala a mudança durante o ano mais
recente. Por exemplo, pode-se constatar
que os Estados Unidos pioraram em quatro
liberdades, melhoraram em outra e não
houve modificação quanto às três liberdades
restantes. O efeito geral refletiu-se em um
declínio de um completo ponto percentual,
mas estas novas setas ajudam a identificar
exatamente quais são as áreas que causam a
queda dos escores.
Esperamos que as mudanças no Índice o
tornem uma ferramenta de pesquisa ainda mais
eficaz e um guia de elaboração de diretrizes
políticas ainda mais acessível. Quaisquer que
sejam as mudanças feitas a cada ano, contudo, o
nosso objetivo permanece constante: aumentar
a liberdade humana. Acreditamos que o Índice
atual possa até mesmo fazer a transição para um
mundo melhor, mais rápido e mais seguro.
Uma das maiores preocupações dos
editores consiste em manter o Índice como
uma ferramenta útil para os pesquisadores.
O que há de novo no Índice de 2008? v
Isto significa que a integridade dos escores do
ano corrente é crucial. Durante um período
de melhoras agressivas, certamente haverá
erros nos escores, baseados em nossos erros
e nos erros relativos à fonte de dados. Não
podemos prometer perfeição, mas prometemos
objetividade: Nossos métodos e modificações
serão sempre transparentes e reproduzidos por
outros estudiosos.
Além do mais, apesar do Índice ser publicado
em janeiro, e estar baseado em políticas e dados
disponíveis em junho do ano precedente,
permanecemos com o comprometimento de
fornecer as mais precisas e atualizadas referências
on-line, e imediatamente faremos as correções
necessárias nos arquivos da mencionada fonte.
Para os pesquisadores que desejarem comparar
o Índice ou levar em consideração componentes
individuais em análise estatística, as 10
liberdades e os dados estão também disponíveis
on-line, de forma transparente. O download dos
escores revisados acerca de fatores individuais
para todos os anos está disponível em www.heritage.org/Index.
1
Sumário executivo
A Heritage Foundation e o Wall Street Jour-
nal lançam a sua 14ª edição do Índice de Liberdade Econômica. Nos últimos anos o
Índice demonstrou a conexão entre oportuni-
dade econômica e prosperidade, pesquisando
e analisando políticas econômicas dos países ao
redor do mundo.
Esta tendência continua no Índice de 2008
e mostra o retrato da liberdade econômica
global, estabelecendo um ponto de referência
para medir as chances de um país obter sucesso
econômico. A idéia de produzir um “índice de
liberdade econômica” acessível, como uma fer-
ramenta para formuladores de políticas públi-
cas e investidores, foi discutida pela primeira
vez na Heritage Foundation, no fim da década
de 1980. O objetivo era então, e ainda é, o de
desenvolver uma avaliação empírica sistemáti-
ca da liberdade econômica em países do mundo
inteiro. Para essa finalidade, decidimos esta-
belecer um conjunto de critérios econômicos
que vem sendo usado, desde sua edição inau-
gural em 1995, para estudar e classificar diver-
sos países para a publicação anual do Índice de Liberdade Econômica.
Desde a publicação de A riqueza das nações,
de Adam Smith, em 1776, a teoria econômica
enfatiza a lição de que as instituições básicas,
que protegem a liberdade dos indivíduos em
seguir seus próprios interesses econômicos,
permitem maior prosperidade para a socie-
dade como um todo. Talvez a idéia de liber-
dade seja demasiado sofisticada, uma vez que
seu apoio popular vem diminuindo cada vez
mais, diante da atual onda de populismo, seja
ele democrático ou autocrático. Ainda assim, os
estudiosos de economia política vêm redesco-
brindo a centralidade das “instituições livres”
como ingredientes fundamentais para o rápido
crescimento a longo prazo. Em outras palavras,
as técnicas podem ser novas, mas reafirmam
verdades clássicas. O objetivo do Índice é cata-
logar essas instituições econômicas de forma
quantitativa e rigorosa.
Mas o Índice é mais do que um simples rank-
ing baseado em teorias econômicas e estudos
2 Índice de Liberdade Econômica 2008
empíricos. Ele também identifica as variáveis
que compõe a liberdade econômica, e analisa a
interação entre liberdade e riqueza.
O Índice de Liberdade Econômica 2008 avalia
162 países em relação a 10 fatores específicos
de liberdade econômica, listados abaixo. O
capítulo 4 explica esses fatores detalhada-
mente. Escores altos, próximos a 100, represen-
tam graus mais altos de liberdade. Quanto mais
alto o escore em um fator, mais baixo o grau de
interferência do governo na economia.
As 10 Liberdades Econômicas
• Liberdade Empresarial
• Liberdade de Comércio
• Liberdade Fiscal
• Tamanho do Governo
• Liberdade Monetária
• Liberdade de Investimento
• Liberdade Financeira
• Direitos de propriedade
• Liberdade da corrupção
• Liberdade Trabalhista
Agregando todas as 10 liberdades econômi-
cas, obteremos uma descrição empírica do
grau de liberdade econômica de um país. Uma
análise sistemática destas liberdades reve-
laram novamente este ano que a liberdade
econômica é a chave para criar um ambiente
que permita o desenvolvimento de um ciclo
virtuoso empreendedor e inovador, e o cresci-
mento econômico. As economias com maior
nível de liberdade econômico possuem uma
melhor qualidade de vida.
DESTAQUES DO ÍNDICE 2008A liberdade econômica global se mantém
estável, porém avança lentamente do que o
esperado. O escore médio de liberdade eco-
Chart 1
nômica é de 60,3%, quase o mesmo nível que
o ano passado. Durante todos estes os anos
desde o seu primeiro lançamento em 1995, a
liberdade econômica global melhorou em 2,6
pontos percentuais. No geral, a liberdade eco-
nômica de cada região se manteve estável, mas
diferentes níveis de comprometimento com a
liberdade econômica resultaram em tendências
variáveis, cada região em busca de sua própria
liberdade.
Antigas colônias britânicas na Ásia conti-
nuam líderes mundiais em termos de liber-
dade econômica. Hong Kong tem o nível mais
alto de liberdade econômica pelo 14º ano con-
secutivo. Cingapura não fica muito atrás, e
ocupa o 2º lugar no ranking global, enquanto
a Austrália está em 4º lugar, o que significa que
a região da Ásia/Pacífico abriga três das cinco
primeiras economias mais livres do mundo.
Enquanto que pelo menos uma economia
de cada região está entre as 20 economias mais
livres, a europa tem metade delas. A maioria
das economias mais livres está localizada na
Europa, e são lideradas pela Irlanda, Suíça,
Reino Unido e Dinamarca. Cinco ficam na
região Ásia/Pacifico. Os três restantes vêm do
continente americano: Estados Unidos, Canadá
e Chile. Um país (Maurício) vem da região da
África subsaariana, e outro (Bahrain) vem do
Oriente Médio/Norte da África
A liberdade econômica está fortemente
relacionada a um bom desempenho econômi-
co. Os países mais livres do mundo têm duas
vezes a renda per capita média do segundo
quintil de países, e mais de cinco vezes a renda
média do quinto quintil de países. As economias
mais livres também têm taxas de desemprego e
inflação mais baixas. Essa relação persiste para
todos os quintis, o que significa que cada quintil
de economias menos livres tem taxas médias de
inflação e desemprego piores que as do quintil
anterior.
Na busca de prosperidade sustentável é
importante levar em conta o direcionamento
da política assim como o comprometimento
da liberdade econômica. De todas as cinco
regiões, a Europa é claramente a mais livre, uti-
lizando-se uma média não-ponderada (66,8%),
e logo atrás vem o continente americano
(61,6%). As três demais regiões estão abaixo da
média mundial: Ásia/Pacífico (58,7%), Orien-
te Médio/Norte da África (58,7%), e a África
subsaariana (54,5%). A Europa se mantém con-
sistente acima da média devido a melhorias
em sua política, tais como, redução de impos-
tos, implementação de reformas para apoiar o
empreendedorismo, ocorrendo uma competi-
ção entre economias individuais dentro da pró-
pria região para atrair investimentos.
Por outro lado, embora as Américas tenham
mantido o nível de liberdade econômica
acima da média mundial durante todos estes
anos desde o lançamento do primeiro índice,
vivenciaram uma deterioração em liberdade
econômica em anos recentes. Esta erosão refle-
te uma inversão nas políticas de livre merca-
do e uma falta de perseverança na adoção de
liberdade econômica em alguns países. Vene-
zuela, em especial, inclina-se a um declínio de
longo prazo na medida que o presidente Hugo
Chávez conduz cada vez mais o país para o
caminho antidemocrático e anti-mercado. Os
países da região Ásia-Pacífico têm as maiores
variáveis geograficamente significando um
gap maior entre a maior liberdade de algu-
mas economias e a menor liberdade de outras
economias, duas vezes acima do normal. As
liberdades econômicas das regiões do Oriente
Médio/Norte da África e África subsaariana
estão de alguma forma estagnadas no índice,
mostrando que estas regiões estão se movendo
lentamente para a liberdade econômica, nos
últimos anos.
A metodologia para a avaliação da liber-
dade econômica continua se fortalecendo. A
metodologia, introduzida no índice de 2007,
utiliza uma escala de 0-100, ao invés das cate-
gorias 1-5 dos anos anteriores, ao se acessar os
10 componentes das liberdades econômicas,
e foi levemente refinada, especialmente ao se
acessar barreiras não-tarifárias, impostos e gas-
tos governamentais. As modificações permiti-
ram um reforço sobre a metodologia, sendo
que a metodologia foi cuidadosamente exami-
nada por um conselho consultivo acadêmico, e
deverá refletir melhor os detalhes das políticas
econômicas da cada país. Para possibilitar a
comparação precisa entre todos os anos desde
Sumário Executivo 3
4 Índice de Liberdade Econômica 2008
1995, todos os rankings
anteriores foram ajusta-
dos para refletir a nova
metodologia.
Como mostra o gráfico
2, dos 157 países classifi-
cados numericamente no
Índice 2008, somente sete
obtiveram escores de liber-
dade de 80% para mais,1 o
que categorizamos como
economias “livres”. Os
outros 23 países estão
na faixa de 70%, o que
os inclui na categoria de
“predominantemente
livre”. Isso significa que
somente 30 países obtive-
ram escores de liberdade
econômica acima de 70%.
A maior parte dos países
—103 economias— apre-
senta escores de liberdade
de 50% a 70%. A metade desses é classificado
como “moderadamente livre”, com escores de
60% a 70%, e a outra metade como “predomi-
nantemente não-livre”, com escores de 50% a
60%. Este ano, 24 países (um pequeno aumento
em relação aos 20 países do ano passado) são
classificados como economias “oprimidas”,
com escores abaixo de 50%.
O país típico tem uma economia 60,3% livre,
basicamente o mesmo percentual do que o ano
passado. As melhorias em escores referente a
1 Cinco países (República Democrática do Congo, Iraque, Sérvia, Montenegro e Sudão) foram novamente suspensos da classifi cação neste ano devido a questões relacionadas à precisão dos dados,ou dúvidas quanto aos dados realmente refl etirem as circunstâncias econômicas da maioria do país. Os dados dos países suspensos são anualmente revisados para determinar se houve melhora na situação. A República Democrática do Congo e o Sudão foram suspensos da classifi cação no Índice de 2008 porque, em ambos os casos, a inquietação civil ou anarquia indicava que as políticas ofi ciais do governo não eram aplicadas a grandes porções do país. Sérvia, Montenegro e Iraque foram suspensos devido à ausência de dados confi áveis disponíveis.
liberdade fiscal, empresarial, investimento e
redução governamental acabam compensando
os piores escores em liberdade monetária, cor-
rupção e trabalhista. Os escores em liberdade
de comércio e direitos de propriedade perma-
necem os mesmos. Apesar da ausência de uma
melhoria dramática na liberdade econômica
global este ano, é gratificante observar que as
duas últimas edições do índice registraram os
recordes dos dois maiores escores globais até
agora alcançados, podendo-se afirmar que a
tendência geral continua sendo positiva.
O IMPACTO DA LIBERDADE ECONÔMICA
Há uma nítida relação entre a liberdade
econômica e inúmeras outras variáveis inter-
nacionais, dentre as quais a mais proeminente
é a relação entre o grau de liberdade e o grau de
prosperidade em um país. Edições anteriores
do Índice já confirmaram os benefícios tangíveis
de se viver em sociedades mais livres. Graus
mais altos de liberdade econômica não são
apenas associados a PIBs per capita mais altos,
mas as taxas mais altas de crescimento do PIB
Chart 2
Sumário Executivo 5
LIBERDADE EMPRESARIAL – 62,8%Liberdade empresarial é a medida da liberdade dos
empreendedores para abrir empresas, a facilidade para
se obter alvarás, e a facilidade de se fechar uma empresa.
Impedimentos para quaisquer desses três componentes são
um entrave para a atividade empresarial, bem como para a
geração de empregos. Em termos globais, a abertura de uma
empresa demora em média 43 dias, enquanto a obtenção de
alvarás leva em média 19 procedimentos e 234 dias.1 Proces-
sos de falência se estendem por três anos, em média .
LIBERDADE DE COMÉRCIO – 72%As tarifas são o principal obstáculo para o livre comércio,
mas barreiras não-tarifárias como cotas e atrasos burocráti-
cos também representam entraves consideráveis. O escore
geral da liberdade de comércio é composto de dois elemen-
tos. O primeiro elemento é o escore calculado pela média
ponderada das tarifas de cada país que varia de 0 a 100 por
cento. Quanto maior o escore, menor a tarifa. A média mun-
dial da tarifa é de 11,1%/ Um país com esta taxa recebe um
escore de 80%. Dependendo da gravidade das barreiras não-
tarifárias, existe uma penalidade de 5, 10, 15 ou 20 pontos
percentuais subtraídos da tarifa média ponderada no escore
geral de liberdade de comércio de cada país. A média do
escore global de liberdade econômica para 2008 é de 72%.
LIBERDADE FISCAL – 74,9% A faixa mais alta de tributos sobre renda individual é de
em média 31%; e a faixa mais alta de tributos sobre renda
empresarial é de 26%. Existem muitos outros tipos de
impostos que os governos usam para aumentar a arrec-
adação, e a arrecadação total de todas as formas de taxação
(incluindo tarifas) é de em média 21% do PIB. Utilizando a
função quadrática de custo que penaliza maiores taxas com
uma multa maior, o escore médio é de 74,9%.
TAMANHO DO GOVERNO – 67,7%O tamanho do governo é definido de forma a incluir todos
os gastos públicos incluindo consumo e transferências.
Em teoria, o estado deveria prover somente bens públicos
reais com um mínimo absoluto de gastos. O nível médio de
despesas governamentais em relação ao PIB é de um pouco
mais de 30%.2 Utilizando a função quadrática de custo que
desvaloriza o alto gasto público com uma multa maior, o
escore médio global é de 67,7%.
LIBERDADE MONETÁRIA – 74,4%A taxa inflacionária média ponderada mundial de 2004 a 2006
é de 10,6%, um aumento da média ponderada sobre o ano
passado de 7,9 reflete em parte a hiperinflação do Zimba-
bwe, que subiu mais do que 1.000%. A estabilidade de preços
responde pela maior parte do escore de liberdade monetária,
embora haja uma penalidade de 20 pontos percentuais para
países que utilizam controle de preços. A penalidade sobre o
controle de preços teve uma média de 10,3 pontos neste ano.
LIBERDADE DE INVESTIMENTO – 50,3%Somente 17 países desfrutam de grande liberdade de investi-
mento cujos escores estão acima de 80%. Estes países impõe
pouco ou nada de restrições aos investimentos externos,
os quais incentivam a expansão econômica e melhoram a
liberdade econômica em geral. Enquanto isto, mais de um
terço dos países carecem de significativa liberdade de inves-
timento e recebem um escore de menos que 50%.
LIBERDADE FINANCEIRA – 51,7%Quanto mais os bancos forem controlados pelo governo,
menos liberdade eles terão de se dedicarem a atividades
financeiras essenciais que permitam o crescimento econômi-
co do setor privado. Lamentavelmente, a maioria dos países
continua a impor pesadas regulamentações bancárias sobre
o setor privado, reduzindo oportunidades e restringindo
a liberdade econômica. Em torno de 80 países possuem
escores de liberdade financeira entre 50% a 70%.
DIREITOS DE PROPRIEDADE – 45,6%O progresso em fortalecer os direitos autorais continua
lento e gradual. Com escores acima de 80% muitas eco-
nomias ocidentais (incluindo Hong Kong e Cingapura) se
beneficiam da segurança derivada da proteção dos dire-
itos, mas mais da metade dos países do mundo receberam
um escore de menos de 50%.
LIBERDADE DA CORRUPÇÃO – 41,2%Houve pouco progresso em relação ao ano passado, e a
corrupção é ainda difundida em muitos países. Apenas
16 países obtiveram escores de 80% ou mais, e 114 países
obtiveram escores inferiores a 50%. A média de liberdade
da corrupção é a mais baixa, entre os 10 fatores.
LIBERDADE TRABALHISTA – 62,1%A flexibilização do mercado de trabalho é essencial para
melhorar as oportunidade de emprego e o crescimento
da produtividade em geral. A rigidez em contratar e em
demitir um trabalhador cria uma aversão ao risco por parte
das empresas. A média mundial de liberdade trabalhista é
de 62,1%, que reflete a remuneração, carga horária, e out-
ras restrições. Apenas 25 países contam com políticas de
mercado de trabalho notavelmente flexíveis, tendo obtido
escores de 80% ou mais, enquanto que países com escore
abaixo de 50 são resultados de regulamentações de seus
rígidos mercados de trabalho.
1 A média global é baseada nos dados de 146 países que são classifi cados tanto para o Índice de Liberdade Econômica e como para a edição de 2008 do volume Doing Business, do Banco Mundial.2 Em geral, o indicador de tamanho do governo considera em geral os dados de gastos públicos que combinam todos os níveis de governo (federal, Estadual, municipal). Na classifi cação de países cujos dados não estavam disponíveis, foram utilizados dados de gastos do governo central.
62.8 72.0 74.9 67.7 74.4 50.3 51.7 45.6 41.1 62.1
Business FreedomTrade Freedom Fiscal Freedom
Government SizeMonetary Freedom
Investment FreedomFinancial Freedom
Property Rights Fdm fm Corruption
Labor Freedom
100 = most free0 50 100
–
–
AS 1O LIBERDADES ECONÔMICAS: UM GUIA GLOBAL
6 Índice de Liberdade Econômica 2008
parecem criar um ciclo virtuoso, desencadean-
do mais melhorias para a liberdade econômica.
Nossos 14 anos de banco de dados fortemente
sugerem que países que aumentam seus níveis
de liberdade experimentam um crescimento
mais rápido.
O gráfico 3 mostra a forte relação entre o
nível de liberdade econômica em 2008 e o valor
logarítmico dos dados mais recentes de PIB
per capita, utilizando pontos de dados de 157
países.
Os gráficos 4 a 7 ilustram quatro relações
diferentes utilizando uma estrutura de cálculo
de quintil. O quintil superior é formado por
países colocados em 1º a 31º no ranking global
(de Hong Kong até a Espanha), e cada quintil
subseqüente inclui o próximo grupo de países.
Os quintis não são o mesmo que grupos
categóricos – “livre”, “predominantemente
livre”, etc. – e são aqui utilizados porque o
quintil pode ser comparado baseado no mesmo
número de países.
O gráfico 4 mostra que quatro dos cinco
quintis possuem populações virtualmente
iguais, mas o quarto quintil sozinho contém
metade da população mundial. Isso se deve à
presença da China e da Índia juntas. Isso su-
gere que quando a China e a Índia avançarem
na abertura de suas economias para a globa-
lização, de forma que as liberdades econômicas
internas também sejam fortalecidas, a ascen-
são da prosperidade global está destinada a
grandes aumentos.
O gráfico 5 é um outro olhar sobre a relação
entre liberdade econômica e a média das ren-
das per capita. Os quintis com maior liberdade
Chart 3
econômica contam com
rendas per capita dramati-
camente mais altas.
Os gráficos 6 e 7
mostram que as taxas de
desemprego são maiores
para cada quintil de liber-
dade econômica mais
baixa. Da mesma forma, as
taxas de inflação aumen-
tam, em média, na medi-
da em que a liberdade
econômica diminui.
A conclusão contida
nesses gráficos é simples.
A falha econômica é uma
conseqüência previsível da
repressão econômica. Os
países capazes de refletir
os desejos de seus povos
por uma vida melhor
irão adotar a liberdade
econômica, e países que
oprimem seus povos por
razões políticas causarão
sufoco econômico.
Em outras palavras,
qualquer populista que
afirmar que a suspensão
da liberdade econômica
é feita pelo bem do povo
não tem credibilidade.
Chart 4
Chart 5
Sumário Executivo 7
8 Índice de Liberdade Econômica 2008
Chart 6
Chart 7
Ranking Mundial do Indice de Liberdade Econômica
Sumário Executivo 9
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a
1 Hong Kong 90,3 -0,3 88,2 95,0 92,8 93,1 87,2 90 90 90,0 83,0 93,3
2 Cingapura 87,4 0,2 97,8 90,0 90,3 93,9 88,9 80 50 90,0 94,0 99,0
3 Irlanda 82,4 -0,2 92,2 86,0 71,5 64,5 84,9 90 90 90,0 74,0 80,4
4 Austrália 82,0 1,0 89,3 83,8 59,2 62,8 83,7 80 90 90,0 87,0 94,2
5 Estados Unidos 80,6 -0,3 91,7 86,8 68,3 59,8 83,7 80 80 90,0 73,0 92,3
6 Nova Zelândia 80,2 -0,8 99,9 80,8 60,5 56,0 83,7 70 80 90,0 96,0 85,5
7 Canadá 80,2 2,1 96,7 87,0 75,5 53,7 81,0 70 80 90,0 85,0 82,9
8 Chile 79,8 0,8 67,5 82,2 78,1 88,2 78,8 80 70 90,0 73,0 90,0
9 Suíça 79,7 1,6 83,9 87,2 68,0 61,6 83,6 70 80 90,0 91,0 82,0
10 Reino Unido 79,5 -0,5 90,8 86,0 61,2 40,1 80,7 90 90 90,0 86,0 80,7
11 Dinamarca 79,2 2,2 99,9 86,0 35,0 19,8 86,5 90 90 90,0 95,0 99,9
12 Estônia 77,8 -0,2 84,5 86,0 86,0 62,0 82,0 90 80 90,0 67,0 50,3
13 Holanda 76,8 1,9 88,0 86,0 51,6 38,2 86,9 90 90 90,0 87,0 60,5
14 Islândia 76,5 -0,2 94,5 85,0 73,6 46,3 74,8 60 70 90,0 96,0 75,0
15 Luxemburgo 75,2 -0,1 76,9 86,0 65,4 44,8 79,8 90 80 90,0 86,0 53,1
16 Finlândia 74,8 0,6 95,2 86,0 64,3 29,1 88,5 70 80 90,0 96,0 48,8
17 Japão 72,5 0,3 88,1 80,0 70,3 56,2 94,3 60 50 70,0 76,0 79,8
18 Maurício 72,3 3,1 81,6 80,6 92,1 81,4 75,7 70 60 60,0 51,0 70,6
19 Bahrain 72,2 1,0 80,0 80,8 99,7 80,3 74,3 60 90 60,0 57,0 40,0
20 Bélgica 71,5 -0,9 93,7 86,0 43,9 17,9 80,4 90 80 80,0 73,0 69,9
21 Barbados 71,3 1,4 90,0 58,8 71,3 62,2 74,0 60 60 90,0 67,0 80,0
22 Chipre 71,3 -0,4 70,0 81,0 78,2 43,0 85,0 70 70 90,0 56,0 70,0
23 Alemanha 71,2 -0,4 88,9 86,0 58,4 34,0 81,4 80 60 90,0 80,0 52,8
24 Bahamas 71,1 -0,9 80,0 32,0 96,2 86,4 76,3 40 70 80,0 70,0 80,0
25 Taiwan 71,0 0,8 70,7 86,7 75,9 87,8 83,3 70 50 70,0 59,0 56,9
26 Lituânia 70,8 -0,7 83,2 86,0 86,3 68,3 78,5 70 80 50,0 48,0 57,6
27 Suécia 70,4 1,4 94,8 86,0 32,7 3,9 82,8 80 80 90,0 92,0 62,0
28 Armênia 70,3 1,0 81,3 85,0 89,0 86,4 84,6 70 70 35,0 29,0 73,1
29 Trinidad e Tobago 70,2 -1,1 64,1 79,0 81,1 81,7 72,6 70 70 65,0 32,0 86,9
30 Áustria 70,0 -0,2 80,6 86,0 51,2 25,3 81,4 70 70 90,0 86,0 59,2
31 Espanha 69,7 -0,2 77,5 86,0 54,5 56,2 78,1 70 80 70,0 68,0 56,7
32 Geórgia 69,2 -0,1 85,0 71,0 90,7 81,2 71,4 70 60 35,0 28,0 99,9
33 El Salvador 69,2 -0,6 58,6 76,6 83,4 88,7 76,8 70 70 50,0 40,0 78,0
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34 Noruega 69,0 0,6 89,1 86,2 50,3 46,3 76,1 60 50 90,0 88,0 53,9
35 República Tcheca 68,7 0,3 69,3 86,0 89,4 53,9 76,9 70 80 50,0 47,0 64,9
36 Botswana 68,6 0,1 68,7 67,6 76,4 61,8 69,7 70 70 70,0 56,0 75,9
37 Czech Republic 68,5 0,8 63,9 86,0 71,3 45,6 80,3 70 80 70,0 48,0 70,2
38 Letônia 68,3 0,1 74,3 86,0 83,4 59,2 73,8 70 70 55,0 47,0 64,6
39 Kuaite 68,3 1,7 68,5 81,0 99,9 74,6 73,8 50 50 55,0 48,0 82,1
40 Uruguai 68,1 -0,7 59,8 83,0 85,9 76,6 74,2 60 30 70,0 64,0 77,3
41 Coréia do Sul 67,9 0,7 84,0 66,4 71,1 77,3 80,1 70 60 70,0 51,0 49,0
42 Oman 67,4 1,4 55,8 83,6 98,5 60,7 74,7 60 60 50,0 54,0 77,2
43 Hungria 67,2 2,8 73,9 86,0 70,0 26,5 77,2 80 70 70,0 52,0 66,8
44 México 66,4 0,1 82,6 79,0 83,4 83,7 77,7 50 60 50,0 33,0 64,3
45 Jamaica 66,2 0,2 82,0 70,4 74,9 59,6 74,3 80 60 50,0 37,0 73,3
46 Israel 66,1 1,5 68,4 86,6 55,9 35,1 81,8 80 60 70,0 59,0 64,0
47 Malta 66,0 -0,1 70,0 86,0 61,3 29,1 79,8 50 70 90,0 64,0 60,0
48 França 65,4 2,5 87,1 81,0 53,2 13,2 81,2 60 70 70,0 74,0 63,8
49 Costa Rica 64,8 0,2 59,7 81,8 82,9 87,4 67,9 70 40 50,0 41,0 66,8
50 Panamá 64,7 0,1 72,8 76,2 83,0 89,1 80,2 70 70 30,0 31,0 44,4
51 Malásia 64,5 0,1 69,0 76,2 82,2 80,8 78,6 40 40 50,0 50,0 78,7
52 Uganda 64,4 0,7 56,3 72,0 80,5 86,0 78,5 50 70 30,0 27,0 93,9
53 Portugal 64,3 -0,2 79,6 86,0 61,3 32,6 79,4 70 50 70,0 66,0 48,0
54 Tailândia 63,5 -1,3 72,1 75,2 74,7 90,7 66,7 30 50 50,0 36,0 89,6
55 Peru 63,5 1,0 64,5 73,4 80,2 91,8 85,9 60 60 40,0 33,0 45,8
56 Albânia 63,3 0,9 55,6 75,8 90,3 76,0 80,4 70 70 30,0 26,0 59,3
57 África do Sul 63,2 -0,2 71,2 74,2 69,5 76,8 77,2 50 60 50,0 46,0 57,5
58 Jordânia 63,0 -0,5 55,4 74,8 83,7 53,2 80,4 50 60 55,0 53,0 64,8
59 Bulgária 62,9 0,9 67,5 86,0 82,7 56,0 73,7 60 60 30,0 40,0 73,2
60 Arábia Saudita 62,8 1,2 72,5 76,8 99,7 69,1 76,7 30 40 50,0 33,0 80,6
61 Belize 62,8 -0,4 76,3 64,6 69,3 74,8 77,3 50 50 50,0 35,0 80,9
62 Mongólia 62,8 3,0 71,1 81,4 85,0 71,7 78,2 60 60 30,0 28,0 62,4
63 Emirados Árabes Unidos 62,8 -0,1 47,9 80,4 99,9 80,2 70,9 30 40 40,0 62,0 76,2
64 Itália 62,5 -0,2 76,8 81,0 54,3 29,4 80,6 70 60 50,0 49,0 73,5
65 Madagascar 62,4 1,3 56,0 79,6 80,9 86,4 72,2 70 50 50,0 31,0 47,9
66 Qatar 62,2 -0,7 60,0 70,8 99,8 72,1 69,4 30 50 50,0 60,0 60,0
Ranking Mundial do Indice de Liberdade Econômica
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67 Colômbia 61,9 2,3 72,5 70,8 72,8 71,2 71,4 60 60 40,0 39,0 61,4
68 Romênia 61,5 0,3 74,1 86,0 85,6 70,8 72,5 60 50 30,0 31,0 55,3
69 Fiji 61,5 0,9 69,7 74,2 74,5 75,3 78,9 30 60 30,0 40,0 82,7
70 Quirquistão 61,1 0,8 60,4 81,4 93,9 76,1 75,6 50 50 30,0 22,0 72,0
71 Macedônia 61,1 0,5 65,1 83,4 88,1 61,6 85,5 50 60 30,0 27,0 60,7
72 Namíbia 61,0 -2,1 73,8 87,4 67,9 71,0 76,8 30 50 30,0 41,0 82,4
73 Líbano 60,9 -0,5 55,4 77,4 91,4 69,5 77,8 30 70 30,0 36,0 71,2
74 Turquia 60,8 2,5 67,9 86,8 77,7 68,3 70,8 50 50 50,0 38,0 48,0
75 Eslovênia 60,6 0,4 73,0 86,0 62,4 33,2 79,5 60 50 50,0 64,0 47,7
76 Casaquistão 60,5 1,4 56,5 86,2 80,1 84,7 71,9 30 60 30,0 26,0 80,0
77 Paraguai 60,5 1,6 57,6 78,4 96,6 90,8 76,6 50 60 35,0 26,0 34,2
78 Guatemala 60,5 -0,8 54,1 78,4 79,9 95,9 72,9 50 50 30,0 26,0 67,9
79 Honduras 60,2 -0,2 59,5 78,0 84,5 82,6 73,7 50 60 30,0 25,0 59,0
80 Grécia 60,1 1,8 69,5 81,0 65,6 57,8 78,5 50 50 50,0 44,0 54,3
81 Nicarágua 60,0 -2,0 56,4 79,2 79,0 77,6 70,6 70 50 25,0 26,0 65,7
82 Kenya 59,6 -0,4 65,3 75,0 78,2 84,8 72,2 50 50 35,0 22,0 63,2
83 Polônia 59,5 2,1 54,1 86,0 68,6 43,5 82,3 60 60 50,0 37,0 53,5
84 Tunísia 59,3 -0,2 79,2 71,8 76,4 77,1 77,6 30 30 50,0 46,0 55,3
85 Egito 59,2 4,0 59,7 66,0 90,8 73,0 69,9 50 40 40,0 33,0 69,1
86 Suazilândia 58,9 -1,7 69,0 69,0 71,4 62,4 76,0 50 40 50,0 25,0 75,7
87 República Dominicana 58,5 0,9 62,2 73,0 80,4 88,8 69,3 50 40 30,0 28,0 63,6
88 Cabo Verde 58,4 1,3 55,1 41,2 66,2 60,5 78,7 60 50 70,0 40,0 62,3
89 Moldávia 58,4 -0,8 68,5 79,2 83,0 56,9 67,6 30 50 50,0 32,0 66,6
90 Sri-Lanka 58,3 -1,0 71,5 69,6 73,5 81,7 65,4 30 40 50,0 31,0 70,5
91 Senegal 58,2 0,1 54,5 71,6 65,2 82,3 81,4 50 50 50,0 33,0 43,6
92 Filipinas 56,9 -0,1 53,0 78,8 75,8 90,2 73,8 30 50 30,0 25,0 61,9
93 Paquistão 56,8 -1,7 70,8 65,2 79,1 90,1 72,2 40 30 30,0 22,0 69,1
94 Gana 56,7 -0,7 53,1 63,0 83,7 71,5 68,0 50 50 50,0 33,0 44,2
95 Gâmbia 56,6 -0,8 57,1 62,6 72,5 72,8 73,9 50 50 30,0 25,0 72,1
96 Moçambique 56,6 0,7 53,0 72,8 78,1 85,2 73,6 50 50 30,0 28,0 45,0
97 Tanzânia 56,4 -0,4 47,9 73,2 80,5 79,9 75,4 50 50 30,0 29,0 48,1
98 Marrocos 56,4 -0,8 75,8 62,6 65,4 73,2 79,8 60 40 35,0 32,0 40,2
99 Zâmbia 56,4 -0,8 62,4 71,2 72,6 80,3 62,9 50 50 40,0 26,0 48,2
12 Índice de Liberdade Econômica 2008
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100 Camboja 56,2 0,1 43,0 52,2 91,4 94,2 80,9 50 50 30,0 21,0 49,1
101 Brasil 55,9 -0,2 53,6 70,8 68,6 55,5 75,7 50 40 50,0 33,0 61,9
102 Argélia 55,7 0,6 72,7 68,8 77,0 74,6 80,2 40 30 30,0 31,0 52,3
103 Burkina Fasso 55,6 0,6 49,8 66,6 77,5 85,9 78,8 40 50 30,0 32,0 45,7
104 Mali 55,5 0,8 41,9 68,6 69,3 81,5 79,9 50 40 30,0 28,0 66,0
105 Nigéria 55,5 -0,5 52,6 63,4 84,4 68,1 73,8 30 40 30,0 22,0 90,6
106 Equador 55,4 -0,2 58,1 67,6 86,4 82,3 74,1 40 50 30,0 23,0 42,4
107 Azerbaijão 55,3 0,5 61,6 78,4 80,3 82,9 76,5 30 30 30,0 24,0 59,2
108 Argentina 55,1 0,1 63,2 69,6 70,5 80,9 65,0 50 40 30,0 29,0 52,9
109 Mauritânia 55,0 1,5 38,9 70,2 75,4 66,3 77,1 60 50 30,0 31,0 51,2
110 Benin 55,0 0,1 47,7 65,2 67,5 86,4 77,5 40 60 30,0 25,0 50,8
111 Costa do Marfi m 54,9 -1,0 47,0 59,8 52,3 88,1 80,7 40 60 30,0 21,0 70,5
112 Nepal 54,7 -0,4 60,0 61,4 86,5 92,0 78,5 30 30 30,0 25,0 53,4
113 Croácia 54,6 0,7 58,1 87,6 68,8 28,0 78,8 50 60 30,0 34,0 50,5
114 Tadjiquistão 54,5 0,7 43,4 77,8 89,3 84,1 65,8 30 40 30,0 22,0 62,1
115 Índia 54,2 0,1 50,0 51,0 75,7 73,5 70,3 40 30 50,0 33,0 68,6
116 Ruanda 54,1 1,7 51,8 70,6 76,9 75,6 73,3 40 40 30,0 25,0 58,2
117 Camarões 54,0 -1,4 39,9 57,0 71,8 93,6 72,3 50 50 30,0 23,0 52,5
118 Suriname 53,9 -0,5 41,7 65,0 68,0 72,8 69,2 30 30 50,0 30,0 82,1
119 Indonésia 53,9 -0,1 48,8 73,0 77,5 89,7 68,2 30 40 30,0 24,0 57,5
120 Malawi 53,8 -0,2 52,1 64,6 70,2 44,3 69,9 50 50 40,0 27,0 70,1
121 Bósnia-Herzegovina 53,7 -0,6 56,1 79,8 73,7 48,3 76,6 50 60 10,0 29,0 53,7
122 Gabão 53,6 -0,6 52,8 56,4 61,7 85,6 74,6 40 40 40,0 30,0 54,6
123 Bolívia 53,2 -1,1 58,6 79,0 87,8 68,1 76,5 20 60 25,0 27,0 30,5
124 Etiópia 53,2 -1,2 58,3 63,0 77,2 80,9 69,4 40 20 30,0 24,0 69,5
125 Iêmen 52,8 -0,4 53,7 66,4 83,2 58,5 62,9 50 30 30,0 26,0 67,7
126 China 52,8 1,0 50,0 70,2 66,4 89,7 76,5 30 30 20,0 33,0 62,4
127 Guiné 52,8 -1,7 44,9 59,6 70,1 88,7 54,3 40 50 30,0 19,0 71,1
128 Níger 52,7 -0,4 36,0 64,4 66,4 89,3 86,0 50 40 30,0 23,0 42,2
129 Guiné Equatorial 52,5 -1,6 47,1 52,2 75,4 82,0 81,1 30 50 30,0 21,0 56,2
130 Usbequistão 52,3 0,3 67,8 68,4 88,0 68,3 57,5 30 20 30,0 21,0 72,1
131 Djibuti 52,3 -1,2 37,5 28,2 80,8 57,8 78,3 50 60 30,0 30,0 70,6
132 Lesoto 51,9 -1,2 56,9 56,4 67,2 46,8 75,4 30 50 40,0 32,0 64,0
Ranking Mundial do Indice de Liberdade Econômica
Sumário Executivo 13
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133 Ucrânia 51,1 -0,6 44,3 82,2 79,0 43,0 69,9 30 50 30,0 28,0 54,3
134 Rússia 49,9 -2,5 52,8 44,2 79,2 69,5 64,4 30 40 30,0 25,0 64,2
135 Vietnam 49,8 0,4 60,0 62,8 74,3 78,0 67,4 30 30 10,0 26,0 59,5
136 Guyana 49,4 -5,0 56,4 65,8 67,3 16,1 73,9 40 40 40,0 25,0 69,1
137 Laos 49,2 -0,0 60,8 57,0 71,0 92,1 73,0 30 20 10,0 26,0 52,3
138 Haiti 48,9 -2,4 35,7 67,0 77,8 93,2 65,3 30 30 10,0 18,0 62,4
139 Serra Leoa 48,9 1,3 49,4 60,2 81,0 81,8 74,4 30 40 10,0 22,0 40,3
140 Togo 48,8 -0,9 36,1 69,2 53,9 88,8 78,2 30 30 30,0 24,0 48,2
141 Rep, Centro Africana 48,2 -2,1 40,7 51,4 65,5 91,6 72,5 30 40 20,0 24,0 46,7
142 Chade 47,7 -2,3 34,6 60,0 49,9 94,9 73,6 40 40 20,0 20,0 44,2
143 Angola 47,1 1,9 36,5 73,0 85,2 72,8 57,8 20 40 20,0 22,0 44,1
144 Síria 46,6 -1,5 52,9 54,0 86,2 60,3 66,2 30 10 30,0 29,0 47,1
145 Burundi 46,3 -0,7 35,5 50,2 72,1 59,4 74,7 30 30 30,0 24,0 57,4
146 Congo 45,2 0,8 45,3 54,6 60,1 83,1 73,0 30 30 10,0 22,0 44,0
147 Guiné Bissau 45,1 -1,7 24,8 56,8 88,4 56,5 75,7 30 30 20,0 10,0 58,5
148 Venezuela 45,0 -2,9 51,4 54,6 74,5 79,7 60,6 20 40 10,0 23,0 35,8
149 Bangladesh 44,9 -3,1 55,3 0,0 84,0 93,2 68,9 20 20 25,0 20,0 62,8
150 Bielorrússia 44,7 -1,8 58,6 52,2 81,0 55,5 66,2 20 10 20,0 21,0 62,0
151 Iran 44,0 -0,1 55,0 57,4 81,1 84,5 61,3 10 10 10,0 27,0 43,8
152 Turcomenistão 43,4 0,3 30,0 79,2 90,6 85,3 66,4 10 10 10,0 22,0 30,0
153 Mianmar 39,5 -1,5 20,0 71,0 81,7 97,0 56,5 10 10 10,0 19,0 20,0
154 Líbia 38,7 1,6 20,0 39,6 81,7 63,5 74,9 30 20 10,0 27,0 20,0
155 Zimbabwe 29,8 -2,0 41,0 55,4 57,8 24,1 0,0 10 20 10,0 24,0 56,0
156 Cuba 27,5 -1,1 10,0 60,8 54,8 0,0 64,6 10 10 10,0 35,0 20,0
157 Coréia do Norte 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 10 0 10,0 10,0 0,0
Source: Kim R, Holmes, Edwin J, Feulner, and Mary Anastasia O’Grady, 2008 Index of Economic Freedom (Washington, D,C,: The Heritage Foundation and Dow Jones & Company, Inc,, 2008), at www,heritage,org/index,
15
Capítulo 3
A globalização está tornando o mundo um lugar melhor
Guy Sorman
Oque chamamos de “globalização”, uma
das forças mais poderosas e positivas que
a humanidade já vivenciou, está redefi-
nindo a civilização que nós conhecemos. Esta é
uma das minhas hipóteses. Para ser mais específi-
co, eu tentarei descrever o que é globalização, seu
impacto na paz mundial e a liberdade que advém
da necessidade, do medo e da miséria.
A globalização tem seis características prin-
cipais: desenvolvimento econômico, democra-
cia, enriquecimento cultural, normas políticas e
culturais, informação e internacionalização do
estado de direito.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICOGeralmente, a globalização é descrita em
termos de trocas comerciais intensificadas, mas
significa mais do que somente comércio, bolsa
de valores e moedas. Trata-se de pessoas. O
que é relevante atualmente, é que por meio da
globalização diversas nações convergem para
um maior bem-estar.
Tal convergência se exemplifica pelas 800
milhões de pessoas que nos últimos 30 anos
deixaram para trás a miséria e a pobreza. Eles
têm um maior acesso ao sistema de saúde, esco-
las e informação. Elas têm mais opções e seus
filhos terão ainda mais. A parte mais notável é
a de que não aconteceu por acidente, mas sim
pela combinação de uma política econômica
satisfatória, tecnologia e gerenciamento.
Claro que nem todas as nações estão seguin-
do este caminho, mas desde a queda do Muro
de Berlim, o número de adeptos desse caminho
tem aumentado. Somente as nações da África
ainda precisam aderir, mas quem poderia dese-
jar ou predizer nos últimos 30 anos que a China
e a Índia, com tamanha rapidez e eficiência,
retirariam suas populações da miséria? Não
há razão nenhuma para que a África, quando
chegar o seu momento, não faça o mesmo. Con-
vergência deveria ser a fonte de esperança para
todos nós.
DEMOCRACIADe um modo geral, desde 1989, o sistema
16 Índice de Liberdade Econômica 2008
que mais promove o bem-estar para todas as
pessoas – não somente economicamente, mas
também em termos do acesso à igualdade e à
liberdade – parece ser o sistema democrático, a
nova regra internacional. À medida que mais e
mais países se tornam democráticos, ou conver-
gem em direção às regras democráticas, cresce
o respeito por outras culturas.
A democracia garantiu o bem-estar das
pessoas e o fez de forma bem melhor do que
qualquer ditadura o pudesse fazer. Mesmo um
déspota iluminado não pode propiciar o tipo
de segurança que a democracia está trazendo.
Algumas vezes ocorre um trade-off entre a dota-
ção econômica e democracia. Algumas vezes,
a economia cresce mais devagar por causa da
democracia. Que seja assim. A democracia traz
valores que são tão importantes para o bem-
estar do ser humano quanto à economia.
Afinal de contas, como mostra a história, a
chance de uma guerra internacional diminui
aos poucos, todas as vezes que um país passa
da tirania à democracia, já que as democracias
não lutam umas contra as outras. Cada vez
mais nações estão tornando-se democráticas,
o que melhora o estilo de vida de todos os
indivíduos.
ENRIQUECIMENTO CULTURALOs críticos da globalização freqüentemente
acusam que ela resulta em uma “american-
ização da cultura” e concomitante perda da
identidade e dos valores culturais locais. Eu
proponho uma visão mais otimista, a de que a
globalização permite um intercâmbio infinito
de idéias, especialmente através da cultura
popular, já que afeta um grande número de
pessoas.
Por meio da cultura popular, pessoas de
diferentes nações e backgrounds descobrem-se
umas às outras e suas características de “alteri-
dade” desaparecem de repente. Por exemplo,
um programa cômico de uma televisão corea-
na, atualmente popular no Japão, mostrou aos
telespectadores japoneses que, assim como eles,
os coreanos – e suas crianças - também se apa-
ixonam, se desesperam, têm as mesmas espe-
ranças e medos; este programa transformou a
imagem que os japoneses têm da nação corea-
na, de forma mais profunda do que qualquer
esforço diplomático, e demonstra que a global-
ização pode minimizar preconceitos que exis-
tiam entre países vizinhos por muitos séculos.
Além disso, este processo relativo a uma
compreensão maior nos permite manter a nossa
identidade e acrescentar novas identidades. Os
coreanos absorvem um pouco da cultura amer-
icana, um pouco da francesa e de outras socie-
dades européias. Talvez eles tenham se tornado
um tipo diferente de coreanos, mas ainda assim
eles permanecem coreanos. Seria ilusão pensar
que se pode perder a identidade. E este é um
caminho de mão dupla. Quando você observa
o sucesso das exportações culturais fora da
Coréia – a chamada new wave através de músi-
ca, televisão, filmes e arte –, a Coréia torna-se
parte da identidade de outras pessoas.
Como francês, considero-me também um
coreano. É assim que a globalização funciona.
Nós não perdemos a nossa identidade. Nós
entramos no mundo que eu chamo de mundo
de “multi-identidades”, e isso é progresso e
não uma perda.
REGRAS POLÍTICAS E CULTURAISUma das mais significativas transformações
relativas ao bem-estar das pessoas no mundo
globalizado é o aumento do respeito aos
direitos das mulheres e das minorias. Em
muitas nações, ser uma mulher ou pertencer a
uma minoria não tem sido fácil. Nos últimos 30
anos, contudo, mulheres e minorias são mais
bem informadas e aprenderam que a repressão
sofrida até muito recentemente não é típica de
uma moderna democracia.
Consideremos a Índia, por exemplo, onde
um forte sistema de castas tem, historicamente,
subjugado as mulheres e os “intocáveis”. Gra-
ças à globalização das regras democráticas,
essas minorias estão mais protegidas; por meio
de políticas de ações positivas, eles têm acesso
a melhores empregos, os quais eram tradicio-
nalmente proibidos para eles. Essa transfor-
mação traz conseqüências positivas para eles
e melhores resultados para o bem-estar e edu-
cação de suas crianças. Estamos ingressando
num novo mundo em que se dá uma melho-
ra de status, graças ao intercâmbio cultural e
democrático gerado pela globalização.
INFORMAÇÃOAtravés do legado da mídia e, cada vez
mais, pela internet e celulares, atualmente,
todas as pessoas – até mesmo nos países auto-
ritários – estão melhor informadas. Morei na
parte mais pobre da China durante um ano,
e me lembro bem de como um fazendeiro da
vila mais remota sabia exatamente o que estava
acontecendo, não somente na vila mais próxi-
ma, mas também em Pequim e Nova Iorque,
por causa da internet e de seu celular. Nenhum
governo pode bloquear informações agora. As
pessoas sabem atualmente que “conhecimento
é poder”.
Agora, imaginemos se o genocídio em
Darfur tivesse acontecido há 20 ou 30 anos. A
população de Darfur teria sido aniquilada pelo
governo do Sudão e ninguém teria tomado
conhecimento. Hoje todos nós sabemos sobre
o genocídio. A razão pela qual a comunidade
internacional foi forçada a intervir, se deve ao
grande número de informações. O conheci-
mento prova ser a melhor proteção para mino-
rias reprimidas, e assim, um dos mais vitais
aspectos da globalização.
INTERNACIONALIZAÇÃO DO ESTADO DE DIREITO
A internacionalização do estado de direito,
claro, tem suas limitações. As instituições
responsáveis pelo surgimento do estado
de direito, sejam as Nações Unidas ou a
Organização Mundial do Comércio, são
criticadas. Elas não são completamente
legítimas. Certamente, não são perfeitamente
democráticas, mas não se pode construir uma
organização democrática, com governos não-
democráticos. Torna-se uma troca.
Apesar de toda a fragilidade das organiza-
ções internacionais, o aparecimento de um
verdadeiro estado de direito internacional
substitui a barbárie que existira anteriormente,
baseado no mais poderoso contra os mais
fracos. Mesmo que a globalização não possa
suprimir guerras, é notável a sua eficácia em
conter guerras. Se examinarmos os tipos de
guerra que temos atualmente, comparados
com a história da humanidade, o número de
vitimas e o número de nações envolvidas são
muito pequenos. Estamos todos vivendo com
mais segurança por causa do aparecimento do
estado de direito e pelo fluxo de informações
trazido pela globalização.
CRIADO PELOS EMPREENDEDORESÉ preciso lembrar que a globalização não
é um acidente histórico, já que foi planejada
e desenvolvida por aqueles que a queriam.
Os diplomatas não a inventaram; foram os
empreendedores que criaram a globalização.
Vejamos o exemplo da europa. Depois
da Segunda Guerra Mundial, os europeus
descobriram que eles eram o seu próprio
inimigo. Durante 1000 anos, lutamos uns
contra os outros. Por que? Nós não lembramos
muito bem. A cada 30 anos íamos para a guerra.
Os franceses mataram os alemães. Os alemães
mataram os franceses. Quando você tenta
explicar esta história para as suas crianças,
elas não podem compreender. Diplomatas e
políticos do século 18 em diante, não tiveram
sucesso em prosseguir com planos para evitar
esse tipo de guerra civil dentro da Europa.
Depois, nos anos 40, surgiu um empresário
chamado Jean Monnet. Seu negócio era vender
conhaque nos Estados Unidos da América, e
era muito competente. A opinião de Jean Mon-
net era a de que talvez o processo de unifica-
ção da europa não devesse ser iniciado por
diplomatas e sim por homens de negócios. Ele
se empenhou em construir a União Européia
baseada no comércio. Ele começou com carvão
e aço em 1950, e foi por meio da liberação de
tal comércio que ele concebeu a unificação da
europa, desempenhando um papel crucial no
processo de globalização.
O princípio que guiou Monnet foi o de que
os laços comerciais e financeiros levariam a
uma unificação política. A verdadeira base da
solidariedade européia veio através do comér-
cio. Por esse método, todos os benefícios da
globalização têm sido possíveis porque o livre
comércio foi sempre a causa. Um ataque ao
livre comércio representa um ataque tanto à
globalização quanto ao bem-estar da popula-
ção mundial, e por isso devemos ter cautela ao
Capítulo 3 17
18 Índice de Liberdade Econômica 2008
discutir sobre o comércio, por se tratar de um
elemento chave que permite o acontecimento
de todo o resto.
Nada disto pressupõe que o comércio
seja fácil. No caso da europa, ficou mais fácil
porque todos os governos eram democráticos.
É muito mais complicado desenvolver o livre
comércio em governos não-democráticos, mas
pelo fato da globalização começar com a con-
strução desta solidariedade materialista, os
ideais devem vir depois.
DUAS AMEAÇAS À GLOBALIZAÇÃOTalvez o que eu apresentei até agora seja
um quadro muito otimista de globalização,
mas eu acredito que nós temos boas razões
para sermos otimistas. No entanto, há duas
ameaças à globalização que devem ser levadas
em consideração hoje em dia.
Epidemias globais. Em termos de sistemas
de saúde, somos cada vez mais capazes de lidar
com as doenças que existem no mundo. Apesar
da África ainda ter um problema, por meio de
esforços globais será possível, nos próximos
anos, reduzir as epidemias que lá existem:
AIDS e malária.
Porém, novas epidemias estão ameaçando
o mundo. Se lembrarmos o que aconteceu
na China há alguns anos com a epidemia de
SARS, que durou pouco, e posteriormente com
a ameaça da gripe aviaria, em 2005, podemos
entender que há novas ameaças e que o mundo
moderno ainda não está preparado para com-
batê-las. Uma das conseqüências da globaliza-
ção é que as pessoas viajam mais, o que significa
que os vírus viajam mais e se adaptam.
Portanto, penso que a globalização deveria
exigir que a comunidade internacional desen-
volvesse sistemas cada vez mais sofistica-
dos para detectar e curar as novas epidemias
que têm sido uma conseqüência negativa da
globalização.
Terrorismo. Apesar das guerras atuais esta-
rem mais limitadas, surgiram novas formas de
guerra, as quais chamamos de terrorismo. Ter-
rorismo pode ser visto hoje como uma ameaça
distante em algum lugar entre os Estados Uni-
dos e o Oriente Médio. Por causa do progresso
global do estado de direito, contudo, grupos
violentos sabem que já não é possível conduzir
uma guerra da forma tradicional; portanto,
as pessoas motivadas por paixões ideológicas
estão crescentemente tentadas pelos métodos
terroristas como um meio de implementar seus
planos.
Esses são os aspectos negativos da
globalização: epidemias e terrorismo.
Infelizmente, estamos muito concentrados em
problemas tradicionais como o livre comércio.
Não estamos suficientemente concentrados nas
futuras ameaças.
Eu preferiria que a globalização fosse mais
popular, mas nós somos culpados disso. Talvez
devêssemos usar palavras diferentes. A pala-
vra “Globalização” é feia. Devemos encontrar
uma palavra melhor, e explicar à mídia e aos
estudantes que estamos entrando numa nova
civilização de bem-estar, progresso e felicidade,
porque se eles não entenderem a beleza da glo-
balização, eles não poderão defendê-la quando
ela for ameaçada.
19
Capítulo 5
Liberdade Econômica nas Cinco Regiões
James M. Roberts e Anthony B. Kim
O escore referente à média de liberdade
econômica global é de 60,3, de acordo
com o levantamento do nosso Índice
de 2008. Desde o lançamento do Índice de 1995,
a liberdade econômica global tem melhorado
em 2,6 pontos percentuais com o passar dos
anos, e tem se mantido estável apesar do lento
progresso nos últimos anos. Na última déca-
da, os diferentes níveis de comprometimento
de liberdade econômica nas cinco regiões do
mundo resultaram em tendências diversas
dentro da busca individual de cada região por
maior liberdade econômica.
Este capítulo fornece uma visão instantânea dos
indicadores de liberdade econômica, dentro do
nível regional agregado da região das Américas.
2008 Economic Freedom and Performance by RegionAverage Economic
Freedom Score Population GDP per
Capita (PPP)*
GDP 5-Year
Growth Rate*
Unemploy-ment Rate*
Infl ation Rate*
Simple Weighted*
Asia–Pacifi c 58.7 54.4 3,616,976,439 $6,361 7.6 6.3 5.0Europe 66.8 63.1 799,629,184 $20,282 3.9 7.4 5.0
Americas 61.6 67.0 879,292,883 $20,568 3.0 6.9 4.5Middle East/N. Africa 58.7 54.4 311,473,781 $7,508 4.6 13.4 7.7
Sub-Saharan Africa 54.5 55.5 633,132,970 $2,137 5.0 13.2 29.0World 60.3 57.4 6,240,505,257 $9,775 6.1 7.5 7.5
* Weighted by population.Sources: World Bank, World Development Indicators Online; Central Intelligence Agency, The World Factbook 2005; International Monetary Fund, World Economic Outlook database, April 2006; and Kim R. Holmes, Edwin J. Feulner, and Mary Anastasia O’Grady, 2008 Index of Economic Freedom (Washington, D.C.: The Heritage Foundation and Dow Jones & Company, Inc., 2008), at www.heritage.org/index.
Table 1
20 Índice de Liberdade Econômica 2008
AS AMÉRICASOs países que fazem parte das Américas
variam desde o próspero Estados Unidos e a
colossal economia em desenvolvimento do
Brasil às pequenas economia Caribenhas e as
nações pobres da América Central. A popula-
ção média é de 30 milhões de habitantes por
país, e a população total regional é de 871 mil-
hões de habitantes, perdendo somente para a
Ásia. Com a menor taxa média de desemprego
do mundo e anos de esforços em reformas
econômicas, as Américas parecem talhadas
para o sucesso econômico amplamente com-
partilhado. No entanto, a região é uma das mais
diversificadas em termos de economia global e
parece um quebra-cabeça.
A falta, e em alguns casos a erosão, de
liberdade econômica nas Américas reflete a
reversão de políticas de livre-mercado e a falha
de alguns governos em continuar a busca pela
liberdade econômica.
O gráfico C1 mostra uma série temporal de
1995–2008 do escore sobre a média de liber-
dade econômica para a região comparado
com a média global. A região tem mantido um
nível alto de liberdade econômica comparado
com a média mundial anual segundo o Índice,
mas experimentou uma visível deterioração
em liberdade econômica nos últimos anos. No
Índice de 2008, os escores para as Américas
estão piores para cinco economias, sendo que os
escores de 17 países pioraram e os escores de 12
países melhoraram. Guiana, Venezuela e Haiti
atingiram recordes das piores perfomances.
Na região, a realidade é que as econo-
mias estão estagnando. Das cinco regiões, as
Américas têm a mais lenta taxa composta de
5 anos de crescimento. O peso populacional
sobre a média per capita de renda é alto nas
Américas comparado com outras regiões,
mesmo a Europa. No entanto, ironicamente, a
evidência estatística sugere que muitas nações
do hemisfério occidental estão empacadas nas
armadilhas da pobreza com desigualdade de
renda crônica.
O gráfico C2 demonstra a correlação posi-
tiva entre altos níveis de liberdade econômica
e elevado PIB per capita, pressupondo um
grande gap de liberdade. O recente aumento
Chart C2
Chart C1
100
80
60
40
20
1995 2008
Escores de Liberdade Econômica nas Américas
Source: Kim R. Holmes, Edwin J. Feulner, and Mary Anastasia O’Grady, 2008 Index of Economic Freedom (Washington, D.C.: The Heritage Foundation and Dow Jones & Company, Inc., 2008), at www.heritage.org/index.
Capítulo 5 21
Table C1
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a
5 1 Estados Unidos 80.6 -0.3 91.7 86.8 68.3 59.8 83.7 80 80 90.0 73.0 92.3
7 2 Canadá 80.2 2.1 96.7 87.0 75.5 53.7 81.0 70 80 90.0 85.0 82.9
8 3 Chile 79.8 0.8 67.5 82.2 78.1 88.2 78.8 80 70 90.0 73.0 90.0
21 4 Barbados 71.3 1.4 90.0 58.8 71.3 62.2 74.0 60 60 90.0 67.0 80.0
24 5 Bahamas 71.1 -0.9 80.0 32.0 96.2 86.4 76.3 40 70 80.0 70.0 80.0
29 6 Trinidad e Tobago 70.2 -1.1 64.1 79.0 81.1 81.7 72.6 70 70 65.0 32.0 86.9
33 7 El Salvador 69.2 -0.6 58.6 76.6 83.4 88.7 76.8 70 70 50.0 40.0 78.0
40 8 Uruguai 68.1 -0.7 59.8 83.0 85.9 76.6 74.2 60 30 70.0 64.0 77.3
44 9 México 66.4 0.1 82.6 79.0 83.4 83.7 77.7 50 60 50.0 33.0 64.3
45 10 Jamaica 66.2 0.2 82.0 70.4 74.9 59.6 74.3 80 60 50.0 37.0 73.3
49 11 Costa Rica 64.8 0.2 59.7 81.8 82.9 87.4 67.9 70 40 50.0 41.0 66.8
50 12 Panamá 64.7 0.1 72.8 76.2 83.0 89.1 80.2 70 70 30.0 31.0 44.4
55 13 Peru 63.5 1.0 64.5 73.4 80.2 91.8 85.9 60 60 40.0 33.0 45.8
61 14 Belize 62.8 -0.4 76.3 64.6 69.3 74.8 77.3 50 50 50.0 35.0 80.9
67 15 Colômbia 61.9 2.3 72.5 70.8 72.8 71.2 71.4 60 60 40.0 39.0 61.4
77 16 Paraguai 60.5 1.6 57.6 78.4 96.6 90.8 76.6 50 60 35.0 26.0 34.2
78 17 Guatemala 60.5 -0.8 54.1 78.4 79.9 95.9 72.9 50 50 30.0 26.0 67.9
79 18 Honduras 60.2 -0.2 59.5 78.0 84.5 82.6 73.7 50 60 30.0 25.0 59.0
81 19 Nicarágua 60.0 -2.0 56.4 79.2 79.0 77.6 70.6 70 50 25.0 26.0 65.7
87 20 República Dominicana 58.5 0.9 62.2 73.0 80.4 88.8 69.3 50 40 30.0 28.0 63.6
101 21 Brasil 55.9 -0.2 53.6 70.8 68.6 55.5 75.7 50 40 50.0 33.0 61.9
106 22 Equador 55.4 -0.2 58.1 67.6 86.4 82.3 74.1 40 50 30.0 23.0 42.4
108 23 Argentina 55.1 0.1 63.2 69.6 70.5 80.9 65.0 50 40 30.0 29.0 52.9
118 24 Suriname 53.9 -0.5 41.7 65.0 68.0 72.8 69.2 30 30 50.0 30.0 82.1
123 25 Bolívia 53.2 -1.1 58.6 79.0 87.8 68.1 76.5 20 60 25.0 27.0 30.5
136 26 Guiana 49.4 -5.0 56.4 65.8 67.3 16.1 73.9 40 40 40.0 25.0 69.1
138 27 Haiti 48.9 -2.4 35.7 67.0 77.8 93.2 65.3 30 30 10.0 18.0 62.4
148 28 Venezuela 45.0 -2.9 51.4 54.6 74.5 79.7 60.6 20 40 10.0 23.0 35.8
156 29 Cuba 27.5 -1.1 10.0 60.8 54.8 0.0 64.6 10 10 10.0 35.0 20.0
22 Índice de Liberdade Econômica 2008
de populistas como
Hugo Chávez da Ven-
ezuela e Evo Morales
da Bolívia, ameaça
a amplitude deste
gap de liberdade nas
Américas ainda mais.
A Tabela C1 exibe
o ranking de países
da região, do mais
livre ao menos livre,
baseando-se em seus
escores de liberdade
total. Isso inclui tam-
bém a diferença em
relação ao escore do
ano anterior, a posição
do país no ranking
mundial, e o escore de cada país para 2008, em
cada uma das 10 liberdades econômicas. O grá-
fico C3 mostra os países distribuídos em cinco
categorias distintas.
Apenas três dos 29 países americanos estão
no ranking dos “top 10” mundial: Os Estados
Unidos (em 5º), o Canadá (em 7º), e o Chile
(em 8º). De fato, os países dessa região estão
distribuídos de forma mais equilibrada do
que os países de qualquer outra região, quase
como uma “curva do sino”. Todos os países, à
exceção de seis, obtiveram escores de liberdade
econômica entre 50 e 80 por cento, e aproxi-
madamente a metade cai na categoria inter-
mediária “moderately free” (moderadamente
livre).
Examinando-se cada uma das liberdades
econômicas específicas, os países america-
nos apresentam um desempenho superior à
média mundial em 8 dos 10 fatores. As áreas
problemáticas são corrupção e inflação, o que
resulta em uma fragilidade maior das políticas
monetárias e do Estado de Direito.
A nação norte/centro/sul-americana típica
se destaca positivamente em termos de taxação
e despesas governamentais reduzidas, e pela
força de suas liberdades trabalhistas. As outras
cinco liberdades são também levemente mais
fortes nas Américas do que em qualquer outro
lugar, e a região apresenta cargas tributárias e
regulatórias leves para o comércio, investimen-
tos, e finanças.
A tabela C1 revela os líderes de liberdade
regional. Os EUA e o Canadá são líderes na
maioria das 10 categorias. Os EUA são os mais
livres em termos de liberdade de investimento,
liberdade financeira, direitos de propriedade, e
liberdade trabalhista. Isso resulta em uma eco-
nomia flexível e adaptável que se mantém entre
os mercados financeiros líderes no mundo.
O Canadá é líder em termos de liberdade da
Chart C4
Chart C3
Capítulo 5 23
corrupção, bem como liberdade de comércio e
liberdade empresarial. A Guatemala (devido
aos baixos gastos governamentais) e as Baha-
mas (por sua baixa carga tributária) são tam-
bém destaques.
Média das Américas = 62,3Média Mundial = 60,6
1995 2007
100
80
60
40
20
0
25
BRASIL
População: 186,4 milhões
PIB (PPC): US$ 1,57 trilhõesCrescimento de 2,9% em 20053,1% crescimento anual com-posto em 5 anosUS$ 8.402 per capita
Taxa de desemprego: 9,8%
Taxa de inflação (IPC): 6,9%
IDE (entrada líquida): US$ 12,5 bilhões
Assistência Oficial para o Desenvolvimento: Multilateral: US$ 52,8 milhõesBilateral: US$ 361,8 milhões (6% from the U.S.)
Dívida Externa: US$ 188 bilhões
Exportações: US$ 134,4 bilhõesEssencialmente equipamentos de trans-porte, minério de ferro, soja, calçados, café, e automóveis.
Importações: US$ 97,8 bilhõesEssencialmente maquinário, equipamen-tos elétricos e de transporte, produtos químicos, petróleo, peças automotivas e eletrônicos.
A economia do Brasil está 55,9% livre de acordo com nossa avaliação de 2008, o que faz da nação a 101a
economia mais livre do mundo. O escore geral do país está 0,2 ponto percentual mais baixo em relação ao ano passado, com escores menores em corrupção e liberdade trabalhista. O Brasil está em 21o lugar entre 29 países das Américas, e seu escore geral está levemente abaixo da média regional.
O Brasil é uma potência econômica regional, mas não é forte notadamente em nenhuma das dez liberdades econômi-cas. A carga tributária individual e empresarial é pesada. O total do imposto sobre receitas em relação ao PIB é alto comparado com outros países em desenvolvimento.
O Brasil possui uma fraca liberdade financeira e um gov-erno altamente centralizado. Inflexibilizações regulatórias retardam a abertura de novas empresas comparadas com a média mundial. Significativas restrições ao capital estrangeiro existem em diversas áreas e o governo inter-fere pesadamente nas áreas finaceira e bancária. O sistema judiciário e outras áreas do setor público são ineficientes e sujeitos à corrupção.
HISTÓRICO: Como quinto maior país do mundo, o Brasil possui recursos naturais abundantes, mas ainda não se deu conta de seu completo potencial econômico. O cresci-mento real do PIB foi positivo mas relativamente baixo na última década. A grande desigualdade de renda e o rápido crescimento urbano da população pobre alimen-taram a pressão para políticas socialistas. O Brasil sofre com sérios obstáculos aos investimentos e ao crescimento econômico de longo prazo, entre os quais podemos desta-car um intricado sistema tributário, uma infraestrutura inadequada de transporte, barreiras aos investimentos estrangeiros em alguns setores; controle governamental sobre a maior parte dos setores de eletricidade e petróleo, um sistema judiciário frágil, uma fraca educação pública, e um sistema regulatório complicado. Agricultura e indús-tria respondem por 10% e 40% do Produto Interno Bruto, respectivamente.
A economia é 55,9% livre
Posição no ranking: 101Posição no ranking regional: 21 de 29
E STAT Í ST I C A S
LIBERDADE EMPRESARIAL — 53,6%A liberdade geral em abrir, operar e fechar uma empresa
está limitada pelo ambiente regulatório no país. A abertura
de um negócio leva mais do que 3 vezes a média mun-
dial de 43 dias, e a obtenção de uma licença empresarial
leva mais do que a média global de 234 dias. Apesar dos
esforços de reforma, a regulamentação é complexa, discri-
cionária e não transparente. Fechar um negócio é difícil.
LIBERDADE DE COMÉRCIO — 70,8%A média tarifária ponderada do Brasil foi de 7,1% em
2005. As cotas de importação e exportação, as proibições e
restrições, as barreiras para o acesso ao mercado de serviços,
as tarifas proibitivas, as tarifas fronteiriças, as regras res-
tritivas de licenciamento e regulamentação, os programas
de apoio às exportações, as aquisições governamentais
não transparentes, e a problemática proteção aos direitos
de propriedade intelectual ainda persistem. Um agravo de
15 pontos percentuais é deduzido do escore de liberdade
de comércio do Brasil levado em conta pelas barreiras
não-tarifárias.
LIBERDADE FISCAL — 68,6%A alíquota máxima de imposto de renda no Brasil é de
27,5%, e a alíquota máxima de imposto corporativo é de
15%, mas a sobretaxa de 10% e a taxa líquida de contri-
buição social de 9% eleva para uma taxa efetiva de 34%.
Outros tributos incluem os impostos sobre transações
financeiras e sobre juros. No último ano, a arrecadação
total de impostos em relação ao PIB foi de 35%.
LIBERDADE DE GOVERNO — 55,5%A despesa total do governo é relativamente elevada, inclu-
indo gastos governamentais e despesas de transferência.
No último ano, os gastos do governo foram equivalentes
a 38,5% do PIB. A dívida pública está ainda ao redor dos
50% do PIB. Além dos débitos de serviços, os gastos gov-
ernamentais estão concentrados em pensões, transferências
para governos estaduais e municipais, e burocracia.
LIBERDADE MONETÁRIA — 75,7%A inflação é relativamente alta, com uma média de 5,1%
entre 2004 e 2006. O escore de liberdade monetária é justi-
ficado pelos preços relativamente altos e instáveis. Apesar
da privatização de alguns serviços públicos como ferrovias,
telecomunicações e eletricidade, o governo supervisiona os
preços através de agências reguladoras. A Agência Nacio-
nal de Petróleo fixa o preço do combustível no atacado, e
o governo controla os preços das passagens aéreas. Conse-
qüentemente, no ajuste do controle de preços um agravo
de 10% é deduzido do escore de liberdade monetária do
Brasil.
LIBERDADE DE INVESTIMENTO — 50%Por lei, o capital estrangeiro pode entrar livremente, e desde
1995 passou a ser tratado como capital nacional. O investi-
mento estrangeiro está restrito a energia nuclear, serviços
de saúde, mídia, propriedades rurais e de fronteira, pesca,
correios e telégrafos, aviação, e indústria aeroespacial. Em
2004, o governo promoveu 3 grandes privatizações nas
áreas financeira e energia. Há restrições limitadas sobre as
contas cambiais estrangeiras, e restrições legais proíbem a
participação estrangeira em certas atividades econômicas.
Em certos casos o banco central precisa aprovar investi-
mentos externos diretos, incluindo transferências e remes-
sas, onde houver um critério administrativo amplo.
LIBERDADE FINANCEIRA — 40%O sistema financeiro do Brasil é o maior da América do Sul,
e um dos maiores entre os mercados emergentes. Apesar do
envolvimento do estado, o mercado bancário e o mercado
de capitais são competitivos, dinâmicos e diversificados. O
investimento em bancos é técnicamente proibido pela Con-
stituição de 1988 mas quase sempre aprovados. Há cerca
de 200 bancos comerciais, públicos e privados, e diversas
instituições financeiras não-bancárias. Os 10 maiores ban-
cos detém 82,4% do total de ativos, e o setor é dominado
por três bancos públicos. O mercado de seguros está em
expansão, mas ainda permanece pequeno. O mercado de
ações não é a maior fonte de finanças corporativas, mas se
encontra em expansão, e o pregão é bastante ativo. No ano
de 2006 foram lançados 26 novos IPOs.
DIREITOS DE PROPRIEDADE — 50%Os contratos são, em geral, seguros, mas é importante
especificar a jurisdição para quaisquer disputas. O poder
judiciário brasileiro é ineficiente, um pouco arbitrário,
sujeito à influência política e econômica, e assolado por
problemas relativos à falta de recursos e treinamento de
funcionários públicos. As decisões podem levar anos, e as
decisões do Supremo Tribunal Federal não são automati-
camente vinculadas aos tribunais de instâncias inferiores,
o que provoca mais apelações do que seria normalmente
esperado. Houve uma melhoria na proteção aos direitos
de propriedade intelectual mas a pirataria de material com
direitos autoriais ainda persiste.
LIBERDADE DA CORRUPÇÃO — 33%A corrupção é percebida como significativa. O Brasil está
em 70º lugar entre 163 países no Índice de Percepção de
Corrupção em 2006, elaborado pela Transparency Inter-national. Empresas disputando concorrências públicas
encontram corrupção, que é também um problema nos
tribunais de instâncias inferiores e pode desencorajar
investimentos.
AS DEZ LIBERDADES ECONÔMICA NO BRASILLIBERDADE EMPRESARIAL
LIBERDADE DE COMÉRCIO
LIBERDADE FISCAL
LIBERDADE DE GOVERNO
LIBERDADE MONETÁRIA
LIBERDADE DE INVESTIMENTO
LIBERDADE FINANCEIRA
DIREITOS DE PROPRIEDADE
LIBERDADE DA CORRUPÇÃO
LIBERDADE TRABALHISTA
100 = mais livre = média mundial0 50 100
26 Índice de Liberdade Econômica 2008
53,6 70,8 68,6 55,5 75,7 50,0 40,0 50,0 33,0 61,9
▼▲
––▲
–––▼▼
27
Note: O índice de 18% (em alguns anos até menos) se refere a carga tributária sobre os tributos administrados pela Receita
Federal, o que, sem dúvida, não reflete a real carga tributária que onera as pessoas e as empresas. Segundo estudos do
Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), considerando a carga tributária total em 2006, estima-se que a
mesma atinja 38,50% do PIB. Quando o índice se refere a uma carga total de 34% também está se referindo aos dados
oficiais do governo, pois a metodologia usada pela Receita Federal é diferente da usada pelo IBPT. A Receita Federal
exclui algumas receitas exatamente para dar uma carga tributária mais baixa.
LIBERDADE TRABALHISTA — 61,9%A regulamentação trabalhista inflexível poderia ser melho-
rada para incentivar o aumento da produtividade assim
como a melhoria das condições de emprego. O custo não-
salarial ao empregar um trabalhador é alto e a demissão de
um funcionário desnecessário pode ser bastante onerosa.
Os benefícios determinados pela rígida legislação traba-
lhista respondem pelo aumento no custo geral do trabalho.
O alto custo em dispensar um empregado cria uma aversão
ao risco por parte das empresas, caso contrário, elas con-
tratariam mais pessoas.
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