1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO
ANIMAL
IMPACTO DO FARELO DO BAGAÇO DO CAJU NA
ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS DOS 60 AOS 90 KG: ESTUDO
DA DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES,
DESEMPENHO E VIABILIDADE ECONÔMICA
LORENA CUNHA MOTA
MACAÍBA- RN/BRASIL
FEVEREIRO 2014
2
LORENA CUNHA MOTA
IMPACTO DO FARELO DO BAGAÇO DO CAJU NA
ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS DOS 60 AOS 90 KG: ESTUDO
DA DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES,
DESEMPENHO E VIABILIDADE ECONÔMICA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós Graduação em Produção Animal da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como parte das exigências para obtenção do título
de Mestre em Produção Animal.
Professor orientador: Dr. José Aparecido Moreira.
MACAÍBA-RN/BRASIL
FEVEREIRO 2014
3
LORENA CUNHA MOTA
IMPACTO DO FARELO DO BAGAÇO DO CAJU NA
ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS DOS 60 AOS 90 KG: ESTUDO DA
DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES, DESEMPENHO E
VIABILIDADE ECONÔMICA
APROVADA EM: ___/___/___
BANCA EXAMINADORA:
____________________________________________
Prof. Dr. José Aparecido Moreira (UFRN)
Orientador
____________________________________________
Prof. Dra. Elisanie Neiva Magalhaes Texeira (EAJ/UFRN)
____________________________________________
Prof. Dr. João Batista Lopes (UFPI)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em
Produção Animal da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte como parte das exigências para obtenção do título
de Mestre em Produção Animal.
4
Ofereço este trabalho a todos aqueles que
dedicam grande parte de sua vida ao estudo e
pesquisa com animais, tendo no coração o amor e
respeito por eles.
5
Somos todos aquilo que acreditamos ser, e do
tamanho que nossa fé nos permite.
Não existem obstáculos, nem pedras no caminho
que possam desanimar aquele que por Deus é
guiado.
A Ele devo toda honra, toda glória e todo louvor.
Só Ele é digno de toda adoração.
6
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, que é quem sempre me deu forças e saúde para
levantar e começar um novo dia.
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em especial ao Programa de Pós
Graduação em Produção Animal pela oportunidade de estudar e aperfeiçoar meus
conhecimentos.
Ao professor José Aparecido Moreira, por me orientar com maestria, paciência e
dedicação e me confiar um trabalho de tamanha importância.
Aos professores Emerson Moreira Aguiar e Gelson e demais professores do
Programa, por lutarem por uma Pós Graduação em Produção Animal da UFRN, cada vez
melhor.
Ao professor Emerson Moreira Aguiar por nos ceder os serviços do Laboratório de
Nutrição Animal da UFRN e nos apoiar no que foi preciso para realizar este trabalho.
À Bruna, seu Luiz, seu Francisco e Batista pela paciência e grande ajuda prestada
para a realização das análises que fizeram parte desta pesquisa.
Às professoras Elisanie Texeira e Janete Gouveia por me auxiliarem desde o início
dessa jornada.
Ao seu Bira, por ser meu braço direito, amigo e me ensinar que bom humor é
fundamental em todas as horas.
Aos colegas Iasmim, Apauliana, Rafael, Rômulo, Ernesto, Alane e Joelma pela
amizade e por estarem sempre presentes auxiliando nos experimentos e no que fosse
necessário.
A todos os colegas de sala de aula pela amizade, companheirismo e por tantas
dúvidas esclarecidas.
Ao meu pai, Paulo, minha mãe, Maria Rosa, minha irmã, Chalana e ao meu
namorado, Christian por sempre me apoiarem e segurarem minha mão nas horas mais
difíceis.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que este trabalho fosse
realizado.
A todos, meus mais sinceros agradecimentos.
7
IMPACTO DO FARELO DO BAGAÇO DO CAJU NA ALIMENTAÇÃO DE
SUÍNOS DOS 60 AOS 90 KG:ESTUDO DA DIGESTIBILIDADE DOS
NUTRIENTES, DESEMPENHO E VIABILIDADE ECONÔMICA
Mota, L. C. IMPACTO DO FARELO DO BAGAÇO DO CAJU NA ALIMENTAÇÃO
DE SUÍNOS DOS 60 AOS 90: ESTUDO DA DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES,
DESEMPENHO E VIABILIDADE ECONÔMICA KG. 2014. 48f. Dissertação (Mestrado
em Produção Animal: Sub área: Nutrição de Monogástricos. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Macaíba- RN 2014.
RESUMO
objetivou-se com este estudo avaliar a digestibilidade do farelo do bagaço de caju, o
desempenho de suínos em terminação alimentados com rações contendo níveis crescentes
de farelo do bagaço do caju e a viabilidade econômica das rações. Foram realizados dois
experimentos. No primeiro experimento foi desenvolvido o ensaio de digestibilidade com
dez suínos machos castrados pesando em média 60±6,86kg, alojados em gaiolas
metabólicas por um período experimental de quinze dias. Os animais foram alimentados
diariamente à 8h00 e 15h00, sendo que cinco animais receberam a ração padrão e os outros
cinco receberam a ração teste, com 30% de substituição da ração padrão pelo FBC.
Realizou-se a coleta total de fezes sem uso de marcador, diariamente às 7h00, sendo
retirada uma alíquota de 20% e armazenada em freezer. Ao final do período experimental
as amostras de fezes foram analisadas em laboratório para avaliar a digestibilidade da
matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, e os
teores de energia bruta, energia digestível, cálcio e fósforo do farelo do bagaço do caju. No
segundo experimento realizou-se o ensaio de desempenho e a viabilidade econômica das
rações, que foi composto por quarenta animais híbridos comerciais (vinte machos castrados
e vinte fêmeas), pesando em média 60±5,24kg, delineados em blocos casualizados, com
cinco tratamentos contendo níveis crescentes de farelo do bagaço do caju (0; 7,5; 15; 22,5
e 30 %) e quatro repetições. Os parâmetros de desempenho avaliados foram o consumo
diário de ração, ganho diário de peso e conversão alimentar. Os animais foram abatidos ao
atingiram peso de 90±6,8 kg, e dados da carcaça (espessura de toucinho, profundidade de
lombo, porcentagem da carne magra e peso da carcaça quente) foram coletados para
compor o estudo da viabilidade econômica, no qual, foram calculadas a receita bruta
parcial com índice de bonificação, receita bruta parcial, receita líquida parcial com índice
de bonificação e receita líquida parcial das rações. Os dados foram submetidos à análise de
variância e regressão por meio do programa estatístico SAS. Observou-se que os
coeficientes de digestibilidade da matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro e
fibra em detergente ácido e os valores da energia bruta, energia digestível, matéria mineral,
Ca e P do FBC foram, 44,265%; 8,20%; 15,22%; 13,05%; 4.081 kcal/kg, 2.470 kcal/kg,
6,61%; 0,50%; 0,35%, respectivamente. A inclusão de 7,5 % de farelo do bagaço de caju
incrementou a espessura de toucinho, porcentagem de carne magra e a receita bruta parcial
com índice de bonificação.
Palavras-chave: alimento alternativo, Anacardium occidentale, polissacarídeos não
amiláceos, suinocultura.
8
THE CASHEW PULP BRAN IMPACT IN SWINE FINISHING FEEDING (60 TO
90 KG): NUTRITION DIGESTIBILITY, PERFORMANCE AND ECONOMIC
VIABILITY RESEARCH
Mota, L. C. THE CASHEW PULP BRAN IMPACT IN SWINE FINISHING FEEDING
(60 TO 90 KG): NUTRITION DIGESTIBILITY, PERFORMANCE AND ECONOMIC
VIABILITY RESEARCH. 2014. 48f. Dissertation (Master’s degree in Animal Production.
Concentration Area: Monogastric Nutrition. Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Macaíba RN- 2014.
ABSTRACT: The research objective was to evaluate the cashew pulp bran (CPB)
digestibility, the finishing swine performance feed with different levels of cashew pulp
bran diets and the feed economic viability. Two experiments were conducted. In the first
experiment, the digestibility essay with ten barrows with initial average weight of 60±6.86,
housed in metabolic cages for a trial period of fifteen days was developed. The animals
were feed daily at 8h00 and 15h00. Five of this pigs received standard food and the other
five received test food, with 30 % of CPB replacement of the standard food. Was chosen
the total feces collection, without marker feces. The feces samples were collected daily at
7h00 and was taken at a rate of 20 % and stored in a freezer. At the end of the experimental
period, the feces samples were analyzed in the laboratory to evaluate the digestibility of
dry matter, crude protein, neutral detergent fiber, acid detergent fiber and the levels of
gross energy, digestible energy, Ca and P of the CPB. In the second experiment, was
conducted the performance essay and diets animals economic viability, with 40 crossbred
animals, weighing 60kg ±5,24 (20 castrated males and 20 females), outlined in randomized
block design with five treatments (0, 7.5, 15, 22.5, 30 % with CPB included) and four
replications. The parameters were the feed intake, weight gain, feed conversion. When
animals dyed average weight 90±6.8 kg were slaughtered. The carcass data (the backfat
depth, the longissimus muscle, the hot carcass weight and the lean meat percent) were
analyzed to compose the economic viability study, which evaluated the partial gross
receipts with rate bonus, partial gross receipts, partial liquid receipts and partial liquid
receipts with rate bonus. The parameters were subjected to variance and regression
analysis using the SAS program. It was observed, the dry matter, crude protein, neutral
detergent fiber and acid detergent fiber digestibility and gross energy, digestible energy,
ash, Ca and P cashew pulp bran values were, 44.265% ; 8.20%; 15.22%; 13.05%; 4,081
kcal / kg 2,470 kcal / kg, 6.61%; 0.50%; 0.35%, respectively. The diet with 7.5% increased
the backfat depth, the lean meat percentage and the partial gross revenue allowance index.
Keywords: alternative food, Anacardium occidentale, non-starch polysaccharides, swine
production.
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Composição das rações experimentais para o ensaio de
digestibilidade ................................................................................................... 38
Tabela 2. Composição das rações experimentais formuladas para o ensaio de
desempenho de acordo com os níveis de inclusão do farelo do bagaço do
caju (%).............................................................................................................. 39
Tabela 3. Coeficiente de digestibilidade e valores da energia digestível,
matéria mineral, Ca e P do farelo do bagaço do caju ........................................ 39
Tabela 4. Valores médios do ensaio de desempenho de suínos em terminação
alimentados com dietas contendo farelo do bagaço do caju ............................. 40
Tabela 5. Valores médios do efeito do farelo do bagaço do caju sobre as
variáveis do estudo da viabilidade econômica .................................................. 40
Tabela 6. Cotação do milho e farelo de soja (45%) e a variação da receita
líquida parcial dos tratamentos com farelo do bagaço do caju no ano de 2013. 41
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Galpão experimental com 10 animais em gaiolas metabólicas ......... 42
Figura 2. Gaiola de metabolismo ...................................................................... 42
Figura 3. Coleta total de fezes .......................................................................... 43
Figura 4. Coleta total de urina .......................................................................... 43
Figura 5. Análise química das rações no Laboratório de Nutrição Animal da
UFRN................................................................................................................. 44
Figura 6. Preparo das amostras de fezes para análise química ......................... 44
Figura 7. Determinação dos nutrientes das rações e coeficientes de
digestibilidade das amostras de fezes ............................................................... 45
Figura 8. Determinação do Ca e P das rações e amostras de fezes.................... 45
Figura 9. Leitura de Ca e P em cromatógrafo ................................................... 46
Figura 10. Unidade experimental representada por um macho e uma fêmea ... 46
Figura 11. Pesagem dos animais ....................................................................... 47
Figura 12. Animais já abatidos na Unidade de Processamento de Carnes de
são Paulo do Potengi. Pesagem das meias carcaças ......................................... 47
Figura 13. Coleta de dados da espessura de toucinho e profundidade de
lombo ................................................................................................................ 48
Figura 14. Coleta de dados de comprimento de carcaça dos animais ............... 48
11
SUMÁRIO
1. REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................... 11
1.1. UTILIZAÇÃO DE ALIMENTOS ALTERNATIVOS EM DIETA DE SUÍNOS....... 11
1.2. CARACTERÍSTICAS DO CAJUEIRO, PSEUDOFRUTO DO CAJU E SUA
UTILIZAÇÃO NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL........................................................ 13
2. INCLUSÃO DE DIFERENTES NÍVEIS DO FARELO DO BAGAÇO DO CAJU
NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM FASE DE TERMINAÇÃO......................... 22
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 25
MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 27
CONCLUSÃO ............................................................................................................. 33
AGRADECIMENTOS.................................................................................................. 33
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 33
3. ANEXOS ...................................................................................................................... 40
3.1. Ilustrações referentes aos experimentos ....................................................................... 41
3.1.1. Ensaio de digestibilidade .............................................................................................. 41
3.1.2. Ensaio de desempenho.................................................................................................. 45
12
1. REFERENCIAL TEÓRICO
1.1. UTILIZAÇÃO DE ALIMENTOS ALTERNATIVOS EM DIETA DE
SUÍNOS
A produção de suínos vem crescendo nas regiões tradicionalmente produtoras e se
expandido para outras regiões do País, como o Centro Oeste, Sudeste e Nordeste. No
entanto, a produção de milho não tem acompanhado esse crescimento. De acordo com a
Companhia Nacional de Abastecimento, no ano de 2008, a produção de milho foi de
58.652 mil t, porém, em 2012 houve uma pequena queda para 58.152 mil t. Sendo que a
avicultura e a suinocultura vem consumindo cada vez mais esse alimento. Em 2008 foram
consumidos 8.397 mil t de milho pelos suínos, e em 2012 esse número aumentou para
9.340 mil t. A avicultura, consumiu em 2008, 19.746 mil t, e em 2012, foram destinados
24.051 mil t de milho para a nutrição das aves. Além da nutrição animal, a indústria do
etanol e alimentos humanos compromete grande parte da demanda do milho. Maiores
detalhes da produção nacional de milho, e consumo pelas aves, suínos, bovinos e industrial
podem ser visualizados no gráfico 1.
Prod. Nac.
de milhocons. Aves cons. Suínos cons. Bovino
cons.
Industrias
2008 58.652 19.746 8.397 4.149 4.888
2009 51.004 21.058 8.675 4.099 4.728
2010 56.018 22.206 8.891 4.295 4.812
2011 57.514 23.126 8.981 4.420 4.956
2012 58.152 24.051 9.340 4.641 5.105
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
Gráfico 1. Consumo de milho por segmento (mil toneladas)
Fonte: CONAB
A nutrição dos animais é o ponto de maior preocupação para o produtor. Os suínos
não conseguem armazenar grandes quantidades de alimento e também não possuem
13
microbiota comensal eficiente em seu trato gastrintestinal que facilitem a digestão dos
alimentos. Além disso, o atual mercado consumidor exige que a carne suína seja mais
magra. Portanto as dietas necessitam ser bem balanceadas e constituídas de alimentos de
qualidade para que o animal consiga depositar mais tecido magro na carcaça e obter um
bom desempenho. Porém os alimentos que, geralmente, compõem as dietas são muito
valorizados acarretando num representativo custo para o suinocultor (Amorim, 2009), fato
que compromete a sustentabilidade das granjas.
Diante deste cenário, diversos estudos com alimentos alternativos estão sendo
realizados com o propósito de viabilizar o uso na dieta de suínos, de acordo com cada
categoria, constituindo uma opção regionalizada com redução dos custos de produção e
beneficiando os produtores e animais. Entretanto, a maioria dos alimentos alternativos é
resíduo de indústrias, com altos teores de fibra, o que exige do meio científico estudos
aprofundados que, determinem com exatidão o papel da fibra na nutrição de
monogástricos, principalmente em relação à sua participação no suprimento das exigências
nutricionais dos suínos (Gomes et al., 2007).
Com essa preocupação, Albuquerque et al. (2011), aproveitando a disponibilidade
do resíduo desidratado da cervejaria, realizaram estudos com suínos em terminação,
avaliando a digestibilidade, desempenho e características de carcaça, e observaram que os
coeficientes de digestibilidade aparente da MS, EB, PB e FB foram, respectivamente, de
53,9%, 73,9%, 53,3% e 62,5%, e os valores das energias digestível e metabolizável foram
de 2.628 e 2.623kcal/kg, respectivamente, determinando que o resíduo desidratado da
cervejaria pode ser incluído na dieta dos suínos em terminação, até 20%, sem influênciar
os parâmetros fisiológicos, de desempenho e as características de carcaça de suínos em
terminação.
Amorim et al. (2011), estudaram o desempenho e a viabilidade econômica das
rações com a inclusão de polpa cítrica com e sem complexo enzimático e os efeitos dos
níveis de inclusão sob os parâmetros de carcaça de suíno e observaram que a polpa cítrica,
com ou sem complexo enzimático, não reduziram os custos com a alimentação, não sendo
economicamente viável sua inclusão na dieta de suínos em crescimento e terminação.
Visando o aproveitamento dos resíduos do biodísel e da extração de óleo, Costa et
al. (2005) utilizaram o farelo de girassol para estudo, sendo ofertados a suínos em
crescimento e terminação. Estes autores observaram que os tratamentos utilizados no
experimento (0, 5, 10 e 15% de inclusão da torta de girassol), não influenciaram o
14
desempenho dos animais, tão pouco as características de carcaça. Relataram, também que
o tratamento com 15% de inclusão de torta de girassol apresentou melhor eficiência
econômica.
Farias et al. (2008), utilizaram o pseudofruto do cajueiro na alimentação de suínos
em crescimento e encontraram valores de coeficiente de digestibilidade e
metabolizabilidade da proteína e da energia de 12,30 e 11,38%; 23,43 e 21,91%
respectivamente, sendo que os valores de energia digestível e metabolizável foram, 1.123
kcal/kg e 1.051 kcal/kg e recomendaram a inclusão de 20% desse alimento na dieta de
suínos em crescimento. No mesmo sentido, Ramos et al. (2007) utilizaram a polpa do caju
na alimentação de frangos de corte na fase final e observaram que a inclusão de até 15% do
alimento na dieta dos animais não influenciou o consumo, o ganho de peso e as principais
características de carcaça, porém, a conversão alimentar piorou e a viabilidade econômica
da rações foi menor com o incremento da polpa do caju desidratado nas rações.
1.2. CARACTERÍSTICAS DO CAJUEIRO, PSEUDOFRUTO DO CAJU E
SUA UTILIZAÇÃO NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL
O cajueiro pertence ao gênero Anacardium da família Anacardiáce e são
conhecidas 21 espécies que estão dispersas em uma grande faixa tropical do mundo que vai
desde o sul da Flórida até a África do sul, sendo que, a Índia, Brasil, Vietnã, Tanzânia,
Indonésia, Moçambique e Guiné-Bissau respondem por 81% da produção mundial de caju
(Pinho, 2009).
A produção nacional de caju está concentrada na região Nordeste, detendo uma área
cultivada de aproximadamente 711 mil hectares com uma média de produção de castanha
de caju de 220 a 240 mil toneladas (CONAB, 2013) e 2 milhões de toneladas de
pendúnculo (Pinho et al., 2011). Esses números colocam o Brasil como o terceiro maior
produtor e exportador de castanha de caju, sendo que os Estados do Ceará, Piauí e Rio
Grande do Norte, são os maiores produtores nacionais, responsáveis por cerca de 96% da
produção, industrialização e exportação de amêndoas.
Em função do porte, o cajueiro é dividido em dois grupos, o comum e o anão. O
cajueiro comum ou gigante é o mais difundido e apresenta maior porte (8 à 15m de altura).
O cajueiro anão é de porte baixo, tem altura inferior a 4m, e sua floração inicia entre 6 e 18
meses enquanto que o comum tem sua primeira floração entre o terceiro e quinto ano
(PINHO, 2009).
15
O caju é constituído de duas partes: a fruta propriamente dita, que é a castanha; e
seu pedúnculo floral, chamado de pseudofruto, que por sua vez, possui cor amarelada,
rosada ou avermelhada, com textura carnosa e suculência. É rico em vitamina C e
compostos fenólicos, principalmente, carotenóides e antocianinas, que são pigmentos
naturais responsáveis por sua coloração (AGUIAR et al., 2000). Segundo Luciano et al.
(2011), o pseudofruto é utilizado para fazer sucos, doces, geleias, néctares, farinhas e
ementados, porém, somente 15% da produção é utilizada, gerando o resíduo conhecido
popularmente como bagaço de caju, o qual pode ser reaproveitado para enriquecimento de
ração animal.
Segundo Lima Leite et al. (2013), a melhor forma de utilizar o bagaço ou
pseudofruto do caju na alimentação animal, é em forma de farelo. Para isso, é necessário
desidratá-lo ao sol, ou em forno convencional, ou em estufa, seguindo com a moagem e
peneiramento. Conforme Ramos et al. (2006), o farelo do bagaço do caju se configura
como um recurso alimentar de elevado potencial para utilização como fonte energética na
alimentação animal, pois ele apresenta valores de 88,70 % matéria seca, 4,15 % de extrato
etério, 14,00 % de proteína bruta, 12,07 % de fibra bruta, 0,45 % cálcio, 0,30 % de fósforo
total, 0,8 % de tanino e 4.320 kcal/kg de energia bruta.
Diante disso, alguns estudos foram desenvolvidos, visando avaliar o farelo do
bagaço ou do pseudofruto do caju como alimento alternativo para animais.
Sendo assim, Lopes et al. (2004), em estudo de desempenho de ovinos mestiços em
terminação da raça Santa Inês, alimentados com dietas incrementadas com diferentes
níveis de inclusão (0; 10%; 20%; 30% e 40%) de bagaço de caju desidratado, observaram
que o consumo de ração e a conversão alimentar não sofreram influência dos tratamentos,
porém, o ganho de peso decresceu proporcionalmente ao aumento de inclusão do bagaço
de caju às dietas, ficando entre 187 g/dia (40% de inclusão) e 295 g/dia (tratamento
controle). É importante ressaltar que os ovinos são animais ruminantes, capazes de
aproveitar a matéria fibrosa do alimento.
Ramos et al. (2007), estudando a inclusão de polpa de caju desidrato na dieta de
frangos de corte em crescimento, a fim de avaliar o desempenho e características de
carcaça, relataram que o tratamento com 15% de polpa do caju desidratado não influenciou
o consumo, o ganho de peso e as principais características de carcaça e que a utilização
desse produto depende do valor que será comprado.
16
Farias et al. (2008), avaliando o desempenho, digestibilidade e metabolismo de
nutrientes, de suínos em crescimento, alimentados com diferentes níveis de inclusão do
farelo do bagaço do caju desidratado, e encontraram valores de coeficientes de
digestibilidade e de metabolizabilidade da proteína e da energia: 12,30 e 11,38%; 23,43 e
21,91%, respectivamente, e valores de 1.123 kcal/kg e 1.051 kcal/kg para energias
digestível e metabolizável, concluindo que este alimento, pode ser incluído nas dietas de
suínos em crescimento até o nível de 20% da ração, considerando o rendimento financeiro.
1.3. A FIBRA DIETÉTICA E SEU EFEITO NOS SUÍNOS
Segundo Urriola et al. (2010), a fibra dietética pode ser definida como hidratos de
carbono e lignina presentes nos vegetais. Os hidratos de carbono podem ser divididos em
três categorias: a) os açúcares simples e seus conjugados, como a glucose e frutose b) o
amido como composto de reserva c) carboidratos estruturais, celulose e hemicelulose e
pectina.
Trowel et al. (1976), afirmam que a fibra dietética é um conjunto de polissacarídeos
juntamente com as estruturas da parede celular e a lignina. Essa definição separa os
polissacarídeos em amido e polissacarídeos não amiláceos (PNAs). O termo PNA,
geralmente, é utilizado para se referir ao conteúdo fibroso de alimentos vegetais, o qual, os
suínos não possuem enzimas endógenas capazes de digerir.
De acordo com Choct (1997), os PNAs podem ser classificados em solúveis e
insolúveis. Os solúveis compreendem a hemicelulose, pectina e gomas (frutanos,
glucomananos, galactomananos, mucilagens e β – glucanos). Os insolúveis abrangem a
celulose, lignina e parte da hemicelulose. A celulose, hemicelulose e pectina compõem,
aproximadamente, 90% da fibra dietética, já a gomas são menos abundantes.
Bailey (1973) relaciona o termo fibra bruta (FB) ao resíduo do material da planta
após a extração ácida e alcalina, envolvendo porções variáveis de PNAs. A fibra em
detergente neutro, refere-se à porção insolúvel dos PNAs, incluindo a lignina, enquanto a
fibra em detergente ácida, trata-se da porção insolúvel de PNAs, compreendido, na maior
parte, por celulose, lignina, pectinas e as gomas.
No entanto, os suínos são animais monogástricos que possuem baixa eficiência na
digestibilidade da fibra alimentar, pois seu trato digestivo é simples, de baixa capacidade
de armazenamento e não possui enzimas endógenas, que possam digerí-las. Portanto, a
dieta desses animais é baseada em fontes alimentares ricas em açúcares simples e amido.
17
De acordo com Bach et al. (1991) e Weber et al. (2008), os açúcares simples e o amido
podem ser quase totalmente digeridos (90 - 100%) quando atingem a junção íleo-cecal,
restando os PNAs.
Porém, as regiões do colón e do ceco dos suínos possuem características que
favorecem o crescimento de bactérias fermentadoras de fibra, como: temperatura, ausência
de oxigênio, pH adequado e nutrientes (OLIVEIRA et al., 2007). Segundo Varel (1987),
Noblet e Le Goff (2001), as bactérias predominantes mais conhecidas presentes nessas
regiões que degradam celulose, hemicelulose e pectina, são as Bacteroides succinogenes e
Ruminococcus flavefaciens, Bacteroides ruminícola e Ruminococcus albuns.
Por meio do processo de fermentação da fibra, a celulose, hemicelulose e a pectina
são degradadas a ácidos graxos voláteis de cadeia curta, como o acetato, propionato e n-
butirato e gases (CO2, H2, CH4), ureia e calor (WILLIANS et al., 2001). Esses AGVs, são
rapidamente absorvidos, podendo suprir entre 5 e 30% as exigências energéticas de
manutenção do animal. Segundo Brunsgaard (1998), o elevado teor de AGVs no intestino
grosso contribui para o metabolismo energético de suínos, principalmente dos adultos, e
atua no aumento do índice de renovação das células do epitélio intestinal. Também altera a
motilidade intestinal, elevando o fluxo sanguíneo do cólon e melhorando a produção de
muco que protege a parede do mesmo.
Para Breves e Krunscheid (1997), o acetato, geralmente, é o AGV mais produzido,
e depois de ser transportado para o fígado serve de substrato energético para o tecido
muscular, estimulando a lipogênese. Ocupando o segundo lugar está o propionato, que tem
o papel importante na glicogênese do substrato do fígado. Já o butirato é diretamente
metabolizado nas células da mucosa, sem precisar passar pela corrente sanguínea, trazendo
muitos benefícios.
De acordo com Kien et al. (2007), o AGV butirato é a maior fonte de energia para
as células epiteliais do intestino, pois ele colabora na regulagem do crescimento das células
epiteliais e induz a diferenciação e renovação celular, com isso, a capacidade de absorção e
digestão no intestino delgado é elevada.
Além da flora microbiana presente no intestino grosso, alguns fatores influenciam a
digestibilidade da fibra dietética no trato digestivo. Varel (1997) e Noblet e LeGoff (2001)
relataram que os fatores mais conhecidos são: tipo de fibra, método de processamento do
alimento, tamanho das partículas, solubilidade, hidratação, troca catiônica e concentração
na dieta.
18
De acordo com Varel (1987), as fibras solúveis (pectinas, frutanas e β – glucanas)
têm a característica de serem viscosas. Quando entram em contato com a água do lúmen no
intestino, formam substâncias gelatinosas que retardam o tempo de trânsito e do
esvaziamento da digesta no intestino delgado devido à diminuição das contrações
intestinais. Isto também aumenta o volume e a consistência das fezes, diminui o pH do
cólon, acidifica o meio e reduz a proliferação de bactérias patológicas.
O retardamento do tempo de trânsito e do esvaziamento gástrico pode ser uma
vantagem quando se está trabalhando com suínos em terminação, pós terminação e
gestação. Conforme Gomes et al. (2006), devido a menor densidade energética de dietas
fibrosas, os animais aumentam o consumo de alimento na tentativa de suprir a exigência
em energia digestível, porém, logo se sentem saciados pelo aumento do volume da digesta
em função da formação das substâncias gelatinosas, assim a deposição de gordura na
carcaça é reduzida e a qualidade da carcaça que chega aos frigoríficos é superior.
Entretanto, a inclusão elevada de fibra na dieta de suínos pode diminuir os
coeficientes de digestibilidade dos componentes nutritivos da dieta. Segundo Vieira
(2008), o incremento de fibra dietética na ração deve ser criterioso, pois a fibra induz o
aumento da taxa de passagem da digesta no trato gastrintestinal e diminui a absorção de
nutrientes, pois as substâncias viscosas formadas pelas fibras solúveis em contato com o
lúmen podem agir como uma barreira à ação hidrolítica das enzimas, dificultando o contato
destas com os grânulos de amido e com as moléculas protéicas e lipídicas do alimento,
diminuindo o contato do bolo alimentar com as células absortivas da membrana intestinal.
Conforme Yen et al. (2004), a idade e peso são fatores inerentes a digestibilidade da
fibra, a qual aumenta de acordo com a idade. Animais mais velhos digerem melhor a fibra,
provavelmente pelo maior desenvolvimento do ceco com maior quantidade de bactérias
fermentadoras de fibra e maior tempo de retenção da digesta. Os animais em fase de cria,
ainda estão com o trato gastrointestinal em desenvolvimento, portanto, possui baixa
retenção de alimento, insatisfatória produção de enzimas digestivas e pequena presença de
flora microbiana no intestino grosso.
Varel et al. (1997) observaram que suínos em crescimento possuem número de
bactérias celulíticas 6,7 vezes menor que suínos adultos, portanto suínos em terminação
conseguem aproveitar melhor alimentos fibrosos.
Mesmo suínos adultos, com o trato gastrintestinal bem desenvolvido, quando
alimentados com dietas ricas em fibra, podem ter a digestibilidade dos nutrientes da dieta
19
comprometida. Conforme Stanogias e Pearce (1985), a digestibilidade aparente da matéria
seca, nitrogênio, proteína bruta, energia bruta e outros componentes não fibrosos, é
inversamente proporcional ao teor de fibra na dieta ou ao consumo.
De acordo com Pozza et al. (2003), a fibra dietética pode reduzir a digestibilidade
da proteína e de aminoácidos por meio de estímulo da produção de proteína de origem
bacteriana, pela adsorção de aminoácidos e peptídeos na matriz da fibra e pelo aumento de
secreção da proteína endógena. Além disso, o incremento de fibra na dieta causa aumento
da descamação da mucosa intestinal e incremento da produção de muco, levando ao
aumento da perda de aminoácidos endógenos.
Gomes et al. (2007), ao incluir 8% de FDN do feno de coast cross na dieta de suínos
em terminação, observaram que houve redução dos coeficientes de digestibilidade para a
matéria seca, energia bruta, proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente
ácido. Resultados semelhantes foram obtidos por Zhang et al. (2013), quando incluíram
níveis crescentes (0, 15, 25, 35, 45 e 55%) de polpa de beterraba na dieta de suínos em
terminação, os autores observaram que o consumo de ração e os coeficientes de
digestibilidade da matéria seca, proteína bruta e energia bruta foram reduzidas em função
do aumento de fibra dietética.
A digestibilidade dos nutrientes da dieta também pode ser muito influenciada pela
presença da lignina. A lignina é um polímero álcool fenilpropano, que não pode ser
fermentado pelos microrganismos presentes no intestino dos suínos, e geralmente estão
ligadas à celulose e à hemicelulose. Segundo Noblet e Le Goff (2001), a lignina diminui a
digestibilidade dos PNAs, principalmente, devido às ligações covalentes mantidas com a
celulose e a hemicelulose. Sendo assim, estudos com alimentos fibrosos são de extrema
importância para que a escolha do alimento pelo produtor seja feita com muito critério não
só do tipo e/ou qualidade, como também da quantidade adequada de fibra para cada
categoria animal.
20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORIM, A. B. Polpa cítrica e complexo enzimático para suínos nas fases de
crescimento e terminação. 2009. 89 f. Dissertação (mestrado em zootecnia) - Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP.
AMORIM, A. B.; THOMAZ, M. C.; RUIZ, U. S., et al. Avaliação econômica da utilização
de níveis diferentes de polpa cítrica com ou sem adição de complexo enzimático nas dietas
de suínos. Arq. Brás. Med. Vet. Zootec., v63, n. 5, p. 1181-1190, 2011.
ALBUQUERQUE, D. M. N.; LOPES, J. B.; KLEIN JUNIOR, M. H.; MERVAL, R. R., et
al. Resíduo desidratado de cervejaria para suínos em terminação. Arq. Brás. Med. Vet.
Zootec., v.63, n.2, p. 465-472, 2011.
AGUIAR, L. P. et al. Carotenóides totais em pendúnculos de clones de caju anão precoce.
In XVII Congresso Brasileiro de ciência e tecnologia de alimentos, 2000. Resumos,
Fortaleza: SBCTA, 2000.v.2, p. 55.
BACH, K.E.; HANSEN, I: Gastrointestinal implications in pigs of wheat and oat
fractions. 1. Digestibility and bulking properties of polysaccharides and other major
constituents. Br. J. Nutr. ,v. 65, p.217-232, 1991.
BAILEY, R. W. In: Chemistry and bioquemistry of herbage, v.1, p. 157, 1973.
BREVES. G.; KRUMSCHEID. R. In vitro studies on transport and metabolism of short-
chain fatty acids in pig hindgut. Comparative Biochemistry and Physiology. Part A:
Physiology, v.118, p.399-401, 1997.
BRUNSGAARD, G. Effects of cereal type and feed particle size on morphological
characteristics, epithelial cell proliferation, and lectin binding patterns in the large intestine
of pigs. Journal of Animal Science, v.76, p. 2787-2798, 1998.
CONAB. Conjuntura mensal da produção da castanha de caju, 2013.
COSTA, M. C. R.; SILVA, C. A.; PINHEIRO, J. W., et al. Utilização da torta de girassol
na alimentação de suínos nas fases de crescimento e terminação. Efeitos no desempenho e
características de carcaça. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.5, p.1581-1588, 2005.
CHOCT, M. Feed non-starch polysaccharides: Chemical structures and nutritional
signicance. Feed Milling International. June 13-26. 1997.
FARIAS L.A.; LOPES, J.B.; FIGUEIRÊDO, A.V., et al. Pseudofruto do cajueiro
(Anacardium occidentale L.) para suínos em crescimento: metabolismo de nutrientes e
desempenho. Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 1, p.100-109, 2008.
21
GOMES, J. F.; BLAZQUEZ, F. J. H.; FUKUSHIMA, R. S. et al. Efeitos do incremento da
fibra em detergente neutro na ração de suínos sobre a histologia de segmentos do trato
intestinal. Braz. J. vet. Res. anim. Sci., v. 43, n. 2, p. 210-219, 2006.
GOMES, J. F.; PUTRINO, S. M.; GROSSKLAUS, C., et al. Efeitos do incremento da fibra
dietética sobre a digestibilidade, desempenho e características de carcaça: I. suínos em
crescimento e terminação. Semina: Ciências Agrárias, v. 28, n. 3, p. 483-492, 2007.
JORGENSEN, N. H.; ZHAO, X.; EGGUM, B.O. The influence of dietary fiber and
environmental temperature on the development of the gastrointestinal tract, digestibility,
degree of fermentation in the hind-gut and energy metabolism in pig. Pig News
Information, Oxon, v.17, n. 2, p. 197, 1996.
KIEN, C.L.; BLAUWIEKEL, R.; BUNN, J.Y.; JETTON, T.L.; FRANKEL, W.L.;
HOLTS, J.J. Cecal infusion of butyrate increases intestinal cell proliferation in piglets.
Journal of Nutrition, v.137, p. 916- 922, 2007.
LOPES, J.B. et al. Desempenho de ovinos mestiços da raça Santa Inês recebendo dietas
com diferentes níveis de inclusão de polpa de caju desidratada (Anacardium occidentale
L.). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41,
2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande -MS: Sociedade Brasileira de Zootecnia,
2004.
LIMA LEITE, D. F.; AGUIAR, E. M.; HOLANDA, J. S., et al. Valor nutritivo do resíduo
de caju desidratado associado a diferentes concentrados. Acta Veterinaria Brasilica, v.7,
n.1 p.66-72, 2013.
LUCIANO, R. C.; ARAÙJO, L. F.; AGUIAR, E. M., et al. Revisão sobre a potencialidade
do pedúnculo do caju na alimentação animal. Tecnol. & Ciên. Agropec., v.5, n.3, p.53-
59, 2011.
NOBLET, J.; LEGOFF, G. Effect of dietary fibre on the energy value of feeds for pigs.
Anim. Feed Sci. Technol., v.90, p.35-52, 2001.
OLIVEIRA, S.L.; FIALHO, E.T.; LIMA, J.A.F., ARAÚJO, J.S. Metabolismo do
nitrogênio em suínos alimentados com dietas contendo baixos teores de proteína bruta.
Revista Brasileira Agrociência, v.13, n.2, p. 257-260, 2007.
PINHO, L. X. Aproveitamento do resíduo do pedúnculo do caju (Anacardium
occidentale l.) para alimentação humana. 2009. 85 f. Dissertação (mestrado em
tecnologia de alimentos) – Universidade Federal do Ceará.
22
PINHO, L. X.; AFONSO, M. R. A.; CARIOCA, J. O. B., et al. Desidratação e
aproveitamento do pedúnculo do caju como adição de fibra na elaboração de hambúrguer.
Alim. Nutr., v. 22, n. 4, p. 571-576, 2011.
POZZA, P.C. et al. Avaliação da perda endógena de aminoácidos, em função de diferentes
níveis de fibra para suínos. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.32, n.6, p. 1354-
1361, 2003.
RAMOS, S. N. R.; LOPES, J. B.; FIGUEIRÊDO, A. V., et al. Polpa de caju em rações
para frangos de corte na fase final : desempenho e característica de carcaça. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.35, n.3, p.804-810, 2006.
RAMOS, S. N. R., LOPES, J. B., FIGUEIRÊDO, A. V., FREITAS, A. C. et al.
Metabolizabilidade dos nutrientes em frangos de corte alimentados com rações contendo
diferentes níveis de polpa de caju desidratada. Rev. Cient. Prod. Animal, v.9, n.2, 2007.
STAGONIAS, G.;PEARCE, G. R The digestion of fiber by pigs. 1. The effects of amount
and type of fiber on apparent digestibility, nitrogen balance and rate of passage. British
Journal Nutrition, London, v.53, p.513-530, 1985.
TROWELL, H., SOUTHGATE, D. A. T., WOLEVER, T. M. S., et al. Dietary fibre
redefined. Lancet ed.1, 967 p., 1976.
URRIOLA, P.E., SHURSON, G.C., STEIN, H.H: Digestibility of dietary fiber in
distillers coproducts fed to growing pigs. Journal of Animal Science, V.88, p.2373-
2381, 2010.
VAREL, V. H. Activity of fiber-degrading ,microorganisms in the pig large intestine.
Journal of Animal Science, v.65, n.2, p.488-496, 1987.
VAREL, V.H.; YEN, J.T. Microbial perspective on fiber utilization by swine. Journal of
Animal Science, v.75, p.2715-2722, 1997.
VIEIRA, MÁRCIA DE SOUZA. Determinação da composição química e do valor
nutritivo do bagaço da cevada em suínos. 2008. 41f. Dissertação (Mestrado em
zootecnia) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
WEBER T.E.; ZIEMER, C.J.; KERR, B.J: Effects of adding fibrous feedstuffs to the
diet of young pigs on growth performance, intestinal cytokines, and circulating acute-
phase proteins. Journal of Animal Science, v. 86, p.871-881, 2008.
WILLIANS, B.A., VERSTEGEN, M.W.A.; TAMMINGA, S. Fermentation in the large
intestine of single-stomached animals and its relationship to animal health. Nutrition
Research Review,v.14, p.207-227, 2001
23
ZHANG, W.; LIU, D. L. L.; ZANG, J. et al. The effects of dietary fiber level on nutrient
digestibility in growing pigs. J. Anim. Sci. And biotechnology, v.4, n.17,
doi:10.1186/2049-1891-4-17, 2013.
YEN, J.T.; VAREL, V.H.; NIENABER, J.A. Metabolic and microbial responses in
western croosbred and Meishan growing pigs fed a high-fiber diet. Journal of Animal
Science, v.82, p.1740-1755, 2004.
24
2. INCLUSÃO DE DIFERENTES NÍVEIS DO FARELO DO
BAGAÇO DO CAJU NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM FASE DE
TERMINAÇÃO
Trabalho que será submetido à Revista
Asian Australian Journal Animal Science.
Página eletrônica: www.ajas.info
ISSN: 1011 - 2367
25
Inclusão de diferentes níveis de farelo do bagaço do caju na alimentação de suínos em fase
de terminação
Lorena Cunha Mota, José Aparecido Moreira, Rafael Leandro Ramos de Oliveira,
Apauliana Daniela Lima da Silva, Rômulo Genuíno Pessoa
RESUMO: O farelo do bagaço do caju, coproduto do beneficiamento da castanha,
conserva em sua composição nutrientes que podem compor dietas de suínos em
terminação. Portanto, propôs-se com este estudo avaliar a digestibilidade, o desempenho de
suínos na fase de terminação e a viabilidade econômica das rações experimentais.
Compuseram o ensaio de digestibilidade 10 suínos machos castrados, pesando 60±6,86 kg,
alojados em gaiolas tipo Pekas. Cinco animais receberam ração padrão (milho, farelo de
soja e núcleo comercial) e cinco receberam ração teste (ração padrão com 30% de inclusão
de farelo do bagaço de caju). Coletou-se as amostras por meio do método coleta total de
fezes sem marcador. No ensaio de desempenho e estudo da viabilidade econômica utilizou-
se quarenta suínos híbridos comerciais, pesando 60±5,24kg, delineados em blocos
casualizados, com cinco tratamentos (0; 7,5; 15; 22,5 e 30% de inclusão do farelo do
bagaço do caju) e quatro repetições. Foram avaliados consumo diário de ração, ganho
diário de peso, conversão alimentar, receitas, bruta parcial com e sem índice de bonificação
e líquida parcial com e sem índice de bonificação. Os dados foram submetidos à análise de
variância e regressão pelo programa estatístico SAS. Observou-se que os coeficientes de
digestibilidade da matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em
detergente ácido e os valores da energia bruta, energia digestível, matéria mineral, Ca e P
do FBC foram, 44,26%; 8,20%; 15,22%; 13,05%; 4.081 kcal/kg, 2.470 kcal/kg, 6,61%;
0,50%; 0,35%, respectivamente. O tratamento com 7,5% de inclusão de FBC apresentou
resultado superior.
Palavras – chave: alimento alternativo, pseudofruto do caju, fibra - bruta, suinocultura
26
ABSTRACT: The objective of this research was to evaluate the digestibility, performance
and economic viability of feed with different levels of cashew pulp bran (CPB). The
digestibility essay with 10 barrows with initial average weight of 60 ± 6.86, housed in
metabolic cages for a trial period of 15 days was developed. Five of this pigs received
standard food and the other five received test food, with 30 % of CPB replacement of the
standard food. Was chosen the total feces collection, without marker feces. Was collected,
daily, faeces and urine samples of each animal At the end of the experimental period, the
feces samples were analyzed in the laboratory to evaluate the digestibility of dry matter,
crude protein, neutral detergent fiber, acid detergent fiber and the levels of gross energy,
digestible energy, Ca and P of the CPB. The performance essay and the food economic
viability was developmented with 40 commercial hybrid animals (20 castrated males and
20 females), weighing average 60kg ± 5,24, outlined in randomized block design with five
treatments (0.0, 7.5, 15.0, 22.5 and 30.0 % with cashew pulp bran included) and four
replications. Were subjected to analysis of variance and regression using the SAS program
the parameters of the feed intake, weight gain, feed conversion and the feed economic
viability parameters. Were analyzed to compose the study of economic feasibility that
evaluated partial gross receipts with rate bonus, partial gross receipts, partial liquid
receipts and partial liquid receipts with rate bonus. It was observed in this study, the
digestibility of dry matter, crude protein, neutral detergent fiber and acid detergent fiber
and values of gross energy, digestible energy, ash, Ca and P of the CPB were, 44.265% ;
8.20%; 15.22%; 13.05%; 4,081 kcal / kg 2,470 kcal / kg, 6.61%; 0.50%; 0.35%,
respectively. Feed conversion was affected by the CPB, the diet with 7.5% decreased the
backfat depth, improved the lean meat percentage and increased the partial gross receipts
allowance bonus. The diet with 15% of CPB increased partial gross receipts.
Keywords: alternative food, Brazilian northeast, cashew pulp, swine production.
27
INTRODUÇÃO
Na nutrição de suínos uma variedade de alimentos alternativos ao milho e farelo de
soja são avaliados com a finalidade de substitui-los parcialmente, para evitar a total
dependência dos animais por estes ingredientes e possivelmente minimizar os custos com a
alimentação. Muitos desses alimentos são resíduos industriais, restando em sua
composição altos teores de fibra bruta (polpa cítrica, 22 %, farelo de arroz desengordurado,
8,63 % e farelo do bagaço do caju, 12,07 %) (Amorim et al., 2011).
As indústrias beneficiadoras da castanha de caju geram o coproduto, farelo do
bagaço de caju (Kunrath et al., 2010 e RamoS et al., 2006). Segundo a FAO (2011), os
maiores Países cultivadores de cajueiro para produção de castanha são Vietnã,
respondendo por 30 %, Nigéria (19,4 %), Índia (16,1 %), Costa do Marfim (10,8 %) e o
Brasil em quinto lugar, com 5,5 %.
No Brasil a produção de caju está concentrada na região Nordeste, mais
precisamente nos Estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. Juntos estes Estados
totalizam 711 mil há de área cultivada, produzindo em média 240 mil t de castanha e 2
milhões t do pseudofruto (CONAB, 2013). Geralmente o pseudofruto do caju não possui
destino comercial e conserva em sua composição nutrientes importantes para a nutrição
animal.
O farelo do bagaço do caju é produzido a partir da desidratação do pseudofruto.
Este coproduto tem em sua composição nutricional, aproximadamente, 30% de açúcares,
16,5% de proteína bruta e 12,07% de fibra bruta e vem sendo utilizado como alimento
alternativo aos animais (Farias et al., 2008). Entretanto, o teor de fibra bruta observado
neste alimento implica em cautela ao incluí-lo na formulação de rações para suínos.
A fibra bruta é composta da fração insolúvel ou polissacarídeos não amiláceos
(celulose, hemicelulose e lignina) e fração solúvel. Os suínos não possuem enzimas
endógenas digestíveis de fibra bruta. Apesar disso, a fibra insolúvel serve de substrato para
a microbiota presente no intestino grosso dos animais adultos, que ao fermentá-la,
produzem ácidos graxos de cadeia curta (lactato, acetato, propionato e butirato)
(BertechinnI, 2006. Ngoc et al., 2012). Estes são absorvidos, contribuindo com,
aproximadamente 30% para o metabolismo energético (Farrel et al., 1970; Yen, 1997).
Além disso, o crescimento da microbiota é estimulado, trazendo benefícios para a saúde
intestinal dos suínos.
28
A microbiota benéfica possui relacionamento de simbiose com os suínos. Elas se
aderem à parede do trato gastrintestinal evitando que microrganismos patogênicos também
ocupem os sítios de ligação e causem danos aos animais. Dessa maneira a proliferação e
turnover das células epiteliais intestinais acontecem da forma esperada, mantendo a
integridade celular intestinal dos animais (Ngoc et al., 2012; Gomes et al., 2006).
A fração solúvel da fibra é composta por gomas, pectinas e mucilagens. Segundo
Noblet et al. (1994), quando as gomas entram em contato com o meio aquoso do lúmen,
conferem viscosidade ao meio, comportando-se como barreira enzimática, dificultando o
processo de digestão dos nutrientes.
Contudo as pectinas e mucilagens formam substâncias gelatinosas que aumentam o
bolo alimentar, causando maior tempo de saciedade ao animal. Além disso, as dietas
formuladas com alimentos mais fibrosos possuem menor densidade energética. Estes dois
fatos revelam uma importante estratégia quando se deseja produzir carcaças de animais,
em terminação ou pós terminação, com reduzido percentual de gordura e menor custo de
produção (Gomes et al. 2007).
Diante desse contexto, objetivou-se avaliar a digestibilidade, o desempenho dos
suínos alimentados com rações com diferentes níveis de inclusão de farelo do bagaço do
caju e a viabilidade econômica destas rações.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida no setor experimental de suinocultura da Unidade
Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias EAJ/UFRN. Realizou-se ensaio de
digestibilidade, ensaio de desempenho e estudo da viabilidade econômica.
No ensaio de digestibilidade, foram utilizados dez suínos híbridos comerciais,
machos castrados, pesando em média 60±6,86kg, alojados em gaiolas metabólicas tipo
Pekas (1968), por um período experimental de quinze dias. Os seis primeiros dias foram
destinados à adaptação dos animais às gaiolas metabólicas e à ração teste. Os três dias
seguintes serviram para a regularização do alimento ao trato digestivo e ajustes
necessários. Nos últimos seis dias foram realizadas as coletas das amostras.
Cinco animais receberam ração padrão (RP), com farelo de soja, milho, óleo vegetal
e núcleo comercial, e os outros cinco receberam a ração teste (RT), RP suplementada com
30% de farelo do bagaço do caju. As rações foram formuladas de forma a atender as
29
exigências nutricionais dos animais conforme Rostagno et al (2011), e sua composição
encontra-se na Tabela 1.
Os animais foram arraçoados diariamente ás 8h00 e ás 15h00. A água foi fornecida
ad libitum. A quantidade de alimento foi ajustada de forma gradativa e ao final da fase de
adaptação. Os animais receberam a quantidade de alimento calculado segundo o consumo
obtido no período de adaptação com base no peso metabólico (PV0,75) de cada unidade
experimental.
Na coleta das amostras foi escolhido o método total de coleta de fezes sem uso de
marcador. As fezes foram coletas diariamente às 7h00, em seguida, foram pesadas,
maceradas e homogeneizadas e uma alíquota de 20% do conteúdo total de fezes de cada
animal foi retirada e armazenada em freezer com temperatura a 5ºC. Ao final do ensaio, as
amostras de fezes e ração foram submetidas à análise química em laboratório.
Para a análise, as amostras foram descongeladas em temperatura ambiente por seis
horas, homogeneizadas, em seguida, retirou-se, 600g de fezes de cada animal e colocadas
em estufa de ventilação forçada à 55ºC por 72 horas e depois moídas em moinho tipo
Macro de rotor circular em peneira de 2 mash para proceder a determinação da proteína
bruta, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, matéria mineral, energia
bruta, extrato etéreo, cálcio e fósforo. As determinações de MS, PB e MM foram realizadas
segundo Silva e Queiroz (2002), da FDN e FDA procedeu-se conforme o método proposto
por Van SoesT (1994), o Ca e P utilizou-se o método segundo Zenebom et al. (2008). A
EB foi determinada a partir da bomba calorimétrica modelo Parr, e o coeficiente de
digestibilidade dos componentes dietéticos foi determinado conforme com os cálculos
descritos por Rodrigues (2010).
No ensaio de desempenho foram utilizados quarenta animais híbridos comerciais
pesando em média 60±5,24 kg, (vinte fêmeas e vinte machos castrados), alojados em baias
de piso de cimento, com comedouro simples de concreto e bebedouro tipo chupeta. Os
animais foram distribuídos em delineamento de blocos ao acaso, baseando-se no peso dos
animais, com cinco tratamentos e quatro repetições. A unidade experimental foi
representada por um macho e uma fêmea.
Os tratamentos foram formulados a partir de uma dieta basal dieta basal (milho e
farelo de soja), suplementadas com diferentes níveis do farelo do bagaço do caju (Tabela
2): T1 (0%); T2 (7,5%); T3 (15%); T4 (22,5%) e T5 (30%). A água e a ração foram
fornecidas ad libitum.
30
Os animais foram pesados a cada 14 dias e dados de consumo diário de ração,
ganho diário de peso e conversão alimentar foram coletados.
Ao atingirem o peso médio de 90±6,8 kg, os animais foram abatidos no abatedouro
municipal de São Paulo do Potengi-RN. Foram coletados dados da carcaça, espessura de
toucinho (ET), profundidade de lombo (PL) e peso da carcaça quente (PCQ), de acordo
com Bridi e Silva (2009). Estes dados foram utilizados para compor o estudo da
viabilidade econômica.
O custo da alimentação foi determinado a partir do consumo total de ração de cada
animal durante o período experimental e do valor do quilo da dieta. Os valores pagos nos
ingredientes constituintes das dietas foram R$ 0,71 (milho em grão); R$ 0,87 (farelo de
soja 45%); R$ 3,56 (oleo vegetal); R$ 2.79 (núcleo evimix); R$ 0,30 (bagaço do caju).
Calculou-se o índice de bonificação (IB) de acordo com Fávero et al. (1997), para
avaliar a vantagem de se utilizar este índice quando o animal é alimentado com farelo do
bagaço do caju.
Para este cálculo foi necessário primeiramente determinar a porcentagem de carne
magra (%CM) (Equação 1), segundo proposto por Guidone (2000).
%CM = 65,92 – 0,685 x ET + 0,094 x PL – 0,026 x PCQ .................................(Equação 1)
IB = 37,004721 + 0,094412 x PCQ + 1,144822 x %CM – 0,000053067 x PCQ x %CM +
0,000018336 x PCQ2 + 0,000409 x %CM2.........................................................(Equação 2)
O valor pago pelo quilo do suíno vivo no início do experimento foi R$ 4,40. Para
determinar o valor do suíno final foram utilizados dois valores. Um foi calculado conforme
Fávero et al. (1997), utilizando o índice de bonificação, e o outro desconsiderou-se este
índice em virtude dos frigoríficos da região Nordeste não adotar essa prática.
Suíno final (R$) = (IB x [preço do kg do suíno inicial/0,7145]) x PCQ.............(Equação 3)
Suíno final (R$) = peso final x preço do kg da carcaça.......................................(Equação 4)
Foram calculadas as receitas bruta parcial e a líquida parcial, com e sem o índice de
bonificação, conforme as equações 5 e 6.
Receita bruta parcial com índice de bonificação (RBPIB) = suíno f IB - suínos i
..............................................................................................................................(Equação 5)
Receita bruta parcial (RBP) = suíno final - suíno inicial ................................... (Equação 6)
Receita líquida parcial com IB (RLPIB) = RBPIB - custo com alimentação .... (Equação 7)
Receita líquida parcial (RLP) = RBP - custo com alimentação ......................... (Equação 8)
Estatística
31
Os dados de desempenho e do estudo da viabilidade econômica foram submetidos à
análise de variância e nas variáveis em que o efeito do FBC foi detectado, realizou-se
análise de regressão por meio de modelos polinomiais. Como ferramenta de análise
estatística, foram utilizados os procedimentos do Statistical Analisys System (2002), com α
= 0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, proteína bruta, fibra em
detergente neutro e fibra em detergente ácido estão descritos na Tabela 3. Os resultados
divergem dos resultados relatados por Farias et al. (2008), que ao trabalhar com a inclusão
desse alimento na dieta de suínos em crescimento, encontraram para MS (22,40%), PB
(12,30%) e FB (21,92%), isto pode estar relacionado ao fato da variedade de caju cultivada
no estado do Piauí, ser possivelmente diferente da cultivada no Rio Grande do Norte.
Ainda assim, existem fatores afetam o coeficiente de digestibilidade, entre eles
pode-se citar a ausência de enzimas endógenas digestoras de fibra dietética no trato
digestório dos suínos.
Isto pode ter ocorrido também devido ao trato gastrintestinal do suíno não poder
armazenar grandes quantidades de alimento ocasionando no aumento da taxa de passagem
da digesta no trato gastrointestinal e no menor tempo de contato da digesta com as enzimas
digestivas e as células absortivas do intestino delgado. Outro fator que pode ter contribuído
diz respeito à viscosidade originada por meio do contato das fibras solúveis (pectinas,
frutanas e β - glucanas) com o ambiente aquoso do lúmen intestinal, que pode ter
dificultado a ação das enzimas endógenas com os nutrientes da dieta, diminuindo o
aproveitamento desses nutrientes pelo animal (Gomes et al., 2006).
Contudo, o coeficiente de digestibilidade da fibra em detergente neutro (15,22 %) e
da fibra em detergente ácido (13,05%), indica que, parte do conteúdo fibroso da dieta foi
aproveitado pela microbiota do intestino grosso. Neste processo, os microrganismos
produzem proteína bacteriana, por meio da adsorção de aminoácidos e peptídeos na matriz
da fibra. Isto implica num baixo coeficiente de digestibilidade da proteína bruta. Pois taxa
de excreção fecal da proteína endógena aumenta (Shulze et al., 1994). Além disso, a
descamação do epitélio intestinal causado pela fibra também eleva o conteúdo de
nitrogênio endógeno nas fezes ocasionando na redução deste coeficiente. Ramos et al.
(2007) ao trabalharem com frangos de corte em crescimento alimentados com farelo do
32
bagaço do caju também constataram que o coeficiente de metabolizabilidade da proteína
bruta reduziu à medida que houve incremento de fibra na dieta.
O teor de energia bruta encontrado para o FBC foi 4.085 kcal/kg, enquanto o valor
da energia digestível foi 2.470 kcal/kg. Estes resultados divergem dos observados por
FariaS et al. (2008), em que os autores encontraram 1.123 kcal/kg para energia digestível.
Certamente, isso ocorreu devido ao fato de que suínos em crescimento e terminação
possuem capacidades diferentes em aproveitar alimentos fibrosos. Segundo Varel (1987) o
trato gastrintestinal de suínos em terminação tem maior tamanho, e o ceco possui maior
população bacteriana (Bacteroides succinogenes e Ruminococcus flavefaciens, Bacteroides
ruminícola e Ruminococcus álbuns) fermentadoras de celulose, hemicelulose e pectina.
Provavelmente o elevado teor de energia digestível do FBC encontrado no presente
estudo sugere que os suínos foram eficazes em utilizar os ácidos graxos de cadeia curta,
resultantes da fermentação da fibra pelas bactérias. Estes ácidos graxos contribuem
também para a elevação do fluxo sanguíneo do cólon, do índice de renovação celular do
epitélio intestinal, alteração da motilidade intestinal, e melhora da produção de muco
protetor da parede intestinal (Willians et al., 2001; Brunsgaard, 1998; Breves et al., 1997 e
Kien et al., 2007).
Os resultados encontrados para Ca (0,50%) e P (0,35%) do FBC, estão em
consonância com os encontrados por Ramos et al. (2006), que obtiveram (0,45%) Ca e
(0,30%) P, estudando a inclusão da polpa do caju na dieta de frangos de corte na fase final.
Porém esses resultados não garantem o total aproveitamento destes minerais pelos suínos,
pois o P pode estar complexado com a molécula de ácido fítico presente nos vegetais. A
disponibilidade média do P de origem vegetal para os monogástricos é de um terço do total
analisado, pois os suínos não possuem enzimas capazes de quebrar a molécula de ácido
fítico e liberar os compostos que estão complexados nela. Ainda assim, a absorção de P
depende, principalmente da relação Ca:P, da presença de vitamina D no organismo, do pH
intestinal, da idade do animal, sexo (Moreira et al., 2010).
Os diferentes níveis do FBC, (Tabela 4), influenciaram a conversão alimentar (CA),
P<0,05, apresentando resultados desfavoráveis à medida que houve incremento do FBC.
Estes resultados corroboram com os do ensaio de digestibilidade, indicando que
altos níveis de fibra alimentar limitam o aproveitamento dos nutrientes da dieta pelos
suínos em terminação. O mesmo, observaram Ramos et al. (2006) ao trabalhar com a
inclusão de diferentes níveis de polpa de caju na dieta de frangos de corte, quando a
33
conversão alimentar, piorou a cada 1% de inclusão de FBC. Segundo Gomes et al. (2008),
a inclusão de altos teores de fibra dietética na ração de suínos pode causar descamação do
epitélio intestinal, diminuindo o tamanho das vilosidades compostas por células secretoras
de enzimas digestivas e absortivas, reduzindo o aproveitamento dos nutrientes da dieta
pelo animal.
Verificou-se que o incremento do FBC na dieta de suínos em terminação,
influenciou (p<0,05) as variáveis espessura de toucinho, porcentagem da carne magra,
receita bruta parcial com índice de bonificação e receita bruta parcial (Tabela 5).
Para as variáveis espessura de toucinho e porcentagem da carne magra, a ração que
apresentou resultado superior foi com 7,5% de FBC (26,88 mm e 120,54%
respectivamente). Quando comparado o resultado desta ração com a controle (0% FBC), a
espessura de toucinho reduziu em 37,9% e a porcentagem da carne magra aumentou
6,60%.
Divergem destes resultados os encontrados por Farias et al. (2008), que não
observaram efeitos dos níveis de pseudofruto do caju sobre a espessura de toucinho quando
incluíram o FBC na dieta de suínos. No mesmo sentido, Figueiredo et al. (2012) não
observaram influência dos níveis de feno da rama da mandioca (0, 10, 15 e 20%) na dieta
de suínos em terminação sobre a variável espessura de toucinho. O mesmo ocorreu com
Amorim et al. (2011), que também não encontraram influência da polpa cítrica (0, 5, 10 e
15%) sobre as variáveis espessura de toucinho e porcentagem da carne magra.
Em relação à receita bruta parcial com índice de bonificação, a ração com 7,5% de
FBC apresentou resultado superior (R$ 503,74) e a ração com 30% FBC apresentou
resultado inferior às demais (R$ 448,71), havendo uma diferença entre elas de R$ 55,03 e
um incremento de 12,26% para esta variável. Já a variável receita bruta parcial, obteve
resultado superior quando foi incluído 15% de FBC (R$ 503,55) e resultado inferior para a
ração com 30% de FBC (R$ 437,71), resultando numa diferença de R$ 65,84 entre elas e
um incremento de 15,04 % para esta variável.
Portanto a estratégia de adicionar o farelo do bagaço do caju na alimentação de
suínos em terminação ao nível de 7,5% pode melhorar o acabamento de carcaça,
disponibilizando ao consumidor cortes de maior qualidade e ainda incrementar a receita do
produtor que abate os animais em frigoríficos que utilizam o índice de bonificação.
Entretanto, o produtor que abate em frigoríficos que não utilizam a bonificação, o mais
indicado para que se incremente a receitar, é fornecer a ração com a inclusão de 15% de
34
FBC. Ainda assim, os resultados absolutos das receitas são dependentes de cotações que
variam ao longo do ano (Tabela 6), pois são influenciadas pelo câmbio, inflação,
disponibilidade em circunstância do abastecimento nacional e internacional.
Observa-se que, apesar da variação do preço do milho e da soja, as receitas obtidas
a partir do tratamento com 15% de inclusão do FBC, apresentaram resultados superiores
aos demais. As receitas dos tratamentos com 15% FBC mostraram-se melhores, sendo o
mês de novembro o de maior lucro (R$ 437,89). As receitas obtidas pelo tratamento com
7,5% de inclusão de FBC mostraram-se inferiores aos demais, apresentando o mês de
janeiro o pior resultado (R$ 398,02).
CONCLUSÃO
O farelo do bagaço de caju pode ser incluído na dieta de suínos em terminação até o
nível de 30% sem afetar negativamente o desempenho dos animais.
A inclusão de 7,5% de farelo do bagaço do caju na dieta de suínos em terminação
pode melhorar a qualidade da carne e incrementar a receita bruta parcial com índice de
bonificação.
Considerando somente a receita bruta parcial, orienta-se a inclusão de 15% de FBC
na dieta de suínos em terminação.
AGRADECIMENTOS
Este estudo foi financiado pela Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) (562604). Os autores gostariam de agradecer a Unidade Acadêmica
Especializada em Ciências Agrárias, ao Programa de Pós Graduação em Produção Animal
e ao Laboratório de Nutrição Animal Emerson Moreira Aguiar da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte pela ajuda prestada em realizar este experimento.
35
REFERÊNCIAS
AMORIM, M. C.; THOMAZ, R. S.; RUIZ, L. A., et al. Avaliação econômica de diferentes
níveis de polpa cítrica com ou sem adição de complexo enzimático nas dietas de
suínos. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.63, n.5, p.1181-1190, 2011. Disponível em:
<
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102- 09352011000500020&script=sci_arttext>.
Acesso em: 20 jun. 2012. doi: 10.1590/S0102-09352011000500020 . BREVES. G.; KRUMSCHEID. R. In vitro studies on transport and metabolism of short-
chain fatty acids in pig hindgut. Comparative Biochemistry and Physiology. Part
A: Physiology, v.118, issue 2, p.399-401, 1997.
BETERCHINI, A. G., et al. Efeitos da temperatura ambiente e do nível de energia da ração
sobre o desempenho e a carcaça de frangos de corte. Revista Brasileira de
Zootecnia, v. 20, n. 3, p.218-228, 2006.
BRIDI, A.M.; SILVA, C.A. Avaliação da carne suína. 1. ed. LONDRINA:
MIDIOGRAF, 2009. 120 p.
BRUNSGAARD, G. Effects of cereal type and feed particle size on morphological
characteristics, epithelial cell proliferation, and lectin binding patterns in the large
intestine of pigs. Journal of Animal Science, v.76, p. 2787-2798, 1998. Disponível
em: < http://http://www.journalofanimalscience.org/content/76/11/2787>. Acesso em:
20 jun. 2012. doi: 76/11/2787
FARIAS, L. A., et al. Pseudofruto do cajueiro (Anacardium occidentale L.) para suínos em
crescimento: metabolismo de nutrientes e desempenho. Ciência Animal Brasileira,
v. 9, n. 1, p.100-109, 2008. Disponível em:
<https://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/article/view/3673>. Acesso em: 06 Abr.
2012. doi:10.5216/cab.v9i1.3673.
FÁVERO, J. A.; et al. Predição do índice de valorização de carcaça suína em função do
peso e do percentual de carne. In: congresso da associação brasileira de veterinários
especialistas em suínos, 8., 1997, Concórdia. Anais…Concórdia: EMBRAPA-
CNPSA, 1997. p.405-406. (Resumo).
FARREL, D.J.; JONHNSON, K.A: Utilization of cellulose by pigs and its effects on caecal
function. Animal Prodution, n.14, p.209-217, 1970. Disponível em: <:
http://dx.doi.org/10.1017/S0003356100010898>. Acesso em: 20 Set. 2013.
doi:10.1017/S0003356100010898
FIGUEIREDO, A. V.; ALBUQUERQUE, D. M. N.; LOPES, J. B., et al. Feno da rama da
mandioca para suínos em terminação. Rev. Bras. Saúde Prod. Anim., v.13, n.3, p.
791-803, 2012. Disponível em:
http://revistas.ufba.br/index.php/rbspa/article/viewArticle/2370. Acesso em: 6 Abr.
2012. doi:10.1590/S1519-99402012000300017.
GOMES, J. D. F. et al. Efeitos do incremento da fibra em detergente neutro na ração de
suínos sobre a histologia de segmentos do trato intestinal. Braz. J. vet. Res. anim.
Sci., São Paulo, v. 43, n. 2, p. 210-219, 2006. Disponível em:
http://revistas.usp.br/bjvras/article/view/26501. Acesso em: 20 jun. 2012. doi:
26501/28284
GOMES, J. D. F. et al. Efeitos do incremento de fibra dietética sobre digestibilidade,
desempenho e características de carcaça: II. fêmeas suínas em pré puberdade e
puberdade1. Semina: Ciências Agrárias, v. 28, n. 4, p. 727-738, 2007. Disponível
em: < http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2007v28n4p727>. Acesso em: 20 jun.
2012. doi: 10.5433/1679-0359
36
GOMES, J. D. F. et al. Desempenho e Características de Carcaça de Suínos Alimentados
com Dieta com Feno de Tifton (Cynodon Dactylon)1. Ciência Animal Brasileira, v.
9, n. 1, p. 59-67, 2008. Disponível
em:http://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/article/viewArticle/3661 . acesso em: 20
jun. 2012. doi:10.5216/cab.v9i1.3661.
GUIDONI, A.L. Melhoria dos processos para tipificação de carcaça suína no Brasil. In:
Conferência Internacional Virtual Sobre Qualidade de Carne Suína, 1., 2000,
Concórdia. Anais eletrônicos... Disponível em:
<http://www.cnpsa.embrapa.br/pork>. Acessado em: 22 jun. 2012.
KIEN, C.L.; BLAUWIEKEL, R.; BUNN, J.Y.; JETTON, T.L.; FRANKEL, W.L.;
HOLTS, J.J. Cecal infusion of butyrate increases intestinal cell proliferation in
piglets. Journal of Nutrition, v.137, p. 916- 922, 2007. Disponível em:<
http://nutrition.highwire.org/content/137/4/916.short>. Acesso em: 12 Set. 2013. doi:
0022-3166/07.
LOPES, J. B.; SILVA, M. V. F.; FREITAS, A. C., et al. Inclusão do farelo do pseudofruto
do caju (Anarcadium occidentale L.) em rações de frangos de corte na fase de
acabamento. Rev. Cient. prod. Anim., v.7, n.2, 2005. Disponível em:
http://www.revistas.ufpi.br/index.php/rcpa/article/view/396/372. Acesso em: 12 Jun.
2012. doi: 396/372.
MOREIRA, J.A., et al. Impacto ambiental provocado pelo P em dietas suplementadas com
enzima fitase e proteína ideal para suínos em crescimento: estudo do fluxo do P no
metabolismo animal. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia,
v.62, p. 1206-1215, 2010.
NGOC, T.T.B., et al. Effect level and fibre source on gut morphology and micro-
enviroment in local (Mong Cai) and exotic (Landrace x Yorkshire) pigs. Asian –
Aust. J. anim. Sci., v. 25, n. 12, p. 1726-1733, 2012. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.5713/ajas.2012.12305. Acesso em: 6 de Agosto de 2013. doi:
10.5713/ajas.2012.12305.
NOBLET J.; FORTUNE, H.; SHI, X.S.; DUBOIS, S: Prediction of net energy value of
feeds for growing pigs. Journal of animal science, 1994, n.72,p.344-354,1994.
PEKAS, J.C. 1968. Versatile swine laboratory apparatus for physiologic and metabolic
studies. Journal of. Animal. Science.,n.27,v.5, p.1303-1306.
RAMOS, S. N. R., et al. Polpa de caju em rações, para frangos de corte na fase final:
desempenho e característica de carcaça. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.3,
p.804-810, 2006. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-35982006000300024
>. Acesso em: 20 Jun. 2012. doi: S1516-35982006000300024
RAMOS, S. N. R., et al. Metabolizabilidade dos nutrientes em frangos de corte
alimentados com rações contendo diferentes níveis de polpa de caju desidratada. Rev.
Cient. Prod. Animal, v.9, n.2, 2007. Disponível: <
http://www.revistas.ufpi.br/index.php/rcpa/article/view/161>. Acesso em: 20 jun.
2012. doi:161/132.
RODRIGUES, M. R. C. Utilização de subproduto de caju (Anacardium occidentale) no
desempenho reprodutivo e produtivo de ovinos criados no Nordeste do Brasil.
Tese (doutorado) –Universidade Estadual do Ceará, 2010, Fortaleza-CE.
ROSTAGNO, H.S., et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos
e exigências nutricionais. Viçosa: UFV, 3 ed., 2005. 252p
37
SCHULZE, H., et al. Effect of level of dietary neutral detergent fiber on ileal apparent
digestibility and ileal nitrogen losses in pigs. Journal of Animal Science, v. 72, p.
2362, 1994.
SILVA, D.J.; QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos.
3.ed. Viçosa: UFV, 2002. 235p.
STATISTICAL analysis system. The SAS system for windows. Release 8.01. Cary: SAS
Institute, 2002.
VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2 ed. Ithaca, New York Cornell
University Press, 1994. 476p.
ZENEBOM, O.; PASCUET, N. S.; TIGLEA, P. Método Químico-Físico para Análise de
Alimentos. 4 ed. São Paulo, Instituto Adolf Lutz, 2008, 1020p, versão eletrônica.
YEN J.T: Oxygen consumption and energy flux of porcine splanchnic tissues.
Digestive Physiology in Pigs. In: VII International Symposium on Digestive
Physiology in Pigs. EAAP, n. 88, p.260-269, 1997.
VAREL, V. H. Activity of fiber-degrading, microorganisms in the pig large intestine.
Journal of Animal Science, v.65, n.2, p.488-496, 1987.
WILLIANS, B.A., VERSTEGEN, M.W.A.; TAMMINGA, S. Fermentation in the large
intestine of single-stomached animals and its relationship to animal health. Nutrition
Research Review,v.14, p.207-227, 2001.
38
Tabela 1. Composição das rações experimentais para o ensaio de digestibilidade
Ingredientes Padrão Teste
Milho 74,85 52,40
Farelo de soja 22,15 15,50
Farelo do bagaço de caju 0,00 30,00
Óleo vegetal 0,50 0,35 1Núcleo comercial 2,50 1,75
Composição calculada: 100,00 100,00
Energia digestível (kcal/kg) 3.400 -
Proteína bruta 16,50 -
Lisina digestível 0,69 -
Metionina digestível 0,25 -
Triptofano digestível 0,16 -
Cálcio 0,69 -
Fósforo total 0,31 -
Fósforo disponível 0,14 -
Sódio 0,17 -
Fibra bruta 2,77 -
FDN 11,68 -
FDA
4,28 - 1Níveis de Garantia por kg do produto: cálcio (min) 240 g; cálcio (máx) 245 g; fósforo (min) 25 g; sódio
(min) 55 g; ferro (min) 3.200 mg; cobre (min) 5.000 mg; Manganês (min) 1.280 mg; zinco (min) 2.400 mg;
iodo (min) 25,50 mg; cobalto (min) 12,80 mg; selênio (min) 9,60 mg; vitamina A (min) 180 UI; vitamina D3
(min) 32.000 UI; vitamina E (min) 720 UI; vitamina K3 (min) 36 mg; Vitamina B1 (min) 27 mg; vitamina
B2 (min) 108 mg; niacina (min) 638 mg; ácido patotênico (min) 362 mg; vitamina B6 (min) 36 mg; ácido
fólico (min) 18 mg; biotina (min) 1,80 mg; vitamina B12 (min) 580 mg; colistina 200 mg; fitase 17 U/g.
39
Tabela 2. Composição das rações experimentais formuladas para o ensaio de
desempenho de acordo com os níveis de inclusão do farelo do bagaço do caju (%)
Níveis de inclusão do farelo do bagaço do caju (%)
Ingredientes 0 7,5 15 22,5 30
Milho 74,85 68,85 62,86 56,86 50,86
Farelo de soja (45%) 22,15 20,64 19,14 17,64 16,13 1Núcleo comercial
(evimix) 2,50 2,50 2,50 2,50 2,5
Óleo de soja vegetal 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50
Farelo do bagaço de
caju 0,00 7,50 15,0 22,5 30,0
Total 100 100 100 100 100
Composição calculada
Energia digestível
(Kcal/kg) 3.401 3.268 3.134 3.000 2.866
Proteína bruta 16,55 16,55 16,55 16,55 16,55
Lisina digestível 0,69 0,66 0,64 0,61 0,58
metionina digestível 0,25 0,25 0,24 0,24 0,23
Triptofano digestível 0,16 0,15 0,14 0,13 0,12
Cálcio 0,69 0,69 0,69 0,69 0,69
Fósforo total 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31
Fósforo disponível 0,14 0,14 0,14 0,14 0,14
Sódio 0,17 0,17 0,17 0,16 0,16
Fibra bruta 2,77 3,72 4,69 5,62 6,56
FDN 11,67 15,89 20,11 24,02 28,53
FDA 4,28 7,05 9,81 12,57 15,34 1Níveis de garantia por kg do produto: cálcio (min) 240 g; cálcio (máx) 240 g; fósforo (min) 25 g; sódio (min) 55g;
ferro (min) 3.200 mg; cobre (min) 5.000 mg; Manganês (min) 1.280 mg; zinco (min) 2.400 mg; iodo (min) 25,50
mg; cobalto (min) 12,80 mg; selênio (min) 9,60 mg; vitamina A (min) 180 UI; vitamina D3 (min) 32.000 UI;
vitamina E (min) 720 UI; vitamina K3 (min) 36 mg; Vitamina B1 (min) 27 mg; vitamina B2 (min) 108 mg; niacina
(min) 638 mg; ácido patotênico (min) 362 mg; vitamina B6 (min) 36 mg; ácido fólico (min) 18 mg; biotina (min)
1,80 mg; vitamina B12 (min) 580 mg; colistina 200 mg; fitase 17 U/g.
Tabela 3. Coeficiente de digestibilidade e valores da energia bruta, energia digestível,
matéria mineral, Ca e P do farelo do bagaço de caju.
Variáveis Coeficiente de digestibilidade
Matéria seca (%) 44,26
Proteína bruta (%) 8,20
FDA (%) 13,05
FDN (%) 15,22
Variáveis Valores
Energia bruta (kcal/kg) 4.081
Energia digestível (kcal/kg) 2.470
Matéria mineral (%) 6,61
Cálcio (%) 0,50
Fósforo (%) 0,35
40
*Efeito linear (p<0,05)
letras minúsculas na linha horizontal (níveis de bagaço de caju) diferem entre si (P<0,05)
pelo teste “t” 1CV = coeficiente de variação
ns = não significativo para regressão polinomial
Tabela 4. Valores médios do ensaio de desempenho de suínos em terminação alimentados
com dietas contendo farelo do bagaço do caju
Níveis de inclusão do farelo do bagaço do caju (%)
Variáveis 0 7,5 15 22,5 30 CV %
Consumo diário de
ração (kg)
2,622 2,702 2,975 3,035 2,690 5,9
Ganho diário de peso
(kg)
0,869 0,876 0,900 0,867 0,789 17,9
*Conversão alimentar 3,01a 3,15a 3,33a 3,54b 3,42a 12,6
Tabela 5. Valores médios do efeito do FBC sobre as variáveis do estudo da viabilidade
econômica.
Níveis de inclusão do FBC (%)
Variáveis 0 7,5 15,0 22,5 30,0 1C.V
(%)
Peso final (kg) ns 181,50 179,30 183,85 182,35 179,15 6,30
Consumo de ração (kg) ns 160,06 160,97 180,01 184,78 152,79 16,13
Espessura de toucinho (mm)* 37,07a 26,88b 34,60a 31,42a 28,35ª 19,82
Profundidade de lombo (mm) ns 111,05 114,60 108,75 113,80 108,60 3,75
Peso da carcaça quente (kg) ns 147,25 144,92 148,02 146,27 138,22 6,84
Carne magra (CM %)* 113,08a 120,54b 114,51a 117,20a 119,18a 3,90
Índice de bonificação (%) ns 1,76 1,82 1,77 1,79 1,83 2,89
Rec.brut.parc.IB (R$)* 495,55a 503,74b 498,84a 494,34a 448,71a 6,01
Rec. Bruta parcial (R$)* 485,71a 474,90a 503,55b 491,20a 437,71a 7,50
Rec. liq. parc. IB (R$) ns 349,07 364,65 369,43 365,91 332,48 7,39
Rec. Liquida parcial (R$) ns 365,21 335,50 374,71 362,76 346,23 7,59
41
Tabela 6. Cotação do milho e farelo de soja e variação da receita líquida parcial dos
tratamentos com FBC no ano de 2013
Cotação do milho e soja no
Estado da Bahia Receita líquida parcial R$/tratamento
Mês R$ Milho R$ Far. Soja
45% 0% 7,5% 15% 22,5% 30%
1 39,23 58,11 404,10 398,02 423,38 414,87 415,52
2 40,61 51,77 404,70 398,59 424,01 415,48 416,01
3 37,45 50,23 408,91 402,51 428,01 419,21 418,78
4 39,04 48,91 407,58 401,28 426,76 418,06 417,94
5 35,45 50,74 411,24 404,65 430,19 421,24 420,27
6 31,87 55,94 413,68 406,89 432,45 423,31 421,77
7 30,00 56,17 415,84 408,89 434,49 425,19 423,17
8 29,19 57,76 416,25 409,26 434,86 425,53 423,41
9 28,66 61,97 415,39 408,45 434,01 424,71 422,78
10 25,89 62,82 418,41 411,24 436,85 427,35 424,73
11 25,21 62,05 419,49 412,25 437,89 428,31 425,44
12 24,46 64,87 419,39 412,14 437,76 428,18 425,33
42
3. ANEXOS
3.1. Ilustrações referentes aos experimentos
3.2. Ensaio de digestibilidade
Figura 1. Galpão experimental com 10 animais em cada
gaiola metabólica.
Figura 2. Gaiola de metabolismo.
43
Figura 3. Coleta total de fezes
Figura 4. Coleta de urina
44
Figura 5. Análise química da rações no
Laboratório de Nutrição Animal UFRN.
Figura 6. Preparo das amostras de fezes para
análise química.
45
Figura 7. Determinação dos nutrientes das rações e
coeficientes de digestibilidade das amostras de
fezes
Figura 8. Determinação do Ca e P das rações, e
amostras de feses
46
3.2.1. Ensaio de desempenho
Figura 9. Leitura de Ca e P em cromatógrafo
Figura 10. Unidade experimental representada por
um macho e uma fêmea.
47
Figura 11. Pesagem dos animais.
Figura 12. Animais já abatidos na
Unidade de Processamento de Carnes de
São Paulo do Potengi.. Pesagem das
meias carcaças
48
Figura 13. Coleta dos dados da espessura de
toucinho e profundidade de lombo dos animais.
Figura 14. Coleta dos dados de comprimento de
carcaça dos animais.