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14 | Quarta-feira, 19 de junho de 2013 |

A dignidade à flor da peleARTIGO

“Desculpe o transtorno. Estamosmudando o país”.

Com este extraordinário recado, ajuventude brasileira justificou o grandeespetáculo da democracia e da cidada-nia, que os brasileiros aplaudem cheiosde emoção.

Se antes havia o temor de uma ge-ração de jovens apática e desinteressa-da pela nação, esse temor se dilui e setransforma em atitude elevada, politica-mente correta, como gostam de afirmaros ideológicos, uma verdadeira atitudecidadã; que relembra as Diretas-Já e oFora Collor.

Os 20 centavos que serviram de temano lançamento do movimento “Passe Li-vre”, em São Paulo, transformaram-seem milhões, bilhões de méritos pelo repú-dio a um status bilhardário na construçãode estádios, ou arenas, incompatíveis coma realidade crítica e, em alguns lugaresnos grotões caótica, das políticas sociais,principalmente saúde e educação.

Nada mais salutar do que comparti-lhar este momento de civismo e cidada-nia. É salutar destacar algumas opiniõese momentos deste evento pelas fantásti-cas redes sociais.

Adelino Venturi Começamos pela indignação de umilustre homem público, o ministro JoaquimBarbosa, presidente do Supremo TribunalFederal (STF):”Somos o único caso dedemocracia no mundo em que condenadospor corrupção legislam contra os juízes queos condenaram.

Somos o único caso de democracia nomundo em que as decisões do SupremoTribunal podem ser mudadas por condena-dos.

Somos o único caso de democracia nomundo em que deputados após condena-dos assumem cargos e afrontam o Judiciá-rio.

Somos o único caso de democracia nomundo em que é possível que condenadosfaçam seus habeas corpus, ou legislem paramudar a lei e serem libertos.”

Destaco, também, uma manifestaçãode um jovem estudante gaúcho, manifesta-ções de alguns companheiros professorese jornalistas veiculadas pelo Facebook.

Em particular, esta do jovem DiegoLopes:

Acho que não era esse tipo de nacio-nalismo que os organizadores e idealizado-res da Copa esperavam ver dos brasilei-ros. Imagino que o governo esperava veraquele nacionalismo infantil e pré-escolarde quem se satisfaz com um gol do Brasilou em vestir a camisa da seleção, essas

bobagens que nos acompanham desdea copa de 58. Cinco taças de ouro quenão mudam nada. No entanto, eis quesurge esse nacionalismo surpreendentede quem se preocupa com uma socieda-de mais justa e menos corrupta, um nacio-nalismo de quem não se contenta emdeixar para os outros a responsabilidadesobre o destino político do país. No finaldas contas, o melhor legado que a Copavai nos deixar é a indignação que elaprovoca.

Agora, todo esse movimento preci-sa superar alguns desafios se não quiseracabar em nada. Primeiro precisa supe-rar a imagem negativa gerada pela mino-ria violenta que transforma um ato cívicoem vandalismo. Depois, precisa superara tendência antidemocrática de muitaspessoas que, no calor da indignação,desejam simplesmente impor sua vonta-de sem dar abertura ao diálogo. E porúltimo, e mais importante, é vencer odesafio de transformar todo esse movi-mento em um resultado real e positivopara todos.

Adelino Venturi é professor, empre-sário e membro do Conselho Deliberati-vo da Associação Comercial, Indus-trial, Agrícola e de Prestação de Servi-ço (Aciap), de São José dos Pinhais

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