Iluminação em salas de aula onde existem alunos com baixa visão dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Iluminação em salas de aula onde existem alunos com baixa visão
Danielle Cunha dos Santos Ladeia – [email protected]
Iluminação e Design de Interiores
Instituto de Pós-Graduação – IPOG
Belém, PA/Fevereiro/2014
Resumo
A escola é um dos principais elementos do ambiente social da criança devido ao importante
papel na sua formação. Quando as mesmas não possuem infraestrutura adequada de ensino,
podem prejudicar seu desenvolvimento. O presente artigo teve por objetivo analisar a
relação entre iluminação e o desempenho de crianças com baixa visão nas salas de aula,
através de entrevistas com duas pedagogas e dois alunos respectivamente, (mediante
autorização de pais e/ou responsáveis) que apresentam essa problemática. As entrevistas
ocorreram em escolas da rede pública e privada de ensino do Município de Belém e
Ananindeua do Estado do Pará. Foi necessário apropriar-se de alguns referenciais teóricos
da área da educação e saúde, pontuando a importância da arquitetura, especialmente a
iluminação de interiores na sala de aula. Percebeu-se que todas as crianças apresentavam de
alguma forma, dificuldades orgânicas no seu enxergar, mas em todos os casos, não havia
estruturação adequada quanto ao preparo da iluminação em sala de aula. Considera-se o
trabalho satisfatório frente à participação e interesse das profissionais entrevistadas e pela
aceitação de todas as recomendações dadas sobre a iluminação mais adequada dentro dos
espaços escolares e principalmente por acreditar na contribuição dada para a vida escolar e
até da saúde dessas crianças.
Palavras-chave: Iluminação em sala de aula; Baixa visão; Arquitetura na educação.
1. Introdução
No Brasil, várias são as discussões sobre as dificuldades de aprendizagem dentro do cenário
escolar, bem como as discussões sobre as dificuldades que a escola e todo o sistema
educacional/escolar apresentam. Essa realidade está ligada pelo fato do mesmo ser um dos
principais países mais apontados em pesquisas e dados estatísticos, na sua grande dificuldade
do processo de escolarização e por diversos fatores que não se resumem apenas no espaço
escolar (espaço microfísico) e sim, envolvendo diversas redes que formam o todo educacional
como a rede de saúde e de assistência social (espaço macrofísico).
O ambiente em si e os elementos que o compõem, formam um conjunto inseparável que
interfere diretamente nas pessoas que nele estão inseridas.
Salas de aulas, bibliotecas, espaços multimídia, laboratórios, pátios e quadras demandam um
tratamento apropriado de iluminação, que considere fatores como desempenho, saúde,
economia e segurança. Dentre os diversos fatores que podem favorecer um aprendizado
satisfatório para os alunos, está a própria estrutura arquitetônica de uma escola, ou seja, é
importante considerar que, para a ocorrência da qualidade deste processo de ensinar e
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aprender, é fundamental existir certa harmonia entre os dois componentes: a arquitetura e o
pedagógico.
Nesse contexto, é necessário que a arquitetura destes prédios esteja plenamente adequada para
receber os estudantes e possibilitar o máximo de condições de aprendizagem, bem como
profissionais preparados para receber, ensinar e observar quando necessário, certas
deficiências apresentadas por alunos durante seu preocesso de aprendizado.
A busca da harmonia entre seus usuários e o ambiente, é uma questão que deve ser
cuidadosamente relacionada, pricipalmente no que diz respeito ao ambiente escolar infantil,
visto que a criança desenvolve, a partir daí, suas interações sociais, devendo haver então uma
relação entre espaço físico, atividades pedagógicas e comportamento humano.
Dessa forma, é necessário que os projetos de escolas pensem edificações que considerem
aspectos do conforto ambiental tais como as condições térmicas, luminosas e acústicas que
resultam em variações climáticas favorecedo o bem estar e o aproveitamento didático dos
alunos que estejam nesses ambientes, já que os mesmos podem refletir-se em fatores tão
diversos como a sociabilidade dos usuários, seu desempenho acadêmico e mesmo em sua
saúde. (ELALI, 2003 citado por BELTRAME, 2007).
Pode-se afirmar então que, a iluminação de uma sala de aula pode afetar de maneira positiva
ou negativa na aprendizagem dos alunos, ainda mais para aqueles que possuem algum tipo de
comprometimento orgânico como a baixa visão. Nesses casos, faz-se ainda mais necessário
pensar em edificações que atendam a todos os requisitos básicos necessários para um
apredizado de qualidade, sendo estes no que diz respeito a iluminação ou não.
O que se sabe, é que a incidência de problemas relacionadas a baixa visão na infância, de
acordo com a Organização Mundia de Saúde, é muito grande, devendo receber atenção
especial.
Sendo assim, este artigo teve por objetivo analisar a relação entre a iluminação e o
desempenho das crianças com baixa visão nas salas de aula e, de acordo com o
conhecimentos arquitetônicos e luminotécnicos adquiridos pela autora, propor informalmente
soluções capazes de melhorar ou quem sabe, sanar as deficiências de iluminação existentes
nas salas de aulas analisadas, de modo a melhorar a qualidade de aprendizado dos alunos em
geral, e em especial dos alunos com baixa visão identificados pelas pedagogas.
Para tanto, foram coletados dados na rede pública e privada de ensino, do Município de
Belém e de Ananindeua, ambos no Estado do Pará, contando com o auxílio de duas
pedagogas de ambas as escolas. Acompanhou-se duas crianças através de estudo de caso e
analisou-se esses dados de acordo com o referencial teórico que será apresentado.
2. Referencial Teórico
2.1. Algumas concepções sobre baixa visão e o cenário escolar
Na definição dada pela internet (BRASILMEDIA, 2012), baixa visão ou visão subnormal
corresponde ao comprometimento do funcionamento de ambos os olhos, não podendo ser
corrigida com o uso de óculos. A mesma pode ser mais encontrada em idosos, mas podem
ocorrer em pessoas de qualquer idade. São decorrentes de doenças como glaucoma, catarata,
uveíte, degeneração macular, opacidade da córnea, tracoma, retinopatia diabética, miopia
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magna, doença de Stargardt, albinismo, retinite pigmentosa e ceratocone, podendo ser
adquiridas ou congênitas.
Segundo o Ministério da Educação pela Secretaria de Educação Especial, na infância, as
causas mais frequentes de deficiência visual ocorrem por:
coriorretinite por toxoplasmose congênita (infestação pelo protozoário Gondi na
gestação);
catarata por síndrome da rubéola congênita (mãe adquire rubéola na gestação);
retinopatia por prematuridade, hemorragias e lesões vasculares;
malformações oculares, encefalopatias e síndromes;
atrofia óptica por infecções, vírus, bactérias, alterações no sistema nervoso central
por anóxia ou hipóxia, meningite, encefalite e hidrocefalia, e
deficiência visual cortical pelas causas já citadas, drogas de todos os tipos e quadros
convulsivos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) relata que, anualmente, cerca de 500.000 crianças
ficam cegas no mundo. Destas, 70 a 80% morrem durante os primeiros anos de vida, em
conseqüência de doenças associadas ao seu comprometimento visual.
De acordo com o Ministério da Educação e Cultura – MEC (2012), tal problema afeta
variados tipos de funções que englobam tanto a simples percepção da luz até a redução da
acuidade e do campo visual, interferindo diretamente na execução de tarefas rotineiras e
desempenho geral dos portadores deste tipo de deficiência.
Segundo Sá (2008), crianças com baixa visão apresentam dificuldades na escola, uma vez
que, não conseguem identificar com facilidade detalhes de ilustrações e elementos do texto
como acentos e pontuação. Na maioria dos casos, em função da própria complexidade para
enxergar, não se interessam pelas atividades, tornando-se cianças arredias e impacientes e
comumente com relacionamentos sociais complicados.
Brito (2000), relata que de acordo com os conhecimentos médicos atuais, cerca de 60% das
causas de cegueira e severo comprometimento visual infantil são preveníveis ou minimizados,
porém, não há cura para a visão subnormal, mas muitos recursos disponíveis facilitam o
desenvolvimento e melhoram a qualidade de vida dessas crianças.
Ainda para Brito (2000), sentir-se confortável é uma das melhores sensações sentidas pelos
seres humanos e alguns estudos já comprovaram que condições desfavoráveis de conforto
ambiental são causas de mau desempenho dos alunos.
Circunstâncias exteriores e o estado emocional influenciam, diretamente, na qualidade da
visão destas crianças, fator este que, resulta na oscilação visual pouco compreendida pela
família e até mesmo por profissionais da escola, que tendenciosamente caracterizam as
atitudes e comportamentos de tais alunos como preguiça, falta de interesse, distração ou
dificuldade de aprendizagem.
Para tanto, observa-se a importâcia de cursos de pedagogia, formação de professores, gestão
escolar e ainda educação especial terem, em sua grade curricular, conteúdos que abordassem a
compreensão das complexas situações de ensino, em especial, atitudes de aceitação e respeito
às diferenças individuais, e em particular disciplina que ressaltassem as necessidades de um
ambiente favorável, destacando-se por exemplo, a parte de iluminação para alunos com baixa
visão. Ou seja, reconhecer as condições físicas onde atividades educacionais para crianças
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com baixa visão são desenvolvidas como de extrema importância para o bom desempenho do
aluno e, consequentemente, para a absorção do conteúdo programático, influenciando
também, em possibilidades de melhor relacionamento social.
Tendo como base o exposto acima, sugere-se que a sala de aula seja considerada como
ambiente de trabalho tanto do professor quanto do aluno, visto que é nesse ambiente que ele
passa a maior parte do seu tempo, devendo então oferecer, condições para o exercício da vida
laboral de produção e reprodução de conhecimentos.
O que se percebe é que quanto maior forem as condições de conforto térmico nos ambientes
de uma edificação, melhor será o desempenho e o aproveitamento didático dos alunos em sala
de aula. Sendo assim, em se tratando de arquitetura, o conforto do espaço onde se convive as
condições térmicas, luminosas e acústicas resultam em variações climáticas, comprometendo
o bem estar dos alunos nesse ambiente. Dessas condições, um fator essencial dentro do espaço
físico da sala de aula, é a iluminação adequada para o desenvolvimento confortável das
atividades, tanto para as crianças com baixa visão quanto para as que enxergam normalmente,
tornando extremamente importante balancear a qualidade e a quantidade de iluminação em
um ambiente, bem como escolher, adequadamente, a utilização da luz natural junto à
artificial.
No entanto, é importante pontuar a contribuição da arquitetura, mais especificamente a
iluminação em salas de aula, como alternativa e não como solução única da resolutividade de
tal problemática.
2.1.1. Tipos de degeneração que provocam a baixa visão
Como já citado anteriormente, vários são os tipos de degeneração visual que podem ocorrer
na infância em decorrência de vários fatores desfavoráveis como partos prematuros, infecções
causadas por rubéola e sarampo, e que podem ser agravados por uma deficiência de
iluminação adequada em sala de aula, mas vamos tratar aqui, de uma maneira geral, de
algumas dessas degenerações e a uma ilustração da degradação provocada pela mesma em seu
portador.
a) O glaucoma congênito se apresenta com o aumento da pressão interna dos olhos causado
por uma anomalia na eliminação do humor aquoso (líquido que drena o globo ocular)
causando danos no nervo óptico. A criança apresenta aumento do globo ocular, muita
sensibilidade à luz, lacrimejamento e coceira. A cirurgia deve ser decidida o mais cedo
possível. Os glaucomas ocasionam a perda da visão periférica e a área central da visão se
apresenta borrada. Podem ser comparadas como se estivesse vendo tudo através de um vidro
embaçado, como mostra a figura 1.
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Figura 1 – Exemplo de imagem pelo glaucoma
Fonte: Brasilmedia (2012)
b) Retinopatia é a fuga dos vasos sanguíneos da retina, causando manchas escuras no campo
de visão onde ocorrem os vazamentos. O texto podem aparecer borrados ou distorcidos nessas
regiões como pode-se observar na figura 2.
Figura 2 – Exemplo de imagem pela degeneração por retinopatia
Fonte: Brasilmedia (2012)
c) Na catarata congênita, toda luz que entra pelo olho é absorvida pela estrutura chamada
cristalino. A catarata provoca uma opacificação desta região, impedindo a passagem da
luminosidade para a retina e, conseqüentemente, atrapalhando a visão. O problema pode ser
hereditário ou ocasionado por um trauma durante o parto ou uma infecção na gestação (pelo
vírus da rubéola, por exemplo). A cirurgia de tratamento deve ser feita o mais breve possível.
Como a catarata provoca áreas de opacidade na lente de seus olhos, o resultado é um efeito
turvo ou vago, especialmente na luz brilhante. Sendo assim, no caso de cataratas, os textos
pode aparecer desbotados em segundo plano, como pode ser visto na figura 3.
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Figura 3 – Exemplo de imagem pela degeneração por catarata
Fonte: Brasilmedia (2012)
d) Degeneração macular, onde ocorre um desgaste dos tecidos da mácula, provocando um
vazamento de sangue e fluídos com o característico borrão na parte central da visão, tornando
difiícil a visualização de objetos que estejam sendo vistos diretamente. No caso de
degenaração macular, os textos podem aparecer quebrados e com pouca clareza, como mostra
a figura 4.
Figura 4 – Exemplo de imagem pela degeneração macular
Fonte: Brasilmedia (2012)
e) Retinose pigmentar é uma doença hereditária cujos sintomas em geral se manifestam no
jovem. Trata-se de uma degeneração da retina que começa na periferia e lentamente
compromete a visão central. Os efeitos na visão são similares ao do glaucoma congênito.
f) A neurite óptica é a inflamação do nervo óptico do recém-nascido associada à presença na
mãe de anemia, subnutrição, diabetes ou uso de drogas. Quanto mais cedo diagnosticada,
melhor se dá o tratamento, prevenindo ou amenizando as sequelas e a conversão para
Esclerose Múltipla, tendo em vista preservar a qualidade de vida do paciente.
Estas são apenas algumas das várias formas de baixa visão que acometem crianças,
comprometendo seu desenvolvimento em todas as áreas de sua vida, e que podem ser
observadas de acordo com seu comportamento. Faz- se necessário então que o profissional
pedagógico esteja bem atento e informado, de forma a buscar soluções para que a criança seja
o mínimo prejudicada.
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2.2. Iluminação e suas contribuições
De acordo com o site Wikipedia (2011), iluminação é um fenômeno físico resultante da
exposição de uma fonte de luz em um ambiente que pode absorver ou refletir a luz tornando-o
visível.
Para Bigoni (2010), a luz pode ser usada para manipular os ambientes de diferentes maneiras,
auxiliando no estabelecimento da atmosfera dos recintos, e, consequentemente, nas atitudes e
humor dos ocupantes.
As fontes de luz podem ser naturais ou artificiais. Segundo Rodrigues (2002), a luz natural
sempre foi a principal fonte de iluminação da arquitetura, até a descoberta da eletricidade e a
invenção da lâmpada, o que tornou a iluminação artificial inseparável da edificação,
proporcionando ao homem utilizá-la à noite para dar continuidade a suas atividades ou até
mesmo para o lazer, como bares e shopping centers.
Para obter-se um ambiente com condições de iluminação confortáveis e eficientes, é
necessário valer-se de conceitos importantes como iluminância, uniformidade da iluminação e
ofuscamento.
Por definição, iluminância é o fluxo luminoso emitido por uma determinada fonte luminosa e
que incide numa determinada superfície. Ou seja, é a quantidade de luz dentro de um
ambiente. Para que haja a realização das atividades pretendidas sem esforço visual, é
necessários que se obtenha uma quantidade mínima de luz num plano de trabalho a ser
utilizado. Para cada finalidade a qual se destina o espaço físico existem valores de
iluminâncias mínimas para a iluminação em serviço, estabelecidos pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT), como por exemplo a NBR 5413, que trata em suas
especificidades de Iluminação de Interiores, onde se realizem atividades de comércio,
indústria, ensino, esportes e outras. Logo, os resultados dos conceitos empregados, citados
acima, devem corresponder às expectativas sugeridas pela normatização para que o ambiente
possa tornar-se confortável ao usuário.
Outro fator importante é a uniformidade de luz no ambiente, fazendo com que a iluminância
seja a mesma quando medida em qualquer ponto da sala, beneficiando a todos os usuários,
sem distinção. Para ajudar a obter esse uniformidad, um ponto a ser bservado está relacionado
a forma, dimensões e posicionamento das aberturas.
No que diz respeito a ausência de ofuscamento, pode-se observar tanto em relação à
iluminação natural quanto na artificial. Quando se trata da iluminação natural, deve-se evitar a
incidência de luz solar diretas nos planos de trabalho, tais como lousas e carteiras. Já em
relação à iluminação artificial, aspectos como excesso, inadequação e pulsação intermitente
da fonte de luz, podem causar ofuscamento e em consequencia, a distração e desconforto,
prejudicando enfim as tarefas visuais.
Rodrigues (2002) salienta que a iluminação deve harmonizar-se com o projeto arquitetônico
e/ou de interiores, uma vez que é parte de um projeto global, definindo em muitos casos as
características do ambiente. Com isso, conclui-se que ao se elaborar um projeto de iluminação
para determinado ambiente, não se deve levar em consideração apenas os aspectos
quantitativos, mas também os qualitativos, de modo a criar uma iluminação que corresponda a
todos os anseios do usuário do espaço iluminado.
Para o projeto de uma sala de aula, por exemplo, é necessária a elaboração de um espaço bem
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iluminado que mantenha os alunos atentos, que proporcione a visualização dos elementos que
compõem as atividades, assim como a compreensão e a apreensão do conteúdo programático.
De acordo com Bertolotti (2007), a luz é parte integrante dos processos de aprendizagem
escolar e, dentre os muitos fatores que influenciam os mesmos, aqueles relacionados com as
condições ambientais têm papel importante, portanto uma boa iluminação favorece o
desempenho visual, otimizando tais processos de aprendizagem.
Existem ainda outros aspectos que devem ser observados para que a sala de aula esteja de
acordo para atender aos seus usuários, mas os acimas citados, já se fazem satisfatórios para
elaboração de novas salas de aula, ou possivelmete, trabalhar na adaptação de salas que não
atendam as normas estabelecidas pela ABNT.
Conclui-se, com base nas palavras de Rennhackkamp (1964) que “Quanto melhores as
condições de iluminação, mais fácil e mais rápida a tarefa será realizada e menor será o
esforço para os olhos”.
3. Método
Para a realização desta pesquisa que tem como precípuo escopo analisar a relação entre a
iluminação e o desempenho das crianças com baixa visão nas salas de aula de escolas da rede
pública e privada de ensino do Município de Belém e Ananindeua do Estado do Pará, foi
realizado um levantamento bibliográfico consistente que respaldasse tal estudo.
A pesquisa foi desenvolvida em duas escolas. Uma da rede pública e outra da rede privada,
ambas localizadas no Estado do Pará. Foi realizada uma entrevista aberta com duas pedagogas
com formação em Pedagogia e Educação Especial, uma de cada escola.
A coleta de dados se deu por meio de observação direta com dois alunos que apresentam
baixa visão (apontados pelas pedagogas) nas salas de aula, estes foram descritos em forma de
estudo de caso, mediante autorização prévia de seus responsáveis.
O conteúdo desta pesquisa visa analisar a conexão entre a baixa visão e a iluminação nas salas
de aula, verificar quais aspectos arquitetônicos podem ser sugeridos de acordo com a
realidade atual de cada instituição e consequentemente melhorar as condições de aprendizados
do aluno que apresentam algum tipo de deficiência visual, causadas ou não, em decorrência
da falta de iluminação adequada.
4. Análise e discussão dos dados
Estudo de caso 01: Sávio
Sávio é uma criança de dez anos, portador da síndrome de Down e que estuda em uma escola
da rede particular de ensino de Belém do Pará.
Seu comportamento diferenciado foi observado com um olhar especial pela equipe técnico
pedagógica da escola e desde já, alguns cuidados já foram previamente tomados para que o
mesmo se inserisse ao meio.
Ao desejar observar detalhes em um desenho, fisionomia ou até discriminar objetos,
brinquedos ou peças de um jogo, Sávio aproximava os olhos de seu intento. Quando este não
conseguia grafar, encaixar a peça do jogo, enfim realizar o que desejava ou o que
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apararentemente para sua idade seria uma tarefa cotidiana, demonstrava irritação e desagrado.
Esfregava os olhos e franzia a testa com frequência.
Sá (2008) cita que:
“crianças com baixa visão apresentam dificuldades na escola, uma vez que não
conseguem identificar com facilidade detalhes de ilustrações e importantes
elementos textuais. Na maioria dos casos, em função da própria complexidade para
enxergar não se interessam pelas atividades, tornando-se cianças arredias e
impacientes e comumente com relacionamentos sociais complicados” (SÁ,
2008:48).
Ao ser solicitada a sua escrita, o aluno fazia somente riscos finos e fracos, fato este que
chamou a atenção da professora, pois levando em consideração a sua idade, seus movimentos,
porte atlético e sua habilidade com baquetas usadas por bateristas, o que se esperava é que
seus rabiscos fossem fortes.
A professora então criou diversas situações que respaldassem a sua suspeita de que a
dificuldade de Sávio era a baixa visão. É certo que não foi fácil devido às características da
própria síndrome que se confundiam.
Quando a criança começou a ter momentos de agressividade batendo, cuspindo e rasgando o
que via pela frente por não conseguir enxergar com clareza, a família foi solicitada em um
plantão pedagógico que é uma prática da escola, para então procurar um especialista, o
oftalmologista, que pudesse de fato dar a sua opinião sobre o caso.
Foi um trabalho de parceria entre escola, família e especialistas, uma vez que, os terapeutas
também foram contactados para que a observação fosse feita em todos os espaços citados.
Percebeu-se então que a iluminação inadequada na sala de aula colaborava para que Sávio não
conseguisse, por exemplo, enxergar o que caia no chão quando este ia pegar, conseguindo
apenas quando usava o tato. É interessante perceber que os outros sentidos são sempre
desenvolvidos como forma de auxílio aos que possuem baixa visão ou que são portadores de
qualquer tipo de dificiência, sendo obviamente muito importante o estímulo desses sentidos
no complemento da dificiência apresentada.
Outro aspecto observado foi que Sávio, fecha os olhos com frequência, principalmente na área
externa a sala de aula, onde a iluminação natural é abundante.
O espaço físico da sala de aula, totaliza aproximadamente 15,23 m². O mesmo correspondia a
um espaço escuro, com piso em cerâmica estampada em tons de bege e marrom, paredes
amarelas, contendo algumas delas desenhos infantis e outras preenchidas com armários em
madeira maciça escura, e forro também em lambril de madeira.
As carteiras eram coloridas e não havia janelas na sala, porém, existia uma porta de abrir com
duas folhas, onde uma das mesmas ficava sempre aberta para proporcionar a iluminação e a
ventilação natural. Tais portas davam acesso também a um jardim e essa mudança brusca, ao
sair de um ambiente sombrio e entrar diretamente em outro claro com a luz forte do sol
causava um incômodo desgastante para Sávio.
Esta sala de aula contava com apenas um ponto de luz artificial central, onde eram utilizadas
duas lâmpadas fluorescentes tubulares.
Deve-se citar que, não foi autorizada pela escola a exibição de imagens da mesma, portanto,
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fez-se necessário, para o melhor entendimento, a elaboração de croquis, que se encontram em
anexo.
Todos estes fatores citados acima contribuíram para que a quantidade de lux encontrado no
espaço fosse inferior ao valor recomendado pela NBR 5413 que é de no mínimo 200 lux e no
máximo 500 lux para salas de aula. Portanto, foram elaboradas algumas sugestões que
pudessem garantir àquele ambiente a iluminação adequada para o bom desempenho dos
alunos como um todo, porém levando em consideração as necessidades específicas do aluno
com baixa visão.
O forro e as paredes foram pintados de branco, mantendo, porém os desenhos infantis
coloridos sobre estas últimas.
Para Rodrigues (2002), “a luz natural sempre foi a principal fonte de iluminação da
arquitetura, até a descoberta da eletricidade e a invenção da lâmpada, o que tornou a
iluminação artificial inseparável da edificação, proporcionando ao homem utilizá-la para dar
continuidade as suas atividades” (RODRIGUES, 2002:36).
Sendo assim foram criados também mais pontos de luz e distribuídos no espaço de tal
maneira que foi garantido o valor em média de 400 lux na sala como um todo, inclusive
próximo ao quadro negro, além da criação de uma janela voltada ao jardim, o que
proporcionou o usufruto de iluminação e ventilação natural dentro do espaço. Tais medidas
tornaram o ambiente mais claro e o contraste do espaço antes sombrio com o jardim passou a
ser bem mais discreto.
A equipe pedagógica recebeu algumas recomendações que precisam ser levadas em conta no
dia a dia do aluno como:
O aluno deve ficar posicionado no centro da sala de aula, a uma distância de um metro do
quadro, desta maneira é evitada a incidência do reflexo de luz no quadro, a claridade
diretamente nos olhos do aluno e jogo de sombras sobre o caderno, livro ou o que estiver
sendo explorado no momento;
Priorizar o uso constante de óculos;
Dar uma importância ímpar para a elaboração das atividades escritas e as ilustrações
visuais que devem ser seguramente percebido pelo aluno, estas devem ser explicadas
verbalmente de modo claro e objetivo.
Hoje Sávio usa óculos e lupa, ainda encontra algumas dificuldades em perceber e discriminar
alguns detalhes mais específicos, seu humor melhorou consideravelmente assim como o seu
interesse pelas atividades propostas neste contexto.
O trabalho realizado com o aluno ao longo desse período foi valiosíssimo para todos os
envolvidos, quando hoje é muito bom poder encontrá-lo nos corredores, no parque, em sala de
aula, na escola como um todo, interagindo, sorrindo e principalmente jogando futebol que é
uma prática eleita como a favorita do mesmo.
Estudo de caso 02: Maira
Maira estuda em uma escola pública no município de Ananindeua no estado do Pará. Com
apenas oito anos Maira demonstra um encanto pela dança, e é incrível a naturalidade com que
cria movimentos em consonância com a música que está escutando.
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A aluna chegou à escola com um histórico de comportamento desviante, dificuldade de
atenção, relacionamento e ainda requerendo estímulos para o aprimoramento da leitura e da
escrita.
Após uma semana de avaliação de suas interações, comportamento e do seu processo de
desenvolvimento da aprendizagem, observou-se que Maira esfregava os olhos com
frequência, precisava de ajuda para encontrar seu material escolar, principalmente quando
esses caiam no chão, e encostava o caderno o máximo possível no rosto, tencionando
enxergar o que estava escrito. A aluna tem preferência por sentar na frente, quando não
consegue chegar cedo para pegar o lugar e senta atrás ou até mesmo no meio da sala de aula,
Maira levantava a todo instante na tentativa de enxergar o que estava desenhado ou escrito no
quadro.
Ao desenvolver suas atividades de colorir a aluna sempre ultrapassa os limites das linhas dos
desenhos. Quando precisa escrever uma letra que não consegue perceber os detalhes Maira
faz bolinhas e cria histórias lançando mão de uma história imaginária e na maioria das vezes
sem coerência.
A dificuldade visual de alunos com baixa visão poucas vezes são compreendidas pelas
professoras e equipe técnica da escola, na maioria das vezes estas crianças são rotuladas de
hiperativas, preguiçosas, distraída e outras dificuldades de aprendizagem.
Sobre isso Dallacqua, 2012, ressalta que:
“cada vez mais firma-se a noção e a necessidade de que sejam incorporados, junto às
ações de formação continuada de professores, estejam eles atuando no ensino
especial ou não, conteúdos para a aquisição de conhecimentos, competências e
atitudes que favoreçam a compreensão das complexas situações de ensino,
enfatizando especialmente atitudes de aceitação e respeito às diferenças individuais”
(DALLACQUA, 2012:36).
A falta de coerência, além dos outros fatores já citados, fez com que a professora percebesse
que sua dificuldade não era leitura e escrita e sim de visão. Encaminhou então para o
profissional especializado, um oftalmologista, que deu, após um exame detalhado, um laudo
de baixa visão.
O especialista, a partir de seu laudo, enviou então para a escola, um relatório, no sentido de
orientar com algumas recomendações que pudessem favorecer o cotidiano de Maira em sala
de aula, de modo que suas atividades viessem a ser desenvolvidas com maior facilidade e o
aprendizado não sofresse comprometimento.
Dentre as recomendações do mesmo, consta:
A importância de uma boa iluminação para os ambientes que requerem aprimoramento do
uso da visão e ainda da percepção de detalhes ao desenvolver atividades escolares;
O controle do excesso e do reflexo (ofuscamento) da luz em relação aos olhos da aluna,
fechando assim, os três itens de contribuição da arquitetura de interiores aqui já mencionados.
Outras sugestões ainda foram feitas tais como:
As tarefas desenvolvidas precisam ser previamente elaboradas com o aumento do tamanho
das letras, desenhos e números explicados com riqueza de detalhes, tudo de acordo com a
condição visual do aluno;
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É importante também valorizar o uso constante de óculos e se necessário da lupa.
No que diz respeito a especificações arquitetônicas, a sala de aula onde Maira estuda
apresenta piso tipo koroduor em tons de cinza claro, paredes brancas e forro em PVC também
branco, onde encontra-se apenas um ponto de luz artificial central com duas lâmpadas
fluorescentes tubulares além de dois ventiladores que, no momento em que estavam
funcionando, criavam momentos oscilatórios de sombra sobre as áreas de trabalho.
Como na escola anterior, não foi autorizada a exibição de imagens da mesma, portanto, fez-se
necessário, para o melhor entendimento, a elaboração de croquis que também se encontram
em anexo.
A parede oposta ao quadro negro magnético tem aproximadamente 2,30 de altura e o pé-
direito de aproximadamente 3,00 m, o que resulta em uma abertura de 0,70 m de altura,
seguindo o comprimento inteiro da sala, o que proporciona ventilação e iluminação natural.
Porém tal abertura era responsável também pela existência de reflexos no quadro, o que
dificultava bastante a visualização dos alunos, e principalmente de Maira.
Para o conforto visual e, consequentemente, melhor desempenho dos alunos, em especial de
Maira, foi sugerido a modificação do posicionamento do quadro dentro da sala de aula para
uma parede perpendicular a que apresenta a abertura. Como consequência, as carteiras
escolares também deverão ser reposicionadas. Sugeriu-se também a instalação de brises
metálicos onde existe a abertura, ficando os mesmos inclinados de maneira a impedir que os
raios solares incidam diretamente no quadro, evitando assim o ofuscamento, porém a
claridade e a ventilação continuariam presentes no espaço. Entretanto, por se tratar de uma
escola da rede pública, apenas a primeira sugestão foi posta em prática, uma vez que não
dependia de orçamento para sua realização. Consequentemente a segunda tal medida não foi
colocada realizada, já que era mais dispendiosa.
Outra sugestão, é que fossem retirados os ventiladores do teto e colocados nas paredes. Desta
forma, as oscilações entre sombra e luz deixariam de existir. Foram ainda sugeridos que mais
pontos de luz fossem criados, a fim de garantir a distribuição uniforme da luz artificial dentro
da sala de aula. As duas sugestões foram efetivadas e uma melhoria na qualidade de
iluminação da sala de aula foi claramente observada, proporcionando não somente para
Maira, mas para os demais alunos, um ambiente favorável ao aprendizado.
Assim como foi solicitado às professoras de Sávio, foram sugeridas também às professoras de
Maira que a posicionasse no centro da sala e um metro de distância do quadro negro, desta
forma, a incidência de reflexos no quadro foram evitadas, bem como a claridade nos olhos da
menina e as sombras sobre o caderno ou livro. Pediu-se também para que as professoras
ficassem atentas ao uso constante de óculos, uma vez que este fator é de extrema importância
para o bom desenvolvimento das atividades. Tais atividades devem ser explicadas
verbalmente a aluna e as imagens, letras e números devem ser de tamanhos maiores, para que
facilite a visualização e entendimento da mesma.
O acompanhamento do professor nesses casos é fundamental devido à insegurança que a
dificuldade causa, uma vez que a criança não se locomove com segurança e, na maioria das
vezes, apresentam dificuldades em participar de jogos que sugiram à visão a longa distância.
Seguindo as instruções do especialista e com uma visão especial, hoje, toda a família e escola
perceberam Maira bem mais segura e tranquila no ambiente escolar.
Uma tabela com a compilação dos principais dados colhidos nas entrevistas, com as
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orientações feitas pelos oftalmologistas e arquitetos e com evoluções verificadas até o
presente momento, foi elaborada com o intuito de, relembrar os fatores mais importantes
apresentados no estudo de caso deste artigo.
ALUNO IDADE ORIENTAÇÕES DO
OFTALMOLOGISTA
ORIENTAÇÕES DO
ARQUITETO
EVOLUÇÕES
VERIFICADAS
Sávio 10 anos Uso de óculos;
Uso de lupa.
Forro e paredes
pintados de branco;
Criação de mais fontes
de luz artificiais;
Distribuição dos
pontos de luz
artificiais de maneira
uniforme no ambiente;
Criação de mais uma
janela voltada para o
jardim.
Melhora no humor;
Interesse pelas
atividades propostas;
Maior interação.
Maira 8 anos Solicitou boa iluminação nas
salas de aula;
Controle do excesso e reflexo
da luz aos olhos da aluna;
Atividades com letras,
desenhos e números grandes;
Atividades explicadas com
riquezas de detalhes;
Uso de óculos;
Uso de lupa, quando
necessário.
Modificação da
posição do quadro
negro e
consequentemente da
posição das carteiras
ecolares;
Remoção dos
ventiladores de teto;
Reposição dos
ventiladores nas
paredes;
Criação de mais fontes
de luz artificiais;
Distribuição dos
pontos de luz
artificiais de maneira
uniforme no ambiente.
Maior segurança;
Mais tranquilidade;
Melhor
desenvolvimento das
atividades.
Tabela 1 – Resumo dos estudos de caso
Fonte: Dados produzidos pelo autor (2014)
5. Conclusão
Este trabalho se fez importante por proporcionar um momento de reflexão sobre o sistema
educacional brasileiro, por suas dificuldades e também por sua complexidade, isto é, não cabe
acreditar que apenas uma ou duas ciências são suficientes para a formação
educacional/escolar de indivíduos e/ou formação do espaço escolar. Percebe-se que é de
fundamental importância que a Arquitetura e suas especialidades, estejam inseridas na
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construção e manutenção desses espaços, não somente por sua estética e beleza, mas também
pela responsabilidade social que ela pode atingir.
É difícil talvez pensar que, quando se fala em Educação de Qualidade, se pense
imediatamente na participação do arquiteto nesse sistema, muito embora, essa realidade vem
se modificando.
A Arquitetura sempre se fez presente no espaço escolar, entretanto sua participação estava
muito mais ligada em construção de um espaço de vigilância e controle dos alunos do que a
preocupação de um espaço prazeroso e eficaz à aprendizagem. Na virada do século, no Brasil,
com a discussão sobre inclusão escolar a Arquitetura se fez bastante presente devido à
exigência do Ministério da Educação e Cultura - MEC, pela implantação de rampas,
banheiros adaptados, importância das cores, entre outros componentes que auxiliam na
formação de uma Educação com maior valorização. Isto é, surge então, uma nova concepção
de Arquitetura nas escolas, muito mais preocupada com os benefícios para a equipe de
trabalho e, principalmente, para os alunos.
A intervenção realizada nas escolas citadas na pesquisa se mostrou de uma importância ímpar
para o desenvolvimento da aprendizagem das crianças e crescimento profissional das
professoras e técnicas envolvidas na pesquisa.
Uma vez que, após as sugestões do oftalmologista e as modificações de extrema pertinência
realizadas sob a orientação do arquiteto na escola, os traços e os caminhos para uma
aprendizagem significativa, ficou visivelmente capaz de acontecer de forma positiva para
todos os envolvidos.
Com a melhora da iluminação nas salas de aula e com as orientações realizadas às professoras
participantes da pesquisa, além da intervenção médica, podemos afirmar que os alunos Sávio
e Maira tiveram uma evolução nas atividades em sala de aula, nos rabiscos e grafias dos dois
alunos, etc.
Assim, o objetivo de contribuir para melhorar o desempenho de alunos em sala de aula
através da identificação da conexão entre a baixa visão e a iluminação no ambiente escolar,
com diminuição do esforço visual dos alunos a partir do aumento dos pontos de luz no seu
local de estudos, foi cumprido com a realização desta pesquisa.
A arquitetura escolar renovada pode contribuir de maneira muito significativa para a
superação de dificuldades relacionadas com a baixa visão e problemas de aprendizagem
associados.
Dessa forma, o desafio lançado é cooperar com a literatura da Arquitetura nos espaços
escolares e, se possível, pôr em pauta outras necessidades dentro do espaço escolar, como o
caso da iluminação. Contribuir não somente com a Educação, mas também na vida de
professores, alunos e toda a equipe que necessita de um espaço com iluminação adequada, um
espaço bonito, prazeroso, satisfatório, ou seja, um ambiente pleno.
Referências
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Anexos
Figura 01 – Planta baixa da sala de aula de Sávio.
Fonte: Geração Sustentável (2010)
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Figura 02 – Planta baixa da sala de aula de Maira, antes das modificações.
Fonte: Geração Sustentável (2010)
Figura 03 – Elevação 01 da sala de aula de Maira.
Fonte: Geração Sustentável (2010)
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Figura 04 – Planta baixa da sala de aula de Maira, após as modificações.
Fonte: Geração Sustentável (2010)