Transcript
Page 1: iências Humanas 117 - evl.com.brevl.com.br/enem/wp-content/uploads/2013/10/ciencias-humanas-ficha... · Fonte: ... Os biocombustíveis são obtidos de diversos vegetais, como a cana-de-açúcar,

Curso Pré-ENEM Ciências Humanas

iiiiiiêêêêêênnnnnnccccciiiiiiaaaaaasssss HHHHHHuuuuummmmmmaaaaaannnnnnaaaaaasssssiiiiiiiiiêêêêêêêêêêêêêênnnnnnnnnnnccccciiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaaasssssss HHHHHHHHHHuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmaaaaaaaaaaaaaaannnnnnnnnnnaaaaaaaaaaaaaasssssssEEE SSSUUUAAASSS TTTEE SSSUUAS TTE SUAS TEEE SSSUUUAAAASSS TTTTEEEE SSSSSSUUUUUAAAAAAASSSSS TTTTTT CEEECCCEECECCCCEEECCCEEEEEEECCCC SNNNNOOOLLLOOOGGGIIAAASSSNNOOLOOGGIASNOLOGIASSSSSSNNNNOOOLLLOOOGGGIIAAAASSSNNNNNNNOOOOOLLLLLLOOOOGGGGIIIIIIIIAAAAAAASSSSS

117Ficha de EstudoFicha de EstudoFicha de Estudo 117117

Tema

Natureza e Cultura: Contextos e Espaços

Tópico de estudoImpactos Ambientais das Atividades Econômicas e Recursos Energéticos

Entendendo a competênciaCompetência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.A competência 6 refere-se à capacidade de entender as relações do ser humano com o meio ambiente, auxiliando na compreensão da realidade socioambiental em que as pessoas se inserem. Nessa competência são abordados temas relativos à ocupação dos espaços físicos e à importância dos recursos naturais, auxiliando a compreender como, por exemplo, as tecnologias da sociedade alteram de forma positiva ou negativa o meio ambiente.

Desvendando a habilidadeHabilidade 27 – Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográficos.Dominar essa habilidade implica compreender como as sociedades humanas se alteram e se apropriam do meio am-biente, seja na forma de recursos naturais diretos ou na produção agrícola e industrial. É condição fundamental para desenvolver essa habilidade, prestar atenção às interações do homem com a natureza, considerando o respectivo contexto histórico e as dinâmicas produtivas e sociais do espaço geográfico.

Situações-problema e conceitos básicosONU diz que Biocombustíveis são Crime Contra a Humanidade

A produção em massa de biocombustíveis representa um crime contra a humanidade por seu impacto nos preços mundiais dos alimentos, declarou em 2008 o relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler. Os críticos dessa tecnologia argumentam que o uso de terras férteis para cultivos destinados a fabricar biocombustíveis reduz as superfícies destinadas aos alimentos e con-tribui para o aumento dos preços dos mantimentos. Pouco tempo depois, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse durante viagem à Holanda, que os recentes aumentos nos preços dos alimentos indicam que é necessário produzir mais em nível mundial, mas que não se pode culpar o investimento nos biocombustíveis pela pressão nos preços. Lula voltou ao assunto ao afirmar que a elevação dos preços dos alimentos é “inflação boa”, que “convoca” os países a produzir mais e atender à demanda por alimentos no mundo. “A inflação sobre os alimen-tos é decorrente do fato de que as pessoas estão comendo mais”, disse Lula.

(Ada ptado de Folha Online)

O texto acima expõe dois pontos de vista diferentes sobre o mesmo tema nos conduzindo diretamente a um turbilhão de questionamentos. De forma radical, o relator da ONU afirma que a produção de biocombustíveis brasileira é um crime contra a humanidade, por conta de, mesmo com toda a vocação do Brasil como produtor alimentar, o país destinar terras agricultáveis à produção de combustíveis. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva responde dizendo que o aumento no preço dos alimentos é uma demonstração de que as pessoas estão consumindo mais, buscando tirar o foco da discussão de cima dos biocombustíveis. Afinal, quem construiu o raciocínio mais razoável? Ou melhor, existe algum lado completamente certo nessa argumentação?

Page 2: iências Humanas 117 - evl.com.brevl.com.br/enem/wp-content/uploads/2013/10/ciencias-humanas-ficha... · Fonte: ... Os biocombustíveis são obtidos de diversos vegetais, como a cana-de-açúcar,

Curso Pré-ENEM Ciências Humanas

Os textos 1 e 2 que vamos ler a seguir, em um primeiro momento, parecem não ter relação direta com essa questão. À primeira vista, são assuntos diferentes, ambos sérios e complexos, porém diversos. O primeiro texto fala da elevação do preço dos alimentos e dos seus impactos sobre o cotidiano da população (ameaçando a se-gurança alimentar e comprometendo uma parcela crescente da renda com alimentação). Já o segundo texto fala sobre o uso da gasolina e do etanol como combustíveis, ressaltando as vantagens ambientais do biocombustível.

O objetivo da contraposição dos textos é provar que os assuntos tratados em ambos são muito interligados. As questões relativas à energia, à produção de alimentos e às discussões ambientais se influenciam mutuamente de forma fundamental. Em outras palavras, o preço do açúcar está ligado ao preço do combustível e ambos estão relacionados aos problemas ambientais. Como? Comece lendo os textos.

Texto 1

CONSUMIDORES TENTAM DRIBLAR OS REAJUSTES DOS PREÇOS DOS ALIMENTOS NO DIA A DIA – 08/03/2012.

A constatação revelada hoje pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) de que o preço dos alimentos no mundo aumentou em média 1%, puxado pelo açúcar, cereais e óleos, também é percebida no Brasil. Em Brasília, donas de casa e pais de família reclamam da elevação das despesas domésticas devido ao aumento dos preços nos supermercados em geral. A aposentada Maria José de Brito, de 57 anos, disse à Agência Brasil que o aumento foi geral – de todas as mercadorias que consome no seu dia a dia. “O arroz com feijão é sagrado, todo santo dia tem que ter”, disse ela. “A lentilha e o grão de bico também estão mais caros. Para driblar esse aumento, eu incremento na culinária: faço quibe, por exemplo, e coloco verduras.” Oliveira faz suas recomendações para quem, como ele, tem de ir às compras com frequência. “Compro em promoções. Mas nem sempre compensa, porque é preciso ficar andando de mercado em mercado. Acho abusivo, porque os produtos aumentam, mas o salário, não”. A auxiliar de enfermagem Jaciara Almeida, de 40 anos, reclamou do preço da carne e, segundo ela, a alternativa para economizar é escolher cortes mais baratos. “A carne subiu bastante. Para economizar, estou comprando os cortes mais baratos. Compensa muito. Pego as promoções dos dias, por exemplo.”, disse. Elda Alves da Silva, 36 anos, que é acompanhante de idosos, disse que fica atenta aos anúncios sobre promoções dos supermercados. “Quando tem promoção na televisão, eu corro e compro, porque senão não tem condição de manter a alimentação. Reparei que aumentou muito o café, o arroz, o feijão. Isso faz muita diferença no bolso”, disse ela.

Adaptado de Agência Brasil

Texto 2

ÁLCOOL OU GASOLINA? IMPACTOS AMBIENTAIS TÊM DE SER LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO

O álcool tem autonomia em torno de 30% menor, por isso é preciso mais álcool do que gasolina para cumprir o mesmo percurso. Financeiramente falando, o litro de álcool teria de ser pelo menos 30% mais barato que o da gasolina para valer a pena para o consumidor. Mas o preço não deve ser o único fator de escolha do consumidor. Deve ser considerado o custo do impacto ambiental de usar esse ou aquele combustível. A gasolina contribui para o aquecimento global. É um combustível fóssil derivado do petróleo que emite dióxido de carbono (CO2) ao ser queimado nos motores, e contribui enormemente para o aquecimento global. O etanol - o álcool combustível –, ao contrário, é um combustível renovável, feito de cana-de-açúcar. Embora o etanol também emita CO2 na sua queima, os canaviais absorvem esse gás no processo de fotossíntese. Por isso, do ponto de vista do aquecimento global, o álcool é considerado um combustível limpo. Se levarmos em conta apenas o preço dos combustíveis na hora de encher o tanque, deixamos escapar uma oportunidade de contribuir para combater as mudanças cli-máticas e a conta chegará ao futuro...Podemos fazer escolhas, podemos não levar em conta os impactos ao meio ambiente, mas quanto isso irá custar no futuro? Precisamos estar conscientes dos custos ambientais!

Fonte:http://eco-acao.blogspot.com.br/2010/07/alcool-ou-gasolina-impactos-ambientais.html

Os biocombustíveis são apontados por alguns como uma das alternativas mais viáveis e ecologicamente be-néficas para diminuição da dependência dos combustíveis fósseis. Cabe lembrar que toda a energia proveniente da biomassa é considerada renovável, ao contrário dos combustíveis fósseis.

No entanto, quando acrescentamos a questão alimentar surge a dúvida: esse é o caminho? A expansão do uso dos biocombustíveis não pode comprometer a produção de alimentos e, por consequência elevar seus preços? Para alguns o “remédio” ambiental pode ser uma “doença alimentar”. Podemos começar esse debate discutindo a relação dos biocombustíveis com o meio ambiente.

Os biocombustíveis são obtidos de diversos vegetais, como a cana-de-açúcar, o milho, o girassol, a soja e a mamona. São exemplos de biocombustíveis, o Etanol e o Biodiesel.

Page 3: iências Humanas 117 - evl.com.brevl.com.br/enem/wp-content/uploads/2013/10/ciencias-humanas-ficha... · Fonte: ... Os biocombustíveis são obtidos de diversos vegetais, como a cana-de-açúcar,

Curso Pré-ENEM Ciências Humanas

O biocombustível, ecologicamente falando, apresenta algumas vantagens quando comparado às fontes ener-géticas derivadas do petróleo (gasolina, diesel etc.). No entanto nem tudo são flores, e a lista de desvantagens possíveis e reais atribuídas aos biocombustíveis é tão extensa quanto à de vantagens. Vamos observar o quadro a seguir e comparar.

Vantagens Desvantagens

a – menor emissão de gases poluentes durante a

combustão;

b – contribuição para estabilizar o ciclo do carbono

(co2), pois, como podemos observar na figura 1, a

seguir, o carbono liberado no processo de combus-

tão é absorvido na fase de crescimento do

vegetal;

c – disponibilidade, no caso específico do Brasil, de

grande área para o cultivo de plantas que podem

ser usadas para a produção de biocombustíveis;

d – necessidade de menor investimento financeiro em

pesquisas (as pesquisas de prospecção de petróleo

têm custo muito elevado);

e – possibilidade de substituição do óleo diesel pelo bio-

diesel, sem necessidade de ajustes no motor;

f – manuseio e armazenamento mais seguros em com-

paração com os combustíveis fósseis.

a – consumo de grande quantidade de energia para a

produção;

b – aumento do consumo de água (para irrigação das

culturas);

c – contribuição para reduzir a biodiversidade, pelo

desmatamento e pelas monoculturas;

d – exigência do uso de agrotóxicos e fertilizantes quí-

micos, que podem contaminar os recursos

hídricos;

e – maior possibilidade da diminuição das áreas verdes,

em decorrência da expansão da área de produção

de biocombustíveis;

f – expansão de uma monocultura não alimentar, que

pode contribuir para redução da produção de

alimentos.

Ao analisarmos as vantagens e desvantagens do uso dos biocombustíveis percebemos a presença das três questões antes comentadas: a questão energética, a questão alimentar e a questão ambiental. O debate a ser tra-vado busca entender as consequências do uso dos biocombustíveis nessas três esferas para, a partir daí, definir as ações governamentais.

Fonte: http://www.vestibulandoweb.com.br/biologia/teoria/ciclo-biocombustivel.jpg)

Figura 1 – ENERGIA 3 ALIMENTO 3 QUESTÃO AMBIENTAL

Ciclo do

biocombustível

As matérias primas para o etanol ou o biodiesel são colhidas e trituradas

O CO2 é absorvido pelas plantas enquanto crescem

Para o biodiesel, o óleo é extraído dos grãos, sementes e frutos. Para o etanol, os açúcares da cana e do milho são separados

O biocombustível vai para o tanque dos carros, que emitem CO2

Daí vem o aquecimento, processamento e, no caso do etanol, a fermentação e destilação do álcool

Page 4: iências Humanas 117 - evl.com.brevl.com.br/enem/wp-content/uploads/2013/10/ciencias-humanas-ficha... · Fonte: ... Os biocombustíveis são obtidos de diversos vegetais, como a cana-de-açúcar,

Curso Pré-ENEM Ciências Humanas

Voltando à reflexão proposta inicialmente, o encarecimento dos alimentos em escala mundial tem provocado inquietação, tanto pelo debate acerca dos fatores responsáveis pela alta de preços, como pelo risco de compro-meter a segurança alimentar de milhões de pessoas. É fato que o preço dos alimentos, sobretudo dos cereais, tem subido. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) aponta o aumento dos preços internacionais de grãos entre 2007 e 2008: 31% para o milho, 74% para o arroz, 87% para a soja e 130% para o trigo! Cabe ressaltar que tais produtos constituem matéria prima para outros itens, como farinha, pão e macarrão. Além disso, relacionam-se com o aumento no preço da carne, laticínios e ovos, pois o aumento do consumo de carne (que é uma tendência mundial) pressiona a produção de grãos usados como ração. É necessário um mon-tante de mais de 6 quilos de soja ou milho para produzir um quilo de carne, o que empurra os preços para cima.

O gráfico 1 mostra o índice real de crescimento anual do PIB, da população, dos preços dos alimentos e do pre-ço do petróleo, no mundo, entre 1990 e 2011. Entre 1990 e 2003 o preço dos alimentos e do petróleo cresceu menos que o aumento da população e da economia (PIB). Em 2008 os preços do petróleo e dos alimentos chegaram a um pico antes de caírem em 2009, pressionados pela crise financeira internacional. Em 2010 houve uma retomada de crescimento, atingindo um dos índices mais elevados em maio de 2011.

Segundo a FAO, os principais fatores que influenciam os preços dos alimentos são o aumento da demanda (sim, os pobres estão comendo mais), a alta do petróleo (que é utilizado como combustível na produção e no transporte de alimentos), a especulação financeira (que transformou o alimento em um mercado cotado em bol-sas de valores), a questão ambiental e políticas agrícolas internacionais (protecionismos e subsídios). Condições climáticas desfavoráveis também são mencionadas, por terem arrasado safras em diversas áreas. Sem dúvida, a alta de preços tem relação com a melhoria dos padrões de vida de bilhões de pessoas. A inclusão populacional no regime das economias de mercado e o aumento do consumo de alimentos e matérias primas nos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) contribuem para o aumento dos preços dos alimentos e das matérias primas agrícolas em todo o mundo. Não se trata apenas de uma questão de oferta e procura. O crescimento da demanda por alimentos não é apenas quantitativo (aumento populacional e do consumo), mas também qualitativo (tipos de alimentos consumidos).

Surge, assim, a primeira controvérsia: a elevação de preços pode ser vista como um bom ou um mau sinal? Mais pessoas no mundo estarem comendo melhor é, sem dúvida, uma boa notícia. A elevação dos preços dos alimentos (que prejudica os mais pobres, aqueles que vivem abaixo da linha da pobreza) é, em contrapartida, uma notícia terrível!

Se analisarmos o problema somente sob a ótica do crescimento populacional, corremos o risco de ressuscitar velhas teses Malthusianas e Ecomalthusianas, que ignoravam os padrões de consumo como um fator real para a crise alimentar e ambiental, considerando somente o tamanho das populações. Admitindo que o encarecimento dos alimentos seja causado pelo aumento do consumo da população mundial, qual seria a solução? Para os mal-thusianos, o melhor seria conter o crescimento demográfico. Para os ecomalthusianos, a expansão de áreas cul-tivadas impactaria ainda mais o meio ambiente e, para que isso não ocorresse, seria necessário (também) conter o aumento populacional. Será que essas teorias fazem sentido?

Page 5: iências Humanas 117 - evl.com.brevl.com.br/enem/wp-content/uploads/2013/10/ciencias-humanas-ficha... · Fonte: ... Os biocombustíveis são obtidos de diversos vegetais, como a cana-de-açúcar,

Curso Pré-ENEM Ciências Humanas

Os dados do gráfico 01 colocam em dúvida a relação entre crescimento populacional e preço dos alimentos. Olhe novamente e perceba como os dados demonstram que a elevação dos preços dos alimentos reflete mais o preço do petróleo do que diretamente o crescimento da população e da economia. O petróleo é, absolutamente, relevante nesta discussão, pois tanto pressiona os custos de produção, como os custos de transporte dos produtos agrícolas. Nos cultivos agroindustriais, derivados de petróleo são usados como combustíveis nas máquinas agrí-colas, como matéria-prima de defensivos e fertilizantes químicos. Além disso, também movimentam os veículos que transportam as safras agrícolas. Portanto, se o preço do petróleo continuar crescendo, o preço dos alimentos também deve crescer. Assim, chegamos a outro dilema ainda mais complexo: a alternativa mais próxima e viável para substituição parcial do petróleo são os biocombustíveis, que, para sua produção, dependem do petróleo.

Entre os biocombustíveis mundialmente mais cultivados, destaca-se a cana-de-açúcar no Brasil, a beterraba e a canola na UE e, mais recentemente, o milho nos EUA. Os agricultores americanos cada vez mais encaminham sua produção para o setor energético, em detrimento do mercado alimentar. E a pergunta que não quer calar: o programa brasileiro de álcool contribui com a alta dos preços? O governo brasileiro declarou que não. O ex-presidente Lula afirmou na XII UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, em abril de 2008) que “não há contradição entre a busca de fontes alternativas de energia e o desenvolvimento de padrões agrícolas que garantam a segurança alimentar, pois, no Brasil, os níveis de desnutrição caíram ao mesmo tempo em que aumentaram a produção e o uso do etanol, contribuindo para reduzir as pressões sobre o consumo de petróleo e as emissões de gases poluentes”. Segundo o ex-ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, “a pro-dução brasileira de etanol não envolve subsídios aos produtores de cana-de-açúcar, não ameaça a Amazônia nem as áreas de cultivos de alimentos, pois avança sobre terras que eram subutilizadas ou improdutivas”.

Outro impasse: a necessidade do crescimento da produção agrícola obriga o aumento da produtividade, e isso pode pressionar a expansão da área de cultivo. Historicamente, os avanços ocorreram sobre áreas de ecos-sistemas nativos, reduzindo a biodiversidade em todo o planeta. Foi o caso do avanço da soja sobre cerrados e ecossistema amazônico, o nde o desmatamento traz mudanças climáticas locais e possivelmente globais. Essas, por sua vez, poderiam prejudicar a produção agrícola, criando um ciclo nocivo. É por isso que o desenvolvimento de técnicas agrícolas adaptadas à realidade ambiental de cada região do planeta é de extrema importância.

Por outro lado, a tecnologia tem viabilizado utilizar áreas consideradas inviáveis para a agricultura. A irrigação em solos com déficit hídrico tem garantido o aumento de produção em áreas semiáridas e desérticas. O desenvol-vimento de técnicas agrícolas mais eficientes e menos predatórias contribui para reduzir as perdas por erosão e a pressão sobre os recursos hídricos, bem como para poupar os ecossistemas ainda não afetados, como os casos do amazônico e do cerrado.

Expandir a produtividade sem aumento de áreas cultivadas também introduz a polêmica do uso de organis-mos geneticamente modificados, que possui defensores e críticos contundentes. As controvérsias sobre o uso dos transgênicos e seus impactos sobre o ambiente e a saúde humana ainda não foram resolvidas. Será que a atual crise acabará reforçando os argumentos dos defensores dos transgênicos, apesar das incertezas ainda existentes? Mais lenha na fogueira para aumentar o número de peças daquele quebra-cabeça formado por Meio Ambiente, Produção de Alimentos e Produção de Energia. Cabe a nós e às autoridades buscar um equilíbrio (extremamente difícil de encontrar) entre todos esses tópicos.


Top Related