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Page 1: História - Pré-Vestibular Impacto - Grécia - Esparta II

MA250308

GRÉCIA – ESPARTA (Cont.)

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

PROFº: PANTOJA / MARQUES

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CONTEÚDO

A Certeza de Vencer

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IIVV.. EESSPPAARRTTAA

44..11 IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO “Afirmou-se que Esparta teve duas histórias separadas, a sua própria e a da sua imagem no exterior (ou ‘miragens’). Considerando o muito que se escreveu sobre Esparta na Antiguidade, é notório como o quadro é confuso, contraditório e incompleto. Em parte, isso deve-se, ao fato de a miragem atravessar constantemente a realidade, distorcendo-a e encobrindo-a muitas vezes, e em parte, porque os Espartanos eram extremamente calados. Houve uma época, no período arcaico, em que Esparta desempenhou um papel predominante no desenvolvimento dos traços principais da civilização grega: na poesia, como é sabido, a partir dos fragmentos que ainda existem; na música, de acordo com fidedignas e antigas tradições; até mesmo, ao que parece, na navegação e na criação de algumas das instituições germinais da cidade-estado.” “Contudo, após 600 a.C. aproximadamente, deu-se um corte aparentemente abrupto. A partir daí nenhum cidadão espartano é recordado por qualquer atividade cultural. O seu famoso ‘ddiissccuurrssoo llaaccôônniiccoo’ era sinal de que nada tinham para dizer, a conseqüência final do estilo de vida peculiar que tinham levado a cabo nessa altura.” “(...) Mediante conquistas, Esparta possuía as regiões da Lacônia e da Messênia, bastante férteis, segundo os padrões gregos, dando-lhe acesso ao mar e fornecendo o ferro, produto natural, raro e inestimável (adequado correspondente em relação à prata de Atenas).” ((FFIINNLLEEYY,, pp..7711--7722)).

44..22 AA OORRGGAANNIIZZAAÇÇÃÃOO DDOO EESSTTAADDOO EESSPPAARRTTAANNOO:: LLiiccuurrggoo

“Esparta era efetivamente, aos olhos dos escritores gregos da época, a cidade-estado modelo por excelência, a que se beneficiava da eeuunnoommiiaa, ou seja, de uma boa legislação, atribuída a um legislador muito antigo, Licurgo. Descrito pela tradição como membro de uma das duas famílias reais de Esparta, ele teria, como tutor de um dos reis e após consultar o oorrááccuulloo ddee DDeellffooss, dado à

cidade leis que regulamentariam ao mesmo tempo a organização dos poderes pela famosa rrhheettrraa (...) e todos os aspectos da vida social e econômica (partilha igualitária das terras, proibição do comércio e uso de metais preciosos, educação rigorosamente fixada, refeições feitas em comum, regulamentação do casamento etc.).”

OOrriiggeennss

“(...) A arqueologia confirma que, pelo menos até o século VI a.C., Esparta era uma cidade-estado comparável às outras e dominada por uma aristocracia de grandes proprietários. É bem verdade que a conquista da Messênia, ao cabo de duas longas guerras, havia permitido aumentar o número dos que participavam da função guerreira e que tinham sido beneficiados pela distribuição de lotes, de cclleerróóii, tomados do território conquistado, enquanto a redução à condição de hilotas das populações messênicas permitia-lhes uma dedicação exclusiva à vida militar. Porém, durante a segunda guerra da Messênia a cidade-estado parecia ter fechado em si mesma, com a decadência do artesanato e o desaparecimento do uso da moeda de prata. Diante da massa de populações dependentes (...), a classe guerreira dos hhoommooiióóii, dos semelhantes, formada pelo conjunto dos cidadãos espartanos, passa a ser um grupo privilegiado que vive recluso em perpétuo estado de defesa. Essa é a origem da vida austera que tanto impressionava seus contemporâneos e permitia Esparta desempenhar papel preponderante no mundo grego.” ((MMOOSSSSÉÉ,, pp..112211))

AA RReevvoolluuççããoo HHoopplliittaa

“O aparecimento do hoplita, pesadamente armado, combatendo em linha, e seu emprego em formação cerrada segundo o princípio da falange dão um golpe decisivo nas prerrogativas dos hippeis (cavaleiros) (...). O herói homérico, o bom condutor de carros, podia ainda sobreviver na pessoa dos hippeis; já não tem muita coisa em comum com o hoplita, esse soldado-cidadão. O que contava para o primeiro era a façanha individual, a proeza feita em combate singular. Na batalha, (...) o valor militar afirmava-se sob forma de uma aristéia, de uma superioridade toda pessoal. A audácia que permitia ao guerreiro executar aquelas ações brilhantes, encontrava-a numa espécie de exaltação, de furor belicoso, a lyssa, onde o lançava, como fora de si mesmo, o menos, o ardor inspirado por um deus. Mas o hoplita já não conhece o combate singular; deve recusar, se lhe oferece, a tentação de uma proeza puramente individual. É o homem da batalha de braço a braço, da luta ombro a ombro. Foi treinado em manter a posição, marchar em ordem, lançar-se com passos iguais contra o inimigo, cuidar, no meio da peleja, de não deixar seu posto.” ((VVEERRNNAANNTT,, PP..6666--6677))

FFaallaannggeess HHoopplliittaass –– NNeessttaa cceerrââmmiiccaa aannttiiggaa,, oobbsseerrvvaa--ssee oo eennccoonnttrroo eennttrree dduuaass ffaallaannggeess hhoopplliittaass,, oonnddee ssee iiddeennttiiffiiccaa aa ffoorrmmaaççããoo cceerrrraaddaa ddee ccoommbbaattee,, oo aarrmmaammeennttoo ppeessaaddoo ee aa uuttiilliizzaaççããoo ddoo mmeessmmoo ttiippoo ddee eeqquuiippaammeennttoo ppeellooss gguueerrrreeiirrooss..

“As transformações políticas e sociais que as novas técnicas de guerra produzem em Esparta e que resultam numa cidade de hoplitas traduzem (...) o espírito igualitário de uma reforma que suprime a oposição antiga do Laos e do demos para constituir um corpo de soldados cidadãos, definidos como homóioi e dispondo todos eles em princípio de um lote de terras, de um kléros, exatamente igual ao dos outros.” ((VVEERRNNAANNTT,, pp..6600))

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EEssttrruuttuurraa SSoocciiaall

EEssppaarrcciiaattaass: “Chamados ‘os iguais’ (Homoiói), eram os cidadãos gozando de plenos direitos. Os adultos entre eles, ou seja, os chefes de famílias capazes de portar armas e dotados de lotes de terras, nunca foram muito numerosos; além disso, seu número diminuiu sem cessar: talvez nove ou dez mil quando da redivisão da terra cívica em porções iguais, eram oito mil no início do século V a.C. e não mais de dois mil no século IV a.C. Isto aponta a uma tremenda concentração da propriedade sobre a terra cívica a se processar nos tempos clássicos, caindo com o tempo a maioria dos esparciatas na situação dos ‘inferiores’, ao não poder mais contribuir com alimentos e vinho para as refeições coletivas. De fato, no começo tanto a terra cívica quanto os hilotas eram propriedades do Estado, atribuindo-se somente o seu usufruto aos cidadãos; mas com o tempo os esparciatas passaram a tratar estes bens como propriedade privada, o que possibilitou a sua concentração, num processo cujos detalhes aliás nos escapam.”

PPeerriieeccooss: “Se por um lado não podiam participar da vida cívica de Esparta – o que não os eximia do combate como hoplitas, sob manda dos esparciatas –, monopolizavam o comércio e o artesanato (pela proibição de viverem metecos na Lacônia e na Messênia e pela proibição das operações de comércio com o exterior, salvo aquelas em que os periecos agissem como intermediários), podiam ter bens e terras (distintas das terras cívicas) e comprar escravos. Governavam as suas comunidades com autonomia quanto aos negócios internos, mas sob a vigilância de um governador esparciata nomeado para cada uma delas; naturalmente não podiam ter uma política externa própria. Não são conhecidas revoltas de periecos a não ser tardiamente.”

HHiilloottaass: “(...) camponeses que durante muito tempo foram vistos como escravos públicos, trabalhavam nos lotes atribuídos aos esparciatas, entregando-lhes de início a metade da colheita e, mais tarde, segundo parece, uma quantidade fixa de produtos. Podiam possuir bens e constituir família, mas eram tratados com grande dureza. Iam à guerra em princípio como auxiliares e serviçais; mas a intensificação das guerras externas fez com que fosse necessário armar como hoplitas a muitos hilotas. Estes só podiam ser alforriados pelo Estado. Suas revoltas – cruelmente reprimidas mas sempre recomeçadas – e o fato de que eles e os periecos com o tempo passassem a constituir a grande maioria do exército espartano foram fatores de enfraquecimento do regime tradicional.”

AAppaarreellhhoo PPoollííttiiccoo

DDiiaarrqquuiiaa: “(...) dois reis hereditários (não necessariamente em linha direta, nem segundo o princípio de primogenitura) em duas famílias, os ÁÁggiiddaass e os EEuurriippôônnttiiddaass. Os reis tinham altas funções religiosas e comandavam o exército; não tinham poderes políticos efetivos, a não ser como membros ex officio do Conselho dos anciãos, eram obrigados a jurar lealdade à constituição e vigiados de perto pelos magistrados ou éforos.”

GGeerrúússiiaa: “Conselho de anciãos (...) composta pelos dois reis, mais 28 cidadãos com mais de sessenta anos (isto é, liberados das obrigações militares). Eram vitalícios e eleitos de forma curiosa:

“(...) o membro falecido deveria (...) ter por sucessor o cidadão do qual o valor seria julgado o mais alto entre os homens de mais de sessenta anos”. Esta era a mais importante (...) das competições existentes no mundo e a mais digna de ser disputada. Pois não se tratava do mais rápido dos rápidos, do mais forte dos fortes, mas do melhor e do mais sábio entre os bons e os sábios. (...) A escolha se fazia da seguinte maneira: reunia-se a Assembléia, designavam-se os homens que se recolheriam em uma casa vizinha. Eles não podiam ver, nem serem vistos. Somente o bclamor da Assembléia chegava a seus ouvidos. Era através de gritos, neste caso, como todo o mais, que eles julgavam os concorrentes. Estes não eram introduzidos todos juntos mas, após o sorteio, um de cada vez atravessava em silêncio a

Assembléia. Os membros do júri, fechados, tinham pranchetas, onde inscreviam para cada concorrente a amplitude do clamor. Eles ignoravam de quem estava se tratando, sabendo somente que se tratava do primeiro, do segundo, do terceiro e assim por diante. Aquele que tivesse recebido as aclamações mais prolongadas e mais calorosas, eles o proclamavam eleito.” PPLLUUTTAARRCCOO, “Vida de Licurgo”, XXVI, 1-5 ((IInn:: PPIINNSSKKII,, pp..6688--6699))

“A Gerúsia tinha função de preparação dos projetos de lei a serem votados pela assembléia e funcionava como tribunal para a justiça criminal.”

ÁÁppeellaa: “Formada pelos cidadãos de mais de trinta anos e em pleno gozo dos direitos, reunia-se ao ar livre, elegia os ggeerroonntteess e os ééffoorrooss e votava sem discutir – por aclamação ou, em caso de dúvida, dividindo-se em dois grupos – as propostas que lhe foram submetidas pelos éforos ou pela Gerúsia. Se tentasse ir contra o costume e discutir as propostas, ou tomar qualquer decisão contrária à constituição, os reis e a Gerúsia tinham o poder de dissolvê-la.”

EEffoorraattoo: Os únicos magistrados espartanos eram os cinco éforos, eleitos por um ano pela Ápela entre todos os esparciatas, sem qualquer distinção de riqueza ou nascimento. No século VI a.C. parece ter ocorrido um reforço de suas atribuições (reforma atribuída ao éforo Quílon). O presidente do colégio dos éforos era epônimo, ou seja, dava o seu nome ao ano em que exercia suas funções. Presidia a Ápela, em especial, quando eram recebidos embaixadores estrangeiros ou se votava a paz ou a guerra. Em caso de guerra, os éforos ordenavam a mobilização e estabeleciam a estratégia a ser seguida; dois deles acompanhavam o rei que, para a campanha em questão, recebesse o comando supremo. A função principal dos éforos era, na verdade, a de controlar a educação dos jovens e vigiar a vida social e política de Esparta, com a finalidade de evitar qualquer desvio em relação ao regime tradicional. Tinham grandes atribuições judiciárias, podendo julgar mesmo os reis. Seu enorme poder era limitado pelo caráter anual e colegiado do cargo. No conjunto, então, apesar da presença dos reis, o regime espartano era oligárquico e não monárquico, mas de um tipo muito especial. ((CCAARRDDOOSSOO,, pp..5533--5566)) “Deve-se notar enfim que o regime de Esparta, com sua dupla realeza, a apella, o éphoroi e a gerousia, realiza um ‘equilíbrio’ entre os elementos sociais que representam funções, virtudes ou valores opostos. Neste equilíbrio recíproco assenta-se a unidade do Estado, ficando cada elemento contido pelos outros nos limites que não deve ultrapassar. Plutarco atribui assim à gerousia um papel de contrapeso que mantém entre a apella popular e a autoridade real, um constante equilíbrio que se coloca, segundo o caso, do lado dos reis para se opor a democracia, ou do lado do povo para impedir o poder de um só. Da mesma maneira, a instituição dos éphoroi representa no corpo social um elemento guerreiro, “júnior” e popular, por oposição à gerousia aristocrática, qualificada como convém a “seniores”, por uma ponderação e uma sabedoria que devem contrabalancear a audácia e o vigor guerreiros.” ((VVEERRNNAANNTT,, pp..7700--7711))

BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA CCAARRDDOOSSOO, Ciro F. ““AA CCiiddaaddee--EEssttaaddoo AAnnttiiggaa””. SP: Editora Ática, 1993. FFIINNLLEEYY, Moses. ““OOss GGrreeggooss AAnnttiiggooss””. Lisboa: Edições 70, 2002. MMOOSSSSÉÉ, Claude. ““DDiicciioonnáárriioo ddaa CCiivviilliizzaaççããoo GGrreeggaa””. RJ: Jorge Zahar Editor, 2004. PPIINNSSKKYY, Jaime. ““110000 TTeexxttooss ddee HHiissttóórriiaa AAnnttiiggaa””. SP: Contexto, 2001. VVEERRNNAANNTT, Jean-Pierre. ““AAss OOrriiggeennss ddoo PPeennssaammeennttoo GGrreeggoo””. RJ: Difel, 2006.


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