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Calendário das aulas de História Geral em 2006: 1a Parte do Curso - Aulas com duração de uma hora: Aula no. 0 - Apresentação e reflexão sobre o vestibular Aula no. 1 - O feudalismo e a crise do feudalismo na Europa ocidental Paixão de Cristo Aula no. 2 - A Formação dos estados nacionais, enfoque sobre o caso de Portugal Aula no. 3 - O Estado moderno: absolutismo e mercantilismo Aula no. 4 - O Renascimento Semana Santa Primeira aula especial: Passeio pelo centro histórico do Rio de Janeiro Aula no. 5 - A América pré-colombiana Aula no. 6 - A colonização da América Aula no. 7 - As reformas religiosas na Europa Corpus Christi Aula no. 8 - As revoluções inglesas Aula no. 9 - A Revolução científica e o Iluminismo do século XVIII Aula no. 10 - O Despotismo esclarecido Segunda aula especial: Vídeo Aula no. 11 - A Independência dos Estados Unidos Aula no. 12 - A Revolução industrial, aula 1: as causas da Revolução industrial Aula no. 13 - A Revolução industrial, aula 2: a revolução e suas conseqüências Aula no. 14 - A Revolução francesa, aula 1: causas da Revolução Francesa Aula no. 15 - A Revolução francesa, aula 2: as eras das instituições e das antecipações 2a parte do curso - aulas com duração de duas horas: Aula no. 16 - O Império napoleônico e a independência dos países latino-americanos Aula no. 17 - As revoltas e revoluções, idéias e ideologias da Europa do século XIX Aula no. 18 - A industrialização da Europa continental e unificações italiana e alemã Terceira aula especial: Música e História Aula no. 19 - A guerra de Secessão americana e expansionismo dos EUA Aula no. 20 - O imperialismo na África e na Ásia Aula no. 21 - A América Latina no século XIX e a Revolução Mexicana Aula no. 22 - A primeira guerra mundial Aula no. 23 - A revolução russa Aula no. 24 - A crise de 1929 e a depressão dos anos 30 Aula no. 25 - Os fascismos e a segunda guerra mundial Aula no. 26 - A Guerra fria Aula no. 27 - A revolução chinesa Aula no. 28 - As lutas de libertação nacional na África e na Ásia Aula no. 29 - A América Latina contemporânea Aula no. 30 - O Oriente Médio contemporâneo e o mundo árabe Aula no. 31 - O fim da URSS e a nova ordem mundial

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História Geral - Aula no 1 - O feudalismo e crise do feudalismo na Europa ocidental 1. O Feudalismo, conceituação:

. O que foi: Feudalismo foi o modo de organização da sociedade na Idade Média (séculos V ao XV) na Europa. Sua característica maior é a servidão, relação social de produção onde há dependência e exploração entre o senhor e o servo. Basicamente, o servo trabalhava nas terras do senhor e o senhor tinha que defender o servo. Vejamos outras características do feudalismo.

. Descentralização política: Apesar de haver reis e reinos com grandes territórios, quem realmente tinha o controle das diversas regiões da Europa eram os senhores feudais, cada um tendo controle sobre o pequeno senhorio, estando a Europa dividida, portanto, em pequeníssimos estados, cada um com o seu senhor.

. Produção para o consumo: Diferentemente do capitalismo, no regime feudal produziam-se bens essencialmente para o consumo dos habitantes do próprio senhorio. Assim, produzia-se apenas o pão que iria ser consumido no senhorio e não mais do que isso, a produção não era feita em função do comércio, apenas o excedente de produção era vendido para o mercado.

. Pequeno comércio e pouca movimentação de pessoas: O comércio entre as diversas regiões da Europa era pequeno assim como a movimentação das populações, principalmente na primeira parte da Idade Média, a Alta Idade Média (séculos V ao X). O comércio e a urbanização aumentaram na Baixa Idade Média (XI-XV).

. Três ordens sociais: A sociedade medieval poderia ser dividida em três ordens ou grupos. Os que lavram, os camponeses que eram servos; os que guerreiam, a nobreza feudal que lutava nas guerras; e os que oram, o clero, membros da Igreja que, nesse período tinham grande prestígio. Tanto a nobreza – os cavaleiros – como o clero eram proprietários de terra e, portanto, senhores feudais.

. Predomínio da Igreja romana e teocentrismo: A Igreja católica era muito poderosa nesse tempo, podendo ser considerada a maior força da Idade Média, mais que os reis e senhores feudais. Tudo nesse período era explicado através da religião, de Deus e a superstição era muito forte entre todas as pessoas.

. Condenação do lucro e da usura (juros) pela Igreja: Um ponto importante da doutrina da Igreja nesse período era a condenação do lucro e da usura, que se tornaram empecilhos para o crescimento do artesanato e comércio, tornando-se um ponto de conflito entre a Igreja e a burguesia que estava surgindo na Baixa Idade Média. Essa condenação do lucro e o fato de a produção não ser voltada para o comércio eram empecilhos para o desenvolvimento da burguesia.

2. Crise e queda do feudalismo:

. A Baixa Idade Média (XI-XV): Após o fim das invasões bárbaras da Alta Idade Média, a população na Europa começa a crescer, levando em seguida à expansão do comércio e ao surgimento das cidades, o que iria trazer grandes mudanças para a Europa.

. Expansão do feudalismo: As inovações técnicas, o aumento da mão-de-obra e o fim das invasões permitiram a produção de um excedente da produção nos senhorios que era vendido. Isso cria um certo comércio e uma classe mercantil, que transportava e comercializava essa produção. Novas terras começam a ser exploradas e o feudalismo se expande, surgindo grandes movimentos mercantis como o comércio marítimo e as Cruzadas, expansão do feudalismo europeu para o Oriente.

. Feiras e burgos: Com o aumento do comércio, surgem as feiras, lugar onde se vendia o excedente de produção dos senhorios. Elas logo cresceram e deixaram de ser temporárias para serem permanentes, virando cidades – ou burgos. Os comerciantes e artesãos que se estabeleciam nessa região compravam as terras dos senhores e faziam burgos livres dos senhores feudais. Para lá fugiriam os servos, reforçando a produção dessas cidades.

. Burguesia: O artesanato nas cidades se organizava através das corporações de ofício, que eram as uniões hierarquizadas de artesãos que faziam um mesmo produto. Os chefes dessas corporações, mestres de ofício, e os comerciantes se enquadram no perfil da nova classe que estava surgindo, a burguesia.

. Crise do século XIV: Nesse século, uma grande crise de fome, peste e guerras assola a Europa matando um terço da sua população. Essa crise irá acentuar as modificações que já vinham ocorrendo no campo e, principalmente, irá acentuar a fuga de camponeses para as cidades.

. Crise final do sistema: Com a fuga de servos para as cidades, a revolta de outros e a morte de mais camponeses com a peste e a fome, os senhores feudais entram em crise e muitos vão perder seus postos. As relações no campo na Europa Ocidental não vão mais se basear na servidão. Era a decadência do feudalismo e o fim da Idade Média.

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História Geral - Aula no 2 - A formação dos estados nacionais, enfoque sobre Portugal 1. A formação dos estados nacionais, características gerais:

. Acordo entre nobreza, clero e burguesia: Com o enfraquecimento da classe feudal – os senhores de terra –, as monarquias vão conseguir se fortalecer no panorama europeu. As novas monarquias são chamadas de absolutas, características da Era Moderna na Europa (séculos XV-XVIII). Essa monarquia onde aparentemente o rei tem todo o poder do Estado é, na verdade, um Estado com a preponderância do clero e da nobreza, tendo também a presença importante da burguesia.

. Mercado nacional unificado: Interessa ao comércio e à produção dos burgos um estado nacional onde não se precise pagar taxas para atravessar os senhorios (como acontecia na Idade Média), onde os pesos e medidas sejam os mesmos em todo o território nacional e a moeda seja a mesma em todo o reino. Tudo isso é cumprido no novo estado que está surgindo. O mercado nacional é unificado pelos interesses do comércio e da produção da burguesia.

. Língua nacional: É nesse mesmo período que surgem as línguas nacionais européias. Elas são importantes para que todos no país se entendam na fala e na escrita e o Estado se faça presente em todo o território com uma língua comum. O surgimento das línguas nacionais é marcado pela publicação de grandes obras literárias nacionais.

. Redução do poder da Igreja e do papa: Se durante a Idade Média, o poder do papa se fazia presente em toda a Europa fragmentada em pequenos senhorios, agora na Era Moderna, o poder papal encontrará dificuldade de se impor diante de poderosos estados nacionais. Há diversos conflitos entre a Igreja e os Estados recém-surgidos.

. Casos particulares: Apesar de haver características gerais ao surgimento dessa nova forma de organização política, o estado nacional, cada país se unificou em condições específicas: A Espanha se unificou pela luta de várias casas de nobreza contra os muçulmanos na península ibérica, é a chamada guerra de Reconquista. No final do conflito, o rei de Aragão se casou com a rainha de Castela unificando o território; a França fortaleceu a sua monarquia e o seu exército com a guerra dos cem anos contra a Inglaterra; a Inglaterra teve a especificidade de manter forte os poderes regionais através do parlamento durante a Idade Média, que não era completamente submisso ao rei; Itália e Alemanha não conseguiram se unificar, só o fazendo no século XIX, já no contexto das revoluções burguesas.

2. A unificação de Portugal:

. Uma região voltada para o mar: Também dominada pelos mouros – muçulmanos ibéricos – assim como a Espanha, Portugal surgiu na luta de Reconquista contra os mouros, que chegaram na península no século VIII. Desde cedo, Portugal mostrou uma forte tendência para a pesca e o comércio, visto que era o entreposto marítimo entre as duas principais regiões de comércio da Europa, as cidades italianas e Flandres. Assim, conseguiu se organizar facilmente para a expulsão dos mouros. No século XII, todos já tinham sido expulsos da região, diferentemente da Espanha que só expulsou os últimos muçulmanos do seu território em 1492.

. Feudalismo diferente, centralizado: O condado Portucalense surge como um estado vassalo de Castela, tornando-se independente em 1139. Portugal se caracterizava no início por ter um feudalismo muito centralizado, diferente de outros feudalismos na Europa. O rei tinha mais poder do que em outras regiões da Europa, o feudalismo iria acabar no país com a Revolução de Avis de 1385.

. Decadência do feudalismo em Portugal: O rei era forte em Portugal e, opondo-se aos senhores feudais, faz um amplo incentivo à fuga dos servos e também a criação das feiras de comércio. Os senhores feudais vão se enfraquecer e desesperadamente tentam se aliar a Castela para manter o poder sobre os senhorios. Isso detona a guerra que trará a formação do moderno estado português, a chamada Revolução de Avis.

. Revolução de Avis: Em uma disputa dinástica, dois postulantes ao trono se confrontam em uma guerra. A casa de Borgonha era aliada aos senhores feudais portugueses e ao poderoso reino de Castela. Do outro lado, Dom João da casa de Avis, aliado dos comerciantes portugueses, dos pescadores e mestres de ofício. A vitória é de Dom João I e marca o fim do feudalismo em Portugal e o início do estado nacional monárquico português. Com essa unificação adiantada do país, os lusitanos serão o primeiro povo a navegar pelos oceanos em busca de riqueza. Nesse momento, Portugal é uma das regiões mais avançadas comercialmente da Europa, sendo o primeiro Estado a se unificar de fato.

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História Geral - Aula no 3 - O Estado moderno: absolutismo e mercantilismo 1. Apresentação:

A época moderna é um período de transição entre o feudalismo medieval para o capitalismo contemporâneo. Apesar de formas de trabalho semelhantes à servidão continuarem comuns no campo, existe uma burguesia mercantil e manufatureira com certo poder. Em função desse quadro social complexo em que coexistem burguesia e nobreza, existe uma forma própria de Estado, o estado absolutista e uma teoria e política econômica de forte intervenção do Estado também restrita a esse período histórico, o mercantilismo.

2. O Absolutismo:

. Conceituação: O nome absolutismo dá a falsa idéia de que o rei tem poderes absolutos, totais. Na verdade, o rei serve como um ponto de equilíbrio entre os conflitos existentes entre as classes sociais daquela sociedade – burguesia, nobreza e campesinato. Em função desse quadro contrastante, o rei representava o poder que terminaria com todos os conflitos. Na verdade, o rei tinha que jogar com as pressões desses grupos sociais. A classe hegemônica daquele meio, no entanto, era a classe que se sustentava a partir do controle da terra, ou melhor, a nobreza e o clero.

.Antigo regime: É o nome dado ao regime absolutista pelos iluministas do século XVIII de uma forma pejorativa. Na história é sinônimo de monarquia absoluta ou absolutismo.

. Teóricos do absolutismo: O poder absoluto era legitimado através de discursos. Esses discursos foram importantíssimos para que o regime se consolidasse e fosse aceito por todos. As principais teorias são:

. O Direito divino dos reis: Le Bret, Bodin e Bossuet são teóricos franceses que afirmam que os reis têm uma origem divina e por isso têm a legitimidade para governar. Essa é a principal base de sustentação teórica do regime absolutista. Portanto, a figura do rei nos tempos modernos é sagrada.

. O Leviatã: Hobbes afirma que o homem é o lobo do homem e sem um governo forte e coercitivo, o homem pode se destruir. Diante dessa animalidade humana, é necessário um governo forte na mão de um rei.

. Maquiavel: Esse autor escreveu o livro O Príncipe mostrando como os reis italianos de seu tempo agiam, como eram anti-éticos e arbitrários, mostra como eram os regimes absolutistas de seu tempo.

3. Mercantilismo

. O que é: É a teoria e a prática econômica dos estados modernos, das monarquias absolutas. Tem como característica fundamental a intervenção do Estado na economia para o fomento da riqueza nacional. Pressupõe que a riqueza não se reproduz, ela é limitada na natureza, por isso os estados europeus vão ter longas e numerosas guerras para ter essa riqueza. Essas medidas têm o objetivo também de fortalecer o poder dos ainda fracos Estados nascentes. Existem ainda aspectos específicos do mercantilismo:

. Metalismo – ou bulionismo: É o fator maior do sistema mercantilista que vai explicar todas as outras características desse sistema. Pensava-se na época que toda a riqueza do mundo estava nas pedras preciosas e outras riquezas naturais, principalmente o ouro e a prata. A riqueza de um país media em quanto ouro e prata havia em seu território. Diante disso, os países europeus restringem a saída de ouro e prata dos seus territórios, tentando trazer o máximo desses metais para dentro se suas fronteiras.

. Balança comercial favorável: Os países europeus traçaram várias formas de se conseguir essa riqueza em metais. Com a balança comercial favorável, exportando-se mais do que se importava, o reina adquiria metais de outros reinos. Todos os países europeus tentavam manter esse saldo positivo na balança.

. Colonialismo: Consistia na aquisição matérias-primas de alto valor, ouro e prata nas colônias no ultramar e a venda de produtos manufaturados para estas regiões. Era mais uma forma de enriquecimento.

. Industrialismo: Era o fomento da produção de manufaturas, principalmente para exportação, objetivando uma balança favorável. Essa é uma característica mais tardia do mercantilismo, dos séculos XVII e XVIII. As unidades fabris desse período não são as mesmas da Revolução Industrial, são manufaturas.

. Populacionismo: O poder de uma nação também era medido pela população que havia no reino. Isso porque a população mostrava o tamanho do exército que o país podia montar e a produção de alimentos e manufaturas que esse país podia ter, especialmente em períodos de guerra.

. Contraste com o liberalismo: A teoria econômica que surge no final do século XVIII e consolida-se no século XIX, o liberalismo, nasce da crítica dessas práticas mercantilistas. O liberalismo defende a não intervenção do Estado na economia, já que as leis naturais do mercado regulariam automaticamente a economia.

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História Geral - Aula no 4 - O Renascimento

1. Renascimento, conceituação: . O que foi: Foi a efervescência artística e cultural vivida nos séculos XV e XVI na Europa Ocidental que

marca o início da Era Moderna e o nascimento do universo burguês, especificamente em sua face cultural. No Renascimento, fica claro o rompimento com a Idade Média em grande parte de seus elementos. É, sobretudo, a exposição do universo e dos valores da nova classe emergente, a burguesia.

. Quando e onde: O Renascimento foi um movimento restrito à Europa Ocidental católica. Seu epicentro foi certamente a Itália e de modo mais específico, a cidade de Florença. Desde o meio da Baixa Idade Média já se via um florescimento das artes e da cultura, mas isso tomou uma forma ampla mesmo apenas no século XV. A partir deste momento ela sairá da Itália e ganhará todo o espaço da Europa Ocidental.

2. Elementos do Renascimento:

. Estudo dos clássicos greco-romanos: Um dos elementos que sublinham o afastamento com a Idade Média é a visitação dos textos e livros clássicos da Antiga Grécia e do Império Romano. Reliam-se os textos políticos, admirava-se a arte daqueles povos e os seus conhecimentos sobre a natureza e o mundo. Inclusive a religião pagã desses povos antigos traz interesse, mas o catolicismo não chega a perder força diante disto.

. Humanismo: Ao contrário do extremo peso que tinha a Igreja e Deus na cultura medieval, agora a atenção é voltada para o homem. Este, agora, constrói o seu mundo, o homem pode construir o seu conhecimento, conhecimento que pode modificar o mundo. O próprio conhecimento e as ações do homem na Terra não se justificam mais unicamente por Deus. Fala-se de um antropocentrismo – o homem no centro de tudo – moderno ante um teocentrismo medieval.

. O indivíduo e a razão: A noção individual do mundo passa a ser valorizada contra uma visão mais comunal ou religiosa, característica da Idade Média. E esse indivíduo usa a razão para compreender o mundo. A razão, durante a Idade Média, era menos importante do que a fé, era submissa a esta.

. Avanço do conhecimento e da técnica: Surge nesse período a origem do que depois será chamado de ciência. A razão agora será valorizada, mas ainda não será mais importante do que a fé. O conhecimento racional das coisas começa a ganhar corpo para depois triunfar no Iluminismo no XVIII. Durante o Renascimento e os séculos seguintes, constata-se um grande avanço de todos os campos do conhecimento e da técnica.

. As artes: De forma bem ampla, as artes vão ser renovadas. Novas técnicas, novas formas de se fazer arte e também novos elementos artísticos serão introduzidos enriquecendo e diversificando bastante o campo das artes na Europa. As artes vão ser financiadas pelos mecenas, homens ricos – burgueses ou nobres – que patrocinavam os artistas para que estes fizessem as suas obras de arte. Com esse financiamento, surgem alguns artistas profissionais, o que antes não existia. Essa arte, porém, não é voltada para as massas, mas para uma pequena elite apenas.

. A imprensa, as línguas e as grandes obras literárias: Um grande avanço técnico do período é a invenção da imprensa. Com ela, as obras literárias serão difundidas mais rapidamente, haverá um pequeno impulso para a redução do analfabetismo, mas a maioria da população européia ainda continuará analfabeta. Nesse momento surgirão as línguas nacionais, principalmente a partir de grandes obras literárias nacionais. Cada país que se unifica e ganha a sua língua própria, tendo também a sua própria obra-mãe. Assim, Os Lusíadas de Luís de Camões é tido como a certidão de nascimento da língua portuguesa, junto com outros escritos portugueses do mesmo período. O Dom Quixote de Miguel de Cervantes é a principal obra espanhola do período e é um marco para a fundação do idioma castelhano. A Utopia de Thomas Morus e as obras de Shakespeare são marcos fundantes da língua inglesa e assim por diante.

. O elitismo do Renascimento: Vale lembrar que nessa época poucos eram os que sabiam ler e também eram poucos os que tinham acesso à arte. Essa arte que surge no Renascimento era fortemente elitista, poucos tinham acesso a esta arte e poucos também podiam entendê-la.

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História Geral - Aula no 5 - A América pré-colombiana e a colonização da América

1. A América Pré-colombiana: Diversidade: A América, antes da chegada dos europeus em 1492, era densamente habitada. Estima-se

entre 80 a 100 milhões o número de habitantes do continente naquele período. Havia grupos em vários estágios de desenvolvimento, desde grupos semi-nômades que usavam a agricultura de maneira não generalizada – como os índios encontrados no Brasil – até as grandes civilizações Inca, Asteca e Maia. Os maias tinham como organização a cidade-estado e desapareceram como civilização antes da chegada dos europeus. Os incas e astecas se organizavam em grandiosos impérios onde hoje ficam aproximadamente o Peru e o México. Ambas civilizações foram destruídas pelos espanhóis.

2. A conquista e a colonização:

. O Genocídio: Se existiam por volta de 100 milhões de habitantes na América no final do século XV, no final do século XVI, os indígenas não passavam de 10 milhões devido à conquista européia. Foi o maior genocídio da História. As duas grandes civilizações foram dominadas e seus complexos sistemas produtivo e político foram tomados pelos espanhóis. Milhões de índios foram escravizados pelos conquistadores. A violência da invasão fez também minguar e até fez desaparecer as culturas desses povos.

. Traços gerais das colonizações: Todas as dominações feitas pelos diversos povos europeus foram marcadas pela extrema violência dos brancos e pelo objetivo maior da colonização, o enriquecimento dos conquistadores e de seus países de origem.

. O Colonialismo: A colonização da América se deu dentro do quadro do mercantilismo europeu, ela buscava o enriquecimento da nação de origem. A colônia deveria se especializar na produção de produtos primários de alto valor no mercado europeu, como o ouro, a prata, o açúcar, o tabaco, o algodão, o cacau, etc. Esses produtos só podiam ser vendidos para a metrópole colonizadora – é o exclusivo comercial – que revenderia os mesmos produtos no mercado europeu. A metrópole vendia também produtos manufaturados do reino para as colônias e estas eram proibidas de produzir qualquer artigo que concorresse com a produção metropolitana. Também importante era o comércio de mão-de-obra, o tráfico de escravos africanos e indígenas que davam tanto lucro aos comerciantes metropolitanos e locais. Esses princípios norteavam todas as colonizações na América, com a exceção de regiões conquistadas mas não colonizadas, como o Norte das treze colônias inglesas e outras poucas regiões da América.

. A colonização espanhola: Segundo o Tratado de Tordesilhas de 1494 – que em seguida não foi respeitado – a Espanha ficaria com a maior parte do continente americano. Os espanhóis foram o primeiro povo europeu a chegar nas novas terras, o primeiro a achar grandes riquezas e a iniciar a colonização no início do XVI. Logo, foi descoberto ouro no México asteca e prata em grande quantidade no Império Inca, regiões do atual Peru e Bolívia. Fez-se uma grande empreitada mineradora, usando-se mão-de-obra compulsória (obrigatória) indígena, seguindo formas de trabalho que existiam na região antes da chegada dos europeus. Outras áreas da América hispânica se especializaram na pecuária, agricultura e atividade portuária em função daquelas áreas mineradoras.

. Colonização portuguesa: Um pouco mais tardia que a espanhola, foi especializada na produção de produtos agrícolas, como a cana-de-açúcar e derivados na costa Nordeste do Brasil atual, utilizando-se do trabalho escravo indígena e africano. No XVIII, houve forte mineração de ouro e diamante no interior do território, com a utilização do mesmo tipo de mão-de-obra.

. Colonização francesa: Mais atrasada, deu-se em regiões teoricamente já dominadas pelas potências ibéricas, como Quebec (leste do Canadá atual), Louisiana (atual região dos EUA), na costa portuguesa fundando cidades como o Rio de Janeiro e São Luiz – depois reconquistadas pelos portugueses –, no Haiti e outras localidades. No século XVIII, desenvolveu uma poderosa produção escrava açucareira no Haiti.

. Colonização inglesa: A mais tardia, deu-se apenas no século XVII, majoritariamente na costa Leste da América do Norte. Na faixa Sul do território, desenvolveu-se a colonização de fato com grandes propriedades e trabalho escravo que produziam tabaco, açúcar e outros produtos para exportação. No Norte do território, não há colonialismo – ou pacto colonial –, há apenas uma faixa livre de terra para onde perseguidos religiosos e políticos de toda a Europa fugiam. Lá, eles se estabeleciam gratuitamente em pequenas propriedades.

. Colonização holandesa: De menor importância, estabeleceu territórios nas Antilhas e no Norte da América do Sul – o atual Suriname – principalmente com produção de cana-de-açúcar. Muito importante também foi a ocupação holandesa no Nordeste da América portuguesa de 1630 a 1654.

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História Geral - Aula no 7 – As Reformas religiosas 1. Introdução:

. Conceituação e contextualização: As reformas religiosas ocorreram no século XVI na Europa e têm certa diversidade. Trata-se de um grande movimento, múltiplo, de contestação da velha religião católica em sua forma medieval. Este movimento adequou a religião aos novos tempos, à nova sociedade que emergia nos tempos modernos com a marcada presença da burguesia. O velho catolicismo feudal, do dízimo obrigatório, das missas em latim, da condenação da usura e do grande lucro não davam mais conta dos interesses e modo de vida dessa classe ascendente, a burguesia, e de toda nova vida material existente na Europa Ocidental.

2. A reforma protestante:

. Críticas à Igreja: A primeira reforma e a detonante de todas as outras, a reforma luterana, parte de uma crítica interna na Igreja. As críticas de Martim Lutero se dirigiam à corrupção do clero, ao enriquecimento da Igreja, à venda de indulgências – uma forma de perdão religioso – e de outros artigos religiosos diversos, inclusive terrenos no céu. Criticava-se também a condenação feita pela Igreja aos juros, ao lucro e a outras práticas dos comerciantes e burgueses em geral.

. O Luteranismo: Lutero, um monge alemão da Igreja, faz essa série de críticas a esta em 1517, tornando-se logo um inimigo dela até ser excomungado. Ele defendia que a Bíblia fosse traduzida nas línguas nacionais e não fosse só em latim como era até então, defendia a salvação pela fé e condenava o excesso dos ritos católicos. Consegue uma legião de seguidores na Alemanha, dentre camponeses, comerciantes e príncipes. Os camponeses alemães interpretam os ensinamentos luteranos como palavras de libertação contra a opressão senhorial e fazem uma revolta. São massacrados pelos príncipes alemães com o apoio de Lutero.

. Calvinismo: Calvino é um suíço seguidor de Lutero, ele reformula as palavras deste, dando origem a outra seita protestante – em seguida, surgirão várias destas. Cria a teoria da predestinação, onde o homem já nasce com um destino certo após a morte escolhido por Deus, é certo já se ele irá para o inferno ou o paraíso.

. Expansão e guerras: O protestantismo rapidamente se expandiu a partir da Alemanha e da Suíça, passando a ser a religião dominante do Norte da Europa. Essa expansão levou a várias guerras entre católicos e protestantes entre os países europeus e também dentro desses países.

3. A Reforma Anglicana:

. Uma religião nacional: O rei da Inglaterra nunca teve muito poder em seu país devido à força da nobreza representada no parlamento, existente desde a Idade Média. Henrique VIII, rei inglês, resolve nacionalizar em nome da Coroa todas as propriedades da Igreja católica no país, sendo apoiado pelo Parlamento. Vários sacerdotes católicos foram mortos e a Igreja Católica passa a ser Igreja Anglicana em 1534, onde o rei era o chefe supremo da mesma. A Coroa fica com as enormes propriedades rurais católicas em seu país, vendendo e alugando essas terras. Isso leva a um grande incremento do poder real no país.

4. A Reforma Católica ou Contra-Reforma:

. Planejamento do contra-ataque: A Igreja Católica não ficou parada ao ver seu poder sendo atacado. Convocou o Concílio de Trento (1545-1563) que reformulou a Igreja Católica, preparando o contra-ataque ao protestantismo. Várias são as mudanças e medidas desse Concílio.

. Fatores da Contra-Reforma: A própria Igreja Católica se reformou, adequando-se aos novos tempos e à nova sociedade européia. Muitas das críticas luteranas feitas à Igreja foram admitidas pela hierarquia católica e decisões foram tomadas a respeito. Criticava-se que muitos padres não estavam preparados para exercer a função e só viravam padres as pessoas com maior projeção social. Foram criados então os seminários, onde os padres iriam ser preparados para exercer a função. Foi instalado nos países majoritariamente católicos – Portugal, Espanha, Itália, França e outros – o Tribunal do Santo Ofício, a Inquisição, que perseguia os hereges, os judeus, protestantes e outros, condenando-os a punições diversas. Foi criado o Índice, lista de livros proibidos que deveriam ser queimados nos países católicos. Foi criada a Ordem dos Jesuítas que tinha o objetivo de propagar a fé católica pelo mundo. Estes foram muito importantes na América portuguesa e espanhola, sendo donos de fazendas, usavam largamente o trabalho compulsório indígena em missões e fazendas e tinham a função de educar os filhos da elite colonial. A dureza das decisões do Concílio levou judeus estabelecidos em Portugal e Espanha a fugirem para países com religião livre como os Países Baixos ou a virar cristãos novos nesses países.

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História Geral - Aula no 8 - As revoluções inglesas do século XVII 1. Conceituação da Revolução inglesa:

. O que foi: A Revolução inglesa – ou revoluções – do século XVII se deu entre 1640 a 1688 e marca o fim do regime absolutista na Inglaterra. É o primeiro grande país europeu a dar fim à monarquia absoluta. Não à toa, será o primeiro país industrializado do mundo e a maior potência do século XIX. Vejamos através do desenvolvimento do país desde o fim da Idade Média porque isso ocorreu primeiramente na Grã-Bretanha.

2. A mercantilização da sociedade, do século XIII ao século XVII:

. A Magna Carta e o parlamento: Desde a Baixa Idade Média, a nobreza britânica não aceita facilmente a centralização do poder na Coroa. Através da Magna Carta de 1215, os nobres ingleses exigem que se crie um parlamento – que, depois, no século XIV será dividido entre Câmara dos Lordes e Câmara dos Comuns – para limitar o poder real.

. A criação de ovelhas e os cercamentos: A partir do século XIV, a Inglaterra passa a ser um grande criadouro de ovelhas para exportação de lã para a Holanda. Para tal, expulsam-se os camponeses de suas terras e transformam-se propriedades coletivas em privadas – pertencentes aos nobres –, são os cercamentos. Os camponeses sem terra passam a trabalhar por salários ou a arrendar (alugar) terras de proprietários. Os camponeses perdem o controle das terras e estas passam a ser propriedades privadas comercializáveis. É importante ressaltar a violência desse processo com os camponeses. Estes fizeram várias revoltas massacradas duramente pelo Estado. Muitos acabaram virando desocupados sem terra.

. As manufaturas: Aos poucos se desenvolveram também nessas áreas rurais manufaturas de lã e, em menor escala, de outros produtos. Utilizavam essa mão-de-obra ociosa do campo – expulsa pelos processos de cercamentos. Existiam, inclusive, leis que obrigavam essas pessoas desocupadas a trabalhar em regime semi-escravo nas manufaturas dessa burguesia agrária – que tinha seus rendimentos principais do arrendamento da terra.

. A Guerra das duas rosas e o absolutismo: Esta guerra (1455-85) foi a luta de duas casas de nobres pelo controle da monarquia, que estava sem herdeiros. Ao final da guerra, a nobreza estava enfraquecida e o rei detinha grande poder, formando-se o absolutismo inglês com Henrique VIII, Elizabeth I e outros.

. A reforma anglicana: Henrique VIII só pode dar o golpe da Reforma anglicana porque passava por uma conjuntura de centralização do poder no rei. Essa Reforma ajudou a introdução do capitalismo no campo, com a venda e arrendamento das terras da Igreja confiscadas pelo Estado. Este processo já estava em curso com os cercamentos e arrendamentos. No entanto, o anglicanismo não foi a única religião que surgiu na Grã-Bretanha no período, várias seitas protestantes - chamados em conjunto de puritanos - surgem na ilha nesse instante, opondo-se aos anglicanos.

3. Etapas das Revoluções inglesas:

. Revolução puritana (1642-49): O reinado de Carlos I (1625-49) foi de forte perseguição aos puritanos e acúmulo de poder real. O parlamento, os puritanos e a burguesia rural – os que exploravam a terra buscando lucro – juntaram-se contra o rei e seus cavaleiros e venceram.

. Protetorado de Cromwell (1649-1658): O líder dos parlamentares, Oliver Cromwell, instaurou uma ditadura marcada pelas práticas mercantilistas através dos Atos de Navegação. Colonizou-se a Jamaica e incentivou-se a marinha mercante, dando grande força ao comércio britânico.

. Período a restauração monárquica (1660-1688): Com a morte de Cromwell, os reis voltaram a governar a Inglaterra convidados pelo Parlamento. No entanto, o rei Jaime II tentou novamente o absolutismo e as Câmaras reagiram. O rei foi expulso do país sem ser preciso derramamento de sangue. Nesse período, foi instituído o habeas corpus no país, instrumento jurídico que defende o indivíduo contra o poder arbitrário do Estado.

. Revolução Gloriosa (1688): Jaime II foi expulso do país e Guilherme de Orange foi convidado a ser rei da Inglaterra, tendo antes que assinar um juramento, a Declaração de Direitos, onde o poder do rei era quase nulo e o Parlamento governava.

.Conclusão: A partir de 1688 não há absolutismo na Inglaterra, o poder político está concentrado no Parlamento e a sociedade, fortemente mercantilizada, faz seu rumo em direção à industrialização.

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História Geral - Aula no 9 - A Revolução Científica do século XVII e o Iluminismo setecentista 1. Introdução:

. A ciência: Pode-se dizer que a Ciência como ela mais ou menos é hoje surgiu na Europa do século XVII, principalmente com os trabalhos de Galileu, Descartes e Newton. Trata-se de uma forma de pensar nova, baseada na relação de conhecimento entre sujeito e objeto e tem como primado central o uso da razão.

. O Iluminismo ou Ilustração: Foi um movimento de pensadores do XVIII herdeiros de Descartes e que defendiam a liberdade, o racionalismo, o progresso do homem, o fim do absolutismo e o anticlericalismo. O movimento iluminista mais conhecido é o francês, mas há iluministas em outros países. Foi importantíssimo, pois deu embasamento teórico às revoluções burguesas e todo o mundo burguês do século XIX.

2. O surgimento da ciência moderna:

. O método científico: O século XVII é marcado pelo surgimento do método científico e, por conseqüência, da própria ciência. Condenava-se a tradição e todas as formas de conhecimento não racionais. Descartes foi o principal nome nesse assunto. Ele criou o modelo de ciência com a relação de sujeito com o objeto. Ainda, a nova ciência deveria ser experimental, ou melhor, comprovar-se com o experimento.

. O avanço científico: Estudos feitos no século XVI e XVII ajudaram a institucionalizar essa nova forma de conhecimento. Importantíssimos são os estudos de Galileu sobre a astronomia e a gravidade. A consolidação dessas teorias se dá com Newton e as leis da física.

3. A Ilustração:

. Quadro geral: O Iluminismo pode ser considerado uma visão específica da burguesia sobre a realidade, ou melhor, trata-se de uma ideologia burguesa. Das obras dos autores da Ilustração, importantes são os escritos sobre política: falam do quadro político daquele período e sobre a forma ideal de governo. O que se pregava para a França da época era a revolução para que se findasse o absolutismo no país como ele acabou na Inglaterra. Alguns filósofos ganharam grande destaque nesse período.

. Locke e a Revolução Gloriosa: John Locke, que pode ser considerado um precursor da Ilustração dos setecentos, foi um pensador inglês do século XVII que escreveu seu principal livro, o Tratado do Governo Civil, logo após a Revolução Gloriosa na Inglaterra de 1688, legitimando-a. Ele dizia que todo povo tinha direito de escolher seu governante sendo a revolução seria legítima em casos de mau governo, dizia também que as principais funções do Estado deveriam ser a defesa da propriedade privada e das liberdades individuais. Este é o liberalismo político que influenciou bastante os iluministas franceses.

. Voltaire: Escreveu as Cartas Inglesas, obra que não pode ser chamada de um estudo teórico, mas um panfleto contra o absolutismo francês. Era profundamente anticlerical e anti-absolutista.

. Montesquieu: Para este filósofo, cada povo tem o governo que lhe cabe, isto está claro em sua obra O Espírito das Leis. Dizia que o absolutismo na França não condizia com o anseio do povo francês, que queria um regime constitucional. Defendia, baseando-se em Locke, o Estado em três esferas: Executivo, Legislativo e Judiciário, cada poder limitaria o outro para que assim não houvesse tirania de um desses poderes.

. Rousseau: Diferente dos outros filósofos, não é consenso de que se trata de um pensador iluminista, muitos o situam na corrente do Romantismo. Defendia a democracia total com votos de todos, diferentemente dos outros pensadores ilustrados. Dizia que a propriedade era a origem de toda a desigualdade e sofrimento dos homens no seu livro O Contrato Social. Esta propriedade acabou com o estado de natureza humana onde reinaria a paz e a solidariedade.

. Enciclopedistas: D´Alembert e Diderot com o auxílio de outros filósofos empreenderam esse grande esforço, compilar todo o conhecimento racional humano em uma grande obra, a ‘Enciclopédia’.

. Fisiocratas: São teóricos da economia que questionam o mercantilismo, defendendo a não interferência do Estado na economia – laissez-faire, laissez-passer. Para esses pensadores, sobretudo franceses, só gera valor que é produzido na agropecuária. Eles defendem que a economia é regida por leis naturais.

. Adam Smith e os liberais: Adam Smith é um iluminista, mas é também o pai fundador do liberalismo na economia. O liberalismo econômico será uma doutrina hegemônica no XIX. Assim como os fisiocratas, ele era crítico do mercantilismo e favorável à não-intervenção estatal na economia nacional. Todo a riqueza, para Smith vinha do trabalho e não do ouro e prata ou da agricultura. Dizia que os homens em um ímpeto individualista produziam para a sociedade e essa produção se auto-regulava pela mão invisível da economia, a lei a oferta e da demanda. Assim, a liberdade econômica geraria a prosperidade.

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História Geral - Aula no 10 - O Absolutismo ilustrado ou despotismo esclarecido 1. Aspectos gerais:

. Conceituação: Foi a prática política de alguns reis da periferia européia na segunda metade do século XVIII de utilizar em seus governos idéias e ideais iluministas, com o objetivo de dinamizar e modernizar a estrutura do Estado além de dar uma imagem mais progressista ao reino.

. Objetivos: O objetivo dessa prática é que estes países se tornassem tão desenvolvidos quanto as potências européias do período: Inglaterra e França. Pretendia fomentar a burguesia nacional e reafirmar o poder monárquico. Apesar de esclarecido, o absolutismo persiste e os objetivos, em geral, não foram atingidos.

. Como: O método para se atingir esse fim era o reforço do mercantilismo. Assim, fiscalismo, balança favorável, metalismo, fomento do comércio são características das práticas dos déspotas esclarecidos.

. Traços gerais: Apesar de se diferenciar razoavelmente de país para país, o absolutismo ilustrado tinha certas características gerais, que eram: a racionalização da administração pública, os conflitos com a Igreja Católica – no caso da Rússia com a Igreja ortodoxa –, a modernização do exército, o fomento da economia através de práticas mercantilistas e o aumento das liberdades individuais, com muitos limites.

2. Casos particulares:

. A importância dos casos particulares: É importante conhecer os casos isolados, pois estas reformas trouxeram grandes mudanças a estes países e às suas colônias. Por exemplo, as reformas bourbônicas na Espanha vão ser importantíssimas para o processo de independência das colônias hispano-americanas e as reformas pombalinas em Portugal vão transformar a colonização na América portuguesa.

. Prússia: As reformas ocorreram, sobretudo, com Frederico II (1740-1786) que impôs as seguintes medidas: concedeu liberdade de expressão à população, liberdade religiosa e, principalmente, instituiu uma ampla rede escolar na Prússia, que fez do país um dos melhores do mundo em termos de educação básica. Essa escolarização vai ser muito importante no futuro, na industrialização alemã, pois o país vai ter disponível uma ampla mão-de-obra especializada. A escolarização também será importante para o exército prussiano – o mais organizado, eficiente e nacionalista da Europa – que ao longo do século XIX irá unificar a Alemanha. Vale lembrar que as medidas de liberdade podiam ser e foram revogadas de acordo com o interesse do monarca. Portanto, os benefícios de liberdade individual não se estenderam por muito tempo.

. Áustria: José II (1780-90) impôs uma forte centralização administrativa, acabou com a servidão em seu país, deu liberdade religiosa e igualdade jurídica aos cidadãos, expulsando ainda os jesuítas do território austríaco. O resultado disto tudo foi um enorme aumento do poder real. Novamente, as reformas eram revogáveis e não uma conquista perpétua da população, mas um simples exercício provisório do poder real.

. Rússia: Pedro, o Grande na primeira metade do século XVIII já pode ser considerado um monarca absoluto ilustrado por suas reformas modernizantes, mas é Catarina II (1762-94) quem empreende as maiores reformas iluministas bem à maneira particular russa. Ao contrário de José II, ela não acaba com a servidão, mas a reafirma, nacionaliza e doa as terras da Igreja ortodoxa russa aos nobres e incentiva-os a manter o trabalho servil, sobretaxa os servos e camponeses livres e expande territorialmente o Império Russo. Isso tudo vai criar o enorme e arcaico Império servil que chega a ir da Polônia ao Alasca. A servidão se manterá até 1861.

. Espanha: No reinado de Carlos III (1759-1788), o ministro Aranda teve grande peso no que ficaram conhecidas como as reformas bourbônicas. Assim como Portugal, o grande foco das reformas foi a colonização na América, esta foi completamente reformulada. Os jesuítas foram expulsos da Espanha e da América espanhola. Novas medidas fiscalistas conseguiram diminuir bastante o contrabando, que era gigantesco antes das reformas. Isso atrapalhou a vida dos colonos que tinham vantagens em comerciar ilegalmente com os britânicos e outras medidas endureceram a colonização, desagradando as elites criollas no Novo mundo. Isso vai levar a um caráter de revolta dessas elites, que começam a formular as independências.

. Portugal: Durante o reinado de José I (1750-77) o ministro Marquês de Pombal ganha uma projeção nacional muito forte e se torna uma figura central na administração do Estado, principalmente a partir da reconstrução de Lisboa, abalada pelo terremoto de 1755. Assim como a Espanha, ele vai reformular a colonização portuguesa no ultramar. A capital do Brasil muda em 1763 de Salvador para o Rio de Janeiro, mais próximo das minas de ouro. Os jesuítas são expulsos da metrópole e da colônia em 1759. O fiscalismo aumenta de modo absurdo, instituindo-se a derrama, que vai ser o motivo maior para a Inconfidência mineira. Assim, os primeiros projetos de independência na colônia vão surgir após esse enrijecimento do colonialismo.

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História Geral - Aula no 11 - A independência dos Estados Unidos da América 1. Apresentação:

A primeira coisa a se refletir sobre esse assunto é a forma como ele geralmente é exposto. Chama-se geralmente esse tema de Revolução americana, há aí um erro. Não se trata de uma revolução, pois este termo pressupõe que haja uma mudança profunda na estrutura social existente com modificações na economia, na política e cultura, o que não ocorre. O que há é a independência de uma região da América que se tinha tentado estabelecer um pacto colonial tardiamente. O novo país cria uma forma relativamente nova de poder, baseada nos ideais iluministas. Tratava-se, porém, de uma democracia fortemente reduzida, com o predomínio dos grandes fazendeiros e sem o voto feminino e o voto dos escravos. Estes últimos continuaram a existir após a independência.

2. A situação da Inglaterra e das colônias inglesas na América:

. A colonização inglesa na América: A Inglaterra só se estabelece no século XVII na América, depois das outras potências européias. São fundadas treze colônias na América do Norte, a colônia da Jamaica e outras de menor importância. A Jamaica e a região Sul das treze colônias são colonizados nos moldes do colonialismo moderno. O Norte das treze colônias ficou como um espaço livre para perseguidos religiosos e políticos ingleses e europeus. Há terra livre para esses colonos e não há interferência da Coroa britânica na região.

. As treze colônias nos séculos XVII e XVIII: Enquanto o Sul do território era colonizado nos moldes do colonialismo, com grandes plantations escravistas que produziam tabaco, arroz e açúcar para a exportação, o Norte recebia grande leva de perseguidos europeus. Essa região ia desenvolver uma forte ordem de pequenas propriedades policultoras com trabalho livre e com certa urbanização e comércio. No início do século XVIII não havia mais terras para os imigrantes.

. A ruptura do não-pacto: Não havia uma fiscalização muito rígida em relação à colônia por parte da metrópole e os impostos também eram poucos e baixos. No entanto, após a Guerra dos Sete anos (1756-1763) entre a Inglaterra e a França, a Coroa britânica, fortemente endividada, passa a arrochar a situação da colônia. Ela estabelece um aparato fiscalista digno do colonialismo no Norte e no Sul. Essa ruptura de um não-pacto colonial cria revolta em toda a colônia. Eram as leis coercitivas como a lei do selo que previa o uso de selo real em todos os documentos que transitavam na colônia, a lei do açúcar que taxava o comércio de açúcar das treze colônias com colônias não-britânicas, leis que impediam o contrabando e a interdição do avanço das pequenas propriedades do Norte da colônia para áreas mais adentro do território ou para o Canadá.

3. A independência e a organização do novo Estado:

. A organização da resistência: Desde as primeiras décadas da colonização, as questões públicas dos cidadãos – apenas os homens livres – da colônia eram decididas em assembléias, isso é um ponto importantíssimo para a escolha posterior do regime republicano. A partir da década de 1760, organizam-se os Congressos continentais, reuniões com representantes de cada uma das treze colônias. Com a consecução das diversas leis coercitivas, a situação se radicaliza e os colonos decidem pela ruptura. Em 1776 é declarada a independência dos Estados Unidos da América, o que dá início à guerra de independência.

. A guerra: A Inglaterra envia tropas às treze colônias, mas os colonos contavam com a ajuda de uma coalizão que reunia França, Espanha, Rússia, Holanda, Dinamarca e Suécia. As tropas rebeldes, então, vencem as tropas leais. É assinado o tratado de Paris em 1783, onde a Grã-Bretanha admite a independência dos EUA.

. A formação do novo governo: A independência não faz esconder os conflitos de idéias que existiam entre sulistas e nortistas. Os nortistas desejavam um governo mais centralizado e os sulistas uma confederação, como nos tempos da guerra. Forma-se um pacto, cria-se uma federação presidencialista, onde cada Estado tem a sua Constituição própria tendo que respeitar uma Constituição da União – criada em 1787 – com um líder máximo da nação, o presidente da República. A organização do poder se baseia nas idéias de Montesquieu. A escravidão é mantida. No entanto, logo adiante o conflito entre Norte e Sul se tornará intolerável e será decidido em uma guerra civil (1861-5) onde dois modelos de país estarão em disputa.

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História Geral - Aulas no 12 e 13 - A Revolução industrial inglesa 1. Introdução:

. O que foi: A Revolução industrial foi a generalização do modelo fabril pela Inglaterra que ocorreu no período de 1780 a 1840. Esse modelo fabril é caracterizado pela conjugação do trabalho humano coletivo com o uso de máquinas. Diferentemente das manufaturas, onde as ferramentas pertenciam aos próprios trabalhadores, nas fábricas as máquinas pertencem ao industrial que emprega a mão-de-obra em regime assalariado. Mais importante que os avanços técnicos desta revolução são as conseqüências sociais que ela trouxe.

. Conseqüências: A principal conseqüência da Revolução Industrial é, talvez, o surgimento da classe operária. Essa classe operária é formada por ex-camponeses expulsos do campo pelo processo de capitalização do campo inglês e também por ex-artesãos que não podem mais competir com a produção dessas novas indústrias. Esses homens vão vender o único bem que lhes resta, sua força de trabalho ficando dependente de quem possui a fábrica e as máquinas, o industrial. Existe uma parcela de trabalho que não é paga ao operário, é a mais-valia.

. Expansão da Revolução Industrial: Em diferentes dimensões, a Revolução técnica e social que se inicia na indústria têxtil inglesa se estenderá a todos os campos. Primeiramente, outras indústrias e empresas na Inglaterra adotarão o modelo e a tecnologia das primeiras indústrias. A agricultura também passará por uma modernização em decorrência das mudanças nas fábricas. Ainda, a industrialização não ficará restrita à Inglaterra, ela se espalha para outros países no século XIX.

2. Por que a Revolução Industrial correu na Inglaterra?

. Transformações no campo: As mudanças no campo inglês ocorridas principalmente do século XVI ao XVIII que levam à concentração das propriedades rurais em poucas mãos e à consolidação das figuras do arrendatário e do assalariado rural vão ser determinantes para a Revolução Industrial. Por um lado, aumenta-se a produção agrícola permitindo o aumento da população. Ainda, gera-se uma classe rural consumidora dos bens produzidos nas cidades e é liberada uma mão-de-obra do campo para as cidades no interior da Inglaterra.

. Mercado interno e externo: Só se criariam máquinas que fazem muito mais produtos que as pessoas em um modo de produção artesanal podem consumir porque havia uma forte demanda. Os tecidos de algodão tinham uma grande procura tanto na sociedade inglesa como em toda Europa e América. Montou-se uma poderosa produção de algodão no Sul dos Estados Unidos que serviram de base para essa indústria. Os produtos de algodão produzidos industrialmente eram baratos, podendo ser consumidos por qualquer trabalhador livre. Tanto o mercado interno como o externo foram importantes para criar essa enorme demanda.

. Onde: As indústrias não surgem na cidade de Londres, mas no interior da Inglaterra, onde há depósitos de carvão e ferro usados nas indústrias e onde há a população que sai do campo sem emprego.

. As máquinas: As máquinas da Revolução Industrial são muito simples, utilizando-se de conhecimentos adquiridos no século XVII. Apenas em meados do século XIX, a produção científica será voltada diretamente para a criação de técnicas e tecnologia industriais.

. A energia: Inicialmente as fábricas vão utilizar energia da combustão do carvão e energia hidráulica que, na verdade, não eram novidades. O carvão e o ferro serão explorados como nunca no interior do país.

3. As conseqüências da Revolução Industrial: . As idéias: Em função de uma nova nação industrial, surgirá a escola clássica de economia que defende a

não-intervenção do Estado na economia e a liberalização do comércio através das baixas taxas de alfândega. São os liberais como Smith, Malthus e Ricardo. Ora, em um momento em que a Inglaterra é a ‘oficina do mundo’, é muito favorável a este país uma política universal de não intervenção na economia e baixas taxas alfandegárias, o que abriria todos os mercados para os produtos industriais ingleses. Assim, a Grã-Bretanha permaneceria sendo a única nação industrializada do planeta. De fato, neste momento toma forma a ‘Divisão Internacional do Trabalho’, onde alguns países são especializados na produção de bens industriais – neste momento apenas a Inglaterra – e outros se especializam na produção de bens primários.

. A emergência do capital industrial: Com a consolidação das fábricas, fortalecem-se os industriais – também chamados de burguesia industrial –, logo superando em riqueza e poder as classes proprietárias de

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terras e os grandes comerciantes. Eles formarão a classe hegemônica da sociedade inglesa e, logo, irão dominar a política daquele país.

. As condições de trabalho: Os trabalhadores nas indústrias e minas viviam em condições de superexploração. Não havia qualquer regulamentação por parte do governo, o que levava ao trabalho infantil, o trabalho com alta periculosidade, sem férias, nos sete dias por semana, por mais de dez horas diárias, com salários irrisórios etc. Alguns presos e ‘vagabundos’ – entenda-se, desempregados – eram obrigados a trabalhar nas fábricas.

. A resistência operária, os luditas e cartistas: Os operários não aceitaram quietos essa situação. Reuniram-se e organizaram-se. Primeiramente, puseram a culpa nas máquinas, eram os luditas que quebravam máquinas e eram duramente perseguidos pela polícia. Para estes, as máquinas eram as culpadas por suas péssimas situações. Depois, houve uma mudança de estratégia e decidiu-se pela paralisação do trabalho, as greves, com uma ‘carta’ com reivindicações trabalhistas e políticas, já que essas classes não tinham nenhum direito político. Eram os cartistas, que mostraram mais sucesso, apesar das sucessivas repressões patronais e da polícia. Este deu origem ao moderno sindicalismo.

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História Geral - Aula no 14 e 15 - A Revolução Francesa 1. Introdução:

.O que foi: Foi a grande revolução que pôs fim ao Antigo Regime na França, destruindo as estruturas sociais daquele regime e levando a burguesia ao poder. Apesar dos principais eventos terem ocorrido em Paris e no interior do país, ela se espalhou por toda a Europa e influenciou todo o mundo no século XIX.

. A sociedade francesa: O estado monárquico francês dividia a sociedade em três estados, que na verdade não correspondiam à realidade sócio-econômica daquele país. O primeiro estado é constituído por todos membros do clero. O segundo, pelos nobres, tanto do interior como da Corte. O terceiro estado era o resto da sociedade e era o único que pagava impostos, sendo que muitas vezes o 1o e 2o estados eram sustentados por esses tributos.

. Subprodução e fome: Apesar de a economia francesa ter se desenvolvido bastante no século XVIII, nos anos imediatamente anteriores à Revolução, assistiu-se a uma grande seca no campo, que levou à fome no país. Isso vai ser um dos fatores imediatos para a Revolução.

. Crise financeira da Coroa: As freqüentes guerras e a extravagante corte tinham deixado o Estado francês extremamente endividado, levando a uma série crise financeira da Coroa. Luís XVI, o rei francês do período, tentou fazer uma reforma tributária onde o 1o e 2o estado pagassem impostos, mas esta foi barrada por estes. Dá-se uma crise política que leva o Rei a convocar os Estados Gerais, órgão consultivo do rei que era dividido entre os três estados, com um voto para cada um. A decisão final, no entanto, seria sempre do monarca.

. Divisão cronológica da Revolução: A Revolução Francesa é dividida geralmente em três períodos. A Era das Instituições (1789-92), onde a burguesia chega ao poder; a Era das Antecipações (1792-4), onde são antecipadas práticas políticas igualitárias; e a Era das Consolidações (1794-1815), onde a alta burguesia se consolida no Estado. 2. A Era das Instituições:

. A Assembléia Constituinte: Em maio de 1789, são convocados os Estados Gerais. Tudo o que o terceiro estado propunha era barrado pelo clero e pela nobreza. O Terceiro Estado se isola e declara-se Assembléia Constituinte, dando um golpe no poder da nobreza e do clero, é a chamada Revolução dos Advogados.

. A tomada da Bastilha: Como o rei e os dois primeiros estados, desconfiados, colocam o exército de prontidão, a população de Paris, apoiando a Assembléia, toma a prisão da Bastilha. Nessa prisão havia armas, com as quais a população se armou para defender a Assembléia Constituinte.

. O grande Medo: Enquanto isso, em algumas partes do interior da França, os camponeses ocupam as terras dos senhores (clero e nobreza) e queimam seus títulos de propriedade em um sentido de destruir a ordem senhorial no campo. Eles fazem uma divisão da terra entre eles, é o Grande Medo.

. Constituição jurada: Em agosto do mesmo ano, é promulgada a Declaração dos Direitos Humanos. Os bens da Igreja são confiscados e no final do ano, promulga-se uma Constituição que o Rei é obrigado a assinar. Institucionaliza-se uma monarquia constitucional.

. Guerra: As monarquias vizinhas à França, preocupadas com a agitação no país, resolvem invadir o país para restituir Luís XVI ao seu cargo. O exército francês, liderado por um general leal ao Imperador, sofre sucessivas derrotas, deixando a população desconfiada. Descobre-se um acordo entre o rei e os exércitos estrangeiros, levando à condenação de Luís XVI à guilhotina em 1792. Tem fim a monarquia constitucional, dá-se a República.

3. A Era das Antecipações:

. A nova Assembléia: Uma nova assembléia é constituída por sufrágio universal com uma divisão clara entre os girondinos – compostos pela alta burguesia – à direita e os jacobinos – compostos pela população média e pobre de Paris – à esquerda, além da planície, no centro.

. Golpe jacobino: Diante das tropas estrangeiras à porta de Paris, os jacobinos dão um golpe de Estado estabelecendo medidas emergenciais: tabelam os alimentos a preços baixos, empreendem uma ampla reforma agrária no campo, criam um novo exército composto por voluntários para combater na frente, acabam com a escravidão nas colônias. Além disso, os jacobinos, para se manter no poder, perseguiam duramente seus adversários políticos, mandando-os para a guilhotina, assim, morreram quase todos girondinos. É o chamado Terror.

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. Nove Termidor: Os exércitos revolucionários conseguem sucessivas vitórias e conseguem expulsar os invasores para além da fronteira original francesa. Com a reversão da situação de emergência, os jacobinos levam um golpe de Estado dado pelos termidorianos – compostos pela alta burguesia – sendo levados à guilhotina em sua maioria.

4. A Era das Consolidações:

. O Diretório: Os termidorianos estabelecem o seu governo, revertendo as medidas dos jacobinos. Eles restabelecem o sufrágio censitário, liberalizam os preços dos alimentos – prejudicando as classes pobres das cidades francesas – e fazem uma árdua proteção da propriedade, principalmente no campo. Com a vitória inicial dos exércitos revolucionários, a França começa uma grande expansão militar com certa estabilidade interna.

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História Geral - Aula no 16 - O Império Napoleônico e o Congresso de Viena 1. O governo de Napoleão:

. Dezoito Brumário: Mesmo com o sufrágio censitário, os termidorianos ainda sofrem com uma oposição dentro da Assembléia e decidem então pelo golpe militar. Chamam o jovem general Napoleão Bonaparte para dar esse golpe. Em 1799 é dado o golpe, consolidando o governo da alta burguesia com uma ditadura.

. O Império napoleônico, plano interno: O governo de Napoleão é dividido em dois períodos, o Consulado que vai até 1804 e o Império, até 1815. Internamente, Napoleão executou uma série de reformas que beneficiavam a burguesia: reformulou o sistema bancário criando uma moeda nacional francesa, o franco, e o Banco da França; criou as escolas normais, com ensino laico por toda a França; criou o Código Civil; tentou retornar a escravidão nas colônias, não conseguindo e perdendo a colônia do Haiti; fez ainda um amplo incentivo à indústria e o comércio nacional da França.

. O Império napoleônico, plano externo: Por volta de 1805, Napoleão tinha subjugado toda a Europa continental, tendo reinos controlados por parentes seus e outros subordinados à França. Napoleão, no entanto, não conseguia vencer a Inglaterra por não ter uma marinha capaz de derrotar a frota britânica.

. Bloqueio Continental: Napoleão criou em 1806 o Bloqueio Continental que proibia qualquer país do continente europeu de comerciar com a Grã-Bretanha. Isso visava fomentar a indústria francesa, provendo o continente de produtos industrializados e também visava liquidar o poderio industrial e naval inglês. Porém, a indústria francesa não dava conta de suprir todo o continente como a Inglaterra supria. Além disso, as ilhas britânicas eram grandes compradoras de cereais e outros produtos primários da Europa continental, o que a França não era, pois era auto-suficiente na produção agrícola. Isso desagrada fortemente os países que eram antigos exportadores de produtos primários para a Inglaterra. Alguns países vão renunciar ao Bloqueio, sofrendo a conseqüente invasão francesa, é o caso de Portugal em 1807 e da Rússia em 1812. A família real portuguesa transfere a sede do Estado português para o Rio de Janeiro, fugindo das tropas francesas.

. A campanha da Rússia: No entanto, na Rússia, Napoleão sofre sérias perdas humanas e militares, levando à quase total destruição do exército napoleônico devido às estratégias do exército russo e ao rigoroso inverno daquele país. Em 1814, forma-se um exército conjunto europeu para destruir o exército francês, liquidando Napoleão e seu Império.

. O restabelecimento do Antigo Regime na França: Em 1815, Luís XVIII é posto no trono francês pelas tropas vencedoras das guerras. A França ficará sob ocupação militar até 1820 e as questões territoriais européias serão resolvidas no Congresso de Viena. O Antigo Regime na França tem vida curta, visto que suas bases sociais tinham sido destruídas.

2. O Congresso de Viena e a Santa Aliança:

. O Congresso de Viena: Os líderes europeus se reuniram em 1815 em Viena para decidir o que fazer do mapa geopolítico europeu. Quem dava as cartas no encontro eram a Áustria, a Prússia, a Rússia e Inglaterra, os vencedores das guerras napoleônicas. Todos esses quatro países vão anexar territórios e crescer no cenário europeu. A Rússia que tinha o maior exército da Europa e vários planos expansionistas para o Ocidente, anexa vários territórios na Europa Oriental. Também, a Áustria e a Prússia vão anexar amplas regiões, criando a semente para os grandes impérios centrais, o Alemão e o Austro-Húngaro, existentes na Europa no final do século XIX.

. A Santa Aliança: É uma aliança militar constituída inicialmente por Áustria, Prússia e Rússia e depois, por Inglaterra e França que visa a repressão de movimentos radicais tais como a Revolução Francesa. Essa aliança foi ativa nas revoluções de 1820, porém teve fim durante as revoluções de 1830 devido a discordâncias entre seus membros, não atingindo seus objetivos.

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Aula de História Geral - Aula no 16 - Independência das colônias da América Latina 1. Introdução:

As colônias da América espanhola chegaram às suas independências na mesma época e no mesmo contexto histórico, com poucas exceções – como Cuba, por exemplo. No entanto, nesse início do século XIX não se pode falar ainda das nações latino-americanas, estas se formam ao longo do século XIX e apesar da emancipação política, esses países recém-surgidos não são independentes economicamente da Europa.

A independência do Haiti: A colônia francesa do Haiti teve uma independência diferente de todas as outras regiões da América. Lá, houve um processo revolucionário, uma independência que surge de uma revolta escrava que pôs fim à escravidão. A revolta e o processo de independência começam em 1791 e esta se consolida em 1804, com aa aceitação da independência pela França.

2. As reformas bourbônicas:

. Quadro geral: As reformas bourbônicas de fins do século XVIII são análogas às reformas de Pombal no Império português, apesar de haver pequenas diferenças entre as duas. Trata-se de uma ampla mudança no Estado espanhol no sentido de dinamizar e modernizar esse Estado. Elas eram, sobretudo, dirigidas às colônias e reforçavam o colonialismo com uma exploração maior das áreas coloniais. Enquadram-se no chamado absolutismo ilustrado que é um recrudescimento das práticas mercantilistas e absolutistas.

. Pontos fundamentais da reforma: As reformas bourbônicas visavam, sobretudo, fortalecer o Estado espanhol e aumentar a arrecadação através da racionalização da administração e do endurecimento fiscal. Algumas medidas importantes foram a expulsão dos jesuítas das colônias – o que leva a um sério problema educacional na região –, a fiscalização ostensiva que fez diminuir significativamente o contrabando e ainda o incentivo às manufaturas do reino, para que a Espanha não precisasse mais importar manufaturados inglesas e francesas e pudesse sozinha abastecer de manufaturados a América. As medidas tiveram certo êxito para o Estado espanhol e os grandes comerciantes, mas feriu fortemente os interesses das elites coloniais.

. Contestação da colonização: A partir da implementação das reformas, surgem os movimentos de contestação da colonização espanhola – e não apenas das reformas bourbônicas – defendendo a independência de regiões na América. É o caso, por exemplo, do movimento indigenista de Tupac Amaru no Peru.

. Os criollos: A elite colonial era formada pelos criollos, filhos de espanhóis nascidos na América que eram ou grandes comerciantes ou grandes fazendeiros, tendo interesses a defender. Esse criollos foram feridos em seus interesses com a política bourbônica. Eles queriam o livre comércio com outros países europeus e serão muito importantes para os processos de independência na América hispânica, sendo os principais interessados na emancipação.

3. O processo de independência:

. A deposição de Fernando VII: Napoleão invadiu a península ibérica em 1807 e destronou o rei espanhol Fernando VII, colocando outro rei em seu lugar. As colônias espanholas se auto-organizaram a partir dos cabildos – as câmaras municipais da Hispano-América – e rejeitaram o rei escolhido por Napoleão como o novo rei espanhol. Pôs-se em prática o livre comércio com os outros países europeus, sobretudo a Inglaterra.

. O interesse inglês: Os capitalistas ingleses, muito prejudicados com o Bloqueio Continental, estavam interessados na aplicação do livre comércio na América ibérica e o Estado inglês passou a apoiar os movimentos de independência desses países a partir de 1810.

. A retomada do colonialismo e as guerras de independência: Em uma região periférica da Espanha, criou-se uma resistência à invasão francesa. Essa resistência pretendia manter ainda os laços com a América espanhola. Após o fim das guerras napoleônicas e com a volta do absolutismo na Espanha, tenta-se repor em prática o antigo colonialismo. As elites criollas que estavam desfrutando do livre comércio e da auto-organização rejeitam essa tentativa de recolonização. Os generais San Martin e Simon Bolívar lideram as tropas que libertarão quase toda a América do Sul espanhola até 1824.

. A organização dos estados: Diversas repúblicas foram criadas ao contrário do sonho do líder Bolívar, que idealizava uma grande confederação unindo toda a antiga Hispano-América. O projeto não foi adiante pela inexistência de um poderoso grupo capaz de fazê-lo e também pela antipatia da Inglaterra ao projeto.

. A América para os americanos: No início dos anos vinte do XIX, os EUA adotaram a chamada doutrina Monroe, que era o apoio às independências dos países latino-americanos, o que era conveniente para os comerciantes norte-americanos que poderia comercializar livremente com os países nascentes.

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Aula de História Geral - Aula no 17 - Doutrinas sociais do século XIX 1. A base material para o surgimento das idéias:

Surgiram na Europa do século XIX diversas doutrinas sociais, idéias e ideologias. Por que tantas surgiram naquele contexto? Não existiam condições materiais que faziam o homem pensar várias coisas novas? Havia. Essas novas idéias têm tudo a ver com o novo contexto vivido na Europa e algumas partes do mundo. A industrialização, a urbanização, a grande desigualdade social, a miséria em meio a abundância e outras novidades trazidas pela sociedade capitalista – ou sociedade burguesa – fizeram nascer algumas formas de pensar que legitimassem as mudanças e outras que confrontassem essas mudanças. Essas idéias não se restringem ao pensamento político, mas também a todo o pensamento científico, social, econômico, artístico e filosófico.

2. As doutrinas sociais:

. Liberalismo: Pensamento essencialmente burguês, existe em várias vertentes: política, econômica e outras, mas todas têm características comuns. Defende a propriedade privada e sua permanência como um direito absoluto e reformas sociais graduais que nunca interfiram no regime de propriedade. Defende ardorosamente as liberdades civis e de mercado, como a livre iniciativa. Condena a interferência forte do Estado na vida das pessoas e na economia. Associa-se ao darwinismo, afirmando uma natureza humana desigual, o que explica a desigualdade na propriedade.

. Romantismo: Ponto de oposição ao Iluminismo e ao Liberalismo, não se restringe apenas às artes. É um movimento muito heterogêneo que critica a nova sociedade capitalista e louva características da sociedade do Antigo Regime e da Idade Média como a vida rural. Condena o racionalismo iluminista e tende para um sentimentalismo, em oposição ao racionalismo crescente daquelas sociedades.

. Nacionalismo: Princípio burguês de defesa dos interesses de uma elite local sobre uma dada região – nação –, revestida de traços de união de um povo comum. Muitas vezes vem associado ao romantismo na crítica do liberalismo. Defende que para cada povo haja uma nação. A nação seria constituída por uma língua, uma religião e cultura comuns. Defende os interesses do comércio e da indústria nacionais – protecionismo – e louva os símbolos e a cultura nacional frente aos das outras nações.

. Socialismo utópico: De caráter romântico, defende a transformação da sociedade em uma mais igualitária e solidária, mudando o regime de propriedade. Fizeram-se diversas experiências de comunidades socialistas que nunca deram completamente certo e não tinham possibilidade de mudar toda a sociedade. Não há uma elaboração muito profunda nem uma crítica sistemática à sociedade capitalista.

. Socialismo científico: Muitas vezes usado como sinônimo de marxismo e comunismo, foi criado pelos filósofos alemães Karl Marx e Friederich Engels, vai ser o mais importante movimento anti-capitalista. Ao contrário do socialismo utópico, não defendia uma sociedade ideal baseada em temas medievais. Tentava entender as contradições da sociedade capitalista para superá-la, constituindo uma sociedade socialista moderna, posterior ao capitalismo, com o primado da igualdade. Uma filosofia extremamente complexa que via as sociedades constituídas por classes sociais e as idéias vinculadas intimamente à vida social. Foi de extrema importância para as revoluções do século XX.

. Sindicalismo: Tem, de certa forma, como origem o cartismo dos operários ingleses. Visa a união dos trabalhadores para aquisição de direitos políticos, trabalhistas e também a transformação da sociedade e do regime de propriedade. Há diferenças em seu seio. Há os reformistas que defendem a negociação e a mudança gradual e há os radicais, que defendem a mudança rápida, com o uso da violência em última instância.

. Anarquismo: Uma radicalização total do liberalismo, defende o fim do Estado, da propriedade e de toda forma de poder. Afirma que todos os males sociais vêm dessas formas de poder. A sociedade deveria se organizar através da livre iniciativa e da livre associação. Alguns grupos anarquistas defendem atos extremos contra o Estado, como atentados.

. Doutrina social da Igreja: Diante das mudanças sociais na Europa, das péssimas condições de vida dos trabalhadores e da radicalização dos movimentos sociais, a Igreja também se posicionou em relação às questões sociais, criando uma doutrina, o catolicismo social. Não defendia a luta, mas o entendimento entre os grupos opostos, a união entre as classes sociais, a melhoria das condições dos trabalhadores e a caridade. Não questionava o sistema de propriedade vigente.

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Aula de História Geral - Aula no 17 - Revoltas e revoluções na Europa do século XIX 1. Terreno comum:

. Burguesia almejando o poder: Apesar de as revoltas e revoluções na Europa do século XIX serem muitas, elas têm características comuns. Trata-se da tentativa de tomada de poder pela burguesia e da reação das forças do Antigo Regime. Assim, os grupos sociais do progresso, a burguesia, medem forças contra o grupo social antigo, da reação, a nobreza e o clero, classes dirigentes no Estado absolutista.

. Crises de fome e crises econômicas: Apesar do motivo essencial nessas revoluções ser a mudança de poder da antiga nobreza para a burguesia emergente, fatores imediatos também foram importantes para se entender esses movimentos, como as constantes fomes e as crises econômicas. As fomes, por exemplo, levavam a população pobre a se rebelar, o que era usado muitas vezes pela burguesia, culpando o velho regime pela fome, para se fazer uma tomada de poder.

. A industrialização e as lutas operárias: Se a industrialização vai fortalecer as burguesias nacionais para que essas possam tomar o poder, também vai criar um operariado que, em péssimas condições de trabalho, vai lutar pelos seus direitos contra a burguesia. Assim, em várias revoltas, o proletariado também vai fazer suas reivindicações à parte. Se em alguns momentos, haverá uma aliança entre o operariado e a burguesia contra a nobreza e o clero, essa aliança não vai ser duradoura.

. Socialismo: É um elemento novo que surge nas últimas revoltas do século, nas revoluções de 1848 e na Comuna de Paris, de 1871. O socialismo não é uma ideologia burguesa, mas é operária. Ou melhor, não caracteriza mais a vontade da burguesia, mas a vontade do proletariado, de igualdade e mudança no regime de propriedade.

2. As revoluções:

. Revoluções de 1820: Em 1820, dá-se o primeiro ciclo de revoltas e revoluções burguesas na Europa que atingem Portugal, Espanha e outras regiões da Europa. A maioria delas é massacrada pela Santa Aliança.

. Revoluções de 1830: Começaram na França e se espalharam por toda a Europa, o liberalismo e o nacionalismo guiaram essas revoltas. Assim, as lutas centrais eram pelas liberdades individuais e por governos eleitos, mesmo que não por voto universal. Na França, instaurou-se uma monarquia constitucional. A Bélgica ficou independente da Holanda, a Grécia também conseguiu sua independência do Império Otomano e outras revoltas nacionalistas explodiram na Itália, Alemanha e Polônia, mas foram todas massacradas.

. Revoluções de 1848: As revoluções de 1848 foram mais marcadas ainda pelo nacionalismo. Cada povo lutava pela sua independência frente aos grandes impérios europeus. Ainda, surge pela primeira vez e de forma ainda tímida o socialismo, com destaque para a publicação do Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels neste ano. A dinastia Bourbon teve fim na França com a proclamação da República. No Império austríaco, eclodiram diversos movimentos nacionalistas, todos esmagados pelo exército austríaco com a ajuda do exército russo. Ainda, revoltas nacionalistas na Itália e na Alemanha demonstraram o que iria acontecer logo, a unificação das duas regiões em Estados Nacionais.

. Comuna de Paris: Durante dois meses de 1871 em Paris ocorreu a primeira experiência socialista da História. Depois da derrota do exército francês na guerra franco-prussiana, guardas locais se organizam para a resistência nas cidades francesas. O governo francês assina um armistício e a guarda de Paris, composta pela população pobre urbana, passa a governar a cidade. Instaurou-se um novo governo, popular, onde o exército seria composto pelas camadas pobres da população, o Estado seria separado da Igreja, o sufrágio seria universal e as indústrias teriam como donos e administradores os próprios operários. A comuna foi massacrada pelo exército prussiano a pedido do governo francês. Trinta mil pessoas foram mortas, muitas outras presas e deportadas.

. Lutas operárias na Inglaterra: Apesar de a Inglaterra já não ter um antigo regime na política nacional, a história nacional do país no século XIX também foi bem violenta. Prevaleciam os conflitos entre os numerosos operários ingleses contra os industriais do país. A legislação liberal proibia greves, sindicatos, reuniões etc. Com bastante luta e insistência, as organizações – clandestinas inicialmente – desses operários foram conquistando direitos trabalhistas básicos e políticos, já que esses operários não tinham direito de voto ou de se eleger. Os sindicatos serviram, portanto, também para as exigências políticas dos trabalhadores, que queriam direito ao voto, assalariamento dos cargos políticos e liberdade para formar seus próprios partidos.

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História Geral - Aula no 18 - A industrialização européia no século XIX 1. As mudanças na indústria:

. Segunda Revolução Industrial ou revolução tecnológica: Um conceito muito utilizado para definir o tema desta aula é o de Segunda revolução industrial, porém ele não é correto. A Revolução industrial (inglesa de fins do século XVIII) teve como inovação maior a generalização da relação assalariada entre os empresários e os trabalhadores. Na chamada segunda revolução industrial do século XIX não houve mudança nessa relação de produção, houve sim um número tremendo de inovações tecnológicas, uma nova organização do capital com a sua concentração e a diversificação geográfica dessa indústria. Assim, o que temos é uma inovação tecnológica, puxada por novas formas de produção e novas fontes de energia.

. As ferrovias, uma grande mudança: O invento da locomotiva e das estradas de ferro no início do século XIX trouxe uma grande mudança tanto para o mundo como para a própria organização do capitalismo. A construção dessas ferrovias necessitava um grande montante de dinheiro, o que faz concentrar o capital, aproxima mercados distantes, dinamiza a produção, dentre outras conseqüências.

. A nova organização do capital: A concentração dos capitais em poucas mãos é uma característica do capitalismo nesse período. Os bancos ganharam uma importância decisiva, visto que eles eram os grandes investidores nos grandes empreendimentos, como as ferrovias. A união entre o capital bancário e o capital industrial forma o capital financeiro, onde os bancos têm preponderância sobre a indústria. Surgem ainda grandes complexos empresarias dominados pelo capital financeiro – ou capital monopolista – como os trustes, cartéis, holdings.

. Novas fontes de energia: O carvão e a força hidráulica simples, fontes de energia da ‘Primeira Revolução Industrial’ vão passar a conviver com novas fontes de energia. A força hidráulica passa a ser usada de forma extensa, como nas grandes hidrelétricas. A eletricidade, descoberta há pouco tempo, passa a ser utilizada industrialmente. E o petróleo vai ser utilizado largamente para a geração de força por combustão.

. Inovações tecnológicas e invenções: O período é conhecido pelas inovações na indústria, no surgimento de novos ramos industriais e nas invenções. Assim, alguns exemplos são os novos métodos para se fazer o aço, agora produzido industrialmente. A indústria química surge com os seus sintéticos, dispensando o uso de algumas matérias-primas outrora usadas, como o anil, o açúcar de cana, a seda do bicho-da-seda, etc. As invenções são muitas, como o automóvel, a lâmpada, o dirigível e a máquina de escrever. Os transportes também ganham um grande impulso com navios mais rápidos e os grandes canais de Suez (1869) e Panamá (1915).

2. A diversificação geográfica da indústria e as crises de superprodução:

. Novas áreas industrializadas: Se no início do século XIX, a única nação do mundo industrializada é a Inglaterra, durante o XIX, alguns países vão entrar nesse clube privilegiado. Assim, a Bélgica se industrializará a partir de 1830, a França a partir de 1860, a Alemanha no mesmo período e principalmente depois de sua unificação (1871), os EUA após a guerra civil (1865), a Rússia no último quartel do século XIX, o Japão a partir da Revolução Meiji (1868) e a Itália precariamente a partir da sua unificação (1870).

. Origens da industrialização da Europa continental: Alguns fatores importantes, mas não decisivos, para a criação da uma pequena indústria em algumas regiões da Europa continental foram as reformas napoleônicas e o Bloqueio Continental. Este último travando o acesso desses países aos produtos ingleses fez nascer uma pequena indústria. Assim, surgiram as sementes para estes processos de industrialização.

. Protecionismo: O ponto decisivo para a criação de uma indústria nesses países foi a atitude anti-liberal do protecionismo econômico, adotado por estes países. O protecionismo era a defesa da produção nacional ante os produtos importados – especialmente da Inglaterra industrial – através das altas taxas de importação. Assim, na segunda metade do século XIX, todos os países mencionados acima impuseram altas taxas de importação aos produtos industrializados vindos do exterior, incentivando a indústria nacional. Sem essa ajuda do Estado, não poderia haver a industrialização. Em alguns países, como a Prússia, o Estado não só fez altas taxas como participou ativamente da industrialização, comprando produtos e educando os operários.

. As crises de superprodução: Com toda essa industrialização, não havia um mercado forte para absorver uma produção tão alta, visto que os operários não ganhavam o suficiente para consumir o que produziam. Assim, havia as crises de superprodução de mercadorias – ou melhor, a produção além da capacidade de consumo –, como a grandiosa de 1873, que levou os países europeus a buscarem mercados em outros lugares do mundo no que ficou conhecido como Imperialismo.

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História Geral - Aula no 18 - As unificações italiana e alemã 1. Aspecto comum e unificação italiana:

. Uma dominação: Na verdade, as chamadas unificações não passaram de dominações de uma região interessada em ter sob seu domínio outras regiões e mercados. Assim, foi o mais industrializado Piemonte que unificou a Itália e, principalmente, foi a poderosa Prússia que conquistou os pequenos reinos alemães. Ambas as unificações se deram com o uso do discurso nacionalista, onde os ‘ocupados’ apoiavam a unificação.

. Caráter da união italiana: A unificação italiana foi menos autoritária do que a alemã , também, foi feita com maior dificuldade do que aquela. Em todas as regiões anexadas por Piemonte, houve plebiscitos de aceitação ou não da anexação, ganhas facilmente a favor, visto que havia um forte discurso nacionalista que lembrava os tempos do Império Romano. Paralelo ao processo de unificação, houve também lutas populares pela melhoria das condições de vida do povo pobre.

. A situação em 1815: O que viria a ser a Itália era dividida em vários reinos. No Norte havia o reino livre de Piemonte-Sardenha e outros pequenos reinos subordinados ao Império austríaco. No centro, havia reinos ligados ao papa e no Sul o reino das duas Sicílias, de caráter francamente absolutista.

. As revoluções de 1830 e 1848: Nessas duas revoluções, o líder Mazzini lutou pela união da Itália. Em ambas revoltas, a Áustria interviu sufocando o movimento.

. Guerra de Piemonte com a Áustria: Em 1859, o reino de Piemonte se alia à França conta a Áustria, anexando um território no Norte e no Centro do país e entregando uma parte do território de Piemonte para a França. É o início do processo de unificação, sendo que Veneza continuava nas mãos da Áustria.

. Campanha de Garibaldi: O republicano Garibaldi, líder dos camisas vermelhas inicia uma marcha no Sul em 1860 e derrota a monarquia da região, unindo o Sul ao território de Piemonte.

. Fim da unificação: Em 1866 com a guerra austro-prussiana, a Itália se alia à Prússia e toma Veneza e em 1870 invade Roma, que era posse da Igreja, concluindo o processo. O papa não aceita a invasão e estabelece-se a questão romana resolvida apenas em 1929 com a criação do Estado do Vaticano.

. Conseqüências da unificação: O norte do país se industrializou depois da unificação e o Sul continuou miserável, com grandes crises de fome, criando levas de imigração para a América e dando origem às máfias. 2. A unificação alemã:

. Caráter geral: Diferentemente da Itália, a união alemã foi mais autoritária e deu-se através de três guerras, dando origem a um forte e industrializado país. Um personagem importante para unificação foi o primeiro-ministro Otto von Binsmarck que articulou a política externa da unificação, forjando as guerras.

. Origens: No Congresso de Viena, ficou decidida a criação da Confederação Alemã, formada pela Áustria, a Prússia e uma série de pequenos reinos que existiam na região do atual território alemão. Ainda, a Prússia anexa a rica região do Reno e começa a disputa com a Áustria pela anexação dos pequenos reinos.

. A Prússia: O estado prussiano era centralizado e tinha um poderoso exército. Há uma aliança entre uma classe de proprietários, os junkers com a burguesia nacional, aliança esta em proveito do desenvolvimento do país.

. O Zollverein e as ferrovias: Em 1834, a Prússia e os pequenos estados alemães fazem um pacto criando um mercado comum, o Zollverein. Esse mercado seria consolidado com uma ampla rede de ferrovias ligando suas regiões, o que facilitará a integração econômica e a movimentação das tropas nas guerras de unificação.

. Guerra com a Dinamarca: Sob desculpa de que o Sul da Dinamarca continha uma população germânica, em 1864, Prússia e Áustria invadem o país e dividem o tal território em dois, um pedaço para cada.

. Guerra contra a Áustria: Alegando que a administração austríaca na região dinamarquesa ocupada era mal feita, a Prússia declara guerra à Áustria, tomando a região dinamarquesa e os reinos do Norte.

. Guerra com a França: Como a França não permitia a anexação prussiana de reinos independentes da Confederação Germânica, a Prússia inventa outro argumento estapafúrdio para fazer a guerra com aquele país, obtendo outra fácil e rápida vitória. Toma os reinos ao Sul da Alemanha, a Alsácia e a Lorena da França e ainda uma pesada indenização de guerra, trazendo a humilhação da nação francesa.

. Conseqüências: Em 1871 a Alemanha é totalmente unificada pela Prússia. Tem continuação um processo extremamente rápido de industrialização, a mais rápida e voraz da Europa. Porém, a Alemanha não dispõe de uma poderosa marinha, o que atrapalhará sua expansão no Imperialismo e fica temendo o revanchismo francês, fazendo diversas alianças contra aquele país. A guerra franco-prussiana vai ser uma das mais importantes causas da Primeira Guerra Mundial.

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Aula de História Geral - Aula no 19 - A Guerra de Secessão e o expansionismo norte-americano 1. Quadro geral dos EUA antes da guerra:

. Herança colonial: Até 1861, início da guerra civil, a sociedade norte-americana não tinha modificado muito as suas estruturas sociais da época da colonização, apesar do grande desenvolvimento do país desde então. Ficava ainda nítida a diferença entre as sociedades do Norte e do Sul.

. Norte: A colonização nesta região se deu com pequenas propriedades usando trabalho livre de forma geral. Isso criou um mercado na região que foi se dinamizando com o tempo. Antes da guerra civil, tratava-se de uma economia quase industrial, com muitas manufaturas e ferrovias ligando as suas diversas localidades.

. Sul: Essa região teve uma colonização diferente, com grandes propriedades usando mão-de-obra escrava produzindo produtos para exportação. Isso teve continuidade após a independência com a cultura do algodão, em que a maior parte era exportada para a Inglaterra, suprindo as fábricas britânicas desde o início da Revolução Industrial, e também uma certa parte ia para as manufaturas do Norte.

. Oeste: As terras conseguidas a Oeste dos treze estados originais através de guerras e compras eram disputados por grandes proprietários sulistas e capitalistas nortistas. Cada um defendia um modelo de colonização da região. Os nortistas desejavam um regime de terra livre ou barata que levasse imigrantes para a região suprindo o Norte de produtos básicos e comprando dos mesmos os seus produtos manufaturados. O Sul defendia que as terras tivessem preço alto para que só grandes proprietários pudessem comprar e que fosse permitido o trabalho escravo na região. Aconteceu que diferentes estados do Oeste seguiram os modelos do Norte e do Sul. O Texas, por exemplo, segue o modelo do Sul e o estado de Michigan o modelo do Norte. 2. Causas da guerra:

. A escravidão: São várias as causas da guerra diretas ou indiretas, mas uma diferença fundamental entre as sociedades do Norte e do Sul explica todas essas causas: a escravidão. Tratava-se de duas sociedades diferentes, uma escravista e outra capitalista, por causa dessa contradição fundamental houve a guerra.

. A balança comercial: O Norte desejava defender a sua indústria, por isso defendia altas taxas de importação. Enquanto isso, o Sul defendia baixas taxas de importação, pois queriam comprar os manufaturados ingleses por um preço baixo, já que não há indústrias no Sul.

. Terras no Oeste e equilíbrio no Congresso: As brigas pelo trabalho livre ou escravo no Oeste criaram grandes discussões no Senado e na Câmara, que geralmente tinham em certa igualdade de representação entre nortistas e sulistas. Esse equilíbrio, às vésperas da guerra, estava se desfazendo em favor do Norte, o que criou a ira do Sul.

. Arrecadação e investimentos: O Sul se dizia preterido nos investimentos da União, já que a exportação de algodão era uma das maiores receitas do Estado norte-americano. Eles queriam que esses recursos ficassem preferencialmente nos estados sulistas, por isso defendiam uma Confederação onde as arrecadações locais ficassem majoritariamente nos Estados.

3. A guerra e o pós-guerra:

. A criação da Confederação: Devido a todos os motivos acima expostos, os estados escravistas dos EUA em 1860 se declararam uma Confederação livre da União. Como resposta, os estados nortistas declaram guerra à Confederação. Deu-se início à guerra de secessão.

. A vitória do Norte: A estratégia da Confederação era de apenas defender a sua independência do Norte. A União, mais equipada e adiantada, vence com relativa facilidade. Morreram 620 mil pessoas na guerra que dura até 1865. O presidente Lincoln é assassinado por um radical cinco dias após o término da guerra.

. A vitória de um modelo: O modelo nortista de sociedade foi imposto a todo o território nacional. A partir desse momento, os EUA dão sua arrancada para a industrialização. Ferrovias seriam construídas no país ligando costa a costa, iriam emergir os grandes grupos financeiros e as terras passariam a se concentrar cada vez mais. As taxas de importação passam a ser protetoras da indústria nacional, passando de 20% para 47%.

. A situação dos libertos: Em 1863, Lincoln decretou o fim da escravidão no país, o que só ocorreu de fato com o fim da guerra. Um grupo de congressistas radicais defendia a reforma agrária, dando as terras dos grandes senhores escravistas para os libertos, mas essa reforma foi barrada no Congresso. Poucos libertos ganham terra e muitos fogem para o Norte, fugindo do regime de exclusão social que eles iriam viver em seguida no Sul, sem direito a voto e com discriminações legais, era o apartheid.

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História Geral - Aula no 20 - O Imperialismo na África 1. Imperialismo (1870-1914), uma definição:

É o movimento do grande capital financeiro europeu em busca de novos mercados tanto na Ásia, África e na América Latina. Os Estados europeus eram o grande instrumento desse movimento, em que em alguns casos, houve ocupação militar e em outros, apenas entrada de capitais. O Imperialismo teve a sua arrancada com a crise e superprodução de 1873, que leva o grande capital europeu a buscar novos mercados, matérias-primas e escoadouros para o excesso de capital na Europa. Não é à toa que a presença das empresas é maior que a dos governos nas colônias imperialistas. 2. O Imperialismo na África:

. Quadro geral da África antes do Imperialismo: O continente é diverso antes das incursões européias. Na região mediterrânea, existia o grande e decadente Império turco-otomano. Outras regiões litorâneas da África foram colonizadas desde os tempos do velho colonialismo, como Angola e África do Sul. Mas a maior parte da África não tinha qualquer dominação estrangeira, tendo a sua lógica geopolítica e social própria.

. Justificativa ideológica do Imperialismo: Os países europeus davam várias desculpas para legitimar e explicar a invasão dessas regiões. As principais eram: a missão civilizatória feita por povos civilizados sobre os povos bárbaros, a divisão das riquezas materiais do mundo, a evangelização cristã de povos que não conheciam a verdadeira religião e a superioridade racial dos povos brancos sobre os povos preto e amarelo.

. A divisão da África: Na colonização da África, feita antes da asiática, apenas os povos europeus participaram. Os principais certamente eram Inglaterra e França, que dominavam a maior parte do continente. A Alemanha, também importante, chegou atrasada na corrida imperialista, por isso, não conseguiu muitos e bons territórios. Portugal e Itália foram convidados pela Inglaterra a participar da corrida para que a França não dominasse regiões muito vastas e para constituírem estados-tampões entre territórios britânicos e franceses, grandes rivais na corrida imperialista.

. Rivalidades entre europeus na conquista: Apesar do constante diálogo, dos estados-tampões e dos congressos – como o de Berlim em 1885 que tentava resolver os problemas na dominação na África subsaariana –, houve uma série de pontos de confronto entre os europeus na África e na Ásia também, o que constitui a principal causa da Primeira Grande Guerra. Alguns deles são: a Inglaterra desejava construir uma ferrovia ligando a sua colônia do Egito à África do Sul, o que era barrado pela Alemanha; a França queria construir uma ferrovia cortando todo o Saara, o que foi barrado pela Inglaterra que dominava o Egito e o Sudão; França e Inglaterra brigavam pelo controle do canal de Suez e pelo controle do Egito e do Sudão.

3. Conseqüências e resistências à dominação:

. Conseqüências da dominação para os africanos: Os povos da África foram deslocados de suas terras para dar lugar a minas e plantations exportadoras, onde ainda tinham que trabalhar em condições lastimáveis e, muitas vezes, em regimes compulsórios. A produção de alimentos em todo o continente foi completamente desorganizada, dando início aos sérios problemas de fome que remetem às fomes vividas hoje em dia. Os europeus ainda cobravam impostos em dinheiro dos africanos em economias não-monetárias, obrigando os africanos a trabalharem, muitas vezes para os europeus, para poderem pagar os impostos. As culturas africanas foram consideradas inferiores e cultura e línguas européias foram impostas aos povos dominados. Havia, ainda, em muitas regiões um sistema de discriminação racial, o apartheid – como na África do Sul – que considerava os africanos seres humanos de segunda classe.

. Resistências e revoltas: Em todo o continente, durante e depois da ocupação, explodiram revoltas e movimentos de resistência contra a invasão e as medidas colonizatórias. Houve revoltas à própria chegada dos europeus como a revolta zulu no Sul da África ou revoltas acontecidas depois da instalação dos europeus, como a sudanesa e a etíope, que conseguiram criar por determinados períodos países livres do jugo europeu.

4. O Imperialismo na América Latina:

Além da África e da Ásia, onde houve colonização com invasão militar, houve também presença imperialista na América Latina, só que sem uso de forças militares. Eram exportações de capitais para esta região, que transformavam aquelas economias em dependentes das economias européias. As economias latino-americanas eram especializadas na produção e exportação de artigos primários e importavam produtos industrializados e capitais europeus, sob a forma de empréstimos, construção de ferrovias, telégrafos etc.

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História Geral - Aula no 20 - O Imperialismo na Ásia 1. Parâmetros do Imperialismo na Ásia:

Assim como na África, o Imperialismo na Ásia tinha o mesmo motivo e objetivo. Era o extravasamento dos grandes capitais saturados do mercado europeu. Diferentemente da dominação econômica na América Latina na mesma época, aquela dominação na Ásia acontecia muitas vezes acompanhada de dominação político-militar. Mais do que a África - que não tinha um grande mercado consumidor, mas sim muitas matérias-primas –, a Ásia era o principal objetivo da expansão européia, já que lá havia um grande mercado consumidor, com uma população muito grande e economias mais complexas do que as africanas.

2. A presença na Ásia:

. Os países imperialistas na Ásia: As principais potências européias que se encontravam na África estavam também presentes na Ásia, como Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha. Mas outras potências também estavam lá: é o caso da Holanda, que desde tempos do antigo colonialismo, domina a Indonésia; o Japão, que a partir da Guerra russo-japonesa de 1905 inicia a sua expansão imperialista; os EUA, que chegaram atrasados no Imperialismo em 1898 e só tinham territórios na Ásia; e ainda a Rússia, que exercia uma dominação que não se caracterizava muito bem como imperialista.

. Japão: Na primeira metade do XIX, a impressão que se tinha era que o Japão poderia ser mais uma futura colônia imperialista dos europeus na Ásia. Sua sociedade era feudal e o país era em geral mais atrasado do que a China. Os norte-americanos fizeram uma forte intimidação no país, fazendo os chamados acordos desiguais de comércio. A partir de 1868, inicia-se o fim do feudalismo no país com a unificação do país sob a liderança do imperador, que inicia um processo de modernização do país, é a chamada Era Meiji – era iluminada. As reformas que visam a ocidentalização incluem uma reforma monetária, militar, o envio de jovens japoneses aos centros de estudo do Ocidente e um incentivo muito forte à educação e à industrialização. O Japão se moderniza e industrializa-se, ficando imune à dominação ocidental. Em 1904-5, o Japão vence a guerra contra a Rússia e passa a dominar a Coréia e o Sul da Manchúria, na China, dando início à sua expansão imperialista.

. Imperialismo norte-americano: Desde as primeiras décadas do século XIX, os EUA mostravam interesse pela região do Pacífico. Acabaram sendo os principais responsáveis pela não divisão da China em protetorados, deixando-a livre para a penetração de qualquer país. A partir da vitória na guerra contra a Espanha em 1898, os EUA passam a dominar as Filipinas, tendo então uma forte penetração na Ásia.

. Imperialismo russo: A dominação russa na Ásia é bem anterior a das outras nações européias. A dominação russa na China, no Afeganistão, Coréia, Pérsia não caracterizam o Imperialismo praticado pelos outros países. A Rússia era um país mais atrasado e não tinha capitais para exportar para outras regiões, ela mesmo era um escoadouro dos capitais da Europa Ocidental, principalmente o capital francês. Trata-se, portanto, de um Imperialismo menos sofisticado que os exercidos por Inglaterra, França, EUA e outros.

. A Índia: A dominação inglesa na Ásia tem como principal colônia o continente indiano. Era essa na verdade, a principal colônia inglesa. Os ingleses para dominar essa vasta região, antes dominada pelo frágil Império Mogol, aliando-se aos chefes locais. A dominação não foi feita de uma vez, mas foi fruto de um longo processo. A agricultura no país, que antes era muito bem organizada, com alto grau de produtividade, foi desorganizada pelos colonizadores ingleses, com a introdução, por exemplo, de plantações de ópio com produção voltada para a China. Deram-se, por isso, as grandes crises de fome no país.

. A China: Antes da chegada dos europeus, os chineses viviam sob jugo da dinastia estrangeira Manchu. O fato de o país viver sob o domínio de uma dinastia estrangeira explica em grande parte a fragilidade do país à dominação estrangeira. O Sul do país, onde estão Macau, Cantão e Hong Kong sempre foi ma região mais aberta aos ocidentais, os quais os chineses em geral desprezavam, achando-os inferiores à cultura chinesa. A abertura do país se dá à força com as duas guerras do ópio, que opuseram o Império Celestial à Inglaterra. A primeira (1839-42), com vitória inglesa, obriga os chineses a abrir os portos ao Ocidente e doar Hong Kong para os ingleses por algo como 150 anos. O país deve pagar uma indenização de guerra e os ingleses detêm o controle das exportações e importações locais. A partir disso, todos os países ocidentais vão investir e exportar produtos para a China. Há a construção de várias ferrovias, que desorganizam o espaço chinês, destruindo a agricultura de alguns lugares. Várias são as revoltas contra os ocidentais e a dinastia estrangeira.

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Aula de História Geral - Aula no 21 - A América Latina no século XIX

1. Introdução: A América Latina no século XIX não teve uma história feliz. Apesar do que acreditavam os latino-

americanos, a independência não trouxe um mundo de prosperidade e auto-determinação para os recém-criados países. As fronteiras não eram certas e logo vieram guerras civis, guerras entre países do subcontinente e ainda invasões estrangeiras. Os novos estados há pouco criados também não passaram por bons momentos logo após a independência. A situação da economia da região era dramática, com a perda momentânea da produção e do comércio de exportação devido às guerras de independência. 2. Miséria, dependência e guerras civis:

. Separações e guerras civis: Logo após as independências, formaram-se grandes países na região como a Grã-Colômbia – que inclui o que hoje é o Panamá, a Colômbia e a Venezuela – e o México – que ia do Oregon, estado norte-americano, até a fronteira Norte da Grã-Colômbia. Esses grandes países não conseguiram sobreviver devido à falta de grupos internos poderosos que pudesse unificar todo o território. Ainda, outros países também enfrentaram guerras civis com desmembramento do seu território.

. Dependência econômica: As economias coloniais da América Latina eram especializadas na produção para exportações e dependiam da produção européia para conseguir os produtos manufaturados, já que poucas manufaturas existiam na Ibero-América. Com as guerras de independência, essas produções para exportação se desorganizaram e, muitas vezes, suas exportações foram barradas pela marinha espanhola. Isso levou à pobreza dessas regiões e à escassez dos manufaturados, inclusive os mais básicos. A economia desses países surgiu já em crise devido à dependência criada pelos mais de trezentos anos de colonização.

. Crise política: Junto às crises econômicas e de legitimidade do novo Estado no território, vêm as crises políticas nacionais. Havia grande discussão sobre que estado seria formado, qual o seu caráter. Havia uma oposição básica entre conservadores e liberais em todos países latino-americanos. Conservadores eram geralmente ligados à Igreja e defendiam um unitarismo e centralização. Enquanto isso, os liberais defendiam a autonomia local federalista. Ocorreram grande embates entre esses grupos e até guerras como no caso da Argentina em que as províncias se separaram de Buenos Aires por anos formando uma confederação.

. Caudilhismo: Essa resistência de uma localidade ante os interesses de uma área central levou o nome de caudilhismo. O caudilho é uma figura-símbolo dessa defesa da autonomia local. 3. Guerras e a consolidação dos países latino-americanos:

. Guerras externas: Além das guerras civis internas desses países, ocorreram também guerras entre países latino-americanos como a Guerra do Paraguai e as Guerras do Pacífico e ainda a guerra que opôs o México aos EUA. A partir de meados do século, os países latino-americanos começaram a se consolidar como países independentes através da exportação de um produto valioso para o mercado internacional.

. Guerra do Paraguai: Essa guerra opôs o Paraguai à Tríplice Aliança, formada por Argentina, Brasil e Uruguai. Foi a disputa pelo controle fluvial do rio do Prata, que era pretendido pelo Paraguai para escoar sua produção para o mercado internacional. Trouxe grande miséria para o Paraguai.

. Guerras do Pacífico: As guerras do Pacífico opuseram o Chile à Bolívia e ao Peru com a luta pelo controle da região do Atacama. As duas guerras foram vencidas pelo Chile, que acabou anexando parte dos territórios dos dois países, a região do deserto do Atacama, muito rica em prata, guano e cobre. Com esse resultado, a Bolívia perdeu o seu acesso ao mar.

. Guerra mexicano-americana: A região do Texas, que pertencia ao México, vinha sendo ocupada desde os anos 1820 por pecuaristas americanos ligados aos grandes produtores de algodão do Sul dos EUA. Esses pecuaristas usavam mão-de-obra escrava. O México tinha abolido a escravidão na época de sua emancipação. Para poder ter escravidão em seu território, os grandes pecuaristas criaram um movimento de independência do Texas, destacando-se do México em 1836. Em 1845, o Texas se anexa aos EUA criando a ira mexicana, que declara guerra aos EUA. Os mexicanos perdem a guerra e grande parte de seu território no Pacífico.

. Consolidação das economias hispano-americanas: As economias latino-americanas só se estabilizaram a partir da metade do século XIX com a venda maciça de produtos de exportação no mercado internacional. Cada país teve seus próprios produtos e exportação e, com isso, essas economias mantiveram sua dependência da economia européia oriunda do período colonial. Assim, Argentina e Uruguai se estabilizam economicamente com as exportações de produtos da pecuária, o Brasil com o café e o Chile com o guano.

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História Geral - Aula no 21 - A Revolução Mexicana 1. Introdução:

Acontecida em 1910, a Revolução mexicana talvez seja a primeira grande revolução amplamente popular dos tempos contemporâneos. Foi uma revolução basicamente rural e camponesa, com poucos focos de lutas nas cidades. Apesar de todo o ambiente progressista, um grupo nada revolucionário que se dizia parte da revolução chegou ao poder e instaurou uma longa ditadura unipartidária que só teve fim em 2000.

2. O México pré-revolucionário:

. A dolorosa consolidação nacional: Após ter encarado guerras civis, lutas regionais pela independência, guerra com os EUA e invasão francesa, o México, sem 2/3 do território original, consegue consolidar o seu estado e sua economia através da exportação de petróleo, metais preciosos e produtos tropicais.

. Porfiriato (1876-1910): Os golpes de estado e as ditaduras não eram novidade na história nacional mexicana, mas a ditadura de Porfírio Diaz foi a maior experimentada no país até então. Fruto de um golpe de estado de 1876, ela só terminou com a Revolução mexicana. Trata-se de um governo fortemente liberal, ligado aos capitais nacionais com vínculos com o capital estrangeiro, sobretudo inglês. Há um incentivo à uma industrialização dependente dos capitais de exportação e de capitais estrangeiros, criando uma urbanização no país e também uma grande pobreza nas cidades. Ainda, o governo construiu algumas ferrovias ligando o país. As terras dos indígenas e da Igreja, terras coletivas, eram vendidas pelo governo para dar lugar a latifúndios exportadores, causando grandes danos sociais para a população rural que iriam levar a revoltas.

. Quadro geral do México no fim do Porfiriato: O governo de Diaz fez a economia mexicana crescer de forma dependente e piorou muito a situação das classes pobres rurais do país. No Norte do país, havia grandes latifúndios pecuaristas, minas de metais, além de indústrias. As cidades, como a cidade do México, cresceram muito nesse período com operários que ganhavam muito mal e não tinham direitos trabalhistas. Havia ainda alguns intelectuais liberais e de esquerda nas cidades que eram críticos de Diaz. No Sul do país se encontravam as terras coletivas, que se transformavam em latifúndios para o capital exportador.

3. A Revolução Mexicana:

. Palavras iniciais: Por ser uma ditadura há 35 anos no poder que oprimia a população pobre do país e também era criticada por uma parte da elite por se vincular excessivamente aos capitais ingleses, quando ela é derrubada, uma série de movimentos antes calados se mostram e reivindicam seus direitos. Por isso, a Revolução acontece em quatro frentes: no Norte rural, no Sul rural, nas cidades – principalmente a capital – e com os liberais radicais – mais tardios –, que triunfarão sobre todos os outros no final.

. O golpe no México: Porfirio Diaz leva um golpe em 1910 do grande proprietário ligado aos capitalistas norte-americanos, Madero, que é eleito presidente em 1911. Segue-se uma série de golpes de estado até chegarem no poder os constitucionalistas, ligados a Villa e Zapata. Faz-se a constituição com Carranza eleito presidente em 1917. Carranza é assassinado pelos liberais radicais, que empossam Óbregon.

. Sul: Em uma região indígena densamente povoada chamada Morelos, onde o porfiriato fora cruel com a instalação de grandes fazendas de cana-de-açúcar, inicia-se um movimento pela reforma agrária. Emiliano Zapata é eleito líder desses indigenistas e uma invasão de uma dessas comunidades por hacienderos – grandes fazendeiros – é dado como estopim para o início da luta revolucionária. O grupo segue marchando tomando as grandes propriedades e transformando-as em terras comunais dos indo-descendentes. Chegam em 1914 à cidade do México onde são saudados pela classe intelectual urbana.

. Norte: A região de Chihuahua no Norte do país é terra de grandes pecuaristas. Vaqueiros desses proprietários criam um movimento para tomar as suas terras tendo como líder Pancho Villa. Eles confiscam as terras e dão ao Estado revolucionário, no caso os ‘generais’ de Villa. Esses generais depois serão contra o prosseguimento da luta, defendendo suas terras ganhas na Revolução.

. PRI: Surge um terceiro grupo ‘revolucionário’ no Noroeste do país, ligado às firmas norte-americanas, são os liberais radicais. Eles tomam regiões exportadoras do país, conseguindo comprar armas no exterior com dinheiro das exportações. Vencem os exércitos de Villa e Zapata, matam os dois e tomam o poder. Fundam o Partido Revolucionário Institucional que se manterá no poder até o final dos anos 90.

. Após a revolução: O PRI se diz herdeiro da Revolução mexicana, de Villa e de Zapata. Em alguns momentos do século XX, de maneira populista, toma posições progressistas, fazendo a reforma agrária e implantando um direito trabalhista, mas nunca permite participação popular e democrática no seu governo.

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História Geral - Aula no 22 - A primeira guerra mundial

1. Apresentação: A guerra mundial de 1914 a 1918 foi a maior guerra vivida pelo mundo até então. Após 100 anos de

relativa paz na Europa, essa guerra chegou a matar quase 20 milhões de pessoas. Esses números nunca antes vistos se devem, sobretudo, ao fato de essa guerra ser a primeira grande guerra entre sociedades industriais. A guerra se deu majoritariamente na Europa, mas chegou a envolver todos os continentes do mundo. 2. As causas da guerra:

. Uma guerra imperialista: A divisão do mundo nos grandes impérios que havia não dizia mais respeito ao real poder econômico dos países industrializados em 1914. A produção industrial inglesa já tinha sido ultrapassada pelas economias alemã e norte-americana. Entretanto, Inglaterra e França tinham quase o total controle sobre os territórios colonizados na África e na Ásia, enquanto os dois países emergentes tinham pouquíssimos territórios no ultramar. Isso era um entrave para a expansão das grandes empresas alemãs e, em menor escala, das norte-americanas. Esse vai ser o fator decisivo da guerra.

. Conflitos europeus e imperialistas: Não só o conflito de interesses entre Inglaterra e Alemanha levaram à guerra. Entre os países europeus, existiam uma série de disputas de interesses, territórios e áreas de influência na Europa e nas áreas coloniais. Isso vai levar a Europa a se dividir em duas grandes alianças.

. O sistema de alianças e a paz armada: Duas alianças se formaram. A primeira era a Tríplice Aliança, que juntava a Alemanha, o Império Áustro-húngaro, a Itália, o Império Turco-Otomano e a Bulgária. A Tríplice Entente unia eminentemente a Inglaterra, a França e o Império Russo. Todos já estavam certos de que haveria guerra, levando à grande produção de armamentos e o destacamento de soldados. Faltava apenas uma faísca para explodir aquele conflito.

. O nacionalismo vence o internacionalismo: Em 1914, com o assassinato do herdeiro do trono do Império austro-húngaro, inicia-se a guerra. Os grupos socialistas, anarquistas e comunistas apelam para os soldados trabalhadores não lutarem contra outros soldados trabalhadores. O apelo não surte o efeito esperado.

3. A guerra:

. Frente ocidental: A Alemanha, principal potência da guerra, decide primeiro vencer a França e depois a Rússia. Eles, porém, ficam presos toda a guerra dentro do território francês na guerra de trincheiras, lutando contra franceses e ingleses. Os alemães tentaram diversas ofensivas que chegaram a beirar Paris, mas nunca conseguiram avançar por muito tempo.

. Frente oriental: Com a frente ocidental paralisada, os alemães invadem a Rússia e obtêm seguidas e fáceis vitórias. Os soldados russos morrem aos montes, não tendo a tecnologia de guerra que tinham os alemães. Em 1917, os bolcheviques – grupo revolucionário socialista russo – tomam o poder e fazem uma paz em separado com a Alemanha, retirando a Rússia da guerra.

. Decisão norte-americana: Os EUA, neutros desde o início da guerra, resolvem entrar na guerra para auxiliar os principais endividados de seus banqueiros, os aliados ingleses e franceses. Sua participação é decisiva e eles derrotam o exército alemão.

4. Os tratados de paz e o pós-guerra:

. Um tratado por país e o novo mapa europeu: Cada país europeu derrotado teve um tratado de paz específico, impondo as condições da rendição incondicional às potências centrais. Criou-se um novo mapa europeu, com o fim dos quatro grandes impérios, o russo, o alemão, o austro-húngaro e o Turco-Otomano. Todos derrotados tiveram seus territórios bem reduzidos, além das duras condições impostas pelos tratados.

. O Tratado de Versalhes: Esse tratado é o tratado específico da Alemanha. Vieram dos franceses os mais importantes elementos da construção desse tratado. O texto do tratado afirmava que a Alemanha era “a única culpada pela guerra”. Impunha à Alemanha perdas territoriais, a perda de todas as colônias, estrandosas indenizações de guerra, ocupação militar provisória e restrição quase total à formação de um exército, marinha e aeronáutica. Este tratado, impossível de ser completamente cumprido, tem em si os principais motivos que levaram à segunda guerra mundial, como muitos já previam mesmo em 1918.

. Liga das Nações: Foi criada a Liga das Nações, uma prévia da ONU, onde só participavam os países vencedores. Não teve grande importância e, principalmente, não conseguiu atingir o seu principal fim, evitar outras guerras. Por isso, foi desfeita com a eclosão da Segunda Grande Guerra.

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História Geral - Aula no 23 - A revolução Russa 1. Introdução:

No meio da Grande Guerra, estoura na Rússia a mais importante revolução do século XX, que iria marcar profundamente esse século. Essa Revolução comunista mundial que inicia em 1917 tende a se espalhar para todo o mundo, levando um terço da Humanidade a viver em países de governo socialista no início da década de 50, apenas trinta anos apenas depois da Revolução na Rússia. Trata-se da primeira grande revolução operária da história, que iria dar lugar ao primeiro regime socialista sólido do mundo.

2. A Rússia antes da Revolução e 1917:

. A industrialização russa e a situação econômico-social do país: Após o fim da servidão no país em 1861, o governo russo investe na industrialização do país. Feita de forma dependente, a industrialização aloca uma grande população do campo para a cidade. Mesmo assim, às vésperas da primeira grande guerra, 80% da população do país vivia no campo. A situação dos camponeses era péssima e, na prática, algumas práticas da servidão continuavam existindo. Nas cidades, a situação dos trabalhadores urbanos e operários também era lastimável. Isso levava à criação de diversos movimentos sociais reivindicatórios e utópicos no país.

. Movimentos sociais e partidos na Rússia: O país tinha uma gama extensa de movimentos sociais e partidos das mais variadas tendências. Havia liberais ocidentalizantes, socialistas utópicos, anarquistas dos mais diversos tipos e marxistas. Um partido importante que surge nos últimos anos do XIX é o PSDOR – Partido Social Democrata Operário Russo –, que depois se divide entre mencheviques e bolcheviques, esses últimos dominam o partido que iria organizar a Revolução de outubro.

. O ensaio geral para a revolução: Em 1905, durante uma guerra desastrosa com o Japão, a situação da população russa piorava. Faz-se em um domingo uma grande marcha pacífica na capital São Petesburgo pedindo pão, paz, trabalho e terra. A manifestação é violentamente massacrada pelas forças do czar, o que leva o povo a fazer diversas greves e revoltas. O czar, último rei absolutista da Europa, vê-se encurralado e abre o regime, permitindo a constituição de um Parlamento – a Duma. Com a melhora da situação da economia do país nos anos seguintes, o czar suprime a assembléia, voltando o regime a ser absolutista.

. A guerra e a revolução de fevereiro: Com a guerra mundial, novamente a situação geral da população e dos militares piora e muito. As tropas não tinham armas suficientes, nem mantimentos, fazendo soldados morrerem aos montes na frente de combate. Para a população urbana faltava comida em função do envio de mantimentos para a frente de guerra. Em 1917, diversas greves paralisam as cidades do país e o rei manda a sua guarda real – os cossacos – suprimir as greves e manifestações. Os cossacos se recusam a abrir novamente fogo contra a população e o czar abdica do trono. Liberais, liderados por Kerensky, tomam o poder em fevereiro e mantêm a Rússia na guerra.

. Os sovietes, os bolchevique e Outubro: Com o vazio de poder criado pela abdicação do monarca e a ainda não afirmação em todo o território do poder provisório, criam-se em todo o país os sovietes. Os sovietes eram assembléias democráticas e populares que administravam uma certa região ou eram organização de um certo grupo social. Os bolcheviques, bem reduzidos nesse momento, crescem rapidamente ao defender o fim imediato da guerra e que o poder fosse dado aos sovietes. Como esses eram os grandes anseios da maioria da população, principalmente a urbana, eles se tornam um grande partido e tomam facilmente o poder em outubro – ou novembro no calendário ocidental.

3. A consolidação e a expansão da Revolução:

. Os primeiros movimentos: As primeiras medidas do novo governo são a paz em separado com a Alemanha e o reconhecimento dos sovietes como poder local. No país, organiza-se um grupo de oposição ao novo regime, os russos brancos, que tinham auxílio dos países capitalistas e que declaram guerra aos bolcheviques. Inicia-se a guerra civil entre russos brancos e os vermelhos pelo poder, que dura de 1918 a 1920. A guerra foi extremamente maléfica para a população com racionamento de alimentos e produtos básicos. Teve no final a vitória do Exército Vermelho, apoiado pela grande massa de camponeses do país. Em 1922 é criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS.

. As revoluções pelo mundo: Por todo o mundo, diversas organizações operárias e trabalhadoras saúdam a Revolução Russa. Com o fim da guerra na Europa no ano seguinte, explodem em vários pontos dos países derrotados, revoluções socialistas massacradas pelos governos locais e tropas estrangeiras. Cria-se em

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Moscou a III Internacional Socialista – o Komintern, uma espécie de partido comunista mundial – que iria organizar as revoluções pelo mundo.

. A NEP: Com o fim da guerra civil, a economia do país está completamente destruída. Não resta nenhuma indústria do período imperial e a produção de alimentos e produtos básicos está reduzida e desorganizada. Lenin bola a NEP, a Nova Política Econômica, onde os camponeses produziriam uma parcela para o Estado e outra para o mercado, um misto de capitalismo e socialismo. O plano dá certo e a produção se estabiliza, voltando as cidades a serem normalmente abastecidas. Dá-se uma pequena e curta prosperidade no campo. Lenin morre em 1924.

. A disputa pelo poder: Com a morte de Lenin, figura centralizadora da política nacional, começam as disputas para ver quem lideraria o PCUS – o Partido Comunista da União Soviética – que funciona como o Parlamento nacional. Trotsky, um dos principais nomes da Revolução de outubro, é um dos candidatos e defende a Revolução mundial imediata. Stalin defende a revolução primeiramente na Rússia e depois no resto do mundo. Stalin vence e transformará o sonho socialista em uma duríssima ditadura.

. Os planos qüinqüenais: Stalin estabelece um plano de desenvolvimento industrial e econômico para o país, utilizando-se de planejamentos econômicos qüinqüenais – de cinco em cinco anos. Houve uma coletivização forçada do campo, que levou a uma forte crise na produção agropecuária e a milhões de mortes pela perseguição do governo aos camponeses que não aceitavam a coletivização. Deu-se a industrialização no país, de uma forma autoritária e com grande exploração dos trabalhadores. O êxito da rápida industrialização é, entretanto, inegável.

. O terror dos anos 30: Stalin faz ainda diversas perseguições políticas, levando antigos revolucionários, políticos e pessoas comuns para os campos de concentração, a deportação e a morte. Milhões morreram e a marca ditatorial do regime permaneceu até os anos 1980. Trotsky é deportado e assassinado em 1941.

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História Geral - Aula no 24 - A crise de 1929 e depressão dos anos 30 1. Apresentação:

A crise de 29, ou Grande depressão dos anos 30, foi a maior crise econômica vivida pelo capitalismo em todos os tempos. Iniciou com a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929 e se espalhou por todo o mundo nos anos seguintes, tendo quebrado milhares de empresas e levado milhões ao desemprego em todo o mundo capitalista. A crise representa a mudança da não intervenção do Estado na economia para um capitalismo com intervencionismo do Estado na economia.

2. Causas profundas e imediatas da crise:

. A economia americana no pós-1ª Guerra: Após a 1ª Guerra Mundial, a economia norte-americana foi importantíssima para garantir a recuperação da economia européia, fazendo diversos empréstimos a estas e entrando com investimentos na Europa. Também, a economia norte-americana supria as colônias européias na África e na Ásia, visto que Inglaterra e França não conseguiam suprir suas colônias após a guerra. Isso tudo leva a um grande crescimento da economia norte-americana, que passa a sair de seu relativo isolamento e vira uma economia internacionalizada.

. A recuperação das economias européias: Com a própria ajuda dos EUA, as economias da Europa Ocidental conseguem se reerguer e suas indústrias conseguem atender a demanda interna. Com o tempo, as economias européias também conseguem atender as necessidades de suas colônias, passando a rejeitar a ajuda americana neste quesito. O problema é que a produção da economia americana era voltada antes para a demanda dos norte-americanos, dos europeus e das colônias.

. A causa imediata da crise: Esse fechamento dos mercados coloniais pelas metrópoles em vista da recuperação daquelas economias é a causa imediata da crise. Havia um hiperprodução nos EUA que atendia ao mundo inteiro e de um momento para o outro, é rejeitada pelos europeus.

. As causas profundas da crise: O capitalismo é um sistema econômico que vive de crises cíclicas. Nunca há um crescimento econômico para sempre porque não há a distribuição da riqueza gerada na produção. Parte da riqueza é tirada do trabalhador e reinvestida no aumento da produção. A tendência da produção capitalista é de aumentar sempre. Acaba chegando uma hora em que a produção é maior do que a demanda. Isso leva à crise econômica.

. A crise: A crise tem início com a quebra de algumas empresas americanas em 1929 na Bolsa de Nova Iorque. Dá-se em seguida um quebra-quebra de empresas em todos os EUA e em todo o mundo capitalista. A verdadeira depressão econômica se dá nos anos 30 e não em 1929 e a principal expressão dessa crise é o desemprego generalizado.

3. Conseqüências da crise:

. O New Deal: Em 1929, ocupava a presidência americana um republicano liberal. Ele não tomou nenhuma medida para tentar resolver a crise, crendo que a economia se arrumaria por ela mesma. Isso só agravou a crise. Em 32, elegeu-se presidente o democrata Franklin Roosevelt defendendo a atuação do Estado na economia para resolver a crise. Ele pôs em prática o New Deal, plano de intervenção na economia com o objetivo central de reverter os problemas do desemprego na sociedade. Vários são os traços desse programa: planejamento da produção agrícola, grandes obras públicas, direitos e assistência trabalhista e outros.

. Países primário-exportadores: Os países que tinham como núcleo da economia as suas exportações, tendo como exemplo todos os países latino-americanos – duramente atingidos pela crise – já que os países ricos passaram a comprar bem menos seus produtos. A crise econômica desses países vai ser a causa imediata para golpes de estado.

. Europa: As economias européias estavam fortemente endividadas dos americanos e com um grande montante de investimento desses. Isso levou a que essas economias sofressem seriamente também os efeitos da crise que se iniciou nos EUA. Isso foi mais grave na Alemanha, que tinha tido uma ligeira recuperação econômica de 1925 a 1929 com a ajuda norte-americana. Isso leva o país à maior hiperinflação de todos os tempos e um enorme desemprego, terreno fértil para a ascensão nazista.

. A União Soviética: Esse país foi o que menos sofreu no mundo os efeitos da crise. Como o desenvolvimento planejado daquela economia tinha poucas relações com outras economias, quase não houve efeitos da crise de 29 nesse país. Os planos qüinqüenais continuaram e uma série de cientistas e técnicos ocidentais desempregados por causa da crise foram trabalhar na URSS no período.

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História Geral - Aula no 25 - O Fascismo e o Nazismo 1. A queda do liberalismo:

. A descrença no liberalismo: A 1ª Guerra Mundial e a Depressão dos anos 30 são dois golpes no liberalismo. A primeira acabou com a ilusão de que as democracias liberais, por serem decididas pelo povo, evitariam qualquer tipo de guerra e a segunda abalou essas democracias e também a doutrina do liberalismo econômico. O que se vê no período entre-guerras (1918-1939) é a queda das democracias liberais em várias partes do mundo. Há uma descrença generalizada na democracia liberal e no liberalismo econômico. Parte das populações ainda aclamava líderes autoritários que diziam que iriam resolver os problemas do país. Assim foi com Hitler e Mussolini, por exemplo.

. A criação de um modelo de fascismo com Mussolini: A Itália foi duramente humilhada com os tratados de paz de 1918. O que lhe fora prometido não foi cumprido em termos territoriais. Isso levou a um grande apelo nacionalista no país que, junto com a crise econômica do pós-guerra, foi um terreno favorável para a ascensão do radical de direita Benito Mussolini ao poder. Ele implantou no país, a partir de 1922, o primeiro modelo de governo fascista do mundo, que em algumas características ou de forma generalizada, foi imitado depois por muitos governos direitistas no mundo inteiro.

. A ascensão de Hitler e a expansão dos fascismos: Se em algumas características, as práticas políticas de Mussolini foram imitadas, o fascismo só ganhará projeção mundial com a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha em 1933 por via eleitoral. Depois, o nomeado primeiro-ministro Hitler iria transformar a democracia alemã em uma duríssima ditadura. Hitler modificou alguns traços do fascismo de Mussolini, criando o nazismo, que tinha como grande inovação e relação às teses de Mussolini o racismo. É a partir da Crise de 29 e da ascensão do nazismo na Alemanha que o fascismo e o nazismo ganharão uma projeção internacional maior.

3. Elementos do fascismo e do nazismo:

. Geral: Os fascismos são vários. Cada governo ou partido fez uma nova forma de fascismo ou pegou características esparsas de governos fascistas e pôs em prática. As características fundamentais dos fascismos é que eles são anti-liberais, anti-comunistas e extremamente autoritários. Crêem em uma ‘terceira via’ além do liberalismo e do socialismo.

. Mobilização das massas: Como crítica à organização individualista das sociedades liberais, o fascismo faz através de um líder, uma grande mobilização das massas. Essa mobilização é feita de forma autoritária e com um discurso demagógico e falacioso. Por exemplo, o nazismo criticava os judeus e dizia que eles eram os culpados por todos os problemas da Alemanha, direcionando a raiva dos alemães para os judeus.

. Racismo e anti-semitismo: Essas características são exclusivas do nazismo, não dizem respeito ao fascismo italiano. Hitler condenava como raça inferior vários povos, religiões e condições sociais, como os judeus, as testemunhas de Jeová, os eslavos, os ciganos, os homossexuais, os deficientes mentais e outros.

. Nacionalismo extremo: Essa é uma característica geral dos fascismos. Todos vêem os interesses da nação acima de qualquer outra coisa. Criticam culturas estrangeiras e o internacionalismo comunista. No nazismo, o nacionalismo se une ao racismo, fala-se de uma raça alemã superior às outras.

. Tradicionalismo anti-modernista: Junto com o nacionalismo, vem uma exploração da memória nacional. Mussolini explorava o tema do Império Romano, Hitler o das tradições germânicas. Adota-se a arte clássica em oposição à arte moderna, esta vista como arte degenerada ou bolchevique.

. Revanchismo: Um dos motivos da ascensão de Mussolini e de Hitler e elemento de seus discursos era o revanchismo da 1ª Guerra. Ambos prometiam reverter os resultados daquela guerra em proveito de suas nações. Dentro do discurso desses dois líderes está clara a Segunda Guerra Mundial.

. Estado intervencionista: Todos os regimes fascistas, como anti-liberais que são, intervêm duramente na economia. Hitler fez praticamente uma economia de guerra desde 1933 e Mussolini estatizou vários ramos da economia italiana.

. Repressão às demandas trabalhistas: Há uma forte repressão dos movimentos reivindicativos de melhorias trabalhistas. O que se vê na Alemanha, por exemplo, é uma regressão dos direitos dos trabalhadores e de suas condições, além do uso de trabalho escravo de judeus, comunistas e outros nos campos de concentração.

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História Geral - Aula no 25 - A Segunda Guerra Mundial 1. Apresentação:

A Segunda Guerra Mundial foi a maior guerra vivida pela Humanidade. Morreram nela aproximadamente 50 milhões de pessoas. Esse número gigantesco se explica porque se tratou de uma guerra entre sociedades industriais, agora não tão limitada à Europa como na Primeira Grande Guerra, trata-se verdadeiramente de uma guerra mundial. As máquinas das indústrias que produziam produtos para o consumo humano são direcionadas para produzir a morte, cada vez de forma mais eficiente.

2. As causas da guerra e a guerra:

. As causas indiretas: O Tratado de Versalhes em suas cláusulas, impossíveis de serem completamente cumpridas, semeou outra guerra. A Crise de 29 piorou ainda mais a difícil situação da Europa, especialmente a da Alemanha, levando à ascensão do nazismo naquele país. Essas são as reais causas da guerra.

. A consecução dos fatos de 1933 até a guerra: Itália, Alemanha e Japão insatisfeitos com a situação geopolítica do pós-guerra, partem em uma empreitada expansionista de 33 a 39, levando à guerra. Eles estabelecem um pacto militar entre eles, o Eixo Roma-Berlim-Tóquio. A Itália invade a Etiópia e a Albânia. O Japão, a Manchúria e depois toda a China em 1937. A Alemanha toma a Áustria, a Tchecoslováquia e a Polônia em 1939, fazendo estourar a guerra. Com essa última invasão, França e Inglaterra declaram guerra à Alemanha e um tratado de não-agressão é assinado entre os alemães e soviéticos no mesmo ano. A invasão da URSS pela Alemanha e o ataque a Pearl Harbor pelos japoneses em 1941 mundializariam a guerra.

. A frente ocidental: Os alemães vencem a França em 1940 e fazem com eles um acordo de paz, tomando ainda vários pequenos países da Europa Ocidental. A Inglaterra não é invadida e não faz a paz com Hitler.

. A frente oriental: Os Bálcãs são tomados por Hitler e em 1941 a URSS é invadida. Há sucessivas derrotas soviéticas, visto que os principais líderes militares soviéticos tinham sido presos por Stalin nos anos 30. As tropas soviéticas lutam de forma muito desordenada. Em 1942, Stalin solta da prisão esses militares, que passam a liderar as tropas russas. A partir da vitória russa na batalha de Stalingrado em 1943, os russos obtêm sucessivas vitórias até chegar a Berlim em 1945.

. Guerra no Pacífico: O Japão luta contra a China a partir de 1937 e contra as colônias francesas e inglesas a partir de 1939. Domina amplas áreas do Sudeste asiático e ataca o Havaí norte-americano em 1941. Os EUA vencem com certa facilidade o Japão e entram na guerra na Europa, sendo decisivos na frente ocidental contra os alemães. Com a desculpa de que os japoneses não queriam se render, os norte-americanos, querendo intimidar os soviéticos, soltam bombas atômicas sobre o Japão. Este se rende logo em seguida.

3. O pós-guerra:

. Os vitoriosos: Os grandes vitoriosos da guerra são os EUA e a URSS e, em bem menor escala, a Grã-Bretanha. A diferença é que a União Soviética foi sistematicamente invadida ao longo da guerra, perdendo grande parte de sua população, sua organização agrícola e suas indústrias. Os soviéticos só tinham ganhado força política e militar com a guerra. Já os EUA vão ser completamente vitoriosos com a guerra. Perderam relativamente poucos homens e enriqueceram-se muito com a guerra, tendo a economia do país se beneficiado bastante com a ampla produção de armamentos, recuperando-se de fato da depressão dos anos 30.

. Os encontros dos vitoriosos: Houve quatro encontros dos líderes dos vitoriosos desde 1943 – quando a derrota do Eixo já estava clara – até 1945 para resolver o futuro dos países derrotados e das áreas ocupadas. Houve reuniões em Teerã, Cairo, Yalta, Potsdam e outras localidades, várias foram as decisões. A URSS declararia guerra ao Japão e retomaria a ilha de Sacalina perdida na guerra russo-japonesa de 1905. A Coréia seria dividida em duas regiões, uma sob influência soviética, outra sob a influência norte-americana. A Alemanha e a capital Berlim seria dividida em quatro regiões de acordo com os vitoriosos na Europa: soviéticos, americanos, ingleses e franceses. As áreas da Europa oriental libertadas pelo Exército Vermelho teriam o destino decidido pela União Soviética e a Europa Ocidental seria guardada pelos EUA. Todas essas decisões criariam diversos conflitos durante a Guerra Fria (1945-91). Ainda, seria criada a Organização das Nações Unidas – ONU –, um fórum para discussão entre as nações e prevenção de outra guerra mundial.

. As origens da guerra fria: A aliança entre a Inglaterra, EUA e a URSS durante a guerra era condicional, dizia respeito apenas à luta contra o nazismo. Durante esses encontros, ficaram claros os atritos entre os EUA e a União Soviética que levariam à guerra fria e o medo de uma outra guerra mundial.

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História Geral - Aula no 26 - A Guerra Fria 1. Introdução:

Logo depois do fim da 2ª Guerra, o antagonismo entre a União Soviética e os EUA criaram o medo de uma terceira guerra mundial. Em 1945, apenas os EUA tinham a tecnologia da produção da bomba nuclear. Em 1949, a União Soviética desenvolve a sua bomba atômica e em 1954, EUA e URSS desenvolvem a bomba de hidrogênio, uma bomba atômica bem mais poderosa do que a bomba de Hiroshima. Ficava o medo de uma guerra nuclear que poderia levar as superpotências a uma destruição total. Ao medo dessa guerra nuclear entre os dois países e à disputa pela hegemonia mundial dá-se o nome de Guerra Fria.

2. Origens e características gerais da Guerra Fria:

. Questões na Europa: Após a Segunda Guerra, a Europa foi dividida em duas, uma sob a influência norte-americana, outra sob a influência soviética. Uma série de pequenos conflitos existiram em função da disputa por territórios. Por exemplo, a briga por Berlim Ocidental, um território da Alemanha Ocidental no meio da Alemanha Oriental. A Europa Ocidental recebeu a ajuda financeira dos EUA, no que ficou conhecido como Plano Marshall. Assim, os EUA ajudavam aquelas economias a se reerguerem e afugentar o ‘perigo comunista’.

. Disputa ideológica e perseguições internas: Havia uma disputa ideológica entre as duas superpotências sobre qual seria o melhor sistema, o socialismo ou o capitalismo. Essa competição se mostrava em várias áreas como na disputa em qual economia era mais dinâmica, como até nos jogos olímpicos e na corrida espacial, uma briga pela tecnologia mais avançada. Dentro dos dois países, em alguns momentos, perseguiram-se os supostos inimigos do regime. Nos EUA, o senador MacArthur fez uma caça aos comunistas na sociedade americana nos anos 50. Na URSS a perseguição aos supostos ‘contra-revolucionários’ aconteceu até 1985, mas mais agudamente até a morte de Stalin em 1953.

. O armamentismo, uma provocação americana: Havia uma acentuada corrida armamentista entre os dois países, principalmente na tecnologia das ogivas nucleares. Os recursos destinados aos armamentos eram gigantescos e afetavam duramente o orçamento das duas economias, mas mais ainda a da União Soviética, que era mais fraca. Os EUA faziam provocações à União Soviética, levando-a a gastar cada vez mais com armamentos. Assim, os EUA criaram a aliança militar OTAN em 1949 e a URSS o Pacto de Varsóvia depois.

. Déficits americanos: As duas superpotências tinham gastos estrondosos com armamentos, atrapalhando o desenvolvimento econômico de ambos. A situação dos trabalhadores americanos no período era a melhor já vivida no país. Isso acontecia para afugentar o ‘perigo comunista’ dos movimentos de trabalhadores. Como a economia americana era mais robusta, agüentou melhor os gastos com armas e com a seguridade social.

. Apoio aos movimentos de libertação nacional: Ambos países apoiavam grupos opostos nas colônias dos antigos Impérios coloniais que estavam se desfazendo. Isso levou a uma série de guerras no Terceiro mundo.

3. Principais confrontos e conflitos da Guerra Fria:

. Períodos quentes e convivência pacífica: Soviéticos e norte-americanos nunca se enfrentaram em um campo de batalha, mas vários conflitos opunham aliados dos dois lados. Além disso, houve alguns sérios desentendimentos entre os dois países que criaram um medo real de conflito. Existiram, portanto, períodos quentes e frios na Guerra Fria. De 1945 a 1962, foi um período quente com vários confrontos. De 1962 a 1975 houve o que foi chamado de convivência pacífica. De 1975 a 1985, a chamada Segunda Guerra Fria.

. Guerra da Coréia: Além do já citado desentendimento sobre Berlim Ocidental, houve no início da Guerra Fria a guerra das Coréias. De 1950 a 53, coreanos do Sul e do Norte, apoiados por EUA e URSS, respectivamente, entraram em guerra pelo controle da península. A guerra acabou empatada.

. Cuba e a crise dos mísseis: Em 1959, ocorre uma revolução na semi-colônia americana Cuba contra seu ditador, liderada por Castro e Guevara. A revolução de libertação nacional resiste a uma emboscada da CIA e, para sobreviver, declara-se socialista e alia-se à URSS em 1961. No ano seguinte, os soviéticos põem mísseis com ogivas atômicas na ilha. Cria-se um ponto de confronto entre EUA e URSS resolvido diplomaticamente.

. Guerra do Vietnã: A colônia francesa da Indochina declara independência em 1945, sofrendo a invasão das tropas francesas. Os vietnamitas vencem parcialmente a guerra e em 1954 divide-se o país em Vietnã do Norte, comunista e do Sul, apoiado pelos EUA. Os EUA entram com suas tropas na região nos anos 60, reacendendo a guerra. Os vietnamitas do Norte vencem mesmo assim a guerra e os americanos fogem do país em 1972. Em 1975, o país se unifica sob controle do antigo Vietnã do Norte.

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. Afeganistão: A União Soviética também perde uma guerra. Invade o Afeganistão nos anos 80, mas é impelido pelas tropas locais, a milícia Talibã, que contava com armamentos norte-americanos.

4. Questões internas dos Estados Unidos:

. O pós-guerra norte-americano: A economia norte-americana havia se recuperado de fato da crise de 1929 apenas com a imensa produção bélica durante a 2a Guerra Mundial. A partir de então, a economia daquele país necessitará fazer muitos gastos em armamentos, com guerras periódicas, para não cair em uma grave crise econômica de superprodução. Por isso, logo após a guerra, são construídas várias bases norte-americanas pelo mundo e muitos recursos são investidos na produção de armas atômicas. Há na década de 1950 grandes perseguições políticas no país, é o macarthismo.

. O Governo Kennedy: Apesar de ter sido um governo curto, a gestão John Kennedy teve momentos e efeitos muito importantes. Ele acabou com o regime de apartheid no Sul do país, fez uma política de confronto com a URSS, levando o mundo à crise dos mísseis e planejou golpes militares na América Latina, temendo a expansão do comunismo na região após a Revolução Cubana.

. Reagan e a 2a Guerra Fria: O republicano Ronald Reagan fica oito anos no poder dos EUA na década de 1980 e reacende a Guerra Fria com a URSS, a qual ele chama de ‘Império do Mal’. Ele impõe reformas neoliberais na economia norte-americana e propõe o projeto Guerra nas Estrelas, segundo o qual criar-se-ia um escudo anti-mísseis para defender os EUA de ataques atômicos soviéticos. Isso é uma grande provocação à URSS, apesar de o projeto ser tecnicamente inviável. Essa e outras medidas armamentistas suas ajudam a derrubar a União Soviética em 1991.

5. Questões internas da União Soviética:

. Os últimos anos de Stalin na URSS: Antes de morrer em 1953, Josef Stalin promove mais uma de suas ondas de perseguições políticas com várias vítimas. Os anos pós-guerra também são caracterizados pelo aumento estupendo do poder geopolítico e do imenso gasto militar da URSS, obcecada em conseguir produzir a bomba atômica.

. Kruschev e a desestalinização: Com a morte de Stalin, seu pupilo Nikita Kruschev emerge como líder no país. Em 1956 no XX Congresso do PCUS, Kruschev denuncia os ‘crimes de Stalin’, denunciando todas as perseguições políticas e os campos de concentração. Tem início um limitado processo de desestalinização do regime, com abertura política, melhora das relações com os EUA e uma pequena democratização do país. Ele vira vítima da própria abertura que promoveu e é destituído por outro grupo no PCUS em 1964.

. Os anos Brejnev: Outro pupilo de Stalin, Lionid Brejnev, vira líder do Estado soviético após a destituição de Kruschev. Esse muito mais rígido, autoritário e militarista do que Kruschev. Ele traz de volta características autoritárias dos tempos de Stalin, investe pesadamente em armamentos e deixa a produção de bens de consumo em segundo plano. A economia soviética entra, então, em estagnação.

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História Geral - Aula no 27 - A Revolução Chinesa 1. Apresentação, para entender a China atual:

A China atualmente é o país que tem a economia que mais cresce no mundo, ajudando inclusive o crescimento da economia brasileira nos últimos anos. Trata-se também da única potência do mundo que pode se confrontar com os EUA no século XXI. Entretanto, trata-se de uma grande ditadura responsável por 90% das penas de morte do mundo, de uma repressão e violência à livre expressão de seus cidadãos.

2. O período imperialista (1840-1911):

. As guerras do ópio: As duas guerras do ópio, de 1839 a 1842 e de 1856 a 1860 defrontam o antigo Império chinês com o Império britânico e marcam o início do Imperialismo na China. O motivo das duas guerras parte do desejo britânico de vender livremente o ópio (uma droga) na China e da tentativa do governo chinês de barrar essa ação. Ambas guerras têm a Inglaterra como vencedora e tem diversos benefícios a este país e as potências européias. Hong Kong, por exemplo, virou colônia inglesa após a primeira guerra do ópio.

. Áreas de influência: A China nunca virou de fato colônia, a não ser algumas localidades de seu território nos momentos de guerra com as invasões estrangeiras. Isso se deve por um lado ao respeito que se tinha pelo país e por outro pelo desejo norte-americano de manter o país livre para quem quisesse explorá-lo. O país foi dividido em áreas de influência das potências imperialistas no final do século XIX.

. Resistência: O imperialismo causa grandes transtornos para a população chinesa. A produção agrícola é desorganizada e os investimentos transformam a vida no país. Diversos movimentos de contestação do Imperialismo e do debilitado Império chinês surgem no país. Ficaram conhecidos os Taiping, os Boxers e as revoltas rurais. O movimento mais organizado e exitoso é o Kuomintang, o partido nacionalista chinês.

3. O período republicano e a guerra revolucionária (1921-1949):

. A queda do Império: Os republicanos chineses, liderados pelo partido nacionalista, tomam o poder em 1921 e põem fim ao Império. Sun Yat Sen é o presidente da república chinesa, mas seu poder não é levado a sério. De 1921 a 1945 dominam as diferentes áreas do país os senhores da guerra.

. A fundação do Partido Comunista Chinês (PCC): Em 1921 é fundado o PCC por alguns membros do Kuomintang. O PCC na verdade é inicialmente uma vertente do partido nacionalista. Com a morte de Sun Yat Sen em 1925, o partido nacionalista perde seu ponto de união. Em 1927, o novo líder do Kuomintang, Chiang Kai Chek massacra uma revolta operária em Xangai. Os comunistas repudiam o ato e saem do partido nacionalista. Kai Chek os persegue e os comunistas fogem pelo território chinês no que ficou conhecido como a Grande Marcha.

. A Grande Marcha: Durante a grande marcha, Mao Tse Tung se torna um líder do PCC e põe em prática as suas idéias sobre o comunismo. Mao privilegia os camponeses e a formação de um exército. Assim, em toda comunidade rural que os comunistas chegavam, eles faziam uma reforma agrária, auxiliavam a produção agrícola e chamavam jovens para a causa da Revolução. O apoio aos comunistas no campo foi maciço. Apesar de os comunistas terem perdido muita gente na marcha, eles ganham uma boa imagem junto à população do país.

. A invasão japonesa: Em 1937 os japoneses invadem a China. Os comunistas e nacionalistas fazem uma trégua e os comunistas conseguem juntar muita gente contra os japoneses na Manchúria, no norte do país. Os comunistas saem muito fortalecidos dessa guerra.

. A guerra civil (1945-9): Nesse período, o país entra em uma ampla guerra civil entre comunistas e nacionalistas. Os comunistas vencem a guerra devido ao amplo apoio da população e os nacionalistas fogem para a ilha de Taiwan, fundando ali a China nacionalista enquanto todo o continente se proclama em 1949 República popular da China, ou China comunista.

4. A difícil construção do comunismo de 1949 até os dias atuais:

. A aliança com a URSS: Em um primeiro momento, a China é aliada fiel à URSS de Stalin, sendo auxiliada por aquele país com tecnologia, investimentos e técnicos soviéticos que passam a trabalhar na China, ajudando o desenvolvimento chinês. Esse apoio foi eminente para a China se reorganizar após a guerra contra o Japão.

A Guerra da Coréia: A China intervém na Guerra da Coréia, quando a Coréia do Norte comunista estava quase sendo derrotada pelas tropas sul-coreanas e norte-americanas. Mais de cem mil soldados chineses

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voluntários vão lutar no país junto com os norte-coreanos. A guerra é maléfica para a China pelas perdas humanas e econômicas.

. O rompimento com a URSS: Em 1957, a China corta relações com a URSS, desapontada com a desestalinização de Kruschev e com a política de convivência pacífica daquele país com os EUA. Todos os técnicos soviéticos vão embora, assim como os investimentos e o auxílio tecnológico soviético, trazendo grande prejuízo para o país.

. O Grande Salto: Mao Tse Tung defende o Grande Salto para Frente em 1958, uma tentativa autoritária de industrialização e desenvolvimento rápido da China através da criação de pequenos fornos siderúrgicos em áreas rurais e uma reorganização total da agricultura e da economia do país. É um grande desastre que acaba por desorganizar toda a produção chinesa e leva milhões à fome e à morte.

. A Revolução Cultural: Em 1965, Mao defende junto aos estudantes chineses a Revolução Cultural, movimento que leva a um extremismo político no país com várias perseguições políticas e muitas mortes. Trata-se de outro desastre.

. As Quatro modernizações: Mao morre em 1976 junto com a Revolução Cultural. O PCC, quase destruído por aquela revolução, reestrutura-se e em 1978 elege Deng Xiaoping para sua liderança. Ele defende as Quatro Modernizações, onde se promove o desenvolvimento econômico do país mesclando práticas capitalistas e socialistas e abrindo algumas cidades costeiras ao investimento estrangeiro. De certa forma, este modelo é até hoje implantado. Desde então, o país não para de crescer e abrir-se economicamente, mantendo todos os traços de uma ditadura, com pouca abertura política.

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História Geral - Aula no 28 - Descolonização da África e da Ásia 1. Apresentação:

A África e todo o Sul da Ásia – principalmente o continente indiano – são hoje as regiões mais pobres do mundo. Há sérias epidemias de SIDA (AIDS), tuberculose, lepra e outras várias doenças já controladas nos países desenvolvidos. Há os maiores índices de miséria do mundo nessas regiões e sérios problemas de fome. Como se os problemas sociais desses países não fossem enormes, os governos investem pesado em armas, como os países africanos em guerra civil e o Paquistão e a Índia que têm projetos avançados de produção de armas atômicas. Mas a causa maior para as crises de miséria e fome na região está no século XIX e na primeira metade do século XX, no período imperialista.

2. No contexto da Guerra Fria:

. A causa externa das independências: Após a Segunda Guerra Mundial, as antigas potências imperialistas do século XIX, principalmente Inglaterra e França, vão entrar em franca decadência e perder poder no cenário internacional, agora dominado por Estados Unidos e União Soviética. Além das antigas potências se enfraquecerem, tornando mais fácil o processo de independência, as novas potências da guerra fria vão incentivar grupos ideológicos a fazerem a independência. Assim, grupos pró-independência socialistas receberão apoio da URSS e grupos ligados ao capital internacional, receberão apoio direto norte-americano.

. A causa interna das libertações nacionais: Se o peso da dominação se tornava cada vez maior, os grupos nacionais dispostos a por fim à exploração estrangeira se amadureciam e fortaleciam-se. Por exemplo, o grupo de Gandhi e Nehru na Índia ganha grande apoio dos indianos no período logo anterior à Segunda Guerra. Isso torna a colonização inglesa mais complicada, visto que a população local já apóia um grupo definido disposto a se separar do Império britânico.

. Os conflitos pós-independência: Não há como generalizar como se deu a independência dos países na África e na Ásia, mas grande parte desses processos foi marcado em algum momento por uma forte violência. Além da luta contra a metrópole, os grupos locais entraram em conflito entre si em quase todos os países independentes. Isso porque os imperialistas não respeitaram as fronteiras dos grupos locais e porque a Guerra Fria fortalecia grupos opostos que lutavam pela independência.

. A difícil construção da nação: A construção de uma prosperidade nesses países foi muito difícil, tanto é que nenhum desses países hoje tem riqueza ou igualdade. Os novos governos tinham que reverter a herança imperialista, findar as lutas contra a metrópole e as lutas locais e criar um certo consenso sobre o rumo desses países. É importante lembrar que o Imperialismo deixou marcas fortes nesses países. O campo, por exemplo, na época imperialista foi invadido por plantations quase monocultoras para exportação com a terra controlada por estrangeiros. Essas plantations desgastam mais o solo do que o normal e levam a pragas e desastres naturais, como a reprodução descontrolada de gafanhotos e a seca e, conseqüentemente, a fome.

3. Um caso específico, a Índia:

A independência “pacífica” da Índia: O grupo do partido do Congresso, liderado por Gandhi e Nehru, lidera a partir dos anos 20 um processo pacífico de independência da Inglaterra. Ganham grande apoio da população, duramente castigada pela dominação imperialista, com sua política de não-cooperação pacífica. A Inglaterra, durante a Segunda Guerra, propõe um acordo. Se os indianos lutassem na guerra na Ásia, os ingleses dariam a independência ao país após a guerra. Os líderes do Partido do Congresso aceitam e os indianos participam da guerra. Após a guerra, os ingleses insistem em não dar a independência ao país apesar do acordo, mas acabam sob pressão tendo que aceitar a independência do país em 1947. O partido do Congresso organiza uma grande democracia no país, mas muçulmanos e hindus entram em diversos confrontos pelo país e os muçulmanos exigem a criação de um Estado para eles. É criado o Paquistão, com territórios a Leste e a Oeste da Índia. Os muçulmanos indianos têm que fugir para o Paquistão para não serem massacrados pelos hindus e os hindus que estão no território do Paquistão têm que fugir para a Índia para não serem massacrados pelos muçulmanos. Segue uma ampla violência entre os dois grupos e logo os países entram em guerra. Desde então, os dois países entram em guerra três vezes e desenvolvem armamentos nucleares para uma possível nova guerra. Obviamente, a guerra é extremamente maléfica para ambos governos e para suas populações, extremamente miseráveis. Ainda, o conflito entre os dois tem a ver com a guerra fria até 1991. A Índia é aliada da União Soviética e o Paquistão, dos EUA. Na década de 70, o Paquistão oriental vira um país independente sob o nome de Bangladesh.

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História Geral - Aula no 29 - A América Latina contemporânea 1. Apresentação:

Quase toda a América Latina hoje goza de democracias liberais como regimes políticos nacionais, pelo menos nos grandes países, como Brasil, México, Argentina, Chile, Venezuela e outros. Apesar do regime político livre, a situação econômica da região de uma forma geral não vai bem. Enquanto países emergentes na Ásia não param de receber investimentos estrangeiros e crescer economicamente, a situação da América Latina é de uma grande recessão desde a crise da dívida externa no início da década de 80. Vejamos o porquê de tanta recessão econômica.

2. Período populista, 1930-1970:

. Queda das oligarquias: Logo após a crise de 1929, houve diversos golpes na América Latina. Isso porque acabava o poderio supremo que as elites regionais primário-exportadoras tinham no cenário político nacional. Novos regimes, muitas vezes autoritários, iriam surgir nos países latino-americanos.

. O populismo: O populismo, em sua face histórica, tem como características a existência de líderes carismáticos, o autoritarismo, o apelo junto às massas populares, a “concessão” de direitos trabalhistas aos trabalhadores – conseguidos na verdade com ampla pressão da classe trabalhadora –, a manipulação dos trabalhadores com esses direitos e outros agrados e também um forte nacionalismo. Esse modelo vai ficar explícito no Brasil, Argentina e México até os golpes militares nos dois primeiros países.

. Industrialização e direitos trabalhistas: O período em que prevaleceu o populismo na América Latina é diferente de país para país, mas dura até mais ou menos as décadas de 60 e 70. No Brasil, por exemplo, o populismo foi interrompido em 1964 pelo golpe civil-militar. Esse período para os três países em questão foi um período de grande desenvolvimento industrial e econômico-social em geral. No Brasil, por exemplo, os trabalhadores conseguiram através da pressão diversos direitos trabalhistas, esse avanço na aquisição de direitos no Brasil vai se interromper em 1964. Os três países – Brasil, México e Argentina – conseguiram montar uma indústria de base no período e ainda nacionalizaram várias indústrias de setores estratégicos da economia. Os três grandes da América Latina vão ganhar autonomia econômica com a diversificação industrial adquirida neste período.

. Multinacionais: Se os países ganham um parque industrial completo nesse período, recebem também as multinacionais. O período a partir de 1945 é caracterizado pela instalação de fábricas pelas multinacionais em vários países, inclusive nos subdesenvolvidos. É o caso da Volkswagen que chega ao Brasil durante o governo Juscelino Kubischek. Se essas multinacionais ajudam na diversificação econômica desses países, elas vão enviar remessas de lucros às suas matrizes e vão ser contra as reformas sociais profundas defendidas nesses países, ajudando a instauração de ditaduras na região.

. Guerra Fria: A partir de 1945 também tem início a Guerra Fria. E a partir de 1961 com a adoção do socialismo por Cuba e a aliança desse país à União Soviética, a América Latina será centro de combate. O governo cubano e revolucionários como Che Guevara tentam revoluções socialistas em outras regiões da América Latina e os EUA temem essa difusão do comunismo na região. Temendo por governos populistas de esquerda e socialistas, os EUA vão incentivar golpes militares na América Latina nas décadas de 60 e 70.

. Golpes militares: Os golpes militares no Brasil, Argentina, Chile e outros são dados por membros da elite industrial e financeira nacional, ligados ao capital multinacional e com o apoio do governo norte-americano. Em todos os casos, há um plano do que fazer com esses países após o golpe. No Brasil, por exemplo, um grupo de industriais e economistas bolam juntos os planos econômicos que serão impostos a partir de 1964. No Chile, depois do golpe de 1973, são impostas reformas neoliberais naquele país.

3. Ditaduras e período democrático (década de 80 até hoje):

. As ditaduras e a dívida externa: As ditaduras foram planejadas pelas elites de cada país, portanto visavam melhorar as condições econômicas dessas elites e não do povo em geral. Para isso, os governos e empresas privadas latino-americanas pegaram diversos empréstimos no mercado internacional e com a crise do petróleo de 1973, os juros desses empréstimos aumentam extraordinariamente. Esse é o momento em que a dívida externa desses países vai dar um grande salto. A repressão também é violentíssima em todos países.

. Crise econômica: Com a imensa dívida externa e interna, esses países limitam as contas governamentais para pagar as dívidas. A dívida causou hiperinflação, recessão e menor investimento nas áreas sociais. Alguns países ainda tentaram resolver o problema dolarizando a economia, tornando-a mais dependente ainda.

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História Geral - Aula no 30 – O Oriente Médio contemporâneo e o mundo árabe 1. Apresentação:

Segundo o discurso imperialista atual, o Oriente Médio e o mundo islâmico não têm jeito. Diversos políticos e analistas afirmam que o Ocidente é superior culturalmente ao mundo muçulmano e o presidente dos EUA diz que tem que fazer uma missão no local para acabar com as ditaduras sanguinárias e impor a democracia na região. Vejamos se os árabes são realmente inferiores a nós ou se foi culpa do próprio Imperialismo e da ganância capitalista pelo petróleo que faz com que a região não tenha democracias.

2. O conflito árabe-israelense na Palestina:

. A região da Palestina: Até o final da Primeira Guerra Mundial, a região da Palestina, onde vivem os palestinos que são árabes e em franca maioria muçulmanos, mas com alguns católicos – como era o caso de Yasser Arafat – era território do Império turco-otomano. A partir de então até a criação dos estados de Israel e Palestina pela ONU em 1947, a região será colônia britânica. A região foi até 1880 habitada quase que unicamente pelos palestinos locais que, apesar de terem religiões diferentes, não tinham conflitos internos.

. O sionismo, uma primeira colonização: A partir de 1880 surge na Europa Central o movimento do sionismo. Esse movimento defende a volta dos judeus para a ‘terra santa’ ou Canaã. Isso acontece devido aos massacres que os judeus recebiam na Europa Central e Oriental e ao anti-semitismo amplamente difundido pela Europa inteira. Banqueiros ingleses judeus financiam as viagens de judeus da Europa Central e Oriental para a Palestina. Até 1933, os judeus convivem tranqüilamente com os palestinos.

. A fuga do nazismo e os primeiros conflitos (1933-39): Com a ascensão de Hitler na Alemanha, vários judeus de uma só vez fogem para a Palestina. Como o número de judeus tinha ficado grande demais, começam a surgir os primeiros conflitos, com grande violência por parte dos judeus contra os palestinos.

. A decisão da ONU e a guerra de independência (1948-9): A ONU decide, após o fim da Segunda Guerra e com os horrores do Holocausto publicados, criar um Estado judeu e um Estado palestino independentes. A divisão feita pela ONU beneficiava os judeus. Os britânicos se recusam a organizar a estruturação dos dois estados e Israel declara independência. Os países árabes saem em socorro dos palestinos, ocupam a faixa de Gaza e a Cisjordânia, mas perdem a guerra diante do exército israelense financiado por poderosos judeus de Nova York e Londres.

. Guerra dos seis dias (1967): Nessa guerra que novamente opôs Egito, Jordânia e Síria contra Israel, a vitória foi rápida e humilhante para os israelenses. Entretanto, o Egito conseguiu nacionalizar o canal de Suez. Nessa guerra, os israelenses tomam os territórios palestinos da faixa de Gaza e da Cisjordânia. Desde então, essas regiões de grande maioria palestina estão sob o controle israelense.

. Guerra do Yom Kippur (1973): Outra guerra de vitória humilhante dos israelenses, mas onde os árabes mostraram organização e cortaram o fornecimento de petróleo para Israel e aumentaram quatro vezes o preço do petróleo no mercado internacional, levando a uma grande crise no capitalismo mundial.

. Um confronto entre desiguais: Enquanto Israel é uma potência bélica que tem até bombas atômicas e tem amplo apoio dos EUA, os palestinos nem uma organização estatal têm. Os israelenses expulsaram os palestinos da região Norte do país para o Líbano e forçaram a fuga de vários outros palestinos da Faixa de Gaza e Cisjordânia. Muitos palestinos estão presos por atividades políticas subversivas. Uma política que os israelenses fazem há muito tempo é fundação de colônias judias dentro dos territórios palestinos e o controle sistemático das escassas fontes de água da região. Uma tentativa de paz quase chegou a concretizar o sonho de um Estado palestino em 1993, mas o primeiro-ministro israelense Isaac Rabin foi morto por um extremista israelense. A última política do Estado de Israel é a construção de um muro que diminui o tamanho do território palestino e isola-os do território ampliado dos israelenses.

3. Outros casos emblemáticos no mundo árabe

. O Nasserismo, o socialismo árabe: O oficial militar Abdul Nasser emerge como presidente do Egito em 1953 após o golpe de Estado de 1952 que pôs fim à monarquia no país. Ele ficaria como presidente do país até 1970. Nasser lidera amplas reformas no país, tirando o poder da antiga classe dos grandes proprietários de terra exportadores de algodão que sustentavam a antiga monarquia. Ele faz uma ampla reforma agrária limitando o tamanho da terra e dando terra a um grande grupo de lavradores sem terra. Isso diminui imensamente a pobreza no país. Nasser faz ainda nacionalizações, como do canal do Suez britânico em 1967 e

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constrói, com a ajuda soviética, diversas indústrias pesadas dando autonomia à economia do país. Vira um modelo no mundo árabe, sendo o seguidor mais conhecido Muamar Kadafi, ditador da Líbia.

. A Revolução Iraniana: Até 1979, imperava no Irã uma dura ditadura de direita liderada pelo xá Reza Pahlevi, que era fielmente alinhada aos interesses norte-americanos. Neste ano, dá-se a Revolução islâmica no país com a derrubada de Pahlevi, a tomada da embaixada dos EUA em Teerã e a instituição de uma ‘democracia islâmica’, onde sobre a democracia existe um poder superior religioso, que fica nas mãos do aiatolá. O primeiro e mais importante aiatolá, símbolo da Revolução Iraniana foi Khomeini. Desde então, EUA e Israel – os quais os líderes políticos e religiosos iranianos chamam respectivamente de grande e pequeno satã – tem sérios desentendimentos com o país. Primeiramente, os norte-americanos armaram o seu então aliado, o ditador iraquiano Saddam Hussein, contra o país na Guerra Irã-Iraque (1980-1988). Hoje em dia, o Irã faz parte do chamado Eixo do Mal, grupo de países antipatizados por Bush.

. Iraque: O país foi aliado dos EUA durante a guerra Irã-Iraque, mas com a tomada do Kuwait pelo Iraque em 1991, o governo norte-americano cria uma coalizão internacional para conter a invasão iraquiana ao Kuwait, é a Primeira Guerra do Golfo. Em uma segunda guerra, em 2003, os EUA invadem o país sob a falsa desculpa de que o ditador iraquiano guardava armas de destruição em massa. A intenção de dominar a produção de petróleo iraquiano nesta guerra é clara.

. Afeganistão: Os norte-americanos também foram aliados da milícia extremista islâmica talibã, quando da invasão soviética ao país, de 1980 a 1989. Com o fim dessa guerra, estabelece-se um regime extremista religioso no país com graves desrespeitos às liberdades individuais e às igualdades básicas. Os EUA invadem o país em 2001, como resposta aos ataques de 11/09/2001, afirmando que o Afeganistão era base do terrorismo internacional. O país é rico em petróleo e gás natural.

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História Geral - Aula no 31 - A queda da URSS e a nova ordem mundial 1. Apresentação:

Após o colapso da União Soviética, um discurso conservador emergiu no mundo afirmando que só o capitalismo era possível e que o socialismo na prática não funcionava. Esse pensamento vinha aliado de outros que afirmam que pagar a dívida externa é mais importante do que alimentar a população ou dar escola e saúde às crianças. São os novos tempos, de uma hiperpotência, do neoliberalismo e do terrorismo.

2. A queda da União Soviética:

. A limitação econômica do país: Os Estados Unidos, desde o final da Segunda Guerra, lideram uma forte corrida armamentista contra a União Soviética. Essa sempre tentou responder à mesma altura, o que foi muito difícil e prejudicial ao país. A economia soviética tinha sérios problemas de desabastecimento de alguns produtos básicos para consumo de sua população, mas tinha um espetacular sistema de mísseis intercontinentais, alguns com várias ogivas nucleares. Isso leva o país a partir da década de 70, começar a parar de crescer economicamente e tentar fazer tratados com os EUA para diminuir o número de armas nucleares.

. Os tempos Gorbatchev: Mikhail Gorbatchev emerge como líder do PCUS em 1985 propondo a perestroika, reestruturação econômica do país e a glasnost, transparência política. A reestruturação econômica do país se mostra extremamente difícil e a glasnost anda muito rapidamente, os grupos locais começam a reivindicar autonomia. São fundadas as 15 repúblicas dentro da URSS, das quais a principal é a Rússia. Diante de várias manifestações populares, Gorbatchev renuncia e põe fim à URSS em 1991, emergindo as ex-repúblicas soviéticas e a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que não tem nenhum poder especial.

. As ex-repúblicas pós-1991: Todas ex-repúblicas aparecem em um cenário terrível. Uma ampla crise econômica abate estes países e há privatizações em massa por parte do Estado. Surge a máfia russa que vende armamentos do exército e da indústria armamentista russa para grupos ilícitos no mundo inteiro e a corrupção aumenta tremendamente nesses países. A democracia ainda está longe de estar consolidada nesses países, como mostra o exemplo recente da Ucrânia.

3. A nova ordem mundial:

. A hiperpotência: Diante do fim da URSS, os EUA emergem como a única hiperpotência do mundo, pelo menos por enquanto. Isso permite ao país invadir quase qualquer país do mundo sem levar em conta nenhum outro país ou a ONU, que perdeu a centralidade que tinha como fórum mundial durante a guerra fria. A economia norte-americana também respirou aliviada com a redução sistemática dos gastos militares no país, principalmente durante a era Clinton (1993-2000).

. Neoliberalismo: Essa doutrina econômica já existia antes da queda do muro de Berlim. Foi posta em prática na Grã-Bretanha e no Chile nos anos 70. Alguns elementos dela são: o Estado mínimo, ou melhor, a crença de que o Estado deve prover apenas as mínimas exigências da população e não necessariamente com qualidade; a perda dos direitos trabalhistas pelos trabalhadores, que é a característica dos novos tempos em que não há o perigo vermelho tão forte dentro do movimento operário; a responsabilidade fiscal, onde o Estado deve gastar apenas o que arrecada, não importa se pessoas vão passar fome, ficar sem escola ou hospitais, não se deve ser irresponsável com as contas do governo e todas as dívidas do Estado devem ser pagas em dia, a dívida social é menos importante que as dívidas com os banqueiros; mercantilização de todas as coisas, todos os serviços e deveres do Estado são vistos como mercadorias, por exemplo, a educação e a saúde são, segundo a lógica neoliberal, mercadorias; abertura econômica, as economias devem ser plenamente abertas, setores estratégicos não podem ser protegidos. Essa última cláusula da cartilha neoliberal só vigora na verdade em alguns países subdesenvolvidos submissos como o Brasil. Os EUA, os países europeus e a China não adotam essas medidas, visto que defendem diversos setores-chave das suas economias. O neoliberalismo é pronunciado como se fosse o único modelo possível, o único modo de se conduzir a economia.

. Doutrina Bush: É exatamente a doutrina da hiperpotência intolerante. Segundo essa doutrina, os EUA podem fazer o que quiserem, não mediar o conflito árabe-israelense, não assinar o tratado ambiental de Kioto, nem prestar contas à ONU. A realização dessa doutrina levou grupos terroristas muçulmanos a atacar os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, o que acirrou mais ainda a radicalização da doutrina Bush, inclusive com perda de direitos individuais básicos dos cidadãos tirando, em geral, muitas características democráticas do país.


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