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Page 1: História do Brasil - Pré-Vestibular Impacto - Sociedades Indígenas na Amazônia Antes dos Europeus I

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Sociedades Indígenas na Amazôniaantes dos Europeus

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

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CONTEÚDO

A Certeza de Vencer

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Pinturas pré-históricas no município de Monte Alegre.

Durante muito tempo, acreditou-se que a Amazônia, por ser uma floresta tropical, não poderia ter desenvolvido culturas mais complexas na sua organização. Por isso, as pesquisas ainda são muito escassas. Ou melhor, as pesqui-sas recentes ainda não tiveram tempo para desvendar todos os mistérios guardados pela floresta.

Mesmo assim, é possível classificar a ocupação da Amazônia antiga em quatro períodos: paleo-indígena, pro-to-ceramista, ceramista e cacicado. Observe um a um esses períodos.

O Proto-Indígena Durante milhares de anos, há milhares de

anos, povos caçadores e coletores ocuparam a a-tual Amazônia. A arqueóloga Anna Roosevelt loca-lizou pinturas rupestres1na serra do Ererê, em Monte Alegre, Pará, com idade aproximada de 11.200 anos. Também vestígios humanos foram encontrados próximos à Altamira. Sabe-se, tam-bém, que um povo caçador e coletor habitou a i-lha do Marajó há 6.000 anos

As condições físicas da Amazônia eram bas-tante diferentes. As glaciações e seus efeitos fazi-am com que a floresta não tivesse a exstensão e intensidade de hoje. Provavelmente havia por aqui campos e cerrados em algumas partes. Foi nessa época que aqui existia animais de grande porte, como o mastodonte, espécie de antecessor do ele-fante, o tatu-gigante, com seus dois metros de al-tura e o megatério ou preguiça gigante, com cinco a seis metros de altura. Todos herbívoros.

O Proto-Ceramista Como conseqüência do fim da era glacial, houve o aumento das chuvas devido ao aquecimento do clima. Por isso as florestas cobriram a Amazônia, tornando a alimentação mais abundante. Daí que, embora os grupos humanos permanecessem caçadores e coletores, passaram a ocupar as beiras dos rios, tornando-se mais sedentários.

Por volta de 4.000 a.C., alguns desses grupos já utilizam tigelas e outras cerâmicas utilitárias (ao lado, exem-plo de ponta de uma arma), além de, provavelmente, plantar mandioca e batata-doce.

Acredita-se que, nessa época, surgiu em Rondônia um grupo que daria origem aos tupis.

O Ceramista Há cerca de 3 mil anos, havia grupos que viviam em habitações coletivas, com cerca de 100

a 150 pessoas, praticavam uma economia de subsistência e possuíam uma cerâmica ainda muito simples.

Mais tarde a técnica foi evoluindo e surgem objetos mais complexos. Próximo a Manaus, foram encontradas urnas funerárias com cerca de 2 mil anos. Na ilha do Marajó também encon-trou-se vestígios de um povo que viveu há mais de 2 mil anos que guardava a cinza dos mortos em vasos. Lá também foram encontrados cachimbos, estatuetas e outros objetos.

É possível que esses povos tenham sido substituídos por povos da cultura marajoara.

O Cacicado Com a melhoria da alimentação e o aumento populacional, surgiram núcleos populosos

por toda a extensão do Amazonas. O cronista Carvajal2 relata que viu um desses sítios em que “constava de mais de 80 léguas, todas povoadas, e de aldeia em aldeia havia enorme proximidade. Algumas aldeias se estendiam por mais de cinco léguas (30 km) sem separação entre uma casa e ou-tra e isso era coisa maravilhosa de se ver”3.

1 gravado e/ou esgrafiado em rochas e cavernas por indivíduos de povos primitivos 2 Frei Gaspar de Carvajal, dominicano espanhol. 3 PREZIA, Benedito. Os Povos Indígenas, Antes da Colonização. in Revista Amazônia Ipar.

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Nessas sociedades, já havia a produção de excedentes que eram comercializados, além de diferenciação social, com uma hierarquia, talvez, de classes em formação

Os grupos mais representativos dessa forma de organização são os de cultura marajoara e tapajônica.

A Cultura Marajoara Ainda hoje, pouco se conhece da cultura marajoara,

pois os estudos estão apenas iniciando. Contudo, sabe-se que eles ocuparam a região central da ilha, próximo à lagoa Arari, a partir do ano 400 na nossa era. Lá, construí-ram aterros artificiais, chegando alguns a medir 250 m de comprimento, 59 m de largura e quase 6,5 m de altura4. Essa é uma das suas principais características. Eles serviam como proteção contra as cheias dos rios. Era aí que eles habitavam nas épocas de inundações, mas esse local também servia para fins cerimoniais e funerários.

A construção desses tesos requeria conhecimentos de engenharia, mas também de uma marcante distinção social, onde uma classe dirigente coloca uma grande parte da população sob o regime de uma espécie de servidão. Nesse sentido, um aspecto que chama a atenção é que das urnas funerárias encontradas algumas são ricamente trabalhadas, enquanto que outras são bastante simples, reforçando a existência de uma elite e de uma camada inferior.

A cerâmica marajoara é rica em detalhes, caracterizando-se por seus desenhos geométricos em preto, vermelho e branco. Os vasos funerários apresentam geralmente formas huma-nas estilizadas.

Além de vasos, já foram encontrados apitos, enfeites, tangas de barro, estatuetas, confirmando que era uma sociedade complexa, inclusive com um culto mais elaborado. Algumas estatuetas eram de divindades.

Por cerca de mil anos essa civilização dominou o Marajó. Até que por volta de 1350 foram suplantados pelos aruãs, povo de cultura mais simples, mas que provavelmente tinha a força das armas.

A Cultura Tapajônica

A cultura que hoje é conhecida como tapajônica desenvolveu-se nas inúmeras ilhas da região do baixo Amazonas, onde hoje é Santarém. Eram inúmeras aldeias, situadas em terras altas ou colinas, cada uma submetida a um chefe e todos abaixo de um chefe geral. Relatos do século XVII narram que havia o costume de mumificar o corpo desses chefes gerais, mas não há vestígios, pois missionários destruíram es-sas relíquias arqueológicas, associando es-sa prática a rituais pagãos.

As aldeias possuíam cerca de 20 a 30 casas, mas cronistas garantem que ha-via uma capital que era a mais populosa delas. E se for verdade o relato de Maurí-cio Heriarte, que acompanhava Pedro Tei-xeira na expedição pelo rio Amazonas, es-sa capital possuía cerca de 60 mil guerrei-ros, fora o resto da população.

Eles possuíam mercados, onde co-mercializavam milho, arroz selvagem, patos e papagaios, sendo que o milho era a alimentação básica Construíram também currais onde eram criados tartarugas e peixes-boi.

A cerâmica desse povo era ricamente trabalhada e requintada nos detalhes. Estatuetas representam atividades cotidianas ou rituais. Diversas peças foram encontradas no Xingu, o que atesta o comércio entre essas duas regiões.

A civilização tapajônica era bastante complexa e caminhava para a organização de uma sociedade urbana. Con-tudo, a conquista não destruiu apenas essa possibilidade, mas muito daquilo que poderia representar objeto de estu-dos para melhor se conhecer o passado dessa civilização. 4 Hoje seriam necessários 19 mil caminhões de terra para construir um aterro desses, segundo Benedito Prezia.


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