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Page 1: História do Brasil - Pré-Vestibular Impacto - A Proclamação da República

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A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

PROFº: NETO

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CONTEÚDO

A Certeza de Vencer

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Enquanto se comemorava, na Europa a queda do Antigo Regime, no Brasil o ano de 1889 assistia a instauração do regime republicano. Desde meados do século a economia brasileira desenvolvia-se com maior impulso; o café brilhava no mercado mundial; indústrias começavam a implantar-se; novas necessidades eram criadas. A expansão das Províncias mais ricas, notadamente São Paulo, maior produtor nacional de café, esbarrava, porém, no forte centralismo monárquico, que as impedia de negociar diretamente com os banqueiros e compradores estrangeiros. Para destruir esse obstáculo, só havia um meio: depor a monarquia. Resultado de uma conspiração bem tramada no seio da burguesia cafeeira, a República foi proclamada no Rio de Janeiro, ao amanhecer do dia 15 de novembro, sem que um tiro se quer despertasse a população. Dois dias depois, o imperador embarcava com a família rumo a Portugal, terra de seus ancestrais paternos, e o marechal Deodoro da Fonseca assumiu a difícil tarefa de governar o País. “O povo, alheio a tudo, apenas observava.”

( Martins, Mariana (ed.) Grandes Fatos do Século Vinte. Rio de Janeiro: Rio Gráfica, 1984, vol. 1, p.3.)

TEXTO 02

“A Proclamação da República corresponde ao encontro de duas forças diversas – Exército e Fazendeiros de café – movidas por razões diferentes, (…) A Guerra do Paraguai favoreceu a identificação dos militares como grupo, e eles começaram a critica aposição secundária que o Império conferia à instituição, (…) Ao mesmo tempo, um grupo minoritário, mas extremamente ativo, liderado por Benjamin Constant, combinava tais criticas com uma perspectiva ideológica de maior alcance. Sob a influência do positivismo, defendiam a implantar de um regime republicano e modernizador.

Como se sabe, os fazendeiros paulistas, através do Partido Republicano Paulista, moviam–se por razões claramente econômica. A República, sob forma federativa, significava o fim da centralização imperial, a autonomia dos Estados e a possibilidade de impor ao país um sistema que favorece o núcleo agrário-exportador em expansão.

Contando com o apoio deste núcleo, o Exército desfechou o golpe de 15 de novembro e assumiu o controle do governo. Na luta que se seguiu, entre o grupo militar e a classe social, esta acabou por triunfar.(…)

A constituição de 1891 representou uma vitória dos grandes Estados: a forma federativa deu-lhes ampla autonomia, com a possibilidade de contrair empréstimos externos, constituir forças militares próprias e uma justiça estadual.” TEXTO 03 Os Modelos de Repúblicas

No período da proclamação da República, havia no Brasil pelo menos três correntes que disputavam a definição da natureza do novo regime. Essas três correntes eram o liberalismo à americana, o jacobinismo à francesa, e o positivismo. As três correntes combateram–se intensamente nos anos iniciais da república, até a vitória do liberalismo à americana, por volta da virada do século XIX para o XX. Cada uma destas correntes supunha modelos de república diferentes, modelos específicos de organização da sociedade (…).

No caso do jacobinismo, por exemplo, havia a idealização da democracia clássica, a utopia da democracia direta, do governo por intermédio da participação direta de todos os cidadãos. No caso do liberalismo, a utopia era outra, era de uma sociedade composta por indivíduos autônomos, cujos interesses eram compatibilizados pela mão invisível do mercado. Nessa versão, cabia ao governo intervir o menos possível na vida dos cidadãos.

O positivismo possuía ingredientes utópicos ainda mais salientes. A república era aí vista dentro de uma perspectiva de mais ampla que postulava uma futura idade de ouro em que os seres humanos realizariam plenamente no seio de uma humanidade mitificada.

Como discurso, as ideologias republicanas permaneciam enclausuradas no fechado círculo das elites educadas.

(Carvalho, José Murilo de. A Formação das Almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.)

INTRODUÇÃO

E 15 de novembro de 1889, o Brasil passou de um regime monárquico para um republicano. Com a constituição de 1891, adotou–se no Brasil a República Federativa com os poderes divididos em três níveis: executivo, legislativo e judiciário.

Inaugurou–se, também, uma nova forma de fazer política, através da qual se garantia a manutenção do poder nas mãos das oligarquias. O entendimento desta nova realidade passa necessariamente pela compreensão de temas como patriarcalismo, coronelismo, controle das eleições, política dos governadores e política do café com leite. Vejamos, a partir de agora cada uma delas. PATRIARCALISMO

No início do século XX os homens achavam que as mulheres eram naturalmente incapacitadas para tomar decisões. A função da mulher deveria ser a de manter a harmonia do lar, limitando-se sua atuação à casa e aos filhos. Na família como sociedade, quem mandava eram os homens.

A família, nesse período, eram um grupo maior, integrado pela esposa, eventuais amantes, filhos, parentes, padrinhos, afilhados, amigos, dependentes, e ex-escravos. Um imenso grupo de pessoas submetidas à autoridade indiscutível que emana da temida e venerada figura do patriarca.

Esse patriarca era um grande senhor rural, o Coronel, proprietário de imensas fazendas, onde se plantavam as bases da economia brasileira da República Velha: café, cacau, algodão, cana-de-açúcar e outros produtos agrícolas. CORONELISMO

O Coronelismo pode ser definido como um fenômeno político característico da “República Velha”, possibilitando, através da manipulação e controle das eleições, o controle da política nacional por parte das oligarquias agrárias.

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“A Máquina Eleitoral na República Velha”

“A classe dos fazendeiros do café que, aliada

às demais classes rurais nos diversos Estados, governava o país em seu proveio, não se mantinha no poder pela força militar, como em outros países sul-americanos.

Ela se conservava e eternizava no governo graças a uma máquina eleitoral que se entendia por todo país, mergulhando suas raízes na terra.

Era como uma pirâmide em cujo ápice se encontrava o Presidente da República, vindo logo abaixo o Partido Republicano paulistas e os Partidos Republicanos Estaduais, e, na base do arcabouço, o coronel e sua família, amigos, parentes e dependentes, constituindo as famosas oligarquias estaduais, pequenos estados dentro do Estado, que centralizavam em suas mãos, nos sertões, os três poderes fundamentais da República: legislavam, julgavam e executavam.

Os chefes desses clãs políticos, espécie de caudilhos locais, eram conhecidos e respeitados. Sua força estava no domínio da terra e da vida dos que nela habitavam mercê de sua graça(…).

Para servir os coronéis, os sertanejos de qualquer categoria social, trabalhador, parceiro ou pequeno proprietário, e afim de dar uma aparência legal ao predomínio dos mesmos, tinham de “voltar com ele”. Os analfabetos aprendiam às vezes a assinar o nome a aprender lançar na urna um voto cujo o nome para poder lançar na urna um voto cujo nome não podiam ler. E, se o pudessem, seria a mesma coisa. Em vésperas de eleição, eram conduzidos em lotes, de qualquer modo, aos locais próximos dos postos eleitorais onde eram guardados às vezes com sentinelas, nos chamados quartéis ou currais, nos quais se fazia a concentração de eleitores. O chefe político lhes dava, além da condução, roupa, cachaça e uma papeleta de voto. (…)

O interior do país, sujeito a esse regime, concentrava 70% da população e, por mais livres que fossem os eleitores das cidades, a votação do interior, produto das máquinas eleitorais, os sobrepujava. Adaptado de:

BASBAUM, Leônicio. História Sincera da República: de 1889 a 1930.

São Paulo, Alfa-Ômega, 1981, p. 190-91.

O Coronel, ou chefe político local, possuía o seu curral eleitoral formado por eleitores de sua inteira confiança e que voltavam, obrigatoriamente, nos candidatos indicados por eles. Através de capangas e de seu poderio econômico, o coronel garantia a maioria necessária à eleição de candidatos de confiança do sistema, aí incluídos o presidente (governador) do Estado, e o próprio presidente da República.

Ainda sobre o coronelismo, o historiador Edgar Corone considera que “socialmente, o coronel exerce uma série de funções que o fazem temido e obedecido (…). Aos agregados, ele dispensa favores: dá-lhes terras, tira-os da cadeia e ajude-os quando doente; em compensação, exige fidelidade, serviços, permanência infinita em suas terras, participação nos grupos armados, etc. aos familiares e amigos ele distribui empregos públicos, empresta dinheiro, obtém crédito, protege-os das autoridades policiais e jurídicas, ajuda-os a fugir dos compromissos fiscais do Estado, etc. é o juiz pois obrigatoriamente, é ouvido a respeito de questões de terras e até de casos de fugas de moças solteiras.” O CONTROLE DAS ELEIÇÕES:

Uma das grandes reivindicações que motivou o fim do Império foi o desejo da descentralização política.

Com a República, estes interesses foram concretizados. Cada Estado da Federação teria suas leis, sua força policial, seu poder judiciário e seu sistema eleitoral.

Apesar do fim do voto censitário, poucos brasileiros participavam das eleições. Os analfabetos, mendigos, soldados, frades e mulheres não tinham o direito ao voto. Além disso, o voto não era obrigatório. Os que tomavam parte na votação acabavam se tornando massa de manobra da disputa entre os chefes políticos locais: os patriarcas (coronéis).

O controle que os coronéis exerciam sobre as eleições se realizava, principalmente, através de dois mecanismos: a) o voto de bico de pena: este consistia no fato de que a lista de eleitores era feita no Município, obedecendo aos interesses dos chefes políticos locais (coronéis). Muitas vezes os eleitores da oposição encontravam dificuldades em serem incluídos na lista de votantes. Muitas listas eram compostas incluindo analfabetos ou mesmo pessoas já mortas. Assim, uma mesma pessoa assinava vários nomes de eleitores favorecendo o fazendeiro mais importantes da região . b) o voto de cabresto: este consistia no fato de que os eleitores que realmente votavam estavam vinculados a um coronel como por um cabresto. Isto, porque os capatazes e capangas do coronel levavam os eleitores até a boca da uma, ameaçando dar uma surra de cacete e até matar aquele que pretendesse votar em outro candidato. A POLÍTICA DOS GOVERNADORES

A partir do governo do presidente Campos Sales (1898-1902) oficializou-se o que veio a denominar-se política dos governadores, ou política dos estados, conforme a expressão do própria Campos Sales.

Em relação a este assunto, o historiador Roberto Lopes considera que “(…) durante a mandato de Campos Sales, o Governo Federal, para fazer face ao extremo federalismo vigente, (…) resolveu estabelecer acordos políticos com os Governos Estaduais a fim de garantir a formação de Congressos dóceis às diretrizes presidenciais (…). Esta foi a chamada política dos governadores: os governadores se responsabilizariam pela escolha de “bons” deputados e “bons” senadores nas eleições a partir de acordos com os chefes políticos lacas, isto é, os coronéis-latifundiários, manipuladores do voto e da frágil vontade do povo camponês.” A POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE

Com a montagem da política dos governadores por Campos Sales, as oligarquias paulista e mineira –

representadas pelos Partidos Republicano Paulista (PRP) e Republicano Mineiro (PRM) – passaram a dispor de melhores condições para exercer a direção política do país. E foi o que aconteceu entre 1889 e 1930, período que ficou conhecido como Primeira república ou República Velha.

O predomínio político destes dois Estados foi chamado de política do café com leite. O PRP e o PRM, dominados pelas respectivas oligarquias estaduais, revezaram-se no poder elegendo os Presidentes da República até 1930. A propósito, oligarquias são grupos de pessoas pertencentes ou a mesma família, classe ou partido, que detém o poder econômico e o político, utilizando-se deste último em benefício próprio.

A política do café com leite era, na verdade, um acordo de oligarquias, uma aliança entre coronéis que dominavam os Estados (política dos governadores). TEXTO COMPLEMENTAR


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