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Page 1: História do Brasil - Pré-Vestibular Impacto - A Classe Operária Brasileira

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A Classe Operária Brasileira

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

PROFº: NETO

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CONTEÚDO

A Certeza de Vencer

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AS PRIMEIRAS ORGANIZAÇÕES

ASSOCIAÇÕES MUTUALISTAS: Surgiram entre 1850 e 1880, não tinham caráter político,

eram instituições que desenvolviam o auxílio mútuo entre os seus membros, nos casos de extrema necessidade como: doenças, enterros, acidentes, etc, a partir da iniciativa exclusiva dos próprios trabalhadores. Atente-se que, essas Associações não representavam uma ferramenta de resistência à exploração patronal.

LIGAS OPERÁRIAS Começaram a surgir a partir de 1870, mais politizadas

que as anteriores, deram origem aos primeiros sindicatos operários brasileiros. Objetivavam cobrar direitos, preconizando a greve como instrumento de luta. Deste momento em diante, as reivindicações operárias são: a redução da jornada de trabalho, o aumento salarial e a melhoria das condições de trabalho.

SINDICATOS O termo SINDICATO passa a ser usado com mais,

frequência, após o 1° Congresso Operário Brasileiro, realizado em 1906, que sugeriu o seu uso para estabelecer diferença entre as associações de resistência ao patronato das associações beneficentes.

Os sindicatos, em sua maioria, reuniam operários do mesmo ofício: sapateiros, chapeleiros, operários de indústria têxteis, garçons, gráfico, oleiros, vidraceiros, ferreiros marmoristas, etc. Havia, no entanto, sindicatos que reuniam, indistintamente, operários de diversos ofícios e de vários locais de trabalho. Podiam ainda, ser encontrados sindicatos que reuniam trabalhadores do mesmo grupo étnico, como o Círculo Operário Italiano e associações que se definiam pelo quadro de organização técnica de trabalho, como, por exemplo, o Sindicato dos Ferroviários.

Esta nova forma de organização teve como principal característica a total desvinculação dos sindicatos de trabalhadores com relação ao Estado.

DOUTRINAS SOCIAIS: Durante o período em que o movimento operário gozou

de total liberdade de associação (República Oligárquica), três correntes disputaram entre si a liderança da classe: Socialista, Anarcosindicalista.

SOCIALISMO Liderados por intelectuais pertencentes à classe média,

os sindicatos socialistas tiveram pequena penetração nos meios populares, porque defendiam a aliança dos setores médios urbanos ao operariado, como estratégia revolucionária. Suas preocupações centravam-se na divulgação das idéias de Marx e Engels no Brasil, Não acreditavam no sindicato como principal instrumento para a emancipação dos trabalhadores. Por buscarem a transformação gradativa do sistema social existente através da atuação de um partido político, insistiam no alistamento eleitoral e na adoção, pelo imigrante, da cidadania brasileira, necessária para a filiação ao partido socialista e para obter o direito ao voto nas eleições. Ao condenarem a greve como instrumento de luta, distanciavam-se cada vez mais do proletariado.

ANARCOSINDICALISMO Quase sempre associado à presença de imigrantes

italianos e espanhóis, foi a corrente de maior prestígio junto à classe operária brasileira da época. Seus líderes eram operários e priorizavam as reivindicações da classe.

Dentre seus princípios básicos destacam-se: a negação da autoridade do Estado ( a liberdade e a igualdade só seriam conseguidas com a destruição do capitalismo e do Estado que o defende), pregavam contra a propriedade privada, pois seria a

fonte de todos os problemas da sociedade (destruir a propriedade privada sem destruir o governo burocrático de nada adiantaria, porque os burocratas concentram privilégios e não têm interesse em perde-los) consideravam a associação sindical como a única organização legítima dos trabalhadores (só o sindicato seria capaz de agrupar e solidarizar os operários conscientes, com base em interesses comuns), a ênfase na ação direta como instrumento de resistência ao capital, entendida como greve (geral ou parcial), passando pelo boicote, queda do ritmo de trabalho,produção intencionalmente imperfeita, além das manifestações públicas (passeatas). As greves deveriam constituir um exercício preparatório para a greve geral revolucionária.

O Anarquismo defendia ainda o desenvolvimento de uma cultura operária própria, marcada pela prática de várias atividades, que iam dos piqueniques, passeios e bailes, ao teatro e festivais de todos os tipos.

A atuação sindical se faria através de duas vias: a participação em movimentos coletivos de protesto ou reivindicação e a divulgação dos ideais anarquistas no meio do operariado.

COMUNISTAS A Influência comunista no meio sindical teve início com

a fundação do Partido Comunista, em 1922, formado por ex-anarquistas, na cidade de Niterói.

Inicialmente chamado Partido Comunista do Brasil, depois se denominou Partido Comunista Brasileiro. Sua fundação é reflexo do processo revolucionário desencadeado na Rússia (Revolução de 1917) e da realização da Terceira Internacional Comunista, que tinha por objetivo, dirigir a revolução socialista em todas as partes do mundo.

Condenava as greves sem prévia análise de sua conveniência. Pregava um modelo de estrutura sindical que se completaria com uma central sindical. Em 1928, o PCB fundou a Confederação Geral do Trabalho do Brasil, que reunia cerca de 60.000 de trabalhadores sindicalizados.

Os comunistas defendiam a transformação da luta econômica dos operários em luta política e o centralismo democrático, ou seja, que as decisões fossem tomadas pela direção do Partido, que promoveria a tomada do Estado e instalaria a ditadura do proletariado. O PCB defendia ainda a sua participação nas eleições e a formação de "frentes únicas", isto é, a sua união com diversos outros setores da sociedade para atender os interesses dos trabalhadores, mesmos que estes tivessem posições muito diferentes dos comunistas.

O PCB sofreu várias oscilações quanto à sua, legalização (foi fechado em 1922 e depois em 1927) Para contornar esta situação, expandiu-se o Bloco Operário para Bloco Operário e Camponês (BOC), que apesar de camponês, não teve nenhuma penetração nas zonas rurais, ficando restrito às grandes cidades. A maior vitória do BOC ocorreu nas eleições de 1928, no Rio de Janeiro com as vitórias de Otávio Brandão (dirigente do PCB) e Minervino de Oliveira (operário marmorista e dirigente da Federação Sindical Regional).

TEXTOS COMPLEMENTARES

Jornal Avanti - 12 - 10 - 1901: "A formação de sindicatos - e tenham isto presente também os industriais - é um remédio preventivo das greves, para torná-las menos frequentes, menos impulsivas, sempre mais razoáveis e pacíficas, pois a organização forte e compacta impõe, por si, muitas vezes mais do que cem greves".

Jornal A Plebe: "O Brasil não pertence à população que o habita. O Brasil pertence a algumas dúzias de sindicatos industriais e financeiros, a algumas dezenas de fazendeiros e

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latifundiário ...Contra esses nos revoltamos! Contra esses nos batemos nós!... E o Brasil novo, o Brasil de amanhã, terra de liberdade e bem estar, (...) só se tornará realidade concreta quando, sacudida pelo furacão renovador, arremessar para o lixo da história todas essas castas malditas de parasitas e sugadores que a infestam ..."

Lei Adolfo Gordo: contra os imigrantes Como a maioria dos operários era constituída de

imigrantes europeus, o Congresso Nacional aprovou a Lei Adolfo Gordo, em 1907, como forma de desarticular e combater os operários que lutavam por melhores condições de vida e de trabalho. Essa Lei autorizava a deportação dos estrangeiros que colocassem em perigo a ordem pública.

(Nosso Século; 1910-1930. São Paulo: Abril Cultural. 1985. V 3,p. 119)

Imprensa Operária na primeira década do século XX. "Os sindicatos e os partidos operários publicavam suas

reivindicações, denúncias e propostas e periódicos. Na cidade de São Paulo, destacaram-se os jornais anarquistas, como o La Bataglia, fundado em 1904 e dirigido por Oreste Ristori, O Amigo do Povo, iniciado em 1902 e A Terra Livre, em 1905, ambos orientados por Neno Vasco e Edgar Leurenroth. (...) Outros exemplos da imprensa operária no país: no Rio Grande do Sul, Echo Operário, na Bahia, Voz do Operário, em Belém do Pará, O Trabalho, em Fortaleza, O Operário, em Alagoas, O Trabalhador Livre.

Os jornais operários denunciavam as precárias condições dos trabalhadores e eram porta-vozes dos diferentes grupos que os publicavam – Partido Socialista, Anarcosindicatistas, ete, que assim, procuravam oferecer formação política aos operários. Normalmente, o jornal era lido em voz alta para que, Os trabalhadores analfabetos tivessem acesso à publicação. Além disso, muitos deles aprendiam a ler nos próprios sindicatos ou partidos. Não era proibida a divulgação desses jornais, mas a imprensa operária era conscantemente perseguida pela polícia".

(MONTELLATO, CABRINI, CATELLI.História Temática. O Mundo dos Cidadãos. São Paulo: Scipione, 2000. p, 172-173)

Trabalho e Lazer: veladas operárias "Em São Paulo, nas primeiras décadas, eram comuns

as chamadas veladas operárias (noitadas, vigílias). Consistiam em teatro, música, conferências, jogos de futebol, danças, geralmente realizadas nas sedes das associações. Começavam normalmente no sábado e se estendiam até o domingo. Após a exposição de conferências sobre temas relativos aos problemas dos trabalhadores, custo de vida ou situação da mulher, a velada terminava com um baile ou piquenique.

À medida que os operários se organizavam como classe e lutavam por seus direitos, aumentava, por outro lado, o controle dos patrões sobre o lazer e a educação dos trabalhadores.

(MONTELLATO, CABRINl, CATELLI. História Temática. O Mundo dos Cidadãos. São Paulo: Sciplone, 2000, p. 173)

Os Anarquistas e a Educação "... os libertários tiveram Intensa participação em atividades culturais e, especificamente preocupados com a educação popular, fundaram pelo menos 25 escolas livres ou modernas, centros de ensino profissional, grupos de estudo, centros de cultura proletária, centros de educação artística, grupos dramáticos e musicais. .. Ainda um outro sonho deste primeiro movimento operário no país merece ser registrado: a fundação da Universidade Popular de Ensino Livre, no Rio de Janeiro, em 1904. ... este centro intelectual tinha por objetivo a instrução superior e a educação social do proletariado"

(Rago, Margareth. Do Cabaré ao Lar: a Utopia da cidade disciplinar, Brasil 1890-1930. Rio de janeiro: Paz e Terra. P 159 e 161).

"Com o propósito de unificar o movimento operário brasileiro no Início da industrialização no país foi promovido o 1° Congresso Operário Brasileiro, em 1906. Nesse Congresso, os operários, entre outras reivindicações, reafirmaram a luta por 8 horas diárias, de trabalho, sem diminuição de salário e aprovaram a criação de uma central de sindicatos de operários, a COB (Confederação Operária Brasileira), que entrou em atividade em 1908, com os seguintes objetivos:

a) promover a união dos trabalhadores assalariados para a defesa dos seus interesses morais e materiais, econômicos e profissionais; b) estreitar os laços de solidariedade, entre o proletariado organizado, dando mais força e coesão aos seus esforços e reivindicações, tanto moral como materialmente; c) estudar e propagar os meios de comunicação do proletariado e defender em público as reivindicações; econômicas dos trabalhadores, servindo-se, para isso de todos os meios de propaganda conhecidos nomeadamente de um jornal que se intitulará "A Voz do Trabalhador" d) reunir e publicar dados estatísticos e informações exatas sobre o movimento operário em todo o país.

(RODRIGUES, Edgar. Socialismo e Sindicalismo no Brasil; 1875-1913. Rio de Janeiro: Guanabara. Laemmert, 1969. p.117-8)

Paraíso ou absurdo: a proposta política dos anarquistas.

"Geralmente quando surge uma revolta é porque os revoltosos querem acabar com um tipo de poder existente e desejam estabelecer outras relações de poder.

Os anarquistas são diferentes da maioria dos revoltosos. Eles não são contra apenas um tipo de poder. São contra todos os tipos de poder. Querem acabar com o poder em si. E não substuí-lo por outro.

Na Europa, o anarquismo teve importância no fim do século passado e começo do nosso século. Foi trazido para o Brasil pelos imigrantes italianos e espanhóis e influenciou a formação do movimento operário no país.

O que pretendiam os anarquistas? Queriam, por exemplo, escolas que os alunos frequentassem

apenas pelo prazer de estudar. Queriam o amor livre entre homens e mulheres, sem que

ninguém fosse obrigado a viver junto para sempre, caso o amor se acabasse.

Os anarquistas lutavam contra o poder e a exploração e todos os locais; nas escolas, na família, na igreja, nas fábricas, nos sindicatos, etc.

Eles pensavam em criar uma sociedade onde um não explorasse o outro. Não haveria ladrões, porque tudo seria de todos, Não haveria patrão mandando, nem empregado obedecendo. Não haveria polícia, nem prisões. Cada um seria responsável pela sua vida e, solidariamente, pela vida do outro.

Para uns essas propostas do anarquismo podem parecer absurdo. Para outros, é a realização do paraíso"

Resistindo ao controle "(...) Os operários moravam em casa construídas com

materiais precários e comprimidas e espaços muito pequenos, o que os obrigava a utilizar as áreas livras para a lavagem e secagem coletiva das suas roupas. Essas habitações eram conhecidas como cortiços. Antes das 5 da manhã, os pátios dos cortiços já estavam cheios. Todos procuravam se apressar para a higiene matinal: havia um tanque e uma latrina para o uso de todos os moradores. Em seguida, retornavam ao comodo, que servia ao mesmo tempo de dormitório, cozinha e sala de refeições, onde tomavam café com um pedaço de pão. Vestiam-se, então,para o trabalho: os homens usavam calças e paletó escuros, camisa clara e botina de couro, quase todos usavam também um chapéu de feltro. Já as mulheres usavam o seu "vestido de trabalho"e 'sandálias, e algumas calçavam tamancos de madeira.

Em seguida, todos se dirigiam à fábrica, geralmente localizada no mesmo bairro, onde homens, mulheres e crianças trabalhavam, às vezes em pé, por cerca de 16 horas, vigiados de perto por capatazes. (...). A exposição frequente ao pó ou à umidade era causadora de uma série de doenças, contudo, não havia licença para tratamento de saúde, e os trabalhadores eram demitidos logo que adoeciam."

(Cenas Cotidianas, in DREGUER, Ricardo. História, Cotidiano e Mentalidades. São Paulo. Atual, 1995. p. 93-94)


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