Enciclopdia Biosfera, N.03, Janeiro junho 2007 ISSN 1809-0583
1
HBITOS ALIMENTARES, ALIMENTAO ALTERNATIVA,
MULTIMISTURA: CONHECENDO AS DIFERENAS.
rea Temtica: Consumo e comportamento
Rozilene Coutinho de Oliveira, Dulcineia Fernandes Netto Machado,
Ana Carolina de Almeida Lins, Maria de Ftima Massena de Melo.
Alunas de Graduao do Curso de Economia Domstica,
[email protected] e [email protected]; Professora e
Coordenadora do Departamento de Cincias Domsticas/UFRPE; Msc.
Administrao Rural e Comunicao Rural.
PALAVRA CHAVE: qualidade de vida; dietas; cuidados com a sade.
GOIANIA, SETEMBRO DE 2006
Enciclopdia Biosfera, N.03, Janeiro junho 2007 ISSN 1809-0583
2
INTRODUO
A histria da alimentao tambm considerada a histria da humanidade,
do despertar da conscincia; dessa conscincia que, inclusive, nos leva a uma
crescente industrializao dos alimentos, tal como vem ocorrendo nas ltimas
dcadas, e a uma anlise qumica destes. Conhecendo a essncia de cada
alimento, e das foras capazes de liberar e estimular o organismo, possvel
entender melhor como a nutrio est ligada essncia humana, e espiritualidade
do ser. O ser humano perfeito, todos seus rgos funcionam sincronizados e para
que sua sade permanea e sua vida seja longa, bons hbitos alimentares devem
ser cultivados.
Considerando que Alimentao Alternativa a opo entre duas ou
mais formas de alimentao e que segundo AMORA, (1998), alternativa a
opo entre duas coisas; sucesso de duas coisas mutuamente exclusivas. A
multimistura no pode ser considerada uma escolha e sim como um alimento
alternativo (complemento alimentar) que vem somar no combate a desnutrio.
Este trabalho demonstra a variedade de indicaes para que o indivduo faa sua
escolha com bom senso e obedecendo as regras primrias de uma boa
alimentao, que deve constar de carboidratos, leos e as gorduras, protenas,
vitaminas e gua. Para tanto foi feito pesquisas sobre os diversos tipos de
alimentao e ficou constatado que devemos tomar cuidado ao fazer uma
escolha. Os modismos alimentares trazem promessas de benefcios sade,
enquanto que o uso indiscriminado de algum tipo de alimentao pode vir a
compromet-la.
Evoluo Cultural da Alimentao:
poca Cultural Hindu: 7.227 5.067 aC - alimentao basicamente de leite animal e
das ddivas da natureza que eram colhidas - coletores.
Enciclopdia Biosfera, N.03, Janeiro junho 2007 ISSN 1809-0583
3
poca Cultural Persa: 5.067 2.907 aC-comearam a arar a terra, plantam cereais
(trigo), rvores frutferas nas pocas certas.
Alimentao basicamente de vegetais, leite e mel.
poca Cultural Egpcia-Caldica: 2.907 747 aC - alimentao de leite, frutas,
cereais e mel, porm comea o uso da carne e do sal.
poca Cultural Grego-latina: 747 aC 1.413-os alimentos incluem todos os
elementos j usados anteriormente, acrescida de razes e vinho.
poca Cultural Germano-anglo-saxnica: 1.414 poca atual.
A alimentao resultante da industrializao perde cada vez mais a qualidade
vital. Constata-se um aumento progressivo do consumo de carnes, lcool e
acares. Os problemas sociais relativos fome so cada vez maiores tanto no
sentido qualitativo como quantitativo. A desnaturao e os txicos adicionados aos
alimentos vm ao longo dos tempos comprometendo a sade e a qualidade de vida
do individuo.
A ALIMENTAO NA POCA MODERNA
A partir do sculo XV a mecanizao, a motorizao e a automatizao
passam a influir cada vez mais na alimentao e neste sculo tambm que
comeam a aparecer mais livros de receitas. Com a entrada da tecnologia, a
alimentao passa a ser uma questo social: a alimentao dos pobres em
contraposio alimentao burguesa, e aqui no Brasil, poderia acrescentar ainda a
alimentao dos escravos.
No comeo do sculo XVII, Santoris, da Universidade de Pdua, comea a medir o
metabolismo com a balana. A fsica e a qumica comeam a dominar na
alimentao. Surgem Lavoiser, Liebig, Rubner e outros. Liebig descobre a
composio qumica do sangue, alm do extrato de carne, que penetrou cada vez
mais na indstria. Tambm as conservas em lata marcam um ponto importante e
atravs de sua exportao os alimentos tornaram-se universais. Desse fato
resultam:
Excesso de alimentao, levando a obesidade pela falta de atividade
fsica, pois o automvel substitui grande parte do movimento fsico;
Abuso de protenas;
Enciclopdia Biosfera, N.03, Janeiro junho 2007 ISSN 1809-0583
4
A desnaturao dos alimentos atravs de corantes, conservantes,
alvejantes etc.
Com isso, a qualidade alimentar perde-se e o homem torna-se cada vez mais
doente.
ALIMENTAO ATUAL BRASILEIRA:
(extrado na ntegra do livro Novos Caminhos de Alimentao, de Burkhard K. Gudrun).
No norte e nordeste a alimentao at hoje e base de farinha de mandioca,
milho, peixe ou carne seca e feijo. O desjejum composto de mandioca
(macaxeira), abbora, batata-doce, car e, s vezes, frutas regionais e alguma
verdura, caf e rapadura. No interior, na poca da seca, a subnutrio causa
problemas to srios a ponto de se falar de uma sub-raa de anes (nanicos).
Quando o feijo desaparece totalmente da mesa do nordestino, ele lana mo de
recursos, tais como a palma, a raiz do umbuzeiro, xique-xique, beiju de gravat,
semente de mucun, farinha de raiz de macambira, de manioba etc.
Na Bahia, os pratos so: vatap, angu, acaraj, caruru, xinxim de galinha,
cuscuz de peixe (afro-brasileiro), em que se usam o arroz, o milho, a farinha de
mandioca, o feijo etc. E os doces, como a cocada, p-de-moleque, queijadinhas,
mungunz, roletes de cana. E como recursos especiais, o amendoim, o feijo-frade,
a farinha de mandioca, a farinha de milho, o dend e o coco, muita pimenta
vermelha, peixes e camares. Esta alimentao ainda influenciada pelos
candombls, em que cada um dos deuses tem os seus pratos prediletos.
Em Minas, Gois, Mato Grosso, interior de So Paulo predomina o arroz e o
milho no lugar da farinha de mandioca, o feijo, o trigo, as carnes, atualmente
hortalias e frutas, especialmente banana, laranja e abacaxi.
No sul, feijo, arroz, hortalias, frutas, leite, queijos, manteiga e carnes,
embora a alimentao dos pescadores limite-se ao mingau de farinha de mandioca
e ao peixe; e no interior o peixe substitudo pelo charque. A alimentao do
gacho baseia-se no churrasco, chimarro e farofa, que hoje se espalhou para o
norte com as famosas churrascarias de estrada.
Se olharmos para a alimentao do brasileiro, atravs de inmeras pesquisas
efetuadas, observa-se que a base : feijo, farinha de mandioca, charque, peixe,
Enciclopdia Biosfera, N.03, Janeiro junho 2007 ISSN 1809-0583
5
caf, acar branco e po, acrescidos de arroz, milho, carnes (aves, peixe, porco,
gado), algumas misturas como batata, macarro, verduras, banana, laranja,
abacaxi, conforme a poca ou regio. Nas classes mais abastadas e nas grandes
cidades come-se de tudo, predominando a alimentao hipercalrica atravs da
carne, muitas vezes no almoo e no jantar. De maneira geral, pode-se dizer que a
alimentao deficiente nas classes pobres, especialmente por falta de instruo e
mau aproveitamento dos recursos naturais. Na classe rica, a influncia americana
grande: os valores quantitativos sobrepujam os qualitativos, dando-se maior nfase
a uma superalimentao de protenas (carnes animais), gorduras, acares
refinados, farinhas brancas e cereais beneficiados em excesso.
OS HBITOS ALIMENTARES DE CADA DIA:
Os hbitos alimentares esto entre os aspectos mais antigos, exercendo
fortes influncias sobre o comportamento das pessoas. A experincia cultural e
subcultural determina o que deve ser comido, bem como quando e como faz-lo. H
naturalmente muita variao. No entanto, costumes benficos e danosos so
encontrados em todas as partes do mundo. Entretanto, os hbitos alimentares
baseiam-se, inicialmente, na disponibilidade alimentar, na economia, nas crenas e
significados que cada pessoa confere aos alimentos. Entre esses fatores de
influncia esto: a geografia da terra, a agricultura praticada pelas pessoas, as
prticas econmicas e de mercado, a viso acerca da sade ou do que
considerado um alimento seguro, alm da histria e tradies (WILLIAMS, 1994).
Ainda segundo o autor afirmaes no-cientficas acerca dos alimentos e da
nutrio costumam confundir o pblico e contribuir para com hbitos alimentares
deficitrios, quando os indivduos cercam seus hbitos culturais alimentares de
mitos. Crenas sem fundamentao cientfica sobre determinados alimentos podem
ser inofensivas, mas outras podem acarretar srias implicaes sade e ao bem-
estar. Queixas a respeito de alimentos ou suplementos que no se baseiam em
evidncias cientficas, como o uso exagerado de suplementos vitamnicos para a
manuteno da sade, costumam confundir o pblico contribuindo para hbitos
alimentares deficientes. Falsas informaes podem ter origem no folclore, ou podem
Enciclopdia Biosfera, N.03, Janeiro junho 2007 ISSN 1809-0583
6
ser constitudas sobre meias-verdades, insinuaes ou decepo total, como nos
casos de fraudes.
Os adeptos dos modismos alimentares fazem alegaes exageradas em relao
a determ