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  • MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE SECRETARIA DE RECURSOS HDRICOS E AMBIENTE URBANO - SRHU/MMA

    Guia para elaborao dos Planos de Gesto de Resduos Slidos

    Braslia DF

    2011

  • Repblica Federativa do Brasil

    Ministrio do Meio Ambiente

    Secretaria de Recursos Hdricos e Ambiente Urbano

    Secretrio Nabil Georges Bonduki Chefe de Gabinete

    Srgio Antonio Gonalves Diretor de Ambiente Urbano

    Silvano Silvrio da Costa Gerentes

    Moacir Moreira da Assuno Ronaldo Hiplito Soares

    Saburo Takahashi Zilda Maria Faria Veloso

    Equipe MMA

    Ana Flvia Rodrigues Freire Claudia Monique Frank de Albuquerque Eduardo Rocha Dias Santos Hidely Grassi Rizzo Ingrid Pontes Barata Bohadana Ivana Marson Joo Geraldo Ferreira Neto Joaquim Antonio de Oliveira Josa Maria Barroso Loureiro Marcelo Chaves Moreira Rosngela de Assis Nicolau Slvia Cludia Semensato Povinelli Slvia Regina da Costa Gonalves Thas Brito de Oliveira Vinicios Hiczy do Nascimento

    Parceria Embaixada Britnica Braslia ICLEI Governos Locais para Sustentabilidade Equipe Florence Karine Lalo Gabriela Alem Appugliese Regina Bueno

    Elaborao I&T Gesto de Resduos Equipe Tarcsio de Paula Pinto (Coordenao) Luiz Alexandre Lara Augusto Azevedo da Silva Maria Stella Guimares Gomes

  • SUMRIO PARTE 1 ASPECTOS GERAIS 1. Quadro institucional geral 1.1 A Lei Federal de Saneamento Bsico

    1.2 Poltica Nacional sobre Mudana do Clima

    1.3 Lei Federal dos Consrcios Pblicos

    1.4 Poltica Nacional de Resduos Slidos

    2. A Lei e a Poltica Nacional de Resduos Slidos 3. O Plano Nacional de Resduos Slidos 4. O processo de planejamento PARTE 2 ORIENTAES PARA ELABORAO

    DOS PLANOS 1. Metodologia para elaborao dos planos 1.1 Processo participativo

    1.2 Organizao institucional do processo participativo

    1.3 Dos prazos, do horizonte temporal e das revises

    1.4 Contedo mnimo dos planos

    2. Elaborao do diagnstico e dos cenrios futuros 3. Definio das diretrizes e estratgias 4. Metas, programas e recursos necessrios 5. Implementao das aes

  • PARTE 3 ROTEIRO PARA ELABORAO DO PLA-NO ESTADUAL DE RESDUOS SLIDOS - PERS

    1. Introduo

    1.1 Objetivos do Plano Estadual de Resduos Slidos

    2. O processo de elaborao do PERS

    3. Diagnstico, estudos e plano de ao do PERS

    3.1 Mobilizao Social e Divulgao

    3.2 Panorama dos resduos slidos no Estado

    3.3 Estudo de Regionalizao e Proposio de Arranjos Intermunicipais

    3.4 Estudos de prospeco e escolha do cenrio de referncia

    3.5 Diretrizes e estratgias do PERS

    3.6 Metas, Programas, Projetos e Aes para a gesto dos resduos slidos

    3.7 Investimentos necessrios e fontes de recursos financeiros

    3.8 Sistemtica de acompanhamento, controle e avaliao da implementao do

    PERS

    3.9 Plano de gesto de resduos slidos e as mudanas do clima

  • PARTE 4 ROTEIRO PARA ELABORAO DO PLA-NO DE GESTO INTEGRADA DE RES-DUOS SLIDOS PGIRS

    1. Introduo 1.1 Objetivos do Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos

    1.2 Metodologia participativa Comit Diretor e Grupo de Sustentao

    2. Diagnstico Captulo I - Aspectos gerais I.1 Aspectos scio econmicos

    I.2 Situao do saneamento bsico

    I.3 Situao geral dos municpios da regio

    I.4 Legislao local em vigor

    I.5 Estrutura operacional, fiscalizatria e gerencial

    I.6 Iniciativas e capacidade de educao ambiental

    Captulo II Situao dos resduos slidos II.1 Dados gerais e caracterizao

    II.2 Gerao

    II.3 Coleta e transporte

    II.4 Destinao e disposio final

    II.5 Custos

    II.6 Competncias e responsabilidades

    II.7 Carncias e deficincias

  • II.8 Iniciativas relevantes

    II.9 Legislao e normas brasileiras aplicveis

    3. Planejamento das Aes Captulo III - Aspectos gerais III.1 Perspectivas para a gesto associada com municpios da regio

    III.2 Definio das responsabilidades pblicas e privadas

    Captulo IV Diretrizes, estratgias, programas, aes e metas para o manejo diferenciado dos resduos IV.1 Diretrizes especficas

    IV.2 Estratgias de implementao e redes de reas de manejo local ou regional

    IV.3 Metas quantitativas e prazos

    IV.4 Programas e aes agentes envolvidos e parcerias

    Captulo V Diretrizes, estratgias, programas, aes e metas para outros as-pectos do plano V.1 Definio de reas para disposio final

    V.2 Regramento dos planos de gerenciamento obrigatrios

    V.3 Aes relativas aos resduos com logstica reversa

    V.4 Indicadores de desempenho para os servios pblicos

    V.5 Aes especficas nos rgos da administrao pblica

    V.6 Iniciativas para a educao ambiental e comunicao

    V.7 Definio de nova estrutura gerencial

    V.8 Sistema de clculo dos custos operacionais e investimentos

  • V.9 Forma de cobrana dos custos dos servios pblicos

    V.10 Iniciativas para controle social

    V.11 Sistemtica de organizao das informaes locais ou regionais

    V.12 Ajustes na legislao geral e especfica

    V.13 Programas especiais para as questes e resduos mais relevantes

    V.14 Aes para mitigao das emisses dos gases de efeito estufa

    V.15 Agendas de implementao

    V.16 Monitoramento e verificao de resultados

    ANEXOS

    1. Caracterizao de resduos urbanos em diversas localidades brasileiras

    2. Referncias Bibliogrficas e Documentos de Referncia

    3. Acervo de endereos eletrnicos

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APP rea de Preservao Permanente ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas ANA Agncia Nacional de guas ASPP Aterro Sanitrio de Pequeno Porte ATT rea de Triagem e Transbordo A3P Agenda Ambiental na Administrao Pblica BDI Benefcios e Despesas Indiretas CAT Comunicao de Acidente de Trabalho CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CF Constituio Federal DAU Departamento de Ambiente Urbano ETE Estao de Tratamento de Esgoto GT Grupo de Trabalho LEV Locais de Entrega Voluntria MMA Ministrio do Meio Ambiente MP Ministrio Pblico NBR Norma Brasileira Registrada ONG Organizao No Governamental PACS Programa de Agentes Comunitrios da Sade PEAMSS Programa de Educao Ambiental e Mobilizao Social em Saneamento PERS Plano Estadual de Resduos Slidos PEV Ponto de Entrega Voluntria PMS Projeto de Mobilizao Social e Divulgao PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios

  • PNM Plano Nacional de Minerao PNMC- Plano Nacional sobre Mudana do Clima PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico PNRS Poltica Nacional de Resduos Slidos PPA Plano Plurianual PSF Programa Sade da Famlia RCD Resduos da Construo e de Demolio RSS Resduos de Servios de Sade RSU Resduos Slidos Urbanos SNIRH Sistema Nacional de Informao de Recursos Hdricos SIAB Sistema de Informao da Ateno Bsica SICONV Sistema de Convnios e Contratos de Repasse SINIR Sistema Nacional de Informaes sobre a Gesto dos Resduos Slidos SNIS Sistema Nacional de Informaes sobre Saneamento SISAGUA Sistema Nacional de Informao de Vigilncia da Qualidade da gua para Consumo Humano SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente SINISA Sistema Nacional de Informaes em Saneamento Bsico SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservao SNVS Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria SRHU Secretaria de Recursos Hdricos e Ambiente Urbano SUASA Sistema Unificado de Ateno Sanidade Agropecuria TR Termo de Referncia UF Unidade Federativa ZEE Zoneamento Ecolgico-Econmico

  • PARTE 1 ASPECTOS GERAIS

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    1. Quadro institucional geral

    Nos ltimos cinquenta anos o Brasil se transformou de pas agrrio num pas urbano,

    concentrando, em 2010, 85% da sua populao nas cidades.

    O crescimento das cidades brasileiras no foi acompanhada pela proviso de infraes-

    trutura e de servios urbanos, entre eles os servios pblicos de saneamento bsico,

    que envolvem o abastecimento de gua potvel; coleta e tratamento de esgoto sani-

    trio; estrutura para a drenagem urbana e o sistema de gesto e manejo dos resduos

    slidos.

    A economia do Pas cresceu sem que houvesse, paralelamente, um aumento da ca-

    pacidade de gesto dos problemas acarretados pelo aumento acelerado da concen-

    trao humana nas cidades. Os polos de atrao econmica viram-se desestrutura-

    dos para atender uma demanda cada vez maior por moradia, transporte, emprego,

    escolas e servios de sade para uma populao que no parava de migrar, sem que

    esses aglomerados tivessem estrutura econmica e social para receb-los.

    Com a redemocratizao e a Constituio de 1988, ocorreu uma reformulao

    institucional e legislativa que promoveu um processo de transformao, para melhor,

    da vida nas cidades: o Estatuto da Cidade, aprovado em 2001, que estabeleceu no-

    vos marcos regulatrios; e regulamentos de gesto urbana como as leis de sanea-

    mento bsico e de resduos slidos. Estes, se implementados corretamente, podero

    num horizonte razovel de tempo, resgatar a capacidade de administrar os servios

    pblicos urbanos de maneira mais eficiente, incorporando e definindo responsabilida-

    A Lei n 10.257/2001, chamada de Estatuto da Cidade, estabelece normas de interesse social, regula o uso da propriedade urbana para o bem coletivo, da segurana e do bem-estar dos cidados e cidads, bem como do equil-brio ambiental.

    A poltica urbana tem por objetivo ordenar o desenvolvimento das funes sociais da cida-de, garantia do direito a cidades sustentveis, o direito terra urbana, moradia, ao sanea-mento ambiental, infraestrutura urbana, ao transporte e aos servios pblicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gera-es.

  • 12

    des de forma compartilhada com todos os que fazem girar a roda das atividades eco-

    nmicas.

    O poder pblico no mais o nico responsvel por cuidar dos servios urbanos,

    agora se pode dividir responsabilidades e compartilhar tarefas para solucionar boa

    parte dos problemas ambientais causados pela grande concentrao de atividades

    nos ambientes urbanos.

    O Estatuto da Cidade regulamentou os Artigos 182 e 183 da Constituio Brasileira e

    estabeleceu as condies para uma reforma urbana nas cidades brasileiras. Obrigou

    os principais municpios do pas a formular seu Plano Diretor, visando promover o

    direito cidade nos aglomerados humanos sob vrios aspectos: social, ambiental,

    econmico, da sade, do lazer, da habitao, do transporte, saneamento bsico etc.

    O planejamento das cidades exige grandes investimentos nas polticas para presta-o de servios pblicos de saneamento bsico, fundamentais para promover um

    meio ambiente mais saudvel e com menores riscos sade de seus habitantes. E-

    laborar planos de desenvolvimento de forma participativa, como determina o Estatuto

    da Cidade pensar ferramentas transformadoras para se construir polticas pblicas

    de longa durao, com grande alcance social. Planejar preparar o futuro que se

    quer, na forma que se quer e no tempo necessrio.

    O Brasil conta hoje com um arcabouo legal, recentemente aprovado, que estabelece

    diretrizes para a gesto dos resduos slidos, por meio da Poltica Nacional de Res-

    duos Slidos (2010) e para a prestao dos servios pblicos de limpeza urbana e

    manejo de resduos slidos, por meio da Lei Federal de Saneamento Bsico (2007).

  • 13

    Tambm dispe, desde 2005, de lei que permite estabilizar as relaes de coopera-

    o federativa para a prestao desses servios, por meio da Lei de Consrcios P-

    blicos. E concluiu ainda recentemente seu Plano Nacional sobre Mudana do Clima,

    com algumas diretrizes e metas que envolvem os resduos slidos.

    de fundamental importncia que os agentes pblicos tomem conhecimento e se

    apropriem do contedo destas leis quando da elaborao do Plano de Gesto Inte-

    grada de Resduos Slidos PGIRS.

    1.1. A Lei Federal de Saneamento Bsico

    A Lei Federal de Saneamento Bsico aborda o conjunto de servios de abastecimen-

    to pblico de gua potvel; coleta, tratamento e disposio final adequada dos esgo-tos sanitrios; drenagem e manejo das guas pluviais urbanas, alm da limpeza urbana e o manejo dos resduos slidos.

    A limpeza urbana e o manejo de resduos slidos considerados na lei como servios

    pblicos so compostos pelas atividades de: coleta, transbordo e transporte dos res-

    duos; triagem para fins de reuso ou reciclagem; tratamento, incluindo compostagem,

    e disposio final dos resduos. Refere-se tambm ao lixo originrio da varrio, capi-

    na e poda de rvores em vias e logradouros pblicos e outros servios de limpeza

    pblica urbana, relacionados no art. 3o da Lei.

    A Lei 11.445/2007 institui como diretrizes para a prestao dos servios pblicos de

    limpeza urbana e manejo de resduos slidos: o planejamento, a regulao e fiscali-

    zao, a prestao de servios com regras, a exigncia de contratos precedidos de

    Lei Federal N 11.445, de 05/01/2007, que dispe sobre as Diretrizes Nacionais para o Saneamento Bsico considera:

    Art. 3o

    I - saneamento bsico: conjunto de servios, infra-estruturas e instalaes operacionais de:

    a) abastecimento de gua potvel: constitudo pelas atividades, infraestruturas e instalaes necessrias ao abastecimento pblico de gua potvel, desde a captao at as ligaes prediais e respectivos instrumentos de medio;

    b) esgotamento sanitrio: constitudo pelas ativida-des, infraestruturas e instalaes operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposio final adequados dos esgotos sanitrios, desde as liga-es prediais at o seu lanamento final no meio ambiente;

    c) limpeza urbana e manejo de resduos slidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalaes operacionais de coleta, transporte, transbordo, tra-tamento e destino final do lixo domstico e do lixo originrio da varrio e limpeza de logradouros e vias pblicas;

    d) drenagem e manejo das guas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalaes operacionais de drenagem urbana de guas pluvi-ais, de transporte, deteno ou reteno para o amortecimento de vazes de cheias, tratamento e disposio final das guas pluviais drenadas nas reas urbanas;

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    estudo de viabilidade tcnica e financeira, definio de regulamento por lei, definio

    de entidade de regulao, e controle social assegurado Inclui como princpios a uni-

    versalidade e integralidade na prestao dos servios, alm da interao com outras

    reas como recursos hdricos, sade, meio ambiente e desenvolvimento urbano.

    O desafio grande. A inexistncia de pessoal especializado e as debilidades na ca-

    pacidade de gesto existentes no pas, fazem com que poucos municpios contem

    com uma gesto adequada dos resduos slidos , que garanta a sustentabilidade dos

    servios e a racionalidade da aplicao dos recursos tcnicos, humanos e financei-

    ros. Em funo disso, buscando um salto na capacidade de gesto, a lei instituiu a

    prestao regionalizada dos servios de saneamento bsico, para possibilitar escala racional na gesto dos resduos slidos e equipes tcnicas permanentes e

    capacitadas.

    O Art. 11 da lei estabelece um conjunto de condies de validade dos contratos que

    tenham por objeto a prestao de servios pblicos de saneamento bsico quais se-

    jam: plano de saneamento bsico (so aceitos planos especficos por servio); estudo

    comprovando viabilidade tcnica e econmico-financeira da prestao universal e

    integral dos servios; normas de regulao e designao da entidade de regulao e

    de fiscalizao; realizao prvia de audincias e de consulta pblicas; mecanismos

    de controle social nas atividades de planejamento, regulao e fiscalizao e, as hi-

    pteses de interveno e de retomada dos servios.

    A Lei 11.445/2007 definiu ainda que a sustentabilidade econmico financeira dos ser-

    vios de limpeza urbana e manejo de resduos slidos urbanos seja assegurada,

    Os Planos de Saneamento Bsico abrangem, no mnimo: I. diagnstico da situao e seus impactos nas

    condies de vida, utilizando sistema de indica-dores sanitrios, epidemiolgicos, ambientais e socioeconmicos e apontando as causas das deficincias detectadas;

    II. construdos a partir da realidade local; III. objetivos e metas de curto, mdio e longo prazo

    para a universalizao, admitidas solues gra-duais e progressivas, observando a compatibili-dade com os demais planos setoriais;

    IV. programas, projetos e aes necessrias para atingir os objetivos e as metas, de modo compa-tvel com os respectivos planos plurianuais e com outros planos governamentais correlatos, identificando possveis fontes de financiamento;

    V. aes para emergncias e contingncias; VI. mecanismos e procedimentos para a avaliao

    sistemtica da eficincia e eficcia das aes programadas.

    Lei Federal N 11.445, de 05/01/2007, que dispe sobre as Diretrizes Nacionais para o Saneamento Bsico considera:

    Art. 14. A prestao regionalizada de servios p-blicos de saneamento bsico caracterizada por:

    I um nico prestador do servio para vrios Mu-nicpios, contguos ou no;

    II uniformidade de fiscalizao e regulao dos servios, inclusive de sua remunerao;

    III compatibilidade de planejamento.

  • 15

    sempre que possvel, mediante remunerao pela cobrana destes servios, por meio

    de taxas ou tarifas e outros preos pblicos, em conformidade com o regime de pres-

    tao do servio ou de suas atividades.

    importante registrar que essa lei incluiu uma alterao na Lei 8.666/1993, permitin-

    do a dispensa de licitao para a contratao e remunerao de associaes ou cooperativas de catadores de materiais reciclveis.

    Quanto elaborao dos planos, alm de facultar a elaborao de planos especficos

    por servio, a lei exige que sejam editados pelos prprios titulares, que sejam compa-

    tveis com os planos das bacias hidrogrficas, que sejam revistos ao menos a cada

    quatro anos, anteriormente ao Plano Plurianual, e, se envolverem a prestao regio-

    nalizada de servios, que os planos dos titulares que se associem sejam compatveis

    entre si.

    1.2. Poltica Nacional sobre Mudana do Clima

    A literatura tcnica relata que em alguns pases 20% da gerao antropognica de

    metano oriunda dos resduos humanos. O metano, que um gs ao menos 21 ve-

    zes mais impactante atmosfera que o gs carbnico, tambm significativamente

    gerado pelos resduos agrosilvopastoris, disciplinados pela Poltica Nacional de Res-

    duos Slidos. No processo de aterramento de resduos e rejeitos, a gerao de bio-

    gs (GEE, com grande presena de metano, entre outros gases) tipicamente se d

    em um perodo de 16 anos, podendo durar at 50 anos.

    Lei Federal N 8.666, de 21/061/1993, que institui normas para licitaes e contratos da Administra-o Pblica. Art. 24. dispensvel a licitao: ............................ XXVII - na contratao da coleta, processamento e

    comercializao de resduos slidos urbanos re-ciclveis ou reutilizveis, em reas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associa-es ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas fsicas de baixa renda reconhecidas pelo poder pblico como catadores de materiais reciclveis, com o uso de equipamentos compa-tveis com as normas tcnicas, ambientais e de sade pblica.

    Poltica Nacional sobre Mudana do Clima A lei no 12.187, de 29 de dezembro de 2009 insti-tui a poltica e define seus princpios, objetivos, diretrizes e instrumentos. Decreto n 7.390, de 9 de dezembro de 2010 regulamenta a Lei no 12.187, que institui a Poltica Nacional. Plano Nacional sobre Mudana do Clima Estabelece os programas e aes necessrios ao cumprimento da Poltica Nacional.

  • 16

    A Poltica Nacional sobre Mudana do Clima estabelece como um de seus objeti-vos a reduo das emisses de gases de efeito estufa (GEE) oriundas das atividades

    humanas, nas suas diferentes fontes, inclusive a referente aos resduos (Art. 4, II).

    Estabelece ainda, em seu Art. 11, que os princpios, objetivos, diretrizes e instrumen-

    tos das polticas pblicas e programas governamentais em geral, devero compatibili-

    zar-se com os princpios, objetivos, diretrizes e instrumentos da Poltica Nacional so-

    bre Mudana do Clima.

    Coerentemente, a Poltica Nacional de Resduos Slidos definiu entre os seus objeti-

    vos a adoo, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais (Art. 7, IV), e o incentivo ao desenvolvimento de

    sistemas de gesto ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos

    produtivos e ao reaproveitamento dos resduos slidos, inclusive a recuperao e o

    aproveitamento energtico (Art. 7, XIV).

    Os Planos de Gesto de Resduos Slidos devero incorporar a ateno a estas

    questes, analisando cuidadosamente os processos a serem adotados para minimi-

    zar os impactos ambientais quer do transporte de resduos em geral (reduzindo a e-

    misso de CO2 neste quesito), quer da destinao dos resduos com forte carga or-

    gnica, como so os resduos urbanos midos, e os agrosilvopastoris.

    Para minimizar os impactos no clima, que j so bastante detectveis, a Poltica Na-

    cional sobre Mudana do Clima estabeleceu, em seu Art. 12, o compromisso nacional

    voluntrio com aes de mitigao das emisses de gases de efeito estufa, para re-

    duzir entre 36,1% e 38,9% as emisses nacionais projetadas at o ano de 2020.

  • 17

    Este esforo ter que ser compartilhado com os Municpios e Estados.

    O Decreto 7.390/2010, que regulamenta a Poltica Nacional sobre Mudana do Clima,

    estabeleceu as aes a serem implementadas para o cumprimento do compromisso

    nacional voluntrio. Dentre estas aes est a de expanso da oferta de energia de

    fontes renovveis como a bioeletricidade. A bioeletricidade pode ser gerada com a

    recuperao e destruio do gs metano em instalaes adequadas, de forma a in-

    crementar-se a eficincia energtica. Outra ao prevista a ampliao do uso de

    tecnologias para tratamento de 4,4 milhes de m3 de dejetos de animais resduos

    pastoris que tm que ser tratados nos Planos de Gesto de Resduos Slidos.

    O biogs, produzido pela degradao destes e outros resduos slidos orgnicos, po-

    de ser convertido em uma forma de aproveitamento energtico como eletricidade,

    vapor, combustvel para caldeiras ou foges, combustvel veicular ou para abastecer

    gasodutos com gs de qualidade. Existem tecnologias em pequena e mdia escalas

    sendo aplicadas no pas, principalmente na regio sul. O aproveitamento energtico

    dos resduos slidos em grande escala, pela biodigesto que elimina o metano e gera

    composto orgnico, empregada de forma cada vez mais expressiva em pases com

    gesto ambiental avanada.

    O Plano Nacional sobre Mudanas do Clima definiu metas para a recuperao do

    metano em instalaes de tratamento de resduos urbanos e meta para ampliao da

    reciclagem de resduos slidos para 20% at o ano de 2015.

  • 18

    1.3. Lei Federal dos Consrcios Pblicos A Lei 11.107/2005, Lei Federal dos Consrcios Pblicos regulamenta o Art. 241 da

    Constituio Federal e estabelece as normas gerais de contratao de consrcios

    pblicos. Os consrcios pblicos do forma prestao regionalizada de servios

    pblicos instituda pela Lei Federal de Saneamento Bsico (Lei 11.445/2007) e que

    incentivada e priorizada pela Lei da Poltica Nacional de Resduos Slidos (Lei

    12.305/2010).

    O histrico negativo dos processos de gesto nas vrias regies brasileiras deixa cla-

    ro que a gesto dos resduos precisa ganhar escala e avanar para a gesto associ-

    ada entre vrios municpios, estabilizando a equipe gerencial que atenda a todos. Os

    municpios, mesmo os de menor porte, podem dividir o esforo para a construo da

    instituio que venha a assumir a gesto em uma escala mais adequada. A formao

    de Consrcios Pblicos est sendo incentivada pelo Governo Federal e por muitos

    dos Estados, para que acontea o necessrio salto de qualidade na gesto. Este o caminho que a Poltica Nacional de Resduos Slidos define como prioritrio nos

    investimentos federais, pois no ser possvel cumprir os seus objetivos gerindo os

    resduos da mesma forma que antes, cada municpio por si s. Isto j no deu certo.

    Os pequenos municpios, quando associados, de preferncia com os de maior porte,

    podem superar a fragilidade da gesto, racionalizar e ampliar a escala no tratamento

    dos resduos slidos e ter um rgo preparado tecnicamente para gerir os servios,

    Constituio Federal Emenda Constitucional n 19, de 1998 Art. 241. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios disciplinaro por meio de lei os con-srcios pblicos e os convnios de cooperao entre entes federados, autorizando a gesto as-sociada de servios pblicos, bem como a trans-ferncia total ou parcial de encargos, servios, pes-soal e bens essenciais continuidade dos servios transferidos.

  • 19

    podendo inclusive, operar unidades de processamento de resduos, garantindo sua

    sustentabilidade.

    Assim, consrcios que congreguem diversos municpios, com equipes tcnicas permanentes e capacitadas sero os gestores de um conjunto de instalaes tais como: pontos de entrega de resduos; instalaes de triagem; aterros; instalaes

    para processamento e outras. Desta forma, permitem o manejo diferenciado dos di-

    versos tipos de resduos gerados no espao urbano e o compartilhamento de diferen-

    tes instalaes e equipamentos, potencializando os investimentos para as coletas

    seletivas obrigatrias. O MMA incentiva a implantao deste modelo tecnolgico que

    prev a erradicao de lixes e bota foras e o gerenciamento baseado na ordem de

    prioridades definida na Poltica Nacional de Resduos Slidos: no gerao, reduo,

    reutilizao, reciclagem, tratamento e disposio final, preferencialmente em aterros

    regionais para obteno de melhor escala operacional.

    A Lei 11.107/2005 possibilita a constituio de Consrcio Pblico como rgo autr-

    quico integrante da administrao pblica de cada municpio associado, contratado

    entre os entes federados consorciados. A lei institui o Contrato de Consrcio cele-brado entre os entes consorciados que contem todas as regras da associao; o

    Contrato de Rateio para transferncia de recursos dos consorciados ao Consrcio, e o Contrato de Programa que regula a delegao da prestao de servios pblicos, de um ente da Federao para outro ou, entre entes e o Consrcio Pblico.

    O Contrato de Consrcio, que nasce como um Protocolo de Intenes entre entes

    federados, autoriza a gesto associada de servios pblicos, explicitando as compe-

  • 20

    tncias cujo exerccio ser transferido ao consrcio pblico. Explicita tambm quais

    sero os servios pblicos objeto da gesto associada, e o territrio em que sero

    prestados. Cede, ao mesmo tempo, autorizao para licitar ou outorgar concesso,

    permisso ou autorizao da prestao dos servios. Define as condies para o

    Contrato de Programa, e delimita os critrios tcnicos para clculo do valor das taxas,

    tarifas e de outros preos pblicos, bem como para seu reajuste ou reviso.

    Os Consrcios Pblicos recebem, no mbito da Poltica Nacional de Resduos Sli-

    dos, prioridade absoluta no acesso aos recursos da Unio ou por ela controlados.

    Esta prioridade tambm concedida aos Estados que institurem microrregies para

    a gesto e ao Distrito Federal e municpios que optem por solues consorciadas in-

    termunicipais para gesto associada.

    1.4. Poltica Nacional de Resduos Slidos

    A Lei 12.305/2010 institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos, que um marco

    regulatrio completo para o setor de resduos slidos. A Poltica Nacional de Res-

    duos Slidos harmoniza-se com diversas outras leis, compondo o arcabouo legal

    que influir na postura da totalidade dos agentes envolvidos no ciclo de vida dos ma-

    teriais presentes nas atividades econmicas. Est fortemente relacionada com a Lei

    Federal de Saneamento Bsico, com a Lei de Consrcios Pblicos e ainda com a Po-

    ltica Nacional de Meio Ambiente e de Educao Ambiental, entre outros documentos

    importantes.

  • 21

    2. A Lei e a Poltica Nacional de Resduos Slidos

    A Poltica Nacional de Resduos Slidos estabelece princpios, objetivos, instrumen-

    tos e diretrizes para a gesto e gerenciamento dos resduos slidos, as responsabili-

    dades dos geradores, do poder pblico, e dos consumidores, bem como os instru-

    mentos econmicos aplicveis. Ela consagra um longo processo de amadurecimento

    de conceitos: princpios como o da preveno e precauo, do poluidor-pagador, da

    ecoeficincia, da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, do

    reconhecimento do resduo como bem econmico e de valor social, do direito infor-

    mao e ao controle social, entre outros.

    A Lei estabelece uma diferenciao entre resduo e rejeito num claro estmulo ao reaproveitamento e reciclagem dos materiais, admitindo a disposio final apenas dos

    rejeitos. Inclui entre os instrumentos da Poltica as coletas seletivas, os sistemas de

    logstica reversa, e o incentivo criao e ao desenvolvimento de cooperativas e ou-

    tras formas de associao dos catadores de materiais reciclveis.

    A coleta seletiva dever ser implementada mediante a separao prvia dos res-duos slidos (nos locais onde so gerados), conforme sua constituio ou composi-

    o (midos, secos, industriais, da sade, da construo civil etc.). A implantao do

    O Decreto 7.404. de 23/12/2010, regulamenta a Lei n 12.305/2010, que institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos, cria o Comit Interministerial da Poltica Nacional e o Comit Orientador para implantao dos Sistemas de Logstica Reversa.

  • 22

    sistema de coleta seletiva instrumento essencial para se atingir a meta de disposi-

    o final ambientalmente adequada dos diversos tipos de rejeitos.

    A coleta seletiva deve ser entendida como um fator estratgico para a consolidao

    da Poltica Nacional de Resduos Slidos em todas as suas reas de implantao. No

    tocante ao servio pblico de limpeza urbana e manejo de resduos slidos dever se

    estabelecer, no mnimo, a separao de resduos secos e midos e, progressiva-mente, se estender separao dos resduos secos em suas parcelas especficas

    segundo as metas estabelecidas nos planos de gesto de resduos slidos.

    A responsabilidade compartilhada faz dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos servios pblicos de limpeza urbana e de

    manejo de resduos slidos responsveis pelo ciclo de vida dos produtos. A lei visa

    melhorar a gesto dos resduos slidos com base na diviso das responsabilidades

    entre a sociedade, o poder pblico e a iniciativa privada.

    Todos tm responsabilidades segundo a Poltica Nacional de Resduos Slidos: o poder pblico deve apresentar planos para o manejo correto dos materiais (com ado-

    o de processos participativos na sua elaborao e adoo de tecnologias apropria-

    das); s empresas compete o recolhimento dos produtos aps o uso e, sociedade

    cabe participar dos programas de coleta seletiva (acondicionando os resduos ade-

    quadamente e de forma diferenciada) e incorporar mudanas de hbitos para reduzir

    o consumo e a consequente gerao.

    Entre os aspectos relevantes da Poltica Nacional de Resduos Slidos, a logstica reversa o instrumento de desenvolvimento econmico e social caracterizado pelo

    Lei Federal N 12.305, de 02/08/2010, que institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos:

    Art. 33. So obrigados a estruturar e implementar sistemas de logstica reversa, mediante retorno dos produtos aps o uso pelo consumidor, de forma independente do servio pblico de limpeza urbana e de manejo dos resduos slidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: I - agrotxicos, seus resduos e embalagens, as-sim como outros produtos cuja embalagem, aps o uso, constitua resduo perigoso ................; II - pilhas e baterias; III - pneus; IV - leos lubrificantes, seus resduos e embala-gens; V - lmpadas fluorescentes, de vapor de sdio e mercrio e de luz mista; VI - produtos eletroeletrnicos e seus componen-tes. 1o Na forma do disposto em regulamento ou em acordos setoriais e termos de compromisso firma-dos entre o poder pblico e o setor empresarial, os sistemas previstos no caput sero estendidos a produtos comercializados em embalagens plsti-cas, metlicas ou de vidro, e aos demais produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau e a extenso do impacto sade pblica e ao meio ambiente dos resduos gerados.

  • 23

    conjunto de aes, procedimentos e meios para coletar e devolver os resduos sli-

    dos ao setor empresarial, para reaproveitamento em seu ciclo de vida ou em outros

    ciclos produtivos. Sua implementao ser realizada de forma prioritria para seis

    tipos de resduos, apresentados neste item.

    A Lei Federal 12.305, cria tambm uma hierarquia que deve ser observada para a gesto dos resduos: no gerao, reduo, reutilizao, reciclagem, tratamento dos

    resduos slidos e disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos, instituindo

    uma ordem de precedncia que deixa de ser voluntria e passa a ser obrigat-ria.

    A experincia recente de pases mais desenvolvidos tem demonstrado que o respeito

    a esta precedncia proporciona, para o conjunto dos agentes sociais e econmicos

    envolvidos, o melhor resultado em relao eficincia energtica exigida no novo

    marco legal brasileiro para o saneamento, gesto de resduos e combate s mudan-

    as climticas. A recuperao energtica, entendida como processo de tratamento que no atalha a ordem de prioridades, no inviabilizando o exerccio da responsabi-

    lidade compartilhada pelos agentes e nem o estabelecimento da necessria logstica

    reversa, ser disciplinada de forma especfica pelos Ministrios do Meio Ambiente, de

    Minas e Energia e das Cidades. Esta disciplina especfica no necessria para o

    aproveitamento energtico dos gases gerados em instalaes para a biodigesto e

    nos aterros sanitrios, tecnologias ambientalmente seguras e j bastante conhecidas.

    Um outro aspecto relevante na Lei 12.305/2010 o apoio central incluso produti-va dos catadores de materiais reutilizveis e reciclveis, priorizando a participa-

  • 24

    o de cooperativas ou de outras formas de associao de catadores de materiais

    reutilizveis e reciclveis constitudas por pessoas fsicas de baixa renda.

    A Poltica Nacional de Resduos Slidos definiu, por meio do Decreto 7404, que os

    sistemas de coleta seletiva e de logstica reversa, priorizaro a participao dos cata-

    dores de materiais reciclveis, da mesma forma que os planos municipais devero

    definir programas e aes para sua incluso nos processos. Dever ser observada a

    dispensa de licitao para a contratao de cooperativas ou associaes de catado-

    res; o estmulo ao fortalecimento institucional de cooperativas, bem como pesquisa

    voltada para sua integrao nas aes que envolvam a responsabilidade comparti-

    lhada pelo ciclo de vida dos produtos e a melhoria das suas condies de trabalho. A

    prioridade na participao dos catadores se reflete na priorizao de acesso a recur-

    sos federais para os municpios que implantem a coleta seletiva com a participao

    de cooperativas ou outras formas de organizao.

    prioridade de investimento federal definida na Lei e seu Decreto Regulamentador o

    realizado para os consrcios pblicos. A Poltica Nacional de Resduos Slidos in-centiva claramente a formao de associaes intermunicipais que permitam a esta-

    bilizao da gesto dos resduos, com os municpios compartilhando as tarefas de

    planejar, regular, fiscalizar e prestar servios de acordo com tecnologias adequadas

    sua realidade regional. A priorizao no acesso a recursos da Unio e aos incentivos

    ou financiamentos destinados a empreendimentos e servios relacionados gesto

    de resduos slidos ou limpeza urbana e manejo de resduos slidos ser dada:

  • 25

    aos Estados que institurem microrregies, para integrar a organizao, o plane-jamento e a execuo das aes a cargo de Municpios limtrofes na gesto dos

    resduos slidos;

    ao Distrito Federal e aos Municpios que optarem por solues consorciadas in-

    termunicipais para a gesto dos resduos slidos, ou que se inserirem de forma

    voluntria nos planos microrregionais de resduos slidos estaduais;

    e aos Consrcios Pblicos, constitudos na forma da Lei no 11.107, de 2005, para

    realizao de objetivos de interesse comum.

    Extremamente relevante na Poltica Nacional de Resduos Slidos o seu objetivo de

    que os servios pblicos de limpeza urbana e manejo de resduos tenham garantida a

    sua sustentabilidade operacional e financeira, com a adoo de mecanismos gerenci-

    ais e econmicos que assegurem a recuperao dos custos dos servios presta-dos.

    A recorrente discusso sobre a implantao ou no de mecanismos de cobrana nos

    municpios foi encerrada pela deciso do Congresso Nacional aprovando a Lei da

    Poltica Nacional de Resduos Slidos, que revigora neste aspecto, a diretriz da Lei

    Federal de Saneamento Bsico. Pela Lei 11.445/2007, no tm validade os contratos

    que no prevejam as condies de sustentabilidade e equilbrio econmico-financeiro

    da prestao de servios pblicos, incluindo o sistema de cobrana, a sistemtica de

    reajustes e revises, a poltica de subsdios entre outros itens. Harmonizada com este

    preceito, a Lei 12.305/2010 exige que os planos anunciem o sistema de clculo dos

    custos da prestao dos servios pblicos e a forma de cobrana dos usurios, e ve-

    Lei Federal N 12.305, de 02/08/2010, que institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos:

    No Art. 19 anuncia que os Planos Municipais ou Intermunicipais devero conter: ...................................

    XIII - sistema de clculo dos custos da prestao dos servios pblicos, bem como a forma de co-brana desses servios, observada a Lei no 11.445, de 2007;

    Lei Federal N 11.445, de 05/01/2007, que dispe sobre as Diretrizes Nacionais para o Saneamento Bsico:

    No Art. 29 anuncia que os servios pblicos de saneamento bsico tero a sustentabilidade eco-nmico-financeira assegurada, sempre que poss-vel, mediante remunerao pela cobrana dos ser-vios: ................................ II - de limpeza urbana e manejo de resduos slidos urbanos: taxas ou tarifas e outros preos pblicos, em conformidade com o regime de prestao do servio ou de suas atividades; No Art. 35 fixa que as taxas ou tarifas decorrentes da prestao de servio pblico de limpeza urbana e de manejo de resduos slidos urbanos devem levar em conta a adequada destinao dos res-duos coletados e podero considerar: I o nvel de renda da populao da rea atendida; II as caractersticas dos lotes urbanos e as reas

  • 26

    da ao poder pblico a realizao de qualquer das etapas de responsabilidade de ge-

    rador obrigado a implementar Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos.

    Os geradores ou operadores com resduos perigosos esto obrigados, pela fora da Lei, a comprovar capacidade tcnica e econmica para o exerccio da atividade, ins-

    crevendo-se no Cadastro Nacional de Operadores de Resduos Perigosos. Devero

    elaborar plano de gerenciamento de resduos perigosos, submetendo-o aos rgos

    competentes. O cadastro tcnico ao qual estaro vinculados parte integrante do

    Cadastro Tcnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de

    Recursos Ambientais.

    Estes mesmos cadastros tcnicos sero uma das fontes de informaes para o Sis-

    tema Nacional de Informaes sobre a Gesto dos Resduos Slidos. O SINIR ou-tro aspecto bastante importante na Lei 12.305/2010. Atuar sob a coordenao e arti-culao do Ministrio do Meio Ambiente e dever coletar e sistematizar dados relati-

    vos aos servios pblicos e privados de gesto e gerenciamento de resduos slidos,

    possibilitando: o monitoramento, a fiscalizao e a avaliao da eficincia da gesto e

    gerenciamento dos resduos slidos, inclusive dos sistemas de logstica reversa; a

    avaliao dos resultados, impactos e acompanhamento das metas definidas nos pla-

    nos, e a informao sociedade sobre as atividades da Poltica Nacional. O SINIR

    dever ser alimentado com informaes oriundas, sobretudo, dos Estados, do Distrito

    Federal e dos Municpios.

    tambm extremamente importante nesta Lei a nfase dada ao planejamento em

    todos os nveis, do nacional ao local, e ao planejamento do gerenciamento de deter-

  • 27

    minados resduos. exigida a formulao do Plano Nacional de Resduos Slidos,

    dos Planos Estaduais, dos Planos Municipais com as possibilidades de serem elabo-

    rados enquanto planos intermunicipais, microrregionais, de regies metropolitanas e

    aglomeraes urbanas, alm dos Planos de Gerenciamento de Resduos Slidos de

    alguns geradores especficos.

    3. O Plano Nacional de Resduos Slidos

    A aprovao da Lei n 12.305/10 que institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos

    (PNRS), aps vinte e um anos de discusses no Congresso marcou o incio de uma

    articulao envolvendo os trs entes federados, o setor produtivo e a sociedade civil

    na busca de solues para os resduos slidos; a Poltica Nacional estabelece princ-

    pios, objetivos, diretrizes, metas e aes, alm de instrumentos como o Plano Nacio-

    nal de Resduos Slidos, que aborda os diversos tipos de resduos gerados, alternati-

    vas de gesto e gerenciamento, e metas para diferentes cenrios com seus progra-

    mas, projetos e aes.

    A Poltica Nacional regulamentada pelo Decreto n 7.404, de 2010, alm de criar co-

    mo um dos seus principais instrumentos o Plano Nacional de Resduos Slidos, insti-

    tuiu o Comit Interministerial - CI, composto por doze ministrios e coordenado pelo do Meio Ambiente, com a responsabilidade de elaborar e implementar este Plano.

    O Plano mantm relao com os Planos Nacionais de Mudanas do Clima (PNMC),

    de Recursos Hdricos (PNRH), de Saneamento Bsico (Plansab) e de Produo e

  • 28

    Consumo Sustentvel (PPCS) e expem conceitos e propostas para diversos setores

    da economia compatibilizando crescimento econmico e preservao ambiental, com

    desenvolvimento sustentvel.

    A componente limpeza urbana e manejo de resduos slidos definida no Plano Nacio-

    nal de Saneamento Bsico Plansab, compreende as atividades, infraestruturas e

    instalaes operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e disposio

    final do lixo domstico e do lixo originrio da varrio e limpeza de logradouros e vias

    pblicas.

    Em harmonia com as definies do Plansab, o CI aprovou a utilizao dos mesmos cenrios de planejamento para o Plano Nacional de Resduos Slidos, considerando: (i) poltica macroeconmica, (ii) papel do Estado (Modelo de Desenvol-

    vimento)/Marco Regulatrio/Relao Interfederativa, (iii) Gesto, gerenciamento, es-

    tabilidade e continuidade de polticas pblicas/participao e controle social, (iv) ma-

    triz tecnolgica/disponibilidade de recursos hdricos.

    A Lei 12.305/2010 estabeleceu prazos para algumas aes tais como a eliminao de

    lixes e disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos at 2014. Nestes ca-

    sos no se trata de estabelecer plano de metas, mas sim do cumprimento de prazos

    legais. As demais aes em que a Lei no estabeleceu prazos mximos para seu

    cumprimento so objeto de planos de metas alternativos (Intermedirio e Desfavo-

    rvel), adequados para cada situao apresentada.

    A estrutura do Plano Nacional de Resduos Slidos constitui-se do Diagnstico da

    Situao dos Resduos Slidos no Brasil, captulo 1 elaborado pelo IPEA Instituto

    O Plano Nacional de Resduos Slidos se rela-ciona com os Planos Nacionais de Mudanas do Clima (PNMC), de Recursos Hdricos (PNRH), de Saneamento Bsico (Plansab) e de Produo e Consumo Sustentvel (PPCS).

  • 29

    de Pesquisa Econmica Aplicada. Em seguida o captulo 2 que trata da construo

    de cenrios. O captulo 3 apresenta as propostas de diretrizes e estratgias por tipo

    de resduo, para definio das metas. O documento finalizado com um descritivo

    geral dos Planos de Metas Favorvel, Intermedirio e Desfavorvel por tipo de res-

    duo (resduos slidos urbanos e catadores de materiais reutilizveis e reciclveis; re-

    sduos da construo civil; resduos industriais; resduos agrosilvopastoris; resduos

    de minerao; resduos de servios de sade; e resduos de servios de transportes).

    O captulo 1, o Diagnstico, descreve a situao da gesto dos Resduos Slidos Urbanos (RSU) no Brasil e as informaes foram estruturadas seguindo o ciclo dos

    resduos: gerao, coleta (tradicional e seletiva), tratamento e disposio final, e o

    fluxo de cada um dos materiais reciclveis; feita breve anlise dos aspectos eco-

    nmicos da gesto de RSU e, finalmente, apresentadas algumas concluses e reco-

    mendaes. O diagnstico de resduos slidos urbanos analisado sob trs univer-

    sos o primeiro considera o pas como unidade de anlise, no segundo trabalha-se

    com as cinco regies brasileiras e o ltimo considera o porte dos municpios, definido

    em funo da populao.

    A coleta regular dos resduos tem sido o principal foco da gesto de resduos slidos

    nos ltimos anos. A taxa de cobertura vem crescendo, j alcanando em 2009 quase

    90% do total de domiclios; nas reas urbanas a coleta supera o ndice de 98%; toda-

    via, em domiclios localizados em reas rurais, ainda no atinge 33%.

    Os indicadores econmicos obtidos a partir do SNIS Sistema Nacional de Informa-

    es em Saneamento para a amostra de municpios indica que as despesas com a

  • 30

    gesto dos RSU como um todo alcanam valores mdios pouco menores que R$

    70,00 por habitante. H um crescimento das despesas de acordo com o aumento do

    porte dos municpios. O Diagnstico toca numa questo que vem ganhando destaque

    na discusso dos RSU: diz respeito cobrana pelos servios associados sua ges-to. Em 2008, apenas 10,9% dos municpios brasileiros possuam algum tipo de co-

    brana pelo servio de gesto de RSU, sendo que 7,9% utilizavam a modalidade de

    tarifa.

    No quesito tratamento, apesar da massa de resduos slidos urbanos apresentar alto

    percentual de matria orgnica, as experincias de compostagem, no Brasil, so ain-

    da incipientes. O resduo orgnico, por no ser coletado separadamente, acaba sen-

    do encaminhado para disposio final, gerando despesas que poderiam ser evitadas

    caso a matria orgnica fosse separada na fonte e encaminhada para um tratamento

    especfico, por exemplo, via compostagem.

    O diagnstico do Plano Nacional abordou a situao dos catadores de materiais reci-

    clveis e sistematizou um conjunto de informaes importantes: a existncia entre

    400 e 600 mil catadores no pas, o conhecimento de 1.100 cooperativas em atuao

    envolvendo 10% da populao de catadores, a baixa eficincia destas organizaes e

    uma renda mdia inferior ao salrio mnimo oficial. Aponta ainda os avanos significa-

    tivos que aconteceram em perodo recente, quer pela constituio de um Comit In-

    terministerial para apoio aos catadores, quer por seus resultados, na forma do Pro-

    grama Pr-Catador, j institudo, ou definio da poltica de Pagamento por Servios

    Ambientais Urbanos.

  • 31

    Consta ainda da abordagem do diagnstico a situao dos outros resduos slidos

    comeando pelos da construo civil, que podem representar de 50 a 70 % da massa

    de resduos slidos urbanos; passando pelos resduos definidos como objeto obriga-

    trio da logstica reversa: (1) pilhas e baterias, (2) pneus, (3) lmpadas fluorescentes

    de vapor de sdio e mercrio e de luz mista, (4) produtos eletroeletrnicos, (5) leos

    lubrificantes, seus resduos e embalagens e (6) agrotxicos, seus resduos e embala-

    gens, que so abordados entre os resduos agrosilvopastoris.

    Continuando com o diagnstico da situao dos resduos, o Plano Nacional aborda o

    descumprimento da Resoluo CONAMA n 313/2002, referente aos Resduos Sli-

    dos Industriais; trata dos Resduos Slidos de Servios de Transporte definidos como

    originrios de portos, aeroportos, terminais alfandegrios, rodovirios e ferrovirios e

    passagens de fronteira; traa um panorama dos Resduos de Servios de Sade

    (RSS), a evoluo das leis e normas de apoio para o seu gerenciamento e a exign-

    cia do Plano de Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade PGRSS; aborda

    os Resduos de Minerao advindos de atividades que respondem por 4,2% do PIB e

    20% das exportaes brasileiras, e esto na base de vrias cadeias produtivas.

    O diagnstico do Plano faz a leitura dos Resduos Slidos Agrosilvopastoris e o le-

    vantamento de dados serviu como base para as estimativas de produo de energia

    pelo reaproveitamento da biomassa. O diagnstico abordou tambm os resduos sli-

    dos inorgnicos gerados no setor agrosilvopastoril, devendo ser enfatizado o fato de

    que o exerccio da logstica reversa com embalagens de agrotxicos faz com que

    95% delas retornem para uma destinao ambientalmente correta, iando o Brasil a

    referncia mundial neste quesito.

  • 32

    No tocante s aes de Educao Ambiental, o diagnstico observou que, apesar da

    legislao existente, no existe um consenso claro relacionado aos contedos, ins-

    trumentos e mtodos a serem aplicados, acentuando-se a situao quando a temti-

    ca das aes se refere aos resduos slidos. Verificou-se ainda desconhecimento e

    dificuldades de gestores, tcnicos e da prpria populao com o novo modelo de par-

    ticipao social a ser aplicado na temtica resduos slidos. O diagnstico aponta

    para uma concentrao das aes nos ambientes escolares, em detrimento de aes

    voltadas populao e aos agentes diretamente envolvidos com o manejo diferenci-

    ado dos resduos. Ressalta a importncia da integrao entre iniciativas sinrgicas

    com a PNRS, em especial o Plano de Produo e Consumo Sustentvel, a A3P, as

    aes de Educomunicao, entre outras polticas pblicas das diversas esferas de

    governo.

    O captulo 2 aborda os Cenrios Macroeconmicos e Institucionais, harmnicos com o Plansab, e descreve o Cenrio 1, adotado, que indica um futuro possvel e desej-

    vel, constituindo o ambiente para o planejamento e suas diretrizes, estratgias, me-

    tas, investimentos e procedimentos de carter poltico-institucional necessrios para

    alcanar o planejado. Os Cenrios 2 e 3 so descritos e mantidos como referncias

    para o planejamento, caso o monitoramento do cenrio indique significativos desvios

    do Cenrio 1 em direo aos cenrios alternativos, correes sejam implementadas

    nas premissas e proposies do Plano, incluindo metas e necessidades de investi-

    mentos.

    O Cenrio 1 projeta o Brasil em 2030 como um pas saudvel e sustentvel, com ele-

    vada taxa de crescimento econmico e dos investimentos do setor pblico e do setor

  • 33

    privado; com expressiva melhoria dos indicadores sociais; com reduo das desi-

    gualdades urbanas e regionais, e melhoria do meio ambiente.

    Nesse Cenrio, o Estado brasileiro qualifica-se em seu papel de provedor dos servi-

    os pblicos, assumindo crescentemente a prestao de servios, e de condutor das

    polticas pblicas essenciais, como o saneamento bsico, com garantia de direitos

    sociais e na varivel ambiental um modelo de desenvolvimento com consumo susten-

    tvel.

    O Captulo 3 apresenta as principais Diretrizes e Estratgias relacionadas aos res-duos slidos. As Diretrizes apresentadas neste captulo referem-se s linhas nortea-

    doras por grandes temas, enquanto que as Estratgias referem-se a forma ou os

    meios, pelos quais as respectivas aes sero implementadas. Portanto, as Diretrizes

    e suas respectivas Estratgias definiro as aes e os programas a serem delineados

    com vistas ao atingimento das Metas.

    As Diretrizes e Estratgias estabelecidas nesta Verso Preliminar relativas aos res-

    duos slidos urbanos buscaram: (i) o atendimento aos prazos legais, (ii) o fortaleci-

    mento de polticas pblicas conforme previsto na Lei 12.305/2010, tais como a im-

    plementao da coleta seletiva e logstica reversa, o incremento dos percentuais de

    destinao, tratamento dos resduos slidos e disposio final ambientalmente ade-

    quada dos rejeitos, a insero social dos catadores de materiais reutilizveis e reci-

    clveis, (iii) a melhoria da gesto e do gerenciamento dos resduos slidos como um

    todo, (iv) o fortalecimento do setor de resduos slidos per si e as interfaces com os

    demais setores da economia brasileira.

  • 34

    O Captulo 4 apresenta as Metas de curto, mdio e longo prazo para resduos sli-dos, que se espera alcanar no horizonte temporal do Plano Nacional de Resduos

    Slidos. A periodicidade das metas foram definidas de 4 em 4 anos, para coincidirem

    com os prazos do Plano PluriAnual (PPA) da Unio, quando esto previstas revises

    deste plano.

    As metas foram projetadas tendo como base os cenrios descritos no Captulo 2.

    Como a definio das metas no depende apenas dos cenrios econmicos, estando

    atrelada tambm ao envolvimento e atuao dos trs nveis de governo, da sociedade

    e da iniciativa privada, optou-se por apresentar trs Planos de Metas: Proposta 1,

    com vis favorvel, Proposta 2, com vis intermedirio e Proposta 3, com vis pessi-

    mista.

    O cumprimento do Plano de Metas Favorvel, apenas no que se refere aos Resduos

    Slidos Urbanos exige uma disponibilidade de recursos com aporte dos trs nveis de

    governo e da iniciativa privada. Entretanto, a disponibilidade dos recursos apenas

    um dos condicionantes para o alcance das metas, sendo necessrio o cumprimento

    de vrios outros requisitos como capacitao institucional, capacidade institucional e

    de endividamento.

    Uma etapa preliminar extremamente importante a realizao de estudos de regiona-

    lizao do territrio, fomentados pelo MMA desde 2007. Na proposta 1 das Metas

    imprescindvel que 100% das UFs concluam os estudos de regionalizao em 2012,

    de modo a viabilizar a implantao dos consrcios ou associaes de municpios at

    2013, considerando que a gesto associada dos servios de manejo dos resduos

  • 35

    Planos Municipais

    Planos IntermunicipaisPlanos Microrregionais

    e de Regies Metropolitanas

    PLANO NACIONAL DE RESDUOS SLIDOS

    Planos Estaduais de Resduos Slidos

    Planos de Gerenciamento de RS

    slidos urbanos um dos princpios fundamentais da Poltica Nacional de Resduos

    Slidos; para isto a Unio vem induzindo o consorciamento dos municpios, visando

    ganhos de escala e reduo de custos, o que permitir o alcance das metas propos-

    tas, em especial, s de encerramento de lixes e bota foras, implantao dos aterros

    sanitrios e outros, implementao da coleta seletiva para todos os tipos de resduos

    e impulso participao e incluso expressiva dos catadores de materiais reciclveis.

    3. O processo de planejamento

    Na nfase dada pela Lei 12.305 ao planejamento, em todos os nveis, o Plano Na-cional de Resduos Slidos assume importncia fundamental, por apontar, com su-as diretrizes, estratgias e metas, as aes que se faro necessrias para a imple-

    mentao dos objetivos nacionais, conformando os acordos setoriais, a logstica re-

    versa e as prioridades que tm que ser adotadas. Pode, com isso, exercer forte papel

    norteador do desenvolvimento dos outros planos de responsabilidade pblica, influ-

    enciando, inclusive os planos de gerenciamento de resduos slidos exigidos de al-

    guns dos geradores.

    Os Estados tero que elaborar seus Planos Estaduais de Resduos Slidos para terem acesso aos recursos da Unio ou por ela controlados, destinados a empreen-

    dimentos e servios relacionados gesto de resduos slidos. Sero priorizados, no

    acesso aos recursos, os Estados que institurem microrregies para integrar a organi-

    zao, o planejamento e a execuo de aes a cargo de Municpios limtrofes.

    Constituio Federal de 1988 O Art. 25 anuncia:. ......................... 3 - Os Estados podero, mediante lei complemen-tar, instituir regies metropolitanas, aglomeraes urbanas e microrregies, constitudas por agrupa-mentos de municpios limtrofes, para integrar a organizao, o planejamento e a execuo de fun-es pblicas de interesse comum.

  • 36

    As microrregies institudas devero desenvolver as atividades de coleta seletiva,

    recuperao e reciclagem, tratamento e destinao final dos resduos slidos urba-

    nos; a gesto de resduos de construo civil, de servios de transporte, de servios

    de sade, agrosilvopastoris ou outros resduos, de acordo com as peculiaridades mi-

    crorregionais. Conforme ressaltado no Decreto 7.404/2010 (Art. 49), os Estados deve-

    ro assegurar a participao de todos os Municpios que integram a respectiva mi-

    crorregio, regio metropolitana ou aglomerao urbana na elaborao e implemen-

    tao destes planos.

    O contedo mnimo do plano estadual tratado no Art. 17 da Lei 12.305 e os deta-lhes das abordagens necessrias esto apresentados e comentados em item posteri-

    or deste Guia.

    O claro incentivo viabilizao da gesto associada dos resduos slidos entre muni-

    cpios de uma mesma regio do Estado aponta para a soluo de conhecidos pro-

    blemas em diversos municpios vizinhos, contguos ou no, promovendo uma econo-

    mia de escala, j objetivada na Lei Federal de Saneamento Bsico (11.445/2007).

    Isto auxilia no planejamento conjunto das aes e a otimizao na utilizao dos re-

    cursos financeiros, alm de potencializar os meios para as solues dos problemas

    comuns com o compartilhamento dos recursos fsicos e gerenciais necessrios para

    faz-lo. As diretrizes para planejamento e gesto de resduos de regies metropolita-nas e aglomerados urbanos tambm tm carter estratgico nos planos estaduais e

    so alvo de diretrizes na Poltica Nacional de Resduos Slidos.

    REGIES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL (RDS) DA BAHIA

  • 37

    muito claro, no s na Poltica Nacional, mas no conjunto de leis que configuram o

    arcabouo legal atual para a gesto dos resduos, este incentivo agregao de mu-

    nicpios. Esta agregao condio essencial para que acontea o necessrio salto

    na gesto dos resduos e sejam viabilizados os avanos necessrios a todas as regi-

    es brasileiras.

    O Ministrio do Meio Ambiente vem firmando convnios com os estados para a elabo-

    rao dos Planos de Regionalizao, visando apoiar a definio de territrios para

    atuao de consrcios pblicos com a escala adequada para a gesto da limpeza

    urbana e do manejo de resduos slidos. Para estes territrios os Estados podero

    elaborar planos microrregionais de gesto, bem como para as regies metropolita-nas e aglomerados urbanos, obrigatoriamente com a participao dos Municpios en-

    volvidos.

    A regionalizao e consorciamentos intermunicipais consistem na identificao de

    arranjos territoriais entre municpios, com o objetivo de compartilhar servios ou ativi-

    dades de interesse comum, permitindo dessa forma, maximizar os recursos humanos,

    de infraestrutura e financeiros existentes em cada um deles, de modo a gerar econo-

    mia de escala.

    Quando comparada ao modelo atual, no qual os municpios manejam seus resduos

    slidos isoladamente, a gesto associada possibilita reduzir custos. O ganho de esca-

    la no manejo dos resduos, conjugado implantao da cobrana pela prestao dos

    servios (recuperao de custos), garante a sustentabilidade econmica dos consr-

    cios e a manuteno de pessoal especializado na gesto de resduos slidos.

  • 38

    Os resultados dos convnios dos Estados com o MMA so expressivos vrios deles

    j definiram o desenho de sua regionalizao: Alagoas, Bahia, Acre, Sergipe, Minas

    Gerais, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro, alm de outras unidades que esto

    encerrando este processo ou que definiram sua regionalizao por motivao prpria.

    O processo desenvolvido nos Estados permitir a acelerao dos resultados que se

    torna necessria: o Estado da Bahia poder auxiliar as solues de seus 417 munic-

    pios, com a concentrao dos esforos em 26 Regies de Desenvolvimento Susten-

    tvel; o Estado de Minas Gerais, o de maior nmero de municpios do pas, poder

    apoiar as 853 unidades, concentrando as aes em 51 reas denominadas mbitos

    Territoriais timos.

    Trata-se de induzir a formao de consrcios pblicos que congreguem diversos mu-

    nicpios, para planejar, regular, fiscalizar e prestar servios de acordo com tecnologi-

    as adequadas a cada realidade, com um quadro permanente de tcnicos capacita-

    dos, potencializando os investimentos realizados e profissionalizando a gesto.

    A elaborao dos Planos Municipais de Gesto Integrada de Resduos Slidos condio necessria para o Distrito Federal e os Municpios terem acesso aos recur-

    sos da Unio destinados limpeza urbana e ao manejo de resduos slidos.

    Coerentemente com as diretrizes da legislao, com o incentivo aos Estados para

    que promovam sua regionalizao e aos Municpios para que se associem, tero pri-oridade no acesso aos recursos da Unio:

    os Municpios que optarem por solues consorciadas intermunicipais para a ges-

    to dos resduos slidos;

  • 39

    os Municpios que se inserirem de forma voluntria nos planos microrregionais

    estaduais;

    os Municpios que implantarem a coleta seletiva com a participao de cooperati-

    vas ou associaes de catadores formadas por pessoas fsicas de baixa renda;

    e os Consrcios Pblicos, constitudos na forma da Lei no 11.107/2005 para reali-

    zao de objetivos de interesse comum.

    O contedo mnimo do plano municipal tratado no Art. 19 da Lei 12.305 e o Decre-to 7.404, que a regulamenta, apresenta, no Art. 51, o contedo mnimo, simplificado

    em 16 itens, a ser adotado nos planos municipais de municpios com populao at

    20 mil habitantes anunciada no Censo 2010 coordenado pelo IBGE. A abordagem

    em detalhe dos contedos necessrios est apresentada e comentada em itens pos-

    teriores deste Guia.

    O Plano Municipal de Gesto Integrada de Resduos Slidos pode estar inserido no

    Plano de Saneamento Bsico integrando-se com os planos de gua, esgoto, drena-

    gem urbana e resduos slidos, previstos na Lei n 11.445, de 2007, respeitado o con-

    tedo mnimo definido em ambos os documentos legais (um nico plano atendendo as Leis 11.445/2007 e 12.305/2010).

    Os Municpios que optarem por solues consorciadas intermunicipais para gesto

    dos resduos slidos estaro dispensados da elaborao do Plano Municipal de Ges-

    to Integrada de Resduos Slidos, desde que o plano intermunicipal atenda ao con-

    tedo mnimo previsto no Art. 19 da Lei n 12.305 (um nico plano atendendo a v-rios municpios associados).

  • 40

    As peculiaridades de cada localidade devero definir o formato do plano regional ou

    municipal, tendo como referncia o contedo mnimo estipulado. As vocaes eco-

    nmicas, o perfil socioambiental do municpio e da regio, ajudam a compreender os

    tipos de resduos slidos gerados, como so tratados e a maneira de dar destino a-

    dequado a eles.

  • 41

    PARTE 2 ORIENTAES PARA ELABORAO DOS PLANOS

  • 42

    1. Metodologia para elaborao dos planos

    1.1. Processo participativo

    O processo de construo dos Planos de Gesto de Resduos Slidos dever levar a

    mudanas de hbitos e de comportamento da sociedade como um todo. Nesse senti-

    do, o dilogo ter papel estratgico, e ser mais eficiente se acontecer com grupos

    organizados e entidades representativas dos setores econmicos e sociais do Estado

    e de cada comunidade.

    Com a responsabilidade compartilhada, diretriz fundamental da Poltica Nacional de

    Resduos Slidos, todos os cidados e cidads, assim como as indstrias, o comr-

    cio, o setor de servios e ainda as instncias do poder pblico tero cada qual uma

    parte da responsabilidade pelos resduos slidos gerados.

    Para que os resultados na tarefa coletiva sejam positivos, e a responsabilidades seja

    realmente compartilhada por todos, o dilogo permanente entre os vrios segmentos

    sociais ser muito importante.

    A participao social representa grande desafio para a construo de sociedades democrticas. No Brasil a participao dos movimentos sociais tem desempenhado

    papel importante para esse processo, e para a elaborao de polticas pblicas com

    os vrios setores formadores da sociedade brasileira.

    O poder pblico dever assumir papel orientador e provocador desse dilogo com a sociedade, por intermdio de reunies e conferncias pblicas que devero ser

    preparadas, organizadas e convocadas pelos agentes pblicos com a ajuda e partici-

    A divulgao dos dados sobre os resduos tambm fator de mobilizao e controle da socie-

    dade sobre os servios pblicos; quando todos

    tm acesso s informaes sobre o assunto, ga-

    nham incentivo para participar, ter opinio e, as-

    sim, ser decisivo para implantao das polticas

    pblicas.

    Incentivar a criao de Conselhos Municipais e fortalecer os existentes ajudar a pautar a

    questo dos Resduos Slidos e a Poltica Nacio-

    nal, assim como a discusso do Plano de Sane-

    amento Bsico nos Conselhos Municipais de

    Meio Ambiente e da Sade, por exemplo, ajudam

    a democratizar as informaes de maneira quali-

    ficada.

  • 43

    pao dos representantes da comunidade. Tanto para o desenvolvimento dos planos

    estaduais, como dos planos municipais e intermunicipais, o poder pblico respon-

    svel por manter vivo o interesse dos participantes e por garantir a estrutura fsica e

    equipe necessrias para bem atender s necessidades de todo o processo de mobili-

    zao e participao social.

    Criar estmulo participao da sociedade para discutir as polticas pblicas fator

    importante para o fortalecimento ou a construo de organismos de representao

    visando o controle social como, por exemplo, os conselhos municipais. Este um dos eixos prioritrios da Poltica Nacional de Resduos Slidos, com utilizao de me-

    todologia de discusso pblica e conferncias que buscam valorizar o papel da soci-

    edade organizada e dos conselhos estaduais e municipais, e fortalecer os espaos de

    participao social.

    A divulgao de informaes sobre o que ser discutido nas reunies um procedi-mento bsico para que a mobilizao seja eficiente. Produzir um documento guia e promover a sua ampla divulgao (uma edio especial do jornal local ou do dirio

    oficial, uso intenso da internet etc.), far com que um maior nmero de interessados

    tenha acesso ao seu contedo. importante garantir que todos os participantes dos

    Seminrios e Conferncias tenham o mesmo nvel de informao, de modo a incenti-

    var o debate.

    Dentre os processos democrticos de participao, a metodologia de conferncias a mais utilizada para discusses em torno de polticas pblicas para diversos temas.

    A conferncia valoriza a discusso da pauta e a contribuio das representaes e

    Conferncias Territoriais - podem ser organizadas do ponto de vista de uma determinada rea ou territ-rio da cidade bairros com o mesmo perfil de ocupa-o e seus problemas especficos como densidade populacional, perfil social e econmico, rea comerci-al, se est no permetro urbano ou rea rural etc.

    Conferncias Setoriais - devero focar os diversos setores produtivos da economia local como o comr-cio e sua entidade representativa; indstrias; profis-sionais liberais CREA, CRA, IAB, OAB, CRM, sindi-catos, associaes; empresas de servios; universi-dades; servios de sade pblicos e privados etc.

    Conferncias Temticas - podero ser dedicadas a discutir assuntos especficos abordados por sua im-portncia em termos de gerao ou impacto na co-munidade como por exemplo, cargas perigosas; res-duos de construo e demolio depositados irregu-larmente; escria de algum tipo de atividade industrial etc.

    Conferncias Municipais e Regionais uma vez realizadas as conferncias preparatrias territoriais, setoriais ou temticas e sistematizadas as contribu-ies e propostas , para cada item do Documento Guia, nova publicao deve ser produzida, com am-pla distribuio, feita com antecedncia ao evento final A Conferncia Municipal ou Regional de Res-duos Slidos (Conferncia Municipal / Regional de Saneamento Bsico).

  • 44

    dos demais participantes das comunidades. Alm disso, permite a utilizao de di-

    nmicas para o debate e cria oportunidades para solues e construo de pactos

    como resultado da somatria de interesses e necessidades de todos os participantes.

    As conferncias preparatrias devero eleger os conferencistas que iro representar

    seu segmento quando do debate no evento final.

    Os momentos para que esses eventos ocorram, devem coincidir com os instantes de

    apresentao de resultados do trabalho de construo do Plano de Gesto, com a

    finalidade de se debater, incorporar contribuies e validar os momentos chave em

    que se encontre o processo, quer na escala estadual, quer na escala local.

    A fase final de construo do Plano exige que se estruture uma agenda de continui-dade. o momento ps-conferncia. Um novo incio, um novo processo ser defla-grado. o momento da implementao das diretrizes formuladas, debatidas e apro-

    vadas no processo participativo de elaborao do Plano de Gesto de Resduos Sli-

    dos.

    Os meios para controle e fiscalizao que devero estar propostos nos planos, deve-

    ro assegurar o controle social de sua implementao e operacionalizao; a Lei Na-

    cional de Saneamento Bsico estipula como um dos mecanismos de controle a pos-

    sibilidade de atuao de rgo colegiados de carter consultivo, tais como Conselhos

    de Meio Ambiente, de Sade e outros.

    Nos municpios, nas regies em consorciamento ou em consrcio pblico j constitu-

    do o processo de elaborao do Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos

    PGIRS, pode seguir uma metodologia passo a passo, tal como indicada a seguir,

  • 45

    avanando gradativamente dos primeiros esforos de estruturao das instncias de

    elaborao, para a fase de diagnstico participativo, para o planejamento coletivo das

    aes e, por final, para a etapa de implementao sob o regime de responsabilidade

    compartilhada.

    1. reunio dos agentes pblicos envolvidos e definio do Comit Diretor para o processo

    2. identificao das possibilidades e alternativas para o avano em articulao regi-onal com outros municpios

    3. estruturao da agenda para a elaborao do PGIRS 4. identificao dos agentes sociais, econmicos e polticos a serem envolvidos (r-

    gos dos executivos, legislativos, ministrio pblico, entidades setoriais e profis-

    sionais, ONGS e associaes etc.) e constituio do Grupo de Sustentao para

    o processo

    5. estabelecimento das estratgias de mobilizao dos agentes, inclusive para o envolvimento dos meios de comunicao (jornais, rdios e outros)

    6. elaborao do diagnstico expedito (com apoio nos documentos federais elabo-rados pelo IBGE, IPEA, SNIS) e identificao das peculiaridades locais

    7. apresentao pblica dos resultados e validao do diagnstico com os rgos pblicos dos municpios e com o conjunto dos agentes envolvidos no Grupo de

    Sustentao (pode ser interessante organizar apresentaes por grupos de res-

    duos)

    8. envolvimento dos Conselhos Municipais de Sade, Meio Ambiente e outros na validao do diagnstico

  • 46

    9. incorporao das contribuies e preparo de diagnstico consolidado 10. definio das perspectivas iniciais do PGIRS, inclusive quanto gesto associada

    com municpios vizinhos

    11. identificao das aes necessrias para a superao de cada um dos problemas 12. definio de programas prioritrios para as questes e resduos mais relevantes

    na peculiaridade local e regional em conjunto com o Grupo de Sustentao

    13. elencamento dos agentes pblicos e privados responsveis por cada ao a ser definida no PGIRS

    14. definio das metas a serem perseguidas em um cenrio de 20 anos (resultados necessrios e possveis, iniciativas e instalaes a serem implementadas e ou-

    tras)

    15. elaborao da primeira verso do PGIRS (com apoio em manuais produzidos pe-lo Governo Federal e outras instituies) identificando as possibilidades de com-

    partilhar aes, instalaes e custos por meio de consrcio regional

    16. estabelecer um plano de divulgao da primeira verso junto aos meios de co-municao (jornais, rdios e outros)

    17. apresentao pblica dos resultados e validao do plano com os rgos pbli-cos dos municpios e com o conjunto dos agentes envolvidos no Grupo de Sus-

    tentao (ser importante organizar apresentaes em cada municpio envolvido,

    inclusive nos seus Conselhos de Sade, Meio Ambiente e outros)

    18. incorporao das contribuies e preparo do PGIRS consolidado

  • 47

    19. decidir sobre a converso ou no do PGIRS em lei municipal, respeitada a har-monia necessria entre leis de diversos municpios, no caso de constituio de

    consrcio pblico para compartilhamento de aes e instalaes

    20. divulgao ampla do PGIRS consolidado 21. definio da agenda de continuidade do processo, de cada iniciativa e programa,

    contemplando inclusive a organizao de consrcio regional e a reviso obrigat-

    ria do PGIRS a cada 4 anos

    22. monitoramento do PGIRS e avaliao de resultados

    1.2. Organizao institucional do processo participativo

    A garantia de um processo de formulao ordenado e eficiente depende da adequada

    estruturao de instncias de coordenao e representao, para conduo coletiva

    e consistente do processo.

    Um Comit Diretor dever ser formado por representantes dos principais rgos en-volvidos no tema; rgos municipais no caso dos planos locais; rgos municipais e

    estaduais no caso dos planos regionais; rgos estaduais e regionais, como os Comi-

    ts de Bacia Hidrogrficas, por exemplo, no caso dos planos estaduais. Tem carter

    tcnico e a atribuio de formular os temas para debate. Exerce tambm papel exe-

    cutivo nas tarefas de organizao e viabilizao da infraestrutura (convocatria de

    reunies, locais apropriados, cpias de documentos etc.), com a responsabilidade de

    garantir, inclusive com recursos, o bom andamento do processo.

  • 48

    Alm desta instncia coordenadora necessria a estruturao de um Grupo de Sustentao, organismo poltico de participao social que dever ser formado por representantes do setor pblico e da sociedade organizada; instituies de mbito

    estadual ou regional no caso dos processos estaduais e instituies locais nos de-

    mais casos, buscando abarcar toda a gama de agentes envolvidos no tema. O Grupo

    de Sustentao ser responsvel por garantir o debate e o engajamento de todos os

    segmentos ao longo do processo participativo.

    A partir de pauta bsica decidida em reunio conjunta do Comit Diretor e do Grupo

    de Sustentao, devero ser elaborados documentos guia para orientao da dis-cusso. Estes documentos devero conter os principais temas regionais e locais, as

    diretrizes da Poltica Nacional e as contribuies feitas pelos representantes dos r-

    gos pblicos e dos diversos setores da comunidade. Devero subsidiar a fase do

    diagnstico, do planejamento das aes e de sua implementao.

    O Comit Diretor e o Grupo de Sustentao, juntos, devero oferecer uma agenda de

    todo o processo de construo dos Planos de Gesto, a ser pactuada com toda co-

    munidade local, ou estadual, por meio de suas representaes, contendo:

    a frequncia de reunies ordinrias, com suas datas, horrios, locais e divulgao

    da pauta de discusso, com a antecedncia necessria, para que todos possam

    preparar-se para os eventos;

    o anncio dos debates pblicos seminrios e conferncias previstos para

    momentos chave do processo, e que visam apresentar o contedo do Plano para

    Representaes

    Associaes comunitrias e de bairros; asso-ciao comercial; sindicatos empresariais e de trabalhadores urbanos e rurais; associa-o de industriais; associaes de produtores agrcolas; cooperativas; empresas de cons-truo civil; empresas estaduais de sanea-mento; empresas prestadoras de servios pblicos em geral; associaes profissionais, servidores pblicos municipais, estaduais e federais; entidades religiosas; clubes de ser-vio; poderes executivo, legislativo e judici-rio; organizaes no governamentais etc.

  • 49

    se tirar da o compromisso coletivo da construo da poltica; so momentos de

    validao dos documentos;

    Os eventos devero ser divulgados com a antecedncia necessria, para que todos

    os setores sociais e econmicos envolvidos tenham tempo para o debate entre seus

    pares e a construo de posies em relao s temticas em discusso.

    1.3. Dos prazos, do horizonte temporal e das revises

    O Plano Estadual de Resduos Slidos, tal como o Plano Nacional, ter vigncia por prazo indeterminado e apontar para um horizonte de atuao de vinte anos, pre-

    vendo-se sua reviso a cada quatro anos. Sero estes os momentos de apurao das

    anlises, ajustes das metas, inclusive quanto regionalizao do territrio estadual, e

    redefinio de programas e aes.

    O Decreto 7.404/2010 regulamentou o prazo de dois anos (at agosto de 2012) para

    a sua elaborao, como condio para o acesso dos Estados aos recursos da Unio,

    ou por ela controlados.

    Este mesmo prazo de elaborao est definido para os municpios, isolados ou asso-

    ciados, limitando tambm o seu acesso aos recursos da Unio. Surge novamente a

    vantagem do avano dos municpios como consrcio pblico, na medida em que um

    nico plano intermunicipal, respeitados os ditames da lei, poder realizar esta obriga-

    o, de forma rpida, pelo conjunto dos municpios.

    A Poltica Nacional de Resduos Slidos no estabelece um horizonte de atuao pa-

    ra os Planos de Gesto Integrada, municipais ou intermunicipais; por um critrio de

  • 50

    uniformidade com os planos das outras instncias de governo, estadual e federal,

    considera-se que o mesmo horizonte temporal de vinte anos possa ser adotado. Da

    mesma forma, a Lei 12.305 no estabelece um prazo de vigncia para estes planos,

    mas define a obrigatoriedade de sua reviso em prazo mximo de quatro anos, vincu-

    lando-a elaborao dos planos plurianuais. Esta exigncia, para o mbito local, faz

    do Plano de Gesto Integrada uma pea viva, que se reinventa a cada nova discus-

    so pblica, renovando o repertrio de conhecimento sobre o assunto por parte da

    comunidade; incorporando novas tecnologias nos processos de gesto, manejo, pro-

    cessamento e destinao final; incorporando novos procedimentos e descartando os

    que j no mais se mostrem eficientes ou viveis.

    1.4. Contedo mnimo dos planos

    O Plano Estadual de Resduos Slidos dever contemplar, em seu contedo mni-mo, um diagnstico com identificao dos principais fluxos de resduos no Estado e

    seus impactos socioeconmicos e ambientais; a proposio de cenrios futuros de

    gerao de resduos; metas de reduo, reutilizao, reciclagem, visando a reduo

    da quantidade de rejeitos encaminhados para disposio final em aterro, entre outros

    aspectos importantes.

    As metas para o aproveitamento energtico dos gases gerados na disposio final dos resduos slidos sero valorizadas, considerando-se que a frao orgnica

    dos resduos altamente geradora de metano, gs causador de efeito estufa (GEE).

    Tambm ser necessrio o traado de metas para a eliminao e recuperao de

    O Art. 17 da Lei n 12.305 apresenta o contedo mnimo do Plano Estadual, do qual podem ser res-saltados os seguintes pontos: I - diagnstico, includa a identificao dos princi-pais fluxos de resduos no Estado; II - proposio de cenrios; III - metas de reduo, reutilizao, reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir a quantidade de resduos e rejeitos ........; IV - metas para o aproveitamento energtico dos gases gerados nas unidades de disposio fina ; V - metas para a eliminao e recuperao de li-xes, associadas incluso social e emancipao econmica de catadores .........; VI - programas, projetos e aes para o atendimen-to das metas previstas; VII - normas e condicionantes tcnicas para o a-cesso a recursos do Estado, para a obteno de seu aval ..........; VIII - medidas para incentivar e viabilizar a gesto consorciada ou compartilhada dos resduos slidos; IX - diretrizes para o planejamento e demais ativi-dades de gesto de resduos slidos de regies metropolitanas, aglomeraes urbanas e microrre-gies; X - normas e diretrizes para a disposio final de rejeitos e, quando couber, de resduos .........; XI previso de zonas favorveis para a localiza-o de unidades de tratamento ou de disposio final e de reas degradadas a recuperar; XII - meios a serem utilizados para o controle e a fiscalizao, assegurado o controle social.

  • 51

    lixes de todo o territrio em planejamento, atendendo a uma prioridade da Poltica Nacional de Resduos Slidos.

    O documento dever focar tambm a incluso social e emancipao econmica de catadores de materiais reutilizveis e reciclveis que so diretrizes da Poltica Nacional de Resduos Slidos e vem reforar o empenho do Governo Federal no sen-

    tido de erradicar a pobreza extrema no Pas.

    A prioridade dada na aplicao dos recursos da Unio aos Estados que, mediante

    estudos de regionalizao de seu territrio, instituam microrregies, demonstram o papel fundamental que esta questo tem no Plano Estadual. Reflete a compreenso

    de que o cumprimento dos objetivos das leis de gesto de resduos, de saneamento e

    mudanas climticas, s ser possvel com um salto na qualidade da gesto, de for-

    ma que os avanos se deem por regies de gesto e no municpio a municpio.

    Coerentemente, a Lei 12.305, ao anunciar o contedo mnimo dos Planos Munici-pais de Gesto Integrada de Resduos Slidos, antecede-o do anncio da priori-dade que ser dada aos municpios que optem por solues consorciadas ou se insi-

    ram de forma voluntria nos planos microrregionais de resduos desenvolvidos a par-

    tir do Plano Estadual.

    Os aspectos principais a serem abordados no Plano Municipal ou Intermunicipal de

    Gesto Integrada de Resduos Slidos incluem o diagnstico da situao dos res-duos slidos gerados no respectivo territrio, com sua caracterizao e dos agentes

    envolvidos, desenvolvido em um processo participativo. A identificao de reas fa-vorveis para disposio final ambientalmente adequada de rejeitos deve ser reali-

    O Art. 19 da Lei n 12.305 apresenta o contedo mni-mo do Plano Municipal de Gesto Integrada de Res-duos Slidos: I - diagnstico da situao dos resduos slidos; II - identificao de reas favorveis para disposio final ambientalmente adequada de rejeitos; III - identificao das possibilidades de implantao de solues consorciadas com outros Municpios; IV - identificao dos resduos slidos e dos geradores sujeitos a plano de gerenciamento especfico ou a sis-tema de logstica reversa; V - procedimentos operacionais e especificaes mni-mas para os servios pblicos de limpeza urbana e de manejo de resduos slidos; VI - indicadores de desempenho operacional e ambien-tal dos servios pblicos; VII - regras para o transporte e outras etapas do geren-ciamento de resduos slidos; VIII - definio das responsabilidades quanto sua implementao e operacionalizao; IX - programas e aes de capacitao tcnica; X - programas e aes de educao ambiental; XI - programas e aes para a participao dos grupos interessados, em especial das cooperativas ou outras formas de associao de catadores; XII - mecanismos para a criao de fontes de negcios, emprego e renda; XIII - sistema de clculo dos custos da prestao dos servios pblicos, bem como sua forma de cobrana; XIV - metas de reduo, reutilizao, coleta seletiva e reciclagem; XV - formas e limites da participao do poder pblico local na coleta seletiva e na logstica reversa; XVI - meios para o controle e a fiscalizao, no mbito local, dos planos de gerenciamento de resduos e dos sistemas de logstica reversa; XVII - aes preventivas e corretivas; XVIII - identificao dos passivos ambientais e respecti-vas medidas saneadoras; XIX - periodicidade de sua reviso.

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    zada considerando as possibilidades de implantao de solues consorciadas com outros Municpios da mesma regio, visando a prestao regionalizada dos ser-

    vios pblicos. Nesta abordagem ser importante a considerao das estratgias pa-

    ra reduo de rejeitos, sobretudo com o aproveitamento energtico dos gases ori-undos da frao orgnica, e a consequente reduo das emisses prejudiciais ao

    ambiente.

    O plano dever promover a definio das responsabilidades, entre as quais as dos

    geradores sujeitos a planos de gerenciamento especfico e a dos responsveis pela logstica reversa. Os procedimentos operacionais nos servios pblicos devero ser abordados, bem como definidos os seus indicadores de desempenho operacional e

    ambiental. Tambm devero estar abordadas as aes e programas de capacitao tcnica e de educao ambiental, com a priorizao das aes voltadas incluso produtiva dos catadores de materiais reciclveis e suas organizaes.

    Os planos municipais ou intermunicipais de gesto integrada de resduos slidos fa-

    ro a definio de metas de reduo, reutilizao, coleta seletiva e reciclagem, e dos seus mecanismos de fiscalizao e controle. Um aspecto central, a ser inserido tanto por exigncia da Lei 12.305, como por exigncia da Lei de Saneamento Bsico, a

    soluo para recuperao dos custos da prestao dos servios pblicos de limpe-za urbana e de manejo de resduos slidos e a sua forma de cobrana.

    Poltica Nacional de Educao Ambiental A lei no 9.795, de 27 de abril de 1999 institui a poltica e define por educao ambiental os pro-cessos pelos quais o indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habili-dades, atitudes e competncias voltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso co-mum do povo, essencial sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade; um componente essencial e permanente da educao nacional e deve articu-lar-se em todos os nveis do processo educativo e determina que todos tm direito educao ambi-ental. Decreto n 4.281, de 25 de junho de 2002 regu-lamenta a Lei no 9.795, que institui a Poltica Na-cional e cria o rgo Gestor responsvel pela co-ordenao da Poltica Nacional de Educao Am-biental, que dirigido pelos Ministrios do Meio Ambiente e da Educao. Programa Nacional de Educao Ambiental ProNEA O documento nasce sintonizado com o Tratado de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis e Responsabilidade Global, apresenta as diretrizes, os princpios e a misso que orientam as aes do Programa Nacional de Educao Ambiental Pro-NEA, seus objetivos, suas linhas de ao e sua estrutura organizacional. um programa de mbito nacional, o que no significa que sua implementao seja competncia exclusiva do poder pblico federal, ao contrrio, todos os segmentos sociais e esferas de governo so corresponsveis pela sua aplicao, execuo, monitoramento e avaliao.

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