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  • As demais bebidas de sucos apresentam, prin-cipalmente, diluio em

    gua ou leite de soja.

    oUTRAS BEBIDAS

    Principais bebidas de frutas

    O mercado de bebidas base de frutas uma realida-de no Brasil. Muitas redes de supermercados j apresentam corredores inteiros destinados a esses produtos e consumido-res, de modo geral, tendem a chamar de suco de fruta todas aquelas ofertas. Apesar disso, suco de fruta, propriamente, apenas aquele que apresenta 100% de suco de fruta em sua composio, excetuando-se as frutas que requerem a dilui-o de sua polpa. Os demais so bebidas base de frutas.

    Essa definio vem do Decreto 6.871 de 6 de junho de 2009, que regulamenta a lei n 8.918, de 14 de julho de 1994. O Decreto prev que bebidas de frutas s podem ser rotuladas como sucos caso a embalagem contenha 100% de sucos de frutas, salvo as excees de frutas muito visco-sas que necessitam de alguma diluio, como a manga e a goiaba.

    Levando em conta esta regulamentao, as categorias mais comuns hoje no mercado so os nctares e as bebidas base de soja. Nenhuma delas, pela legislao, pode ser deno-minada suco de frutas, sendo que o rtulo deve informar ao consumidor o exato tipo de bebida que est sendo ofertado. Ainda so poucos os consumidores que tm conscincia so-bre a diferena entre suco e as demais bebidas de frutas, mas possvel que o esclarecimento sobre os principais grupos de bebidas de frutas disponveis no mercado sucos, nc-tares, refrescos e refrigerantes venham a agregar valor aos sucos integrais e reconstitudos, principalmente quanto ao

    aspecto nutricional. O mercado de sucos integrais e reconstitudos ainda muito pequeno quando comparado ao de nctares e bebidas de soja.

    Para a fruticultura, independente do tipo de bebida de fruta, o crescimento desse merca-do pode ser uma alternativa para manter ou am-pliar a rentabilidade e a sustentabilidade econmica do setor. Este segmento pode tambm ser uma opo para algumas hortalias, como o tomate, que tambm pode ser comercializado em suco.

    O consumo de bebidas de frutas prontas para beber est muito longe do consumo de refrigerantes, por exemplo, mas isso pode ser justamente indicao do potencial de cres-cimento. De 2007 para 2008, por exemplo, as vendas de suco de frutas expandiram o dobro do mercado de refrige-rantes, segundo a Associao Brasileira das Indstrias de Re-frigerantes e de Bebidas No Alcolicas (Abir). Tem de ser le-vado em considerao ainda que esse dado da Abir refletem somente os sucos e os nctares de frutas prontos para beber, no abrangendo bebidas de frutas em geral representadas pelas polpas, refrescos, refrigerantes e os sucos em p.

    neste cenrio que se apresenta esta Matria de Capa. O objetivo avaliar o mercado de bebidas de frutas e seu potencial para elevar a demanda junto ao segmento agrco-la. Busca-se tambm evidenciar a diferena entre sucos e demais bebidas base de frutas.

    Por Camila Pires Pirillo e Renata Pozelli Sabio

    nem tudo suco nas bebidas de frutas

    100% SUCO Fo

    nte

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    6.8

    71 d

    e 4/

    06/2

    009

    * O percentual de suco de banana no est especificado na legislao e por se tratar de uma fruta tropical e viscosa, pode apresentar um potencial de suco inferior a 100% da fruta.

    SucoS So oS que contm baSicamente frutaPorcentagem mnima de polpa/suco das principais bebidas de frutas pesquisadas

    pela Hortifruti Brasil, conforme previsto no Decreto n. 6.871 de 4/6/2009

    Suco nctar refrescos refrigerantes

    Fruta % de polpa de fruta

    Uva 100% 30% 30% 10%Manga 60% 40% 20% 5%Mamo 60% 35% 20% 5%Melo 100% 30% 20% 5%Banana * 30% 20% 5%Laranja 100% 30% 30% 10%Ma 100% 30% 25% 5%Frutas em geral 100% 30% 20% at 10%

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    CAPA

  • os sucos naturais apre-sentam 100% de suco na sua composio, salvo sucos de frutas

    muito viscosas.

    100% SUCo

    Principais bebidas de frutas

    SUCOS X nECTArES X rEFrIGErAnTES

    Definio: bebida no-fermentada, no-concentrada (com exceo dos casos a seguir especificados) e no diluda em gua, destinada ao consumo. obtido da fruta madura e sadia, ou parte do vegetal de origem, por processamento tecnolgico adequado, submetida a tratamento que assegure a sua apresentao e conservao at o momento do consumo. Para mais de uma fruta processada, a nomenclatura correta sucos compostos ou blends.

    Adio de acar e componentes qumicos: permitida a adio de acar, desde que mencionado no rtulo adoado. proibida a adio de aromas e corantes artificiais.

    Classificao dos sucos:

    Tropical: os sucos tropicais tm uma legislao especfica e so bebidas obtidas pela dissoluo em gua potvel da polpa de fruta de origem tropical. Os sucos de aa, cupuau e manga so exemplos de sucos tropicais obtidos atravs da polpa da fruta. No entanto, sucos de caju, maracuj e abacaxi devero ser obtidos sem dissoluo em gua. Os teores de polpas de frutas utilizados na elaborao do suco tropical devero ser superiores aos estabelecidos para o nctar das respectivas frutas.

    Integral: O nico suco industrializado 100% suco de fruta o que contm no rtulo a denominao Suco Integral. Esse se encontra na concentrao original de suco extrado da fruta, sem adio de gua e acar.

    Desidratado: O desidratado o suco no estado slido, obtido pela desidratao do suco integral e, no geral, mantidos os teores de slidos solveis originais do suco integral. A bebida em p s pode ser considerada suco se no contiver aromatizantes qumicos.

    Reconstitudo: o suco obtido pela hidratao do suco concentrado ou desidratado e deve manter os teores de slidos solveis originais do suco integral ou o teor de slidos solveis mnimo estabelecido nos respectivos padres de identidade e qualidade para cada tipo de suco.

    SUCO

    Definio: bebida no-fermentada, obtida da diluio em gua potvel da parte comestvel do vegetal ou de seu extrato. A diferena bsica que o nctar no tem a obrigatoriedade de conservar todas as caractersticas originais de um suco natural de fruta.

    Adio de acar, corantes e aromatizantes: permitido somente acar.

    % mnimo de suco: a porcentagem de polpa de fruta presente no nctar fixada pelo Regulamento Tcnico aprovado pela Instruo Normativa n 12 de 2003, que estabelece Padres de Identidade e Qualidade (PIQ). Quando a fruta no tem especificao mnima de polpa na normativa, considera-se que o nctar de determinada fruta deve conter no mnimo 30% da respectiva polpa, ressalvado o caso de fruta com acidez ou contedo de polpa muito elevado ou sabor muito forte e, neste caso, o contedo de polpa no deve ser inferior a 20%.

    Definio: refresco ou bebida de fruta ou de vegetal a bebida no-fermentada, obtida pela diluio, em gua potvel, do suco de fruta, polpa ou extrato vegetal de sua origem, com ou sem adio de acares. Os refrescos so diferentes dos refrigerantes com frutas e contm uma quantidade de suco maior, porm inferior aos nctares. Alm disso, o refrigerante a bebida gaseificada.

    Adio de acar, corantes e aromatizantes: permitido.

    % mnimo de suco em refrescos: os refrescos de frutas, no geral, apresentam uma quantidade entre 10% e 20% de suco da fruta. O refresco com menor contedo de suco o refresco de limo ou limonada, com no mnimo 5% em volume de suco de limo.

    % mnimo de suco em refrigerantes: o contedo varia de 2% a 10% de suco de fruta. A soda limonada ou refrigerante de limo dever conter, obrigatoriamente, no mnimo 2,5% em volume de suco de limo.

    >

    Fonte: Decreto n 6.871, de 4/06/2009Disponvel em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6871.htm

    NCTAR>

    REFRESCOS & REFRIGERANTES>

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  • O VALOR NuTRIcIONAL DOS SucOS E NcTARES O MESMO DA FRuTA DE ORIGEM?

    Quanto menor a quantidade de polpa de fruta presente na bebida, menor o seu valor nutricional. Os sucos, do ponto de vista nutricional, so mais ricos que os nctares, que possuem quantidades menores da fruta em sua composio. Em ltimo lugar, encontram-se os refrescos e os refrigerantes com sucos de frutas.

    Para produzir uma bebida de boa qualidade, preciso que a matria-prima utilizada tambm seja de alta qualidade. No importa quo bom seja o processo, se ele iniciar com uma fruta de qua-lidade ruim, o suco ou nctar produzido ser de baixa qualidade. A qualidade das frutas depende principalmente do seu estgio de maturao, que inclui concentrao de acar (brix), acidez, teor de amido, cor, sabor e firmeza.

    A vida til das bebidas de frutas influenciada por diversos fatores, entre eles o desenvolvimento de microorganismos deteriorantes, reaes enzim-ticas e outras reaes qumicas que comprometem a qualidade organolptica (sensoriais) do produto, alm de diminuir a qualidade nutricional.

    Alm da matria-prima, o suco in-fluenciado pelas mudanas que ocorrem durante o seu processamento, especial-mente quando o suco concentrado ou tratado a altas temperaturas.

    Entre os sucos de fruta, os ctricos so os mais conhecidos e apresentam alto teor de acido ascrbico (vitamina C). As vitaminas so substncias orgni-cas necessrias em pequenas quantida-des, mas indispensveis ao organismo. Os sucos recm-preparados usualmente

    tem um contedo de vitamina C similar ao da fruta original. Esta vitamina, contudo, sensvel ao oxignio,

    calor e luz. Dessa forma, o processamento e arma-zenamento dos sucos industrializados podem levar a perdas no contedo de vitamina C.

    A quantidade de carotenides nos sucos de frutas, em geral, pequena e varia de acordo com o tipo de fruta. Sucos de acerola, uva e tangerina, no entanto, fornecem quantidades de carotenides que podem ser consideradas significantes do ponto de vista nutricional. Alguns carotenos so precursores da vitamina A. Alm disso, possuem funo antio-xidante no organismo, o que os associa proteo contra doenas degenerativas e cardiovasculares. Os seres humanos so incapazes de sintetizar esses compostos e, por isso, importante o consumo de fruta e vegetais que contenham carotenides. Esses compostos, contudo, so facilmente degradados pela ao do calor, luz e oxignio, sendo necess-rios cuidados no processamento e armazenamento das bebidas de frutas.

    No geral, as frutas so fontes de substncias antioxidantes como antocianinas, fenis e outros compostos flavonides. Esses compostos podem agir independentemente ou em combinao com ao anticancergena ou como agentes cardio-protetores por uma grande gama de mecanismos. Entretanto, a degradao desses compostos pode ocorrer durante o processamento e estocagem dos sucos e nctares.

    O nvel de sais minerais dos sucos apresenta diferenas significativas quando comparado com o da fruta original, pois esses constituintes esto asso-ciados com o material da parede celular das frutas. O componente inorgnico encontrado em maior quantidade nos sucos o potssio (a maioria dos sucos contm entre 120-180 mg/100 ml). O pots-sio e o clcio esto presentes em maior quantida-de nos sucos ctricos e na ma. Os sucos podem ainda conter elementos como ferro, cobre, zinco e magnsio, mas em quantidades muito pequenas e no significantes do ponto de vista nutricional.

    O contedo de fibras, no geral, menor no suco do que nas frutas, principalmente no caso em que as frutas so consumidas com a casca. As fibras desempenham papel importante no funcionamen-to do organismo.

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    CAPA

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  • MERcADO DE SucOS/NcTARES DE FRuTAS

    O mercado brasileiro de sucos e nctares prontos para beber est em franca expanso, acompanhando a tendncia mundial de consumo de bebidas saud-veis, convenientes e saborosas. Segundo a Associao Brasileira das Indstrias de Refrigerantes e de Bebidas No Alcolicas (Abir), em 2008 somente o setor de sucos e nctares de frutas prontas para beber faturou US$ 1,9 bilho com a venda de 476 milhes de li-tros. Isso representa aumento de 11% tanto da receita quanto do volume de 2007 para 2008.

    Os sabores mais comercializados so uva, psse-go e laranja, segundo a Abir. Os produtos light e diet, segundo estimativa anual da Associao com base nos dados de janeiro a maio, que em 2009 esses pro-dutos representem somente 7,4% do mercado, menos que 11,1% de 2005.

    Segundo o relatrio da Abir Consumo de todas as bebidas comerciais 2002-2007, disponvel no site da instituio, as projees de crescimento so oti-mistas para os prximos anos devido publicidade e aes promocionais crescentes. O consumo em bares e restaurantes deve crescer apoiado na forte distribui-o de grandes empresas que tambm esto entrando nesse mercado. A proibio de consumo de refrige-rantes em escolas de Santa Catarina, Rio de Janeiro e

    Paran tambm deve elevar o consumo de sucos no mdio prazo.

    Segundo o mesmo relatrio da Abir, o mercado de alimentos lquidos atualmente marcado pelo di-namismo do setor, com grande crescimento de con-sumo nas principais regies consumidoras tanto no Brasil quanto no mundo. Alm disso, existe grande diversificao de produtos, bem como o acirramento da disputa por participao de mercado, caracterizan-do uma crescente concorrncia no setor, embora com caractersticas especficas para as diferentes categorias de bebida.

    Apesar do crescimento do mercado de bebidas no-alcolicas, esse aumento ocorreu primeiramente por um forte crescimento das guas, refrigerantes, nc-tares e bebidas base de soja. O consumo de nctares, em especial, vem crescendo a taxas significativamente maiores que as de suco. Isso se deve ao fato de que muitos consumidores no sabem diferenciar nctar do suco no momento da escolha, ou seja, no sabem que esto adquirindo um produto com menos fruta e maio-res quantidades de gua e acar que o suco propria-mente. Alm disso, o preo dos sucos superior ao do nctar. Por esses fatores, a demanda por fruta no cresce tanto quanto ocorreria se o destaque no merca-

    Fon

    te: A

    BIR

    *Estimativa

    PrinciPaiS SaboreS De SucoS/nctareS ProntoS Para beber (%)

    Sabor 2005 2006 2007 2008 2009*

    Uva 21,90 23,20 21,40 21,40 22,20Pssego 13,20 12,80 12,50 12,10 12,60Laranja 11,40 11,50 9,60 9,60 10,00Maracuj 8,40 8,70 7,90 8,10 6,40Manga 7,40 7,50 6,90 6,90 6,90Morango 4,40 4,30 4,10 4,20 3,50Abacaxi 2,60 2,40 2,30 2,30 2,30Outros Sabores 30,80 29,50 35,30 35,60 36,10Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 regular X diet/light (%)Regular 88,90 90,50 91,40 92,30 92,6Diet/Light 11,10 9,50 8,60 7,70 7,4Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Volume total De VenDaS (milheS De litroS)Total 336,89 388,47 429,39 476,35 457,30

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    CAPA

  • MERcADO DE SucOS/NcTARES DE FRuTAS

    do de bebidas fosse o suco em vez do nctar.De qualquer forma, preciso reconhecer que o

    processamento da fruta ainda um nicho de merca-do quando comparado a outros destinos da fruta a citricultura paulista uma exceo, destinando entre 80% e 90% da sua produo para o mercado de su-co. E mesmo o crescimento expressivo do consumo nacional de bebidas de frutas nos ltimos anos, por si s, ainda no foi suficientes para motivar aumento da rea de frutas no Pas. O setor, alis, no geral, deve re-trair a rea em 2009 por conta dos fracos crescimento e rentabilidade das exportaes de fruta in natura em 2008.

    Para dinamizar a comercializao das frutas para o processamento de suco importante avaliar os prin-cipais agentes atuantes nessa cadeia. Normalmente, a indstria que processa a fruta no a mesma que embala e adiciona a marca para comercializar o su-co no varejo. As marcas mais conhecidas de sucos no mercado domstico adquirem o suco da fruta de uma empresa primria de transformao. As Agroindstrias de Transformao Primria comercializam o suco de fruta para vrios segmentos da indstria de alimentos e bebidas (sucos prontos, indstria lctea, indstria de sorvetes, indstria de refrigerantes e outras bebidas, in-dstria de confeitos e outras).

    De acordo com o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), o setor de frutas processadas de transformao primria e secundria composto atualmente por cer-ca de 300 empresas (mercado formal). Essas empre-

    sas geram aproximadamente 34.000 postos de traba-lho nas atividades industriais e 118.200 no segmento agrcola do setor. Quase metade delas (48,2%) esto na regio Nordeste, 32,7% no Sudeste, 8,3% no Sul, 5,9% no Centro-Oeste e 4,8% das empresas esto no Norte do Brasil.

    As principais indstrias de alimentos que engar-rafam o suco e comercializam com o varejo so Del Valle, Minute Maid (Suco Mais), Kapo e Skinka. Essas empresas so responsveis por 50% das vendas de su-co/nctar pronto para beber no Pas.

    PrInCIPAIS COnSIDErAES SOBrE AS DEMAIS BEBIDAS BASE DE FrUTAS

    Fonte: Relatrio da ABIR - Consumo de Todas as bebidas comerciais 2002-2007 (10/09/2009)

    O maior consumo de bebidas base de frutas em p. A Abir estimou um consumo de 24,5 litros por pessoa em 2007. Produto mais acessvel ao consumidor brasileiro pelo seu custo, previsto um aumento da participao dele no mercado em 2009 devido ao enfraquecimento da economia brasileira. 85% das famlias brasileiras consumem sucos em p, particularmente as famlias de classe mdia e baixa na regio Nordeste. O sabor laranja o mais demandado neste segmento. A marca mais conhecida TANG, da Kraft Foods.

    Este mercado vem perdendo participao para os sucos em p e a tendncia de estabilidade nos prximos anos. Produto tambm relativamente acessvel populao, com um consumo 9 litros por pessoa em 2007. A marca mais conhecida Maguary (Kraft Foods). Maracuj, caju, laranja e uva so os mais populares entre os consumidores.

    O crescimento progressivo deste segmento deve-se s bebidas base de soja, que os consumidores a qualificam como bebidas saudveis e de qualidade. Novas guas saborizadas vieram tona, conduzidas principalmente pela Coca-Cola (Aquarius). O consumo mdio per capita de refrescos base de fruta de 2 litros/ano. A marca ADES continua na liderana das bebidas base de soja, mas outras marcas tambm tm conquistado o mercado.

    SUCO EM P>

    SUCO CONCENTRADO>

    REFRESCOS (bebidas base de soja)>

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  • O Brasil conhecido internacionalmente como gran-de produtor de frutas por apresentar condies de clima e solo favorveis. No entanto, o consumo de bebidas base de frutas ainda baixo no Pas, apesar de estar crescendo significativamente nesta dcada.

    Nos ltimos anos, bebidas foram, notadamente, um dos segmentos industriais que mais se organizou para aten-der s novas condies de consumo. Entre as transforma-es que ocorreram no perfil do consumidor, destacam-se a maior preocupao com a sade estimulada pelo maior acesso a informao e aumento de estudos cientficos asso-ciando alimentao e sade , mudanas dos indicadores de distribuio de renda, crescente preocupao do con-sumidor com a segurana do alimento e busca por conve-nincia.

    Apesar de tradicionalmente os brasileiros preferirem sucos preparados na hora do consumo, a urbanizao alia-da ao ritmo de vida acelerado abrem espao para sucos e nctares de frutas prontos. Com a globalizao da indstria de alimentos, a oferta por sucos de qualidade e varieda-

    des tem expandido visi-velmente. Alm disso, a tendncia mundial de consumo de alimentos saudveis que oferecem sade, convenincia, inovao, sabor e pra-zer favorecem o cresci-mento do mercado de bebidas no-alcolicas como os sucos e os nc-

    tares de frutas.No entanto,

    pode-se observar atravs de pesqui-sas, que os consu-midores no tm

    cincia dos diferentes teores de polpa de fruta presentes no suco e no nctar, em refrescos e bebidas base de soja. O conjunto de bebidas de frutas conhecido por grande parte dos consumidores apenas como suco.

    A dissertao de mestrado de Alessandra Carvalho Ferrarezi, da Unesp de Araraquara (SP), de 2008 indica esse desconhecimento. O estudo analisou o comportamento de consumidores de sucos e nctares de laranja em Araraqua-ra (SP). A constatao que os consumidores reagiram mais positivamente ao termo nctar, associando nctar a um produto puro, mais puro ou que continha a melhor parte da fruta, ou seja, o contrrio do que est descrito na legislao. A mesma pesquisa revelou tambm que as informaes mais consultadas na embalagem so as datas de fabricao e de validade. Alm disso, a marca, o preo e o sabor so os fatores mais importantes na deciso de com-pra do produto. Assim, o tipo de bebida (suco ou nctar) apresentou, no estudo, pouca importncia, sugerindo que os consumidores participantes da pesquisa desconheciam a diferena entre nctar e suco de fruta pronto para beber.

    Apesar do franco crescimento das vendas de bebidas base de frutas, o consumo per capita do brasileiro ainda baixo quando comparado ao de cidados de outros pases ou ao consumo de refrigerantes no Brasil mesmo. Segundo estimativas da Abir, o consumo per capita anual de suco e nctares prontos para consumo foi de 2,5 litros em 2008 no Pas. Apesar de o Brasil ser o terceiro maior produtor mun-dial de frutas, o brasileiro no tem tradio no consumo de sucos de frutas industrializados.

    O preo, certamente, um fator importante na an-lise de deciso de compra do consumidor. Em 2009, com o enfraquecimento da economia nacional e o aumento de desemprego, o segmento de bebidas base de frutas mais afetado foi o de sucos/nctares. Segundo a Abir, as vendas destes produtos de fevereiro a maio de 2009 recuaram em torno de 3% em relao ao mesmo perodo do ano ante-rior, ao passo que o mercado de sucos em p deve crescer neste ano.

    Segundo a Abir, a estratgia para ampliar o mer-cado de sucos o apelo vida saudvel. Alm

    disso, a entidade aposta que o mercado de frutas tropicais um dos segmentos menos explorados e que tem maior potencial de expanso nos pr-ximos anos.

    cONSuMIDOR: OLHO VIVO NO RTuLO!

    12 - HORTIFRUTI BRASIL - Julho de 2009

    CAPA

  • difcil acreditar que temos fruta sobrando nas roas e falta de produto para indstrias. De acordo com engarrafa-doras de suco consultadas pela Hortifruti Brasil, o nmero de empresas processadoras de polpa de fruta no suficien-te para atender demanda da indstria de alimentos com qualidade e regularidade e, muitas vezes, estas empresas tm de processar o suco ou importar a polpa. Alm disso, a irre-gularidade de fornecimento da polpa para as indstrias de alimentao ainda um dos principais gargalos para essas empresas planejarem suas vendas.

    importante destacar tambm que um dos nctares mais consumidos (pronto para beber) no Pas o sabor ps-sego. Na maioria das vezes, a polpa importada pela falta de fornecedores domsticos. O questionamento pertinente neste caso se os consumidores brasileiros de fato preferem o suco de pssego ou se a oferta de produtores externos de polpa de pssego que estimulam engarrafadoras a manter elevada a oferta deste sabor.

    Outro ponto importante a estrutura tributria sobre as bebidas de frutas. Segundo a legislao do Imposto de Pro-dutos Industrializados (Decreto 6.006/2006, ver Sees II e IV), os sucos e as bebidas de frutas base de soja e leite so isentos de IPI, enquanto sobre os nctares incidem 5% de alquota. J o PIS/Cofins, cobrados sobre o lucro das empre-sas, de acordo com as leis 10.833/2003 e 10.925/2004, para bebidas de frutas apresentam alquotas de 1,65% de PIS e de 7,6% de Cofins. Quanto ao ICMS, depende de cada estado. A desonerao dos estados produtores sobre a cadeia de be-bidas base de frutas, com especial ateno categoria de sucos, seria um estmulo para este segmento.

    A tendncia de que o mercado de sucos prontos, nctares e de bebidas de soja continue crescendo a nveis expressivos. Assim, o produtor agrcola deve estar atento a este canal de comercializao para se beneficiar de tal cres-cimento.

    Projees da Abir apontam que, em 2012, o mercado de sucos e nctares pode chegar a 700 milhes de litros, com o mesmo volume sendo estimado para bebidas base de so-ja, totalizando 1,4 bilho de litros. Isso representa cerca de 600 milhes de litros acima do mercado atual, estimado em 800 milhes de litros (4,5 litros per capita ano). Mesmo com essas previses do aumento no volume total, o consumo per capita do brasileiro ainda ser somente de 7 litros, para este clculo, considera-se a estimativa do IBGE de que em 2012 seremos 200 milhes de brasileiros.

    A mensagem principal desta matria que a fruticultu-ra nacional pode encontrar no mercado de bebidas de frutas, especialmente no segmento de sucos, um reforo importante o para o escoamento da produo. O principal gargalo am-pliar e fortalecer as principais processadoras de polpa no Pas e conect-las s engarrafadoras. As empresas de polpa so as principais parceiras do setor produtivo para impulsionar o consumo de sucos e bebidas a base de fruta.

    A pergunta que se faz ao setor : quais sero as frutas ou polpas demandadas pelos nossos consumidores? A expec-tativa de que sejam as que produzimos em larga escala e que possibilitem ao segmento agrcola um canal alternativo de comercializao. Quanto ao consumidor, a expectativa possam adquirir um produto de melhor qualidade nutricional, ou seja, que aumentem a escolha pelo suco 100% fruta.

    SObRA FRuTA E FALTA SucO NO PAS!

    consumo brasileiro de refrescos de frutas, sucos & nctares e bebidas base de soja (em milhes de litros)

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